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Segurança Nas Operações Com Tratores Agrícolas
Segurança Nas Operações Com Tratores Agrícolas
AGRÍCOLA
SEGURANÇA NAS
OPERAÇÕES COM TRATORES
AGRÍCOLAS
Prof. Dr Leonardo de Almeida
Monteiro
Coordenador do Laboratório
de Investigação de Acidentes
com Máquinas Agrícolas
-LIMA
Universidade Federal do
Ceará
A
agricultura mecaniza- Arno Dallmeyer, ex-profes- Ao longo do tempo e da
da no Brasil evoluiu sor da UFSM – Universidade história, a tecnologia tem
muito desde que as Federal de Santa Maria, com passado por substanciais
primeiras máquinas chega- a vinda de máquinas agríco- mudanças, as quais visam
ram ao país, em meados da las de outros países, faltou a acompanhar as transforma-
década de 30 do século pas- assistência técnica para es- ções evolutivas vivenciadas
sado. Em algumas décadas, o tes equipamentos. Para resol- pelas sociedades. Parte des-
país passou da tração animal ver essa questão, por volta de sa evolução está no trator,
para a tração mecanizada, da 1960, com a vinda da indús- máquina que exerce tração
subsistência para a economia tria automobilística para o possibilitando a execução de
de escala no campo e do feu- Brasil, o país deu início à fa- trabalho produtivo com con-
do para a agroindústria. bricação de máquinas pesa- forto ao operador, multipli-
No início da década de das e implantou-se a produ- cando a força humana.
50, Getúlio Vargas deu o ção nacional de tratores. Vejam alguns períodos
grande impulso à mecani- Todo esse processo de dessa evolução:
zação no Brasil e iniciou a transformação da mecaniza- • 1858: trator a vapor com
modernização da agricultura ção no campo melhorou a qua- rodas metálicas enormes,
brasileira. A partir desse mo- lidade de vida dos agricultores utilizado para arar a terra;
mento, os agricultores foram brasileiros. O trabalho tornou- • 1889: trator com motor a
incentivados a importar tra- -se menos árduo e mais eficien- combustão interna (Henry
tores e máquinas agrícolas te (menor tempo ou maior área) Ford - Fergusson);
em grande quantidade, tra- e o agricultor passou a produ- • 1911: ocorreu a primeira
zendo uma grande preocupa- zir mais e em melhores condi- exposição de tratores de
ção aos brasileiros. Segundo ções de trabalho. Nebraska – EUA;
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• 1920: surgiram dois trato- seu entorno podem estar em A utilização correta do
res agrícolas: Massey Har- risco se não forem seguidas conjunto moto-mecanizado,
ris - Henri Ford e Fergus- as todas regras de segurança. trator-equipamento, pode ge-
son; Hoje em dia existe uma rar uma significativa econo-
• 1940: surgiram tratores grande variedade de mode- mia de consumo de energia
equipados com Tomada de los de tratores com diferentes e, portanto, menor custo ope-
Potência (TDP), Barra de sistemas de rodados, diver- racional e maior lucro para a
Tração (BT) e Sistema de 3 sos organismos com funções empresa.
Pontos (1º ponto: inferior bastante específicas, além A importância dos aci-
esquerdo, 2º ponto: inferior de acessórios para fornecer dentes de trabalho, que en-
direito e 3º ponto: superior). maior conforto ao operador, volvem tratores e máquinas
Neste contexto, o trator que pode usufruir de ban- agrícolas, pode ser expressa
passou a ser um referencial cos com assento estofado e em função de seu risco. Na
no que diz respeito à pro- amortecedores pneumáticos, prática, a frequência de aci-
dução agrícola, além de au- cabines com ar condiciona- dentes com conjuntos tra-
mentar a produção e a produ- do, som ambiente e compu- torizados é bastante eleva-
tividade, também diminuiu o tadores de bordo e, mais im- da, sendo que os prejuízos
esforço e o desgaste do traba- portante que isso, dispondo abrangem os operadores, os
lhor que eram atividades bra- de sistemas de segurança tais produtores agrícolas e a so-
çais; porém, por se tratar de como: estrutura de proteção ciedade em geral.
uma máquina de muita força, ao capotamento (EPC), cinto Em todo o mundo, vários
peso, tamanho e potência, de segurança, proteção das estudos reportam a incidên-
deve-se conhecer muito bem partes móveis, alarmes, blo- cia de acidentes na agricultu-
os perigos que uma incorre- queadores eletrônicos, dispo- ra, salientando dados como:
ta utilização dessa máquina sitivos de segurança para par- envolvimento ou não das má-
pode causar. A vida do ope- tida do motor, sinalizadores quinas, tipo de trauma, idade
rador e a vida dos outros no de direção e de emergência. dos acometidos e, principal-
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A TECNOLOGIA
AGRÍCOLA
mente, o modo de ocorrência, do somente paras as regiões No manual encontram-
objetivando “basicamente” Sudeste e Sul do país e, em -se as informações necessá-
analisar e estabelecer medi- contrapartida segundo dados rias para todos os procedi-
das de prevenção das lesões; da ANFAVEA 2006, a região mentos a serem realizados
porém, no Brasil, estudos so- Nordeste ocupa a penúltima com o trator e o mesmo vale
bre acidentes rurais ainda são posição em relação ao núme- para os equipamentos utiliza-
bastante limitados. ro de máquinas agrícolas em dos, pois muitos necessitam
Devido à necessidade circulação no país, confor- de cuidados e manuseios es-
de locomoção entre as áre- me mostram os gráficos das pecíficos.
as de cultivo para execução regiões do Brasil. Jamais permaneçer com
das atividades agrícolas e Neste contexto algumas o motor do trator em funcio-
para transportar insumos até ações ‘que são bastante sim- namento em locais fechados
a propriedade ou ao pon- ples’ podem atenuar ou mes- ou com pouca ventilação, os
to de distribuição, a circu- mo anular as causas dos aci- gases liberados pelo escape
lação de máquinas agrícolas dentes. são extremamente tóxicos e
em vias públicas tem se tor- podem levar à morte quem
nado comum no cotidiano Boas Práticas para a estiver no ambiente, por isso
das cidades brasileiras, tan- Prevenção de Acidentes as garagens devem ser ven-
to nas capitais quanto no in- com Tratores e Máquinas tiladas.
terior. Esta prática tem gera- Agrícolas Estar sempre atento ao
do situações de grande risco piso dos galpões ou garagens
aos demais condutores de 1 - Relacionados ao dos tratores, pois eles devem
veículos, pois as máquinas Ambiente de Trabalho estar sempre limpos, sem óle-
agrícolas se deslocam na via O operador deverá estar os ou graxas que podem oca-
pública em velocidades in- familiarizado com todos os sionar quedas e contusões.
feriores aos demais veículos comandos e controles exis- Os tratores são máqui-
e possuem dimensões supe- tentes na máquina, antes de nas diferentes dos veículos
riores, principalmente a lar- iniciar a sua operação. É ne- de passeio comuns e, no que
gura, que muitas vezes ocu- cessário que o operador leia se refere a sua estabilidade,
pa mais de uma faixa de ro- atentamente todo o conteúdo os tratores têm um centro de
lamento da pista. do manual de operação do gravidade mais alto que os
O Laboratório de Investi- trator. Por isso é tão impor- carros, por isso, em curvas
gação de Acidentes com Má- tante que o operador tenha ou terrenos com declives, ou
quinas Agrícolas –LIMA, da formação (ser alfabetizado, terrenos acidentados podem
Universidade Federal do Ce- ter cursos técnicos e outros). tombar ou capotar com mais
ará em parceria com a 16a
Delegacia da Policia Rodo-
viária Federal, vem realizan-
do estudos sobre a distribui-
ção geográfica dos acidentes
envolvendo tratores nas ro-
dovias federais brasileiras e,
segundo estes estudos, a Re-
gião Nordeste ocupa o ter-
ceiro lugar em número de
acidentes envolvendo trato-
res agrícolas em Rodovias
Federais Brasileiras perden-
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desenvolver seu trabalho
corretamente e em con-
dições normais. JAMAIS
inicie a operação do tra-
tor sem antes colocar e
ajustar corretamente o
cinto de segurança.
Mantenha a platafor-
ma de operação e as es-
cadas de acesso a mes-
ma, livres de graxa, lama, o antebraço proporcionando
facilidade. Por isso, deve-se sujeira e objetos que atrapa- maior conforto ao operador.
respeitar os limites de ope- lhem o acesso do operador, Antes de funcionar o tra-
ração para que não corra ne- isto evitará possíveis escor- tor e iniciar sua movimenta-
nhum risco. regões e quedas de cima do ção, verificar se não há pes-
Quando trabalhar próxi- trator. soas, animais ou obstáculos
mo a barrancos e/ou valas, o A maioria dos tratores, ao seu redor. Este procedi-
operador deve manter uma hoje, apresenta assentos com mento pode evitar possíveis
distância mínima de dois me- regulagem de altura e rigi- atropelamentos.
tros da borda, esse procedi- dez, antes de iniciar o tra- Ao parar o trator, desli-
mento de segurança evita- balho com o trator deve-se gar o motor, aplicar o freio
rá um possível desmorona- ajustar a distância dos mem- de estacionamento e puxar
mento e ‘consequentemente’ bros superiores e inferiores o estrangulador. Caso exis-
o capotamento da máquina. em relação aos comandos ta algum equipamento aco-
do trator. plado no sistema de engate
2- Relacionados ao Trator Os braços devem for- de três pontos, abaixe-o até
A estrutura de proteção mar um ângulo de 90° com o mesmo tocar o solo e retire
ao capotamento (EPC) é um
sistema instalado diretamen-
te sobre o trator, cuja fina-
lidade é proteger o opera-
dor em caso de tombamento.
Esta estrutura é dimensiona-
da para suportar o peso do
trator e, em caso de tomba-
mento, evitará que o opera-
dor seja esmagado na plata-
forma de operação.
O cinto de segurança de
um trator tem a função de ga-
rantir a adequada fixação do
condutor ao banco, deve ser
usado sempre que o opera-
dor for iniciar o deslocamen-
to com a máquina e, além
disso, a concepção do cinto
permite uma adequada mo-
bilidade do operador para
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A TECNOLOGIA
AGRÍCOLA
a chave da ignição antes de
descer do trator. NUNCA dei-
xe as chaves no contato, pois
pode ocorrer o acionamento
acidental do trator por pesso-
as não autorizadas.
Ao realizar serviços de
reboque com o trator, somen-
te se deve utilizar a barra de
tração para ancorar o cabo
ou cambão, nunca utilize a
viga C do terceiro ponto do
sistema hidráulico, dessa for-
ma, evita-se que o trator em-
pine e tombe para trás. to confiante. Desta forma, o
erro humano é uma das prin-
3- Relacionados a Fatores cipais fontes desses perigos e
Humanos acidentes.
No Brasil, devido à gran- O gráfico apresenta in-
de população que reside na formações sobre as princi-
zona rural e à grande dis- pais causas dos acidentes
persão da população rural, com tratores levantados pelo
as informações sobre os aci- LIMA, em percentagem.
dentes são muito incomple- Schlosser et al. (2004)
tas. Os riscos com o homem apontam a falta de atenção,
que opera o trator referem- como uma das principais de segurança na operação
-se ao desconhecimento da causas dos acidentes. Os au- de tratores (32,7%), a falta
máquina em si e, principal- tores relataram que as causas de atenção (32,2%), equipa-
mente, à imprudência, quan- dos acidentes foram: o des- mento inadequado (22,2%).
do o operador se sente mui- conhecimento das medidas Os autores também afirma-
ram que atos inseguros po-
dem resultar da falta de aten-
ção e do cansaço e, esses
podem sofrer uma ação in-
direta do próprio trator que,
por problemas em suas ca-
racterísticas ergonômicas,
pode resultar em fadiga do
operador e pré-disposição
ao acidente. Assim, embora
no trabalho do LIMA a falta
de atenção (do acidentado
tenha sido apontada como a
grande responsável pelos aci-
dentes, pode-se supor tam-
bém que em muitos casos, a
causa final do acidente pos-
Fontes de Acidentes, em percentagem, obtidos pelo LIMA. sa ter sido uma somatória,
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uma associação desses fato- % ocorreram por queda da giro do trator. Porém, duran-
res, já que o cansaço e o ex- máquina, ocasionado pelo te a condução em estradas,
cesso de trabalho também fo- ato de descer de forma erra- recomenda-se o travamento
ram citados. da ou por escorregões da pla- dos pedais de freio para que,
O operador deve acessar taforma de operação. quando necessário o aciona-
a plataforma do trator sempre JAMAIS transportar pes- mento dos mesmos, as duas
pelo lado esquerdo, pois na soas no trator. Somente o rodas possam ser travadas
maioria dos tratores agríco- operador deve estar sobre o juntas. Nas manobras de ca-
las este lado apresenta condi- trator, esta é uma prática pe- beceira, recomenda-se redu-
ções favoráveis de acesso tais rigosa e PROIBIDA pelo Có- zir a rotação do motor e uti-
como, escadas, puxadores e digo de Trânsito Brasileiro, lizar um dos pedais de freios
apoiadores de mão, além dos pois a plataforma de opera- destravados para auxiliar e
controles do sistema hidráu- ção, as estruturas de prote- diminuir o tempo de mano-
lico, do acelerador de pé e ção ao capotamento e o cinto bra, melhorando a eficiên-
dos freios estarem posicio- de segurança do trator, ofe- cia de utilização do conjunto
nados do lado direito para recem segurança apenas ao mecanizado, mas tendo cui-
que se procure evitar um es- operador do trator e não a dado para não se exagerar,
barrão acidental nos pedais qualquer suposto passageiro. evitando assim a perda do
e nas alavancas, ocasionan- No trator existem dois controle da máquina.
do quedas da máquina. Para pedais de freios, cada um Em caso de ladeiras,
subir, deve-se segurar nos pu- correspondendo a uma das SEMPRE efetue a troca de
xadores fixados nas laterais rodas, a da direita e a da es- marcha antes de iniciar a su-
do lado esquerdo do trator querda do trator, tendo como bida evitando-se a perda de
e os pés calcados nas esca- função auxiliar na realiza- controle do trator e, na des-
das, nunca subir segurando ção de manobras, promoven- cida o operador deve utilizar
no volante da máquina, evi- do a diminuição do raio de o freio motor e os freios do
tando danos no me- trator com o intuito
canismo. de manter a velocida-
Desça sempre de de adequada de des-
costas, colocando as locamento, JAMAIS o
mãos nos apoios la- operador deve acio-
terais e os pés nas es- nar a embreagem do
cadas, JAMAIS DES- trator, descer em pon-
ÇA DE FRENTE ou to morto ou trocar de
PULE DO TRATOR, marcha, nestas duas
muitos acidentes gra- situações (subidas e
ves acontecem quan- descidas), evitando
do o operador igno- assim a perda de con-
ra ou não adota este trole da máquina e a
procedimento. ocorrência de aciden-
Segundo as in- tes. Jamais troque de
formações coletadas marchas quando em
pelo Laboratório de aclives ou declives si-
Investigação de Aci- multaneamente, evi-
dentes com Máqui- tando a perda do con-
nas Agrícolas - LIMA, trole do trator.
dos acidentes envol- Não efetuar ope-
vendo os tratores, 14 rações de manuten-
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A TECNOLOGIA
AGRÍCOLA
tejam próximos
do mesmo. A lei
proíbe esse ato.
Em primeiro
lugar se for lim-
par, ajustar, re-
parar qualquer
equipamento
acionado pela
TDP, verifique se
ção ou verificação, com o está desligada.
motor em funcionamento,
deve-se desligar o mesmo an- funcionamento,
tes de realizar estes procedi- use um pano ou
mentos, evitando assim ris- luva para abrir a
cos de acidente através do mesma.
contato com partes móveis, Não provo-
como as correias, polias ou car qualquer tipo
cardãs. de faíscas ou
Havendo necessidade de chamas próximo
levantar o trator para traba- à bateria, pois a
lhar em baixo do mesmo, uti- reação química
lize equipamentos hidráuli- que ocorre den-
cos e use cavaletes reforça- tro da bateria li-
dos para suportar o peso da bera gases que
máquina, evitando assim que são inflamáveis e em conta- • Quando estiver usando
o trator caia sobre o mecâni- to com as faíscas ou chamas roupas soltas ou folgadas,
co, caso o cilindro hidráuli- podem entrar em combustão. não se aproximar das po-
co (“macaco”) não sustente o JAMAIS operar o trator lias ou eixo da TDP, se
peso do trator. sobre o efeito de álcool, pois elas estiverem em movi-
com a ingestão de álcool o mento, isso é muito sério,
equilíbrio é seriamente afe- não se aproxime do trator
tado tornando assim a ope- quando a TDP estiver liga-
ração do trator um risco para da.
o operador e a outros que es- • Desligar sempre o eixo
da TDP quando for inspe-
cioná-la, principalmente,
quando estiver com equi-
pamentos acoplados ao
trator.
• Quando não for mais utili-
zar a TDP, deve-se recolo-
car a sua tampa de prote-
ção imediatamente.
Não abrir a tampa do ra- • Não fazer nenhuma espé-
diador com as mãos desco- cie de manutenção, en-
bertas e quando este estiver quanto o motor estiver
na temperatura normal de funcionando.o
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