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Circular Técnica produzida pela EPAMIG Sul, (35) 3821-6244, epamigsul@epamig.br.
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Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. Adj. UFLA - Depto. de Agricultura, Lavras, MG, jose.padua@ufla.br.
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Eng. Agrônoma, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sul, Lavras, MG, aurinelza@epamig.br.
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Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesq. EPAMIG Sul, Lavras, MG, fabio.aurelio@epamig.br.
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Eng. Agrônomo, D.Sc., Prof. Associado UFLA - Depto. de Biologia, Lavras, MG, jarnunes@ufla.br.
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Eng. Agrônoma, Mestranda UFLA, Lavras, MG, alice@biotrigo.com.br.
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O trigo tem restrições de locais de cultivo na região tropical, um dos quesitos é "Altitude". Consultar o Zoneamento Agrí-
cola de Risco Climático (Zarc) (BRASIL, 2021) para esclarecer mais dúvidas.
Pádua, J.M.V. et al. 2
a pré-semeadura até a fase de perfilhamento do tri- além das lagartas que causam danos, tem sido ob-
go, sendo preferida essa última fase por proporcionar servada nas últimas safras uma grande incidência de
maior segurança de disponibilidade na fase de enchi- percevejos (principalmente barriga-verde – Dichelops
mento de grãos da cultura. Lembrando que as condi- furcatus) causando problemas durante a elongação/
ções climáticas são preponderantes para a tomada espigamento das plantas. Nesse caso, o uso de pro-
de decisão de uma ou outra estratégia no uso do N. dutos químicos para o controle (nível de ação > 2 per-
Além dos fertilizantes de liberação lenta (ureia cevejos/m2) deve ser utilizado.
protegida), alguns novos fertilizantes de liberação Outro inseto observado nas lavouras de plan-
controlada têm sido testados e potencialmente po- tio tardio foram os pulgões Metopolophium dirhodum
dem ser uma tecnologia que venha agregar no ma- (pulgão-da-folha), Sitobionavenae (pulgão-da-es-
nejo da adubação e rentabilidade dos produtores. É piga), Schizaphis graminum (pulgão-verde-dos-ce-
preciso estar atento para a utilização destes produ- reais), Rhopalosi phumpadi (pulgão-da-aveia), R.
tos, que têm custo elevado, cabendo aqui a correta rufiabdominale (pulgão-da-raíz) e R. maidis (pulgão-
orientação técnica. -do-milho), estes podem causar danos diretos e indi-
A decisão da quantidade de nutrientes em fun- retos. Sendo danos diretos, o enfraquecimento das
ção da produtividade esperada deve sempre consi-
plantas pela sucção de seiva e a morte de tecido fo-
derar o histórico do produtor, previsões climáticas
liar pela injeção de toxinas salivares; e os indiretos
esperadas para o ciclo da cultura e dados históricos
pela transmissão de viroses, como o vírus-do-nanis-
da região em questão. Muitas vezes o trigo é utiliza-
mo-amarelo-da-cevada (VNAC), o qual ainda não foi
do para fazer “caixa” de alguns nutrientes, como o
observado em taxas significativas na região. Como
fósforo (P), no sistema de produção. Outro ponto de
medida de controle adota-se o controle biológico com
atenção é que o trigo não tolera acidez elevada (bai-
introdução na área de parasitoides e predadores,
xo pH) do solo. Com isso, a escolha de áreas para o
como micro-himenópteros e joaninhas; e o controle
cultivo do trigo tem de apresentar, tanto na camada
químico (nível de ação > 10 ou 5 de infestação das
superficial do solo quanto na subsuperfície, teores de
planta, dependendo do estádio de desenvolvimento),
pH e saturação de bases adequadas.
utilizando produtos registrados no MAPA.
Por fim, é necessário salientar que o trata-
MANEJO DE DOENÇAS E PRAGAS mento de sementes com produtos para controle de
Um dos fatores restritivos à expansão do cultivo insetos-praga do sistema, como lagartas, corós, en-
do trigo nas condições tropicais são as doenças. Den- tre outros, bem como para doenças, é uma medida
tre estas a brusone tem destaque por ser a principal eficiente, com baixos custos e sustentável, que deve
doença da espiga nessa região, com várias espécies e ser adotada.
inúmeros hospedeiros, características que tornam difí-
cil o controle. Entre as medidas de manejo podem-se USO DE HERBICIDAS
listar o uso de cultivares com maior nível de resistência
ou tolerância, a semeadura em épocas recomendadas O trigo apresenta-se como uma excelente op-
pelo zoneamento agrícola, o tratamento químico de ção num sistema de rotação de culturas, sendo um
sementes, o tratamento com fungicidas na parte aé- aliado na melhoria do controle de plantas invasoras.
rea e a eliminação de hospedeiros alternativos (espé- Porém, para usufruir desse benefício, é necessário
cies da família Poaceae). Mais informações sobre os estar atento para alguns pontos. O primeiro destes é
fungicidas podem ser encontradas em documentos a lista de herbicidas disponíveis em pré e pós-emer-
publicados pela Embrapa Trigo (2022). Atenção espe- gência da cultura do trigo (REUNIÃO..., 2020). Entre
cial deve ser dispensada às condições ambientais, ou os herbicidas chamam atenção os produtos do gru-
seja, temperatura e umidade relativa (UR) do ar que po químico das sulfonilureias, no qual se enquadra o
favorecem o desenvolvimento do patógeno para au- metsulfurom metílico. Esses produtos são eficientes
xiliar na tomada de decisão do momento de entrada no controle de plantas invasoras de folhas largas em
com fungicidas na lavoura, informações disponíveis na pós-emergência (até 2-6 folhas, dependendo da es-
plataforma Sisalert (2011). pécie) e também em pré-emergência. Este controle
Com relação às pragas no cultivo de trigo na de pré-emergência é justamente a preocupação que
região Sul de Minas Gerais e Campo das Vertentes, se tem com o produto. Nas doses recomendadas na
bula, esse produto leva de 60-90 dias para se de- na oscilação térmica do solo possibilitando
gradar no solo, e, em muitos casos, são observados melhor desenvolvimento biológico do solo
efeitos nas culturas de verão (milho e soja) mesmo (há relatos de diferenças de até 10 °C quan-
após 180 dias dessa aplicação. Com isso, esse pro- do comparados ao solo com e sem cobertura
duto, mesmo com uma alta eficiência, em algumas morta), preservação da umidade (de acordo
oportunidades tem sido evitado. Sendo necessário com Andrade (2008), na presença da palha-
atentar para a seguinte observação: não exceder a da da aveia há redução de 40% na perda de
dose máxima e respeitar o período mínimo entre a água), barreira física que amortiza o impac-
semeadura da próxima cultura. Existem alternativas to da gota de chuva proporcionando maior
para o produto, sendo uma destas o ácido 2,4-diclo- infiltração de água no solo, maior quantida-
rofenoxiacético (2,4-D) que tem restrições de aplica- de de cobertura proporcionada pelo cultivo
ção tardias, ou seja, após o estádio de perfilhamento de trigo em comparação ao cultivo de milho
da cultura, além de tratar-se de um produto muito (FRANCHINI et al., 2011) permitindo, con-
volátil, que pode atingir por meio de deriva lavouras forme Costa et al. (2014), o acréscimo de
vizinhas com cultivos suscetíveis, exigindo portanto até 22 sacos na soja (cultura principal) em
atenção especial. função do aumento de palha no sistema;
d) proporciona aumento da matéria orgânica
(MO) do solo: 1% a mais de MO no solo
ROTAÇÃO DE CULTURAS E O SISTEMA DE
PRODUÇÃO representa aumento de 12 sc/ha na soja de
verão (DEBIASI et al., 2015);
Nas últimas décadas os cereais de inverno, e) melhora na estrutura do solo por meio do
como por exemplo o trigo, passaram a ser uma al- sistema de Plantio Direto (PD): presença de
ternativa adotada pelos agricultores da região Sul de palha associada à raiz da cultura anteces-
Minas Gerais e Campo das Vertentes. Além da ne- sora (inverno) possibilita ganho significativo
cessidade de incremento de produção na busca da de produtividade na cultura de verão (BAL-
autossuficiência, sabe-se ainda que a cultura do trigo BINOT JUNIOR et al., 2017), pois propicia
vem-se consolidando como excelente opção na com- melhora da estrutura, ajuda na infiltração
posição dos sistemas de produção agrícolas susten- para camadas subsuperficiais e proporcio-
táveis, sendo essa cultura, uma alternativa para su- na ciclagem de nutrientes;
cessão e rotação em sistemas de produção de grãos, f) maior diversidade biológica do solo, pois
hortaliças, entre outros. Nesses sistemas, existem cada planta apresenta sua microbiota pró-
inúmeros benefícios, com a adoção do trigo, que fa- pria que cria ambiente propício para a ati-
zem com que a rentabilidade do produtor rural seja vidade biológica benéfica para o sistema
maior, principalmente pensando na sustentabilidade solo-planta;
do negócio a médio e longo prazo. Como principais g) melhor estabelecimento da cultura de ve-
benefícios têm-se: rão, principalmente em períodos adversos
a) supressão de alguns patógenos, como (seca e calor), auxilia na melhor germina-
manchas foliares e podridões radiculares ção (auxilia na expressão do vigor das se-
(rhizoctonia) e nematoides que causam da- mentes) e estabelecimento inicial da cultura
nos não somente no trigo, mas também nas que estão diretamente ligados à produção
culturas subsequentes, como milho, soja e final;
feijão; h) aumento da produtividade na cultura de
b) supressão de plantas invasoras, sendo verão: há relatos de que a soja produz,
esse o aspecto de mais fácil visualização aproximadamente, 20 sc a mais quando na
e de maior eficácia no sistema por meio da cultura de outono/inverno tem-se trigo ao
cobertura vegetal (atenção especial ao con- invés de milho (BALBINOT JÚNIOR et al.,
trole de invasoras de difícil manejo, como o 2020), porém é válido salientar que além
capim-amargoso, etc.); da sucessão é preciso pensar em rotação
c) melhor cobertura vegetal morta (palhada), o e diversificação das culturas e também das
que proporciona redução na temperatura e cultivares.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- SISALERT. Trigo: monitoramento. [S.l.]: Grupo de
tecimento. Secretaria de Política Agrícola. Portaria no Pesquisa Mosaico, 2011. Disponível em: http://dev.
4, de 11 de janeiro de 2021. Aprova o Zoneamento sisalert.com.br/monitoramento/. Acesso em: 2 fev.
Agrícola de Risco Climático para a cultura de trigo 2022.