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Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos

Este curso tem


17 horas
Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 1
Ficha técnica
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO

INFORMAÇÕES E CONTATO
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO
Rua 87, nº 662, Ed. Faeg, 1º Andar: Setor Sul, Goiânia/GO, CEP: 74.093-300
(62) 3412-2700 / 3412-2701
E-mail: senar@senargo.org.br
http://www.senargo.org.br/
http://ead.senargo.org.br/

PROGRAMA AGRICULTURA DE PRECISÃO

PRESIDENTE DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


José Mário Schreiner

TITULARES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e
Tiago Freitas de Mendonça.

SUPLENTES DO CONSELHO ADMINISTRATIVO


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva,
Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria.

SUPERINTENDENTE
Eurípedes Bassamurfo da Costa

GESTORA
Rosilene Jaber Alves

COORDENAÇÃO
Fernando Couto de Araújo

IEA - INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS S/S


Conteudistas: Renato Adriane Alves Ruas e Juliana Lourenço Nunes Guimarães

TRATAMENTO DE LINGUAGEM E REVISÃO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S

DIAGRAMAÇÃO E PROJETO GRÁFICO


IEA: Instituto de Estudos Avançados S/S
Sumário

Módulo 1 » Mapas de variabilidade na colheita de grãos.......................................................................................................10

Aula 1 » A importância do mapa de produtividade..................................................................................................... 12

Tópico 1 » Conceito de mapa de produtividade................................................................................................. 13

Tópico 2 » Importância dos mapas de produtividade......................................................................................14

Recapitulando.......................................................................................................................................................... 67

Aula 2 » Formas de coleta de ados para elaboração do mapa de produtividade..........................................16

Tópico 1 » Formas de mediação........................................................................................................................... 17

Tópico 2 » Mapa de produtividade e amostragem..........................................................................................18

Tópico 3 » Amostragem e confiabilidade de dados........................................................................................ 21

Recapitulando.......................................................................................................................................................... 23

Aula 3 » Interpretação dos mapas de produtividade........................................................................................... 23

Tópico 1 » Características da interpretação....................................................................................................... 24

Tópico 2 » Como interpretar as isolinhas........................................................................................................... 26

Recapitulando.......................................................................................................................................................... 29

Atividade de aprendizagem.......................................................................................................................................30
Módulo 2 » Como funcionam as colhedoras de grãos..............................................................................................................32

Aula 1 » Sensores e mecanismos da colheita de grãos........................................................................................ 35

Tópico 1 » Funcionamento de uma colhedora................................................................................................... 35

Recapitulando..........................................................................................................................................................43

Aula 2 » Tipos de sensores mais utilizados nas colhedoras de grãos............................................................. 44

Tópico 1 » Visão geral de sensores......................................................................................................................45

Tópico 2 » Sensor de altura da plataforma de corte....................................................................................... 47

Tópico 3 » Sensores de detecção de metais e velocidades..........................................................................49

Tópico 4 » Sensores para medição do fluxo de grãos do elevador............................................................ 52

Tópico 5 » Sensores para monitorar inclinação do terreno, perdas e umidade dos grãos...................54

Recapitulando.......................................................................................................................................................... 57

Aula 3 » Configurações dos sensores utilizados nas colhedoras de grãos..................................................... 57

Tópico 1 » Importância da configuração............................................................................................................. 58

Tópico 2 » Configuração de tempo de retardo................................................................................................ 60

Tópico 3 » Exemplo prático de configuração................................................................................................... 62

Recapitulando..........................................................................................................................................................70

Atividade de aprendizagem.......................................................................................................................................70
Módulo 3 » Regulagem dos sensores utilizados em colheitas de grãos........................................................................72

Aula 1 » Procedimentos de regulagem dos sensores das colhedoras de grãos............................................ 75

Tópico 1 » Regulagem das colhedoras................................................................................................................ 75

Tópico 2 » Importância da limpeza ..................................................................................................................... 79

Recapitulando ......................................................................................................................................................... 83

Atividade de aprendizagem....................................................................................................................................... 83

Módulo 4 » Calibração de sensores utilizados em colheitas de grãos............................................................................ 84

Aula 1 » Procedimentos de calibração dos sensores que equipam colhedoras de grãos...........................86

Tópico 1 » Introdução à calibração.......................................................................................................................86

Tópico 2 » Calibração do sensor de produtividade.........................................................................................89

Tópico 3 » Calibração do sensor de umidade....................................................................................................91

Tópico 4 » Calibração do sensor de velocidade de trabalho........................................................................ 93

Tópico 5 » Calibração de outros sensores.........................................................................................................94

Recapitulando..........................................................................................................................................................96

Atividade de aprendizagem.......................................................................................................................................96
Módulo 5 » Segurança na operação de colhedoras de grãos............................................................................................... 97

Aula 1 » Equipamentos e cuidados para a operação e manutenção de colhedoras de


grãos com segurança..................................................................................................................................................99

Tópico 1 » Introdução à segurança no trabalho em colhedoras..................................................................100

Tópico 2 » Recomendações gerais..................................................................................................................... 101

Tópico 3 » Recomendações de segurança da cabine................................................................................... 103

Tópico 4 » Deslocamento em estradas............................................................................................................ 105

Tópico 5 » Precauções na manutenção............................................................................................................ 107

Recapitulando........................................................................................................................................................ 109

Atividade de aprendizagem...................................................................................................................................... 110

Síntese do curso..........................................................................................................................................................................................111

Gabarito..........................................................................................................................................................................................................113

Referências................................................................................................................................................................................................... 114
Introdução ao curso

Olá, seja bem-vindo ao Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos!

Fonte: John Deere <http://blog.machinefinder.com>.

A Agricultura de Precisão é composta por uma série de técnicas que podem ser empregadas em
todas as etapas do processo produtivo de grãos. Mesmo com tantas técnicas disponíveis, ainda
assim alguns pesquisadores apontam que é somente a partir da colheita que se podem realizar
trabalhos com alto nível tecnológico. O que você acha disso?

De fato, as máquinas colhedoras fabricadas atualmente possuem modernos dispositivos capa-


zes de elaborar mapas de produtividade em tempo real, que permitem realizar estudos mais

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detalhados sobre a variabilidade espacial e temporal da área. Quando analisados em conjunto
com mapas de fertilidade, pragas, doenças ou plantas daninhas, essa tecnologia proporciona
uma precisa interpretação da produtividade em cada subárea de cultivo.

Conjunto

Neste caso, considera-se a sobreposição e compara-


ção dos mapas.

Os mapas de produtividade elaborados em tempo real, em geral, são finalizados após os dados
serem armazenados no monitor de colheita durante o deslocamento da colhedora, e processa-
dos por softwares específicos.

Para a coleta desses dados, a colhedora deve ser equipada com sensores devidamente regula-
dos e calibrados, visando realizar o monitoramento de todos os mecanismos que a compõem.
Mas por que isso é importante?

A regulagem dos sensores antecede a calibração e busca deixá-los


Regulagem
em perfeitas condições de uso.

Já a calibração visa ajustar sensores de modo que eles realizem


Calibração a leitura do fenômeno analisado apresentando um valor o mais
próximo possível do real.

As colhedoras de grãos são máquinas complexas e que funcionam com grande sincronia entre
suas partes constituintes. Dentre os mecanismos da colhedora, destacam-se os de:

• corte;

• alimentação;

• trilha;

• separação;

• limpeza.

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Todos esses mecanismos devem operar em perfeita sincronia para proporcionar a boa trilha-
gem dos grãos e reduzir as perdas, que é um dos grandes desafios da colheita mecanizada.

Trilhagem

Ato de separar os grãos com o trilho.

Em função da alta mecanização, os cuidados com a segurança relacionados


às colhedoras devem ser uma tarefa contínua e de responsabilidade de to-
dos os profissionais envolvidos na operação. É fundamental realizar treina-
mentos e atualizar os conhecimentos dos participantes do processo cons-
tantemente, sobretudo quando você estiver utilizando novas tecnologias.

Uma propriedade que busca um bom padrão de qualidade tanto nos seus produtos quanto nos
serviços deve seguir normas regulamentadoras específicas, por exemplo, a Norma Regulamen-
tadora 31 (NR 31), que estabelece critérios de segurança no meio rural.

Pois bem, a partir de agora, você vai começar a construir conhecimentos sobre os seguintes
conteúdos:

• Ferramentas de Agricultura de Precisão, existentes no mercado de máquinas agrícolas, que


equipam as colhedoras de grãos.

• Eficiência das colhedoras de campo e como elas podem reduzir perdas durante a colheita.

• Informações de segurança e normas sobre a correta utilização desses equipamentos.

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Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos
» Módulo 1: Mapas de variabilidade na
colheita de grãos

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Módulo 1
» Mapas de variabilidade na colheita de grãos

Fonte: Farm Works Office <www.farmworks.com>.

A Agricultura de Precisão é um processo cíclico de levantamento de informações sobre a área


cultivada, interpretação e análise dos dados e tomada de decisão técnica, visando realizar os
tratos de acordo com as variabilidades existentes.

O conhecimento das variabilidades espaciais e temporais é essencial para a tomada de decisão


mais acertada, a otimização no uso dos insumos e o aumento da eficiência produtiva.

Um dos mapas de variabilidade mais importantes dentro da agricultura


de precisão é o mapa de produtividade, elaborado na colheita, pois ele de-
termina o rendimento final da cultura e, dessa forma, indica as áreas com
baixa produtividade que devem ser manejadas adequadamente nas safras
seguintes.

Atenção! Sempre que finalizar a leitura do conteúdo de um módulo, você deve retornar ao Am-
biente de Estudos para realizar a atividade de aprendizagem.

Siga em frente e faça bom proveito!

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Aula 1
A importância do mapa de produtividade
O avanço no desenvolvimento de máquinas agrícolas possibilitou os seguintes avanços:

• o cultivo de grandes áreas;

• o aumento da eficiência produtiva;

• uma maior segurança e bem estar para o trabalhador.

Grandes avanços podem ser observados desde o tempo em que as colheitas eram feitas ma-
nualmente, passando pelo surgimento das primeiras colhedoras, até o desenvolvimento das
colhedoras atuais (com maior eficiência, maior conforto e com várias tecnologias embarcadas).

É com essas tecnologias que gerenciamos hoje todos os passos da colheita. Mas como isso é feito?

Por meio de:


Formas
de gerenciar • sistema de orientação via satélite;
a colheita • piloto automático; e
• sensores de colheita.

A operação de colheita tornou-se mais fácil, pois, além do maior conforto proporcionado ao
trabalhador, através de sensores e controladores é possível visualizar as passadas da máquina
e através dos dados gerados pelos sensores instalados na máquina podem-se acompanhar as
informações da colheita.

Isto proporciona benefícios tais como:

• maior bem estar para o operador;

• melhor aproveitamento da máquina;

• melhor avaliação das etapas da colheita;

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• possibilidade de corrigir eventuais falhas que possam ter ocorrido ainda durante a
mesma operação.

Portanto, espera-se que ao final desta aula você possa reconhecer a importância dos mapas de
produtividade para a análise da produção de grãos.

Tópico 1
Conceito de mapa de produtividade

O mapa de produtividade de um talhão é um conjunto de muitos pontos no decorrer da área,


sendo cada ponto representado por uma porção da lavoura. Este ponto produz informações de-
talhadas da produtividade do talhão, e dá parâmetros para diagnosticar e corrigir as causas de
baixas produtividades em algumas de suas áreas.

Talhão

Terreno cultivado ou próprio para cultura.

Esses parâmetros são expressos em kg ha-1 ou t ha-1 e são gerados pela localização na área de-
terminada pelo receptor GPS. Além disso, têm-se também as informações disponibilizadas pelos
sensores instalados nas colhedoras, por exemplo, os sensores de produtividade e de umidade,
que são gravadas e apresentadas na forma de mapas. Como se pode ver, o mapa da produtivida-
de é a informação mais completa para se visualizar a variabilidade espacial das lavouras.

Fonte: Farm Works Office <www.farmworks.com>.

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Várias outras ferramentas têm sido propostas para se identificar as manchas existentes em um
talhão. Dentre elas, as fotografias aéreas, as imagens de satélite e a videografia. Todas têm seu
potencial e podem acrescentar informações para análise e tomada de decisão mais acertada
mas, ainda assim, o mapa de produtividade materializa a resposta da cultura com a melhor exa-
tidão possível, se comparado às tecnologias existentes de mensuração da produtividade.

Os dados gerados durante a colheita não poderão ser utilizados para aná-
lise e tomada de decisão tentando corrigir um problema ainda no atual
ciclo da cultura. Porém, contêm informações imprescindíveis para inter-
pretação e tomada de decisões futuras, visando melhorar o desempenho
das próximas culturas na mesma área, utilizando as técnicas de agricultu-
ra de precisão.

Tópico 2
Importância dos mapas de produtividade

Os mapas de produtividade são de grande importância porque mostram qual abordagem se-
ria mais correta para definir a recomendação de adubação do ciclo seguinte, além de informar
também a variabilidade das lavouras. Esta abordagem leva em consideração a produtividade da
cultura anterior para fazer a reposição dos nutrientes extraídos.

Isso significa que a amostragem georreferenciada não é suficiente. É necessária uma estratégia
que possibilite a construção de um consistente conjunto de dados, na qual a solução mais
acertada deverá considerar também a variabilidade da produtividade da lavoura, além do con-
teúdo de nutrientes no solo. Para entender como esta análise funciona, acompanhe os possíveis
motivos que justificam a baixa produtividade no talhão. Eles podem ser divididos entre aqueles
que persistem de um ano para o outro, ou seja, se perpetuam se não forem corrigidos, e aqueles
que são pontuais, ou seja, não persistem de um ano para outro.

Georreferenciada

Determinação das coordenadas do ponto de coleta


de amostras, através do sistema de localização por
satélites

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• solo com baixa fertilidade;

Persistentes (se • baixo teor de matéria orgânica;


repetem quando
não corrigidos) • baixa capacidade de retenção de água (o que demanda um ma-
nejo específico a médio prazo, podendo impactar na produtivi-
dade das próximas lavouras).

• um erro de densidade de semeadura;

Não persistentes • falta de sobreposição na distribuição de fertilizantes;


(pontuais)
• ataque localizado de lagartas desfolhadoras (fator que com-
promete apenas a produção de um ciclo da cultura).

Lembrando que a identificação dos fatores responsáveis por limitar a produtividade em deter-
minadas áreas e a investigação para se determinar uma forma de manejo ideal são alguns dos
principais desafios dos mapas de produtividade.

Um maior conhecimento da área é adquirido no decorrer do tempo, a par-


tir de análises de safras seguidas. É isso que aumenta o nível de informa-
ções geradas para tomada de decisão do produtor ao longo dos anos.

É preciso atenção especial para identificar os fatores limitantes da produção, bem como a viabili-
dade da correção para os próximos ciclos. Portanto, a análise do mapa de variabilidade espacial
da produtividade torna-se uma importante ferramenta para a análise de dados e planejamento
da próxima safra.

Saiba Mais

É importante interpretar e analisar o mapa de variabilidade temporal da produtividade, ou


seja, do comportamento da produtividade no decorrer dos anos em determinada área, pois
fornece informações auxiliares para a interpretação dos dados de forma geral.

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Recapitulando
O mapa de produtividade de uma área cultivada tem grande importância no sistema de agricul-
tura de precisão, pois determina de forma detalhada a condição final da lavoura, expressa pela
produtividade ao longo da área. Sua amostragem é feita de forma automática por colhedoras
equipadas, em uma quantidade de pontos infinitamente maior do que em outros sistemas de
amostragem, tornando os dados bastante confiáveis para análise e tomada de decisões. A aná-
lise dos mapas de variabilidade espacial e temporal da produtividade de uma área torna-se o
ponto de partida para planejamento do próximo cultivo, pois através dela podem-se identificar
áreas de baixa produtividade, o que demandará análises posteriores e um estudo dos fatores
responsáveis por esta limitação. Desta forma, analisando o mapa de produtividade em conjunto
com outros mapas de variabilidade, aumenta-se o nível de conhecimento da área deixando a
tomada de decisão mais acertada.

Aula 2
Formas de coleta de dados para elaboração do mapa de
produtividade
Na aula anterior, você viu como a elaboração de mapas de produtividade de uma lavoura é uma
prática básica no sistema de agricultura de precisão. A partir do mapa gerado, é possível analisar
as informações e realizar o planejamento das próximas safras. Em colhedoras de grãos equipa-
das, a coleta dos dados de produtividade é feita de forma automatizada, porém é preciso ficar
atento, pois ainda assim podem ocorrer alguns erros de leitura intrínsecos à operação.

Desta forma, alguns cuidados devem ser tomados na coleta e no tratamento dos dados, para
gerar mapas de alta confiabilidade.

Dessa forma, espera-se que ao final desta aula você esteja apto a:

• definir métodos de determinação do número de amostras necessário à coleta de dados; e

• identificar procedimentos técnicos necessários à coleta de dados confiáveis.

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Tópico 1
Formas de medição

As colhedoras equipadas com tecnologia para a agricultura de precisão podem realizar a pe-
sagem dos grãos colhidos de diversas formas, a depender do tipo de equipamento utilizado,
conforme veremos a seguir:

Sistema baseado na medição da velocidade do fluxo da massa


de grãos que atravessa um tubo de dimensões conhecidas. Nes-
te caso, mede-se a velocidade do fluxo por meio de micro-ondas,
Sensor de e calcula-se a densidade média da massa de grãos. Esse sistema
velocidade do tem a vantagem de não interferir na velocidade do fluxo da mas-
fluxo da massa sa, e ter bom tempo de resposta. Porém, pode ser acometido por
variações na inclinação da colhedora durante o deslocamento no
campo – portanto, é preciso um sensor de inclinação para corrigir
esse erro.

Outro sistema utilizado pelas empresas para a medição da pro-


dutividade nas colhedoras é a placa de impacto. Ela intercepta a
Sensor de placa quantidade do fluxo de grãos e, quanto maior o impacto ou des-
de impacto locamento da placa, maior é a produtividade no local colhido. A
placa deve passar por constantes limpezas a fim evitar acúmulo de
sujeira e consequentemente erros na coleta de informações.

Para que o mapa de produtividade represente a produtividade


com base no peso dos grãos no estado seco, é necessário medir
Sensor de
a umidade em que estão sendo colhidos. Para tanto, utiliza-se um
unidade
sensor de umidade, normalmente localizado entre o meio e a saí-
da do elevador.

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Todas as informações sobre colheita e umidade, entre outras,
são monitoradas pelo operador através de um monitor na cabi-
ne de comando. O monitor é ligado a um computador de bordo
que coordena as informações captadas pelos sensores.

Fonte: <http://www.agleader.com/
products/yield-monitoring/>.

Saiba Mais

Essas informações organizadas podem ser armazenadas em cartões de memória ou, ainda,
transmitidas por redes de comunicação sem fio. Muitas fazendas hoje já dispõem destas
redes, que transmitem dados em tempo real, de forma que o produtor acompanhe o anda-
mento e os dados da colheita por meio de computador, celular ou qualquer aparelho com
acesso à internet.

Tópico 2
Mapa de produtividade e amostragem

Como visto na aula anterior, o mapa de produtividade de um talhão é elaborado através de um


conjunto de muitos pontos em que cada ponto representa uma amostra da lavoura.

A área de cada amostra é definida pela largura da plataforma da colhedora e pelo comprimento
da distância percorrida pela máquina durante um período de tempo predeterminado, entre uma
medição e outra (normalmente de um a três segundos).

Em uma área de 1 hectare podem ser coletadas até mil amostras ou mais, dependendo da fre-
quência das medições. A posição do ponto é obtida por meio de um receptor de GPS que dá os
posicionamentos corretos da latitude e da longitude da máquina. Os dados do mapa são ins-
tantaneamente armazenados ou transmitidos, e a forma dos arquivos gerados é particular para
cada fabricante.

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A montagem do mapa reflete o gráfico que contém cada um dos pontos amostrais num plano
cartesiano, em que o eixo “x” é a longitude, e o eixo “y” é a latitude.
y

6
B (6,5)
5
4
A (-5,3)
3
2
1
-6 -5 -4 -3 -2 -1 D (0,0)
X
1 2 3 4 5 6
-1
-2
-3
C (4,5;-3,5)
-4

-5
-6

Fonte: Wikimedia Commons

Cartesiano

Chama-se Sistema de Coordenadas no Plano Carte-


siano, ou simplesmente Plano Cartesiano, a um es-
quema reticulado baseado nas retas x e y utilizado
para especificar pontos num determinado espaço.

Para identificar os diferentes valores


de produtividade, basta escalonar os
pontos em diferentes cores ou tons.
Estas cores pontilhadas vão se tornar
linhas de “isoprodutividade”, ou seja,
isolinhas que delimitam regiões com
produtividades dentro de um mesmo
intervalo de valores, representadas no
mapa pela mesma cor.

Fonte: <http://precisaoap.com.br/?menu=-
servicos&id=3#!prettyPhoto>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 19


Para obter esse tipo de mapa é ne-
cessário manipular algumas fun-
ções específicas do software que
acompanha o monitor ou a colhe-
dora. O software executa um um
método de interpolação entre os
pontos, e de atenuação das peque-
nas variações locais.

Fonte: <http://precisaoap.com.br/?menu=servicos&i-
d=3#!prettyPhoto>.

A elaboração do mapa é feita de forma automática por máquinas devidamente equipadas, o


que torna o processo mais rápido, barato e também bastante confiável, devido à quantidade de
amostras coletadas na área. Porém, é necessário que os dados coletados sejam devidamente
processados a fim de se eliminar certos erros sistemáticos normalmente associados a essa co-
leta. Confira alguns deles:

• variações na velocidade de deslocamento;

• retardamento no início do fluxo de grãos nas cabeceiras do talhão;

• verificação incorreta da largura de corte;

• falha no funcionamento do interruptor da plataforma de corte;

• falha na determinação do posicionamento pelo GPS;

• grandes variações na umidade dos grãos ao longo da jornada de trabalho;

• falta de treinamento do operador, entre outros.

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Alguns dos erros mencionados são inerentes ao processo de coleta de da-
dos durante a colheita. Outros podem ser minimizados ou evitados atra-
vés de alguns cuidados antes e durante a operação. Desta forma, mais
uma vez torna-se necessário que o operador seja capacitado para realizar
tal operação.

Uma boa forma de minimizar erros é manter a velocidade de deslocamento constante e dentro
dos limites estabelecidos para a operação. Além disso, a colhedora, bem como seus equipa-
mentos e sensores, devem ser regulados e calibrados periodicamente, com base nas funções
elementares do equipamento. Veja a seguir quais são essas funções:

• altura de corte da plataforma;

• rotação do molinete;

• identificação da largura de corte;

• velocidade de deslocamento;

• rotação do cilindro de trilha e do ventilador;

• abertura das peneiras etc.

Tópico 3
Amostragem e confiabilidade de dados

A densidade amostral na colheita proporciona uma quantidade de amostras muito grande, muito
maior do que aquela coletada em sistemas de amostragem de solo, o que proporciona grande
confiabilidade aos dados coletados.

Porém, essas informações devem passar por algum tipo de tratamento antes da interpretação
do mapa para tomada de decisão. Os limites do sistema e no processamento automático dos
dados podem gerar erros, que não devem ser motivo para descrédito, apenas para precaução.

Além disso, a manipulação de alguns parâmetros é bem-vinda para uma melhor visualização e
confiabilidade do mapa. Sendo assim, podem-se ter dois cenários:

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 21


Se forem considerados todos os dados brutos na elaboração do
Cenário 1 mapa, podem-se gerar valores de produtividade incoerentes com
a realidade.

Se forem excluídos valores de intervalos de produtividades sem


Cenário 2 muito critério podem-se perder informações importantes de man-
chas da lavoura.

Todos os programas de visualização de mapas permitem alguma forma


de manipulação desses parâmetros.

Basicamente, leituras com dados de produtividade nulos ou com valores excessivamente altos
são descartados através de um filtro do programa. Os demais dados são analisados através de
uma série de comparações entre dados vizinhos para interpolá-los gerando um mapa confiável.

Após o tratamento dos dados brutos obtidos durante a colheita, estes podem ser submetidos
a análises estatísticas em softwares específicos para a geração de informações mais confiáveis.

Ferramentas como a geoestatística e a interpolação por krigagem contribuem para a obtenção de


mapas de alta confiabilidade, porém são mais trabalhosas e exigem conhecimentos específicos.

Geoestatística

Ramo da Estatística Espacial que permite fazer infe-


rências e predições a partir de amostras.

Krigagem

Método de aplicação da geoestatística.

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Recapitulando
A coleta de dados de produtividade de uma lavoura é feita de forma automatizada por uma co-
lhedora equipada com determinados equipamentos, tais como sensores de produção, de umida-
de, de velocidade de deslocamento da máquina e de altura da plataforma de corte; receptor de
GPS, monitor de colheita, entre outros.

Os dados gerados são gravados em uma memória externa ou transferidos em tempo real para
um computador, podendo ser coletados em intervalos de um a três segundos, gerando boa
densidade amostral. Alguns erros na coleta dos dados podem ser gerados durante a colheita,
especialmente devido ao fluxo dos grãos no interior da máquina nas cabeceiras dos talhões, à
variação na velocidade de deslocamento da máquina, à falta de interrupção de leitura durante as
manobras, ao erro na determinação da largura da plataforma, à falta de conhecimento do opera-
dor, entre outros. Desta forma, alguns programas de geração de mapas ou softwares específicos
devem ser utilizados para corrigir os erros e gerar mapas mais confiáveis para análise e tomada
de decisões.

Aula 3
Interpretação dos mapas de produtividade
Nas aulas anteriores você estudou que a elaboração de mapas de produtividade confiáveis re-
presenta a base do sistema de agricultura de precisão. A interpretação dos resultados e dos
fatores que interferem na produtividade, por sua vez, permite o melhor e mais eficiente plane-
jamento dos próximos cultivos. Mas para que isso ocorra, é necessário conhecimento técnico
dos profissionais para interpretar os dados dos mapas. Somente assim será possível elaborar as
recomendações técnicas e tomar as decisões mais acertadas.

Portanto, ao final desta aula espera-se que você possa:

• visualizar a variabilidade da produtividade de grãos por meio do agrupamento de faixas de


produção; e

• relacionar a variabilidade da produtividade com os fatores de produção de grãos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 23


Tópico 1
Características da interpretação

O mapeamento da produtividade não se resume simplesmente à compra de máquinas de última


geração, ao uso de implementos sofisticados ou de eletrônica embarcada. Esses elementos pre-
cisam ser analisados em conjunto com a aplicação de conhecimentos agronômicos detalhados
nas propriedades rurais, em que se considera a variabilidade espacial dos fatores que interferem
na produtividade. Somente assim é possível deixar de trabalhar pelo sistema de médias e aplicar
o gerenciamento localizado.

Para obter informações precisas


sobre a produção é imprescindível
filtrar os dados gerados pelo equi-
pamento, interpolá-los e gerar o
mapa de produtividade. O mapa
é apresentado na forma de isoli-
nhas, que são faixas de produtivi-
dade dentro do mesmo intervalo
de valores, representadas no mapa
pela mesma cor. De acordo com a
legenda que acompanha o mapa,
é possível observar os valores de
produtividade que cada isolinha e,
consequentemente, cada área do
talhão representam.

Fonte: Brasil, 2013.

Para auxiliar na análise dos mapas de produtividade, os dados podem ser apresentados de ou-
tras formas, como em um histograma ou tabela. Acompanhe!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 24


Histograma

3000

2500
Número de observações

2000

1500

1000

500

0
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
Produtividade (Kg/ha)

Fonte: Brasil, 2013

No histograma dos valores da produtividade, representa-se, em forma gráfica, o número de


amostras observadas dentro de cada nível de produtividade.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 25


Dados estatísticos da produtividade de milho

Nestas representações gráficas, também podem ser observados alguns dados estatísticos
referentes à produtividade da área, tais como produtividades máxima, média e mínima e
coeficiente de variação. Desta forma, é possível analisar o nível de variabilidade da produti-
vidade no talhão e a produtividade potencial, dentro das condições edafoclimáticas da área.

Fonte: Brasil, 2013

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 26


Tópico 2
Como interpretar as isolinhas

As isolinhas de baixa produtividade são indicativas de áreas com algum fator limitante para a
produção. Estes fatores podem ser:

• de curta persistência na área, impactando somente na produtividade da última safra;

• ou de longa persistência, com potencial de interferência em safras futuras.

Isolinhas

Os mapas de isolinhas são representações de linhas


que delimitam regiões do mapa com dados dentro de
um mesmo intervalo de valor para cada característica
analisada. As isolinhas utilizam métodos de interpo-
lação entre os pontos com atenuação de pequenas
variações locais.

Os fatores de menor persistência podem ter-se estabelecido somente na última safra, podendo
não se manifestar novamente na mesma área nas safras futuras. Confira alguns exemplos:

• faixa sem aplicação de fertilizantes;

• área com intoxicação por herbicida;

• área com ocorrência de geada;

• área com ataque de lagartas desfolhadoras;

• área com falhas durante a operação de semeadura entre outros.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 27


Estes problemas podem ser identificados Para auxiliar na análise do mapa de pro-
através da ajuda do produtor ou de um fun- dutividade, pode-se analisar também o
cionário que conheça a realidade do cultivo, mapa de umidade dos grãos, os quais
durante a interpretação do mapa. Uma vez apresentam diferentes isolinhas devido
identificados, é possível realizar um planeja- à variabilidade no desenvolvimento da
mento para a próxima safra de forma a evi- cultura e, consequentemente, proporcio-
tar a repetição destes tipos de problemas. nam pontos de colheita diferentes. As
isolinhas de baixa produtividade estão
Mapa de produtividade final t/ha correlacionadas com as isolinhas de alta
1
4.5 - 6.0 umidade da massa de grãos, reforçando
2 6.0 - 7.5
7.5 - 9.0
a confiabilidade dos dados de produção.
9.0 - 10.5
10.5 - 12.0 Mapa da umidade do grão (%)
12.0 - 13.5
13.5 - 15.0 13.5 - 15.5
15.0 - 16.5
15.5 - 17.5
16.5 - 18.0
No data 17.5 - 19.5
19.5 - 21.5
21.5 - 23.5
N
23.5 - 25.5
25.5 - 27.5
27.5 - 29.5
40 0 40 80 120
29.5 - 31.5
Meters

Fonte: Coelho; Silva, 2009. 31.5 - 33.5

Fonte: Coelho; Silva, 2009.

40 0 40 80 120
Meters
Margem bruta R$/ha
Numa análise mais ampla, é possível gerar
um mapa da variabilidade espacial da mar- -350 - -150
gem bruta na área cultivada. Isso é possível -150 - 0
através da gestão dos custos de produção, 0 - 150

levando em consideração as doses de insu- 150 - 450


450 - 750
mos aplicadas em cada local do talhão e do
750 - 1050
mapa de produtividade. Regiões de baixa
1050 - 1350
produtividade têm relação direta com a mar-
1350 - 1650
gem bruta baixa ou negativa, representando 1187. 595 - 1375.759
baixa eficiência econômica nestas áreas, e No Data
necessidade de melhorar o manejo localiza-
do e aumentar a produtividade para as pró-
ximas safras. N
Fonte: Coelho; Silva, 2009.

40 0 40 80 120

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos »


Meters
28
Por outro lado, isolinhas de baixa produtividade que não são justificadas pela interferência de
algum fator limitante da produção na safra corrente devem ser analisadas mais detalhadamente.
Para tanto, deve-se analisar o mapa de variabilidade temporal da produtividade, e verificar se
esta área vem apresentando produtividade baixa em várias safras consecutivas. Se a resposta
for sim, pode existir a presença de um fator limitante da produção de longa persistência nesta
área, ou seja, um fator que pouco ou nada se altera no decorrer dos anos.
2002 2003 2004 (t/ha)

0-4
4-8
8 - 12
12 - 16
16 - 20
20 - 24
200 0 200 0 200 0 200 Sem dados

Fonte: Coelho; Silva, 2009

Confira alguns exemplos desse tipo de fator:

• textura do solo;

• baixa capacidade de armazenamento de água;

• presença de mancha de cascalho;

• solo pouco profundo;

• existência de nematoides em reboleiras;

• compactação do solo entre outros.

Neste caso, será necessária uma amostragem de solo com maior densidade na área que apre-
sentou baixa produtividade. Assim, podem-se identificar os fatores responsáveis por tal situação.
Neste caso, o mapa de produtividade serve como uma orientação para lidar com áreas-problema,
que devem receber determinado manejo para aumentar a produtividade a médio/longo prazo.

Saiba Mais

Em alguns casos, o problema em determinada região do talhão é tão grande e de difícil


controle que se torna mais viável deixar de cultivar esta área. A insistência em continuar
cultivando esses locais pode gerar sucessivos prejuízos, por exemplo, áreas de cascalho.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 29


Os mapas de produtividade podem ser mais bem utilizados quando analisados juntamente com
outros mapas, como os mapas de fertilidade do solo. Assim, é possível analisar de forma inte-
grada os fatores que podem estar mais relacionados com o nível de produtividade da área, de
forma a prestar maior atenção e realizar o manejo com mais eficiência. Programas e softwares
específicos podem ser utilizados para realizar análises de vários fatores de forma integrada, de
maneira precisa e eficiente.

Recapitulando
Os dados de produtividade da área devem ser tratados para elaboração de um mapa de pro-
dutividade confiável. Este mapa é apresentado na forma de isolinhas, em que cada isolinha é
representada por uma cor, e compreende determinado intervalo de valores de produtividade.

As áreas identificadas com baixa produtividade podem ter sido afetadas por fatores negativos
pouco persistentes na área, prejudicando apenas a safra em questão, ou muito persistentes,
afetando a produtividade de consecutivos cultivos, sofrendo pouco ou nenhuma alteração no
decorrer do tempo.

Neste último caso é necessária uma amostragem de solo detalhada destas áreas a fim de identi-
ficar o problema e traçar estratégias de manejo para aumento da produtividade. Caso o proble-
ma não tenha uma solução pode-se, em último caso, deixar de plantar em determinada área. A
tomada de decisão é mais confiável quando se analisam diferentes mapas de variabilidade em
conjunto com o mapa de produtividade.

Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 1 do Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos. A seguir,
você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo. Lembre-se
que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você também terá um
feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Sobre a importância dos mapas de produtividade das lavouras, analise as seguintes afirma-
ções e marque a alternativa correta.

a) O mapa de produtividade é um dos principais mapas de variabilidade utilizados na agricul-


tura de precisão, pois determina a condição final da lavoura.

b) O mapa de produtividade determina o nível de adubação necessária em cada área do


talhão.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 30


c) O mapa de variabilidade espacial da produtividade pode mostrar áreas com fatores con-
sistentes que limitam a produção.

d) As áreas de baixa produtividade no mapa de colheita sempre coincidem com as áreas de


baixa fertilidade do solo.

2. S
obre as formas de coleta de dados para elaboração do mapa de produtividade, analise as
seguintes afirmações e marque a alternativa correta.

a) Para a elaboração do mapa de produtividade coleta-se menor número de amostras se


comparado com aquelas coletadas para elaboração do mapa de fertilidade do solo.

b) Com maior atenção do operador, a coleta de dados de produtividade pode ser realizada
sem apresentar erros.

c) A gravação dos dados é feita no monitor através de um mapa de colheita, e só pode ser
visualizado no próprio monitor ou através de impressão.

d) Os dados brutos coletados devem passar por um processamento em programa ou softwa-


re específico para proporcionarem a elaboração de um mapa de colheita mais confiável.

3. Sobre as formas de interpretação dos mapas de produtividade, marque a afirmativa correta.

a) As isolinhas de baixa produtividade sempre são relacionadas a um erro de manejo da


cultura.

b) Problemas de baixa persistência na área podem inviabilizar o cultivo da lavoura em deter-


minada região do talhão em cultivos subsequentes.

c) Para se conhecer os problemas muito persistentes que afetam a produtividade, deve-se


fazer uma análise detalhada nas áreas de baixa produtividade do mapa de variabilidade
temporal.

d) A análise de outros mapas de variabilidade não é necessária quando se tem o mapa de


produtividade em mãos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 31


Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos
» Módulo 2: Como funcionam as colhedoras de
grãos

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 32


Módulo 2
» Como funcionam as colhedoras de grãos

Fonte: Case IH <http://www.caseih.com>.

Você sabe dizer quais são as atividades realizadas por uma colhedora? Pois bem, as colhedoras
são máquinas responsáveis por:

• cortar;

• conduzir o material colhido para o interior da colhedora;

• separar a planta dos grãos;

• realizar a limpeza;

• posicionar o grão em um tanque graneleiro e ensacá-lo.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 33


Para tanto, ela é formada por vários mecanismos que realizam cada etapa de forma sincroniza-
da, e que são configurados de acordo com a característica morfológica de cada tipo de lavoura
a ser colhida. Atualmente, todos os mecanismos das colhedoras são passíveis de adaptação, ou
seja, é possível instalar sensores para monitorar o seu funcionamento e reduzir as perdas que,
em geral, acabam sendo elevadas. Assim, é muito importante dominar o conhecimento técnico
sobre o funcionamento da colhedora para que você possa identificar possíveis boas adaptações
para a Agricultura de Precisão.

Característica Morfológica

Do termo “morfologia”, que estuda as formas que


uma matéria pode tomar. Neste caso, se refere aos
diferentes portes de plantas, bem como a forma de
produção de grãos (espiga, vagem, panícula etc.).

Lembre-se de que para os momentos em que você não pode estar conectado à internet, dis-
ponibilizamos um arquivo com o conteúdo deste módulo. Mas atenção: você deve retornar ao
Ambiente de Estudos para realizar as atividades.

Siga em frente e bons estudos!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 34


Aula 1
Sensores e mecanismos da colheita de grãos
A colheita mecanizada de grãos se destaca como uma importante operação para manter a qua-
lidade dos alimentos produzidos no campo. Entre as vantagens desta tecnologia, destacam-se:

• rápida retirada do produto a ser colhido do campo, evitando que ele fique exposto ao ataque
de pragas, doenças, plantas daninhas e intempéries, o que certamente reduziria a qualidade
dos grãos colhidos;

• liberação da área mais cedo para início de uma nova lavoura, permitindo o estabelecimento
de mais safras na mesma área por ano;

• rapidez na comercialização do produto final, o que assegura retorno financeiro mais rápido
para o produtor;

• menor custo de produção, uma vez que, comparativamente à colheita manual, a colheita me-
canizada possui uma eficiência muito superior, garantindo menor custo por hectare colhido.

Assim, os objetivos específicos desta aula são:

• reconhecer as vantagens dos sensores que equipam as colhedoras de grãos.; e

• visualizar as principais aplicações dos sensores nas colhedoras de grãos.

Tópico 1
Funcionamento de uma colhedora

A colheita mecanizada de grãos deve ser realizada adotando-se critérios técnicos para evitar
perdas e prejuízos ao produtor. Estima-se que para a colheita de grãos mecanizada, perdas na
faixa de 3 a 5% são aceitáveis. Mas, não raro, essas perdas podem ultrapassar cifras de 20%,
considerando-se apenas a operação realizada no campo.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 35


Se somarmos essas perdas àquelas que ocorrem no transporte, armaze-
namento e comercialização, estima-se que quase a metade dos alimentos
produzidos no mundo é desperdiçada. Este índice contribui para elevação
dos custos ao consumidor final, restringindo o acesso ao alimento às clas-
ses sociais economicamente menos favorecidas.

Diante desse cenário, o papel de produtores, engenheiros, técnicos e operadores responsáveis


pela realização da colheita adquire um caráter socioeconômico, devendo a colheita ser realizada
com o mínimo de perdas possíveis. Para tanto, os profissionais devem conhecer adequadamente
o funcionamento da máquina e estar atualizados quanto às novas tecnologias que estão dispo-
níveis para o aprimoramento da operação.

Dentre essas tecnologias, destacam-se aquelas desenvolvidas com os aprimoramentos propor-


cionados pela Agricultura de Precisão, que podem ser adotadas em diversas partes das colhe-
doras em geral.

O funcionamento de uma colhedora de cerais é bastante complexo e dinâmico, pois todos os


mecanismos constituintes da máquina operam em sintonia com o objetivo de entregar um grão
limpo, inteiro e, às vezes, ensacado. Em alguns desses mecanismos podem ser instalados senso-
res para desempenhar importantes funções no monitoramento da colheita.

Navegue pelo infográfico para explorar algumas partes da colhedora, e veja, nas abas logo
abaixo, detalhes sobre o funcionamento da máquina e também sobre sensores específicos
para cada função.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 36


Mecanismo Esteira de Mecanismo Mecanismo Elevador
de Corte e Alimentação de Trilha de limpeza e de grãos
alimentação separação

Fonte: <http://www.agrolink.com.br/sementes/TecnologiaSementes/Colheita.aspx>.

O mecanismo de corte tem a função de cortar a planta sem deixar


o grão cair no solo. Para tal, as colhedoras são dotadas de plata-
formas de cortes com diferentes tipos de configuração, de acordo
com as características morfológicas da lavoura a ser colhida.

1. Mecanismo Em geral, essas plataformas são intercambiáveis, ou seja, uma


de corte mesma colhedora pode operar plataformas para diferentes cultu-
ras, como soja, milho, feijão, arroz e trigo.

Na colheita, as vagens (soja) ou espigas (milho) colhidas são di-


recionadas para o centro da plataforma por meio de uma rosca
sem-fim e depois enviadas para a esteira de alimentação.

O mecanismo de alimentação é constituído por uma esteira con-


2. Esteira de dutora ou rolo alimentador que conduz o material colhido para as
alimentação partes internas da colhedora. Em geral, é uma parte que gera pou-
cas perdas.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 37


O mecanismo de trilha é o “coração” da colhedora de grãos. Ele
tem a importante função de separar os grãos da parte da planta no
qual estão inseridos, realizando, portanto, a trilha ou debulha. Ele é
formado por cilindro de trilha, côncavo e batedor.

Primeiramente, a maior parte dos grãos soltos (80%) passa pelo


côncavo, uma estrutura perfurada que recobre o cilindro em uma
3. Menismo
angulação de aproximadamente 120°.
de trilha
Em seguida, os grãos são direcionados para a peneira inferior dos
mecanismos de separação e limpeza. O batedor tem a finalidade
de retirar o material trilhado do mecanismo de trilha e direcioná-lo
para a peneira superior do mecanismo de separação e limpeza. Ele
gira no mesmo sentido do cilindro de trilha, forçando a saída do
material do cilindro.

O mecanismo de limpeza é constituído por peneiras superiores


(inclinadas), inferiores (horizontais) e um ventilador. O ventilador
faz a limpeza basicamente empurrando a produção nas peneiras
superiores, de forma que o material mais leve (palhas) seja lança-
do pra fora da colhedora, enquanto o mais pesado (grãos ainda
presos a sabugos) é direcionado para as peneiras inferiores.

As peneiras inferiores têm abertura ajustável e fazem a limpeza


fina do material trilhado, permitindo a passagem de grãos even-
4. Mecanismo
tualmente ainda misturados com a palha. O ajuste dessa abertura
de limpeza e
constitui uma importante fonte de perdas, sendo necessário co-
separação
nhecer bem a morfologia do grão a ser colhido para ajustá-la ade-
quadamente.

No final desse mecanismo fica o picador de palha, constituído por


lâminas móveis que têm a função de triturar a palhada que sai da
colhedora e é depositada no solo. Isso traz várias vantagens para
o solo, pois o material se espalha de forma mais homogênea, pos-
sibilitando melhor cobertura da área, conservando a umidade e
dificultando o surgimento de plantas daninhas.

Ao passar pela peneira, os grãos limpos caem em uma espécie de


cocho contendo uma rosca sem-fim que direciona os grãos para
5. Elevador uma estrutura conhecida como elevador de canecos ou conchas. O
de grãos elevador é responsável por conduzir os grãos para o tanque gra-
neleiro ou para um tubo de saída direcionado para uma carreta
tracionada por um trator que se desloca em paralelo à colhedora.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 38


Mecanismo de corte

Plataformas utilizadas para colher soja, ar- Já as plataformas utilizadas para colher
roz e trigo, por exemplo, são dotadas de milho possuem um rolo espigador e uma
uma barra de corte que trabalha rente ao placa de bloqueio que operam em conjunto
solo, e de um molinete. para separar a espiga do corpo da planta.

Fonte: New Holland/blog.mfrural.com.br/ Fonte: John Deere

Uma questão muito importante a ser observada quanto às plataformas de corte é a altura em
que elas cortam a planta, principalmente para culturas mais baixas, como a soja e o feijão.
Nesse caso, o uso de sensores adquire ainda mais importância porque possibilita também
monitorar as irregularidades que podem existir no solo, mantendo sempre a mesma distân-
cia para o corte das plantas. Uma variação na distância pode resultar em perdas se a plata-
forma cortar a planta em uma altura superior ao ponto de inserção da primeira vagem nas
lavouras de soja e de feijão.

Sensores podem ser utilizados para monitorar e ajustar automaticamente a velocidade de


rotação dos molinetes responsáveis pela condução da parte aérea das plantas até a barra
de corte. Velocidades muito elevadas podem empurrar a parte aérea das plantas, causando
tombamento e impedindo que a máquina as recolha.

Outra importante informação que deve ser obtida na plataforma de corte é a sua largura de
ataque, com a qual, juntamente com informações obtidas por sensores de velocidade, pode-
-se determinar uma distância percorrida e, assim, calcular a área colhida pela colhedora. A
área colhida será empregada posteriormente para cálculo da produtividade.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 39


Mecanismo de Trilha

O cilindro de trilha é formado por uma es-


trutura cilíndrica dotada de barras ou dentes
que impactam o material pressionando-o
contra o côncavo, realizando a trilha. Eles
podem se localizar paralelamente à máqui-
na ou perpendicularmente a ela, sendo de-
nominados cilindros axiais (de eixo) ou ra-
diais (de raio), respectivamente. Fonte: <http://www.vidarural.pt/news.aspx?-
menuid=8&eid=7731>.

Dois fatores são fundamentais para o bom funcionamento do mecanismo de trilha: a veloci-
dade de rotação do cilindro e a abertura entre o cilindro e o côncavo.

A rotação deve ser ajustada de acordo com a umidade dos grãos no momento da colheita.
Grãos mais úmidos requerem maiores rotações para serem trilhados. Se a velocidade do ci-
lindro não for adequada para o grau de umidade em que os grãos se encontram, há perda de
grãos da lavoura. Nesse contexto, os sensores podem ser muito úteis para monitorar a umi-
dade dos grãos na trilha, e realizar o ajuste automático da rotação do cilindro. Eles podem ser
instalados no mecanismo de alimentação ou próximos à plataforma de corte.

Já a abertura existente entre o cilindro de trilha e o côncavo é ajustável de acordo com a


espécie vegetal colhida. Para o milho, ela deve ser compatível com o diâmetro das espigas
sob pena ou de aumentar as perdas por quebra caso o espaço seja reduzido, ou de não per-
correr a trilha, caso o espaço seja muito grande. Esse ajuste deve ser feito antes do início da
operação.

No caso da colheita da soja, os sensores podem detectar a quantidade de material que se


desloca pela esteira de alimentação e ajustar a abertura entre cilindro e côncavo para uma
trilha mais adequada.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 40


Mecanismo de Limpeza

O ventilador fica posicionado na parte de


baixo da peneira inferior e sopra a palha
para fora da colhedora. Entretanto, quan-
do mal regulado, o aparelho pode produzir
uma corrente de ar muito forte e desper-
diçar grãos limpos lançando-os para fora,
causando perdas na produção. O ventila-
dor, portanto, deve ser ajustado de acordo
com o fluxo de massa trilhado e com a den-
sidade dos grãos colhidos.

É possível instalar sensores na parte mais


Fonte: <http://www.agrolink.com.br/sementes/ alta da peneira, próximos da saída da má-
TecnologiaSementes/Colheita.aspx>. quina, a fim de monitorar essas perdas.

Separação/elevador de grãos

As colhedoras de grãos podem ter um tan- No tubo de elevação dos grãos limpos, as
que graneleiro próprio ou descarregar a colhedoras mais sofisticadas possuem um
produção simultaneamente em um veícu- importante sensor que é responsável pelo
lo-tanque que se locomove paralelamente. monitoramento da quantidade de mas-
sa de grãos que passa por ali. Essa infor-
mação é associada à informação da área
colhida, assim, pode-se calcular a produti-
vidade (kg ha-1) do local por onde a colhe-
dora se deslocou. Ao final, é possível gerar
um mapa de variabilidade da produtivida-
de da lavoura.

Fonte: <http://titanoutletstore.com/worldwide-
-crop-yields-where-does-the-u-s-rank/>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 41


Axiais

Algumas empresas estão investindo em colhedoras


com cilindros axiais duplos, pelo fato de permitirem
colher com velocidades mais elevadas e proporciona-
rem melhor trilhagem (já que o material permanece
em contato com o sistema de trilha por mais tempo).

Umidade

A umidade também pode variar de acordo com as


condições climáticas entre dias consecutivos ou ain-
da em um mesmo dia. É comum ocorrerem alterações
entre os turnos da manhã, quando há maior presença
de umidade, e à tarde, quando normalmente a umi-
dade do ar reduz.

Diâmetro das espigas

Com os grandes avanços de melhoria genética, atual-


mente as espigas têm tamanhos padronizados para
um mesmo cultivo, dispensando muitos ajustes para
a mesma lavoura.

Sensores

Estes sensores de perda de produção permitem ao


operador ajustar outros mecanismos da colhedora
de acordo com as informações coletadas, portanto,
contribuem com a qualidade da colheita de grãos
como um todo.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 42


Saiba Mais

Que tal visualizar uma animação com o funcionamento dos mecanismos internos de uma
colhedora de grãos? Dividimos por marca e modelo para você conhecer diferentes opções
de colhedora.

Massey Ferguson:
https://www.youtube.com/watch?v=RMU0goBWRjY ou <https://goo.gl/Jokuvk>.

New Holland Claas Lexion 600:


https://www.youtube.com/watch?v=QpMsuXxPt1Y ou <https://goo.gl/H1bSFw>.

New Holland Claas Lexion 780:


https://www.youtube.com/watch?v=5gw13IDdQA4 ou < http://goo.gl/KkJPYe>.

Portanto, as colhedoras dotadas de sensores para monitoramento dos seus mecanismos possi-
bilitam reduzir consideravelmente as perdas observadas nas colhedoras convencionais.

Os sensores são conectados a um monitor que apresenta ao operador todos os dados coleta-
dos, permitindo a tomada de decisão sobre ajustes necessários em outras partes da máquina.
Em sistemas mais sofisticados, esses ajustes são realizados automaticamente sem a intervenção
do operador.

Recapitulando
As colhedoras de grãos são constituídas por mecanismos complexos que atuam de forma sin-
cronizada. Os principais mecanismos existentes nelas são: mecanismo de corte, de alimentação,
de trilha, de separação e limpeza. O mecanismo de corte é formado por plataformas intercam-
biáveis que podem ser dotadas de sensores para monitorar a altura de corte e evitar as perdas.
O mecanismo de trilha é a parte mais importante da colhedora e necessita ser ajustado quanto
à velocidade de rotação e à abertura entre o cilindro e o côncavo. Essas informações podem ser
obtidas por sensores de umidade dos grãos e enviadas para ajustes do mecanismo de trilha. O
mecanismo de separação e limpeza pode ser dotado de sensores para monitoramento das per-
das e consequente ajuste nos demais mecanismos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 43


Aula 2
Tipos de sensores mais utilizados nas colhedoras de grãos
Você já estudou que as colhedoras de grãos são máquinas passíveis de serem monitoradas em
diversas partes, tendo em vista principalmente a sua complexidade de funcionamento. Assim,
muitos modelos já saem de fábrica com diversos sensores embarcados. Mas pode acontecer
também de alguns desses sensores serem adaptados em máquinas já em utilização. Mas para
que isso ocorra da melhor forma possível, é bem importante que as máquinas estejam em bom
estado de conservação, sob pena de comprometer seu funcionamento geral.

De modo geral, apesar de existirem diversos sensores nas colhedoras, eles são utilizados para
monitorar a produtividade e evitar perdas, devendo ser ajustados para apresentarem dados con-
fiáveis.

Portanto, ao final desta aula, espera-se que você tenha alcançado os seguintes objetivos:

• reconhecer os principais sensores utilizados nas colhedoras de grãos; e

• identificar as formas de utilização dos sensores nas diferentes partes constituintes das colhe-
doras de grãos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 44


Tópico 1
Visão geral de sensores

Tendo em vista as inúmeras vantagens oferecidas pelos avanços da Agricultura de Precisão na


operação de colheita de grãos, muito produtores têm optado por adquirir máquinas que já ve-
nham com um pacote completo de recursos informatizados para monitorar os mecanismos que
compõem a máquina.

De todo modo, o mercado também oferece diversos recursos que podem ser adaptados a colhe-
doras convencionais.

Fonte: Plantium <http://www.plantium.com.br/images/KIT-COLHEITA.png>

Como já dito, é muito importante ressaltar a necessidade de a colhedora apresentar bom es-
tado de conservação para não comprometer o funcionamento geral de todo o sistema de
monitoramento.

Atualmente, tem-se observado que alguns produtores, empolgados com os diversos disposi-
tivos ofertados pela Agricultura de Precisão, realizam certas adaptações em suas máquinas e
acabam por comprometer seriamente a qualidade da operação. Para que isso não ocorra, toda
adaptação deve ser acompanhada por um técnico qualificado e experiente.

O princípio básico de funcionamento dos sensores se baseia na detecção da alteração na forma


de algum corpo, como acontece nas balanças ou na leitura da assinatura espectral de um objeto,
que é baseada na detecção das ondas eletromagnéticas emitidas por esse objeto.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 45


Os sensores podem ser classificados de duas formas:

É um sensor de contato direto entre as partes envolvidas, por


De contato
exemplo, uma placa que pesa a quantidade de grãos colhidos.

O segundo tipo é o sensor remoto, utilizado, quando não há con-


Remoto tato entre as partes envolvidas na medição. É o caso dos sensores
magnéticos.

A seguir serão descritas algumas características dos principais sensores utilizados nas colhedo-
ras de grãos.

Monitor de colheita

Seletor de
largura da
Sensor plataforma
de umidade

Sensor de
levante de
plataforma

Sensor
de velocidade

Sensor de
fluxo de massa
Sensor de
inclinação
(inclinômetro)

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 46


Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Tópico 2
Sensor de altura da plataforma de corte

Os sensores de altura têm a finalidade de copiar a superfície do solo, evitar impactos devidos aos
desníveis no terreno e proporcionar o corte da planta sempre a uma mesma altura. Eles podem
ser constituídos por sensores remotos que emitem sinais ultrassônicos em direção ao solo e, ao
receberem novamente essas ondas, detectam a variação na superfície do terreno e enviam uma
mensagem para os cilindros hidráulicos suspenderem ou abaixarem a plataforma.

Fonte: SLC Comercial/John Deere <http://www.slccomercial.com.br>.

Outros tipos de sensores são utilizados diretamente em hastes que tocam e acompanham a su-
perfície do solo, fazendo um registro por contato direto.

Fonte: SLC Comercial/John Deere <http://www.slccomercial.com.br>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 47


A depender do tamanho da plataforma, ela pode ser equipada com vários sensores ao longo da
sua extensão. Nesse caso, a variação do perfil do solo pode afetar negativamente a colheita pela
variação da distância entre o molinete e a barra de corte.

Dessa forma, é importante que o equipamento, além de copiar a superfície do solo e ajustar a
altura em relação ao ponto de corte da planta, ajuste simultaneamente também a distância entre
o molinete e a barra de corte.

Saiba Mais

Os ajustes da barra de corte podem ser visualizados facilmente no comercial da parceria en-
tre as empresas GTS do Brasil e MacDon. Assista ao vídeo da plataforma colhedora FlexDra-
per: <https://www.youtube.com/watch?v=QS74KBxiA64> ou <https://goo.gl/hKT9AM>.

Esses sensores também desempenham importante papel na elaboração de mapas de produtivi-


dade, pois toda vez que a plataforma é suspensa, interrompe-se a coleta de dados. Dessa forma,
quando a máquina estiver realizando manobras de cabeceira, não ocorre registro de dados.

É comum visualizar mapas que apresentam baixas produti-


vidades próximas a essas áreas. Muitas vezes, isso ocorre
pelo fato de o operador realizar a manobra com a platafor-
ma abaixada, o que é incorreto.

Fonte: Shiratsuchi, 2004

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 48


Algumas plataformas utilizadas em colhedoras de milho são dotadas de sensores que fazem a
leitura da posição das linhas de plantio e que mantêm a colhedora alinhada de acordo com esse
posicionamento.

Tópico 3
Sensores de detecção de metais e de velocidade

Os detectores de metais são importantes para a detecção de objetos metálicos que eventual-
mente sejam coletados pela plataforma de corte e passem pelo mecanismo de alimentação.
Caso esses objetos cheguem até o mecanismo de trilha, eles podem causar grandes estragos no
cilindro, no côncavo e no batedor, resultando em grandes prejuízos financeiros e em perda de
tempo na operação de colheita com a manutenção da máquina.

Eles são posicionados abaixo do mecanismo


de alimentação. No momento em que o ob-
jeto é detectado, a informação é processada
por uma central que aciona o sistema de tra-
vamento da alimentação. O sistema consiste
na existência de um sensor e de um ímã lo-
calizado acima e abaixo de partes inoxidá-
veis do mecanismo de alimentação.

Fonte: New Holland <http://agriculture.


newholland.com/ir/en/Products/Forage/
PullType/Pages/Metalert_III_System_and_
Croppro_Crop_Processor_details.aspx>.

Saiba Mais

Quando um objeto metálico passa entre o sensor e o imã, um sinal é enviado para um so-
lenoide que libera uma mola e trava o mecanismo de alimentação. Em geral, o intervalo de
tempo entre a detecção e o travamento dura menos de um segundo, evitando que o metal
entre na máquina.

Sobre os sensores utilizados para monitoramento da velocidade, eles também desempenham


importante papel na elaboração dos mapas de produtividade, pois registram a distância percor-
rida considerando-se a largura da plataforma de corte. Assim, pode-se determinar a área colhida
por unidade de tempo ou a capacidade operacional da colheita.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 49


Algumas colhedoras possuem sensores capazes de realizar medidas da largura útil da platafor-
ma de corte. De posse do valor da área colhida, pode-se realizar um melhor gerenciamento da
frota mecanizada na propriedade, uma vez que é possível estimar o tempo em que cada opera-
ção será realizada.

Sensores de velocidade tradicionalmente trabalham com tecnologias de três tipos – magnética,


por radar e por GNSS. Confira as características de cada uma delas.

Com os sensores magnéticos instalados no eixo da roda motriz,


mede-se a velocidade registrando o número de giros do eixo da
roda motriz na transmissão da colhedora. A velocidade de saída
do eixo da transmissão está relacionada com a rotação das rodas.
Sensores
Entretanto, esse método está sujeito a erros, devido ao problema
magnéticos no
de patinagem dos rodados. Nesse caso, o rodado gira sem propor-
eixo das rodas
cionar deslocamento pela perda de atrito com o solo, ainda assim,
motrizes
o sensor irá registrar pulsos “entendendo”, erroneamente, que a
colhedora está em deslocamento. Além disso, a deflexão do pneu
devido à carga que o depósito da colhedora vai recebendo, duran-
te a colheita, reduz o raio de rolamento das rodas motrizes.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 50


Os sensores magnéticos, também chamados de sensores de pul-
sos, são constituídos por magnetos instalados diretamente nos ro-
dados, e registram a velocidade por meio do pulso gerado quando
o magneto passa próximo ao sensor. Dessa forma, quanto maior
for o número de magnetos instalados na roda, maior será a quan-
tidade de pulsos gerada, consequentemente, maior será a acurácia
da medição da velocidade.

Recomenda-se que sejam instalados sensores nas duas rodas do


Sensores mesmo eixo para fins de compensação da diferença de velocidade
magnéticos quando o pulverizador realizar uma curva, momento em que a roda
instalados nos mais externa tende a se deslocar a uma maior velocidade pelo fato
rodados de ter que percorrer maior distância.

Fonte: Baio; Antuniassi, 2011.

Acurácia

Termo técnico usado para definir a proximidade en-


tre a medida apresentada pelo aparelho e o valor
verdadeiro da medição. Não raro, verifica-se certa
confusão entre os termos precisão e acurácia quan-
do se referem à agricultura de precisão, no entanto,
o termo acurácia, por ser conceituado de forma mais
completa, deve prevalecer na maioria das situações.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 51


Os radares ficam posicionados em direção ao solo e emitem on-
das eletromagnéticas de forma contínua e constante, semelhantes
às ondas de rádio, em direção ao solo. As ondas podem ser do
tipo micro-ondas ou ultrassônicas. Elas são refletidas e novamente
interceptadas pelos sensores do radar em uma frequência maior
em relação às frequências emitidas. A diferença entre a frequência
emitida e a refletida é convertida em sinais elétricos e decodifica-
da no radar como um valor de velocidade. Quanto maior a diferen-
ça, maior será a velocidade da colhedora.
Sensores de
radar

Fonte: <http://www.dickey-john.com/product/radar-ii/>.

A medição da velocidade empregando tecnologia de GNSS se ba-


seia nos mesmos princípios de determinação de posicionamento,
ou seja, o receptor mede o tempo em que o sinal percorre a dis-
Sensor com
tância entre o satélite e a antena da colhedora. Com esse dado,
tecnologia GNSS
calcula-se a distância entre a colhedora e cada satélite e, com a
distância e o tempo em cada posição, calcula-se a velocidade de
trabalho da colhedora.

Tópico 4
Sensores para medição do fluxo de grãos e do elevador

Os sensores para monitoramento do fluxo de grãos também são conhecidos como sensores de
produtividade pelo fato de monitorarem a massa de grãos que passa pelo elevador de canecos.
Eles podem ser de diferentes tipos, entretanto, a maioria é montada na trajetória do fluxo de
grãos limpos, sendo o local mais comum o topo do elevador das canecas de grãos limpos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 52


Os tipos de sensores mais utilizados para esse fim são:

Os sensores volumétricos, tam-


bém chamados sensores óticos,
consistem em um emissor e num
receptor de raios infravermelhos
posicionados no elevador de cane-
Sensor
Volumétrico cos. A radiação gerada pela ener-
gia do sensor é captada por um
fotossensor e convertida em sinais
elétricos para estimar a taxa de flu-
Fonte de luz xo de volume de grãos presentes
Fonte: Moore, 1998. nos canecos do elevador.

Os sensores radiométricos pos-


suem uma fonte radioativa de
Americium 214 posicionada na
saída do elevador de canecos. No
lado oposto, existe um anteparo
Radiométrico
que mede a radiação absorvida
pela massa de grãos e converte
esse valor para a quantidade de
grãos colhidos.
Fonte: Moore, 1998.

Os sensores de placa de impacto


são instalados no topo do eleva-
dor de canecos e registram da-
dos pela força com que a massa
de grãos é arremessada contra
Placas
uma placa metálica. Os impactos
de impacto
são transformados em sinais elé-
tricos e convertidos em quantida-
Fonte: Moore, 1998.
de de grãos colhidos em determi-
nada área por onde a máquina se
deslocou.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 53


Saiba Mais

Os sensores de impacto podem ser divididos em dois tipos: aqueles que medem a força
com um potenciômetro, e os que medem forças com células de cargas ou balanças. Assista
aos vídeos da New Holland e conheça o funcionamento de sensores de impacto e tipo ba-
lança ou célula de carga.

Vídeo 1 <https://www.youtube.com/watch?v=cTU4ytOZIY4> ou <https://goo.gl/E7xx1K>.


Vídeo 2 <https://www.youtube.com/watch?v=ZEZNzUtatdc> ou <https://goo.gl/6FAYqQ>.

Já os sensores de velocidade do elevador


de grãos são utilizados nas colhedoras
que monitoram a produtividade com
sensores tipo placa de impacto. Eles têm
a finalidade de apresentar informações
sobre a movimentação do elevador
para corrigir o sinal da produtividade.

Fonte: Senar, 2012.


Tópico 5
Sensores para monitorar inclinação do terreno, perdas e umidade dos grãos

Os sensores utilizados para monitorar a inclinação do terreno são importantes para evitar maio-
res erros no monitoramento da quantidade de grãos colhidos. Também proporcionam uma com-
pensação da movimentação que ocorre no fluxo de massa no interior da colhedora em função
dos desníveis do terreno. Nesse caso, eles ajustam a velocidade do ventilador de acordo com o
ângulo de inclinação do terreno, compensando a força necessária para separar o grão da palha.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 54


Fonte: Senar, 2012.

Quando os grãos são armazenados no tanque graneleiro, câmeras de vídeos podem auxiliar o
operador no monitoramento da quantidade de produto armazenado. Essa informação também
pode ser apresentada na forma de uma barra de luzes no monitor de colheita.

Saiba Mais

No link a seguir você poderá visualizar uma animação de atuação do sensor de inclinação
de uma máquina New Holland.

<https://www.youtube.com/watch?v=MVxb-L_OH4Y> ou <https://goo.gl/VcDu3l>.

O sensor utilizado para determinar a


umidade dos grãos é geralmente co-
locado no sistema de transporte dos
grãos, dentro do elevador de canecas
de grãos limpos, próximo ao sensor
que mede o fluxo de massa. Em algu-
mas máquinas, também pode ser ins-
talado próximo ao picador de palha.
O sensor do tipo capacitância é o mais
comumente usado para medir o teor de
umidade dos grãos. Quanto maior seu
teor de umidade, maior é a constante
Fonte: Senar, 2012. dielétrica.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 55


Constante dielétrica

Relativa à isolabilidade do material, ou seja, à capa-


cidade de impedir a passagem de corrente elétrica.

À medida que a colhedora se desloca, ocorre o registro pontual da umidade da lavoura e o


local é georreferenciado de acordo com intervalos de tempo predeterminados. Essa informa-
ção é muito importante para realizar ajustes na velocidade de rotação do cilindro de trilha. Em
geral, a presença de maior umidade requer maior energia, ou rotação do cilindro, para que
os grãos se desprendam do sabugo (no caso da colheita de milho), ou da vagem (no caso da
colheita da soja).

A presença de menores teores de umidade faz com que os grãos sejam mais facilmente trilha-
dos, podendo-se reduzir a rotação do cilindro. Esse ajuste é muito importante para proporcionar
uma boa trilhagem do material e evitar a quebra dos grãos.

Quanto aos sensores de perdas, eles são instalados na parte mais alta das peneiras superiores
do mecanismo de separação e limpeza, e permitem ao operador avaliar a necessidade de ajustes
em algum dos mecanismos da colhedora. Eles emitem ondas eletromagnéticas em direção à
palhada, possibilitando detectar a presença eventual de grãos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 56


Perda de Grãos
O indicador de perda de grãos LH 765 é um siste-
ma fácil de usar que indica a perda de grãos das
peneiras inferiores e do saca-palhas, em dois
indicadores grandes e fáceis de visualizar.

+
-

Saiba Mais

No Fonte: <http://www.teejet.com/media/7d56f571-75e3-4dba-b857-fb0764319b05-144_CAT50_PORT_LR.pdf>.
site da Kafmotores você encontra um simulador de monitoramento de perdas em uma
colhedora de grãos. Acesse!
<http://kafmonitores.com.br/index.php?link=simulador> ou <http://goo.gl/MP2TmD>.

Já no site da Lohr você encontrará uma série de tipos de sensores utilizados em colhedoras
e também em outras aplicações na agricultura. Confira!

<http://www.lohr.com.br/index.php?link=produtos&idFamilia=19&idAplicacao=Agr%ED-
cola> ou <http://goo.gl/NvZyYt>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 57


Recapitulando
Nesta aula, você pôde verificar que as colhedoras são monitoradas por diversos sensores exis-
tentes em seus mecanismos. Dentre os principais sensores, temos: o sensor de altura utilizado
na plataforma de corte, o sensor de metais utilizado no mecanismo de alimentação, o sensor de
fluxo ou de produtividade instalado no elevador de canecos, o sensor de velocidade, o sensor de
velocidade do elevador de canecos e o sensor de perdas instalado na saída das peneiras supe-
riores. De modo geral, todos eles operam de forma sincronizada e são capazes de se comunicar
entre si e realizar ajustes de forma automática.

Aula 3
Configurações dos sensores utilizados nas colhedoras de grãos
A configuração dos sensores utilizados nas colhedoras deve ser feita com base em critérios téc-
nicos relacionados aos conhecimentos agronômicos sobre a cultura e sobre o próprio monitor
de colheita.

É através do monitor que são realizadas todas as ações para ajustes dos sensores, e cada fabri-
cante estabelece uma rotina de procedimentos distinta. Desta forma, o operador deve ler aten-
tamente o manual e solicitar treinamento adequado para uso correto do equipamento.

Dessa forma, espera-se que ao final da aula você esteja apto a:

• executar procedimentos de configuração dos sensores utilizados em colhedoras de grãos; e

• regular os mecanismos da colhedora de grãos de acordo com os sensores existentes


na máquina.

Tópico 1
Importância da configuração

Como temos visto ao longo das aulas, as colhedoras de grãos têm um papel muito relevante para o
ciclo da Agricultura de Precisão, pois verificam a variabilidade da produtividade das lavouras. Des-
sa forma, de posse das manchas de maiores e menores produções na área, é possível tomar uma

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 58


série de decisões sobre o manejo localizado da lavoura (lembrando que essa informação sempre
deve ser associada a outros mapas para que a tomada de decisão seja mais confiável e segura).

Em alguns casos, os produtores iniciam o processo de Agricultura de Precisão pelo mapa de va-
riabilidade da produtividade, que é indicativo da variabilidade da fertilidade da área, auxiliando
no planejamento dos pontos de amostragem do solo.

Assim, é possível reduzir gastos pela otimização no uso dos recursos de produção, uma vez que
áreas mais férteis e mais produtivas receberão menos insumos, que serão destinados àquelas
áreas com menor fertilidade.

Por ser uma máquina complexa e de funcionamento dinâmico, a possibilidade do uso de siste-
mas de sensoriamento nos mecanismos da colhedora é grande.

Relembrando

Por que o sensoriamento é importante?

Para evitar perdas e gerar mapas de variabilidade da produtividade, propiciando o gerencia-


mento localizado.

Para as colhedoras que tiveram os sensores instalados posteriormente à compra, a configura-


ção deve ser condizente com o modelo da máquina. Esse fator é muito importante, pois muitas
colhedoras antigas em operação foram inicialmente projetadas para trabalhar em lavouras de
produtividades inferiores às produtividades observadas atualmente. Dessa forma, não se pode
exigir que elas operem a velocidades mais altas, sob pena de causarem elevadas perdas.

As máquinas fabricadas há mais de 20 anos eram feitas para atender a


uma produtividade de milho na casa de 60-70 sacos/ha. Hoje, a produti-
vidade dobrou, e as máquinas modernas precisam colher acima de 150
sacos/ha. Por isso, a velocidade de trabalho e sua regulagem devem ser
diferenciadas.

Em geral, as informações coletadas pelos sensores mais sofisticados são confiáveis quando con-
figurados corretamente. Entretanto, o processo de utilização dessa informação passa pela apre-
sentação visual dos dados, que pode ser ajustada para diferentes formas de apresentação, sejam
elas mapas ou gráficos.

Para configurar adequadamente os sensores, deve-se ter conhecimento agronômico para com-
preender os dados apresentados, além de ter o domínio dos procedimentos requeridos pelo

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 59


modelo de monitor disponível. É importante que técnicas confiáveis sejam adotadas para não
haver distorções nas informações coletadas.

Como é o monitor desses sensores?

O monitor é uma central localizada na cabine que “entende” as informações geradas pelos
sensores, e permite controlar todas as ações necessárias para o correto funcionamento dos
mecanismos que compõem a colhedora. É através dele que se realiza a configuração de to-
dos os sensores da máquina.

Como se dá a correta configuração do sistema?

A correta configuração do sistema de monitoramento pelo monitor visa eliminar ou reduzir


alguns erros comumente conhecidos durante a operação de colheita, dentre eles, podemos
citar: erros referentes a posicionamento, causados por falhas no receptor GNSS; erros por
falha do operador ao abaixar a plataforma fora da área de colheita com o monitor ligado; a
coleta de dados em pontos com produtividade e umidade nula; e a coleta de dados em locais
que apresentem grandes distorções nos valores observados.

Como se registram os dados?

Os monitores possuem entradas para inserção de cartões de memória ou pen-drive a fim de


registrar os dados coletados visando à geração dos mapas de produtividade. Cada tipo de
monitor possui uma estrutura de hardware e software para gravação dos dados. Atualmente,
os monitores mais sofisticados se comunicam com antenas instaladas em pontos estratégi-
cos da propriedade que retransmitem os dados coletados em tempo real para o escritório,
um sistema conhecido como telemetria.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 60


Esses erros, quando não corrigidos, podem gerar mapas com dados de pro-
dutividade com variação de até 20%, o que certamente compromete a qua-

Tópico 2
Configuração de tempo de retardo

Um dado importante de ser analisado para configuração do sistema de monitoramento da co-


lheita de grãos é o tempo de retardo. Mas o que é isso?

Tempo de retardo

Trata-se do intervalo entre o instante que a máqui-


na começa a colher até o instante em que está fun-
cionando em plenitude, ou seja, quando estabiliza
o fluxo de massa colhida que passa pelo sensor de
produtividade.

Esse dado deve ser inserido no monitor de colheita de modo que o registro inicial de dados se
inicie apenas após o tempo de retardo. Esse procedimento tem por finalidade evitar registros de
produtividade errôneos, pois quando a colhedora começa a colher, o fluxo de grãos que passa
pelo sensor ainda não se estabilizou. Esperar determinado intervalo de tempo até a estabilização
é necessário porque o fluxo precisa fazer todo o percurso da plataforma de corte até o elevador
de canecos, local onde o sensor está instalado. Caso contrário, pode gerar muitas discrepâncias
nos valores gerais da área.

Discrepâncias

Diferenças, erros.

O tempo de retardo varia conforme os seguintes critérios:

Velocidade de trabalho

Quanto maior a velocidade, menor o tempo de retardo e vice-versa.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 61


Características da lavoura

Lavouras com maior produtividade e mais uniformes têm menor tempo de retardo em rela-
ção àquelas com menor produtividade e desuniformes. Em geral, as colhedoras necessitam
se deslocar a uma distância de 20 a 40 m para estabilizar o fluxo de grãos limpos colhidos,
sendo que o tempo de retardo pode variar de 20 a 30 segundos.

Fonte: Senar, 2012.

Durante a operação, é importante o operador estar atento a possíveis fatores que podem inter-
ferir nos dados coletados, como:

• reboleira de plantas daninhas;

• manchas causadas pelo ataque de pragas ou doenças, ou então presença de pedras;

• tocos;

• formigueiros;

• falhas no plantio;

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 62


• buracos etc.

Essas informações devem ser inseridas na tela do monitor, e o local precisa ser georreferen-
ciado, visando a uma análise mais detalhada das manchas de produtividade encontradas nos
mapas de variabilidade.

Saiba Mais

Vale destacar que não existe uma rotina de procedimentos padronizados para configurar os
monitores de colheita. Essa rotina dependerá do modelo e do fabricante do equipamento,
por isso, é muito importante realizar uma leitura atenta do manual e sempre solicitar uma
entrega técnica do revendedor. Nessa entrega, serão explicados, no local onde o equipa-
mento será utilizado, todos os detalhes e especificações sobre o funcionamento do monitor.

A seguir, estão descritos os principais procedimentos e informações que devem ser inseridas nos
monitores de colheita visando à configuração do sistema de monitoramento durante o processo
de colheita.

Tópico 3
Exemplo prático de configuração

Nesta aula, tomaremos como exemplo o monitor de colheita Harvest Doc GreenStar fabricado
pela John Deere.

A tela de configuração (setup) do monitor apresenta as informações iniciais de configuração.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 63


SETUP PAGE 1

Tracking A

Harvest Doc B

KeyCard C

Antena StarFire D

Mon. rendimento E

Config. do sistema F

¨ para usar
Aperte n
G
o monitor

1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Rastreio (Tracking)
Essa opção está relacionada ao monitoramento da máquina de acordo com o seu deslocamento,
e necessita de programação específica para o tipo de cartão de memória utilizado.

Harvest Doc
Apresentação dos dados da colheita. Permite ajustar configurações da plataforma, de rendimen-
to e umidade.
A partir daqui detalharemos as funcionalidades do monitor de colheita.

Keycard
Trata da configuração do software do cartão utilizado.

Antena StarFire
Trata da configuração de comunicação com a antena de receptores de sinais GNSS.

Monitoramento de rendimento (yield mapping)

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 64


Permite configurar as formas de coleta de dados para a elaboração dos mapas de produtividade.

Configuração do sistema
Permite que o usuário realize a configuração da apresentação das informações na tela, por exem-
plo, é possível selecionar o código do país, o idioma, a unidade de medida (inglesa ou métrica), a
data, a hora e o formato numérico desejado pelo operador. Cada uma dessas configurações pode
ser ajustada em grupo (utilizando o código do país) ou individualmente.

O monitor de colheita é configurado a partir do caminho SETUP – HARVEST DOC – PAGE 1 e em


seguida SETUP >> HARVEST MONITOR.

Na sequência, acompanhe como realizar as configurações iniciais, a da plataforma, a de rendi-


mento e de umidade.

SETUP Harv Mon PAGE 1 Configurações iniciais


Em geral, os monitores oferecem a opção e a criação de um
Fazenda: Conf. no Harvest Doc
A
Campo: Conf. no Harvest Doc
Cultura: Conf. no Harvest Doc B novo trabalho antes do início de uma nova jornada, possibili-
Tipo de Plataforma: tando a caracterização dessa atividade. Nesse momento,
podem ser inseridas informações como nomes do operador,
C
Plataforma

do trabalho e da fazenda, identificação do talhão e da cultura,


Calibração Rendimento
D

Umidade
E tipo de operação e largura da plataforma. O monitor Harvest
Alt. Parada Armaz. Doc GreenStar permite que o operador configure os seguintes
Salv. F
50.0%
itens: cliente, fazenda, campo, tarefa, operação, operador, má-
SETUP
Configuração
G
quina, plataforma, largura e novos limites.

1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 65


SETUP Harv Mon PAGE 1 Configurações iniciais
Cliente: Demo A Caso o novo trabalho seja idêntico a algum trabalho que já
Fazenda: JDOffice Sample
Campo: West Field B tenha sido salvo na memória do monitor, basta acessá-lo e rei-
niciá-lo. Assim, as configurações iniciais são importantes para
Tarefa: Corn Harvest

a caracterização do trabalho a ser realizado.


C
Operações

Oper: John Deere D


Maq: JD 9650 STS
Plat: JD 893 E Para acessar a tela onde será realizada essa configuração,
clique em SETUP – HARVEST DOC – PAGE 1 e pressione
Larg: 6,5 m)

Novo Limite F
SETUP >> HARVEST DOC.
SETUP
Setup G

1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 66


SETUP Tipo de Plataforma Configuração da plataforma
Tipo de Plataforma A Para configurar a plataforma de corte, acesse a tela CONFIGU-
PLATAFORMA
B RAÇÃO – PLATAFORMA e pressione SETUP >> HARVEST
MONITOR >> TIPO DE PLATAFORMA.
Largura Plat.
(ft)
21
C
Alteração Larg. 5
(ft)
D
É preciso certificar-se quanto ao tipo de plataforma correto ao
E alterar a seleção de uma para outra. A seleção da plataforma
errada resultará em informações imprecisas. Quando se tratar
F
SETUP
de uma cultura de milho, nessa tela devem ser inseridos os
Harvest Mon G
valores do número de linhas. Nas culturas de soja, arroz, trigo
ou feijão, insere-se o valor de largura da plataforma.
1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 67


SETUP Tipo de Plataforma Configuração da plataforma
Tipo de Plataforma: A Uma eventual, porém necessária configuração durante a ope-
PLATAFORMA DE MILHO

Largura Plat. B ração de colheita é a da largura da plataforma de corte. Consi-


8
(Linhas)
derando-se que a produtividade é expressa em massa de pro-
Espaç. entre Linhas
duto colhido por unidade de área, a largura da plataforma
C
(in) 30
Alteração Larg.
(Linhas)
1 D
influencia diretamente na determinação desse valor, pois a
E área colhida é calculada pela distância percorrida, dada pela
velocidade multiplicada pela largura da plataforma. Dessa
F
forma, se for inserido no monitor o valor da largura total da pla-
SETUP
Harvest Mon
G
taforma e, se por acaso, ela colher apenas a metade (o que
pode acontecer no caso de bordadura) o sistema registrará que
1 2 3
a produtividade caiu pela metade.
PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 68


SETUP Calib. Rendimento Configuração do sensor de rendimento
Fluxo de Massa
A Para configurar o sensor de rendimento deve-se acessar a tela
Modo de PADRÄO
B SETUP – CALIBRAÇÃO DE RENDIMENTO e pressionar SETUP
>> HARVEST MONITOR >> CALIBRAÇÃO DE RENDIMENTO.
Calib: Flux Baixo
Calib. Rendimento
A configuração do sensor de rendimento deve ser feita durante
5
Start C
Parada
Peso
Colhido (kg): 35
D
a calibração e devem ser adotados procedimentos específicos
Balança
Peso (kg): 0 E para cada tipo de cultura a ser colhida. Os procedimentos de
Fator de calibração serão descritos em maiores detalhes nas próximas
700 F
aulas. Nessa tela, também se realiza a definição das unidades
Calibração:
SETUP
Harvest Mon G
que serão apresentadas nos mapas e relatórios.

1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 69


SETUP Umidade Configuração do sensor de umidade
Umidade A Para configurar o sensor de rendimento deve-se acessar a tela
Fixa (%) 14.0
Alarme de Umidade: B SETUP – CALIBRAÇÃO DE RENDIMENTO e pressionar SETUP
LIGADO >> HARVEST MONITOR >> CALIBRAÇÃO DE RENDIMENTO.
A configuração do sensor de rendimento deve ser feita durante
C
Curva de Umidade

Moisture
Calibration
D
a calibração e devem ser adotados procedimentos específicos
E para cada tipo de cultura a ser colhida. Os procedimentos de
calibração serão descritos em maiores detalhes nas próximas
F
SETUP aulas. Nessa tela, também se realiza a definição das unidades
que serão apresentadas nos mapas e relatórios.
Harvest Mon G

1 2 3 PAGE

4 5 6 SETUP

7 8 9 INFO

. 0 CLR
RUN

Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtividade.pdf>.

Ao encerrar as atividades, deve-se atentar para os procedimentos de finalização da tarefa reco-


mendados para o modelo de monitor utilizado, e para a gravação deles nos cartões de memória
ou em um pen-drive. Esse procedimento possibilitará a retomada do trabalho inacabado ou a
construção dos mapas de colheita.

Deve-se também aguardar os procedimentos de fechamento do programa antes de desligar o


computador de bordo para evitar a perda de dados.

Recapitulando
Nesta aula, você teve a oportunidade de ver que a configuração dos sensores existentes nas
colhedoras é realizada nos monitores localizados na cabine, e que os sensores devem ser utiliza-
dos por mão de obra qualificada. Dentre as principais configurações a serem realizadas, pode-se
citar: configuração da plataforma de corte, sensor de rendimento ou de produtividade e sensor
de umidade. Deve-se levar em consideração o tempo de retardo para que não se inicie a coleta
de dados antes da estabilização da passagem dos grãos limpos pelo sensor de produtividade. O
procedimento de configuração varia entre os diferentes modelos e fabricantes. Para esclarecer
eventuais dúvidas, deve-se sempre consultar o manual.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 70


Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 2 do Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos. A se-
guir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo. Lem-
bre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você também terá
um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Considerando as vantagens proporcionadas pelo uso de sensores nas colhedoras de cerais


apresentadas nesta aula, considere a alternativa correta.

a) As colhedoras de cerais são máquinas que realizam a colheita em etapas separadas neces-
sitando entrar na área diversas vezes.

b) O mecanismo de corte é dotado de sensores para ajuste da abertura das peneiras.

c) O mecanismo de trilha é a parte mais importante da colhedora de grãos e é responsável


pela debulha do material.

d) Os sensores instalados no mecanismo de alimentação permitem a quantificação das per-


das na colheita de grãos.

2. Considerando os sensores existentes nas colhedoras apresentados nesta aula, assinale a


alternativa correta:

a) Os sensores são instalados nas colhedoras apenas quando elas estão em fase de monta-
gem na fábrica.

b) Os sensores para monitoramento da altura são do tipo capacitância e avaliam as perdas


que ocorrem durante a colheita.

c) Os sensores para detecção de metais são instalados na parte mais alta das peneiras supe-
riores do mecanismo de separação e limpeza.

d) Os sensores de fluxo de massa realizam o monitoramento da produtividade e são instala-


dos no elevador de canecos.

3. Considerando os procedimentos de configuração dos sensores existentes nas colhedoras,


assinale a alternativa correta.

a) A configuração dos sensores existentes nas colhedoras é feita automaticamente durante


a sua instalação.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 71


Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos
» Módulo 3: Regulagem dos sensores utilizados
em colheitas de grãos

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 72


Módulo 3
» Regulagem dos sensores utilizados em colheitas de grãos

Fonte: John Deere <www.deere.com>.

Existem três grupos de manutenção ou cuidados necessários para manter os sensores de uma
colhedora em pleno funcionamento: configuração, regulagem e calibração. Ainda que seja pos-
sível realizar esses procedimentos no mesmo dia, vale a pena estudá-los e compreendê-los se-
paradamente, a fim de obter melhores resultados finais nos ajustes e, portanto, maior confiabi-
lidade das máquinas.

Por que esses procedimentos merecem atenção e organização?

Por exemplo, se o operador inverter a ordem e iniciar a calibração antes da configuração


adequada do sensor ou do monitor, ele certamente receberá leituras conflitantes. Da mes-
ma forma, se realizar a calibração antes da regulagem, vai obter dados discrepantes ou até
irreais, devido ao posicionamento inadequado ou pela presença de sujeira no sensor.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 73


Dessa forma, é importante entender cada uma dessas partes (configuração/regulagem/calibra-
ção) como distintas. Ainda que estes procedimentos tragam consigo algumas características de
manutenção (pense, por exemplo, em manutenções periódicas do seu automóvel), eles extra-
polam esse conceito e vão além, por exemplo, o ajuste dos posicionamentos dos sensores, a
limpeza e a checagem do funcionamento geral do sistema eletrônico.

Veja a seguir um resumo diferenciando os três procedimentos de manutenção dos sensores.

Configuração

Consiste em executar procedimentos específicos de configuração para cada sensor ou moni-


tor de sensor. Podemos considerar esta configuração como a de um software. As configura-
ções variam de acordo com o modelo, fabricante e atuação do sensor, podendo ser executa-
das durante a regulagem ou calibração do sensor. Podemos citar alguns procedimentos de
configuração: definição das unidades de medidas, linguagem do software, ajuste de cores,
brilho, resolução e formato de tela, intervalo de medições, forma de armazenamento de da-
dos etc.

Regulagem

Consiste em preparar os sensores para que possam realizar a coleta de dados de acordo
com o funcionamento da máquina e com as características da cultura. Alguns procedimentos
necessários são a limpeza dos equipamentos, o ajuste de posicionamento, a verificação de
cabos, terminais, conectores, da comunicação com o monitor de comando, do funcionamen-
to básico geral etc.

Calibração

Consiste no ajuste do sensor de modo que ele realize medições confiáveis da forma mais
exata possível. Para tanto, deve-se “informar” ao sensor um valor conhecido, para que ele
utilize esse valor como referência. Alguns procedimentos necessários: pesagens, contagem
do número de voltas, deslocamento pela área, medição do tempo de funcionamento etc.

Lembre-se de que para os momentos em que você não pode estar conectado à internet, dis-
ponibilizamos um arquivo com o conteúdo deste módulo. Mas atenção: você deve retornar ao
Ambiente de Estudos para realizar as atividades.

Siga em frente e bons estudos!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 74


Aula 1
Procedimentos de regulagem dos sensores das
colhedoras de grãos
Paralelamente à configuração dos sensores, a regulagem dos sensores utilizados nas colhedoras
de grãos visa criar condições adequadas para o bom funcionamento do sistema de monitora-
mento dos mecanismos da máquina.

Para tal, além de os sensores estarem em bom estado de uso, toda a máquina deve apresentar
condições satisfatórias de operação. Para fazer a regulagem, o operador deve conhecer o funcio-
namento básico da máquina e realizar todas as ações recomendas pelo fabricante quanto à sua
adequada manutenção. É muito importante que o operador compreenda a importância de cada
ação para que possa desempenhá-la corretamente.

Os procedimentos de regulagem podem variar de acordo com os modelos e fabricantes, mas em


geral, eles devem sempre ser limpos e inspecionados.

Portanto, o objetivo específico desta aula é que você possa reconhecer os principais procedimen-
tos e a importância de se executar regulagens nos sensores utilizados nas colhedoras de grãos.

Tópico 1
Regulagem das colhedoras

As colhedoras são máquinas compostas por partes muito diferentes entre si e, mesmo assim,
funcionam em grande sincronia. Para que não haja problema de perdas e ou falhas no processo
de trilhagem do material colhido, é essencial que o operador realize regulagens frequentes em
todos os mecanismos da máquina.

Na prática, não se faz distinção entre os termos regular e calibrar. Entretanto, essa distinção
deve fazer parte do bom gerenciamento das propriedades agrícolas, de modo a orientar seus
operadores quanto à sequência de atividades corretas a serem realizadas, visando ao perfeito
funcionamento das máquinas e implementos agrícolas.

Em uma sequência correta, deve-se primeiro realizar a regulagem e depois a calibração.

Esta última será tratada com mais detalhes na aula seguinte.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 75


A regulagem consiste em realizar uma série de procedimentos ne-
cessários de acordo com o tipo máquina e operação. Esses proce-
O que é a dimentos podem ser sugeridos pelos fabricantes do equipamento
regulagem e constar em detalhes nos manuais do operador, principalmente
na seção de manutenção, ou fazer parte de uma rotina de ações
proposta pela fazenda.

Dentre as principais regulagens a serem realizadas, podemos citar:


Exemplos de
limpezas, lubrificação, aperto de porcas e parafusos, verificação do
regulagens
estado de conexões, chicotes e terminais, dentre outras.

É muito importante destacar que todos os procedimentos devem


Ponto de
ser executados seguindo as recomendações técnicas especifica-
atenção
das pelo manual do fabricante.

A lubrificação é muito importante para reduzir atrito, e para conservar as peças móveis. Porém,
quando se utilizam graxas, deve-se atentar para não deixar excessos nos locais aplicados (so-
bretudo naqueles locais utilizados pelos sensores para obter as informações necessárias para
geração dos sinais elétricos que serão transformados em dados de velocidade).

Um exemplo disso são os locais de atuação dos sensores de pulsos magnéticos, utilizados para
medição da velocidade de trabalho ou do elevador de canecos. Nesse caso, a presença em ex-
cesso de graxa, além de poder danificar o sensor, pode interromper a geração dos pulsos neces-
sários para o funcionamento do sistema.

Confira alguns cuidados necessários.

Uso de estopa

Recomenda-se, sempre que realizar a aplicação de graxas nesses locais, utilizar uma estopa
para remover o excesso. Essa medida também envolve questões de segurança, uma vez que
a graxa poderia se espalhar por pisos de galpões e/ou contaminar o solo da lavoura.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 76


Limpeza com água

Outro cuidado que deve ser tomado é com relação às limpezas com água. Não se deve dire-
cionar água pressurizada diretamente nos sensores ou componentes eletrônicos e/ou elé-
tricos, rolamentos e vedações hidráulicas e outras peças sensíveis, sob pena de causar mau
funcionamento dos sistemas de monitoramento.

Nas colhedoras mais sofisticadas, além das regulagens básicas, deve-se atentar também para
aquelas mais específicas, como as realizadas nos monitores e sistemas de sensoriamento.

Com relação aos monitores, é importante que sejam verificados alguns pontos durante a regu-
lagem, por exemplo:

• a fixação do equipamento no interior da cabine da colhedora;

• a polaridade da fonte de energia no momento da instalação;

• a correta fixação do cabo de alimentação do computador de bordo;

• o correto encaixe de cabos e conexões;

• a compatibilidade da voltagem com o equipamento.

Observe agora uma lista de cuidados com o equipamento a fim de promover uma coleta de da-
dos confiável:

• evitar que o monitor fique exposto excessivamente ao calor;

• evitar ligar e desligá-lo várias vezes em pequenos espaços de tempo;

• preferencialmente, devem-se utilizar telas protetoras para aumentar a durabilidade do


aparelho;

• transportá-lo sempre em recipiente adequado.

Considerando-se que os sensores diretos se baseiam na alteração do comportamento dos cor-


pos para obter um sinal elétrico e, a partir dele, fazer uma inferência sobre o fenômeno estuda-
do, torna-se necessário que o corpo deformado não apresente anormalidades na sua rotina de
trabalho. Essa anormalidade pode ser causada pelo acúmulo de sujeira e/ou danos mecânicos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 77


Quando se tratam de sensores remotos, que operam por meio de ondas eletromagnéticas, as
superfícies que emitem e recebem essas ondas devem se encontrar sem a presença de materiais
que possam interferir no processo de emissão e captação das ondas.

Fonte: John Deere <www.deere.com>.

Assim, após conferir se visualmente não há nenhum problema no sistema de monitoramento a


ser regulado, deve-se verificar se a informação apresentada pelo sensor condiz com a realidade
do valor esperado. Para tal, o operador deve ser adequadamente treinado quanto à realização
correta desse procedimento.

Saiba Mais

Atualmente, existem alguns softwares que são capazes de realizar a correção de eventuais
distorções ocorridas durante o procedimento de coleta de dados. Por exemplo, os soft-
wares utilizados para ruídos gerados em sensores submetidos a intensas vibrações, como
alguns sensores de perdas, que são posicionados nas peneiras superiores dos mecanismos
de separação e limpeza, próximos ao picador de palha.

Uma lógica a ser seguida quanto à qualidade da mão de obra empregada nas manutenções das
máquinas agrícolas em geral é que o operador deve compreender a importância de todos os pro-
cedimentos executados, uma vez que cada ação realizada durante a manutenção ou regulagem
tem uma finalidade específica.

De modo geral, pode-se dizer que esses procedimentos visam garantir maior vida útil para a
máquina, evitar paradas devido a quebras, aumentar a eficiência da operação, reduzir o consumo
de combustível e diminuir a possibilidade de ocorrência de acidentes.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 78


Dessa forma, uma propriedade que deseja investir em sistemas monitorados por sensoriamento
para a Agricultura de Precisão deve, necessariamente, treinar sua mão de obra nas tarefas mais
simples, antes repassar aos operadores tarefas mais complexas, envolvendo equipamentos
mais sofisticados e, por sua vez, mais caros.

Tópico 2
Importância da limpeza

As colhedoras são máquinas passíveis de acúmulo de restos de palhadas e alimentos e, por con-
ta disso, a limpeza é fundamental. Se forem armazenadas com sujeira algumas partes podem
oxidar, o que comprometerá o seu funcionamento. Além disso, podem atrair roedores devido
à presença de restos culturais no interior da máquina. Não raro se verificam situações em que
ocorre rompimento de cabos pelo ataque de roedores em colhedoras de grãos.

Desgaste das navalhas e dos Correntes transportadoras


dedos das navalhas de corte do alimentador

Fonte: <http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Molin/leb432/Colheita%20de%20cereais/Colhedoras%20(regu-
lagem).pdf>.

Outro fato muito observado nas colhedoras que não passam por regulagens com a devida fre-
quência é a ocorrência de incêndios. Conheça alguns motivos que podem iniciar um incêndio:

• atrito gerado em algum componente articulado que gera calor em excesso e faz com que a
palhada da colheita entre em combustão;

• curto-circuito gerado pelo contato de fios desencapados em função do ataque de roedores,


ou prensados por alguma parte da colhedora;

• vazamentos de combustível devido ao desgaste de mangueiras e reservatórios.

Além disso, colhedoras malconservadas comprometem todo o sistema de sensoriamento ins-


talado para o monitoramento dos mecanismos que a compõem. Por isso, sempre ao final da
colheita, recomenda-se cumprir uma série de tarefas.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 79


Recomendações

• Conduzir a colhedora para o abrigo de máquinas.

• Desmontar e lavar adequadamente as partes mais passíveis de reterem sujeira (o meca-


nismo de alimentação, a trilha, a separação e limpeza e o tanque graneleiro). Lembre-se
de que esse procedimento deve ser planejado com antecedência, pois demora alguns
dias para ser finalizado e, em geral, é realizado no período de entressafra.

Diariamente, deve-se proceder a uma rotina rigorosa de lubrificação dos


pinos graxeiros e verificação dos reservatórios de óleos lubrificantes e
combustíveis, além dos filtros de ar e óleos em geral. Esse procedimento
também é demorado e deve ser realizado como parte das atividades da jor-
nada de trabalho do operador. As colhedoras dotadas de sistema de senso-
riamento devem seguir um procedimento mais específico de regulagem.

O sensor de rendimento tipo impacto é muito


utilizado nas colhedoras e normalmente acumu-
la grande quantidade de sujeira em sua superfí-
cie. Isso ocorre com maior frequência quando se
colhem grãos oleosos, como soja, em ambien-
te de maior concentração de poeira. Esse fato
também é muito observado nos sensores de
umidade. Caso a quantidade de sujeira se eleve,
ela pode causar prejuízos na coleta dos dados e
apresentar erros de medição. Em geral, quando
há sujeira no sensor de umidade, o operador é
avisado através de um sinal sonoro.
Fonte: Shiratsuchi, 2004

De acordo com o intervalo de tempo recomendado pelo fabricante, ou sempre que necessário,
os sensores de rendimento e de umidade devem ser acessados, verificando se há acúmulo de
resíduos de culturas ou lama em suas superfícies. Caso se verifique a presença desses mate-
riais, deve-se realizar a limpeza com uma escova macia ou pano úmido de modo a não danificar
as superfícies responsáveis pela captura das informações durante seu funcionamento. Quando
apresentarem sinais de desgaste, eles devem ser trocados por outros novos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 80


Já para os sensores de rendimento que utilizam
raios infravermelhos e sistema de célula de car-
ga, é necessário efetuar a limpeza da parte in-
terna com uma escova ou espátula, normalmen-
te fornecidas pelo fabricante, tendo o cuidado
de remover toda a poeira e detritos que possam
interferir no feixe de luz do sensor. As lentes do
sensor também devem ser limpas diariamen-
te, caso a colheita seja realizada em áreas com
muitos resíduos e impurezas que estejam com
o produto colhido e entrem em contato direto
Fonte: <https://stellarsupport.deere.com/pt_BR/ com os sensores.
Support/pdf/ompc20513_54_mapa_de_produtivi-
dade.pdf>

Com relação aos conectores elétricos, devem-


-se tomar alguns cuidados, uma vez que eles
ficam expostos à intensa vibração e à grande
concentração de poeira, resíduos, umidade e ra-
diação solar. Para efetuar a manutenção nesses
componentes, deve-se, primeiramente, desco-
nectar os cabos de energia e, com cuidado, apli-
car diretamente sobre os terminais de ambas as
conexões um antioxidante, preferencialmente
na forma de spray, pois este possui maior poder
de penetração.
Fonte: Stara <www.stara.com>.

Alguns sensores utilizados na plataforma de corte possuem hastes móveis que, ao tocarem o
solo, são acionadas mecanicamente e registram o início da coleta dos dados. Nesse caso, esta
haste deve apresentar liberdade de movimento para que não faça leituras erradas e gere infor-
mações imprecisas. É necessário realizar a limpeza e lubrificação das articulações do eixo da
haste para não haver resistência à movimentação normal da haste, retardando o início da coleta
de dados.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 81


Sistemas mais avançados de monitoramento
permitem que os sensores enviem informações
diretamente para o escritório em tempo real.
Para tanto, emprega-se a tecnologia de teleme-
tria, que consiste em uma torre que retransmite
o sinal enviado pelo sensor para computado-
res monitorados por profissionais responsáveis
pela manutenção. Esses profissionais podem
analisar instantaneamente o tipo de informa-
ção gerada e proceder a eventuais ajustes, caso
detectem alguma falha no seu funcionamento, o
mais rápido possível.
Fonte: Senar 2012.

Recapitulando
Nesta aula, você pôde ver que os procedimentos recomendados para regulagem dos sensores
utilizados nas colhedoras de grãos envolvem também procedimentos para regulagem e manu-
tenção da colhedora como um todo. Para que todo o sistema funcione adequadamente, deve-se
atentar para os detalhes indicados pelo fabricante, e fazer uma manutenção correta. Atenção
especial deve ser dada para os componentes elétricos e eletrônicos que, em geral, não devem
ser submetidos à água pressurizada e ou à graxa. Recomenda-se, nesse caso utilizar-se spray
antioxidante, pano limpo ou escovas de cerdas macias.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 82


Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 3 do Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos. A se-
guir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo. Lem-
bre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você também terá
um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Considerando a regulagem dos sensores utilizados nas colhedoras de grãos apresen-


tados nesta aula, assinale a alternativa correta.

a) A regulagem dos sensores utilizados nas colhedoras deve ser realizada sempre ao final da
jornada de trabalho.

b) Os sensores que controlam a altura da plataforma de corte que possuem hastes devem
ser removidos e trocados a cada dez horas de uso.

c) Os sensores de umidade devem ser lubrificados com graxa específica para apresentarem
funcionamento adequado.

d) Os sensores devem ser regulados de acordo com suas características técnicas e seguindo

orientações dos fabricantes.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 83


Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos
» Módulo 4: Calibração dos sensores utilizados
em colhedoras de grãos

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 84


Módulo 4
» Calibração dos sensores utilizados em colheitas de grãos

Fonte: shutterstock

A calibração dos sensores utilizados nas colhedoras é muito importante para a qualidade dos
dados obtidos visando à elaboração dos mapas de produtividades. Antes da calibração, deve-se
atentar para os procedimentos de regulagens adequados e estudados na aula anterior.

Nesta etapa, são adotadas várias ações visando à comparação entre os dados obtidos pelos
sensores e os resultados que realmente expressam a realidade. Trata-se de procedimentos sim-
ples e que devem ser realizados com frequência. É importante que o operador esteja atento
quanto aos diversos cuidados que devem ser tomados durante essa etapa.

Lembre-se de que para os momentos em que você não pode estar conectado à internet, dis-
ponibilizamos um arquivo com o conteúdo deste módulo. Mas atenção: você deve retornar ao
Ambiente de Estudos para realizar as atividades.

Siga em frente e bons estudos!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 85


Aula 1
Procedimentos de calibração dos sensores que equipam colhedo-
ras de grãos
A calibração dos sensores utilizados nas colhedoras de grãos é uma das etapas mais importan-
tes do mapeamento da produtividade, e deve ser realizada de forma criteriosa. Em geral, são
procedimentos simples e rápidos de serem realizados, mas a não calibração pode resultar em
erros sistemáticos embutidos na coleta de dados. Para tal, são necessários os seguintes instru-
mentos basicamente: balança, trena, medidor de umidade de grãos e termômetro. Ela deve ser
realizada posteriormente à regulagem dos sensores, e visa ajustar os dados apresentados pelo
sensor ao dado real do fenômeno avaliado.

Assim, espera-se que ao final desta aula você seja capaz de identificar e executar as diferentes
formas de calibração de sensores utilizados nas colhedoras de grãos.

Tópico 1
Introdução à calibração

A regulagem, conforme visto na aula passada, é fundamental para que os procedimentos de cali-
bração sejam realizados com sucesso. Um equívoco muito grande que se comete com frequência
é iniciar o processo de calibração sem adotar os procedimentos adequados de regulagem.

Trabalhos científicos mostram que, em uma situação adequada, os sensores geralmente apre-
sentam uma margem de acurácia de 2 a 4% em relação aos valores reais. Entretanto, é muito
comum os sensores apresentarem maiores distorções nas informações geradas.

Considerando-se que eles são instrumentos utilizados para captar uma informação e permitir a rá-
pida tomada de decisão sobre alguma ação a ser realizada, é preciso evitar alterações no seu fun-
cionamento ao longo de algum tempo, pois isso pode representar grandes prejuízos ao produtor.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 86


Monitor de colheita

Seletor de
largura da
Sensor plataforma
de umidade

Sensor de
levante de
plataforma

Sensor
de velocidade

Sensor de
fluxo de massa
Sensor de
inclinação
(inclinômetro)

Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 87


Como exemplo, analisemos a seguinte situação:

Cenário Lavoura de milho com produtividade de 10 t ha-1.

Feita por uma máquina devidamente regulada e apresentando


Colheita
perda real de 3%.

Considerando que o sensor que monitora a perda apresente uma


variação constante na sua leitura de 10% sobre a perda real, pode
Perda ser que, em caso de essa colhedora apresentar algum problema
monitorada e as perdas atingirem patamares de até 10%, essa perda não será
detectada pelo sensor, pois ele não foi calibrado inicialmente
para registrá-la.

Nesse cenário, poderiam estar ocorrendo perdas de até 30 kg ha-1


além da perda aceitável que não seria apresentada pelo sensor.
Portanto, para uma lavoura de 500 hectares, por exemplo, esta-
Perda final riam sendo perdidos até 15.000 kg ou 250 sacas de milho de 60
quilos. Considerando o preço da saca de milho de R$ 22,50 esta-
riam sendo desperdiçados R$ 5.625,00 apenas devido à falta de
calibração adequada do sensor de perda.

Observa-se assim a importância de executar procedimento corretos de regulagem e também


calibração de todos os sensores das colhedoras de grãos.

Entretanto, não é raro observar, em algumas propriedades, que os sistemas de monitoramento


por sensores podem causar a falsa sensação de que existe realmente um controle adequado e
seguro sobre a operação, sendo que muitas vezes, pode estar ocorrendo uma acentuação de cer-
tos problemas. Dessa forma, a técnica utilizada para medir a variabilidade estaria, na verdade,
contribuindo para aumentá-la.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 88


Saiba Mais

Recentemente, alguns trabalhos publicados na literatura especializada mostram esse efei-


to em diversos segmentos da Agricultura da Precisão. Basicamente, isso acontece porque
muitas propriedades rurais, ao começarem a utilizar as avançadas técnicas oferecidas pela
Agricultura de Precisão, ainda não fazem uso adequado dos princípios da Mecanização Agrí-
cola. Esse fato é particularmente importante quando se trata da operação de colheita, que
lida diretamente com o produto final de todo o trabalho realizado no campo para a produ-
ção de alimentos.

Os procedimentos a serem adotados visando à calibração dos sensores podem variar de acordo
com as orientações de seus fabricantes. Porém, em geral, alguns desses procedimentos podem
ser semelhantes entre si. Acompanhe, a partir de agora, orientações gerais sobre a calibração de
diferentes sensores.

Tópico 2
Calibração do sensor de produtividade

A calibração do sensor de produtividade é uma


etapa muito importante para o processo de co-
lheita e, sobretudo, para a produção de mapas
da variabilidade. Ele deve ser calibrado de acor-
do com o tipo de grão a ser colhido, umidade
e características da colhedora. O objetivo bási-
co desse procedimento é fazer com que o valor
apresentado no monitor de colheita seja condi-
zente com o valor real da produtividade da la-
voura, e deve ser realizado sempre que se iniciar
um novo tipo de trabalho, ou seja, mudança de
Sensor de talhão, cultivo ou fazenda.w
fluxo de massa

Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Os procedimentos básicos de calibração do sensor de produtividade, apesar de apresentarem


algumas particularidades, seguem os seguintes passos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 89


Passo 1

Após proceder a todas as ações para a regulagem dos sensores e da colhedora, deve-se ve-
rificar, no manual da máquina, o seu peso. Caso a fazenda possua balança adequada, é mais
indicado realizar a pesagem da máquina com o tanque vazio. Outra opção é descarregar os
grãos em uma carreta e proceder à pesagem da carreta.

Passo 2

Na lavoura, o operador deve acessar o menu CALIBRAÇÃO no painel do monitor de colheita


e zerar o peso de rendimento.

Passo 3

Inicia-se a operação de colheita deslocando a colhedora pela área na velocidade recomen-


dada para a operação até que o tanque graneleiro esteja cheio. Nesse momento, o operador
deve acessar novamente o painel do monitor e parar o registro de peso.

Passo 4

Em seguida, deve-se pesar a colhedora em balança com capacidade adequada para o seu
peso. Caso a fazenda não possua estrutura adequada para esse fim, podem-se utilizar balan-
ças de cooperativas ou empresas de armazenamento de grãos.

Passo 5

A quantidade de grãos colhidos será representada pela diferença entre o peso da colhedora
com o tanque cheio e o vazio. Esse valor deve ser informado ao painel do monitor de co-
lheita. Nesse momento, o operador pode identificar possíveis erros, caso verifique grandes
distorções no valor encontrado. Isso ocorre mais frequentemente quando não se realiza ade-
quada regulagem do equipamento.

Passo 6

Recomenda-se que essa operação seja realizada mais duas vezes, para obter um valor médio
mais representativo da calibração.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 90


Tópico 3
Calibração do sensor de umidade

A calibração do sensor de umidade é muito im-


portante para a correção dos dados de produ-
tividade em tempo real. Essa correção visa eli-
minar parte da água que existe nos grãos para
deixá-los com um valor de umidade comercial.
Além disso, os dados de umidade podem ser
Sensor
de umidade
utilizados para geração de mapas de variabili-
dade para correlação com outros fatores como
ocorrência de pragas, doenças e plantas dani-
nhas. Juntamente com a umidade, deve ser re-
gistrada também a temperatura dos grãos, pois
essas duas características se alteram simulta-
neamente.

Os procedimentos básicos de calibração do sen-


sor de umidade, apesar de apresentarem algu-
mas particularidades, seguem os passos abaixo.
Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Passo 1

Incialmente, deve-se limpar o sensor e realizar todos os procedimentos de regulagem re-


comendados. Feito isso, acessa-se o monitor de colheita e zera-se a informação de valor de
umidade na tela.

Passo 2

Colhe-se cerca de ¼ do tanque graneleiro e registra-se o valor indicado no local para visuali-
zação da umidade dos grãos colhidos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 91


Passo 3

Recolhe-se uma amostra de grãos colhidos e, em um aparelho adequado para medição de


umidade, verifica-se a umidade real desses grãos. Normalmente, fazendas mais estruturadas
já dispõem desses aparelhos. Entretanto, eles são comuns em cooperativas e empresas de
armazenamento. O transporte dos grãos até esses locais deve ser rápido e feito em recipien-
tes adequados, de modo que os grãos não percam umidade no trajeto entre a máquina e o
local de medição.

Passo 4

O valor da umidade real deve ser inserido no painel do monitor de colheita.

Passo 5

Para maior confiabilidade dos dados devem-se realizar medições de umidade de pelo menos
três amostras e considerar a média entre elas.

Passo 6

É importante também que o operador registre no painel um intervalo de umidade com um


valor um pouco superior e inferior ao valor real determinado, de modo que o sistema avisará,
por meio de um sinal sonoro, caso esse intervalo seja ultrapassado. Isso indica a ocorrência
de problemas na medição, provavelmente ocasionados pela presença de sujeira.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 92


Tópico 4
Calibração do sensor de velocidade de trabalho

A calibração do sensor de velocidade é impor-


tante para o registro da área colhida, que é cal-
culada juntamente com a largura da platafor-
ma de corte. Atualmente, algumas colhedoras
registram automaticamente a largura útil que
está sendo colhida em dado instante. É impor-
tante o operador monitorar sempre esse valor
e conferir se ele condiz com a realidade no mo-
mento de operação. Esse dado será importante
para o cômputo da produtividade da lavoura.
Sensor
de velocidade
A calibração do sensor de velocidade poder
ser feita empregando-se os seguintes procedi-
mentos.

Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Passo 1

Com uma trena, mede-se uma distância de 100 m no local onde a colheita será realizada, para
que sejam consideradas as condições de patinagem dos rodados.

Passo 2

Cronometra-se o tempo gasto, em segundos, para percorrer os 100 m.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 93


Passo 3

Dividindo-se a distância percorrida pelo tempo gasto e multiplicando-se o valor encontrado


por 3,6 tem-se a velocidade da operação de colheita em quilômetros por hora. A operação
deve ser repetida pelo menos mais duas vezes e considerada a média.

Passo 4

O valor encontrado deve ser informado no painel do monitor de colheita. Pode haver dife-
renças entre os modelos de sensores de velocidade quanto às informações que deverão ser
inseridas no painel, podendo ser a velocidade ou o tempo gasto para percorrer a distância
em questão.

Tópico 5
Calibração de outros sensores

Sensor de
levante de
plataforma

Fonte: adaptada de Shiratsuchi, 2004.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 94


Sensor de altura da plataforma de corte

A calibração do sensor de altura de corte é importante para que a plataforma faça a leitura
correta do nível do solo. Para realizá-la, a plataforma deve ser apoiada no solo, e a posição
de altura igual a zero deve ser informada no painel do monitor. Em seguida, pode-se inserir
um valor referente à altura de corte no painel para que a plataforma se posicione automati-
camente de modo a realizar o corte das plantas na altura especificada.

Além disso, toda vez que a plataforma se encontrar em uma posição muito acima desse va-
lor, significa que a máquina está manobrando ou em transporte e, portanto, o sistema não
armazenará dados de produtividade, uma vez que a máquina não estará colhendo. Nesse
momento, um sinal sonoro poderá ser acionado para alertar o operador.

Sensor de velocidade do elevador de canecos

O sensor que monitora a velocidade do elevador de canecos, em geral, é do tipo pulso mag-
nético e se localiza próximo a uma das extremidades do eixo de acionamento do elevador.
Para calibrá-lo, pode-se contar o número de voltas dadas no eixo em baixa rotação e verificar
o número de pulsos gerados. Caso o sensor possua apenas um ponto de contato com a en-
grenagem do eixo, cada volta irá gerar um pulso.

Quanto maior o número de contatos, maior será a quantidade de pulsos gerados por volta
e maior será a precisão do sensor. No painel do monitor de colheita é possível registrar ma-
nualmente o número de pulsos obtidos na avaliação.

Calibração da densidade dos grãos

A calibração da densidade dos grãos é importante para o correto registro da produtividade.


A densidade deve ser ajustada de acordo com a cultura a ser colhida, e os valores devem ser
alterados para todos os tipos de grãos, por exemplo, milho (721 kg m-3) soja e trigo (773 kg
m-3). Tendo em vista a grande quantidade de cultivares disponível no mercado atualmente,
é importante o fornecedor indicar a densidade do grão comercializado.

Calibração do sensor de vibração

Algumas colhedoras possuem sensores específicos para corrigir os efeitos gerados pela vi-
bração, que ocorrem devido ao funcionamento das diversas partes móveis que compõem
os mecanismos da máquina. Para calibrá-los, basta acionar o mecanismo de trilha com a
máquina parada. A vibração gerada com a máquina nessa condição é considerada normal, e
essa informação deve ser inserida no monitor de colheita.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 95


Recapitulando
Nesta aula, você aprendeu que a calibração dos sensores deve ser realizada depois da regula-
gem, e que ela representa uma importante etapa na elaboração de mapas de produtividade. Es-
pera-se que os sensores possam apresentar variações nas suas medições de até 4%, sendo que
variações acima desse valor requerem novas calibrações e/ou regulagens. Os procedimentos a
serem executados, em geral, são simples e rápidos e demandam alguns equipamentos básicos.
Dentre as calibrações mais importantes vistas, podem-se destacar as calibrações dos sensores
de produtividade, umidade, velocidades, altura da plataforma, vibração e densidade.

Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 4 do Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos. A se-
guir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo. Lem-
bre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você também terá
um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Considerando os procedimentos de calibração descritos nesta aula, assinale a alternativa


correta.

a) A calibração dos sensores é um procedimento que deve ser realizado antes da sua
regulagem.

b) A calibração do sensor de produtividade deve ser feita no abrigo de máquinas de modo a


preservar os sensores de intempéries.

c) A calibração do sensor de umidade deve ser feita juntamente com a calibração do sensor
de temperatura.

d) A calibração do sensor de altura da plataforma é necessária apenas para a cultura do


milho.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 96


Programa Agricultura de Precisão

Agricultura de Precisão
na Colheita de Grãos
» Módulo 5: Segurança na operação de colhedo-
ras de grãos

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 97


Módulo 5
» Segurança na operação de colhedoras de grãos

Fonte: Senar-GO

O desenvolvimento das máquinas agrícolas, especialmente o da colhedoras de grãos, possibili-


tou a ampliação das áreas de cultivo, colheita mais eficiente e ágil, além de maior bem-estar ao
trabalhador. Porém, o trabalho com colhedoras pode apresentar riscos de acidentes ao operador
e a pessoas próximas da área, devendo, portanto, ser tomada uma série de cuidados para permi-
tir a sua utilização com segurança.

Lembre-se de que para os momentos em que você não pode estar conectado à internet, dis-
ponibilizamos um arquivo com o conteúdo deste módulo. Mas atenção: você deve retornar ao
Ambiente de Estudos para realizar as atividades.

Siga em frente e bons estudos!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 98


Aula 1
Equipamentos e cuidados para a operação e manutenção de co-
lhedoras de grãos com segurança
De acordo com as exigências da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho
na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura – NR 31 (Portaria n° 86,
de 03/03/2005, DOU de 04/03/2005), os trabalhadores rurais, na execução de suas atividades,
são obrigados a fazer o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Eles devem ser forne-
cidos pelo empregador rural ou equiparado, de acordo com os riscos a que estiverem expostos
os trabalhadores, objetivando a segurança e a saúde no meio ambiente de trabalho. Qualquer
atividade dentro da operação de colhedoras de grãos deve ser realizada por profissionais capa-
citados e respeitando as determinações da NR 31.

Fonte: Manual do Operador Colhedora John Deere STS 9750.

Portanto, espera-se que ao final desta aula você:

• conheça os equipamentos de proteção individual necessários para operar colhedoras agrí-


colas; e

• conheça os cuidados necessários durante a operação e manutenção de colhedoras de grãos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 99


Tópico 1
Introdução à segurança no trabalho em colhedoras

A operação de colhedoras de grãos pode oferecer riscos ao operador caso as orientações de


segurança não sejam seguidas corretamente. Desta forma, o operador deve ser previamente
capacitado para exercer esta função, estar ciente das informações apresentadas no Manual do
Operador da colhedora utilizada, e seguir as recomendações técnicas.

No Manual do Operador e também nos decalques da máquina são encontrados os símbolos


e mensagens de segurança “CUIDADO”, “ADVERTÊNCIA” e “PERIGO”. Essas precauções visam
à segurança do operador e de pessoas próximas, e seu potencial de risco deve ser conhecido,
como descrito a seguir.

» Indica uma situação de » Indica uma situação de » A palavra perigo re-


perigo potencial que, se perigo potencial que, se presenta uma prática
não for evitada, pode- não for evitada, poderá proibida, indicando uma
rá resultar em ferimen- resultar em ferimentos situação de risco ime-
tos leves ou moderados. graves do operador ou de diato que, se não for evi-
Também pode ser usado pessoas próximas. tada, resultará em morte
para alertar contra práti- ou ferimentos graves do
cas inseguras. operador ou de pessoas
próximas da máquina.

Fonte: Manual do Operador Colhedora New Holland CR 9080.

Além destes alertas de precaução, também pode ser encontrado no Manual ou na máquina o
alerta IMPORTANTE, o qual representa uma informação que o operador precisa saber para evitar
danos menores à máquina se certos procedimentos não forem seguidos.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 100


Tópico 2
Recomendações gerais

Os riscos na operação de colhedoras de grãos podem ser evitados observando algumas precau-
ções simples de segurança. Acompanhe as recomendações gerais a seguir.

Espelhos
retrovisores

Emblema de
veículo lento

Luzes
traseiras Luzes de alerta
Plataforma de e fita refletora
serviços antiderrapante
com corrimãos

Fonte: Manual do Operador Colhedora John Deere STS 9750.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 101


Qualificação pessoal

A colhedora deve ser usada apenas por operadores qualificados e atentos às recomendações
técnicas de uso.

Revisão preventiva

Antes da operação, faça a revisão em todos os itens recomendados pelo fabricante, como a
calibração dos pneus ou o torque nas porcas das rodas.

Conhecimento do equipamento

Conheça as informações, mensagens e símbolos sobre segurança existentes na máquina.

Disciplina com passageiros

Não permita o transporte de passageiro na cabine, nas escadas ou plataformas da máquina


durante seu deslocamento.

Atenção a transeuntes

Antes de funcionar o motor, certifique-se de que não há pessoas desavisadas próximas à


máquina.

Frenagens

Nunca freie bruscamente, para evitar a inclinação da máquina.

Declives

Ao se deslocar em declive, reduza a velocidade e conduza a máquina em uma marcha


mais baixa.

Manobras e curvas

Não faça manobras ou curvas em alta velocidade.

Checagem de segurança

Antes de operar a colhedora, certifique-se de que todos os recursos de segurança estejam


instalados.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 102


Tópico 3
Recomendações de segurança da cabine

Acompanhe agora as recomendações de segurança da cabine, que também são simples de


lembrar.
- Recurso de segurança
de cabine;
- Sistema de Detecção
de Presença do Operador;
- Trava Eletrônica de
Partida do Motor;
- Cinto de Segurança;
- Freio de Estacionamento;
- Sinaleiras Direcionais

Apoio para
as mãos Blindagem

Faróis

Tapetes Degraus
antiderrapantes antiderrapantes
e plataformas
com corrimãos

Decalques de
segurança Batente Mecânico
de segurança
(Alimentador)

Fonte: Manual do Operador Colhedora John Deere STS 9750.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 103


Dispositivos de alerta

Use as luzes, buzinas e demais dispositivos de alerta.

Cinto de segurança

Use sempre o cinto de segurança.

Plataformas

Nunca pise em locais da máquina que não sejam destinados para este fim.

Partes móveis

Nunca entre em contato com as partes móveis da máquina com o motor em funcionamento.

Tanque graneleiro

Nunca entre no tanque graneleiro com a máquina em funcionamento.

Desentupimento do sistema

Nunca tente desentupir a plataforma de corte com a máquina em funcionamento, pois peças
em movimento, como a rosca sem-fim da plataforma de corte, o molinete e os rolos da pla-
taforma de milho apresentam altíssimo risco de acidente.

Roupas pessoais e EPIs

Utilize roupas justas para evitar que se prendam em peças móveis da máquina, e utilize os
equipamentos de proteção individual apropriados para cada atividade com a colhedora.

Escadas

Utilize as escadas sempre na posição de frente para a máquina, usando os apoios para as
mãos com a colhedora totalmente parada.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 104


Tópico 4
Deslocamento em estradas

Recomendações (e leis) quanto à segurança no deslocamento em estradas.

Fonte: Shutterstock.

Código de Trânsito Brasileiro

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, somente condutores habilitados nas categorias


C, D e E podem conduzir em vias públicas tratores de roda, esteira ou mistos, destinados à
execução de trabalhos agrícolas.

Interruptor de segurança

Certifique-se de colocar o interruptor de segurança na estrada na posição de ESTRADA. Sem-


pre observe as regulamentações locais.

Largura permitida

Se a largura do acessório for maior do que a largura permitida na estrada, contate as autori-
dades locais para obter assistência ou licenças.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 105


Adequação local

Observe os regulamentos de trânsito, adapte sua velocidade às condições do tráfego e da


estrada e certifique-se de que todas as luzes estejam funcionando adequadamente.

Placas de advertência

Onde exigido pelos regulamentos locais de tráfego, certifique-se de que as placas de adver-
tência de perigo estejam colocadas na dianteira e na traseira da máquina. Também sinalize
com um veículo à frente e atrás da colhedora.

Luzes giratórias

Use as luzes intermitentes giratórias para indicar que o veículo tem um tamanho anormal e
se move lentamente.

Frenagem acoplada

Antes de dirigir na estrada, una os pedais de freio com o acoplamento fornecido. A frenagem
com os pedais desacoplados pode fazer com que a máquina gire ou desvie. Além disso, evite
o uso excessivo dos freios.

Frenagem segura

Sempre pressione o pedal do freio com cuidado para evitar a inclinação da máquina.

Preenchimento do tanque graneleiro

O tanque graneleiro deve estar vazio ao se dirigir em estradas. Posicione corretamente o


tubo descarregador e conheça a altura da máquina antes de passar sob redes elétricas.

Proteção dos equipamentos

Ao dirigir em estradas públicas, com a plataforma de grãos carregada em um reboque e aco-


plada na traseira da colhedora, a faca de corte deve estar protegida adequadamente.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 106


Tópico 5
Precauções na manutenção

Recomendações quanto à segurança na manutenção dos tratores e implementos agrícolas.

Fonte: Manual do Operador Colhedora New Holland CR 9080.

Manutenção programada

Siga a programação de manutenção relativa aos intervalos de serviço da máquina.

Motor

Nunca tente limpar, lubrificar ou realizar qualquer ajuste na colhedora enquanto ela ainda
estiver em movimento ou com o motor funcionando.

Partes móveis

Mantenha as mãos, os pés e/ou as roupas longe de peças móveis. Verifique se todas as peças
giratórias estão protegidas corretamente.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 107


Elevador de palha

Nunca trabalhe debaixo de um acessório sem primeiro certificar-se de que as travas de se-
gurança do cilindro hidráulico do elevador de palha estejam acionadas, ou de que ele esteja
apoiado firmemente sobre blocos de madeira.

Tração ou eixo

Use sempre suportes de macaco adequados ao realizar a manutenção na tração ou no eixo


de direção.

Freios

Verifique regularmente a eficiência dos freios e substitua as pastilhas de freio antes que es-
tejam totalmente desgastadas.

Óleos

Qualquer vazamento de óleo hidráulico ou qualquer fluido sob pressão pode causar feri-
mentos graves, portanto, use sempre uma proteção, tais como óculos e luvas ao realizar a
manutenção, e procure vazamentos com um pedaço de papelão.

Tubos e mangueiras

Quando tubos ou mangueiras flexíveis estiverem danificados, substitua-os imediatamente.

Elétrica

Desconecte os fios do alternador e os cabos da bateria antes de realizar qualquer solda elé-
trica na máquina.

Rodas e pneus

Manuseie com cuidado as rodas e pneus das colhedoras sempre que necessário.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 108


Armazenamento

Mantenha as máquinas em local protegido quando não estiverem sendo utilizadas.

Extintores/Kits de primeiros socorros

Certifique-se de que a colhedora está equipada com extintores e kit de primeiros socorros.

Combustível

Faça o reabastecimento com segurança. Desligue o motor da máquina e não fume próximo
ao local.

Tomando os devidos cuidados, as operações de colheitas de grãos podem sempre ser realizadas
de forma eficiente e segura. Em casos de dúvidas, lembre-se de que você tem a sua disposição
para consultas:

• o manual da colhedora;

• um profissional habilitado e/ou as autoridades; e

• a legislação vigente.

Recapitulando
A operação e manutenção de colhedoras de grãos podem oferecer riscos de acidentes, desde
leves lesões corporais até a morte do operador ou de pessoas próximas à área. Para garantir
uma operação segura, o operador deve ser capacitado e tomar uma série de cuidados especifica-
dos no Manual do Operador da máquina em questão, e em alertas nos decalques de segurança
da máquina. Deve-se ter conhecimento sobre as precauções especificadas nas mensagens de
“cuidado”, “advertência” e “perigo”. O trabalhador também deve conhecer e tomar cuidados
especiais quanto: às manutenções periódicas da máquina, ao relevo do terreno, à velocidade de
deslocamento, às partes móveis da máquina, aos equipamentos de proteção individual ou vesti-
mentas adequadas, às sinalizações adequadas, à manutenção e o deslocamento sobre estradas,
a incêndio, entre outros cuidados, para garantir sua própria segurança e a de terceiros.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 109


Nas próximas páginas, você vai encontrar a atividade de aprendizagem para verificar os conhe-
cimentos construídos ao longo deste módulo. Não esqueça que você deve entrar no Ambiente
de Estudos para registrar as respostas no sistema, que também vai liberar o próximo módulo de
conteúdo!

Siga em frente e aproveite bem a atividade!

Atividade de aprendizagem
Você chegou ao final do Módulo 5, o último do Curso Agricultura de Precisão na Colheita de
Grãos. A seguir, você realizará algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste
módulo. Lembre-se que as repostas devem ser registradas no Ambiente de Estudos, onde você
também terá um feedback, ou seja, uma explicação para cada questão.

1. Quanto aos equipamentos e cuidados na operação e manutenção de colhedoras de grãos,


analise as seguintes afirmações e marque a alternativa correta.

a) Na falta do operador da colhedora de grãos durante o período da colheita, qualquer outro


funcionário da fazenda pode assumir a operação da máquina.

b) A mensagem de precaução “PERIGO” indica uma situação de risco remoto que, se não
for evitada, poderá resultar em ferimentos leves ou moderados ao operador ou pessoas
próximas da área.

c) A plataforma de corte da colhedora nunca deve ser desentupida com a máquina em fun-
cionamento.

d) Pequenos vazamentos de fluidos nas mangueiras do sistema hidráulico da máquina po-


dem ser facilmente identificados passando-se a mão diretamente sobre a extensão da
mangueira.

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 110


Síntese do curso

Parabéns por concluir o Curso Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos! Chegou o momento
de fazer uma breve retrospectiva dos assuntos estudados no decorrer deste material.

Fonte: New Holland/www.stopsat.com.ar

Neste curso, você teve a oportunidade de aprender como as colhedoras de grãos são máquinas
muito complexas e dinâmicas. Viu como elas são responsáveis por realizar o primeiro processa-
mento dos alimentos produzidos ainda no campo e, por isso, devem ser operadas com bastante
critério. As diversas partes que compõem as colhedoras têm, em conjunto, a finalidade básica
de cortar a planta, realizar a trilha, separar a palha dos grãos, limpá-los e descarregá-los ou
armazená-los em um tanque graneleiro. Para tanto, cada uma dessas etapas é realizada por um
mecanismo que pode ser monitorado por sensores específicos para a coleta de informações
sobre seu funcionamento.

As informações coletadas pelos diversos sensores possibilitam a elaboração de mapas de pro-


dutividades que, quando adequadamente interpretados, possibilitam a tomada de decisão so-

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 111


bre o manejo localizado. Em geral, essa interpretação se associa à informação de vários mapas
de variabilidade.

Desta forma, os sensores têm um papel muito importante no funcionamento das colhedoras.
Eles são utilizados para monitorar a altura da plataforma de corte, detectar metais, realizar ajus-
tes nos mecanismos de trilha, determinar a produtividade e verificar as perdas.

Para perfeito funcionamento, os sensores devem ser regulados e calibrados. A regulagem con-
siste em verificar todas as condições necessárias para o seu perfeito funcionamento, por exem-
plo, limpezas, lubrificações e por vezes, substituição total ou parcial do dispositivo. A calibração
é realizada posteriormente à regulagem, e tem como objetivo ajustar a leitura realizada pelo sen-
sor com o valor real do dado observado. Apesar de serem procedimentos simples, o operador
deve ter conhecimentos básicos sobre a configuração dos monitores de colheita e agronômicos.

Além disso, é importante atentar para as diretrizes recomendadas pela NR 31, que estabelece
direitos e deveres relacionados à segurança para todos os envolvidos nas atividades rurais.

O mercado da Agricultura de Precisão é extremamente promissor. Fique atento às novidades


do assunto, faça todas as atividades sugeridas e capacite-se ainda mais. Afinal, a aquisição de
conhecimento específico é sempre uma ótima vantagem competitiva! Até a próxima e lembre-se
de acessar os materiais complementares sobre o assunto! Sucesso nas suas atividades!

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 112


Gabarito

Módulo 1 Módulo 3

1-A 1-D

2-D Módulo 4
3-C 1-C

Módulo 2 Módulo 5

1-C 1-C

2-D

3-C

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 113


Referências

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL (Andef). Manual de Segurança e Saúde do Apli-


cador de Produtos Fitossanitários. Campinas, São Paulo: Linea Creativa, 2006.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Boletim Técnico: Agricultura de


Precisão. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 31 p.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Boletim técnico: Agricultura de Pre-


cisão. Brasília: Mapa/ACS, 2013. 36 p.

______. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Comunicado Técnico: Geração de


mapas de produtividade para experimentos com milho no âmbito de fazenda. Planaltina/DF:
Mapa/ACS, 2003.

COELHO, J. P. C.; SILVA, J. R. M. Agricultura de precisão: Inovação e tecnologia na formação agrí-


cola. Lisboa: Agrinova, 2009. 125 p.

DAINESE, R. C. Duas Técnicas Precisas = um resultado surpreendente. Revista Campo & Negó-
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JOHN DEERE. Manual do Operador – Sistema Harvest Doc GreenStar. John Deere Ag Manage-
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MARTINI E. R.; BAIO, F. H. R. Colhedoras-Regulagens, em observação. Revista Cultivar Máquinas.


Pelotas, RS, p. 26-29, Jul. 2005.

MOLIN, J.P. Agricultura de Precisão: O Gerenciamento da Variabilidade. Piracicaba/SP: Ed. do


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MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo GNSS: descrição, fundamentos e aplicações. São Paulo:


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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL. Máquinas agrícolas: tecnologias de precisão.
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SHIRATSUCHI, L. S.; CRISTOFFOLETI, P. J; FONTES, J. R. Mapeamento da variabilidade espacial


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SHIRATSUCHI, L. S. Conceitos e considerações práticas do sistema de geração de mapas de pro-


dutividade na cultura de grãos. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2004. 27 p. (Embrapa Cerra-
dos. Documentos, 126).

Agricultura de Precisão na Colheita de Grãos » 115

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