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Módulo 1 – Princípios básicos do atendimento pré-hospitalar

Apresentação do Módulo

Neste módulo você estudará os principais aspectos relacionados ao emergencista pré-hospitalar,


bem como terá acesso a noções básicas para o atendimento emergencial fora do ambiente
hospitalar.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Listar as atribuições e as responsabilidades do emergencista pré-hospitalar;

Atuar com atenção, cuidado e responsabilidade nas situações de atendimento pré- hospitalar;

Garantir a segurança no local da emergência;

Compreender os aspectos gerais da anatomia e da fisiologia humana;

Demonstrar a sequência correta da avaliação do paciente para cumprir com os protocolos para
trauma e emergência clínica;

Descrever as técnicas utilizadas nas ações de suporte básico de vida;

Descrever os passos para o atendimento de um paciente adulto, criança ou lactente,


combinando as técnicas para evitar a obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE)
e de reanimação cardiopulmonar (RCP);

Listar os procedimentos que possibilitem o transporte de acidentados.

Identificar as situações que requerem uma rápida mobilização do paciente, demonstrando a


forma correta de executá-las;
Estrutura do Módulo

Este módulo está dividido nas seguintes aulas:

Aula 1
Atribuições e responsabilidades do emergencista
Aula 2
Noções básicas de anatomia e fisiologia humana
Aula 3
Avaliação do paciente
Aula 4
Suporte básico de vida
Aula 5
Manipulação e transporte de acidentados

Aula 1 – Atribuições e responsabilidades do emergencista

Antes de você estudar as principais atribuições do emergencista, alguns conceitos importantes


devem ser observados.

1.1. Principais conceitos

Emergências

São situações que apresentam alteração do estado de saúde com risco iminente de vida. O tempo
para resolução é extremamente curto, normalmente quantificado em minutos.

Urgências

São situações que apresentam alteração do estado de saúde, porém sem risco iminente de vida, e
que, por sua gravidade, desconforto ou dor, requerem atendimento médico com a maior brevidade
possível.
Atendimento pré-hospitalar

É considerado como nível pré-hospitalar móvel na área de urgência o atendimento que procura
chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica,
cirúrgica ou traumática, incluindo a psiquiátrica) que possa levar ao sofrimento, a sequelas ou
mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a
um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Podemos chamá-lo de atendimento pré-hospitalar móvel primário quando o pedido de socorro for
oriundo de um cidadão ou de atendimento pré-hospitalar móvel secundário e quando a solicitação
partir de um serviço de saúde, no qual o paciente já tenha recebido o primeiro atendimento
necessário à estabilização do quadro de urgência apresentado, mas necessite ser conduzido a outro
serviço de maior complexidade para a continuidade do tratamento.

Primeiros socorros

É a ajuda imediata prestada no local do evento, com a finalidade de preservar a vida do(a) paciente
até a chegada do socorro especializado.

Emergencista

É a pessoa tecnicamente capacitada e habilitada para avaliar e identificar os problemas que


comprometam a vida. Cabe ao emergencista prestar o adequado socorro pré-hospitalar e
transportar o paciente sem agravar as lesões já existentes.

Omissão de socorro

Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de socorro consiste em “Deixar de prestar
assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à
pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública”. A pena para esse caso é de detenção, a qual pode variar entre 1
(um) e 6 (seis) meses, ou multa.

Diz ainda aquele artigo, “A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e é triplicada, se resulta a morte”.

Vale ressaltar que o fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui
treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de
omissão de socorro.

1.2. Deveres do emergencista pré-hospitalar

Para ser um emergencista, é preciso aprender a lidar com o público

Pessoas que estão doentes ou feridas não se encontram em condições normais. Você deve ser
capaz de superar comportamentos grosseiros ou pedidos descabidos, supondo que esses pacientes
estão agindo assim devido à doença ou ao ferimento presente. Lidar com as pessoas é uma das
mais exigentes tarefas do emergencista e, dependendo da situação, atuar de modo profissional
pode ser muito difícil.

O emergencista deve ser honesto e autêntico

Quando estiver ajudando uma pessoa, você não deve dizer que ela está bem, se na verdade ela
estiver doente ou ferida. Tampouco dizer que tudo está bem quando você percebeu que existe algo
errado. Dizer para a pessoa não se preocupar é uma bobagem. Quando uma emergência acontece,
certamente existe algo com que se preocupar.

No local da emergência, você deve ser um profissional altamente disciplinado

Observe a sua linguagem diante dos pacientes e do público. Não faça comentários sobre os
pacientes ou sobre a gravidade do acidente. Concentre-se em auxiliar o paciente e evite distrações
desnecessárias. Coisas simples, como fumar um cigarro no local da emergência, mostra que você
não é disciplinado e não pode ser um emergencista.
Saiba mais...

Leia o texto “Emergencista pré-hospitalar1” e saiba mais sobre a importância da comunicação e a


atenção com a saúde.

1.3. Responsabilidades do emergencista em atendimento pré-hospitalar (APH)

As responsabilidades do emergencista no local da ocorrência incluem o cumprimento das


seguintes atividades:

Utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs);

Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, sua equipe, o paciente, e


prevenir outros acidentes;

Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a situação;

Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local e pela avaliação do


paciente;

Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu treinamento;

Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local do paciente.


O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou minimizem os riscos de

1
emergencista.pre.hospitalar.pdf
lesões adicionais;

Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e coordenar as


atividades.

A responsabilidade profissional é uma obrigação atribuída a toda pessoa que exerce uma arte ou
profissão, o que acarreta responder perante a justiça pelos atos prejudiciais resultantes de suas
atividades inadequadas; portanto, o emergencista poderá ser processado e responsabilizado se
cometer os seguintes atos:

Imperícia

Imprudência

Negligência

Abandono

Estude a seguir sobre cada um deles.

Imperícia

Ignorância, inabilidade, inexperiência.

Entende-se, no sentido jurídico, como a falta de prática ou ausência de conhecimentos que se


mostram necessários para o exercício de uma profissão ou de uma arte qualquer.

A imperícia, assim, se revela tanto na ignorância como na inexperiência ou na inabilidade acerca


de matéria que deveria ser conhecida, para que se leve a bom termo ou se execute com eficiência o
encargo ou serviço que foi confiado a alguém.

Ela evidencia-se, assim, no erro ou engano de execução de trabalho ou serviço de cuja inabilidade
se manifestou. Ou diz respeito àquele que se diz apto para um serviço e não o faz com a habilidade
necessária porque lhe falecem os conhecimentos necessários.

A imperícia conduz o agente à culpa, responsabilizando-o, civil e criminalmente, pelos danos que
sejam calculados por seu erro ou falta.
Exemplo

É imperito o emergencista que utilizar o reanimador manual sem executar corretamente, por
ausência de prática, as técnicas de abertura das vias aéreas durante a reanimação.

Imprudência

Falta de atenção, imprevidência, descuido.

Resulta da imprevisão do agente ou da pessoa em relação às consequências de seu ato ou ação,


quando devia e podia prevê-las.

Mostra-se falta involuntária, ocorrida na prática de ação, o que a distingue da negligência


(omissão faltosa), que se evidencia, precisamente, na imprevisão ou imprevidência relativa à
precaução que se deverá ter na prática da mesma ação.

Funda-se, pois, na desatenção culpável, em virtude da qual ocorreu um mal que podia e deveria ser
atendido ou previsto pelo imprudente.

Em matéria penal, arguido também de culpado é o imprudente responsabilizado pelo dano


ocasionado à vítima, pesando sobre ele a imputação de um crime culposo.

Exemplo

É imprudente o motorista que dirige um veículo de emergência excedendo o limite de velocidade


permitido na via.

Negligência

Desprezar, desatender, não cuidar.

Exprime a desatenção, a falta de cuidado ou de precaução com que se executam certos atos, em
virtude dos quais se manifestam resultados maus ou prejudicados, que não adviriam se mais
atenciosamente ou com a devida precaução – aliás, ordenada pela prudência – fosse executada. A
negligência, assim, evidencia-se pela falta decorrente de não se acompanhar o ato com a atenção
que se deveria.

Nesta razão, a negligência implica a omissão ou inobservância de dever que competia ao agente,
objetivado nas precauções que lhe eram ordenadas ou aconselhadas pela prudência, e vistas como
necessárias, para evitar males não queridos ou evitáveis.

Exemplo

É negligente o emergencista que deixa de utilizar equipamento de proteção individual (EPI) em


um atendimento no qual seu uso seja necessário.

Abandono

Suspensão da assistência já iniciada a um paciente antes da chegada de quem a continuará ou da


chegada a um centro médico-hospitalar definitivo.

O paciente tem os seguintes direitos:

Solicitar e receber ajuda pré-hospitalar;

Exigir segredo sobre sua situação e tratamento;

Denunciar quem não lhe prestou socorro ou violou seus direitos;

Recusar o atendimento oferecido pelo emergencista.

Em suas atividades, o emergencista deve identificar:

Consentimento explícito

É aquele que é assumido quando o paciente está inconsciente, desorientado ou seriamente


lesionado; ou ainda em caso de menor de 16 anos, que não pode tomar decisões sozinho.
Consentimento implícito

É quando o consentimento é dado pelo paciente ou ainda por familiar ou representante legal
para a prestação de assistência pré-hospitalar, desde que ele esteja fora de perigo.

1.4 Incidente

Evento de causa natural ou provocado por atividade humana e que requer a ação de pessoal de
serviços de emergência para proteger vidas, bens e o ambiente.

Tipos de incidente

Trânsito. Ex.: Tombamento de um veículo com 4 passageiros a bordo.

Incêndio. Ex.: Incêndio em um edifício de escritórios, 3.º andar.

Fenômeno natural. Ex.: Vendaval.

Aquático. Ex.: Colisão de uma lancha contra um molhe.

Médico. Ex.: Infarto do coração de um paciente.

Materiais perigosos. Ex.: Derramamento de cloro em uma rodovia.

Estrutura colapsada. Ex.: Colapso do teto de uma casa antiga por causa da chuva.

Elétrico. Ex.: Cabo de energia elétrica partido cai sobre um sobre automóvel.

1.5. Reconhecimento do local do incidente

O reconhecimento da situação é realizado pelo emergencista no momento em que chega ao local


da emergência. O reconhecimento é necessário para que ele possa avaliar a situação inicial e
decidir o que fazer e como fazer.

Para o correto reconhecimento do local da ocorrência, devem ser observados: veja a seguir:
Avaliação do local

O emergencista deverá avaliar o local da ocorrência, observando principalmente os seguintes


aspectos:

Situação;

Potencial de risco;

Medidas a serem adotadas.

Informes do emergencista

Após avaliar o local, o emergencista deverá informar ao Corpo de Bombeiros Militar ou ao


SAMU:

Local exato da ocorrência;

Tipos de ocorrência;

Riscos potenciais;

Número de vítimas e idade;

Gravidade das vítimas;

Necessidades de recursos adicionais (polícia militar, polícia civil, companhia de energia


elétrica, companhia de água e etc.);

Nome e telefone do solicitante do socorro adicional;

A ordem dos dados a serem informados é dinâmica, podendo ser alterada conforme a situação.

O importante é reportá-los sempre e o mais breve possível, pois só assim o emergencista terá o
apoio necessário.
Segurança do local

Consiste na adoção dos cuidados por parte do emergencista para a manutenção da segurança no
local de uma ocorrência, priorizando:

• Estacionamento adequado da viatura de emergência;

• Sinalização e isolamento do local;

• Gerenciamento dos riscos.

Estacionamento

O
emergencista/motorista
deverá estacionar a
viatura de
socorro/carro
particular 15 metros
antes do local do
acidente, utilizando-a
como anteparo, a fim
de proporcionar maior
segurança à guarnição
de serviço e às vítimas
envolvidas, deixando
assim, uma área
denominada “zona de
trabalho”.
Nas situações em que
já houver uma viatura
fazendo tal proteção, a
viatura de socorro
deverá ser colocada 15
metros à frente do
acidente, mantendo o
espaço da zona de
trabalho.

Sinalização

A colocação dos cones de sinalização deverá obedecer a seguinte proporção: 1 metro para cada
km/h da velocidade máxima permitida na via.

Exemplo

Se a velocidade máxima permitida na via for 40 Km/h, o primeiro cone de sinalização deverá ser
posicionado 40 metros antes do local do acidente e os demais cones deverão ser distribuídos em
direção ao local do acidente.

Após a sinalização, o emergencista deverá se certificar de que a sua visualização é ideal. Nos
locais onde a visibilidade estiver dificultada em virtude de neblina ou em uma curva, essa
distância poderá ser aumentada conforme a necessidade.
1.6. Equipamentos básicos utilizados no socorro pré-hospitalar

No socorro pré-hospitalar, diversos equipamentos podem ser utilizados, de acordo com sua
função:

Equipamentos para avaliação do paciente

Equipamentos de proteção individual

Equipamentos para ressuscitação (pulmonar e/ou cardiopulmonar)

Equipamentos para curativos

Equipamentos para imobilização e/ou transporte

Equipamentos para extração veicular

Equipamentos diversos

Estude sobre cada um deles!

Equipamentos para avaliação do paciente

Lanterna pupilar;

Estetoscópio;

Esfigmomanômetro;

Pulso oxímetro.
Equipamentos de proteção individual

Luvas descartáveis;

Máscaras faciais;

Óculos de proteção;

Avental.

Equipamentos para ressuscitação (pulmonar e/ou cardiopulmonar)

Cilindro de O² (portátil);

Máscara facial com reservatório

Máscara de RCP de bolso;

Reanimadores manuais;

Cânulas orofaríngeas;

Aspiradores portáteis;
DEA (Desfibrilador Externo Automático)

Equipamentos para curativos

Ataduras de crepom;

Solução fisiológica;

Gazes;

Compressa cirúrgica;

Esparadrapo.
Equipamentos para imobilização e/ou transporte

Colar
cervical;

Talas de
imobilização
(rígidas,
infláveis, de
papelão, etc);

Macas rígidas
longas;

KED (Colete
de
imobilização
dorsal);

Tracionador
de fêmur.
Equipamentos para extração veicular

Ferramenta para quebrar vidros;

Luvas de raspa de couro.

Equipamentos diversos

Tesoura de ponta romba;

Kit obstétrico;

Cobertor ou manta térmica;

Bolsa de primeiros socorros.

Aula 2 – Noções básicas de anatomia e fisiologia humana

Nesta aula você terá a oportunidade de revisar seus conceitos sobre anatomia e fisiologia humana,
o que certamente facilitará sua aprendizagem nas demais aulas do curso.

2. Anatomia e fisiologia humana

Anatomia

Ciência que estuda a estrutura e a forma dos seres organizados e a relação entre seus órgãos, bem
como a disposição destes.

Fisiologia
Ciência que estuda as funções orgânicas e os processos vitais dos seres vivos.

Posição anatômica

Posição anatômica é a posição padronizada de descrição do organismo, empregando-se os termos


de posição e direção.

O corpo humano deverá estar em:

posição ortostática;

com a face voltada para frente;

com o olhar dirigido para o horizonte;

com os membros superiores estendidos ao


longo do tronco;

com as palmas voltadas para frente;

com os membros inferiores unidos.

2.1. Divisão do corpo humano

O corpo humano é dividido em:

Cabeça;

Pescoço;

Tronco;

Membros.

Nos membros empregam-se termos especiais de


posição:
Proximal: situado mais próximo à raiz do membro;

Médio: situado entre proximal e distal;

Distal: situado mais distante da raiz do membro.

Além dessa divisão para identificar as partes do corpo


humano, são definidos:

Planos anatômicos

Plano mediano

- direito e esquerdo

Plano transversal

- superior e inferior

Plano frontal

- anterior (ventral) e posterior (dorsal)

Terços anatômicos

Subdivisões anatômicas em extremidades

- Terço proximal

- Terço médio

- Terço distal
TERÇO PROXIMAL
PROXIMAL
TERÇO MÉDIO

TERÇO DISTAL
TERÇO PROXIMAL
TERÇO MÉDIO
DISTAL
TERÇO DISTAL

FALANGE PROXIMAL
FALANGE MÉDIA TERÇO PROXIMAL
FALANGE DISTAL TERÇO MÉDIO
TERÇO DISTAL

TERÇO PROXIMAL
TERÇO MÉDIO
TERÇO DISTAL

Localização aproximada de lesões


Lesão A = Região posterior do tórax em nível de escápula esquerda.

Lesão B = Membro inferior esquerdo, terço médio da coxa, região anterior.

Lesão C = Membro superior esquerdo, terço distal do braço, região anterior.

Lesão D = Membro superior esquerdo, terço médio do antebraço, região anterior.

Lesão E = Membro superior esquerdo, terço médio da palma da mão.

Lesão F = Membro superior esquerdo, terço médio do dedo indicador, região anterior.
2.2. Cavidades corporais

Cavidade craniana

Cavidade torácica

Cavidade espinhal
Cavidade abdominal

Cavidade pélvica

Cavidades anteriores: são três

a. Cavidade torácica

Limite anterior: esterno

Limite superior: união do pescoço com o tronco

(Primeira costela, primeira vértebra dorsal e manúbrio)

Limite inferior: reborde costal (músculo do diafragma)

Limite posterior: 12 vértebras dorsais

Órgãos: coração, pulmões (2), grandes vasos, parte da


traqueia e parte do esôfago
Ossos: 12 pares de costelas, 1 esterno e 12 v. dorsais

b. Cavidade abdominal

Está mais desprotegida porque não possui partes ósseas

Limite superior: músculo do diafragma

Limite inferior: Espinha ilíaca ântero-superior

Órgãos: estômago, baço, pâncreas, fígado, vesícula biliar,


intestino delgado e grosso

c. Cavidade pélvica

Limite anterior: sínfise púbica

Limite superior: cristas ilíacas

Limite posterior: reborde costal (músculo do diafragma)

Limite inferior: vértebras sacras

Órgãos: bexiga, reto e ânus. Na mulher: ovários, útero,


trompa de Falópio. No homem: próstata.
Ossos: 2 ossos ilíacos, 05 vértebras sacras unidas

Cavidades posteriores: são duas

a. Cavidade craniana

 Órgãos: cérebro, cerebelo, bulbo raquidiano ou


encéfalo
 Ossos: 1 frontal, 2
temporais, 2 parietais, 1
occipital, 2 esfenoides.

b. Cavidade espinhal

 Órgãos: medula espinhal

 Ossos: 7 cervicais, 12 dorsais, 5 lombares, 5 sacras e 4 cóccix

Quadrantes abdominais (órgãos)

QSD Maior parte do fígado, QSE Baço, maior parte do


vesícula biliar, parte do estômago, parte do intestino
intestino delgado, parte do grosso, parte do intestino
intestino grosso, parte do delgado, parte do pâncreas,
pâncreas, parte do parte do fígado.
estômago.

QID Apêndice, parte do QIE Parte do intestino


intestino delgado, parte do grosso, parte do intestino
intestino grosso, parte do delgado, parte do ovário
ovário (mulher). (mulher)

2.3. Corpo humano e seus sistemas

O funcionamento do corpo humano pode ser mais bem entendido quando são estudados os
seguintes sistemas:
sistema tegumentar,

sistema esquelético,

sistema respiratório,

sistema cardiovascular,

sistema nervoso.

Sistema tegumentar

Sistema que inclui a pele e seus anexos, proporcionando ao corpo um revestimento protetor que
contém terminações nervosas sensitivas e participa da temperatura corporal, além de cumprir
outras funções.

Pele

Maior órgão do corpo humano. No adulto sua área total atinge aproximadamente 2m2,
apresentando espessura variável (1 a 4 mm) conforme a região.

A distensibilidade é outra característica da pele que também varia de região para região.

A pele tem como funções:

• Proteção;

• Regulação da temperatura;

• Excreção;

• Produção de vitamina D.

A pele é dividida em camadas:

• Epiderme: camada mais superficial da pele;

• Derme: camada subjacente à epiderme, tendo sob ela a tela subcutânea.


Glândulas da pele

A pele contém numerosas glândulas sudoríparas e sebáceas. As primeiras localizam-se na derme


ou tela subcutânea, com importante função na regulação da temperatura corporal, porque sua
excreção, o suor, absorve calor por evaporação da água. As glândulas sudoríparas são
especialmente abundantes na palma das mãos e planta dos pés. Em certas regiões, como a axila e a
dos órgãos genitais externos, existem glândulas muito semelhantes às sudoríparas, cuja secreção,
entretanto, produz odor característico.

Coloração da pele

A cor da pele depende da quantidade de pigmentos, da vascularização e da espessura dos estratos


mais superficiais da epiderme. Entre os pigmentos, a melanina é o mais importante e sua
quantidade na pele varia com a raça.

Sistema esquelético

É um conjunto de ossos e cartilagens que se unem através de articulações para formar o arcabouço
do corpo e desempenhar várias funções.

As funções do sistema esquelético são:

• Proteção dos órgãos e tecidos;

• Sustentação e conformação do corpo;

• Armazenamento de minerais essenciais;

• Inserção de músculos;

• Permitir a realização de movimentos;

• Conferir rigidez e resistência ao corpo; e

• Produção de certas células sanguíneas.


Ossos

Tecido conjuntivo mineralizado vivo, altamente vascularizado, e em constante transformação.

Classificação quanto à forma:

Ossos longos: - o comprimento predomina sobre a largura e a espessura.

- fêmur, rádio, ulna, tíbia, falanges

Ossos curtos: - as três dimensões equivalem-se.

- tarso e carpo

Ossos laminares: - o comprimento e largura equivalem-se, predominando sobre a espessura.

-escápula, ossos do crânio e ossos do quadril

Ossos irregulares: - apresentam uma morfologia complexa, onde não há correspondência nas
formas geométricas.

- temporal, vértebras

Ossos pneumáticos: - apresentam uma ou mais cavidades de volume variado.

- frontal, temporal, maxilar

Divisão anatômica do esqueleto

O esqueleto subdivide-se em duas partes:


A união dos esqueletos axial e apendicular ocorre através das cinturas.
Divisão anatômica do esqueleto
Crânio

O crânio possui duas divisões principais:

Caixa encefálica (crânio propriamente dito): composto por 08 ossos largos e irregulares que se
fundem formando a cobertura que protege o encéfalo.

Face: composta por 14 ossos que se fundem para dar sua forma.

Coluna vertebral
Estrutura óssea central, composta de 33 vértebras dividida em cinco regiões:

Coluna cervical (pescoço): composta de 07 vértebras;

Coluna torácica (parte superior do dorso): composta de 12 vértebras;

Coluna lombar (parte inferior do dorso): composta de 05 vértebras;

Coluna sacral (parte da pelve): composta de 04 vértebras.

Coluna coccígea (cóccix ou cauda): composta de 04 vértebras.


Articulações

Conexão entre dois ou mais ossos adjacentes, que, de acordo com a conformação e o aspecto
estrutural, são agrupados em três tipos principais:

Articulações fibrosas: São aquelas em que o tecido que interpõe as peças ósseas é fibroso,
impossibilitando o seu movimento;

Articulações cartilaginosas: São aquelas em que o tecido que interpõe as peças ósseas é formado
por fibrocartilagem ou cartilagem hialina, possibilitando movimentos limitados;

Articulações sinoviais: São aquelas em que o elemento que interpõe as peças ósseas é líquido
sinovial, possibilitando movimentos amplos.

Sistema respiratório

É o conjunto de órgãos que permite a captação de oxigênio e a eliminação de dióxido de carbono


produzido na respiração interna.

O sistema respiratório tem como função conduzir o ar do meio ambiente para os pulmões, e vice-
versa,

Respiração

Conjunto dos fenômenos que permitem a absorção do oxigênio e a expulsão do gás carbônico
pelos seres vivos.
Nariz

No interior do nariz (narinas) existem pelos, denominados vibrissas ou cílios, que recolhem a
maior parte das partículas e pó existentes no ar, realizando, assim, uma filtragem grosseira dessas
impurezas. Eles estão em constante movimento, a fim de eliminar esses resíduos através das
narinas. O nariz é guarnecido de uma camada de líquido (muco), que retém outras partículas de pó
em sua porção superior. Ainda existem as conchas nasais, superior, média e inferior, que servem
para aumentar a superfície mucosa da cavidade nasal, pois é essa superfície mucosa que umedece
e aquece o ar inspirado, “condicionando-o” para que seja mais bem aproveitado na hematose que
se dá nos pulmões.

Faringe

É um tubo muscular membranoso associado a dois sistemas: respiratório e digestório, situando-se


posteriormente à cavidade nasal, bucal e à laringe.

Laringe

É um órgão tubular, situado no plano mediano e anterior do pescoço que, além de via aerífera é
órgão da fonação, ou seja, de produção do som. Coloca-se anteriormente à faringe, comunicando-
se com ela através da glote. Junto à glote está a epiglote, que tem a função de fechar a glote
durante a passagem do bolo alimentar.

Esqueleto da laringe – A laringe é continuada diretamente pela traqueia e apresenta um esqueleto


cartilaginoso. A maior cartilagem é a tireóide, constituída de duas lâminas que se unem
anteriormente em V; a cartilagem cricoide é ímpar, situando-se inferiormente à cartilagem
tireóide. Entre as duas cartilagens, situa-se a membrana ou ligamento cricotireóideo.

Traqueia

É um canal situado entre a laringe e a origem dos brônquios. Tem de 12 a 15 cm de comprimento


e é constituída de 16 a 20 anéis cartilaginosos incompletos, em forma de C, sobrepostos e ligados
entre si.

Brônquios

São os canais resultantes da bifurcação da traqueia. Os brônquios vão se ramificando em direção


aos lobos pulmonares em diâmetros cada vez menores.

Pulmões

Principais órgãos da respiração, sendo um direito e outro


esquerdo, são órgãos moles,

esponjosos e dilatáveis. Estão contidos na cavidade torácica e,


entre eles, há uma região denominada mediastino. Os pulmões
se subdividem em lobos, sendo três para o direito e dois para o
esquerdo. As vias aéreas finalmente terminam nos alvéolos,
cada um dos quais está em contato com os capilares
sanguíneos onde se dá a função essencial dos pulmões, a
hematose (oxigenação do sangue venoso).

Pleura

Cada uma das membranas serosas que cobrem as paredes


internas da cavidade torácica (pleura parietal) e a superfície
externa dos pulmões (pleura visceral).

Músculos da respiração

Os principais músculos da respiração são o diafragma, que separa a cavidade torácica da


abdominal, e os músculos intercostais, que estão situados entre as costelas.

Mecanismo da respiração – inspiração

Durante a inspiração (inalação):


O diafragma e os músculos intercostais se contraem;

Quando o diafragma se contrai, move-se para baixo, aumentando a cavidade torácica


longitudinalmente;

Quando os músculos intercostais se contraem, elevam as costelas; essas ações se combinam


para aumentar a cavidade torácica (fole) em todas as dimensões. Os pulmões são puxados
com ela, que se expande pela sucção exercida através das superfícies pleurais unidas;

A pressão aérea interna, menor que a externa, permite a entrada de ar pela traqueia,
enchendo os pulmões. O ar se moverá de uma área de maior pressão para uma de menor
pressão, até tornarem-se equivalentes;

Mecanismo da respiração – expiração

Durante a expiração:

O diafragma e os músculos intercostais se relaxam;

À medida que esses músculos relaxam, a cavidade torácica diminui de tamanho em todas as
dimensões;

À medida que a cavidade torácica diminui, o ar nos pulmões é pressionado em um espaço menor,
a pressão interna aumenta e o ar é empurrado através da traqueia.

Sistema cardiovascular
É um sistema fechado, composto pelo coração e por uma rede de tubos denominados artérias,
arteríolas, capilares, vênulas e veias.

As principais funções do sistema cardiovascular são:

Fornecer oxigênio, substâncias nutritivas e hormônios aos tecidos;

Transportar produtos finais do metabolismo, como CO2 e ureia até os órgãos responsáveis
por sua eliminação;
Realizar a termorregulação do organismo.

Sangue

O sangue é um líquido vermelho, viscoso, composto por plasma (parte líquida), glóbulos
vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.

Composição do sangue

Plasma: Transporta os glóbulos e nutrientes para todos os tecidos. Também leva os produtos de
degradação para os órgãos excretores.

Glóbulos vermelhos: Fornecem a cor ao sangue e carreiam oxigênio.

Glóbulos brancos: Atuam na defesa do organismo contra as infecções.

Plaquetas: São essenciais para a formação de coágulos sanguíneos, necessários para estancar o
sangramento.

Coração

É um órgão muscular oco, ímpar e mediano, que funciona como uma bomba contrátil e propulsora
do sangue.

Camadas musculares do coração:

As paredes do coração são formadas por três camadas:

Miocárdio: camada média que determina a sístole e a diástole cardíaca;

Endocárdio: camada de revestimento interno;

Epicárdio: camada de revestimento externo.

As cavidades cardíacas são quatro:

- 2 átrios (cavidades superiores) e 2 ventrículos (cavidades inferiores).


Átrio direito

- Local onde desembocam as veias cavas superior e inferior. Comunica-se com o ventrículo direito
através da valva tricúspide (possui três cúspides).

Ventrículo direito

- Nele chega sangue rico em CO2 proveniente do átrio direito, que posteriormente é expulso para a
artéria pulmonar.

Átrio esquerdo

Local onde desembocam as veias pulmonares direita e esquerda. Comunica-se com o ventrículo
esquerdo através da valva bicúspide ou mitral (possui dois cúspides).
Ventrículo esquerdo

Nele chega sangue oxigenado proveniente do átrio esquerdo, que


posteriormente é expulso para todo o corpo através da artéria aorta.

Movimentos cardíacos:

Para o coração realizar sua função de bombeamento de sangue, efetua


movimentos de contração e relaxamento da musculatura das suas cavidades:

Sístole: período de contração dos ventrículos, para expulsar o sangue proveniente dos átrios para
as artérias pulmonares e aorta;

Diástole: período de relaxamento dos ventrículos, simultâneos ao de contração dos átrios,


permitindo a passagem de sangue dos átrios para os ventrículos.

Vasos sanguíneos

São tubos que formam a complexa rede do sistema cardiovascular, constituída por artérias e veias
que se ramificam em calibres cada vez menores, originando as arteríolas, vênulas e capilares.

Artérias

Vasos sanguíneos que saem do coração levando sangue para o corpo.

Veias

Vasos sanguíneos que chegam ao coração trazendo sangue do corpo.

Circulação sanguínea

A circulação sanguínea, tanto no homem como nos mamíferos em geral, é dupla:


Circulação pulmonar = pequena circulação

Percurso da circulação pulmonar:

Coração (ventrículo direito) > pulmões > coração (átrio esquerdo)

Circulação sistêmica = grande circulação

Percurso da circulação sistêmica:

Coração (ventrículo esquerdo) > tecidos do corpo > coração (átrio direito), passando pelos
capilares dos diversos sistemas ou aparelhos do corpo.

Circulação sanguínea
Circulação sanguínea

O sistema é completamente fechado, com dois conjuntos de capilares conectando arteríolas e


vênulas nos pulmões e nos tecidos do restante do organismo.

Sistema nervoso

Sistema responsável pelo controle e coordenação das funções de todos os sistemas do organismo.
Ao receber estímulos aplicados à superfície do corpo (frio, calor, dor, etc) é capaz de interpretá-los
e desencadear, eventualmente, respostas adequadas a esses estímulos.

Muitas funções do sistema nervoso dependem da vontade

Ex.: Caminhar é um ato voluntário.

Muitas outras ocorrem involuntariamente, sem que tenhamos consciência.

Ex.: A secreção da saliva ocorre independente de nossa vontade


O sistema nervoso pode ser dividido em:

Sistema nervoso central (SNC)

O sistema nervoso central é uma porção de recepção de estímulos de comando, e também


desencadeador de respostas. A porção periférica é constituída pelas vias que conduzem os
estímulos ao sistema nervoso central ou que levam até os órgãos as ordens emanadas da porção
central. Pode-se dizer que o SNC está constituído por estruturas que se localizam no esqueleto
axial (coluna vertebral e crânio): a medula espinhal e o encéfalo.

Sistema nervoso periférico (SNP)

O sistema nervoso periférico compreende os nervos cranianos e espinhais, os gânglios e as


terminações nervosas.

Sistema nervoso visceral (SNV)

O sistema nervoso visceral relaciona o indivíduo com o meio interno, compreendendo fibras
sensitivas (aferente) – interoceptores e motoras (eferente) – músculo liso e gânglios. A este, está
relacionado o sistema nervoso autônomo (SNA), ou involuntário, constituído apenas da parte
motora do SNV.

Sistema nervoso somático (SNS)

O sistema nervoso somático relaciona o indivíduo com o meio externo, compreendendo fibras
sensitivas (aferente) exteroceptores e motoras (eferente) músculo estriado esquelético.
Meninges

O encéfalo e a medula espinhal são envolvidos e protegidos por lâminas (ou membranas) de tecido
conjuntivo chamadas, em conjunto, de meninges.

Essas lâminas são, de fora para dentro:

- pia-máter;

- dura-máter;

- aracnóide.

O sistema nervoso central (SNC) é dividido anatomicamente em:

Encéfalo

Porção do sistema nervoso central localizado na caixa craniana e que compreende o cérebro, o
cerebelo e o tronco encefálico.
Medula espinhal

É a continuação direta do encéfalo, localizada dentro do canal vertebral. A medula espinhal tem
papel fundamental na recepção de estímulos sensitivos e retransmissão de impulsos motores.
Todos os centros importantes do encéfalo são conectados diretamente aos órgãos ou músculos que
controlam através de longos feixes nervosos. Esses feixes se unem formando a medula espinhal,
transmitindo mensagens entre o encéfalo e o sistema nervoso periférico. Essas mensagens são
passadas ao longo do nervo sob a forma de impulsos elétricos. Da base do crânio, a medula se
estende pelo tronco até o nível da primeira ou segunda vértebra lombar. Na porção final da medula
localizam-se nervos espinhais que formam uma espécie de “cabeleira” nervosa, comparada à
cauda equina.

Cérebro

Constitui a parte mais importante do encéfalo. Localiza-se na caixa craniana e é centro da


consciência. As funções do cérebro normal incluem a percepção de nós mesmos e do ambiente ao
nosso redor, o controle de nossas reações em relação ao meio ambiente, respostas emocionais,
raciocínio, julgamento e todas as nuances que formam a consciência, as sensações e origem dos
movimentos, compreendendo o telencéfalo e diencéfalo.

Cerebelo

Possui a função de determinar o equilíbrio do corpo e sua orientação no espaço, bem como, a
regulação do tônus muscular e a coordenação das atividades motoras do organismo.

Tronco encefálico

Parte do encéfalo que une a medula espinhal aos hemisférios cerebrais e por onde transitam todas
as grandes vias sensitivas e motoras.
Telencéfalo

O telencéfalo é a porção mais anterior e mais desenvolvida do cérebro, ocupa a maior parte da
cavidade craniana e é envolvido pelas meninges. Nele encontra-se o córtex cerebral, que é uma
lâmina cinzenta, de espessura variável e que constitui a superfície do hemisfério cerebral.

Diencéfalo

É um dos principais centros receptores de impulsos elétricos oriundos das vias periféricas, possui
volumosos núcleos cinzentos.

Mesencéfalo

Protuberância que constitui o ponto de junção do cérebro, do cerebelo e da medula espinhal.


Comunica-se com o cérebro através de fibras nervosas encarregadas de conduzir estímulos
oculares, visuais, acústicos e outros.

Ponte

Localizada na parte mediana do tronco encefálico, é formada por agrupamentos de fibras e células
nervosas. A ponte possui três pares de nervos responsáveis pela inervação dos músculos que
movimentam os olhos para os lados, dos músculos mímicos da face, das glândulas salivares e
lacrimais, e conduz sensações de paladar captadas na língua.

Bulbo

Porção inferior do tronco encefálico no sentido crânio-caudal, sendo que o grande forame (forame
magno) constitui o limite convencional com a medula espinhal. Possui feixes de fibras motoras
que comandam os movimentos dos músculos voluntários.

Essas fibras dirigem-se paralelamente até o forame occipital, onde trocam de lado. No resto do
percurso, caminham do lado oposto àquele em que estavam originalmente. Este cruzamento de
fibras faz com que as ordens emitidas, a partir do hemisfério cerebral direito, sejam transmitidas
ao lado esquerdo do corpo e vice-versa. Por isso, acidentes que lesem o lado esquerdo da cabeça
provocam, em geral, paralisia do lado direito.

Além disso, no bulbo, localizam-se dois centros vitais, encarregados de controlar a respiração e o
funcionamento vasomotor. Um tiro que atinja o bulbo mata instantaneamente. A pressão
sanguínea cai de forma tão acentuada que não permite mais a irrigação dos diversos órgãos. Com a
lesão do bulbo, são cortados os impulsos que controlam o funcionamento dos vasos sanguíneos e
dos pulmões.

Sistema nervoso periférico

O sistema nervoso periférico (SNP) é dividido anatomicamente em:

Nervos

São cordões esbranquiçados formados por fibras nervosas unidas por tecido conjuntivo, tendo
como função conduzir impulsos ao SNC e também conduzi-los do SNC ao periférico. Distinguem-
se dois grupos, os nervos cranianos e os espinhais.

Nervos cranianos

São 12 pares de nervos que fazem conexão com o encéfalo. A maioria deles (10) origina-se no
tronco encefálico. Além do seu nome, os nervos cranianos são também denominados por números
em sequência crânio-caudal. A relação abaixo apresenta o nome e o número correspondente a cada
um dos pares cranianos:
Olfatório: É um nervo puramente sensitivo e ligado à olfação como o nome indica,
iniciando-se em terminações nervosas situadas na mucosa nasal.
Óptico: Também sensitivo, origina-se na retina e está relacionado com a percepção visual.
Oculomotor, troclear e abducente: Inervam músculos que movimentam o olho, sendo que o
III par é também responsável pela inervação de músculos chamados intrínsecos do olho,
como o músculo esfíncter da íris (que fecha a pupila) e o músculo ciliar (que controla a
forma da lente).
Trigêmeo: É predominantemente sensitivo, sendo responsável pela sensibilidade somática
de quase toda a cabeça. Um pequeno contingente de fibras é motor, inervando a musculatura
mastigadora, isto é, músculos que movimentam a mandíbula.
Facial, glossofaríngeo e vago: São altamente complexos no que se refere aos componentes
funcionais, estando relacionados às vísceras e à sensibilidade gustativa, além de inervar
glândulas, musculatura lisa e esquelética. O nervo vago é um dos nervos cranianos mais
importantes, pois inerva todas as vísceras torácicas e a maioria das abdominais.
Vestíbulo-coclear: É um nervo puramente sensitivo, constituído de duas porções: a porção
coclear está relacionada com os fenômenos da audição e a porção vestibular com o
equilíbrio.
Acessório: Inerva músculos esqueléticos, porém parte de suas fibras unem-se ao vago e com
ele é distribuída.
Hipoglosso: Inerva os músculos que movimentam a língua, sendo por isso, considerado
como o nervo motor da língua.

Nervos espinhais

Os 31 pares de nervos espinhais mantêm conexão com a medula e abandonam a coluna vertebral
através de forames intervertebrais. A coluna pode ser dividida em porções cervical, torácica,
lombar, sacral e coccígea. Da mesma maneira, reconhecemos nervos espinhais que são cervicais,
torácicos, lombares, sacrais e coccígeos.
Aula 3 – Avaliação do paciente

Nesta aula, você aprenderá os procedimentos técnicos na cena de emergência, ou seja, a postura que
o emergencista deverá adotar ao atender o paciente vítima de trauma ou emergência clínica.

3.1. Avaliação do paciente

A avaliação do paciente é um conjunto de procedimentos orientados para identificação e correção


imediata de possíveis doenças ou traumas, por meio de entrevista, aferição dos sinais vitais e
exame físico, a fim de determinar as ações a serem empreendidas.

A ordem da avaliação depende da natureza do problema (trauma ou emergência clínica/consciente


ou inconsciente).

Em um atendimento de uma emergência clínica, investigue a possibilidade de um trauma e vice-


versa.

As fases da avaliação do paciente compreendem:

Avaliação da cena;

Avaliação inicial;

Exame físico localizado e anamnese;

Exame físico detalhado;

Avaliação continuada.

3.1.1. Avaliação da cena


Rápida avaliação dos diferentes fatores que estão relacionados à emergência. É importante para
que o emergencista possa decidir sobre as ações que irá empreender.

A segurança é sempre nosso primeiro objetivo. A avaliação começa da ida do emergencista à cena.
O emergencista já deve ir pensando nos tipos de lesões ou perigos que poderão se apresentar.

A avaliação da cena inclui:

Usar o EPI (biossegurança);

Verificar se a cena está segura para o emergencista, para as vítimas e para os demais
presentes;

Mecanismo da lesão ou natureza da doença;

Quantidade de vítimas;

Recursos adicionais que serão necessários.

Ao chegar à cena, coletar informações observando o local, ouvir os familiares e testemunhas.

A aparência do local do incidente cria uma impressão que influencia toda a avaliação do
emergencista. A cena pode fornecer informações a respeito do mecanismo do trauma, da situação
e do nível de segurança.

Ao avaliar a cena, o emergencista deve responder os seguintes questionamentos:

- Qual a situação? Determinar o que aconteceu (trauma/clínico), qual foi o mecanismo do trauma,
quais as prováveis lesões nas vítimas, etc.

- Quais os riscos potenciais? Quais os riscos no local, como poderão evoluir.

- Quais as medidas a empreender? Determinar o que fazer e verificar a necessidade de recursos


adicionais.

A avaliação da cena e do paciente é constante.


3.2.2. Avaliação inicial

Parte da avaliação do paciente que tem por finalidade identificar e corrigir imediatamente as
situações de risco de morte, relacionadas às vias aéreas, respiração e circulação.

Ao abordar o paciente, o emergencista deverá se apresentar.

- Mencionar seu nome;

- Indicar que é uma pessoa treinada em primeiros socorros;

- Solicitar o consentimento da vítima.

As etapas da avaliação inicial compreendem avaliar:

I. Estado geral do paciente;

II. Nível de resposta do paciente;

III. Vias aéreas e respiração;

IV. Circulação;

V. Necessidade de transporte do paciente.

I. Estado geral do paciente

Implica no que vemos em relação ao paciente desde nossa chegada na cena; inclui detalhes como:
estado respiratório, circulatório e neurológico do paciente, etc. Dessa impressão geral pode
depender nossa decisão de transporte.

II. Nível de resposta do paciente

O nível de resposta do paciente é avaliado com a ajuda do método AVDI, que significa:

ALERTA – O paciente interage com o meio.


Atenção: Para um paciente consciente, é importante saber se o mesmo está lúcido e
orientado em tempo, espaço e pessoa. (LOTEP)

VERBAL – O paciente pode parecer inconsciente, mas responde a um estímulo verbal.

DOLOROSO – Caso a vítima não responda ao estímulo verbal, utiliza-se o estímulo doloroso.

INCONSCIENTE – Se não responde aos estímulos verbal e doloroso, então está inconsciente.

Se o paciente está inconsciente em decúbito ventral, o emergencista necessitará colocá-lo em


decúbito dorsal para fazer a avaliação. Caso suspeite de trauma, movimente-o de acordo com
a técnica apropriada.

III. Vias aéreas

Para abrir as vias aéreas utilize a manobra de empurre mandibular, em casos de trauma,
estabilizando a cabeça e o pescoço. Em caso de emergência clínica, utilize a manobra de
inclinação da cabeça – elevação do queixo.

O primeiro passo no tratamento das vias aéreas deve ser uma rápida inspeção visual da
orofaringe. Corpos estranhos, como pedaços de alimentos, dentes quebrados e sangue,
podem ser encontrados dentro da boca de um traumatizado.

Os emergencistas devem usar luvas para retirar esse material da boca do paciente.

Manobra de inclinação da cabeça – elevação do queixo

1. Deite o paciente em decúbito dorsal e posicione-se na lateral do paciente, na altura dos


ombros e cabeça.

2. Coloque os dedos indicador, médio e anular apoiados na mandíbula; com a outra mão
posicionada na testa do paciente, incline a cabeça para trás.
Manobra de empurre mandibular

1. Coloque o paciente em decúbito dorsal e se posicione de joelho acima de sua cabeça.

2. Coloque as mãos com dedos afastados em cada lado da cabeça do paciente.

3. Levante a mandíbula com os dedos indicadores e médios enquanto mantém os polegares


apoiados na altura dos zigomáticos, de maneira que os cotovelos se mantenham sempre
apoiados.

IV. Circulação

- Verifique o pulso carotídeo até 10 segundos. Caso não haja pulso, ATUE IMEDIATAMENTE.

- Verifique se existe hemorragia externa: em caso positivo, contenha-a; isso pode ser o primeiro
passo a ser feito em alguns casos.

- Verifique o pulso periférico – a presença do pulso periférico palpável também fornece uma
estimativa grosseira da pressão arterial. Se o pulso periférico não for palpável em uma
extremidade não lesada, o paciente provavelmente entrou na fase descompensada do choque.
Caso disponha de oxímetro de pulso, empregue-o durante essa fase, avaliando a real
necessidade de oxigênio e frequência do pulso.

V. Necessidade de transporte do paciente

As condições para estabelecer a prioridade do transporte ou continuar na cena avaliando o


paciente dentro da ambulância, incluem: inconsciência; consciente, mas não alerta; dificuldade
respiratória; hemorragia severa ou choque; mau aspecto geral; parto complicado; dor no peito ou
qualquer dor aguda.

Classifique o paciente na escala CPE para determinar o tempo de permanência na cena de acordo
com a gravidade das lesões ou doenças.

CPE – É formado pelas iniciais das palavras crítico, potencialmente instável e estável.

C – parada respiratória ou cardiorrespiratória; inconsciência; consciente, mas não alerta;


dificuldade respiratória; hemorragia severa ou choque; mau aspecto geral; parto complicado; dor
no peito ou qualquer dor aguda.

P – Lesões isoladas importantes.

E – Lesões menores – mecanismo da lesão não importante.

Paciente C – Necessitam de transporte imediato. Sempre que possível, permanecer na cena


por um tempo máximo de 5 minutos.

Paciente P e E – Continuar na cena avaliando o paciente dentro da ambulância. O ideal é


concluir a avaliação em no máximo 12 minutos.

VI. Colar cervical e oxigênio

Após a decisão de transporte, a equipe de emergencistas deverá aplicar o colar cervical adequado,
e, se necessário, ministrar oxigênio suplementar. Para isso, o emergencista deve avaliar a região
do pescoço, nariz, boca e mandíbula do paciente, mensurar e aplicar o colar cervical e administrar
oxigênio por meio de uma máscara facial com reservatório.
Utilizando-se de uma lanterna, avalie o ouvido do paciente, verificando parte externa, interna e
região retroauricular em busca de sangramento, saída de líquido cefalorraquidiano e equimose
antes da aplicação do colar cervical.

3.1.3. Exame físico localizado e anamnese

É feito depois de haver detectado e corrigido qualquer problema na avaliação inicial. É realizado
de acordo com a queixa principal do paciente, com o objetivo de descobrir e tratar lesões
específicas ou problemas pela doença do paciente. Inclui obter o histórico do paciente e a
avaliação dos sinais vitais.

Anamnese – Tem por finalidade obter o histórico do paciente. O ideal é obter a informação
diretamente do paciente; caso não seja possível, de quem presenciou a emergência (familiares ou
testemunhas).

Para ajudar a seguirmos uma sequência para obter o histórico do paciente, emprega-se um método
mnemônico usando a palavra SAMPLE:

S - Sinais e sintomas

A - Alergias

M - Medicação

P - Pertinente história médica passada

L - Líquidos e última alimentação

E - Eventos relacionados à doença ou trauma


No caso de dor, utiliza-se palavra ALICIA:

A - Aparição

L - Localização

I - Intensidade

C - Cronologia

I - Incremento (evolução)

A - Alívio

Guia para realizar a anamnese

Como ocorreu? Há quanto tempo está sentindo? O que ocorreu antes de sentir-se mal? Apresenta
algum problema médico atual? Está tomando medicamentos? É alérgico a algo? Quando foi a
última refeição? Etc.

Sinais vitais

São quatro: pulso, respiração, temperatura relativa da pele e pressão arterial.

Pulso:

É o reflexo das contrações cardíacas (sístole). Podem ser percebidas pela palpação de uma artéria
posicionada próxima à pele e sobre uma estrutura óssea.
Os pulsos mais comumente usados são:

Carotídeo Braquial Femoral

Aferição do pulso

Coloque o dedo indicador e médio da mão mais hábil sobre o lugar onde passa a artéria, exercendo
leve pressão e conte os batimentos cardíacos (pulsações). Em pacientes com emergências clínicas,
aferir o pulso durante um minuto completo e, nos casos de trauma, aferir o pulso durante 30
segundos e multiplicá-lo por dois.

Valores normais do pulso


Adulto 60 a 100 pulsações por minuto (bpm)
Criança 70 a 110 pulsações por minuto (bpm)
Lactente 120 a 160 pulsações por minuto (bpm)
Respiração

Absorção do oxigênio e exalação do gás carbônico.

Na respiração, deve-se observar a inspiração e a expiração do paciente (ventilação).

Recomenda-se avaliar as respirações como se estivesse aferindo o pulso. Em pacientes com


emergências clínicas, verificar as ventilações durante um minuto, e, nos casos de trauma, verificar
durante 30 segundos e multiplicar por dois.

Valores normais da respiração

Adulto 12 a 20 respirações por minuto (vpm)


Criança 20 a 30 respirações por minuto (vpm)
Lactente 30 a 50 respirações por minuto (vpm)

Pressão arterial (PA)

É definida como a pressão exercida pelo sangue circulante contra as paredes internas das artérias.
A PA é verificada em dois níveis, a PA sistólica e a diastólica. A sistólica é a pressão máxima à
qual a artéria está sujeita durante a contração do coração (sístole). A diastólica é a pressão
remanescente no interior do sistema arterial quando o coração fica relaxado (diástole). A pressão
arterial é diretamente influenciada pela força do batimento cardíaco; quanto mais força, mais
elevada a PA e o volume de sangue circulante. Dentro desses valores, consideramos a PA normal.
Se exceder à máxima, denominamos alta (hipertensão) e, ao contrário, se não atinge o nível
mínimo, denominamos baixa (hipotensão).

Nos casos de hemorragias ou choque, a PA mantêm-se constante dentro de valores normais para
no final desenvolver uma queda abrupta.
Aferição da pressão arterial

1. Posicionar o braço do paciente para que fique no mesmo nível do coração.

2. Escolher um manguito de tamanho adequado e envolvê-lo na parte superior do braço do


paciente, dois e meio centímetros acima da prega do cotovelo. O centro do manguito deve ser
colocado sobre a artéria braquial.

3. Usando seu dedo indicador e dedo médio, apalpar a artéria braquial acima da prega do
cotovelo a fim de determinar o local para posicionar o diafragma do estetoscópio.

4. Colocar a extremidade final do estetoscópio (olivas) em seus ouvidos e posicionar o diafragma


do estetoscópio sobre o pulso da artéria braquial.

5. Fechar a válvula e insuflar o manguito. Enquanto isso, aferir o pulso radial com os dedos
indicador e médio. Continuar insuflando o manguito até 30 mmHg além do ponto onde o
pulso radial se tornou imperceptível.

6. Abrir lentamente a válvula para que a pressão do aparelho seja liberada. A pressão deverá cair
numa velocidade de três a cinco mmHg por segundo.

7. Escutar atenciosamente e anotar o valor indicado no manômetro, no momento do primeiro som


(esta é a PA sistólica).

8. Deixar que o manguito continue esvaziando. Escutar e anotar o momento do desaparecimento


do som (esta é a PA diastólica). Retirar todo ar do manguito (recomendamos manter o
esfigmomanômetro no mesmo lugar para facilitar uma nova aferição).

9. Registrar o horário, a extremidade utilizada para realizar a aferição, a posição do paciente


(deitado ou sentado) e a PA observada.
Valores normais da pressão arterial

Adulto Sistólica - menor de 120 mmHg (AHA)


Diastólica - menor de 80 mmHg (AHA)

Criança Sistólica - 90 a 110 mmHg


Diastólica - 54 a 74 mmHg

Lactente Sistólica - 70 a 90 mmHg


Diastólica - 50 a 70 mmHg

Temperatura

É a diferença entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo humano.

Valores normais: 36,5 a 37 c – independentemente da faixa etária.

É recomendável o uso de um termômetro tipo fita, lembrando que ele deve ser limpo antes e
depois do uso. Na ausência da fita, estima-se a temperatura aplicando o dorso da mão sobre a pele
do paciente. A pele pode estar normal, quente ou fria.

Convém recordar que a pele é a grande responsável pela regulação da temperatura e pode
apresentar-se normal, quente ou fria, úmida ou seca.

A cor da pele pode ser pálida, cianótica, roxa ou ruborizada.

Nas pessoas negras, a cianose pode ser notada nos lábios, ao redor das fossas nasais e nas unhas.
Coloração da pele

A coloração da pele depende primariamente da presença de sangue circulante nos vasos


sanguíneos subcutâneos. Uma pele pálida, branca, indica circulação insuficiente e é vista nas
vítimas em choque ou com infarto do miocárdio. Uma cor azulada (cianose) é observada na
insuficiência cardíaca, na obstrução de vias aéreas e também em alguns casos de envenenamento.
Poderá haver uma cor vermelha em certos estágios do envenenamento por monóxido de carbono
(CO) e na insolação. Perfusão capilar é o termo usado para verificar a circulação da pele nas
extremidades.

Outros sinais e sintomas importantes na avaliação do pacientes

Pupilas

As pupilas, quando normais, são do mesmo diâmetro e possuem contornos regulares. Pupilas
contraídas podem ser encontradas nas vítimas que fizeram uso de drogas (miose). As pupilas
indicam estado de relaxamento ou inconsciência; geralmente tal dilatação ocorre rapidamente após
uma parada cardíaca (midríase), Nos casos de TCE ou AVC, a irregularidade da reatividade
pupilar, será observada no lado oposto em que ocorreu a lesão (anisocoria).

Capacidade de movimentação

A incapacidade de uma pessoa consciente em se mover é conhecida como paralisia e pode ser
resultante de uma doença ou traumatismo.

A incapacidade de mover os membros superiores e inferiores, após um acidente, pode ser o


indicativo de uma lesão da medula espinhal, na altura do pescoço (coluna cervical). A
incapacidade de movimentar somente os membros inferiores pode indicar uma lesão medular
abaixo do pescoço. A paralisia de um lado do corpo, incluindo a face, pode ocorrer como resultado
de um rompimento de um vaso intracraniano (Acidente Vascular Cerebral (AVC – derrame).
Reação à dor

A perda do movimento voluntário das extremidades após uma lesão geralmente é acompanhada
também de perda da sensibilidade. Entretanto, ocasionalmente o movimento é mantido e a vítima
se queixa apenas de perda da sensibilidade ou dormência nas extremidades. É extremamente
importante que esse fato seja reconhecido como um sinal de provável lesão da medula espinhal, de
forma que a manipulação do acidentado não agrave o trauma inicial.

3.1.4. Exame físico detalhado

É o exame realizado da cabeça aos pés. Deve ser realizado em cerca de 2 a 3 minutos. Em
pacientes que sofreram pequenos acidentes, não há necessidade de se fazer um exame completo.
Nos pacientes que sofreram lesões graves, deve-se priorizar o exame primário e transporte com
mais detalhe, conforme o tempo permitir.

Sempre que possível, o exame será feito durante o transporte do paciente ao hospital. Devendo-se
procurar: ferimentos, deformações, dor e sangramentos.

Durante o exame deve-se: observar (aspecto, coloração, movimentos, etc.), comparar (simetria),
palpar (com ambas as mãos e com firmeza) e identificar ruídos e odores incomuns. Não realizar
palpação em lesões evidentes.

Ao realizar o exame físico detalhado, o emergencista deverá:

1. Verificar a cabeça (couro cabeludo) e a testa.

2. Verificar a face do paciente. Inspecionar os olhos e pálpebras.

3. Inspecionar o nariz, a boca, a mandíbula e os ouvidos antes da aplicação do colar cervical.

4. Verificar o pescoço antes da aplicação do colar cervical.

5. Inspecionar os ombros bilateralmente (clavícula e escápula).


6. Inspecionar as regiões anterior e lateral do tórax.

7. Inspecionar os quatro quadrantes abdominais separadamente.

8. Avaliar a simetria e dor na região pélvica, comprimindo-a levemente para dentro.

9. Avaliar a região genital.

10. Inspecionar as extremidades inferiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso
distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade.

11. Inspecionar as extremidades superiores (uma de cada vez). Pesquisar a presença de pulso
distal, a capacidade de movimentação, a perfusão e a sensibilidade.

12. Realizar o rolamento em monobloco e inspecionar a região dorsal.

3.1.5. Avaliação continuada

Ao realizar a avaliação continuada no deslocamento ao hospital ou com o paciente na cena dentro


da ambulância, repita a avaliação inicial, reavalie os sinais vitais e verifique qualquer tratamento
dado para assegurar-se que segue sendo efetivo. Lembre-se de que o paciente pode melhorar,
piorar ou seguir estável.

A avaliação deve ser realizada conforme escala CPE.

Crítico – Reavaliar conforme protocolo. ( Após manobras de RCP e, para outros casos, a
cada 5 min. )

Potencialmente instável – Reavaliar a cada 15 minutos.

Estável – Reavaliar a cada 15 minutos.

Lembre a importância de registrar todas as informações obtidas.

Observações:
Comunicações

O emergencista terá de prestar todas as informações pertinentes ao médico do hospital ao entregar


o paciente, assim como ir informando à sua central de comunicações de acordo com o protocolo
local.

Documentação

Preencher os relatórios requeridos nos formulários adequados.

Fluxograma da avaliação do paciente (Trauma – Emergência Clínica)

 EPI
Avaliação da cena  Segurança
 Recursos adicionais
Situação?
 Estado geral do paciente AVDI-LOTEP
 Nível de resposta do paciente/estabilização manual da cervical
Risco? Medidas?  Vias aéreas e respiração
Avaliação inicial  Circulação
 Necessidade de transporte do paciente

Avaliar Colar cervical Críticos


e oxigênio

Mensurar Aplicar Potencialmente


instável/estável

Exame físico
localizado e anamnese
Queixa

Exame físico
Histórico Sinais vitais detalhado

Estabilização e transporte

C
P
Avaliação continuada E

Aula 4 – Suporte básico de vida


Nesta aula você irá estudar as técnicas de atendimento emergencial nos casos de parada
cardiorrespiratória e, ainda, como desengasgar um paciente e reanimá-lo, se for o caso. Na parte
final desta aula, você conhecerá a técnica para operar o desfibrilador automático externo (DEA).

4.1. Cadeia de sobrevivência

Mesmo quando a RCP por si própria não seja suficiente para salvar a vida da maioria das pessoas
que sofrem uma parada cardíaca, constitui um elo vital na cadeia de sobrevivência.

Essa cadeia inclui a seguinte sequência:

1.º elo: Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de


emergência/urgência;

2.º elo: RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas;

3.º elo: Rápida desfibrilação;

4.º elo: Suporte avançado de vida eficaz;

5.º elo: Cuidados pós-PCR integrados.

4.2. Sequência dos passos em SBV


Avaliação da capacidade de resposta e pedido de ajuda;

Manutenção das condições circulatórias;

Reconhecimento rápido de alterações nas vias aéreas e o seu tratamento;

Tratamento das condições respiratórias inadequadas;

Acesso precoce ao DEA;

Em SBV considerar:

Lactente: de 28 dias até 1 ano de idade.

Criança: a partir de 1 ano até o início da puberdade.

Adulto: a partir da puberdade.

Avaliando a capacidade de resposta do paciente (AVDI)

A Está Alerta?

V Responde ao estímulo Verbal?

D Reage ao estímulo de Dor?

I Inconsciente, não responde ou não reage?

Observar se a respiração está anormal ou ausente.

Se o emergencista verificar que a vítima não responde e não está respirando ou apresenta
respiração anormal (GASPING agônico), deve-se verificar o pulso. Na ausência de pulso,
iniciar a RCP (30 compressões torácicas X 2 ventilações).

Quando o tônus muscular é insuficiente, a língua e a epiglote podem obstruir a faringe.

A língua é a causa mais frequente de obstrução das vias aéreas na vítima inconsciente.

Se não houver evidência de trauma craniano nem cervical, o emergencista deve utilizar a manobra
de inclinação da cabeça – elevação do queixo para abrir as vias aéreas.
Lembre-se:

Se as vias aéreas estiverem comprometidas, terão que ser abertas usando métodos
manuais já descritos na Aula 3 – Avaliação do Paciente.

4.3. Parada respiratória

Parada respiratória é a supressão súbita dos movimentos respiratórios, que pode ou não ser
acompanhada de parada cardíaca.

O centro respiratório encefálico deve funcionar para haver respiração e para que a frequência e a
profundidade respiratórias sejam adequadas, a fim de controlar os níveis sanguíneos de dióxido de
carbono.

O fluxo sanguíneo cerebral inadequado provocado por AVC (resultante da interrupção da


irrigação de uma região do cérebro), choque ou parada cardíaca pode afetar gravemente o centro
respiratório. Uma parada respiratória pode ser provocada quando a oxigenação do sangue for
muito reduzida, mesmo que a quantidade do sangue que circula pelo encéfalo seja normal. Nesses
casos, a vítima pode apresentar uma parada respiratória completa ou realizar esforços respiratórios
ineficazes – respirações “agônicas” – geralmente associados com contração dos músculos dos
braços e das pernas.

Mesmo após a parada do coração, a respiração continua existindo por poucos segundos.

Não confunda respirações agônicas com respirações efetivas ao determinar se é necessário efetuar
respiração de resgate ou compressões torácicas. Nas próximas páginas serão apresentadas técnicas
para a reanimação cardiopulmonar.

Ventilações de resgate

Uma vez permeabilizadas as vias aéreas, temos condições de ventilar o paciente.

Por que com o ar expirado é possível manter vivo um paciente?


A atmosfera contém aproximadamente 21% de oxigênio. Dos 21% inalados, em torno de 5% são
usados pelo corpo e os 16% restantes são exalados. Um emergencista pode manter vivo um
paciente ao ministrar-lhe 16% de oxigênio, dando-lhe seu próprio ar exalado.

Técnicas de ventilação de resgate

As técnicas a utilizar são:

- Boca - máscara RCP

- Boca a boca

- Boca a boca e nariz

- Bolsa de ventilação manual (BVM)

Técnica de ventilação boca - máscara para a RCP

Abrir a via aérea com o método correspondente ao tipo de emergência, colocar a ápice da
máscara sobre o nariz e a base entre o queixo e o lábio inferior do paciente e segurá-la
firmemente.

Inspirar normalmente e ventilar por um segundo pela abertura do tubo dentro da via aérea do
paciente até ver que o peito se eleva.

Permitir que o ar do paciente saia de seus pulmões. Caso a respiração espontânea não se inicie,
deve-se continuar com o ciclo seguinte, observando os movimentos do tórax do paciente,
ouvindo e sentindo a saída de ar.
Técnica de ventilação boca a boca

Abrir a via aérea com o método correspondente e pinçar as narinas do paciente com a mão que
segura a cabeça.

Inspirar normalmente.

Cobrir com a própria boca a boca do paciente e ventilar o ar inalado.

Continuar com os passos como foi descrito na técnica de ventilação boca – máscara para a
RCP.

Técnica de ventilação boca a boca e nariz

Utilizada em lactentes e crianças.

A frequência ideal para crianças e lactentes é uma ventilação a cada 3 ou 5 seg.

Nesta técnica deve-se cumprir com os mesmos passos da técnica de ventilação boca a boca,
incluindo cobrir o nariz com a boca do emergencista.
Técnica de ventilação manual de bolsa de ventilação manual (BVM)

Essa técnica cumpre os mesmos passos para a ventilação de resgate, colocando a bolsa de
ventilação manual sobre o nariz e boca do paciente, buscando cobri-la hermeticamente enquanto
se ministra o ar. Pode ser realizada com dois emergencistas, assim como por apenas um. Para
dominar essa técnica, é necessário uma prática considerável.

Quando praticadas as técnicas anteriores e não conseguida a ventilação do paciente, assuma que
existe uma obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE), o que abordaremos mais
adiante.

Riscos e complicações da ventilação de resgate

Infecções: O emergencista deve tomar as precauções pertinentes para evitar adquirir e transmitir
infecções.

Lesões e intoxicações: É importante saber se o paciente ingeriu produtos cáusticos ou tóxicos para
evitar lesionar-se ou intoxicar-se.

Lesões da coluna cervical: No caso de suspeita desse tipo de lesão, não se deve aplicar a técnica
de extensão da cabeça – elevação mandibular.

Distensão gástrica: Se o paciente apresenta o abdômen distendido, não se deve comprimir devido
o perigo de vômito e obstrução das vias aéreas. A distensão pode aumentar a resistência das
insuflações por elevação do diafragma. Observar para que as insuflações sejam no tempo
adequado.

As infecções respiratórias e certas condições crônicas (asma), podem causar inflamação dos
tecidos ou espasmo muscular que obstrui a via aérea.

Acessórios para ventilação artificial

Alguns acessórios são utilizados na reanimação pulmonar. A escolha de tais acessórios deve ser
adequada a cada caso e sua utilização deve ser correta.

Os acessórios que podem ser utilizados são:

Cânula orofaríngea

Dispositivo usualmente feito de plástico, que pode ser inserido na boca e na faringe do paciente, a
fim de sustentar a língua, evitando o bloqueio das vias aéreas.

O tipo mais comum em APH é o que possui uma abertura no centro Guedel, a fim de permitir a
respiração ou acesso fácil para aspiração bilateral, devendo ser usada em conjunto com o
reanimador manual e colocada apenas em pacientes inconscientes.
Técnica para seu uso

1) Escolha o tamanho correto.

• Adulto: lóbulo da orelha ao canto da boca.

• Criança e lactente: ângulo da mandíbula ao canto da boca.

2) Cruze os dedos polegar e indicador, abrindo a boca do paciente.

3) Introduza a cânula na posição correta.

Adulto: com a extremidade contra o palato, girando-a em 180º.

Criança e lactente: com a extremidade contra a língua, sem giro.

4) Deslize a cânula até que a extremidade com rebordo se


localize sobre os lábios ou queixo, de forma que sua
curvatura siga o contorno da língua. Use sempre EPI.

Reanimador manual

Equipamento utilizado para ventilar artificialmente o


paciente que não apresenta respiração espontânea, podendo
liberar altas concentrações de oxigênio (90 a 100%)
quando instalado a uma fonte (cilindro de oxigênio).

Técnica de ventilação com bolsa-máscara (reanimador


manual):

1) Posicione o paciente corretamente (decúbito dorsal).

2) Posicione-se próximo à cabeça do paciente (técnica cefálica).

3) Abra a boca do paciente e coloque a cânula orofaríngea, conforme técnica descrita


anteriormente.
4.4. Parada cardíaca

Parada cardíaca é o cessar da atividade mecânica do coração. É um diagnóstico clínico confirmado


pela falta de resposta a estímulos, ausência de pulso detectável e apneia (ou respirações agônicas).

Detecção do pulso carotídeo

A detecção de pulso pode ser feita de 2 maneiras.

Para se detectar a presença ou ausência de pulso carotídeo:


Use sempre EPI

1) Localize a cartilagem da tireoide e coloque a ponta dos dedos (indicador e médio) ao lado
desse ponto, mantendo a cabeça em posição inclinada para trás (se não houver suspeita de
lesão na coluna cervical);

2) Deslize os dedos no sulco entre a traqueia e o músculo lateral do pescoço mais próximo a
você;

3) Exerça pequena pressão nesse ponto e sinta o pulso da artéria carótida (adulto e criança).
Se não há pulso, inicie as compressões torácicas.

4) Coloque a máscara do reanimador sobre a face do paciente com a base entre a protuberância
do queixo e o lábio inferior e o ápice voltado para o nariz;

Detecção do pulso braquial

Para se detectar a presença ou ausência de pulso braquial:

1) Localize o terço médio da parte interna do braço, entre o cotovelo e o ombro do lactente;

2) Com o polegar na face externa do braço, pressione com suavidade os dedos indicador e médio
contra o úmero para sentir o pulso braquial; e

3) Se não conseguir detectar com certeza um pulso, outros sinais de circulação ou, caso a
frequência cardíaca seja menor que 60 bpm em um lactente ou uma criança com sinais de
hipoperfusão, inicie as compressões torácicas.
Reanimação cardiopulmonar (RCP)

Sinais de parada cardiorrespiratória

Inconsciência;

Ausência de respiração;

Ausência de pulso.

Fatores de risco de sofrer um ataque cardíaco

- Fatores de risco que não podem ser mudados:

Herança genética;

Sexo (masculino);

Idade avançada.

- Fatores de risco que podem ser mudados:

Tabagismo;

Pressão arterial elevada;

Níveis elevados de colesterol;

Inatividade física.
- Fatores contribuintes

Diabetes;

Obesidade;

Estresse.

Complicações por manobras inadequadas de RCP

O paciente não está sobre uma superfície rígida: as compressões são ineficazes.

O paciente não está em posição horizontal: caso a cabeça do paciente esteja mais alta do
que o resto do corpo, ocorrerá um fluxo insuficiente de sangue ao cérebro.

Não se executa adequadamente a manobra de extensão da cabeça – elevação mandibular ou


empurre mandibular: não se assegura vias aéreas permeáveis.

Vedação inadequada sobre a boca, boca e nariz do paciente: as ventilações não são
adequadas.

As narinas do paciente não estão tampadas e a boca do paciente não está suficientemente
aberta durante as ventilações boca a boca: as ventilações não são efetivas.

Colocação inadequada das mãos ou compressão em local incorreto: costelas fraturadas;


esterno fraturado; laceração do fígado, baço, pulmões; o coração tem a pleura
lesionada como resultado das costelas fraturadas.

Compressões muito profundas ou muito rápidas: não há impulsão adequada do volume


sanguíneo.

Uso de uma relação compressão-ventilação inadequada: não ocorre uma adequada


oxigenação do sangue.

Se a técnica de RCP for interrompida, existe alto risco de lesão cerebral irreversível.
Pontos de compressões de RCP

Ao detectar uma parada cardíaca, deve-se proceder a compressões torácicas, de acordo com o
seguinte procedimento:

Adulto: dois dedos acima do processo xifoide.

Criança: da mesma maneira em que é feita no adulto.

Lactente: um dedo abaixo da linha imaginária, entre os mamilos.

Posicionamento das mãos do emergencista para as compressões:

No paciente adulto: Coloque a base de sua mão (que está próxima à cabeça do paciente) no ponto
de compressão da RCP. Sua outra mão deve ser sobreposta à primeira, de modo que as bases das
duas mãos fiquem alinhadas uma sobre a outra e seus dedos não toquem o tórax do paciente. Seus
dedos podem ficar estendidos ou entrelaçados. Mantenha seus dedos afastados do tórax do
paciente.

Se o paciente for uma criança: Faça as compressões com a base de uma das mãos posicionada
sobre o ponto de compressão da RCP.

Compressões torácicas Compressões torácicas em adulto Compressões torácicas em


em lactente criança
Compressão e relaxamento do coração durante as compressões torácicas.

Iniciando e terminando a técnica de RCP

Uma vez iniciada a técnica de RCP, deve-se mantê-la até que:

1. Se retorne a circulação (continuar com a ventilação artificial);

2. Se retorne a circulação e ventilação espontâneas;

3. Pessoal mais capacitado que você o substitua;

4. Você não possa continuar com o procedimento por se encontrar exausto.


4.5 Obstrução das vias aéreas por corpo estranho (OVACE)

É a obstrução súbita das VA superiores causada por corpo estranho. A OVACE em adultos
geralmente ocorre durante a ingestão de alimentos e, em crianças, durante a alimentação ou
recreação (sugando objetos pequenos).

A obstrução de vias aéreas superiores pode ser causada:

• Pela língua: Sua queda ou relaxamento pode bloquear a faringe;

• Pela epiglote: Inspirações sucessivas e forçadas podem provocar uma pressão negativa que
forçará a epiglote para baixo, fechando as VA;

• Por corpos estranhos: Qualquer objeto, líquido ou vômito que venha a se depositar na
faringe;

• Por danos aos tecidos: Perfurações no pescoço, esmagamento da face, inspiração de ar


quente, venenos e outros danos severos na região;

• Por patologias: Infecções respiratórias, reações alérgicas e certas condições crônicas


(asma) podem provocar espasmos musculares que obstruem as VA.

Sinais de obstrução grave ou completa das vias aéreas

Quando uma pessoa consciente estiver se engasgando, os seguintes sinais indicam uma obstrução
grave ou completa das vias aéreas que exige ação imediata:

• Sinal universal de asfixia: a vítima segura o pescoço com o polegar e o dedo indicador;

• Incapacidade para falar;

• Tosse fraca e ineficaz;

• Sons inspiratórios agudos ou ausentes;


• Dificuldade respiratória crescente;

• Pele cianótica.

A desobstrução das vias aéreas deve seguir as manobras subsequentes.

Sinal universal de engasgamento

Manobras para desobstrução em adulto


Compressões abdominais ou Manobra de Heimlich em adulto consciente
Compressões torácicas ou Manobra de Heimlich em gestantes

Compressões abdominais ou Manobra de Heimlich em crianças


Golpes interescapulares e compressões torácicas em lactente inconsciente

Varredura digital para limpeza da cavidade oral somente com a observação do objeto
Posição de recuperação

A posição de recuperação, além de possibilitar ao paciente um melhor conforto, evita que ele, caso
venha a vomitar, aspire o vômito.
Desfibrilador externo automático (DEA)

Sabemos que a maioria das mortes súbitas por problemas cardíacos acontece longe dos hospitais, e
esse é o principal motivo para a existência dos programas de treinamento em ressuscitação
cardiopulmonar e desfibrilação automática por pessoal leigo (não médico).

A ressuscitacão cardiopulmonar e o uso de DEAs/DAEs por primeiros socorristas da segurança


pública são recomendados para aumentar as taxas de sobrevivência em PCR súbita extra-
hospitalar. As diretrizes da Associação Americana do Coração (American Heart Association –
AHA 2010) para RCP e ACE (Atendimento Cardíaco de Emergência), recomendam, mais uma
vez, estabelecer programas de DEAs/DAEs em locais públicos nos quais exista probabilidade
relativamente alta de PCR presenciada (por exemplo, aeroportos, cassinos, instituições esportivas).
Para maximizar a eficácia desses programas, a AHA continua enfatizando a importância de
organizar, planejar, treinar, criar parceria com o sistema de SME (Serviço Médico de
Emergência/Urgência) e estabelecer um processo de contínuo aperfeiçoamento da qualidade.

Como funciona a desfibrilação externa automática

Os aparelhos desfibriladores externos automáticos são projetados para proporcionar um choque


elétrico que interrompe a atividade elétrica anormal de um coração doente. A desfibrilação
consiste no uso terapêutico da corrente elétrica, administrada em grande intensidade e por
períodos extremamente breves. O choque desfibrilador despolariza, temporariamente, um coração
que esteja pulsando de modo irregular, permitindo assim que uma atividade de contração mais
coordenada se inicie. Não se pretende com esse processo parar o coração, mas sim eliminar certos
ritmos letais e possibilitar as condições para que o coração retorne ao ritmo normal,
espontaneamente.

Esse processo é chamado desfibrilação. Atualmente, a maioria dos serviços de emergência utiliza
aparelhos desfibriladores externos do tipo semiautomático, chamados DEAs/DAEs. Eles são
relativamente simples de operar e o ensino do seu manuseio já foi incorporado nos cursos de
formação e treinamentos de atualização do pessoal da saúde e dos serviços de emergência. Os
DEAs/DAEs são programados para reconhecer um ritmo anormal do coração que requer um
choque, carregar e transmitir o choque (modelo automático) ou aconselhar ao usuário
(emergencista) o acionamento do dispositivo que transmite o choque (modelo semiautomático).
As limitações do equipamento estão mais relacionadas aos tipos de problemas cardíacos do que às
dificuldades de manuseio.

Como operar um DEA/DAE

Basicamente, os aparelhos desfibriladores externos automáticos podem ser operados a partir de


quatro medidas simples:

1. Posicionar o aparelho ao lado do paciente e ligá-lo;

2. Conectar os eletrodos autocolantes no tórax do paciente e depois no próprio aparelho


DEA/DAE;

3. Aguardar as orientações do DEA/DAE ou iniciar a análise do ritmo cardíaco;

4. Aplicar o choque caso seja indicado e seguro fazê-lo.


Modelos de aparelhos desfibriladores externos do tipo semiautomático –
DEAs/DAEs

As várias marcas e modelos de DEAs/DAEs apresentam algumas diferenças em suas


características e controles. Seus operadores devem estar habilitados para compreender as variações
de cada marca e modelo para as quatro medidas básicas a serem tomadas.
Emergencistas utilizando um DEA/DAE em ocorrência.
Aula 5 – Manipulação e transporte do paciente

Nesta aula você irá conhecer as principais técnicas de manipulação e transporte de um paciente.

5.1. Mobilização

Manipulação justificada de um paciente a fim de evitar mal maior.

Manipulação e transporte correspondem a qualquer procedimento organizado para manipular,


reposicionar ou transportar um paciente doente ou ferido de um ponto para outro.

Considerações que devem ser levadas em conta ao manipular um paciente:

• Considerações externas ao paciente

Um paciente não deve ser manipulado, a não ser que exista um perigo imediato
para ele ou para outros.

Exemplo:

Risco de incêndio;

Existência de explosivos ou outros materiais perigosos;

Incapacidade de proteger a cena do acidente;

Incapacidade para ter acesso a outras vítimas dentro de um veículo.


• Considerações internas ao paciente

A rapidez com que ele será manipulado dependerá dos perigos no local da
emergência e da gravidade das lesões do paciente.

Exemplo:

Atendimento para aplicação de RCP;

Contenção de hemorragias;

As condições da cena: calor, frio, reações alérgicas que podem levar ao choque.

5.1.1. Tipos de mobilização

Manipulação por um emergencista: paciente consciente (transporte de apoio).

Manipulação por dois emergencistas.

Manipulação e transporte em mochila.

Manipulação e transporte “cadeirinha”.

Manipulação e transporte pelos membros.

Arrastamento por um emergencista.

Levantamento direto do solo sem prováveis lesões na coluna.

Rolamento de 90º e 180º.

Elevação a cavaleiro.

Elevação na prancha.

Retirada de capacete.

Extricação veicular – KED.

Extricação veicular – Chave de Rauteck.


Mensuração e colocação do colar cervical.

5.1.2. Técnicas de manipulação de pacientes

Manipulação por um emergencista:


paciente consciente – transporte de apoio Manipulação por dois emergencistas

Manipulação e transporte tipo mochila


Manipulação e transporte tipo “cadeirinha”
Levantamento direto do solo sem prováveis lesões na coluna

Arrastamento por um emergencista

Cadeira própria para descida de degraus com auxílio


de emergencistas
Técnicas de manipulação – Rolamento de 90º

Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha, quando ele se encontrar em decúbito dorsal.

Técnica para sua execução:

1. O auxiliar nº 1 posiciona-se atrás da cabeça do paciente, com os joelhos apoiados no chão para
obter melhor estabilidade, segurando firmemente as laterais de sua cabeça, mantendo o
alinhamento da coluna vertebral.

2. O auxiliar nº 2 posiciona a prancha do lado oposto ao rolamento, junto ao paciente, enquanto


o chefe posiciona o braço que está do lado para onde for efetuado o rolamento acima da cabeça
do paciente, e o outro, cruzado ao tórax.

3. O chefe e o auxiliar nº 2 posicionam-se na altura do tórax e da cintura pélvica,


respectivamente, apoiando suas mãos ao longo do corpo do paciente do lado oposto ao que
estão posicionados. O chefe posiciona uma mão no ombro e a outra na lateral da cintura
pélvica. O auxiliar nº 2 posiciona uma mão na coxa e a outra logo abaixo do joelho.

4. O auxiliar nº 1 pergunta aos demais se estão prontos. Após receber o sinal de positivo (OK),
efetua a contagem para execução do rolamento, devendo movimentar o paciente em
monobloco.

5. O chefe avalia a região dorsal do paciente em busca de possíveis lesões. Após avaliação,
juntamente com o auxiliar nº 2, posiciona a prancha o mais próximo possível do paciente.

6. O auxiliar nº 1, após posicionar corretamente a prancha, efetua novamente a contagem para


execução do posicionamento do paciente sobre a mesma, observando a necessidade de
reposicioná-lo.
7. O chefe e o auxiliar nº 2 efetuam a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos
laterais, com o uso de apoiadores. Após a fixação da cabeça, o paciente é fixado à prancha
com o uso de 3 tirantes ao longo do corpo.
Rolamento a 90 graus

Técnicas de manipulação – Rolamento de 180º

Técnica empregada para posicionar o paciente na prancha, quando ele encontrar-se em decúbito
ventral.

Técnica para sua execução

1. O auxiliar nº 1 posiciona-se atrás da cabeça do paciente, com os joelhos apoiados no chão para
obter melhor estabilidade, segurando firmemente as laterais de sua cabeça e mantendo o
alinhamento da coluna vertebral.

2. O auxiliar nº 2 posiciona a prancha do mesmo lado do rolamento, próximo ao paciente,


enquanto o chefe posiciona o braço que está do lado para onde for efetuado o rolamento, acima
da cabeça do paciente, e o outro ao longo do corpo.

3. O chefe e o auxiliar nº 2 posicionam-se na altura do tórax e da cintura pélvica,


respectivamente, apoiando suas mãos ao longo do corpo do paciente do lado oposto ao que
estão posicionados. O chefe posiciona uma mão no ombro e a outra na lateral da cintura
pélvica. O auxiliar nº 2 posiciona uma mão na coxa e a outra logo abaixo do joelho.

4. O auxiliar nº 1 pergunta aos demais se estão prontos. Após receber o sinal de positivo (OK),
efetua a contagem para execução do rolamento, devendo movimentar o paciente em
monobloco (giro de 90º). Efetua novamente a contagem para a finalização do rolamento sobre
a prancha, observando a necessidade de reposicionamento do paciente.

5. O chefe e o auxiliar nº 2 efetuam a colocação do colar cervical adequado. Em seguida, também


efetuam a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos laterais, com o uso de
apoiadores, fixando-o à prancha, com o emprego de 3 tirantes ao longo do corpo.
Rolamento a 180 graus
Rolamento a 180 graus

Técnicas de manipulação – Elevação a cavaleiro

Técnica empregada para posicionar o paciente sobre a prancha quando houver impossibilidade de
executar rolamento.

Técnica para sua execução:

1. O chefe e os auxiliares nºs 1 e 2 posicionam-se ao longo do corpo do paciente, de forma que


este fique entre as pernas daqueles (posição a cavaleiro).

2. O chefe fica na altura da cintura escapular e posiciona as mãos de ambos os lados do ombro do
paciente, mantendo os polegares apoiados na região occipital e os demais dedos na altura dos
músculos trapézio.

3. O auxiliar nº 1 fica na altura da cintura pélvica do paciente e posiciona as mãos de ambos os


lados, segurando firmemente a pelve do paciente.

4. O auxiliar nº 2 fica na altura das pernas do paciente, abaixo dos joelhos, e posiciona as mãos
nas panturrilhas, segurando firmemente.

5. O auxiliar nº 3 posiciona a prancha próxima ao paciente, preferencialmente na altura da cabeça


deste.

6. O chefe pergunta aos demais se estão prontos Após receber o sinal de positivo (OK), efetua a
contagem para execução da elevação, devendo movimentar o paciente em monobloco.

7. O auxiliar nº 3, uma vez elevado o paciente, deve posicionar adequadamente a prancha rente ao
solo no sentido crânio-caudal.

O chefe, após posicionada a prancha corretamente, efetua nova contagem para posicionar em
monobloco o paciente sobre ela.
8. O auxiliar nº 3 estabiliza a cabeça do paciente, liberando o chefe para que este, juntamente com

Elevação à Cavaleiro

o auxiliar nº 1, efetue a fixação da cabeça do paciente, a fim de evitar movimentos laterais, com
o uso de apoiadores, fixando-o à prancha, com o emprego de 3 tirantes ao longo do corpo.

Durante a sua execução, o emergencista deve agir cautelosamente para não produzir novas lesões
ou agravar as já existentes.
Técnicas de manipulação – Elevação na prancha

A técnica para elevação na prancha deverá ser feita sempre com contagem em dois tempos:

Primeiro tempo: Posicionamento da equipe – joelhos lateralizados na prancha;

Segundo tempo: O líder deverá contar: 1,2,3 – No três, a equipe eleva aproximadamente 10cm a
prancha do solo. Novamente repete a contagem: 1,2,3 – Nesta última contagem, todos juntos
elevam a prancha do solo.
Técnicas de manipulação – Retirada de capacete

Técnica empregada para a retirada de capacete, a fim de facilitar a avaliação e tratamento de


possíveis lesões que o paciente possa apresentar.

Técnica para sua execução

O capacete não deve ser retirado quando:

Ao menor toque, o paciente sentir dor;

Houver objetos transfixados no capacete;

Houver rachaduras recentes.

1. O auxiliar nº 1 estabiliza a cabeça do paciente, apoiando simultaneamente o capacete e a


mandíbula, tensionando-a levemente para posicioná-la anatomicamente.

2. O chefe libera as jugulares do capacete e, em seguida, apoia com uma das mãos a nuca do
paciente, abrangendo a maior superfície possível, atento para o apoio do antebraço ao solo.
Com a outra mão, apoia a mandíbula do paciente, a fim de estabilizar a coluna cervical.

3. O auxiliar nº 1, após o sinal de OK do chefe, procede à retirada do capacete, liberando


primeiramente a região occipital do paciente e, posteriormente, a face. Após a completa
retirada, estabiliza a cabeça do paciente, apoiando-a ao solo.

Técnicas de manipulação – Extricação veicular - KED

KED (Kendrick Extrication Device): Colete de imobilização Kendrich Extration Device (KED)
é um equipamento de origem americana, criado para extricação de vítimas de acidentes
automobilísticos e outros. É utilizado para imobilizar a coluna vertebral, proporcionando maior
estabilização, segurança e apoio durante a manipulação de acidentados. Pacientes potencialmente
instáveis ou estáveis: opte pela técnica de remoção com emprego do colete de imobilização dorsal
(KED).

- O 1º emergencista imobiliza a cabeça do paciente, posicionando os dedos médios de ambas as


mãos na região do zigomático e os polegares na nuca; os dedos mínimos e anulares apoiarão a
mandíbula do paciente durante a estabilização.

- O 2º emergencista avalia as regiões posterior, lateral e anterior do pescoço; mensura e aplica o


colar cervical no paciente após avaliar o dorso, procurando identificar hemorragias e
deformidades; verifica a necessidade de reposicionar o paciente para posicionar o KED entre o
paciente e o banco do veículo e ajusta a altura do KED pela cabeça do paciente.

Para reposicionar o paciente, o 2º emergencista – posicionado fora do veículo –, juntamente com o


3º emergencista – posicionado no interior do veículo –, apoiará uma das mãos sob a articulação do
joelho e a outra na região dorsal, de forma que uma mão esteja posicionada na porção superior e a
outra na porção inferior do dorso do paciente. Após a certificação de que estão posicionados
corretamente, o 1º emergencista efetuará uma contagem de um a três. Após a contagem, o paciente
será movimentado em monobloco para frente, o suficiente para que o KED seja instalado.
Dependendo da situação, os emergencistas poderão optar por baixar o encosto do banco do
paciente.

- O 1º emergencista continua sustentando a cabeça do paciente (mas agora junto com as abas do
KED em torno da cabeça deste).
- Os 2º e 3º emergencistas iniciarão o afivelamento dos tirantes, iniciando pelo tirante central
(amarelo), depois o tirante inferior (vermelho) e, finalmente, o tirante superior (verde). Após,
deverão afivelar os dois tirantes longos, passando-os de fora para dentro por baixo dos joelhos do
paciente e deslizando-os até a raiz da coxa. A perna do paciente deverá ser estabilizada durante o
deslizamento dos tirantes longos.

- Após o afivelamento dos tirantes longos, os emergencistas devem, obrigatoriamente, revisar e, se


necessário, ajustar os tirantes colocados sobre o tórax do paciente.

- O 2º emergencista avalia o espaço existente entre a cabeça e a parte superior do KED e preenche-
o com um coxim próprio, sem forçar a cabeça do paciente para trás.

- Em seguida, posiciona as tiras de fixação da cabeça. A primeira passando na testa do paciente


(logo acima dos olhos) e a segunda sobre o colar cervical (altura do queixo do paciente). As tiras
devem ser presas com o velcro no corpo do KED (a tira superior deve ficar bem justa para evitar
qualquer movimento, e a tira inferior mais solta para permitir a abertura da boca do paciente)
conforme figura ao lado.

- Nesse momento, o paciente está imobilizado (tronco, pescoço e cabeça) e o primeiro


emergencista poderá soltá-lo. Então, com uma bandagem triangular, os emergencistas, deverão
juntar os dois antebraços do paciente e prendê-los (opcional).

- O paciente está pronto para ser removido; por isso, o 2º e o 3º emergencistas deverão proceder à
remoção, sustentando o paciente pelas alças do KED e deslizando-o até uma prancha longa.

- O 1º emergencista deverá alinhar a prancha que estará posicionada na caixa de ar do veículo,


permitindo que o paciente seja removido com o corpo alinhado na horizontal.

- Após posicionar o paciente sobre a prancha, os tirantes deverão ser afrouxados para facilitar os
movimentos respiratórios e a circulação nos membros inferiores.

Observações:
- O 1º emergencista deverá estar posicionado no interior do veículo atrás do paciente ou fora do
veículo próximo ao 2º emergencista. Seu posicionamento dependerá da situação.

- O 3º emergencista deverá posicionar-se no interior do veículo, próximo ao paciente (sempre que


a situação permitir), deverá avaliar se os membros inferiores do paciente estão presos no veículo
(pedais, assoalho, painel, lataria, etc) e liberá-los, e manipular as extremidades inferiores na
posição fletida durante a extricação do paciente.

Extricação veicular utilizando o KED


Paciente retirado do interior de um veículo com a utilização do KED.

Pacientes críticos: opte pelo uso da Chave de Rauteck.

Técnicas de manipulação – Extricação veicular – Chave de Rauteck

Técnica empregada para remover rapidamente vítimas em estado crítico do interior de um veículo,
ou quando o local do acidente oferece perigo imediato para a vítima, para o emergencista e outros.

A Chave de Rauteck é empregada para retirada de vítimas de acidentes automobilísticos que se


encontram em situação de risco iminente (incêndio com risco de explosão, veículo à beira de um
penhasco, ambiente tomado por fumaça, etc.), promovendo o mínimo de estabilização da coluna
cervical.
Esta técnica é realizada por apenas um emergencista. Durante sua execução, há riscos de agravar
as lesões do paciente; no entanto, sua utilização é realizada para evitar um mal maior.

Descrição da técnica

- Posicione-se do lado de fora do veículo, imobilize a cabeça do paciente, posicionando os dedos


médios de ambas as mãos na região do osso zigomático e os polegares na nuca; os dedos mínimos
e anulares apoiarão a mandíbula do paciente durante a estabilização.

- Após a estabilização, posicione o paciente de forma que fique ereto no acento do veículo,
posicionando sua face de encontro com a face do paciente.

- Posicione uma das mãos por baixo da axila do paciente, apoiando sua mandíbula.

- Com a outra mão, segure firmemente o punho do paciente, estabilizando-o de encontro ao seu
corpo.

Após certificar-se que o paciente está bem seguro, o emergencista realiza um movimento de
rotação, preparando-o para remoção.

– Para retirar o paciente do interior do veículo, posicione-se, mantendo as pernas afastadas e os


joelhos flexionados formando uma base, distribuindo o peso sobre o seu tórax.

- Retire o paciente e posicione-o em um local seguro, para tratamento e transporte.

Chave de Rauteck
1.3. Mensuração e colocação do colar cervical

Técnica de instalação de colar cervical – paciente deitado:

O emergencista nº 1 (líder) posiciona-se atrás da cabeça do paciente, com ambos os joelhos


apoiados no chão, mantendo distância de um palmo. Com ambas as mãos protegidas por luvas,
segura lateralmente a cabeça do paciente, imobilizando-a e mantendo-a alinhada com a coluna.

O 2º emergencista posiciona-se ao lado do paciente e mensura o tamanho adequado do colar


cervical (a lateral do colar deve ter a medida compreendida entre o final da orelha e o músculo
trapézio). Sendo possível, ele deve usar a régua de cores para facilitar a medição.
O 2º emergencista também deve remover colares e brincos do paciente e a seguir, posiciona o
colar aberto por detrás da nuca, apoia a frente dele abaixo da mandíbula do paciente, ajustando-o
firmemente sem movimentar a cabeça deste, e fecha o velcro de fixação do colar. Ao término da
colocação, questiona ao paciente se ele está confortável. (se for possível)

Deve-se observar, através de palpação, lesões nas partes posterior, anterior e laterais do pescoço.

Emergencista avaliando o paciente antes da colocação


do colar cervical.

Mensuração e colocação do colar cervical


Paciente estabilizado com o colar cervical

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