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Aprender

para
CRESCER
Primeira infância,
aprendizagem
e leitura
Aprender Para Crescer: Primeira Infância, Aprendizagem e Leitura
Esta publicação faz parte das ações e objetivos desenvolvidos pelo projeto "Ler Para Crescer". Projeto este
que foi aprovado no edital Nº 05 de Incentivo à Leitura, via Lei Aldir Blanc 2020 - Campo Formoso, Bahia.

Realização:
Projeto Ler Para Crescer
Email: lerparacrescer2021@gmail.com

Organização:
Caio Ricardo Santos Almeida
Thalita Evangelista da Silva

Criação de Arte:
Caio Ricardo Santos Almeida

Apoio:
Prefeitura Municipal de Campo Formoso através da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer via
Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Catalogado no acervo da Biblioteca Municipal Prof. Rômulo Galvão de Carvalho:


S586a
Aprender para crescer: Primeira infância, aprendizagem e leitura/organização: Thalita Evangelista da Silva,
Caio Ricardo Santos Almeida. Secretaria Especial da Cultura, Secretaria Municipal de Educação, Cultura,
Esporte e Lazer. Campo Formoso, Prefeitura Municipal, 2021.
1. Hábitos e técnicas de Leitura. CDD 028.
Caro leitor...
Quando estávamos apenas rascunhando esse projeto,
jamais imaginamos poder oferecer um material tão rico
e cheio de sentido como este. A leitura é um dos
presentes mais incríveis que pais, familiares,
cuidadores e professores podem oferecer a uma
criança. Não estamos falando somente de imaginação,
diversão ou entretenimento, mas, nessas linhas vocês
irão compreender a real beleza da leitura e sua
importância para o desenvolvimento global do ser
humano, pois nosso futuro depende disso. Reunimos
um conjunto de profissionais e especialistas em
educação e infância, tudo isso para oferecer as
melhores e mais importantes informações sobre esse
universo fascinante. Esperamos que inúmeras
sementes sejam plantadas a partir deste material, pois
nada nos deixa mais felizes do que poder contribuir
com a jornada de pequenos (grandes) leitores que irão
gerar frutos imensamente mais valiosos.

Cordialmente,
Caio e Thalita, criadores do "Ler Para Crescer"
Sumário
CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 3
O início da vida Hora da leitura
Primeira infância: o que a ciência tem a dizer sobre Leitura na infância: considerações sobre o
o investimento nos primeiros anos de vida? contexto da família
Infância e desigualdade social: qual o papel da Entrevista "Como a família pode ajudar a
educação no enfrentamento desse desafio? formar pequenos leitores?": com a Profa. Dra.
Entrevista "Criando e cuidando com afeto": com a Michelle Dourado
Psicóloga Maria Clara Cavalcanti Como ler para a criança de cada idade
Era uma vez: Como promover o
CAPÍTULO 2 desenvolvimento por meio da contação de
histórias?
A escola que queremos
Entrevista "O papel da escola na formação
Qual o papel da escola? O objetivo define a rota e a
de pequenos leitores": com a Profa. Dra.
consistência define o progresso Virgínia Alves Passos
Entrevista "Aprender para crescer na escola": com o Você sabia: funções
Prof. Dr. Marcelo Ribeiro executivas
Você já ouviu falar
em leitura dialogada?
Leitura e emoções
O INÍCIO
da vida
PRIMEIRA INFÂNCIA
O que a ciência tem a dizer sobre o investimento nos primeiros anos de vida?
Por: Marcela Fulanete Corrêa
O investimento na primeira infância, período que vai Pesquisas em neurociências apontam que o contato
do nascimento aos seis anos de vida, tem se com um ambiente pobre em estimulação na primeira
destacado como uma estratégia eficaz no combate infância resulta em déficits que acompanharão o
à pobreza, na redução de desigualdades sociais e indivíduo ao longo de sua existência (Lent,
na melhoria dos índices de saúde e educação em Buchweitz & Mota, 2018). Diante disso, implementar
todo mundo. James Heckman, economista programas dirigidos ao desenvolvimento do bebê e
americano e vencedor do prêmio Nobel em 2000, da criança nos primeiros seis anos de vida torna-se
demonstrou que países que aplicam dinheiro em essencial para o avanço social e econômico de
programas voltados aos cuidados na primeira qualquer país.
infância têm menores taxas de criminalidade,
gravidez na adolescência, evasão do ensino médio e
maior nível salarial (Heckman, Pinto, & Savelyev,
2013). No Brasil, a participação das crianças em
programas de educação infantil de qualidade, como
creches e pré-escolas, está associada a melhor
desempenho acadêmico, melhores empregos na
vida adulta e salários mais altos (Banco Mundial,
2002; Curi & Menezes-Filho, 2009).
A primeira infância é marcada por um rápido
desenvolvimento do cérebro. Nessa fase, as
interações com o ambiente promovem mudanças
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importantes nas capacidades físicas, intelectuais,
emocionais e sociais do bebê e da criança.
Um dos programas de desenvolvimento na primeira
infância mais bem avaliado em trabalhos científicos No Brasil, país onde mais de 21% das famílias com crianças
e reconhecidamente eficaz refere-se à leitura em na primeira infância vivem em situação de extrema
voz alta entre pais e filhos. Em uma recente revisão pobreza, apoiar programas ou serviços que permitam o
da literatura, Bondt, Willenberg e Bus (2020) contato precoce com livros torna-se um recurso
demonstraram que a doação de livros e o incentivo imprescindível na promoção do pleno desenvolvimento do
à leitura promovem interações verbais ricas e
indivíduo, no combate à pobreza e à desigualdade social
estimulantes entre os adultos e as crianças. Essas
interações estimulam o desenvolvimento da
linguagem e da inteligência, aumentam o interesse
da criança pela leitura e oferecem oportunidades
para a aprendizagem da leitura e da escrita. A
leitura em voz alta para crianças cria ainda
melhores condições para o desenvolvimento de
habilidades cognitivas necessárias para o controle
do pensamento, das emoções e ações, além de
melhorar a qualidade do relacionamento entre pais
e filhos, reduzindo a violência no ambiente
doméstico (Weisleder et al., 2018).
Em um trabalho inédito no Brasil, Mendelsohn e
colaboradores (2020) demostraram que a leitura
interativa em voz alta promove o desenvolvimento
na primeira infância mesmo em famílias com baixa
escolaridade. Como demonstrado pelos autores,
desde que os pais tenham acesso a livros
apropriados para a idade dos seus filhos, ter
poucos anos de estudo formal não impede o
desenvolvimento das crianças.

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INFÂNCIA E DESIGUALDADE SOCIAL
Qual o papel da educação no enfrentamento desse desafio?
Por: Leonardo Rodrigues Sampaio
O problema da desigualdade social em nosso país
tem reflexos importantes no desenvolvimento das
crianças, pois um nível socioeconômico mais baixo
contribui para que a família sofra insegurança
alimentar, tenha piores condições sanitárias e de
segurança, além de acesso restrito a recursos
educacionais e tecnológicos. Porém, a renda não
garante, por si só, que o ambiente será o ideal para
promover competências e habilidades fundamentais
ao longo de toda a vida. Diversos estudos mostram
os efeitos positivos da oferta de educação de
qualidade na vida de crianças, a partir do uso de
estratégias cientificamente embasadas, mesmo
quando elas se encontram em condições de risco
social.
Melhorar e adequar a estrutura física das creches e
escolas, adquirir equipamentos e materiais são
ações importantes para elevar a qualidade da
Educação Infantil. Porém, é crucial investir na
formação de professores, cuidadores e outros
agentes responsáveis pela educação de nossas
crianças.

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As evidências científicas mostram que a
organização do ambiente doméstico, uma
atmosfera acolhedora e o estabelecimento de
vínculos afetivos positivos são fatores que
também impactam no desenvolvimento das
crianças.
Por isso, oferecer espaços e oportunidades nos
quais os próprios pais tenham acesso a
conhecimentos que lhes permitam oferecer
estimulação de qualidade também em casa é mais
um exemplo de iniciativa que pode ser implantada
por gestores e autoridades públicas.

Uma política pública voltada para melhoria


da Educação Infantil representa um
verdadeiro projeto de desenvolvimento da
nação brasileira, que pode mudar esse
quadro de injustiça social que marca tão
profundamente o nosso país.

09
ENTREVISTA
Através dessa exploração e da obtenção de cuidado
responsivo, seu cérebro é estimulado em múltiplas
áreas, e bases mais sólidas para um melhor
Criando e cuidando com afeto desenvolvimento posterior são construídas.
Considerando que a família será o primeiro espaço
Maria Clara Cavalcanti é formada em Psicologia pela de socialização da criança, onde ela será recebida
Universidade Federal do Vale do São Francisco após o seu nascimento, é deles o papel de construir
(UNIVASF) e é Educadora Parental em Disciplina essa base afetiva sólida. Além disso, é a partir daí
Positiva pela Positive Discipline Association. que habilidades importantíssimas, como empatia e
Atualmente é pós-graduanda em Psicologia Perinatal e resiliência, são construídas. Estudos mostram,
seus temas de interesses sempre são voltados para inclusive, que crianças que estão em situação
os diversos aspectos do desenvolvimento infantil. Por socioeconômica desfavorável são psicologicamente
esse motivo, ela compartilha seus conhecimentos e o menos afetadas pelas privações que precisam
seu maternar no perfil @psicologiainfantilperinatal no passar quando estão rodeadas de cuidadores
Instagram, além de atuar como psicoterapeuta infantil. amorosos.

Qual a importância da formação de vínculos


afetivos no contexto familiar da criança?
O afeto, especialmente nos anos iniciais do
desenvolvimento infantil, possui o poder de ajudar a
modelar o cérebro da criança. Isso acontece pois
através dos vínculos afetivos a criança aprende a
interagir, a se comunicar, a conhecer a si mesma e ao
mundo. Quando ela chega, está tentando descobrir
como é o mundo fora do ambiente intrauterino. Se ela
é recebida com amor, atenção, afeto e cuidado, sendo
acolhida e tendo suas necessidades físicas e
emocionais bem atendidas, ela compreende que está
em um ambiente seguro, e se sente mais confiante 10
para explorar o lugar em que vive.
Por que é tão necessário que as crianças tenham O cuidado para estabelecer uma criação
uma educação que estimule o desenvolvimento adequada para a criança pode gerar
de habilidades socioemocionais? expectativas nos pais. Como lidar com esse
sentimento de maneira saudável, para que essa
As habilidades socioemocionais, que abrangem variáveis
cobrança não gere frustrações e sentimentos
comportamentais, emocionais e cognitivas, como a
ética, a empatia, a autoestima, o manejo da raiva, a negativos?
responsabilidade e a autonomia, por exemplo, permitem
Temos um crescente aprofundamento nos estudos
que a criança cresça e se desenvolva de forma a
acerca do desenvolvimento infantil, assim como em
conseguir tomar decisões mais assertivas, respeitando
estilos de criação distintos e suas possíveis
a si mesma e aos outros, que ela se perceba mais
consequências. Já sabemos hoje a importância de uma
segura de quem realmente é, do seu propósito de vida, e
educação que pense em seus impactos a longo prazo,
aja de forma ética, responsável e cuidadosa diante das
sendo assim respeitosa, com regras, limites e também
demandas que surgem para ela. Em outras palavras,
afeto, tudo ao mesmo tempo, de forma equilibrada, visto
crianças que encontram oportunidade para terem suas
que ela favorece o desenvolvimento de um maior número
habilidades socioemocionais estimuladas se tornam
de habilidades sociais e para vida. No entanto, na
mais tranquilas, comprometidas, disciplinadas, e felizes.
prática, sempre encontramos desafios. Precisamos ter
A importância para que isso seja oportunizado é
em mente sim o tipo de criação que queremos dar, como
tamanha que as habilidades socioemocionais tiveram
um destino a ser alcançado, para que sempre que
competências incluídas na Base Nacional Comum
peguemos um caminho muito distante de onde queremos
Curricular (BNCC), visto que urge no nosso país a
chegar, recalculemos a rota. Isso não quer dizer que na
necessidade de pessoas que tenham consciência social,
estrada até esse destino não possamos nos perder em
que tomem decisões de forma responsável, que se
algum momento, precisar de um guia, passar por
conheçam minimamente, e que consigam se relacionar
algumas pedras ou até receber orientações que na
com os outros de forma respeitosa e assertiva.
verdade nos distanciam mais de onde queremos chegar.

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Parentalidade ideal é diferente de parentalidade
possível. Estamos sempre fazendo o melhor que
podemos, dentro dos recursos que temos disponíveis
naquele momento. Não significa que é o nosso melhor,
não significa que somos cuidadores ruins por isso.
Acolher os nossos erros e vê-los como uma
oportunidade de aprendizagem é o primeiro passo para
não cair na culpabilização, afinal, o sentimento de culpa
nos paralisa, enquanto a responsabilização, por outro
lado, nos faz perceber que temos parte no que
aconteceu, e podemos olhar para ela e pensar em
como fazer diferente em uma próxima oportunidade.
Esse precisa ser um exercício diário, tentar ser hoje
melhor do que ontem, ainda que nem sempre
consigamos. O que fazemos com maior frequência
sempre será o que trará mais impacto para a vida das
crianças, ficar de olho nisso é uma forma de tentar ser
mais constante nas ações que desejamos, assim como
nos acolher quando saímos da rota planejada.

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A ESCOLA QUE
queremos
QUAL O PAPEL DA ESCOLA?
O objetivo define a rota e a consistência define o progresso
Por: Raick Bastos Santana
Os valores representam o que queremos e orientam
as nossas ações e decisões. Ou seja, os valores
definem os objetivos e a partir disso elaboramos um
planejamento para alcançá-los. Objetivos definidos
e planos traçados, são a base da motivação. Por
isso, a importância de se perguntar:

Qual a escola que queremos?


Porque as respostas a essa pergunta resultarão na
definição dos valores da escola. A prática cotidiana
dos comportamentos que correspondem a esses
valores, executada por cada integrante da
comunidade escolar, estabelece uma cultura. A
cultura é o que permite com que as pessoas se
identifiquem umas com as outras, compartilhem
interesses e objetivos, é a cultura que proporciona a
sensação de pertencimento. E a oportunidade de se
sentir pertencido, importante e necessário para se
alcançar um objetivo comum a todos, aumenta o
engajamento.

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Então, toda escola precisa saber quais são os seus
valores. Os integrantes da escola precisam,
Cada um precisa ser o exemplo dos
juntamente, elaborar e definir os valores, além de
descrever detalhadamente quais são os valores que espera que os outros
comportamentos que correspondem a cada valor. É cumpram e isso deve ser feito todos os
necessário que cada um saiba o que pode e deve fazer dias e em todas as oportunidades;
para alcançar os objetivos que todos desejam. Um
outro ponto importante, é que esses valores se
mantenham vivos. Por mais que exista mudança de
alunos, professores, gestão, os valores precisam
continuar. E para isso existem dois passos possíveis: Os comportamentos que correspondam aos
valores definidos pela escola devem ser
elogiados e aqueles que não correspondem,
reeducados. Assim, a cultura que demarca esta
escola, é construída e mantida.

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Além dos valores direcionados a toda a De ter a oportunidade de atualizar os seus
comunidade escolar, outros valores podem, conhecimentos sobre a vida e o mundo
ainda, aumentar o nível de envolvimento e o
rendimento escolar dos estudantes. E isso
acontece quando os valores definidos pela
escola e os comportamentos que De poder perceber e observar a beleza em suas
correspondem a esses valores representam as mais diversas manifestações e lugares
necessidades que os alunos têm de:

Se sentirem pertencentes a um grupo,


afiliados, amados pelos colegas, professores e De ter uma rotina com normas organizadas
demais membros da comunidade escolar e que permitam cumprir deveres e obrigações.
perceberem que deles recebem apoio social

Se sentirem autorrealizados com as suas Quando essas necessidades são preenchidas no


emoções, desempenhos, relacionamentos contexto escolar os estudantes tendem a
participar mais na sala de aula, realizar as tarefas
de casa, manter uma boa frequência, ter melhor
adaptação, maior motivação e envolvimento, bom
comportamento, maior interesse, maior vontade
de aprender, evoluir e se desenvolver.

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Nesse contexto, para facilitar o alcance da escola que se
deseja é importante conseguir identificar a escola que se
tem. E essa identificação é possível através da avaliação
e do diagnóstico realizados por cada escola. Além das
avaliações de larga escala que subsidiam o cálculo do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
cada instituição precisa saber as condições particulares
dos seus alunos. Ou seja, identificar se os estudantes
possuem as competências e habilidades
correspondentes ao seu estágio escolar e de
desenvolvimento, propostas pela Base Nacional Comum
Curricular. Caso se identifique atrasos ou déficits, a
comunidade escolar deve elaborar estratégias para
corrigi-los. Além da avaliação e diagnóstico, também é
fundamental que os professores recebam formação
continuada sobre as práticas mais seguras e eficientes e
tenham a oportunidade de trocar experiências com
outros professores. Outro aspecto imprescindível é que a
comunidade de pais e responsáveis possam se sentir
participantes do processo de educação dos filhos. Sendo
assim, a comunidade externa também deve ser
convocada para participar da elaboração de planos e
metas. E por último, mas não menos importante, os
alunos devem ser consultados sobre o que acham que a
escola e professores podem fazer para que eles
melhorem a qualidade do aprendizado e a satisfação com
o ambiente escolar.

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ENTREVISTA E sobre o aprender na educação infantil?
Aprender para crescer na escola Queria dizer que há algo fundamental aqui, que é a
capacidade de todo ser humano aprender. Embora
Marcelo Ribeiro é psicólogo pelo Centro de Ensino esse entendimento seja óbvio, precisamos estar
Superior de Maceió e é mestre e doutor pela Université sempre confirmando esse fato. E quando nos referimos
du Québec, Canadá. Também, é professor universitário ao professor e a criança, isso tem um peso ainda
e desenvolve projetos e pesquisas voltados para a maior. O professor é uma figura de autoridade e
infância, novas tecnologias, desenvolvimento e carregada de afetividade. Então ele (ou ela) é visto
aprendizagem. A partir dos seus conhecimentos na como alguém de relevante influência.
temática, ele reflete sobre a educação infantil no atual Se um professor não acredita na capacidade de seu
cenário brasileiro. aluno isso pode ser devastador. Veja! Estou falando
aqui da capacidade de aprender e não no quanto ou na
Como você vê a educação infantil? velocidade da aprendizagem, porque aí cada um tem
Geralmente há uma incompreensão acerca da um modo singular de viver o processo de
importância da educação infantil, como se fosse algo aprendizagem.
de pouco valor, pois não se nota a relevância do que
acontece na escola e seus desdobramentos para o
desenvolvimento das crianças. As professoras que
atuam nessa área, muitas vezes, sentem essas
incompreensões e isso não deixa de ser uma questão a
mais a ser superada. Por isso, nunca é demais dizer que
a educação infantil é muito importante para o
desenvolvimento da criança, justamente por se tratar
de um espaço (escolar) rico em mediações que
integram as dimensões do cuidar com o educar. As
professoras têm um papel fundamental, por isso elas
precisam ser mais valorizadas. Quero deixar aqui,
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portanto, minha homenagem a essas profissionais.
Falei da importância do professor validar e até Sabemos que essa relação professor e aluno é
expressar melhor a capacidade dos seus alunos importante, principalmente na educação
aprenderem, agora irei abordar a criança. Quando a infantil, mas como ficaria isso na relação
criança se sente acolhida e valorizada ela tende, dentre escola-família, sobretudo considerando as
outras coisas, a explorar melhor o seu ambiente e isso
diferenças entre as famílias e suas
repercute positivamente em seu desenvolvimento. Daí,
interferências na educação dessas crianças ?
é interessante apontar que, sendo todo ser humano
capaz de aprender, cada um vai aprender de uma forma
Esse é um ponto bem sensível porque algumas vezes
diferente. Esse olhar sensível passa ser um aspecto
há tensões entre a escola e a família no que diz
primordial a ser levado em conta.
respeito aos valores educativos. Na verdade, esse
ponto pode ser também uma rica fronteira para o
diálogo, negociações e entendimentos. É necessário
que “a escola” converse com a família e encontre
pontos de convergências. Sobre isso, por exemplo, há
boas iniciativas onde pais são envolvidos nas ações
escolares e passam a ter uma melhor compreensão via
a perspectiva da escola e vice versa. Há também a
questão da grande dificuldade das famílias se
implicarem com as questões escolares. Essa tem sido
uma das principais queixas. Sobre isso é importante
considerar ainda que cada família vive uma realidade
diferente e não é bom que se idealize uma família
perfeita. Então, as escolas precisam lidar com as
famílias reais, olhar para elas, conhecê-las e a partir daí
estabelecer relações mais realistas e dialogadas.

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Vivemos um momento atípico, que é o contexto
de pandemia da COVID-19, fazendo surgir a
necessidade de um ensino híbrido. Quais as suas "Esse assunto não se esgota aí, com toda
considerações sobre esse sistema? certeza, e há enormes e complicados
Veja... Certamente sairemos dessa vivência toda de um problemas, mas uma coisa é certa, a
modo diferente. E uma dessas mudanças tem a ver com questão desse hibridismo (com todos os
o ensino híbrido. Não exatamente como estamos
cuidados, é claro) pode ser enriquecedor..."
experimentando agora, mas no sentido de explorarmos
mais as possibilidades das novas tecnologias digitais da
informação e comunicação. É claro que agora há uma
saturação de tudo isso, mas vai haver uma estabilização
e cada vez mais iremos adentrar nas variadas formas de
vivermos os processos de ensino e aprendizagem
mediados por essas ferramentas. Obviamente que isso
não significa a substituição da relação face a face, tão
fundamental para o desenvolvimento infantil. Contudo,
indica uma integração, uma complementação... Esse
assunto não se esgota aí, com toda certeza, e há
enormes e complicados problemas, mas uma coisa é
certa, a questão desse hibridismo (com todos os
cuidados, é claro) pode ser enriquecedor...

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HORA DA
leitura
LEITURA NA INFÂNCIA
Considerações sobre o contexto da família
Por: Lucivanda Cavalcante Borges de Sousa

A família corresponde ao contexto mais próximo de


desenvolvimento e socialização da criança. A partir
das interações sociais vivenciadas nesse
microssistema, inicia-se a aprendizagem de regras
e padrões culturais. É nesse contexto onde a
criança estabelece as primeiras relações afetivas
que formam a base de seu desenvolvimento
socioecomocional.
A forma como os cuidadores familiares atendem às
necessidades das crianças impacta em suas
respostas ao ambiente físico e social em que vivem.
A esse respeito, destacam-se a responsividade e
sensibilidade maternas como fatores de proteção
ao infante diante de situações adversas, como o
estresse e a pobreza, contribuindo para protegê-lo
de problemas comportamentais futuros. Quando a
criança se sente amada, protegida e apoiada pela
família, os vínculos emocionais são fortalecidos,
assim como sua autoestima e sentimento de
autoeficácia.

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Como principal ambiente de socialização diária da
criança, a família tem um papel fundamental na
Desde o útero, o bebê já escuta o
construção do hábito da leitura na infância e na
som da voz materna e das pessoas
promoção do aprendizado e desenvolvimento
mais próximas dela.
infantil. A leitura é um importante instrumento para
o desenvolvimento linguístico, cognitivo e Então, interagir com o bebê,
socioemocional da criança, e deve estar presente conversando, lendo
em seu cotidiano desde o início da vida. pequenas histórias, ainda no
útero materno, é uma forma
Vamos pensar, então, como a família pode de promover o vínculo
construir esses momentos de leitura, e como a afetivo com ele e estimular
seu desenvolvimento.
criança, desde bebê, pode se beneficiar dos
mesmos?

Para respondermos a essa questão precisamos


entender que a criança é ativa e aprende desde Ler para o bebê fortalece o vínculo afetivo do
quando está no útero materno. No período de zero leitor com ela, constrói sentimentos de
aos seis anos de vida, conhecido como Primeira segurança e pertencimento; estimula o
Infância, o cérebro está passando por uma fase desenvolvimento da fala e a diversificação do
de rápido crescimento e conexões neuronais, que vocabulário; a atenção e concentração;
tornam as experiências vivenciadas nesse possibilita o conhecimento das diferentes
período da vida propiciadoras de aprendizagens formas de linguagem e a apropriação dos
mais rápidas e que exercem maior influência sobre símbolos e artefatos culturais. Conforme se
o desenvolvimento infantil. desenvolve, o bebê poderá participar de forma
mais interativa do processo de leitura.
23
Pais, mães, avós e demais responsáveis pela
criança atuam, portanto, como mediadores do
processo de leitura de histórias na infância.
Assim, é importante reservar um horário para ler
para e com a criança. Um momento sugestivo
para essa atividade é a hora de dormir. A leitura
pode, então, se tornar uma rotina prazerosa em
família, antes do horário do sono. Essa rotina
ajuda a construir uma relação afetiva entre a
criança e a leitura, assim como com aqueles
que leem para ela.
À medida que a criança se desenvolve, é
preciso adaptar a escolha e a leitura dos livros
ao entendimento dela, estimulando sua
imaginação e o interesse pela leitura. O
envolvimento da criança na história é um forte
aliado para que ela se interesse cada vez mais
em participar da leitura.

É fundamental considerar a criança como uma


parceira na leitura do texto, fazendo-lhe perguntas
sobre o conteúdo e a forma do que está sendo lido,
explorando os sentimentos presentes nos personagens
de histórias infantis, assim como aqueles expressos
pela criança em relação ao enredo da história.

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Apresentar-lhe bons livros, deixar que ela os Ademais, o hábito da leitura pelos adultos
manuseie e brinque com os mesmos é responsáveis pela criança é uma referência
importante para estimular sua apreciação pela para ela, pois as crianças aprendem muito pela
leitura, assim como levá-la para conhecer observação e imitação do comportamento das
bibliotecas e livrarias. Além dos livros de pessoas mais próximas e queridas por elas.
história infantis, outros materiais de leitura Portanto, dispor de tempo para estar com a
podem ser apresentados à criança, como gibis, criança, ouvi-la, brincar e conversar com ela
o álbum e/ou diário de sua infância, jornais e durante a leitura, torna esse momento natural e
propagandas. Isso vai ajudá-la a entender os prazeroso, como também estimula seu
diferentes usos da língua escrita. interesse em ler. Além disso, constrói um
alicerce importante para o seu desenvolvimento
integral.

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ENTREVISTA Os pais/cuidadores reconheçam a importância desse
momento para o processo de interação e
Como a família pode ajudar fortalecimento de vínculos.
a formar pequenos leitores? Televisão e celulares devem ser desligados, pois estes
Michelle Dourado alcançou o título de psicóloga pela
dispositivos impedem o total envolvimento.
Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF) e se tornou mestra em Psicologia Cognitiva
pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Também, concluiu seu doutorado pela UFPE e pela
Universidade de Coimbra, Portugal. Além de ser
professora universitária, também atua como
psicoterapeuta, principalmente voltada para a
orientação parental. E é por saber da importância da
família no desenvolvimento da criança, que ela discute
abaixo sobre a leitura no contexto familiar.

Em que momento a leitura deve acontecer?


É importante deixar claro que ler para a criança é algo
que sempre trará benefícios para seu desenvolvimento,
entre eles: ampliar vocabulário, inferir sobre eventos,
aprender estados emocionais etc. No entanto, reservar
um momento dentro da rotina da família para esta "Através do estabelecimento de um período
prática é essencial. Assim, sugere-se que: específico para a leitura a criança pode
desenvolver o gosto e estabelecer o
A leitura ocorra antes da criança ir dormir e que os hábito para realizar tal prática."
pais/cuidadores não estejam envolvidos em outras
atividades ou distraídos.
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Quais tipos de livro eu devo escolher para a criança?
Antes de comentar sobre esse aspecto é importante que
você responda a uma pergunta: “Você prefere ler algo sobre
um tema que te interessa ou que não tem afinidade?”
Acredito que a sua resposta foi: “que interessa”. Da mesma
maneira que acontece com você, a criança vai se sentir
interessada e entusiasmada ao ler e ouvir histórias sobre
algo que desperta a sua atenção, que faz seus olhinhos
brilharem! Por isso é tão importante que a criança faça parte
do processo da escolha do livro e que possa opinar
demonstrando as suas preferências e afinidades.

Como despertar o interesse da criança pela leitura?


O mais importante para que este objetivo seja alcançado é
que você torne a leitura um momento divertido! Existem
muitas estratégias que você pode usar, entre elas:
Use um tom de voz que demonstre entusiasmo e que seja
coerente com a situação da história que está sendo
relatada. Por exemplo, se estiver sendo contado algo que
envolva surpresa, você pode arregalar os olhos e usar uma
tonalidade mais forte; Demonstre interesse e envolva a
criança durante a leitura. Você pode usar este tipo de
comentário: “Nossa, que legal! Eu nunca imaginei que isso
fosse acontecer, e você?”; Incentive a criança a explorar as
figuras e desperte a sua curiosidade. Por exemplo: “Você
sabe que tipo de dinossauro é este? O que será que ele
comia?”

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0 a 5 meses
Nesse momento da vida os bebês começam a
prestar atenção nos gestos dos pais e a imitar
os sons. Os pais podem apontar para as
figuras que estão no livro e virar as páginas de
acordo com o interesse do bebê. Além disso,
dê nome as figuras em voz alta, imite os sons
que o bebê faz e observe a reação dele.

COMO LER PARA


De 6 meses a 1 ano
AS CRIANÇAS Nessa fase, os bebês já conseguem se sentar,
segurar os livros e também colocá-los na
boca. Recomenda-se que o adulto mude a
DE CADA entonação da voz, os gestos e as expressões
faciais de acordo com os acontecimentos da

idade
história. Por exemplo: se o personagem está
feliz, mostrar uma expressão de felicidade.

De 1 ano a 2 anos
Nessa idade, a criança consegue escolher os
livros que gostaria que fossem lidos. Também
aponta as figuras e copia as expressões e os
gestos do adulto que está lendo para ela. É
importante fazer perguntas para que a criança
responda apontando, por exemplo: “Onde está
o gato?”, “Quem faz miau?”.
28
De 2 a 4 anos
As crianças dessa idade gostam que os pais contem as mesmas
histórias várias vezes. Também repetem palavras e frases e
participam mais da leitura. Nessa fase é importante valorizar todas as
perguntas e comentários que a criança faz, pois são boas
oportunidades para começar uma conversa. Também, é importante
incentivar que a criança conte sua história favorita da própria maneira.

De 4 a 6 anos
Nessa fase, as crianças escolhem os livros que querem que os pais
leiam e fazem perguntas sobre as coisas que acontecem neles.
Converse com naturalidade sobre o livro e sua narrativa, incentive o
hábito da leitura levando a criança a bibliotecas ou livrarias para
escolher livros ou ouvir histórias. Também é recomendado deixar os
livros em um lugar acessível para que a criança possa pegar sempre
que quiser.

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ERA UMA VEZ... Algumas dicas para colocar a
Como promover o desenvolvimento contação de histórias em prática:
por meio da contação de histórias? Se você estiver sem ideias e sem um livro por
Autora: Samara Rocha perto, você pode contar uma história da sua
infância ou até mesmo uma situação que
A contação de histórias é simplesmente narrar aconteceu na sua vida!
histórias em voz alta e soltar sua imaginação!
Tente não contar histórias muito longas para
Contar histórias ajuda a desenvolver a capacidade crianças pequenas e nada de frases muito
mental e os vínculos, tudo isso através da grandes e rápidas, fale com calma.
imaginação e da observação do outro. Na contação
de histórias cria-se um ambiente de encantamento, Não é necessário usar materiais, mas caso
surpresa e emoção que fazem os personagens você possa, utilize objetos que tenham a ver
com a história, isso ajuda a prender a atenção
ganharem vida! E sabe o que mais? Você pode criar das crianças na narrativa, como: fantoches,
uma história ou então contar uma que você já panos, fantasias, brinquedos ou qualquer coisa
conhece, mas não se esqueça de adequar a que sua imaginação possa criar.
história para a faixa etária da criança!
Convide a criança a criar a própria história!
Mesmo os mais novos podem criar histórias
interessantes e divertidas. Essa atividade
estimula bastante a linguagem oral (fala) e
compreensão oral (ouvir o que as pessoas
dizem).

30
ENTREVISTA
O papel da escola na formação
de pequenos leitores
Virgínia Alves Passos é psicóloga Escolar Educacional
com mestrado em Psicologia Cognitiva pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
doutorado pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). Também, é docente do Colegiado de Psicologia
na Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF) e atua na área da Psicopedagogia e
enfrentamento à queixa escolar. Por acreditar que a
educação, principalmente no espaço da escola, tem
papel central na vida das crianças, ela responde
algumas questões sobre aprendizagem e leitura.

A leitura desperta a imaginação, criatividade e


curiosidade. Esses aspectos podem influenciar Uma das formas de respeitar a curiosidade infantil é
no aprendizado das crianças em sala de aula? legitimar toda pergunta realizada pelas crianças, como
também acolher suas inquietações e dúvidas. Não
Imaginação, curiosidade e criatividade são aspectos existe pergunta boba ou sem sentido. Caso o adulto
fundamentais para um desenvolvimento infantil saudável não entenda a pergunta, é importante pedir para a
e que favorecem a aprendizagem. As atividades criança explicar melhor, ou perguntar por que ela está
escolares precisam ser desenvolvidas de forma a querendo saber aquilo. Antes de responder, é
respeitar as manifestações da curiosidade da criança, interessante estimular que a criança diga o que pensa
favorecendo sua imaginação e criatividade. sobre o que está perguntando.
31
Essas formas de interagir favorecem que a criança ficar alguma situação semelhante que tenha vivido e
esteja cada vez mais atenta às informações e possibilita pensar em formas diferentes de lidar com
situações do seu universo. Também, favorecem que ela alguma situação. Uma leitura em sala de aula que
explore outras possibilidades de lidar com as estimule as crianças a expressarem suas ideias, a
informações, através da imaginação e da criatividade. opinar sobre o que leram ou escutaram, sem
Permitir que a criança explore seu pensamento, muitas julgamentos, sem avaliações, sem certo ou errado, sem
vezes um pensamento tido como “mágico”, e fale sobre atribuição de nota, favorece que a criança se sinta
o que pensa, que invente outras formas de pensar, respeitada e assim aprenda também a respeitar os
amplia aspectos importantes para o comportamento colegas. Os temas se tornam importantes à medida que
inteligente, tão favorável ao aprendizado. A leitura atendem aos interesses das crianças. Muitas vezes os
dialogada, a exploração de imagens dos livros, a troca temas despertam o interesse das crianças pela forma
de ideias com os colegas, são situações prazerosas como são apresentados, fazendo com que percebam a
que devem estar presentes nas salas de aula. relação daquele tema com sua vida e a dos seus
colegas. À medida que a leitura favorece aproximação e
A leitura, além de ser uma excelente ferramenta apropriação de situações do seu contexto,
para a aprendizagem, também é uma reconhecendo que faz parte do seu universo e das
ferramenta para a socialização. Como trabalhar pessoas que convive, isso favorece a socialização e um
a leitura em sala de aula para fortalecer os desenvolvimento saudável.
vínculos entre os colegas e discutir temas
A família e a escola são pontes entre a criança e
importantes, a exemplo do bullying?
os conhecimentos que ela adquire. De que
Muitos textos abordam, de forma lúdica e atrativa para maneira a escola pode orientar a família para
a criança, temas que fazem parte do seu cotidiano, estimular a leitura em casa?
abrangendo com frequência os aspectos que
Há diversas formas que a escola pode favorecer para
influenciam em seus relacionamentos interpessoais. A
que a família intensifique o hábito da leitura entre seus
leitura amplia as formas de lidar com a diversidade,
membros. Uma das formas é promovendo eventos
antecipa para a criança e a familiariza com situações
regularmente, com a participação da família, em que a
ainda não vividas, permite que a criança possa ressigni-
questão da leitura seja presente através de atividades
como dramatizações, exposições das produções das 32
crianças, recontos, entre outras.
questão da leitura seja presente através de atividades de incentivar a participação dos pais, sem que alguma
como dramatizações, exposições das produções das dificuldade de participação deles se torne punição ou
crianças, recontos, entre outras. O desenvolvimento exclusão para as crianças. Abrir um espaço para trocas,
de projetos de leitura é outra valiosa estratégia, sendo onde os pais compartilhem como tem sido suas
importante que a família entenda seu papel e seja experiências, expressem dificuldades, pode colaborar
estimulada a participar. Como por exemplo, através de para um maior engajamento da família nos projetos,
leituras de livros, orientação para leitura dialogada, favorecendo a superação de algumas dificuldades que
exploração de imagens pelas crianças estimuladas estiverem sentindo. Sugestões de livros e orientações à
pelos pais, realização de leitura compartilhada da família sobre como trabalhar são valiosas, estimulando
criança com seus pais. A escola pode sempre divulgar que estes também apresentem suas sugestões de livros
informações sobre os projetos realizados como forma e de atividades.

33
Por: Tamires de Lima
Para que uma criança compreenda bem uma
história, é necessário que utilize diversas
habilidades mentais durante a leitura, a
exemplo das funções executivas.

34
ELEMENTOS DAS
funções executivas
A memória de trabalho: Achou curioso?
Auxilia o pequeno leitor a atualizar As Funções Executivas
as informações que chegam à também auxiliam em diversos
mente a respeito dos personagens. outros processos
importantes:
O controle inibitório:
Contribui para que a criança foque a
sua atenção na história, sem se Na autorregulação de emoções e
distrair com as outras coisas ao comportamentos;
seu redor!
Na resolução de problemas
A flexibilidade cognitiva: matemáticos e de testes de língua
portuguesa;
Faz com que o leitor mirim enxergue
contos, fábulas ou romances
Ajuda até na aprendizagem de um
através de diferentes pontos de
novo jogo!
vista.
35
Que tal treinar um pouco D F V L O S E R A L T
dessas habilidades que A U E A I F O U E A U
auxiliam na compreensão A N E P I L O A I R M
da leitura brincando com o
caça-palavras ao lado? B Ç C RM E E A O I T
C Õ R E R X K U U I U
W E S N E I T T A AM
O S E D S B P O B R Q
R E S E O I E R C U U
U X C R L L N R D T E
A E R A V I S E E I M
B C I B E D A G T E E
C U T C R A R U A L E
D T A D J D U L MU L
A I R ÒM EMA I L H
E V Y I O U G Ç UMO
I A H A I C N A F N I
O S A L T R V O G A O
FUNÇÕES EXECUTIVAS - PENSAR - ESCRITA - RESOLVER - MEMÓRIA
APRENDER - LEITURA - INFÂNCIA - FLEXIBILIDADE - AUTORREGULAÇÃO
36
Você já ouviu falar em
leitura dialogada?
Por: Samara Rocha
Essa prática é um verdadeiro bate-papo entre o
adulto e a criança, com perguntas, respostas e
comentários, fazendo com que a criança assuma
um papel ativo durante a leitura. Ela estimula
tanto a linguagem, como também reforça e
aprimora as habilidades linguísticas e os
conhecimentos adquiridos na escola.

37
O QUE FAZER NA
Antes de ler o livro, mostre para a criança a
capa, fale o título e o nome do autor. Pergunte
a ela sobre o que deve ser a história

leitura dialogada? baseando-se capa. Caso você já saiba a


história, tente explorar um pouco o tema. Por
exemplo, se for sobre animais, peça que ela
fale o que sabe sobre eles.
Encontre um lugar tranquilo e silencioso, onde
você mantenha o celular e a televisão
desligados.

Escolha um momento propício, no qual você


possa reservar um tempo só para você e para
a criança. Algo entre dez a vinte minutos a
depender da idade da criança. É importante
ressaltar que os livros devem ser adequados
para a faixa etária.

Convide seu filho para ler um livro com você,


pois a leitura deve ser prazerosa tanto para
você como para seus filhos, então não force
ou constranja a criança a participar. Busque
encorajá-lo!

Decida qual será o livro que vocês lerão


juntos. É interessante que seja algo divertido
para o adulto e para a criança.

Se acomode de um jeito que seu filho consiga


ver o livro, seu rosto, expressões e gestos.
Apesar do colo ser algo que promove um
toque acolhedor e afetivo, neste momento,
priorize a troca de olhares e sorrisos.
38
Ao ler, explore muito as ilustrações. Questione o Ao fim da leitura, peça para que a criança reconte a
que os personagens estão fazendo, nomeie os história. Isso ajuda a exercitar as habilidades de
objetos, chame a atenção para as formas fala, vocabulário e de compreensão do que se ouve;
geométricas e até mesmo a quantidade. Para os se ela esquecer os fatos, ajude-a a lembrar. Caso
adolescentes, pergunte sobre como eles acham ela troque a ordem, só corrija no final da fala.
que o personagem é (caso não tenha figuras) ou
sobre a descrição do lugar.
Uma orientação para toda a atividade: fique atento
se a criança está cansada! É importante que ela
Durante a leitura, capriche na atuação! Se expresse esteja animada para a atividade. Se ela tiver
por gestos e caretas, imite sons ou faça vozes cabisbaixa, interrompa se necessário, mesmo que
diferentes para os personagens. Isso engaja a não tenha terminado de ler a história, para não
criança na atividade e a torna divertida. Para as frustrar a criança e tornar a experiência negativa.
crianças em fase de alfabetização, você pode
acompanhar a leitura com o dedo e destacar as
sílabas iniciais das palavras.

Dica sobre o vocabulário


Para a ciência, existem dois tipos de vocabulário, o vocabulário receptivo:
que são o conjunto de palavras que a criança é capaz de escutar e
compreender quando o outro está falando. E o vocabulário expressivo: que
são as palavras que a criança é capaz de usar quando fala. Geralmente, o
receptivo é mais extenso do que o expressivo, isto é, a quantidade de
palavras que a criança compreende é maior do que a quantidade de palavras
que ela fala/usa na conversa. Mas como isso é relevante? O vocabulário rico
ajuda bastante no futuro escolar e profissional da criança, então busque
avaliar se os livros que você está utilizando estão contribuindo para o
vocabulário da criança. Uma forma bem simples é avaliar, durante a narração
da história que ela fizer no final, se ela empregou palavras utilizadas no livro.
O importante de acompanhar isso é que você pode começar a procurar por
outros livros que tragam novas palavras para seu filho aprender. 39
Leitura e
Por: Isabelle Tenório
emoções
A leitura é uma janela fantástica que pode levar a ricos
ensinamentos, desde aprender a reconhecer e nomear
diferentes situações e emoções até a diversas maneiras
de lidar com elas: a raiva, tristeza, medo, alegria,
problemas de convivência, necessidade de partilhar,
respeitar as diferenças, etc. Conhecer e saber lidar com as
emoções é essencial para que possamos nos relacionar
bem com as pessoas e o ambiente ao nosso redor, a
dificuldade de colocar essas habilidades em prática
aumenta as chances de nos envolvermos em
comportamentos agressivos, sejamos crianças ou adultos.

40
COLOCANDO EM PRÁTICA

INDUZA COMPLETE
Chame as crianças para se conectar com a história, Deixe que as crianças completem a frase.
levante possíveis momentos onde as experiências do Aponte para um personagem realizando uma
personagem e dos ouvintes foram parecidas, “Você ação ou expressando uma emoção e deixe que
já se sentiu triste alguma vez?”, ou as ajude a elas verbalizem sua impressão do que está
entender com o que uma emoção se parece, “Como acontecendo. “E Chico está se sentindo...?”
podemos descobrir se Pedro está zangado?”

É crucial que as crianças se reconheçam nas histórias e


consigam associar a ficção das páginas à realidade que vivem.
Os momentos de leitura interativa são oportunidades para que
as crianças, conheçam, conversem e desenvolvam habilidades
socialmente valorizadas, como se colocar no lugar do outro,
refletir sobre as consequências emocionais de diferentes
ações, aprender a colaborar, ouvir os outros e resolver
problemas. Aprender sobre emoções e treiná-las desde cedo
é algo que, além de ajudar a promover uma boa saúde mental
nas crianças, pode refletir em sua adaptação na escola, pois,
estudos apontam que há uma ligação entre boas habilidades
sociais e emocionais e o bom desempenho escolar.
41
RELEMBRE FAÇA PERGUNTAS ABERTAS
Pergunte às crianças sobre eventos ou Não hesite em fazer perguntas abertas, que
ideias apresentadas previamente na história vão além do “sim ou não”. Encoraje as
“O que a Mônica fez antes disso acontecer?” crianças a descrever o que está
acontecendo na cena antes de ler o
conteúdo, “O que vocês acham que está
acontecendo nesta página?”
PERGUNTE
Faça perguntas como "Por que ele abraçou RELACIONE
seu amiguinho?”. Pergunte sobre os lugares
Peça às crianças que relacionem a história
e paisagens também, “Onde está o
com sua própria vida, "Quem aqui já se
gatinho?”, “Quem pediu desculpas por
sentiu bravo que nem o Lucas?", "Quando
quebrar o brinquedo?”
vocês sentem medo como a Lara, o que
vocês fazem?"

AVALIE
Avalie as respostas, sempre valorizando o
EXPANDA
fato da criança ter contribuído e se Complete a conclusão da criança
expressado. Elogie as respostas corretas, adicionando mais informações à sua
reafirmando o que as crianças disseram resposta, “Sim, Marcos pulou de felicidade...
“Sim, é verdade, Milena ajudou a resolver o e euforia, ele estava muito animado”, “Sim,
problema”. Corrija respostas erradas. quando João se sente frustrado ele também
pode sentir raiva”

REPITA
Peça às crianças que repitam a informação
nova, “Digam de novo, Marcos pulou de...?
Ele estava se sentindo...?”
42
DICAS DE LIVROS

Quando tenho medo Quando eu sinto raiva O grande livro das emoções
(3-5 anos) ( 2-5 anos) ( a partir dos 4 anos)
Este livro desperta identificação Essa história permite que os Este livro é um bom ponto de
por parte de seus leitores, sejam pequenos aprendam a reconhecer partida para trabalhar a reflexão,
eles crianças ou adultos. Ele e a falar sobre seus sentimentos, posicionamento, reconhecimento e
também traz ótimas sugestões do mas sem deixar de lado as outras manejo de diferentes emoções
que fazer quando o medo vem. pessoas envolvidas. pelas crianças.

Coleção “O que cabe no meu mundo”


( 3-6 anos)
Esta coletânea traz histórias que
apresentam diversos valores, como a
generosidade, respeito, gentileza, de
maneira acessível e na linguagem infantil.
43
QUER MAIS DICAS?

_lerparacrescer
Na nossa página do Instagram você vai
encontrar diversos conteúdos relacionados
à leitura e ao desenvolvimento infantil. É um
conteúdo didático e baseado nos materiais
mais atuais, relevantes e confiáveis sobre
essas temáticas. Nos acompanhem por lá!

44
SOBRE NÓS
Criadores do Projeto "Ler Para Crescer"

Caio é graduando em Psicologia pela Universidade


Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e
integrante da Liga de Desenvolvimento Humano
(LADH). Além de ser apaixonado por crianças,
educação e arte, ele é um leitor nato. No Ler Para
Crescer ele conseguiu unir seus universos favoritos!

Caio Ricardo Almeida

Thalita é graduanda em Psicologia pela Universidade


Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e integrante
do Laboratório de Desenvolvimento, Aprendizagem e
Processos Psicossociais (LDAPP). Além do amor pelo
desenvolvimento infantil, também trilhou seus passos na
arte, sem contar a relação de longas datas com os livros.
O Ler Para Crescer é o ponto de encontro para tudo isso.
Thalita Evangelista
45
COLABORADORES
"O início da vida: primeira infância"
LANETE CORRÊ
FU A Possui graduação, mestrado e doutorado em
A

Psicologia (UFMG). É professora do colegiado de


MARCEL

psicologia (UNIVASF) e tem interesse e experiência em


processos psicológicos básicos, psicologia do
DO
NAR RODR
desenvolvimento, psicologia escolar e educacional.
EO

IG
UES
Licenciatura em Psicologia (UEPB) Mestrado e

SAMPA
Doutorado em Psicologia Cognitiva (UFPE).
Coordenador do Laboratório de Desenvolvimento-
Aprendizagem e Processos Psicosociais - LDAPP
AVALCANTI

I
O
C
RA
MARIA CLA

Psicóloga Perinatal, Parental e Infantil CRP: 02/21458.


Educadora Parental em Disciplina Positiva pela Positive
Discipline Association. Atualmente é pós-graduanda
em Psicologia Perinatal.

46
COLABORADORES
"A escola que queremos"
STOS SANTAN
BA A
K
RAIC

Bacharel em Psicologia (UNIVASF) e mestrando em


Psicologia Cognitiva (UNIVASF). É criador do @studioostra
e integrante do Laboratório de Desenvolvimento,
Aprendizagem e Psicossociais (LDAPP).
MARCE
LO

RIB
Psicólogo pelo Centro de Ensino Superior de Maceió e é

EIRO
mestre e doutor pela Université du Québec, Canadá.
Também, é professor universitário e desenvolve projetos
e pesquisas voltados para a infância.

47
COLABORADORES
DA BORGES "Hora da leitura"
AN Possui graduação, mestrado e doutorado em Psicologia pela
V
LUCI

Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência em Psicologia do


desenvolvimento e psicologia escolar/educacional. Atualmente é
professora do curso de graduação e pós graduação em Psicologia da
Universidade Federal do Vale do São Francisco.
MICHEL
LE

DO
Mestra em Psicologia Cognitiva pela Universidade Federal de

URADO
Pernambuco (UFPE) e Doutora pela UFPE e pela Universidade de
Coimbra, Portugal. Além de ser professora universitária, também atua
como psicoterapeuta, principalmente voltada para a orientação parental.

LVES PASSO
A S
A
I
VIRGÍN

Psicóloga Escolar Educacional com mestrado em Psicologia Cognitiva


pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutorado pela
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Também, é docente do
Colegiado de Psicologia da UNIVASF, com atuação na área da
psicopedagogia e no enfrentamento à queixa escolar. 48
LIMA
ES DE
I R
TAM

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale


do São Francisco (UNIVASF) e integrante do Laboratório de
Desenvolvimento, Aprendizagem e Processos Psicossociais
(LDAPP).

ISABELLE TE


Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale

RIO
do São Francisco (UNIVASF), integrante do Laboratório de
Desenvolvimento, Aprendizagem e Processos Psicossociais
(LDAPP) e da Liga de Desenvolvimento Humano (LADH)

A ROCHA
AR
SAM

Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal do Vale


do São Francisco (UNIVASF), integrante do Grupo de Pesquisa
em Neurociências e Psicologia Experimental do Vale
(Neurovale) e do Blog/Instagram Psicologia ComCiência.

49
GLOSSÁRIO
Ambiente intrauterino Cuidadores
Ambiente que se localiza dentro do útero, no qual o bebê são as pessoas que convivem e estão ao redor da criança,
cresce e realiza suas primeiras interações, ainda durante a de modo geral. São responsáveis por cuidar, dar
gravidez. assistência, interagir, estimular, entre outros. Por exemplo:
Aprendizado os pais, parentes, amigos próximos da família, babás, etc.
Conteúdo a ser aprendido. Desenvolvimento
Aprendizagem Apesar de ser um conceito amplo, desenvolvimento é o
Processo de construção, aquisição e apropriação de processo de crescimento, construção e aquisição de novas
conhecimento. habilidades e conhecimentos. Ocorre desde o nascimento
até o fim da vida, sendo um processo dinâmico, progressivo
Autoeficácia e que se aprimora ao longo das experiências e interações
se refere a capacidade que uma pessoa tem de resolver vividas.
problemas de maneira autônoma.
Desenvolvimento cognitivo
Autorregulaçõo Construção que ocorre ao longo de toda nossa vida,
Processo cognitivo que envolve a capacidade monitorar e referente as capacidades mentais como: a atenção,
modular as emoções, processos mentais e memória, raciocínio, associação, entre outras.
comportamentais diante de situações necessárias,
possibilitando maior efetividade na execução de tarefas. Por Desenvolvimento global (ou integral/pleno)
Dentro do contexto infantil, se refere a construção e
exemplo: manter a concentração para ler um livro.
aquisição de habilidades que são necessárias para o
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) crescimento saudável da criança em sua totalidade. Sendo
Documento que regulamenta e orienta quais são as eles os aspectos: cognitivos, físicos, emocionais e sociais.
aprendizagens essenciais a serem trabalhadas nas escolas
brasileiras públicas e particulares de Educação Infantil,
Ensino híbrido
Estilo de ensino que tomou força durante a pandemia da
Ensino Fundamental e Ensino Médio.
COVID-19, envolve utilizar e unir o método presencial e on-
Conexões neurais line.
Comunicação que o nosso cérebro realiza para transmitir
mensagens e processar informações através de um
neurônio para o outro. Neurônios são as células
responsáveis por essa comunicação.
50
Funções executivas Responsividade
Conjunto de habilidades cognitivas que são responsáveis Se refere a postura e comportamentos que os pais, por
por vários outros processos mentais importantes. exemplo, adotam para desenvolver a autonomia da criança.
Englobam a memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e o Nessa postura, os pais agem de maneira compreensiva e
controle inibitório. A partir desses processos conseguimos estão abertos para trocarem ideias com as crianças.
realizar atividades importantes de execução, planejamento
e resolução de problemas.
Socialização
Assimilação de regras, hábitos, comportamentos e cultura
Habilidades socioemocionais de uma sociedade, para estar inserido nela.
Conjunto de habilidades que são necessárias para
conseguirmos aprender a lidar melhor com as nossas
emoções, problemas e relações sociais. Possui impacto em
várias áreas da vida, como: o trabalho, escola, saúde
mental, etc.
Neurociência
É o estudo científico do sistema nervoso: sua estrutura, seu
desenvolvimento, funcionamento etc. Trata-se de ciência
interdisciplinar que colabora com outros campos, como a
psicologia, a ciência da computação, medicina, química, etc.
Nível socioeconômico
Síntese de informações como a renda, escolaridade e
ocupação, que caracterizam a situação de uma pessoa ou
de uma família.
Parentalidade
Vínculo, ações e atividades desempenhadas pelos pais ou
adultos responsáveis pela criança, para garantir seu
desenvolvimento integral, saudável e autônomo.
Políticas Públicas
Conjunto de ações, atividades e programas que o governo
desenvolve a fim de assegurar direitos dos cidadãos, como
programas de educação e cultura.
Primeira infância
Período que abrange os primeiros seis anos completos da
vida da criança.
51
REFERÊNCIAS
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cluster-randomized trial in Brazil. Pediatrics, 141(1),
PLUCIENNIK, G. A.; LAZZARI, M. C.; CHICARO, M. F. e20170723, 2018.
Fundamentos da família como promotora do desenvolvimento
infantil: parentalidade em foco, 1. ed. São Paulo: Fundação WHITEHURST, G. J.; LONIGAN, C. J. Child development and
Maria Cecília Souto Vidigal – FMCSV, 2015. emergent literacy. Child development, v. 69, n. 3, p. 848-872,
1998.
53
Contato:
_lerparacrescer
lerparacrescer2021@gmail.com
O projeto tem apoio financeiro da Prefeitura
Municipal de Campo Formoso através da
Secretaria Municipal de Educação, Cultura,
Esporte e Lazer via Lei Aldir Blanc, direcionada
pela Secretaria Especial da Cultural do
Ministério do Turismo, Governo Federal.

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