Você está na página 1de 4

Semas revela redução no aumento do desmatamento no estado

Os resultados apresentados pelas ações da operação Amazônia Viva no combate a


crimes ambientais no Pará indicam uma perspectiva de redução das taxas de
crescimento do desmatamento no estado. Estudo elaborado pela Secretaria de Meio
Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) revela que, após a realização de 18
etapas, o desmatamento no estado cresceu 7% de 2020 a 2021, um índice 10% menor do
que no período anterior, quando o desmatamento cresceu 17% entre 2019 e 2020.
De acordo com a análise destes dados feita pela secretaria, a tendência de queda no
crescimento da degradação ambiental no Pará deverá se manter com a manutenção das
ações de campo de fiscalização e repressão às atividades ilegais de garimpo,
queimadas e desmatamento.
No final de 2020, com sete etapas realizadas, as ações da Amazôniva Viva
conseguiram reduzir em 17% o índice de aumento no desmatamento no estado. Estes
dados representam uma queda em 35 pontos percentuais em relação ao período
anterior, de 2018 a 2019, quando o desmatamento cresceu 52% no Pará. Neste período,
foram constatadas 1.428 ocorrências de destamento ilegal no estado.
O estudo da Semas foi realizado a partir da análise de dados do Prodes (Programa de
Cálculo do Desflorestamento da Amazônia), projeto de monitoramento da vegetação
nativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que faz mapeamento com
base em imagens de satélite.
A operação Amazônia Viva é levada a campo pela Força Estadual de Combate ao
Desmatamento, que reúne fiscais da Semas e integrantes da Polícia Civil, Polícia
Militar, Corpo de Bombeiros e Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. As
operações são planejadas a partir da análise de dados que identificam as áreas mais
degradadas. Desde a sua primeira etapa, deflagrada em junho de 2020, a operação já
embargou mais de 2.700 km² de terras onde era praticado desmatamento ilegal, uma
área superior ao dobro do tamanho da cidade do Rio de Janeiro. A terra embargada
não poderá ser usada para produção agropecuária até ser regularizada junto aos
órgãos competentes, medida que permite a regeneração do meio ambiente na área que
sofreu degradadação ambiental. Só este ano, a Amazônia Viva é responsável pelo
embargo de mais de 1.350 km² de áreas com desmatamento ilegal.
Força Estadual – Instituída pelo Governo do Pará em fevereiro de 2020, a Força
Estadual de Combate ao Desmatamento é coordenada pela Semas com a participação da
Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Polícia Civil,
Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil, Centro de Perícias
Científicas “Renato Chaves” e Instituto de Desenvolvimento Florestal e da
Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio). A Força Estadual faz parte do
programa Comando e Controle, um dos eixos do Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA),
a política ambiental instituída pelo governo do estado com o objetivo de diminuir o
desmatamento ilegal e as emissões de gases de efeito estufa.

Cerca de 70% da sua extensão está sob jurisdição do


Governo federal, seja pela presença de Projetos de Assentamentos Federais, Terras
Indígenas,
Unidades de Conservação Federais, ou pelas Terras da União não Destinadas. A base
de dados
espaciais disponibilizada pelo INPE, indica uma área desmatada de 5.023km2, destes,
3.707,01
km2 (73,80%) se dão sobre áreas sob jurisdição federal, enquanto 1.315,99 km2
(26,20%) se
dão em áreas sob jurisdição estadual (Figura 2).

e lavratura de mais de 28 mil autos de


infração e 26.983 termos de embargo (Figura 11)

tem desarticulado

Apesar do aumento nas taxas de desmatamento do estado desde 2019, ao analisar a


série
histórica entre os anos de 2016 a 2021, observa-se aumento nas taxas de
desmatamento a partir
do período 2017-2018. No período subsequente,

2018-2019, foi registrado aumento de 52% em


relação ao anterior (Figura 9).
Figura 9. Variação percentual e absoluta das taxas de desmatamento 2016-2021 no
estado

A partir de 2019-2020, observa-se uma redução do percentual de aumento,


Esse cenário também pode ser atribuído às ações de combate ao desmatamento no
âmbito da Força Estadual de combate ao Desmatamento – FECD, instituída em fevereiro
por
meio do Decreto Estadual no. 551/2020, e que já se encontra em sua 19° edição.

Figura 10. Mapa de Kernell com base na densidade de polígonos de desmatamento no


estado do Pará

(jan-nov 2021)
ambientais. A ação já embargou

Sugestões de ações para o Combate ao Desmatamento no Estado do Pará


Em função do desmatamento ser um processo dinâmico no tempo e no espaço, resultante
de fatores econômicos, sociais e de governança, que influenciam decisivamente nas
taxas anuais,

é necessária a manutenção de estratégias de mitigação do processo, como as que


envolvem
ações de comando e controle.
Os instrumentos de comando e controle fixam normas, regras, procedimentos e padrões
determinados para as atividades econômicas a fim de assegurar o cumprimento de
políticas
públicas ambientais, balizados via legislação e outros dispositivos legais. Existem
quatro
grandes grupos de instrumentos de comando e controle: 1. padrões, 2. estudos de
impacto
ambiental, 3. licenciamentos e 4. zoneamento. Como exemplos mais comuns, destacam-
se:
normas de controle de poluição atmosférica e da água; as normas de zoneamento; e
procedimentos como o licenciamento e estudo ambiental para implantação de projetos
com
potencial de serem altamente degradadores (NUSDEO, 2006).
Compreendido como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite abrigar e reger a vida em todas as suas
formas, e por
degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente,
o Monitoramento Ambiental é uma das ferramentas mais importantes para a gestão e
acompanhamento da qualidade ambiental. Assim, complementar às ações de comando e
controle.

Dentro desta perspectiva, dado o cenário de desmatamento no estado do Pará, em que


as taxas voltaram a atingir patamares iguais aos mais críticos registrados na série
histórica
amazônica no início dos anos 2000, sugere-se ações de intervenção do estado,
através de ações
de combate ao desmatamento de forma intensiva e extensiva em todo o território
paraense, a
partir de ações de comando e controle, ordenamento do território, elaboração de
instrumentos
de avaliação dos efeitos do desmatamento, regularização fundiária e alternativas
econômicas
sustentáveis.
Considerando o papel da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(SEMAS), sugere-se as seguintes ações listadas abaixo:
AÇÕES DE COMANDO E CONTROLE
• Elaborar mapa de risco, com dados de ALERTA, que indicam as áreas potenciais de
desmatamento, a partir das ferramentas DETER INTENSO e AMS:
• Realizar ações de fiscalização intensivas e extensivas em municípios críticos;
• Intensificar a fiscalização em áreas de exploração ilegal de madeira;
• Intensificar o monitoramento e fiscalização em serrarias e PMFS;
• Aumentar a articulação entre órgãos responsáveis por ações de fiscalização (SEFA,
PRF, IBAMA, ICMBIO, SEMMAS, PF)

• Aparelhar os setores de monitoramento e fiscalização da SEMAS, assim como seus


NU-
RES, aumentando sua capilaridade nas principais regiões do estado;

• Capacitar os agentes de fiscalização no uso de tecnologias que ajudam no combate


ao
desmatamento;
• Garantir a melhoria da performance dos sistemas de monitoramento e fiscalização
da
SEMAS (LDI automatizada, SIMLAM Fiscal, SISFLORA, PRA);

• Intensificar a fiscalização nas unidades de conservação estaduais;


• Investir em tecnologias que permitam o monitoramento da vegetação secundária;
• Investir em tecnologias que permitam o monitoramento da mineração ilegal;
• Elaborar plano de ação voltado par
• Criar critérios para priorizar as áreas a serem embargadas;

• Definir com o DTI os encaminhamentos e grau de prioridade relacionados aos melho-


ramentos dos sistemas de monitoramento e fiscalização;

• Retomar as discussões com o INPE sobre desenvolvimento de ferramenta de cenários


de desmatamento, em desenvolvimento desde junho de 2021;

• Elaborar planejamento anual de combate ao desmatamento, fiscalização e monitora-


mento em campo e remoto;

• Elaborar avaliação anual dos procedimentos e resultados do monitoramento dos


PMFS;
• Monitorar os dados de degradação, dentro e fora de PMFS, e definir critérios para
ações
específicas a partir destes dados.

Demais Ações
• Adotar o inventário de emissões nacional, com metas até 2036 – o inventário teria
por

base a elaboração de cenários participativos (esferas de poderes governamentais,


sociedade ci-
vil organizada, setor produtivo), ferramenta que permite a legitimação das metas a
serem alcan-
çadas;

• Atualizar e detalhar o Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE, elegendo áreas


priori-
tárias, na perspectiva do ordenamento produtivo e ambiental;

• Incorporar o ZEE nas políticas públicas;

• Elaborar políticas de PSA e REDD+, considerando as novas áreas de pressão do


desma-
tamento;

• Integrar os sistemas da SEMAS e ITERPA, a fim de garantir que terras desmatadas


para
fins de grilagem não sejam legalizadas. Buscar apoio do judiciário;
• Determinar critérios e metodologia, com base nos dados de desmatamento para fins
de
regularização fundiária;
• Buscar incentivos para a Madeira LEGAL das concessões florestais com padrão
elevado
de controle e garantia de origem;

• Elaborar um plano de ação para que os frigoríficos que atuam no estado invistam
em
rastreabilidade, independente do porte do empreendimento;

• Criar a Lista Verde para os municípios que diminuírem seus incrementos de


desmata-
mento anual;

• Criar “Selo Verde” para propriedades que estejam em cumprimento com os padrões da
regularidade ambiental;
• Implantar/Implementar instrumentos de financiamento e crédito que utilizam
recursos
públicos para promover atividades produtivas sustentáveis;
• Incentivar a política de “maior” preço para produção com “Selo Verde”;
• Estabelecer parceria com instituições de pesquisa como a Embrapa, para viabilizar
a
intensificação de atividades produtivas;
• Estreitar parcerias interinstitucionais, com ONGs, municípios, MP e setor
produtivo
para alinhamento de ações de combate ao desmatamento;
• Elaborar cenários de desmatamento, mensurando as perdas de divisas geradas por
ele.

Você também pode gostar