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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
MISSÃO Promover o uso apropriado de P e K nos
sistemas de produção agrícola através da N0 109 MARÇO/2005
geração e divulgação de informações científicas que sejam
agronomicamente corretas, economicamente lucrativas,
ecologicamente responsáveis e socialmente desejáveis.

GRUPO DE DESENVOLVIMENTO DE
TECNOLOGIA DA POTAFOS
O
programa do GDT – Grupo de Desenvolvimentode Tecnologia – foi concebido pela POTAFOS em 1997 com a
finalidade de atuar junto a produtores rurais e consultores agronômicos no desenvolvimento e divulgação de
sistemas sustentáveis de produção agrícola com produtividade máxima econômica.
Inicialmente, trabalhando com grãos, foram formados: o GDT de Uberlândia, liderado pelo então acadêmico de agrono-
mia Baltazar Reis Fiomari (hoje engenheiro agrônomo e MS pela Universidade Federal de Uberlândia) e o GDT de Mauá da
Serra, liderado pelo engenheiro agrônomo Toshio Sérgio Watanabe (hoje MS pela Universidade Federal de Londrina). Concomitante
com o trabalho dos grupos de Uberlândia e de Mauá da Serra, junto com o engenheiro Ronaldo Cabrera (hoje terminando seu
doutorado no CENA-USP, Piracicaba-SP), foi desenvolvida tecnologia para manejo do mato na citricultura com redução (ou até
a eliminação) do uso de herbicidas, hoje aplicada por centenas de citricultores.
Mais recentemente foi formado o GDT POTAFOS/ESALQ, composto por estudantes de graduação da ESALQ.
Os frutos desta parceria são relatados a seguir, pelos coordenadores dos respectivos grupos.

Veja também neste número:


Manejo sustentável na visão do agricultor .......... 7
Relações entre nutrição mineral e doenças
GDT – UBERLÂNDIA/MG de plantas ............................................................... 8
Baltazar Reis Fiomari, engo agrônomo, MS Época de dessecação do mato afeta a
Coordenador produtividade no plantio direto .......................... 14
Fones: (34) 3257-3837 / 9124-9967
Manejo correto da adubação fosfatada com
Tudo começou em meados de 1997, atra- ênfase na fonte e no modo de aplicação ........... 17
vés do empenho do agricultor Rubens Minoru Dr. Ismail Cakmak recebe Prêmio IFA 2005 ....... 22
Hayashi na busca de técnicas ou alternativas
Os sete pecados da humanidade ........................ 28
para o aumento da produtividade de suas lavouras. Muitas ques-
tões o encabulavam, entre elas a falta de profissionalismo nas Encarte: Seja o doutor do seu algodoeiro
recomendações de adubos para as culturas (por exemplo, 00-20-20
para soja e 05-20-20 + zinco para o milho), apesar das grandes
diferenças nos níveis de fertilidade dos solos. Através do contato
feito com Dr. Yamada, da POTAFOS, surgiu a idéia de se criar um Selecionado dentre um grupo de candidatos – na ocasião
grupo de produtores para desenvolver pesquisas no campo. Foi ainda cursando o 3o ano do curso de graduação em Agronomia da
então criado o grupo, composto por agricultores da nossa região Universidade Federal de Uberlândia – fui convidado para coorde-
(Figura 1). ná-lo, servindo de elo de ligação entre os agricultores e o Dr. Yamada,

POTAFOS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO FOSFATO


Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center, sala 701 - Fone e fax: (19) 3433-3254 - Webmail: www.potafos.org - E-mail: potafos@potafos.com.br
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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 1


Em 2000:
• A aplicação de boro no solo, a lanço, mesmo em doses
maiores que as recomendadas tradicionalmente, não causou, até
certo ponto, fitotoxidez na cultura da soja, promovendo aumento
de produtividade.
• Em certas situações, a soja respondeu positivamente à
aplicação nitrogenada em cobertura, na pré-florada, chegando a
aumentar a produtividade em 13 sc ha-1.
• Houve diminuição do ataque da lagarta elasmo na cultura
do milho em área sob palhada de milheto, quando comparado ao do
milho em área sob solo desnudo. O teor de silício na folha do milho
sobre palhada de milheto era o dobro daquele sobre solo desnudo.

Em 2001:
• Notou-se que as reboleiras na cultura da soja, causadas
pelo ataque do nematóide-de-cisto, estavam sempre correlacionadas
Figura 1. GDT de Uberlândia-MG.
ao aumento do pH do solo nessas regiões específicas, conseqüên-
cia, talvez, do uso do local como depósito de calcário ou de sua má
que fornecia instruções sobre o que seria testado no campo para distribuição nessas áreas.
resolver os problemas observados, como, por exemplo, baixa pro-
• Houve aumento da produtividade de milho com a diminui-
dutividade, desbalanço nutricional, falta de palha, época de plan-
ção do espaçamento entre linhas, possivelmente pela melhor arran-
tio, ataque de pragas, etc. Direcionávamos, assim, os testes para
jo das plantas na área, possibilitando melhor aeração e aproveita-
resolver estes problemas.
mento da luminosidade.
Desde 1998 estamos tirando proveito dos testes executa-
dos, seja com resultados positivos, seja com negativos. Quando o Em 2002:
resultado é positivo ele é chamado de tecnologia, e se adotado nos
trará lucro. Quando o resultado é negativo, deixamos de perder • A palhada de sorgo causou influência negativa nas produ-
dinheiro, ao evitar a repetição do erro. tividades de milho e de feijão em relação à palhada de nabo
forrageiro.
Citamos, a seguir, as principais observações do grupo, que
foram paulatinamente introduzidas na rotina do campo. • A produtividade do feijão foi maior sob palhada de bra-
quiária quando comparada com a de sorgo.
Em 1998: • As aveias, o milheto e o nabo forrageiro não suportaram a
consorciação com o milho.
• Aplicações tardias de nitrogênio na cultura do algodoeiro
causavam maior incidência de pulgões nas plantas, quando compa- • A Crotalaria spectabilis e a Braquiaria brizanta tiveram
radas com apenas uma cobertura nitrogenada, aos 15 dias do plan- resultado satisfatório no consórcio com o milho.
tio. Um detalhe: nesta época o pulgão transmitia uma virose conhe- • A produtividade da soja aumentou com a diminuição do
cida como “Doença Azul”, que ocasionou uma das maiores que- espaçamento entre linhas. A redução de espaçamento auxiliou no
bras de produtividade dessa cultura desde 1976, e que levou ao controle de plantas daninhas na variedade de ciclo precoce.
fechamento de várias algodoeiras e redução na área plantada em • Doses crescentes de potássio no sulco de plantio da soja
todo o Brasil. (a partir de 40 kg ha-1 de K2O) e do milho (a partir de 160 kg ha-1 K2O
– espaçamento entre linhas de 45 cm) causaram a diminuição na popu-
Em 1999: lação final de plantas e queda da produtividade (efeito salino?).
• Aumentando-se a dose e adiantando-se a época da cober- • Doses crescentes de nitrogênio da uréia no sulco de plan-
tura nitrogenada na cultura do milho os teores dos outros elemen- tio do milho não afetaram o estande até a dose de 120 kg ha-1 de N
tos também aumentavam, o que poderia ser explicado pela maior quando em plantio com espaçamento entre linhas de 45 cm e uso de
formação de raízes e conseqüente maior exploração do solo, evi- botinha a 12 cm de profundidade.
denciada pelo aumento dos teores foliares dos outros elementos e
• A redução de espaçamento na cultura do milho através do
pelo aumento da produtividade.
sistema linha dupla (espaçamento entre linhas de 30 cm + 50 cm)
• A aplicação de gesso no feijoeiro ocasionou queda acen- ocasionou maior produtividade quando comparada com o espaça-
tuada na produtividade. A análise de folha indicou diminuição mento tradicional (80 cm entre linhas). A resposta à redução do
considerável no teor de nitrogênio e a análise do grão uma redu- espaçamento dependeu do híbrido utilizado.
ção drástica no teor de molibdênio. Entre as possíveis explica- • A umidade do grão de milho no momento da colheita foi
ções, pensou-se que o enxofre do gesso, em quantidade excessi- maior nos tratamentos com redução do espaçamento entre linhas.
va, poderia estar inibindo a absorção do molibdênio o qual, por
sua vez, provocaria deficiência de nitrogênio na cultura gerando a
Em 2004:
queda de produtividade. Como cautela, passou-se a fazer sempre
o tratamento da semente com Mo e também a utilizar o Mo na • Plantas de milho com menor diâmetro do caule apresenta-
adubação foliar. ram espigas menores e de menor peso.

2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


• Na média dos híbridos, aproximadamente 15% de plan-
tas eram dominadas, o que representa um prejuízo enorme em
sementes considerando-se que estas tiveram custo e não gera-
ram espigas.
• Independente do híbrido, quanto maior a população de GDT – MAUÁ DA SERRA/PR
plantas utilizada, maior foi a porcentagem de plantas dominadas. Toshio Sérgio Watanabe, engo agrônomo,
• Houve menor porcentagem de plantas dominadas nos hí- MS, Coordenador
bridos de maior produtividade. Fones: (43) 3464-1291 / 9971-2081
Em 2005: Com o objetivo de alcançar altas produ-
• Ocorreu melhor nodulação na cultura da soja quando utili- tividades com sustentabilidade, foi criado em
zadas duas doses de inoculante líquido injetadas no sulco de plan- meados de 1998, sob a supervisão do Dr. Tsuio-
tio quando comparadas a duas doses na semente (Figuras 2 e 3), shi Yamada, o Grupo de Desenvolvimento de Tecnologia de Mauá
mostrando que, provavelmente, a aplicação do inoculante na se- da Serra (GDT–Mauá da Serra), formado por produtores da região e
mente perde eficiência por possível mortalidade causada pelo tra- técnicos da Cooperativa Integrada e Sementes Mauá.
tamento das sementes com fungicidas. O município, situado no Norte do Estado do Paraná, com
altitudes variando entre 800 e 1.100 m, possui clima subtropical
mesotérmico, de verões frescos e com ocorrência de geadas fre-
qüentes, não apresentando estações secas definidas. O solo pre-
dominante é o Latossolo Vermelho distroférrico. Iniciado em 1974,
atualmente 100% da área do GDT Mauá da Serra é cultivada em siste-
ma plantio direto na palha. Com metas bem definidas, o grupo pos-
sui vários trabalhos em andamento, buscando produtividade com
sustentabilidade e soluções específicas para problemas da região.
Mudanças tecnológicas significativas ocorreram após a cria-
ção do GDT–Mauá (Figura 4), entre elas podem-se citar: adubação
de sistema, manejo do nitrogênio, uso racional do calcário, manu-
tenção da fertilidade do solo e monitoramento das lavouras.

Figura 2. À esquerda: duas doses de inoculante na semente + duas


doses injetadas no sulco. À direita: somente duas doses na
semente.

Figura 4. GDT de Mauá da Serra-PR.

• Adubação do sistema
Figura 3. À esquerda: duas doses de inoculante na semente + duas
O conceito de adubação de sistema começou a ser adota-
doses injetadas no sulco. À direita: somente duas doses na
semente. do pelos produtores após vários ensaios, nos quais se verificou
que a soja praticamente não respondeu à adubação e o oposto
ocorreu com o milho e o trigo. Com base nestes resultados, parte ou
Para este ano, outros trabalhos ainda estão em andamento,
todo o adubo que seria utilizado na soja passou a ser aplicado no
como, por exemplo, relação entre diferentes fontes de fósforo e a
trigo ou no milho. A adoção desta tecnologia proporcionou acrésci-
produtividade do milho e da soja; estudo sobre a utilização do
mos no rendimento das gramíneas e agilizou a semeadura da soja,
cloreto de potássio, gesso agrícola e nitrato de potássio na incidên-
com aumento de produtividade para todas estas culturas.
cia de ferrugem asiática na soja; aplicação da dose total de N no
momento do plantio do milho. • Manejo do nitrogênio
Nós, do GDT POTAFOS–Uberlândia, estamos à disposição Uma tecnologia que trouxe grande avanço para região foi a
para trocar idéias e realizar experimentos, esperando estar contribu- utilização racional do nitrogênio. Mudanças simples, como na locali-
indo um pouco para a melhoria da agricultura brasileira. Contato zação, época de aplicação e doses, proporcionaram incrementos sig-
pelos telefones: (34) 3257-38-37, (34) 9124-9967. nificativos de produtividade. O aumento da quantidade de nitrogê-

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nio aplicada no sulco de plantio e a antecipação da cobertura nitro- Para fazer a adubação nitrogenada em pré-plantio é preciso
genada, duas práticas sem custos adicionais, aumentaram o rendi- observar alguns detalhes, como: altos teores de argila e de matéria
mento do trigo e do milho. E para que este potencial se expressasse orgânica do solo; fonte de N utilizada (a uréia pode facilitar a lixi-
foi necessário adequar as doses de nitrogênio de acordo com a pro- viação, sendo recomendável ter parte do N como sulfato ou nitrato
dutividade esperada. Cuidado especial também deve ser tomado em de amônio); modo de aplicação (preferível incorporado no sulco);
relação à fonte de nitrogênio, pois ela afeta o método de aplicação. presença de KCl na composição da fórmula (o ânion cloreto inibe a
Resultados de ensaio realizado na safra 2000/2001, onde fo- nitrificação favorecendo a permanência por mais tempo do N na
ram avaliados doses, método de aplicação e fontes de nitrogênio, forma amoniacal).
ilustra bem a importância do manejo de nitrogênio. Foi observada
• Uso racional do calcário
resposta crescente na produtividade do milho à adubação nitro-
genada até a dose de 180 kg ha-1 de N (Figura 5), com a concomi- A região de Mauá da Serra caracteriza-se pela baixa fertili-
tante redução na incidência de grãos ardidos (Figura 6). Observou- dade e alta acidez natural do solo, sendo imprescindível sua corre-
se também que não houve diferenças nas respostas à aplicação da ção através da calagem (Tabela 1). Entretanto, o uso excessivo de
fórmula 20-00-18 (mistura de grânulos de sulfato de amônio, uréia e calcário em superfície causou sérios problemas, principalmente na
cloreto de potássio) em pré-plantio, em cobertura, ou ainda metade cultura do trigo, com o aparecimento do “mal-do-pé” (Gaeumannomyces
em pré-plantio e metade em pós-plantio. No entanto, houve perda graminis). Outra característica importante da região é o alto teor de
na produtividade quando a fórmula 30-00-18 (mistura de grânulos matéria orgânica do solo, resultado de três décadas de plantio dire-
de uréia e cloreto de potássio) foi aplicada em pré-plantio. O que to. Não é raro encontrar teores de 4% de matéria orgânica na cama-
não se observou quando esta fórmula foi aplicada 100% em cober- da de 10 a 20 cm. A matéria orgânica, além de ser a base de todo o
tura ou ainda 50% em pré-plantio e 50% em pós-plantio (Figura 7). sistema, possibilita o uso da calagem de forma mais equilibrada.
Nestas condições, em trabalhos conduzidos pelo Dr. Mário Miya-
zawa, do IAPAR, colheu-se até 11.600 kg ha-1 de milho, 4.000 kg ha-1 de
soja e 4.000 kg ha-1 de trigo com o solo apresentando saturações por
bases em níveis baixos, suficientes apenas para neutralizar o alumí-
nio tóxico.

Tabela 1. Atributos de fertilidade de um solo de abertura e depois de


corrigido, em Mauá da Serra-PR.
Solo de abertura Solo corrigido
Atributos
0-10 cm 10-20 cm 0-10 cm 10-20 cm
pH (H2O) 4,6 4,7 5,9 5,4
Alumínio (cmol dm-3) 1,1 0,8 0,0 0,1
Figura 5. Produtividade de milho em função da adubação nitrogenada. Cálcio (cmol dm-3) 0,6 0,5 6,0 4,0
Magnésio (cmol dm-3) 0,4 0,3 2,1 1,8
Potássio (cmol dm-3) 0,09 0,06 0,59 0,34
Fósforo (Mehlich) (mg dm-3) 3 3 15 4
Matéria orgânica (%) 3,6 3,4 6,9 5,8
CTC (cmol dm-3) 11,99 9,66 13,4 12,9
Saturação por bases (%) 9,09 8,90 64,9 47,5

• Manutenção da fertilidade do solo


Após a correção da fertilidade do solo é necessária a sua
manutenção. Os agricultores de Mauá da Serra aprenderam esta
Figura 6. Porcentagem de grãos ardidos de milho em função da adubação lição na prática. Na década de 80 iniciou-se a rotação de cultura com
nitrogenada. a introdução do milho, devido ao aparecimento do tamanduá da
soja (Sternechus subsignatus). Inicialmente a cultura apresentou
boas produtividades, mas com o passar dos anos os rendimentos
caíram, mesmo com a introdução de novos híbridos e tecnologias.
Esta menor produtividade coincidiu com a introdução da aveia bran-
ca, que na época apresentava sérios problemas de acamamento. A
solução encontrada pelos produtores foi semear a aveia branca
sem o adubo. O que pareceu, a princípio, uma ótima solução, pois
diminuiu o problema de acamamento e reduziu o custo de produ-
ção, acabou se refletindo negativamente no rendimento do milho.

• Melhor monitoramento das lavouras


O acompanhamento dos históricos de cada lavoura com in-
Figura 7. Produtividade de milho em função da época de aplicação da formações sobre adubações, produtividades, análises de solo e de
fórmula NK. folha, entre outras, é essencial para a avaliação das tecnologias

4 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


empregadas. Para a correta utilização de qualquer tecnologia é fun-
damental o aprimoramento contínuo das técnicas de monitoramento,
e o GDT-Mauá tem orientado os produtores neste sentido.

DESAFIOS FUTUROS GDT–PIRASSUNUNGA


Um dos grandes desafios dos agricultores será controlar de Márcio Antonio Storto, engo agrônomo
forma racional a crescente incidência de pragas e doenças. Vários Coordenador
fatores têm contribuído para este aumento, entre eles o plantio de Fones: (19) 3561-9044 / 9784-4993
milho e soja após o feijão das águas, que prolongou o período
destas culturas no campo (Figura 8). A introdução do feijão na Em meados de abril de 2003 verificou-
rotação de culturas inicialmente pareceu um ótimo negócio, porque se freqüentes deficiências de manganês, boro
possibilitava a colheita de cinco safras em dois anos, além da e fósforo em amostras foliares tiradas de po-
otimização de máquinas e funcionários. Apesar das culturas pré e mares cítricos da região.
pós-feijão produzirem menos do que aquelas semeadas na época O manejo dos citros, até então, caracterizava-se pelo con-
ideal, a soma de duas culturas – feijão das águas/milho ou milho/ trole químico com herbicida sistêmico das ervas daninhas na proje-
feijão das secas ou feijão das águas/soja – garantia uma lucrativi- ção da copa das plantas e uso de roçadora ou grade ou mesmo
dade maior do que a obtida com a cultura isolada. Entretanto, a herbicida na entrelinha da cultura. O boro era usado via foliar e o
partir do momento em que as áreas com esta rotação começaram a cálcário como fonte de cálcio.
aumentar, cresceu também a incidência de pragas e doenças, dimi- Os pomares apresentavam queda significativa de produtivi-
nuindo a produtividade e o rendimento econômico. dade, plantas com copa de formato arredondado, ramos curtos e
folhas pequenas, sistema radicular superficial e pobre em radicelas.
Milho As plantas vegetavam mas não cresciam.
Setembro a Fevereiro Diante destes fatos, dez produtores da região de Pirassu-
2003 2004
1 mês de pousio nunga-SP se comprometeram em formar um grupo de manejo susten-
tável e em outubro de 2003 formou-se o GDT de Pirassununga,
coordenado pelo engenheiro agrônomo Márcio Antonio Storto,
Aveia orientado pelo Dr. Yamada, da POTAFOS, e assessorado na época
branca Trigo
TRADICIONAL Abril a Agosto
por Marcus Del Bel Pereira, acadêmico da ESALQ e estagiário da
Abril a Agosto
POTAFOS, hoje já formado e preparando-se para estudar na Ale-
2005 2005 2004 2004
manha, e substituído pelos estagiários Fabrizzio de Sousa Canta-
gallo e Maurício Akira Okubo. O unido grupo de 12 citricultores
Soja (Figura 9) desempenha com entusiasmo e garra as orientações re-
2 meses de pousio
Novembro a Março cebidas, gerando invejável quantidade de informações práticas.
2004 2005

Tradicional Feijão das águas


Ago/Set a Jan/Fev
2003 2004

Aveia branca Milho safrinha


Abr a Ago INTENSIVO Jan/Fev a Mai/Jun
2005 2005 2004 2004

Soja Trigo
Nov a Mar Mai/Jun a Out/Nov
Figura 9. GDT de Pirassununga-SP.
2004 2005 2004 2004
Dentre as principais técnicas adotadas pelos citricultores
Figura 8. Sistemas de rotação de culturas utilizados na Região de Mauá da pode-se citar:
Serra-PR.
• Quebra do paradigma de que o uso do gesso seria danoso
É possível que a realização mais importante do GDT–Mauá aos citros; isto porque a competição do ânion sulfato na absorção
da Serra tenha sido a de ajudar os agricultores a visualizar o sistema do ânion molibdato é compensada pela aplicação foliar de Mo.
de produção de forma mais abrangente, introduzindo algumas mo- • Uso de ulexita via solo como fonte de boro, que é mais
dificações nas tecnologias já conhecidas de todos. E também a de eficiente que fontes mais solúveis.
reforçar a importância do trabalho em equipe na busca de soluções • Amostragem do solo em duas profundidades (0-10 cm;
para os problemas comuns. 10-20 cm) e em dois locais (no meio da rua e embaixo da saia).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 5


• Consciência do uso de nutrientes via foliar, principalmente das pelo Dr. Tsuioshi Yamada, da POTAFOS, e pelo Prof. Dr. Paulo
K, Zn, Mn, Cu, Fe e Mo. Também do nitrato de potássio. Roberto de Camargo e Castro, da ESALQ-USP.
• Busca incansável de produção de massa vegetal na entre- Os objetivos do grupo são:
linha da cultura, para reciclagem de nutrientes e redução da • Desenvolver e divulgar tecnologia para Sistema Agrícola
acidificação do solo. Sustentável com Colheita Econômica Máxima (SASCEM) e
• Acreditar que o melhor herbicida é o mato bem adubado, • Formar profissionais dinâmicos, comunicativos, críticos,
que quando lançado debaixo da copa das plantas diminui a incidên- éticos e capacitados para o mercado.
cia de ervas daninhas e aumenta o teor de matéria orgânica.
Para o cumprimento da missão, o grupo realiza diversas ati-
• Uso de herbicida de contato junto com solução aquosa de vidades, dentre elas:
nitrato de amônio, se houver necessidade de controle químico do
• Experimentos científicos na ESALQ e em propriedades ru-
mato.
rais;
• Necessidade de auxiliar na mineralização da matéria orgâni-
• Atividades extensionistas através de simpósios, workshops,
ca para liberação dos nutrientes para o sistema com adubo nitro-
campos de demonstração e dias de campo.
genado e
• Difusão do conceito SASCEM – Sistema Agrícola Susten-
• Melhor entendimento da dinâmica do nitrogênio neste pro-
tável para Colheita Econômica Máxima – através de clínica agronô-
cesso.
mica em culturas anuais e perenes.
Com estas práticas simples, fáceis de entender e adotar, os
pomares melhoraram significativamente. A copa das plantas já apre- Nossos experimentos visam aumentar a eficiência do siste-
senta ramos longos e folhas grandes (Figura 10), conseqüência da ma de produção e entender os fatores envolvidos na ocorrência de
recuperação do sistema radicular através de seu aprofundamento pragas e doenças nas culturas.
no solo e reposição freqüente de pontos de absorção. As plantas O grupo atua também com clínica agronômica para grupos
vegetam, crescem e produzem mais. de produtores, num total de 30 propriedades em diversas regiões
do Estado de São Paulo, a maioria delas de citricultores. Esses
grupos desfrutam de acompanhamento de pelo menos um integrante
do GDT–POTAFOS/ESALQ através de visitas rotineiras.
Entre as práticas preconizadas temos: “adubação do mato”,
uso de roçadeiras laterais, uso de adubação boratada, redução do
uso de herbicidas, utilização do gesso e adubações conforme
análises de solo e folha. Até o momento, todas as fazendas que
adotaram o sistema foram beneficiadas, algumas em maior proporção
que outras. Benefícios estes relacionados a: aumento de produtivi-
dade, maior vigor dos pomares, maior resistência às condições
edafoclimáticas e menor ataque de pragas e doenças.
Também são realizados experimentos, dias de campo (Figu-
ra 11) e campos de demonstração com esses grupos.

Figura 10. Recuperação do pomar após a adoção das técnicas do GDT:


novos lançamentos de ramos, folhas grandes.

GDT–POTAFOS/ESALQ
Eduardo Kawakami, acadêmico do 5o ano,
Coordenador
Fones: (19) 3435-5219 / 9764-3664 / 3433-3254
Desde 2000 a POTAFOS vem trabalhan-
do com estudantes de agronomia, de acordo Figura 11. Dia de campo com produtores.
com contrato firmado com a diretoria da ESALQ.
Em 2004 formou-se o GDT–POTAFOS/ESALQ, Nosso grupo tem trabalhado duro, buscando melhorias para
composto por 12 alunos de graduação da ESALQ-USP: Eduardo a agricultura brasileira, para torná-la mais competitiva. Estamos
Kawakami (5° ano), Fabrizzio Cantagallo (5° ano), Carlos Eduardo focalizando nossos esforços na consultoria, para que mais pro-
Schieri (4° ano), Flávio B. Marques (4° ano), Victor Bertanha (4° ano), dutores tenham conhecimento de nosso grupo e possam se bene-
Alberto Ricordi (3° ano), Maurício Okubo (3° ano), Alonso Rezen- ficiar dele. Nossa meta é que todos os produtores alcancem o
de Jr. (2° ano), Carlos E. Tomaz (2° ano), Karen Ikemori (2° ano) e SASCEM. O GDT–POTAFOS/ESALQ é um grupo aberto, disposto
Ana Luiza Melo (2° ano). As atividades do grupo são supervisiona- a auxiliar e assessorar a todos os interessados.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


O QUE PENSA O AGRICULTOR SOBRE O MANEJO SUSTENTÁVEL
M.O.: E em relação ao custo de produção e
produtividade?
J.M.P.: Existe uma perspectiva de redução de cus-
tos devido a melhor sanidade do pomar, reciclagem de
GDT–POTAFOS/ESALQ nutrientes e diminuição de gastos com o controle das plan-
Entrevista feita por Maurício Okubo, tas daninhas. A produtividade em 2004 foi ótima, atingin-
acadêmico do 3o ano, do patamares acima dos esperados. Podemos dizer que
integrante do GDT POTAFOS/ESALQ o pomar está mais produtivo e sustentável.

José Mauro Pereira é citricultor; M.O.: Quais as vantagens do novo manejo?


proprietário de 63 ha em Pirassununga, SP, J.M.P.: A vantagem desse novo manejo é que ele
onde cultiva 27.300 plantas. Integrante do proporciona pomares mais sadios e ecologicamente sus-
GDT–Pirassununga, trabalha em sua pro- tentáveis com a menor utilização de agroquímicos. Além
priedade com o manejo sustentável desde 2001, quando disso, também almejamos a regularidade e a redução dos
deixou de utilizar herbicida e passou a utilizar a roçadeira custos de produção, proporcionando uma atividade mais
ecológica para o controle do mato. estável e lucrativa para o produtor.
M.O.: Quais as dificuldades encontradas na im-
plantação do novo sistema de manejo?
J.M.P.: Como todo novo manejo adotado, encon-
tramos dificuldade principalmente na sua fase de implan-
tação. Embora já tínhamos decidido pelo plantio da
Brachiaria ruziziensis na área, a disponibilidade de se-
mentes no mercado era bastante reduzida. Com isso, não
conseguimos semear a gramínea no momento adequado,
prejudicando a boa formação do mato. Além disso, esta-
mos encontrando certa dificuldade em relação à implanta-
ção de leguminosas na área, conforme o desejo do grupo.
M.O.: Como vê o futuro deste sistema de ma-
nejo sem herbicida?
J.M.P.: Por ser um sistema em fase inicial de ado-
ção, às vezes nos sentimos um pouco inseguros quanto
aos procedimentos a serem adotados. Muitas respostas
que procuramos ainda não existem, sendo necessário que,
inicialmente, o produtor se adapte aos recursos existen-
tes em sua propriedade.
M.O.: Qual o papel do GDT na evolução do
M.O.: Por que vocês decidiram mudar o mane-
manejo sustentável?
jo do pomar?
J.M.P.: O GDT tem um papel fundamental na bus-
J.M.P.: Decidimos pela mudança do manejo face a
ca e difusão de novas tecnologias, e com o trabalho em
certas constatações: decadência rápida dos pomares; po-
grupo poderemos nos aproximar do sistema ideal. É impor-
mares muitos sensíveis aos constantes estresses hídri-
tante que o produtor tente aprimorar essas novas idéias,
cos; irregularidade de produção (alternâncias de anos com
fazendo testes em sua propriedade e trocando o máximo
boas e anos com baixas produções); custos de produção
de informações com os membros do grupo e com outros
cada vez mais elevados com aumentos constantes de pra-
profissionais do ramo, para que as respostas às nossas
gas e doenças. Passamos, então, a adotar o mato como
perguntas, junto com o embasamento científico necessá-
parceiro e não mais como concorrente. Adotamos também
rio para a área, estejam disponíveis o mais rápido possível.
medidas complementares como aplicações de gesso e de
boro e correções foliares com nutrientes específicos, in- Além disso, o grupo desenvolve atividades de cam-
clusive com molibdênio. po onde é possível observar como os pomares vêm evo-
luindo. Em algumas dessas atividades tivemos a oportu-
M.O.: Como o pomar vem reagindo ao manejo
nidade de conhecer pesquisadores de outros países, que
sustentável?
têm a mesma linha de pensamento do grupo. Entre eles,
J.M.P.: Podemos notar que o pomar reagiu positi- podemos destacar o Prof. Volker Römheld, que provavel-
vamente à mudança de manejo. As folhas estão com as- mente irá orientar meu filho (ex-estagiário do GDT) em
pecto mais saudável, as brotações mais vigorosas e uni- seu programa de pós-graduação na Universidade de Hohe-
formes, maior tolerância à seca e maior uniformidade da nheim na Alemanha, onde buscará obter respostas às
produção. Além disso, a incidência de pragas e doenças nossas dúvidas, principalmente sobre o papel do glifosato
diminuiu significativamente. na incidência de doenças.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 7


NUTRIÇÃO X DOENÇAS

SIMPÓSIO DISCUTE RELAÇÕES ENTRE NUTRIÇÃO


MINERAL DE PLANTAS E OUTROS FATORES ABIÓTICOS
E A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS DE PLANTAS
Tsuioshi Yamada1

P
romovido pela POTAFOS, realizou-se de 28/02 a Sérgio F. Pascholati, ESALQ-USP [fone: (19) 3429-4124;
01/03/2005, em Piracicaba-SP, o Simpósio sobre e-mail:sfpascho@carpa.ciagri.usp.br], discorreu sobre os mecanis-
“Relações entre Nutrição Mineral e Incidência de mos bioquímicos na resistência de plantas às doenças. Mostrou
Doenças de Plantas”. que as plantas podem servir de hospedeiro para inúmeros micror-
O Simpósio constituiu-se de quatro painéis: ganismos capazes de ocasionar doenças infecciosas. E que em fun-
ção da presença desses patógenos, representados na maioria das
Painel 1. A defesa vegetal
vezes por fungos, bactérias e vírus, as plantas podem exibir altera-
Painel 2. Nutrição mineral e doenças de plantas ções no hábito de crescimento e na produção, sendo que em muitos
Painel 3. Outros fatores abióticos e as doenças e casos o vegetal acaba morrendo. Para um patógeno infectar uma
Painel 4. Mesa redonda sobre a ferru- planta é necessário que o mesmo consiga
gem da soja. penetrar e colonizar os tecidos do hospedei-
Práticas culturais como ro, retirar deles os nutrientes necessários para
Palestrantes brasileiros e do exterior sua sobrevivência, bem como neutralizar as
rotação de culturas,
trouxeram suas experiências e proporciona- reações de defesa das plantas. Para isso, utili-
adubação orgânica,
ram ampla discussão sobre este tema de suma za-se principalmente de substâncias tais como
importância para o país. Haja visto o que calagem, preparo do solo
enzimas, toxinas e hormônios, cuja importân-
ocorre hoje com a ferrugem da soja, que qua- e irrigação influenciam a
cia varia grandemente nas interações hospe-
se inviabiliza a produção desta importante incidência de doenças deiro-patógeno.
leguminosa pelo aumento que trouxe no cus- porque elas afetam as
Continuou o palestrante explicando
to de produção, mormente àqueles produto- atividades microbianas no
que, com base em estudos realizados na área
res que não conseguiram compensar o custo solo e, assim, podem que envolve a fisiologia e a bioquímica fito-
do controle da doença com o aumento na afetar a disponibilidade de patológica, os cientistas puderam descobrir
produtividade. nutrientes para as plantas os diferentes mecanismos de resistência utili-
zados pelos vegetais na luta contra os fito-
PAINEL 1 – A DEFESA VEGETAL patógenos. Que, por questão didática, são
divididos em pré e pós-formados, isto é, os que existem antes e os
Neste painel foram discutidos os papéis das membranas que são ativados após a chegada do patógeno. No caso dos pré-
plasmáticas, os mecanismos bioquímicos e o modo de ação dos formados, citou fatores estruturais, como cutícula, tricomas, estô-
fungicidas na resistência contra doenças de plantas. matos, vasos condutores ou fatores bioquímicos, os quais envol-
Ricardo Ferraz de Oliveira, ESALQ-USP [fone: (19) 3429- vem a presença de fenóis, alcalóides, fitotoxinas, glicosídeos ciano-
4136, e-mail: rfolivei@esalq.usp.br], iniciou o painel com uma pa- gênicos e glicosídeos fenólicos. E que para os pós-formados, as
lestra muito bem ilustrada sobre “Membranas plasmáticas e papéis barreiras estruturais podem envolver a lignificação, suberificação,
na resistência contra doenças de plantas” em que apresentou em formação de papilas e de camadas de abscisão e de cortiça, bem
detalhes a constituição e as funções da célula e das membranas. como as tiloses. Os bioquímicos pós-formados podem englobar o
Explicou que toxinas produzidas por patógenos alteram a permea- acúmulo de fitoalexinas e de proteínas relacionadas à patogênese
bilidade das membranas celulares. E que existiriam três hipóteses (PR-proteins), bem como a atividade de quitinases e β-1,3-gluca-
para explicar como ocorreria esta alteração na permeabilidade: nases. Ressaltou que o objetivo final da atuação desses diferentes
mecanismos é evitar ou atrasar a entrada de um microrganismo no
(1). Receptores da membrana plasmática que interagem dire-
interior da planta, bem como criar condições adversas para a colo-
tamente com o patógeno ou com seu metabólito;
nização dos tecidos vegetais pelo mesmo.
(2). Interação do patógeno com as ATPases afetando a eletro-
Concluiu dizendo que a palestra procurou ilustrar o papel de
fisiologia da célula;
alguns dos mecanismos de resistência durante as interações entre
(3). Disfunção da membrana devido ao mau funcionamento plantas e patógenos, bem como o possível uso desse conhecimen-
dos cloroplastos e das mitocôndrias que são fornecedores de ener- to na prática, como uma maneira racional e segura para o controle
gia para manutenção e reparação da membrana. de doenças nas plantas.
Fernando C. Juliatti, da Universidade Federal de Uber-
lândia [fone: (34) 3218-225, ramal 202; e-mail: juliatti@ufu.br], encer-
1
Engenheiro Agrônomo, M.S., Doutor, Diretor da POTAFOS; e-mail: rou o Painel 1 falando sobre o modo de ação dos fungicidas contra
yamada@potafos.com.br as doenças de plantas. Explicou que os fungicidas são compostos

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
químicos de amplo uso no controle de doenças de plantas com Don Huber, Purdue University, EUA [fone: 1 (765) 494-4652,
ação protetora, curativa ou sistêmica. Mencionou que os indutores e-mail: huberd@purdue.edu], iniciou sua palestra mencionando
de resistência não agem como fungicidas inibidores do crescimen- que em larga medida a nutrição mineral determina a resistência ou
to micelial e da esporulação, mas sim apenas induzem os sistemas a suscetibilidade das plantas aos patógenos. E que práticas cultu-
de defesa da planta, pela produção de fitoalexinas e compostos rais como rotação de culturas, adubação orgânica, calagem, prepa-
fenólicos, que são letais a diferentes pató- ro do solo e irrigação influenciam a incidên-
genos de plantas. A Tabela 1 apresenta al- cia de doenças porque elas afetam as ativi-
O potássio tem papel
guns dos princípios e modos de ação dos dades microbianas no solo e, assim, podem
fungicidas. importante na conversão de alterar a disponibilidade de nutrientes para
açúcares e compostos as plantas. Citou que muitas doenças são
Comentou que o sistema de plantio
direto com a formação da “ponte verde”, re-
nitrogenados simples em controladas pela integração dos efeitos es-
presentada por culturas consecutivas e em compostos de alto peso pecíficos dos nutrientes minerais com as prá-
sucessão, permitiu a perpetuação e a manu- molecular como celulose, ticas culturais que os influenciam, junto com
tenção constante do inóculo junto ao hos- amido ou proteína, ao invés resistência genética, cuidados sanitários e
pedeiro. E que hoje, mais que no passado, é de sacarose, frutose ou controle químico. Os nutrientes minerais
maior o uso de fungicidas nas culturas de aminoácidos que se estariam diretamente envolvidos em todos
soja, algodoeiro, milho, cafeeiro e hortaliças os mecanismos de defesa como componen-
acumulam na biomassa de
devido a epidemias como a cercosporiose tes de células, substratos, enzimas e carre-
plantas em condições de
do milho, a ferrugem da soja, a mancha de gadores de elétrons, ou como ativadores,
baixo nível de K ou de inibidores ou reguladores do metabolismo.
ramulária do algodoeiro, que desestabilizam
baixa relação K/N, e que são
os atuais sistemas de produção. Concluiu A adubação mineral poderia compen-
alertando que se não houver um bom mane-
fontes de alimentos para
doenças e pragas sar os efeitos das doenças que reduzem a
jo do inóculo, através do rompimento das absorção (por exemplo, podridão de raízes),
relações patógeno-hospedeiro, o atual mo- a translocação (por exemplo, doenças vas-
delo agrícola será insustentável. culares) ou a redistribuição (por exemplo, manchas foliares, podri-
dões) através da maior abundância de nutrientes para as plantas ou
PAINEL 2 – NUTRIÇÃO MINERAL E DOENÇAS pela inibição da virulência e da sobrevivência do patógeno. Conti-
nuando, disse que determinado nutriente pode reduzir certos pató-
DE PLANTAS
genos mas aumentar outros, e ter efeito oposto com a modificação
Os papéis dos nutrientes minerais na resistência às doen- do ambiente, da dose ou da época de aplicação. Citou, como exem-
ças foram discutidos por Don Huber (N e S), Volker Römheld (P, K, plo, que a maioria das plantas pode absorver tanto o N-amoniacal
Ca e Mg) e Ismail Cakmak (micronutrientes). Como na resistência como o N-nítrico ou o K de seus sais de cloreto ou de sulfato,
às doenças os nutrientes atuam coletiva e não individualmente, contudo, o efeito na doença pode ser bem diferente dependendo da
houve, como dizia Coutinho, o saudoso técnico da seleção brasilei- forma ou da fonte aplicada. O Fe e o Mn são absorvidos pelas
ra de futebol, alguns “overlappings” nas apresentações dos pales- plantas só na forma reduzida; já o P e o S são absorvidos principal-
trantes. Com um ponto em comum: o importante papel do Mn na mente nas formas oxidadas de fosfato e de sulfato. O Mn apresenta
resistência contra as doenças. Cuja disponibilidade para a planta interesse especial pelo papel que desempenha na fotossíntese, nos
pode ser afetada pela forma de N no solo (aumentada pelo N-amo- metabolismos do carbono e do nitrogênio, nas interações hormonais
niacal e diminuída pelo N-nítrico) e pelo KCl (o cátion K pode des- e na resistência às doenças. Citou, ainda, que plantas de milho e de
locar Mn trocável para a solução do solo; o ânion cloreto pode soja geneticamente modificadas (GM) para resistência ao glifosato
inibir a nitrificação, provocando predomínio da forma amoniacal). eram menos eficientes na absorção de Mn que as plantas conven-

Tabela 1. Processos vitais dos fungos fitopatogênicos interrompidos por diversos fungicidas.

Grupo químico Fungicida Mecanismo de ação


Enxofre Sulfurados Cadeia respiratória (transporte de elétrons)
Cúpricos Cobres fixos Inativação de enzimas essenciais - Grupo SH da metionina
Ditiocarbamatos Maneb, Zineb, Mancozeb Inativação de enzimas essenciais
Nitrogenados heterocíclicos Captan, Captafol Inativação de enzimas essenciais
Nitrilas Clorotalonil Inativação de enzimas essenciais
Guanidina Dodine Permeabilidade de membranas
Compostos aromáticos PCNB Permeabilidade de membranas
Benzimidazóis Benomil, Tiofanato Metílico Inibição da síntese de DNA
Oxatinas Carboxin, Oxicarboxim Inibição do oxigênio na cadeia de transporte de elétrons
Organofosforados Kitazim, Ediphenphos Inibição da síntese de quitina
Triazóis Tridimefon, Triadimenol, Propiconazole, Triciclazol Bloqueio na biossíntese de Ergosterol
Acilalaninas Metalaxyl, Furalaxyl Inibição da biossíntese de RNA
Morfolinas Tridemorph, Dodemorph Cadeia de transporte de elétrons

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 9


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
cionais. Sugeriu, assim, que fossem escolhidos as cultivares GM No caso do Mg, continuou Volker Römheld, condições de K
mais eficientes para os solos com baixos teores em Mn ou com alto e pH baixo podem provocar sua deficiência, aumentando a
condições ambientais favoráveis para menor disponibilidade de Mn suscetibilidade das plantas às doenças. Isto porque a deficiência
(como alto pH, alto teor de matéria orgânica). Citou, ainda, que de Mg induz ao acúmulo de açúcares, que liberados no apoplasto
glifosato nos exsudatos das raízes de plantas GM alterava a micro- das folhas funcionam como substrato para patógenos.
flora da rizosfera e era tóxico para os organismos redutores de man- Continuando sua apresentação, Volker Römheld citou que
ganês, que são importantes na manutenção da disponibilidade do para o cálcio existem muitas respostas positivas no aumento à re-
Mn divalente (Mn2+) para a absorção radicular. sistência contra doenças e pragas devido à função específica deste
Concluiu dizendo que, como na maioria das mudanças nas nutriente na estabilização das paredes celulares e das membranas
práticas agrícolas, a implementação da tecnologia da engenharia plasmáticas, impedindo, assim, a invasão das plantas por doenças
genética pode mudar muitos fatores não-alvo, e pragas. Mencionou ainda que, particular-
devido às interações existentes dentro do sis- mente sob condições de estresse abiótico (por
tema planta-patógeno-ambiente. E que estas O controle químico exemplo, baixa temperatura, baixo oxigênio),
mudanças precisam ser consideradas no pro- é um enfoque largamente uma maior disponibilidade de Ca é requeri-
grama geral de manejo da cultura – junto com aplicado para minimizar as da para garantir o funcionamento apropriado
o desenvolvimento de meios para neutralizar perdas relacionadas com das membranas plasmáticas a fim de evitar
quaisquer efeitos negativos –, antes da ado- doenças. Mas esta vazamentos de constituintes celulares solú-
ção generalizada da nova tecnologia. estratégia, além de aumentar veis que servem de substrato para pragas e
o custo de produção, gera doenças. O cálcio inibiria ainda a atividade
Volker Römheld, Hohenheim Uni- grande diversidade de da poligalacturonase dos patógenos do tipo
versity, Alemanha [fone: 49 (711) 459-2344, problemas adversos que macerador.
e-mail: roemheld@uni-hohenheim.de], iniciou ameaçam o ecossistema e Quanto ao P, citou o palestrante que
sua palestra sobre os papéis do P, K, Ca e a saúde humana são contraditórios os dados disponíveis so-
Mg na resistência das plantas às doenças bre a relação entre o estado nutricional em P
dizendo que o principal objetivo da produ- e a resistência às doenças. E que, teorica-
ção moderna de plantas é a de garantir alimentos de boa qualidade mente, um baixo nível de P na planta provocaria um elevado vaza-
e com menor risco à saúde humana. E que a adubação balanceada mento de assimilados através das membranas plasmáticas e, assim,
era a melhor maneira de atingir tal objetivo, pois ao proporcionar aumento na suscetibilidade às doenças. Por outro lado, seria de se
maior sanidade às plantas permite a redução do uso de defensi- esperar que o menor suprimento de P no solo (baixo nível de P no
vos químicos. solo) poderia ser compensado pela maior infecção das raízes por
Citou que o potássio tem papel importante na conversão de fungos micorrízicos arbusculares que ajudam a melhorar a saúde
açúcares e compostos nitrogenados simples em compostos de alto das plantas. E que a adubação fosfatada com fontes ácidas, como o
peso molecular como celulose, amido ou proteína, ao invés de saca- superfosfato e o MAP, pode aumentar a disponibilidade de Mn e Si
rose, frutose ou aminoácidos que se acumulam na biomassa de e, assim, aumentar a resistência às doenças.
plantas em condições de baixo nível de K ou de baixa relação K/N Concluiu sua palestra afirmando que num sistema de produ-
(Figura 1), e que são fontes de alimentos para doenças e pragas. E ção com alta pressão de patógenos, as plantas podem melhorar seu
que, das fontes potássicas, o cloreto de potássio tem efeito supres- sistema de defesa através do manejo adequado da adubação (incluin-
sor da doença “mal-do-pé” (Gaeumannomyces graminis) do trigo devi- do aqui o manejo da rizosfera). E, ainda, que as interações negati-
do ao efeito do ânion cloreto como inibidor da nitrificação, dando vas de alguns defensivos químicos que podem bloquear os meca-
maior estabilidade ao N-amoniacal, que, após absorção pelas plan- nismos naturais de defesa das plantas devem ser consideradas muito
tas, acidifica a rizosfera. E esta acidificação aumenta a disponibilida- cuidadosamente não só em relação à saúde destas, mas também à
de de Mn e de Si, que ajudam na supressão do “mal-do-pé” do trigo. do solo e do à do ecossistema em geral.

Ismail Cakmak, Sabanci University, Turquia [fone: 90 (216)


483-9524; e-mail: cakmak@sabanciuniv.edu]
Iniciou sua palestra mencionando que as culturas são
freqüentemente sujeitas a inúmeras doenças e pragas, com perdas
econômicas consideráveis em todo o mundo. Que o controle quími-
co das doenças (por exemplo, com fungicidas) é um enfoque larga-
mente aplicado para minimizar as perdas relacionadas com doen-
ças. Mas que esta estratégia, além de aumentar o custo de produ-
ção, gera grande diversidade de problemas adversos que ameaçam
o ecossistema e a saúde humana. Comentou que o desenvolvimen-
to de métodos alternativos de controle de doenças sempre foi área
de alta prioridade para a pesquisa, com atenção especial dada ao
K1 K2 K3 melhoramento, na seleção de genótipos de plantas com alta resis-
tência ou tolerância às doenças. E que, mais recentemente, o desen-
Figura 1. Efeito do suprimento de potássio na defesa da planta (batata) volvimento de agentes biológicos no controle de patógenos tem
contra Alternaria. O suprimento adequado de K pode combater atraído a atenção de muitos pesquisadores. Continuou dizendo que,
efeitos negativos do alto suprimento de N. independentemente do enfoque usado no controle das doenças, o

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
estado nutricional das plantas afeta substancialmente sua resistên- tência das plantas às doenças poderia ser melhorada através da
cia contra patógenos. alteração das respostas da planta ao ataque do parasita, com au-
Comentou que um aspecto importante na infecção de teci- mento da síntese de toxinas (fitoalexinas) que agem como subs-
dos vegetais é a maior disponibilidade de exsudados, como carboi- tâncias inibidoras ou repelentes, e da formação de barreiras mecâ-
dratos e aminoácidos liberados das células dos tecidos foliares e nicas.
radiculares para o apoplasto, sendo, então, fatores decisivos na Citaram resultados de pesquisa com o silício reduzindo a
atração e na rápida multiplicação de patógenos nestes tecidos. A incidência de doenças em arroz, cana-de-açúcar, sorgo, milheto,
taxa de liberação de exsudados das células é altamente dependente trigo, milho e outras gramíneas, e da antracnose e do oídio em
da integridade estrutural das membranas celulares. Assim, qualquer pepino. Concluíram afirmando que o uso de Si na agricultura po-
dano na estabilidade da membrana pode causar liberação massiva derá contribuir de forma significativa para a redução no uso de
de compostos orgânicos para fora das células, proporcionando um defensivos agrícolas e, assim, amenizar o impacto ambiental des-
meio muito conveniente de multiplicação dos patógenos. Dois tes produtos.
micronutrientes teriam papéis importantes na estabilidade de mem-
branas: o zinco (Zn) e o boro (B). Além disso, Zn e B exercem ações Paulo Roberto de Camargo e Castro, ESALQ-USP
protetoras contra o danoso ataque dos altamente tóxicos radicais [fone: (19) 3429-4268 ramal 214; e-mail: prcastro@esalq.usp.br] fa-
livres de oxigênio. Creditou a ação benéfica lou sobre as implicações hormonais na in-
do manganês (Mn) e do cobre (Cu) contra as cidência de doenças de plantas. Mencionou
doenças ao papel que eles exercem na bios- Dada a importância dos que os hormônios vegetais são substâncias
síntese de lignina e de fenólicos, que agem micronutrientes nos orgânicas biologicamente ativas produzidas
como barreiras física e química contra a pe- mecanismos de resistência nas células vegetais capazes de promover,
netração dos patógenos. O cobre seria tam- das plantas contra patógenos, inibir ou modificar processos morfológicos
bém tóxico diretamente para os patógenos, o estes deveriam ser e fisiológicos das plantas. E que os hormô-
que explicaria seu extensivo uso como fun- monitorados através de nios dos grupos das auxinas, giberelinas,
gicida. Citou também a maior sensibilidade análises de solo e de planta citocininas, ácido abscísico e etileno, além
aos patógenos das plantas deficientes em dos jasmonatos e do ácido salicílico, possuem
para mantê-los sempre dentro
níquel (Ni), silício (Si) e cloro (Cl). Concluiu implicações com doenças das plantas. Citou
afirmando que, dada a importância dos micro- dos níveis adequados que organismos fitopatogênicos modificam
nutrientes nos mecanismos de resistência das a atividade dos hormônios endógenos e que
plantas contra patógenos, estes deveriam ser monitorados através pelo menos 75 espécies de fungos, pertencentes a 35 gêneros, as-
de análises de solo e de planta para mantê-los sempre dentro dos sim como muitas bactérias, produzem hormônios. Dentre os fun-
níveis adequados. gos, isolados em meio de cultura ou na planta, são bem conhecidos:
Gibberella, Exobasidium, Taphrina e Ustilago.

PAINEL 3 – OUTROS FATORES ABIÓTICOS Robert Kremer, University of Missouri [fone:1(573) 882-
E AS DOENÇAS 6408; e-mail: KremerR@missouri.edu] trouxe para a audiência os
resultados recentes de suas pesquisas, principalmente sobre o
O painel 3 constou de três palestras sobre três importantes efeito do glifosato aplicado em soja RR. Citou que certos pesticidas
fatores abióticos – o silício, os reguladores de crescimento (hor- aplicados ao solo aumentam a infecção das raízes das plantas
mônios vegetais) e os herbicidas – e respectivos efeitos sobre as tanto por microrganismos fitopatogênicos como por saprofíticos
doenças. do solo e aumentam o desenvolvimento ou a severidade de doen-
Gaspar Korndörfer, Universidade Federal de Uberlândia ças radiculares. E que a exsudação aumentada de substâncias atra-
[fone: (34) 3218-2225 ramal 215/216; e-mail: ghk@triang.com.br] e vés das raízes da planta causada por herbicidas estimularia o cres-
Fabricio Rodrigues de Ávila [fone: (31) 3899-2620; e-mail: cimento e a colonização das raízes por fitopatógenos do solo. Se-
fabricioarodrigues@ hotmail.com] falaram sobre os papéis do silí- gundo o pesquisador, os herbicidas de pós-emergência geralmente
cio na resistência às doenças de plantas. Mencionaram que são reduziriam a severidade de doenças de plantas por estimularem a
inúmeros os trabalhos que relatam o papel do Si no aumento da produção de compostos antimicrobianos (fitoalexinas) nos tecidos
resistência das plantas aos patógenos fúngicos. E que o acúmulo das folhas. Que a produção atual de soja depende grandemente do
de Si nas células da epiderme das folhas torna-as mais eretas, au- uso de cultivares transgênicas resistentes a glifosato (soja RR).
menta a eficiência fotossintética e as transforma numa barreira físi- Destacou que os impactos do cultivo generalizado de cul-
ca efetiva à penetração de patógenos. Explicaram que a função do turas geneticamente modificadas e o uso de uma classe de herbi-
Si incorporado à parede celular é análoga à da lignina, um compo- cidas em agroecossistemas, especialmente sobre os efeitos poten-
nente estrutural resistente à compressão. Que os mecanismos de ciais nos processos biológicos, incluindo atividade fitopatogênica
defesa mobilizados pelo Si incluiriam a acumulação de lignina, com- e incidência de doenças, vêm recebendo bastante atenção. Comen-
postos fenólicos e peroxidases, sendo que a lignina geraria uma tou que o glifosato é sistêmico na planta e sofreria pouca ou nenhu-
estrutura capaz de proteger e resistir ao ataque microbiano. E que a ma metabolização na maioria das plantas. Assim, seria prontamente
barreira física ou mecânica proporcionada pelo silício nas células translocado para os drenos metabólicos, incluindo as raízes das
não seria o único mecanismo de resistência à penetração de fungos plantas, e eventualmente liberado na rizosfera, junto com outros
ou ataque de insetos. Isto porque resultados recentes de pesquisa compostos derivados das plantas. Devido a relatos anteriores afir-
apontam que o Si age no tecido hospedeiro afetando os sinais entre mando que o glifosato induziria infecção radicular em plantas dani-
o hospedeiro e o patógeno, resultando em uma ativação mais rápi- nhas e culturas suscetíveis por fungos da rizosfera, o autor formu-
da e extensiva dos mecanismos de defesa da planta. Assim, a resis- lou a hipótese de que a soja RR seria mais suscetível à infecção

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 11


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
radicular por fungos do que a soja convencional não-transgênica. alvo se, de acordo com a literatura, ele é rapidamente adsorvido
A pesquisa foi justificada com base em vários relatos da aparente pelos colóides do solo. Citou que a passagem do glifosato da plan-
maior freqüência de incidência de doenças em soja RR do que em ta-alvo para a planta-não alvo já tinha sido demonstrada por
soja convencional. Rodrigues et al. [Exudation of glyphosate from wheat (Triticum
Estudos de campo conduzidos em Missouri, nos Estados aestivum) plants and its effects on interplanted corn (Zea mays)
Unidos, para determinar os efeitos do glifosato aplicado em cultiva- and soybeans (Glycine max). In: Weed Science, v. 30, n. 2, p. 316-
res de soja RR sobre a colonização das raízes e as populações de 320, 1982] e que o mesmo fenômeno foi reproduzido em trabalho
Fusarium spp. no solo mostraram que este patógeno apresentava realizado na ESALQ, por seus estudantes (Figura 2).
alta prevalência na rizosfera de soja, podendo se tornar dominante
e patogênico para plantas suscetíveis. As raízes de cultivares de
soja RR tratadas com glifosato foram colonizadas em densidade
consideravelmente mais alta por Fusarium spp. em comparação
com cultivares RR ou não-RR, não tratadas com glifosato. Estudo
in vitro subseqüente demonstrou que o glifosato começou a ser 1 2 3 4 5
liberado das raízes da soja RR e da soja não-RR dois dias após a
aplicação de glifosato, com quantidades cumulativas aumentando
por 12 dias. Os padrões de exsudação de glifosato coincidiram com
a exsudação de altas concentrações de carboidratos solúveis e Figura 2. Efeito de diferentes doses de glifosato na dessecação da braquiária
e o desenvolvimento do cafeeiro. Tratamentos: 1 = Solução de
aminoácidos, em comparação com plantas que não receberam
glifosato 8%; 2 = solução de glifosato 4%; 3 = solução de glifo-
glifosato. Ensaios microbiológicos demonstraram que fungos sele- sato 2%; 4 = solução de glifosato 1% e 5 = capina manual.
cionados cresceram em exsudatos de raízes contendo tanto glifo- Observação: No momento da aplicação do herbicida a muda de café foi
sato como altos níveis de carboidratos e/ou aminoácidos. O gli- protegida com saco plástico, que foi retirado 12 horas após a pulveri-
fosato em exsudatos de raiz serviu não apenas como fonte de nu- zação.
trientes para os fungos, mas também para estimular a germinação
de propágulos e aumentar o crescimento inicial.
Levantou também a questão do melhor intervalo de tempo
Mencionou que, no momento, sua opinião sobre as inte- entre a dessecação do mato e a semeadura da próxima cultura. En-
rações complexas na rizosfera de soja RR baseia-se nas limitadas saios de laboratório têm mostrado a conveniência de se esperar de
informações disponíveis. A aparente promoção de colonização da duas a mais semanas entre a dessecação do mato e a semeadura da
rizosfera e das raízes de soja RR pode ser uma combinação de cultura (Figura 3), corroborando com os dados de pesquisa obtidos
estímulo por glifosato liberado através das raízes, reduzida pro- por Jamil Constantin e Rubem Silvério de Oliveira Jr., da Universi-
dução de fitoalexinas causada por ação do glifosato dentro da dade Federal de Maringá, publicados na página 14 deste jornal.
planta e fisiologia alterada levando à exsudação na rizosfera de
altos níveis de carboidratos e aminoácidos. E que, possivelmente,
isto estaria relacionado com efeitos indiretos da transformação
genética da planta para resistência ao glifosato. O conceito ecoló-
gico de que as plantas modificam ativamente suas rizosferas atra-
vés da produção de exsudatos de raiz específicos que modificam
profundamente as comunidades microbianas parece se aplicar a
este cenário. 1 2 3 4 5
Concluiu dizendo que é necessário conduzir mais pesquisas
com culturas RR para entender melhor os fatores complexos que
contribuem para o aumento da colonização das raízes por microrga- Figura 3. Desenvolvimento da soja semeada no mesmo dia mas com
nismos selecionados associados com uso contínuo da tecnologia diferentes intervalos entre as datas de dessecação e semeadura.
RR nos sistemas de produção. Tratamentos: 1 = dessecação um dia após a semeadura; 2 =
dessecação um dia antes da semeadura; 3 = dessecação sete dias
PAINEL 4 – MESA REDONDA SOBRE “FERRUGEM antes da semeadura; 4 = dessecação 14 dias antes da semeadura;
5 = dessecação 21 dias antes da semeadura.
DA SOJA – OUTROS FATORES ABIÓTICOS, ALÉM
DE SOLO E CLIMA, ENVOLVIDOS COM A DOENÇA?” Apesar do tema central da mesa redonda ter sido ferrugem
da soja, a maior parte do tempo os debatedores concentraram-se na
Tsuioshi Yamada, POTAFOS, [fone: (19) 3433-3254; e-mail: questão da soja RR.
yamada@potafos.com.br], no papel de moderador, incentivou o
debate mostrando dois exemplos do papel da nutrição mineral das Romeu Kiihl, TMS [fone: (43) 223-1553; e-mail: romeuk@
plantas na resistência da soja à ferrugem: o do K, observado por fundacaomt.com.br], comentou que os dados apresentados pelo
Leandro Zancanaro, da Fundação MT, no ano agrícola 2003/04, e o Dr. Kremer sobre a maior exsudação de carboidratos e aminoácidos
do coquetel de micronutrientes, observado por Frederico Stellato e a maior incidência da infecção por Fusarium nas raízes da soja RR
Farias, da Stoller, no ano agrícola 2004/05. Mostrou também a im- poderiam ter maior precisão se fossem comparados com linhas
portância da via do ácido chiquímico (bloqueado pelo glifosato) na isogênicas (isolinhas) da variedade RR testada, sem o gene RR.
síntese de fitoalexinas e como a diminuição na síntese destas fitoale- Sugeriu ainda que fossem feitos estudos com glifosato marcado
xinas afeta a resistência das plantas às doenças. Discutiu também a com 14C. Deixou também aos produtores e pesquisadores uma men-
questão sobre como o glifosato poderia contaminar a planta-não sagem de alerta: tenham calma na mudança da soja convencional

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


NUTRIÇÃO X DOENÇAS
para a soja RR. Esta tecnologia só resolve o problema do mato. No COMENTÁRIOS FINAIS
restante do manejo, os gastos são idênticos ao que já se faz. Quan-
to à ferrugem da soja, disse que esta doença não é a que mais o Após dois dias de intensivas discussões, o simpósio dei-
assustou, pois o controle químico funciona muito bem para ela. O xou algumas certezas e algumas dúvidas para reflexão (ou como
que não acontecia com o cancro da haste. Para esta doença, o sugestões de pesquisa), tais como:
melhoramento genético trabalhou a toque de caixa e conseguiu 1. Na natureza a sanidade é regra, ou seja, ela dotou as plan-
desenvolver materiais genéticos com resistência à doença. Acredi- tas com a capacidade de evitar ou atrasar a entrada e/ou a subse-
ta ele que se os melhoristas fossem mais solidários e compartilhas-qüente atividade dos patógenos. No entanto, toda vez que surge
sem dos materiais genéticos disponíveis, como no passado, a ob- uma nova doença, a primeira coisa que se faz usualmente é investi-
tenção de variedades com resistência à ferrugem seria conseguida gar qual o patógeno envolvido. E culpa-se a “ponte verde” entre as
com maior rapidez. culturas em sucessão como a responsável pelo aumento de doen-
ças no sistema plantio direto. Fica a primeira dúvida: será que basta
Carlos Arrabal Arias, Embrapa Soja [fone: (43) 3371-6271; a presença destes patógenos para justificar o aparecimento das
e-mail: arias@cnpso.embrapa.br], acredita que, com a aprovação da doenças, sem atentar para outros fatores bióticos e abióticos que
Lei de Biossegurança, a tecnologia da soja RR será adotada rapida- poderiam estar envolvidos?
mente em grande parte do país pela facilidade 2. Além da função nutricional, os ele-
e flexibilidade no controle de ervas daninhas, mentos essenciais às plantas têm papel im-
O uso de Si na agricultura portante na prevenção de doenças, e para tal
ampliando, assim, a área sob o sistema de plan-
tio direto. Dada a grande importância desta poderá contribuir de é preciso conhecer particularidades da sua
tecnologia, sugeriu que ela fosse bem estuda- forma significativa para a ação no solo e na planta. Um bom exemplo é
da para manter sua longevidade no mercado. redução no uso de o do efeito da relação N-nítrico/N-amoniacal
Mencionou que alguns problemas observa- defensivos agrícolas e, na solução do solo sobre o pH da rizosfera e
dos nos Estados Unidos, como maior inci- assim, amenizar o impacto na disponibilidade de micronutrientes na so-
dência da deficiência de Mn, maior exsudação ambiental destes produtos lução do solo, principalmente na de Mn, de
de carboidratos e aminoácidos e aumento da grande influência sobre muitas doenças, mos-
incidência de doenças radiculares, precisam ser estudados, como trando a necessidade de se observar o que se passa na rizosfera, na
também mencionado por Romeu Kiihl através da comparação das micorriza, na microbiologia do solo em geral. Ou, ainda, a ação do
variedades RR com suas isolinhas sem este gen, e não com outras ânion cloreto reduzindo a nitrificação. Estamos fazendo uso de to-
variedades convencionais. Destacou também a importância de se dos os benefícios do manejo adequado da adubação?
estudar o que está acontecendo com o sistema radicular, e não só 3. Sabe-se hoje do importante papel desempenhado pelo silí-
com a parte aérea. E que a planta com sistema radicular reduzido cio na prevenção de doenças, atuando não só como barreira física
poderia ser mais vulnerável às doenças, como a ferrugem da soja. ou mecânica mas também influenciando no aumento da produção
Além da água ser de fundamental importância para o bom funciona- de fitoalexinas. Por que não utilizar as milhões de toneladas de
mento do rizóbio, responsável pela proteína dos grãos. resíduos de siderurgia, ricas em Si, que temos à disposição no país?
4. Sabendo-se que o glifosato pode passar da planta-alvo
Pedro Henrique Aragão, FUEL [fone: (43) 3371-4611/ (mato) para a planta-não alvo (cultura econômica) e que dentro da
4266; e-mail: phtd@uel.br], professor de Física, comentou que a planta viva ele é pouco metabolizado, fica a dúvida: será que a
análise instrumental por fluorescência de raios X tem sido empre- aplicação consecutiva de glifosato ao longo de vários anos em
gada na determinação da concentração de vários elementos em culturas perenes não poderia elevar a concentração deste compos-
amostras de interesse agropecuário, agro-industrial e ambiental. to a níveis tóxicos passíveis de danos, tais como menor crescimen-
Esta técnica é baseada na medida da intensidade dos raios X to radicular, maior exsudação de carboidratos e aminoácidos na
característicos emitidos pelos elementos químicos componentes rizosfera e redução na produção de fitoalexinas? E qual o efeito
da amostra, quando devidamente excitada. Este método apresen- sobre o ambiente quando aplicado através de aviões?
ta inúmeras vantagens sobre outras técnicas como, por exemplo, as 5. Com a aprovação da Lei de Biossegurança espera-se a
digestões químicas normalmente utilizadas. Pode-se também citar adoção rápida do plantio de soja com tecnologia RR por todo o
a adaptabilidade para automação, por ser uma técnica de análise território nacional. No entanto, a pesquisa precisa responder ur-
rápida e multielementar, devido à independência entre os micro- gentemente a questões como: quais seriam os efeitos do glifosato
nutrientes nos sistemas biológicos, não necessitando de grande aplicado na soja RR sobre...
preparação da amostra, estando o limite de detecção dentro dos ...a resistência das plantas ao déficit hídrico?
padrões exigidos para amostras biológicas. Nas suas pesquisas ...a sobrevivência do rizóbio e das micorrizas?
observou nas plantas doentes uma alteração na concentração en- ...a eficiência de absorção de nutrientes como Mn e P?
tre os macronutrientes e micronutrientes, tanto no aumento como
na deficiência de alguns elementos. Acredita-se que tal dese-
EPÍLOGO
quilíbrio provavelmente deva estar relacionado ao metabolismo
anômalo gerado na planta após a contaminação por bactérias e Na ESALQ, tive um professor de geologia que costumava
fungos. E que nas análises através da microscopia eletrônica por repetir o conselho (que tento seguir): “cautela e caldo de galinha
varredura em plantas sadias observou determinadas regiões com não faz (sic) mal a ninguém”. É com este espírito que gostaria que
alta concentração de Si, espalhadas pelas folhas, o que não ocor- entendessem minhas dúvidas e apreensões. Acredito que os orga-
ria nas análises de folhas totalmente dominadas pela doença. nismos transgênicos vão revolucionar a produção agrícola no sé-
Este fato leva-o a acreditar que a presença deste elemento pode culo 21 de modo nunca dantes visto ou imaginado, com adoção
ter alguma influência no ciclo de infecção ou de proliferação do irreversível. Porém, creio que um pouco de cautela não fará mal
fungo. algum. Precisamos de mais pesquisas.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 13


DESSECAÇÃO

DESSECAÇÃO ANTECEDENDO A SEMEADURA DIRETA


PODE AFETAR A PRODUTIVIDADE
Jamil Constantin1
Rubem Silvério de Oliveira Jr.1

O uso de dessecações
APLICAÇÕES SEQÜENCIAIS seqüenciais, iniciadas Calegari et al. (1998) relatam que a se-
15 a 20 dias antes da meadura de milho logo após a dessecação da

S
egundo Almeida (1991), o êxito semeadura, apresenta aveia pode acarretar germinação desuniforme
do plantio direto dependerá da inúmeras vantagens, que e desenvolvimento inicial inadequado (estio-
disponibilidade de herbicidas lamento) das plântulas de milho, e recomen-
são tanto maiores quanto
que sejam eficazes nas operações de “mane- dam um intervalo de pelo menos duas a três
jo” ou “dessecação” e após a instalação da maior for a biomassa semanas entre o manejo da aveia e a semea-
cultura. O “manejo” ou “dessecação” antece- de cobertura do solo dura do milho. Os mesmos autores também
dendo o plantio direto é fundamental para um observaram que determinadas coberturas po-
bom desenvolvimento das lavouras. A eliminação das plantas dani- dem ter efeitos alelopáticos sobre culturas subseqüentes, sendo
nhas antes da semeadura permite que a cultura tenha um desenvol- que uma forma de diminuir esses efeitos seria aguardar um tempo
vimento inicial rápido e vigoroso. maior para implantação do cultivo sobre a cobertura manejada.
Trabalhos têm demonstrado que aplicações seqüenciais, Melhorança et al. (1998) observaram que a semeadura de soja em
onde são aplicados antecipadamente herbicidas sistêmicos, tais áreas de pastagem, realizada em período inferior a 15 dias após a
como glyphosate e 2,4-D, e após 15 a 20 dias, na véspera ou na data aplicação do dessecante, resultou em clorose acentuada na parte
da semeadura são aplicados herbicidas de contato como paraquat, aérea, especialmente na fase inicial da cultura. Peixoto & Souza
paraquat + diuron, diquat e flumioxazin, proporcionam maior efi- (2002) verificaram que a produtividade da soja foi diminuída em até
ciência no controle das plantas daninhas e permitem a semeadura 13,9% quando esta foi semeada imediatamente após a dessecação
no limpo. A segunda aplicação serve fundamentalmente para corri- de sorgo. Melhorança & Vieira (1999) verificaram que a época de
gir problemas de rebrotes e de novos fluxos de plantas daninhas já dessecação de Brachiaria decumbens afetou o rendimento e o de-
emergidos por ocasião da semeadura (MAROCHI, 1996; PINTO et senvolvimento vegetativo da soja, sendo que a dessecação realiza-
al., 1997). De acordo com Pereira et al. (2000), o primeiro fluxo que da 18 dias antes da semeadura propiciou rendimentos 17% e 32%
emerge no verão é normalmente o de maior densidade e o que tem superiores às dessecações realizadas aos 7 e 1 dia antes da semea-
maior potencial de prejudicar o rendimento das culturas, uma vez dura, respectivamente.
que emerge antes ou junto com a cultura. Uma vantagem adicional
seria o fato de que espécies de mais difícil controle como Ipomoea RESULTADOS RECENTES
grandifolia (corda-de-viola) e Comelina benghalensis (trapoeraba)
poderiam ser adequadamente controladas. Segundo Melhorança et Com relação às plantas daninhas, experimentos conduzidos
al. (1998), dessecações seqüenciais seriam recomendáveis, princi- pelo Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de
palmente em condições de altas infestações ou para plantas dani- Maringá durante a safra 2003/2004, em conjunto com a COAMO e
nhas consideradas de difícil controle. COPACOL (dados não publicados), demonstraram que a tendência
O uso de dessecações seqüenciais, iniciadas 15 a 20 dias é a mesma, ou seja, quanto menor o período entre a dessecação das
antes da semeadura, apresenta, portanto, inúmeras vantagens, que plantas daninhas e a semeadura, maiores as reduções de produtivi-
são tanto maiores quanto maior for a biomassa de cobertura do dade nas culturas de soja e de milho. Nestes experimentos, compa-
solo. O controle do primeiro fluxo de plantas daninhas que emerge rou-se dessecações seqüenciais iniciadas 20 dias antes da semea-
é fundamental para reduzir a interferência das mesmas sobre a pro- dura com dessecações realizadas 7 dias antes da semeadura e
dutividade das culturas que se estabelecerão posteriormente. dessecações realizadas no dia da semeadura (sistema aplique-plan-
te). Em todos os casos, a cobertura do solo pelas infestantes no
momento das aplicações situava-se entre 60% e 100%.
INTERVALO DE TEMPO
Para os trabalhos conduzidos dentro das estações experi-
Outro ponto importante a se observar é o intervalo de tempo mentais das duas cooperativas verificou-se que a dessecação 20 dias
entre a dessecação e a semeadura das culturas. Têm-se verificado antes da semeadura resultou num aumento da produtividade da
que em áreas com grande cobertura vegetal (de 40% a 50% de co- soja de 6,8 e 7,8 sacos ha-1, quando comparada respectivamente
bertura do solo) as culturas que são plantadas em períodos muito com as dessecações 7 dias antes da semeadura e na data da semea-
curtos após a operação de dessecação apresentam clorose das fo- dura (aplique-plante). No milho, estas diferenças foram de 10,9 sacos
lhas no período inicial, com redução no desenvolvimento vegetativo, ha-1 e 18,5 sacos ha-1 a mais a favor da dessecação realizada 20 dias
podendo implicar em queda de produtividade. antes da semeadura. Em experimentos conduzidos em seis áreas de

1
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor da área de Ciência das Plantas Daninhas da Universidade Estadual de Maringá–UEM, Maringá, PR; e-mail:
constantin@teracom.com.br; oliveira@irapida.com.br

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


DESSECAÇÃO
cooperados da COAMO, na cultura da soja, as diferenças foram implicando em elevada massa verde, maior será o prejuízo se a se-
ainda maiores, resultando em queda média de 11,23 sacos ha-1 no meadura for realizada pouco tempo após a dessecação. Já em áreas
sistema aplique-plante em comparação com a dessecação realizada de baixa infestação, com pouca cobertura do solo, a semeadura
20 dias antes. Conclui-se, desta forma, que a soja e o milho que poderá ser feita logo após a operação de dessecação, sem prejuízo
emergiram e tiveram o seu desenvolvimento inicial em meio à cober- da produtividade.
tura vegetal (sistemas aplique-plante e 7 dias antes da semeadura)
não totalmente dessecada tiveram sua produtividade reduzida. LITERATURA CITADA
ALMEIDA, F. S. Controle de plantas daninhas em plantio direto.
EFEITO DO GRAU DE COBERTURA DO SOLO Londrina: IAPAR, 1991. 34p. (IAPAR. Circular, 67).
Todos os sistemas testados acabam atingindo bons níveis CALEGARI, A.; HECKLER, J. C.; SANTOS, H. P.; PITOL, C.; FER-
de controle das infestantes com o decorrer do tempo. A diferença NANDES, F. M.; HERNANI, L. C.; GAUDÊNCIO, C. A. Culturas, Su-
básica entre eles está principalmente na velocidade de dessecação cessões e Rotações. In: Sistema Plantio Direto. O produtor pergunta a
da biomassa das plantas daninhas, o que, por sua vez, implica no Embrapa responde. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1998. p. 59-80. (Co-
grau de cobertura do solo no momento da emergência da cultura e leção 500 perguntas 500 Respostas).
no seu desenvolvimento inicial (Figuras 1 e 2). Assim, para os siste- MAROCHI, A. I. Avaliação de métodos de controle químico para Richardia
mas de dessecação 7 dias antes e aplique-plante, as culturas emer- brasiliensis (poaia-branca), infestando áreas sob plantio direto da região
giram e se desenvolveram inicialmente sob intenso sombreamento, sul do Brasil. In: Zapp: Desafio do novo. São Paulo: Zeneca Agrícola, 1996.
e mesmo com estes sistemas atingindo uma boa dessecação aos p.175-186.
14 dias após a semeadura as plantas daninhas ainda continuavam MELHORANÇA, A. L.; CONSTANTIN, J.; PEREIRA, F. A. R.; GAZ-
“em pé” e sombreando o milho e a soja. O primeiro resultado deste ZIERO, D. L. P.; VALENTE, T. O.; ROMAN, E. S. Plantas daninhas e seu
fato foi o aparecimento de clorose e estiolamento das culturas, re- controle. In: Sistema Plantio Direto. O produtor pergunta a Embrapa
responde. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1998. p. 177-194. (Coleção 500
tardando o desenvolvimento e culminando com menores produtivi-
perguntas 500 Respostas).
dades. Para dessecação 20 dias antes, já no momento da semeadura
o nível de controle era elevado e as plantas daninhas estavam tom- MELHORANÇA, A. L.; VIEIRA, C. P. Efeito da época de dessecação
badas rente ao solo, não interferindo no desenvolvimento da cultu- sobre o desenvolvimento e produção da soja. In: REUNIÃO DE PES-
QUISA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 21., Doura-
ra. Ressalta-se que nos experimentos nas áreas de cooperados da
dos, 1999. Resumos... Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 1999.
COAMO, em duas propriedades, as perdas atingiram até 50% da p. 224-225.
produção de soja no sistema aplique-plante. Estas áreas passaram
PEREIRA, E. S.; VELINI, E. D.; CARVALHO, L. R.; MAIMONI-
por um período de seca prolongado, sugerindo que a importância
RODELLA, R. C. S. Avaliações qualitativas de plantas daninhas na cultura
do manejo utilizado antes da semeadura é aumentada quando a da soja submetida aos sistemas de plantio direto e convencional. Planta
lavoura passa por condições adversas durante o ciclo, possivel- Daninha, v. 18, n. 2, p. 207-216, 2000.
mente em função do estresse sofrido inicialmente, o que pode com-
PEIXOTO, M. F.; SOUZA, I. F. Efeitos de doses de imazamox e densidades
prometer a resistência da cultura às condições adversas.
de sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) em soja (Glycine max (L.) Merr.)
Deve-se considerar, é claro, que, além do sombreamento ini- sob plantio direto. Ciência Agrotécnica, v. 26, n. 2, p. 252-258, 2002.
cial das culturas, existem outros fatores como a demanda de nitro- PINTO, J. J. O.; BORGES, E. S.; AGOSTINETTO, D.; HENN, O. Mane-
gênio pelos microrganismos decompositores, efeitos alelopáticos e jo de herbicidas dessecantes no sistema de cultivo mínimo na cultura do
outros aspectos que ainda deverão ser estudados e esclarecidos, arroz irrigado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS
para melhor explicar estas quedas de produtividade e, com isto, PLANTAS DANINHAS, 21., Caxambú, 1997. Resumos... Caxambu:
evitá-las. Mas, pode-se dizer que quanto maior a cobertura do solo, SBCPD, 1997. p. 165.

SIC: 8 a 9 folhas 7 DAP: 6 a 7 folhas AP: 5 a 6 folhas

Figura 2. Desenvolvimento do milho em função dos diferentes mane-


Figura 1. Eficiência do manejo de dessecação aos 5 dias depois do plantio jos aos 20 dias após o plantio (SIC = sistema integrado de
(AP = aplique-plante; 7 DAP = sete dias antes do plantio; SIC = controle de plantas daninhas; 7 DAP = sete dias antes do
sistema integrado de controle de plantas daninhas). plantio; AP = aplique-plante).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 15


DIVULGANDO A PESQUISA

Notas do editor: Os trabalhos que possuem endereço eletrônico em azul podem ser consultados na íntegra
Grifos nos textos, para facilitar a leitura dinâmica, não existem na versão original

1. COMPOSTOS NITROGENADOS E AÇÚCARES SOLÚVEIS açúcares solúveis. Maiores estudos são necessários para confirmar
EM TECIDOS DE ALFACE ORGÂNICA, HIDROPÔNICA E se o caule teria efeito tampão caso as plantas da alface absorvessem
CONVENCIONAL grandes quantidades de nitrogênio na forma nítrica e amoniacal.

COMETTI, N. N.; MATIAS, G. C. S.; ZONTA, E.; MARY, W.; 2. ADUBAÇÃO NITROGENADA DO ARROZ DE TERRAS
FERNANDES, M. S. Horticultura Brasileira, v. 22, n. 4, p. 748- ALTAS NO SISTEMA PLANTIO DIRETO
753, 2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=
S0102-05362004000400016&lng=en&nrm=iso&tlng=pt) GUIMARÃES, C. M.; STONE, L. F. Revista Brasileira de Enge-
nharia Agrícola e Ambiental, v. 7, n. 2, p. 210-214, 2003.
O presente trabalho foi realizado na UFRRJ e teve como obje-
(www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
tivo verificar as variações de alguns componentes metabólicos nos
43662003000200004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
tecidos da alface. Plantas de alface do tipo crespa, da cultivar Verô-
nica, provenientes de três sistemas de cultivo (orgânico, hidropônico Este trabalho objetivou determinar a dose e o modo de apli-
e convencional) foram separadas em oito partes (limbo das folhas cação de nitrogênio (N) mais adequados para o arroz cultivado
basais, medianas e apicais, nervura central das folhas basais, media- após pastagem ou soja, sob Sistema Plantio Direto (SPD). Os expe-
nas e apicais, caule e raiz). Foram analisados nitrato, N-amino, açú- rimentos foram conduzidos em 1999/2000, em Santo Antônio de
cares livres e distribuição da massa seca nos vários tecidos. Goiás, GO, depois da pastagem de Brachiaria decumbens, e em
Considerando a parte aérea e raízes, os teores encontrados Campo Verde, MT, após soja. Foi utilizado o delineamento de blo-
assemelham-se aos da literatura. Porém, quando as análises são cos casualizados, em esquema fatorial 5 x 3. Os tratamentos consis-
realizadas nos tecidos que compõem a parte aérea, há diferenças tiram de cinco doses de N (12 ou 7, 40, 80, 120 e 160 kg ha-1) combi-
significativas em todas as variáveis (Figura 1). Isso permite esco- nadas com três modos de aplicação: totalmente na semeadura, me-
lher partes da planta para analisar, dependendo do que se deseja tade na semeadura e metade na cobertura, e dois terços na semea-
observar. Em estudos fisiológicos, principalmente de metabolismo dura e um terço na cobertura. A dose de 12 kg de N ha-1 foi aplicada
do nitrogênio, a segmentação das partes pode ser fundamental na no experimento após pastagem que a de 7 kg de N ha-1, em seguida
interpretação dos resultados. Na análise de nitrato, N-amino e açú- à soja. O arroz apresentou maior resposta à adubação nitrogenada
cares livres na alface, é recomendada a separação de folhas e caule após pastagem e depois de soja. A resposta da produtividade do
da parte aérea por terem apresentado grandes diferenças. arroz ao N após pastagem dependeu do modo de aplicação deste
nutriente, sendo 100 kg ha-1 a dose econômica
de N para a aplicação total na semeadura. Em
seguida à soja, o modo de aplicação não afetou a
produtividade do arroz, sendo 68 kg ha-1 a dose
econômica de N.

3. IMOBILIZAÇÃO DE NITROGÊNIO EM
SOLO CULTIVADO COM MILHO EM SU-
CESSÃO À AVEIA PRETA NOS SISTEMAS
PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL

VARGAS, L. K.; SELBACH, A. S.; SÁ, E. L. S. de.


Ciência Rural, v. 35, n. 1, p. 76-83, 2005.
(www.scielo.br/scielo.php?script= sci_abstract
Figura 1. Teores de nitrato nos vários tecidos das alfaces orgânica, hidropônica e conven-
cional. LA: limbo das folhas apicais; LM: limbo das folhas medianas; LB: limbo &pid=S0103-84782005000100012&lng=pt&
das folhas basais; NA: nervura central das folhas apicais; NM: nervura central das nrm=iso&tlng=pt)
folhas medianas; C = caule; R = raízes; PA = parte áerea. Cada barra representa a O presente trabalho teve como objetivos ava-
média de quatro repetições e as barras de erro indicam desvio padrão. Letras sobre
liar a quantidade de nitrogênio imobilizado e a sua
as barras comparam sistemas de cultivo pelo teste de Tukey (P = 5%). Seropédica
(RJ), UFRRJ, 2004.
remineralização, nos sistemas plantio direto (SPD) e
convencional (SC), ao longo do ciclo do milho. Para
A alface em cultura hidropônica mostrou teores de nitrato tal, foram coletadas amostras da camada de 0-5 cm de solo semeado
bem superiores aos dos outros sistemas de cultivo, chegando ao com milho em sucessão à aveia preta, sob os sistemas convencional
máximo de 1.000 mg kg-1 massa fresca do caule, valor esse, entre- e plantio direto, no dia da semeadura do milho e 46, 62, 88 e 112 dias
tanto, bem abaixo do máximo permitido pela legislação européia para após. Amostras da parte aérea das plantas de milho foram coletadas
acúmulo de nitrato em alface. Pode-se sugerir que o caule da alface nas mesmas épocas, com exceção da primeira, e avaliadas quanto à
funcione como o principal órgão de reserva temporário de compos- quantidade de nitrogênio acumulado. As amostras de solo foram
tos nitrogenados livres, principalmente nitrato e N-amino, além de avaliadas quanto à quantidade de nitrogênio mineral no solo, de

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


nitrogênio e carbono potencialmente mineralizáveis, atividade de No Argissolo Amarelo (menor FCP) o fosfato natural de Gafsa
urease e de nitrogênio imobilizado na biomassa microbiana. incorporado foi tão eficiente quanto o superfosfato triplo no au-
A imobilização microbiana do nitrogênio foi maior no siste- mento da produção de matéria seca da parte aérea das plantas de
ma plantio direto, levando a uma menor quantidade de nitrogênio milho. Para o Latossolo Amarelo (maior FCP) esse efeito não foi
mineral no solo e resultando em menor acúmulo de nitrogênio na obtido, provavelmente devido à diminuição da solubilização do
parte aérea do milho ao final do seu ciclo neste sistema, em compa- fosfato natural causada pelos maiores teores de Ca no solo. As
ração com o convencional. Não foi observada remineralização do doses de superfosfato triplo aumentaram a absorção de P pelas
nitrogênio imobilizado, indicando que a biomassa microbiana atuou plantas de milho em ambos os solos e modos de aplicação. As
mais como agente da mineralização de nitrogênio orgânico do que doses de fosfato natural de Gafsa aumentaram o conteúdo de P nas
como fonte de nitrogênio potencialmente mineralizável. plantas de milho apenas para a aplicação incorporada no Argissolo.

4. EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES E RECUPERAÇÃO APA- 6. FÓSFORO NO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA SOJA


RENTE DO NITROGÊNIO PELO CAPIM-COASTCROSS INFLUENCIADOS PELAADUBAÇÃO FOSFATADA E CO-
ADUBADO BERTURAVEGETAL
PRIMAVESI, A. C.; PRIMAVESI, O.; CORRÊA, L. de A.; CANTA- CORRÊA, J. C.; MAUAD, M.; ROSOLEM, C. A. Pesquisa
RELLA, H.; SILVA, A L. G. da. Revista Ceres, v. 51, n. 295, p. 295- Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 12, p. 1231-1237, 2004.
306, 2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
Instalou-se um experimento em Latossolo Vermelho dis- 204X2004001200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
trófico típico, em São Carlos, SP, onde se aplicaram, sobre a super-
A eficiência agronômica dos adubos fosfatados pode ser
fície do solo, quatro doses de N (25, 50, 100 e 200 kg ha-1 corte-1), na
afetada pelas fontes de fosfato, propriedades do solo, modos de
forma de uréia e de nitrato de amônio, após cada um dos cinco
aplicação e espécies vegetais. O objetivo deste trabalho foi avaliar
cortes consecutivos na época das chuvas, em capim-coastcross
o efeito de doses de fósforo e resíduos de plantas de cobertura na
(Cynodon dactylon cv. Coastcross). O delineamento experimental
dinâmica do fósforo no solo e no desenvolvimento inicial da soja. O
foi o de blocos casualizados, com nove tratamentos organizados
experimento foi realizado em casa de vegetação, em vasos com ma-
em esquema fatorial (2 x 4) + 1 (duas fontes de N e quatro doses, e
terial de um Latossolo Vermelho distrófico. Os tratamentos consti-
uma testemunha sem adubo nitrogenado). A área das parcelas foi de
tuíram-se de três palhadas – milheto, aveia e sorgo-de-guiné – si-
4 x 5 m, com área útil de 6 m2 para avaliação da produção de matéria
mulando a cobertura do solo, na quantidade de 8 t ha-1 de massa de
seca. Avaliou-se o efeito de doses e fontes de nitrogênio (N) no
matéria seca, interagindo com 0, 50, 100 e 150 kg ha-1 de P, aplicados
teor, na extração dos nutrientes e na recuperação do N aplicado.
sobre a palhada, na forma de superfosfato simples. As doses de P e
Verificou-se, com o acréscimo das doses de N de ambas as
os diferentes tipos de palha influenciaram a dinâmica do P no solo.
fontes, aumento na extração dos nutrientes pelas plantas, acompa-
A cobertura com milheto foi mais eficiente na lixiviação do P dispo-
nhando o aumento da produção de matéria seca. As extrações de N e
nível, enquanto as coberturas com aveia e sorgo-de-guiné foram
de K (kg ha-1) pelas plantas na dose de 500 kg ha-1 ano-1 de N foram,
mais eficientes em lixiviar o P orgânico.
respectivamente, com uréia (277 e 286) e com nitrato de amônio
(376 e 388). Com altas produções de matéria seca (dose de 500 kg
ha-1 ano-1 de N), as extrações dos macronutrientes foram maiores em 7. AUMENTO DE MATÉRIA ORGÂNICA NUM LATOSSOLO
K e N, seguidas de Ca, S, P e Mg, com a uréia; de Ca, S, Mg e P, com BRUNO EM PLANTIO DIRETO
o nitrato de amônio; e de Fe, Mn, Zn e Cu, com as duas fontes de N.
A recuperação aparente de N foi maior com o nitrato de amônio. COSTA, F. de S.; BAYER, C.; ALBUQUERQUE, J. A.; FONTOURA,
S. M. V. Ciência Rural, v. 34, n. 2, p. 587-589, 2004. (www.scielo.br/
5. FOSFATO DE GAFSA E SUPERFOSFATO TRIPLO NA scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782004000200041
PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA E ABSORÇÃO DE FÓS- &lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
FORO PELO MILHO O aumento do estoque de matéria orgânica do solo em siste-
mas conservacionistas de manejo é dependente do tipo de solo e
CORRÊA, R. M.; NASCIMENTO, C. W. A. do; SOUZA, S. K. de S.;
das condições climáticas, e tem reflexos na qualidade física do solo.
FREIRE, F. J.; SILVA, G. B. da. Scientia Agricola, v. 62, n. 2, p. 159-
Neste estudo, avaliou-se um experimento de longa duração (21 anos)
164, 2004. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
quanto ao efeito do sistema plantio direto (PD) sobre os estoques
pid=S0103-90162005000200011&lng=en&nrm=iso&tlng=en)
de carbono orgânico total (COT) e particulado (COP, > 53 mm), bem
Os fertilizantes fosfatados, de modo geral, apresentam baixa como a sua relação com a estabilidade de agregados de um Latos-
eficiência de utilização pelas culturas. Essa realidade faz com que as solo Bruno, em Guarapuava, PR.
doses aplicadas sejam altas, elevando o custo de produção. O au- O solo em PD apresentou taxa de incremento de 0,15 Mg ha-1
mento da disponibilidade de fósforo para as plantas pode ser obtido ano de COT e 0,06 Mg ha-1 ano-1 de COP na camada de 0-20 cm, as
-1

mediante o manejo correto da adubação fosfatada, com ênfase na quais foram calculadas em comparação aos estoques de carbono
fonte utilizada e no modo de aplicação mais adequado para solos orgânico do solo em preparo convencional. As baixas taxas de in-
com diferentes capacidades de adsorção do elemento. Avaliou-se a cremento nos estoques de carbono orgânico possivelmente este-
eficiência do fosfato natural de Gafsa e do superfosfato triplo em jam relacionadas à alta estabilidade física da matéria orgânica neste
amostras de dois solos (Argissolo Amarelo e Latossolo Amarelo) solo argiloso e com mineralogia predominantemente gibsítica. O
com diferentes fatores capacidade de fósforo (FCP), em diferentes diâmetro médio geométrico (DMG) dos agregados de solo variou de
doses aplicadas de forma incorporada e localizada, sobre a produ- 1,6 a 3,7 mm e foi positiva e linearmente relacionado com os teores
ção de matéria seca e absorção de fósforo por plantas de milho de COT e COP, o que reforça a importância da matéria orgânica
cultivadas em casa de vegetação. na qualidade física de Latossolos subtropicais.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 17


8. DIAGNOSIS OF SULFUR DEFICIENCY IN SOYBEAN
USING SEEDS

HITSUDA, K; SFREDO, G.J.; KLEPKER, D. Soil Science Society


of America Journal, v. 68, p. 1445-1451, 2004.
The objectives of this study were to obtain a reliable index
for the evaluation of the S nutrition status in soybean [Glycine
max (L.) Merr.] and to identify the critical S level in relation to
seed yield and quality. Two Oxisols were used: A-horizon soil
from Serra dos Gerais, and A- and B-horizon soils from Sambaiba
in Maranhão State, Brazil. Soybean plants in pots were grown in a
greenhouse with the supply of 0 to 80 mg S kg-1 soil.
The seed S concentration was a more reliable index of seed
yield because of the higher correlation between S concentration
and yield (Figure 1 and Figure 2). In the plants with visible symptoms
of S deficiency, the seeds contained 1.5 g kg-1 S, and the seed yield
was 60% of the control. Electrophoresis analysis indicated that the
critical seed S concentration for deficiency of protein components
was 2.0 g kg-1 when the yield was 80% of the control. The S con-
centration was 2.3 g kg-1 or higher for > 90% yield when the com-
position of the protein components was identical with that in the
original seeds obtained under sufficient S fertilization. We clas-
sified the S concentration in the seeds as: deficient (S < 1.5 g kg-1),
very low (1.5 < S ≤ 2.0 g kg-1), low (2.0 ≤ S < 2.3 g kg-1), and
normal (S ≥ 2.3 g kg-1). Because of stable S concentration, easy Figure 2. Sulfur deficiency symptoms of soybean plants: plant growth
sampling, and sufficient time for planning of fertilizer applica- under S deficiency was less vigorous than under the complete
tion for the subsequent cropping, seed analysis is preferable to nutrition treatment. Leaf yellowing started at the top of S
deficiency plants, and the leaf was smaller and more yellow
leaf analysis.
than that of plants grown under the complete nutrition
treatment. Brown spots appeared on the edge of the leaves
and on the pods. The growth of the S deficient plants finally
stopped, and seeds did not mature. (Photographer: Kiyoko
Hitsuda, 1999).

9. SULFUR REQUIREMENT OF EIGHT CROPS AT EARLY


STAGES OF GROWTH

HITSUDA; K.; YAMADA, M.; KLEPKER, D. Agronomy Journal,


v. 97, p. 155-159, 2005.
Sulfur deficiency symptoms are more often observed in
crops at early stages of growth since S can be easily leached from
the surface soil. The objectives of this study were to evaluate
some of the popular rotation crops grown in Brazil for tolerance to
low external S levels and to determine the critical tissue concen-
tration for S deficiency during early stages of growth. Germinated
seedlings of soybean [Glycine max (L.) Merr.], rice (Oryza sativa
L.), maize (Zea mays L.), field bean (Phaseolus vulgaris L.), wheat
(Triticum aestivum L.), cotton (Gossypium spp.), sorghum
(Sorghum bicolor L.), and sunflower (Helianthus annuus L.) were
transferred to water culture with 0.0 to 32.0 mg L-1 S and were
grown for 29 d.
The minimum S concentration required in nutrient solutions
was 2.0 mg L-1 for sunflower; 1.0 mg L-1 for cotton, sorghum, wheat,
and soybean; and 0.5 mg L-1 or less for field bean, rice, and maize.
All crops achieved optimum growth at 2.0 mg S L-1. Critical shoot
S concentration at early stages of growth was 0.8 g kg-1 in maize
and soybean; 1.1 to 1.3 g kg-1 in cotton, sorghum, and rice; and
Figure 1. Soybean growth, seed yield, and the composition of the protein 1.4 to 1.6 g kg-1 in wheat, sunflower, and field bean. Our results
components of the seeds with different S application in the demonstrate that the tolerance to low external S (< 2.0 mg L-1) and
B-horizon soil of Sambaiba from Brazilian northeastern Cerrado. the critical tissue S levels for deficiency varied significantly among
(Photographer: Kiyoko Hitsuda, 1999 and 2000). crop species tested.

18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


10. RESPOSTA DO BRÓCOLIS, COUVE-FLOR E REPOLHO máxima comercializável estimada de cenoura foi de 0,45 mg kg-1. Numa
À ADUBAÇÃO COM BORO EM SOLO ARENOSO primeira aproximação, os níveis de B (mg kg-1) no solo foram assim
≤ 0,30), médio (0,31-0,44), adequado (0,45-0,55)
classificados: baixo (≤
PIZETTA, L. C.; FERREIRA, M.E.; CRUZ, M. C. P. da; BAR- ≥ 0,55 mg kg-1 B), e para efeito de diagnose foliar com base
e alto (≥
BOSA, J. C. Horticultura Brasileira, v. 23, n. 1, p. 51-56, 2005. nos teores de matéria seca das folhas em : baixo (≤ ≤ 24,1), médio
(25-34,9), adequado (35-51,9) e alto (≥ ≥ 51,9 mg kg-1 B).
Foram avaliados em condições de campo, em solo arenoso,
com baixo teor de boro, os efeitos da adubação com cinco doses de
boro (0; 2; 4; 6 e 8 kg ha-1 de B na forma de bórax) na produção de
12. EFEITOS SOBRE A SOJA DO DESFOLHAMENTO EM
brócolis, couve-flor e repolho. O experimento obedeceu a um
DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS
esquena fatorial com delineamento experimental de blocos ao aca-
so com três repetições. As adubações orgânica e química, inclusive PELUZIO, J. M.; BARROS, H. B.; BRITO, E. L.; SANTOS, M.
o bórax, foram feitas no sulco antes do transplantio das mudas e a M. dos; SILVA, R. R. da. Revista Ceres, v. 51, n. 297, p. 575-585,
colheita foi feita entre 63 e 93 dias após o transplantio. 2004.
A produtividade de brócolis variou de 16,9 a 20,5 t ha-1; a de Objetivando verificar o comportamento da soja quando
couve-flor de 21,6 a 29,6 t ha-1 e a de repolho de 40,5 a 46,4 t ha-1. O submetida a diferentes níveis de desfolha em 11 estádios feno-
aumento observado na produtividade de brócolis e de repolho foi lógicos, foi conduzido um ensaio na safra de 2001/2002, em Gurupi-
linear e o efeito das doses de boro na produtividade de couve-flor foi TO. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com
quadrática, sendo necessários 5,1 kg ha-1 de B para atingir a pro- 34 tratamentos e três repetições, instalados em um esquema fatorial
dutividade máxima de 30 t ha-1 (Figura 1). Brócolis e repolho mos- 3 x 11, constituído por três níveis de desfolha (33%, 66% e 100%)
traram-se menos sensíveis do que a couve-flor tanto à deficiência e 11 estádios fenológicos (V2, V3, V4, V5, V6, V7, V8, V9, R2, R4 e R6),
quanto ao excesso de boro. No caso da couve-flor, com a aplicação além de uma testemunha sem desfolha. O cultivar utilizado foi ‘M-
de 2 kg ha-1 ou de 6 kg ha-1 de B houve significativa perda de Soy 9010’.
qualidade do produto.
Os níveis de desfolha e os estádios fenológicos influencia-
ram significativamente todas as características avaliadas. O nível
máximo de desfolha causou retardamento no florescimento, redu-
ção na altura das plantas, número de vagens por planta, peso de
100 sementes e produção de grãos. Obteve-se a menor produção de
grãos quando se realizou 100% de desfolha no estádio fenológico
R4, sendo que desfolha de 33% em todos os estádios não afetou
significativamente a produção.

13. EFEITO DA ÉPOCA E DO PARCELAMENTO DE APLICA-


ÇÃO DE MOLIBDÊNIO, VIA FOLIAR, NA QUALIDADE
FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE FEIJÃO

MEIRELES, R. C.; REIS, L. S. dos; ARAÚJO, E. F.; SOARES,


A.da S.; PIRES, A. A.; ARAÚJO, G. A. de A. Revista Ceres, v. 50,
n. 292, p. 699-707, 2003.
O presente trabalho teve como objetivo estudar a influência
da época de aplicação foliar e do parcelamento da dose de molibdênio
Figura 1. Concentração de B nas folhas de brócolis, couve-flor e repolho (Mo) sobre a qualidade fisiológica das sementes do feijão Meia
em função das doses de boro. Santa Rita do Passa Quatro (SP), Noite, produzidas no verão-outono nas seguintes condições de
UNESP, 2001. aplicação de Mo: 1) testemunha, sem Mo; 2) 80 g ha-1 de Mo aplica-
dos aos 15 dias após a emergência (DAE); 3) 40 g ha-1 de Mo aplica-
dos aos 15 DAE e 40 g ha-1 aplicados aos 20 DAE; 4) 40 g ha-1 de Mo
11. NÍVEL CRÍTICO DE BORO EM CENOURA CULTIVADA
aos 15 DAE e 40 g ha-1 de Mo aplicados aos 25 DAE; 5) 40 g ha-1 de
EM UM SOLO SOB CERRADO
Mo aos 15 DAE e 40 g ha-1 de Mo aos 30 DAE; 6) 80 g ha-1 de Mo
MESQUITA FILHO, M. V. de; SOUZA, A. F.; SILVA, H. R. da. aos 20 DAE; 7) 40 g ha-1 de Mo aos 20 DAE e 40 g ha-1 de Mo aos
Horticultura Brasileira, v. 23, n. 1, p. 69-71, 2005. 25 DAE; 8) 40 g ha-1 de Mo aos 20 DAE e 40 g ha-1 de Mo aos 30 DAE.
As sementes foram submetidas a testes de germinação e vigor. O
Realizou-se em campo um experimento em um Latossolo Ver- delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com
melho, distrófico argiloso, sob regime isohipertérmico, para avaliar dez tratamentos e quatro repetições.
a resposta da cenoura (Daucus carota) cv. Alvorada à adubação A análise dos resultados não revelou efeito significativo
com boro. O delineamento experimental consistiu de blocos casua- dos dados de primeira contagem do teste de germinação, assim
lizados com seis tratamentos (0; 1,7; 3,4; 5,1; 6,8 e 10,2 kg ha-1 de B) como do teste referente ao comprimento da parte aérea. Os resul-
com quatro repetições. O extrator utilizado para a determinação de tados de germinação, envelhecimento acelerado, condutividade
boro no solo e na matéria seca das folhas foi a Azometina-H. elétrica e comprimento da raiz primária permitiram concluir
A produção máxima de raízes comercializáveis de cenoura foi que o molibdênio melhorou a qualidade fisiológica das sementes,
de 50,6 t ha-1, obtida com o teor estimado de 0,55 mg kg-1 de boro no tendo o parcelamento aos 15 e 30 DAE proporcionado melhores
solo. O nível crítico de boro no solo, associado a 90% da produção resultados.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 19


14. PERSISTÊNCIA DE PALHADA E LIBERAÇÃO DE NU- 16. PRODUTIVIDADE DO MILHO EM SUCESSÃO AADUBOS
TRIENTES DO NABO FORRAGEIRO NO PLANTIO DI- VERDES NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO E CONVEN-
RETO CIONAL

CRUSCIOL, C. A. C.; COTTICA, R. L.; LIMA, E. do V.; AN- CARVALHO, M. A. C. de; SORATTO, R. P.; ATHAYDE, M. L. F.;
DREOTTI, M.; MORO, E.; MARCON, E. Pesquisa Agrope- ARF, O.; SÁ, M. E. de. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39,
cuária Brasileira, v. 40, n. 2, p. 161-168, 2005. (www.scielo.br/ n. 1, p. 47-53, 2004. (http://www.scielo.br/scielo.php?script
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2005000200009 =sci_arttext&pid=S0100-204X2004000100007&lng=pt&
&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) nrm=iso&tlng=pt)

A palhada das plantas de cobertura, mantida sobre o solo A sucessão de culturas a adubos verdes pode melhorar as
no plantio direto, representa uma reserva de nutrientes para culti- condições físicas, químicas e biológicas do solo, com conseqüente
vos subseqüentes. O objetivo deste trabalho foi avaliar a decom- aumento na produtividade. O objetivo do trabalho foi avaliar carac-
posição e a liberação de macronutrientes de resíduos de nabo terísticas agronômicas e a produtividade do milho cultivado em
forrageiro. O experimento foi realizado no campo, durante o ano de sucessão a adubos verdes nos sistemas de plantio direto e de pre-
1998, no Município de Marechal Cândido Rondon, PR. O nabo paro convencional do solo (uma gradagem pesada e duas gradagens
forrageiro foi dessecado e manejado com rolo-faca 30 dias após a leves). O experimento foi realizado em Latossolo Vermelho distrófico,
emergência. Avaliaram-se a persistência de palhada e a liberação de originalmente sob vegetação de Cerrado em Selvíria, MS. O deline-
nutrientes dos resíduos aos 0, 13, 35 e 53 dias após o manejo. O amento utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema de parcela
delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com qua- subdividida e quatro repetições. Utilizaram-se quatro adubos ver-
tro repetições. des: mucuna-preta, guandu, crotalária e milheto, e área de pousio
(vegetação espontânea).
O nabo forrageiro produziu, até o estádio de pré-flores-
A crotalária cultivada na primavera proporcionou aumento
cimento, elevada quantidade de massa seca da parte aérea em culti-
de 18,5% na produtividade do milho em sucessão, comparada à
vo de inverno (2.938 kg ha-1), acumulando 57,2, 15,3, 85,7, 37,4, 12,5
área de pousio, em ano com precipitação normal, tanto em plantio
e 14,0 kg ha-1, respectivamente, de N, P, K, Ca, Mg e S. O manejo do
direto quanto no sistema de preparo convencional do solo. O siste-
nabo forrageiro no estádio de pré-florescimento apresenta rápida
ma convencional de preparo do solo propiciou maior produtividade
degradação da palhada, acarretando liberação de quantidades sig-
do milho em ano com ocorrência de veranico.
nificativas de macronutrientes. Os nutrientes disponibilizados em
maior quantidade e velocidade para a cultura subseqüente são o K
e o N. A maior velocidade de liberação de macronutrientes pelo 17. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DE SOLO E RENDIMEN-
nabo forrageiro ocorre no período compreendido entre 10 e 20 dias TO DE FITOMASSA DE ADUBOS VERDES E DE GRÃOS
após o manejo da fitomassa. DE MILHO, DECORRENTE DO CULTIVO CONSORCIADO

HEINRICHS, R.; VITTI, G. C.; MOREIRA, A.; FIGUEIREDO, P.


15. ALTERAÇÃO FÍSICA E MORFOLÓGICA EM SOLOS A. M. de; FANCELLI, A. L.; CORAZZA, E. J. Revista Brasileira
CULTIVADOS COM CITROS E CANA-DE-AÇÚCAR, SOB Ciência do Solo, v. 29, n. 1, p. 71-79, 2005. (www.scielo.br/
SISTEMA TRADICIONAL DE MANEJO scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-06832005000100008
&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt)
SOARES, J. L. N.; ESPINDOLA, C. R.; FOLONI, L. L. Ciência
Rural, v. 35, n. 2, p. 353-359, 2004. (www.scielo.br/scielo. A adubação verde é uma das formas de aporte de matéria
php?script=sci_arttext&pid=S0103-84782005000200016& orgânica ao solo. O sistema de cultivo consorciado de culturas
lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) pode ser uma alternativa para aumentar a reciclagem de nutrientes e
melhorar a produtividade. Para avaliar o sistema consorciado de
O uso agrícola contínuo do solo interfere em suas caracte- adubos verdes com o milho, foram estudadas as características
rísticas intrínsecas, em intensidade que varia de acordo com o uso químicas do solo, a produção de matéria seca, a composição mine-
e o manejo praticados. Este trabalho avaliou um Latossolo Verme- ral de adubos verdes e o rendimento de grãos de milho, num expe-
lho em Bariri (SP), cultivado com citros (Citrus sinensis) e cana-de- rimento realizado em campo, entre 1995 e 1997, em solo classificado
açúcar (Saccharum officinarum), sob sistema tradicional de mane- como Nitossolo Vermelho eutrófico. O milho foi semeado no
jo, onde foram estudadas alterações pedológicas decorrentes de espaçamento de 90 cm nas entrelinhas, perfazendo, aproximada-
um longo período de exploração agrícola. Foram caracterizados: mente, 50.000 plantas por hectare. Os tratamentos constaram de
granulometria, porosidade, densidade, matéria orgânica, taxa de in- quatro espécies de adubos verdes: mucuna anã [Mucuna
filtração de água e micromorfologia, com alguns parâmetros avalia- deeringiana (Bort.) Merr], guandu anão (Cajanus cajan L.), crota-
dos estatisticamente por meio de comparação de médias. lária (Crotalaria spectabilis Roth) e feijão-de-porco (Canavalia
Em ambos os sistemas de cultivo, a estrutura do solo foi ensiformis L.) e um tratamento-testemunha, sem cultivo consorcia-
degradada com reflexo negativo no desenvolvimento radicular. Nos do. Essas espécies foram semeadas sem adubação, no meio da en-
solos cultivados com cana-de-açúcar, os tratos culturais mais in- trelinha, em duas épocas: simultânea ao milho e 30 dias após. O
tensos promoveram maiores alterações, que chegam a atingir ca- delineamento experimental foi o de blocos ao acaso em parcelas
madas mais profundas, com modificações na geometria dos subdivididas, com quatro repetições.
macroporos e surgimento de poros planares e fissurados. Na cul- O feijão-de-porco apresentou maior produção de fitomassa
tura do citros, o sistema radicular mais profundo e a menor e acúmulo de N, P, K, Ca, Mg e S. No primeiro ano de cultivo, o
mobilização do solo concorrem para maior estabilidade dos agre- rendimento de grãos de milho não foi influenciado pelo cultivo
gados, tornando o ambiente comparativamente mais adequado ao consorciado com adubos verdes; no entanto, no segundo, a produ-
desenvolvimento radicular do que na cana-de-açúcar. ção foi beneficiada pelo consórcio com feijão-de-porco.

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


O óleo de soja, isolado ou misturado com benomil ou
18. SEMEADURA DA SOJA NO PERÍODO DE SAFRINHA: thiabendazol, a 22ºC ou a 40ºC, aumentou o tempo de prateleira da
POTENCIAL FISIOLÓGICO E SANIDADE DAS SEMENTES manga Palmer e foi eficaz no controle da antracnose.
BRACCINI, A. de L. e; MOTTA, I. de S.; SCAPIM, C. A.; BRAC-
CINI, M. do C. L.; ÁVILA, M. R.; SCHUAB, S. R. P. Revista 20. FONTES DE SILÍCIO PARAA CULTURA DO ARROZ
Brasileira de Sementes, v. 25, n. 1, p. 76-86, 2003. (www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31222003000100013 PEREIRA, H. S.; KORNDÖRFER, G. H.; VIDAL, A. de A.;
&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) CAMARGO, M. S. de. Scientia Agricola, v. 61, n. 5, p. 522-528,
2004. (www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
O presente trabalho foi conduzido com objetivo de avaliar o 90162004000500010& lng=pt&nrm=iso&tlng=en)
efeito da semeadura, na época de “safrinha”, sobre o potencial
fisiológico e a sanidade das sementes de cinco cultivares de soja O silício, mesmo não sendo essencial do ponto de vista
[Glycine max (L.) Merrill]. Para tanto, foram conduzidos três en- fisiológico, traz inúmeros benefícios para o crescimento e o desen-
saios, em dois anos agrícolas (1998/99 e 1999/00), com delineamen- volvimento das plantas. Com o objetivo de avaliar diferentes fontes
to em blocos completos casualizados, instalando-se um ensaio em de Si quanto à disponibilidade do nutriente para plantas de arroz
cada época de semeadura (15/11, 15/01 e 15/02). Os cultivares estu- (Oryza sativa L.), foi realizado um experimento em Neossolo
dados foram BRS 132, BRS 133, BRS 134, BR 16 e FT-Estrela. As Quartzarênico Órtico típico, em casa de vegetação, em delineamen-
sementes foram avaliadas por meio dos testes de germinação e de to inteiramente casualizado com 12 fontes de silício aplicadas na
vigor (primeira contagem, classificação do vigor das plântulas, en- dose de 125 kg ha-1 de Si e uma testemunha (n = 4). Dados experi-
velhecimento acelerado, comprimento das plântulas e biomassa seca mentais foram comparados a uma curva padrão de resposta para
das plântulas), qualidade visual e da sanidade. silício, utilizando a fonte padrão (Wollastonita) nas doses de 0, 125,
As sementes produzidas no período de safrinha apresenta- 250, 375 e 500 kg ha-1 de Si. Visando equilibrar os valores de pH, Ca
ram potencial fisiológico e sanidade inferiores aos verificados e Mg, todos os tratamentos foram balanceados com CaCO3 e MgCO3.
quando a semeadura foi realizada em novembro, embora a semea- Após 150 dias do plantio, foi avaliada a produção de matéria seca
dura realizada em fevereiro tenha proporcionado a obtenção de da parte aérea, produção de grãos e teores de Si no solo e nas
sementes com qualidade satisfatória. No entanto, a semeadura efe- plantas.
tuada no mês de janeiro não foi adequada à produção de sementes A Wollastonita, usada como fonte padrão, apresentou com-
de boa qualidade. O atraso na época de semeadura promove varia- portamento linear, aumentando o Si disponível no solo e, conse-
ções nas respostas dos cultivares quanto ao potencial fisiológico qüentemente, a absorção pelo arroz com o aumento nas doses apli-
das sementes. cadas. A fonte que proporcionou maior absorção de Si pelas plan-
tas de arroz foi a escória de fósforo, seguida da Wollastonita e de
forno elétrico que não diferiram entre si. A fonte Aço Inox foi a que
19. EFEITO DO ÓLEO DE SOJA NO CONTROLE DA
apresentou maior extração de Si pelos grãos, diferindo da testemu-
ANTRACNOSE E NA CONSERVAÇÃO DA MANGA
nha, da argila silicatada, da Wollastonita e da escória AF2 (alto-forno
CV. PALMER EM PÓS-COLHEITA
da empresa 2). A fonte de silício que apresentou a menor liberação no
JUNQUEIRA, N. T. V.; CHAVES, R. da C.; NASCIMENTO, A. solo e extração pelas plantas foi a argila silicatada, pois não diferiu
C. do; RAMOS, V. H. V.; PEIXOTO, J. R.; JUNQUEIRA, L. P. da testemunha, seguido da escória AF2, AF1, da Cinza de xisto, do
Revista Brasileira de Fruticultura, v. 26, n. 2, p. 222-225, 2004. Xisto e da escória LD4 (forno de aciaria tipo LD da empresa 4).
(www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
29452004000200010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) 21. THE SEARCH FOR PHYSIOLOGICAL EXPLANATIONS
Na fase de pós-colheita da manga, a antracnose FOR FACTORS THAT INTERACT WITH IRON-
(Colletotrichum gloeosporioides Penz.) é a doença mais importan- DEFICIENCY STRESS IN THE FIELD
te em termos de expressão econômica. Seu controle vem sendo
JOLLEY, V. D.; HANSEN, N. C. In: Soil Science Society of Ame-
feito pela imersão dos frutos por 5 minutos em água a 55ºC, acresci-
rica Annual Meeting, 68., 2004, Seattle. Abstracts... Madison:
da de thiabendazo1 a 0,2%. Embora seja eficaz no controle dessa
ASA-CSSA-SSSA, 2004. 1 CD-ROM.
doença, esse fungicida pode deixar resíduo, o que não satisfaz os
consumidores que vêm, a cada ano, aumentando as suas exigências Iron (Fe) deficiency symptoms develop in many agricultural
por frutos livres de resíduos de agroquímicos e ambientalmente and horticultural settings and generally occur when susceptible
corretos. Dessa forma, esses experimentos foram conduzidos vi- genotypes are grown in calcareous soils where Fe availability is
sando à seleção de produtos biológicos que tenham potencial para limited. However, in some situations, Fe deficiency develops as a
o controle da antracnose e para a conservação da manga na pós- result of biological interactions with factors other than limited
colheita. Os frutos, colhidos no estádio de maturação 3 e 4, foram available Fe. We review physiological explanations for factors
imersos por 5 minutos em thiabendazol a 0,24% e benomil a 0,1% a known to interact with iron-deficiency stress. The discussion in-
22ºC, 40ºC ou 45ºC e em diferentes concentrações de óleo de soja cludes interactions with macronutrients (S and K) and micronu-
isolado ou em mistura com benomil, thiabendazol e com extrato trients (Zn), management factors such as grazing and companion
etanólico de sucupira (Pterodon pubescens Benth.). Após os trata- cropping, and symbiotic nitrogen fixation. We also refer to several
mentos, os frutos foram mantidos em câmaras a 27 ± 1ºC, 72% a 85% field observed interactions with Fe deficiency in plants where
de UR (Experimento nº 1) e a 17ºC a 85% a 100% de UR (experimento physiological explanations are needed. These include interactions
nº 2). As avaliações foram efetuadas aos 15 dias (experimento nº 1) e with seeding rate and application of the herbicide glyphosate on
aos 30 dias (experimento nº 2) após os tratamentos, determinando- glyphosate tolerant varieties. We believe that elucidation of
se as porcentagens da superfície dos frutos cobertas com lesões, additional physiological answers for field observations are critical
de frutos verdes, maduros e de vez, ºBrix e textura. to efficient and economic viability of world food production.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 21


PAINEL AGRONÔMICO

Dr. ISMAIL CAKMAK RECEBE PRÊMIO


IFA INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO DE PLANTAS 2005

O
Ministro da Agricultura da micronutriente. Cerca de 50% da população
Turquia e o escritório em mundial sofre deficiências de zinco e ferro,
Ankara do Centro Interna- as quais podem ser tratadas através desse
cional de Melhoramento de Milho e Trigo método.
(CIMMYT) estimam que somente os benefí- Os resultados desse projeto foram
cios econômicos anuais da adubação com zin- rapidamente e efetivamente comunicados
co equivalem a US$ 100 milhões. Isto sem aos públicos-chave. A indústria turca de fer-
considerar a significativa influência positiva tilizantes rapidamente respondeu com pro-
que o aumento no consumo de zinco tem pro- dutos adaptados. Agricultores mostraram
porcionado à saúde da população da Turquia. sua esmagadora aprovação aos fertilizantes
Em reconhecimento a essas realizações e à “reforçados”: a demanda cresceu de zero a
sua ilustre carreira, o Prêmio IFA Internacional de Nutrição de Plan- 300.000 toneladas por ano em somente uma década. O governo
tas será entregue ao Dr. Ismail Cakmak, professor da Universidade turco subsidiou os fertilizantes contendo zinco em 1997.
Sabanci, Istambul, Turquia. Pelo aumento da saúde total da planta e pela eficiência no
Quando Dr. Cakmak encumbiu-se da pesquisa, no início da uso do nutriente, a adubação com zinco também proporciona um
década de 90, sobre as causas básicas do pobre crescimento e dos impacto positivo sobre o ambiente.
sintomas foliares demonstrados pelas culturas de trigo na região da A excelência do trabalho do Dr. Cakmak tem sido reconhe-
Anatolia Central, na Turquia, havia pouco conhecimento da impor- cida por organizações de prestígio, incluindo Organisation for
tância do zinco para a saúde das culturas de trigo. Dr. Cakmak con- Economic Co-operation and Development (OECD), United States
duziu um projeto multi-institucional a longo prazo, o qual rapida- Department of Agriculture (USDA), Scientific and Technical Re-
mente foi financiado pelo NATO – Science for Stability Program, search Council of Turkey (TÜBITAK) e muitas outras. Recente-
para investigar esse problema na cultura. mente foi eleito para o Board of Trustees do CIMMYT. Participa
do corpo editorial de várias publicações científicas, incluindo Euro-
Dr. Cakmak também demonstrou a conseqüente e generaliza-
pean Journal of Agronomy e Journal of Trace Elements in Biology
da deficiência de zinco entre as crianças turcas nessa mesma área. A
and Medicine.
iniciativa de Anatolia é um dos primeiros exemplos mundiais do
uso de práticas agrícolas direcionadas aos problemas da saúde A entrega do Prêmio será no dia 7 de Junho próximo, em
pública, além da melhoria na produção da cultura, e seu sucesso Kuala Lumpur, Malásia, por ocasião da Conferência Anual da IFA.
proporciona um modelo para inúmeras outras nações. Solos em Nossos parabéns ao Dr. Ismail Cakmak, amigo de longa
todo o mundo necessitam de zinco, mais do que qualquer outro data da POTAFOS, pela merecida homenagem.

LÍNGUA ELETRÔNICA SUBPRODUTO DO CAFÉ COMO COMBUSTÍVEL


Caracterizado pelo estilo inovador, a Embrapa Instrumen- Em tempos de escassez de combustível e de busca por ele-
tação utilizou, pela primeira vez, plásticos que conduzem eletrici- mentos menos poluentes, o café começa a ser analisado como uma
dade para criar a Língua Eletrônica, em parceria com a Escola Poli- boa alternativa. Há alguns anos, testes com o produto vêm sendo
técnica da USP. O sensor degustativo é muito mais sensível que a conduzidos, com bons resultados. No Brasil, a utilização de subpro-
língua humana e é capaz de avaliar a qualidade e o paladar de duto do café solúvel como combustível já tem um exemplo prático.
bebidas, entre elas água, vinho, leite e café. Com rapidez e preci- Na cidade de Londrina, uma fábrica de café solúvel consumia
são, a Língua analisa a qualidade da água, a existência de cerca de US$ 1 milhão por ano em combustíveis derivados do petró-
contaminantes, pesticidas, substâncias húmicas e metais pesa- leo e produzia cerca de 50 toneladas por dia de resíduos de borra de
dos, enquanto nas demais bebidas a Língua Eletrônica diferencia café. Buscou-se, então, realizar um projeto no qual essa borra fosse
sem dificuldade os padrões básicos de paladar (doce, salgado, queimada nas caldeiras, o que fez com que os gastos com deriva-
azedo e amargo) em concentrações abaixo do limite de detecção dos de petróleo caíssem para cerca de US$ 200 mil por ano. Adicio-
do ser humano. Em 2001, o equipamento recebeu o Prêmio Gover- nalmente, a empresa não mais produz resíduos indesejáveis, que,
nador do Estado, categoria Invento Brasileiro. (Revista Coopavel, em muitos casos, tinham de ser jogados em lixos públicos. (http://
janeiro 2005. p. 64) www.coffeebreak.com.br/i-saborcafe.asp?VE=1&SE=2&ID=12)

22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


BRASIL LIDERA PESQUISA COM SUCESSO DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
CANA TRANSGÊNICA
Estudo feito por especialistas do Instituto de Pesquisa Eco-
Maior produtor e exportador mundial de açúcar e álcool, o nômica Aplicada, IPEA, confirma o extraordinário crescimento do
Brasil também está à frente em pesquisas na área de biotecnologia agronegócio. O setor é responsável por 17,4 milhões de empregos,
para cana transgênica resistente a doenças e em variedades con- ou 24,2% da população brasileira.
vencionais mais produtivas. O Centro de Tecnologia Canavieira
(CTC), que pertencia à Copersucar, está pronto para disponibilizar
cana transgênica, caso o governo libere a comercialização. Tadeu IBGE REVELA CRESCIMENTO DO
Andrade, diretor do CTC, afirmou ao Valor que o centro tecnológico DESPERDÍCIO NA AGRICULTURA
domina esta tecnologia há mais de 10 anos.
“Não há ainda plantio comercial de cana transgênica no país. Estudo inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
Mas temos pesquisas avançadas, onde o Brasil é referência mun- tística (IBGE) sobre perdas agrícolas revela que o país perdeu im-
dial”, disse Andrade. Segundo ele, uma vez liberada a comer- pressionantes 81,5 milhões de toneladas de grãos de arroz, feijão,
cialização, o CTC terá condições de iniciar imediatamente as pes- milho, soja e trigo nas fases de pré e pós-colheita das safras agríco-
quisas em suas variedades mais produtivas para disponibilizá-las las entre 1996 e 2003. Deste total, 28 milhões de toneladas foram
ao mercado em no máximo três anos. desperdiçados na pré-colheita, ou 5% do potencial de produção,
enquanto 53,3 milhões de toneladas foram perdidas na pós-colhei-
Para Andrade, a prioridade do CTC concentra-se na reen-
ta, 8,7% da produção total dos cinco grãos no intervalo.
genharia genética. Neste campo, os pesquisadores do CTC já pos-
Para Júlio Perruso, gerente de análise e planejamento da
suem vários trabalhos em estádios avançados, que podem agregar
coordenação de agropecuário do IBGE, essas perdas, principalmente
maior produtividade à cana. Um desses recentes trabalhos está con-
no pós-colheita, são semelhantes às de outros países da América
centrado em uma variedade de cana que não floresce. “O florescimento
Latina, já que decorrem de problemas de logística de transporte e
reduz o açúcar da cana”, disse. Os pesquisadores também estão
capacidade de armazenagem, comuns na região. De acordo com
pesquisando uma cana com alta tolerância à seca, variedades resis-
Perruso, também é um nível similar ao da China, país igualmente
tentes a doenças e canas mais produtivas. Todas as variedades de
com grande território e logística precária.
cana-de-açúcar do CTC são testadas primeiro em Camamu (Bahia).
Em relação aos países desenvolvidos, porém, o técnico avalia
As pesquisas em cana transgênicas do CTC concentram-se que as perdas brasileiras são imensas. “Nesses países, as perdas
hoje em variedades resistentes à broca da cana. “Esta larva perfura no pós-colheita são muito menores por conta de uma boa infra-
a cana e come a cana por dentro”, disse. No país, essa praga pode estrutura de transporte e armazenamento. Na pré-colheita, os Esta-
dizimar 2% de todos canaviais por ano, mesmo com todos os tratos dos Unidos, por exemplo, têm tecnologia altamente avançada de
realizados. “Se os tratos nos canaviais não forem adequados, o métodos de irrigação e combate a pragas, dependendo menos de
estrago poderá ser bem maior”. Também nesta área o CTC trabalha fatores climáticos, que colaboram para o desperdício”.
com variedades resistentes a herbicidas. No passado, o CTC traba- Perruso acredita que as perdas na agricultura brasileira
lhou junto com a Monsanto em uma cana resistente ao Roundup tendem a aumentar nos próximos anos, principalmente depois da
Ready. Andrade disse que essa parceria foi desfeita. safra colhida, caso não sejam feitos em tempo recorde investimentos
Além do CTC, as empresas Alellyx e a CanaVialis, controladas em transporte e armazenagem, sendo que esta última está com a
pelo Votorantim, trabalham em pesquisas com cana. As empresas capacidade instalada próxima do limite.
conseguiram no início deste mês autorização da CTNBio para testar Ele observa que 67% das cargas brasileiras são transportadas
no campo uma variedade de cana transgênica resistente ao vírus por rodovias, o modal menos vantajoso para longas distâncias. No
causador do mosaico. Segundo Fernando Reinach, presidente da tocante à armazenagem, a Pesquisa de Estoques feita pelo IBGE
Alellyx, as empresas têm várias pesquisas em curso para cana levantou uma capacidade efetiva de silos no país de 72,04 milhões
transgênica resistente a doenças e para variedades mais produtivas. de toneladas, ante as 94,08 milhões de toneladas de capacidade
As pesquisas na área indústrial também estão no foco do estática apuradas pela Conab. Em 1997, as perdas nos cultivos dos
CTC. Nos próximos anos, o CTC, em parceria com a Dedini e a cinco grãos estudados somaram 6,6 milhões de toneladas. Em 2003,
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram 9,3 milhões. Ou seja, o desperdício cresceu 41% em sete anos,
vão colocar no mercado a técnica denominada Dedini Hidrólise corroborando o prognóstico pessimista do gerente do IBGE.
Rápida (DHR), que permitirá a produção de álcool por meio do ba- Segundo Perruso, o estudo das perdas é fundamental para
gaço de cana. Hoje o bagaço é utilizado pelas indústrias do país que se possa traçar uma política de segurança alimentar, princi-
para geração de energia e na fabricação de papelão. A técnica de palmente para setores do governo que estudam oferta e demanda
DHR irá permitir reaproveitamento do bagaço de cana, depois de de produtos agrícolas. “O problema do alimento e da renda no Brasil
extraído o caldo da cana para a fabricação de açúcar e álcool, para a é de distribuição”. (Valor on line, 16/03/2005)
produção de álcool. (Valor on Line, 13/04/2005)

AUMENTA EXPORTAÇÃO DE FRUTA DA BAHIA


TERRA QUENTE À VISTA
Os produtores baianos de frutas estão descobrindo novos
Pesquisa da Embrapa Informática e Unicamp mostra que a destinos para sua produção, o que ampliou fortemente as expor-
agricultura sofrerá o impacto negativo do aumento da temperatura tações do setor no primeiro trimestre do ano. Os embarques cres-
nos próximos anos. O aquecimento global poderá reduzir significa- ceram quase 60%, passando de 5,9 mil toneladas para 9,4 mil
tivamente as áreas plantadas. Para evitar que isso ocorra, a idéia é toneladas. Isso representou um acréscimo de 74% na receita, que
usar o resultado do estudo para o desenvolvimento de cultivares saiu de US$ 3,5 milhões para US$ 6,1 milhões. (http://revistaglobo
mais resistentes a calor. (A Granja, n. 677, p. 50, 2005) rural. globo.com/GloboRural/0,6993,EEC959728-1931,00.html)

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 23


Sites Agrícolas
WWW ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Temos informações sobre o consumo de fertilizantes no Brasil, pesquisas e
publicações recentes, DRIS para várias culturas, links importantes, e muito mais...

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SAFRAS E MERCADOS INTEGRADA DO PARANÁ


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Site de informações, análises e assesso- Site da Cooperativa Agropecuária de JORNAL DA USP
ramento de mercados de commodities e do Produção Integrada do Paraná.
complexo Agribusiness no Brasil e na Amé- www.usp.br/jorusp/
rica do Sul. Versão on-line de publicação da
MEGAAGRO universidade.
MANEJO FLORESTAL www.megaAgro.com.br
Oferece serviços em informação, mídia e
NOTÍCIAS ABRADIC
www.manejoflorestal.org
comercialização de produtos agropecuários www.eca.usp.br/nucleos/njr/
Site que representa no Brasil a Rede de abradic
via Internet.
Alternativas Sustentáveis do Programa das
Boletim da Associação Brasileira
Nações Unidas para o Meio Ambiente e do
AMAZONIA de Divulgação Científica.
Fundo para o Ambiente Global.
www.amazonia.org.br
AGROLINK SCIENCE NOW
Esse site disponibiliza ao público informa-
ções sobre a região Amazônica, com o objeti- www.sciencenow.org
www.agrolink.com.br
vo de contribuir para o esclarecimento da es- Publicação diária da revista
Informação especializada do setor agro- “Science”.
trutura de agentes públicos e privados, brasi-
pecuário.
leiros e estrangeiros que atuam na região.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANBIO


NEMATOLOGIA CEPEC www.anbio.org.br
www.ciagri.usp.br/~sbn/ www.cepec.com.br Portal da Associação Nacional de
Biossegurança, com notícias e fórum.
Site da Sociedade Brasileira de Nema- Site do Centro de Pesquisas do Cacau.
tologia.
BOSQUE DA CIÊNCIA
BIOTECNOLOGIA COOPLANTIO www.inpa.gov.br/sites/fdb/Bosque
Site do Instituto de Pesquisas da
www.cib.org.br www.cooplantio.com.br Amazônia.
Conselho de informações sobre biotec- Site da Cooperativa dos Agricultores de
nologia. Plantio Direto.

24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


CURSOS, SIMPÓSIOS E OUTROS EVENTOS

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EVEN TOS DA POTAFOS EM 2005
VENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

WORKSHOP SIMPAS
Sistema Integrado de Manejo da Produção Agropecuária Sustentável
(POTAFOS junto com ANDA, ANDEF, ABAG e outras associações do agronegócio)

Informações:
Local: Primavera do Leste-MT
Data: 06-08/JUNHO/2005 POTAFOS
Telefone: (19) 3433-3254
ANDEF: Marçal Zuppi
Local: Sete Lagoas-MG
Telefone: (11) 3081-5033
Data: 19-21/SETEMBRO/2005
Celular: (11) 9992-0823

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
OUTROS EVENTOS ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

1. I WORKSHOP BRASILEIRO SOBRE A FERRUGEM 5. IFA INTERNATIONAL WORKSHOP ON ENHANCED


ASIÁTICA EFFICIENCY FERTILIZERS
Local: Campus Santa Mônica, Uberlândia-MG Local: Frankfurt, Alemanha
Data: 09 e 10/MAIO/2005 Data: 28 a 30/JUNHO/2005
Informações: Universidade Federal de Uberlândia Informações: Idem item 4
E-mail: juliatti@ufu.br
Website: www2.centershop.com.br/fernandes/iwbfa 6. XIV CONGRESSO BRASILEIRO DE SEMENTES

2. 27ª SEMANA DA CITRICULTURA - 31ª EXPOCITROS Local: Foz do Iguaçu-PR


36º DIA DO CITRICULTOR Data: 22 a 26/AGOSTO/2005
Informações: Telefone: (61) 218- 2163 / 218-2557
Local: Cordeirópolis-SP E-mail: sementes@officemarketing.com.br
Data: 06 a 10/JUNHO/2005 Website: www.andef.com.br/2003/grd_eventos
Informações: Telefone: (19) 3546-1399 16_05.asp
E-mail: elizete@centrodecitricultura.br
Website: www.centrodecitricultura.br 7. IV CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOSEGURANÇA
IV SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE PRODUTOS
3. II SIMPÓSIO DE TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE CANA- TRANSGÊNICOS
DE-AÇÚCAR
Local: Hotel São Rafael, Porto Alegre-RS
Local: ESALQ/USP, Piracicaba-SP
Data: 26 a 29/SETEMBRO/2005
Data: 09 e 10/JUNHO/2005
Informações: E-mail: secretaria@anbio.org.br
Promoção: POTAFOS e SN Centro
Website: www.anbio.org.br
Informações: FEALQ
Telefone: (19) 3417-6600 / 6604
8. IFA-IFDC PHOSPHATE FERTILIZER PRODUCTION
Website: www.fealq.org.br
TECHNOLOGY WORKSHOP
GAPE
Telefone: (19) 3417-2138 Local: Brussels, Bélgica
E-mail: gape@esalq.usp.br Data: 26 a 30/SETEMBRO/2005
Website: www.gape.esalq.usp.br Informações: Idem item 4

4. IFA-IFDC NITROGEN FERTILIZER PRODUCTION 9. III SILICON INAGRICULTURE CONFERENCE


TECHNOLOGY WORKSHOP
Local: Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG
Local: Maastricht, Holanda Data: 22 a 26/OUTUBRO/2005
Data: 13 a 17/JUNHO/2005 Informações: Prof. Gaspar H. Korndörfer
Informações: International Fertilizer Industry Association (IFA) E-mail: ghk@triang.com.br
E-mail: ifa@fertilizer.org Website: www.siliconinagriculture.iciag.ufu.br/
Website: www.fertilizer.org Index2.htm

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 25


PUBLICAÇÕES RECENTES

1. FÓSFORO NAAGRICULTURA BRASILEIRA 2. GUIA DE FERTILIDADE DO SOLO VERSÃO 3.0 – 2004


(atualizada e ampliada - agora também para Windows XP, NT e 2000)
Editores: Yamada, T. & Abdalla, S.R.S. e; 2004.
Conteúdo: Fósforo – essencial para a vida; reservas de fosfatos e Autores: Lopes, A.S.; Guilherme, L.R.G.; Marques, R.; 2004.
produção de fertilizantes fosfatados no Brasil e no Conteúdo: Curso completo sobre manejo da fertilidade do solo e
mundo; o fósforo na planta e interações com outros uso eficiente de corretivos e fertilizantes em versão
elementos; fósforo no solo e interação com outros multimídia-hipermídia, inclui: histórico da fertilidade
elementos; o papel dos microrganismos na disponi- do solo; conceitos básicos sobre fertilidade do solo
bilização e aquisição de fósforo pelas plantas; adu- e produtividade; reação do solo e calagem; nutrien-
bação fosfatada em solos da região do cerrado; adu- tes; análise de solo, análise foliar e outras técnicas
bação fosfatada no sistema plantio direto; resposta de diagnose; aspectos econômicos e outros benefí-
da soja à adubação fosfatada; adubação fosfatada cios da adubação. Permite a execução de uma série
na cultura do milho; fósforo na cultura do algodão de cálculos envolvendo aspectos relacionados à cons-
em Mato Grosso; fósforo na cultura da cana-de-açú- trução da fertilidade do solo, execução de fertigramas,
car; resposta à adubação fosfatada na cultura do café; montagem de áudio-visuais para cursos/palestras e
adubação fosfatada na cultura dos citros; adubação testes para avaliação do conhecimento adquirido. Uma
fosfatada em pastagens cultivadas com ênfase na novidade nesta versão 3.0 é a inclusão do aplicativo
região do cerrado; nutrição de fósforo na produção Pesquisa Palavras (Full Text Search) e a disponibi-
de arroz de terras altas; o fósforo na cultura do arroz lização de boletins técnicos e livros em PDF.
irrigado; nutrição de fósforo na produção de feijoeiro; Número de páginas: 700
fósforo no solo e a cultura do trigo; nutrição e aduba- Preço: R$ 300,00 (antigos usuários da versão 2.0 e estudantes, median-
ção fosfatada em eucalipto; fatores que interferem na te comprovação: R$ 200,00)
eficiência da adubação fosfatada; métodos de diag- Informações adicionais: www.dcs.ufla.br/guia/guia.htm ou
nose de fósforo no solo em uso no Brasil; metodo- www.anda.org.br
logias de extração química para avaliação da eficiên- Pedidos: Alfredo Scheid Lopes
cia de fertilizantes fosfatados; eficiência agronômica Fone/Fax: (35) 3829-1280; (35) 3821-3582
dos fosfatos totalmente acidulados; eficiência agro- E-mail: ascheidl@ufla.br
nômica dos fosfatos naturais; eficiência agronômica
dos termofosfatos e fosfatos alternativos. 4. SISTEMA PLANTIO DIRETO: BASES PARA O MANEJO DA
Número de páginas: 726 FERTILIDADE DO SOLO
Preço: R$ 120,00
Pedidos: POTAFOS Autores: Lopes, A.S.; Wiethölter, S., Guilherme, L.R.G.; Silva, C.A.;
Website: www.potafos.org 2004.
Conteúdo: Principais alterações químicas no solo decorrentes do
sistema plantio direto; antes de entrar no sistema
3. MANUAL DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA OS ESTADOS plantio direto; manejo da fertilidade no sistema plan-
DO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA – 10a edição tio direto; considerações finais.
Editores: Comissão de Química e Fertilidade do Solo (CQFS RS/ Número de páginas: 110
SC) - Núcleo Regional Sul/SBCS; 2004. Preço: Gratuito
Conteúdo: Evolução das recomendações de adubação e de Pedidos: ANDA
calagem no RS e SC; amostragem de solo e de tecido E-mail: info@anda.org.br
vegetal; métodos de análises de solo, plantas, mate- Website: www.anda.org.br
riais orgânicos e resíduos; diagnóstico da fertilida-
de do solo e do estado nutricional da planta; calagem 5. UTILIZAÇÃO DAASPERSÃO EM MALHA NA CAFEICUL-
em cultivos isolados e para rotação de culturas em TURAFAMILIAR
sistemas de uso e manejo de solo; corretivos e fertili- Autores: Drumond, L.C.D. & Fernandes, A.L.T.; 2004.
zantes minerais; adubação orgânica; recomendações Conteúdo: O uso de novas tecnologias na cafeicultura familiar;
de adubação: corretiva total e corretiva gradual para irrigação por aspersão; dimensionamento do sistema
culturas de grãos e forrageiras; adubação para gru- de irrigação por aspersão; sistema de aspersão em
pos de culturas: hortaliças, tubérculos, raízes, frutí- malha; fertirrigação; manejo racional da irrigação –
feras, essências florestais e plantas ornamentais, me- otimização da água, energia elétrica e insumos; avalia-
dicinais e condimentares; cultivos protegidos e hidro- ção da uniformidade de aplicação de água; projetos
ponia; cultivos em substratos; aptidão de uso das de irrigação por aspersão em malha; glossário.
terras e sua utilização no planejamento agrícola; as- Número de páginas: 88
pectos referentes à legislação brasileira. Preço: R$ 20,00 (mais despesas postais)
Número de páginas: 400 (ilustrado) Editora: UNIUBE – Universidade de Uberaba
Preço: R$ 35,00 (Capa dura R$ 45,00) Núcleo Embrapa Café
Editora: Núcleo Regional Sul/SBCS Telefone: (34) 3319-8964
E-mail:sbcs-nrs@cca.ufsc.br E-mail: embrapa@uniube.br

26 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005


PUBLICAÇÕES DA POTAFOS

R$/exemplar BOLETINS TÉCNICOS


10,00 "Nutrição e adubação do feijoeiro"; C.A. Rosolem (91 páginas)
10,00 "Nutrição e adubação do arroz"; M.P. Barbosa Filho (120 páginas, 14 fotos)
10,00 "Potássio: necessidade e uso na agricultura moderna" (45 páginas, 34 fotos)
LIVROS
20,00 "A estatística moderna na pesquisa agropecuária"; F. Pimentel Gomes (162 páginas)
20,00 “Desordens nutricionais no cerrado”; E. Malavolta; H.J. Kliemann (136 páginas)
20,00 "Ecofisiologia na produção agrícola"; P.R.C. Castro e outros (ed.) (249 páginas)
20,00 "Nutrição mineral, calagem, gessagem e adubação dos citros"; E. Malavolta (153 páginas, 16 fotos)
20,00 "Nutrição e adubação da cana-de-açúcar"; D.L. Anderson & J.E. Bowen (40 páginas, 43 fotos)
20,00 "Fertilizantes fluidos"; G.C. Vitti & A.E. Boaretto (ed.) (343 páginas, 12 fotos)
30,00 "Cultura do cafeeiro"; A.B. Rena e outros (ed.) (447 páginas, 49 fotos) (LIQUIDAÇÃO DE ESTOQUE)
40,00 "Avaliação do estado nutricional das plantas - 2ª edição"; Malavolta e outros (319 páginas)
40,00 "Manual internacional de fertilidade do solo - 2ª edição, revisada e ampliada" (177 páginas)
40,00 “Cultura do algodoeiro”; E. Cia; E.C. Freire; W.J. dos Santos (ed.) (286 páginas, 44 fotos)
40,00 "A cultura da soja nos cerrados"; Neylson Arantes & Plínio Souza (eds.) (535 páginas, 35 fotos)
40,00 "Nutrição e adubação de hortaliças"; Manoel E. Ferreira e outros (ed.) (487 páginas)
40,00 "Micronutrientes na agricultura"; M.E. Ferreira & M.C.P Cruz (ed.) (734 páginas, 21 fotos)
40,00 "Cultura do feijoeiro comum no Brasil"; R.S. Araujo e outros (coord.) (786 páginas, 52 fotos)
120,00 “Fósforo na agricultura brasileira”; Yamada, T. & Abdalla, S.R.S. e (ed.) (726 p.)
CD-ROM
30,00 “Monitoramento Nutricional para a Recomendação da Adubação de Culturas” (Anais/DRIS e Pass)
30,00 Anais do Simpósio sobre Fisiologia, Nutrição, Adubação e Manejo para Produção Sustentável de Citros (Anais/
DRIS para citros)
50,00 Anais do I Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do II Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do III Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (4 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do IV Simpósio sobre Soja/Milho no Plantio Direto (3 CD’s: vídeos, palestras e slides)
50,00 Anais do Workshop “Relação entre Nutrição de Plantas e Incidência de Doenças” (4 CD’s: vídeos, palestras e
slides)
JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS (edição trimestral: Março, Junho, Setembro e Dezembro)
40,00 Assinatura anual (ou quatro números)
ARQUIVOS DO AGRÔNOMO
Nº 1 - A pedologia simplificada (2ª edição - revisada e modificada) (16 páginas e 27 fotos)
Nº 2 - Seja o doutor do seu milho - 2a edição, revisada e modificada (16 páginas e 27 fotos)
Nº 3 - Seja o doutor do seu cafezal (12 páginas, 48 fotos)
10,00 Nº 4 - Seja o doutor de seus citros (16 páginas, 48 fotos)
cada
Nº 6 - Seja o doutor da sua cana-de-açúcar (16 páginas, 48 fotos) DESCONTOS
número
Nº 8 - Seja o doutor do seu algodoeiro (24 páginas, 77 fotos)
Para compras no valor de:
Nº 9 - Seja o doutor do seu arroz (20 páginas, 41 fotos)
Nº 11 - Como a planta de soja se desenvolve (21 páginas, 38 fotos) R$ 100,00 a R$ 200,00 = 10%
Nº 12 - Seja o doutor do seu eucalipto (32 páginas, 71 fotos) R$ 200,00 a R$ 300,00 = 15%
No 15 - Como a planta de milho se desenvolve (20 páginas, 52 fotos) R$ 300,00 a R$ 400,00 = 20%
mais que R$ 400,00 = 25%

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 109 – MARÇO/2005 27


Ponto de Vista

OS SETE PECADOS DA HUMANIDADE


Tsuioshi Yamada

T
ive, recentemente, o privilégio de ouvir pessoal- Falou também dos enormes danos ambientais – como
mente o Professor Rattan Lal, cientista famoso erosão acelerada, perdas na qualidade da água e da saúde
pelo trabalho sobre seqüestro de carbono e pela dos ecossistemas costais – que lamentavelmente acom-
luta em prol da conservação ambiental, que fez a palestra de panharam esta evolução. Danos estes que hoje, felizmente,
abertura do Simpósio sobre Plantio Direto e Meio Ambiente estão sendo reparados com o uso do sistema plantio direto,
promovido pela Federação Brasileira de Plantio Direto na de grande aceitação no Brasil. A face humanista do Dr. Lal
Palha, em Foz de Iguaçu. manifestou-se ao encerrar sua palestra mencionando os sete
pecados da humanidade, de acordo com Gandhi: 1. Riqueza
O tema de sua palestra foi O plantio direto e o meio
sem trabalho; 2. Prazer sem consciência; 3. Comércio sem
ambiente – impacto na qualidade do solo, da água e da
moralidade; 4. Devoção sem sacrifício; 5. Política sem
atmosfera. De porte nobre, voz suave e gestos calmos, refinada
princípios; 6. Conhecimento sem caráter e 7. Ciência sem
mescla de humanista com cientista, ao invés de apresentar
humanidade.
apenas frios dados científicos, Prof. Lal ofereceu-nos agra-
dável aula sobre a história da agricultura, tendo como ator Esta mensagem de Gandhi é de relevância a todos,
principal o arado e sua evolução ao longo do tempo. Mostrou- independente do espaço ou do tempo. Talvez mais hoje que
nos como o aperfeiçoamento deste implemento favoreceu no passado, pelo poder quase infinito do homem. Que pode
o aumento da produção agrícola e, assim, da população do ajudar a construir um mundo mais justo, mais humano. Ou
mundo. destruí-lo. Compete a nós que decisão tomar.

Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato


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T. YAMADA - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia
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