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MANUAL DE APOIO

CURSO /UNIDADE: FORMADOR/A:


Noções e normas da qualidade Edite Dias Lopes

CÓDIGO DA UNIDADE: 1122 CARGA HORÁRIA:

25h

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ÍNDICE

OBJETIVOS DO CURSO ........................................................................................................................................................... 3


Objetivo Geral ........................................................................................................................................................................ 3
Objetivos Específicos ............................................................................................................................................................. 3
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS ........................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................................... 5
O QUE É A QUALIDADE? ......................................................................................................................................................... 6
CONTROLO DE QUALIDADE ................................................................................................................................................... 7
Qualidade total: Normas ISO 9000; passos da certificação de uma empresa ........................................................................ 8
Norma ISO 9000:2000 ............................................................................................................................................................ 9
O QUE É A CERTIFCAÇÃO? .................................................................................................................................................. 10
OS ORGANISMOS CERTIFICADORES .................................................................................................................................. 11
O Processo de Certificação................................................................................................................................................... 11
A auditoria de concessão ...................................................................................................................................................... 11
QUALIDADE AMBUENTAL ...................................................................................................................................................... 13
RESPONSABILIDADE ALARGADA DO PRODUTOR............................................................................................................. 20
NORMAS ISO 14000 ............................................................................................................................................................... 21
O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) ....................................................................................................................... 23
POLITÍCA DE AMBIENTE ........................................................................................................................................................ 23
VERIFICAÇÃO E CONTROLO DO TRABALHO PRODUZIDO ............................................................................................... 24
A AUDITORIA DE CONCESSÃO DE SGA OCORRE EM DUAS FASES ............................................................................... 25
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS BLIOGRAFICAS ............................................................................................................................................ 30

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OBJETIVOS DO CURSO

Objetivo Geral
Identificar o conceito e os princípios da qualidade.
Reconhecer a importância de produzir com qualidade.

Objetivos Específicos
 Demonstrar em que se baseia a qualidade;
 Implementar para a certificação da qualidade ambiental;
 Identificar os emissores de poluição;
 Medidas para verificar e controlar todo o trabalho desenvolvido pelas empresas.

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
O que é a qualidade?
Controlo da qualidade?
Qualidade total: Normas ISO 9000; passos da certificação de uma empresa
Qualidade ambiental:
 As empresas e a conservação do ambiente
 Prevenção da poluição
 Redução de desperdícios e rentabilização de recursos
Normas ISO 14000
Verificação e controlo do trabalho produzido

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INTRODUÇÃO
Um SIG-QAS é um sistema global de uma organização, que inclui práticas, processos e recursos para
desenvolvimento e implementação do seu Manual da Qualidade, da Política Ambiental e de Política da Segurança e Saúde
no Trabalho.
A implementação de um Sistema Integrado de Gestão da Qualidade, Ambiente e Segurança (SIG-QAS) reveste-
se como o desafio máximo para as organizações, uma vez que considera a satisfação dos clientes, a sociedade (Ambiente)
e os trabalhadores.
A Gestão da Qualidade consiste em controlar os processos de modo a obter um produto de qualidade. A palavra
qualidade engloba: satisfazer as necessidades do cliente com um mínimo de custos possíveis, trabalhadores e
fornecedores e envolvente da organização, fazer bem o trabalho sem falhas desde o início até ao serviço após venda,
passando por todas as restantes etapas do processo de criação de valor, como a produção, comercialização e
administração. A Gestão Ambiental visa essencialmente minimizar os impactos ambientais das atividades de uma
organização que gera subprodutos (resíduos, águas residuais, emissões gasosas, ruído). A Gestão da Segurança e Saúde
no Trabalho (SST) visa minimizar os riscos resultantes do trabalho numa organização para proteção dos trabalhadores.
Deste modo, um SIG-QAS é um sistema global de uma organização, que inclui: estrutura organizacional,
atividades de planeamento, definição de responsabilidades, práticas e procedimentos, processos e recursos, para
desenvolver, implementar, alcançar, rever e manter o Manual da Qualidade, a Política Ambiental e a Política da SST,
definidos pela organização.

Princípios da Gestão Integrada da Qualidade, Ambiente e Segurança, contem princípios comuns aos três sistemas de
gestão como:
 Definição da política
 Responsabilidades e autoridade
 Desdobramento por objetivos
 Sistema de documentação e seu controlo (manual, procedimentos e registos)
 Controlo dos registos e processos
 Formação, sensibilização e competências
 Identificação de não-conformidades, definição de ações corretivas e preventivas
 Auditorias internas
 Avaliação e medição
 Revisão pela Direção.
Como requisitos diferentes salientam-se os seguintes:
 Identificação de aspetos e avaliação de impactos ambientais (ISO 14001)
 Identificação de perigos e avaliação de riscos (OHSAS 18001)
 Requisitos legais e outros requisitos (ISO 14001 e OHSAS 18001)
 Prevenção e capacidade de resposta a emergências (ISO 14001 e OHSAS 18001
 Acidentes e incidentes (OHSAS 18001).

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O que é a qualidade?
A qualidade tem uma linguagem própria que importa abordar, com o intuito de todos os intervenientes nas
questões da qualidade terem o melhor entendimento possível entre si. Existem várias definições de qualidade, tendo cada
autor a sua própria definição.
Vejamos alguns exemplos: a qualidade é a "conformidade com as exigências" - neste caso podemos questionar
de que tipo de exigências se trata. Podemos melhorar a definição: a qualidade é a "conformidade com as exigências" de
alguém, significando que a qualidade é essencialmente uma característica que representa uma mais-valia para alguém.
Também podemos considerar que "um produto de qualidade é aquele que satisfaz plenamente, de forma confiável, de
forma acessível, de forma segura e no tempo certo, as necessidades do cliente. Outros cientistas, entende que "a qualidade
é a adequação à finalidade ou ao uso". Nesta definição, a qualidade está intrinsecamente associada à capacidade que o
produto/serviço tem para desempenhar as funções para que foi concebido. Quanto maior for essa capacidade, mais
qualidade o produto / serviço terá.
Na norma ISO 9000:2000 estão definidos os fundamentos e o vocabulário de muitos aspetos e termos da função
qualidade. Esta norma define qualidade como o "grau de satisfação de requisitos dados por um conjunto de características
intrínsecas".
A Política da Qualidade é composta pelas grandes linhas orientadoras estabelecidas pela gestão de topo da
empresa para as várias atividades de negócio da empresa que influam no sistema de gestão da qualidade.
A definição da Política da Qualidade é um momento-chave de toda a estratégia da qualidade para a organização.
A gestão de topo elabora um documento que estabelece as grandes linhas orientadoras para as questões da qualidade da
organização que dirige. Estas linhas de orientação devem ser perenes no tempo, pois só deste modo a organização
conseguirá afirmar o seu sistema de qualidade para que este seja reconhecido pelos seus parceiros de negócios.
A Política da Qualidade deve ser apropriada à organização, deve incluir o compromisso de melhoria contínua da
eficácia do sistema de gestão da qualidade (SGQ) da organização e deve estar em consonância com os objetivos da
qualidade. Para mais, todos os colaboradores da organização devem te conhecimento da Política da Qualidade, por isso
esta deve ser convenientemente comunicada e entendida: o texto da Política da Qualidade deve ser claro, conciso e
preciso.
Exemplo do que se deve incluir na definição da Política da Qualidade:
 “A nossa organização compromete-se a desenvolver um sistema de gestão da qualidade que permita
garantir a melhoria contínua da eficácia do sistema de gestão da qualidade".

A definição dos Objetivos da Qualidade é outro elemento fundamental do sistema de gestão da qualidade de uma
organização. Quando falamos de objetivos no âmbito dos sistemas de gestão da qualidade, estes são orientados
essencialmente para:
o Eliminar ou mitigar problemas;
o Melhorar ou manter melhorias do sistema de gestão da qualidade.
Devem ser estabelecidos objetivos para todas as atividades relevantes, funções e níveis envolvidos da
organização que influam no sistema de gestão da qualidade. Os Objetivos da Qualidade são resultados que a organização
pretende alcançar num determinado espaço de tempo.

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Figura1: Exemplificação do envolvimento de toda a estrutura na implementação dos objetivos.

Os Objetivos da Qualidade devem ser mensuráveis. Para tal, deve ser encontrada a métrica adequada a cada
objetivo. Esta métrica pode assumir várias tipologias: numérica, atributos (sim, não, bom, mau, pior que, melhor que, etc.).
Os Objetivos da Qualidade podem ser medidos em função de custo, tempo, qualidade, quantidade e mais-valia. Uma destas
variáveis deve ser monitorizada de modo a serem avaliadas a eficiência, a eficácia ou a concretização da atividade. Os
indicadores de desempenho do sistema da qualidade deverão ter associados um ou mais Objetivos da Qualidade.
Os Objetivos da Qualidade não requerem necessariamente indicadores de desempenho. Os Objetivos da
Qualidade devem ser coerentes com a Política da Qualidade de modo a que tanto a Política da Qualidade como os
objetivos funcionem como um par consistente com todo o sistema de gestão da qualidade.

Controlo da qualidade
O Sistema de Gestão da Qualidade de uma organização é a sua estrutura organizacional de responsabilidades,
de procedimentos, de processos e recursos que permitem à organização dar cumprimento ao que estabeleceu na sua
Política da Qualidade e aos Objetivos da Qualidade que pretende alcançar.

Pela observação do quadro, é à Gestão de Topo que cabe a definição dos aspetos relevantes do Sistema da
Qualidade. É da responsabilidade da Gestão de Topo a definição da política e dos objetivos da qualidade, assim como a

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definição da organização dos serviços de gestão da qualidade da organização. A Gestão de Topo deve ainda providenciar
os recursos necessários de modo a dar cumprimento à Política e aos Objetivos da Qualidade.

Os requisitos do cliente, bem como os requisitos da própria organização e também os requisitos legais, constituem
elementos fundamentais que devem entrar no Sistema da Qualidade. As razões principais que levam as organizações a
implementarem Sistemas de Gestão da Qualidade são essencialmente as seguintes:
 Opção estratégica da própria organização: conseguir um melhor desempenho, redução de falhas na sua
organização, maior prestígio e melhor imagem no mercado, etc.
 São os próprios clientes ou outras partes interessadas que exigem que a organização implemente e certifique
o seu sistema da qualidade.
Os sistemas de gestão da qualidade tendem cada vez mais a impor-se como sistemas de gestão capazes de
trazer para as organizações mais-valias significativas. Um sistema de gestão da qualidade devidamente implementado
numa organização pode fazer a diferença entre a extinção da organização e a sua sobrevivência.
A garantia da qualidade é uma exigência que os grandes compradores institucionalizaram internamente nas suas
organizações, como forma de pressão sobre os seus fornecedores de componentes e matérias-primas para que estes
implementem sistemas de garantia da qualidade nas suas unidades de produção. Esta ferramenta é uma forma de
assegurar que a qualidade dos produtos/serviços esteja dentro das especificações do cliente.
A garantia da qualidade tem vindo a assumir uma importância cada vez maior na gestão das organizações, sendo
atualmente considerada como um sistema de gestão das organizações e constituindo um dos seus subsistemas, integrando
deste modo a gestão global da organização. A evolução ou importância da função-qualidade na estrutura das organizações
ao longo do tempo pode ser resumida da seguinte forma:
 INSPECÇÃO – atividades de medição, comparação, verificação;
 CONTROLO DA QUALIDADE – atividades que se centram na monitorização, nomeadamente na análise dos
desvios e reposição dos parâmetros dos processos nas condições desejadas;
 GARANTIA DA QUALIDADE – atividades planeadas e sistemáticas que de uma forma integrada podem garantir
que a qualidade desejada está a ser alcançada;
 GESTÃO DA QUALIDADE – atividades coincidentes com as da garantia, mas em que é enfatizada a integração
na gestão global da organização;
 QUALIDADE TOTAL – cultura de empresa capaz de assegurar a satisfação dos clientes.

Qualidade total: Normas ISO 9000; passos da certificação de uma empresa


As normas de gestão da qualidade da família ISO 9000:2000 são reconhecidas internacionalmente. São estas
normas que são utilizadas como referencial para a implementação de sistemas da qualidade.
Esta série de normas é constituída por três normas:
 ISO 9000:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Fundamentos e vocabulário.
 ISO 9001:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Requisitos.
 ISO 9004:2000 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Linha de orientação para melhoria de desempenho.
Vamos abordar estas três normas, com especial ênfase para a ISO 9001:2000, uma vez que é a norma que serve
de referencial à certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade. É a norma que tem mais interesse para a generalidade
das organizações que pretendam ser “ Empresas Certificadas”, na gestão da qualidade.
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Figura 2: Exemplificação do selo de certificação do SGS.

As normas de gestão da qualidade, à semelhança de qualquer outra norma, não são documentos estáticos no
tempo. As normas de gestão da qualidade tendem a acompanhar a evolução dos mercados e das tendências gerais de uma
sociedade em permanente transformação.
A primeira versão destas normas aparece em 1987, sofrendo a sua primeira revisão em 1994, sendo a versão em
vigor a realizada em 2000. A última revisão vem repor a atualidade das normas tendo em conta os mais variados aspetos
dos mercados, sociedade e a funcionalidade de aplicação das próprias normas, tornando-as mais adequadas às exigências
dos tempos modernos num mundo cada vez mais global e diversificado em termos de exigências de qualidade de produtos
e serviços.

Norma ISO 9000:2000


Esta norma estabelece os “Sistemas de Gestão da Qualidade. Fundamentos e vocabulário” da qualidade,
descreve os fundamentos de Sistemas de Gestão da Qualidade e especifica a terminologia que lhes é aplicável.
 Focalização no cliente - As organizações depende dos seus clientes e, consequentemente, convém que
compreendam as suas necessidades, atuais e futuras, satisfaçam os seus requisitos e se esforcem por exceder as
suas expectativas.
 Liderança - Os líderes estabelecem a finalidade e a orientação da organização. Convém que criem e mantenham
o ambiente interno que permita o pleno envolvimento das pessoas para se atingirem os objetivos da organização.
 Envolvimento das pessoas - As pessoas, em todos os níveis, são a essência de uma organização e o seu pleno
envolvimento permite que as suas aptidões sejam utilizadas em benefício da organização.
 Abordagem por processos - Um resultado desejado é atingida de forma mais fácil quando as atividades e os
recursos associados são geridos como um processo.
 Abordagem da gestão como um sistema - Identificar, compreender e gerir processos inter-relacionados como um
sistema contribui para que a organização atinja os seus objetivos com eficácia e eficiência.
 Melhoria contínua -Convém que a melhoria contínua do desempenho global de uma organização seja um objetivo
permanente dessa organização.
 Abordagens à tomada de decisões baseada em factos - As decisões eficazes são baseadas na análise de dados e
de informação.
 Relações mutuamente benéficas com fornecedores - Uma organização e os seus fornecedores são
interdependentes e uma relação de benefício mútuo potencia aptidão de ambas as partes para criar valor.
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 A certificação - À primeira vista, pode parecer que a certificação de um sistema de gestão da qualidade só traz
vantagens à organização. Na realidade, os sistemas de gestão da qualidade devem ser concebidos de modo a
criarem mais-valias ao desempenho da organização.

Figura 3: Certificação da qualidade.

Contudo, como não há nenhum sistema perfeito, neste tema iremos abordar as vantagens da certificação de
sistemas de gestão da qualidade, que são muitas, mas também iremos falar dos possíveis inconvenientes que possam
surgir. Ao considerarmos os erros que se cometem na implementação de sistemas de gestão da qualidade com vista à
certificação, estaremos mais alertados para os evitar.

O que é a Certificação?
É comum referimo-nos a determinadas organizações como "Empresas Certificadas". Em rigor, deveremos
observar que o que acontece é o reconhecimento por parte de uma Entidade Acreditada em como o sistema de gestão da
qualidade da organização em causa está conforme os requisitos exigidos por um determinado referencial, referencial esse
utilizado como modelo de requisitos para a certificação em determinada área: a qualidade, por exemplo.
As acreditações são concedidas depois de satisfeitos os requisitos de determinado referencial específico para a
acreditação de organizações.
Após as devidas auditorias por parte da entidade acreditada à organização que pretende ver reconhecido o seu
sistema de gestão da qualidade como estando conforme com os requisitos da norma NP EN ISO 9001:2000, a entidade
acreditada emite certificado de conformidade em que atesta que o sistema de gestão da qualidade da organização está
conforme os requisitos da norma NP EN ISO 9001:2000.

Vantagens da Certificação:
 Melhoria dos processos do seu negócio;
 Reduções de custos;
 Redução de defeitos;
 Eliminação de tarefas desnecessárias;
 Definição de funções de responsabilidade;
 Poupanças no tempo de ciclo dos processos de trabalho;
 Aumento de rendimento nos processos a jusante;
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 Uma redução expectável no número de reclamações de clientes;
 Um estímulo para manter e melhorar o sistema de gestão da qualidade;
 Uma influência positiva sobre o desempenho dos fornecedores;
 Menos auditorias por parte dos clientes;
 Um argumento de marketing como vantagem competitiva;
 Incremento das vendas.

Inconvenientes da certificação:
 A certificação como o objetivo dominante da qualidade, remetendo para segundo plano todas as mais-valias
internas dos sistemas de gestão da qualidade;
 A gestão de topo das organizações tende muitas vezes a ficar “obcecada” com o objetivo de chegar à certificação
do seu sistema de qualidade. Uma estratégia de futuro será a organização adotar uma postura e uma ação de
melhoria contínua do seu sistema de gestão da qualidade;
 A “obsessão” de chegar à certificação é um fator redutor dos objetivos que um sistema de gestão da qualidade
deve preconizar. As organizações devem encarar a obtenção do certificado de conformidade do seu sistema de
gestão da qualidade como um bom início para gerir a qualidade como uma estratégia de melhoria contínua da
eficácia da organização em todas as suas funcionalidades.
 Vocação demasiado industrial das normas.

A origem e a vocação inicial das normas de gestão da qualidade são na realidade viradas para a indústria.
Embora a versão mais recente das normas venha explicitamente indicar que as normas são aplicáveis a todos os sectores
de atividade, a todas as organizações, independentemente da sua dimensão e tipologia, ainda são conotadas com uma
vocação industrial. À medida que organizações de mais sectores de atividade forem adotando as normas, este preconceito
será gradualmente atenuado, até serem encaradas como normas de aplicação universal para gestão da qualidade.

Os Organismos Certificadores
Existem em Portugal cerca de uma dezena de organismos certificadores, devendo a seleção de um deles para a
auditoria de concessão da nossa organização depender da observação de vários fatores, entre os quais se destaca o
próprio reconhecimento da entidade certificadora por parte do mercado em termos gerais, mas sobretudo pelos clientes da
organização que pretende chegar à certificação.
A organização deve definir os critérios de seleção da entidade certificadora analisar as características das várias
entidades existentes no mercado para fundamentar sua escolha.

Entre os fatores de seleção mais importantes podemos destacar os seguintes:


 Reconhecimento nacional e internacional;
 Credibilidade e competência técnica percecionadas;
 Experiência técnica no sector da atividade especifica da organização;
 Referências (que organizações já auditou e certificou);
 Honorários versus serviço prestado;
 Prazos de resposta;
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 Validade do certificado de conformidade que emite;
 Periodicidade das auditorias de acompanhamento;
 A possibilidade de realizar auditorias em simultâneo, segundo outros referenciais, (auditorias a sistemas
integrados: qualidade, segurança e ambiente, p. ex.)

O Processo de Certificação
As várias entidades certificadoras que atuam em cada país têm as suas próprias metodologias e especificidades
na condução dos processos de certificação. No essencial, uma vez que os referenciais são os mesmos, as entidades de
certificação tendem a uniformizar os seus procedimentos.

Figura 4: Etapas num processo de certificação.

A candidatura e a auditoria inicial


Um processo de certificação, depois de escolhida a entidade certificadora por parte da organização, é iniciado
com um contacto (normalmente escrito) em que a organização solicita à entidade certificadora o serviço de certificação do
seu SGQ.
A entidade certificadora responde a solicitar a preencher a ficha de candidatura para a instrução do processo.
Após a instrução do processo, a entidade certificadora solicita à organização a documentação do SGQ que entender
(Manual da Qualidade, rede de processos, alguns processos, alguns procedimentos). Após a receção da documentação,
está formalizada a candidatura da organização.
A entidade certificadora, após a análise da documentação enviada e qualquer outra informação que entender,
aceitará a candidatura ou não.

A auditoria de concessão
Independentemente das pré-auditorias realizadas (normalmente uma única), é marcada uma auditoria de
concessão (de certificado). É esta auditoria que vale para a emissão do certificado de conformidade (ou não) ao Sistema de
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Gestão da Qualidade da organização. Após a realização da auditoria, a equipa auditora elabora um relatório de auditoria.
Este relatório é elaborado normalmente no fim do último dia da auditoria, sendo de imediato disponibilizado aos
responsáveis da organização.

A auditoria de acompanhamento ou de seguimento


Após a análise dos dados fornecidos pela equipa auditora à respetiva da entidade certificadora, esta irá, ou não,
emitir o certificado de conformidade do SGQ. Se o certificado for emitido, este é válido geralmente por três anos, não
obstante serão realizadas as chamadas auditorias de acompanhamento do SGQ com uma periodicidade anual ou
semestral.
As auditorias de acompanhamento são auditorias mais “ligeiras”, quando comparadas com as auditorias de
concessão. Destinam-se a garantir que o SGQ da organização segue um desenvolvimento normal, sendo a organização
advertida a tempo de corrigir eventuais não-conformidades sem correr o risco de perder o certificado.

O processo de decisão da certificação


O processo de decisão relativamente à certificação do Sistema de Gestão da Qualidade é iniciado após a entrega
do relatório final da auditoria à entidade certificadora por parte da equipa auditora. A entidade certificadora tem ainda de
receber a resposta da organização aos pedidos de ação corretiva (PAC) constantes no relatório da auditoria.
Dependendo da metodologia das entidades certificadoras, a resposta pode ser enviada à equipa auditora ou a
outros elementos da entidade certificadora. Com base nesta resposta, quem analisar essas respostas emitirá o respetivo
parecer, o qual será determinante para a emissão do certificado, ou não.

Divulgação da Certificação
A divulgação da certificação é de interesse evidente para a organização. As próprias entidades certificadoras
exigem que essa certificação seja feita, por terem todo o interesse em aparecer o mais possível no mercado como a
entidade certificadora que certificou mais uma organização.

Qualidade ambiental

Figura 5: Representação do equilíbrio ambiental.

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As empresas e a conservação do ambiente
A compatibilidade entre ambiente e desenvolvimento é um desafio que a sociedade atual tem de encarar, pois
esta questão afeta globalmente o mundo em que vivemos, apresentando em cada país contornos próprios. Em Portugal,
este desafio acresce a outros que, com igual acuidade, condicionam o seu presente e influenciam o seu desenvolvimento
futuro.
Há, no entanto, questões de carácter universal das quais se salienta pela sua dimensão, a da indústria que, como
atividade integrada no ciclo da satisfação das necessidades da sociedade, é inevitavelmente consumidora de recursos
naturais e elemento transformador do meio em que se insere. Esta interação tem aspetos claramente negativos que urge
minimizar, na dupla consciência de que esta atividade é socialmente necessária e de que não é, de todo, possível a
eliminação absoluta dos seus inconvenientes. Trata-se de um facto que todos têm de, na sua justa medida, aceitar, sob
pena de se gerarem incompatibilidades entre as noções de "padrão de vida", (conceito tangível de compreensão imediata) e
de "qualidade de vida" (conceito mais complexo de que existem várias definições e entendimentos). Estas questões não são
consensuais e levantam dúvidas quanto a princípios do direito fundamental, surgindo inevitavelmente o dilema entre aceitar-
se que o Homem é o único sujeito de direito ou se, pelo contrário, a Natureza ou o Cosmos também poderão ser, como tal,
considerados. Neste último caso, a espécie humana seria apenas mais um elemento entre outros e, pela sua ação, poderia
até ser acusada de introduzir sistematicamente a mais incómoda desordem. Esta última corrente de pensamento pode
conduzir à incompatibilidade entre ambiente e desenvolvimento, e só dificilmente pode ser perfilhada por sociedades
organizadas e em evolução contínua.
Os princípios de audição prévia e da avaliação do impacto económico das medidas legislativas são essenciais
para que se atinjam resultados ambientalmente positivos e, na medida em que possa existir alinhamento de esforços e de
atuações, que estes sejam consistentes, reconhecidos e duráveis. Em Portugal, e no que importa à relação
indústria/ambiente, à medida que aquela se moderniza, vão sendo respeitados de modo crescente os fatores ambientais,
mas, por outro lado, à medida que as exigências ambientais crescem, são também introduzidas limitações à implantação e
à expansão industrial.
Portugal ainda não se desvinculou totalmente da sua anterior posição de "país em desenvolvimento" no que diz
respeito ao ambiente, conforme a prova a consciência da dimensão das questões ambientais face aos recursos financeiros
disponíveis e às carências em infraestruturas coletivas, públicas ou privadas.
No que respeita à pré-disposição do tecido empresarial português em relação às questões ambientais, os estudos
mostram que ainda há que percorrer um longo caminho:
 A informação ambiental ainda é pouco procurada pelas empresas;
 A procura de informação ambiental cresce com a dimensão das empresas;
 A maioria das empresas não concede prioridade a estudos ambientais.

É assim evidente que só pode haver progresso no desempenho ambiental se se investir mais na informação e na
sensibilização. São absolutamente necessários projetos-piloto, ações de demonstração e publicações orientadas para o
"como fazer"; só desse modo será possível a melhoria do desempenho ambiental e a criação de uma maioria de empresas
cumpridoras, permitindo a evolução para um sistema eficaz de controlo e de fiscalização, que ultrapasse a atual situação de
fiscalização paciente e pedagógica.
Os temas principais cuja abordagem e conhecimento é fundamental para uma boa gestão ambiental, são os
seguintes:
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 Novo Contexto Normativo Europeu;
 As primeiras Diretivas e Regulamentos;
 As questões de harmonização da legislação;
 A 2ª geração de normativos (diretivas específicas e a preocupação de "cobertura da malha de temas");
 As questões globais no contexto mundial;
 Preservação do ambiente e da biodiversidade;
 A energia e o aquecimento do planeta;
 A fixação de objetivos globais na União Europeia;
 Controlo de emissões atmosféricas;
 Movimento transfronteiriço de resíduos e de substâncias perigosas;
 Os resíduos e o seu destino final;
 Política geral de qualidade da água e gestão por bacias hidrográficas;
 A nova abordagem legislativa na União Europeia - realidades e perspetivas futuras;
 O enquadramento de Ternas na Especialidade.

Prevenção da poluição
 Ar
A qualidade do ar tem vindo a ser objeto de um vasto trabalho ao nível do Ministério do Ambiente, do
Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional no quadro da Agência Portuguesa do Ambiente, em
coordenação com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional no território de Portugal Continental e com
as Direções Regionais do Ambiente das Regiões Autónomas. Recentemente, toda a legislação comunitária nesta matéria
foi revista com o objetivo de incorporar os últimos progressos científicos e técnicos neste domínio bem como a experiência
adquirida nos Estados-Membros, tendo sido publicada a Diretiva 2008/50/CE de 21 de Maio, relativa à qualidade do ar
ambiente e a um ar mais limpo na Europa.
O Decreto-Lei n.º 102/2010, de 23 de Setembro, estabelece os objetivos de qualidade do ar tendo em conta as
normas, as orientações e os programas da Organização Mundial de Saúde, destinados a preservar a qualidade do ar
ambiente quando ela é boa e melhorá-la nos outros casos. Sempre que os objetivos de qualidade do ar não forem atingidos,
são tomadas medidas da responsabilidade de diversos agentes em função das suas competências, as quais podem estar
integradas em planos de ação de curto prazo ou planos de qualidade do ar, concretizados através de programas de
execução.
Atendendo aos objetivos da estratégia temática sobre poluição atmosférica, no que respeita à redução da
mortalidade e morbilidade devido aos poluentes, foram adotados objetivos de melhoria contínua quanto à concentração no
ar ambiente de partículas finas (PM2,5). Com estes objetivos, é prevista a adoção das seguintes medidas:
 Possibilidade de incentivos à introdução de tecnologias que proporcionem a melhoria da qualidade do ar;
 Possibilidade de fixação de uma taxa sobre a rejeição de efluentes na atmosfera;
 Licenciamento prévio dos estabelecimentos poluentes e utilização de instrumentos de planeamento adequados
à prevenção e redução da poluição atmosférica;
 O reforço da educação ambiental relativa às questões de poluição atmosférica;
 O lançamento de programas de investigação no domínio da prevenção e controlo da poluição atmosférica.

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A proteção da qualidade do ar prevê o controlo das concentrações atmosféricas para dióxido de enxofre,
partículas em suspensão, dióxido de azoto, monóxido de carbono, ozono e chumbo, devendo ser definidos, para estes
poluentes, os valores limite e os valores guia de referência. A instalação, ampliação ou alteração de estabelecimentos
industriais que sejam fonte de emissão de poluentes atmosféricos estão sujeitas, para além do processo de licenciamento
industrial, ao cumprimento dos valores limite de emissão, e à compatibilidade com as normas de qualidade do ar, cuja
verificação é da competência dos serviços do Ministério do Ambiente. No âmbito desta verificação, estão sujeitos a parecer
prévio dos serviços do Ministério do Ambiente:
 Fabrico de pasta de papel
 Indústrias químicas básicas, incluindo adubos
 Produção de óleos e gorduras
 Fabrico de vidro e filtros de vidro
 Fabrico de cimento de produção de cal
 Produção de fibrocimento
 Produção e transformação de amianto e fabrico de produtos à base de amianto
 Indústrias básicas de ferro e aço
 Indústrias básicas de metais não ferrosos
 Refinarias de petróleo bruto
 Aquecimento e energia por meio de vapor
 Fabrico de substâncias explosivas
 Fabrico de fósforo
 Fabrico de emulsões de asfalto
 Incineração de resíduos sólidos urbanos
 Incineração de resíduos tóxicos e perigosos
 Incineração de resíduos hospitalares e equiparados
As instalações de incineração de resíduos estão sujeitas ao processo de autorização prévia. Em complemento, o
funcionamento de instalações industriais com potência térmica nominal superior a 50 MW, está sujeito à apreciação e
aprovação de estudo das condições locais de dispersão e de difusão atmosféricas. É expressamente proibida em todo o
território nacional a queima a céu aberto de qualquer tipo de resíduos urbanos, industriais, tóxicos ou perigosos, bem como
de todo o tipo de material designado correntemente por sucata.

Figura 6: Emissão de poluentes do Ar.


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 Água
A água é o recurso mais abundante na natureza, cobrindo mais de dois terços do planeta em que vivemos.
No entanto, a água existe sob um número considerável de formas e de estados:
 A água salgada dos mares e oceanos;
 A água, sob a forma de gelo, que existe nas calotes polares;
 A água, sob a forma de gelo ou de neves perpétuas, que existe nas zonas de maior altitude;
 A água dos lagos salgados;
 A água dos lagos de água doce;
 Os rios, ribeiros ou outros cursos de água doce, permanentes ou temporários;
 As águas subterrâneas;
 A água, sob a forma de vapor, existente na atmosfera.
A água disponível para consumo ou para uso é apenas uma pequena fração da totalidade, na realidade pouco
menos de 1 % da água existente.
Além disso, a Terra apresenta uma distribuição desigual de água, pelo que, na realidade, este recurso deve
considerar-se corno escasso, e como tal, sujeito a planeamento e regras de gestão.
A pressão sobre o consumo e sobre o uso da água aumentou na medida do aumento da população e do seu grau
de desenvolvimento, expresso no seu índice de industrialização e do tipo de práticas agrícolas exigentes no consumo deste
recurso.
E aqui surgem algumas situações críticas, de que são exemplo rios que transportam água imprópria como suporte
de vida ou zonas em que as águas subterrâneas estão próximas do esgotamento, contaminadas com nitratos ou
apresentando teores de salinidade muito elevados.
As situações mais perigosas, mesmo que potencialmente, e que importa precaver seja qual for o custo, referem-se
às origens da água, e de modo específico, às origens da água para consumo humano, direto ou indireto.
É assim óbvio que o consumo e a utilização da água tenha de estar sujeito a regras, que, para salvaguarda dos
recursos naturais, são progressivamente mais apertadas.
Em Portugal também assim é, estando a legislação atual sobre a matéria a ser progressivamente adaptada aos
normativos comunitários e ao progresso técnico e científico.
O conjunto de leis, normas e regulamentos que regem a utilização da água e a sua rejeição, têm como origem os
seguintes pressupostos:
A água é um recurso escasso e, como tal, deve ser sujeita a uma gestão rigorosa que leve à contenção do seu
consumo;
As origens da água e, sobretudo, as de água destinada a consumo humano deverão ser prioritariamente
protegidas;
As exigências de qualidade das águas após utilização, quando rejeitadas para o domínio hídrico, dependem da
capacidade dos meios recetores;
A gestão das águas residuais urbanas (domésticas e industriais) deverá ser preferencialmente integrada e
confiada a entidades gestoras, públicas ou concessionadas.
Dentro deste contexto, as empresas agrícolas, industriais, e de comércio ou serviços deverão:
 Em primeiro lugar, minimizar os consumos de água através de medidas internas no que respeita a procedimentos,
e de boas práticas de execução de operações;
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 Em segundo lugar, minimizar os consumos de água através da adoção de tecnologias adequadas;
 Em terceiro lugar, reduzir perigosidades das cargas poluentes das águas residuais através da utilização, nos
processos, de substâncias menos agressivas para o ambiente;
 Em quarto lugar, reduzir a carga poluente das águas residuais através da adoção de processos e práticas que
proporcionem melhores rendimentos de utilização das matérias-primas utilizadas;
 Em quinto lugar, e de acordo com as condicionantes do meio envolvente, tomar as opções corretas no que
respeita ao modo de descarga das águas residuais e ao seu tratamento prévio.

Figura 7: Poluentes da água.


Existem numerosos processos de tratamento passíveis de serem utilizados neste tipo de indústria e para os
efluentes por ela gerados; no entanto a escolha de um tipo particular de processo de tratamento deverá ser feita em função
de diversos parâmetros, dois quais se destacam os seguintes:
 O volume e a carga poluente dos efluentes a tratar;
 A área disponível para a instalação da estação de tratamento;
 O balanço aceitável entre custos de investimento e custos de exploração, visto que, para determinados
processos de tratamento, os custos de exploração é superior aos custos de investimento, enquanto para
outro tipo de processos esta relação inverte-se.
O objetivo ou a finalidade do processo de tratamento, ou seja, quando da decisão de instalação de um processo
de tratamento os objetivos poderão ser distintos no que diz respeito ao destino a dar aos produtos obtidos do tratamento
(por ex: lamas e efluente depurado). Assim, a maior ou menor extensão na remoção da carga poluente é diferente no caso
de se querer reutilizar o efluente depurado ou no caso de se querer descarregar o efluente tratado no coletor municipal, ou
no meio recetor natural.

 Redução de desperdícios e rentabilização de recursos


Resíduos são quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem intenção ou a obrigação de se desfazer
e que constam do Catálogo Europeu de Resíduos.
Os resíduos constituem hoje, para a sociedade portuguesa, um problema da maior importância, podendo apontar-se quatro
razões:
• A tomada de consciência de que a deposição desordenada de resíduos é um problema ambiental grave,
constituindo fonte importante de contaminação de solos, linhas de água e reservas aquíferas subterrâneas.
• A maior exigência ambiental das populações, traduzida pelo desejo de elevação dos níveis de qualidade de vida.
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• A alteração dos hábitos das populações, cada vez mais concentrada em áreas urbanas e cuja elevação de
padrão de vida apresenta como indicador o aumento sensível da quantidade de resíduos produzida por dia e por habitante.
• A estrutura das trocas comerciais do país, fortemente deficitária, coloca questões de difícil solução à reciclagem
interna de alguns tipos de resíduos.
Estas quatro razões apontam na mesma direção e tornam claro que, muito mais grave do que a atual situação do
país em matéria de gestão de resíduos, é a progressão da sua degradação.
A situação foi reconhecida pelo Governo e hoje existe uma estratégia nacional para os resíduos.
A Política de Resíduos assenta em objetivos e estratégias que visam garantir a preservação dos recursos naturais
e a minimização dos impactos negativos sobre a saúde pública e o ambiente.
Para a prossecução destes objetivos importa incentivar a redução da produção dos resíduos e a sua reutilização e
reciclagem por fileiras. Em grande medida, tal passa pela promoção da identificação, conceção e adoção de produtos e
tecnologias mais limpas e de materiais recicláveis.
Face ao papel que desempenham na gestão de resíduos, importa promover ações de sensibilização e divulgação
em matéria de resíduos destinados às entidades públicas e privadas.
Para além da prevenção, importa ainda promover e desenvolver sistemas integrados de recolha, tratamento,
valorização e destino final de resíduos por fileira (p.ex., óleos usados, solventes, têxteis, plásticos e matéria orgânica).
A elaboração e aplicação de um Plano Nacional de Gestão de Resíduos e o cumprimento integral dos Planos
Estratégicos de Gestão dos Resíduos são medidas de política de Ordenamento do Território e de Ambiente, preconizada
para a prossecução dos princípios de sustentabilidade, transversalidade, integração, equidade e da participação, advogados
no Programa do Governo.
O Planeamento e Gestão de Resíduos, englobando todas as tipologias de resíduos e as diversas origens,
constituem o objetivo das políticas neste domínio do Ambiente, assumindo ainda papel de relevo de carácter transversal
pela incidência na Preservação dos Recursos Naturais, e em outras Estratégias Ambientais.

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, prevê, no seu enquadramento legislativo:


 Reforço da prevenção da produção de resíduos e fomentar a sua reutilização e reciclagem, promover o pleno
aproveitamento do novo mercado organizado de resíduos, como forma de consolidar a valorização dos resíduos,
com vantagens para os agentes económicos, bem como estimular o aproveitamento de resíduos específicos com
elevado potencial de valorização;
 Clarifica conceitos-chave como as definições de resíduo, prevenção, reutilização, preparação para a
reutilização, tratamento e reciclagem, e a distinção entre os conceitos de valorização e eliminação de resíduos,
prevê-se a aprovação de programas de prevenção e estabelecem-se metas de preparação para reutilização,
reciclagem e outras formas de valorização material de resíduos, a cumprir até 2020;
 Incentivo à reciclagem que permita o cumprimento destas metas, e de preservação dos recursos naturais,
prevista a utilização de pelo menos 5% de materiais reciclados em empreitadas de obras públicas;
 Definição de requisitos para que substâncias ou objetos resultantes de um processo produtivo possam ser
considerados subprodutos e não resíduos;
 Critérios para que determinados resíduos deixem de ter o estatuto de resíduo;

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 Introduzido o mecanismo da responsabilidade alargada do produtor, tendo em conta o ciclo de vida dos
produtos e materiais e não apenas a fase de fim de vida, com as inerentes vantagens do ponto de vista da utilização
eficiente dos recursos e do impacto ambiental.

 Fluxos Específicos
Fruto de particular complexidade ou importância crescente em termos quantitativos e/ou qualitativos de alguns
tipos de resíduos, designados por fluxos específicos de resíduos, foi concedida particular atenção à sua gestão, mediante a
criação de legislação específica, a qual introduziu, em geral, uma corresponsabilização pela sua gestão, dos vários
intervenientes no seu ciclo de vida.

No contexto da legislação específica e consoante as características do fluxo específico de resíduos em causa, é aplicado:
 Um modelo de gestão técnico-económico baseado no Princípio da Responsabilidade Alargada do Produtor do
bem, operacionalizado através da adoção de sistemas individuais ou da implementação de sistemas integrados
de gestão, ou
 Um modelo em que a responsabilidade da gestão assenta no produtor/detentor do resíduo.

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, que estabelece a terceira alteração do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5
de Setembro, e transpõe a Directiva n.º 2008/98/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro de 2008,
relativa aos resíduos, estabelece, no n.º 4 do artigo 10.º-A, ainda a possibilidade dos produtores do produto poderem
assumir a responsabilidade pela gestão dos resíduos provenientes dos seus produtos através da celebração de acordos
voluntários com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Existem ainda alguns fluxos de resíduos para os quais se encontra em estudo a viabilidade e a oportunidade de se
enveredar por uma das vias acima descritas, designados por fluxos emergentes.

Responsabilidade Alargada do Produtor


O princípio da responsabilidade alargada do produtor confere ao produtor do bem/produto a responsabilidade por
uma parte significativa dos impactos ambientais dos seus produtos ao longo do seu ciclo de vida (fases de produção,
comércio, consumo e pós-consumo).
Concretamente, e de acordo com o artigo 10.º-A do Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, consiste em “atribuir,
total ou parcialmente, física e ou financeiramente, ao produtor do produto a responsabilidade pelos impactos ambientais e
pela produção de resíduos decorrentes do processo produtivo e da posterior utilização dos respetivos produtos, bem como
da sua gestão quando atingem o final de vida”, nos termos do n.º 1 do artigo 10.º-A do Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de
Junho.
Deste modo, a responsabilização do produtor do bem, permite colocar o ónus da gestão do resíduo no
interveniente que poderá ter maior impacto em todo o ciclo de vida do material, incentivando alterações na conceção do
produto, maximizando a poupança de matérias-primas e, minimizando a produção de resíduos.
Na prática, a responsabilização do produtor traduz-se no cumprimento de objetivos e metas quantificadas de
recolha, de reutilização, de reciclagem e de valorização, incentivando-o, deste modo, a alterar a conceção do seu produto.

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Tal estratégia tem normalmente um impacto na eco-eficiência dos produtos (utilização de menores quantidades de
matéria-prima ou utilização de materiais recicláveis/reciclados,...), bem como no seu "eco-design" (maior facilidade de
desmantelamento ou reciclagem, menor conteúdo em substâncias perigosas,...).
A responsabilidade do produtor do produto pela sua gestão, quando este atinge o final de vida, pode ser assumida
a título individual ou transferida para um sistema integrado, nos termos da lei, ou ainda através da celebração de acordos
voluntários entre o produtor do produto e a APA, enquanto Autoridade Nacional dos Resíduos.

Sistemas integrados
No âmbito de um sistema integrado, a responsabilidade do produtor do bem é transferida para uma entidade
gestora do fluxo em causa, mediante o pagamento de prestações financeiras (ou ecovalor) pelos produtos colocados no
mercado.
A aplicação do Princípio da Responsabilidade Alargada do Produtor está em vigor em Portugal desde 1997,
quando a primeira entidade gestora de fluxos específicos de resíduos foi licenciada, sendo presentemente aplicado na
gestão de: embalagens, pneus, óleos minerais, equipamentos elétricos e eletrónicos, veículos e pilhas e acumuladores.

Acordos voluntários
A responsabilidade do produtor pela gestão dos resíduos provenientes dos seus produtos, pode ser assumida
através da celebração de Acordos Voluntários entre o produtor do produto e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA),
como Autoridade Nacional de Resíduos, nos termos do artigo 10.º-A do Decreto-Lei nº 73/2011, de 17 de Junho.
Os Acordos Voluntários caracterizam-se pela vontade dos sectores produtivos para, voluntariamente, se
comprometerem perante o Estado a reduzir a produção de resíduos provenientes dos seus produtos, aumentando os níveis
de reciclagem, garantindo a utilização eficiente de recursos e aumentando a qualidade dos materiais reciclados, permitindo
assim atingir objetivos ambientais de forma mais flexível, promovendo-se a imagem do sector neles envolvido, bem como a
consciência no consumidor.

Responsabilidade pela Gestão do Resíduo


A dificuldade na aplicação das disposições do regime geral a alguns fluxos específicos de resíduos, pelas
questões específicas que lhes estão associadas, levou à necessidade de criar regimes jurídicos diferentes. Estes fluxos,
assentes na responsabilidade pela gestão do resíduo, apesar de envolverem os diferentes intervenientes no ciclo de vida,
não se aplica o princípio da responsabilidade alargada do produtor.
Enquadram-se neste tipo os resíduos de construção e demolição e os óleos alimentares usados.

Normas ISO 14000


Em 1993 a ISO estabeleceu um comité técnico para desenvolver normas internacionais sobre um amplo conjunto
de aspetos relacionados com a gestão ambiental.
Esse comité técnico, ISO/TC 207, tem por objetivo desenvolver e atualizar a série de normas ISO 14000, que
contempla as seguintes áreas:
• Sistemas de Gestão Ambiental (SGA);
• Auditorias Ambientais;
• Avaliação do Desempenho Ambiental;
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• Rotulagem Ecológica;
• Análise do Ciclo de Vida (ACV);
• Aspetos Ambientais em Normas de Produtos;
• Termos e Definições.
As normas da série 14000 e relacionadas que se encontram em vigor são:
 Documentos relacionados com Sistemas de Gestão Ambiental
 ISO 14001:2004
Sistemas de gestão ambiental – Requisitos e linhas de orientação para a sua utilização (NP EN ISO 14001:2004)
 ISO 14004:2004
Sistemas de gestão ambiental – Requisitos e linhas de orientação para a sua utilização
Documentos relacionados com ferramentas de apoio à gestão ambiental
 ISO 14015:2001
Gestão ambiental – Avaliação Ambiental de instalações e organizações (Levantamento Ambiental)
 ISO14020:2000
Rótulos e declarações ambientais – Princípios gerais (NP EN ISO 14020:2005)
 ISO 14021:1999
Guia da terminologia, simbologia e metodologia que uma organização deve utilizar na verificação da declaração
dos aspetos ambientais dos seus produtos e serviços. Também faz a ligação entre as versões preliminares da ISO 14021,
ISO 14022 e ISO 14023.
 ISO 14024:1994
Princípios e protocolos que devem seguir os programas de rotulagem por terceira parte quanto aos critérios
ambientais desenvolvidos para um produto particular
 ISO 14025:2000
Rótulos e declarações ambientais - Rotulagem tipo III
 ISO 14031:1999
Gestão ambiental – Avaliação de desempenho ambiental – Linhas de orientação (NP EN ISO 14031:2005)
 ISO/TR 14032:1999
Gestão ambiental – Exemplos de avaliação do desempenho ambiental
 ISO 14040:1997
Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e enquadramento (NP EN ISO 14040:2005)
 ISO 14041:1998
Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Definição do âmbito e objetivo
 ISO 14042:2000
Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Avaliação do impacto do ciclo de vida
 ISO 14043:2000
Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Interpretação do ciclo de vida
 ISO 14050:2002
Gestão ambiental – Termos e Definições
 ISO/TR 14061:1998
Informação para ajudar a organizações de silvicultura no uso de SGA standards ISO 14001 e ISO 14004
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 ISO/TR 14062:2002
Gestão ambiental – Integração de aspetos ambientais com o design e desenvolvimento do produto
 ISO 19011:2002
Linhas de orientação para auditorias a sistemas de gestão da qualidade e/ou de gestão ambiental (NP EN ISO
19011:2003) que veio substituir a ISO 14010, ISO 14011 e ISO 14012
 ISO/IEC Guia 66:1999
Requisitos gerais para avaliação e certificação/registo de SGA.

O sistema de gestão ambiental (SGA)


O sistema de Gestão Ambiental (SGA) É um conjunto de mecanismos simples e eficazes para gerir questões
ambientais de uma organização. Estabelece uma estrutura funcional com responsabilidade e recursos definidos para o
planeamento, práticas e processos de modo a desenvolver, implementar, rever e manter uma Política Ambiental.
Objetivo do SGA
Os sistemas de gestão ambiental têm por objetivo a melhoria contínua do desempenho ambiental da organização.
Um sistema de gestão ambiental, baseado na ISO 14000, vai obrigar a organização a efetuar uma avaliação
rigorosa, em todas as áreas, dos seus impactos ambientais. Esta abordagem sistemática conduz a vários benefícios, tais
como:
•Contínua observação dos requisitos legais, reduzindo os riscos de
•Coimas e cassação de licenças;
•Melhor controlo dos riscos ambientais e custos associados;
•Redução dos custos na gestão de resíduos;
•Redução dos consumos energéticos e de matérias-primas;
•Custos de distribuição mais baixos;
•Imagem positiva da organização.
O SGA baseado na ISO 14000 é um processo cíclico, em que a organização prevê e avalia periodicamente o
sistema, de modo a identificar oportunidades de melhoria.

Política de ambiente
A Política do Ambiente é uma declaração das intenções e princípios relativos ao comportamento ambiental da
organização. Apresenta o comprometimento da gestão de topo relativamente à melhoria contínua e à prevenção da
poluição.
Planeamento
No Planeamento deve-se começar por identificar os aspetos ambientais e avaliar o impacto de cada um no meio
ambiente.
O levantamento dos requisitos legais relativos aos aspetos ambientais, permite estabelecer.
Objetivos e metas que se definem num Programa Ambiental que define a estratégias de implementação do SGA
da organização.
Implementação e operação
A estrutura, as responsabilidades e autoridades devem estar definidos e documentados. Devem ser comunicados
a todos os níveis da organização.
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A organização deve promover ações de formação para dar a conhecer, a todos os colaboradores, a Política
Ambiental e o SGA em geral, os impactos ambientais das suas atividades e as consequências ambientais do trabalho em
conformidade com procedimentos específicos.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos para a comunicação interna e para receber questões e
responder às partes interessadas externas.
Compete à organização controlar todos os documentos exigidos na norma e todos os outros desenvolvidos no
âmbito do SGA.
Ações de verificação e correção
As operações de rotina que estejam associadas a impactos ambientais significativos deverão ser alvo de um
controlo eficaz.
A organização deve estabelecer e manter procedimentos de resposta a situações de emergência ambiental, que
visam minimizar o impacto ambiental associado.
Verificação e de correção
A organização deve controlar e medir as características chave que permitam fazer o acompanhamento dos seus
impactos ambientais.
Deve estabelecer um procedimento documentado de análise de não conformidade e implementação de acções
corretivas e preventivas.
Todos os registos ambientais devem estar identificados e acessíveis. Devem ser estabelecidos e mantidos
procedimentos e planos de auditorias periódicas.

Análise do Sistema de Gestão


Cabe à direção, com uma frequência definida por ela própria, rever e avaliar o SGA. A revisão deve prever a
possível alteração da Política Ambiental, objetivos e procedimentos como resposta a alterações no processo, melhorias
desenvolvidas ou modificações externas.

Verificação e controlo do trabalho produzido


A certificação de SGA suportados na norma NP EN ISO 14001:2004, constitui uma ferramenta essencial para as
organizações que pretendem alcançar uma confiança acrescida por parte dos clientes, colaboradores, comunidade
envolvente e sociedade, através da demonstração do compromisso voluntário com a melhoria contínua do seu desempenho
ambiental.
A acreditação é um reconhecimento formal por um organismo de acreditação, em como um organismo de
certificação é competente para certificar organizações de determinados sectores, para referenciais específicos.
A APCER – Associação Portuguesa de Certificação - encontra-se acreditada para a certificação de SGA (NP EN
ISO 14001:2004) pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação) e pela ENAC (Entidad Nacional de Acreditación) para os
sectores definidos nos certificados de acreditação, de acordo com a NP EN ISO/IEC 17021: 2006.
Esta norma define os requisitos para a atividade de certificação, garantindo a competência, isenção e
independência necessárias ao exercício de uma atividade credível. Anualmente, a APCER é auditada pelos organismos
acreditadores, sendo este um processo de avaliação que compreende a auditoria ao sistema de gestão e o testemunho de
auditorias ambientais.

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Etapas do processo de certificação:
1 - Pedido de certificação;
2 - Instrução do Processo;
3 - Visita Prévia (Opcional);
4 - Auditoria de Concessão – 1ª fase;
5 - Auditoria de Concessão – 2ª fase;
6 - Resposta da Organização – Plano de ações corretivas;
7 - Análise do Relatório e Resposta;
8 - Decisão de Certificação;
9 - Manutenção da Certificação (Auditorias anuais de Acompanhamento e Auditoria de Renovação ao fim de 3
anos).
A visita prévia é de carácter facultativo e destina-se a avaliar a adequabilidade do SGA e informar a Organização
sobre o estado de preparação da mesma para a auditoria de concessão. Esta avaliação é efetuada de acordo com as
metodologias aplicáveis de auditoria, sendo o seu resultado independente do processo e decisão de certificação.

A auditoria de concessão de SGA ocorre em duas fases


Na 1ª fase é realizada uma auditoria ao sistema documental da Organização e verificada a adequabilidade do
sistema à atividade da empresa. O enfoque da 1ª fase da auditoria é a avaliação da capacidade do sistema criado em gerir
todos os aspetos ambientais relacionados com as atividades, produtos e/ou serviços da Organização, na confirmação do
âmbito da auditoria e no levantamento da legislação aplicável, sendo relevante uma visita aos locais de atividades.
A 2ª fase da auditoria de concessão decorre no(s) local(ais) de atividades da Organização, sendo auditados todos
os requisitos da norma de referência e avaliado o modo como a Organização estabeleceu e implementou o SGA.
Qualquer auditoria realizada pela APCER dá origem a um relatório que formaliza as principais conclusões sobre o
sistema de gestão da Organização auditada, em particular sobre a implementação, conformidade face aos requisitos
normativos e ao âmbito de certificação, relatando eventuais não conformidades, oportunidades de melhoria e áreas
sensíveis.
As não conformidades devem ser motivo de ações corretivas apropriadas por parte da Organização auditada.
Após receção do relatório de auditoria e do plano de ações corretivas elaborado pela Organização auditada, a
APCER procede à análise desses documentos.
Caso estejam reunidas as condições necessárias, a APCER procede à emissão do Certificado de Conformidade
(Concessões e Renovações), que tem uma validade de três anos.
Durante o período de validade do Certificado de Conformidade, a APCER realiza auditorias de acompanhamento
com periodicidade anual ao SGA da Organização certificada, com vista à verificação da manutenção das condições que
deram lugar à concessão do referido certificado.
Antes do final do ciclo de três anos é realizada uma auditoria de renovação reiniciando novo ciclo de certificação.
As auditorias da APCER são realizadas por auditores qualificados e de acordo com as metodologias de auditoria
definidas na norma NP EN ISO 19011:2003.
Os principais benefício da certificação do SGA prendem-se com:
 Redução de custos, devida a uma melhoria da eficiência dos processos e, consequentemente, a redução de
consumos (matérias-primas, água, energia);
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 Minimização do tratamento de resíduos e efluentes; diminuição dos prémios de seguro e minimização de multas e
coimas;
 Redução de riscos, tais como, emissões, derrame e acidentes;
 Vantagens competitivas, decorrentes de uma melhoria da imagem da Organização e sua aceitação pela
sociedade e pelo mercado;
 Evidência, de uma forma credível, da qualidade dos processos tecnológicos de uma Organização, de um ponto de
vista de proteção ambiental e de prevenção da poluição;
 Uma nova dinâmica de melhoria, nomeadamente através da avaliação independente efetuada por auditores
externos.

Contudo, é importante relembrar que, apesar da importância da questão, a conformidade legal não é por si só a
finalidade da norma e nunca é demais referir que a legislação aplicável é de cumprimento obrigatório. Portanto, não se
coloca a questão se a Organização tem de cumprir a legislação aplicável, mas sim, se o seu cumprimento na íntegra é
requisito da NP EN ISO 14001:2004 e o que deve ser exigido na sua certificação.

Reconhece-se assim, que a conformidade com os requisitos legais aplicáveis não é o único fator determinante
para a eficácia de um SGA. Um SGA é uma ferramenta importante para controlar riscos ambientais, enquanto as
consequências/impactos legais do não cumprimento é apenas uma das quatro potenciais consequências/impactos, sendo
os outros:
1. Consequências ambientais (ex: danos ecológicos),
2. Consequências para partes interessadas (ex: reputação da Organização) e
3. Consequência para o negócio (ex: financeiras, posição competitiva).

O objetivo de uma Organização com um SGA certificado para um determinado âmbito, é demonstrar que gere as
interações com o ambiente bem como o seu compromisso em:
 Prevenir a poluição;
 Cumprir os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a Organização subscreva relativos aos seus
aspetos ambientais;
 Melhorar continuamente o seu SGA, de forma a alcançar melhorias no seu desempenho ambiental.

Não existindo, de facto, um requisito explícito de obrigatoriedade de cumprir com toda a legislação aplicável, é
necessário analisar a norma como um todo e compreender as relações entre os diferentes requisitos.
Neste sentido, a Gestão de topo deve definir e documentar uma política que inclua o “compromisso de
cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e de outros requisitos que a Organização subscreva relativos aos seus aspetos
ambientais”. Este compromisso deve refletir-se no processo de planeamento e deve ser implementado, verificado e mantido
através do SGA.
Deste modo, a Organização deve:
 Estabelecer, implementar e manter um procedimento para identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis,
e determinar o modo como esses requisitos se aplicam aos seus aspetos ambientais;

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 Estabelecer, implementar e manter objetivos e metas que tenham em consideração os seus requisitos legais e
que sejam consistentes com o compromisso de cumprir o estabelecido na política. A conformidade deve ser
considerada quando se estabelecem os objetivos e metas, embora estes não necessitem de incluir todos os
requisitos de conformidade;
 Estabelecer, implementar e manter programas para alcançar os objetivos e metas, incluindo os que se relacionam
com a conformidade legal, desde que o objetivo não seja o de cumprir a legislação, uma vez que, para a
certificação a Organização tem de demonstrar que cumpre os requisitos legais aplicáveis. Os programas devem
descrever quem é responsável por alcançar os objetivos e metas e como e quando vão ser alcançados;
 Consciencializar as pessoas que trabalham para ou em nome da Organização relativamente aos procedimentos
que lhes são aplicáveis, que incluem eventuais procedimentos relacionados com o alcance da conformidade
estabelecidos no controlo operacional. As pessoas cujo trabalho pode causar impactos ambientais significativos
devem ser competentes, com base em formação, qualificações, educação ou experiência. A Organização deve
identificar necessidades de formação associadas aos seus aspetos ambientais significativos e providenciar a
formação ou outras ações que satisfaçam essas necessidades. Na medida em que esse trabalho também envolve
requisitos legais, o treino e competência dessas pessoas deve abranger a capacidade de satisfazer esses
requisitos;
 Estabelecer, implementar e manter procedimentos documentados para controlar as situações onde a sua
inexistência possa conduzir a desvios no compromisso de cumprimento dos requisitos legais estabelecido na
política e nos objetivos e metas relacionados. Podem ser necessários procedimentos para alcançar a
conformidade com requisitos legais que não foram explicitamente identificados nos objetivos e metas;
 Estabelecer, implementar e manter procedimentos para monitorizar e medir as características principais das suas
operações, o que é uma parte importante do controlo operacional e é, desta forma, importante para a
conformidade legal. As saídas da monitorização e medição transformam-se em entradas para a avaliação da
conformidade e ações corretivas e preventivas;
 Estabelecer, implementar e manter um procedimento para avaliar periodicamente a conformidade com requisitos
legais. É importante que o elemento que faz a avaliação da conformidade legal na Organização tenha
competência, tanto em termos dos requisitos legais, como na sua aplicação;
 Estabelecer, implementar e manter um procedimento para gerir não conformidades reais e potenciais e tomar
ações corretivas e preventivas. Não conformidades detetadas associadas a requisitos legais devem ser alvo de
ações corretivas;
 Estabelecer, implementar e manter um procedimento para realizar auditorias periódicas ao sistema de gestão que
necessariamente incluem os elementos do SGA relacionados com a conformidade legal, nomeadamente uma
avaliação do compromisso de cumprimento dos requisitos legais associados aos aspetos ambientais;
 Incluir os resultados das avaliações de conformidade na sua revisão pela gestão, de forma a assegurar que a
Gestão de topo toma conhecimento de incumprimentos legais potenciais ou reais e toma medidas adequadas para
ir ao encontro do compromisso da Organização relativo ao cumprimento de requisitos legais. Deve ainda ser
considerada na revisão pela gestão qualquer alteração de circunstância ou dos requisitos legais relacionados com
os aspetos ambientais.

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Os requisitos acima descritos implicam que uma Organização que implementa e certifica o seu SGA de acordo
com a NP EN ISO 14001:2004 deve identificar e gerir de modo sistemático as suas obrigações de conformidade legal, em
consonância com o seu compromisso de cumprimento.

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CONCLUSÃO
As principais motivações para a implementação de um SIG-QAS são as exigências quer de clientes, quer de
investidores, os requisitos legais, o (eco)marketing e melhoria de imagem, a redução de custos, os seguros de
responsabilidade civil e a melhoria da eficiência e resultados.
As principais vantagens e potencialidades da implementação de um SIG-QAS relacionam-se com a redução de
custos, vantagens competitivas e aumento da motivação dos trabalhadores. O aumento da motivação dos trabalhadores é
assegurado através do recurso à sensibilização e formação dos mesmos para as questões ambientais, para as questões da
sua segurança e saúde e para a diminuição de não-conformidades nos produtos, beneficiando a produtividade.
A implementação de qualquer Sistema de Gestão, isolado ou integrado, é um ato voluntário, associado à
publicação de normas e regulamentos que definem requisitos, sugestões e referências para o concretizar, bem como para
obter uma posterior certificação ou outro tipo de validação do Sistema de Gestão implementado pela organização.
Para a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) recorre-se à ISO 9001:2000 (fusão das
antigas normas ISO 9001:1994 desde a conceção até ao após venda, ISO 9002:1994 produção e após venda, e ISO
9003:1994 inspeção e ensaios finais). Para a implementação de um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho
(SGSST) surgiram as OHSAS 18001:1999 (Occupational Health and Safety Management Systems), transpostas para
Portugal pela NP 4397:2001. Um SGSST permite sistematizar práticas de prevenção, a identificação dos perigos, contribuir
para a avaliação dos riscos, a implementação de medidas de correção, a redução dos acidentes de trabalho e a melhoria da
SST.
Um SIG-QAS permite uma abordagem global nas componentes de gestão em áreas de normalização e
competitividade e internacionalização da economia, garantias de atendimento a todos os requisitos legais aplicáveis,
diminuição no esforço de gestão e manutenção dos recursos e sistemas na organização, orientação clara e dinâmica para a
satisfação de todas as partes interessadas e reconhecimento externo. Um plano de gestão integrada, associado às
Melhores Tecnologias Disponíveis (MTDs) oriundas da Diretiva PCIP (Prevenção e Controlo Integrados da Poluição),
permite uma economia de recursos e boa imagem pública, traduzindo-se num aumento de competitividade.
Assim, um SIG-QAS possibilita a obtenção da satisfação do cliente, sendo para tal fundamental a identificação dos
seus requisitos em todo o processo de gestão, e a melhoria contínua do desempenho global da organização através da
prevenção dos riscos, controlo dos aspetos ambientais e melhoria do produto.
Deste modo, é então possível alcançar o tão desejável desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento
que satisfaz as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas,
garantindo a capacidade de reposição e regeneração dos recursos naturais, assegurando a manutenção da diversidade
biológica, da qualidade do ar, da água e do solo, preservando a saúde pública e optando pela qualidade ambiental, bem
como a segurança e saúde dos trabalhadores e qualidade dos produtos consumidos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Agência Portuguesa do Ambiente (http://www.apambiente.pt ).
 Associação Portuguesa de certificação (http://www.apcer.pt/ ).
 Gestão pela Qualidade total: ISO 14 000, Ed. Significado, Consultoria, formação e informática, 2004.
 Instituto Português da Qualidade (http://www.ipq.pt/ ).
 Plano Nacional de Gestão de Resíduos, Ed. APA – Agência Portuguesa do Ambiente, 2011.
 Pires, A., Sistemas de Gestão da qualidade, Ed. Sílabo, 2012
 Sistemas da qualidade, segurança e ambiente: Manual do formador, Ed. Talentus – Associação nacional de
formadores e técnicos de formação, 2007

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