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Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 6
1.1 Método de Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESis) ........ 9
2. A Cadeia Produtiva de Hortaliças e suas Dimensões .............................................................. 12
2.1 Antes das Fazendas ........................................................................................................... 16
2.1.1 Empresas Fornecedoras de Insumos.......................................................................... 17
2.1.2 Equipamentos e Materiais de Consumo .................................................................... 23
2.2 Nas Fazendas ..................................................................................................................... 25
2.3 Após as Fazendas .............................................................................................................. 28
2.3.1 Indústria ..................................................................................................................... 28
2.3.2 Distribuição ................................................................................................................ 29
2.4 Agentes Facilitadores ........................................................................................................ 34
2.5 Mão de Obra ..................................................................................................................... 35
2.6 Impostos ............................................................................................................................ 36
2.7 Limitações da Quantificação ............................................................................................. 36
3. Desafios e tendências na cadeia produtiva de hortaliças ....................................................... 37
3.1. Desafios e tendências....................................................................................................... 37
Antes da Fazenda .................................................................................................................... 37
Nas Fazendas ........................................................................................................................... 40
Depois das Fazendas ............................................................................................................... 45
Distribuição ............................................................................................................................. 46
Consumo ................................................................................................................................. 49
Mão de Obra ....................................................................................................................... 54
Regulamentação.................................................................................................................. 55
3.2. Uma agenda estratégica................................................................................................... 55
4. Tendências do setor agro para os próximos 25 anos .............................................................. 57
4.1 O Combate aos Crescentes Custos de Produção .............................................................. 57
4.2 Entender as Mudanças Estruturais da Agricultura do Futuro ........................................... 58
4.3 Estar Atento às Tendências do Consumidor, do Marketing e da Estratégia em Alimentos
e Agronegócios ........................................................................................................................ 61
4.4 Aproveitar as Imensas Oportunidades no Curto, Médio e Longo Prazo ........................... 64
5. Sugestões de Leituras Adicionais ............................................................................................ 67
Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 68
Anexo I. Memória de Cálculo ...................................................................................................... 72

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1. Introdução detectados por Goldfray et al.
(2010) em seu estudo o desafio de
alimentar 9 bilhões de pessoas –
O principal objetivo deste relatório
é mostrar a importância econômica “The Challenge of Feeding 9 Billion
e social de uma cadeia produtiva People”. Os autores enfatizam a
muito particular na agricultura necessidade de se mudar a dieta
brasileira, a cadeia das hortaliças. para conter mais alimentos vegetais
e em reduzir o desperdício dos
O termo hortaliça pode ser alimentos que está na ordem de 30-
entendido como qualquer planta 40%.
comestível que se cultiva em horta,
possui ciclo curto e tem intensa De um ponto de vista de negócios,
necessidade de mão de obra para o setor de hortaliças vem
os tratos culturais, ou seja, quando transformando as relações entre os
se trata desta cadeia, entende-se agentes do agronegócio,
que diversos produtos estão sendo aumentando o número de
contemplados, que vão desde contratos envolvendo a produção,
folhosas como alface e repolho, até marketing, alianças estratégicas e
raízes de importante papel na fusões (PEREIRA, 2005). Esta
alimentação humana e animal, tal perspectiva tem deslocado a
como a cenoura. comercialização das formas públicas
tradicionais de abastecimento para
O ciclo de vida da hortaliça pode ser novas estruturas privadas.
considerado como o espaço de
tempo entre o plantio e a colheita, Ademais, estudos realizados na
que no segmento varia de 30 dias a África do Sul, América Central e
no máximo 360 dias, com a grande Argentina mostram um forte
maioria das espécies tendo um ciclo posicionamento do varejo na
de vida ao redor de 90 dias. Os tentativa de controlar a cadeia de
tratos culturais são os serviços que produção de hortaliças (GHEZÁN;
precisam ser realizados para que a MATEOS; VITERI, 2002; BERDEGUÉ
planta se desenvolva até chegar ao et al., 2005; MASPERO; VAN DYK,
ponto de consumo, transformando- 2004). Nos trabalhos dos autores
se em alimento. ficou claro que o varejo tende a
excluir os pequenos produtores
Em uma perspectiva global, o setor perante os grandes produtores, que
de hortaliças ou “Salad Business” é necessário fazer mais
tem sido visto como uma possível investimentos e coordenação de
solução para dois problemas

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produção para garantir hortifrutis e Belo Horizonte, onde se consume
com qualidade e segurança para a aproximadamente 70% dos legumes
população, e que a infraestrutura e verduras produzidas no país (POF
do país está diretamente - IBGE - 1996 apud FARINA;
relacionada com o sucesso e o MACHADO, 2000).
fracasso das iniciativas para
Espera-se que o varejo de hortaliças
melhorar este cenário.
cresça 8% de 2015 até 2020 nos
O setor varejista tem se mostrado Estados Unidos (PBHF, 2015). Lá a
como um dos principais canais de tendência está mais concentrada no
distribuição de hortaliças. Os aumento de compra da hortaliça
supermercados constituem o fresca do que no aumento do
principal canal de distribuição de plantio para consumo doméstico.
FLV nas principais áreas Ademais, as principais hortaliças
metropolitanas (FAULIN; AZEVEDO, consumidas nos Estados Unidos são
2003). O consumo se concentra nas as batatas seguidas por alface e
cidades de São Paulo, Rio de Janeiro vegetais para salada (Gráfico 1).

Gráfico 1. Consumo anual de hortaliças frescas e processadas - porções per capita (EUA,
2014)

Batata 75
Alface/Saladas de folhas 69
Cebola 44
Tomates (excl. cereja) 39
Cenoura 29
Milho 28
Feijões verdes 25
Molhos de salada 21
Pimentas 17
Legumes/Grãos descascados 15
Couve-flor 15
Mistura/Combo de hortaliças 15

Fonte: elaborado por Better Health Foundation, 2015

Dados da Nielsen (2016) apontam também concluiu que apenas a


que 60% da população da América saudabilidade pode não ser a
do Norte tenta comer mais principal razão ao se consumir
saudavelmente quando comparado hortaliças. Aspectos como
ao passado. A organização Produce facilidade no preparo, gosto e preço
for Better Health Foundation (2015) também são considerados. Sendo

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assim, é importante observar o que Tendo em vista a grande
tem sido feito para se oferecer um quantidade de itens existentes
produto melhor ao consumidor. quando se fala em hortaliças, para
prosseguir com tal quantificação foi
Quanto à situação do mercado
fundamental a definição de um
consumidor de hortaliças no Brasil,
escopo. Nesse sentido, entende-se
este se apresenta segmentado,
por escopo a definição das
estão surgindo novos canais de
hortaliças que seriam contempladas
comercialização para consumidores
no trabalho.
interessados em menores preços,
maior qualidade e incorporação de A seleção das hortaliças que viriam
serviços (JUNQUEIRA, 1999). Desta a fazer parte do trabalho se deu
forma, o mercado de hortaliças é levando em consideração a
um dos menos desenvolvidos no relevância das mesmas no mercado
Brasil, e entre os principais brasileiro. Optou-se pelas hortaliças
problemas encontrados estão a que hoje têm maior participação no
falta de garantia de um suprimento mercado ou que possuem
regular de produtos de qualidade tendência de crescimento para os
(FARINA; MACHADO, 2000) e as próximos anos. Dessa maneira
perdas inerentes aos processos de foram selecionadas as seguintes
comercialização (VILELA; LANA; cadeias como escopo do trabalho:
MAKISHIMA, 2003). Ademais, alface, tomate, batata, alho,
percebeu-se que existe uma grande cenoura, beterraba, abóbora,
carência de informações dos cebola, abobrinha, pimentão,
montantes financeiros couve-flor e coentro.
movimentados na cadeia.
Ainda assim, vale destacar que as
Quantificar a cadeia de hortaliças é doze hortaliças selecionadas fazem
um grande desafio, uma vez que parte de um segmento com mais de
grande parte da produção no Brasil cem tipos de cultivos, ou seja, os
é realizada por pequenos e médios números aqui apresentados, apesar
produtores. A agricultura familiar de representarem parte
tem papel fundamental nessa significativa, não representam 100%
cadeia e dados secundários desse do setor de hortaliças.
segmento são restritos. Assim como
O estudo da cadeia de hortaliças é
esse desafio, diversas outras
fundamental para aumentar a
limitações foram encontradas,
organização da cadeia, mostrar sua
tendo em vista a variedade de
importância no contexto nacional e
produtos que compõem essa
internacional, aumentar sua
cadeia, suas particularidades e seu
divulgação e favorecer o
caráter descentralizado.
conhecimento da comunidade,

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identificar oportunidades e gargalos 1.1 Método de Planejamento e
e, consequentemente, aumentar a Gestão Estratégica de Sistemas
força política da cadeia.
Agroindustriais (GESis)
A condução do estudo se deu a
partir da utilização do Método
O método de Planejamento e
GESis – Planejamento e Gestão
Gestão Estratégica de Sistemas
Estratégica de Sistemas
Agroindustriais, o GESis, começou a
Agroindustriais, o qual já foi
ser desenvolvido em 2004 por
utilizado na quantificação de outros
Neves (2004) e desde a sua criação
Sistemas Agroindustriais, como a
vem sendo aperfeiçoado.
cana de açúcar, citros, flores, carne,
leite, trigo e algodão. Na etapa de O método já foi aplicado diversas
coleta de dados primários, foram vezes em outros Sistemas
realizadas 124 entrevistas com Agroindustriais (SAG), como trigo
empresas fornecedoras de insumos, em 2004 (Rossi e Neves, 2004);
órgãos de pesquisa, setor público, citros em 2005 (Neves e Lopes,
associações, cooperativas, revendas 2005) e replicado em 2010 (Neves e
agrícolas, Ceasas, supermercados, Trombin, 2010); leite em 2006
produtores, entre outros agentes (Cônsoli e Neves, 2006); cana de
de grande importância na cadeia açúcar em 2010 (Neves, Trombin e
estudada, com a intenção de se Consoli, 2010) e replicado em 2014
obter informações com (Neves et al, 2014); carne bovina
profissionais de cada elo. Em (Neves, 2012) e algodão em 2012
paralelo, igualmente foram (Neves e Pinto, 2012).
coletados e analisados diversos
O método também foi aplicado em
dados secundários oriundos de
SAGs no exterior, como o estudo da
fontes variadas. As transações dos
cadeia do leite na Argentina (2007)
principais produtos da cadeia foram
e do trigo (2007) e leite (2010) no
quantificadas isoladamente,
Uruguai. A consolidação do método
possibilitando ao estudo apresentar
no setor público e privado se
números de empregos e impostos
confirma no meio acadêmico. O
gerados.
método GESis já foi publicado em
A organização do estudo se dá por diversas revistas científicas
elos, sendo que insumos são nacionais e internacionais, sendo
tratados no elo “antes das reconhecido internacionalmente
fazendas”, a produção agrícola pela International Food and
aparece no elo “nas fazendas” e Agribusiness Management
posteriormente entendem-se os Association (IFAMA) e pela
elos da “indústria” e “distribuição”. European Marketing Academy
(Emac).

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O método GESis possui a Empresas, de buscar desafios e
característica de ser flexível, oportunidades adicionais para os
portanto adaptável em sua agentes do sistema, uma vez que
aplicação, uma vez que a depender seu objetivo é operacionalizar um
das particularidades do SAG a processo de Gestão Estratégica no
equipe pode fazer uso de análises Sistema. O método (GESis) é
criativas. Este método traz a formado por cinco etapas (Figura
vantagem, quando comparado com 1).
o método de Gestão Estratégica de

ETAPA 1 ETAPA 2* ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5


Iniciativas de Descrição, Criação de uma Montagem de Administração
líderes, mapeamento e organização plano dos projetos
governo, quantificação vertical para o estratégico estratégicos do
institutos de do SAG SAG para o SAG SAG
pesquisa e
universidades
em planejar o
futuro do SAG

Figura 1. Método de Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais (GESIs)


*Foco do estudo de mapeamento e quantificação da cadeia de hortaliças do Brasil
Fonte: Neves, 2008

Considerando o objetivo principal Agroindustrial de Hortaliças no


desta pesquisa, foi realizada Brasil”. Desta forma, é preciso aqui
exclusivamente a Etapa 2 do detalhar essa etapa do método. A
método, que visa “descrever, Etapa 2 do método é dividida em
mapear e quantificar o Sistema seis fases (Figura 2).

FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4 FASE 5 FASE 6


Descrição do Apresentação Pesquisa de Entrevistas Quantificação Workshop de
sistema da descrição dados de com validação
agroindustrial para vendas em especialistas e
executivos e associações, executivos de
outros instituições e empresas
especialistas, publicações
visando
ajustes na
estrutura
Figura 2. Método para Mapear e Quantificar Sistemas Agroindustriais
Fonte: Neves, 2008

As seis fases que compõem a Etapa 2


estão resumidas no Quadro 1.

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Fases da Etapa 2 Procedimentos

Desenho do Sistema Agroindustrial por meio de caixas


1. Descrição do Sistema
(fluxograma), respeitando o fluxo dos produtos, dos insumos
(Cadeia) Agroindustrial
até o consumidor final.

A partir da primeira versão da descrição (desenho) do Sistema


2. Apresentação da
Agroindustrial, deve-se realizar algumas entrevistas em
descrição para executivos
profundidade com especialistas do setor, sejam eles executivos
do setor privado e outros
de empresas atuantes no sistema ou outros especialistas
especialistas, visando
(pesquisadores, lideranças setoriais, entre outros), visando ao
ajustes na estrutura
ajustamento do desenho.

Busca por dados sobre vendas e outros números do setor.


3. Pesquisa de dados Associações privadas podem disponibilizar para seus membros
secundários em dados sobre vendas, algumas vezes até na internet. Pode ser
associações, instituições e realizada também uma cuidadosa revisão bibliográfica na busca
publicações por dissertações/teses recentes, além de artigos acadêmicos
ou revistas e jornais de grande circulação.

Devem-se realizar entrevistas com gerentes, na busca por


4. Entrevistas com levantar o montante financeiro vendido pelas empresas do
especialistas e executivos setor em estudo. Realizar entrevistas com diretores de
de empresas compras, visando estimar o mercado a partir do lado oposto de
um sistema. Este é o ponto central da metodologia.

Nesta fase, devem ser processados todos os dados recebidos


para, na sequência, inseri-los na descrição do sistema, logo
abaixo o nome da indústria ou do elo. Os dados devem ser
enviados às empresas que colaboraram com a pesquisa para
5. Quantificação serem analisados os valores. As empresas deverão reenviar os
dados, com as suas contribuições e comentários. Nesta fase já
se tem um grande número de materiais para se elaborar
sugestões de estratégias que podem ser apresentadas no
workshop final.

Nesta fase final é realizado um workshop para se apresentar os


6. Workshop
resultados e discutir os números.

Quadro 1. Descrição resumida das fases da metodologia para Descrição, Mapeamento e


Quantificação de um Sistema Agroindustrial
Fonte: Neves, 2008

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Da sua origem e no decorrer das suas 2. A Cadeia Produtiva de
diversas aplicações, o processo de Hortaliças e suas Dimensões
Quantificação de Sistemas
Agroindustriais permitiu identificar
algumas vantagens, como: O capítulo que segue traz a
radiografia da cadeia produtiva de
(i) Aplicação de uma metodologia hortaliças no Brasil. Vale lembrar
relativamente simples e direta, com que, para a quantificação, foram
baixa dependência no processo de consideradas hortaliças
coleta de dados de informações selecionadas, sendo elas: alface,
concentradas em fontes públicas. tomate, batata, alho, cenoura,
(ii) Desenho completo da cadeia beterraba, abóbora, cebola,
produtiva, permitindo visualizar a abobrinha, pimentão, couve-flor e
Cadeia de Valor por meio do coentro.
posicionamento e da relevância dos Devido às particularidades de cada
diferentes setores de produção. uma dessas culturas, optou-se por
(iii) Credibilidade aos resultados da apresentar uma cadeia única, onde
pesquisa devido à validação dos os volumes faturados para cada um
dados coletados em workshop. dos produtos estudados foram
consolidados. Durante a descrição
(iv) Processo de validação dos elos, as principais
(workshop) que proporciona maior particularidades encontradas para
comprometimento entre os cadeias específicas serão
participantes, uma vez que há destacadas. A análise estendeu-se
formação de grupos focais do elo de insumo até os produtos
heterogêneos, com elaboração de disponíveis para ao consumidor nos
uma lista de problemas e ações supermercados, Ceasas, etc. A
coletivas já existentes no sistema. figura 3 representa o desenho da
cadeia de hortaliças, contando com
(v) O ambiente de validação sendo
os principais valores estimados.
utilizado como forma de integração.
Figura 3. Cadeia produtiva de
Há de destacar que a sexta etapa do
hortaliças no Brasil e os principais
método permite total transparência
valores movimentados.
aos atores do sistema produtivo,
permitindo que a coordenação seja
um resultado bem acordado e
definido (NEVES, 2004; 2008).

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Mapeamento e Quantificação da Cadeia Produtiva de Hortaliças no Brasil em 2016

Figura 3: Mapeamento e quantificação da cadeia de hortaliças no Brasil, em 2016


Fonte: elaborado pelos autores a partir de fontes diversas

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Como pode ser visto na figura 3, a procedimentos, o faturamento
cadeia de hortaliças foi dividida em deste segmento não foi separado,
quatro principais elos: Antes das estando contido no valor do elo
fazendas, nas fazendas, Indústria de “Nas Fazendas”.
Alimentos, Distribuição e Agentes
No elo "Depois das Fazendas"
Facilitadores.
foram considerados todos os
O elo “Antes das Fazendas” destinos das vendas dos produtores
compreende as empresas de hortaliças assim que eles
fornecedoras de insumos, as quais transferem a posse do seu produto.
são responsáveis pelo material Esse elo compreende as indústrias e
utilizado na produção e as os canais de distribuição.
empresas fornecedoras de
As indústrias de alimentos, que
equipamentos e itens de
compõem o próximo elo mapeado,
investimento. Os insumos e
compram as hortaliças dos
equipamentos considerados nesse
produtores para a produção
elo foram: Fertilizantes, Corretivos,
industrial e podem ser classificadas
Irrigação, Defensivos, Tratores,
em: indústrias de processados e
Mudas, EPI (equipamentos de
indústria de minimamente
proteção individual), Sementes,
processados. Com relação às
Combustível, Implementos, Adubos,
indústrias de processados, dentre
Estufas, Ferramentas e Utensílios e
as hortaliças presentes no escopo
Energia Elétrica.
do trabalho, tomate e batata são as
No elo “Nas Fazendas” foi mais representativas. Já para
considerada toda a produção minimamente processados, a
agrícola da cadeia produtiva de maioria das culturas avaliadas
hortaliças do Brasil. Algumas podem ser consideradas.
hortaliças contam com um primeiro
O elo da distribuição compreende
beneficiamento, que acontece nas
todos os canais responsáveis por
Packing Houses, sendo que muitas
levar os produtos (in natura,
vezes essa estrutura e os processos
processados e minimamente
desempenhados estão dentro das
processados) ao consumidor final,
fazendas. Atividades simples como
seja por meio do atacado, varejo ou
pesagem, pré-lavagem, seleção,
via exportações.
resfriamento e embalagem estão
concentradas nas Packing Houses. Os produtos que chegam ao
Entendendo-se que, para algumas atacado podem ser provenientes
culturas, essas atividades são diretamente de produtores ou
realizadas ainda no elo de produção indústrias de alimentos e são
e que, o preço pago ao produtor já revendidos para o varejo, food
contempla o produto após tais services ou para o consumidor final.

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Os agentes facilitadores são aqueles Considerando todos os elos
que prestam alguma espécie de descritos, exportações e
serviço na cadeia das hortaliças, importações, estima-se que a
porém não compram ou vendem o cadeia de hortaliças no Brasil
produto principal da cadeia (considerando os produtos do
produtiva. No presente estudo escopo do trabalho), no ano de
foram considerados os seguintes 2016 movimentou cerca de US$ 19
agentes facilitadores: Laboratório e bilhões. A tabela 1 mostra o
Análises, Assistência Técnica e faturamento geral estimado em
Treinamentos, Associações e cada um dos elos estudados.
Sindicatos, Assessoria e Consultoria
em Gestão, Seguro de Máquinas e
Benfeitorias, Frete/Carregamento.

Tabela 1. Faturamento da cadeia de hortaliças por elo e representatividade no total

MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA
Elo Valor (US$ milhões) Representatividade (%)
Antes das Fazendas $3.209,12 17%
Dentro das Fazendas $5.084,05 27%
Indústria de alimentos $1.928,46 10%
Distribuição $8.582,63 45%
Atacado $2.437,19 13%
Varejo $6.145,44 32%
Agentes Facilitadores $227,96 1%
TOTAL $19.032,22 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de fontes diversas

De acordo com a tabela, nota-se Com base nos valores levantados


que o elo com maior aferiu-se também o Produto
representatividade na Interno Bruto (PIB) da Cadeia
movimentação financeira da cadeia Produtiva de Hortaliças no Brasil.
é o elo da distribuição, Para tal cálculo é necessário
representando 45% do total considerar a soma das vendas dos
movimentado. Ainda dentro do elo produtos finais da cadeia produtiva,
da distribuição, as vendas no varejo seja para o mercado interno ou
aparecem com grande externo. Desse total, é descontado
representatividade. o valor das importações.

É interessante notar que, mesmo Seguindo esse racional, no ano de


sendo o Brasil um grande 2016, o PIB da cadeia produtiva de
exportador de produtos do agro, hortaliças no Brasil foi de cerca de
para hortaliças este cenário não se US$ 5,3 bilhões. A tabela 2 mostra
repete.

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os principais valores considerados
para o cálculo do PIB.

Tabela 2. Estimativa do Produto Interno Bruto da Cadeia Produtiva de Hortaliças no Brasil


em 2016
PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB (US$ milhões)
Mercado Exportações Total
Tipo de Negócio Importações (I)
Interno (MI) (E) (MI+E-I)
Hortaliças In Natura $2.900,75 $15,08 $416,33 $2.499,50
Produtos Minimamente
$300,75 $1,72 $18,82 $283,64
Processados
Produtos Processados $2.943,94 $6,60 $379,16 $2571,37
TOTAL $6.145,44 $23,43 $814,32 $5.354,52
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de diversas fontes

2.1 Antes das Fazendas Tais empresas foram subdivididas


em empresas fornecedoras de
insumos e empresas de
O elo “antes das fazendas” equipamento e investimento
corresponde ao conjunto de essenciais. As empresas
empresas fornecedoras de insumos, fornecedoras de insumos são
necessárias para que o produtor de responsáveis pelo material utilizado
hortaliças inicie a produção. Este na produção que não é
elo foi responsável por uma reaproveitado, ou seja, a cada novo
movimentação de ciclo ou nova safra, deve-se fazer
aproximadamente US$ 3,2 bilhões, novos investimentos nesses
levando em consideração todas as materiais. Por outro lado,
empresas envolvidas. equipamentos e materiais de
consumo são aqueles que têm vida
Para um melhor entendimento de
útil mais longa, ou seja, são
cada componente do elo, serão
utilizados por diversos ciclos ou
dadas as características gerais de
safras. Para esses itens, que figuram
cada tipo de empresa.
como investimento, o cálculo do
O faturamento de cada grupo valor anual considera a sua
vendedor de insumos para a depreciação. O faturamento com
produção de toda a cadeia cada uma dessa subdivisão é
produtiva foi estimado a partir da mostrado na tabela 3.
coleta de dados com produtores,
empresas e órgãos de pesquisa
especializados.

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Tabela 3. Faturamento do elo Antes das Fazendas
FATURAMENTO ANTES DAS FAZENDAS
Representatividade
Setor Faturamento (US$ MILHÕES)
(%)
Insumos $2.945,70 92%
Equipamentos e Materiais de
$263,42 8%
Consumo
TOTAL $3.209,12 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de Agrianual-FNP, CEPEA, CONAB,
EMATER, ABCSEM e entrevistas

Como pode ser visto na tabela, os característica o uso singular de seu


insumos representam cerca de 92% produto comercializado,
do faturamento no elo Antes das destacando assim a não reutilização
Fazendas, enquanto que os do mesmo. Esses tipos de empresa
equipamentos e materiais de somaram uma movimentação
consumo responderam por 8%. financeira de aproximadamente
US$ 3 bilhões com a venda de
2.1.1 Empresas Fornecedoras produtos destinados à cadeia de
de Insumos hortaliças em 2016.

A tabela 4 mostra a divisão da


As empresas fornecedoras de movimentação financeira entre os
insumo são aquelas que têm como insumos considerados no estudo.

Tabela 4. Movimentação financeira das empresas fornecedoras de insumos para o setor


de hortaliças em 2016
EMPRESAS FORNECEDORAS DE INSUMO
Insumo Faturamento (US$ Milhões) Representatividade (%)
Fertilizantes $603,37 20,5%
Corretivos $45,01 1,5%
Defensivos $464,00 15,8%
E.P.I. $10,18 0,3%
Combustível $374,07 12,7%
Sementes $446,04 15,1%
Mudas $461,34 15,7%
Energia Elétrica $541,71 18,4%
TOTAL $2.945,72 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de Agrianual-FNP, CEPEA, CONAB,
EMATER, ABCSEM e entrevistas

17
Por possuírem características e
necessidades específicas e estarem
Fertilizantes
inseridas em modelos de produção
variados, algumas culturas
O uso de fertilizantes no cultivo das demandam maior volume de
hortaliças é fundamental para seu fertilizantes que outras. A tabela 5
bom desenvolvimento e mostra a representatividade de
consequente aumento no cada cultura estudada no total da
rendimento e produtividade. movimentação financeira com
fertilizantes. Vale lembrar que a
As empresas de fertilizantes foram
representatividade na
responsáveis por uma
movimentação total varia de acordo
movimentação financeira de cerca
com a taxa de adoção do
de US$ 600 milhões com hortaliças.
fertilizante por hectare e com a
Esse faturamento considera todas
área plantada da cultura no país.
as formas do produto (granulados,
solução, solúvel, etc).

Tabela 5. Participação das culturas estudadas no faturamento com fertilizantes


FERTILIZANTES
Cultura Participação Participação
Abóbora Cabotiá $29,25 5%
Abobrinha $15,17 3%
Alface $90,33 15%
Alho $23,16 4%
Batata $162,90 27%
Beterraba $14,38 2%
Cebola $37,29 6%
Cenoura $25,59 4%
Coentro $70,54 12%
Couve-Flor $23,46 4%
Pimentão $20,68 3%
Tomate de mesa $31,08 5%
Tomate indústria $59,54 10%
TOTAL $603,37 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de Agrianual-FNP, CEPEA, CONAB,
EMATER e entrevistas

Como pode ser visto na tabela, a figurar com maior participação no


batata corresponde cerca de 27% total, a sua taxa de utilização por
do total da movimentação hectare não é a maior. O valor
financeira do segmento de reflete a área de grande
fertilizantes, porém, apesar de representatividade da cultura.

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Se considerada apenas a taxa de categorias principais: herbicidas,
utilização por hectare, de acordo com fungicidas, inseticidas e acaricidas.
as estimativas, as culturas que mais
Atualmente, o controle biológico de
demandam fertilizantes são: alho,
pragas tem crescido em importância
couve-flor e pimentão. Segundo as
técnica e econômica em diversas
estimativas, culturas como abóbora
culturas, incluindo hortaliças. Contudo,
cabotiá, abobrinha e cebola têm um
devido à difusão relativamente baixa
uso menor de fertilizantes por hectare.
desta técnica entre os produtores e do
Corretivos uso de soluções/produtos caseiros, os
métodos de entrevistas e utilização de
dados secundários empregados neste
O valor total da movimentação trabalho não permitiram que se
financeira com corretivos para a cadeia chegasse a estimativas confiáveis sobre
de hortaliça no Brasil em 2016 foi de o faturamento deste negócio na cadeia.
US$45 milhões. Dentre os insumos
estudados, depois dos EPIs, os O levantamento de dados do presente
corretivos representam o segmento de estudo permitiu estimar o valor
menor faturamento. Para o cálculo dos movimentado com esses importantes
corretivos, o calcário foi o principal produtos na cadeia de hortaliças no
produto considerado. Brasil. Dessa maneira, em 2016 estima-
se que foi movimentado um valor total
Defensivos de US$464 milhões.

A participação das culturas estudadas


A utilização de defensivos nos cultivos no total faturado é baseada no valor
está diretamente relacionada com a por hectare com defensivos e na área
manutenção da sanidade da cultura, que a cultura ocupa. A tabela 6 mostra
sendo uma ferramenta importante para a movimentação de cada uma das
o controle de pragas e doenças nas culturas estudadas com defensivos e o
culturas agrícolas. Podem ser valor por hectare gasto com essa
classificados os defensivos em quatro categoria.

19
Tabela 6. Movimentação financeira da cadeia de hortaliças com defensivos
DEFENSIVOS
Faturamento (US$
Cultura Valor (US$)/ha
Milhões)
Abóbora Cabotiá $2,56 $60,15
Abobrinha $7,44 $355,98
Alface $25,62 $281,04
Alho $14,27 $1.259,03
Batata $208,65 $1.554,30
Beterraba $4,39 $401,05
Cebola $33,72 $794,23
Cenoura $13,05 $586,40
Coentro $16,51 $223,35
Couve-Flor $1,98 $178,95
Pimentão $16,93 $1.513,34
Tomate mesa $50,26 $1.684,35
Tomate indústria $68,61 $1.477,04
TOTAL $463,99
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de Agrianual-FNP, CEPEA, CONAB,
EMATER e entrevistas

A partir da tabela, nota-se que Estimou-se que a movimentação


algumas culturas possuem maior financeira na cadeia de hortaliças
necessidade da utilização de no Brasil com Equipamentos de
defensivos que outras. Alho, Proteção Individual (EPIs) foi de
batata, pimentão e tomate são cerca de US$10 milhões. Para o
exemplos de culturas mais cálculo foram consideradas
sensíveis a pragas e doenças com culturas com alta tecnificação, que
valores movimentados por utilizam maior volume de
hectares com defensivos equipamentos de proteção, tais
superiores a mil dólares. como alho, batata e tomate e
culturas com mais baixa
Equipamentos de Proteção tecnificação, que têm uma adoção
Individual menor desse tipo de insumo.

Combustível
Os Equipamentos de Proteção
Individual são fundamentais para
manter a segurança do trabalhador Figurando como importante
no campo frente a diversas componente do custo de produção
atividades desenvolvidas, sejam dos agricultores, os combustíveis
elas aplicação de produtos nas são fundamentais para as
lavouras ou até a condução de operações nas fazendas que
máquinas e equipamentos. necessitam de máquinas agrícolas.

20
O presente estudo fez uma sementes para o seu plantio. Essas
estimativa da movimentação sementes podem ser cultivadas
financeira referente ao consumo de diretamente pelo produtor ou
óleo diesel e lubrificantes pela podem passar por viveiristas, que
cadeia de hortaliças em 2016. comercializarão as mudas para o
produtor. No caso da cenoura, por
Para o cálculo foi considerado o
exemplo, a semeadura direta
consumo de combustível de acordo
ocorre em praticamente todas as
com a potência dos tratores
plantações. Já nas folhosas, a
utilizados nas operações agrícolas
utilização de mudas chega a quase
mapeadas. Dessa maneira, chegou-
100% dos casos.
se a um valor estimado de
movimentação financeira para óleo Além de sementes e mudas,
diesel de US$ 325 milhões e para hortaliças como a batata e o alho
lubrificantes de US$ 50 milhões, necessitam de manejo diferenciado
totalizando US$ 375 milhões no elo para seu plantio. No caso do alho, a
de combustíveis. Esse valor “semente” utilizada nada mais é
representa cerca de 13% do valor que um de seus bulbilhos, mais
total movimentado no elo dos conhecidos como “dente do alho”.
insumos. Apesar da prática de plantio mais
convencional dessas hortaliças não
contemplar o uso de sementes de
Sementes e Mudas fato, o valor das hortaliças
destinadas ao plantio também foi
considerado nesse elo (MATHIAS,
Por possuírem características 2016).
específicas, são muitas as
diferenças nas formas de produção A tabela 7 mostra a movimentação
das hortaliças consideradas no financeira da cadeia de hortaliças
estudo. O plantio é etapa com sementes no ano de 2016, os
fundamental para se iniciar o ciclo percentuais estimados de produção
de produção dos vegetais, sendo de mudas por cadeia e o
que as práticas agrícolas nesta faturamento com a venda das
etapa diferem de acordo com a mudas de viveiristas para o
cultura. produtor final.

A grande maioria das culturas


presentes neste estudo utiliza

21
Tabela 7. Movimentação financeira da cadeia de hortaliças com sementes e mudas
FATURAMENTO COM SEMENTES E MUDAS (US$ milhões)
Cultura Sementes % viveiristas Mudas
Abóbora Cabotiá $6,83 10% $0,11
Abobrinha $5,68 10% $0,52
Alface $17,07 70% $52,48
Beterraba $5,40 10% $3,15
Cebola $29,10 30% $126,21
Cenoura $14,96 0% -
Coentro $10,99 50% $243,57
Couve-Flor $7,21 90% $6,21
Pimentão $10,87 90% $10,41
Tomate mesa $60,51
90% $18,68
Tomate indústria $3,92
Alho* $76,20 0% -
Batata* $197,30 0% -
TOTAL $446,04 $461,34
*Inclui a comercialização de bulbos e tubérculos e os custos de produção de sementes nas
fazendas.
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de ABCSEM, Agrianual/FNP, CEPEA,
CONAB e entrevistas

Somando-se as movimentações se o produtor faz irrigação durante


financeiras desses dois importantes a noite, o valor gasto com energia
segmentos, chega-se a uma elétrica será inferior ao valor no
representatividade de cerca de 30% caso da utilização durante o dia,
sobre o total movimentado no elo devido às variações nas tarifas.
dos insumos. Essas empresas
Para estimar o valor gasto com
representaram uma movimentação
energia elétrica nos sistemas de
financeira de pouco mais de
irrigação, considerou-se um valor
US$900 milhões em 2016.
médio de R$350,00 por hectare por
mês. Também levantou-se que a
cadeia de hortaliças no Brasil tem
Energia Elétrica uma taxa de utilização de irrigação
de 80%. Esses valores são oriundos
O principal consumo de energia de entrevistas com empresas
elétrica no cultivo de hortaliças é especializadas em irrigação.
aquele destinado aos sistemas de
Partindo-se dessas premissas, no
irrigação. O valor consumido é
ano de 2016 o setor de produção de
altamente variável de acordo com a
hortaliças movimentou cerca de
estratégia de irrigação utilizada
US$541,7 milhões com energia
pelos produtores. O período que o
elétrica.
sistema é utilizado influencia
diretamente no gasto, por exemplo,

22
presente estudo foram considerados
nesse segmento irrigação, tratores,
2.1.2 Equipamentos e Materiais
de Consumo implementos, estufas, ferramentas e
utensílios. A tabela 8 resume a
movimentação financeira total
Equipamentos e materiais de consumo estimada para a cadeia de hortaliças no
são entendidos como itens de Brasil em 2016.
investimento da produção agrícola. No

Tabela 8. Movimentação financeira com equipamentos e materiais de consumo na cadeia de


hortaliças em 2016
FATURAMENTO DAS EMPRESAS FORNECEDORAS DE EQUIPAMENTO E ITENS DE
INVESTIMENTO
Insumo Faturamento (US$ milhões) Representatividade (%)
Irrigação $189,60 72%
Tratores $38,76 15%
Implementos $2,72 1%
Estufas $27,47 10%
Ferramentas e utensílios $4,87 2%
TOTAL $263,42 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de Agrianual-FNP, CEPEA, CONAB,
EMATER e entrevistas

De acordo com a tabela nota-se que os somente com o uso da irrigação


itens de maior representatividade no (TESTEZLAF et al. 2002). Vale destacar
segmento analisado são irrigação, com que o sucesso das estratégias
cerca de 50% do total movimentado e
envolvendo sistemas de irrigação está
tratores com participação de cerca de
40% no total. diretamente relacionado com o
dimensionamento e manejo
Irrigação adequados, a qualidade da água
utilizada e a aplicação uniforme, no
momento oportuno e na quantidade
A irrigação é uma técnica que se aplica desejada (MAROUELLI; SILVA; SILVA,
na produção agrícola, a fim de garantir 2008).
o fornecimento hídrico necessário às
culturas. O principal objetivo é A irrigação por gotejamento consiste
proporcionar humidade adequada para em um sistema onde mangueiras
as culturas inclusive em períodos secos aplicam a água, gota a gota, próxima à
(SEBRAE, 2016). raiz da planta, sendo que as culturas
que mais utilizam esse tipo de sistema
Em se tratando de hortaliças, pode-se são alface, abóbora cabotiá, abobrinha,
dizer que culturas de ciclo curto, como coentro, couve-flor e tomate.
tomate, alface e outras com alta Alternativas à irrigação por
exigência hídrica, são viabilizadas

23
gotejamento, algumas culturas utilizam De acordo com entrevistas com
irrigação por pivô central, cujo especialistas, chegou-se a uma
mecanismo utilizado é o de aspersão. estimativa de que 80% do total da área
Dentre essas culturas destacam-se de hortaliças no Brasil já conta com
alho, batata, beterraba, cebola, algum sistema de irrigação, seja ele por
cenoura, pimentão e tomate (SEBRAE, gotejamento ou por pivô central.
2016).
Para estimar a movimentação
Os sistemas de irrigação por aspersão financeira do setor de hortaliças com
são amplamente utilizados no cultivo irrigação, foram utilizados os valores de
de hortaliças por se adaptarem com depreciação e manutenção anual de
maior facilidade a questões como tipo cada um dos sistemas, multiplicados
de solo, topografia e características pela estimativa de área irrigada. A
agronômicas específicas de algumas tabela 9 mostra a estimativa de
hortaliças. Já os sistemas de movimentação financeira com os
gotejamento podem ser mais viáveis sistemas de irrigação analisados.
técnica e economicamente para
condições específicas (MAROUELLI;
SILVA; SILVA, 2008).

Tabela 9. Movimentação financeira com sistemas de irrigação para hortaliças no Brasil


MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA COM IRRIGAÇÃO
Tipo de Depreciação* Manutenção Área Total Faturamento
Sistema (R$/ha) (R$/ha) Irrigada (ha) (US$ milhões)
Gotejamento R$ 350,00 R$ 2.240,00 206.756 $153,73
Pivô Central R$ 400,00 R$ 160,00 223.090 $35,86
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de entrevistas com especialistas
* Investimento inicial / vida útil

Tratores e Implementos considerou o total de horas utilizadas


na produção das hortaliças e a
quantidade de tratores e implementos
Os tratores e implementos são agrícolas necessária, tendo como base
essenciais para a produção de algumas a vida útil e o valor unitário de cada
hortaliças. O nível de tecnologia de um trator ou implemento agrícola.
cultivo está diretamente ligado ao uso
de máquinas em todo o ciclo de Do total movimentado, 93%
produção. correspondem a tratores e 7% está
relacionado aos implementos.
O faturamento do setor com o mercado
de hortaliças foi de aproximadamente
US$ 41,5 milhões, sendo que a Estufas
estimativa de movimentação financeira

24
As estufas são importantes para a diferentes culturas difundidas por
produção de algumas hortaliças. A quase todo território nacional, sendo
partir delas, é possível que a produção algumas mais concentradas e outras
hortícola seja constante e em todas as menos.
épocas do ano. Além disso, as estufas
As regiões Sudeste e Sul, por exemplo,
proporcionam produtos de maior
são destaque na produção de alface,
qualidade, padronizados e o aumento
principalmente pelos estados de São
da produtividade (RESENDE, 2013).
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Para se chegar à movimentação Paraná. (CASA DO PRODUTOR RURAL,
financeira do setor de hortaliças com 2015).
estufas, foram levantados valores junto
No caso da beterraba, o Paraná é o
a produtores e especialistas, dessa
líder em produção, onde em sua
maneira, chegou-se a uma
maioria, é feita por pequenos
movimentação financeira total de
produtores buscando alternativas para
aproximadamente US$ 27,5 milhões.
a sua renda, investindo em tecnologia
Ferramentas e Utensílios para competir com o restante da
produção nacional. Outros estados
importantes para a produção da
As ferramentas e utensílios são
hortaliça são: São Paulo, Minas Gerais,
essenciais, principalmente para as
Rio Grande do Sul e Bahia (TIVELLI et
culturas menos tecnificadas e que
al., 2011).
utilizam pouca tecnologia em seu
manejo. O faturamento desses itens O alho tem sua produção concentrada
chegou a aproximadamente US$ 5 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
milhões. Oeste, partindo dos estados de Goiás,
Minas Gerais, Santa Catarina, Rio
2.2 Nas Fazendas Grande do Sul e Paraná. A cidade
goiana de Cristalina se destaca no
O elo aqui nomeado “Nas Fazendas” cenário nacional do bulbo, sendo
contempla a produção de hortaliças no conhecida como a “capital do alho”,
campo e o faturamento dos produtores onde há grandes investimentos em
com a venda dessas hortaliças, seja tecnologia, proporcionando uma alta
para o atacado, varejo ou mercado produtividade na região (ARAÚJO,
internacional. 2011; BRAGA, 2016).

A produção das hortaliças no Brasil O cálculo da estimativa da produção de


configura-se por ser um mercado hortaliças no Brasil levou em
altamente diversificado, contando com consideração a área estimada de cada
mais de 100 cultivares, de alta uma das culturas presentes no escopo
perecibilidade, com predominância de do estudo e suas respectivas
mão de obra familiar e com suas produtividades médias. A multiplicação

25
desses dois fatores tem como resultado A tabela 10 mostra as áreas e
a estimativa do volume produzido no produtividades consideradas para a
Brasil no período analisado. estimativa da produção de hortaliças
no Brasil em 2016.

Tabela 10. Área, produtividade e produção de hortaliças


ÁREAS, PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO
Cultura Área (ha) Produtividade (t/ha) Produção (ton)
Abóbora Cabotiá 42.538 16,0 680.613
Abobrinha 20.904 18,0 376.268
Alface 91.172 18,6 1.701.872
Alho 11.334 11,3 133.217
Batata 134.243 34,6 3.934.288
Beterraba 10.938 20,0 218.765
Cebola 42.458 35,4 1.578.554
Cenoura 22.254 48,3 752.196
Coentro 73.938 15,0 1.109.063
Couve-Flor 11.079 29,7 329.047
Pimentão 11.188 49,6 554.904
Tomate mesa 18.814 81,9 1.538.070
Tomate indústria 46.448 81,8 3.803.167
TOTAL 537.308 16.710.024
Fonte: estimativas elaboradas a partir de ABCSEM; LPSA/IBGE; CAMARGO, 2011; CONAB;
Agrianual, 2017; CNA/CEPEA

Como pode ser visto na tabela, dentre transporte nas fazendas e a


as culturas estudadas, a batata é a que classificação, são contabilizadas perdas
possui maior área de produção, seguida de produção, sejam elas por efeitos
pela alface e pelo tomate (industrial e climáticos, pragas, doenças, pisoteio de
mesa). Por outro lado, estão entre as máquinas, problemas com transporte e
culturas de menor representatividade até mesmo inconsistência do produto
em área a beterraba, couve-flor, final com o padrão consumido no elo
pimentão e alho. final da cadeia. No setor de hortaliças,
as perdas são altamente impactantes
Para a análise do volume total
na cadeia, sejam elas na produção ou
produzido e da movimentação
na comercialização. A tabela 11 mostra
financeira do elo é necessário ainda
os percentuais estimados de perdas na
considerar um aspecto de grande
produção agrícola das hortaliças
impacto na produção, que são as
selecionadas para o estudo. A média
perdas. Durante todo o processo de
ponderada levou em conta o
produção, passando desde tratos
percentual de perda de cada cultura e
culturais, plantio e colheita até o
sua área.

26
Tabela 11. Estimativa de perdas na produção agrícola
PERCENTUAL DE PERDAS NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA
Abóbora Cabotiá 20%
Abobrinha 20%
Alface 35%
Alho 5%
Batata 10%
Beterraba 20%
Cebola 5%
Cenoura 30%
Coentro 35%
Couve-Flor 35%
Pimentão 20%
Tomate mesa 10%
Tomate indústria 10%
MÉDIA PONDERADA 20%
Fonte: estimativas Markestrat baseadas em entrevistas com produtores.

Analisando as culturas separadamente, batata e tomate, a perda por falta de


constata-se a existência de valores padrão é minimizada, sendo
diferentes. As folhosas, por exemplo, contabilizadas majoritariamente as
são menos resistentes e mais perdas no processo de produção e
susceptíveis a mudanças ambientais, transporte. Para tomate e batata, com
dessa forma, sua perda é elevada. No base nas entrevistas realizadas, foi
presente estudo foi considerada perda considerada uma perda média de 10%.
de 30% para folhosas.
Tendo estimados os volumes totais
Apesar de serem mais resistentes, produzidos e as perdas no elo
tubérculos, raízes e bulbos também produtivo, pode-se estimar o volume
contabilizam altas perdas no campo. total comercializado pelos produtores
Grande parte dessa perda é oriunda do de hortaliças no ano de 2016. A média
padrão de consumo final dessas de preços levantada pelo estudo
hortaliças. Parte significativa da permite que seja estimada a
produção de cenoura, beterraba e movimentação financeira total do elo.
batata para consumo in natura é A tabela 12 mostra a relação entre
deixada no campo ou descartada no esses fatores e o valor total
momento da classificação por não estar movimentado.
no padrão desejado pelo consumidor
final.

No caso de hortaliças destinadas à


indústria de processamento, tais como

27
Tabela 12. Movimentação financeira do elo “Nas Fazendas”
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DO ELO " NAS FAZENDAS"
Valor ao Faturamento
Cultura Produção (ton) Perdas (%)
Produtor (R$/kg) (US$ milhões)
Abóbora Cabotiá 680.612,80 20% R$ 1,05 $164,29
Abobrinha 376.267,50 20% R$ 1,20 $103,80
Alface 1.701.872,38 35% R$ 1,21 $384,63
Alho 133.217,00 5% R$ 10,75 $390,94
Batata 3.934.288,00 10% R$ 1,58 $1.607,63
Beterraba 218.765,40 20% R$ 1,09 $54,82
Cebola 1.578.554,00 5% R$ 1,12 $482,64
Cenoura 752.196,35 30% R$ 1,16 $175,51
Coentro 1.109.063,25 35% R$ 2,78 $575,88
Couve-Flor 329.046,60 35% R$ 1,00 $61,46
Pimentão 554.903,97 20% R$ 1,58 $201,55
Tomate mesa 1.538.069,84 10% R$ 1,72 $684,18
Tomate indústria 3.803.167,15 10% R$ 0,20 $196,72
TOTAL 16.710.024 $ 5.084,05
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de ABCSEM, LSPA/IBGE, IEA, CEPEA,
EPAGRI, SEAB

A área total considerada no estudo movimentação financeira da cadeia de


chega a aproximadamente 540 mil hortaliças, tendo em vista que o
hectares, sendo a batata e alface os de consumo de produtos processados está
maior representatividade. Vale pontuar cada vez mais presente no dia a dia dos
que a área contabilizada considera o consumidores, seja pela praticidade ou
número de safras da cultura em um pela sua maior durabilidade.
ano, ou seja, se determinada cultura é
A indústria de minimamente
cultivada e colhida duas vezes ao ano,
processados contempla processos
sua área total contabilizada será a
como seleção, classificação, lavagem,
multiplicação da área nominal por dois.
embalagem, congelamento, entre
Conclui-se, assim que, no ano de 2016, outros, a depender da hortaliça em
o elo produtivo do setor de hortaliças questão (MELO et al., 2012). O volume
obteve uma movimentação financeira produzido que é destinado para
de aproximadamente US$ 5 bilhões. minimamente processados varia de
acordo com a cultura. Estima-se que
2.3 Após as Fazendas hortaliças como cenoura, beterraba e
2.3.1 Indústria cebola têm cerca de 5% de seu total
O elo da indústria engloba os produtos produzido, destinado a minimamente
minimamente processados e produtos processados. Já as culturas como alho,
industrializados. Este elo possui uma batata e
grande representatividade na

28
abóbora contam com desidratados chegam ao consumidor
aproximadamente 10% destinados a final em forma de fatias finas (batata
esse tipo de processamento. chips) ou raladas (batata palha) e
possuem uma forte aceitação do
Os processados ou industrializados são
consumidor brasileiro. Os produtos
aqueles que passam por algum
congelados englobam as batatas pré-
processo de transformação, sendo que
fritas e congeladas, podendos estar na
para fins deste estudo, as hortaliças
forma de purês ou de batata palito
mais representativas consideradas
(BERBARI e AGUIRRE, 2002).
foram o tomate e a batata (MELO, et
al., 2012). Dada a grande dificuldade em acessar
dados das indústrias de processados, a
Os produtos processados do tomate
estimativa da movimentação financeira
variam desde purês e extratos de
com o elo industrial partiu da
tomate, até produtos com maior nível
estimativa de vendas de produtos
de transformação como o ketchup, por
processados e minimamente
exemplo (TETRAPAK, 2017).
processados nos supermercados. O
Para a batata, os produtos cálculo descontou o markup estimado
industrializados podem ser divididos para a distribuição. A tabela 13 mostra
em desidratados e congelados. Os o montante movimentado no elo
industrial.

Tabela 13.Faturamento da Agroindústria Processadora de Hortaliças


FATURAMENTO INDÚSTRIA
Faturamento
Tipo de produto Representatividade (%)
(US$ milhões)
Minimamente Processadas $214,82 11%
Processadas $1.713,64 89%
TOTAL $1.928,46 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de entrevistas com empresas
processadoras de hortaliças e especialistas

Como pode ser visto, o elo da indústria cadeia chegar até o consumidor final.
movimenta um total de Até a década de 80, as vendas de
aproximadamente US$2 bilhões, sendo hortaliças eram realizadas em feiras
cerca de 10% com minimamente livres, pequenos mercados e quitandas,
processados e 90% com processados. sempre próximos ao consumidor final.
Após esse período, com o crescimento
2.3.2 Distribuição das cidades e expansão de
supermercados e hipermercados, a
O elo da distribuição é aquele distribuição de hortaliças passou a ser
responsável por fazer o produto da realizada por diferentes canais que

29
podem se relacionar de formas diversas produtores, com pouca concentração
(LUENGO, et al. 2007). da produção.

O modelo mais simples é a Para se chegar numa estimativa mais


comercialização direta do produtor ao próxima da realidade no elo da
consumidor final. Isso pode ser feito distribuição, foram feitas estimativas
em bancas próprias e feiras livres, sem com base nas vendas dos Ceasas para o
intermediários. Outra modalidade é a atacado e nas vendas dos
venda dos produtores diretamente supermercados para o varejo.
para as redes varejistas, que por sua
É importante pontuar que existem há
vez acessam o consumidor final. Essa
diversas configurações de canais de
forma de comercialização é mais
distribuição atualmente. Existem
comum para hortaliças altamente
grandes redes de supermercados, por
perecíveis, como folhosas, por exemplo
exemplo, que já possuem centrais de
(LUENGO, et al. 2007).
distribuição próprias, onde as compras
O fluxo mais comum para que a são feitas diretamente dos produtores
hortaliça chegue do produtor ao seu e distribuídas para todas as suas lojas.
consumidor final é a passagem por Em um cenário de verticalização ainda
algum tipo de atacado. Nesse sentido, maior, podem-se ver redes de
os Ceasas figuram como importantes supermercado com produção própria
players no segmento atacadista de determinadas hortaliças. No
(LUENGO, et al. 2007). presente estudo, essas particularidades
não foram mapeadas, sendo que essas
Outra modalidade que tem crescido
modalidades estão contempladas no
com a expansão das redes de
elo do varejo.
supermercados são as distribuidoras,
que recebem as hortaliças tanto dos Atacado
produtores como dos Ceasas e as
redistribuem para o varejo. Grandes
Considerando o elo do atacado, é
redes varejistas têm atuado também
importante destacar um importante
como uma dessas centrais de
player de comercialização que são as
distribuição que atendem suas próprias
Centrais Estaduais de Abastecimento
lojas e podem até criar marcas próprias
ou CEASAS. Na década de 60, o Brasil se
para revender em lojas menores
viu na necessidade de regulamentar o
(LUENGO, et al. 2007).
comércio hortigranjeiro, pois o setor
Estimar qual percentual das hortaliças passava por uma crise e falta de
comercializadas passaram por cada um padronização. As perdas eram elevadas
dos canais é um desafio, tendo em vista e os produtores não tinham espaço
a variedade de hortaliças presentes no para comercializarem seus produtos,
escopo do trabalho e a característica causando um desestímulo dos mesmos.
dessas cadeias de pequenos Sendo assim, os CEASAS surgiram e

30
passaram a assumir um papel aos CEASAS, apenas 70% é
importante não só para a comercializado de fato.
comercialização das hortaliças, mas
Considerando as perdas, esse
também na geração de empregos
importante player foi responsável por
(MOURÃO, 2008).
movimentação financeira de
Atualmente, cerca de 28% de todas as aproximadamente US$ 2 bilhões.
hortaliças comercializadas passam
A tabela 14 mostra o volume de
pelos CEASAS, sendo que foram
hortaliças que passaram pelas CEASAS
estimadas perdas de cerca de 30% nas
em 2016, o total comercializado e os
mesmas, ou seja, de tudo que chega
preços médios praticados.

Tabela 14. Volume de hortaliças que passaram pelas CEASAS em 2016, perda média,
quantidade comercializada, preço médio e valor total movimentado
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NOS CEASAS
% produção Quantidade de Perdas Quantidade R$/kg Valor total
Cultura destinada aos entrada nos CEASAS consideradas Comercializada movimentado
CEASAS (t) nos CEASAS (t) (mi US$)
Abóbora cabotiá 13% 87.081,97 60.957,38 1,90 33,3
Abobrinha 38% 144.034,80 100.824,36 1,77 51,14
Alface 6% 105.207,15 73.645,01 2,38 50,32
Alho 62% 82.724,46 57.907,12 16,91 281,14
Batata 30% 1.177.269,33 824.088,53 2,47 584,45
Beterraba 62% 135.189,18 94.632,43 1,79 48,51
Cebola 33% 524.466,58 30% 367.126,61 2,16 227,39
Cenoura 50% 375.356,11 262.749,27 2,04 153,83
Coentro 1% 8.354,46 5.848,12 5,87 9,86
Couve-flor 25% 83.163,52 58.214,47 2,59 43,37
Pimentão 30% 164.313,30 115.019,00 3,53 116,57
Tomate 68% 1.039.944,90 727.961,43 2,34 488,24
TOTAL 2.088,12
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de SIMAB/PROHORT e ABCSEM e
LPSA/IBGE

Nota-se que, com o passar dos anos, certa estabilidade nesse canal de
apesar dos CEASAS aumentarem seu distribuição. O gráfico 2 mostra a
volume de vendas, esse aumento não é evolução das vendas em volume e valor
altamente significativo, o que indica dos últimos 5 anos.

31
Gráfico 2. Histórico dos últimos 5 anos de vendas dos CEASAS
4.000.000 12.000,00

3.900.000
10.000,00
3.800.000
8.000,00
3.700.000

R$ milhões
Toneladas

3.600.000 6.000,00

3.500.000
4.000,00
3.400.000
2.000,00
3.300.000

3.200.000 ,00
2012 2013 2014 2015 2016

Quantidade (t) Valor (R$) Milhões

Fonte: elaborado pela Markestrat a partir de SIMAB/PROHORT

Nos últimos 5 anos, as vendas dos que cerca de 8,5% de todo valor
CEASAS aumentaram cerca de 5% em faturado pelos supermercados tenha
volume, porém, em valor, esse sido de origem do setor de FLV.
percentual foi de 80%, ou seja, os
Esse setor se enquadra dentro de um
preços pagos pelas hortaliças
segmento muito analisado nos
aumentaram em proporções muito
supermercados, que é o segmento de
maiores, indicando a tendência de que
perecíveis. Outros itens considerados
os produtos hortícolas têm se
nesse segmento são flores, itens de
valorizado no mercado consumidor.
padaria e açougue.

Os itens perecíveis dentro dos


Varejo supermercados são responsáveis por
grande parte da movimentação interna
Para o cálculo da movimentação de pessoas, tendo em vista que
financeira no varejo, foi considerada a periodicamente eles devem ser
participação das hortaliças do presente repostos nos lares. Nota-se que os dias
estudo no total do setor de FLV de maior movimento nas lojas
comercializado pelos supermercados, varejistas acontecem juntamente com
estando subdivididas em in natura, as promoções de itens perecíveis, tais
minimamente processadas e como FLV. Quando o cidadão vai até o
processadas. supermercado para se abastecer de
itens como hortaliças e frutas, ele
O primeiro número de destaque acaba por consumir outros itens
levantado foi o percentual que o setor diversos ali presentes.
de FLV representou nas vendas totais
dos supermercados em 2016. Estima-se

32
Vale destacar também a importância faturamento das hortaliças em
dos itens perecíveis na atração e questão. Já para minimamente
fidelização do consumidor ao ponto de processados, o percentual considerado
venda. O consumidor tende a retornar foi de 3,5% sobre o total de FLV.
em locais onde encontra frutas,
O índice utilizado para o cálculo dos
verduras, legumes, carnes, etc de mais
industrializados foi o valor da venda de
alta qualidade ou em linha com o
produtos selecionados, tais como
padrão de consumo desejado.
ketchups, batata chips, batata
Estimou-se que do total de FLV in congelada, massa de tomate, entre
natura e minimamente processado outros, sobre o valor total de
comercializado pelos supermercados faturamento dos supermercados no
em 2016, as hortaliças in natura ano de 2016. Esse índice foi de 3%. É
presentes no escopo do projeto importante destacar que todos esses
responderam por cerca de 35%. Vale percentuais foram validados por
lembrar que as frutas têm grande entrevistas com varejistas. A tabela 15
representatividade nesse segmento, o mostra a movimentação financeira das
que reduz a representatividade do hortaliças no varejo.

Tabela 15. Movimentação financeira de hortaliças in natura, minimamente processadas e


industrializadas
MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA NO VAREJO
Tipo de Produto Faturamento (US$ milhões) Representatividade (%)
In natura $2.900,75 47%
Minimamente Processados $300,75 5%
Industrializados $2.943,94 48%
TOTAL $6.145,44 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de entrevistas com empresas e
especialistas do varejo

Na tabela, nota-se que, apesar do Mercado Externo


consumo ser crescente, os
minimamente processados ainda
Quando se fala de mercado interno e
respondem por parte pequena da
externo devem ser considerados os
movimentação financeira do varejo.
produtos da cadeia que foram
Produtos in natura e industrializados
exportados e aqueles que entraram no
contabilizam movimentação financeira
país para suprir alguma demanda não
compatível, sendo que os três
atendida pela produção interna.
segmentos juntos movimentaram em
2016 cerca de US$ 6 bilhões. Na cultura do alho, por exemplo,
embora o Brasil tenha todas as
características de clima e solo propícias
para o cultivo, a produção interna

33
supre apenas cerca de 35% da cerca de US$ 23 milhões, sendo que as
demanda brasileira, obrigando o país a importações representaram pouco
importar cerca de 65% do total mais de US$ 800 milhões, ou seja,
demandado da Argentina e, apesar do volume importado não ser
principalmente da China tão representativo no total consumido,
(UNIVERSOAGRO, 2014). o Brasil ainda é um país importador de
hortaliças. O gráfico 3 mostra a
As exportações de hortaliças, seja in
evolução das exportações e
natura, minimamente processadas ou
importações de hortaliças ao longo dos
processadas em 2016, movimentaram
últimos 10 anos.

Gráfico 3. Série histórica de exportações e importações de hortaliças


900 798 820
800
670 675 648
700 636
553
600
US$ FOB (mi)

500
349 359
400
272
300
200
100 47 40 39 19 21 17 10 14 12 23
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Exportações Importações

Fonte: elaborado pela Markestrat a partir de Secex/MDIC, 2017

Como pode ser visto no gráfico 2, vendem o produto principal dessa


enquanto nos últimos 10 anos as cadeia produtiva.
importações cresceram cerca de 200%,
Os facilitadores considerados nesse
as exportações caíram pela metade.
estudo foram selecionados tendo como
Essa tendência indica que ainda existe
grande oportunidade no mercado base o custo de produção das principais
internacional para as hortaliças do hortaliças estudadas, sendo que os
Brasil. agentes considerados no presente
estudo foram: laboratório e análises,
2.4 Agentes Facilitadores
assistência técnica e treinamentos,
assessoria e consultoria em gestão,
Os agentes facilitadores são aqueles associações e sindicatos, seguro de
que prestam alguma espécie de serviço máquinas e benfeitorias e frete e
na cadeia produtiva de flores e plantas carregamento. Vale pontuar que, de
ornamentais, porém não compram ou acordo com a definição e a variedade

34
de hortaliças existentes no mercado, a A tabela 16 mostra os valores
cadeia conta com diversos outros movimentados estimados para esse
facilitadores que não foram importante segmento.
considerados no estudo.

Tabela 16. Movimentação financeira pelos agentes facilitadores considerados no estudo


MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DE AGENTES FACILITADORES
Faturamento
Setor Representatividade (%)
(US$ milhões)
Laboratório e Análises $3,41 1%
Assistência Técnica e Treinamentos $83,05 36%
Associações e Sindicatos $11,57 5%
Assessoria e Consultoria em Gestão $15,78 7%
Seguro de Máquinas e Benfeitorias $19,46 9%
Frete e Carregamento $94,69 42%
TOTAL $227,96 100%
Fonte: estimativas elaboradas pela Markestrat a partir de entrevistas com empresas dos
setores, especialistas, Agrianual-FNP, CEPEA e CONAB

Como pode ser visto na tabela acima, específicas, o valor movimentado ainda
dos agentes facilitadores considerados, é altamente significante.
o que têm maior representatividade na
Para o cálculo da massa salarial, foi
movimentação financeira do segmento
considerada a necessidade de mão de
são o frete e carregamento, seguidos
obra para cada uma das hortaliças
de assistência técnica e treinamentos.
estudadas, sendo que o cálculo foi
O total movimentado pelos agentes
dividido por operações tais como
facilitadores foi de US$ 228 milhões.
plantio, tratos culturais e colheita. As
2.5 Mão de Obra informações utilizadas nos cálculos
foram oriundas de entrevistas e
diversas bases de dados secundários,
A massa salarial corresponde a toda como Agrianual/FNP, CNA/CEPEA e
remuneração dos colaboradores EMATER. Vale destacar que, devido às
envolvidos diretamente na cadeia de limitações de dados e acesso às
hortaliças, sem considerar os encargos. empresas dos setores da indústria e
Apesar de existir informalidade na distribuição, o presente estudo aponta
contratação desses colaboradores, somente a massa salarial no elo de
muitas vezes pelo fato de parte dos produção agrícola da cadeia, que foi
postos de trabalho ser temporários, de estimada em US$ 892.433.172,00.
acordo com a safra das hortaliças

35
2.6 Impostos impostos referentes à circulação de
Foram estimadas as arrecadações de insumos agrícolas, evitando-se assim
impostos obtidas com a uma dupla contagem desses tributos.
comercialização de produtos ao longo Chegou-se a um total de impostos
de toda a cadeia produtiva de agregados de US$ 2 bilhões,
hortaliças ao longo do ano de 2016, considerando que a arrecadação com a
considerando as 12 culturas contidas comercialização de insumos foi
no escopo do estudo. Os tributos estimada em US$ 597 milhões.
considerados foram: FUNRURAL, IPI,
PIS, CONFINS e ICMS.

A estimativa referente ao montante


total de impostos sobre as vendas em
toda esta cadeia foi de US$ 2,6 bilhões.
Para se chegar ao total de impostos
agregados subtraíram-se deste valor os

Tabela 17. Impostos da cadeia de hortaliças (em US$ milhões)


Total impostos sobre Vendas 2.602,99
Imposto Elos iniciais
Insumos Agrícolas 596,98
Equipamentos / Insumos Industriais -
Total 596,98

Impostos Agregados 2.006,01


Fonte: elaborada pelos autores

2.7 Limitações da Quantificação diversas outras não foram


consideradas, ou seja, já se tem uma
lacuna de faturamento, seja com
Quantificar uma cadeia com uma gama insumos agrícolas, no elo das fazendas,
tão extensa de produtos, complexa, com a venda dos produtos pelos
difundida em todo o território nacional produtores e também na venda dos
e com predominância de pequenos CEASAS.
produtores já é um desafio por si só.
Vale destacar nesse item que, devido às O acesso a dados primários também foi
limitações encontradas no presente uma limitação encontrada no estudo,
trabalho, as estimativas limitam-se ao principalmente no que se diz respeito à
escopo e método de trabalho. indústria de alimentos processados.
Dessa maneira, as estimativas desse elo
A escolha das doze culturas presentes foram baseadas nas vendas finais da
no escopo do trabalho buscou cadeia, não obtendo outras
contemplar aquelas de maior informações, tais como mão de obra
representatividade no setor, porém, utilizada nesse elo, insumos industriais,

36
canais de distribuição, entre outros. hortaliças, em seus diversos elos, como
Devido à diversidade de produtos insumos, produção agrícola, indústrias,
industrializados que levam hortaliças distribuição e consumidor. Ao longo
em suas composições, em diferentes deste estudo, foi mostrada a
percentuais, foram inseridos os dados importância econômica e social desta
de faturamento com os processados cadeia para o Brasil, bem como uma
mais relevantes para o negócio dos estimativa de sua magnitude. Agora
entrevistados. cabe reconhecer quais são os desafios
que esta cadeia tem enfrentado e quais
A grande diversidade de produtos da
as tendências podem ser observadas.
cadeia trouxe consigo a dificuldade de
Ao final, é proposta uma agenda
se chegar a uma proporção de vendas
estratégica visando superar os desafios
nos diferentes canais de distribuição.
e aproveitar as tendências e
Dessa maneira, foi possível quantificar
oportunidades. Este capítulo foi
as vendas nos CEASAS como atacado e
construído com base em entrevistas,
chegar-se a uma estimativa das vendas
com agentes dos diversos segmentos
dos supermercados por meio de dados
da cadeia produtiva de hortaliças, bem
primários levantados com agentes
como foi realizada uma extensa
desse elo.
pesquisa de dados secundários em
Apesar do grande desafio de se bases científicas e comerciais.
quantificar pela primeira vez a cadeia
3.1. Desafios e tendências
produtiva de hortaliças, os números
Por figurarem como um mercado
levantados pelo trabalho são
altamente diversificado, é possível
estimativas consistentes produzidas por
elencar diversos desafios e
meio da aplicação de um método
oportunidades para essa cadeia. Para
científico publicado por periódicos
efeitos didáticos, são tratados neste
nacionais e internacionais e já aplicado
estudo ambos segmentados por elo da
em diversas cadeias produtivas.
cadeia produtiva, seguindo a ordem do
Entende-se que, novas pesquisas nesse
capítulo anterior, de quantificação.
sentido, tendo esse trabalho como
Muito dos desafios e tendências
ponto de partida, trarão cada vez mais
apresentados em um elo também
detalhes e mais assertividade,
dizem respeito a outros, porém, para
atingindo o seu objetivo de mostrar a
melhor organização dos tópicos, foram
grandeza de um setor de tamanha
pontuados no elo que mais se
importância.
aproxima.
3. Desafios e tendências na
Antes da Fazenda
cadeia produtiva de hortaliças O elo antes da fazenda, que
Este tópico trata dos desafios e compreende os insumos agrícolas para
tendências para cadeia produtiva de a produção de hortaliças, possui alguns

37
desafios e tendências, das quais se da cadeia de hortaliças como
destacam: um todo, maior importância
tem sido dada a questões como
 Produtos fitossanitários: assim
rastreabilidade e segurança
como as demais culturas
alimentar. Nesse sentido,
agrícolas, as hortaliças também
diversas empresas já
necessitam de produtos
começaram a olhar
fitossanitários que as protejam
estrategicamente para o setor,
de pragas e doenças, garantindo
o que tem trazido evoluções
a produção e a produtividade
mais rápidas no sentido de
desejadas. Exceções no uso
desenvolvimento e registro de
desse tipo de produto podem
produtos para hortaliças.
ser encontradas em cultivos
Apesar da melhoria, muito
orgânicos. Além disso, a difusão
ainda deve ser desenvolvido,
de sistemas de produção em
principalmente no que diz
ambientes protegidos (casas de
respeito à velocidade e
vegetação controlada) também
investimento necessário para a
contribui para a redução na
obtenção de um novo registro.
utilização desses produtos. Para
Também com a publicação da IN
a utilização de químicos nas
conjunta MAPA, Anvisa e Ibama
diversas culturas é necessário
Nº 1/2014, que simplificou o
que os mesmos estejam
registro para as pequenas
registrados e regulamentados
culturas, nas quais qual incluem
especificamente para a cultura
as hortaliças, contribuiu para
alvo do produto. O grande
incentivar o registro para essas
desafio é a existência de
culturas.
relativamente poucos produtos
registrados para hortaliças, o
 Controle biológico: seja pela
que restringe as alternativas
pressão dos consumidores pela
para o produtor ou fazem com
redução na utilização de
que sejam utilizados produtos
defensivos químicos, ou pela
sem registro. Agravante dessa
queda da eficiência destes
situação é o fato de que no
produtos diante do
passado as empresas de
desenvolvimento de resistência
produtos fitossanitários tinham
pelas populações de pragas, a
poucos incentivos para o
utilização de organismos vivos
desenvolvimento e registro de
no controle de pragas e doenças
produtos para hortaliças, pela
tem se intensificado em
baixa profissionalização e
diversos cultivos, inclusive na
volume movimentado pelo
produção de hortaliças.
setor. Com as mudanças nos
Atualmente já existem mais de
hábitos de consumo e evolução

38
130 unidades de produção de importância da cadeia de
organismos para controle hortaliças no contexto alimentar
biológico, que incluem os da população, mais altos
microrganismos (bactérias, vírus investimentos têm sido
e fungos) e macro-organismos destinados para o
(insetos predadores e desenvolvimento desse
parasitas). Sendo este um segmento. Vale destacar que o
mercado relativamente novo, o setor vivencia uma migração da
crescimento de sua penetração fonte de recursos para esse tipo
entre os produtores brasileiros de investimento. No passado, a
depende da superação de verba destinada era
alguns desafios, como a majoritariamente pública, com
ampliação da oferta de institutos de pesquisa
soluções, a regulamentação da dedicados. Dado o aumento da
pesquisa e do desenvolvimento importância do segmento,
de produtos, a formação de atualmente diversas empresas
mais profissionais técnicos privadas vêm destinando altos
capacitados na área e a difusão investimentos para o
do emprego do controle melhoramento genético de
biológico no âmbito do manejo hortaliças, fato que acelera
integrado de pragas. ainda mais o desenvolvimento
do setor. Novos hábitos de
 Novos produtos: uma questão consumo são fortes
que segue a mesma lógica direcionadores para o
descrita para produtos desenvolvimento de cultivares,
fitossanitários é o que vão desde produtos mini,
melhoramento genético, produtos com coloração
contando também com diferenciada ou sabor
lançamento de novas excêntrico. Estes produtos
variedades. Desde o início da ganham destaque
agricultura, essa sempre foi uma principalmente nas mãos de
atividade fundamental para o grandes chefes culinários.
desenvolvimento das diferentes
culturas, contribuindo para o  Máquinas e equipamentos:
aprimoramento das questões Apesar da utilização de
agronômicas das plantas e para máquinas e equipamentos no
o desenvolvimento de novos cultivo de hortaliças ainda ser
cultivares, cada vez mais baixo, uma vez que a cultura
alinhados com as preferências conta com muita mão de obra
alimentares da população direta no campo, já é uma
crescente. Com o aumento da tendência, principalmente para

39
médios e grandes produtores o de investimento dos produtores
aumento da mecanização. e a demanda de diferentes
Cultivos como tomate, batata, materiais devido às
cenoura e cebola já contam com características climáticas
máquinas e equipamentos brasileiras. Desta forma, torna-
(mesmo que importados) que se mais difícil diluir o custo de
vêm automatizando cada vez produção.
mais os processos. A tendência
existe, porém ainda não é a
realidade da maioria dos Nas Fazendas
produtores do segmento, que
são pequenos, com baixa escala Os produtores de hortaliças terão de
de produção, grande encarar diversos desafios no futuro.
diversidade de cultivos e pouca Seja a definição de um padrão para a
capacidade financeira para produção de orgânicos; o
investimentos mais altos. O superdimensionamento do plantio que
desenvolvimento de novas reduz o preço de venda; a necessidade
tecnologias em máquinas e do estabelecimento de um banco de
equipamentos adaptados a essa dados sólido de informações; os altos
realidade ainda é pequeno. A custos da terra; a constante
mecanização no setor de necessidade pela redução nos custos;
hortaliças, para cada cultura os altos custos com operações
especificamente, ainda tem manuais; a baixa disponibilidade de
muito a ser desenvolvida, crédito; e a redução dos recursos
porém, dado o aumento hídricos são alguns exemplos de
constante da importância do problemas que constantemente
setor no cenário econômico, afligem os produtores. Neste tópico
essa é uma tendência para os serão detalhados os desafios e
próximos anos. tendências que estão relacionados
diretamente à produção agrícola de
hortaliças:
 Escala: existe um baixo
investimento em geração e  Agricultura de precisão: a
renovação de tecnologias no agricultura de precisão já é uma
setor de hortaliças quando realidade em diversas culturas
comparado a outras cadeias agrícolas, tais como grãos, cana
produtivas. Uma das principais de açúcar, entre outras.
causas é a questão da pequena Atualmente, a modernização
escala, tendo em vista o das lavouras não está ligada
tamanho restrito das áreas somente a uma maior utilização
produtivas, a baixa capacidade de máquinas e equipamentos,

40
mas sim de evoluções existe um aumento de
tecnológicas tais como a preocupação da sociedade com
agricultura de precisão. No o consumo racional da água.
segmento de hortaliças, a
adoção de agricultura de
precisão ainda é baixa, mas,  Mecanização: como já tratado
com a profissionalização do em itens anteriores, a evolução,
setor, existe grande potencial a profissionalização e o
de utilização dado os benefícios aumento de escala de algumas
trazidos, tais como melhor culturas trouxeram consigo
gerenciamento dos dados da maior viabilidade de
lavoura, aplicação variável de investimentos na mecanização.
defensivos com a diminuição e Hortaliças como batata, tomate
racionalização do uso de e cebola estão à frente nesse
insumos, melhor exploração do sentido. De acordo com as
potencial produtivo da cultura, entrevistas, existe a tendência
economia em custos e tempos de se mecanizar toda a
de aplicação, monitoramento de produção destas culturas e
patógenos e até mesmo maior aumentar a mecanização das
padronização do produto final, demais com o desenvolvimento
o que pode agregar mais valor à de novas tecnologias. Essas
produção no momento da evoluções tendem a gerar
venda. Assim como a diversos ganhos para o setor,
mecanização, a tendência é a tais como o aumento de
agricultura de precisão ser produtividade e a maior
adotada inicialmente por profissionalização da mão de
agricultores maiores, com maior obra empregada.
capacidade de investimento,
porém, com a evolução do  Concentração da produção: a
segmento, essa será uma característica de cultivo em
realidade para mais ampla gama pequenas áreas, apesar de hoje
de produtores agrícolas. ainda ser significativa, tem
tendência de declínio devido ao
 Disponibilidade de água: aumento da distância entre
atualmente as pessoas vivem áreas de produção e áreas de
em um ambiente em que cada consumo, profissionalização do
vez se tornam mais frequentes setor com aumento das
os períodos de seca. Em produções em escala visando a
algumas propriedades até uma redução de custos e maior
mesmo a água de poços competitividade comercial e
artesianos tem ficado escassa e pressão imobiliária sobre os

41
"cinturões verdes" das grandes smartphones representam a
cidades. De modo geral, no fusão de diversos segmentos
Brasil inexiste planejamento em um só aparelho. Fazendo
urbano de médio prazo e há parte do dia a dia de grande
uma tendência de aglomeração parte da população, os
populacional ao redor de aparelhos carregam
grandes cidades, devido à falta funcionalidades que resolvem
de emprego e renda que a muitas das necessidades
ausência de desenvolvimento cotidianas. Para os
regional ocasiona. consumidores e produtores,
essas ferramentas são de
extrema utilidade, atuando
 Tecnologia: cada vez mais se fortemente em seu processo de
exige do produtor a fazer mais compra por exemplo. Além de
com menos. Para tal, uma obter mais informações sobre a
solução é a de ganhar escala na empresa, produto e opinião de
produção com adoção de outros consumidores, o fácil
tecnologias como irrigação acesso aos preços dos produtos
localizada, plasticultura, e a possibilidade de comparação
monitoramento remoto, entre trazem ao consumidor maior
outros. Apesar de inovações segurança em sua decisão de
tecnológicas ainda não serem compra. Cada vez mais, o
amplamente difundidas na desenvolvimento de aplicativos
cadeia de hortaliças do Brasil, vem simplificar operações que
em outros países a alta anteriormente pareciam de alta
tecnologia já é amplamente complexidade, e na agricultura
adotada no segmento. o cenário não é diferente.
Monitoramento dos campos,
irrigação de precisão, robótica,
internet no campo e  Estufas e climatização: apesar
conectividade, sistemas aéreos dos altos investimentos
não tripulados são exemplos de necessários, os cultivos em
tecnologias que tendem a estufas com sistemas de
avançar nos sistemas climatização permitem uma
produtivos. Em breve, estas produção com redução de uso
tecnologias serão cada vez mais de produtos fitossanitários,
acessíveis e adotadas no Brasil além de maior controle de
para produção de hortaliças. ganhos de produtividade e
padronização, o que se encaixa
 O uso de smartphones: ainda na nas novas demandas dos
linha de tecnologias, os consumidores. Assim como a

42
mecanização e as novas produtores que fazem mau uso
tecnologias, o cultivo em dos produtos, não seguindo as
ambientes controlados tende a boas práticas previstas para
crescer no segmento. cada cultivo ou até mesmo
fazendo uso de produtos não
 Valorização da terra: nos registrados para a cultura. As
últimos anos o Brasil exigências do consumidor com
experimentou uma grande relação a segurança alimentar
valorização nas terras agrícolas. tendem a intensificar a
De acordo com Agra FNP, as necessidade de certificações e
terras valorizaram no período rastreabilidade, o que impacta
de 2007 a 2016, na região de positivamente na
Campinas, entre 61% a 251%, responsabilidade do agricultor
dependendo da cidade e da quanto à aplicação de produtos.
cultura. Esta valorização levou Gradativamente, produtores
muitos agricultores familiares a que não se adequarem às
venderem suas terras e se normas e boas práticas de
mudarem do campo. Acredita- produção perderão espaço no
se que, no médio prazo, as mercado. Esse é um bom sinal
valorizações de terras sejam para a cadeia como um todo,
mais brandas e naturais, pois aos poucos seu nível de
reduzindo o fluxo de migração profissionalização vai
do campo para as cidades. aumentando. Todos ganham
Porém, atualmente observa-se com isso: produtores,
que hoje não existe muita terra consumidores, meio ambiente e
disponível para o cultivo a sociedade como um todo.
próximo dos centros urbanos.
 Certificações: para aumentar
sua competitividade no
 Aplicação de produtos mercado, diversos produtores
fitossanitários: a aplicação de de hortaliças já têm investido
produtos fitossanitários na em programas de certificação,
horticultura é essencial, tanto com a obtenção de selos que
para uma melhor qualidade do são valorizados pelo
produto, quanto para aumentos consumidor final. Em um
de produtividade e viabilização sentido mais amplo, o
das culturas. Sendo necessária a certificado é uma garantia de
utilização destes produtos, a qualidade, no entanto é
aplicação deve ser feita de necessário estabelecer um
forma correta e responsável. padrão que seja de fácil adoção
Ainda hoje existem relatos de e que seja adotado pelo

43
mercado como um todo. O capacitar os produtores, dar
segmento de orgânicos, por treinamentos e conhecimento,
exemplo, já possui diversas para que estes produtores
iniciativas altamente continuem o abastecimento de
consistentes nesse sentido. toda a cadeia de suprimento,
Cada vez mais áreas produtivas que tende a ser crescente nos
vêm aderindo a produção próximos anos. Também a
orgânica e aumentando a intensificação do intercâmbio
preocupação com soluções para de conhecimento com
pragas e doenças. Ademais, os produtores de países referência
orgânicos têm sido desafiados a no cultivo e comercialização de
uma maior produção e a mais hortaliças ajudaria a difundir as
qualidade do seu produto. No melhores técnicas de produção
Brasil, já podem ser vistos casos e práticas de gestão, adaptadas
de produtores que, após a às realidades de cada região do
certificação, dobraram suas Brasil.
vendas. Esse processo traz
ganhos diretos ao produtor,  Venda direta e marca própria: o
mas também à sociedade que, acesso direto e a criação de
cada vez mais, tem acesso a marcas próprias dos produtores
produtos de maior qualidade e rurais ainda são muito pouco
mais seguros para o consumo. praticados no Brasil, porém em
outros países, como EUA e
países da Europa, é uma prática
 Capacitação do produtor: parte que vem crescendo. Marcas
significativa do cultivo de próprias, principalmente de
hortaliças está nas mãos de supermercados, ganharam fatia
pequenos produtores, muitos de mercado durante a crise da
deles praticando agricultura última década. Foi quando os
familiar, dessa maneira, a consumidores se acostumaram
capacitação ainda é um item a isso, percebendo o valor por
que tem muito a ser trás de um possível preço mais
desenvolvido, seja ela baixo por um produto quase
relacionada a temas técnicos, igual ou igual. Nesses países, os
temas de gestão e até mesmo produtores ou grupos de
temas que deem maior produção também passaram a
conhecimento de mercado para criar suas próprias marcas como
o agricultor. Ainda há uma baixa forma de agregar valor ao seu
capacitação da maioria destes produto final. Normalmente
produtores. É preciso, uma esses produtos são
parceria público-privada para reconhecidos pelos

44
consumidores figurando como gradativamente, as mudanças
um incentivo à produção local. de temperatura tendem a afetar
Estes produtores, além da a dinâmica de desenvolvimento
produção agrícola, criaram de patógenos. Sendo as
produtos, já embalados para hortaliças culturas altamente
venda direta para os susceptíveis a pragas e doenças,
consumidores ou venda para institutos de pesquisa e
grandes varejos. Outra desenvolvimento, bem como a
tendência é a venda direta, do iniciativa privada, devem estar
produtor para o consumidor atentos a essas mudanças para
final. Nesse sentido cria-se a o desenvolvimento de novas
ciência do movimento “compre tecnologias.
local” para capturar
oportunidade e a tendência de
conhecer seu produtor (onde Depois das Fazendas
meus alimentos são produzidos
e por quem), construindo
ligações entre os consumidores A partir do momento que o produto sai
urbanos e a vida rural. das fazendas, ele encontra outros
desafios e tendências. É o que se trata
 Organização dos produtores: este tópico. Aqui serão apontados os
diferente de outras cadeias, desafios e tendências nas indústrias, na
principalmente das de distribuição e no consumo.
commodities agrícolas, Indústria
geralmente os produtores de
hortaliças não conseguem se A indústria de processamento de
organizar em entidades hortaliças possui uma cadeia de
representativas. Desta forma, suprimentos muito delicada, com
percebe-se um alto grau de dificuldade no ajuste da oferta e
competição entre os demanda. Ademais, os custos com mão
produtores. Ademais, a falta de de obra são elevados devido aos altos
organização dificulta na custos de impostos; as hortaliças
capacidade de negociação com precisam de ambientes refrigerados
os distribuidores e com a para manter o padrão de qualidade por
indústria. um período maior; e existem vários
pontos de contaminação que diminuem
 Mudanças climáticas: estudos o tempo de prateleira dos produtos
diversos (GUEDES, 2009) têm processados; as hortaliças apresentam
mostrado o impacto do uma alta perecibilidade, o que
aquecimento global nas culturas demanda agilidade em todo o processo
agrícolas. Indica-se que,

45
industrial. Com base nisso destaca-se e na preferência do consumidor,
como oportunidade de melhoria: tendem a continuar crescendo.

 Fornecimento de produtos e
 Produtos processados: os
padronização: a capacidade de
produtos processados seguem
uma indústria na área de
no mesmo sentido das
hortaliças é diretamente
demandas dos consumidores:
restringida à quantidade e
produtos mais saudáveis,
qualidade de matéria-prima
práticos, pré-preparados ou
disponível. Os produtores de
preparados, porções menores,
hortaliça em geral são pequenos
rastreabilidade e certificações.
e por vezes não conseguem
Os consumidores optarão cada
atender toda a demanda da
vez mais por este tipo de
indústria. Ademais, cada
produto, seja para atender às
produtor adota manejos
“famílias de um” ou
diferentes um do outro,
simplesmente para otimizar o
ocasionando em produtos com
tempo de preparo das refeições.
padrões físico-químicos
Esta é uma oportunidade para
diferentes. Isto dificulta a
as indústrias de produtos
industrialização, uma vez que os
processados investirem em
maquinários na indústria
inovação e criação de novos
exigem uma uniformidade da
produtos.
matéria- prima para melhorar o
seu desempenho. No entanto,
 Comunicação: As empresas no
algumas cadeias conseguiram
setor de hortaliças têm a
uma alta especialização e
oportunidade de serem
geralmente adotam áreas
promotoras da saúde. Nesse
próprias ou altamente
sentido, a indústria apresenta
integradas de produção, como
muitas oportunidades para
no caso do tomate rasteiro e da
criar, capturar e compartilhar
batata.
valor em novos modelos de
negócio para o setor de
 Minimamente processados: a
hortaliças.
praticidade dos produtos
minimamente processados
continuará em linha com as Distribuição
demandas dos consumidores.
Estes produtos que
apresentaram um bom Os canais de distribuição têm desafios
crescimento nos últimos anos, relacionados principalmente com a
ganhando espaço de prateleira organização da cadeia produtiva de
hortaliças. Entre os fatores destacam-

46
se as necessidades de diminuir a briga grande importância nesse sentido
por margens de comercialização; são a distância entre o local de
estabelecer uma frequência de produção e o local de consumo, a
suprimento; obter produtos com conservação das estradas e o custo
qualidade; gestão de estoques; mix de dos combustíveis. Atualmente, o
produtos; previsibilidade de demanda e transporte de hortaliças no Brasil é
adequação às novas formas de realizado majoritariamente por
consumo. Portanto, no setor de caminhões, com uma
distribuição, os desafios e tendências predominância de caminhões baú
encontrados são referentes aos canais ou cobertos com lonas, ambos sem
que vêm se destacando, conforme controle de temperatura, porém
detalhados a seguir: diversas empresas já têm investido
na cadeia fria para o transporte
 Frequência e qualidade dos (LUENGO, et al., 2007). A tendência
produtos: o setor de distribuição de aumento de caminhões
depende da frequência do refrigerados é altamente benéfica
fornecimento dos produtores para para a manutenção da qualidade e
entrega aos consumidores. No durabilidade das hortaliças
entanto, apesar das hortaliças transportadas.
terem o ciclo produtivo curto, o
tempo de prateleira também é  Disputa por margens de
muito pequeno. Desta forma, comercialização: os distribuidores
necessita-se de produtos frescos nos centros de abastecimento por
com grande frequência (em média vezes são considerados como
2x semana), o que nem sempre é detentores de um grande
possível caso se tenha quebra no percentual da margem do produto
ciclo do plantio ou até mesmo comercializado. No entanto, os
redução na quantidade plantada altos custos de transporte, as
com a redução no preço de venda. perdas na comercialização e os
De outro lado, a qualidade dos prazos de recebimento por muitas
produtos está sendo exigida além vezes são atribuídos a estes
da aparência física, questões como agentes. Ademais, os distribuidores
presença de defensivos e a também assumem o papel de
presença de produtos químicos fornecedores de crédito para que
proibidos tem adquirido cada vez os produtores também consigam
mais importância. produzir e, desta forma, terem
uma maior garantia de capacidade
 Transporte: outro fator que afeta de fornecimento.
diretamente a qualidade e
disponibilidade das hortaliças no
mercado é o transporte. Fatores de

47
 Consumo fora do lar: Com a commerce no Brasil deve dobrar
mudança nos hábitos dos de tamanho até 2021, chegando ao
brasileiros, aumentou-se o valor de R$ 84 bilhões. Neste
consumo de alimentos fora dos cenário, também ganha
lares. De acordo com a pesquisa importância o comércio de
encomendada pelo IFB (Instituto alimentos on-line. Assim como o
Foodservice Brasil), o setor de crescimento do consumo fora de
foodservice (alimentação fora de casa e de novas demandas por
casa) vem crescendo no Brasil e, parte do consumidor (que será
nos últimos 5 anos, apresentou um mais detalhado no tópico de
aumento de 52% no período, consumo), o comércio on-line de
alcançando em 2016 um alimentos tem apresentado
faturamento de R$ 184 bilhões. crescimentos significativos. Ainda
Essa mesma pesquisa mostra que de acordo com pesquisa divulgada
em 2002 a participação do pelo Google, os itens calçados,
foodservice na alimentação total roupas, beleza e alimentos
do brasileiro foi de 24%. Já em representavam, em 2010, 11% do
2016, este valor foi de 34%. Se total de comercialização no e-
comparar com os EUA, por commerce, porém deverão chegar
exemplo, a participação do a 25% em 2018. Há neste cenário
foodservice na alimentação total varejistas tradicionais, com a
do americano foi de 49%. Com esta prestação de venda e entrega de
tendência, canais como o alimentos, mas que continuam
foodservice, deverão ganhar mais com suas lojas físicas, mas também
importância na comercialização de há varejistas puramente on-line,
hortaliças. sem lojas físicas, apenas com
depósitos e sistema logístico. Este
 Compra on-line: o comércio on-line segundo tipo deve ganhar
tem crescido bastante nos últimos importância. Apesar de não poder
anos. De acordo com o estudo escolher os produtos fisicamente, o
Webshoppers, realizado pela Ebit, crescimento de produtos
o comércio on-line (e-commerce) embalados e padronizados tende a
no Brasil cresceu 137% em dar maior confiança ao consumidor
faturamento nos últimos 5 anos, para fazer suas compras online,
atingindo o valor de R$ 44,4 permitindo-lhe praticidade e
bilhões, sendo os principais garantia de produto. Ainda no
segmentos os eletrodomésticos sentido das compras on-line, a
(23%); telefonia/celulares (21%); venda direta do produtor rural
eletrônicos (12,4%); informática para o consumidor pode ser
(9,5%) e demais (34%). Ainda de viabilizada desde que a logística e a
acordo com o Google, o e-

48
qualidade não sejam gargalos para movimentos por redução na
ambos. pegada de carbono, que já são
importantes na decisão de compra
 Redes sociais: o monitoramento em países mais desenvolvidos.
das redes sociais pode fornecer
uma fonte importante de  Volatilidade nos preços: as
informações para a empresa, tendo hortaliças têm uma alta
um feedback praticamente volatilidade nos preços. Em
instantâneo das reações dos momentos de produção excedente
consumidores frente às atividades o preço inviabiliza até a colheita e
da empresa. em momentos de falta algumas
hortaliças ficam muitas vezes mais
 Lojas próprias: existe forte caras de uma semana para outra.
tendência da indústria e até Esta instabilidade requer dos
mesmo de produtores acessarem distribuidores habilidades
os consumidores finais comerciais aguçadas, seja no
diretamente por meio de lojas momento da compra ou da venda.
próprias ou da união de produtores
em feiras. Atualmente, a utilização Consumo
de lojas próprias (integração
vertical) pelas empresas de Em se tratando de consumo de
alimentos também é vista como hortaliças, é importante destacar que o
um laboratório de consumidores. Brasil ainda apresenta um consumo per
As pesquisas ocorrem para capita inferior a diversos outros países,
aumentar a experiência do isso se dá pela característica desse tipo
consumidor e a percepção de produto. São produtos com
gustativa até mesmo mudando demanda de elevada elasticidade-
texturas de alguns alimentos e renda, ou seja, o aumento do consumo
bebidas. por habitante supera o crescimento da
renda per capita em termos
 Custos logísticos: estes devem ser percentuais, ou seja, com a melhoria na
constantemente monitorados. Para renda da população no país, a
algumas hortaliças existe um alto tendência é que o consumo também
custo oriundo do frete da região aumente. Essa relação está
produtora para a região diretamente relacionada ao fato das
consumidora e desta para o hortaliças representarem produtos
consumidor. Algumas culturas benéficos à saúde, com baixo nível
tiveram de migrar para regiões calórico e altas taxas de vitaminas,
com o custo da terra e a presença fibras e sais minerais (ACCARINI, et al.,
de pragas e doenças menores. 1999).
Outro fator a se considerar são os

49
Algumas tendências socioeconômicas processados e disponíveis para
que vêm ocorrendo nos últimos anos consumo imediato. Neste ponto
também ajudam a justificar o aumento sofre impacto também o setor
no consumo de hortaliças e frutas. A de hortaliças. Tradicionalmente,
mudança no perfil do trabalho, que os consumidores iam ao varejo
antes era mais mecânico e hoje se ou varejo especializado
torna mais intelectual, traz consigo (varejões) e escolhiam o melhor
uma mudança na necessidade de produto, dentre diversos outros
ingestão de alimentos específicos. disponíveis, pois os produtos
Atualmente a demanda por sais não tinham um rigor de padrão
minerais e fibras passa a ser maior de qualidade, comprando a
enquanto que a de carboidratos, quantidade por eles desejada
proporcionalmente menor (ACCARINI, (mesmo sem saber o exato
et al., 1999). volume que estavam
comprando no momento da
A inserção da mulher no mercado de
escolha). Porém, agora cresce o
trabalho e o crescimento das refeições
consumo de alimentos
fora do lar aumentaram as opções de
embalados. Este tipo de
restaurantes self-service. Nesse
consumo faz com que os
sentido, a variedade de verduras e
alimentos apresentem um
legumes ofertada é maior para que o
melhor controle de qualidade,
consumidor possa enriquecer sua dieta
sendo padronizados e em
e os restaurantes onerem menos o
porções exatas, especificadas na
custo das refeições, tendo em vista que
embalagem. Isto poupa tempo,
as hortaliças são opções menos
garante maior qualidade dos
custosas (ACCARINI, et al., 1999).
produtos no momento da
Na sequência são pontuadas algumas compra e evita desperdícios,
tendências de consumo que permeiam uma vez que o consumidor
também o setor de hortaliças: pode comprar um produto
fracionado, em porções
 Produtos embalados: a menores. Esta tendência deve
modernização da sociedade e o continuar crescendo,
crescimento econômico dos aumentando as vendas de
últimos anos (exceto nos produtos embalados. O desafio
últimos dois anos no Brasil) neste caso está em aumentar a
mudaram o perfil de consumo padronização dos produtos.
das famílias. Com menos tempo
para preparar refeições e maior  Padronização de hortaliças in
disponibilidade de renda, as natura: ao contrário do que
famílias passaram a aumentar o acontece no setor industrial, é
consumo de alimentos mais altamente complexo padronizar

50
produtos hortícolas, justamente indústria e produtores, esta
por não terem um processo de nova mudança permite
fácil controle como o que se vê adicionar valor aos produtos,
nas indústrias, uma vez que uma vez que além de vender o
hortaliças são produtos vivos. produto in natura, ele pode
No Brasil já podem ser vistos gerar dividendos na prestação
exemplos de sucesso de de serviços de porcionamento,
padronização desse tipo de higienização, padronização e
produto, porém esse é um embalagem. No
aspecto que ainda deve ser desenvolvimento de novos
muito trabalhado. O aumento produtos, existem
das exigências do consumidor é oportunidades no conceito de
forte motivador para evolução snack, abrangendo nutrição,
nesse âmbito. Contudo, deve-se conveniência e portabilidade
destacar que existem nichos de com diferentes necessidades
mercado para diferentes baseadas no período do dia que
padrões de hortaliças, cabendo o produto será consumido
aos produtores encontrá-los e (alimentos “on the go”). As
acessá-los. hortaliças têm o potencial para
serem produtos amigáveis na
 Porções menores, individuais, interação com os consumidores
práticas: o perfil das famílias mais novos.
não só mudou em relação à
disponibilidade de tempo e  Produtos mais processados e
recursos financeiros, como saudáveis: na mesma tendência
também em relação ao seu da mudança dos consumidores
tamanho. As famílias hoje são para porções menores,
menores, menor número de individuais e práticas, existe
filhos, muitos casais sem filhos e também a tendência de
crescente número de jovens alimentos já preparados ou pré-
que moram sozinhos. Esta preparados. Além disso, os
mudança também implica no consumidores buscam
consumo de hortaliças. Hoje o alimentos cada vez mais
consumidor exige uma porção saudáveis e funcionais.
menor ou individual, isto além Movimentos sociais por uma
de ser prático para o alimentação mais saudável
consumidor é mais econômico, estão crescendo em todo
pois permite comprar somente mundo, tendo um impacto
o que necessita, e reduz positivo para hortaliças, frutas e
também o desperdício de outras escolhas saudáveis.
alimentos. Para o lado da Hortaliças e frutas são

51
importantes fontes de vitaminas hortaliças geralmente são
e minerais na dieta humana. apresentadas in natura, sem
São "combustíveis de gente". A embalagens, em grandes
melhoria da dieta das pessoas bancadas. Neste cenário, o
evita e previne problemas de consumidor escolhe, dentre
saúde. outras hortaliças que está
procurando, a que mais lhe
 Orgânicos: o mercado de agrada. Porém, tem crescido,
alimentos orgânicos é como já mencionado, o
crescente. De acordo com a consumo de produtos
pesquisa da Euromonitor embalados, em porções
International, em 2016 o menores e mais práticas. Desta
mercado de alimentos e bebidas forma, crescem também as
com conceitos saudáveis marcas. Em países da Europa as
alcançou um faturamento de hortaliças em suas embalagens
US$ 93,6 bilhões, apresentando já possuem marcas e existem
um crescimento médio de campanhas promocionais das
12,3% ao ano, nos últimos cinco marcas. As marcas podem ser
anos, ao passo que a média de cooperativas, do próprio
mundial foi de 8%. Os orgânicos produtor, de indústrias e
foram os que tiveram maiores packing houses.
avanços, um crescimento de
18,5% em cinco anos. A  Preparo dos alimentos: o
tendência é que este mercado crescimento do interesse do
continue crescendo em média consumidor pelo conhecimento
4,4% ao ano até 2021. Ainda de em culinária, cozinhas gourmet,
acordo com a pesquisa, no utensílios, cozinhar em casa e
Brasil o gasto médio por refeições especiais está levando
habitante ao ano com esse tipo as empresas de alimentos e
de alimento é de US$ 119, varejistas a oferecerem mais
enquanto que nos EUA o valor é informações sobre como
US$ 513, Inglaterra US$ 443 e preparar os alimentos e linhas
Canadá é US$ 445, ou seja, de produtos ligadas ao fresco,
ainda tem espaço para crescer. diferenciado, saudável,
divertido e social.

 Marcas: o consumidor brasileiro  Rastreabilidade e segurança


está acostumado e tem o hábito alimentar: a rastreabilidade dos
de comprar hortaliças em produtos aparece como uma
supermercados ou varejos grande tendência que já está
especializados (varejões). As sendo praticada. Os

52
consumidores estão cada vez é uma realidade, porém, além
mais conscientes, buscando da rastreabilidade, outro ponto
produtos melhores, mais importante e cada vez mais
saudáveis, com informações discutido é a responsabilidade
sobre sua origem e garantia da social envolvida nas cadeias
segurança alimentar. Neste produtivas. A busca é por
sentido, a rastreabilidade é a produtos que para serem
ferramenta que atende a essas produzidos seguem princípios
demandas. No Brasil existe um relacionados à responsabilidade
amplo esforço nesta área. O social, ou seja, respeitam e
programa RAMA buscam melhores condições
(Rastreabilidade e para as pessoas envolvidas no
Monitoramento de Alimentos) processo. São processos que
idealizado pela ABRAS tentam respeitar e incentivar a
(Associação Brasileira de qualidade de vida e segurança
Supermercados) é um exemplo. de quem é responsável pela sua
O programa visa rastrear e produção.
monitorar o setor de FLV
(frutas, legumes e verduras),
fomentando boas práticas  Gestão da Informação: apesar
agrícolas e acompanhando as de englobar aspectos que já
tendências que ocorrem no foram tratados em tópicos
mundo no setor varejista e anteriores, destacar o maior
segurança aos alimentos. O nível de informação disponível
programa tem adesão atualmente é primordial dado
voluntária, sendo colaborativo ao grande impacto que essa
ao longo da cadeia de nova tendência tem na atual
abastecimento, contando com a configuração dos sistemas
participação de produtores, produtivos. Este tópico trata da
distribuidores e varejistas. A transformação do grande
produção de FVL rastreada pelo volume de informação
RAMA já corresponde por 20,5% atualmente disponível em
do total vendido pelo setor. vantagem competitiva para as
Assim como o RAMA, outros organizações. Após capturar e
programas podem surgir e sistematizar informações, as
ganhar espaço, logo, a organizações presentes nos
rastreabilidade tende a ser mais variados elos das cadeias
crescente no setor. podem criar muita vantagem
competitiva. Exemplos de
 Responsabilidade social: a ganhos possíveis são: maior
rastreabilidade dos produtos já eficiência no direcionamento de

53
esforços de marketing, tanto migração da mão de obra do campo
para desenvolvimento de novos para as cidades. No caso da
produtos e serviços quanto para horticultura, este desafio aumenta
comunicações, aumento no ainda mais, já que a cadeia tem uma
controle dos processos de grande demanda de mão de obra, seja
produção e, como para plantio, cultivo, colheita ou pós-
consequência, aumento na colheita. O índice de mecanização ainda
produtividade; economia de é baixo na maior parte das culturas e
recursos (fertilizantes, químicos, faltam máquinas e equipamento
sementes e outros) através de específicos para as culturas - além do
uma agricultura mais precisa, alto custo dos já existentes - o que faz
melhorias na cooperação entre com que o setor seja altamente
empresas, projeções mais dependente de mão de obra. Neste
assertivas, melhorias no sentido, existe por parte dos
gerenciamento de inventários, agricultores, uma indagação de que a
aceleramento da curva de mão de obra hoje existente, em sua
aprendizado com redução de grande parte, é desqualificada,
custos, melhora na capacidade acarretando, assim, em perdas de
de monitoramento de preços, produtividade.
lidando melhor com a
Outra característica do setor é a
volatilidade dos mercados
utilização da mão de obra familiar, uma
futuros, melhora na tomada de
vez que em números, os agricultores
decisão, que se dará com base
familiares são a grande maioria dos
na maior inteligência disponível.
agricultores que cultivam hortaliças.
Mão de Obra
A mão de obra tem representação
significativa no custo de produção das
A mão de obra é sempre um grande principais culturas, variando entre 17%
desafio em qualquer atividade. Nas e 52%, conforme pode ser visto na
atividades agrícolas o desafio é ainda tabela 18.
maior, uma vez que existe uma

Tabela 18. Representatividade do custo de mão de obra no custo de produção total


Cultura Mão de obra / Custo Total (%)
Abóbora 41%
Abobrinha 38%
Alface 17%
Alho 30%
Batata 18%
Cebola 18-26%
Coentro 52%
Couve-flor 20%

54
Pimentão 36%
Tomate industrial 3%
Tomate estufa 46%
Tomate estaqueado 24%
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Agra FNP e Emater

Além da participação nos custos de mais clara e uma fiscalização e


produção, o custo da mão de obra é assistência técnica mais atuante são
crescente. Nos últimos 10 anos, o valor essenciais para o setor.
do salário mínimo aumentou 126%, ou
seja, em um setor altamente
dependente da mão de obra e onde a 3.2. Uma agenda estratégica
mão de obra tem um custo significativo
no custo de produção, tal aumento traz
grande impacto na rentabilidade. Uma rápida agenda estratégica é
proposta para mitigar os desafios e
A tendência de mecanização das aproveitas as oportunidades e
culturas e também de maior tendências do setor. Alguns pontos a
qualificação da mão de obra para serem considerados são:
ocupar cargos de mecanização, aliada a
uma reforma trabalhista, tende a trazer 1. Buscar novas variedades e
boas perspectivas para este setor. inovações em produtos.
2. Melhorar os padrões sanitários
e fitossanitários dos produtos
hortícolas.
Regulamentação
3. Agilizar o processo de registro
de produtos fitossanitários para
Outro desafio que permeia toda a hortaliças, tanto para aplicação
cadeia de hortaliça é a regulamentação. nas lavouras quanto para
Atualmente a legislação é muito tratamento de sementes.
rigorosa quanto aos produtos que 4. Incentivar a inovação no setor
podem ser utilizados, porém a baixa de máquinas e equipamentos.
fiscalização e definição dos 5. Articular linhas de crédito
responsáveis em cada etapa pela especiais para modernização e
segurança alimentar dificultam a tecnificação da produção
organização do setor. Por se tratar de agrícola.
um setor muito susceptível a possíveis 6. Capacitar o produtor rural por
contaminantes, o cuidado com a meio de parcerias público-
qualidade e com os impactos midiáticos privadas.
da divulgação de uma irregularidade 7. Intensificar as missões
podem afetar a todos da cadeia internacionais para difundir a
produtiva. Desta forma, uma legislação troca de conhecimento com

55
produtores e comercializadores 19. Aumentar o nível de
de países referência. informações presentes nas
8. Incentivar e fomentar a adoção embalagens, tais como
de maior tecnologia no campo descrição de características dos
(agricultura de precisão, adoção produtos, propriedades
de máquinas e equipamentos, nutricionais, formas de uso e
irrigação de precisão, internet conservação, métodos de
das coisas, robótica, sistemas cultivo, sugestões de preparo,
controlados de cultivo, entre entre outras.
outras). 20. Buscar inovações em produtos
9. Aumentar o número e nível das finais para os consumidores,
certificações de produtos buscando a linha de alimentos
hortícolas. saudáveis.
10. Incentivar programas de 21. Reduzir barreiras comerciais
rastreabilidade de produção. para impulsionar as
11. Capacitar e incentivar os exportações.
produtores para criação de 22. Adotar padrões de classificação
marcas próprias e acesso ao condizentes com as exigências
mercado. do mercado externo.
12. Aumentar o nível de 23. Reduzir os desperdícios e
cooperativismos e perdas em todas as etapas do
associativismo em hortaliças. processo produtivo.
13. Criar campanhas de 24. Tonar mais ágil o processo de
comunicação incentivando a Análise de Riscos de Pragas
alimentação saudável. (ARP) para autorização de
14. Investir em campanhas de importação de sementes de
aumento do consumo de hortaliças de novas origens, que
hortaliças como forma de é extremamente moroso,
diminuir os gastos com saúde. demorando anos para sua
15. Incentivar a criação de marcas aprovação.
no setor. 25. Combater a pirataria de
16. Modernizar os canais de sementes, em especial em
comercialização. alguns segmentos, como o do
17. Especializar mais o varejo on- pimentão, melão e melancia.
line de produtos hortícolas, 26. Atualizar a lista de pragas
aumentando o sortimento de quarentenárias, evitando que
produtos. lotes de sementes sejam
18. Investir no setor de embalagens destruídos ao entrar no Brasil
para reduzir o desperdício devido à presença de pragas já
durante o transporte e existentes no País.
armazenamento.

56
27. Reduzir o déficit de Agrônomos quando comparada com outros
no Ministério da Agricultura, países. Há também a presença
que deve aumentar com as do assistencialismo populista
que leva pessoas a desistirem
aposentadorias previstas para
de tentar trabalho.
os próximos anos.  Crescentes custos ligados aos
aspectos ambientais, com novas
e crescentes exigências, normas
4. Tendências do setor agro para complexas e interpretações
os próximos 25 anos distintas por parte do judiciário;
 Custos do crime, como roubos
de cargas, de propriedades,
4.1 O Combate aos Crescentes necessidade crescente de
seguros e segurança nas
Custos de Produção propriedades e o lamentável
fortalecimento do crime
organizado no Brasil.
Nesses últimos anos, as cadeias  Custos das operações logísticas,
produtivas da agropecuária brasileira apesar das recentes
passaram por algumas transformações privatizações, é o ponto que
que merecem destaque, entre elas o poderia ser mais facilmente
considerável aumento de custos de resolvido ajudando a retomada
produção, que teve alguma da economia brasileira, mas
contrapartida no aumento de preços caminha muito aquém das
das commodities quando consideradas possibilidades. Em áreas de
em reais, mas é um quadro fronteira onde se precisa
preocupante em momentos de preços incorporar na produção
menores. Impactaram as seguintes agrícola, o quadro é mais grave.
questões:  Custos inerentes a insuficiente
 Custo do trabalho (aumento de capacidade de armazenagem da
100% em dólar em 10 anos), das safra brasileira;
crescentes exigências aos  Custos ligados aos tributos e,
empregadores e das questões principalmente, à complexidade
trabalhistas, indenizações, tributária que requer estruturas
gastos com estruturas jurídicas específicas e gastos.
e todas as mazelas de uma  Custos da energia elétrica e do
legislação antiga e inadequada. diesel, que embutem elevada
 Pessoas deixando de procurar carga tributária;
trabalho afetando a  Custos gerais da burocracia do
disponibilidade e o custo da Estado, do tempo gasto nos
mão de obra (61 milhões de excessos de procedimentos, do
pessoas em idade de trabalho tamanho excessivo e reduzida
não procuram emprego, não eficiência do Governo (um dos
trabalham e não estudam no piores pontos no ranking de
Brasil, de acordo com o IBGE), competitividade mundial).
fora isto, a baixa produtividade  Custos crescentes e menor
do trabalhador brasileiro disponibilidade de capital, com

57
juros elevados e dificuldades de Estado grande, operador e
acesso ao crédito gastador e que praticamente
governamental. não apresenta casos de êxito no
 Custo da corrupção nas mundo.
empresas estatais e no
Governo, nos três níveis Estes fatos todos, que não são
(Federal, Estadual e Municipal), exclusivos às cadeias produtivas do
onerando o setor produtivo com agronegócio, comprometeram a renda
mais impostos e menor no Brasil, retraindo a atividade
capacidade de investimento do econômica e a consequente
Estado. distribuição de renda.
 Retorno da inflação e os custos
para seu controle, notadamente Nestes próximos anos, é necessário que
taxas de juros. os setores público e privado trabalhem
 Falta de adequado fortemente para reduzir estes custos de
entendimento de parte do produção, visando tornar o país mais
Poder Judiciário sobre o competitivo e as cadeias produtivas
funcionamento das cadeias mais capazes de suportarem períodos
produtivas integradas e os de menores preços e continuarem
seguidos casos de intervenções conquistando espaço no mercado
inadequadas em processos que internacional, gerando dólares para
visam à eficiência, como por impulsionar o nosso crescimento. Caso
exemplo, a terceirização isto não seja feito, o Brasil corre
(execução de atividades por grandes riscos de não ser o vencedor
especialistas mais eficientes), no indiscutível aumento de consumo de
além dos problemas de invasões alimentos e bioenergia que ocorrerá no
de indígenas, de sem-terras e mundo.
outras que trazem insegurança
4.2 Entender as Mudanças
jurídica e elevados custos a
quem quer produzir. Estruturais da Agricultura do
 Perda de eficiência em parte das Futuro
Agências Reguladoras, como
exemplo a lentidão nos
processos de aprovação de Entre muitos países produtores, o Brasil
produtos químicos, de sementes é provavelmente o que mais de se
e outros na ANVISA, adequa a análises dessas tendências e
dificultando acesso a produtos mudanças apresentadas a seguir. É o
importantes tanto para plantio novo cenário da agricultura,
quanto para defesa da produção interferindo cada vez mais na vida dos
vegetal e animal. agricultores. É apresentada na
 Presença do “custo ideológico”, sequência uma lista de grandes
com movimentos contra a mudanças que provavelmente
produção, contra as empresas e ocorrerão nos próximos 25 anos as
contra o lucro atingindo quais se precisa estar à frente para
estudantes, jovens e outros no aproveitar as oportunidades que serão
Brasil que seguem acreditando geradas:
em uma agenda obsoleta de

58
atributos técnicos, relacionais e
de preço se tornarão cada vez
 Períodos de aumento da mais importantes ao se analisar
volatilidade de preços na o comportamento de compra
agricultura e pecuária mundial. dos agricultores;
 Crescentes riscos devido às  Maior acesso à informação, a
mudanças climáticas regionais e maioria desta gratuita, sobre
globais e maiores pressões na mercados, produtos, serviços e
área de sustentabilidade, da preços praticados em diferentes
economia do carbono (“carbon regiões.
footprint”) e outras.  Diversificação da agricultura
 Crescentes interferências das para outras culturas e regiões,
políticas governamentais, seja fortalecendo a integração de
por meio de impostos, acesso a grãos com produção de
mercados e outros tipos de proteína animal, energia
controles e exigências. A (biomassa) e atividades
questão política cada vez mais florestais. A agricultura do
intrincada no agronegócio, daí a futuro será muito mais
necessidade da qualidade na integrada, no que os europeus
política (nos quadros gestores chamam de “economia
de municípios, estados e circular”.
federação).  Aumento da demanda por
 Portfólio tecnológico e acesso à capital e da exposição ao risco
tecnologia assumirão uma devido à oferta de produtos e
posição cada vez mais serviços mais sofisticados e das
importante. Maior pressão pela novas dimensões da agricultura.
adoção da tecnologia, pois os Demandas de se desenvolver
hiatos entre quem adota e novas alternativas de suporte e
quem não adota aumentarão crédito para atender às
muito, sendo a adoção necessidades de capital de giro
primordial para a permanência dos produtores.
na atividade.  Interferências e restrições
 Aumento na concentração dos maiores sobre o uso da terra.
produtores rurais (mais  Complicações referentes ao uso
propriedades sendo gerenciadas da água, desde escassez,
por um número menor de aumento de custos até pressão
produtores mais eficientes) da sociedade. Manejo e
impactará fortemente na forma consumo de água ultraeficiente
de negócios das cadeias cruzando dados do clima com
integradas do agronegócio. solo e condição das lavouras,
 Mudanças no comportamento visando reduzir o chamado
do produtor, cada vez mais “water footprint”.
profissionalizado e informado,  Oportunidades para o trabalho
aumentando constantemente as urbano aumentam a dificuldade
exigências, o conhecimento de mão de obra rural e esta
técnico e mercadológico. continua a ser um dos mais
Diferentes perfis de agricultores difíceis aspectos para o
com distintas combinações de

59
agronegócio. Por outro lado, as atividades e à agricultura digital,
cadeias produtivas serão muito com todo tipo de informação na
menos dependentes de força de nuvem (material digitalizado) e
trabalho humano em grandes novas plataformas permitindo a
quantidades, pela automação e “matematização acessível” das
robotização, mesmo na propriedades, inserindo muitas
agricultura. variáveis da atividade, que
 A necessidade de escala é um passam a ser monitoradas e
princípio básico para ganho de mensuradas nos detalhes.
eficiência e redução de custos. Smart farming – a fazenda
O conceito que se tem hoje da funcionando como uma fábrica,
fronteira da propriedade será com controles exatos e,
fortemente revisto em 10 anos principalmente, se adaptando
para gestões de espaços às alterações climáticas
regionais integrados. incontroláveis. Uso dos GPS
 Agricultores se organizarão cada (global positioning systems),
vez mais grupos de compra, imageamento aéreo com o uso
cooperativas e centrais de de drones e outros, permitindo
cooperativas, ajudando na a “gestão por metro quadrado”
necessidade de boa gestão da dos ativos produtivos
terra, dos ativos e custos via (fazendas).
ações coletivas.  Plantio, colheita, aplicações e
 Mudança no balanço de poder outras atividades agrícolas
na direção dos grandes controladas remotamente por
agricultores organizados e computadores. Aplicação de
megaempresas integradas de fertilizantes e nutrientes
comercialização e logística extremamente precisa,
trarão um “retorcimento” das dosimetria adaptada à
cadeias integradas e novos necessidade exata daquele
players participando de funções espaço, daquele animal ou
que antes não executavam. planta. Mapas de fertilidade e
 Ampla concentração no elo detectores de solo gerando
distribuidor de insumos dados, permitindo semeadura
(revendas) que serão em menor variável e sensores que
número com mais unidades e permitem ajustes imediatos em
presença de empresas aplicações.
multinacionais.  Modelos como o Uber em
 Cooperativas serão em menor transporte urbano serão
número, muito maiores, mais fortemente utilizados na
enxutas, eficientes e com produção agrícola e de animais,
governança absolutamente com compartilhamento de
renovada e transparente. Terão ativos e enorme redução de
suas próprias marcas e ociosidade. Uso ao máximo dos
integração internacional. ativos existentes e
 O uso da tecnologia permitirá racionalização na propriedade
mudanças incríveis, a maioria de ativos pela economia do
relacionada à integração de compartilhamento.

60
 Genética cada vez mais utilizada agricultura deve entender que
para a construção de plantas e terá outros concorrentes
animais que fazem mais usando fazendo produtos similares pelo
menos, adaptando para avanço da tecnologia.
restrições hídricas, de  Grandes desafios no tocante à
temperatura, resistentes às sucessão nas propriedades
pragas, doenças e outras rurais (envelhecimento dos
limitações de solo (salinidade e produtores), nas entidades de
outros) obtendo maior classe, associações, sindicatos e
imunidade. Uso de manipulação cooperativas, entre outros. Uma
do genoma das plantas e nova era de governança nas
animais cada vez mais presente. organizações (entidades de
Enorme pressão para a classe, associações, sindicatos e
produção com o bem estar cooperativas) estará em curso.
animal, uso de detectores de
todos os tipos e outros
mecanismos de mensuração Em se pensando nestas mudanças, fica
total. evidente que a agricultura e as cadeias
 Uso da biotecnologia para produtivas integradas dos próximos 25
desenvolver micróbios, fungos, anos serão muito diferentes do formato
bactérias e algas que melhorem atual de se produzir. O importante
as condições de solo disto tudo é que não faltarão
(solubilidade, absorção, entre oportunidades para se colocar nos
outras) e outras mercados os produtos dos países que
potencializadoras da produzirão de maneira eficiente, e o
performance das plantas e Brasil tem grandes chances de
animais. aumentar fortemente as exportações
 Minimização extrema no uso de no cenário atual, e mais ainda se fizer
recursos como diesel, água, as reformas estruturantes e estiver
nutrientes, químicos, pessoas e antecipando as mudanças referidas
outros. Agricultura e produção acima.
animal “high tech e low Porém, falta olhar o que o consumidor
people”. desejará!
 Ofertas de plataformas de
gestão, mas ainda indefinidas
por quais agentes, tradicionais
ou não do setor, e discussões 4.3 Estar Atento às Tendências do
sobre o direito de propriedade Consumidor, do Marketing e da
de dados e confidencialidade.
 Competição com outras fontes
Estratégia em Alimentos e
produtoras de nutrientes e Agronegócios
proteínas (non farm), como, por
exemplo, a produção de carnes
sem serem advindas de animais São diversas as tendências de consumo
(imitação), ovos sem ser de nos próximos 25 anos, que vêm sendo
galinhas e o crescente uso de antecipadas e trabalhadas de maneira
insetos, algas e outras formas. A criativa no marketing de alimentos, e a

61
adaptação representa grande influenciadores de
oportunidade de ligação cada vez maior consumidores como
com o consumidor final. Seguem universidades, associações,
algumas que poderiam ser úteis, cientistas, blogueiros, entre
visando fortalecer o desenvolvimento outros, e a realização de
dos mercados, no âmbito da propagandas disso nas ofertas
informação e da comunicação. da empresa e da cadeia
produtiva.
 O crescimento da importância  No desenvolvimento de novos
dos rótulos e outras fontes de produtos, existem
informação, trazendo oportunidades no conceito de
transparência e ciência no já nutrição, conveniência e
elevado conhecimento dos portabilidade com diferentes
consumidores em um mundo necessidades baseadas no
digital. A geração muito mais período do dia que o produto
conectada e social quer saber a será consumido (alimentos “on
história por trás da marca, o the go”).
significado e o compromisso da  A comunicação clara da
empresa, da cadeia produtiva. A quantidade de calorias, do teor
internet pode ser usada com de gordura que pode ser
fonte de compilação de consumido como óleos bons e
informações sobre a oferta, boas fontes de carboidrato
convidando o consumidor a como liberadores de energia
continuar com a aquisição de durante o dia. Podemos comer
conhecimento. O aumento dos porque merecemos e iremos
esforços para educar o queimá-los. Trata-se do uso da
consumidor antecipando “matemática do produto”.
futuros regulamentos que a  O crescente mundo urbano
indústria terá que enfrentar enfrenta um boom em proteínas
(necessidade de informação), e está procurando outras fontes
mas tomando cuidado para de proteína além dos
evitar poluição e excesso de tradicionais carne e leite.
informação. Podemos esperar, num futuro
 O crescente interesse do próximo, várias soluções
consumidor pelo conhecimento inovadoras nessa área.
em culinária, cozinhas gourmet,  Alimentos congelados usando
utensílios, cozinhar em casa e nutrição como argumento (teor
refeições especiais está levando superior de nutrição). Mostram
as empresas de alimentos, os benefícios dos ingredientes
varejistas e outros agentes da de seus produtos, mesmo sendo
cadeia produtiva a oferecerem congelados podem compensar
mais informações sobre como entregando vários benefícios.
preparar os alimentos e linhas  Marcas próprias (marcas de
de produtos ligados ao fresco, supermercado) ganharam uma
diferenciado, saudável, fatia de mercado durante a crise
divertido e social. da última década e, quando os
 Oportunidades claras e consumidores se acostumaram
transparentes de projetos com

62
a isso, perceberam o valor por reações dos consumidores
trás de um possível preço mais frente às atividades destas.
baixo por um produto quase  A rastreabilidade é uma
igual ou igual. tendência muito forte,
 Muitas pesquisas ocorrendo principalmente em produtos
para aumentar a experiência do alimentícios, garantindo ao
consumidor e a percepção consumidor a possibilidade de
gustativa até mesmo mudando saber tudo o que ocorreu com o
a textura de alguns alimentos e produto a ser consumido, desde
bebidas. os insumos envolvidos até a
 Utilização de uma ou algumas distribuição ao consumidor.
lojas próprias (integração  Com a intensificação do uso de
vertical) como laboratórios de tecnologia, inclusive na figura
consumidores para empresas de dos smartphones, a utilização
alimentos e como vitrines de de aplicativos e outras fontes
ofertas (show room). digitais de informação e
 O aumento das oportunidades comunicação com o consumidor
de se criar clubes de é tendência a ser observada no
consumidores, comunidades futuro próximo.
e/ou grupos (plataformas  Num momento em que a
digitais) trazendo o senso de imagem da empresa é
pertencimento para o fundamental para sua
consumidor, uma ligação sobrevivência, a facilidade de
permanente com a empresa e comunicação através de redes
com a cadeia produtiva, quase sociais é imprescindível e as
como um reconhecimento de empresas têm que apresentar
sua importância. comportamento ético em todas
 Comunicação muito mais as suas ações.
responsável não apenas com  A internet das coisas, como uma
crianças (audiência vulnerável), nova forma de comprar
mas com todos os produtos, apresenta a
consumidores. oportunidade de ferramentas
 Expansão do movimento de smart shopping, na qual o
“compre produção local” para consumidor passa a comprar de
capturar oportunidades e a forma mais assertiva e cheio de
tendência de conhecer seu informações e comparações.
produtor (onde meus alimentos
Estas são algumas das tendências que
são produzidos e por quem),
vêm sendo discutidas em fóruns
construindo ligações entre os
internacionais, que se somam às
consumidores urbanos e a vida
tradicionais discutidas neste livro
rural, possível graças à internet.
ligadas à saúde, ao comer fora de casa,
 O monitoramento das redes
ao envelhecimento e individualização,
sociais pode fornecer um fonte
entre outras.
importante de informações para
a empresa e para a cadeia A agenda da cadeia produtiva envolve
produtiva, tendo um feedback entendê-las mais fortemente e utilizá-
praticamente instantâneo das las em prol do desenvolvimento dos

63
mercados internos e externos e do de alimentos e de renda à
fortalecimento das cadeias produtivas parcela mais miserável das
integradas nos próximos 25 anos de populações impactam forte e
oportunidades, como se vê a seguir. favoravelmente o consumo.
 Crescimento do mercado de
alimentação para animais,
4.4 Aproveitar as Imensas sejam os produtores de
proteína, como de recreação
Oportunidades no Curto, Médio e
(mercado pet), com taxas
Longo Prazo elevadíssimas em muitos países.
 Onda BIO: mesmo com grandes
Os direcionadores (drivers) de consumo relações com o preço do
são muito positivos para a agricultura e petróleo, volta a crescer no
a produção de alimentos brasileira, e mundo a conscientização do
podem ser resumidos nos seguintes biocombustível, desde o etanol,
itens, além de outros vistos em biodiesel, bioquerosene,
capítulos anteriores: biogasolina, biopneu,
bioplástico, bioeletricidade
 População chegará a 9,2 bilhões (vinda da biomassa), todos
de pessoas em 2050, portanto demandando produção agrícola
necessitamos produzir para como insumo. Todo país que
mais 2 bilhões. assina uma meta de uso de
biocombustível misturado ao
 Existe intensa urbanização,
combustível fóssil abre uma
estimada em cerca de 90
oportunidade ao Brasil, pois
milhões de pessoas por ano,
usará parte de suas áreas e seus
que impacta no hábito de
recursos para atingir o mercado
consumo (mais proteína
de combustíveis, liberando
demandando mais grãos) e nas
espaços no mercado de
quantidades demandadas de
alimentos à produção brasileira.
produtos.
É um desafio avaliar quais países do
 Crescimento econômico
mundo mostram as maiores
mundial, principalmente nos
oportunidades em termos de
países emergentes, que são os
crescimento no mercado de alimentos.
grandes mercados futuros de
Porém, algumas características desses
alimentos, impactando
países ficam claras, tais como:
diretamente em suas
necessidades de importações.  Grandes populações (em
 Distribuição de renda na quantidade de habitantes).
sociedade impacta  Populações crescentes (taxa de
positivamente o consumo e esta crescimento da população).
vem acontecendo, aliada ao  Elevada população jovem (com
crescimento econômico. tendência de crescimento).
 Rápida urbanização (alto
 Grandes programas percentual de pessoas que ainda
governamentais de distribuição

64
vivem na área rural e estão se Como alguns exemplos se têm a China,
mudando para as cidades). Índia, Indonésia, Vietnam, Paquistão,
 Geração de renda (crescimento Nigéria, Angola, Bangladesh, África do
do PIB). Sul, México, Brasil e países agregados
 Distribuição de renda do Oriente Médio, entre muitos outros
(crescimento da classe média). que trarão grandes surpresas, uma vez
 Possuem recursos com valor a que os mesmos possuem muitos
serem exportados mercados de rua, alta informalidade
(petróleo/gás/minerais), nas cadeias alimentares e ausência de
gerando capacidade para pagar dados disponíveis. Passarão cada vez
pelas importações de alimentos. mais a serem grandes importadores.
 Apresentam deficiência em
recursos produtivos (baixa Uma vez identificados os países que
disponibilidade de terras, de representarão oportunidades no
água, ausência de outros mercado de alimentos no mundo nos
recursos e capacidade para próximos anos, deve-se pontuar as
investir e receber investimentos características daqueles que irão
estrangeiros diretos para a aproveitar as oportunidades para
produção de alimentos). ofertar alimentos.
 Leis que favorecem a Os países e regiões vencedoras na
importação de alimentos oferta de alimentos para a crescente
(abertura para importações, demanda são os que tiverem e
poucas barreiras como taxas de manejarem bem os recursos
importação, cotas, barreiras necessários para se produzir, sejam os
sanitárias). naturais (fontes de vantagem
 Apresentam sensibilidade comparativa) como os inerentes à
decrescente trazendo esforços atividade humana (fontes de vantagem
reduzidos para a questão de competitiva). Aqui estão como uma
segurança alimentar/produção lista de trabalho:
local e apresentam estabilidade
dos governos/ ambientes
institucionais.  Terra e solo (disponibilidade e
 Adoção de políticas favoráveis à preço).
mistura de biocombustíveis na  Água e clima (presença e custo).
gasolina e no diesel.  Fator trabalho, com
 Disponibilidade de canais de disponibilidade de mão de obra
distribuição para importação e produtiva, e qualidade da
sistemas logísticos factíveis. educação.
Apresentam atratividade para  Nutrientes (fertilizantes...)
que varejistas internacionais disponíveis e a preços
levem alimentos a esses países competitivos.
utilizando recursos estratégicos  Tecnologia, pesquisa e
globais (estratégias de “global desenvolvimento fortes
sourcing”. gerando soluções aos
 Taxas de câmbio que favorecem problemas e produtividade.
a importação de alimentos
(moedas locais valorizadas).

65
 Informação disponível e Além da agenda de políticas e ações
conectividade (velocidade de públicas, é fundamental a presença de
transmissão de informações). um setor privado ativo, inovador.
 Disponibilidade de capital: Portanto, no âmbito empresarial,
crédito ($) para investimentos e sempre relacionado com o público, é
seguro de produção e renda. necessário às empresas da cadeia
 Instituições (leis) com produtiva atuarem no modelo chamado
credibilidade e confiança e em de CCCV (criação, captura e
contínuo aprimoramento. compartilhamento de valor), visando o
 Organizações (associações) tripé de ações estratégicas em
eficientes e propositivas, bem diferenciação, custos e ações coletivas.
gerenciadas.
 Eficiência de Governos, Em diferenciação, se destacam as
promovendo investimentos, importantes estratégias de CCCV
marcos regulatórios e ligadas a: construir uma abordagem de
privatizações. relacionamento integrado e oferta de
 Energia – disponibilidade e soluções ao comprador; fortalecer
competitividade de custos para sempre a pesquisa e a inovação;
os produtores. construir estratégias de fidelização,
 Capacidade de estocagem, inovando em produtos/serviços,
malha eficiente de transporte e imagem e marca, soluções de
operações logísticas. embalagens, canais e força de vendas,
 Capacidade de gestão agrícola serviços e, finalmente, ter como foco
nas propriedades, evitando oferecer performance para o
duplicidades e desperdícios. comprador. Buscar sempre a
 Capacidade de coordenação da sustentabilidade e as certificações de
cadeia produtiva (sistema excelência.
agroindustrial) reduzindo custos Em custos, se destacam as importantes
de transação e promovendo estratégias de CCCV ligadas a: explorar
ações conjuntas para o com competência atividade central da
desenvolvimento setorial. empresa (o core business); melhor uso
 Comunicação adequada da de todos os ativos e recursos de
atividade produtiva como organização; estratégia de produção
geradora de valor na sociedade. em escala; qualidade, segurança e
Estes são os recursos que precisam ser custos de insumos; eficiência em
trabalhados para maior trabalho (simplicidade); contínuo
competitividade do agronegócio via redesenho das operações; estímulo de
Governo e cadeias produtivas competição entre fornecedores;
integradas, e com isto aumentar a arquitetura financeira criativa (fontes
capacidade de geração de renda no alternativas e mais baratas de capital);
Brasil, que possibilitará ao Governo reduzir o poder de barganha dos
continuar as ações de distribuição de vendedores; busca dos melhores
renda. Cada qual merece um projeto momentos de compras; contratos
para identificar como é possível estáveis buscando reduzir custos de
melhorar neste indicador nos próximos transação; uso intensivo de inovações
25 anos. tecnológicas redutoras de custos e

66
gestão “celular” dos custos de vendas; comunicação; precificação,
produção. entre outras. É uma área onde o agro
brasileiro tem muito a melhorar.
Finalmente, em ações coletivas, se
destacam as importantes estratégias de
CCCV ligadas a: ações coletivas
horizontais (feitas por empresas da 5. Sugestões de Leituras
mesma indústria) e verticais (da mesma
Adicionais
cadeia produtiva); ações com empresas
não relacionadas; fortalecer as
associações setoriais e entidades de Para entendimento dos
representação; participar de
relacionamentos na cadeia produtiva
cooperativas; criar a fortalecer
consórcios e alianças estratégicas, de hortaliças no Brasil elaborou-se um
entre outras formas de trabalho quadro de leitura de trabalhos de
cooperativo. Melhorar a cadeia de especialistas separados por temática. O
suprimentos via montagem de centrais quadro 2 contempla alguns desses
de compras; ações conjuntas em trabalhos em português e de fácil
produtos/marcas/embalagens e
obtenção.
serviços; canais de distribuição e

Quadro 2. Leituras adicionais para cadeia de hortaliças


Temas Trabalho dos especialistas
Estudos envolvendo toda cadeia
Camargo Filho e Camargo (2017)
produtiva de hortaliças no mundo
Estudos envolvendo toda cadeia Vilela e Henz (2000); Vilela e Macedo
produtiva de hortaliças no Brasil (2000); Melo; Vilela (2017)
Diferenciação em hortaliças Junqueira e Luengo (2000)
Junqueira e Luengo (1999); Lourenzani e
Distribuição de hortaliças
Silva (2004)
Cadeia de suprimentos Pigatto (2017)
Andreuccetti, Ferreira e Tavares (2005);
Consumo
Onoyama et al. (2010); Embrapa (2017)
Perdas de produção Henz (2017)
Armazenamento de hortaliças Luengo e Calbo (2001)
Embalagens para a comercialização de
Luengo e Calbo (2009)
hortaliças
Luengo, Parmagnani, Parente e Lima
Composição nutricional das hortaliças
(2011)
Fonte: Elaborados pelos autores

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2.000.

71
Anexo I. Memória de Cálculo

Critérios de
Elos da Cadeia Fórmula de Cálculo Fonte das Variáveis
Quantificação
ANTES DA FAZENDA
Fertilizantes Estimativa calculada a Fórmula: (A) Agrianual 2017,
(US$) partir do valor gasto EMATER, CNA.
por hectare com (A x B) / (C)
fertilizantes, (B) ABCSEM, IBGE.
multiplicado pela área (A): Preço por hectare gasto
de cada cultura. com fertilizantes na (C): BACEN.
produção das hortaliças do
Para a receita gerada escopo.
foi dividido o valor (B): Área de cada cultura.
final pela cotação do (C): Cotação do dólar. Média
dólar em 2016. 2016.

Corretivos Estimativa calculada a Fórmula: (A) Entrevistas com


(US$) partir do valor gasto produtores, Agrianual
por hectare com (A x B) / C 2017.
corretivos,
multiplicado pela área (A): Preço por hectare gasto (B) ABCSEM, IBGE.
de cada cultura. com corretivos na produção
das hortaliças do escopo. (C): BACEN.
Para a receita gerada (B): Área de cada cultura.
foi dividido o valor (C): Cotação do dólar. Média
final pela cotação do 2016.
dólar em 2016.

Defensivos Estimativa calculada a Fórmula: (A) Entrevistas com


(US$) partir do valor gasto produtores, Agrianual
por hectare com (A x B) / (C) 2017, EMATER, CNA,
defensivos, CONAB.
multiplicado pela área (A): Preço por hectare gasto
de cada cultura. com defensivos na produção (B) ABCSEM, IBGE.
das hortaliças do escopo.
(B): Área de cada cultura. (C): BACEN.
Para a receita gerada (C): Cotação do dólar. Média
foi dividido o valor 2016.
final pela cotação do
dólar em 2016.

EPI Estimativa calculada a Fórmula: (A): Entrevista com


(US$) partir o valor médio produtores , CNA.
por hectare gasto com (A x B) / C
EPI, multiplicado pela (B): ABCSEM, IBGE.

72
área de cada cultura. (A): Valor por hectare gasto
com EPI de cada cultura do (C): BACEN.
Para a receita gerada escopo.
foi dividido o valor (B): Área de cada cultura.
final pela cotação do (C): Cotação do dólar. Média
dólar em 2016. 2016.

Estimativa calculada a Fórmula: (A) Agrianual 2017.


Combustível e partir do trator
lubrificantes utilizado para cultivo (A x B x C x D) / E (B) Grupo Cultivar.
(US$) de determinada
hortaliça. Foi estimado (A): KW do trator (C) Agrianual.
um índice de consumo (B): Índice de consumo
de combustível e litros/hora. (D) ANP.
também de óleo (C): Total de horas utilizadas
lubrificante. com trator na produção das (E) BACEN.
hortaliças do escopo.
Para a receita gerada (D): Preço médio do óleo
foi dividido o valor diesel.
final pela cotação do (E): Cotação do dólar. Média
dólar em 2016. 2016.

Sementes Estimativa calculada a Fórmula: (A) ABCSEM.


(US$) partir de valores
fornecidos pela (A/B). (B) BACEN.
Associação brasileira
do comércio de (A): Valor fornecido pela
sementes e mudas ABCSEM.
(ABCSEM). (B): Cotação do dólar. Média
2016.
Para a receita gerada
foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.
Mudas Estimativa calculada a Fórmula: (A): Entrevista com
(US$) partir do % de hectares produtores.
que uma hortaliça [A x (B x C)] / D
utiliza de mudas para (B): Entrevista com
plantio, multiplicada Sendo: A = (E/F) x G. produtores.
pela área de tal
hortaliça. O resultado (A): Preço com muda por (C): ABCSEM, IBGE.
dessa operação é hectare.
multiplicado pelo custo(B): Porcentagem de hectare (D): BACEN.
com mudas por que utiliza mudas.
hectare. (C): Área de cada cultura (E): Entrevista com
(D): Cotação do dólar. produtores.
O custo com muda por Média 2016.
hectare é calculado a (E): Quantidade de mudas (F): Entrevista com
partir da quantidade por hectare. produtores.
de mudas utilizadas em (F): Número de células de

73
um hectare, dividido uma bandeja. (G): Entrevista com
pelo número de células (G): Preço de cada bandeja. produtores.
presentes em uma
bandeja de mudas. O
valor dessa divisão é
multiplicado pelo
preço unitário da
bandeja.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.

Energia elétrica Estimativa calculada a Fórmula: (A): Entrevistas com


(US$) partir de entrevistas produtores.
com produtores que (A x B x C) / E
forneceram o valor (B): Estimativa
gasto por mês por (A): Valor gasto por mês Markestrat.
hectare com energia com energia elétrica.
elétrica com irrigação. (B): Quantidade de meses (C): ABCSEM, IBGE.
Multiplicando esse no ano.
valor pela área de cada (C): Área de cada cultura. (D): BACEN.
cultura, chegamos ao (D): Cotação do dólar. Média
faturamento final. 2016.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.
Irrigação Estimativa calculada a Fórmula: (A): Entrevista com
(US$) partir de entrevistas produtores.
com produtores que (A x B x C) / E
forneceram um valor (B): Entrevistas com
de investimento em (A): Valor gasto com produtores.
irrigação. A partir disso irrigação de cada cultura.
foi calculado um índice (B): Depreciação/ (C): ABCSEM, IBGE.
de depreciação e Manutenção.
manutenção, (C): Área de cada cultura.
multiplicado pela (D): Cotação do dólar. Média (D): BACEN.
porcentagem das 2016.
hortaliças do escopo
que são irrigadas.
Multiplicado esse valor
pela área de cada
hortaliça, foi obtido o
faturamento final.

Para a receita gerada


foi dividido o valor

74
final pela cotação do
dólar em 2016.

Tratores e implementos Estimativa calculada a Fórmula: A): Agrianual.


(US$) partir do total de horas
utilizadas na produção [(A x B)/C] x D / E (B): ABCSEM, IBGE.
das hortaliças em
2016. A partir destas, (A): Horas utilizadas por (C): Estimativa
estimou-se a hectare com tratores e Markestrat.
quantidade de tratores implementos.
e implementos (B): Área total de produção (D): Agrianual 2017.
agrícolas necessários, das hortaliças.
levando como base a (C): Vida útil de tratores e (E): BACEN.
vida útil e o valor implementos.
unitário de cada trator (D): Valor unitário de cada
ou implemento trator e implementos.
agrícola. (E) Cotação do dólar. Média
2016.
Para a receita gerada
foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.

Estufa Estimativa foi calculada Fórmula: (A): Entrevista com


(US$) com base no estudo produtores e
“Mapeamento e A/B especialistas.
quantificação da
cadeia produtiva de (A): Estimativa de (B): BACEN.
flores e plantas faturamento das empresas
ornamentais”. de estufas.
(B): Cotação do dólar. Média
Para a receita gerada 2016.
foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.
Ferramentas e Estimativa calculada Fórmula: (A): Entrevistas com
utensílios através de entrevistas produtores.
(US$) com produtores que (A x B) /C
forneceram os valores (B): ABCSEM, IBGE.
médios por hectare (A): Valor por hectare gasto
com ferramentas e com ferramentas e (C): BACEN.
utensílios de cada utensílios de cada cultura do
cultura. Multiplicando escopo.
pela área de cada (B): Área de cada cultura.
cultura chega-se ao (C): Cotação do dólar.
faturamento final. Média 2016.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.

75
Agentes facilitadores Estimativa calculada a Fórmula: (A): Entrevistas com
(US$) partir de entrevistas produtores, CONAB.
com produtores que (A X B) / C
forneceram o valor (B): ABCSEM, IBGE.
gasto por hectare com (A): Valor gasto por hectare
algumas culturas em com agentes facilitadores (C): BACEN.
agentes facilitadores. com as culturas do escopo.
Para o cálculo de (B): Área de cada cultura.
outras foi utilizado a (C): Cotação do dólar. Média
similaridade entre 2016.
culturas para se chegar
a um valor final.
Multiplicado pela área
de cada cultura,
chegou-se no
faturamento final.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.

Mão de obra Estimativa calculada a Fórmula:


(US$) partir do total de (A): Agrianual 2017,
homem-dia utilizado (A x B x C) / D CNA.
na produção das
hortaliças em 2016. A (A): Homem-dia necessário (B): ABCSEM, IBGE.
partir destas, estimou- por hectare para produção
se o faturamento com das hortaliças. (C): Agrianual 2017,
mão-de-obra pelo (B): Área total de produção CNA.
valor unitário de cada das hortaliças.
homem-dia. (C): Valor unitário de cada
homem-dia. (D): BACEN.
Para a receita gerada (D) Cotação do dólar. Média
foi dividido o valor 2016.
final pela cotação do
dólar em 2016.

NAS FAZENDAS
Produção O valor da produção Fórmula: (A): ABCSEM e IBGE.
(US$) total estimada foi
calculado a partir da ∑ [(A x B x C) x (1-D)] / E (B): (CAMARGO 2011),
somatória da CONAB, Agrianual
multiplicação da área (A): Área da hortaliça. 2017, CNA/CEPEA.
de cada hortaliça pela (B): Produtividade média.
produtividade média (C): Preço médio recebido (C): EPAGRI, IEA,
por hectare da mesma. pelo produtor agrícola; ESALQ/CEPEA, SEAB.
O resultado desta (D): % de perdas nas
multiplicação foi fazendas. (D): Estimativa

76
multiplicado pelo (E): Cotação do dólar. Markestrat baseada
preço médio recebido Média 2016. em entrevistas com
ao produtor, produtores.
descontando as perdas
nas fazendas. (E): BACEN.
O resultado final foi
dado em R$.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.
DISTRIBUIÇÃO
Varejo Estimativa feita a partir Fórmula: (A): ABRAS.
(in natura) do faturamento com
(US$) FLV nos (A x B) / C (B): ABRAS e
supermercados entrevista com
brasileiros, (A): Faturamento com FLV supermercados.
multiplicados pela % no Brasil.
das hortaliças do (B): % do faturamento com (C): BACEN.
escopo. FLV relativo às culturas do
escopo.
Para a receita gerada (C): Cotação do dólar.
foi dividido o valor Média 2016.
final pela cotação do
dólar em 2016.

Varejo Estimativa feita a partir Fórmula: (A): ABRAS.


(minimamente processados) do faturamento com
(US$) FLV nos (A x B) / C (B): ABRAS e
supermercados entrevista com
brasileiros, (A): Faturamento com FLV supermercados.
multiplicados pela % no Brasil.
das hortaliças do (B): % do faturamento com (C): BACEN.
escopo. FLV relativo às culturas do
escopo.
Para a receita gerada (C): Cotação do dólar.
foi dividido o valor Média 2016.
final pela cotação do
dólar em 2016.
Varejo Estimativa feita a partir Fórmula: (A): ABRAS.
(processados) do faturamento total
(US$) dos supermercados (A x B) / C (B): Entrevista com
brasileiros, supermercados.
multiplicados pela % (A): Faturamento dos
das hortaliças do supermercados no Brasil; (C): BACEN.
escopo. (B): % do faturamento total
com supermercados
Para a receita gerada relativo às culturas do

77
foi dividido o valor escopo.
final pela cotação do (C): Cotação do dólar.
dólar em 2016. Média 2016.

Atacado A estimativa de Fórmula: (A): Estimativa


(in natura) faturamento do Markestrat.
(US$) atacado foi baseada na ∑ [(A x B) x (1-C)] / D
multiplicação do preço (B): CONAB.
médio de cada (A): Preço médio recebido
hortaliça recebido nas (com a retirada de (C): Estimativa
CEASAS pelo volume outliers). Markestrat.
que entrou no (B): Volume de entrada no
mercado atacadista da mercado atacadista. (D): BACEN.
mesma. Do resultado (C): % de perdas nas
dessa multiplicação CEASAS.
são retiradas as perdas (D): Cotação do dólar.
estimadas. Média 2016.

Para a receita gerada


foi dividido o valor
final pela cotação do
dólar em 2016.
Atacado Estimativa baseada a Fórmula: (A): Estimativa
(Processados) partir do % do Markestrat.
(US$) faturamento de (A x B) / C
industrializados que é (B): Estimativa
destinada ao mercado (A): Faturamento da Markestrat.
atacadista. indústria de alimentos
relativo às hortaliças do (C): BACEN.
Para a receita gerada escopo.
foi dividido o valor (B): % do faturamento da
final pela cotação do indústria de alimentos que
dólar em 2016. é destinada ao mercado
atacadista.
(C): Cotação do dólar.
Média 2016.

INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
Indústria de alimentos Estimativa calculada a Fórmula: (A): Estimativa
(Processados) partir da retirada do Markestrat.
(US$) mark-up adicionado [A / (1+B)] / C
pelos supermercados. (B): Estimativa
(A): Faturamento dos Markestrat.
Para a receita gerada supermercados com
foi dividido o valor processados. (C): BACEN.
final pela cotação do (B): Mark-up.
dólar em 2016. (C): Cotação do dólar.
Média 2016.

78
Indústria de alimentos Estimativa calculada a Fórmula: (A): Estimativa
(Minimamente processados) partir da retirada do Markestrat.
(US$) mark-up adicionado [A / (1+B)] / C
pelos supermercados. (B): Estimativa
(A): Faturamento dos Markestrat.
Para a receita gerada supermercados com
foi dividido o valor processados. (C): BACEN.
final pela cotação do (B): Mark-up
dólar em 2016. (C): Cotação do dólar.
Média 2016.
IMPOSTOS
Impostos totais Estimativa gerada a Fórmula: (A): Estimativa
partir dos valores de Markestrat.
faturamento dos Σ (A – B)
diferentes setores da (A): Faturamento Bruto dos (B): Estimativa
cadeia e alíquotas dos elos (R$). Markestrat.
impostos (B): Faturamento líquido
considerados. (sem impostos) dos elos (C), (D) e (G): Receita
(R$). Federal.

(A x (1 – (C + D + E + F))) ÷ (E): Estimativa


(1 + G). Markestrat, a partir
(C): Alíquota do PIS (%). das Secretarias de
(D): Alíquota do COFINS Estado da Fazenda de
(%). cada Estado
(E): Alíquota do ICMS (%). Brasileiro.
(F): Alíquota do FUNRURAL
(%). (F): Entrevistas com
(G): Alíquota do IPI (%). produtores.

79
80

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