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Escrito por:

Roger Ellerton Ph.D.


Publicado em:
ter, 04/09/2018
O Metamodelo ajuda o cliente a ser mais específico ou preciso sobre o seu problema
e em consequência, ele começa a descobrir possíveis recursos ou soluções para o seu
problema. Gregory Bateson ficou entusiasmado com essa abordagem e também ciente do
trabalho de Milton Erickson, que estava obtendo resultados importantes com seus
clientes, mas de um modo diferente – sendo vago em vez de ser específico, o exato
oposto do Metamodelo. Bateson encorajou John Grinder e Richard Bandler a se
reunirem com Erickson e descobrir porque ele era tão bem-sucedido. A descrição
deles dos métodos de Erickson ficou conhecido como o Modelo Milton – uma abordagem
oposta ao Metamodelo, mesmo assim uma ferramenta igualmente útil para a mudança
pessoal e a comunicação humana.

"O Modelo Milton é uma maneira de usar a linguagem para induzir e manter o transe ,
a fim de entrar em contato com recursos ocultos da nossa personalidade. Ele segue a
forma como a mente funciona naturalmente. O transe é um estado onde você está
altamente motivado para aprender a partir da sua mente inconsciente em uma forma
direcionada ao interior. O transe não é um estado passivo, nem você está sob a
influência de outra pessoa. Existe uma cooperação entre o cliente e o terapeuta, as
respostas do cliente permitem que o terapeuta saiba o que fazer a seguir."
(Introdução à Programação Neurolinguística - Como entender e influenciar as
pessoas)

Milton Erickson

Milton Erickson é geralmente considerado como o hipnoterapeuta mais importante do


seu tempo. Ele trabalhou com o transe e com frases habilmente estruturadas cheias
de significados vagos para ajudar os seus clientes a descobrirem como lidar com os
seus problemas e os recursos que eles já têm à sua disposição. O sucesso de
Erickson foi baseado na sua capacidade de interpretar o comportamento não verbal
(acuidade sensorial), e à sua capacidade de estabelecer rapport com seus clientes,
à sua habilidade com padrões de linguagem e às suas crenças sobre os seus clientes
– algumas de suas crenças aparecem no artigo Pressuposições da PNL. Por exemplo:

• Todo comportamento tem uma intenção positiva.

• Esta é a melhor opção disponível para a pessoa, dadas as circunstâncias como ela
as vê.

• Respeito pelo modelo de mundo da outra pessoa.

• A resistência em um cliente é devido à falta de rapport. Não existem clientes


resistentes, apenas terapeutas inflexíveis.

Erickson também acompanhava a experiência do cliente e, em seguida, começava a


conduzi-lo para o transe (ou interiorização). Em termos de PNL, a exteriorização é
quando os seus sentidos estão focados no mundo exterior, enquanto a interiorização
está relacionada aos seus pensamentos internos. O Metamodelo está associado com a
exteriorização (isto é, quem, o que, como especificamente), enquanto o Modelo
Milton está associado com a interiorização. Enquanto passamos por nossas atividades
diárias, estamos continuamente passando por ciclos entre a exteriorização e a
interiorização e, muitas vezes, em algum lugar no meio.

Acompanhar e conduzir

Para acompanhar um cliente, comece por combinar e espelhar a fisiologia dele, a


escolha das palavras, o tom de voz, etc. Depois faça referência ao que ele
provavelmente estaria vendo, ouvindo, sentindo ou pensando (por exemplo, "conforme
você percebe, as luzes estão lentamente ficando mais escuras..." ou "enquanto você
ouve a minha voz..." ou "quando você sente a cadeira nas suas costas..." ou
"enquanto você se pergunta...") enquanto você fala vagarosamente numa tonalidade
suave e acompanhando a sua fala com a respiração dele. Para conduzi-lo para a
interiorização, você começaria a focar a atenção dele para dentro, dizendo algo
como "você pode perceber como é fácil fechar os olhos sempre que você deseja se
sentir mais relaxado...".

O material sobre o transe e a hipnose é vasto. O restante desse artigo irá focar no
Modelo Milton, que é um conjunto de padrões de linguagem utilizados para:

• acompanhar e conduzir.

• distrair a mente consciente.

• falar diretamente com o inconsciente e acessar os seus recursos ocultos.

Modelo Milton: padrões de linguagem hipnótica

Os padrões de linguagem hipnótica do Modelo Milton incentivam o ouvinte a se


afastar dos detalhes e do conteúdo e se mover para níveis mais elevados de
pensamento e estados mais profundos da mente. Alguns padrões são usados para
estabelecer um estado de transe (ou interiorização ou de relaxamento no corpo).
Outros padrões são usados para ampliar o modelo de mundo do ouvinte no qual ele
está expressando seus comportamentos atuais e considerar uma interpretação mais
ampla do que é possível.

Você vai notar que muitos desses padrões de linguagem são idênticos aos do
Metamodelo. A diferença é que no Metamodelo, o cliente está sendo vago e fazemos
perguntas específicas para ajudá-lo a esclarecer o seu problema. Para o Modelo
Milton, usamos alguns dos mesmos padrões de linguagem, mas dessa vez queremos ser
vagos para que o cliente possa entrar facilmente em transe e/ou escolher das
sugestões vagas um curso de ação sugerido que irá tratar do seu problema:

Leitura da mente: alegar conhecer os pensamentos ou sentimentos da outra pessoa sem


especificar como você chegou a essas informações.
"Eu sei que você acredita…" ou "eu sei o que você está pensando..."
Execução perdida: expressar juízos de valor sem identificar quem está fazendo o
julgamento.
"Respirar é bom."
Causa e efeito: implica que uma coisa leva a outra ou que causa uma outra; que
existe uma sequência de causa/efeito e um fluxo no tempo. Inclui frases como:
"Se..., então…", "Como você…, então você…", "Por que..., então...".
"Se você pode ouvir a minha voz, então você pode aprender muitas coisas."
Equivalência complexa: atribui significado a alguma coisa que pode ter ou não uma
capacidade de ‘causa’.
"Estar aqui significa que você vai mudar facilmente."
Pressuposição: o equivalente linguístico das suposições.
"Você vai mudar a sua atitude agora ou mais tarde hoje?" Está assumido que a pessoa
irá mudar a atitude dela, a única incógnita é quando.
Quantificador universal: generalizações universais sem índice referencial; não
admitem exceções.
"Todo mundo, ninguém, todos, cada um."
Operador modal: palavras que se referem ao que é possível ou necessário ou que
refletem estados internos ligados às nossas regras na vida.
"Você deveria cuidar dos outros" ou "Você deve resolver essa questão."
Nominalização (substantivação): processo de transformar um verbo ou adjetivo em um
substantivo abstrato e a palavra para o substantivo assim formado. Por exemplo:
“relacionar” passa a ser “um relacionamento” – um processo se tornou uma coisa.
Verbos não especificados: implica uma ação sem descrever como a ação ocorreu ou vai
ocorrer.
"Ele causou o problema."
Pergunta interrogativa: uma pergunta adicionada ao final de uma afirmação/pergunta,
planejada para suavizar a resistência. É usada para ratificar ao ouvinte que ele
realmente tem ou terá que manifestar uma ação. Ela tem a estrutura de uma pergunta
e muitas vezes, a tonalidade de uma afirmação.
"A sua percepção da vida está mudando, não está?"
Falta de índice de referência: uma expressão sem referência específica para
qualquer porção da experiência do orador/ouvinte.
"As pessoas podem mudar."
Deleção comparativa (comparação não especificada): uma comparação é feita sem
referência específica ao que ou para quem está sendo comparada.
"Você irá se divertir muito mais" ou "Essa aqui é melhor."
Experiência de acompanhamento atual: usando informação específica em forma de
comportamento, fundada sensorialmente para descrever a experiência atual.
"Você está lendo esse artigo."
Restrição dupla: convida a escolher dentro de um contexto mais amplo de "não tem
escolha".
"Você quer começar agora ou mais tarde?" ou "Você quer entrar em transe antes ou
depois de se sentar?"
Comando embutido: esse é um comando que faz parte de uma sentença mais longa, e que
é marcado pelo uso do itálico ou por uma mudança sutil no tom de voz ou na
linguagem corporal e é captado pelo inconsciente do leitor ou do ouvinte.
"Eu não vou lhe sugerir que a mudança seja fácil" ou "Você acha que esse artigo
deve ser enviado para os seus amigos?" ou "Você pode aprender esse material
facilmente."
Postulado de conversação: são perguntas que operam em níveis múltiplos. Embora elas
exijam apenas um simples sim ou não como resposta, elas o convidam a se envolver de
alguma forma em uma atividade. Muitas vezes, elas contêm um comando embutido.
"Você pode abrir a porta?" ou "Você pode escolher mudar?"
Citação estendida: um contexto divagante para o fornecimento de informações que
podem estar no formato de um comando.
"Muitos anos atrás, eu me lembro de ter conhecido um velho sábio que me ensinou
muitas coisas úteis. Eu apreciei todos os seus conselhos. Eu me lembro de um dia,
em particular, quando ele me disse: 'A mudança é fácil e pode ser divertida'."
Violação da seleção de restrição: atribuindo inteligência ou animação para objetos
inanimados.
"A sua cadeira pode apoiá-lo quando você fizer essas alterações" ou "O seu diário
revela coisas interessantes."
Ambiguidade: falta de especificidade.
a. Fonológica: "conserto" ou "concerto" – mesmo som, significado diferente.

b. Sintática: mais de um significado possível: "estrelas cadentes" ou


"demonstrações de liderança" – a sintaxe é incerta dentro do contexto, ou seja,
adjetivos, verbos ou substantivos?

c. Referência: "Falando a você como uma pessoa mudada..." Quem é a pessoa mudada?
Quem está falando ou a pessoa para quem estamos falando que mudou? – o contexto não
revela a extensão a qual se aplica o verbo ou o modificador.

NT: Ambiguidade de referência -- ocorre quando não está claro a que parte da
sentença um adjetivo, um verbo ou um advérbio se aplica. Por exemplo, peguei um
elefante com o meu pijama. Adendo sobre Modelo Milton no livro “Engenharia da
Persuasão”.

d. Pontuação: é inesperado e não ‘segue as regras’, ou seja, pausas inadequadas,


frases desconexas, frases incompletas – todos os quais, em última instância, forçam
o ouvinte a "ler a mente".
"Dê-me o seu relógio tão rapidamente quanto você entra em transe."

Utilização: tira vantagem de tudo na experiência do ouvinte (os dois ambientes,


interno e externo) para apoiar a intenção de quem está falando.
Cliente diz: "Eu não entendo." Resposta: "É isso mesmo... você ainda não entende,
porque você não fez aquela respiração profunda que permite que as informações caiam
fácil e confortavelmente no lugar."
Ou, talvez, enquanto estiver trabalhando com um cliente, um de seus colegas, por
engano, abre uma porta. Em vez de ficar frustrado e irritado com o seu colega, você
pode dizer ao seu cliente: "Você pode ter ouvido uma porta ser aberta e deixe que
isso seja uma oportunidade para atrair novas ideias e pensamentos à sua vida."

O artigo original "Milton Model" encontra-se no site www.renewal.ca

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