Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Belo Horizonte
FEAD-MINAS
2006
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Dissertação defendida e aprovada em 11 de dezembro de 2006 pela banca
______________________________________
Profª. Drª Patrícia Gazzoli - Orientadora
______________________________________
Prof. Dr. Edmilson de Oliveira Lima
________________________________________
Prof. Dr. Jorge Tadeu de Ramos Neves
II
DEDICATÓRIA
e são especiais
III
RESUMO
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre o estilo de liderança adotado pelas mulheres
Empreendedora da Associação Comercial de Minas Gerais. Este estudo reuniu diversos aspectos:
o empreendedorismo como uma abordagem importante dentro das estratégias e dos estudos
auto-conceito das mulheres a respeito das razões que as fazem se sentir empreendedoras, o perfil
das empresas das quais elas são proprietárias e o estilo de liderança adotado, se direcionado para
tarefas ou para pessoas. O trabalho desenvolvido resultou na identificação do perfil médio das
dirigentes como empreendedoras maduras, casadas, com dois filhos e boa formação acadêmica;
que se sentem empreendedoras como resultado de sua criatividade, de sua habilidade para
descobrir novas oportunidades e por sua capacidade em assumir riscos; e, ainda, por saber
motivar seus colaboradores e buscar realizar seus sonhos. Essa empreendedora está à frente da
empresa da qual é proprietária há mais de 5 anos, exerce poder de decisão, trabalha com um
pequeno número de funcionários, atua na área comercial e possui um faturamento anual de até
IV
estilo de liderança voltado para pessoas, sem contudo desconsiderar seu papel de cumpridora de
V
ABSTRACT
This study aims to develop a research about the leadership adopted by entrepreneur
women in the state of Minas Gerais, associated to Minas Gerais Commercial Association’s
Entrepreneur Women Council. The study includes several aspects: entrepreneurship as an up-
to-date and important approach in current administration study strategies; the impact and
structural changes caused by the arrival of women in the organizational milieu; and the
descriptive research was made, using a survey aiming to find relations between aspects such as:
the social-demographic profile of entrepreneur women, their self-judgement about the reasons
causing them to feel like entrepreneurs, the profile of companies owned by them, and the
leadership style adopted, whether it is mainly task-oriented or person-oriented. The study yielded
the definition of the profile of a mature woman entrepreneur, married, with two children and
good academic training, feeling herself to be an entrepreneur as a result of her creativeness, her
ability to find new opportunities and to run risks, and for being able to motivate her collaborators
and pursuing the realization of her dreams. This entrepreneur has been at the head of the
company for more than 5 years; she has decision powers, and works in companies with a small
commercial area. The women entrepreneurs researched prefer mostly person-oriented leadership
strategies, without neglecting their role as goal-fulfillers, thus also characterizing a task-oriented
style of leadership.
VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICOS
VII
Gráfico 20 – Ramos de atividades do negócio x Percentual de mulheres ...................... 73
Gráfico 28 – Tempo à frente do negócio x Estilo de liderança voltado para tarefas ...... 85
QUADROS
intra-empreendedores ................................................................................ 25
TABELA
VIII
SUMÁRIO
2 PROBLEMÁTICA ........................................................................................................... 4
3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 6
4 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 7
5 METODOLOGIA ............................................................................................................ .. 9
IX
6.2 Empreendedorismo feminino ................................................................................ ... 36
8 CONCLUSÃO ................................................................................................................. . 86
ANEXOS .................................................................................................................................. 96
X
1
1 INTRODUÇÃO
crescente participação da mulher como empreendedora, o que a leva a lidar com um maior
participação da mulher no mercado de trabalho tem sido cada vez mais marcante. Esse quadro
fornece farto manancial para pesquisas, tendo em vista a necessidade de se entender o grau de
atuação das mulheres nas organizações constitui uma abordagem de interesse, visto que as
mulheres. Além disso, observa-se que cada vez um maior número de mulheres decide abrir e
gerir seu próprio negócio. Segundo Jonathan (2005), 46% dos atuais empreendedores
acordo com os dados do SEBRAE-MG (2000), 45,67% das pequenas e médias empresas em
Minas Gerais são dirigidas por mulheres. Dessas empresas, 68,97% são microempresas e
31,03% são empresas de pequeno porte. A pesquisa do SEBRAE também revela dados
A conseqüência imediata desse processo é a influência cada vez maior das mulheres no
liderança cada vez mais destacados. Seu estilo de liderança é, assim, tema cada vez mais
Este trabalho busca identificar o estilo de liderança adotado pela mulher empreendedora
Minas Gerais. Particularmente, a pesquisa visa a identificar se seu estilo de liderança à frente
de seu próprio negócio assume características de liderança de estilo feminino (voltado para as
sendo que as relações dos estilos de liderança serão desenvolvidas ao longo do trabalho.
de comportamento. Foi também desenvolvida uma abordagem sobre a liderança e sua relação
empreendedora.
pode e deve ser uma importante alternativa em tempos de difícil empregabilidade. Além
disso, o papel da mulher na sociedade moderna exige de todos, inclusive dela mesma, um
respostas que se espera dela, inclusive no tocante à geração de renda. Em uma sociedade em
que, cada dia mais, as orientações organizacionais são determinadas pelas decisões e escolhas
3
das mulheres, cabe a elas um exercício efetivo de liderança que concretize sua contribuição
2 PROBLEMÁTICA
Neste trabalho, procura-se responder à seguinte questão: qual o estilo de liderança das
próprio negócio, concentra-se mais nas atividades relativas às tarefas (que seria um
posicionamento tido como masculino) ou se está mais voltada para atividades relativas às
pessoas (que seria um posicionamento tido como feminino). Dessa forma, este estudo lida
com esta dicotomia identificada por autores como Robbins (2001) e Grzybovski et al. (2002).
Não se objetiva com este trabalho estabelecer comparações ou juízos de valor para
identificar se algum tipo de liderança é melhor ou mais bem sucedido, nem mesmo constatar a
existência de um estilo de liderança mais adequado para ser praticado pela mulher
empreendedora.
DOLABELA, 1999): segundo o autor, ser empreendedor é antes de tudo uma escolha, um
comportamento pessoal, uma visão própria a respeito da vida e das coisas. É uma opção
pessoal de como levar a vida, de como buscar seus sonhos e permanecer sempre em busca
deles, mesmo que não alcançados na primeira ou na segunda tentativas. Enfim, é ser motivado
empreender não se limita a uma prática econômica ou a uma escolha profissional, mas é
5
muito mais que isto: refere-se à adoção de uma forma de comportamento, de um modelo de
vida, de um conjunto de valores que, se não for praticado, desqualifica a definição de alguém
3 OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo primordial identificar o estilo de liderança adotado
b. caracterizar o papel efetivo desempenhado por essas dirigentes em seus negócios, através
d. identificar se o estilo de liderança das empreendedoras está voltado para as tarefas ou para
as pessoas.
7
4 JUSTIFICATIVA
A relevância deste trabalho se justifica pelo fato de abordar temas-chave nos estudos
trabalho.
empreender, mais do que uma alternativa ao desemprego, tornou-se uma atividade importante
na sociedade atual, sendo até apontada, em alguns casos, como a solução para os problemas
do mundo organizacional. Várias pesquisas têm sido desenvolvidas sobre esse tema, como por
organização tornou-se condição sine qua non para se realizar uma análise consistente do que
empreendedor é uma relação compreensível, uma vez que a capacidade do líder de influenciar
aqueles que trabalham com ele é, com certeza, um dos pilares responsáveis pela estruturação
de um negócio de sucesso.
posições e assumindo postos de decisão. Acredita-se que esse fenômeno tenha alterado as
e nos modelos de condução das organizações (TOMAZ; FAVILLA, 2003; LAVINAS, 2003).
humanização do ambiente de trabalho, dentre outros, que são questões notadamente presentes
no universo feminino.
suas empresas, oferecendo ao mercado e aos clientes novos serviços e formas de gestão.
configura como um ponto de interesse não somente de cunho acadêmico, mas também
prático, pois se pretende com este estudo subsidiar e facilitar a compreensão dos gestores e
5 METODOLOGIA
foi determinada pelo fato de a pesquisa quantitativa possibilitar recolher – a partir de uma
1996).
pesquisa quantitativa, os números são usados como instrumentos que representam diretamente
a propriedade daquilo que se propôs estudar – que, no caso deste trabalho, relaciona-se ao
Grzybovski et al. (2002), que identificam o estilo de liderança voltado para pessoas como
típico do gênero feminino, coloca-se a questão sobre qual é o estilo de gestão das
pesquisador deve conduzir a pesquisa, não só porque qualquer trabalho deve atender a
condições gerais como validade interna e fidedignidade, mas também porque o pesquisador
liderança adotado por ela à frente de seus negócios. Para tal, foi pesquisado o universo das
Não se trata aqui de definir ou estabelecer uma conexão definitiva entre o gênero e o
sobre o perfil da mulher empreendedora, esse tema ainda tem um reduzido número de
estudos publicados. Assim, pretende-se que esta pesquisa possa contribuir para ampliar o
Quanto aos meios utilizados para a realização da pesquisa, optou-se pelo método de
LAKATOS, 1996).
instrumento de auxílio para que se pudesse definir, a priori e com clareza, as informações
que se desejava obter sobre o respondente e sobre seu comportamento. Para esse fim foi
Optou-se pela aplicação do questionário apresentado por Robbins (2001) não só pela
simplicidade de sua estruturação, mas também pelo fato de ele ser suficiente para alcançar o
objetivo deste estudo, qual seja, identificar o estilo de liderança das empreendedoras do
(2005) utiliza uma versão do mesmo questionário em seu estudo. Tatto (2005) e Hanaschiro et
al. (2005) também utilizam estruturas semelhantes ao questionário apresentado por Robbins
(2001), baseado na teoria da grade gerencial de Blake e Mounton (apud ROBINS, 2001) para
a identificação de estilos de liderança voltados para pessoas ou para tarefas. Além disso, esse
mesmo modelo de questionário bidimensional foi utilizado por Grzybovsky et al. (2002), em
sócio-demográfico das empreendedoras, do papel que elas efetivamente exercem nas suas
12
proprietárias que não exerceram um papel efetivo de dirigente e de tomador de decisão nas
empresas.
foram introduzidas a fim de se saber se, na sua própria opinião, ela se considera
mulheres proprietárias de empresas também selecionou os indivíduos retidos para análise, que
HISRISCH ; PETERS,2002).
Conselho da Mulher Empreendedora que eram donas de seu próprio negócio. Esse critério de
Conselho para este estudo. A pesquisa foi realizada primordialmente durante o congresso
mensagem eletrônica.
de forma a tornar possível a correta interpretação das respostas e o alcance dos objetivos
13
entre outros.
O questionário apresentado por Robbins (2000, p. 378) aborda itens sobre liderança
que devem ser respondidos ao longo de 22 questões. As respostas possíveis são sempre,
de maior valor (5) e nunca o de menor valor (1). O questionário se subdivide em dois grupos
liderança voltado para tarefas); e o segundo é composto das questões 13 a 22 (grupo B, que
indica estilo de liderança voltado para pessoas). A somatória das respostas a essas questões
(a partir dos valores de 1 a 5), em cada um dos grupos que compõem o questionário,
liderança muito voltado para as tarefas; e se a somatória das respostas às questões do grupo B
é maior que 40, há uma indicação de um estilo de liderança muito voltado para as pessoas.
necessariamente restrito ao indivíduo que possui seu próprio negócio: é possível empreender
como autônomo, como funcionário público, como professor, etc. Contudo, este trabalho se
identificar seu estilo de liderança. Este trabalho enfoca o conceito de empreendedor sob duas
facetas: uma, que é a faceta do empreendedor dirigente, dono de seu próprio negócio; outra,
pesquisa, seus objetivos e o tempo disponível para a sua realização. O Conselho da Mulher
relevante para o foco desse estudo. A criação desse Conselho pela Associação Comercial de
sua participação no meio empresarial e consolidando sua imagem como empreendedora. Esse
Conselho engloba parte das empreendedoras mineiras, mas acredita-se que o universo
representado por suas associadas retrate, com fidedignidade, o perfil das mulheres
empreendedoras mineiras, uma vez que se trata de uma organização que possui membros das
mais variadas regiões do Estado, além de ser reconhecida por um órgão de grande
ACM, proprietárias ou sócias das empresas, que estão à frente da condução administrativa do
15
seu negócio, com influência e poder de decisão – de forma a terem experiência no ato de
associadas que se identificam como donas de seu próprio negócio no ato de filiação,
preenchendo-se assim uma das exigências estabelecidas para se participar desta pesquisa.
Buscou-se atingir o total das empresárias que se classificaram com proprietárias no cadastro
enviados por meio eletrônico que não foram respondidos, dentre dificuldades de outras
6 REFERENCIAL TEÓRICO
6. 1 Empreendedorismo
significado, várias vezes estas palavras acabam por apresentar difícil compreensão ou
alcançam um significado muito mais específico do que aquele percebido na sua utilização em
situações cotidianas.
Pelo muito que é pronunciado, pelos seus vários significados e pelo seu alcance, um
dois critérios: (a) as atitudes e o comportamento empreendedor, que serão identificados a partir
condição específica de serem donas de seu próprio negócio e exercerem poder de decisão.
maior aprofundamento dos significados que este termo alcança em outras áreas que não
de vida, uma maneira de reagir diante dos fatos, uma escolha pessoal, um sonho acalentado e
cultivado dia após dia. Esse tipo de acepção do termo é coerente com várias abordagens
econômica e/ou comercial, Bernardi (2003) enfatiza que é falsa a afirmação de que é
presentes no ato de empreender podem ser resultado de um processo passível de ser ensinado e
desenvolvido.
18
empreendedoras já nasceram assim não encontra respaldo na análise dos elementos que
capacidade de iniciativa e uma característica pessoal voltada para assumir riscos por meio da
influência familiar ou pelo modelo de criação. Podem ainda ter sofrido imposição para
empreender por recebimento de herança, ou podem ter tomado uma decisão pessoal de
abandono de emprego por ausência de reconhecimentos, ou podem ainda ter optado por
exigência de renda para sustento imediato pessoal e/ou familiar, ou na busca de exercício de
atividade laboriosa – não necessariamente por necessidade financeira, mas, por exemplo, em
contexto ocioso de aposentadoria. Essas motivações, embora não possam ser isoladas do seu
e é natural que assim seja: há pessoas que nasceram com um perfil próprio que lhes permite
criar seus negócios e trilhar um caminho de sucesso. Elas são referência e exemplos a serem
seguidos, mas comprova-se a cada dia, por várias experiências, que o empreendedorismo pode
características clássicas do empreendedor, que vão de alguma forma torná-las mais preparadas
pessoas empreendedoras, que são aquelas que tomam iniciativas, organizam e reorganizam
Os autores indicam, ainda, que as circunstâncias que fazem com que certas pessoas
decidam empreender em alguma atividade que lhes pareça confortável e rentável, apesar de
que esse termo pode ser claramente associado ao ato de empreender, embora a resultante do
positivo ou negativo – não seja necessariamente determinante para o emprego do termo. Pelo
notadamente na figura paterna ou em alguém mais velho que represente um exemplo a ser
indivíduo, e elemento estimulador para uma tomada de atitude semelhante. O exemplo atua
Salim, Nasajon et al. (2004) abordam a idéia de que o indivíduo é estimulado a assumir
um espírito empreendedor a partir da análise pessoal de como seria sua vida individual diante
negócio. Reforça-se essa atitude com outras mais que compõem o perfil de alguém que assume
Colombo”; condição pessoal favorável para a canalização de forças e energia para colocar
20
ser entendido principalmente como uma opção de vida, uma escolha pessoal, um modelo de
vista de Filion sobre o empreendedor: é a pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões.
Constata-se nesse conceito a importância dos valores e crenças pessoais que se correlacionam
pois não só as pessoas são individualmente diferentes, como também são diversos os ramos de
empreendedor e que, em seu conjunto, formam o protótipo de uma pessoa definida como tal:
primeiros obstáculos; criatividade; propensão maior que a média a correr riscos pessoais e
combinação de realizações novas. Os empresários seriam pessoas que têm a função de colocar
em prática novas realizações. Tal conceito revela-se importante na medida em que Diniz
influenciado pela forte presença estatal na economia. Percebe-se que há uma aparente
empreendedor;
22
necessário o planejamento não só para a criação do próprio negócio, mas também para
dedica ao próprio negócio ocorre no momento em que alguém decide enveredar pelo caminho
certas regalias e “seguranças” que, eventualmente, poderiam estar presentes em outros tipos
novo empreendimento;
do melhor resultado;
• exercer, com equilíbrio e acerto, a difícil tarefa de tomar a decisão correta na hora
certa;
23
empreendedora.
uma estrutura organizacional. Por sua vez, tais características estabelecem condições que, de
uma forma ou de outra, acabam por inibir a prática do espírito empreendedor (HISRICH;
PETERS, 2004).
24
recursos para a aplicação estratégica a que se destinam. Por fim, a gestão empreendedora
trabalha de acordo com modelos de gestão, (b) o empreendedor, dono do seu próprio negócio,
QUADRO 1
Falhas e Tenta evitar erros Lida com erros e Tenta esconder projetos arris-
erros e surpresas falhas cados até que estejam prontos
Decisões Geralmente concorda com Segue o sonho Capaz de fazer com que
os que têm cargos na com decisão os outros concordem em
administração superior ajudar a realizar seu sonho
que, por sua vez, terão implicação direta na condução do seu próprio negócio.
Nasajon et al. (2004), quando definem “oportunidade” como sendo a reunião de interesses
como explorar tal oportunidade, por outro lado, passa necessariamente pela definição e
cada vez mais idéias revolucionárias são raras, uma vez que, embora possa surgir alguma
idéia ou algum produto inédito, é quase certo que sempre haverá um concorrente ou um
essa idéia inicial seja viável e aplicável no momento certo, já que idéias, aparentemente
viáveis, podem ser descartadas se o “timing” de seu desenvolvimento for errado. O autor
destaca que qualquer oportunidade referente ao negócio do empreendedor deve ser analisada
oportunidade?
27
Contudo, o autor ressalta que não existe um mapa da mina para a definição da
oportunidades.
sobre o resultado do trabalho do empreendedor, uma vez que a sua capacidade de influenciar
aqueles que trabalham com ele é, com certeza, um dos pilares responsáveis pela estruturação
de um negócio de sucesso.
transmitir o seu ponto de vista e o seu entusiasmo pessoal, levando toda a equipe a
comum – não uma atitude em sentido de mão única e sim de mão dupla, mas que será
Deming (1990) define o objetivo da liderança como o interesse de obter, não só dos
homens, mas também das máquinas, a melhor qualidade e a maior produção, além de oferecer
às pessoas a satisfação pelo trabalho que realizam. O autor aponta ainda uma característica
que classifica como negativa para a liderança: anular as causas que impedem as pessoas de
ação de indivíduos que facilitam o movimento de um grupo de pessoas que buscam atingir um
influência. O autor aponta ainda que se pode entender liderança como um processo de
29
humano.
de Welch (2005), que aborda a liderança sob o prisma coletivo. Welch (2005) explica que,
resultante desse processo também acarreta um retorno estritamente pessoal. Por outro lado,
do líder é contribuir de maneira decisiva para que os outros alcancem suas metas e seus
na mensagem desse executivo, que como profissional identificou o processo de liderar como
uma atividade permanente, senão sua principal atividade cotidiana de trabalho, é que o
exercício da liderança é algo totalmente dinâmico e contingencial, não cabendo uma definição
perfeito de liderança.
Bennis (2002) destaca que, para o exercício exemplar da liderança, deve-se observar
estabelecer um significado àquilo que se está fazendo, gerar confiança sustentável pelo maior
30
possibilidade de as coisas darem certo. Por fim, o autor afirma que somente com a conquista
administrador: os líderes são pessoas que fazem as coisas certas, e os administradores são
pessoas que fazem as coisas de forma certa. Ou seja, os líderes são os que criam alternativas e
e tomando decisões fora dos padrões estabelecidos. Desta forma, eles determinam resultados
organizações que, apesar de serem bem administradas, são mal conduzidas. Segundo esse
a definição clara das suas intenções e objetivos, aliada a um senso claro da direção a seguir e
uma auto-visão mais amadurecida, que implica na sua participação como colaboradores e não
como subordinados. Para tal condição, a atuação dos gestores deve estar obrigatoriamente
Gil (2001), assim como Penteado (1973), Bergamini (1991), Bowdtich e Buono (1992)
e Pereira (2005) salientam que o processo de liderar pode estar relacionado às seguintes
considerações:
outras, que irão constituir o perfil adequado para a prática da liderança. Essa
humanas; por outro lado, o líder autoritário com ênfase nas tarefas é oriundo da
liderança aos liderados. Por isso, não adianta tentar classificar modelos de
1
Como exemplo dessa teoria, destaca-se a teoria situacional de Hersey e Blanchard (apud PEREIRA, 2005),
que se concentra na aceitação da ação do líder pelos liderados.
32
Bowdtich e Buono (1992) destacam que, embora em determinado momento uma teoria
possa ser mais difundida do que outra, nenhuma delas é capaz de explicar a contento e de
liderança.
Enfim, conclui-se que o paralelismo dos elementos enfocados pelos dois campos
temas, que assumem significados sinônimos em muitas situações da vida prática e no discurso
acadêmico.
Segundo Robbins (2002), do espaço vigente entre a teoria dos traços (que concebe a
dos Estilos, que se concentra no aspecto comportamental dos líderes. Busca-se compreender o
então, ao final dos anos 50 e início dos anos 60, o enfoque de estilo de liderança voltado para
pessoas ou para tarefas (PENTEADO, 2005; ROBBINS, 2002). Segundo Robbins (2001),
descritos pelos subordinados envolvidos nas pesquisas, e continua a servir de base para a
dos líderes estão centrados na realização dos objetivos e das metas do grupo, na estruturação e
33
na definição das tarefas a serem executadas, bem como no cumprimento dos prazos pré-
está na origem da chamada grade gerencial de Blake e Mounton (apud ROBINS, 2001),
nove-por-nove que apresenta em seus eixos os elementos de foco nas pessoas e de foco na
quadrante da grade gerencial onde se verifica tanto a ênfase nas tarefas quanto nas pessoas.
de sua aplicabilidade e simplicidade (FILHO; REIS, 2004; LOBATO, 2005; TATTO, 2005).
de vista do pesquisador, ou mesmo da ênfase que se queira dar ao trabalho a ser desenvolvido,
estilos poderiam ser entendidos como desdobramentos mais detalhados e/ou específicos do
2005).
determinada por seu passado, pelo seu conhecimento acumulado, pelo conjunto de seus
valores e crenças e por sua experiência. Além disso, os autores ressaltam as características
34
mulheres, que as mulheres tendem a exercer um estilo mais democrático de liderança, focado
nas pessoas, enquanto os homens adotam um estilo mais diretivo, centrado nas tarefas. No
entanto, o próprio Robbins aponta que, muitas vezes, na prática, essas diferenças de estilo não
se identificam com o sexo do líder. Uma das causas apontadas pelo autor para o fato é a
seleção efetuada pelas organizações na escolha das pessoas que irão ocupar cargos de
autor chama a atenção para a tendência das empresas atuais de incentivarem o trabalho em
decisões; ou seja, as empresas atuais desejam gerentes e líderes que escutem e incentivem
muito mais natural pelo gênero feminino do que pelo gênero masculino.
Grzybovski et al. (2002) em seu estudo sobre as empreendedoras do Rio Grande do Sul. A
das mulheres, ou então a não confirmá-lo para o grupo de empresárias estudado, o que reforça
escolaridade maior que o dos homens; contudo, isso não traz como conseqüência direta a
ascensão das mulheres aos postos mais elevados das organizações. Os autores reforçam as
35
idéias de Engen (2001), segundo as quais uma das possíveis explicações para o lento avanço
das mulheres aos postos mais elevados das organizações seria a ausência de um modelo
líderes com perfil de gênero masculino (centrado em elementos como hierarquia e tarefas).
Ressalta-se, mais uma vez, que o objetivo deste estudo é única e exclusivamente a
identificação do estilo de liderança da mulher empreendedora, não cabendo aqui, nem sendo
esgotam neste trabalho, que se configura somente como uma contribuição a mais ao debate
36
masculino, onde os homens fardados passam a se vestir com macacões, e as botinas dão lugar
aos tênis. Com o advento da mulher no mercado de trabalho, esse desenho econômico-
preocupação das mulheres com seu trabalho, sua carreira e sua profissão intensifica-se muito
mais a partir da década de 70. Emergiu então, com mais consistência, a discussão sobre os
pessoal e profissional. Tal embate se viu refletido dentro das organizações e foi estimulado
contribuindo para intensificar os conflitos entre as exigências dos múltiplos papéis sociais que
as mulheres são obrigadas a desempenhar. Elas são conscientes de que o papel profissional é
tão importante quanto todos os outros inerentes à sua condição feminina, como os papéis de
mãe, esposa, dona de casa, entre outros. A conseqüência direta do debate sobre a
desenvolvida pela mulher de conciliar carreira, casa, filhos, etc; a percepção aguçada para
desempenhados pelas mulheres, o que lhes permite decidir sobre diferentes coisas ao mesmo
envolvidos.
ainda, maiores transformações provocadas por suas ações como gerentes ou dirigentes das
organizações.
feminino e influenciadas pelo desempenho, pela visão e pelo “sexto sentido” feminino, o que
conhecimento é a mulher. A lealdade (valor feminino) passa a ter tanta importância quanto o
sucesso pessoal (valor masculino). Assim, uma tendência quase irreversível, que está se
1990).
Naisbitt e Aburdene (1990) demonstram ainda que o desafio básico de liderança na era
equilíbrio pessoal. Tal tarefa exige atuações díspares e complementares: o papel de professor,
Os autores enfatizam o novo perfil do executivo nas organizações como sendo alguém
claramente feminino, uma vez que a prioridade para as mulheres é geralmente o equilíbrio
entre vida profissional e pessoal. Elas priorizam conjuntamente carreira e família, enquanto o
arquétipo masculino é muito mais voltado para o cumprimento de tarefas e para a busca do
sucesso. No entanto, mesmo com todo o progresso e todas as conquistas recentes das
Lavinas (2003) indica que tal fenômeno ocorre ainda como reflexo de todo um
histórico político, social e econômico notadamente “machista” dentro das organizações, mas
aponta uma tendência de regressão dessa condição. Nota-se uma diminuição gradual e
39
constante na diferença de renda entre os sexos na mesma função, embora tal processo venha
também acompanhado da necessidade de a mulher estar sempre mais preparada que o seu
oponente para colocar-se como apta para a mesma função. A autora conclui que, onde a
mulher está mais bem preparada e mais desenvolvida em sua formação, menor é a diferença
Observa-se um interessante fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos: uma
aumentando assim a força feminina no mercado de trabalho. Lavinas (2003) credita tal
favoráveis; e, por fim, à modificação dos modelos tradicionais de relação de trabalho, com o
incremento das atividades informais e do trabalho por conta própria, que favoreceu o estilo
Em vista das transformações ocorridas nas organizações com o advento das mulheres
no mercado de trabalho, fica ainda mais reforçada a relevância desta pesquisa. Este estudo
vai ainda além, apontando a disseminação cada vez maior do empreendedorismo. Além disso,
esta pesquisa abre espaço para uma discussão interessante e fundamental relativamente ao
mundo organizacional.
montar sua própria empresa o fazem impulsionadas por uma série de elementos e por
motivações as mais diversas. Essas motivações a autora chama de empuxos, que podem ser
positivos ou negativos.
tarefas familiares, busca de conquistas pessoais provocadas por mudanças pessoais ou por
Além disso, a maior parte das mulheres, no momento em que decidiram assumir uma
momento, sinalizações que indicam ser aquele o momento de se arriscar, e consideram essa
posição como um passo natural a ser dado em suas vidas. Também assumem uma postura
ativa, no sentido de que assumem os riscos de sua própria vida econômica e decidem sair de
uma posição de letargia ou reclamatória de sua própria condição, passando a atuar como
(WILKENS, 1989).
41
Gray (1992) afirma que aspectos intrínsecos ao universo feminino estão associados a
auxílio como uma atitude comum, e não como sinal de fracasso e incompetência; e percebe os
conselhos e sugestões como atos corriqueiros e bem-vindos. Além disso, Gray (1992)
empreendedora, para que se possa entender como a mulher conduz seu próprio negócio e para
que se possa identificar quais elementos característicos do gênero feminino estão presentes no
barreiras legais que, durante anos, funcionaram como empecilhos ao processo de empreender
análise de contratos. Ser casada era uma indicação inequívoca de dependência do marido; o
(WILKENS, 1989).
contribuição fundamental para a escolha profissional do empreendedor. Mais ainda, sua auto-
estima reflete-se diretamente nos seus negócios e influencia fortemente a sua visão de mundo
teorias de Miller (1998) e McClelland (1972), que estruturam a comparação entre os variados
empreendedora, devido ao processo discriminatório do qual a mulher foi vítima, durante todo
realizadores. Tal base seria composta por elementos distintos, mas interligados, listados a
seguir:
• busca constante de exercer algum tipo de poder e/ou autoridade sobre os outros.
fatores motivacionais, habilidade de gestão e histórico profissional. Elas são mais movidas
pela busca de realização, pela superação dos obstáculos e discriminações sofridos na própria
empreendedores:
movidas por grande entusiasmo, mas também motivadas por uma experiência profissional
frustrante, o que pode caracterizar a opção por empreender muito mais como uma busca
advindos de um outro emprego, fazem a opção de empreender como uma operação real de
• de maneira similar aos perfis de gestão, as empreendedoras são sempre mais tolerantes e
empreendedoras estudados, não significando que não possam existir casos em que tais
Hisrisch e Peters (2004) consideram que alguns desses elementos, embora comumente
encontrados, não são absolutos. Eles permitem, no entanto, delinear perfis com características
QUADRO 2
Motivação Realização: lutam para fazer as coisas acontecerem Realização: conquista de uma meta
Independência pessoal : auto-imagem relacionada ao Independência: interesse em fazer as
status obtido por seu desempenho na corporação não é coisas sozinha
importante
Satisfação no trabalho advinda do desejo de estar no
comando
Grupos de apoio Amigos, profissionais conhecidos (advogados, Amigos íntimos, cônjuge, família,
contadores) associados ao negócio, cônjuge grupos profissionais femininos,
associações comerciais
difícil quanto os próprios obstáculos enfrentados por ela nos ambientes profissionais
tradicionais. Contudo, segundo Wilkens (1989), a capitalização pela mulher de suas próprias
forças individuais é condição fundamental para a viabilização dessa opção. Para ela, as forças
tipicamente femininas são capazes de assegurar uma base de sustentação para o bom
A autora indica assim que somente a mulher terá a confiança necessária para adotar um
credibilidade pessoal para o desempenho da empreendedora, que tem como principais aliadas
muito mais firme na mulher empreendedora, de forma a possibilitar-lhe exercer sua escolha
como dona do próprio negócio. Através de seu estudo, os autores salientam que as próprias
mulheres são extremamente exigentes com elas mesmas. Por essa razão, têm alto nível de
envolvimento emocional com seu trabalho e exercem a multiplicidade de papéis que são
obrigadas a desempenhar.
47
Associação Comercial de Minas Gerais, foi desenvolvida a análise dos resultados obtidos. O
perfil das empreendedoras mineiras foi identificado a partir da análise de elementos tais como
dados demográficos, o auto-conceito (obtido com o levantamento das razões apontadas como
aquelas que fazem as mulheres se sentirem como empreendedoras), o perfil das empresas das
quais as empreendedoras pesquisadas são proprietárias e o estilo de liderança adotado por elas
à frente de suas empresas (se muito ou pouco voltado para tarefas ou para pessoas). Os
resultados do levantamento e da análise dos dados recolhidos é que serão apresentados neste
capítulo do trabalho.
experiências de vida pessoal e profissional, já que 30% das respondentes possuem mais de 30
anos e 52,5% se situam na faixa dos 41 aos 60 anos, conforme se verifica no gráfico 1 abaixo.
48
30,00
27,50
30,00
25,00
25,00
Percentual de Mulheres (%)
20,00
15,00
7,50 7,50
10,00
2,50
5,00
0,00
Menos de 20 anos Entre 21 e 30 anos Entre 31 e 40 anos Entre 41 e 50 anos Entre 51 e 60 anos Mais de 60 anos
Idade
Esse perfil de mulher madura e com experiência acumulada torna-se evidente na análise
do número de filhos das respondentes: 20% destas não possuem filhos, 10% possuem somente
um filho, 47,5% possuem dois filhos, 10% têm três filhos e 12,5% têm mais de três filhos.
Tal perfil se completa com um total de 62,5% de mulheres casadas, 20% solteiras e
17,5% divorciadas, segundo os dados recolhidos na pesquisa (vide gráfico 2). Tal fator pode
17,50%
20,00%
62,50%
Na pesquisa teórica que fundamenta este trabalho, Hisrich e Peters (2001) e Lavinas
dentro das organizações o fato de a mesma estar alcançando postos de comando nas empresas.
Contudo, para alcançar tais postos, a mulher precisa ser mais escolarizada que os homens,
mulheres donas de seu próprio negócio: 62,5% das respondentes têm graduação ou título
superior (37,5% com graduação, 17,5% com pós-graduação e 7,5% com mestrado), conforme
demonstrado no gráfico 3.
50
Mestrado 7,50
Escolaridade
Pós-graduação/MBA 17,50
Ensino médio/formação
35,00
técnica/curso normal
Graduação 37,50
(68%) concluiu sua formação nas áreas humanas e sociais, sendo que 24% optaram por áreas
G 68,00
70,00
R
60,00
Á
Percentual de Mulheres (%)
F
50,00
I
40,00
24,00
C
30,00
O
20,00
8,00
4,00
10,00
Área de Formação
Tal indicativo reforça o comportamento que essa mulher empreendedora irá adotar no
exercício da liderança em sua empresa, uma vez que sua formação salienta e reforça as
Pode-se afirmar que as mulheres mineiras, donas da sua própria empresa, participantes
formação acadêmica como prioritária no exercício de administrar o seu próprio negócio. Isso
pode ser comprovado a partir dos dados apresentados através do gráfico 5, onde é
52
à escolaridade das respondentes. Das mulheres há mais de 10 anos à frente de suas empresas,
27,5% possuem formação superior: 12,5% têm diploma de graduação, 10% de pós-graduação
12,50 12,50
12,00
10,00 10,00
9,00
Percentual de Mulheres (%)
7,50 7,50
6,00
5,00 5,00
5,00 5,00 5,00 5,00
2,50
3,00 2,50 2,50 2,50
0,00
Até 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos
condições pessoais e financeiras necessárias para realizar sua formação acadêmica. A esse
empreendedora do norte do estado do Paraná, indicado por Machado et al. (2003), e os dados
mulheres casadas na faixa etária de 38 a 50 anos, 78% da amostra pesquisada possuem dois
10% com pós-graduação). É também conhecido o perfil das mulheres executivas das
empresas familiares do município de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, apresentado por
Grzybovsky et al. (2002). Nesse trabalho, foram focalizadas as mulheres que se situam
acadêmica de nível superior. Os resultados desse trabalho também mostraram que 57,69% das
empreendedoras são casadas e possuem filhos, o que corrobora o perfil encontrado em nossa
pesquisa.
empreendedora de regiões tão diferentes e distantes entre si, como Minas Gerais, norte do
Paraná e interior do Rio Grande do Sul, pode-se vislumbrar uma tendência no perfil de mulher
empreendedora. Contudo, essa percepção precisa ainda ser validada a partir da realização de
Convencionou-se que, para ser aceita na amostra desta pesquisa, a mulher dona do seu
Solicitou-se que fossem apontadas, na questão quinze do questionário, três opções que,
Assim, 25% das mulheres que responderam ao questionário apontaram a opção “sou
criativa e inovadora” como a principal característica que faz com que elas se sintam como
negócio”, com 17,5%. 10% das respondentes apontaram como principal razão “ser dona do
próprio negócio” e 10% indicaram a opção “quero ganhar dinheiro”. Estes dados podem ser
observados no gráfico 6.
55
7,50
Sei motivar meus colaboradores
perfil apontado por Dolabela (1999), Dornellas (2001) e Hisrich e Peters (2002), no qual se
referencial teórico deste trabalho: Hisrich e Peters (2001) indicam que existe uma base de
56
comportamento comum às pessoas que podem ser apontadas como empreendedoras, estando
Os autores acreditam também que as mulheres exercem de forma mais conservadora a gestão
de si mesmas, onde características como ser criativa e descobrir oportunidades indicam uma
Ser dona de seu próprio negócio (10%) e a vontade de ganhar dinheiro (10%) indicam
decisão de abrir e administrar seu próprio negócio, indicando que tal decisão a torna uma
pessoa com um perfil empreendedor. Assim, ela se coloca como a principal responsável pelo
seu dinheiro e seu destino, uma vez que é através de seu desempenho como empreendedora
que ela espera se sustentar e realizar suas conquistas. Tal posicionamento encontra respaldo
posicionamento de dona de seu destino e maior responsável por suas decisões pessoais.
57
Quando se analisa mais detidamente a principal razão apontada como aquela que auto-
mencionado anteriormente, a opção “ser criativa e inovadora” foi apontada por 25% das
observados a esse respeito é que a maior parte das mulheres que apontaram esta razão como
fator principal encontra-se na faixa etária entre 31 e 40 anos (vide gráfico 7).
G
Sei me apresentar em público e
2,50
tenho boa projeção social
R
2,50
Sou uma líder nata
externos à empresa
C 2,50
Sei motivar meus colaboradores 5,00
2,50
O Assumo riscos
2,50
2,50
7,50
Quero ganhar dinheiro
2,50
2,50
Descubro oportunidades p/ 7,50
7,50
desenvolver meu negócio
5,00
Sou criativa e inovadora 7,50 10,00
2,50
–
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00
Percentual (%)
Cabe ainda uma outra consideração quanto à escolaridade: das mulheres que
empreendedoras, 24% têm sua área de formação concentrada nas áreas humanas e sociais
(gráfico 8).
0,00
Tenho formação técnica e acadêmica 0,00
4,00
necessária ao sucesso
0,00
0,00
Tenho bons relacionamentos 0,00
externos à empresa 4,00
0,00
0,00
0,00
Quero ganhar dinheiro 0,00
4,00
0,00
0,00
Busco realizar meus sonhos 4,00
0,00
0,00
Administro com esmero os 0,00
R a z ã o n º1
4,00
processos no negócio
4,00
0,00
0,00
Sei motivar meus colaboradores 0,00
8,00
0,00
4,00
Sou dona do próprio negócio
4,00
e responsável
4,00
0,00
Descubro oportunidades p/ 4,00
desenvolver meu negócio 0,00
12,00
0,00
0,00
Assumo riscos 4,00
12,00
4,00
0,00
Sou criativa e inovadora 0,00
24,00
Percentual (%)
Ciências humanas e sociais Ciências gerenciais (administrativas) Ciências exatas Ciências biológicas
sentir como tal, a segunda razão mais votada como principal para se sentir empreendedora
também foi “sou criativa e inovadora”, com 24%, seguida por “descubro oportunidades para
desenvolver meu negócio” apontada por 15% das entrevistadas (gráfico 9).
G
Tive idéia inicial em como 2,50
R
deslanchar meu negócio
C
R azão nº 2
7,50
Busco realizar meus sonhos
O
Quero ganhar dinheiro 10,00
9 12,50
Assumo riscos
–
Sou criativa e inovadora 25,00
Cabe uma constatação peculiar: as mulheres que não dividem o poder de decisão dentro
como empreendedoras. Já aquelas que, de alguma forma, dividem o poder com um sócio,
Esses dados revelam que nas empresas onde as mulheres dividem a gestão com um ou
mais sócios, sua responsabilidade possivelmente esteja atrelada a atividades estratégicas como
a-dia, como custos, vendas, produção, entre outras, são deixadas a cargo dos demais sócios.
Esta conclusão pode ser corroborada pelo gráfico 18, de acordo com a análise desenvolvida
do perfil das empresas na sessão 3 deste capítulo, onde destacam-se as áreas em que as
mulheres empreendedoras atuam com poder e decisão. As áreas indicadas pelas respondentes
foram: planejamento estratégico, recursos humanos, tecnologia, área jurídica, dentre outras.
61
0,0
Sei me apresentar em
00,0
público e tenho boa
projeção social
2,5
0,0
0,0
Sou uma líder nata
2,5
2,5
Busco realizar meus sonhos
0,0
0,0
0,0
Tenho formação técnica e acadêmica 00,0
0 5,0
necessária ao sucesso
2,5
Administro com esmero os
processos no negócio 0,0
0
2,5
Tenho bons relacionamentos 0
2,5
externos à empresa 0,0 0
2,5
0,0 0
7,5
Sou criativa e inovadora 0,0 0
17,5
Total poder de decisão Sem poder de decisão Poder de decisão dividido entre os sócios
inovadora” e “descubro oportunidades para o meu negócio” como as razões apontadas como a
primeira e a segunda mais importantes para as empreendedoras mineiras se sentirem como tal,
como elementos fundamentais para o entendimento das mulheres mineiras entrevistadas neste
empreendedoras, com 12,5% das respostas, são as opções “assumo riscos” e “sei motivar
meus colaboradores”.
de opções voltadas para atividades e processos relacionados ao ser humano dentro das
empreendedora: com a porcentagem de 15%, foi assinalado “assumir riscos”, que já havia
sido a terceira mais votada como segunda razão. As outras opções marcadas como terceira
razão foram: “busco realizar meus sonhos”, com 12,5%, e “tenho visão diferenciada e
especial das pessoas”, com 10%, o que pode ser visualizado no gráfico 11.
63
Descubro oportunidades p/
7,50
desenvolver meu negócio
caracterizar-se como uma atuação relacionada às pessoas, seja em nível estritamente pessoal
(na busca de realização dos sonhos pessoais), seja em nível de terceiros (no exercício da
haviam tido alguma experiência anterior no negócio em que atuavam e 50% não haviam tido
64
atividade em que atuam não determina diferenças substanciais para a auto-definição como
empreendedora.
negócio (77,5%), enquanto 22,5% dividem sua atenção com a administração de um outro
negócio, do qual também são proprietárias, conforme pode ser observado no gráfico 12.
77,50
80,00
70,00
60,00
Percentual de Mulheres (%)
50,00
22,50
40,00
30,00
20,00
10,00
0,00
Sim Não
anos, e ainda 32,5% delas estão no mercado há mais de 10 anos (vide gráfico 13).
De 5 a 10 anos 20,00
De 2 a 5 anos 20,00
De 1 a 2 anos 15,00
Tal aspecto se torna relevante quando se observa que 12,5% das mulheres pesquisadas
estão à frente de seu negócio atual por um período entre 5 e 10 anos, e 30% há mais de 10
anos. Isto perfaz um total de 42,5% do total das mulheres empreendedoras mineiras filiadas
25,00 30,00
25,00
20,00
20,00
Percentual de Mulheres (%)
15,00 12,50
12,50
10,00
5,00
0,00
Até 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 5 anos De 5 a 10 anos Mais de 10 anos
atuação à frente de suas empresas, bem como uma longevidade diferenciada das próprias
empresas, uma vez que, de acordo com dados do SEBRAE, 56% das empresas brasileiras,
No caso das empreendedoras mineiras pesquisadas, isso pode ser um indicativo tanto de
organizações com, no máximo, R$ 100.000,00 (cem mil reais) de faturamento anual, sendo
que 76,92% contam em seus quadros somente com, no máximo, 10 funcionários (vide
gráficos 15/16).
67
76,92
80,00
70,00
60,00
Percentual de Mulheres (%)
50,00
40,00
30,00
12,82
20,00
5,13
2,56 2,56
10,00
0,00
Até 10 Entre 11 e 50 Entre 51 e 100 Entre 101 e 150 Mais de 150
68,42
70,00
60,00
Percentual de Mulheres (%)
50,00
40,00
30,00
21,05
20,00
5,26
2,63 2,63
10,00
0,00
Até R$100.000,00/ano Entre R$100.001,00 e Entre R$500.001,00 e Entre R$1.000.001,00 e Mais de R$5.000.000,00/ano
R$500.000,00/ano R$1.000.000,00/ano R$5.000.000,00/ano
não se encontram registros nem banco de dados que demonstrem a escala dos negócios, nem
Pode-se considerar a possibilidade de que tal opção (micro e pequenos negócios) seja
elucidação mais objetiva dessa questão pode ser objeto de um estudo complementar.
Tal fator não pode, contudo, caracterizar falta de ambição, incapacidade, ausência do
objetivo de crescimento, por exemplo, que uma análise precipitada poderia indicar. Até
pesquisadas estão à frente de suas empresas indicam uma tendência de negócios maduros,
O fato de o perfil das empresas ter se concentrado em micro e pequenos negócios, aliado
gerencial, que pode ser de uma grande necessidade para empresas menores, que carecem de
autonomia e poder de decisão na gestão do negócio. 52,5% responderam que detêm o poder
máximo dentro da organização, o que indica o poder das empreendedoras de definir os rumos
estratégicos dos seus respectivos negócios. Tais observações podem ser visualizadas na
52,50
42,50
50,00
40,00
Percentual de Mulheres (%)
30,00
20,00
5,00
10,00
0,00
Sim Poder de decisão dividido entre os sócios Não
Esse aspecto reforça a caracterização do empreendedor feito por Dornellas (2002), onde
empreendedor.
Além do exposto, 75% das empreendedoras pesquisadas indicaram que atuam com
gráfico 18).
Na área de desenvolvimento
15,00
de produtos
Na área de marketing
22,50
e vendas
Á rea s co m p o d e r d e d e cis ão
Na área administrativa
10,00
e logística
Na área de recursos
15,00
humanos
No planejamento estratégico
20,00
da organização
Em todas as áreas
75,00
da organização
Esse cenário permite desenhar um perfil de uma empreendedora atuante. Mesmo quando
não se constata que sua atuação abrange a empresa como um todo, nas áreas em que se faz
com faturamento superior a R$500.000,00 por ano (10,52% do total). São empresas cujo
perfil e escala se diferenciam do universo das micro e pequenas empresas que caracterizaram
16). Contudo, não se verificam diferenças primordiais no perfil das mulheres que são
proprietárias de empresas de maior porte. Pode-se assim concluir que a escala de faturamento
e o número de empregados, entre outros fatores que determinam o tamanho de uma empresa,
podem até ser influenciados, e certamente o são, pelo desempenho das empreendedoras, mas
anexo).
Aponta-se ainda que 50% das empreendedoras pesquisadas, donas de seu próprio
negócio, dividem o poder, de alguma forma, com sócios. Desse universo, as mulheres que
assinalaram a opção de que dividem o poder nas suas empresas com sócios, 33,0%
responderam que esse sócio é o pai, e 16,67% indicaram que o sócio é o marido (gráfico 19).
50,00
50,00
40,00
33,33
Percentual de Mulheres (%)
30,00
10,00
0,00
Sócio (s) Pai Marido Outros
NOTA: A soma do percentual é superior a 100%, pois o entrevistado podia fornecer mais de uma resposta à
questão.
72
Contudo, é interessante notar que, das mulheres pesquisadas que apontaram a existência
da divisão do poder na empresa, 42,85% disseram que dividem esse poder com sócios que não
são nem o pai nem o marido. Tal constatação permite abstrair que a mulher empreendedora
mineira, ao buscar um sócio, submete-se a dividir o poder em sua empresa com pessoas com
as quais têm afinidade não necessariamente familiar, o que pode ser um indicativo importante
mulher no mercado de trabalho e dentro das organizações, estando essa mulher mais
24,72% possuem dois sócios. Contudo, ao contrário das empreendedoras mineiras, as norte-
paranaenses, em sua maioria (30%), têm na figura do marido a pessoa com quem mantêm
sociedade. Teria esse dado levantado uma evidência importante que permitiria considerar a
empreendedora mineira mais avançada e mais propensa a assumir riscos, pelo menos no
posterior.
Um outro ponto a destacar refere-se à a análise quanto ao ramo de atuação das empresas
comércio, cujo índice dentro da amostra pesquisada é de 72,50%. A segunda opção é a área de
73
serviços, com 27,5%, sendo seguida da indústria, que responde por 12,5% da amostra. Tais
Outros 7,50
Ramos de Atividades do Negócio
Indústria 12,50
Serviços 27,50
Comércio 72,50
Percentual de Mulheres(%)
forma muito mais efetiva na área de serviços, uma vez que seria nesse setor que a mulher
serviços, como setor terciário. Ao mesmo tempo, a atuação comercial exige no desempenho
gestão.
Carvalho et al. (2001) confirmam a tendência de atuação no terceiro setor como forma
de a mulher conciliar suas funções de mãe e esposa, entre outras, com uma atividade
profissional que proporciona mais tempo para o exercício das múltiplas tarefas assumidas.
masculinizado, enquanto sexo e gênero, do setor industrial. No entanto, tal fenômeno pode ser
inúmeros papéis pessoais que desempenha, também demonstra sua múltipla capacidade
empreendedora, uma vez que 20% da amostra (8 empreendedoras) assinalam que as mulheres
no terceiro setor, notadamente no comércio, ao apontar em seu trabalho que 35,7% das
universo pesquisado. Também foi esse o resultado encontrado por Grzybovsky et al. (2002):
na sua pesquisa, 86,3% da amostra indicou o comércio como o ramo de atuação das
Isso pode ser avaliado como uma escolha das mulheres empreendedoras mineiras
pesquisadas por atuar em um setor que é aquele mais adequado ao perfil feminino. A opção
Para isso foi utilizado o questionário desenvolvido por Robbins (2001), que em sua
estrutura permite definir se o estilo de liderança adotado pelo respondente está mais voltado
para tarefas (Grupo A) ou mais voltado para pessoas (Grupo B). Conforme mencionado
liderança, que recebem pesos de 1 a 5 e que, em sua somatória, irão indicar o estilo de
liderança adotado. A somatória das respostas às questões do grupo A (questões 1 a 12) maior
que 47 pontos indica um estilo de liderança muito voltado para as tarefas. A somatória das
Segundo Robbins (2001), a Teoria dos Estilos, fundamentação teórica sobre a qual se
(teoria dos traços). A teoria dos estilos se concentra no aspecto comportamental dos líderes.
realização dos objetivos e metas do grupo, na estruturação e definição das tarefas a serem
orientação de liderança muito mais voltada para pessoas do que para tarefas.
Na análise do grupo de respostas que indicam liderança orientada para tarefas (questões
muito voltada para tarefas, conforme já descrito. Nesse caso, 55% das respondentes somaram
mais que 47 pontos, indicando então liderança muito voltada para tarefas (gráfico 21).
45,00%
55,00%
Liderança pouco voltada para tarefas Liderança muito voltada para tarefas
voltado para pessoas (questões 13 a 22, referente ao Grupo B do questionário), obtém-se uma
concentração muito maior: 80% das respostas obtiveram uma pontuação maior que 40, o que,
segundo Robbins (2001), indica uma liderança muito voltada para pessoas (gráfico 22).
20,00%
80,00%
Liderança pouco voltada para pessoas Liderança muito voltada para pessoas
que 47 no Grupo A (55%), demonstra que o estilo de liderança voltado para pessoas é o estilo
também obteve como resultado um estilo de liderança mais voltado para pessoas, na pesquisa
No caso das empreendedoras mineiras pesquisadas, um aspecto que reforça a opção por
uma liderança voltada para pessoas é a média de respostas de cada grupo (A para tarefas e B
No caso da liderança voltada para tarefas (Grupo A), onde o parâmetro indicado para a
48,28 pontos. Quando se observa essa relação na liderança voltada para pessoas (grupo B),
TABELA 1
Desvio
Grupos n Média Mediana Mínimo Máximo
Padrão
40 48,28 49 5,84 28 59
Grupo A: liderança voltada para tarefas
40 44,80 46 3,74 35 50
Grupo B: liderança voltada para pessoas
Segundo Robbins (2001), quanto maior a diferença encontrada para mais em relação à
pontuação de corte de cada grupo do questionário (47 para tarefas no Grupo A e 40 para
pessoas no Grupo B), mais consolidado estaria o estilo de liderança adotado por cada grupo.
pontuação média foi de 48,28 pontos em relação à pontuação indicadora de liderança voltada
79
para tarefas, que foi de 47 pontos, indicando assim uma diferença de 1,28% pontos
percentuais.
pessoas (40 pontos), aponta uma diferença de 4,8 pontos percentuais, uma vez que a média de
Assim, os dados reforçam ainda mais a clara identificação de liderança voltada para
pessoas adotadas pelo grupo de mulheres empreendedoras donas de seu próprio negócio,
Gerais.
Tal perfil de liderança destaca-se pelo desenvolvimento de ações voltadas para o inter-
observação dos fatores motivacionais e de formação da equipe, bem como a identificação das
necessidades individuais, entre outros, que são fatores que caracterizam um estilo de gestão
liderança voltada para pessoas e para tarefas, foi possível chegar a conclusões específicas,
(2001).
liderança muito voltada para tarefas e, ao mesmo tempo, muito voltada para pessoas.
Encontra-se também 30% das empreendedoras com estilo de liderança pouco voltada para
tarefas e muito voltada para pessoas, 15% com estilo de liderança pouco voltada para tarefas e
tarefas e pouco para pessoas. Estes dados estão apresentados no gráfico 23.
80
5,00
30,00
50,00
15,00
Muito tarefa, muito pessoa Muito tarefa, pouco pessoa Pouco tarefa, muito pessoa Pouco tarefa, pouco pessoa
estilo de liderança muito voltado para tarefas e pessoas, e que representam 50% da população
pesquisada, são mulheres casadas, em sua maioria (40%) (outras 17,5% das mulheres casadas
apresentam um estilo voltado pouco para tarefas e muito para pessoas, conforme gráfico 24).
O que se abstrai destas relações é a opção fortemente observada da adoção pelas mulheres
casadas de um estilo de liderança que pode até se concentrar em tarefas, mas sempre está
estilo de liderança pouco voltado para tarefas e pouco voltado para pessoas, o que poderia até
mesmo ser interpretado, na leitura de Robbins, como indivíduos com pouca liderança.
81
40,00
42,00
35,00
Percentual de Mulheres (%)
28,00
21,00 17,50
14,00 10,00
7,50
5,00 5,00
5,00
7,00 2,50 2,50 2,50
2,50
0,00
0,00
Muito tarefa, muito pessoa Muito tarefa, pouco pessoa Pouco tarefa, muito pessoa Pouco tarefa, pouco pessoa
a maioria das mulheres que têm só dois filhos não adota o estilo de liderança pouco voltado
para tarefas e pessoas ao mesmo tempo. Observa-se ainda que 30% das mulheres com dois
filhos adotam os dois estilos de liderança simultaneamente, e que somente elas adotam um
estilo de liderança muito voltado para tarefas e pouco para pessoas. Observa-se ainda que, na
adoção simultânea de estilo de liderança pouco voltada para tarefas e muito voltada para
pessoas, é possível encontrar todos os perfis das entrevistadas quanto ao número de filhos
(gráfico 25). Tais resultados levam a supor que a liderança parece se desenvolver com a vida
em família e na relação das mulheres com seus filhos. Não surpreende que essa liderança seja
30,00
30,00
20,00
15,00
12,50
10,00
5,00 2,50
0,00
Muito tarefa, muito pessoa Muito tarefa, pouco pessoa Pouco tarefa, muito pessoa Pouco tarefa, pouco pessoa
Nenhum filho Um filho Dois filhos Três filhos Mais de três filhos
com alta concentração das empreendedoras que são formadas nas áreas de ciências humanas
concentradas no estilo de liderança voltado para pessoas, mas ao mesmo tempo adotando um
estilo muito voltado ou pouco voltado para tarefas (24% em cada uma das combinações). É
empreendedora que possua formação gerencial e que adote um estilo de liderança muito
voltado para tarefas e pouco voltado para pessoas. Isto pode indicar uma constante
preocupação com o fator humano nas empresas, por parte das empreendedoras mineiras, o que
24,00 24,00
25,00
20,00
P ercen tu al d e M u lh eres (% )
15,00
12,00
10,00 8,00
8,00 8,00
8,00
0,00
Muito tarefa, muito pessoa Muito tarefa, pouco pessoa Pouco tarefa, muito pessoa Pouco tarefa, pouco pessoa
Ciências Humanas e Sociais Ciências Gerenciais (administrativas) Ciências Exatas Ciências Biológicas
muito voltado para tarefas e pessoas ao mesmo tempo, embora também se encontrem
empreendedoras com essa escolaridade em estilos de liderança pouco voltado para tarefas e
muito para pessoas (10%). Observa-se também que somente empreendedoras com grau de
escolaridade mais elevado (mestrado) adotam um estilo de liderança muito voltado para
tarefas e pouco para pessoas (gráfico 27), mesmo sendo mulheres formadas em ciências
24,00 22,50
18,00
15,00
Percentual de Mulheres (%)
12,50
12,00
10,00
6,00
0,00
Muito tarefa, muito pessoa Muito tarefa, pouco pessoa Pouco tarefa, muito pessoa Pouco tarefa, pouco pessoa
Entre as mulheres pesquisadas que indicaram adotar um estilo de liderança voltado para
tarefas, percebe-se uma distribuição mais equilibrada, embora não exata, do estilo de
liderança voltado para tarefas, independentemente do tempo de atuação das mulheres à frente
15,00
Mais de 10
anos 15,00
5,00
De 5 a 10
anos 7,50
Tempo a frente do negócio
15,00
De 2 a 5
anos 10,00
7,50
De 1 a 2 5,00
anos
12,50
Até 1
ano 7,50
<= 47 > 47
No entanto, nota-se que as mulheres que estão há menos de 5 anos à frente de seus
negócios apresentam maior liderança voltada para tarefas do que aquelas há mais de 5 anos à
frente de seus negócios. Isto pode significar tanto um fenômeno geracional quanto um
O que se permite abstrair das correlações estabelecidas a partir dos diferentes estilos de
liderança (se muito ou pouco voltado para tarefas e pessoas) é o caráter comportamental
liderança nas pessoas. Sabe-se, contudo, que em função das responsabilidades gerenciais e
8 CONCLUSÃO
sobretudo, se esse estilo de liderança está mais direcionado para tarefas ou mais voltado para
pessoas.
Além desse ponto específico, o trabalho direcionou-se para obter informações adicionais
empresas das quais elas são proprietárias, e ainda quais seriam as razões que fazem essas
nas organizações em particular e na sociedade em geral, sendo visto como uma opção
feminina como ator inerente e altamente decisivo dentro da estrutura econômica atual, sendo
de hoje, uma vez que as constantes modificações por que o mundo corporativo vem passando
87
exige novos modelos de competência do líder, que passa necessariamente a ter que conviver e
majoritariamente constituído de mulheres casadas, com dois filhos, que se situam na faixa de
ciências humanas e sociais. Constatou-se também que a grande maioria das empreendedoras
de Minas Gerais possui micro e pequenas empresas, que faturam até R$100.000,00 (cem mil
reais) por ano e contam em seus quadros com no máximo 10 colaboradores. Além disso,
um traço importante, uma vez que, no ambiente nacional, verifica-se um alto índice de
importância dada por elas para a criatividade, para a inovação e para a capacidade de
seus colaboradores e a busca da realização de seus sonhos pessoais. Essas razões indicadas
Observou-se, por fim, que o estilo de liderança adotado pelas empreendedoras mineiras
entrevistadas se caracteriza fortemente pelo estilo de liderança voltado para pessoas, onde as
grupo, o que Robbins identifica como uma liderança feminina. No entanto, a liderança das
interessante: 50% delas também têm um estilo de liderar voltado para o cumprimento de
prazos, resultados e metas, ou seja, essencialmente voltado para tarefas, o que é considerado
levantados em trabalhos realizados por Machado et al. (2003), no norte paranaense, e por
Grzybovsky et al. (2002), na cidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Além disso, este
simultaneamente um estilo de liderança tanto voltado para pessoas quanto voltado para
tarefas. Os dados coletados apontam também a longevidade na dedicação das mulheres ao seu
constante com o aperfeiçoamento de sua formação pessoal, uma vez à frente de suas
com seu tempo, enfrenta os desafios cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua
com coragem ao assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e
diferenciadas, sem contudo abrir mão do compromisso assumido na gestão de suas empresas
exposição várias questões que podem e devem ser desenvolvidas em estudos complementares,
estratégica e pessoal da empreendedora como forma de conciliar seus múltiplos papéis, bem
ou mesmo estadual.
Por fim, buscou-se contribuir de alguma forma para o registro e o entendimento acerca
por completo. Assim, acredita-se que este trabalho é, sobretudo, coerente com as escolhas
pesquisador conviveu, que sem a menor dúvida devem ser reconhecidas como exemplos de
mulheres empreendedoras.
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA, Ana Paula; LIMA, Edimilson. Cada caso... que elas contam... é um caso... de
BENNIS, Warren. Liderança e gestão de pessoas. Coletânea HSM Management. São Paulo:
Publifolha, 2002.
BLAKE, R. R.; MOUNTON, J. S. The managerial grid. Houston: Gulf, 1964 apud
2001.
L.C. dos. Novas bonecas feitas de velhos retratos: investigando medos, ansiedades e
1987 apud DOLABELA, F., Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura, 1999.
uma análise do perfil dos lideres nas unidades operacionais. CienteFico, Ano IV, v.1,
Salvador, 2004.
HAIR Jr, Joseph. F.; BABIN, B.; MONEY, A. H..; SAMOUEL, P. Fundamentos de
Artmed, 2002.
Paulo: Atlas,1992 .
2003.
LENZI, Fernando C.; VENTURI, James L.; DUTRA, Ivan de S. Estudo comparativo das
MACHADO, Hilka V.; ST-CYR, L.; MIONE , A.; ALVES , Márcia C. M. O processo
de criação de empresas por mulheres . RAE eletrônica, v.2, n.2 , jul-dez / 2003.
Janeiro: Ed. Expressão e Cultura, 1972 apud LENZI, F. C.; VENTURINI, J. L.;
PENTEADO Jr., Whitaker. Técnica de chefia e liderança. São Paulo: Pioneira, 1973.
PEREIRA, Gilberto Braga. Vários olhares e sabores: efeitos do imaginário sobre liderança
RAY, Michael; RINZLER, Alan. O novo paradigma dos negócios. São Paulo: Cultrix,
1993.
Hall, 1982.
WELCH, J.; WELCH, S. Paixão por vencer: A Bíblia do Sucesso. Rio de Janeiro: Campus,
2005.
95
WILKENS, J. A mulher empreendedora: como iniciar seu próprio negócio. São Paulo:
McGraw-Hill, 1989.
96
ANEXOS
Ensino
2,56 0,00 0,00 0,00 0,00 2,56
fundamental
Ensino
médio
formação
30,77 2,56 0,00 0,00 0,00 33,33
técnica
curso
Escolaridade
normal
Pós-
Pós-
graduação 12,82 2,56 0,00 0,00 2,56 17,95
MBA
Pós-
Pós-
graduação 7,89 7,89 0,00 0,00
MBA
Q5 X Q17 Total
Até
Entre 11 e 50 Entre 51 e 100 Entre 101 e 150 Mais de 150
10
Ciências
Humanas e 48,00 4,00 8,00 4,00 4,00 68,00
Sociais
Ciências
Área de Gerenciais 8,00 12,00 0,00 0,00 4,00 24,00
Formação (administrativas)
Ciências
4,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,00
Biológicas
Ciências
Humana 68,
44,00 12,00 4,00 4,00 4,00
se 00
Sociais
Ciências
Área Gerenci
24,
de ais 12,00 12,00 0,00 0,00 0,00
00
Forma (adminis
ção trativas)
Ciências 4,0
4,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Exatas 0
Ciências
4,0
Biológic 4,00 0,00 0,00 0,00 0,00
0
as
10
Total 64,00 24,00 4,00 4,00 4,00
0,
Estado
Casada
Casada 51,28 5,13 2,56 0,00 2,56 61,54
Civil
Divorciad
10,26 5,13 2,56 0,00 0,00 17,95
a
10, 10,2
Um filho 0,00 0,00 0,00 0,00
26 6
N. de
Filho 38, 46,1
Dois filhos 5,13 2,56 0,00 0,00
s 46 5
5,1 10,2
Três filhos 2,56 2,56 0,00 0,00
3 6
Mais de 7,6 12,8
2,56 0,00 0,00 2,56
três filhos 9 2
76, 100,
Total 12,82 5,13 2,56 2,56
92 00
os
Três filhos 5,26 2,63 2,63 0,00 0,00 10,53
filhos
100,0
Total 68,42 21,05 2,63 5,26 2,63
0
Classes dos estilos de liderança <= 47 35,90 5,13 0,00 2,56 2,56
(Pessoas)
Q15 B X Q6 Entre
Entre Entre Entre
Até R$100.000,00/ano R$100.001,00 e R$500.001,00 e R$1.000.001,00 e Mais de R$5.000.00
R$500.000,00/ano R$1.000.000,00/ano R$5.000.000,00/ano
Classes
<= 40 13,16 2,63 0,00 2,63
dos
estilos de
liderança > 40 55,26 18,42 2,63 2,63
(Pessoas)
Questionário
Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre as mulheres empreendedoras em Minas Gerais,
pesquisa realizada para a tese de mestrado de José Luis Fernandes Nunes, mestrando da FEAD
Minas.
Para o sucesso dessa pesquisa, sua participação é fundamental. A senhora deverá responder
atentamente e sinceramente o questionário abaixo, tarefa que não tomará mais do que 5 minutos do
seu tempo. Nos questionários será garantido seu anonimato, assim como o de sua empresa. Amanhã
recolherei o questionário respondido, em envelope fechado.
104
Caso tenha dúvidas sobre o questionário ou queira saber mais sobre a pesquisa realizada, por favor
não hesite em entrar em contato com:
Sim
Não
Se for proprietária de vários negócios diferentes, para responder a esse questionário, por favor, eleja
o negócio que lhe é mais representativo e no qual tem atuação direta. Responda todas as questões
baseando-se nesse negócio.
105
Primeira parte:
Caracterização da empresa
até 1 ano
de 1 a 2 anos
de 2 a 5 anos
de 5 a 10 anos
mais de 10 anos
até 1 ano
de 1 a 2 anos
de 2 a 5 anos
de 5 a 10 anos
mais de 10 anos
.
Sim
Não
Agronegócios
Indústria
Comércio
Serviços
outro (s)
Qual (is)?
até 10 funcionários
entre 11 e 50 funcionários
entre 51 e 100 funcionários
entre 101 e 150 funcionários
mais de 150 funcionários
Segunda parte:
Seu papel na empresa
7. Seu negócio se caracteriza como Sociedade Anônima?
Sim
Não
Não
Sim
Quantos?
Sim
Não
Sim
Não
107
11. Se NÃO, quem detém esse poder? Marque quantas opções forem necessárias.
(Se a senhora respondeu SIM diretamente à Q. 12)
sócio (a)(s)
Pai
marido
Irmãos
Outro (s).
Quem?
Qual (is)?
Sim
Não
108
Embora abaixo a senhora possa identificar várias razões que a fazem sentir como empreendedora,
enumere as três principais razões que a fazem sentir como tal, sendo que:
assumo riscos
Tenho uma visão especial e diferenciada das pessoas e do mundo em minha volta
Terceira parte:
Seu estilo de trabalho
Leia cuidadosamente cada item. Reflita sobre seu comportamento em sua organização. Em
seguida, circule a letra que descreve mais precisamente o seu estilo de trabalho (apenas uma
reposta por pergunta). Utilize a seguinte nomenclatura:
18. Eu faço pequenas coisas para que os outros sintam prazer em fazer parte de minha
S F ? R N
equipe.
20. Eu aviso previamente os outros sobre as mudanças e explico como elas os afetarão. S F ? R N
Quarta parte:
Dados sócio demográficos do respondente
1. Escolaridade
ensino fundamental
ensino médio / formação técnica / Curso normal
Graduação
pós-graduação / MBA
mestrado
Doutorado
2. Idade
menos de 20 anos
entre 21 e 30 anos
entre 31 e 40 anos
entre 41 e 50 anos
entre 51 e 60 anos
mais de 60 anos
3. Estado civil
Solteira
Casada
Viúva
divorciada
cohabitação marital
4. Número de filhos
nenhum filho
um filho
dois filhos
três filhos
mais de três filhos
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )