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INSTITUTO DE BOTÂNICA

CNPq- PIBIC

Submissão de Projeto de Pesquisa para renovação de bolsa

OS GÊNEROS HIERACIUM, PICROSIA E SONCHUS (CICHORIEAE) NO ESTADO DE


SÃO PAULO

Aluno: Ana Beatriz de Freitas Silva


Orientadora: Dra. Fátima Otavina de Souza Buturi

São Paulo
2020
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................3

1.1. Objetivos..........................................................................................................5

1.2. Justificativa......................................................................................................5

2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................6

2.1. Área de Estudo ...............................................................................................6

2.2. Levantamento Bibliográfico...........................................................................6

2.3. Visita aos Herbários........................................................................................6

2.4. Análise e Identificação das Plantas................................................................7

2.5. Forma de Apresentação dos Resultados.......................................................7

3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES.....................................................................7

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................8
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OS GÊNEROS HIERACIUM, PICROSIA E SONCHUS (CICHORIEAE) NO ESTADO DE


SÃO PAULO

Ana Beatriz de Freitas Silva & Fátima Otavina de Souza Buturi

Família de rica diversidade, Asteraceae possui aproximadamente 24.000 espécies dispostas


em cerca de 1.600 gêneros, com distribuição em todo o globo e nos mais diversificados ambientes e
tipos de vegetação. A família é facilmente reconhecida pelas flores reunidas em inflorescência do
tipo capítulo e, sempre foi reconhecida como um grupo natural. Atualmente com a filogenia
molecular, o monofiletismo do grupo foi corroborado e a família está dividida em 12 subfamílias e
43 tribos, das quais, Cichorieae, embora seja uma tribo característica do hemisfério norte, possui 11
gêneros no Brasil. Para a presente pesquisa foram selecionados os gêneros Hieracium, Picrosia e
Sonchus, visando identificar e realizar a monografia desses gêneros para o Estado de São Paulo.
Devido as características da geografia, solo e altitude, o Estado de São Paulo possui vegetação
muito diversificada, estando presente diversos biomas brasileiros, e possibilitando o
desenvolvimento de inúmeros estudos no estado. Embasado na importância da flora do local e na
falta de estudos nessa área, o presente projeto visa a identificação e descrição das espécies
correspondentes aos gêneros citados e posterior publicação da monografia na Flora Fenerogâmica
do Estado de São Paulo. Serão analisadas as coleções de Asteraceae depositadas no herbário SP, já
identificadas em cinco espécies, dos quais, o gênero Hieracium com duas espécies (H. commersonii
Monnier e H. ignatianum Baker), Picrosia com uma espécie (P. longifolia D.Don) e Sonchus com
duas espécies (S. asper (L.) Hill e S. oleraceus L.). Quando concluído, o presente estudo constará de
breve descrição dos gêneros e espécies, chave de identificação, informações taxonômicas, pranchas
de imagens e comentários sobre distribuição geográfica, sendo que tais informações contribuirão
para o conhecimento das Asteraceae na flora paulista.

Palavras-Chave: Compositae, Diversidade, Flora de São Paulo


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1. INTRODUÇÃO

Asteraceae Bercht. & J. Presl é conhecida por ser uma das maiores famílias botânicas dentro
das Angiospermas, possui aproximadamente 24.000 espécies distribuídas em 1.600 gêneros (Funk
et al. 2009) e ocorrência cosmopolita, podendo ser encontradas em todos os continentes, exceto na
Antártica (Barroso et al. 1991, Judd et al. 1999). Para o Brasil são referidos cerca de 290 gêneros e
2.099 espécies, representando cerca de 7% de todas as Angiospermas brasileiras (Flora do Brasil
2020, em construção) com ocorrência desde as regiões mais frias e úmidas, como as serras do
Sudeste e Sul, até as áreas mais secas, presentes na região do semiárido nordestino, sendo menos
comum nas formações florestais (Pereira, 1989) e com predomínio nas formações campestres,
principalmente no Cerrado (Nakajima et al. 2016).

Os representantes dessa família possuem hábitos variados, sendo frequentemente ervas


anuais ou perenes, subarbustos ou arbustos de pequeno porte e raramente árvores ou lianas; podem
apresentar látex ou espinhos. As folhas são simples com lâmina inteira, pouco ou muito recortadas,
filotaxia variada, menos frequente verticiladas e indumento de tricomas simples, estrelados,
escamiformes e/ou glandulares (Roque & Bautista, 2008).

Asteraceae possui inflorescências distintas, sendo constituídas por flores distribuídas em um


receptáculo, envoltas por um conjunto de brácteas, formando o capítulo. O capítulo pode ser
solitário ou disposto em diferentes arranjos, como corimbiformes, racemiformes, panículiformes ou
mesmo em capítulos de capítulos. O cálice é modificado, formando o pápus com morfologia
variada, podendo ser cerdoso, barbelado, plumoso, escamoso, paleáceo, aristado ou mesmo ausente
e, a morfologia do pápus está relacionada a dispersão do fruto (Nakajima et al. 2001; Bremer 1994;
Souza 2007; Roque & Bautista 2008).

A família Asteraceae possui flores pequenas com corola gamopétala, actinomorfa (tubulosa,
campanulada, infundibuliforme ou hipocrateriforme) ou zigomorfa (ligulada ou bilabiada), de cores
variadas e em geral, contendo cinco lobos. O androceu é formado por cinco estames epipétalos, com
filetes curtos ou longos e livres; as anteras possuem 2 tecas rimosas e introrsas, concrescidas entre
si, formando um tubo pelo qual passa o estilete (Barroso 1991). Possui ovário ínfero, bicarpelar,
unilocular com apenas um óvulo de placentação basal, o estilete é filiforme e bífido. Os frutos são
secos, de formatos variados, denominados cipselas (Souza 2007).
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A família sempre foi considerada como um grupo natural com base na morfologia e
atualmente com as filogenias moleculares o monofiletismo do grupo foi comprovado (Jansen &
Palmer 1988, Funk et al. 2009 e Panero & Crozier 2016) e a classificação infragenérica alterada,
passando a ser dividida em 12 subfamílias e 43 tribos (Funk et al. 2009).

Cichorieae Lam. & DC. é uma das 43 tribos de Asteraceae, morfologicamente todos os
representantes dessa tribo compartilham entre si as folhas em geral alternas, muitas vezes dispostas
em rosetas, lâmina inteira, lobada a pinatissecta, raramente espinescente (Scolymus L.). Capítulos
distribuídos em inflorescências diversas ou capítulos solitários. Os capítulos são ligulados e
homógamos; brácteas involucrais em uma única série ou imbricadas em várias séries; receptáculo
geralmente epaleáceo, glabro, raramente escamoso-cerdoso ou paleáceo (Hypochaeris L.). Flores
bissexuais, corola ligulada, lígula 5-lobada, amarela, branca, azul ou lilás; apêndice das anteras com
conectivo alongado e obtuso, calcaradas e caudadas; estilete delgado, geralmente com ramos longos
e finos, pilosidade no eixo do estilete e ramos. Cipselas e pápus de formatos variados, as vezes
rostradas (Schneider 2017).

A tribo apresenta distribuição predominantemente no Hemisfério Norte e está representada


por cerca de 1400 espécies e 93 gêneros, sendo que no Brasil ocorrem 11 gêneros, dos quais oito
são exóticos (Schneider 2017). Para o presente estudo foram escolhidos os gêneros Hieracium L.,
Sonchus L. e Picrosia D. Don.

O gênero Hieracium está representado por plantas com indumento constituído de muitos
tricomas ramificados, folhas em roseta basal ou alternas, inteiras ou raramente pinatífidas; as flores
possuem corola amarela e as cipselas são cilíndricas (não comprimidas) e glabras, lisas na parte
superior e o pápus com cerdas escabrosas (Flora do Brasil, 2020 em construção). No Brasil está
representado por quatro espécies nativas, das quais duas (H. commersonii Monnier e H. ignatianum
Baker) ocorrem no Estado de São Paulo (Schneider 2017).

As espécies que compõem o gênero Picrosia são ervas com folhas lanceoladas, basais
rosuladas a subrosuladas e com poucas folhas caulinares; as flores possuem corola branca ou rosada
e as cipselas são cilíndricas (não comprimidas), fusiformes e costeladas com pápus de cerdas
escabrosas (Flora do Brasil, 2020, em construção). São referidas duas espécies para o Brasil e P.
longifolia D.Don ocorre no Estado de São Paulo (Schneider 2017).
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O gênero Sonchus possui espécies constituídas por ervas com folhas em rosetas basais e
folhas alternas ao longo do caule; as flores têm corola amarela e cipselas comprimidas, lisas na
parte superior e sem rostro; o pápus é formado por cerdas escabrosas (Flora do Brasil, 2020, em
construção). Este gênero é representado no Brasil por duas espécies (S. asper (L.) Hill e S.
oleraceus L), sendo as mesmas referidas para o Estado de São Paulo (Schneider 2017).

O Estado de São Paulo, local do presente estudo, estende-se entre as latitudes 19°47’ e
25°19’S e as longitudes 53°06’ e 44°10’W e, possui uma área total de 248.256km2, sendo cortado
pelo Trópico de Capricórnio. Apresenta variações de altitude desde o nível do mar até seu ponto
mais alto, a Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira com 2770m. A vegetação é muito
diversificada, estando presentes praticamente todos os biomas do Brasil. Pela posição geográfica
estratégica do estado, ocorrem associados elementos de floras tipicamente tropicais e de floras mais
características de regiões subtropicais (Wanderley et al. 2016).

1.1. Objetivos

Identificar e descrever as espécies de Hieracium, Picrosia e Sonchus para o Estado de São


Paulo;

Elaborar a monografia dos gêneros Hieracium, Picrosia e Sonchus, contribuindo com a


monografia das Asteraceae do Estado de São Paulo e consequentemente do Brasil;

Contribuir com o Projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo;

Auxiliar indiretamente na sensibilização e divulgação da biodiversidade brasileira.

1.2. Justificativa

O projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo é uma das maiores contribuições em
andamento para o conhecimento da diversidade da flora brasileira, gerando dados para o
conhecimento da ampla diversidade paulista, disponibilizando-os para serem utilizados em
pesquisas de outras áreas da botânica. A Flora do Estado de São Paulo representa cerca de 23% da
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diversidade das espermatófitas do Brasil e 47% da diversidade de espermatófitas da região Sudeste


do país (Wanderley et al. 2011).

Como Asteraceae é a segunda família com maior diversidade no Estado de São Paulo,
representada por 676 espécies (Wanderley et al. 2011), ainda são necessários diversos estudos para
a finalização das monografias, dessa maneira, estudos que venham contribuir para ampliar o
conhecimento do grupo se tornam essenciais e urgentes.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de Estudo

O Estado de São Paulo apresenta uma grande diversidade vegetal, estando representado por
praticamente todos os biomas brasileiros. Encontra-se a Floresta Atlântica na Serra do Mar
(“Floresta Ombrófila Densa”), que se estende para o planalto interior em variadas formas de
Florestas Mesófilas Semidecíduas; as áreas abertas da região central e do oeste são dominadas pelos
Cerrados, incluindo várias formas, desde os Campos Sujos até Cerradões; destacam-se, também,
áreas menores com outros tipos de vegetação, especialmente na região costeira, as restingas, dunas
e manguezais, e na Serra da Mantiqueira, as Florestas Montanas, acima de 1.500m e os Campos de
Altitude que ocorrem acima de 2.000m. Possui área total de 248.256km 2 e estende-se entre as
latitudes 19°47’ e 25°19’S e as longitudes 53°06’ e 44°10’W (Wanderley et al. 2016).

2.2. Levantamento Bibliográfico


Foi realizado um levantamento bibliográfico prévio e este terá continuidade ao longo do
desenvolvimento do estudo. Serão consultados sites especializados em botânica como
http://www.biodiversitylibrary.org;http://www.periodicos.capes.gov.br;http://
www.tropicos.orghttp://plants.jstor.org;http://botanicus.org;http://www.floradobrasil.jbrj.gov.br/
reflora; http://cichorieae.e-taxonomy.net/portal/, além de vários periódicos científicos,
dissertações, teses e livros de Asteraceae.

2.3. Visita aos Herbários


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Para análise do material, nesse primeiro momento serão consultadas as coleções de


Asteraceae disponível nos herbários PMSP, SP, SPF, SPSF e UEC. As demais coleções paulistas
serão consultadas virtualmente por meio do site do speciesLink (http://www.splink.org.br/index?
lang=pt&action=op speciesLinkenform).

2.4. Análise e Identificação das Plantas


A análise e identificação das plantas serão realizadas em nível específico, utilizando
bibliografias especializadas e após a identificação, a confirmação será por meio de comparação com
imagens dos materiais tipos (disponíveis no site http://plants.jstor.org), descrições originais das
espécies, bem como por comparação com exsicatas depositadas no herbário SP.
Para o estudo serão utilizadas as estruturas físicas do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do
Herbário SP.

2.5. Forma de Apresentação dos Resultados


Após a conclusão da pesquisa, a monografia contará com descrição sucinta dos gêneros,
chave para identificação e descrições das espécies, bem como pranchas ilustrativas com imagens do
hábito e detalhes das estruturas reprodutivas. Para cada espécie, além das descrições, será
informado a distribuição geográfica geral e ocorrência local, além de informações ecológicas e
nome popular quando disponível.
Será adotada as normas para publicação na Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo.

3. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES

Cronograma das atividades e os respectivos meses para o desenvolvimento do estudo

Atividades 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º


mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês mês
Levantamento bibliográfico
Análise das amostras
Preenchimento de planilha
no Excel para descrição das
espécies
Visita aos herbários (SPF,
SPSF, PMSP e UEC)
Viagens ao campo para coleta
de material
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Elaboração de chave de
identificação das espécies e
finalização das descrições
Montagem das pranchas com
imagens das espécies
Padronização das descrições
e imagens para a preparação
da monografia
Redação e entrega do
relatório
Apresentação na Semana do
PIBIC

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Barroso, G.M. 1991. Sistemática de angiospermas do Brasil. Vol. 3. Viçosa, UFV Imprensa
Universitária.

Bremer, K. 1994. Cladistics and classification. Portland, Oregon, Timber Press.

Flora do Brasil 2020 (em construção). Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB55 (Acesso em: 10 de fevereiro 2020).

Funk, V.A., Susanna, A., Stuessy, T.F., Robinson, H. 2009. Classification of Compositae. In:
Funk, V.A. et al. (Eds.). Systematics, Evolution, and biogeography of Compositae. Vienna,
Austria: International Association for Plant Taxonomy. p. 171-189.

Jansen, R.K.; Palmer, J.D. 1987. A chloroplast DNA inversion marks and ancient evolutionary
split in the sunflower family (Asteraceae). Evolution 84: 5818-5822.

Judd, W.S. et al. 1999. Plants Systematics - A Phylogenetic Approach. Sunderland. Massachusetts,
Sinauer Associates.
Nakajima, J.N. et al. 2016. Asteraceae. In: Forzza, R.C. et al. (Org.). Lista de Espécies da Flora do
Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB55>. Acesso em: 10 de fevereiro de 2020.

Panero, J.L. & Crozier, B.S. 2016. Macroevolutionary dynamics in the early diversification of
Asteraceae. Molecular Phylogenetics and Evolution 99: 116–132.

Pereira, R.C.A. 1989. A tribo Heliantheae Cassini (Asteraceae) no estado de Pernambuco, Brasil.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 306p.
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Roque, N. & Baustista, H.P. 2008. Asteraceae: caracterização e morfologia floral. 1. ed. Salvador,
EDUFBA.

Schneider, A.A. 2017. A tribo Cichorieae Lam. & DC. In N. Roque, A.M. Teles & J.N. Nakajima
(orgs.). A Família Asteraceae no Brasil, classificação e diversidade. EDUFBA, Salvador, p.89-
96.

Souza, F.O. 2007. Asteraceae no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, Cananéia, SP. 2007. 147 f.
Dissertação de Mestrado. Instituto de Botânica (IBt), São Paulo.

Wanderley et al. 2011. Checklist das Spermatophyta do Estado de São Paulo, Brasil. Biota
Neotrop. 11: 191-388.

Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J., Melhem, T.S., Giulietti, A.M. Martins, S.E. 2017. Flora
Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 8. Instituto de Botânica, São Paulo, 414.

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