Você está na página 1de 52

instrumentação

14 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Leitor.indd 14 11/11/2008 15:22:06


Editora Saber Ltda
Diretores
Hélio Fittipaldi
Projeções para a
Thereza Mozzato Ciampi Fittipaldi
industria de automação
www.mecatronicaatual.com.br A indústria de automação projeta um crescimento de 30% para 2008, caso
Editor e Diretor Responsável a previsão esteja correta, o faturamento bruto do setor atingirá R$ 3,7 bilhões.
Hélio Fittipaldi As perspectivas para os próximos dois a três anos estimadas pela ISA Distrito 4
Redação
Fabieli de Paula,
América do Sul, associação dos profissionais de automação e instrumentação, é
Monique Souza, bastante otimista.
Thayna Santos
Nos setores de petróleo e gás, siderurgia, papel e celulose que indicam subs-
Produção
Diego Moreno Gomes, Renato Paiotti tanciosos investimentos, já notamos a forte contratação de pessoal nos últimos
Designers meses.
Diego Moreno Gomes
A percepção do setor é que o Brasil está sintonizado com o que há de mais
Colaboradores
Alan Liberalesso, avançado em tecnologia da área e cresceu 11% em 2007. Já os outros países vão
André Ribeiro Lins de Albuquerque, manter uma média nos próximos cinco anos de 6,4%.
Antonio Dresch Jr.,
Carlos Reis de Freitas, Em toda a América Latina exitem aproximadamente 2600 afiliados à ISA
Cláudio Adriano Policastro,
Danny R. Efron,
Distrito 4. Há 63 anos (abril de 1945), a ISA, foi fundada na Pennsylvania -
Dieison Grumovski, USA, congregando em todo o mundo cerca de 30 mil profissionais, estudantes
Edson Jaime Michalak,
Hamilton Badin Jr., e acadêmicos, em mais de 110 países.
Oscar Siqueira, Seguindo as suas origens, a ISA Distrito 4 está mais voltada para a área de
Paulo Garcia de Souza,
Renato Paiotti, processo, ficando em segundo plano a área de automação da manufatura que
Roberto Luiz R. Cunha tende também a crescer muito nos próximos anos.
VENDAS DE PUBLICIDADE Neste ano quando as portas da Brasil Automation ISA Show se abrirem,
Carla de C. Assis,
Ricardo Nunes Souza
passará por elas o segundo membro não americano a exercer a presidência da
PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339 ISA mundial. O primeiro foi um italiano e o segundo, o engenheiro eletrônico
publicidade@editorasaber.com.br brasileiro, Nelson Ninin, que assume o cargo de presidente eleito secretário em
Capa 2009 e como Presidente Mundial da ISA em 2010.
Divulgação/Detroit Diesel
Impressão O seu currículo pesou na decisão, mas o que se destacou foi seu conhecimento
São Francisco Gráfica e Editora profundo “in loco” do mercado de automação em diversos países da Asia, Europa
Distribuição e América.
Brasil: DINAP
Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800 Aproveito para lembrar, de novo, que a partir da edição nº 38 a revista Me-
catrônica Atual não está mais disponível para venda em bancas de jornais, e sim,
ASSINATURAS somente por assinaturas das edições impressas em papel e o por meio do portal
www.mecatronicaatual.com.br
fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366 Mecatrônica Atual (www.mecatronicaatual.com.br).
atendimento das 8:30 às 17:30h
Edições anteriores (mediante disponibilidade de
estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330, ao Hélio Fittipaldi
preço da última edição em banca.

Mecatrônica Atual é uma publicação da


Editora Saber Ltda, ISSN 1676-0972. Redação,
administração, publicidade e correspondência:
Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP
03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333

Associada da:
Atendimento ao Leitor: atendimento@mecatronicaatual.com.br
Associação Nacional Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial
dos Editores de dos textos e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou comercialização dos aparelhos ou idéias
oriundas dos textos mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da
Revistas Revista deverão ser feitas exclusivamente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados todos
os cuidados razoáveis na preparação do conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade legal por
eventuais erros, principalmente nas montagens, pois tratam-se de projetos experimentais. Tampouco assumimos a
responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador. Caso haja enganos em texto ou desenho, será
publicada errata na primeira oportunidade. Preços e dados publicados em anúncios são por nós aceitos de boa fé,
Associação Nacional como corretos na data do fechamento da edição. Não assumimos a responsabilidade por alterações nos preços e
das Editoras de Publicações Técnicas, na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.
Dirigidas e Especializadas

1
índice
24 28

10 Sistema de controle para


processos de bateladas

15 Controle de patrimônio
via RFID

20 Otimização na destilação
de etanol?

24 Monitoramento online
do desempenho da
planta industrial

28 Placas de aquisição e
controle NI Single-Board Rio

31 Aquisição de dados
plataformas Multicore

34 Trem esmerilhador é implantado


em área industrial da
Companhia Vale

36 Manutenção preditiva:
análise de vibrações

10 44 Alimentação solar para


telefonia rural

Editorial 01
Contato 03
Notícias 04
Chão de fábrica 47


MA39_Editorial.indd 2 13/11/2008 12:30:53


contato

OPC
Gostaria de sugerir uma matéria específica
sobre o padrão OPC (OLE for Process Control).
Lucas Azevedo
Autônomo
Salvador – BA

Lucas, sua sugestão já está anotada. Aproveita-


mos a oportunidade para indicar a leitura do artigo
“Os CLPs terão uma arquitetura tão aberta quanto
um PC?, edição nº 30 e também a série “Ethernet
Industrial”, publicada nas edições nº 17, 18, 19 e
20. Assim, você poderá conferir algumas infor-
mações sobre o padrão OPC. Não deixe de ler!
Mecatrônica Atual nº 30

Escreva para a
Mecatrônica Atual:
Sensores de nível d’ agua Montagens Industriais
Duvidas, sugestões ou reclamações
Solicito informações de empresas que fornecem A equipe da revista Mecatrônica Atual pode sobre o conteúdo de nossas repor-
sensores de nível d’agua externo, sem contato indicar algum livro que trate sobre montagem tagens, artigos técnicos ou notícias,
com o líquido. eletromecânica? entre em contato pelo email atendi-
Dorival Goes José da Costa mento@mecatronicaatual.com.
Consultor em Desenv. de Projetos São Paulo - SP br ou escreva para Rua Jacinto José
de Araújo, 315 CEP 03087-020
Paranavaí - PR - São Paulo - SP
Caro José, nossa indicação é o livro:
Caro leitor, informamos que existem “Planejamento, Execução e Controle – Mon-
diversas empresas que fabricam sensores tagens Industriais”, escrito por Paulo S.
capacitivos de nível de líquidos e sensores Thiago Fernandes. O autor deste livro, Conteúdo virtual
de fluxo. Indicamos algumas para facilitar em seus 20 anos de experiência na área de para assinantes
1 sua busca:
• Brumark
montagens, procurou escrevê-lo sob a óptica
do montador, não do projetista, fabricante
Sou assinante da Revista Mecatrônica
Atual e gostaria de ter acesso a
3 www.brumark.com.br
• Emicol
ou construtor. Dentro dessa orientação, são
abordadas as cinco modalidades básicas que
todo conteúdo do Portal. Como devo
proceder?

4
Gilberto de Lima
www.emicol.com compõe a montagem: estruturas metálicas,
Taubaté - SP
• Gentech equipamentos mecânicos, tubulações, elétrica
4 www.gentechinternational.com
• Icos
e instrumentação. Além destas, algumas
técnicas sempre presentes, como o transporte
Acesse o Portal Mecatrônica Atual
(www.mecatronicaatual.com.br)
www.icos.com.br e levantamento de cargas, a soldagem e a e faça seu cadastro como “novo
• IFM pintura. Você pode encontra-lo na loja virtual usuário”. Após o preenchimento
dos itens solicitados envie um e-mail
www.ifm-electronic.com Nova Saber (www.novasaber.com.br). para assinaturas@editorasaber.com.
• Morgan Electro Ceramics br com seu número de assinante da
www.morganelectroceramics.com edição impressa, pedindo permissão
• Sensor Scientific de acesso. Aguarde 24 horas para
www.sensorsci.com liberação do seu usuário e se
conecte ao universo online.

MA39_Leitor.indd 3 13/11/2008 11:39:14


literatura
O livro “Inversores de Freqüência controles escalar e vetorial, características
– Teorias e Aplicações” visa aprimorar o de instalação e aplicações, incluindo uma
conhecimento de técnicos, tecnólogos e descrição detalhada dos parâmetros dos
engenheiros que atuam nas áreas de au- inversores.
tomação, mecatrônica e eletrotécnica, Ao final de cada capítulo, são propostos
além de profissionais que desejam exercícios que auxiliam na compreensão e
se manter atualizados. fixação dos temas estudados. Para comple-
De maneira dinâmica, instru- mentar o aprendizado o livro reserva um
tiva e objetiva, a obra de Claiton apêndice ao estudo dos transdutores de
Moro Franchi, apresenta os velocidade, fundamentais para o controle
conceitos fundamentais de de velocidade de freqüência.
inversores de freqüência e
os aspectos relativos à sua Inversores de Freqüência –
instalação e aplicação. Teorias e Aplicações
Também explana os Autor: Claiton Moro Franchi
princípios de funcio- Preço: R$ 56,00
namento dos inver- Onde comprar:
sores de freqüência, www.novasaber.com.br

eventos
Novembro Dezembro
Brazil Automation - ISA Show 2008 Siemens PLM Connection Automação com Controladores
Organizadora: Isa Brasil 2008 Lógicos Programáveis – Siemens S7 300
Dia: 17 a 19 Organizador: Siemens Organizador: Festo Automação Ltda
Local: Expo Center Norte - Rua José Data: 19 a 19 Data: 01 a 05
Bernardo Pinto, 333 - São Paulo - SP Local: Bourbon Joinville Business Hotel - Local: Rua Giuseppe Crespi, 76 KM 12,5
Mais informações: Joinville/SC da Via Anchieta São Paulo/SP
www.isashow.com.br Mais informações: Mais informações:
work.ugsplm.com.br/mkt/ www.festo.com.br
Automation Fair connection/
Organizador: Rockwell Automation Curso Automação Pneumática
Data: 19 a 20 Curso - Projeto e Dimensionamento Organizador: Festo Automação Ltda
Local: Gaylord Opryland Comple- de Redes de Ar Comprimido Data: 01 a 10
Nashville - Tennessee - USA Organizador: Festo Automação Ltda Local: Rua Giuseppe Crespi, 76 KM 12,5
Mais informações: Data: 24 a 26 da Via Anchieta São Paulo/SP
www.rockwellautomation.com/ Local: Rua Giuseppe Crespi, 76 KM 12,5 www.festo.com.br
events/automationfair/ da Via Anchieta São Paulo/SP
Mais informações: Comandos Elétricos em
Itajaí Trade Summit 2008 www.festo.com.br Sistemas Hidráulicos
Organizador: Net Marinha Organizador: Festo Automação Ltda.
Data: 19 a 21 Data: 15 a 17
Local: Auditório Martin Schmelling - Local: Rua Giuseppe Crespi, 76 KM 12,5
Porto de Itajaí/SC da Via Anchieta São Paulo/SP
www.itajaitradesummit.com.br Mais informações:
www.festo.com.br

MA39_Leitor.indd 4 11/11/2008 16:53:38


instrumentação

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 

MA39_Leitor.indd 5 11/11/2008 16:51:43


//notícias
Engenheiro brasileiro lança livro
de automação com tecnologia
usada pela Petrobras
Produtos
O Engenheiro Eletrônico Augusto Passos Pereira, acaba de
lançar mundialmente o livro: “Foundation Fieldbus”. Trata-se de
uma tecnologia de interligação em redes, via protocolo digital, Terminal de válvulas MPA
A Festo traz para o mercado sua alternativa para
de equipamentos medidores e controladores de variáveis, tais redes AS-I: o terminal de válvulas MPA. Modular,
como: pressão, temperatura, vazão e nível utilizados nos pro- flexível e com diversas opções de configuração é
jetos de automação das unidades industriais, como refinarias e uma solução para comunicação de chão de fábri-
plataformas de petróleo. O livro foi escrito em conjunto com ca. Seus beneficios são: baixos custos e facilidade
o engenheiro canadense Ian Verhappen. de instalação; alta flexibilidade e facilidade de ex-
pansão; compatibilidade com outros fabricantes e
Pereira, formado na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), fácil integração com o nível de controle (Gateway
trabalhou durante 18 anos nos Setores de Engenharia e Manu- para Profibus, DeviceNet e outros).
tenção da Dow Química do Guarujá e atuou durante seis anos Eletricamente, o terminal MPA conta com en-
na multinacional brasileira tradas integradas e diversas opções de conexão
Smar Equipamentos Indus- elétrica, além de utilizar um único cabo redon-
do que completa as funções de alimentação e
triais. Depois ingressou alimentação adicional, 4E/S ou 8E/S como escravo
na Emerson Process, e na duplo e 350 mA de potência por entrada. Como
Yokogawa América do Sul. características pneumáticas, o terminal pode
Atualmente, é o Gerente combinar de 2 a 8 posições de válvulas, todas
de Marketing para a Amé- as funções, separação de zonas de pressão, dois
tamanhos para vazões diferentes. O terminal
rica do Sul da empresa dispõe, também, de regulador e manômetro para
alemã Pepperl+Fuchs, com ajuste de pressão em cada posição de válvula. Sua
sede continental em São interface AS tem especificação 2.1, com um bit e
Bernardo do Campo (SP). um LED de falha para cada escravo, conexão de
Além disso, ele exerce a rede e alimentação adicional via 2xM12, assim
como diagnóstico por escravo.
atividade de professor em Modular e compacto para montagem em espaços
diversas Universidades reduzidos, a solução é extremamente indicada
Augusto Passos Pereira lançará de cursos de MBA e Pós para máquinas especiais ou aplicações com ne-
o livro “Foundation Fieldbus” Graduação. cessidades de alterações e expansões freqüentes,
no Congresso e Feira Brazil podendo reduzir em 40% os custos convencionais
Automation 2008. de instalação. O terminal de válvulas MPA FESTO
pode encurta os tempos de ciclo em até 40%
– devido, por exemplo, à utilização de tubos mais
curtos –, consome menos energia e tem seqüên-
Pilz completa 10 anos de Brasil cias pneumáticas otimizadas por meio do perfeito
Neste ano, a empresa Pilz comemora dez anos de atuação dimensionamento das cadeias de comando. Além
disso, a montagem ideal de pares de 4 válvulas
no Brasil. Há 60 anos, na cidade alemã Esslingen a empresa e 8 entradas com MPA-ASI cria transparência e
iniciou suas atividades industriais. Sob o comando de seu fun- diminui o risco de falhas.
dador, Hermann Pilz, fabricava instrumentos para laboratórios
técnicos-medicinais.
Hoje, a empresa fabrica dispositivos eletrônicos para segu-
rança e proteção contra acidentes em máquinas e processos.
Para o diretor Geral da Pilz do Brasil, Aitemar Nunes Fernan-
des, estes foram dez anos de muitas transformações. “A empresa
estava dentro de um conceito de fabricante e vendedora de
produtos de segurança e hoje fornece uma solução completa
em automação incluindo serviços de consultoria e engenharia.
Tivemos uma importante evolução”, disse.

 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Noticias.indd 6 17/11/2008 12:07:16


//notícias

Techmei 2008
Aconteceu no mês de outubro a Feira Internacional de Tec-
Produtos nologia em Máquinas e Equipamentos Industriais – Techmei. O
evento estreou no circuito de feiras internacionais, idealizada
pela Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e
Inversores para aplicações Equipamentos Industriais (Abimei) e contou com a participação
sujeitas a jatos de 300 empresas.
Os inversores CA PowerFlex 40 tipo 4X/12 Entre elas a GE Fanuc, Siemens, Yaskawa, Deb’Maq. Alguns
(IP66/54) com classificação NEMA/UL, e ArmorS-
tart NEMA 4X são ideiais para ambientes rigo- expondo seus lançamentos e outros reforçando máquinas que
rosos, como farmacêutico, automotivo, alimentos já foram lançadas. Apesar da adversidade do mercado, a feira
e bebidas. Eles oferecem as opções de encapsu- alcançou seus objetivos, com diversas empresas que realizaram
lamento, protegendo contra poeiras, respingos e vendas de máquinas, em um total de R$ 80 milhões.
jatos de água aplicados por mangueiras, produtos O presidente da Abimei, Thomas Lee afirma “a Techmei já
químicos cáusticos e corrosão. Disponíveis em
tensões de 240, 480 e 600 volts para aplicações até pode ser considerada um importante fórum de tecnologia e
3,7 KW (5 HP). desenvolvimento do setor. Estamos muito animados já com a
O PowerFlex 40 NEMA 4X é certificado pelo Na- segunda edição do evento em 2010”,diz.
tional Sanitation Foundation (NSF), e proporciona A Gerente de Marketing da Yaskawa, Elisa Grabski fala da
controle vetorial descentralizado, para aplicações importância de participar da Techmei. “Existem muitos clientes
que demandam controle de baixa velocidade e alto
torque. Já o ArmorStart NEMA 4X oferece diver- da nossa empresa aqui no evento. Esta é uma excelente opor-
sos métodos de partida, incluindo partida direta à tunidade de apoiar e manter o contato com eles. E é sempre
plena tensão, reversão, controlador inteligente e interessante expor nossas novidades”, diz.
freqüência variável. Além da exposição das empresas a Techmei contou com
palestras sobre mercado e economia dentro da abordagem: O
desafio do crescimento.

Exposição inédita trouxe máquinas


e equipamentos de alta tecnologia
para modernização do parque
industrial do país, negócios
somaram R$ 80 milhões.
Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 

MA39_Noticias.indd 7 13/11/2008 18:16:19


//notícias
Produtos
Weg faz negócios no México
A produtora de açúcar para bebidas não-alcoólicas do
México, usina Tres Valles, fechou com a WEG a aquisição PROFINET/PROFIsafe
Com o sistema I/O descentralizado o PSSuniversal,
de um gerador de 40MW e uma casa de força com quadros pode realizar funções de comando orientadas para a
elétricos de média e baixa tensão para um sistema de geração segurança e/ou standard, de forma descentralizada em
de 50MVA/17,5kV/60Hz, automatizados com equipamentos campo. A comunicação com o comando é feita através
fabricados pela empresa. A aquisição, estimada em US$ 1,5 do PROFINET/PROFIsafe.
milhões, faz parte de um projeto de geração de energia que Os usuários do PROFINET podem agora também
usufruir das vantagens do sistema I/O descentralizado
teve início em junho deste ano e tem término previsto para PSSuniversal: alta segurança, automação standard inte-
dezembro de 2009. grada, livre de interferências entre standard e segu-
O engenho tem capacidade de processar 10 mil toneladas rança, estrutura de sistema modular, rápida colocação
de cana por dia, provenientes do município de Tres Valles e de em funcionamento através do PSSuniversal Startup
cidades vizinhas, gerando mais de 1200 toneladas de açúcar a Software entre outras.
Os benefícios dos novos módulos são: o endereço
cada 24 horas. Foi propriedade do governo mexicano até o ano PROFIsafe é necessário apenas uma vez por cada
de 1988 e, depois dessa data, passou a fazer parte da PIASA estação descentralizada, isto significa que as definições
– Promotora Industrial Azucareira S.A. de segurança de cada aparelho apenas se realizam num
ponto; Manuseio simples (sem definição e gerencia-
mento de endereço para cada módulo I/O); Aprovei-
tamento ideal dos endereços/quantidade de FS, menos
trabalho de planejamento e administração.

Curtas
A Deb’Maq fechou parceria para representar
no Brasil a japonesa Fuji Machine, fabricante de
máquinas-ferramenta e máquinas de montagem de
circuito impresso. O acordo foi fechado durante
o International Manufacturing Technology Show
– IMTS, realizado em Chicago/ EUA. Até então, a
fabricante japonesa não possuía representante no
País. Com a parceria, a Deb’Maq prestará todo
suporte para comercialização das máquinas Fuji, o
que inclui treinamento, assistência técnica e repo-
sição de peças, oferecendo uma estrutura para
representação da marca no mercado nacional,
fator decisivo para o fechamento da negociação,
iniciada em fevereiro de 2008.

Integradores
Marília - SP
Fundada em 1991 a Solution Com mais de 100 projetos O primeiro é o projeto elé-
Automação Industrial, é vol- realizados, a Solution Automa- trico e montagem eletrome-
tada para o fornecimento de ção é distribuidora de diversas cânica do painel PLC SLC-500
soluções na área de Indústria marcas entre elas Fenix (Sistema de transferência cas-
e Controle de Processos. A Contact e Schneider Eletric. cola). E o segundo é o sistema
primeira tarefa da empresa, foi A empresa também oferece de transferência cascola com
a criação de um robô de carga cursos e treinamentos. SLC-500 e iFix32 com módulo
capaz de identificar o produto Em uma das realizações a Solu- de receitas.
e entrega-lo em sua prateleira tion Automação desenvolveu
correspondente. Este desa- dois projetos para a Henkel Contato:
fio foi a pedido da empresa Loctite do Brasil, localizada em joao.turatti@solution
Bandag do Brasil. Boituva/SP. automacao.com.br

 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Noticias.indd 8 13/11/2008 18:16:26


reportagem

Produtos
Chaves fim de curso
a prova de explosão
A Honeywell possui uma linha de
produtos com projeto de encap-
sulamento, o qual cumpre com as
exigências de normas internacio-
nais e nacionais. O projeto inclui
um encapsulamento a prova de
explosão dotado de um sistema
que mantém e refrigera o faísca-
mento dentro do invólucro. Ele
não permite o aquecimento dos
gases externos que cercam a chave
fim de curso. A serie BX possui
encapsulamento em aço inoxidável
resistente a corrosão.
As chaves fim de curso a prova
de explosão da Honeywell são
aplicáveis em: transportadores de
grãos, perfurações para exploração
de petróleo, instalações petroquí-
micas, cabines de pintura, posicio-
nadores de válvulas, equipamentos
para mineração, pulverizadores
de sal, máquinas para o segmento
de papel e celulose, transporte e
manipulações de materiais.
Dentre suas certificações a empre-
sa destaca: Atex, UL, CSA, IEC Ex.
O grau de selagem inclui padrões
do tipo NEMA 1, 3, 4, 6 e 13 e o
grau de proteção IP67 possibilita
aplicações em locais com sujeira,
água e óleo. Destinados a locais
perigosos como os da Classe I,
Grupo B, C e D e Classe II, Grupo
E, F e G.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 

MA39_Noticias.indd 9 13/11/2008 18:16:34


manufatura

Sistema de
controle para
processos de
bateladas
Há algum tempo os processos de bateladas deixaram Controle a partir de
de ser um mistério nas indústrias e no ambiente de CLPs e IHMs
Interagir com os equipamentos de
automação. O cenário atual nos apresenta diversas campo, como válvulas, motores, sensores
maneiras de se controlar e monitorar um processo e outros dispositivos, através de CLPs (ou
de bateladas, cada um com suas características, PLCs, Programmable Logic Controllers, em
inglês) é o recurso mais comum na maioria
vantagens e desvantagens. Este artigo visa mostrar dos processos industriais no mundo, inclu-
alguns detalhes de quatro maneiras diferentes de sive no Brasil.
se automatizar um processo de bateladas a partir Neste contexto, cabem ao PLC tarefas
como: partida e parada de motores, aber-
de um sistema de controle tura e fechamento de válvulas, contagem,
temporização, monitoramento e controle de
variáveis analógicas, seqüenciamentos, entre
Por Alan Liberalesso* muitos outros. Nos processos de bateladas
são utilizados alguns algoritmos de pesa-
gem, tabelas de dados e procedimentos. O
controle do processo é realizado pelo PLC,
o papel dele é a execução das operações,
sejam estas fixas ao longo de suas rotinas,
sejam parametrizáveis através de alguma
interface de operação.
As IHMs, equipamentos para visua-

saiba mais lização e controle de processo, projetadas


para o ambiente industrial e com dezenas
de opções disponíveis no mercado, tem o
Características dos CLP’s vendidos
no Brasil papel de apresentar de maneira didática
Mecatrônica Atual 31 as informações do processo ao usuário
do sistema. No sentido contrário, recebe
Base Automação os comandos gerados pelo mesmo e faz a
www.baseautomacao.com.br “entrega” ao PLC por meio de sua interface
de comunicação.

10 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Sistemas.indd 10 12/11/2008 13:40:50


manufatura

F1. Tela de seleção de receitas. F2. Tela de parametrização.

O controle dos processos de batelada


realizados pelo par PLC-IHM pode ser
realizado de diversas maneiras, dependendo
do hardware empregado, tipo de processo,
número de receitas, entre outros. Assim:
• Processos e aplicações com uma
única receita: neste caso, a IHM
apresenta ícones, textos ou teclas de
função (dependendo do modelo) onde
são solicitadas operações como: iniciar
receita/batelada, pausar, abortar,
entre outros. A IHM pode apresentar
informações como número do passo
em execução, mensagens ao opera-
dor, tempo da batelada, quantidades
adicionadas, etc. O PLC recebe os
comandos e executa as operações F3. Tela de gerenciamento completo.
previamente estabelecidas em sua
lógica de controle. É papel do PLC
identificar a execução dos passos e pelo usuário do sistema. Alguns modelos Controle com PLCs e SCADA
gerenciar o processo de bateladas. permitem que todos os dados das receitas O princípio de controle é o mesmo. A
Dependendo do processo e aplicação, fiquem armazenados na própria IHM, diferença é que com a utilização de sistemas
os parâmetros desta receita podem liberando memória no PLC e reduzindo supervisórios tem um grande incremento de
ser alterados via IHM (tempos, ve- drasticamente a necessidade de lógicas de- capacidade, funcionalidades e ferramentas
locidades, quantidades, etc.), porém dicadas ao armazenamento e manipulação para interagir com o processo. As aplicações
a ordem de execução das tarefas destes dados no mesmo. geradas para este tipo de sistema rodam
(seqüenciamento da bateladas) não A utilização do par IHM-PLC não per- em microcomputadores, os mundialmente
pode ser alterada; mite controle de versão, revisão e autoria. conhecidos PCs.
• Em processos onde temos mais Além disso, limita o número de receitas, o Primeiramente, cada equipamento ou
de uma receita: pode-se trabalhar acesso aos dados das mesmas, e não permite dispositivo do processo que é controlado
de maneira semelhante à anterior, alterar o seqüenciamento das operações. pelo PLC pode ser manipulado a partir
somente acrescendo ferramenta para Apesar de normalmente vincularmos do sistema supervisório. Comandos como
seleção da receita via IHM. Também processos de bateladas a tanques de produção, abrir/fechar/ligar/desligar, seleção de modo
neste caso existe a opção de se utilizar adições de matérias-primas, procedimentos, de operação (manual, automático, manu-
valores previamente definidos no etc., existem muitas máquinas e linhas de tenção) são feitos a partir de janelas de
PLC ou alterá-los via IHM. produção que apesar atuarem dentro de controle individualizadas. A indicação dos
A maioria das IHMs existentes no processos contínuos ou de controle discreto status (ligado/desligado/aberto/fechado/em
mercado obriga que todos os parâmetros utilizam parte do princípio de controle de alarme/inibido/em manual/em automático)
das receitas sejam armazenados no PLC, em batelada para seleção de produtos, peças, também é feita de maneira individual e
tabelas de dados que são copiadas para a área formatos e setup das mesmas. Veja os exem- para todos os equipamentos. Variáveis de
de trabalho após seleção e solicitação feita plos na figura 1, figura 2 e figura 3. processo (temperatura, pressão, vazão, nível,

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 11

MA39_Sistemas.indd 11 12/11/2008 13:43:47


manufatura

F5. Tela de gerenciamento e


acompanhamento.

procedimentos, sejam estes relacionados aos


processos de dosagem, sejam instruções de
trabalho ou procedimentos de controle (ex.:
agitação, resfriamento, tempo de espera,
etc.). Também é papel deste tipo de sistema
F4. Tela sinótica. a interface para solicitação de produção
(lotes a produzir, número de bateladas, etc.),
uma ferramenta para acompanhamento da
velocidade) são monitoradas e controladas Neste sistema fica restrita a alteração produção (lotes em andamento, bateladas
a partir de computadores, fisicamente po- da ordem de execução dos passos e assim concluídas, status, etc.).
sicionados junto ao processo, em salas de como na arquitetura anterior, não é possível O sistema de relatório também faz
controle, ou remotamente, a quilômetros de repetir um passo já executado, operações parte de um sistema MES, seja ele gerado
distância. E o processo de batelada, o que em paralelo, defasagem entre passos, etc. dentro do próprio sistema, seja através de
esta arquitetura pode proporcionar? Exemplos na figura 4 e figura 5. algum software de relatório de mercado ou
Com relação à capacidade de armaze- mesmo a partir de ferramenta Web (para
namento de receitas, milhares podem fazer Controle por PLC, SCADA e consulta através de um navegador como o
parte do sistema; quanto ao gerenciamento Sistemas MES (Sistemas de Internet Explorer, da Microsoft)
das mesmas através da tela do computador, Execução da Manufatura) Em uma visão mais ampla, o sistema
pode-se visualizar e selecionar utilizando Nesta arquitetura o sistema supervisório MES responde por:
filtros como código, versão, família, produ- mantém a atribuição de monitoramento e • Cadastros: toda a entrada de dados
to, receita. Além desses, é possível definir controle do processo, mas o gerenciamento que visa alimentar as tabelas do
o tamanho da batelada e a quantidade da batelada cabe a um sistema MES, de- banco de dados com informações
de bateladas a produzir. Como controle, senvolvido através de linguagens de progra- para futura;
operações como pausar, parar, abortar, mação de alto nível. Neste caso, todas as • Solicitação de produção: interface
pular passo, alterar parâmetros e tempos, informações referentes às receitas (códigos, onde é inserido o plano de produção,
são operações comuns. Pode-se até montar matérias-primas, passos, procedimentos, ou seja, a relação de receitas a pro-
uma fila de produção, onde são selecionadas etc.) ficam armazenadas em bancos de dados duzir, o número de lote ou ordem de
todas as bateladas para um determinado do tipo relacional, os quais proporcionam, fabricação e o número de bateladas
período (hora, turno, dia). entre outras vantagens, maior capacidade de desejadas de cada uma (figura 6);
As telas de acompanhamento da pro- armazenamento, utilização de ferramentas de • Acompanhamento da produção:
dução trazem informações importantes do consulta, acesso remoto e por mais de uma interface para visualização do anda-
processo e da batelada, como a indicação estação de trabalho/operação, rastreabilidade mento da produção, com status das
do passo atual, dos passos executados com e trabalho com sistema de armazenamento receitas, bateladas em andamento,
os respectivos registros (quantidade real, aberto e escalonável. concluídas ou na fila para produção
tempo consumido, alarmes, etc.), das ba- O sistema MES contempla telas e re- (figura 7);
teladas que estão em execução, do status e cursos para cadastro de matérias-primas, • Relatórios: ferramenta de consulta
conteúdo dos tanques. Gráficos registram procedimentos, parâmetros e registros, bem que permite fazer a rastreabilidade
o comportamento das variáveis e as telas como a montagem da receita com dados de de um lote ou seqüência específica
sinóticas (que apresentam o layout do pro- cabeçalho (código, nome, descrição, data de e também, na combinação de seus
cesso) trazem em tempo real as informações criação e revisão, versão, produto, etc.), e com filtros, a consulta de bateladas pro-
do chão-de-fábrica. a composição dos passos com os respectivos duzidas no passado (figura 8).

12 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Sistemas.indd 12 12/11/2008 13:41:07


manufatura

Controle via PLC, SCADA


e Softwares de Bateladas
(baseados na norma para
bateladas ISA S88)
Dependendo da característica do processo
e da flexibilidade exigida pelo mesmo, uma
aplicação para batelada deverá ser muito
mais que um seqüenciador de passos combi-
nado com procedimentos específicos como
adição de matérias-primas, aquecimento,
agitação, tempos de espera, etc. Operações
como paralelismo, defasagem de passos,
transições baseadas em eventos, loops,
etc., podem ser exigidas para a execução
da receita (produção da batelada).
E aí que entram a norma ISA S88 e os
softwares de bateladas. Resumidamente,
a S88: F6. Tela de cadastro de receitas.
• Define um modelo para controle de
bateladas o qual é usado como um
padrão por muitas indústrias;
• Fornece uma terminologia comum
para o controle de bateladas, permi-
tindo que usuários diferentes possam
expressar suas idéias sobre uma
base comum e esta base comum de
terminologias e modelos permitem
aos usuários integrarem soluções de
diferentes fornecedores;
• A norma especifica que o código do
controlador deve ser dividido em pe-
quenas partes (módulos de controle),
e o fato de termos pequenos códigos
permite que as receitas sejam modi-
ficadas com maior facilidade;
• Se duas plantas/linhas tiverem equi-
pamentos semelhantes, pequenos F7. Cadastro de procedimento.
códigos permitem uma implemen-
tação mais fácil com a reutilização
dos códigos;
• Conceitua a separação do controle
do equipamento do controle do
procedimento (receita) que descreve
como fazer o produto final, permi-
tindo múltiplos produtos, múltiplos
procedimento, múltiplas unidades
de produção.
Os softwares de bateladas de mercado
visam atender à norma ISA S88 e possuem
ferramentas adicionais que permitam a
integração destes com PLCs, por exemplo,
e também ferramentas que agregam valor
aos usuários e que procure diferenciá-lo dos
outros softwares disponíveis.
O modelamento do sistema é dividido
em duas partes: F8. Acompanhamento de bateladas.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 13

MA39_Sistemas.indd 13 12/11/2008 13:41:16


manufatura

1. Modelamento físico do processo Conclusões uma solução atender aos propósitos, caberá
• Célula de processo: onde é definida a A solução a ser adotada deverá ser uma análise sobre necessidades futuras e
área responsável para a produção das definida após a análise de uma série de relação custo-benefício para se definir qual
bateladas (planta/processo/linha); fatores, como característica do processo, solução será adotada e implementada. MA
• Unidades: conjunto de módulos de necessidades do sistema de formulação,
controle e de equipamentos responsável estrutura e número de receitas, parâmetros Alan Liberalesso é engenheiro de aplicações
da BASE Automação e colaborador do “Batch
pela execução de uma, algumas ou e registros necessários, infra-estrutura de Control Comunidade Online”.
todas as etapas do processo (tanques, automação existente e/ou requerida, custos
reatores, silos, etc.); envolvidos, entre outros.
• Módulo de equipamento: conjunto Dependendo das informações acima será
de equipamentos que realizam ativida- possível afirmar quais soluções atenderão às
des do processo, como aquecimento, necessidades do processo. E quando mais de
dosagem, etc;
• Módulo de controle: dispositivo de
controle, como válvula, motor, sen-
sor, etc.
2. Modelamento procedural do processo
• Procedimento: estratégia para exe-
cução do processo/batelada;
• Procedimentos da unidade: conjunto
de operações utilizadas para seqüen-
ciamento dentro da unidade;
• Operações: conjunto de atividades
agrupadas e que visam o atendimento
de necessidades da batelada/pro-
cesso;
• Fases: realização de tarefas/ações bá-
sicas e simples, como adição de ma-
teriais, agitação, transferência, entre F9. Phases (Procedimentos) de uma Unit. F11. Phases e estado no PLC.
muitos outros.
O software de bateladas é dividido em
módulos, sendo que a base é definida por:
Equipment Editor (modelamento físico),
Recipe Editor (modelamento procedural),
Server (gerenciamento da batelada e comu-
nicação do módulo View com o PLC), View
(interface ao operador para visualização e
controle das bateladas), Archiver (geração
dos registros eletrônicos das bateladas) e
Report Editor (criação e customização de
relatórios com os registros eletrônicos).
O sistema supervisório continua com
a atribuição de monitoramento e controle
do processo. Ao PLC cabe toda a interface
com o chão de fábrica, como as tarefas de
partida e parada de motores, abertura e
fechamento de válvulas, monitoramento e
controle de variáveis analógicas. Do modelo
físico definido para o controle da batelada
cabem ao PLC as rotinas com as phases e os
estados das mesmas, cada uma com uma
função especifica como agitação, adição
de materiais, resfriamento, entre outras,
definidas quando do modelamento do
sistema de bateladas. Veja os exemplos na
figura 9, figura 10 e figura 11. F11. Receita em SFC.

14 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Sistemas.indd 14 12/11/2008 13:41:23


automação

Controle de
patrimônio
via RFID
Conheça o desenvolvimento de um sistema eletrônico para o controle
de patrimônio através de uma pesquisa aplicada para identificar
uma solução de automatização, por meio de sistema de Identificação
por Rádio Freqüência (RFID). O foco do artigo foi controlar itens
(tags) que estão em um ambiente pré-estabelecido. Utilizando-se a
metodologia para desenvolvimento de novos produtos, foram testa-
das várias configurações para o sistema, produzindo os protótipos
apresentados

Antonio Dresch Jr, Danny R. Efrom e


Dieison Grumovski

A
saiba mais s tecnologias de comunicação disponibiliza-
Rastreabilidade de pallets via RFID
Saber Eletrônica 429 ram uma nova maneira de se fazer negócios,
e na forma de gerenciar grandes quantidades
Tecnologia RFID no armazena- de informações. No entanto, apesar desta
mento de Pallets contribuição tecnológica, que tornou as
Saber Eletrônica 428 operações logísticas muito mais flexíveis e
Vantagens da Tecnologia RFID dinâmicas, verifica-se que existe ainda um
www.acura.com.br/rfid grande distanciamento entre o mundo virtual
(sistemas) e o real (empresa).
Tecnologia RFID A acuracidade e a rapidez das infor-
www.azuum.com.br/site/ mações adquiridas em cada estágio são de
sobre_rfid/sobre_rfid.html
fundamental importância para alimentar
A tecnologia RFID e os benefícios as decisões estratégicas e operacionais que
da etiqueta inteligente para os possibilitem dar sustentabilidade e contribuir
negócios com os negócios empresariais.
www.unibero.edu.br/down-
load/revistaeletronica/Set04_
Artigos/A%20Tecnologia%20
RFID%20-%20BSI.pdf Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 15

MA39_Controle.indd 15 12/11/2008 14:18:38


automação

Houve grandes avanços na questão da Segundo a CSP-CONPAT (2006) os A incorporação de um leitor RFID a
alimentação dos sistemas de informações, ativos permanentes de uma empresa, como um coletor portátil de dados (leitor manual)
que caminhou desde a simples digitação, equipamentos e mobiliários, sofrem perdas viabiliza a implementação de soluções vol-
passando pelos códigos de barras e 3D até as definitivas com o processo de depreciações tadas a rastreamento de ativos e produtos
atuais etiquetas eletrônicas de identificação e perdas contábeis recuperáveis em função ao longo de uma planta, com a imediata
por rádio-freqüência (tags). Tais tecnologias do descasamento provocado pela inflação captura e transmissão de dados.
proporcionam elevado grau de integração, sobre os valores de aquisição dos bens ou A RFID não é simplesmente um substi-
na medida em que possibilitam a atualização por mudança de valor de mercado, exigindo tuto do código de barras, é uma tecnologia
das informações em tempo real. um sistema de controle eficaz na gestão de transformação que pode ajudar a reduzir
Por sua vez, a necessidade de atender a patrimonial. desperdício, limitar roubos, gerir inventá-
uma demanda mais customizada, assim como Levando em conta estes fatores é que rios, simplificar a logística e até aumentar
de melhor gerenciar operações descentrali- surgiu a proposta de desenvolver uma solução a produtividade.
zadas em complexas redes logísticas, trouxe de controle de equipamentos e mobiliário Muitas empresas, devido ao seu imenso
uma série de desafios na forma de lidar com que atenda adequadamente as necessidades, número de bens ou a constante movimen-
o vasto fluxo de informações gerenciais. utilizando tecnologia RFID, trazendo tação de equipamentos, têm dificuldades
Somado a esses fatores, a busca por meios de agilidade e eficácia ao processo. em manter um histórico de confiança e
transmissão de informações, que propiciassem atualizado do seu patrimônio. A tecnologia
maior mobilidade aos usuários, possibilitou Vantagens RFID permite que a empresa tenha total
o desenvolvimento de maiores aplicações Tal tecnologia permite a captura automá- controle até mesmo em tempo real dos bens
em sistemas de identificação, baseados na tica de dados, para identificação de objetos da empresa, tanto em termos de quantidade
transmissão por rádio-freqüência. com dispositivos eletrônicos, conhecidos como de localização.
Esta tecnologia desencadeia uma revo- como tag ou transponder que emitem sinais
lução que é a base para uma nova realidade de radiofreqüência para leitores ou antenas, Middleware RFID
na identificação de produtos, com impacto que captam estas informações. A tecnologia RFID trabalha constan-
direto no controle de patrimônio e nos Os benefícios primários de RFID são: temente com fluxo de dados, esse fluxo de
processos logísticos de toda a cadeia de a eliminação de erros de escrita e leitura de dados pode ser grande. Por esse e outros
abastecimento, seja na fabricação, no controle dados, coleção de dados de forma mais rápida motivos faz-se à necessidade de um midd-
de estoque ou na compra e venda destes. e automática, redução de processamento de leware eficiente.
A flexibilidade de sistemas RFID é o seu dados e maior segurança. É importante entender que o middleware
grande fator positivo. Quando comparada Quanto às vantagens da RFID em rela- nada mais é do que uma camada de software
com outros sistemas de identificação, como ção às outras tecnologias de identificação e que fica responsável por diversas funções,
o código de barras, o RFID ganha em coleção de dados, temos: operação segura em tais como, gerenciamento da rede de captura
confiabilidade (códigos de barras tendem a ambiente severo (lugares úmidos, molhados, de dados e pelo fluxo dos mesmos.
apagar com o tempo), facilidade de leitura sujos, corrosivos, altas temperaturas, baixas O middleware não constitui diretamente
(tags podem estar dentro d’água, lama, ou temperaturas, vibração, choques), operação aplicações, pois uma de suas funções é o
circundados por metal) e não precisam de sem contato e sem necessidade de campo envio dos dados às aplicações, aos sistemas
leitor apontando diretamente para ele, ou visual e grande variedade de formatos e de gestão do processo, seja ele de produção,
seja não necessita de visada. Além disso, tamanhos. estoque, logística ou qualquer outro sistema
como a captura de dados é feita de forma Mas a principal vantagem do uso de que necessite desses dados.
automática, existe a redução de falhas sistemas RFID é realizar a leitura sem A Azuum, Alien, Symbol, IBM, Intermec/
humanas no processo. o contato e sem a necessidade de uma Cagicomp e Sun são exemplos de empresas
visualização direta do leitor com o tag. que desenvolvem esses middlewares. A tec-
Tecnologia RFID É possível, por exemplo, colocar a tag nologia RFID não teria sentido ao trabalhar
O levantamento de patrimônio possui dentro de um produto e realizar a leitura de forma isolada, sem ter para quem enviar
uma dinâmica difícil quando se utilizam sem ter que desempacotá-lo, ou, por os dados recebidos, sem ter algum sistema
os sistemas atuais como numeração para exemplo, aplicar o tag em uma superfície de organização e processamento de dados.
leitura visual ou códigos de barras, prolon- que será posteriormente coberta de tinta Sem esses sistemas, os dados captados pela
gando o tempo de execução, exigindo uma ou graxa. tecnologia RFID não teriam utilidade, não
equipe de pessoas destacadas para que esta A tecnologia RFID apresenta carac- gerariam informações para serem analisadas
tarefa seja feita com agilidade, onerando os terísticas peculiares que nenhuma outra e interpretadas, seriam apenas dados. Esse
recursos da empresa. oferece. Por exemplo, leitura simultânea de é o principal motivo pelo qual o software
Já o controle de patrimônio (controle até 30 itens em um período de um segundo, (middleware) se faz tão importante para o
de bens móveis) exige uma supervisão utilizando-se de poderosos algoritmos de sucesso da tecnologia RFID. Neste trabalho
permanente e dependendo do tamanho anti-colisão. Com isto pode-se realizar o middleware ficou responsável em receber
e arquitetura da empresa, nem sempre é inventários de milhares de itens, utilizando os dados do leitor RFID e associá-los aos
possível fazê-la com eficácia. um leitor de RFID manual. itens existentes nos ambientes.

16 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Controle.indd 16 12/11/2008 14:12:54


automação

Desenvolvimento
dos protótipos
Utilizando o recurso de uma metodologia
científica para projetos de desenvolvimento
de novos produtos, foi selecionado o seguinte
fluxograma e as suas fases:

Fase 1 - Planejamento de Linha de Produ-


to: estudo científico do foco do
produto, auxiliado pelas consul-
torias e empresas que apóiam o
projeto.

Fase 2 - Geração de idéias/conceitos: uti-


lizando-se de técnicas existentes
levantaram-se sugestões, opiniões
e necessidades do mercado, para
identificação de referências e es-
timativas que contribuíram para F1. Fluxograma do projeto adaptado F2. Protótipo – Controle e inventário
de Wille e Wille (2005). de patrimônio.
a criação do produto.

Fase 3 - Seleção de idéias/conceitos: estudo, leitura constante, indicada para a supervisão


tabulação e conclusão das etapas de objetos de alto valor agregado, que justi-
anteriores, definindo o objeto/pro- ficam a obtenção de leitores dedicados.
duto a ser desenvolvido.
Testes e validação do produto
Fase 4 - Desenvolvimento técnico do pro- Os quadros ao lado representam os
duto: testes práticos realizados com o intuito de
a) Soluções e seleção de equi- encontrar a melhor solução para controle
pamentos e componentes de itens (equipamentos e mobiliários) nos
eletrônicos; ambientes. Veja a tabela 1.
b) Identificação de Fornece- Já a tabela 2 mostra detalhadamente os
dores; materiais utilizados e resultados dos testes
c) Aquisição de materiais; realizados na pesquisa.
d) Implementação na apli- Após os testes realizados com os dife-
cação. rentes produtos, verificou-se que o leitor
(L1), as antenas (A1) e as tags (T1, T2, T10)
Fase 5 - Teste e validação do produto: não atendem o proposto, portanto foram
e) Análise de Confiabilidade escolhidos as seguintes configurações para
de leitura e aquisição de a montagem dos protótipos apresentados
dados; a seguir.
f) Integridade da comuni-
cação de dados; Protótipo I
g) Integração das soluções Este sistema tem como objetivo atender
com softwares embarcados como ferramenta para controle e inventário
e de banco de dados. do patrimônio para itens de baixo valor,
para isto, optou-se por adaptar um Leitor
Fase 6 - Protótipos: Montagem de protó- RFID da Acuprox AP-09 com comunicação
tipos. via cabo Serial ao computador embarcado
(figura 2) associado às etiquetas World
A partir do fluxograma realizado (figura Tags. Esta configuração apresenta o melhor
1) chegou-se a construção de dois modelos: custo-benefício para a aplicação.
um com a opção de possuir leitores manuais O software de demonstração (midd-
(portáteis), para locais onde existam objetos leware) foi desenvolvido na fase 6 do projeto
de baixo valor, por exemplo, e o outro com e está disponível para acesso no computador
a opção de ter leitores fixos que realizam a embarcado do protótipo. T1. Identificação dos componentes.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 17

MA39_Controle.indd 17 12/11/2008 14:18:53


automação

T2. Resultado dos testes realizados com os leitores e tags.

18 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Controle.indd 18 12/11/2008 14:19:56


automação

O software foi desenvolvido para propor- e para o conhecimento de novas tecnologias.


cionar a visualização dos itens encontrados em Para concluir pode-se listar ainda alguns
um ambiente escolhido, quando submetido observações relevantes do RFID:
ao leitor RFID, no caso, laboratório B-17 a) Não necessita de contato físico;
foi encontrado uma mesa e uma cadeira b) Permite ter acesso a dados em tem-
estofada. Este software foi montado de forma po real;
a viabilizar futuros testes de integração ao c) Indústrias, organizações e varejo já
sistema de banco de dados já existente. estão identificando os benefícios
da tecnologia;
Protótipo II d) RFID e estão começando a adotá-la
Para este protótipo foi utilizado o leitor em seus ambientes de trabalho. MA
AcuWave Active Reader L-RX201, associado
às etiquetas AcuWave Tag Asset L-TG800. Antonio Dresh Jr. é pós graduado em Mecatrô-
Este tem como objetivo atender ao monitora- nica Industrial; sócio-proprietário da empresa
mento em tempo real dos itens de alto valor, Azuum – Tecnologia Industrial especializada
em RFID e exerce atividade como docente na
justificando o custo das tags utilizadas. Faculdade de tecnologia Senai Joinville, nas
O software de demonstração foi adqui- áreas de Automação e Mecatrônica Industrial.
F3. Controle de patrimônio em rido junto com o Leitor, e está disponível
tempo real. Danny R. Efrom é pós graduado em Mecatrô-
para acesso no computador embarcado nica Industrial; sócio-proprietário da empresa
instalado (figura 3). Azuum – Tecnologia Industrial especializada
Através do middleware desenvolvido em RFID e exerce atividade como docente na
Faculdade de tecnologia Senai Joinville, nas
pode-se realizar a leitura dos itens já associa- Conclusões áreas de Eletrônica Industrial e Sistemas de
dos aos códigos das etiquetas, bem como sua Os protótipos atenderam as necessidades Controle.
localização, obtendo o levantamento (iden- planejadas, inclusive podendo ser utilizado
Dieison Grumovski é técnico em Mecatrônica
tificação) e a rastreabilidade (localização) como ferramenta de testes de trabalho para Industrial e bacharelando no curso de Ciência
do patrimônio de forma automática. as empresas, kit didático (uso educacional) da Computação.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 19

MA39_Controle.indd 19 12/11/2008 14:13:25


automação

e Otimização
na destilação
de etanol?
André Ribeiro Lins de Albuquerque

A
s colunas de destilação em geral são equi- Apesar dos projetos de plantas de destila-
pamentos de separação mais empregados na ção atuais serem capazes de apresentar uma
indústria química, petroquímica e de biocom- eficiência na extração de etanol superior a
bustíveis. A sua importância é devido ao alto 99%, a energia necessária para a produção
custo energético do processo, que, em muitos poderia ser melhor aproveitada, utilizando
casos, é superior a 70% do custo energético para tanto, estratégias de controle mais
total em indústrias de transformação. Além apropriadas ao processo. Atualmente, os
de ser o processo que geralmente impede o aparelhos de etanol possuem uma eficiência
aumento da produção (gargalo). energética que gira em torno de 80%. Este
No caso de usinas de etanol, a destila- indicador é mensurado por meio de sistemas
ção é a última etapa do processo. Por isso, comercias que, utilizando modelos mate-
acaba recebendo as influências - na forma máticos robustos para executar o balanço
de distúrbios - de variações oriundas de de massa e energia, calcula-se o consumo
processos precedentes, tais como compo- energético ideal para cada condição de
sição do vinho proveniente do processo de entrada em cada aparelho (concentração
fermentação e, pressão e capacidade calorífica alcoólica e temperatura de entrada do vinho).
do vapor utilizado para aquecer as colunas. A eficiência energética é então obtida pela
Vapor este que pode ser proveniente do razão entre o consumo ideal e consumo
processo de evaporação no caso de plantas real do aparelho (figura 1).
mistas de açúcar e etanol ou de caldeiras O principal motivo para não se obter

saiba mais
de vapor utilizadas como fonte de energia melhores indicadores de eficiência energética
por meio da queima do bagaço (subproduto é a alta flutuação de variáveis controladas
da cana de açúcar). Além dos distúrbios, do processo, tais como: pressão nas colunas
Destilação de álcool: Desafio para
a automação
é necessário lidar também com diferentes e temperatura TB4 (temperatura da ban-
Mecatrônica Atual 36 regimes de operação, a interação entre as deja 4 na coluna B, utilizada para inferir
malhas, a existência de tempo morto e as a concentração alcoólica do etanol). Isso
Usinas de álcool e açúcar: A Auto- não linearidades intrínsecas do processo. acaba acarretando um gasto desnecessário
mação de um setor em franco Para lidar com todas estas peculiaridades, as de energia para realizar o trabalho de se-
desenvolvimento
Mecatrônica Atual 33
colunas de destilação necessitam de sistemas paração do etanol.
de controle capazes de manter o processo Além do fator energético, outro fator
mais estável e eficiente possível. de desempenho que pode ser aumentado

20 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Otimizacao.indd 20 12/11/2008 14:54:20


automação

F1. Figura ilustrativa que apresenta como


o indicador de eficiência energética é ob-
tido em função da concentração alcoólica F2. Representação normalizada de faixas de produção utilizando
do vinho de entrada. o controle regulatório convencional e MPC.

significativamente é o referente à capa- Destilação de Etanol:


cidade produtiva (figura 2). O motivo Breve Descrição
é simples, em muitos momentos de uma Os aparelhos de destilação em usinas
safra de cana-de-açúcar, o “gargalo” deixa de etanol têm a configuração básica como
de ser o fornecimento de matéria prima, apresentado na figura 3. A entrada do
passando a ser a capacidade de produção sistema é o vinho proveniente do processo
dos aparelhos de destilação. Portanto, antecedente – a fermentação - e a sua com-
existe a necessidade de uma tecnologia de posição alcoólica gira em torno de 7 a 12º
controle que permita que o processo opere GL2 (unidade de medida para especificar
em múltiplas condições. Pode-se citar a o teor alcoólico em volume), água (aproxi-
condição de máxima economia de energia madamente 90%) e os demais componentes
(escassez de matéria prima, por exemplo) encontrados em menores quantidades tais
e, as condições de produção máxima que como: glicerina, ácidos succínico e acético,
ocorrem em situações de excesso de material leveduras e bactérias, sais minerais, etc.
a ser destilado. Para a obtenção do etanol para uso
Para tornar as plantas de produção de como combustível, também conhecido
etanol mais produtivas, ou seja, produzindo como álcool hidratado, tem-se duas prin-
mais e com menos recurso, algumas usi- cipais operações; destilação propriamente
nas já começaram a aplicar com sucesso dita (coluna A) e a retificação (coluna B).
tecnologias de Controle Avançado como, Conforme apresentado na figura 4.
por exemplo, o Controle Preditivo Base- A coluna A tem por finalidade esgotar
ado em Modelos (MPC). O objetivo do a maior quantidade possível de etanol do
MPC é otimizar a operação de destilação seu produto de fundo, que é denominado
através da predição do comportamento vinhaça. Esta, retirada em uma proporção
de variáveis controladas, minimizando os aproximada de 12 litros para cada litro de
efeitos de distúrbios, acoplamentos entre álcool produzido, é utilizada na lavoura como
as malhas e tempos mortos do processo. fertilizante, sendo seu calor parcialmente
Existem registros recentes de ganhos de 6 recuperado pelo vinho no trocador de calor
a até 10% na produtividade dos aparelhos K. A finalidade da coluna B é concentrar a
em usinas de álcool que estão começando flegma a uma graduação de aproximada-
a adotar este tipo de tecnologia. mente 96º GL (unidade de medida para F3. Aparelho de destilação de etanol.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 21

MA39_Otimizacao.indd 21 12/11/2008 14:54:26


automação

especificar o teor alcoólico em volume). A


flegma é alimentada nessa coluna, onde é
concentrada e purificada, sendo retirada sob
a forma de etanol, duas bandejas abaixo do
topo da coluna. Os componentes mais voláteis
retirados no topo da coluna B passam por
uma seqüência de condensadores (E, E1 e
E2), dos quais retornam para o topo da B
sob a forma de condensado (refluxo). Do
fundo da coluna B é retirada uma solução
aquosa chamada flegmaça que tanto pode
ser reciclada no processo ou eliminada.

Controle e Automação na
Destilação de Etanol
A automação utilizada nos aparelhos
de destilação de etanol combustível (álcool
hidratado) se propõe controlar diversas
variáveis do processo, conforme apresen-
tado na figura 4. Alguns destes controles
F4. Diagrama P&ID de um aparelho de destilação de álcool hidratado. são realizados na forma mestre-escravo
(cascata) e regulatória convencional (PID).
Somente o controle de pressão nas colunas
e da temperatura da bandeja B4 que devem
ser realizados de forma preditiva, utilizando
para tanto, o controle MPC.
A alimentação do vinho no aparelho deve
ser realizada preferencialmente de forma
direta, ou seja, um controle regulatório de
vazão convencional. Durante muitos anos,
controlou-se a temperatura da bandeja A16
pela variação da alimentação de vinho num
formato de controle em cascata, porém, este
tipo de arquitetura favorece ao aumento de
transientes no aparelho, em outras palavras,
F5. Ilustrações do funcionamento da tecnologia MPC. A imagem a) representa a comunicação deixa o sistema mais instável. Caso necessi-
entre os controladores PIDs de vazão com o MPC; a imagem b) representa a arquitetura
ta-se aumentar a produção do aparelho, o
conceitual do MPC para o controle de pressão da coluna A.
setpoint de vazão de vinho deve ser alterado
obedecendo a uma rampa suave.
Todas as outras vazões de entrada e
saída do aparelho de destilação devem ser
controladas como malhas internas dentro
de uma arquitetura de controle em cascata.
Este tipo de abordagem além de permitir o
controle mestre mais efetivo das variáveis como
temperaturas no topo e níveis nas bases das
colunas favorecem também o fechamento do
balanço de massa e energia da destilaria.
A aplicação de técnicas de controle
preditivo baseado em modelo (MPC), para
controlar variáveis de pressão nos aparelhos
e temperatura da bandeja B4 (Figura 4), esta
última, utilizada para inferir a concentração
alcoólica do etanol de saída, favorece a esta-
bilidade do processo e, conseqüentemente, a
F6. Faixas de operação utilizando o controle de pressão da coluna A convencional e o MPC. economia de energia e aumento da capacidade

22 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Otimizacao.indd 22 12/11/2008 14:54:33


automação

F7. Faixas de operação utilizando o controle da temperatura da B4 convencional e o MPC.

produtiva dos aparelhos. O MPC, na prática, os controles regulatórios (PIDs), ou mesmo


funciona como um controle mestre (figura atualizar o modelo preditivo. Isso porque,
5a e 5b), definindo os melhores setpoints de após a obtenção do modelo preditivo e ajustes
vazão para cada regime operacional. das malhas, o desempenho da mesma tende
A técnica de controle MPC é uma a se deteriorar lentamente com o tempo, já
estratégia de controle multivariável bas- que as condições do processo não são sempre
tante difundida na indústria de processos. as mesmas e os hardwares sofrem desgastes
O MPC, basicamente utiliza um modelo naturais. Desta forma, uma vez detectada uma
dinâmico do processo para predizer o seu perda de desempenho, pode-se diagnosticar
comportamento futuro (figura 5b). Esta a causa raiz do problema, podendo-se fazer
predição é atualizada, ou corrigida, a cada uma manutenção preventiva na automação
iteração, com a medição das variáveis do em destilarias de álcool.
processo. As ações de controle são calculadas É certo que com a implantação de técnicas
de modo a minimizar a diferença entre a de controle avançado, como o MPC, obtém
predição e a trajetória de referência. - se um salto no rendimento dos aparelhos,
Entretanto, a utilização de um modelo refletindo-se em aumentos de rentabilidade
linear na síntese do controlador não é sufi- em curto prazo para as destilarias de etanol,
ciente para garantir um bom desempenho porém, ainda existem margens de ganhos
do controle para processos não lineares, significativas que podem ser obtidas em
como é o caso de aparelhos de destilação longo prazo, o maior deles é sem dúvida
de etanol. Isto devido a não consideração o aumento da concentração alcoólica no
de certos comportamentos dinâmicos no processo fermentativo, pois, quanto mais
modelo, ou mesmo variações dos parâmetros enriquecido chegar o vinho na destilaria
em diferentes condições operacionais. menor será seu custo energético.
Nas figuras 6 e 7, são apresentados o Outro ganho que se pode obter é por
controle da pressão na coluna A e a tem- meio de ferramentas de otimização de toda a
peratura da bandeja B4 de uma usina no destilaria, levando-se em consideração desde
interior de São Paulo, aplicando o controle o preparo do mosto, passando pelo processo
regulatório convencional e depois de um fermentativo, centrifugação, destilação até
período adotando o MPC. Com a dimi- chegar ao armazenamento do etanol. Com
nuição das flutuações do processo com o este tipo de ferramenta, as melhores condi-
uso do MPC, contatou-se um aumento ções operacionais para cada necessidade de
na eficiência energética do aparelho de produção e recurso energético será obtida por
8%. Isso significa, para este aparelho em meio de modelos matemáticos e algoritmos
questão, uma economia de 3,2 toneladas sofisticados que buscarão sempre a maior
de vapor de escape por hora. rentabilidade possível dada as condições de
Para manter os ganhos atingidos após demanda e oferta de etanol e energia. MA
a aplicação do MPC, deve-se manter uma
André Ribeiro Lins é PhD em Mecatrônica e
rotina de gerenciamento do desempenho Diretor de Negócios da Pentagro Soluções
das malhas de controle, seja para sintonizar Tecnológicas.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 23

MA39_Otimizacao.indd 23 12/11/2008 14:54:45


automação

e Monitoramento
online do
desempenho da
planta industrial
Este artigo descreve os conceitos básicos desde
a automação do processo até a geração e moni-
toramento de indicadores de desempenho que
permitem acompanhar em tempo real a “saúde”
dos ativos de uma planta industrial, comparando o
desempenho atual com o ótimo calculado a partir
de modelos rigorosos do processo

A
Cláudio Adriano Policastro
André Ribeiro Lins de Albuquerque tualmente, as empresas estão sob intensa
Paulo Garcia de Souza pressão competitiva para promover o aumento
da eficiência em seus processos industriais,
por meio de mão de obra qualificada e pela
otimização de seus ativos.
A necessidade de visualizar em tem-
po real os dados de produção, custeio e
condições operacionais, para tomada de
decisões estratégicas e resposta rápida às
mudanças das condições de operação e
mercado, justifica os grandes investimentos

saiba mais em infra-estrutura e automação.


Entretanto, a automação é necessária
mas não é suficiente. Para maximizar a
Sistema de monitoramento e
estimativa dos tempos de eficiência do processo e o retorno do in-
operação do disjuntor vestimento nos ativos é necessário investir
Mecatrônica Atual 31 em treinamento de operadores e aplicar
técnicas de otimização de processos.

24 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Monitoramento.indd 24 12/11/2008 16:27:26


automação

Alie se ao fato que, devido à natureza Em uma camada superior (Controla-


dinâmica dos processos industriais, existe dores), a integração dos dados da planta é
a necessidade de se acompanhar em tem- realizada por meio de sistemas de controle
po real o desempenho dos mesmos. Esta (e.q SDCD ou CLPs) . Toda planta indus-
necessidade originou os conceitos que trial precisa de algum tipo de controlador
forma a base do “Monitoramento online para garantir uma operação segura, estável
do desempenho”. e economicamente viável.
O monitoramento online do desempenho Os controladores monitoram o estado
da planta industrial tornou-se uma tarefa real do processo, recebendo sinais dos
essencial para gerentes e demais tomadores sensores físicos presentes em pontos estra-
de decisão que necessitam manter o controle tégicos. As grandezas físicas (e.q. pressão,
de seus ativos e buscam a otimização dos temperatura e vazão) são transformados
mesmos. Ele pode ser definido como o em sinais discretos (ligado ou desligado)
processo de medir a utilização de recursos ou contínuos (pressão, nível, vazão, entre
existentes, compreendendo os desvios entre outros).
o real e o desejado, determinando o impacto Estas grandezas são então empregadas
da degradação da utilização ótima destes em lógicas de controle que permitem ao
recursos em relação aos objetivos estratégicos controlador calcular o seu estado de saída
de uma organização, por meio, da produção (ação de controle), considerando diversas
de indicadores chave de desempenho. especificações (como por exemplo: o set
point de uma temperatura ou pressão).
Integração dos Dados Então, esta ação de controle calculada pelo
da Planta Industrial controlador é convertida em um sinal que
A adoção de uma solução de otimização é enviado para um atuador (e.q válvula,
online de desempenho se inicia pela integra- motor, bomba) que modifica o estado do
ção dos dados da planta, com o objetivo de processo, mantendo o mesmo em uma con-
fornecer dados do processo em tempo real dição de operação específica e corrigindo
para o sistema de monitoramento. eventuais desvios.
As plantas industriais geram grande Em uma camada mais alta (Superviso-
quantidade de dados que não são utilizados res), encontram-se os sistemas supervisórios
em todo o seu potencial como fonte de (SCADA ou Supervisory Control and Data
informação e conhecimento, por estarem Acquisition). Estes sistemas se comunicam
dispersos ou desorganizados. A utilização de diretamente com os Controladores e são
soluções da Tecnologia da Informação (TI) responsáveis por adquirir os dados dos
e Tecnologia da Automação (TA) favorece sensores e atuadores existentes na planta e
a integração da planta industrial, disponi- apresentá-los aos operadores por meio de
bilizando todos os dados para o negócio e uma representação gráfica do processo, em
para a tomada de decisão, tornando a planta telas de computadores (PC) dedicados para
industrial mais transparente. a operação de supervisão.
A integração efetiva da planta industrial Estes sistemas são capazes de apresentar
e a disponibilização de seus dados para os os dados reais do processo na forma de
níveis superiores da empresa (Engenharia números, gráficos de barras, gráficos de
de Processo, Gerência Industrial, etc) passa tendências e outros elementos, informan-
pela integração elementos e sistemas em do os operadores sobre todos os eventos
diversas camadas ou níveis, como apresen- importantes ocorridos na planta. Estes
tado na figura 1. sistemas também permitem aos operadores
A integração dos dados da planta indus- atuar no processo, alterando as condições
trial começa pela implantação e integração de operação (set point) na qual os CLPs
de elementos básicos da Tecnologia da devem manter um processo.
Automação (Atuadores e Sensores), capazes Nesta camada de integração de dados,
intervir no processo e detectar o estado os sistemas supervisórios freqüentemente
de operação do mesmo. Nesta camada, formam ilhas de automação, controlando
encontram-se elementos, como sensores partes isoladas do processo (por exemplo,
de nível, de pressão, de temperatura, de destilação, fábrica de açúcar, fermentação,
fim de curso, válvulas, inversores, motores, etc.) sem considerar a integração das infor- F1. Pirâmide de integração dos dados
da planta industrial.
bombas, entre outros. mações de toda a planta.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 25

MA39_Monitoramento.indd 25 12/11/2008 16:27:36


automação


Entretanto, existe uma grande con- Monitoramento online
fusão entre o papel dos sistemas PIMS e do Processo
Nos últimos MES. Atualmente, muitos sistemas PIMS
incorporam algumas funcionalidades de
A integração dos dados industriais deste
o chão de fábrica até níveis corporativos
anos, surgiram sistemas MES, tornando estes sistemas
mais versáteis. Por outro lado, os sistemas
pode prover as ferramentas necessárias para
um gestor tomar decisões em tempo real e
também soluções MES que foram concebidos originalmente
para o controle de processos de manufatura,
administrar o negócio com eficiência. Uma
das ferramentas mais importantes para este
que permitem a também receberam funcionalidades de processo de gestão é o monitoramento do
integração e armazenamento de dados de processo industrial. Nos últimos anos, o
tomada de processos contínuos e batelada, aumentando monitoramento de processo constituiu uma
ainda mais a sobreposição de tarefas entre atividade essencialmente offline e realizada
decisões basea- estes dois sistemas. normalmente com uma periodicidade bai-
das em dados Neste ponto, uma maneira simples de
entender o real papel destes dois sistemas
xa (grandes intervalos de tempo), muitas
vezes com o auxílio de simples planilhas


instantâneos é a seguinte: um sistema PIMS é um de-
posito de dados e um sistema MES é um
personalizadas. Neste processo de monito-
ramento, o tempo necessário para gerar e
do processo. conjunto de aplicativos que usa os dados
armazenados no PIMS.
analisar estas planilhas é demasiado longo
para permitir uma ação eficaz baseada nos
É nesta mesma camada de integração resultados.
(SGP) que se localizam os sistemas de Como conseqüência, pode-se observar
monitoramento de desempenho da planta. uma deficiência grande na qualidade e na
Para a integração efetiva dos dados, Normalmente estes sistemas são módulos velocidade das ações para a recuperação
deve-se adotar, em uma camada superior adicionais dos sistemas PIMS ou MES, mas de uma queda de desempenho da planta
da pirâmide de integração (SGP ou Sis- também podem ser construídos a partir de industrial.
temas de Gerenciamento da Produção), os soluções de fornecedores independentes. Nos últimos anos, surgiram também
denominados sistemas de gerenciamento Em uma arquitetura efetiva de funcio- soluções que permitem a tomada de deci-
de informações da planta (PIMS ou Plant namento, estes sistemas de monitoramento sões baseadas em dados instantâneos do
Information Management System). extraem dados dos sistemas PIMS, executam processo. Isso permite o acompanhamento
Um sistema PIMS adquire periodica- seus cálculos e tratamentos empregando os do processo a qualquer momento do dia ou
mente dados de processo da planta indus- dados da planta, e escrevem seus resultados de um período desejado. Entretanto, estas
trial de diversas fontes, como os sistemas novamente no sistema PIMS para que estes soluções se limitam a monitorar as faixas de
supervisório e sistemas de laboratório e, estejam disponíveis para o sistema MES ou especificações e comportamentos estatísticos
assim, os reúne e armazena em um banco para os sistemas localizados nos níveis mais das variáveis do processo.
de dados históricos. altos da empresa. Adicionalmente, estas soluções não
Dessa forma, o PIMS permite a dis- A execução de um sistema de moni- permitem a busca pela condição operacional
ponibilização dos dados de toda a planta toramento online do processo, da forma ótima da planta, uma vez que, não existe
industrial para utilização por sistemas de descrita anteriormente, e a disponibilização um modelo do processo para ser comparado
gerenciamento e engenharia de processo, além dos resultados para as camadas superiores com a situação atual do processo real.
de outros sistemas localizados nos níveis mais da empresa. Isso permite a visualização da Neste contexto, técnicas de monito-
altos de uma empresa, como por exemplo, os planta industrial, conduzindo à otimiza- ramento online que utilizam modelos
sistemas de execução da produção (MES ou ção dos ativos de uma organização, o que matemáticos do processo e reconciliação de
Manufacturing Execution Systems). possibilita uma operação mais eficiente dados podem superar a estas deficiências,
Sistemas MES são sistemas de gestão dos negócios. o que possibilita a tomada de decisão no
que possibilitam o integrar os níveis admi- Na camada mais alta da pirâmide de momento certo, utilizando informação com
nistrativos com a produção, normalmente integração dos dados, encontram-se os alta qualidade e confiabilidade.
gerando e acompanhando um plano de sistemas corporativos de gestão (ERP ou Estas técnicas utilizam o modelo mate-
produção que visa atender aos compromissos Enterprise Resource Planning), responsáveis mático do processo para comparar os dados
de vendas e as condições de disponibilidade pela transformação dos dados e informações da planta real e determinar os desvios exis-
de estoque e ativos. Idealmente, estes dois da planta em informações de negócio. tentes em termos de operação e utilização
sistemas podem trabalhar em conjunto em Desta forma, pela implementação desta de recursos. Isso permite que estas soluções
uma arquitetura na qual um sistema PIMS estrutura de TI e TA, pode-se integrar os apontem sempre a diferença entre o estado
adquire e integra todos os dados da planta dados de processo aos de negócio, possi- atual da planta industrial e seu ponto ótimo
e disponibiliza para o sistema MES tratar bilitando o alinhamento das estratégias de operação, podendo resultar em ganhos
estas informações para os níveis mais altos de produção às estratégias de outras áreas aproximados entre 1-4% em eficiência do
da empresa. de empresa. processo.

26 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Monitoramento.indd 26 12/11/2008 16:43:11


automação

Estas técnicas também utilizam a recon-


ciliação de dados para melhorar a precisão
das medições, pela redução do efeito dos erros
introduzidos nos dados e pelo processo de
medição (ruídos, má instalação de sensores,
sensores descalibrados, etc).
A principal diferença entre a reconcilia-
ção de dados e outras técnicas de filtragem
é que a reconciliação faz uso explicito de
um modelo matemático do processo que
fornece as restrições e relações entre as
variáveis.
Esta técnica obtém estimativas mais
precisas das variáveis do processo, por meio
de um ajuste das medidas brutas (extraídas
da planta) para satisfazer às restrições e
relações impostas pelo modelo do processo.
Como resultado deste tratamento, espera-
se obter medidas mais precisas do que as
medidas brutas extraídas da planta.
O objetivo fundamental de uma solução
baseada nas técnicas de monitoramento
online de desempenho fundamentado em
modelos matemáticos do processo com
reconciliação de dados é a extração de
informação útil e consistente dos dados F2. Estrutura de uma solução efetiva de monitoramento on-line de processos.
brutos do processo para suportar a tomada
de decisão operacional da alta qualidade. alimentado pelos dados extraídos da planta, Como resultado, diversos indicadores
As informações geradas por este tipo de permitindo a indicação das diferenças entre de desempenho do processo e dados de
solução pode conduzir à detecção de falhas a planta real e o ótimo pretendido para a balanço de massa e energia são gerados e
de medição, degradação do desempenho mesma. Estes indicadores possibilitam aos armazenados no historiador (3). Paralela-
da planta, necessidade de manutenção dos tomadores de decisão concentrar sua atenção mente, regras de monitoramento baseadas
equipamentos, entre outros benefícios. somente nas partes mais importantes das em degradação dos indicadores (níveis de
Além disso, estas soluções melhoram informações sobre o processo, levando à tolerância) podem alertar os tomadores
o tempo de tomada de decisão sobre os tomada de decisão de forma mais rápida de decisão (4) quando está na hora para
processos industriais, pela disponibilização e mais precisa. examinar o processo e desenvolver novas
de indicadores de desempenho estratégicos Desta forma, a adoção desta solução estratégias para a melhoria do mesmo.
para suporte a decisão. possibilita a busca contínua pela condição Ao final do processo de monitoramento,
Os indicadores de desempenho medem operacional ótima dos processos, constituindo os resultados ficam disponíveis para os
o nível de desempenho de um processo, o primeiro passo na direção da implantação gerentes e engenheiros de processo para a
focando no “como” e indicando quão de um ciclo contínuo de melhorias dos pro- tomada de decisões estratégicas (5). Estes
bem a utilização dos recursos da empresa cessos industriais (controles avançados de resultados também podem ser enviados aos
permitem que o objetivo do negócio seja processo e otimizadores operacionais). níveis mais altos da empresa pela integração
alcançado. Estes indicadores podem reve- Existem diversas camadas de funcio- com os sistemas gerenciais localizados em
lar aspectos importantes e essenciais do nalidades e integração de dados para uma camadas superiores da pirâmide de inte-
processo, como a eficiência energética ou solução efetiva de monitoramento online do gração dos dados da planta. MA
a eficiência da operação de transformação desempenho, como ilustrado na figura 2.
Cláudio Adriano Policastro é Ph.D. em Com-
da matéria-prima, entre outros aspectos Inicialmente, as medidas da planta e putação e Diretor de Operações da Pentagro
que possibilitem a uma empresa alcançar os dados de laboratório são coletados e Soluções Tecnológicas;
os seus objetivos estratégicos. armazenadas em um sistema historiador de
André Ribeiro Lins de Albuquerque é Ph.D.em
O cálculo destes indicadores estratégi- dados de processo (1). Então, o sistema de Mecatrônica e Diretor de Negócios da Pentagro
cos é favorecido pela existência do modelo monitoramento é acionado em intervalos Soluções Tecnológicas;
matemático do processo, uma vez que, o que podem variar desde minutos até horas
Paulo Garcia de Souza é mestre em Física e
desempenho atual do processo real pode ser e executa a reconciliação de dados por Executivo de Negócios da Invensys Process
comparado ao desempenho requerido para balanço de massa e energia, utilizando os System do Brasil.
o mesmo, dado pelo modelo matemático dados extraídos da planta industrial (2).

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 27

MA39_Monitoramento.indd 27 12/11/2008 16:27:49


instrumentação

e Placas de aquisição
e controle NI
Single-Board RIO
O hardware Single-Board RIO (sbRIO), da National
Instruments, consiste em um computador Real-time com
barramentos I/O reconfiguráveis controlados através
de um chip FPGA. O FPGA permite a customização
dos parâmetros de temporização e processamento
de sinais para as linhas de I/O. Toda a programação
da placa é feita através dos módulos LabVIEW FPGA
e LabVIEW Real-Time. As placas sbRIO foram pro-
jetadas para aplicações embedded de alto volume
em controle e aquisição de dados
Roberto Cunha

o
s dispositivos single-board RIO são compostos mecanismos que permitem a transferência
por um processador industrial, de 32 bits, de dados das linhas de I/O para o chip
Freescale MPC5200 com freqüências de clock FPGA e do FPGA para o processador para
de 266 ou 400 Mhz, sistema operacional análises em tempo real, pós-processamen-
de tempo real (RTOS) VxWorks, da Wind to, data logging ou comunicação com um
River e um chip FPGA da família Spartan-3, computador host em rede.
da Xilinx. A arquitetura de um dispositivo Como pode ser visto no diagrama de
sbRIO pode ser vista na figura 1. blocos, cada dispositivo sbRIO possui três
Todas as linhas de I/O são conectadas slots de expansão que permitem a conexão

saiba mais diretamente ao chip FPGA que permite cus-


tomização, em baixo nível, das caracerísticas
de temporização (timing) e processamento de
de módulos adicionais de I/O da série C.
A faixa de temperaturas de operação vai
de -20º a +55ºC, alimentação entre 19 e
National Instruments
www.ni.com/singleboard/ sinais. O FPGA está conectado ao processador 30Vdc. Apresenta ainda um relógio de tempo
de tempo real através de um barramento real (RTC) com bateria de backup.
www.ni.com/fpga/rio.htm PCI de alto desempenho. A programação A família de dispositivos sbRIO possui
do dispositivo com o LabVIEW possui 8 modelos que estão listados na tabela 1.

28 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_NI_Single.indd 28 12/11/2008 15:07:09


instrumentação

F1. Diagrama de blocos de


uma placa sbRIO. F2. Circuito de entrada para um canal analógico.

Programação em LabVIEW figurável dentro do sistema RIO de modo • métodos para interfaceamento en-
Com a utilização do ambiente de de- a obter aplicações customizadas, controle tre FPGA e/ou processador e a
senvolvimento gráfico LabVIEW, da Na- de alta velocidade, controle de temporiza- memória;
tional Instruments, pode ser feita toda a ção de entrada/saída e processamento de • funções de interfaceamento entre
programação do processador de tempo real, sinais. Esse módulo também apresenta as o processador e periféricos (inter-
do FPGA e das entradas e saídas de seu seguintes funções: face serial RS232 e comunicação
sistema embedded de controle, monitora- • component-level IP (CLIP) Node Ethernet);
ção, processamento ou data logging, tudo para a integração de código HDL • drivers multitarefa para sistemas de
dentro do mesmo projeto. A programação já existente; alto desempenho.
do processador de tempo real deverá ser feita • FPGA Wizard para a criação de
através do módulo LabVIEW Real-Time código de tempo real e FPGA; Características do hardware
Module e o FPGA através do LabVIEW • módulo LabVIEW Statechart para As placas sbRIO foram projetadas com
FPGA Module. a implementação de controles ba- trilhas apresentando uma impedância ca-
O módulo LabVIEW Real-Time Module seados em FPGA, máquinas de racterística de 60 ohms. Isso significa que
inclui blocos de funções para controle de estado, etc; existirá um descasamento de impedância
aplicações em ponto flutuante, processamen- • bapacidade de simulação de siste- com a maioria dos flat cables encontrados,
to, analise, data logging e comunicações. mas FPGA para desenvolvimento e que apresentam impedância característica
Além disso possui funções como: correção de erros; em torno de 110 ohms. Apesar disso, na
• tecnologia LabVIEW shared variable • blocos de funções de ponto fixo, maior parte das aplicações esse fato não será
que permite comunicação em rede de incluindo, Fast Fourier transform problema, especialmente se boas conexões
sistemas embedded real-time; (FFT), PID multicanal, geradores de terra dos sinais forem providenciadas.
• temporização determinística por de sinal, filtro notch, etc. Caso persistam problemas de integridade
software com resolução na faixa de A fim de reduzir os problemas relacio- de sinal, deve-se procurar cabos que apre-
microsegundos; nados com a criação, correção e validação sentem impedância característica mais
• mais de 600 funções para controle de drivers para os componentes de hardware próxima de 60 ohms.
avançado de aplicações em ponto flu- do sistema embedded, são fornecidas fun- Cada entrada analógica apresenta um
tuante e processamento de sinais; ções como: circuito que pode ser visto na figura 2, estas
• possibilidade de integração de código • funções de interfaceamento entre entradas não apresentam isolação.
já existente em C/C ++. Entradas/Saídas analógicas, digitais Este tipo de entrada pode ser utilizado
• ferramentas para replicação do sistema e de comunicação e o FPGA; para medição de sinais balanceados (medição
permitindo sua distribuição. • funções de transferência de dados diferencial) e desbalanceados (medição em
O módulo LabVIEW FPGA Module para comunicação entre o FPGA e relação ao terra). A utilização de medição
permite a programação do FPGA recon- o processador; diferencial irá reduzir o número de canais
disponíveis pela metade, mas permite medições
Modelo Clock do Memória FPGA Linhas DIO Canais AI Canais AO Linhas DIO Slots de
processador (DRAM) (gates) (3,3V) (24V) expansão
mais precisas e menos sensíveis a ruído.
(Mhz) MB (Série C) O circuito de uma saída analógica pode
sbRIO-9601 266 64 1M 110 0 0 0 3 ser visto na figura 3. Pode se perceber pelo
sbRIO-9602 400 128 2M 110 0 0 0 3 diagrama que as saídas não apresentam
sbRIO-9611 266 64 1M 110 32 0 0 3 isolação mas possuem proteção contra
sbRIO-9612 400 128 2M 110 32 0 0 3
sbRIO-9631 266 64 1M 110 32 4 0 3
sobretensão e curto circuito.
sbRIO-9632 400 128 2M 110 32 4 0 3 Todas as saídas analógicas permanecem
sbRIO-9641 266 64 1M 110 32 4 32/32 3 sem alimentação até um dado seja enviado. A
sbRIO-9642 400 128 2M 110 32 4 32/32 3 partir desse ponto a saída será energizada ao
T1. Características dos modelos de placas single-board RIO. nível de tensão configurado por software.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 29

MA39_NI_Single.indd 29 12/11/2008 15:07:17


instrumentação

naló-
As entradas digitais de 24V são do tipo
sinking, o que significa que o pino de en-
trada fornece um caminho para o terra. O
esquema de conexão com uma entrada digital
pode ser visto na figura 4. Estas entradas
também não apresentam isolação.
As saídas digitais de 24V podem ser
conectadas diretamente a diversos disposi-
tivos industriais como motores, atuadores,
reles e lampadas. É importante lembrar que
esses dispositivos não podem ultrapassar os
capaci- limites de tensão e corrente das saídas. O
F3. Circuito de uma saída analógica. esquema de conexão de uma saída digital
pode ser visto na figura 5.
As saídas digitais de 24V requerem
uma alimentação separada com valores
entre 6 e 35Vdc.
É possível aumentar o limite de corrente
de uma saída digital, que é de 250 mA por
padrão.
Para poder fornecer uma corrente de 1
A, por exemplo, é possível se utilizar quatro
saídas conectadas em paralelo, conforme
pode ser visto na figura 6.
Outra maneira de aumentar a capacidade
de corrente de cada saída é adicionar um
F4. Conexão com uma entrada digital. dissipador de calor ao transistor responsável
pela saída. O dissipador deve ser escolhido
de forma a manter a temperatura do tran-
sistor abaixo de 65º para uma temperatura
ambiente de 55º C. Neste caso cada canal
poderá manejar correntes de até 1,5 A.
Deve-se respeitar um limite máximo de 20
A para o conjunto de todas as saídas.
Quando cargas indutivas forem acio-
nadas, deve-se implementar uma proteção
contra picos de tensão reversa.

Conclusão
As placa Single-Board RIO se destinam
F5. Conexão com uma saída digital. ao desenvolvimento de sistemas embedded
de controle e aquisição de dados apresen-
tando recursos de processamento real-time
e de entrada/saída configuráveis através
de chip FPGA que atendem ao mercado
industrial.
Utilizando-se de componentes de grau
industrial, podem ser integradas a sistemas
de chão de fábrica e mesmo a ambientes
com características mais severas.
Junto com o ambiente de desenvolvi-
mento LabVIEW formam uma plataforma
versátil e de alto desempenho. MA

Roberto Cunha é Engenheiro Elétrico e compõe


F6. Arranjo de saídas para aumento de capacidade de corrente. a equipe de redatores da revista.

30 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_NI_Single.indd 30 12/11/2008 15:07:24


instrumentação

Aquisição de
dados em
plataformas
Multicore
Problemas relacionados ao custo computacional de aplicações de
aquisição de dados são comumente enfrentados por técnicos e
engenheiros, que muitas vezes não possuem outra alternativa senão
minimizar algumas funções de seus sistemas em prol de outras.
Cabe ao desenvolvedor decidir se o mais importante é adquirir
um maior número de pontos ou manter uma interface gráfica com
recursos estéticos tridimensionais, ou monitoração de intervenções
do usuário, por exemplo. Obviamente, esta decisão deverá ser
tomada com considerações à aplicação, e neste quesito podem se Nyquist
destacar os melhores profissionais. O equilíbrio entre desempenho Segundo o Teorema de Nyquist, a
freqüência de aquisição de um sinal ana-
e funcionalidade pode ser o diferencial lógico deve ser igual ou maior ao dobro da
freqüência do sinal estudado.

Hamilton Badin Jr. Wo > = 2W

Ignorar este teorema pode ocasionar


medições erradas. A figura 1 mostra um
sinal senoidal de 5 MHz adquirido a uma
taxa de 6 MS/s. A curva pontilhada de-
monstra a aquisição efetuada, gerando o
fenômeno conhecido como “aliasing”, onde

saiba mais o sinal medido possui uma freqüência de


apenas 1MHz.
Estas considerações nos auxiliam na
Especial - Aquisição de dados
Saber Eletrônica 425 especificação do hardware correto. Mas e
quando nosso código não possui processa-
mento adequado?

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 31

MA39_Aquisicao.indd 31 12/11/2008 15:32:45


instrumentação

F1. Sinal com “aliasing”.

Estudo de caso
Imaginemos a seguinte aplicação: uma
máquina com a função de montagem de
duas peças, encaixadas com interferência
mecânica que deverá ser controlada, con-
forme ilustra a figura 2.
Uma interferência muito alta pode oca-
sionar a má acomodação das peças enquanto
que interferências muito baixas não garantirão
a segurança da montagem final.
Portanto, precisamos controlar algumas F3. Fluxograma simplificado de aquisição
de dados de posição e carga.
variáveis neste processo. Basicamente, duas
grandezas são suficientes: posição e carga
de inserção.
Possuímos ainda a seguinte condição:
nosso sistema de aquisição deve monitorar F2. Peça montada com interferência
mecânica.
sinais digitais de início e fim de aquisição,
transmitidos por um equipamento externo
que controla o acionamento mecânico para O leitor pode imaginar que esta simples
a montagem das peças. função não geraria perdas tão graves, mas
Temos portanto um sistema em malha vale lembrar que neste momento, o processa-
aberta, onde o controlador apenas executa mento e o barramento de dados da máquina
a montagem e informa ao sistema de aqui- serão direcionados para esta função, e em
sição de dados quando iniciar e quando aplicações de análises determinísticas, este
finalizar a coleta dos valores vindos dos simples desvio pode ser desastroso. F4. Processador multicore.
transdutores.
Analisemos o algoritmo simplificado Processamento multicore A figura 5 demonstra um código em
do sistema de aquisição (figura 3). Com a abrangência da nova tecnologia de LabVIEW 8.5, com dois laços rodando em
Note que o sistema apenas coleta os processadores multicore (múltiplos núcleos) paralelo e em núcleos separados. Este código
valores para analisá-los posteriormente. Com abrem-se novas possibilidades para aplicações executa 200 mil iterações em cada núcleo
este procedimento priorizamos a aquisição em automação industrial que exijam alta e finaliza a aplicação. O resultado obtido
dos dados, que é o que realmente importa velocidade de processamento. em uma máquina com processador Intel
naquele momento, e a análise é executada Algumas linguagens de programação já Core 2 Duo T5550, 1,83 GHz, com 2 GB
após os acontecimentos controlados, onde disponibilizam o controle de utilização do de RAM pode ser visto na figura 6.
possuímos um tempo muito maior para processamento com seleção do núcleo em Alterando o código para que ambos os
efetuar cálculos matemáticos, desenhar que o código, ou parte dele, será processado. laços sejam executados somente no núcleo 0,
gráficos e monitorar desvios. Este é o caso do LabVIEW, da National conforme figura 7, podemos verificar que a
Porém uma característica deste modelo Instruments, que desde a versão 5 possui utilização deste núcleo aumentou, porém de
ocasiona perda na taxa de aquisição: a suporte “multithreaded”, porém somente forma superior ao esperado (figura 8).
monitoração do fim da aquisição (pois se a partir da versão 8, teve este controle dis- Este fato é resultado da utilização serial
encontra no laço de aquisição). ponibilizado ao usuário (figura 4). do mesmo núcleo por dois códigos. Note

32 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008


instrumentação

F5. Código de exemplo em LabVIEW 8.5 utilizando F7. Código de exemplo em LabVIEW 8.5 utilizando um núcleo
dois núcleos do processador. do processador (ambos os laços no núcleo 0).

F11. Processador Intel de 80 núcleos.

Nosso algoritmo ficaria da seguinte forma


F6. Histórico de uso dos núcleos. (figura 9 e figura 10).
De fato, esta prática melhora muito
aplicações de aquisição de dados.
F9. Código no núcleo 0. Já podemos vislumbrar em um futuro
não tão distante, aplicações em CPU´s com
um número maior de núcleos e possibili-
dades de aplicações muito mais complexas
e eficientes (figura 11).

Conclusão
As tecnologias de multi-processamento
continuam evoluindo. Problemas complexos
são resolvidos cada vez mais rápidos com
métodos computacionais cada vez mais
avançados. Pouco a pouco vamos integran-
do estas novidades em nossas atividades
rotineiras melhorando nossos projetos e
F8. Histórico de uso do núcleo 0. F10. Código no núcleo 1. criando novos paradigmas a serem que-
brados. Logo poderemos criar aplicações
que o núcleo 1 permanece em atividade Retomando nosso estudo de caso, po- em processadores com muito mais núcleos
(gerenciamento do sistema operacional) demos imaginar que utilizando um núcleo e certamente a automação tende a tomar
e portanto o núcleo 0 é integralmente para aquisição dos valores de posição e novos rumos. MA
utilizado pela aplicação, mas mesmo carga e outro núcleo para verificação do
assim, com resultado aquém do teste em fim da aquisição, eliminamos o consumo Hamilton Badin Jr. é tecnólogo em mecatrônica
paralelo. de processamento anteriormente citado. e projetista em automação industrial.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 33


case

Trem
esmerilhador é
implantado em
área industrial da
Companhia Vale

N
Acompanhe o desafio logístico para corrigir
imperfeições e modernizar máquinas o segundo semestre de 2006, a GE Fanuc
Intelligent Platforms, uma unidade da GE
Enterprise Solutions, junto com a empresa
Automation Integração de Sistemas Ltda
implantou o projeto Trem Esmerilhador na

saiba mais ferrovia Estrada de Ferro Carajás (EFC),


administrada pela gerência de manutenção
industrial e máquinas de vias (Garug) da
A tecnologia sobre trilhos
que move São Paulo Companhia Vale. A EFC liga a Mina de
Mecatrônica Atual 27 Carajás no sul do Pará ao Porto de São Luís
no Maranhão.
GE Fanuc
www.gefanuc.com

34 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Trem.indd 34 13/11/2008 11:32:59


case

F1. GE Fanuc junto com a Automation


Integração implantaram o projeto Trem
esmerilhador na ferovia Estrada de
ferro Carajás.

O projeto consistiu em corrigir imperfei- para o supervisório Proficy CIMPLICITY Os resultados obtidos foram plenamente
ções superficiais da ferrovia com máquinas HMI, telefones fixos, rádios do modelo satisfatórios. Com o melhor desempenho da
de esmerilhamento. Além da modernização Aeronet e telefones WiFi, ambos da Cisco, máquina, a meta de confiabilidade, que era
das três máquinas, o objetivo principal foi dentre outros equipamentos. Os cartões de 31 km entre falhas superficiais na ferrovia,
permitir que a partir de uma máquina se de IO foram interligados por uma rede foi superada significativamente obtendo-se
controlasse as outras duas. Antes, cada Profibus DP. o resultado de 53 km entre imperfeições em
máquina trabalhava individualmente. O sistema de rádios permite a comuni- 2007. O controle de uma máquina sobre
Um bom serviço de esmerilhamento, cação de dados necessária para controlar, a as outras duas permitiu reduzir a mão de
utilizando uma única máquina, demandava partir de uma máquina, as outras duas, e obra operacional e disponibilizar mais
que o mesmo trecho fosse percorrido três a comunicação entre funcionários através para controle de qualidade e manutenção
vezes. Com isso, a máquina tinha que, após de voz sobre IP. Para a comunicação entre e o tempo necessário de esmerilhamento
esmerilhar o trecho uma vez, retornar duas os três PLCs, foi utilizada a ferramenta diminuiu substancialmente em função das
vezes para novos esmerilhamentos, o que Ethernet Global Data e para a programação máquinas trabalharem integradas. Com
demandava muito tempo. O trabalho com as dos PLCs e IHMs foi utilizado o Proficy isso, a meta estabelecida passou de 2850
máquinas em conjunto dispensou a necessidade CIMPLICITY Machine Edition. km/ano em 2006 (2961 realizado) para
de retornos, otimizando a produção. O supervisório Proficy Cimplicity HMI 4132 km/ano em 2007 (3126 realizado).
Um desafio logístico precisou ser vencido de cada máquina comunica-se diretamente Em 2007 a meta não foi atingida devido
durante sua implementação, por tratar-se de com cada PLC. Caso alguma das máquinas ao intenso tráfego na via. É importante
um equipamento móvel que trabalha pres- seja retirada, o operador deverá informar a ressaltar que isso reduziu a disponibilidade
tando manutenção a uma linha férrea com nova configuração na tela de montagem da para trabalho.
extensão aproximada de 890 km e com tempos composição e o sistema automaticamente Outras mudanças positivas foram que
limitados de parada para manutenção. desabilita a comunicação com a máquina o tempo de manutenção corretiva foi
Foi necessário substituir todo o sistema ausente. A montagem da composição pelo otimizado, a comunicação de voz melho-
de supervisão e controle da máquina Pandrol operador no sistema de controle é também rou significativamente e como o sistema
para deixá-lo compatível com as máquinas necessária para que os motores de rebolo permitiu o armazenamento de receitas de
Speno, que já utilizavam equipamentos da de toda a composição subam e desçam esmerilhamento em banco de dados agora
GE Fanuc. Para a nova configuração, foi no mesmo ponto do trilho, garantindo-se os operadores não precisam digitar valores
utilizado um PLC da família 90-30, IHMs assim que cada trecho seja esmerilhado de ângulos para cada um dos 96 rebolos,
do modelo QuickPanel, um computador uniformemente por todos os rebolos. basta descarregar as receitas. MA

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 35

MA39_Trem.indd 35 12/11/2008 16:05:44


manutenção

e Manutenção
preditiva: análise
de vibrações
Casos, aplicações de diagnóstico, dicas e cuidados
no monitoramento e montagem de rolamentos de
super precisão

Edson Jaime Michalak

o
objetivo da manutenção consiste em dispo- nejamento mínimo, porém sem qualquer
nibilizar os meios produtivos e auxiliares, noção do estado de desgaste do componente
na quantidade necessária e em condições de máquina a ser substituindo muitas
operacionais adequadas, para executar vezes peças que teriam uma vida útil de
as missões que lhe são atribuídas, isso se muitas horas ainda onerando o trabalho
referindo ao processo. realizado. Estas intervenções preventivas
Para entender com maior facilidade são realizadas sem uma avaliação real dos
a manutenção preditiva devemos saber componentes de máquinas, não havendo
sobre os tipos de manutenção existentes. controle ou mensuração de desgaste dos
Elas são: corretiva, preventiva e preditiva, componentes trocados.
ainda podem-se aplicar a manutenção Já a manutenção preditiva baseia-se na
sensitiva durante uma inspeção de máquina aquisição de sinais do equipamento que pos-
usando os sentidos humanos para avaliar sam permitir uma análise de sua condição.
ou somar alguma informação importante Pode-se ter qualquer valor de desgaste emitido
sobre o equipamento, auxiliando assim no de alguma forma pela máquina, como um
diagnóstico. valor mensurável para avaliar sua condição.
A manutenção corretiva, como o pró- Vibração, temperatura, ruído, analise de

saiba mais prio nome sugere está baseada em “apagar


incêndios”, correção de falhas. Esta é uma
modalidade de manutenção pouco indicada
óleo e partículas, ultra-som, etc.
É valioso notar que o sucesso desse
programa não depende necessariamente
Como definir custos na
Manutenção Preditiva nos dias atuais, porém ainda consideravel- de grandes investimentos iniciais em equi-
Mecatrônica Atual 34 mente usada. pamentos sofisticados de análise. Muitos
A manutenção preventiva caracteriza-se esquemas de sucesso começam com medido-
Técnicas alternativas de por intervenções em intervalos de tempo res e analisadores de vibração analógicos de
Manutenção Preditiva regulares, onde são substituídas peças, baixo custo, de funcionamento simplificado,
Mecatrônica Atual 34
realizadas limpezas em componentes, capazes de atender a um elevado número de
Economize dinheiro na lubrificação, etc. Tudo dentro de um pla- equipamentos, dos mais diversos tipos.
manutenção
Mecatrônica Atual 34

36 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Manutencao.indd 36 14/11/2008 11:31:47


manutenção

F1. Moldureira - Máquina de


usinagem de madeira. F2. Exibição do diagrama.

É necessário apenas que os equipamentos produto final, por conseqüência ganhando Aplicação: Nível das
de coleta de dados sejam confiáveis e robustos, novos clientes e fazendo a manutenção dos vibrações como indicador
capazes de suportar os rigores do trabalho seus clientes. da saúde da máquina
diário, em ambientes agressivos. A manutenção preditiva é uma filosofia Um equipamento de usinagem de mol-
Uma manutenção centrada em um de manutenção avançada que prioriza os duras consiste em conjuntos de cabeçotes
planejamento preventivo e preditivo repre- sistemas fabris em termos da sua capacida- superiores, inferiores e laterais acionados por
senta uma diminuição de custos em uma de, obriga ao equilíbrio entre os planos de motores elétricos, com transmissão de força
empresa. Por meio das técnicas de controle de manutenção assegurando disponibilidade, e de rotação feita através de polias.
condição é possível aplicar em paralelo com minimizando custos. A função de uma moldureira (máquina
manutenção preventiva. Estas aplicações de Todos com o mínimo de vivência na de usinagem de madeira) é plainar e moldar
manutenção oferecem uma redução de 20 a área de manutenção já se depararam com a madeira em todos os 4 lados da peças
40% nos custos de manutenção. a seguinte situação: um determinado equi- por toda sua extensão. Uma ferramenta é
Em algumas situações não há condição pamento, vital para o processo, de repente fixa no eixo por pressão de graxa, ficando
de se empregar somente a preditiva, mas ela apresenta uma pane! O maquinário para hidrocentrada no eixo. A qualidade final da
pode em muitos casos servir de parâmetro com suas funções abruptamente devido ao superfície de madeira usinada é determinada
e indicador para que a preventiva seja bem travamento de seus componentes rotativos, pela velocidade de alimentação e pelas facas
sucedida. isto porque há uma fadiga natural e até do equipamento. O número de facas no
O último século assistiu a uma grande mesmo outras causas que podem originar ferramental influência no acabamento final
evolução na sofisticação das máquinas uti- o travamento dos elementos rotativos de da superfície usinada. Veja a figura 1.
lizadas no processo. Sofisticação induzida forma inesperada.
pelo aumento da produtividade industrial. Estas situações podem ser evitadas Velocidade de avanço:
Isto levou os equipamentos a uma evolução em praticamente 100% das vezes com A seleção da velocidade de avanço está
de sistemas puramente mecânicos para um bom plano de manutenção preditivo determinada pela qualidade da superfície
sistemas eletromecânicos, de precisão com e preventivo, afinal em 98 % dos casos solicitada (longitudinal do passo da faca
controladores gerenciados via software. o componente em estado de degradação fz eff) e depende do RPM da máquina e
Hoje em dia as máquinas constituem nos emite antecipadamente alguns sinais do número de dentes. A relação pode ser
dispositivos eletromecânicos controlados de sua condição de falha, basta sabermos vista na figura 2.
por computadores, desenhados para uma como entender tais sinais. É importante
alta carga de trabalho a níveis que a anos ressaltar que a interpretação destes sinais é Relação entre qualidade
atrás não seriam concebíveis. função da manutenção preditiva. Eles nos da superfície e o passo
Hoje a manutenção moderna tem que dizem onde esta o problema e o que está longitudinal da faca:
estar a níveis de sofisticação e evolução ocorrendo em nosso maquinário. Diagrama para determinar a velocidade
equiparados a dos equipamentos de proces- Nos tempos atuais não há dúvidas sobre de avanço vf dependendo do RPM n e da
so. A manutenção passa a ser fundamental a caracterização de uma manutenção ideal. longitude do passo da faca fz eff para vários
na confiabilidade e qualidade de processo Deve-se ter uma equipe de planejamento fo- números de dentes Z (figura 3).
industrial moderno. Uma empresa para cada no controle de condição de maquinário, Exemplo:
permanecer competitiva requer a máxi- utilizando planos preventivos, estatísticos n = 8000 min-1,
ma disponibilidade dos equipamentos de e preditivos. Tendo um controle quase fz eff = 3 mm,
seu parque fabril. Essa diferença entre as total dos equipamentos sempre focando Z 4: vf = 24 m min-1
manutenções pode estar indiretamente ou aumento da disponibilidade de máquina Uma falha nos mancais de rolamento
muitas vezes diretamente ligada ao preço do para o processo. nesta fase do processo pode significar uma

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 37


manutenção

potência e sistema de transmissão. Essas


são informações mínimas e necessárias
para um diagnóstico preciso.
Imaginemos um escamamento na pista
do rolamento deste cabeçote, com rotação
superior a 6 mil rotações por minuto, isso
geraria uma vibração que acabaria sendo
absorvida pela ferramenta causando danos
a peça processada (figura 4).
Após ter a ciência de algumas informa-
ções importantes sobre o equipamento a ser
monitorado, tem-se a importante função
de fazer um setup de monitoramento (fi-
gura 5), que possibilite a visualização das
vibrações em freqüências que realmente são
F3. Diagrama para determinar a velocidade de avanço vf. indispensáveis para o diagnóstico. Esse setup
é feito embasado nas informações técnicas
obtidas e quase sempre as encontramos em
manuais do fabricante do equipamento.
Cadastram-se as freqüências de fa-
lha dos rolamentos levantados, de pista
interna (BPFI), pista externa (BPFO),
elementos rolantes (BSF) e gaiola (FTF).
Conhecemos após isso as freqüências de
falha de rolamento que são moduladas
pela freqüência de rotação do eixo ao qual
os rolamentos estão montados. Portanto
nada adianta ter a freqüência de falha de
rolamento se não sabemos a velocidade de
rotação do eixo. Essas freqüências de falha
F4. Vibração em consequência da deterioração de rolamento são conhecidas em softwares
ou por formulas.
grande dor de cabeça, para manutenção e precisa localizar a falha em um elemento As freqüências de defeitos gerados por
principalmente para o processo. O produ- particular da máquina. Medidas de vibração rolamentos não são harmônicas da rotação
to necessita de precisão de milésimos no de nível global fornece poucas informações do eixo sobre o qual estão acondicionadas,
acabamento final da moldura. que ajude a identificar as falhas. Entretanto, as freqüências de defeitos de rolamentos
Em uma destas situações ocorreram somente com o espectro de freqüência será são harmônicas entre si e modulados pela
estes batimentos que podem ter sido oca- possível obter o diagnóstico preciso da falha freqüência fundamental do eixo.
sionados por falha de ajuste de máquina, em desenvolvimento. Os pontos medições são fundamentais
sub-dimensionamento do ferramental ou Isso implica no estudo inicial das espe- para observação de uma provável falha nos
falha mecânica no maquinário. cificações e desenhos de engenharia para rolamentos (figura 6). Entende-se que quanto
O operador refez todo o processo de cada máquina. É necessário fazer um plano mais próximo do rolamento e mais rígido
ajuste e preparação da máquina por duas esquemático e registrar nele as características o local de fixação do acelerômetro melhor
vezes, mas não conseguiu eliminar o tal geométricas e dinâmicas do equipamento, e mais confiável é o sinal adquirido.
batimento. Além dos danos gerados no tais como: o número de pólos do motor, as O plano de medição é fator que pode
produto, a programação da produção fica velocidades de rotação, número de dentes ser crucial na análise, pois há determinadas
em xeque, atrasando e sobrecarregando o das engrenagens, os dados das bolas/rolos falhas que geram sinais mais específicos
sistema industrial. dos mancais de rolamentos, etc. em planos de medições únicas, pode-se
Após inúmeras tentativas de correção, Por meio de cálculos simples, estes dados citar como exemplo: folgas mecânicas nos
foi acionada a manutenção preditiva, que fez são convertidos nas freqüências característi- mancais, estes sinais seriam múltiplos ou
o monitoramento do conjunto, avaliando a cas que compõem o espectro de freqüência submúltiplos da rotação do eixo que tem uma
vibração gerada pelos componentes rotativos esperado no caso de desenvolvimento de notoriedade maior nos planos verticais de
da máquina. falhas. Esses dados são fundamentais para um leitura. Um possível desbalanceamento, por
Tendo reconhecido que o aumento do diagnóstico de vibrações confiáveis por parte sua vez, seria melhor visualizado no plano
nível de vibração normalmente indica o da manutenção preditiva. Foram levantadas horizontal. Portanto é relevante o cuidado
desenvolvimento de uma falha, o técnico informações como: rotações, rolamentos, nos planos de coleta de dados.

38 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008


manutenção

Ajusta-se agora o setup de coleta de dados, Para analisar este caso de uma provável (figura 7). O filtro passa alto é um filtro que
verificando quais filtros passa alto ou passa falha nos rolamentos do cabeçote foi utilizado começa em uma faixa de freqüência de corte
baixo utilizar, a resolução e quais freqüências filtros passa alto de 500 Hz - 10 KHz em mais baixa e estende-se até uma freqüência
queremos observar (tabela 1). alta freqüência com envelope de aceleração mais alta ou teoricamente infinita.
A resolução é número de linha definida
no espectro dividida pela freqüência:

R = n° linhas / Freqüência Final

Quanto maior a resolução mais demo-


rada será a coleta de dados, porém terá a
facilidade de uma análise confiável aplicando
zoom, em caso de se observar freqüências
únicas, como a distinção de múltiplos da
rotação ou pico em duas vezes a freqüência
de rede. Uma resolução boa pode evitar um
erro de aliasing.
Para evitar o “aliasing” os sinais são fil-
trados em faixas de freqüência de acordo com
o tipo de análise a ser feita (deslocamento,
velocidade ou aceleração(tabela 1).

F5. Visualização das vibrações em freqüências. F6. Pontos de medições.

T1. Parâmetros de análise.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 39


manutenção

Monitoramento do Motor saudável desta parte do equipamento, o Portanto as leituras neste mancal apre-
O motor foi monitorado e não foram motor (figura 8). sentavam na vertical, picos harmônicos
detectadas as vibrações severas em nenhuma da rotação até o 5° múltiplo. Harmônicos
freqüência. Os envelopes com filtros em alta Monitoramento do estes notados nas leituras de velocidade e
freqüência não indicaram nenhuma falha nos Cabeçote de Usinagem no envelope de aceleração. Na horizontal
rolamentos dos mancais. Não havia múltiplos As medições no cabeçote de usinagem ainda era possível perceber a presença de
da rotação do motor em baixa freqüência e do equipamento apresentavam um nível harmônico da rotação, porém com menor
em alta freqüência, caracterizando as boas irregular, os gráficos de histórico das vibra- intensidade devido a defasagem de 90° na
condições dos mancais referindo-se a folgas ções também estava alterado. Os espectros leitura. Na horizontal era a componente em
entre eixo e tampa do motor, o pico na de velocidade e os envelopes de aceleração 1x que tinha maior notação na horizontal
freqüência fundamental do motor (59,94 indicavam falhas em componentes que com 5,6 mm/s na horizontal enquanto na
Hz) indicando a sua rotação real também geram sinais em altas freqüências. vertical essa freqüência tinha amplitude
estava em níveis bons. Um pico elevado em As leituras verticais apresentam sinais de 3,1 mm/s e múltiplos com amplitudes
1x a rotação do motor poderia indicar um da existência de harmônicos da rotação do elevadas e predominantes no espectro.
problema de desequilíbrio. eixo (102,4 Hz) que estaria caracterizando
As freqüências de roçamento entre folgas no mancal do lado oposto da polia. Medição Mancal 3
rotor e estator do motor também não apre- Picos múltiplos da rotação do eixo caracteri- lado da polia
sentava sinais de alguma anormalidade zavam folgas mecânicas nos mancais do lado No mancal do lado da polia foi verifi-
decorrente. onde era fixada a ferramenta. Nas leituras cado uma elevada vibração em 1x a rotação
As leituras anteriores do motor formam horizontais do ponto 4H lado oposto a polia na medição horizontal. A freqüência de
um excelente histórico da saúde do motor verificou-se a presença mais predominante 102,4 Hz exibia um elevado pico com
também não indicava alterações. Os gráficos de um pico na componente em 1x a rotação amplitude de 12,5 mm/s, característico
das vibrações induziam a uma condição com 5,6 mm/s (figura 9). de um desbalanceamento. É importante
ressaltar que o desbalanceamento ocorre
quando temos o centro gravitacional da peça
girando fora do seu centro de geométrico,
isto faz com que o acelerômetro registre
um pulso predominante na freqüência
de rotação do eixo, defasado em 180° nas
medições radiais.
Não ocorreram sinais que induzissem
folgas neste mancal. Predominava vibração
em 1x a rotação na radial em velocidade.
No envelope de aceleração, onde se obtém
as vibração em alta freqüência que podem
indicar uma falha de rolamento, estavam
com amplitudes elevadas e picos que coin-
cidiam com a freqüência de falha de pista
F7. Diagrama do sistema de coleta e filtros. externa do rolamento 7010.

F8. Gráfico de vibrações.

40 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008


manutenção

É importante não se confundir os


harmônicos da rotação do eixo com as
freqüências de falha de rolamento. A fre-
qüência portadora é a rotação do eixo, esta
modula quase todas as demais freqüências
analisadas, algumas destas são múltiplos desta
freqüência outras não, como as freqüências
de falha de rolamento, por exemplo. Essas
freqüências dependem da rotação do eixo,
mas não são harmônicas desta freqüência,
são múltiplos entre si e nunca harmônicos
da rotação.
Diagnóstico dado pela preditiva para
resolução do caso foi:
• Folgas nos mancais do lado oposto F9. Medição Mancal 4 lado oposto a polia.
da polia;
• Excentricidade da polia;
• Rolamento do lado da oposto a polia
em estado de deterioração.
Após a intervenção mecânica no ma-
quinário pode se analisar as causas que
geravam aqueles sinais vibratórios de alta
intensidade e que estavam causando um
retrabalho do processo devido ao elevado
índice de refugo gerado.
A excentricidade e ou desbalanceamento
estavam sendo gerados por folgas na fixação
da polia ao eixo. A polia folgada trabalhava
no conjunto tencionada pelas correias evi-
tando o batimento da polia no eixo, porém,
as folgas faziam com que a polia girasse
de forma excêntrica no eixo, gerando uma
vibração típica de desbalanceamento.
Folgas de 0,9mm dimensionais entre
eixo e alojamento da polia faziam com
que a vibração da freqüência fundamental
medida no mancal do lado da polia fosse
de 9,95 mm/s. F10. Registro de 22 g’s de amplitude, o que aumentou em 11 vezes o último valor registrado.
No mancal do lado da ferramenta foi
notada após medições dimensionais uma O conjunto duplex do lado da polia O envelope de aceleração com detector
folga no colo do eixo. O conjunto duplex estava com escamamento na pista externa. de envoltória usando filtros passa alto de
montado nesta posição do cabeçote com Esse duplex é montado com um par de 500Hz a 10 kHz mostravam picos que
rolamentos 7011 CTYSULP4 apresenta- rolamentos 7010 CTYSULP4, disposto coincidiam com falhas na pista externa do
va sinais de oxidação por contato na face em “O” back-to-back. rolamento “BPFO” e gaiola “FTF”.
externa do seu anel interno. Os rolamentos são os componentes mais O gráfico das vibrações em aceleração
O lubrificante devido ao atrito gerado importantes em muitos grupos de máquinas. (figura 10) registrou 22 g’s de amplitude,
pela folga existente e carga do maquinário Neste da moldureira não é diferente, pois a aumentando 11 vezes o último valor regis-
estava em princípio de deterioração e per- falha no componente rotativo tem sérios e trado. Devido ao escamamento e a folgas
dendo suas propriedades físico-químicas. drásticos efeitos na máquina e no proces- existentes na mancalização do cabeçote.
As condições dos rolamentos eram so. A discrepância entre o custo preditivo Após a correção da falha a vibração
ruins, estes teriam seu estado de degrada- e corretivo pode chegar a ser cinco vezes verificada teve uma melhora diminuindo os
ção acelerado pelos fatores a que estavam maior no caso de uma falha abrupta. valores globais em alta e média freqüência.
expostos como folgas, lubrificante sem Neste conjunto os valores globais das Os espectros não possuíam mais picos com
as propriedades protetoras contra atrito e vibrações em altas freqüências detecta- amplitudes elevadas que indicassem alguma
conseqüentemente teria uma elevação da dos nos envelopes de aceleração estavam anormalidade.
temperatura. elevados.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 41


manutenção

Cuidados necessários e
atenção para montagem
de rolamentos de super
precisão da moldureira
Os rolamentos de super precisão exigem
cuidados mais do que redobrados para o
sucesso da manutenção de um cabeçote de
moldureira. Um rolamento de super precisão
deverá prover grande velocidade de rotação
com pequeno aquecimento, excelente rigidez
e precisão funcional.
As tolerâncias dimensionais dos rola-
mentos de superprecisão são mais estreitas
do que para os rolamentos standard, com
isso a precisão funcional (de giro) é superior
T2. Comparativo rolamento standard x superprecisão. (tabela 2).
Exemplo:
Rolamento: 7210
Dimensional: 50 x 90 x 20 mm
Quando estamos realizando a manu-
tenção de um cabeçote devemos ter total
controle sobre uma série de variáveis: di-
mensional de eixo e alojamento, pré-carga,
ângulo de contato, rotação real, material
da gaiola, a disposição (costa a costa, face
a face, etc) e classe de precisão.
A classe de precisão é extremamente
importante para a qualidade de usinagem.
Quanto menor o número maior a precisão
de giro e dimensional. No caso das mol-
T3. Precisão de giro P2 / Precisão dimensional P4. dureiras é mais do que suficiente a adoção
da classe de precisão P5 para os rolamentos
dos cabeçotes (tabela 3).

Tipos de montagem
Ao realizar a substituição dos rolamentos
deve-se prestar atenção na disposição dos
rolamentos: costa a costa e face a face. A
montagem incorreta poderá implicar em
vibração do cabeçote pelo não fechamento
do pacote dos rolamentos (pré-carga) e
conseqüentemente perda da qualidade de
usinagem. Outra conseqüência pode ser a
ausência da compensação da dilatação axial
do eixo o que provoca cargas axiais excessivas,
aquecimento, problemas de usinagem e baixa
vida útil do rolamento (figura 11).
Na montagem costa a costa o objetivo
é maior rigidez. Na face a face: “flexibili-
dade” e na tandem maior capacidade de
carga axial.
Outro item importante a ser observado
é o ângulo de contato. Quanto maior o
ângulo de contato menor o nível de rotação
que pode ser atingido e maior a capacidade
F11. Nomenclatura anel externo rolamentos de super precisão. de carga axial (figura 12).

42 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008


manutenção

Pré-carga
A pré-carga corresponde à uma carga
axial aplicada de maneira permanente
nos rolamentos e é obtida pelo aperto das
faces dos rolamentos de uma associação
ou por sistemas com mola. Através da
aplicação da pré-carga os seguintes pontos
são obtidos:
• Evita deslizamento esferas/pistas;
• Melhora o rolamento entre esfe-
ras/pistas;
• Aumenta a rigidez da fuso,portanto a
precisão de usinagem da máquina;
• Reduz o ruído, as vibrações, o des-
gaste.
Comercialmente os fabricantes disponibi-
lizam três ou mais classes de pré-carga: extra-
leve, leve, média e pesada. É fundamental F12. Quanto maior o ângulo, menor o nível F13. Cuidados com as medidas das tampas
de rotação. e espaçadores.
a seleção correta no processo de aquisição
dos rolamentos, pois a influência é direta
na rotação máxima permitida do conjunto Caso não sejam obedecidas as especifi- obtidos com o emprego de técnicas como
e na rigidez. Quanto maior a classe de pré- cações para ajustes de eixo e alojamento as análise de vibrações é facilmente verificado
carga é maior a rigidez e menor a rotação. conseqüências são diretas. Com interferência e justificado com o aumento do tempo de
No caso da rotação ainda há a influência excessiva não ocorre a obtenção de pré-carga máquina para processo.
da disposição dos rolamentos. da maneira correta e desta forma a rigidez Ideal nos tempos de hoje seria que as
Para os rolamentos de super precisão necessária ao cabeçote. Neste caso, há aque- empresas tivessem uma sistemática interna
os ajustes recomendados tanto para eixo e cimento dos rolamentos, folga e baixa vida de monitoramento dinâmico, mas o mínimo
alojamento seguem especificações muito útil dos rolamentos. No caso de interferência que se faz necessário é aquisição de serviços
mais rigorosas. Tabelas com os objetivos deficiente (folga) normalmente há pré-carga de terceiros especializados. Levando-se em
de interferência ou de folga devem ser se- excessiva e mesmo deslizamento o que provoca conta que quanto mais medições, maior será
guidas e os valores medidos sempre devem aquecimento, deterioração da graxa e também a confiabilidade do sistema, imagine que
ter precisão milesimal. baixa vida útil dos rolamentos. uma terceirização de uma análise preditiva
Exemplo: possa ser onerosa se forem feitas leituras em
Rolamento 7012CTYSULP4 Cuidados adicionais intervalos de tempo menor ou menos eficaz
No caso de carga rotativa no anel Verificar a posição dos rolamentos e o se julgarmos que para uma diminuição
interno (main spindle bearing) a interfe- fechamento da tampa para assegurar um de custo teríamos que fazer trimestral ou
rência será: bom bloqueio (figura 13). semestralmente o monitoramento.
Mínima: 0 A largura dos anéis é o item de maior Somente planejando é possível atingir os
Máximo: 0,003 T variação. Para cada manutenção deve-se objetivos e elevar a manutenção como parte
Diâmetro eixo de 50 a 80 mm medir a largura do pacote formado pelos estratégica dos negócios da organização.
Ou seja no máximo 3 m de aperto. Para rolamentos e espaçadores e na nova monta- A integração entre o planejamento e a
poder atingir este objetivo na embalagem gem caso necessário compensar nas tampas execução da manutenção é o fator crítico
do rolamento vem impresso o resultado da ou nos espaçadores. de sucesso de qualquer atividade de manu-
medição do diâmetro interno. Exemplo: tenção na planta.
Medidas Já o segundo trabalho de inspeção con-
7012 CTYSULP4 (tampa e espaçadores - cuidados) vencional assumiu um papel de destaque
Largura original: 250,012 mm à medida que aprimoramos habilidades na
D-2 Larg. c/ rolamentos novos: 250,002 mm equipe que posteriormente será fonte de
d-3 informação para o planejamento, pois com
C - 100 Neste caso podemos compensar na o levantamento das anomalias geram um
tampa (tampa nova) ou nos espaçadores histórico mais apurado da manutenção e
Neste caso o rolamento foi fabricado (novos com largura 0,010mm maior). conseqüentemente obtém os reflexos positivos
com diâmetro interno de 59,997 mm (60 O custo de uma manutenção focada com a aplicação das novas técnicas. MA
- (31000)), ou seja, o eixo deverá ter de no planejamento e monitoramento de con-
Edson Jaime Michalak trabalha no departa-
59,997 a 60,000 mm para podermos obter dição de máquina pode de início parecer mento técnico da Preditec - Engenharia da
o ajuste recomendado pelo fabricante. oneroso e pouco viável, mas os resultados manutenção.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 43


conectividade

Alimentação solar para


telefonia rural
A partir da análise de um sistema de telefonia rural, onde não
há abastecimento de energia elétrica pela concessionária local,
percebeu-se que a energia solar fotovoltaica consiste na melhor
forma de obtenção de energia. Assim, a migração do sistema ana-
lógico para o digital proporciona um sistema de melhor qualidade,
durabilidade e economicamente viável Carlos Reis de Freitas

A
s aplicações fotovoltaicas baseiam-se na pro- tradicionais, ela pode ser utilizada em sis-
priedade eletroquímica de alguns materiais temas de fornecimento elétrico alternativo
que transformam a luz em eletricidade. A ou de emergência, evitando os apagões
sua utilização mais importante é no forne- elétricos.
cimento de energia para lugares isolados e Além disso, a vasta aplicação da energia
além disso, o processo de transformação solar permite que seus circuitos possam
é limpo e silencioso, não utilizando peças ser completados por outros sistemas, por
móveis e com custo operacional pratica- exemplo: energia eólica.
mente nulo.
A conversão da luz em eletricidade é Sistema de Telefonia Rural

saiba mais realizada por células fotovoltaicas que são


pequenas lâminas delgadas recobertas por
uma camada de décimos de milímetro
Com a utilização do sistema de tele-
fonia rural é possível fornecer serviços de
voz, fax e internet, sem a necessidade de
Fraidenraich, N. e Lyra, F.J.,
Energia Solar e Tecnologias de de um material semicondutor, como o quilômetros de fios e postes, reduzindo
Conservação Heliotermoelétrica silício. Quando as células são expostas a significativamente os custos de instalação.
e Fotovoltaica. Editora Universitária uma fonte de luz, no caso o sol, os fótons Porém, o bom funcionamento e a segurança
da UFPE, 1995 (ISBN 85-7315-024-6). (partículas de luz) excitam os elétrons do da operação de uma estação fixa dependem,
Tiba, C., Fraidenraich, N. semicondutor. Com a energia absorvida, os além de um projeto bem elaborado e cui-
e Barbosa, E.M., elétrons passam para a banda de condução dadoso, da qualidade dos equipamentos
Instalação de Sistemas Fotovol- do átomo e geram corrente elétrica, nesse utilizados. Assim, o baixo custo do sistema
taicos para Residências Rurais. caso, as células geradoras de energia são e a alta confiabilidade agregam valor à
Editora UNIU da UFPE, 1999 (ISBN depois agrupadas para formar os painéis infra-estrutura da propriedade.
85-7315-119-8).
solares ou placas fotovoltaicas. Desde 1995 está em funcionamento um
Marco Antônio Galdino A energia solar fotovoltaica tem apre- sistema analógico de comunicação telefô-
e Jorge H. G. Lima sentado um impulso notável nos últimos nica numa propriedade rural, localizada na
Prodeem – Programa Nacional anos, devido principalmente à pesquisa de Serra do Mar, no município de Pindamo-
de Eletricidade Rural, baseado novos materiais na fabricação dessas células nhangaba, Vale do Paraíba, interior de São
em energia solar fotovoltaica.
e também por ser uma solução eficaz para a Paulo. Houve a necessidade de um estudo
Coletânea de arquivos – Energia falta de eletrificação convencional, energia para encontrar a melhor alternativa de gera-
Solar e Eólica – Volume 1. Cepel. nuclear ou energias derivadas de extração ção de energia elétrica necessária para suprir
mineral (óleo diesel e carvão). o funcionamento dos equipamentos, uma
P.Ferreira. Sobrinho. Energia Solar Apesar da energia fotovoltaica ainda ser vez que se torna complicado o fornecimento
Fotovoltaica – Guia Prático
mais cara do que a proveniente de fontes de energia elétrica pela concessionária local,
http://tinyurl.com/solar-vitruvius

http://tinyurl.com/energiasolar
44 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Telefonia rural.indd 44 12/11/2008 16:47:34


conectividade

devido não apenas à distância mas também de descargas atmosféricas vindas pela rede
As principais aplicações dos
pelo difícil acesso pela mata fechada. Assim, elétrica CA (corrente alternada).
painéis solares são:
a solução mais econômica e viável foi a Para estabilizar a alimentação na entra-
instalação de um painel solar. da da bateria foi instalado um equipamento 1. Eletrificação (residências, escolas,
Como a luz solar que chega aos módulos chamado controlador para painel solar (fi- comércio, fazendas, indústrias, estações
produz eletricidade em corrente contínua gura 1). Esse controlador mantém o sistema e postos avançados de vigilância e de
(DC), a tensão do painel solar é de 12 volts, em condições ideais de funcionamento, radiodifusão);
2. Telecomunicações (telefonia rural,
o mesmo padrão utilizado nas baterias dos assegurando longa vida útil e ainda um torres e retransmissores, estações
carros. O sistema funciona armazenando a fornecimento seguro, sem oscilações para o terrestres, radiotelefonia e radiocomu-
energia DC de alimentação nessas baterias, equipamento de transmissão e recepção. nicação);
que acumulam energia quando não existe Existem diversos tipos de controladores 3. Sinalização aérea e náutica (faróis
consumo. de carga, porém a concepção mais simples é náuticos, sinalização em torre de
transmissão e energia elétrica e de
Esse painel solar supriu a necessidade de aquela que envolve uma só etapa de contro- radiodifusão, sinalização em portos e
fornecimento de energia elétrica ao equipa- le. O controlador monitora constantemente aeroportos);
mento RURALCEL (Serviço de Telefonia a tensão da bateria de acumuladores, e 4. Sinalização rodo-ferroviária (painéis
Rural da Telefônica), disponível apenas quando a referida tensão alcança um valor de mensagens, sinais luminosos, e na
para o Estado de São Paulo e restrito às para o qual a bateria está carregada, o con- iluminação de placas de sinalização e
propaganda);
áreas não atendidas pelas redes de telefonia trolador interrompe o processo de carga. 5. Sistema de aquisição de dados
fixa convencionais, tipicamente áreas rurais Isto pode ser conseguido abrindo o circuito meteorológicos e climatológicos; equi-
ou regiões distantes dos centros urbanos. entre o módulo fotovoltaico (controle tipo pes de televigilância (depósitos e silos,
Normalmente a bateria e o painel solar série) e a bateria, ou curto-circuitando o tráfego rodoviário, em rios e matas);
trabalham em conjunto para alimentar a mesmo (controle shunt). 6. Alimentação autônoma de centrais
de alarme e sistemas de segurança.
carga, sendo a função da bateria, em um sis- Quando o consumo faz com que a ba-
tema fotovoltaico, acumular a energia que teria comece a descarregar-se e, portanto, a
se produz durante as horas de luminosidade baixar sua tensão, o controlador reconecta
a fim de poder ser utilizada à noite ou du- o gerador à bateria e recomeça o ciclo. Este O inversor converte a alimentação CC
rante períodos prolongados de mau tempo. sistema é conhecido pelas siglas CMT armazenada nas baterias para CA de 110
Outra função, é prover uma intensidade de (Corte por Mínima Tensão) ou LVD (Low volts ou 220 volts (figura 2), sendo essas
corrente superior àquela que o dispositivo Voltage Disconnection). as mesmas que a rede pública fornece para
fotovoltaico pode entregar. luzes, tomadas e dispositivos. Os cabos
Aplicações do sistema curtos, pesados com fusível de potência ou
Migração digital do sistema Caso sejam necessárias tensões maiores um disjuntor de circuito levam a energia
de telefonia rural do que 12 volts, podem ser combinados das baterias para o inversor.
O sistema analógico instalado fun- módulos solares em pares para produção Depois da conversão para CA, o inver-
cionou de maneira satisfatória durante de 24 volts, ou grupos de quatro para 48 sor ligado ao disjuntor coloca energia da
dez anos, necessitando apenas da troca volts. Com isso, tem-se a possibilidade de instalação solar diretamente no circuito
de quatro baterias de armazenamento de inserir no sistema elétrico, proveniente da elétrico em vez das linhas de serviço públi-
energia e, poucas vezes, de limpeza do energia solar, outro equipamento digital: cas. Já os inversores domésticos vêm com
painel solar e do abrigo onde foram feitas o inversor. potências na ordem dos 50 a 5500 watts.
as instalações.
Vale ressaltar que, na época da ins-
talação, os equipamentos possuíam cir-
cuitos analógicos, não apresentando na
sua entrada de alimentação tolerância de
variações ou oscilações na tensão entregue
pelo painel solar. F1.Sistema Estabilizado de Alimentação da Bateria.
A migração para um sistema digital
permite lidar com tensões e correntes ana-
lógicas, assegurando a tensão de 12 volts
estável para alimentação do equipamento
de telefonia, melhorando o funcionamento
e a segurança da operação da estação de
telefonia rural, mantendo o baixo custo ope-
racional e a alta confiabilidade. Além disso,
como a alimentação da bateria é proveniente
do painel solar, não existe a possibilidade F2. Sistema de Alimentação de Corrente Contínua ou Alternada.

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 45

MA39_Telefonia rural.indd 45 12/11/2008 16:47:42


conectividade

custo de instalação e manutenção, possui


alta confiabilidade. Isso porque quando
introduzido ao processo, o controlador
estabelece os níveis aceitáveis de corrente
e tensão, sem flutuações e oscilações, e
matém a carga na bateria sempre constan-
te, com fornecimento contínuo de energia
mesmo com a pouca incidência ou ausência
da luz solar.
Com esse controle no processo prolon-
ga-se ainda mais a vida útil dos equipamen-
tos do sistema, ou seja, do painel solar, da
bateria e do equipamento de telefonia.
O sistema de alimentação solar poderá
ser implementado com outros equipamen-
tos digitais que ofereçam praticidade aos
usuários e que mantenham a alta qualidade
do projeto já instalado.
F3. Sistema Digital de Abastecimento Energético da Propriedade Rural. Portanto, o sistema implementado apre-
senta baixo custo de instalação e funciona
O sistema digital proporciona variedade Conclusão por muito tempo sem a necessidade de
na produção da energia elétrica gerada pelo A migração do sistema de telefonia qualquer manutenção além da preventiva,
sistema solar fotovoltaico, aumentando a rural analógico para o digital é economi- que continua sendo simples e barata. Este
capacidade de abastecimento energético camente viável, levando em conta que a artigo apresenta aspectos fundamentais
da propriedade, adicionando controle ao concessionária local não atende a proprie- para o contínuo desenvolvimento de pro-
sistema e também fornecendo um sistema dade devido a sua localização geográfica. jetos desse tipo e que obtiveram resultados
totalmente digital (figura 3). Assim, além do processo apresentar baixo satisfatórios como os apresentados. MA

46 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Telefonia rural.indd 46 12/11/2008 16:47:52


chão de fábrica

Faça as
perguntas
certas!

E
m meados da década de 90, quando a Cada organização deve assumir sua Oscar Siqueira
onda dos ERPs – Enterprise Resource verdade particular e aceitar que a maioria Oscar Siqueira é country-manager
Management ou software de gestão das empresas não está preparada para da SolidWorks Brasil.
corporativa – vivia seu apogeu, pou- um sistema de PLM por uma razão
cas pessoas imaginavam que algumas simples: muitas indústrias ainda usam
implementações durariam até a década sistemas baseados em papel para con-
seguinte. Raríssimas empresas questio- trolar as modificações de produtos em
naram a real necessidade do seu negócio, sua engenharia. Isso significa lentidão


já que o mantra do mercado apontava no lançamento de produtos, cópias de
na direção dos poderosos e abrangen- desenhos desatualizadas, circulação lenta
tes sistemas de gestão. A promessa de documentos, excesso de papel, alto
de integração e controle onipresentes
seduziu o mundo corporativo. Passados
índice de retrabalho, dificuldade de se
obter informações dos produtos, entre A pergunta certa
quase 20 anos, uma lição foi aprendida:
antes de adquirir um sistema, faça a
outros problemas.
A realidade de uma empresa que
a ser feita é: qual
pergunta certa.
A discussão dos fabricantes, em se
ainda atua nestes moldes é que existe
um longo caminho a ser percorrido e
o caminho mais
tratando da criação de novos produtos, não adianta tomar atalhos. O PLM pode eficiente para re-
hoje, diz respeito à gestão de seu ciclo ser comparado a um ERP, acompanha
de vida e parece que o mundo tenta toda a vida do produto, diz respeito à solver seus proble-
mas relacionados
polarizar o debate entre PLM (Product “enterprise sharing of released documents”
Lifecycle Management) ou PDM (Pro- e seu tempo de implementação pode ser
duct Data Management). Qual dos dois
sua empresa deve adotar? A pergunta
de meses ou anos. PDM é um subsistema
do PLM, gerencia com eficiência dados ao desenvolvi-
mento de produto


certa a ser feita é: qual o caminho mais de design do produto em 3D, diz respeito
eficiente para resolver seus problemas a desenvolvimento de produtos em an-
relacionados ao desenvolvimento de
produto no curto prazo?
damento e sua implementação não dura
mais de cinco dias, em geral.
no curto prazo?

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 47

MA39_Chao_Fabrica.indd 47 11/11/2008 17:42:50


chão de fábrica

Um dado espantoso: segundo a CI- Caso tenha um sistema de CAD 3D, e Um sistema PDM de ponta facilita a
MData, principal empresa de pesquisa ainda restem dúvidas sobre a necessidade reutilização de projetos ao permitir que
e abordagem PLM, 61% das indústrias de uma solução de gerenciamento de dados, os fabricantes classifiquem, organizem
manufatureiras acreditam que uma imple- pergunte-se: e agrupem informações de projeto para
mentação de PLM é igual ou mais complexa • Os engenheiros precisam parar de pesquisa rápida e recuperação. Ele realiza
que uma implementação de ERP. Essa é escrever por cima de arquivos de automaticamente um registro completo
uma informação que deve ser considerada outros engenheiros? de auditoria, preciso e detalhado de todos
seriamente. • A empresa carece de um método os produtos, montagens e componentes
A nova afirmação que proponho – e aí melhor para controlar a revisão de desenvolvidos pela empresa. O sistema
vale a pena debater – é a de que qualquer documentos? também ajuda os fabricantes regidos por
empresa que tenha adotado um sistema de • É preciso facilitar o acesso das áreas regulamentos especiais, como os requisitos
CAD 3D precisa de uma solução de PDM de Compras e Manufatura às infor- da ISO (International Standards Orga-
agora. É fácil defender essa tese. A tecnologia mações da engenharia? nization) e da FDA (US Food and Drug
tridimensional gera mais dados do que a • Os engenheiros gostariam de ter Administration), a garantir a conformidade
2D e contém associações, referências e in- a possibilidade de encontrar, ver e com maior eficiência.
ter-relacionamentos com outros arquivos, comparar antigas revisões de docu- Os benefícios da boa gestão dos dados
como peças, desenhos, várias configurações mentos originais? de projeto são inegáveis para acelerar o
ou conjuntos que precisam ser gerenciados e • Os projetistas precisam encontrar, desenvolvimento e lançamento de produtos.
preservados. Tudo isso cria uma necessidade com mais facilidade, peças, os de- É possível que ainda existam aqueles que
latente de gerenciamento do maior volume senhos e os conjuntos? acreditam que podem continuar geren-
e complexidade de dados. • A área de engenharia precisa encontrar, ciando sua área de produto como se ainda
O PDM é um item obrigatório para mais facilmente, os conjuntos onde as vivesse na época dos “cofres de desenhos”,
todos os fabricantes que utilizam uma peças modificadas são usadas? administrados e operados por um gerente
ferramenta de desenho de projeto tridi- • A empresa necessita automatizar e ou administrador de documentação. Pode
mensional ou CAD 3D. Talvez você esteja controlar o processo de Engineering até conseguir, mas estará longe das melhores
se perguntando: por que não ir direto para Change Order (ECN)? práticas da produção e de alcançar o time-
o grande guarda-chuva do PLM? Como Um sistema de PDM, além de resolver to-market ideal.
resposta, pergunto: Você está gerencian- essas demandas, é capaz de administrar A conclusão é que o abrangente sistema
do os dados de design de produtos com todos os outros dados de projeto relaciona- PLM continuará a ter seu maior impulso
eficiência? A empresa é grande o bastante dos e, ao mesmo tempo, oferecer suporte à nas grandes indústrias, como automotiva
para se beneficiar do PLM? Os benefícios colaboração no mundo inteiro em todas as e aeroespacial, verticais que geralmente são
em potencial do PLM são maiores que os áreas da empresa. Os desenvolvedores de as mais avançadas tecnologicamente. Por
custos? Você não se sentiria mais confortável produtos podem gerenciar, com segurança, os outro lado, adquirir uma solução PDM para
usando ferramentas PDM para gerenciar dados de projeto, além de controlar o acesso gerenciar os dados de design de produtos é,
dados de design de produtos em 3D com de forma eficaz e praticamente eliminar a no mínimo, um investimento pragmático e
eficácia, antes de adotar uma solução de possibilidade de erros e retrabalho ou perda a decisão mais acertada para a maioria das
PLM em larga escala? de dados relacionados ao PDM. empresas manufatureiras. MA

48 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Chao_Fabrica.indd 48 11/11/2008 17:43:04


instrumentação

Novembro/Dezembro 2008 :: Mecatrônica Atual 15

MA39_Leitor.indd 15 11/11/2008 15:22:32


instrumentação

14 Mecatrônica Atual :: Novembro/Dezembro 2008

MA39_Leitor.indd 14 11/11/2008 15:23:34

Você também pode gostar