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PAULO, Luiz F. A. O PPA como instrumento de planejamento e gestão estratégica.

Revista
do Serviço Público, v. 61, n. 2, p. 171-187, 2010.
RESENHA: O autor discorre sobre a discrepância entre a concepção do plano plurianual
enquanto instrumento de planejamento e gestão estratégica e sua utilização prática. Fundamenta
o artigo na Constituição Federal de 1988, apresentando os elementos legais que sustentam o
PPA. Em seguida, apresenta um breve histórico, discorrendo sobre como o Brasil se consolidou
e tem sido reconhecido enquanto um país com tradição em planejamento, discorrendo sobre
cada um dos planos plurianuais desde 1991. O autor apresenta uma sessão sobre a dinâmica de
construção de um plano plurianual, apresentando pontos fundamentais a serem considerados
durante o processo de planejamento. Utiliza uma imagem em forma de pirâmide para
demonstrar as dimensões estratégica e tática-operacional presentes no planejamento do plano.
O modelo de integração entre planejamento, orçamento e gestão é o ponto principal do artigo,
onde o autor defende sua utilização. O autor defende o PPA como instrumento tanto dos órgãos
de controle quanto (e principalmente) para os planejadores e tomadores de decisão, que em
muitas situações, ao invés de se beneficiarem com as possibilidades de panejamento estratégico
associadas ao PPA acabam por compreendê-lo como peça unicamente burocrática e sem
utilidade. O autor segue então com uma análise das possíveis situações que convergiram para
o descrédito do PPA enquanto ferramenta de gestão e planejamento estratégico, citando
inicialmente sua rigidez e foco nos programas. Aponta, também, para o detalhamento excessivo,
o que, para o autor, desvia o enfoque estratégico, mesmo que reconhecida sua importância. O
autor infere ainda, como um terceiro ponto, a existência de uma dubiedade que torna
incongruente a utilização de um mesmo objeto como ferramenta de planejamento e gestão
estratégica ao mesmo tempo um instrumento de transparência dos gastos públicos. A estratégia
de gestão do PPA adotada pelo ministério do planejamento, compõe, na perspectiva apontada
pelo autor, um quarto elemento que interfere de forma negativa na compreensão do PPA no
sentido defendido pelo autor. Ou seja, uma série de fatores somam-se para que o PPA não atinja
seu objetivo enquanto ferramenta de gestão e planejamento estratégico no âmbito das políticas
públicas. Ademais o autor verifica conflitos conceituais que necessitam maior discussão e
reflexão, tendo em vista a identificação de inúmeros pontos positivos na utilização adequada
do PPA. Neste sentido, o autor afirma que muitos pontos devem ser reavaliados, no que tange
ao modelo vigente adotado para a elaboração do PPA, uma vez que metodologias distintas
podem beneficiar sobremaneira a gestão pública. O autor denota, ainda, que não compete ao
PPA, ou não deveria, ser um instrumento de transparência dos gastos públicos, e sim orientar
este processo. Percebe, desta forma, uma subversão no papel constitucional do PPA, uma vez
que este deveria orientar as alocações orçamentárias e não ser composto exclusivamente por
elas.
PROCOPIUCK, Mario et al. O plano plurianual municipal no sistema de planejamento e
orçamento brasileiro. Revista do serviço público, v. 4, n 58, pp 397-415, 2007.
RESENHA: Os autores iniciam o texto destacando as inovações verificadas nas finanças
públicas, fazendo com que o processo orçamentário público torne-se cada vez mais complexo
e dotado de novas tecnologias, especialmente no âmbito regional (estadual e municipal). Neste
sentido, inferem a importância de instrumentos de gestão, considerando o crescente movimento
de descentralização das finanças e compras públicas. Os autores trazem alguns fundamentos
legais e teóricos sobre as ferramentas de gestão, trazendo a questão da implementação dos
PPAs. Segundo os autores, a evolução do processo orçamentário brasileiro, que vem sendo
caracterizado pela descentralização dos recursos, demonstra que as práticas e racionalidades
acerca da administração pública, relacionam-se ao período histórico e aos valores políticos,
econômicos, sociais e culturais referentes ao mesmo. Desta forma, a administração pública
conta com forças externas para a definição de premissas que irão nortear suas atividades, seu
planejamento e sobretudo as metodologias e estratégias de formulação e gestão de políticas
públicas. Os autores afirmam que “é por meio dos processos de orçamento e planejamento que
os governos, dentro das diretrizes políticas socialmente negociadas, são desafiados a exercer
eficientemente as suas funções alocativas, de estabilização, distributivas e de impulsão à ação
de agentes extra-estatais”. Neste sentido, denotam o plano plurianual como instrumentos
eficazes de controle e transparência de despesas públicas, desempenhando uma função
estratégica na alocação de recursos. Asseveram, ainda, que a institucionalização do PPA é um
marco positivo para a gestão pública, uma vez que introduz o princípio do planejamento a longo
prazo. Entretanto, demonstram preocupação e apontam para a urgência na realização de ajustes
regulatórios para a esfera municipal.

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