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N. 56
RISO JUNHO
Preço
$200
ROIÃICES iSSâESTMTE
ESTÃO A VENDA :
Familia B e l t r ã o . . . 1 $500 réis Como ellas nos engrnnr- 600
Variações de Amor 800 » Victoria d' Amor . . . . . . . 600
Comichões 800 » 800
Álbum de Cuspidos 2* Serie 1$000 » Veibos guiteiros soo
Aventuras de P r o c o p i o . . . I $500 » .. 500
Rainha do Prazer ." "600 » Barrado .. 600
Flores de larangeiras 800 » . niiO
BILHETES POSTAES
Luxuosa e artistica collecção de bilhetes postaes.
A VENDA
0 Chamisco
ou
0 querido das mulheres
Interessante narrativa das aventuras de
um mancebo, possuidor de um poderoso talisman que o
tornava irresistível.
Este elegante livro é dotado de lindas gravuras.
PREÇO 1$500
PELO CORREIO 2$000
=ae at=ae
Rio de Janeiro, 13 de Junho de 1912
© RISO
NUM. 56
Semanário artístico e humorístico
Propriedade: A. Reis & C. ANNO II
do P h a r m a c e u t i c o Sltveira
$> ELIXIR DE NOGUEIRA — C u r a a ayphllls.
O RISO
madas scenas do pessoal da Saúde, hábil
De que quer o leitor q»e eu lhe fale? no exercício da rasteira e no manejo do
Da chacina de Bello Horizonte? Da bom- tsbçfc
ba de dinamite atirada no Ceará contra Uma belleza ! e a Pátria que se lixe!
o bravo coronel Thomaz Cavalcanti? Das
infâmias que têm sido praticadas no Pi- Boa fita desenrolou também o ex-
auhy por uma súcia de bandidos? Dos "delegado da zona"; o ineffavel Suru-
desastres da Central? cucu, que, por ter sido chamado pelos
Hum! estou daqui a ver o leitor a tor- alegres rapazes de uma das nossas Facul-,
cer o nariz e a dizer: dade» pelo seu venenoso appellido, pre-
— Nada, seu chronico] nada disso me tendeu esfolar meio mundo, ameaçando
agrada. Dessas misérias já estou eu farto céos e terra, de revólver em punho, isso
de saber. Escolha outros assumptos. em pleno dia!
E eu, que aqui não estou sinão para O homemzinho teve saudades do tem-
ser agradável ao leitor, dou três piparo- po em que aggredia indefesas creaturas,
rótes na torre dos piolhos, dou um murro : e então quiz mostrar que "ainda é o mes-
na testa e zaz! atiro-me á cata de assum- mo Surucucu de outr'ora, dando aquelle
pto melhor, de qualquer coisa que não bote sobre os alegres estudantes, fazendo
cheire a chamusco e dê margem á trepa- aquella tremebunda fita que felizmente
ção, como diz o Deiró. queimou a tempo, servindo apenas de
palpite para muita gente jogar na cobra,
Mas, qual ha de ser o assumpto, no dia seguinte é... perder, porque em
com mil bombas?! vez delia deu o estuporado leão, indo eu
Ah! Eurekal — esta Eurejca não é também no arrastão em vinte nicolâus de
daquella de apagar tinta de escrever; tra- cem réis, que perdi bestamente.
ta-se de uma exclamação feita por um
grande agricultor inglez, por nome John Raios partam o palpite!
Pey Dorrento, ao descobrir a melhor ma-
neira de um cidadão plantar batatas — . E agora, leitor amigo, vou dar o fora
Eurekal achei o assumpto: vou falar so- desta gronga, que afinal não é Chronica
bre os successos da Praia do Peixe, per- nem coisa alguma. Já vejo que não tenho
dão! quero dizer, vou chronicar sobre os geito para estas coüas; e si não consegui
successos da Câmara nestes últimos dias. dar melhor conta do recado agradece ao
Não acha o leitor que a coisa serve ? páo d'agua do Deiró, que é o único cul-
Pois sem duvida! Aquillo tem estado sim- pado de te fazer gramar esta joça.
plesmente delicioso! Vale a pena ir assis- Interino
tir aquellas matinées cuja representação
nos custa os olhos da cara (a não ser que
, haja outros) e cujos adores nos saem á
razão de cem fachos diários! Correndo a Pita
Sim senhor! Com que prazer, com
que carinho tratam os senhores pães da Obedecendo á norma do nosso jornal,
Pátria dos interesses da dita! E com que publicar qualquer trabalho que nos seja
primor de estylo, com que belleza de enviado, dês que não contenha qualquer
linguagem se tratam mutuamente os fi- allusâo directa, estampamos em nosso ul-
nos cavalheiros para ali NOMEADOS ! timo numero um trabalho sob o titulo aci-
Aquillo é só: ma e que nos foi enviado pelo Correio,
sem que de longe avaliássemos o alcance
— V. Ex. é um pulha! do autor do referido trabalho que, apro-
— Pulha será sua tátaravó, seu coisa ! veitando-se das columnas d'0 Riso e abu-
— Peço perdão! Eu não tive inten- sando da nossa boa fé, foi attingir á pes-
ção de offender o meu illustre collega. soa da sra. Palmyra d'01iveira, estimada
— Então retire o "pulha" ! discípula do theatro S. José, a quem se
— Não ponho duvida nisso desde. refere a descripçâo do gracioso missi-
que V. Ex. engula a "coisa"... vesta.
E por ahi além, até que os horizon- Ora, como não seja intenção nossa
tes escurecem e os contendores appro- magoar quem quer que seja, lamentamos
ximando-se, quasi fazem uma pega á deveras que a sra. Palmyra tenha sido,
unha, sempre evitada, graças á interven- por involuntária culpa nossa, assim tão
ção dos collegas, que não permittem um grosseiramente attingida, o que de viva
máo desfecho da encrenca, privando os voz já lhe fizemos sentir, pois,, fomos tam-
espectadores do "Gallinheiro" de assisti- bém victimas da nossa boa fé
rem a reproducçâo de uma das costu- Servir-nos-ha esta de' ii<-ão *
O RISO
ÁLBUM'DE,CUSPIDOS
Elixir de Nogueira » — : • MA E U T I C O S I L V E I R A
cura a syphllls e s u a s • #
terrlv»-. e o n e e q u . n c l a .
->.)
O RISO
Leticia e o senador
encontravam-se duas ou
três vezes ao mez em casa
de uma dessas costurei-
ras tolerantes e ahi pas-
savam algumas horas em
agradável palestra. Elle
não era velho, mas não
se podia dizer que fosce
moço. Leticia, muito nova
ainda, não se contentava
com os carinhos que seu
protector lhe propor cic-
nava e, para alimentar
seus caprichos, divertia-
se também com o Ranul-
pho, um robusto rapaz
que morava a poucos
passos de sua casa. Ra-
nulpho era quem gozava
de todas as regalias e,
digamos a verdade, era
o commandante da praça.
Leticia pouco -ligava
ao senador e as raras ve-
zes que se lembrava
d'elle era quando sentia
a bolsa vasia.
Por uma bella noite
de S. João, Leticia "e
R a n u l p h o projectaram
um passeio afim de apre-
ciarem òs festejos que
em homenagem ao glo-
rioso santo eram cele-
b r a d o s . Lembraram- e
dos subúrbios, porém
Paga duas havia um obstáculo : era que 0 senador
morava em uma das estações e por fata-
lidade poderia encontral-os. Resolveram
O senador Z. .., si bem que casado então ir á Villa Izabel ; metteram-se no
e compenetrado de sua elevada po içV>, boncl- e lá se foram. Chegaram ao fim
mantinha relações clandestinas çom a le- da linha e, como a coisa e tivesse bôa,
ticia, Uma loira e sympathica creatura, di puzeram-se a voltar no mesmo bond
cheia de vida e no fulgor de suas vinte e até a cidade.
cinco primavera-s. Era excessivamente cs- O conduetor em cada uma dasseçções
crupuloso. Nunca fora visto entrando em fazia a cobrança e os dois apaixonados
casa de sua predilecta, nem tão pouco em continuavam entretidos sem se preoecupa-
entrevistas furtivas em restaurantes retira- rem com o que por ventura pudesse s-ur-
dos da cidade. Dizia-se mesmo que o se- ceder. Por fim, chegaram á cidade e,
dador, desde.que casara, nunca conhecera como andassem sem rumo, combinaram
outra mulher que não fosse aquella que ir novamente á Villa Izabel.
recebera legalmente dentro das quatro
paredes de uma egreginha situada no in- Entraram novos passageiros e entre
terior de Sergipe. -; estes o senador. Leticia, mal o percebeu,
, , , O CHAMISCO
Já esta a uend^ 0 qwiío ^ mUm
Preço IÇ500 :: Pelo'correio 2$000
IO O RISO
do PHARMACEUTICO SILVEIRA
Elixir de Nogueira Grande depuratívo do san-rue-
12 tf O RISO
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f-
Z
O
SUPREMO ABRAÇO
RCMANCE DAMOR
POR
VICTORICM DU saissav
CAPITULO I
Rainha entre as rainhas, não se pode gosar acabariam nos seus braços, doridos,
comparar com esta ou com aquella ; é o flagelados de beijos : e, quando a sentiíse
sonho, o desejo de cada um. Se quizesse, exhausta, despertar-lhe-ia, mesmo contra
seria a mulher de um príncipe belga ou a sua vontade, as ultimas voluptuosidades
de um marquez italiano. Mas detesta o ca- até fazel-a soffrer, até que a morte m'a
samento. Leontina pode comparar-se a arrebatasse. Ignoro onde nasceu, mas pos-
um lindo pássaro sempre esvoaçando no súe os esplendores da flor selvagem e que-
espaço. Não ama cousa alguma porque ria amal-a como selvagem também, can-
ama a tudo, porque ama todos aquelles sado de luxurias delicadas. Aqui, em Pa-
que lhe falam baixinho, ao ouvido, e mur- ris, neste palacete, n'este boudoir, não é o
muram palavras d'amor. Então, cerra os que deveria ser. Parece que tudo isto'tem
olhos, escuta, sorri, muito longe de quem qualquer cousa de artificial.
lhe fala, transportada, enternecida, feliz, Marcella ergueu-se, abriu um movei
como se a voz viesse de uma outra alma Império, verdadeira maravilha com in-
communicar com a sua, por entre os sua- crustaçOes de madreperola e prata. Tirou
ves perfumes de lyrios brancos ou de ro- de uma das gavetas uma caixa pequena
sa: capitosamente odoriferas... onde se achavam uma moeda de ouro,
...Achava-me junto d'ella, no seu duas rosas murchas, uma fita e uma carta,
boudoir de deusa friorenta. Falava-lhe da e disse :
vida embalsamada dos campos verdejan- —Eis tudo que amo.
tes, cheios de aromas, nos bosques som- Adivinhei que ia chorar: comtudo,
brios, nas arvores em flor, e dizia-lhe : consegui acalmar a commoçâo que a in-
—Para que fecha os olhos, esses olhos vadira :
que teem a grandeza dos céus sem estrel- —Nasci n'uma cabana, no meio dos
las ! Se conhecessse as noites maravilho- campos. Meus pães eram pobres e des-
sas dos campos silenciosos, se tivesse nas- engraçados. Um dia, fugi porque queriam
cido, como eu, n'uma aldeia pequenina, casar-me e vim ter a Paris. So, sem saber
cheia de sol durante o dia e quasi morta o que seria de mim nem o que pod eria es-
de noite, e, se tivesse ahi adormecido, perar, encontrei, uma noite, um rapaz
talvez se recordasse ainda das melodias alto, que se approxirhou e me disse que
encantadoras que se evolam das cousas. eu era formosa. A sua voz era infinita-
e lembrar-se-ia dos sonhos que teve e que mente meiga, os gestos extraordinaria-
nunca se realisaram. mente graciosos ; disse-me p seu nome,
Parece-se com uma rapariga da mi- deu-me flores, conduziu-me á sua casa ;
r.ha terra, pelo menos tem os mesmos passei ahi a noite, e foi e3se rapaz o meu
olhos : depois de a perder julguei tornar primeiro amante, Fez de mim a parisiense
encontral-a em si, e é por causa dos seus em que me tornei. Como possuía uma
olhos, que lhe falo de cousas muito sim- grande fortuna, enriqueceu-me sem eu
ples como se a amasse também. Por ve- querer. Infelizmente amava-me demasia-
zes, quando o acaso me faz pensar em si, do : um dia adoeceu, os médicos foram á
sinto o desejo de a levar nos meus bra- casa, voltaram todos os dias e ás vezes re-
ços, para muito longe, apertando bem ao petiam as visitas, até que deu a alma a De-
coração, de me embrenhar comsigo na us. Mas, antes de morrer, o meu amante
e-curidão das noites, e alcançar alguma disse-me: «Tudo o que possuo te pertence
cabànán'um,.bosqueonde a amaria até que parto; desse mundo com o coração cheio
a morte viesse. Sem uma palavra de amor, de amor. Como és a Belleza personificada
incendiaria na sua carne os meus derra- hes :'.e ter ainda amada.
deiros Ímpetos : as minhas esperanças de
(Continua).
BRASILIANA DIGITAL
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