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SUCESSO

Feijão na
História
A trajetória de um prato que é parte
da nossa cultura.

Manejo das
plantas daninhas
O manejo das plantas daninhas na
cultura do feijoeiro.

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6 Feijão na
história
A cultura
8
10 Feijoada de
brasilidade
O manejo das

14
plantas daninhas
na cultura
do feijoeiro

26 Pragas do
feijoeiro
Principais
doenças do
feijoeiro e
seu controle
36
46 AgCelence

Sistema

58
Colheitas de Sucesso é uma publicação da BASF S.A.
Unidade de Negócios Agro.
Gerente Responsável: Fábio José Minato - Gerente AgCelence
de Marketing - Proteção de Cultivos.
Coordenação: Angela Neves, Cristiane F. Gualberto. Feijão pelas
Colaboradores da BASF que participaram desta
edição: Daniel Jomori, Fabio Carlos Previde, Gustavo
Bastos, Michelly Salgado, Moacir E. Hellmann e
lavouras
Sérgio Zambon.

50 Depoimentos

Todos os textos são de responsabilidade da BASF S.A.


As fotos sem créditos pertencem aos arquivos da BASF
S.A. É proibida a reprodução completa ou parcial do Receita
52

Foto:Rufino
conteúdo desta publicação sem autorização prévia.

4 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 5


Feijão A
história do cultivo do feijão é tão antiga que remonta
aos primeiros registros do homem na Terra. Embora sua
origem não seja clara, o uso do feijão na alimentação foi
comprovado no Antigo Egito, Grécia e nas civilizações

na
mesoamericanas, quando era cultivado como um símbolo da vida.
Por ser uma rica fonte de proteínas, carboidratos e ferro, o feijão
era amplamente utilizado como alimento dos exércitos e foi com o
movimento das tropas que o grão se espalhou por diversas regiões

história
do mundo, mais tarde sendo levado para os cantos mais remotos
com os exploradores.
No Brasil, o feijão caiu rapidamente no gosto da população,
tornando-se um alimento essencial para a luta do dia a dia de milhões
de brasileiros. A preferência por diferentes tipos de feijão divide os
paladares pelo país, mas, independente da variedade, a famosa
“feijoada” se tornou um prato típico e nobre na culinária brasileira,
apreciado nacionalmente e por estrangeiros do mundo inteiro.
Foto:Shutterstock

6 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 7


F
eijão é cultivado em praticamente
todo o território nacional, mas grande
parte da produção está concentrada
em apenas 10 estados, PR, MG, BA, SP,
GO, SC, RS, CE, PE e PA, onde se encontra
85% da produção nacional. Os dois gêneros de
feijões cultivados no Brasil são o Phaseulus e o
Vigna, sendo que o primeiro é mais cultivado na
região Centro-Sul (carioca e preto) e o segundo
na região Norte/Nordeste (macáçar/caupi).
Mais da metade da produção brasileira é
constituída da variedade carioca, preferida
pelos consumidores da região Centro-Sul,
seguida pelo feijão-preto e, em pequenas
quantidades, “outras variedades” que são os
feijões vermelho, canário, jalo, rajado e rosinha,
atendendo a alguns nichos no mercado interno
e externo.
Atualmente, a introdução de variedades
mais produtivas e resistentes e a adoção de
tecnologia nas lavouras têm contribuído para
o crescimento da produção. Mesmo assim,
grande parte da atividade está nas mãos de
pequenos produtores pouco tecnificados da
região Nordeste, onde se concentra 30% da
produção nacional.
Foto:Rufino

8 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 9


Feijoada
de brasilidade

T
odo o mundo sabe que a hospitali-
dade e a amizade são a definição do
jeito brasileiro. Essa maneira de viver
de quem tem certeza de que tudo vai
dar certo, que sempre cabe mais um e que a
mistura de gente, credos e cores não impede
a felicidade. E se a brasilidade é assim, não
existe alimento mais brasileiro do que o feijão.
Em tantas cores e sabores, com aquele
algo a mais na feijoada ou com um caldo
extra quando chega o vizinho para o al-
moço na última hora, o feijão se encaixa
direitinho com o nosso jeito de ser. Não é à
toa que, por gostarmos tanto dele, somos
o país que mais consome feijão. Mesmo
assim, o Brasil ainda importa muito para
suprir a demanda pelo grão, afinal de con-
tas, consumimos 16 kg de feijão per capi-
ta ao ano. São 3,45 milhões de toneladas.
Imagine só o tamanho dessa feijoada.
Foto:Shutterstock

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12 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 13


O Manejo
das Plantas Daninhas na Cultura

do Feijoeiro
O
Tarcísio Cobucci,
Integração Agrícola
cobuccitarcisio@gmail.com
manejo de plantas daninhas é um componente im-
portante em muitos agroecossistemas, e a definição
de plantas daninhas não é tão fácil. Existem várias
maneiras de conceituar o que se entende por plan-
ta daninha, e uma delas diz que “planta daninha é aquela
que está fora de lugar”. Por exemplo, em um campo de fei-
jão, plantas voluntárias de milho provenientes de sementes
do cultivo anterior são consideradas plantas daninhas.

No agroecossistema as plantas que Aspectos gerais


crescem sem serem semeadas tendem a
competir com os cultivos semeados e podem As principais plantas daninhas na
provocar efeitos negativos. Entretanto, em cultura do feijoeiro são: Bidens
alguns casos, a completa eliminação dessas pilosa, Brachiaria plantaginea,
“plantas naturais” pode ser pior do que Euphorbia heterophylla, Amaranthus
simplesmente baixar sua população. Alguns spp., Cenchrus. echinatus,
efeitos benéficos dessas plantas podem Commelina benghalensis, Digitaria
ser, por exemplo, a diminuição de erosão, sanginalis e Digitaria horizontalis.
a reciclagem de nutrientes, a formação de Por ser o feijoeiro cultivado nas diversas
cobertura morta e o favorecimento de insetos épocas do ano, sob diferentes sistemas de
benéficos. Desta forma, o agricultor deve cultivo (solteiro e consorciado) e nas mais
manejar as plantas daninhas de forma a obter variadas condições edafoclimáticas, o mesmo
o máximo de benefícios para as culturas e para pode sofrer interferência de diversas espécies
o meio ambiente. As plantas invasoras são de plantas daninhas. Além disso, por tratar-se
plantas daninhas ou são plantas cultivadas? de planta de ciclo vegetativo curto, torna-se
O manejo de plantas daninhas deve buscar bastante sensível à competição, sobretudo nos
o controle completo destas espécies? Estes estádios iniciais de desenvolvimento vegetativo.
são alguns questionamentos que devem ser Quando não controladas adequadamente, as
feitos antes da determinação do manejo mais plantas daninhas, além de competirem por
adequado, o qual deve partir de algumas fatores essenciais (água, luz e nutrientes),
premissas: minimizar a competição com as dificultam a operação de colheita e depreciam
plantas cultivadas, maximizar os benefícios a qualidade do produto, servindo, ainda,
Foto:Rufino

das plantas daninhas no sistema e minimizar como hospedeiras intermediárias de insetos,


os efeitos nocivos no ambiente. nematoides e agentes causadores de doenças.

14 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 15


O Manejo das Plantas Daninhas
na Cultura do Feijoeiro.

O feijoeiro (planta C-3) se desenvolve pois determina o arranque da planta


melhor em temperaturas mais amenas, do feijoeiro. Qualquer estresse (hídrico,
em torno de 210 Co, e apresenta baixo nutricional, competição com plantas
ponto de compensação luminosa, de 150 a daninhas, fitotoxicidade de produtos
250 J/m2s1, que são valores relativamente químicos) que ocorra neste estádio
baixos, principalmente em comparação com poderá prejudicar o desenvolvimento da
plantas C-4, como o milho e o sorgo, que
planta.
apresentam taxa fotossintética máxima em
níveis de luminosidade três vezes superior R5 - pré-floração; aparece o primeiro
aos relatados para o feijão. Nos plantios botão floral e o primeiro rácimo.
da “seca” e de outono/inverno, no Centro- R6 - florescimento; abre-se a primeira
Sul, temperaturas mais baixas favorecem flor. Referências práticas evidenciam
o desenvolvimento do feijoeiro, tornando- que o feijoeiro de hábito de crescimento
se mais fácil o controle das plantas C-4, na indeterminado deverá atingir o estádio
maioria gramíneas. No período das águas, a R6 com aproximadamente 20 a 22 folhas
ocorrência de altas temperaturas e intensa expandidas e fotossinteticamente ativas
radiação solar favorece o desenvolvimento (Fancelli & Dourado Neto, 1999).
das gramíneas em detrimento do feijoeiro,
tornando-se obrigatório iniciar o controle mais R7 - formação de vagens; aparece a
precocemente no caso de gramíneas C-4, bem primeira vagem, medindo mais de 2,5 cm
como de outras espécies, como a beldroega, de comprimento.
os carurus e a tiririca, sendo estas alguns R8 - enchimento de vagens; inicia-
exemplos de plantas daninhas altamente se o enchimento da primeira vagem
agressivas em cultivos de verão. (crescimento da semente); ao final
desta etapa, as sementes começam a
Para o estudo da competição das perder sua coloração verde e começam
plantas daninhas com o feijoeiro, faz-
se necessária uma revisão sobre os a mostrar a cor característica da cultivar;
estádios fenológicos da planta de feijão. inicia o desfolhamento da planta.
R9 - maturação fisiológica; as vagens
V0 - germinação. perdem a pigmentação e começam
V1 - emergência. a secar; as sementes desenvolvem a
V2 - desdobramento das folhas coloração típica da cultivar.
primárias.
Vários autores, em trabalhos de pesquisa,
V3 - emissão da primeira folha
determinaram o período crítico de prevenção
trifoliolada. A partir deste momento, da interferência no feijoeiro a partir de dois
evidencia-se o rápido desenvolvimento modelos de interferência: inicialmente sujo,
vegetativo da planta, o qual assume ritmo em que se manteve a presença das plantas
máximo somente no estádio seguinte. daninhas na cultura do feijoeiro desde a sua
V4 - emissão da terceira folha trifoliolada. emergência até que os diferentes estádios
A partir deste estádio, há um aumento fenológicos fossem alcançados, quando então
pronunciado do índice de área fez o controle das mesmas; e inicialmente

Foto:Rufino
foliar. Este estádio de crescimento é limpo, em que se manteve a ausência das
considerado um dos mais importantes, plantas daninhas desde a emergência do

16 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 17


O Manejo das Plantas Daninhas
na Cultura do Feijoeiro.

feijoeiro até os diferentes estádios fenológicos. nociva do outro também é importante. do solo, resultando no parcial esgotamento do desenvolvimento de certas espécies de plantas
banco de sementes. Além disso, a cobertura daninhas cujos efeitos persistem após o corte e a
Os dados foram ajustados a um modelo de A estratégia de controle das plantas morta causa impedimento físico à germinação distribuição de seus restos vegetais sobre o solo.
regressão logística para a determinação do daninhas deve associar o melhor e, durante a decomposição, pode produzir
período crítico de prevenção da interferência método e o momento oportuno, antes substâncias alelopáticas que atuam sobre as Nos sistemas com cultivo intensivo, as plantas
do período crítico de competição. A sementes das invasoras. daninhas constituem fonte de inóculo primário
(PCPI). Os autores concluíram que o PCPI está escolha do método, entretanto, deve
entre os estádios V4 e R6. Como mencionado das doenças do feijoeiro, durante a entressafra.
estar relacionada às condições locais de Estudos em Ponta Grossa mostraram que Na sua maior parte, os problemas são causados
anteriormente, após o estádio fenológico V4, mão de obra e de implementos, sempre
considerando a análise de custos. Deve- a inibição da germinação de sementes de por plantas de folhas largas, ao contrário
a planta do feijoeiro apresenta uma taxa de
se utilizar a associação de métodos Brachiaria plantaginea estava relacionada ao tipo das gramíneas, que geralmente não são
crescimento maior (“arranque da planta”) e, de cobertura morta. Nesses experimentos, as hospedeiras e contribuem para a diminuição de
desta forma, qualquer competição que ocorra sempre que possível.
coberturas provenientes das plantas de canola, várias doenças. Existem poucas informações
nesta época afeta o índice de área foliar, nabo forrageiro e ervilhaca, apesar de inicialmente sobre o manejo de plantas daninhas visando a
A terminologia “controle integrado” significa
refletindo-se na produção final. A competição possuírem um bom volume de massa seca, redução de inóculo e o controle integrado das
a utilização de dois ou mais métodos de controle
após R6 não afeta a produção. de plantas daninhas, objetivando manter as apresentam alta taxa de degradação facilitando doenças do feijoeiro. Resultados satisfatórios
populações abaixo do nível de dano econômico a germinação das plantas daninhas. A cobertura têm sido obtidos com o controle das plantas
O manejo de plantas daninhas envolve e com o mínimo de impacto ambiental. Para cada verde como prática de redução de população e daninhas de folhas largas e com o uso de
atividades dirigidas para essas plantas condição edafoclimática, como a topografia competitividade das plantas daninhas no feijoeiro práticas que favorecem o crescimento de
(manejo direto) e/ou para o sistema também pode ser utilizada, ainda que o principal gramíneas (Brachiaria plantaginea, Eleusine
formado pelo solo e pela cultura (manejo do terreno, o tipo de solo ou a precipitação
pluvial, como também em função das espécies objetivo do uso desta prática seja o melhoramento indica e Cenchrus echinatus), durante o período
indireto). O manejo direto refere-se à das propriedades físicas, químicas e biológicas de pousio e adubação verde.
eliminação direta das plantas daninhas de plantas daninhas presentes e dos tipos
com uso de herbicidas, ação mecânica de equipamentos disponíveis, dentre outros do solo. Entretanto, muitas destas espécies
ou manual e ação biológica. fatores, é definido o método, ou a associação (Stilozobium aterrinum, Crotalaria juncea, C. Outro manejo é o consórcio milho e
de métodos, de controle de plantas daninhas paulina, Cajanus cajan, Canavalia ensiformes, Brachiaria brizantha, com o intuito de diminuir
No manejo do solo (manejo indireto) que permita ao produtor maior eficiência, Dolichos lablab, dentre outras) podem inibir o as plantas daninhas hospedeiras de fungos e
se trabalha com a relação sementes economia e preservação do meio ambiente. pragas, e de produzir massa forrageira para o
ativas e inativas. Neste caso, tem de se A utilização de um único método de controle confinamento de gado e cobertura morta para
aumentar a germinação das plantas por anos consecutivos pode acarretar sérios o plantio direto do feijoeiro.
daninhas e depois controlá-las com o problemas na área, tais como: adensamento
uso de técnicas como, por exemplo, a 120
aplicação sequencial de dessecantes. do solo, acúmulo de resíduos de herbicidas e 97,2
seleção de plantas daninhas resistentes.
O manejo cultural se baseia na 100 No cultivo do feijão,
construção de plantas de feijoeiro com No caso do Sistema Plantio Direto, a maior a maior quantidade
capacidade de manifestar seu concentração de sementes de de cobertura morta
80
máximo potencial produtivo O plantio direto plantas daninhas ocorre próximo à proveniente do sistema de
e competir com as plantas tende a acelerar superfície, enquanto nos métodos

Plantas m2
consórcio contribuiu para
daninhas pela utilização de o decréscimo convencionais de preparo do solo, 60 a menor emergência de
práticas como o equilíbrio na de sementes no as sementes ficam distribuídas no
fertilidade do solo, velocidade perfil do solo. Assim, o plantio direto
plantas daninhas.
correta de semeadura, manejo solo por indução tende a acelerar o decréscimo de 40
de adubação, arranjo espacial de germinação sementes no solo por indução de
das plantas, época adequada ou perda de germinação ou perda de viabilidade. 7,1 3,5 7,1 4,5 8,1
de plantio, dentre outros. viabilidade. 20
Plantas daninhas anuais tendem
A diversificação de cultivos a perder espaço para as perenes
(sucessão ou rotação) em que os restos nesse sistema. Nele ocorrem alterações na 0 Fig. 1. Número de plantas daninhas (m2)15
culturais de um cultivo exerçam efeitos física, química e biologia do solo e interferência Euphorbia Amaranthus Digitaria dias após emergência do feijoeiro em áreas
alelopáticos/supressivos sobre a biota na penetração de luz, umidade e na temperatura heterophylla hybridus horizontalis submetidas à sucessão de milho solteiro ou
consorciadas com Brachiaria brizantha.

18 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 19


O Manejo das Plantas Daninhas
na Cultura do Feijoeiro.

do herbicida, causa desidratação da cutícula,


podendo causar redução da penetração dos
produtos solúveis em água, principalmente se
de adição de surfactantes; fatores ambientais A temperatura cristalizados na superfície foliar.
como umidade relativa, temperatura, luz, chuva exerce grande
Manejo das e vento afetam a absorção dos herbicidas, influência A incidência da alta luminosidade, aliada à
plantas daninhas ou seja, a sua passagem pela cutícula e pela agronômica sobre baixa umidade relativa do ar e ainda à baixa
parede celular, até atingir o interior da célula. os herbicidas umidade do solo induz à síntese de cutícula,
com herbicidas usados em pré com aumento da camada lipofílica, dificultando
As condições do solo representam um e pós-emergência. a penetração dos herbicidas.
Na cultura do feijoeiro, os fator de grande importância para a eficiência
herbicidas podem ser aplicados em dos herbicidas utilizados em pré-emergência. A temperatura exerce grande influência
pré-plantio, pré-plantio incorporado Um prévio conhecimento da textura do solo e agronômica sobre os herbicidas usados em
(PPI), em pré-emergência (PE), cuja do teor de matéria orgânica é fundamental, já pré e pós-emergência. No caso dos pós-
aplicação é feita após a que as argilas e húmus tendem a emergentes, temperaturas altas aumentam
semeadura e antes da Os herbicidas adsorver os herbicidas, tornando- a espessura da cutícula e afetam a atividade
emergência do feijoeiro, e usados em pós- os menos disponíveis para metabólica das plantas, além de favorecer
em pós-emergência (POS) emergência devem absorção pelas plantas, reduzindo, a evaporação das gotículas de água e
do feijoeiro. ser aplicados ainda, sua mobilidade no solo. volatilização, prejudicando a absorção
Os herbicidas são quando as Estes aspectos são relevantes dos herbicidas. Tanto altas como baixas
largamente difundidos e plantas daninhas na determinação da dose a ser temperaturas podem causar estresse nas
utilizados na agricultura encontram-se aplicada, já que quanto maiores plantas daninhas, interferindo na absorção.
brasileira, dispensando, no estádio de os teores de matéria orgânica e de
assim, maiores detalhes planta jovem, argila, principalmente as de maior Além da deriva, o vento aumenta as perdas
sobre as diferentes normalmente com atividade (maior CTC), maiores de herbicidas voláteis. Isso pode representar
moléculas recomendadas menos de quatro dosagens serão requeridas. menor eficiência do produto e causar danos
para o feijoeiro. Contudo, folhas verdadeiras. consideráveis em culturas vizinhas. Tal problema
vale ressaltar alguns O teor de umidade no solo pode ser evitado se, no momento da aplicação,
aspectos importantes no manejo relaciona-se com a eficiência de praticamente a velocidade do vento não for superior a 8 km/h.
destes, por exemplo. todos os herbicidas pré-emergentes, sendo
a maioria pouco eficiente quando aplicados A tecnologia de aplicação é um dos fatores
Os herbicidas usados em pós-emergência em solo seco. No caso dos herbicidas pré- mais importantes na determinação da eficiência
devem ser aplicados quando as plantas emergentes que necessitam de boa umidade dos herbicidas. Existem casos em que apenas
daninhas encontram-se no estádio de planta para a distribuição na superfície do solo, a 0,1% do defensivo agrícola utilizado na
jovem, normalmente com menos de quatro aplicação em solo seco e o retardo de chuvas agricultura atinge o alvo. No caso dos herbicidas,
folhas verdadeiras. Esta fase corresponde ao ou irrigações reduz a eficiência do produto. por tratar-se de alvo fixo, a eficiência deve ser
período anterior à interferência (PAI), quando Com os herbicidas pós-emergentes, alcança-se superior. Contudo, é no manejo da aplicação
as plantas daninhas são mais facilmente maior eficiência quando as plantas apresentam que tanto pode-se aumentar a eficiência dos
controladas. As condições para que haja elevada atividade metabólica, portanto sem herbicidas como melhorar a relação benefício/
sucesso na ação dos herbicidas aplicados em estresse hídrico (Cobucci et al., 1996). custo.
pós-emergência são: o herbicida deve atingir
o alvo, ou seja, deve cobrir uniformemente a A umidade relativa do ar é fator muito O mecanismo de aplicação dos herbicidas
superfície foliar das plantas; deve ocorrer a importante para a eficiência dos herbicidas com pulverizadores terrestres e aéreos
retenção dos herbicidas na superfície foliar para pós-emergentes, podendo, quando inferior apresenta limites bem definidos: o pulverizador,
que o mesmo seja absorvido. Se ocorrer chuva a 60%, comprometer seriamente a eficiência
logo após a aplicação, poderá haver falhas
Foto:Rufino

da maioria dos herbicidas. A baixa umidade


na atuação do herbicida, daí a necessidade relativa do ar, durante ou logo após a aplicação

20 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 21


O Manejo das Plantas Daninhas
na Cultura do Feijoeiro.

as pontas de pulverização responsáveis pela aplicados quando as plantas estão em pleno para a planta-não-alvo e, consequentemente, A absorção simultânea de paraquat e diuron
distribuição do produto (bicos) e o alvo sobre desenvolvimento e apresentam boa cobertura maior o acúmulo de ácido chiquímico. Assim pelas plantas daninhas inibe a rápida ação
o qual o produto deve atuar. Estes aspectos, vegetal, evitando-se aplicações quando as sendo, deve-se respeitar o tempo de espera de do paraquat, conferindo uma melhor ação do
somados às condições climáticas, irão plantas daninhas estão estressadas, seja por duas a três semanas entre a dessecação e a produto sobre as invasoras. Período de meia
determinar as características necessárias deficiência hídrica ou por baixas temperaturas. hora sem chuva após a aplicação é suficiente
para que o herbicida atinja o alvo sem Estes produtos podem ser aplicados para a boa eficiência destes herbicidas. Uma
excessos e sem agressão ao meio ambiente através de volumes de calda inferiores única aplicação é recomendada quando as
e ao operador (Marochi, 1993). a 50 L ha-1, prática plantas daninhas tiverem menos de 20 cm
Outros cuidados referem-se a: A principal que otimiza a absorção de altura. Acima deste limite é recomendável
evitar aplicações quando houver característica pelas plantas, devido a aplicação sequencial (duas vezes),
risco de chuva antes do mínimo de do Sistema ao menor escorrimento com intervalos de cinco a sete dias, para
tempo necessário para a absorção Plantio Direto, sobre as folhas. Deve-se evitar o efeito “guarda-chuva”, permitindo o
do herbicida (pós-emergentes), no tocante evitar aplicação quando controle mais efetivo das plantas menores ou
evitar aplicações quando as a plantas houver risco de ocorrência sob sombreamento. Quando houver plantas
plantas daninhas estiverem com daninhas é a de chuva dentro de um daninhas latifoliadas, de difícil controle, como
crescimento vegetativo paralisado sua eliminação período de até seis horas a guanxuma, o leiteiro, a buva, a poaia-do-
(pós-emergente) ou quando o antes da após a aplicação. campo e a maria-mole, recomenda-se realizar
solo não estiver bem preparado semeadura da semeadura de culturas anuais aplicações sequenciais acrescentando-se 2,4-
ou com umidade ideal (pré-plantio cultura. O efeito do para que as plantas não D na primeira aplicação. Em
incorporado e pré-emergentes); glifosate sofram interferências Quando o 2,4-D função da rápida velocidade
evitar aplicações em situações de ventos é maior nas do herbicida, do for utilizado para de absorção do 2,4-D pelas
muito fortes, de intensidade superior a 8 km/h; raízes do efeito alelopático das dessecação, plantas, o paraquat não
evitar o uso de água barrenta, com grande que na parte plantas daninhas, deve-se observar prejudica a absorção e a
quantidade de argila em suspensão, evitando aérea das do sombreamento, criteriosamente o eficiência deste herbicida,
prejuízos à ação dos herbicidas; dentre outros. plantas, etc., e tenham um período de carência sendo os dois produtos
sendo que ele desenvolvimento inicial para a semeadura do compatíveis para aplicação
pode passar da rápido e vigoroso. Caso o feijão. Se ocorrerem simultânea.
A principal característica do Sistema Plantio planta-alvo para a tempo de espera entre a chuvas acima de 40
Direto, no tocante a plantas daninhas é a sua planta-não-alvo através dessecação e a semeadura não mm após a aplicação Quando o 2,4-D for utilizado
eliminação antes da semeadura da cultura. das raízes. Observou-se que for considerado, a absorção do do 2,4-D, o referido para dessecação, deve-se
Esta operação “chave” substitui as operações o crescimento do girassol, cultivado em vaso glifosato remobilizado na rizosfera período pode ser observar criteriosamente o
de preparo do solo destinadas, dentre outros onde havia Lolium perene como planta de poderá resultar na diminuição da reduzido para três período de carência para
objetivos, ao controle das plantas daninhas. Esta cobertura, era afetado pelo intervalo de tempo produção da planta-não-alvo. Em a quatro dias, já a semeadura do feijão. Se
fase é denominada de manejo ou dessecação entre a dessecação desta com o glifosato e o experimentos realizados nas áreas que o herbicida é ocorrerem chuvas acima de
e são empregados diversos herbicidas. A plantio de girassol. E quanto menor o intervalo de cooperados da COAMO, no facilmente lixiviado 40 mm após a aplicação do
maioria das plantas daninhas anuais são de tempo, menor era o crescimento da planta Paraná, por exemplo, observou- para camadas 2,4-D, o referido período
de fácil manejo, já as perenes são mais de girassol. E, ainda, que esta redução se que a dessecação realizada 20 abaixo do nível das pode ser reduzido para três a
problemáticas, principalmente as gramíneas, no crescimento estava relacionada com o dias antes da semeadura da soja sementes. quatro dias, já que o herbicida
a partir de seis meses de germinação. aumento de ácido chiquímico nas raízes, e do milho no sistema sequencial é facilmente lixiviado para
Os principais herbicidas recomendados induzido pelo glifosato. E o aumento do teor (SIC – sistema integrado de controle de plantas camadas abaixo do nível das
para o manejo de área SPD são glifosate e de ácido chiquímico, que mede indiretamente daninhas) resultou num incremento de cerca de sementes.
sulfosate. Estes herbicidas causam pouco o efeito do glifosato, estava relacionado com o 11 sacas ha-1-1 de soja e de 18,5 sacos ha-1 de
impacto ao ambiente, já que a degradação cálcio no solo, que era menor no arenoso. Ou milho, quando comparada ao sistema aplique- A rotação de herbicidas, assim como
pelos micro-organismos ocorre em poucos seja, quanto menor o teor de cálcio no solo, plante. de culturas, evita o surgimento de planta-
dias. É fundamental que tais produtos sejam maior a passagem do glifosato da planta-alvo problema. Enquanto o glifosate e sulfosate

22 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 23


O Manejo das Plantas Daninhas
na Cultura do Feijoeiro.

controlam melhor a guanxuma e gramíneas camada tratada pelo herbicida, conseguem melhores condições possíveis para que ela grupo comercial Carioca, o mais cultivado
perenes, o paraquat e paraquat + diuron sair rapidamente desta camada por se estabeleça rapidamente na superfície no país, podem ter espaçamento próximo
apresentam superioridade no controle possuírem raízes pivotantes. As gramíneas do solo. Considerando a sua reduzida
capacidade competitiva, para que o feijoeiro do convencional, levando-se em conta as
da trapoeraba. Desta forma, aplicações não têm a mesma capacidade devido às condições edafoclimáticas. Variedades
tenha alguma vantagem sobre as plantas
sequenciais com doses reduzidas de glifosate raízes serem fasciculadas; nas aplicações daninhas, é fundamental, de acordo com o de feijão tipo IV, hábito indeterminado
ou sulfosate com ou sem 2,4-D e a aplicação em pré-emergência, a seletividade deve-se hábito de crescimento (tipo I - determinado volúvel, são normalmente cultivadas com
do paraquat alguns dias após apresentam a um posicionamento no solo e, em muitas arbustivo; tipo II - indeterminado arbustivo;
espaldeiramento.
excelentes resultados no manejo de todas as situações, está envolvida a seletividade tipo III - indeterminado ramador e tipo IV -
combinações de plantas daninhas que poderão fisiológica; e nas aplicações em pós- indeterminado volúvel ou trepador), que se

estar presentes na área. Alguns produtos estão emergência, a seletividade é mais a fisiológica, estabeleça o espaçamento adequado, bem A rotação de culturas, dentre as inúmeras
em estudo para substituição do 2,4-D na mistura através de mecanismos de degradação que como uma densidade tanto apropriada como vantagens que proporciona, é praticada
com glifosate ou sulfosate na dessecação de evitam injúrias às plantas. homogênea ao longo do sulco de semeadura. como meio de prevenir o surgimento de
área: sulfentrazone, 150 g i.a.ha-1; flumioxazin, Na prática, o espaçamento adequado é aquele altas populações de certas espécies de
20 g i.a/ha; e carfentrazone-ethil, 20-30 g i.a./ha.
Em todos estes casos, não há necessidade de
Manejo cultural que permite a cobertura total do solo quando
a cultura atingir seu pleno desenvolvimento
plantas daninhas, mais adaptáveis a uma

período de espera antes do plantio do feijoeiro. das plantas daninhas vegetativo. Além do tipo de planta, as condições
determinada cultura.

edafoclimáticas também são importantes A monocultura, assim como a repetição


A capacidade competitiva das plantas O controle cultural consiste em para a escolha do espaçamento. A redução continuada de um mesmo herbicida na mesma
daninhas depende muito do momento da utilizar as características inerentes do espaçamento entre linhas geralmente área, pode favorecer o estabelecimento
emergência em relação ao feijoeiro, de tal forma ao feijoeiro e às plantas daninhas, de proporciona vantagem competitiva à maioria das de certas espécies de plantas daninhas
que, quando se propicia uma germinação modo que a cultura leve vantagem culturas sobre as plantas daninhas sensíveis ao resistentes, aumentando sua interferência
mais rápida da cultura e, ocorrendo, também, sobre as plantas daninhas. sombreamento. Para o feijoeiro, as variedades sobre a cultura. A escolha do tipo de cultura
atraso na emergência das plantas daninhas, a de hábito de crescimento determinado e a ser incluída em uma rotação, quando o
competição será menor. Ainda que o feijoeiro, em virtude de indeterminado arbustivo devem ser semeadas controle de plantas daninhas é o principal
suas características fisiológicas e hábito de em espaçamentos menores que o usual de objetivo, deve recair sobre espécies cujas
Quanto à seletividade dos herbicidas para crescimento apresente reduzida capacidade 0,45-0,5 m, sendo tanto menores quanto características sejam bem contrastantes com
o feijoeiro, ocorre da seguinte maneira: nas competitiva com as plantas daninhas, o menor for a fertilidade do solo ou a adubação as do feijoeiro.
aplicações em PPI, além da seletividade método cultural é extremamente importante utilizada. As de hábito de crescimento
fisiológica, as sementes de feijão, colocadas na para que se propicie à planta cultivada as
indeterminado prostrado, pertencentes ao
24 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 25
PRAGAS DO
FEIJOEIRO
A
Prof. Dr. Geraldo Papa, s áreas de cultivo do feijão estão difundidas em todo o território
Eng. Agr. João Antonio Zanardi Júnior nacional (Figura 1) com maior ou menor expressão de área
Depto. de Fitossanidade/UNESP
Campus de Ilha Solteira/SP. colhida e com os mais variados níveis tecnológicos e sistemas de
produção. O cultivo pode ser realizado em três épocas distintas,
sendo feijão de 1ª época ou “feijão das águas”, ou cultivo de primavera/
verão; feijão de 2ª época ou “feijão da seca”, ou cultivo de verão/outono;
e o feijão de 3ª época ou “feijão de inverno”, ou cultivo de outono/
inverno. Os cultivos do feijão de 1ª e 2ª épocas correspondem a mais de
80% da produção nacional. Nas últimas safras é crescente o interesse
pelo cultivo da cultura entre produtores que adotam tecnologias mais
avançadas, utilizando grandes áreas de plantio. No Brasil, estima-se para
a atual safra, que a área total cultivada com feijão poderá chegar a 3,13
milhões de hectares (0,6% maior que na safra anterior), considerando
as três épocas de plantio, podendo ainda alcançar produção de 3,38
milhões de toneladas, 19,5% maior que a safra anterior (CONAB, 2014).

A cultura do feijão no Brasil vem e ocorrência de pragas tem aumentado e


passando por mudanças importantes, tanto dificultado o controle. Em muitos casos, o
pela expansão das áreas produtoras como controle é realizado com base em calendário
pelas mudanças no sistema de plantio com (normalmente em pulverizações semanais)
vários cultivos em plantios sucessivos e/ ou pela presença do inseto, mesmo que a
ou concomitantes a outras culturas. Embora população esteja abaixo do nível de controle.
esse sistema proporcione aumento de Existe ainda uma tendência em superestimar
produção e melhor aproveitamento no uso o dano do inseto. Além disso, com o uso
do solo, favorece a reprodução das pragas intensivo de inseticidas, as pragas podem
e doenças devido à constante oferta de desenvolver resistência, dificultando o
hospedeiros e à frequente dispersão dos controle e obrigando o agricultor a mudar de
insetos de um cultivo para o outro (Figura defensivo, aumentar a dose ou até mesmo
Foto:Rufino

2), além da pressão de seleção de plantas misturar ou usar inseticidas mais tóxicos.
daninhas. Com isso, a intensidade de ataque

26 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 27


Pragas do Feijoeiro

Dentre as pragas do feijoeiro, as principais, agravar a situação em solos de textura


O feijoeiro hospeda devido à frequência de ocorrência e danos média a arenosa. Os ataques, em geral,
causados são: ocorrem em reboleiras, e plantas com mais
permanentemente um de 25 dias normalmente não são atacadas.
complexo e significativo A melhor forma de controle da lagarta-
Lagartas elasmo é o tratamento de sementes com
número de pragas, que inseticidas. O controle químico curativo não
• Lagarta-rosca, Agrotis ipsilon costuma ter eficiência de controle satisfatória.
atacam desde as raízes • Lagarta-militar, Spodoptera frugiperda
até o produto final (Figura • Lagarta-cabeça de fósforo,
Urbanus proteus, Tripes
3), sendo um forte entrave • Lagarta-desfolhadora, Spodoptera eridania
• Thrips palmi
• Lagarta-falsa-medideira,
para que a cultura não Pseudoplusia includens • Thrips tabaci
(sin. Chrysodeixis includens) • Caliothrips brasiliensis
expresse seu máximo • Caliothrips phaseoli
potencial produtivo. Além de provocar desfolha, essas lagar- Na fase adulta, os tripes são dotados de
dois pares de asas franjadas, que medem
Figura 1. Mapa da produção agrícola – Feijão de tas, principalmente no sistema de plantio di-
primeira, segunda e terceira safras.(CONAB, 2014) reto, podem surgir no início do desenvolvi- de 1,0 a 1,2 mm de comprimento. As ninfas
mento da cultura e cortar plântulas do feijão são de coloração amarelada e, junto com os
na região do colo. Podem permanecer nos adultos, infestam preferencialmente a face
restos culturais de plantios antecessores e inferior das folhas e flores, embora também
causar significativa redução no estande da possam incidir nas proximidades das nervu-
cultura. O feijoeiro tolera níveis consideráveis ras da face superior, principalmente quando
de desfolha sem prejuízos à produtividade, acontecem elevadas infestações desses in-
entretanto, a capacidade do feijoeiro de setos. Os danos ocasionados pelas espé-
compensar a desfolha varia de acordo com cies de tripes são decorrentes da alimen-
a época do ciclo da cultura em que ocorrer tação de ninfas e adultos nas folhas e flores,
o ataque de lagartas. No caso de insetos pois promovem raspagem na epiderme,
desfolhadores que não têm níveis de con- provocando o extravasamento de seiva.
trole estabelecidos, pode ser tomado como
referência para a tomada de decisão de O resultado desse processo é o
controle 30% de desfolha no estádio vege- atrofiamento dos brotos foliares dos botões
tativo ou 15% de desfolha na fase reprodu- florais. Os maiores níveis populacionais são
Figura 3. Época de ocorrência de cada espécie de observados em períodos com temperaturas
tiva, formação de vagens e florescimento.
inseto de acordo com a fase de desenvolvimento do
feijoeiro (Adaptado de Quintela, 2001).
elevadas e baixa umidade relativa do ar. Por
• Lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignoselus ser uma praga com alto potencial de dano, é
Figura 2. Cultivos sucessivos e/ou concomitantes facilitam a Praga inicial mais importante para a importante realizar o monitoramento e tomar
dispersão e reprodução das pragas. (Papa; Celoto, 2013)
cultura e mais frequente nos sistemas de medidas quando atingir o nível de controle,
perfil toxicológico favorável tanto ao ambi- plantio convencional. A lagarta perfura o que pode tomar como referência a presença
Diante deste cenário, fica evidente que ente quanto aos consumidores e aplicadores caule próximo à superfície do solo ou logo de três insetos por folha ou flor. As avaliações
o cultivo do feijoeiro não será sustentável de defensivos químicos. Assim, o Manejo abaixo, fazendo galerias ascendentes no do nível de infestação podem ser realizadas
se não houver alternativas mais racionais Integrado de Pragas (MIP) é a solução mais xilema e provocando o amarelecimento, a usando bandejas de cor branca, que devem
para um adequado manejo fitossanitário, as- racional, tornando-se indispensável que o murcha e a morte das plantas. Sua ocorrência ser dispostas na base das plantas, para depois
sociando medidas culturais, biológicas, re- agricultor moderno interaja com medidas está condicionada a períodos de estiagem no bater vigorosamente a folhagem do feijão,
sistência genética e o uso de defensivos com mais sustentáveis preconizadas pelo MIP. início do desenvolvimento da cultura, podendo o que facilita a contagem dos insetos que

28 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 29


Pragas do Feijoeiro

caem. As amostragens devem ser realizadas pode causar danos diretos e indiretos. O mecanismo de ação distinto, é de fundamental por apresentar coloração esverdeada, en-
principalmente na época de florescimento, na dano direto ocorre pela sucção contínua da importância para evitar ou retardar a evolução quanto as ninfas são amarelo-esverdeadas.
qual o dano afetará diretamente a produção. O seiva e inoculação de toxinas nas plantas, da resistência da mosca-branca aos inseticidas. Tanto as ninfas como os adultos são ágeis,
número de amostras deve ser representativo provocando alterações no desenvolvimento locomovendo-se com rapidez e deslocan-
da área, para estimar com segurança a vegetativo e reprodutivo da planta, podendo No geral, as dificuldades de manejo da do-se em movimentos laterais (Figura 5).
incidência de tripes nas lavouras. Diversos reduzir a produtividade e a qualidade dos mosca-branca são atribuídas aos seguintes A fêmea realiza a postura endofítica de 35
inseticidas são registrados no Ministério grãos, enquanto o dano indireto ocorre fatores: ovos, em média. As formas jovens e adultas
da Agricultura (MAPA) para controle dessa pela transmissão do vírus-do-mosaico- abrigam-se normalmente na página inferior
praga, incluindo inseticidas para tratamento dourado-do-feijoeiro (VMDF). Esse vírus • Alta plasticidade genética das folhas, causando danos pela sucção di-
de sementes e para pulverização via foliar. vem ocasionando danos em porcentagens • Alta fecundidade reta da seiva do floema. As ocorrências de
variáveis às lavouras de feijão, com perdas altas populações levam ao enfezamento do
• Hormoligose (efeito de produtos
variando de 40% a 100% da produção. Por feijoeiro, que passa a mostrar folíolos curva-
tratar-se de um vetor, o nível de dano econômico químicos na reprodução) dos para baixo ou arqueados, devido à ação
da mosca-branca em feijoeiro não depende • Polifagia (mais de 500 espécies vegetais toxicogênica provocada pela alimentação
dos prejuízos advindos da sua alimentação, e hospedeiras) do inseto. O nível de referência para toma-
sendo assim, mesmo populações reduzidas • Sobreposição de gerações da de decisão de controle para a cigarrinha
podem causar prejuízos significativos. Outro • Alta capacidade de adaptação é de 20 ninfas por metro de linha plantada.
tipo de dano causado pela virose transmitida para diferentes regiões
pela mosca-branca é o efeito negativo sobre a
• Alta capacidade em desenvolver
qualidade de grãos e sementes de feijão, que
pode afetar a comercialização do produto e, resistência
em caso de sementes, suas características • Surtos populacionais
agronômicas como poder germinativo e vigor. • Controle calcado quase que
exclusivamente na química
Figura 4. Tripes adulto (Foto: Celoto; Papa – Lab. de Devido à importância da mosca-branca
Manejo de Pragas – UNESP/Ilha Solteira/SP) como transmissora do vírus-do-mosaico- Para insetos transmissores de doenças, não
dourado-do-feijoeiro (VMDF), o seu manejo é segura a utilização de níveis de referência,
deve ser realizado de acordo com a época e o manejo pode ser realizado de acordo
Mosca-branca de plantio. Em áreas com histórico de alta com a época de plantio da cultura. Em áreas
Bemisia tabaci Biótipo B. incidência do mosaico dourado e no plantio de alta incidência do mosaico dourado e
do feijão da “seca”, desde que a mosca- no plantio do feijão da “seca”, se a mosca-
A espécie Bemisia tabaci compreende branca esteja presente na área, seu controle branca estiver presente na área, o controle
mais de 24 biótipos dispersos por várias deve ser feito do plantio até o estágio de deve ser feito desde o plantio até o estágio de
regiões do mundo, constituindo um florescimento, com tratamento de sementes e florescimento, com tratamento de sementes e
complexo de biótipos. Esses biótipos complementado com pulverizações semanais. complementado com pulverizações semanais.
são, fundamentalmente, populações
morfologicamente iguais, mas com O grande potencial reprodutivo da mosca- Cigarrinha-verde
algumas diferenças bioecológicas, que branca e sua capacidade de transmitir vírus
se distinguem com uso de técnicas que ocasiona doenças em diversas plantas Empoasca kraemeri
fazem com que o controle químico seja a Figura 5. Adultos e ninfas de cigarrinha-verde.
bioquímicas e biomoleculares. O biótipo
principal ferramenta utilizada para o manejo A cigarrinha-verde ocorre na maioria das (Foto: Celoto; Papa – Lab. de Manejo de Pragas –
B está entre os mais importantes, devido a UNESP/Ilha Solteira/SP).
maior vigor biológico, gama de hospedeiros desta praga. O uso contínuo de inseticidas regiões produtoras de feijão. Normalmente
e habilidade de transmitir viroses. com mesmo modo de ação tem ocasionado os danos são mais acentuados no “feijão-da-
falhas no controle. Desta forma, o correto seca”, se abrigando na cultura quando as
Na cultura do feijoeiro há uma grande posicionamento de uso desses produtos, espécies hospedeiras tornam-se reduzidas.
preocupação com a mosca-branca, que mediante a rotação de inseticidas com O adulto da cigarrinha-verde caracteriza-se

30 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 31


Pragas do Feijoeiro

Quantificação de danos de H. armigera na cultura do feijão.


Quantificação de danos de ll. armigera na cultura do feijão.
o aparecimento de pontos brancos na face
Larva-minadora superior das folhas e posterior necrose, 10
Liriomyza sp. provocando queda de folhas e redução
Figura 6. Danos de Helicoverpa
armigera na cultura do feijão.
9,2

na produção de fotoassimilados, sendo o 9 Vagens danificadas por cada


As fêmeas adultas fazem postura endofítica número de sementes por vagem e o peso lagarta, em um ciclo da fase
larval, e diferentes níveis de
e os maiores danos são provocados pelas larvas, de sementes os caracteres mais afetados. 8
infestação aos 2, 4, 6, 8 e 10 7,5 7,8
que se alimentam do mesófilo foliar, formando dias após a infestação (DAI)
7
galerias esbranquiçadas que provocam 7 (uma parcela corresponde a 5
O ataque dos ácaros-brancos e rajados plantas) (Papa; Zanardi Jr, 2014). 7,1
redução da capacidade fotossintética da normalmente ocorre em reboleiras, por isso o 6,5
folha, podendo levar à queda prematura. controle pode ser feito com pulverizações de
6 5,6 5,8

5,6
acaricidas somente nas reboleiras. O nível de 5 4,8 5,1
O nível de referência para o controle está referência para medidas de controle é de quatro 4,4
4,6
4,1
entre uma e duas larvas por folha trifoliolada. As plantas com sintomas de ataque do ácaro ou 3,8
4 4,1
4
folhas primárias não devem ser consideradas presença de ácaros em 2 m de linha de plantio.  3,3 3,3
3,1
na amostragem. O tratamento de sementes 3
normalmente protege eficientemente as
plantas do ataque inicial da larva-minadora. Vaquinhas 2
Se o ataque ocorrer após o período de controle
do tratamento de sementes e atingir o nível • Diabrotica speciosa 1
1,1

de referência para a tomada de decisão pelo • Cerotoma arcuata 0 0


0,6

controle, podem ser utilizados inseticidas 0


registrados para a cultura em pulverização.  As vaquinhas são besouros que, na fase 1 2 3 4 5
adulta, provocam desfolha na cultura do lagarta lagarta lagarta lagarta lagarta controle
feijão, sendo os danos agravados em estágio /parcela /parcela /parcela /parcela /parcela
de plântulas, uma vez que a praga pode
Ácaros consumir, além das folhas, o broto apical, nos agricultores nas três últimas safras, vagens e os grãos, além das folhas novas.
provocando a morte da planta. Plantas uma vez que causam danos severos nas
• Ácaro-branco mais velhas suportam melhor o ataque, flores, vagens e, quando comparada às Os produtores de feijão ainda não
Polyphagotarsonemus latus pois a planta do feijão pode tolerar níveis demais lagartas da parte aérea, possui o dispõem de muitas informações para o
• Ácaro-rajado consideráveis de desfolha. Quando em maior potencial destrutivo. Além disso, a controle da H. armigera, pois a ocorrência
espécie possui características biológicas dessa espécie é recente. Entretanto,
Tetranhychus urticae altas populações, esses indivíduos podem
que dificultam seu controle, tais como o resultados preliminares indicam que o
vir a consumir estruturas reprodutivas.
Ambas as espécies provocam danos Naturalmente, as vaquinhas são controladas hábito polífago e diapausa facultativa. A produtor deve realizar o controle nos
diretos, através de sua alimentação, porém, por inimigos naturais, porém, quando ocorrem espécie foi identificada no Brasil nas safras primeiros estágios de desenvolvimento da
os sintomas expressados pelas plantas em altas populações, é necessária a adoção 2012/13 e já está infestando lavouras em praga e antes da lagarta atingir o baixeiro da
são diferentes. Inicialmente, o ácaro- de intervenção química. O nível de referência quase todas as regiões agrícolas no Brasil. planta, ou seja, devem controlá-la quando
branco promove o ataque em reboleiras, para controle das vaquinhas é de 20 insetos estiverem no ponteiro das plantas, devido
e as folhas dos ponteiros das plantas por pano de batida (2 m de linha de plantio). A ocorrência da Helicoverpa armigera ao maior enfolhamento da cultura nos
atacadas ficam com as bordas dos folíolos chama a atenção pelos severos danos terços inferiores, dificultando a chegada
enrolados, posteriormente a face inferior da provocados em áreas de feijão e pela dos inseticidas nessa parte das plantas.
folha torna-se bronzeada, pela morte dos dificuldade de controle com os inseticidas A tecnologia de aplicação necessita
tecidos, ficando ressecadas e quebradiças.
Nova Praga no Feijoeiro registrados para a cultura atualmente. Os também ser considerada, pois para o
O ataque dos ácaros-rajados é facilmente Helicoverpa armigera danos provocados por essa nova praga são controle dessas espécies normalmente
percebido nas folhas, pois esses indivíduos maiores que os causados por outras lagartas, necessita de maiores volumes de calda
escarificam o tecido vegetal para se Esta praga, introduzida recentemente principalmente nas fases posteriores ao início por hectare e gotas menores que possam
alimentar da seiva extravasada, assim ocorre no Brasil, tem causado muita apreensão do florescimento, quando destroem flores, atingir o alvo.

32 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 33


Pragas do Feijoeiro

Experimento conduzido na Fazenda Ex- dições brasileiras, recomenda-se como mudanças regionais no sistema produtivo do controle pela falta de ingrediente ativo
perimental da Universidade Estadual Paulis- referência a ocorrência de uma a três lagar- e a própria dinâmica biológica das pragas. nas sementes.
ta de Ilha Solteira (UNESP) constatou a ca- tas por metro quadrado de área plantada. • Melhor qualidade física e fisiológica
Tratamento de sementes
pacidade de danos que a H. armigera pode Manejo Integrado de Pragas (MIP) das sementes pelo uso de modernos
Embora seja uma medida preventiva,
causar em uma lavoura de feijão (Figura 6). Os avanços tecnológicos nos sis- equipamentos de TIS, evitando danificação
o tratamento de sementes com inseticidas
temas de plantio estão calcados em mecânica.
é uma ferramenta importante do manejo,
parâmetros que vão desde a escolha • Conveniência e praticidade ao produtor,
pois protege a semente e a plântula nos
da cultivar até a engenharia genética. eliminando uma operação na propriedade,
primeiros dias de vida de um enorme com-
bem como minimizando riscos de intoxi-
Monitoramento plexo de pragas que vivem no solo ou que
cação de trabalhadores.
É o primeiro fundamento dos programas atacam as plantas no início do desenvolvi-
• Diminuição do número de embalagens
de MIP. Atualmente, a figura do amostrador mento da cultura. Com o uso intensivo das
a serem descartadas na propriedade.
(“pragueiro”) é necessária nas grandes áreas de cultivo e a constante variação
Tendo em vista que o bom estabelecimen-
áreas produtoras de feijão no Brasil. climática, o ataque de pragas iniciais vem
to da cultura não garante imunidade fitos-
Técnicos treinados e confiáveis podem crescendo em frequência e intensidade e
sanitária para o resto de seu ciclo, torna-se
fornecer com frequência um diagnóstico pode reduzir o estande inicial da lavoura,
necessária a adoção de medidas contra as
preciso da situação qualitativa e quantitativa acarretando em perdas de produtividade.
pragas que atacam folhas e vagens, para a
referente à ocorrência de pragas, doenças O tratamento de sementes proporciona obtenção de grãos e sementes de qualidade.
e plantas daninhas presentes em cada diversos benefícios:
talhão da cultura, subsidiando as tomadas • Controle de pragas iniciais de solo, REFERÊNCIAS
melhorando o estande inicial da lavoura. BRANDÃO FILHO, J.U.T. Feijão. Desafios Fitossanitários e Manejo
de decisões de medidas diretas de controle Sustentável. Boletim técnico. v.2, p.56-61.
e racionalização de uso de defensivos. • Melhor desenvolvimento inicial das plantas BORÉM, A.; CARNEIRO, J.E.S. A Cultura. In: VIEIRA, C.; PAULA
(“arranque”), proporcionando um rápido JÚNIOR, T.J.; BORÉM, A. (Ed.). Feijão. 2.ed. Viçosa: UFV, 2006. p.13-18.
Nível de dano econômico estabelecimento da cultura e fechamento COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da
A condição de praga para uma popu- das entrelinhas, facilitando o controle das
Safra Brasileira. V.1 SAFRA 2013/14. N.6 Sexto Levantamento. Março
de 2014 Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/
lação de insetos em uma cultura depende ervas invasoras. arquivos/14_03_12_08_41_24_boletim_graos_marco_2014.pdf >.
de sua densidade populacional e da injúria • Proporciona maior enraizamento, Acesso em: 26 jul. 2014.
ocasionada na planta. Muitas vezes a injúria DEGRANDE, P.E.; OMOTO, C. Estancar prejuízos. Revista Cultivar
aumentando a capacidade da planta de Grandes culturas, n°.167, p. 30-34, Abril 2013.
na planta não acarreta danos qualitativos absorver água e nutrientes do solo e reagir a EMBRAPA: http://www.embrapa.br/alerta-helicoverpa/Manejo-Helicov-
ou quantitativos à produção. Sendo assim, intempéries climáticos. erpa.pdf
• Proporciona maior vigor vegetativo, LOPES, A. Distribución y dinámica poblacional de Bemisia tabaci Gen-
• Figura 7. Danos de Helicoverpa armigera em fei- define-se como nível de dano econômico nadius (Homoptera: Aleyrodidae) en cultivos de tomate de Portugal:
joeiro (Fotos: D. Romano). (NDE) a densidade populacional da praga conferindo maior número de nós relación com la incidencia del virus TYLCV. Tesis doctoral. Universidad
que causa prejuízos à cultura iguais ao custo produtivos, maior número de vagens e, Politécnica de Madrid, Espanha, 2003, 333 pp.
consequentemente, maior expressão do QUINTELA, E.D. Manejo integrado de pragas do feijoeiro. Santo Antônio
de adoção de medidas de controle, ou seja, de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão. 2001. p. 28. (Circular técnica, 46)
Mesmo com os avanços tecnológicos em potencial produtivo.
menor densidade populacional capaz de QUINTELA, E.D. Manual de identificação de insetos e outros inverte-
manejo integrado de pragas, ainda o controle • Preserva inimigos naturais devido à brados pragas do feijoeiro. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e
causar perdas econômicas. Nota-se, atual- seletividade ecológica. Feijão. 2002. 11 - 13p. (Documento, 142)
mais eficiente de lagartas da parte aérea do mente, uma maior atenção em relação às in- QUINTELA, E.D. Manual de identificação de insetos e outros inverte-

feijoeiro é através da aplicação via foliar de formações de dano econômico das pragas O tratamento de sementes pode ser reali-
brados pragas do feijoeiro. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e
Feijão. 2009. 68p. (Documento, 246).
inseticidas, entretanto, se faz necessário que do feijoeiro, que irão se tornar referencial zado pelo próprio produtor (“on farm”) ou o PEREIRA, M.F.A.; BOIÇA, A.L. ; BARBOSA, J.C. Distribuição espacial de
o agricultor atente sempre à rotação dos gru- para se tomar ou não a decisão de controlar mesmo pode optar pelo tratamento industri- Bemisia tabaci biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em feijoeiro (Phaseo-
pos químicos, dessa forma, favorecendo o al de sementes (TIS), e receber as sementes lus vulgaris L.). Neotropical Entomology, Londrina, v.33, n.4, p.493-498,
as pragas na cultura. Entretanto, é necessária 2004.
manejo de resistência das espécies de lagar- uma evolução ainda maior, aumentando-se as já tratadas. O tratamento industrial oferece SOUZA, J.C. de; REIS, P.R.; SILVA, R.A. Agricultor: cuidado com a cigar-
tas que atacam a cultura. Embora os estudos vantagens como: rinha verde e percevejos das vagens no feijão da seca. Circular técnica,
pesquisas sobre o NDE na cultura do feijão,
para estabelecimento de níveis de controle • Distribuição uniforme do inseticida em Belo Horizonte, v.1, n. 49, p. 1-2, 2009.
visando à obtenção de novos valores e re-
para o controle da H. armigera em feijoeiro cada semente, evitando desperdício pelo
classificação de outros, devido à introdução
não tenha ainda sido estabelecido em con- excesso ou comprometimento da eficiência
de novos materiais genéticos, bem como as

34 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 35


PRINCIPAIS DOENÇAS
DO FEIJOEIRO E SEU
O
potencial produtivo da cultura do feijão pode ser fortemente reduzido pela
incidência de um grande número de doenças de causas infecciosas.
CONTROLE Nos estádios vegetativos iniciais, o feijoeiro apresenta alta predisposição
ao ataque de fungos de solo, causando podridões radiculares e o tom-
bamento de plântulas. Medidas que acelerem esse período de desenvolvimento
das plantas podem permitir o escape ao ataque desses patógenos devido à maior
Silvânia Helena Furlan, lignificação dos tecidos afetados. Enquanto que os patógenos de parte aérea são
Enga. Agra. Dra. em Fitopatologia, Instituto Biológico, C. P. 70,
CEP 13012-970, Campinas-SP. mais agressivos na fase de florescimento ou frutificação, quando as plantas têm
silvania@biologico.sp.gov.br seus mecanismos de defesa comprometidos por “priorizarem” a sua produção de
grãos.
Inúmeros fatores internos e externos podem influenciar e comprometer a planta,
em cada estádio do seu crescimento, oferecendo maiores ou menores riscos à
produção.
Com base na fenologia das plantas, as diretrizes e os mecanismos de controle de-
vem ser explorados visando o bom manejo fitossanitário, de maneira preventiva,
em especial para os patógenos de solo, que, após a sua entrada na área ou nas
plantas, torna-se praticamente inviável uma tomada de decisão.
Assim, o controle de cada doença deve se adequar e se basear no entendimen-
to das relações feijoeiro-patógeno-ambiente, onde os três elementos interligados
são fundamentais para o desenvolvimento dos sintomas e dos danos decorrentes.
Doenças da parte aérea causadas
por fungos, bactérias e vírus
ANTRACNOSE Sintomas
Colletotrichum lindemuthianum Nas folhas, as nervuras tornam-se
escurecidas na face inferior, progredindo
para necrose das áreas adjacentes; pode ser
confundida com fitotoxicidade de herbicidas;
para diferenciar de problemas de toxidez,
deve-se observar a presença das estruturas
fúngicas (acérvulos) e a coloração enegrecida
do tecido lesionado, típica dos sintomas da
antracnose. Estes sintomas podem surgir em
folhas cotiledonares e trifolioladas.
Foto:Rufino

Nas vagens, as lesões são circulares e


deprimidas, podendo surgir em toda a sua
extensão; os bordos são proeminentes e o

36 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 37


Doenças do Feijoeiro

centro, rosado, pela presença da massa de aparecimento de resistência do patógeno ao delimitadas pelas nervuras e de cor castanha. difenoconazole, tetraconazole, metconazole,
esporos do fungo produzida em condições produto, e portanto, problemas de eficácia no No verso das folhas podem ser visualizados, fluquinconazole, imibenconazole), fentin
climáticas favoráveis. Estes são os sintomas campo. Em alguns locais já foi constatada a a olho nu ou com auxílio de uma lupa, os hidróxido de estanho, trifloxistrobin +
mais conspícuos da doença. falha de controle da antracnose do feijoeiro sinais (frutificações) nas lesões, de coloração propiconazole, famoxadone + mancozeb,
pelo uso intensivo e isolado dos benzimidazóis, acinzentada. Em infecções severas ocorre azoxistrobin + ciproconazole, piraclostrobina +
Nas hastes e pecíolos, as lesões apresentam prática que deve ser evitada nas lavouras. desfolha. metconazole, entre outros. Em média, podem
coloração escura, formato ovalado e são ser realizadas três pulverizações, iniciadas
deprimidas em toda a extensão da planta. Nas vagens surgem manchas que, embora logo no aparecimento dos primeiros sintomas
MANCHA ANGULAR típicas, comumente são confundidas com as nas folhas, geralmente coincidente com o
Nas flores podem ser visualizadas Phaeoisariopsis griseola manchas de antracnose; na mancha angular início da fase reprodutiva, com intervalos
pontuações escuras com morte dos tecidos, estas são avermelhadas e superficiais, quase médios de 15 dias. No entanto, os sintomas
porém estes sintomas são mais raros. circulares, enquanto que na antracnose são podem surgir precocemente nas folhas
deprimidas mais ao centro e apresentam os cotiledonares, necessitando intervenções
Condições favoráveis bordos proeminentes. Os sinais (esporulação mais cedo na cultura.
Temperaturas amenas, ao redor de 18˚ C, do fungo) sobre as lesões, reconhecidos
umidade relativa elevada e chuvas frequentes pela cor acinzentada e tipo de estrutura, são
e moderadas (para não lavar os conídios). importantes e possibilitam a confirmação do
diagnóstico.
Disseminação FERRUGEM
Principalmente pelas sementes (inóculo No caule, hastes e pecíolos, as lesões Uromyces appendiculatus
presente externa ou internamente aos tecidos) são alongadas e castanhas, variando em
e água da chuva ou da irrigação por aspersão. comprimento dependendo da severidade dos Sintomas
sintomas; quando ocorrem na base do caule, Nas folhas, os sintomas iniciais surgem na
Controle não é raro a doença ser confundida com a face inferior, como pontos cloróticos, evoluindo
As principais medidas são o uso de chamada “sarna” do feijoeiro, por circular para pústulas de coloração ferruginosa, que
sementes sadias e tratadas com fungicidas toda a extensão do tecido, inclusive podendo são a exposição dos esporos ou uredosporos,
recomendados para esse alvo, como ser observadas no local lesionado, por meio em ambas as faces da folha. Dependendo da
piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil, de câmara úmida, colônias de Colletotrichum cultivar, aparecem halos amarelados em torno
carboxim + thiram, fludioxonil, tolylfluanid, dematium f. truncata, atribuído à “sarna”, que das lesões.
captan e tiofanato metílico; rotação de cultura; aparece como um oportunista ou saprófita.
cultivares resistentes (normalmente há fácil Condições favoráveis Nas vagens, hastes e pecíolos surgem tam-
quebra de resistência pela variabilidade Temperaturas ao redor de 16 a 28˚ C, com bém sintomas e sinais, caracterizando as pús-
de raças do fungo); uso de fungicidas em tulas semelhantes às das folhas.
ótima de 24˚ C, e umidade relativa elevada.
parte aérea, tais como as estrobilurinas
(azoxistrobin, pyraclostrobin e trifloxistrobin), Disseminação Condições favoráveis
isoladas ou em misturas (piraclostrobina + A principal forma é pelo vento, mas os Temperaturas ao redor de 15 a 25˚ C, perío-
metconazole), os benzimidazóis (tiofanato propágulos também podem ser dissemi- dos prolongados de umidade relativa acima de
metílico e carbendazim) e os tipicamente de Sintomas nados pela semente, respingos de chuva e 95%.
contato, como o estanhado (fentin hidróxido Nas folhas primárias (cotiledonares), as partículas de solo, por sobreviver facilmente
de estanho) e o clorotalonil. O número de lesões são arredondadas, castanho-escuras, em restos de cultura. Disseminação
pulverizações está entre 2 e 5, dependendo com anéis concêntricos e facilmente podem Os uredosporos são disseminados princi-
do momento da ocorrência dos primeiros ser confundidas com lesões causadas pelo Controle palmente pelo vento.
sintomas e da pressão da doença, propiciada agente da mancha de alternária, quando Uso de cultivares com maiores níveis de
pela intensidade do inóculo na área, incide somente neste tipo de folha. resistência, sementes sadias, rotação de Controle
condições climáticas, cultivar, região e época culturas e a eliminação de restos culturais. O controle mais efetivo e econômico é ob-
de produção. Dar preferência à alternância no Nas folhas trifolioladas (verdadeiras), as Em cultivares suscetíveis, é recomendado tido pelo uso de cultivares resistentes, no en-
uso dos fungicidas evitando o uso consecutivo manchas com formato típico, originando o o emprego de fungicidas em parte aérea, tanto, há uma grande variabilidade patogênica
do mesmo princípio ativo para dificultar o nome da doença por serem angulares, são como os triazóis isolados (tebuconazole, do fungo. São recomendadas medidas cul-

38 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 39


Doenças do Feijoeiro

turais como a eliminação de plantas voluntárias resistência) e murcha da folhagem. Trichoderma spp., pode também auxiliar nesta
hospedeiras, a remoção de restos culturais e OÍDIO redução por parasitar os escleródios.
a rotação de culturas. O uso de fungicidas em Erysiphe polygoni Nas vagens, hastes, ramos e pecíolos,
parte aérea é bastante eficaz quando utilizado os sintomas típicos são de encharcamento e O controle químico também pode ser
no início do aparecimento dos sintomas, tais Sintomas podridão mole, associados ao crescimento eficaz se feito por pulverizações iniciadas
como os triazóis isolados ou misturas com es- Nas folhas, as manchas são pequenas, um branco e cotonoso do fungo, com a ocorrência preventivamente, logo no início da florada (R5/
trobilurinas, além de oxicarboxin, estanhado e pouco mais escuras na parte superior; tornando-se de escleródios interna ou externamente aos R6), com os fungicidas fluazinam, procimidone
cúpricos. Pelos danos serem maiores quando a tipicamente pulverulentas, de coloração branca e tecidos, que inicialmente são brancos e tornam- ou tiofanato metílico, sendo este último, em uso
ocorrência se dá até o início da frutificação, as podendo ocupar toda a superfície foliar. Na remoção se escuros e endurecidos com a maturidade; isolado, menos efetivo em condições de maior
aplicações são mais viáveis até este período. das estruturas (micélio e esporos) do fungo, os severidade, em condições climáticas (macro e
tecidos ganham uma coloração parda ou púrpura; No solo é comum surgir, na sua superfície, micro) mais favoráveis ao patógeno, e em locais
quando evolui, há um amarelecimento dos tecidos, um crescimento micelial branco e/ou a onde há grandes quantidades de escleródios
seguido de desfolha em infecções mais severas. formação de apotécios (corpos de frutificação), na área. Em geral, são recomendadas duas
em especial quando as temperaturas são mais aplicações dos produtos, de preferência
MANCHA DE ALTERNÁRIA Nas vagens e hastes, da mesma forma que baixas, normalmente próximo à época do alternando-se diferentes grupos químicos,
Alternaria spp. nas folhas, há o crescimento pulverulento e branco florescimento ou início da formação de vagens, a primeira em R5 e a segunda em R6/R7. O
sobre os tecidos. Em infecções severas, as vagens o que sinaliza a posterior e rápida ocorrência resultado é mais eficiente quando o volume de
Sintomas são malformadas e de tamanho reduzido. dos primeiros sintomas na planta. calda está acima de 500 L/ha. A aplicação
Nas folhas surgem, inicialmente, pequenas convencional por barra e a fungigação podem
manchas aquosas e irregulares que evoluem para Condições favoráveis Condições favoráveis ser utilizadas desde que o fungicida seja
lesões circulares, de cor marrom-avermelhada, Temperaturas em torno de 20 a 25˚ C e Temperaturas na faixa de 15 a 25˚ C, recomendado nesta modalidade. A aplicação
tipicamente com anéis concêntricos, espalhadas alternâncias de baixa e alta umidade. Períodos umidade relativa elevada e chuvas frequentes. aérea, por avião, é menos eficaz.
em todo o limbo; o tecido pode secar e haver um muito chuvosos desfavorecem a doença. O sombreamento e a má aeração dentro da
furo no centro da lesão; também pode haver halo lavoura também favorecem a doença. Por isso
clorótico em torno da lesão. Mais comumente Disseminação nas áreas irrigadas por pivô central a doença
afetam folhas maduras. Principalmente pelo vento, e embora o fungo tende a ser mais severa. CRESTAMENTO BACTERIANO
possa estar associado à semente, essa forma de Xanthomonas axonopodis
Nas vagens, as lesões são menores, de disseminação não tem importância epidemiológica. Disseminação pv. phaseoli
coloração café, podendo unir e formar riscas ou Também pode ser disseminado pela água e insetos. Ocorre principalmente pela semente
listras. Podem afetar as sementes ocasionando contaminada pelos escleródios ou infectada
descoloração e riscas marrons, além de redução Controle pelo micélio do fungo, mas também é
da germinação. Em períodos mais favoráveis e em cultivares importante pelo vento e implementos agrícolas.
suscetíveis, como no grupo Manteiga (Jalo e
Condições favoráveis Pintado), o uso de fungicidas em parte aérea é Controle
Temperaturas na faixa de 16 a 28˚ C e umidade recomendado, tais como: estanhado, cúpricos, O uso de sementes sadias e tratadas
relativa elevada. triazóis, estrobilurinas, ou as misturas destes últimos com fungicidas, como os benzimidazóis,
como piraclostrobina + metconazole. Ainda, a quintozene e a mistura de benzimidazol
Disseminação rotação de culturas auxilia na redução do inóculo. (tiofanato metílico) com fluazinam, é de
Ocorre pela semente, vento e água da chuva extrema importância para o manejo inicial,
ou irrigação. além da rotação de culturas com espécies
MOFO BRANCO não hospedeiras (gramíneas). Associado
Controle Sclerotinia sclerotiorum a estas práticas, o maior espaçamento e a
Uso de sementes sadias e secas (umidade menor densidade de plantas, o controle da
regulada), cultivares resistentes, e em casos de Sintomas água de irrigação, o uso de cultivares com
maior severidade, em cultivares mais suscetíveis, Nas folhas, inicialmente as lesões são porte e arquitetura adequados são medidas
recomendam-se pulverizações foliares com aquosas e se espalham rapidamente, que propiciam um microclima menos favorável
fungicidas à base de estanho, mancozeb e formando um micélio branco e cotonoso. ao desenvolvimento da doença, e resultam
estrobilurinas isoladas ou em misturas, seguindo Evolui para uma podridão mole dos tecidos, na redução do potencial do inóculo no solo.
as recomendações de uso. com formação de escleródios (estruturas de Ainda, o uso de antagonistas ao solo, como

40 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 41


Doenças do Feijoeiro

Sintomas ambos (cúpricos + mancozeb e cúprico + Doenças causadas PODRIDÃO RADICULAR DE


clorotalonil), com registro para o alvo. RHIZOCTONIA
Nas folhas, inicialmente as manchas são por fungos de solo Rhizoctonia solani
encharcadas, depois aumentam em tamanho,
tornam-se pardas e necrosadas; geralmente
apresentam leves bordos amarelados. MOSAICO DOURADO PODRIDÃO RADICULAR
Comumente aparecem distribuídas nos Vírus do mosaico dourado Fusarium solani f. sp. phaseoli Sintomas
bordos das folhas, mas ocupam toda a sua do feijoeiro (VMDF) São caracterizados por lesões deprimidas,
de coloração pardo-avermelhada, com mar-
extensão.
Sintomas gens definidas, localizadas abaixo e acima do
Sintomas nível do solo, podendo evoluir para cancros.
Nas vagens, as manchas são aquosas e Nas folhas ocorre um mosaico amarelo
Inicialmente, o hipocótilo e as raízes Afeta a raiz principal de plantas jovens. Nes-
intenso em todo o limbo foliar, podendo
circulares, e quando se localizam na sutura primárias de plântulas apresentam riscas tas, os cancros resultam no estrangulamento
ocorrer encarquilhamento, nanismo da
dorsal, as lesões coalescem e tornam-se planta, encurtamento de entre-nós, perda de longitudinais e avermelhadas. Evoluem e tombamento de pré ou pós-emergência.
alongadas; com o tempo tornam-se secas dominância apical e brotamento das gemas para partes mais velhas da raiz e necrosam Vagens em contato com o solo podem ser in-
e avermelhadas. As sementes podem ser axilares. Estes sintomas dependem da os tecidos, restringindo-se ao córtex. fectadas apresentando lesões aquosas e de
infectadas, e em alguns casos apresentam cultivar, podendo predominar o mosaico ou o Lesões podem se estender até o colo da cor marrom.
descoloração no hilo, manchas amareladas encarquilhamento em função da sua reação, planta, apresentando coloração marrom-
no tegumento, e ainda, enrugamento e ou até mesmo da estirpe do vírus, ou de avermelhada e sem margem definida. Como Condições favoráveis
malformação. infecção mista com outros tipos de vírus. resposta da planta ao ataque do fungo, raízes Temperaturas amenas, com ótimo entre 15
a 18˚ C, moderada a alta umidade do solo.
adventícias são formadas na tentativa de
Nas hastes e caule, as manchas são Condições favoráveis
Temperatura elevada, ao redor de 30˚ C, e sobrevivência. Nas infecções mais severas, o Disseminação
alongadas, encharcadas, tornando-se depois desenvolvimento da planta é comprometido,
baixa umidade por aumentar a população do Sementes e solo infestados em implementos
avermelhadas. vetor. Por isso a doença é mais severa na safra as folhas tornam-se prematuramente amarelas agrícolas.
da seca. e podem ocasionar a morte das plantas.
Condições favoráveis Controle
Temperatura elevada, em torno de 28˚ C, Disseminação Condições favoráveis Usar sementes sadias e tratadas
umidade elevada e chuvas frequentes. Ocorre pelo vetor do VMDF, Bemisia tabaci, Excesso de água e compactação do solo, (piraclostrobina + tiofanato metílico +
biótipos A e B, conhecido por mosca-branca. temperaturas amenas, ao redor de 18 a 22˚ C. fipronil, captan, pencicuron, carbendazim,
Disseminação Solos com déficit hídrico podem estressar a quintozene, carboxin, carboxin + thiram), evitar
Principalmente pela semente e água da Controle planta e predispor à maior suscetibilidade. semeaduras profundas e em épocas frias,
chuva ou de irrigação. O controle deve ser feito com base na realizar a rotação de culturas com gramíneas e
época de semeadura e região de cultivo, Disseminação evitar a compactação do solo, principalmente
Controle devido à população do vetor na área, a qual vai Sementes, vento, água e implementos em associação a F. solani. Há relatos de
Uso de sementes sadias e de cultivares depender de culturas vizinhas ou anteriores. agrícolas. Trichoderma spp. inibindo o desenvolvimento
resistentes são medidas bastante eficientes, do patógeno, quando utilizado em tratamento
Essas podem facilitar a multiplicação do
embora muitas cultivares utilizadas em Controle de sementes e incorporado ao solo.
vetor e/ou do virus, além das condições de
nossas condições sejam suscetíveis. Os clima local. O uso de cultivares resistentes ou Evitar a compactação e o encharcamento
testes laboratoriais de análise da sanidade tolerantes é a medida mais eficaz nas regiões do solo, realizar o tratamento de sementes
das sementes, rotineiramente realizados, PODRIDÃO CINZENTA DO CAULE
e épocas favoráveis à doença. Em cultivares com fungicidas indicados para o alvo Macrophomina phaseolina
não diagnosticam a bactéria, o que dificulta (piraclostrobina + tiofanato metílico + fipronil,
suscetíveis, recomenda-se o uso de inseticidas
a seleção das sementes. Portanto, dar carboxin + thiram, fludioxonil, difenoconazole e
preferência por sementes de boa qualidade sistêmicos destinados para este fim, aplicados
em tratamento de sementes, ou em parte thiram) e a rotação de culturas com gramíneas, Sintomas
sanitária. Alguns fungicidas podem auxiliar
no manejo, reduzindo os sintomas da doença, aérea, iniciando-se as pulverizações logo nos dando preferência para espécies que tenham Surgem cancros escuros em plântulas,
tais como os cúpricos, preferencialmente primeiros estádios de desenvolvimento das alta relação C/N e forneçam matéria orgânica com margens definidas, podendo rodear todo
estes em uso alternado com mancozeb plantas, quando há presença do vetor, porém ao solo, por promoverem melhores condições o caule. Como sintoma reflexo evidencia o
ou clorotalonil, ou a mistura pronta de ausência dos sintomas. ao solo e aos microrganismos antagônicos. amarelecimento e a murcha, podendo ser mais

42 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 43


Doenças do Feijoeiro

pronunciada de um lado da planta. Em plantas Disseminação


mais desenvolvidas ocorre o raquitismo, a clorose Ocorre através de implementos agrícolas
das folhas e a desfolha prematura. No caule, as levando restos culturais e solos infestados, água
lesões são escuras e ligeiramente deprimidas, de irrigação e sementes.
onde podem ser observados numerosos
picnídios de coloração preta. Controle
As principais medidas são o uso de sementes
Condições favoráveis sadias e tratadas com fungicidas como thiram ou
Temperaturas elevadas (acima de 27˚ C) misturas de fungicidas contendo este princípio
e baixa umidade do solo na fase inicial do ativo. Evitar máquinas e implementos na área
desenvolvimento, embora a umidade favoreça a que possam carregar inóculo vindo de outras
infecção por conídios dispersos no ar. áreas, realizar a rotação de cultura com plantas
não hospedeiras, eliminar os restos culturais
Disseminação infestados, elevar o pH do solo e realizar uma
Sementes e implementos agrícolas. adubação equilibrada, além de utilizar cultivares
com maiores níveis de resistência.
Controle
Uso de sementes sadias, tratamento das
sementes (fludioxonil, difenoconazole e carboxin
+ thiram) e rotação de cultura. Evitar estresse
hídrico do solo na fase inicial de desenvolvimento MURCHA DE SCLEROTIUM
da cultura por predispor as plantas ao ataque. Sclerotium rolfsii
Sintomas
MURCHA DE FUSARIUM As lesões aparecem na região do colo da
Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli planta, ao nível do solo, com aspecto encharcado,
de coloração cinza a castanha, estendendo-se
Sintomas para a raiz e produzindo uma podridão cortical.
Ocorre um amarelecimento e murcha das No local afetado, o fungo desenvolve um micélio
folhas, no sentido de baixo para cima das plantas, branco podendo se estender até o solo, com a
com possibilidade das margens das folhas formação de escleródios redondos, brancos e
tornarem-se necróticas, são os sintomas reflexos; depois pardos com a maturidade. Como sintoma
ainda pode ocorrer o nanismo das plantas reflexo, a planta amarelece, murcha e seca.
quando o ataque ocorre em plantas jovens; o Pode, ainda, haver os sintomas de tombamento
escurecimento do sistema vascular pela invasão de plântulas.
do fungo no interior dos vasos é o sintoma direto;
a severidade dos sintomas aumenta na presença Condições favoráveis
de nematoides (Meloidogyne), levando à morte Temperaturas elevadas, ao redor de
das plantas. O diagnóstico preciso depende 27 a 30˚ C, umidade elevada e pH baixo.
da observação das estruturas do patógeno, de
coloração rosada sobre o caule ou nos tecidos Disseminação
internos, identificadas por meio de isolamento. Sementes e implementos agrícolas.

Condições favoráveis Controle


Temperaturas de 20 a 28˚ C, condições de Uso de sementes sadias e tratadas
estresse hídrico e solos arenosos e ácidos. A

Foto:Rufino
(quintozene e captan) e rotação de cultura.
presença de nematoides (Meloidogyne) na área Também se deve evitar plantios densos e em
favorece a doença. solos ácidos.

44 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 45


AgCelence é a tecnologia
da BASF que proporciona
efeitos fisiológicos na
planta, aumentando
Opera® Ultra
a sua sanidade, seu
viço e permitindo que
ela expresse todo seu
potencial produtivo.

O Sistema AgCelence Feijão é o


sistema formado pelos produtos Opera® Ultra
BASF que proporcionam a
combinação de uma excelente
proteção do cultivo com os
efeitos fisiológicos positivos.
Com o manejo integrado dos
fungicidas Comet® e Opera® Ultra,
o feijoeiro melhora a relação de
transformação da água, luz e
nutrientes em energia, desenvolve
mais folhas e folhas mais verdes,
mais vagens e grãos em maior
quantidade e uniformidade,
aumentando a produtividade.
Com ele, seu feijão pode mais.
Standak® Top

46 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 47


Sistema AgCelence

Depoimentos
Sistema AgCelence Feijão
pelas lavouras Sergio Rossa
SÍtio Santana
Prudentópolis – PR

“Participei do Projeto Feijão da BASF, fiquei surpreso, pois não conhecia estes produtos. Experimentei e
gostei do resultado. Agora sei que tenho uma alternativa eficiente para controlar doenças e pragas do feijão.”

Ednilson Ari Fabri


SÍtio Nossa Senhora Aparecida
Prudentópolis – PR

“Gostamos muito do Sistema AgCelence Feijão, pois deu para perceber que os produtos são de
ótima qualidade. Foi o que aumentou a nossa produção, e pretendemos usar para todas as áreas.”

Elcio Luiz Fabri


SÍitio Nossa Senhora Aparecida
Prudentópolis – PR

“Ficamos muito contentes e percebemos que o resultado foi significativo, pois aumentou a produção
em quase 12 sacas por alqueire. Então, para nós, os produtos são muito bons, e para safra seguinte,
Fábio Minato
usaremos em todas as áreas.”
Gerente de Marketing

Márion Dangui Pinto


O Sistema AgCelence Feijão da BASF foi desenvolvido
Agropecuária São Jorge
para que o produtor consiga extrair o máximo do Palmas – PR

potencial genético-produtivo da variedade através do “O uso da tecnologia AgCelence na cultura do feijoeiro é realmente espetacular, uma vez que é possível
uso de produtos que propiciam um melhor controle de observar a campo a sanidade das plantas tratadas em relação às não tratadas. O feijoeiro é uma cultura
com excelente resposta a trato cultural diferenciado, o efeito fitofisiológico é o principal nesse tratamento.
pragas que atacam a semente e a plântula e as principais
O mais importante é o resultado quantitativo, ou seja, a resposta em sc/ha à mais em relação ao
doenças tanto na semente como as foliares. Além disso, tratamento padrão. Hoje a fazenda atua com o Sistema AgCelence Feijão nas culturas de soja e feijão,
o efeito AgCelence presente nos produtos BASF promove proporcionando um alto desempenho na colheita.”
um melhor enraizamento e estabelecimento da cultura,
mais ramos produtivos e mais vagens, o que resulta em
uma maior produtividade e qualidade dos grãos colhidos.

48 Colheitas de Sucesso - Feijão Colheitas de Sucesso - Feijão 49


As
Ingredientes
melhores
• 1kg de feijão-preto
dicas
A feijoada tradicional
• 500g de carne seca é servida com uma série
• 500g de lombo salgado de acompanhamentos.
Aqui vão algumas dicas:
• 1 pé de porco
• 1 orelha Molho: à parte, prepare um molho frio, feito
com pimenta-malagueta amassada, salsinha e
• 1 paio cebolinha picadas e bastante caldo de limão.
• 500g de linguiça calabresa defumada Arroz: para ser o melhor companheiro do
feijão, o arroz precisa ser bem soltinho.
• 500g de costelinhas de porco salgadas Frite bem os temperos antes de colocá-
lo para cozinhar e siga a sua receita mais
• 3 línguas de porco salgadas famosa. Prepare uma panela bem cheia para
• 2 folhas de louro acompanhar essa feijoada deliciosa.

• óleo Couve: em uma frigideira grande, esquente


muito bem 2 colheres de banha de porco.
• 1 cebola batida Acrescente 2 dentes de alho picados e, assim
que eles começarem a pegar cor, vá jogando
• 3 dentes de alho socados 1 maço de couve picado em tirinhas bem finas
e mexendo com uma colher de pau. Deixe o
fogo bem forte por 2 ou 3 minutos para dar um
Modo de preparo choque térmico.
Na véspera do preparo, coloque o feijão- Torresmo: cozinhe 500 g de toucinho salgado,
preto de molho em água fria. Em uma vasilha cortado em tiras de 1 cm, durante 5 minutos,
separada, coloque as carnes de molho, na água fervendo. Retire e esgote muito bem.
depois de bem lavadas. Mude a água duas Esquente 1 colher de sopa de banha de porco
ou três vezes para tirar bem o sal. Cozinhe até que ela fique fumegando. Coloque, então,
o feijão e as carnes em panelas separadas. o toucinho para dar um choque térmico. Deixe
Quando o feijão estiver quase cozido, junte dourar, mexendo sempre.
tudo na mesma panela. Faça um refogado Caipirinha: amasse algumas rodelas de

Foto:Shutterstock
com óleo, cebola e alho. Junte algumas limão com um socador. Acrescente uma
colheradas de feijão, amasse e despeje na dose de pinga ou vodca, de acordo com sua
panela da feijoada. Prove o sal. Quando tudo preferência. Adoce e sirva com bastante gelo.
estiver cozido, ponha o feijão numa cumbuca
e as carnes numa travessa e sirva com os Não se esqueça da farinha de mandioca
e das laranjas cortadas em fatias.
acompanhamentos a seguir. Elas dão o toque final ao seu prato.

50 Colheitas de Sucesso - Feijão


Trabalhar para alimentar
o mundo de hoje
e de amanhã.
Agricultura, o maior
trabalho da Terra.

Alimentar as mais de 7 bilhões de pessoas do mundo depende da agricultura.


E os agricultores têm se destacado cada vez mais com o profissionalismo
e a dedicação passados de pai para filho. Um trabalho que, com qualidade,
produtividade e sustentabilidade, mostra que o futuro do planeta está no campo.

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