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MANUAL PRÁTICO

DE SOJA E MILHO
As principais questões que envolvem
essas duas importantes culturas.
sumário
Introdução 04

Produção de Soja 05
Exigências hídricas 05
Manejo do solo 05
Requisitos para a implantação e manutenção do SPD 05
Fertilidade do solo e avaliação do estado nutricional da soja 06
Amostragem e análise do solo 07
Indicação para a correção da acidez em solos arenosos 07
Calagem no sistema de plantio direto 07
Exigências minerais e adubação 08
Diagnose foliar 08
Adubação com nitrogênio 09
Adubação com fósforo e potássio 09
Instalação da lavoura 09
Cultivares de soja 10
Qualidade da semente 10
Tratamento da semente 10
Época de semeadura 11
Densidade de plantas e espaçamento entre linhas 11
Profundidade de semeadura 11
Diversificação de espécies vegetais em sistemas de produção 12
Manejo Integrado de Pragas 12
Controle de pragas aéreas 12
Controle de pragas rizófagas 13
Manejo Integrado de Doenças 13
Colheita 14
Pós-Colheita 15
Secagem 15
Armazenamento a granel 15
sumário

Produção de Milho 16
Condições climáticas 16
Temperatura 16
Época de semeadura 16
Profundidade da semeadura 16
Seleção de cultivares 17
Pragas e doenças 17
Manejo de solos 17
Requisitos para a implantação do plantio direto 18
Funções da palhada no plantio direto 20
Controle de Doenças 20
Principais pragas do milho 21
Colheita 23
Planejamento da colheita 23
Secagem e Armazenamento 24
Destino da produção 24

Considerações Finais 25

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Introdução
O plantio de soja foi encerrado em voltadas para a minimização da
40,7 milhões de hectares, acréscimo volatilidade dos resultados no longo
de 3,8% na área plantada em relação prazo permitem que o produtor otimize
à safra 2021/22. Segundo observado a gestão dos riscos e tenha mais espaço
pelos técnicos da Conab (Companhia para planejar os investimentos na sua
Nacional do Abastecimento), as propriedade.
produtividades obtidas refletem o
cenário climático durante o ciclo da Uma das estratégias indicadas ao
cultura. A expectativa é que a produção agricultor, é vincular a compra dos
alcance 122,76 milhões de toneladas insumos com a venda da produção
esse ano. (sacas de grãos, por quilogramas
de fertilizante, por exemplo),
O avanço da colheita da soja dita o para não ser surpreendido com a
ritmo do plantio do milho segunda incompatibilidade entre os preços
safra. Atualmente, a Conab estima pagos na compra dos insumos com o
74,8% da área já semeada. Destaque valor recebido com a comercialização
para Mato Grosso com 94% plantado. da safra. Também, é importante que o
A previsão é de um plantio em uma produtor estabeleça uma estratégia de
área aproximada de 16 milhões vendas ao longo do ciclo para conseguir
de hectares, o que representa um realizar uma média de preços que
acréscimo de 6,7% à safra 20/21. A atual resulte em lucro, em função dos altos
expectativa da Conab é que a produção e baixos do mercado. Em resumo, é
total do milho cresça 29%, podendo recomendável que o produtor tenha
chegar a 112,3 milhões de toneladas. sempre controle sobre os custos, não
O incremento é impulsionado pelo só da produção, como do transporte
melhor desempenho principalmente e da armazenagem, para não ser
da segunda safra do grão, que tende surpreendido com eventos previsíveis
passar de 60,7 milhões de toneladas no para produtores mais antenados.
período 2020/21 para 86,2 milhões de
toneladas na atual temporada. Você já viu como entender aspectos
Todos nós sabemos que a agricultura mercadológicos é importante para
é uma atividade de alto risco e que o ter altas rentabilidades na produção,
produtor não consegue controlar todas mas conhecer bem o manejo dessas
as varáveis, tais como as intemperes do culturas também é fundamental. Por
clima e o mercado internacional. isso, ao longo desse manual, você vai
percorrer por várias das etapas mais
Com a alta volatilidade do mercado os importantes para a produção de soja
produtores devem estar preparados e milho.
para atuar e tomar decisões em
diferentes cenários, tanto em preços
em alta quanto em possíveis quadros
Aproveite!
de baixa no mercado. Estratégias Vamos lá.
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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Produção de Soja
Exigências hídricas O Sistema Plantio Direto (SPD),
quando conduzido de acordo com suas
Na soja, a água é importante durante premissas (mínima mobilização do solo,
todo o ciclo da cultura, exceto após cobertura permanente por culturas
a maturidade fisiológica dos grãos, ou por seus resíduos e diversificação
quando a ocorrência de chuvas de espécies vegetais), promove
prolongadas retarda o processo de consideráveis ganhos em relação à
secagem natural e compromete a conservação do solo e à produtividade
qualidade dos grãos e sementes. Dois das culturas. Isso ocorre em função da
períodos são considerados críticos em proteção da superfície do solo pelos
relação ao suprimento de água, sendo resíduos vegetais, da manutenção ou
o primeiro a germinação-emergência aumento do teor de carbono orgânico,
e o segundo, a floração-enchimento da disponibilidade de nutrientes, do
de grãos. Na germinação, tanto o armazenamento de água no solo,
excesso quanto a falta de água são resultante da maior infiltração e da
prejudiciais ao estabelecimento da menor perda por evaporação para a
cultura e à obtenção de um estande atmosfera.
adequado de plantas. Dessa forma,
nessa fase, o conteúdo de água no solo
deve ser entre 50% e 85%, suficiente Requisitos para
para que a semente absorva o mínimo a implantação e
de água necessário para a germinação
manutenção do SPD
adequada, ou seja, 50% do seu peso em
água. Como em qualquer atividade
agropecuária, o planejamento é
fundamental para reduzir erros e
Manejo do solo riscos e aumentar a taxa de sucesso.
Tendo em vista que o SPD implica em
O manejo do solo consiste em mudanças profundas nos sistemas
um conjunto de operações de produção de soja, bem como
e práticas realizadas para em custos para adequar as
propiciar condições favoráveis à tecnologias de produção,
semeadura, ao estabelecimento, é importante
ao desenvolvimento e à produção que a sua
das plantas cultivadas, por tempo
ilimitado. O manejo do solo para a
semeadura é a primeira e talvez a
mais importante operação a ser
realizada.

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adoção ocorra de maneira gradativa, espécies de cobertura no outono-


aumentando-se a área sob esse inverno ou 2ª safra.
sistema ano a ano. O primeiro passo
para a implantação do SPD envolve Independente do sistema de manejo
a realização de amostragem para do solo adotado (SPD ou preparo
análise química de solo. convencional), a diversificação de
espécies vegetais por meio da
Em situações de baixo pH, baixa sucessão, rotação e/ou consorciação
saturação por bases e elevados de culturas é essencial para a
teores de alumínio, deve-se corrigir a sustentabilidade do sistema de
acidez do solo mediante aplicação e produção de soja. A diversificação
incorporação de calcário, pelo menos de culturas tanto pode ser feita com
até 20 cm de profundidade. Essa lavouras anuais exclusivas, quanto
etapa é essencial para o sucesso do com espécies forrageiras perenes,
sistema, pois após a implantação do em sistemas integrados de produção.
SPD, as aplicações de corretivos de No caso do SPD, a diversificação de
acidez serão realizadas somente em espécies vegetais constitui um dos seus
superfície. A mesma lógica pode ser fundamentos básicos.
aplicada ao fósforo, considerando sua
baixa mobilidade no solo e com isso a
dificuldade de incrementar os teores Fertilidade do solo e avaliação
em subsuperfície quando as aplicações do estado nutricional da soja
ocorrem superficialmente ou em sulco
de semeadura. Alguns procedimentos são
determinantes para manter
O preparo do solo para incorporação a fertilidade do solo:
de corretivos e fertilizantes, bem
como para a descompactação, deve
ser realizado antes da implantação • A análise de solo e tecidos são
de culturas de cobertura do solo. práticas recomendáveis para o
Estas devem ter rápido crescimento monitoramento e para o manejo
inicial, grande potencial de produção da fertilidade do solo e da nutrição
de fitomassa e sistema radicular mineral das plantas.
abundante e profundo, visando
diminuir os riscos de perdas de água, • A interpretação da análise
solo e nutrientes por erosão hídrica do solo é que vai estabelecer a
na fase de estabelecimento do SPD. necessidade e o tipo de adubação.
Com o mesmo objetivo, deve-se evitar
a realização das operações de preparo • O uso inadequado de fertilizantes
do solo no início do período chuvoso, pode resultar na contaminação
quando a probabilidade de ocorrência do solo e dos cursos d’água e
de precipitações pluviométricas de alta também pode compactar o solo e
intensidade e alto potencial erosivo provocar sua erosão.
é maior. Na maioria das situações,
indica-se que essas operações sejam • Antes de se recorrer à calagem,
realizadas após a colheita da safra deve-se fazer o levantamento
de verão e antes da semeadura de do histórico da área e proceder

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à análise química do solo, por no sistema de semeadura direta,


meio da coleta de amostras indica-se a amostragem de 0 a 10
bem representativas das áreas, cm e de 10 a 20 cm de profundidade,
com intervalo de três anos, as com o objetivo principal de avaliar
quais devem ser analisadas em a variação da acidez entre as duas
laboratório credenciado. profundidades.

• Não se deve aplicar fertilizantes • Para avaliar a necessidade de


que contenham substâncias calagem, a amostragem deverá ser
tóxicas, especialmente metais realizada antecipadamente, para
pesados não-nutrientes, que o calcário seja incorporado
que constituam riscos de pelo menos três meses antes da
contaminação do solo, dos semeadura.
alimentos e da saúde. Plantio
direto, rotação de culturas e uso
de adubos verdes são práticas Indicação para a correção da
que exigem planejamento. Deve- acidez em solos arenosos
se, portanto, procurar orientação
dos técnicos locais de extensão • A limitação de uso de solos arenosos
rural e assistência técnica. se deve ao fato de apresentarem
baixa capacidade de troca de cátions,
• Em solos arenosos, devem baixa capacidade de retenção de
ser adotadas práticas que água e grande susceptibilidade à
atenuem a erosão e a lixiviação erosão.
de nutrientes, como cobertura
morta, parcelamento da adubação • Nos solos com menos de 20% de
potássica e aumento da matéria argila, o cálculo de correção da acidez
orgânica do solo utilizando-se a deverá elevar a saturação por bases
rotação de culturas e a cobertura (V%) para 50%.
vegetal entre a colheita e o plantio
das espécies econômicas.
Calagem no sistema
• Sempre que possível, devem- de plantio direto
se utilizar adubações orgânica e
verde. • Preferencialmente, antes de iniciar
o sistema plantio direto, em áreas
• Aconselha-se utilizar adubos e sob cultivo convencional, indica-se
corretivos registrados, conforme corrigir integralmente a acidez de
legislação vigente. solo, por meio da aplicação uniforme
do corretivo, em quantidade
suficiente para atingir a saturação
por bases desejadas, incorporando-o
Amostragem e análise do solo à camada arável, que deve ser de até
20 cm de profundidade.
• A amostragem de solo deve ser
realizada na camada de 0 a 20 • Após a instalação do sistema
cm de profundidade. No entanto, plantio direto, o solo deve ser

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amostrado na profundidade de 0 à
20 cm, podendo-se aplicar até 1/3 da
quantidade de corretivo necessária
para atingir a saturação de bases
desejada, a lanço, na superfície do
solo, pelo menos 6 meses antes do
plantio.

• Para solos sob plantio direto que


já receberam calcário na superfície,
a amostragem do solo deve ser
realizada de 0 a 10 e com 10 a 20 cm
de profundidade. Para o cálculo da
recalagem, considerar os valores
médios das duas profundidades,
aplicando até 1/3 da quantidade
indicada.

Exigências
minerais
e adubação
Diagnose foliar

• Além da análise do solo, a diagnose


foliar é um recurso complementar na
interpretação da fertilidade do solo,
para fins de recomendação de adubos,
principalmente para uma próxima
safra.

• Basicamente, a diagnose foliar


consiste em analisar, quimicamente,
as folhas e interpretar os resultados
conforme tabela de padrões de
referência para os teores de nutrientes
nas folhas.

• Para a correta diagnose foliar, é


importante coletar o terceiro e/ou o
quarto trifólios, sem o pecíolo, a partir
do ápice da planta, no mínimo de 30
plantas no talhão, no início da floração.

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• Após embaladas em sacos de papel • a cultivar;


(não usar plástico), encaminhar para
um laboratório de análises confiável. • a qualidade e o tratamento das
sementes;

Adubação com nitrogênio • a inoculação, via sementes ou no


sulco;
• O nitrogênio é o nutriente requerido
em maior quantidade pela soja, sendo • a adubação de base; a época de
necessários em torno de 80 kg para semeadura;
cada tonelada de soja produzida.
• a densidade de semeadura e o
• Desse total de nitrogênio necessário espaçamento entre as fileiras, que
para a produção de soja, cerca de 50 kg definem o arranjo espacial das
são exportados para cada tonelada de plantas;
grão produzida.
• a profundidade e a uniformidade
de deposição de fertilizantes e
Adubação com sementes, ou seja, a primeira
fósforo e potássio etapa para a obtenção de uma
lavoura produtiva e rentável é a sua
• As doses de fósforo e potássio adequada instalação.
são aplicadas de maneira variável,
conforme as classes de teores desses
nutrientes no solo. A definição da melhor época de
semeadura da soja no período
• Quanto maior a concentração indicado deve ser fundamentada nas
de nutriente no solo, menor será a características de clima e solo da região,
quantidade de nutrientes aplicada por nos sistemas de produção utilizados e
meio da adubação. nos atributos das cultivares.
Salienta-se a importância de
• A adubação corretiva com fósforo considerar a interação entre as
e potássio é recomendada para solos cultivares e o ambiente de produção.
com níveis baixos desses nutrientes.

Cuidados com a
Instalação da lavoura regulagem de semeadoras
Grande parte do potencial produtivo
de uma lavoura de soja é determinada A manutenção e a regulagem das
na sua instalação. semeadoras devem ser feitas com
antecedência em relação à semeadura,
para que a implantação ocorra sem
Nesse momento, já estão definidas: percalços, seguindo o planejamento
• a qualidade da dessecação proposto. Em muitas regiões, o período
em sistema de plantio direto ou adequado para a semeadura da soja
do preparo do solo em sistema é relativamente curto, sobretudo
convencional; quando se planeja semear o milho ou

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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

o algodão em sucessão. Os principais a tratamento com fungicidas e


componentes a serem considerados inoculante. Com essa medida, assegura-
na regulagem da semeadora são os se boa emergência no campo e a não-
dosadores de semente e fertilizante, disseminação de doenças transmitidas
o controlador de profundidade e o por semente nem sua introdução na
compactador de sulco. propriedade.

Cultivares de soja
Devem ser utilizadas cultivares
indicadas para cada estado/região,
inscritas no Zoneamento Agrícola
estabelecido pelo Ministério da
Agricultura (MAPA) para cada unidade
da Federação, registradas nesse
Ministério e informadas nas publicações
oficiais sobre orientações técnicas
para essa cultura.

• Entre as cultivares indicadas, Semente de soja de alta qualidade. Foto: Jovenil José da Silva

deve-se dar preferência às resistentes


às doenças predominantes na região
em que serão cultivadas, às que
apresentam altura de planta adequada
à colheita mecânica e duração de
ciclo compatível com a distribuição
dos fatores climáticos (temperatura e
chuva) e com o sistema de produção
adotado (sucessão de culturas).

Qualidade da semente Sementes enrugadas devido à deterioração por umidade.


Foto: Jovenil José da Silva
A boa qualidade da semente é uma
das garantias de sucesso da lavoura
de soja. Portanto, sugere-se que o
agricultor adquira semente de produtor
idôneo e registrado no MAPA e na
Secretaria de Agricultura do
respectivo estado.

Tratamento da semente
A semente de soja, antes de ser
semeada, deve ser submetida Semente de soja com lesões provocadas por picadas de
percevejos. Foto: Jovenil José da Silva

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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Época de semeadura • Utilizar densidades maiores (320 mil


a 400 mil plantas/ha) em condições
• A soja deve ser semeada entre menos favoráveis ao crescimento
meados de outubro e meados de das plantas (semeaduras fora da
dezembro, na quase totalidade das época mais indicada e solos de baixa
regiões produtoras brasileiras (Regiões fertilidade), quando há risco de
Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Há obtenção de plantas de baixo porte, ou
exceções para algumas microrregiões, para cultivares com essa característica.
onde a soja se desenvolve bem em
semeaduras, a partir do início de • Observar que populações menores
outubro, e outras, em dezembro. (220 mil plantas/ha) são indicadas para
condições em que as plantas crescem
• Para as Regiões Norte e Nordeste, muito ou haja alta probabilidade de
a melhor época de semeadura varia acamamento.
muito. Por isso, recomenda-se consultar
informações técnicas locais antes de • Semear a soja em espaçamento
dar início à semeadura. entre linhas de 0,4 m a 0,5 m. Um
espaçamento menor que 0,4 m,
• Recomenda-se consultar, também, as desde que mantida a população de
informações fornecidas pelas empresas plantas, não afeta negativamente o
de melhoramento genético (públicas rendimento, podendo até aumentá-
ou privadas) sobre as exigências lo, por melhorar o aproveitamento da
de cada cultivar quanto à época de luz incidente e inibir o crescimento das
semeadura. plantas invasoras reincidentes. Dificulta,
no entanto, as operações de manejo nas
• Deve-se iniciar a semeadura apenas entre linhas.
se houver umidade no solo suficiente
para garantir a embebição e a
germinação da semente. Profundidade de semeadura
• A soja deve ser semeada de 3 a 5
Densidade de plantas e cm de profundidade. Profundidades
espaçamento entre linhas superiores podem dificultar a
emergência, principalmente em solos
• Utilizar determinada quantidade de arenosos sujeitos a assoreamento
sementes que permita a obtenção ou em condições em que ocorre
de uma população de 220 a 320 mil compactação superficial do solo. Em
plantas/ha. semeadura mais rasa, pode ocorrer
falta de umidade para os processos
de embebição e de germinação da
semente, caso não chova nos dias
seguintes à semeadura.

• Para assegurar maior uniformidade


de distribuição e de cobertura das
sementes, a máquina semeadora
deve trabalhar numa velocidade de
deslocamento entre 4 e 6 km/h.
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Diversificação de Manejo Integrado de Pragas

espécies vegetais
Os princípios do Manejo Integrado de
Pragas (MIP) devem ser rigorosamente
em sistemas de observados e as práticas, aplicadas,
desde a seleção da área para o
produção plantio até a cultura subsequente.
O descumprimento das recomendações
acarretará perdas financeiras e
Conceitos e estratégias impactos ambientais, aumentando
para diversificação o risco de acidentes toxicológicos
associados com a aplicação de
A diversificação de culturas em
pesticidas. Por isso, aconselha-se:
sistemas de produção de soja é
determinada por meio do planejamento
• Aplicar os conceitos de manejo
e da adoção de um modelo de
integrado, evitando prejuízos à
produção, que compreende os arranjos
produtividade e à qualidade do grão ou
temporal e espacial das espécies
da semente de soja.
vegetais e/ou animais que compõem
os sistemas agrícolas.
• Utilizar todos os recursos possíveis e
disponíveis para minimizar a utilização
Rotação e sucessão de culturas são
de defensivos químicos.
formas de manejo de espécies vegetais
econômicas ou adubos verdes. Na
• Havendo necessidade de uso
rotação de culturas, alternam-se,
de agrotóxicos, exigir receituário
anualmente, diferentes espécies numa
agronômico, segundo legislação
mesma área; já na sucessão de culturas,
vigente.
uma mesma espécie é cultivada na
mesma área, ano após ano.
• Evitar o uso contínuo de produtos que
tenham o mesmo mecanismo de ação,
Observar que, no planejamento das
para reduzir a possibilidade de seleção
rotações e sucessões de culturas, as
de pragas resistentes a agrotóxicos.
culturas principais devem ocupar
lugar de destaque por conta de sua
importância econômica, como a soja,
o milho e o algodão. Também deve ser Controle de pragas aéreas
previsto o cultivo de outras espécies • Utilizar as técnicas preconizadas no
de interesse econômico ou destinadas MIP, em especial.
exclusivamente à cobertura de solo,
como o girassol, o feijão, o milheto, o • Realizar amostragens periódicas da
guandu, o nabo-forrageiro e outras. população de insetos com pano-de-
batida.
O milho tem sido, também, uma
importante opção de cultivo no outono– • Adotar medidas de controle somente
inverno em regiões com disponibilidade quando a densidade de determinada
hídrica e sem restrições de temperatura espécie de inseto, ou o dano por ele já
nesse período. ocasionado, ultrapassar o nível de dano
econômico.

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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

• Priorizar o uso de métodos naturais • Em áreas com ocorrência de


ou biológicos de controle. mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum),
utilizar a menor população de plantas
• Aplicar apenas produtos químicos possível.
seletivos para inimigos naturais.
• Utilizar a sequência correta das
• É possível reduzir em 50% a dose máquinas de beneficiamento de
de inseticidas para o controle de sementes para eliminar os escleródios
percevejos com a adição de NaCl a misturados à semente.
0,5% no tanque de aplicação.
• Tratar a semente oriunda de lavoura
infestada de mofo-branco com os
Controle de pragas rizófagas fungicidas adequados (contendo um
benzimidazol), antes da semeadura.
• Manter os solos bem drenados.
• Evitar camadas adensadas.
Doenças da parte aérea
• Corrigir a fertilidade e a acidez • Quando disponíveis, utilizar cultivares
para permitir maior desenvolvimento resistentes às doenças ocorrentes.
radicular e, consequentemente, Utilizar semente certificada livre de
aumentar a tolerância das plantas aos patógenos
insetos rizófagos.
• Realizar o tratamento da semente
com fungicidas indicados, quando não
tiver certeza da qualidade sanitária da
semente ou se houver risco de veranico
Manejo após a semeadura.

Integrado • Fazer o monitoramento constante da


lavoura e manter-se informado sobre a
de Doenças ocorrência da ferrugem-asiática na sua
região, por meio do site www.cnpso.
embrapa/alerta.
Fungos do solo (podridão
de semente, tombamento • Efetuar o controle de doenças
e podridão de raiz) fúngicas, pelo uso de fungicidas,
conforme as indicações da pesquisa,
• Manter o solo bem drenado.
especialmente no caso da ferrugem-
asiática.
• Evitar camadas de compactação e
corrigir a fertilidade e a acidez para
• Efetuar medidas preventivas de
permitir maior desenvolvimento
controle de insetos vetores de vírus,
radicular.
sempre que recomendado.
• Não implantar lavoura de soja em
solos compactados.

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Sintomas de podridão radicular por fitóftora em mudas de soja: (A) leve descoloração das raízes e lesão com aspecto
encharcado no caule; (B) lesão de coloração marrom no caule e raízes; (C1-C3) danos no hipocótilo e cotilédone; (D)
podridão da semente

Colheita • Trabalhar com velocidade de


deslocamento da colhedora entre 4
• Iniciar a colheita quando as plantas e 6 km/h e velocidade periférica do
da lavoura atingirem o estádio de molinete 25% superior à velocidade de
desenvolvimento R8 (maturação de deslocamento da colhedora. Em caso
colheita) e os grãos apresentarem teor de intoxicação com agrotóxicos, a vítima
de umidade entre 13% e 15%. deve ser colocada em um local fresco
e ventilado, ou, preferencialmente,
• A colhedora deve estar previamente deve ser conduzida ao médico, levando
ajustada e limpa (evitar introduzir solo consigo o rótulo ou a bula do produto.
e restos de culturas de outras lavouras).
Na regulagem da colhedora, dar • Fazer avaliações periódicas dos níveis
especial atenção ao trabalho harmônico de perdas, utilizando o kit específico
entre o molinete, a barra de corte, a (informações disponíveis na Embrapa
velocidade de avanço, o cilindro e as Soja), detectando as causas das perdas
peneiras, como condição básica para e corrigindo-as a tempo. Tolerar, na
evitar perdas. operação de colheita, uma perda
máxima de 60 kg/ha.
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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Pós-Colheita Armazenamento a granel


O armazenamento em condições
Secagem impróprias resultará em perdas
Os grãos podem ser colhidos com grau econômicas e deterioração do grão e da
de umidade superior àquele adequado semente, prejudicando o seu uso. Por
para armazenamento seguro, que é de isso, é indicado:
12,5 % para semente, e de 14% para grão.
Nesse caso, a operação de secagem é • Armazenar a soja em estruturas
requerida para adequar a umidade do adequadas, que disponham de
grão ao grau ideal de armazenamento. equipamento de termometria e
aeração.
A determinação do grau de umidade
pode ser feita através de aparelhos • Manter os grãos destinados à
expeditos com leitura direta ou de agroindústria armazenados abaixo de
estufa termoelétrica, por diferença 14% de umidade.
de peso antes e após a secagem da
amostra. A temperatura de secagem da • Manter a temperatura do produto
massa de grãos não deve exceder 38ºC destinado à semente abaixo de 25ºC e
para semente, e 48ºC para grãos de soja a umidade relativa do ar abaixo de 70%
destinados à agroindústria. durante o armazenamento.

• Desinfestar de insetos e roedores as


unidades armazenadoras, antes de
utilizá-las.

• Armazenar o grão de soja classificado


de acordo com as exigências legais.
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Produção de Milho
Condições climáticas solar e fotoperíodo. A época de plantio é
função desses fatores, cujos limites são
O período de crescimento e variáveis em cada região agroclimática.
desenvolvimento do milho é limitado
pela água, temperatura e radiação A época de semeadura mais adequada
solar ou luminosidade. A cultura do é aquela que faz coincidir o período
milho necessita que os índices dos de floração com os dias mais longos
fatores climáticos, especialmente do ano e a etapa de enchimento de
a temperatura, a precipitação grãos com o período de temperaturas
pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam mais elevadas e alta disponibilidade
níveis considerados ótimos, para que o de radiação solar. Isto, considerando
seu potencial genético de produção se satisfeitas as necessidades de água pela
expresse ao máximo. planta. Nas condições tropicais, devido
a menor variação da temperatura e do
comprimento do dia, a distribuição de
Temperatura chuvas é que geralmente determina
a melhor época de semeadura. Além
A temperatura possui uma relação
disto, o potencial produtivo pode
complexa com o desempenho da
variar segundo as condições climáticas
cultura, visto que em condição ótima
resultantes da época de plantio.
varia com os diferentes estádios de
crescimento e desenvolvimento da
planta. Nos momentos em que a
temperatura é mais elevada, o processo Profundidade da semeadura
metabólico é mais acelerado e nos A profundidade de semeadura está
períodos mais frios o metabolismo condicionada aos fatores temperatura
tende a diminuir. Essa oscilação do solo, umidade e tipo de solo. A
metabólica ocorre nos limites extremos semente deve ser colocada numa
tolerados pela planta de milho, profundidade que possibilite um
compreendidos entre 10ºC e 30ºC. bom contato com a umidade do
Com relação ao ciclo, as cultivares solo. Entretanto, a maior ou menor
são classificadas pelas empresas profundidade de semeadura vai
produtoras de sementes em normais depender do tipo de solo. Em solos mais
ou tardias, semiprecoces, precoces e pesados, com drenagem deficiente
superprecoces. ou com fatores que dificultam a
emergência de plântulas, as sementes
devem ser colocadas entre 3 e 5 cm
Época de semeadura de profundidade. Já em solos mais
leves ou arenosos, as sementes podem
O período de crescimento e
ser colocadas mais profundas, entre
desenvolvimento é afetado pela
5 e 7 cm de profundidade, para se
umidade do solo, temperatura, radiação
beneficiarem do maior teor de umidade
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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

do solo. No Sistema Plantio Direto, onde Manejo de solos


há sempre um acúmulo de resíduos
na superfície do solo, especialmente Na cultura do milho também é
em regiões mais frias, a cobertura ideal que se adote o Sistema de
morta pode retardar a emergência, Plantio Direto.
reduzir o estande e, em alguns casos,
pode até causar queda no rendimento
de grãos da lavoura, dependendo da
profundidade em que a semente foi
colocada.

Seleção de cultivares
A produtividade de uma lavoura
de milho depende das condições
ambientais do local de plantio, do
manejo da cultura e do potencial
genético da semente utilizada.
A escolha correta da semente
contribuirá para o sucesso da lavoura.
No mercado existem à disposição dos
agricultores em torno de 200 cultivares
de milho.

O agricultor deverá observar as


características específicas de cada
cultivar, o sistema de produção utilizado
e o local de implantação da lavoura.
As cultivares apresentam diferenças
quanto ao ciclo e quanto ao tipo, além
de diferenças quanto a doenças, à
qualidade do colmo e à textura do grão.
Quanto ao tipo: cultivar variedade;
cultivar híbrida.

Pragas e doenças
O primeiro passo para o controle de
pragas e doenças é o tratamento
das sementes. Na parte aérea, com
ocorrências de pragas, como: brocas,
lagartas e vaquinhas, recomenda-
se utilizar produtos registrados no
Ministério da Agricultura.

17
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Requisitos para 4. Eliminação, antes da


a implantação implantação, de compactação ou
de camadas adensadas
do plantio direto
A presença de camadas
compactadas no solo, geralmente
Para o sucesso do SPD, são
resultantes do uso inadequado de
necessários os seguintes requisitos:
arados ou grade aradoras, causa
uma série de problemas que podem
1. Qualificação do agricultor
reduzir a produtividade. Como no
Por se tratar de um sistema
plantio direto não há o revolvimento
complexo, é exigido que o agricultor
do solo, a eliminação dessas
tenha um conhecimento mais
camadas compactadas deve ser
amplo e domínio de todas as fases
realizada antes da implantação do
do sistema, envolvendo o manejo
sistema.
de mais de uma cultura, e muitas
vezes, uma associação de agricultura
5. Nivelamento da superfície do
e pecuária. O sistema exige ainda
terreno
um acompanhamento mais rígido
Solos cheios de sulcos ou valetas
da dinâmica de pragas, doenças
devem ser nivelados previamente,
e plantas daninhas, do manejo de
tornando a superfície do terreno
fertilizantes e das modificações
o mais homogênea possível. Esse
causadas ao ambiente, à medida
problema também é comum em
que o sistema vai sendo implantado.
áreas de pastagens degradadas.
Existem no mercado plantadoras/
2. Gerenciamento e treinamento de
semeadoras com sistema de
mão-de-obra
plantio que permite acompanhar o
Pelas razões expostas no item
microrrelevo do solo; entretanto, o
anterior, verifica-se a necessidade de
ideal é o preparo prévio da área.
maior treinamento da mão-de-obra.
Esta é especialmente importante
6. Correção da acidez do solo antes
com relação às pessoas que vão
de iniciar o plantio direto
operar as principais máquinas do
Como no sistema plantio direto
sistema (semeadoras, pulverizadoras
o solo não é revolvido, é muito
e colhedoras) e realizar os tratos
importante corrigi-lo tanto na
culturais.
camada superficial como na
subsuperfície. Para isto, ele deverá
3. Boa drenagem de solos úmidos
ser amostrado de 0 a 20 cm e de
com lençol freático elevado
20 a 40 cm e se necessário efetuar
Este requisito é necessário para
a calagem, incorporando o calcário
que esses solos sejam aptos ao
o mais profundamente possível; se
sistema, pois o plantio direto já
for necessário, deve-se proceder à
promove um aumento da água no
aplicação de gesso para correção da
solo (em consequência do menor
camada subsuperficial.
escorrimento superficial, da maior
infiltração e da menor evaporação) o
que pode agravar o problema de
excesso de umidade em solos com
drenagem deficiente.
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

7. Nivelamento da fertilidade na facilitando o plantio e protegendo


faixa de média a alta mais uniformemente o solo.
As correções dos teores de fósforo
e potássio são necessárias antes 11. Controle de plantas daninhas
de iniciar o Sistema Plantio Direto. As plantas daninhas deverão ser
O agricultor deve ter como meta identificadas e receber um controle
manter os níveis de fertilidade na específico, antes de iniciar o sistema
faixa alta e estabelecer um programa de plantio direto.
de adubação de reposição, levando
em consideração o sistema de 12. Eliminação de plantas daninhas
produção como um todo, e as perenes
menores perdas de nutrientes Essas plantas daninhas são de
resultantes da menor erosão. difícil controle, e podem tender a
aumentar sua infestação com o uso
8. Cobertura de solo do plantio direto, daí a importância
Os restos culturais devem cobrir, de sua erradicação antes de se iniciar
pelo menos, 80% da superfície do o SPD.
solo, ou manter 6 t/ha de matéria
seca para cobertura do solo. Este é 13. Não haver alta infestação de
um dos requisitos mais importantes plantas daninhas muito agressivas
para o sucesso do plantio direto, Essas plantas daninhas, além de
por afetar praticamente todas difícil controle, aumentarão o custo
as modificações que o sistema de produção. Como, no plantio
promove. É também, o mais variável direto, as plantas daninhas serão
entre diferentes regiões, pois as controladas quimicamente, e
opções de explorações agrícolas e sendo esse controle responsável
de cobertura do solo dependem das por um alto percentual do custo
condições climáticas, bem como de produção total, toda ação que
a disponibilidade de informações reduzir ou facilitar o controle de
relativas a espécies alternativas e plantas daninhas antes da instalação
épocas de semeadura em cada local. do sistema plantio direto deverá ser
adotada. Enquanto se consegue
9. Nenhuma queima de restos a formação de uma camada mais
culturais efetiva de palha na superfície do solo,
Jamais pensar em queimar os restos associada a um programa adequado
culturais. Este requisito é obvio, mas de rotação de culturas, o controle de
pode ser um problema com a cultura plantas daninhas será facilitado e seu
do algodão, para a qual, por razões custo diminuirá.
fitossanitárias, é recomendada a
queima de restos culturais. O sucesso ou insucesso da
implantação do plantio direto
depende, além desses requisitos
10. Uso do picador e do distribuidor básicos, da capacidade gerencial
de palhas nas colhedoras do produtor e de sua experiência
O objetivo dessa prática é promover no manejo de diferentes culturas
melhor distribuição dos restos que farão parte dos sistemas de
culturais na superfície do solo, rotação e/ou sucessão de culturas.
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Funções da palhada Controle de Doenças


no plantio direto Dentre as doenças que atacam a
A palhada representa um ponto cultura do milho no Brasil, merecem
fundamental do plantio direto e destaque a mancha branca, a
desempenha as seguintes funções: cercosporiose, a ferrugem polissora,
a ferrugem tropical, os enfezamentos
1. Reduz o impacto das gotas de vermelho e pálido, as podridões de
chuva, protegendo o solo contra colmo e os grãos ardidos. Além destas,
a desagregação de partículas e nos últimos anos algumas doenças
compactação. (como a antracnose foliar e a mancha
foliar de Diplodia), consideradas de
2. Dificulta o escorrimento superficial, menor importância, ocorrem com
aumentando o tempo e a capacidade elevada severidade em algumas regiões
de infiltração da água da chuva. Como produtoras. A importância dessas
consequência, há uma significativa doenças é variável de ano para ano
redução nas perdas de solo e água e de região para região, em função
pela erosão. das condições climáticas, do nível de
suscetibilidade das cultivares plantadas
3. Protege a superfície do solo da ação e do sistema de plantio utilizado. No
direta dos raios solares, reduzindo entanto, algumas das doenças são
a temperatura e a evaporação, de ocorrência mais generalizada nas
mantendo, consequentemente, maior principais regiões de plantio, como é o
quantidade de água no solo. caso da mancha branca. As principais
medidas recomendadas para o manejo
4. Reduz a amplitude hídrica e de doenças na cultura do milho são:
térmica, favorecendo a atividade
biológica. • Utilizar cultivares resistentes;

5. Aumenta o teor de matéria orgânica • Realizar o plantio em época adequada,


no perfil do solo, aumentando a de modo a evitar que os períodos
disponibilidade de água para as críticos para a cultura coincidam com
plantas, a CTC do solo e melhora suas condições ambientais mais favoráveis
características físicas. ao desenvolvimento da doença;

6. Ajuda no controle de plantas • Utilizar sementes de boa qualidade e


daninhas, por supressão ou por ação tratadas com fungicidas;
alelopática.
• Utilizar rotação com culturas não
suscetíveis;

• Rotação de cultivares;

• Manejo adequado da lavoura


– adubação equilibrada (N e K),
população de plantas adequada,
controle de pragas e de invasoras e
Sistema de plantio direto de milho. colheita na época correta.
20
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Principais
inseto pode ser constatada diretamente
pelo exame do cartucho das plantas

pragas do milho ou através de amostragem com rede


entomológica passada no topo das
plantas. A incidência das doenças só é
A ocorrência de doenças, plantas confirmada depois do aparecimento
daninhas e insetos pragas, juntos dos sintomas:
ou individualmente, podem afetar
significativamente o potencial Rayado fino: folhas com riscas
produtivo da planta de milho. Também, amareladas (paralelas às nervuras)
os insetos pragas em especial, podem com aparência pontilhada.
afetar de maneira total ou parcial
esse potencial produtivo. É possível Enfezamento pálido: no início,
encontrar em determinada região ou plantas podem apresentar folhas
determinado ano agrícola, a presença com deformações e posteriormente
de espécies de pragas que conseguem inicia-se a descoloração (clorose)
reduzir o número ideal de plantas, seja das bordas da base das folhas
por danificar e matar a semente logo que pode progredir para toda a
após o plantio, ou a plântula antes ou planta, nanismo acentuado com
após a emergência. A planta também os últimos internódios pouco
pode ser morta pelo efeito sinérgico desenvolvidos dando à planta a
do ataque dos insetos praga e pela aparência de uma palmeira o que é
competição com outros fatores, como facilmente confundido com plantas
plantas daninhas, doenças ou estresses “dominadas”.
abióticos como escassez de água, por
exemplo. Enfezamento vermelho:
dependendo do estádio de infecção
Cigarrinha-do-milho das plantas pode não se observar
(Dalbulus maidis) o nanismo, mas geralmente ele
está presente, com os últimos
Importância econômica: os danos internódios pouco desenvolvidos
diretos causados pela sucção de seiva e folhas com avermelhamento
dos adultos e ninfas pode reduzir generalizado. Na fase reprodutiva,
principalmente o desenvolvimento do nota-se manchas descoloridas nos
sistema radicular, mas os principais grãos incompletamente cheios o que
prejuízos causados por essa espécie são dá à espiga certa flexibilidade ao ser
devido à transmissão de fitopatógenos torcida nas mãos.
como o vírus do rayado fino e os
molicutes Spiroplasma kunkelli Métodos de controle: os mais
(enfezamento pálido) e fitoplasma eficientes são os culturais evitando-se
(enfezamento vermelho). Os prejuízos a multiplicação do vetor em plantios
causados por essas doenças podem sucessivos, erradicação de plantas
chegar a mais de 80%, dependendo do voluntárias na área antes do plantio e
patógeno, dos fatores ambientais e da uso de cultivares menos susceptíveis
sensibilidade dos híbridos cultivados. aos patógenos. Evitar o plantio de
milho pipoca e milho-doce em
Sintomas de danos: a presença do áreas com histórico recente de alta

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MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

incidência dos enfezamentos dado à Sintomas de danos: No início do


alta susceptibilidade da maioria dessas ataque, as lagartas raspam as folhas
cultivares. Finalmente, pode também deixando áreas transparentes. Com o
ser utilizado o tratamento de semente seu desenvolvimento, a lagarta localiza-
com inseticidas sistêmicos. se no cartucho da planta destruindo-o.
O estádio da planta de milho mais
sensível ao ataque é o de 8-10 folhas. A
Cigarrinha-das-pastagens época ideal de realizar medidas para
(Deois flavopicta) o controle é quando 17% das plantas
estiverem com o sintoma de folhas
Importância econômica: o milho, o
raspadas.
arroz e o sorgo não são considerados
hospedeiros dessa espécie por não
Métodos de controle: O predador Doru
permitirem o fechamento do seu ciclo
luteipes e os parasitoides Trichogramma
biológico. Portanto, a infestação do
spp., Telenomus sp., Chelonus insularis
milho pela cigarrinha é resultado da
e Campoletis flavicincta, são importante
imigração de adultos proveniente de
agentes de controle biológico dessa
áreas de pastagens, principalmente
praga. Várias microorganismos
daquelas formadas com capins do
também atacam a lagarta, como os
gênero Brachiaria.
fungos Nomuraea rileyii, Botrytis rileyi,
Beauveria globulifera; virus, Baculovirus;
Sintomas de danos: é relativamente
bactérias, Bacillus thuringiensis e outros
fácil observar a presença dos insetos
agentes de menor importância como
alimentando-se nas folhas, que após
nematoides e protozoários. Existem
serem picadas, mostram áreas de
um grande número de inseticidas
clorose, amarelecimento e necrose,
registrados para o controle da lagarta
podendo causar a morte de toda
que podem serem aplicados via
planta. A sensibilidade das plantas é
pulverização, e em alguns casos, por
tanto maior quanto mais nova forem.
água de irrigação (insetigação).
Métodos de controle - evitar sempre
que possível, o cultivo de milho
Esses inseticidas diferem em
em áreas próximas a pastagens de
seletividade, ou seja, causam impacto
braquiárias. O tratamento de sementes
diferenciado sobre os inimigos naturais.
com inseticidas sistêmicos também
O controle da lagarta-do-cartucho
pode reduzir significativamente os
também pode ser feito com inseticida
danos causados às plantas.
natural: O extrato aquoso de folhas de
nim apresenta atividade inseticida e
pode ser empregado para o controle
Lagarta-do-cartucho da lagarta-do-cartucho na lavoura de
(Spodoptera frugiperda) milho, principalmente em pequenas
propriedades rurais ou em áreas de
Importância econômica: Esse inseto agricultura orgânica.
é considerado a principal praga da
cultura do milho no Brasil. O ataque na
planta ocorre desde a sua emergência
até o pendoamento e espigamento.
As perdas devido ao ataque da lagarta
podem reduzir a produção em até 34%.
22
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

• número de colhedoras;

• distância entre os silos e as glebas;

• número de carretas graneleiras;

• velocidade da colheita; número


de horas de colheita/dia;

• teor de umidade do grão;

• capacidade do secador;

• capacidade do silo de
Lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). armazenamento.

O milho está pronto para ser colhido a


Colheita partir da maturação fisiológica do grão,
acontecendo no momento em que 50%
O agricultor deve integrar a colheita das sementes na espiga apresentam
ao sistema de produção e planejar uma pequena mancha preta no ponto
todas as fases, para que o grão colhido de inserção das mesmas com o sabugo.
apresente bom padrão de qualidade. Todavia, se não houver a necessidade
de antecipação da colheita, esta deve
Nesse sentido, várias etapas como ser iniciada quando o teor de umidade
a implantação da cultura até o estiver na faixa entre 18-20%. Para tal, o
transporte, secagem e armazenamento produtor deve levar em consideração
dos grãos têm de estar diretamente a necessidade e disponibilidade de
relacionadas. secagem, o risco de deterioração, o
gasto de energia na secagem e o preço
Para um melhor escoamento da safra do milho na época da colheita.
após colhida, alguns aspectos devem
ser considerados desde o planejamento
de instalação. Num sistema de Planejamento da colheita
produção em que, por exemplo, o
Para melhorar o rendimento, as áreas
milho vai começar a ser colhido com o
devem ser divididas com carreadores,
teor de umidade superior a 13%, alguns
para facilitar a movimentação da
pontos decisivos devem ser destacados:
colhedora e o escoamento da colheita
pelas carretas ou caminhões.
• área total plantada e data de
plantio de cada gleba; Diferença de produtividade das
glebas, assim como desuniformidade
• produtividade de cada gleba; nas condições da cultura no campo,
também podem alterar a capacidade
• número de dias disponíveis efetiva de utilização da colhedora, isto
para a colheita;
23
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

é, a quantidade de milho colhida em destinado à indústria, consumo ou


determinada área, por unidade de produção de ração. O produto seco,
tempo. que sofreu processo de secagem em
campo, poderá ser encaminhado
A fim de obter uma boa colheita, para a limpeza e em seguida
devem ser considerados também os armazenado. Em algumas ocasiões,
seguintes itens: quando não houver disponibilidade
de secadores ou quando o consumo
dos grãos for imediato, o produto
• a regulagem do espaçamento colhido seco pode ser encaminhado
entre cilindro e côncavo; para o armazenamento. Contudo,
o processo de limpeza dos grãos
• a velocidade de rotação do antes do armazenamento é prática
cilindro; agrícola recomendada para assegurar
a qualidade do produto durante o
• o teor de umidade do grão; armazenamento. O grão colhido
seco e conduzido diretamente ao
• a qualidade do grão e as perdas. armazenamento deve ser monitorado
quanto à infestação por insetos-praga.

Caso exista infestação proveniente


Secagem e Armazenamento do campo, este produto deve ser
submetido a tratamento curativo
Apesar de o milho ser um dos principais (expurgo) com fosfina.
produtos da agricultura nacional, tendo
papel importante na alimentação
humana e de animais, ainda são Destino da produção
registradas grandes perdas durante
o armazenamento, devido a insetos, A produção brasileira de milho em
fungos e roedores. Os cuidados no grãos tem dois destinos. Primeiro, o
armazenamento do milho objetivam consumo no estabelecimento rural,
manter a qualidade do produto colhido refere-se àquela parcela do milho
durante todo período armazenado. produzida e consumida no próprio
estabelecimento, destinando-se ao
Após o cultivo e colheita, inicia-se consumo animal em sua maior parte
a fase de pré-processamento do e também ao consumo humano. O
produto colhido. Nesta etapa, o milho segundo destino é a oferta do produto
pode estar úmido (com conteúdo no mercado consumidor, onde se tem
de água acima de 20%) ou seco fluxos de comercialização direcionados
(com conteúdo de água próximo para fábricas de rações, indústrias
a 13-14%). Realizada a recepção do químicas, mercado de consumo in
produto na unidade armazenadora, natura e exportações, quando é o caso.
o produto úmido deverá seguir
para as operações de pré-limpeza,
secagem e limpeza. Posteriormente
à secagem e à limpeza, o produto
poderá ser armazenado ou diretamente

24
MANUAL PRÁTICO DE SOJA E MILHO

Considerações finais
Esperamos que após a leitura desse
manual você consiga ter uma visão
mais ampla do cultivo de soja e milho
e que este texto também o auxilie
em muitas tomadas de decisões
importantes.

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