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GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 1

A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), entidade de âmbito nacio-


nal que valoriza, fomenta e defende a cadeia da produção de peixes cultivados
no Brasil, foi criada para ser o porta-voz oficial da atividade.

Em mais uma ação para o fortalecimento da cadeia de piscicultura brasileira,


foi criado o Comitê de Sanidade, composto por seus associados, com o intuito
de trazer mais agilidade nos processos de forma especializada, discutindo os
desafios sanitários, estratégias de controle e boas práticas de manejo que se
aplicam à realidade de cada região do país.

Para confecção do Guia de Biosseguridade da Piscicultura Brasileira, o Co-


mitê de Sanidade foi dividido em seis grupos de estudos, sendo eles:

COMITÊ DE
• GE - Tanques-rede
• GE - Reprodução e Casas Genéticas

SANIDADE DA
• GE - Viveiros Escavados e Sistemas Fechados
• GE - Revisão Bibliográfica

PEIXE BR
• GE - Diagnósticos e Estudo Epidemiológico
• GE - Protocolos e Biosseguridade

Os grupos de estudos buscaram ampliar o leque de assuntos discutidos,


explorando a complexidade de cada desafio e o modelo produtivo, utilizando

PEIXEBR.COM.BR o conhecimento técnico e a proximidade com a rotina dos produtores para


fortalecer a piscicultura brasileira e alavancar seu desempenho, entendendo as
COMUNICACAO@PEIXEBR.COM.BR particularidades de cada elo da cadeia.

Segue relação dos colaboradores do Comitê de Sanidade participantes da


confecção do presente documento:

Bruno Santos, Celia Scorvo, Daniel Fuziki, Danielle Damasceno, Emerson Es-
teves, Giovanni Lemos, Hugo Roa, Iurych Bussons, Marcela Yamashita, Mábilis
Kanazawa, Marco Túlio, Marina Delphino, Maisa Selingardi, Miguel Fernandez,
Rodrigo Zanolo, Santiago Benites, Valéria M. Troice Marin e Eduardo Conte.

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01 BIOSSEGURIDADE
NA PISCICULTURA
As medidas de biosseguridade direcionadas ao siste-
ma de criação de peixes reúnem ações estruturadas para
conter a introdução e a disseminação de agentes patogê-
nicos no ambiente de produção aquícola.
Na ausência dessas medidas, a introdução de uma
nova enfermidade pode representar prejuízos econômi-
cos, sociais e ambientais a partir da ocorrência de morta-
lidade de animais, bem como perda da eficiência zootéc-
nica, além da contaminação ambiental com os resíduos
gerados pelos materiais biológicos de animais mortos.
Ainda, a introdução de patógenos exóticos podem
representar riscos à população nativa de espécies aquá-
ticas susceptíveis ao agente infeccioso, podendo pro-
porcionar impactos duradouros sobre a biota aquática.
Dessa forma, as ações para prevenção de introdução de
patógenos ao ambiente de cultivo tornam-se essenciais
para o crescimento sustentável da atividade aquícola,
bem como para sua competitividade no mercado cada
vez mais globalizado.

4 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR


01 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 5
02 ANÁLISE DE
RISCO PARA OS
EMPREENDIMENTOS
A análise de risco é uma importante ferramenta para
direcionar a implementação de medidas de biosseguri-
dade em diversos setores, incluindo a agropecuária. Bus-
ca-se a identificação dos perigos sanitários inerentes à
realidade particular da propriedade, seu modelo de cria-
ção e categoria animal em criação, levando em conside-
ração os grupos de riscos (exemplos: ovos embrionados,
larvas, alevinos, juvenis e animais adultos) e os fatores de
risco (origem das formas jovens, água de abastecimen-
to, condições climáticas, condições físico-químicas da
água e densidade de estocagem dos animais, entre ou-
tros) para cada enfermidade em específico.
Com isso, englobam-se as possíveis doenças às quais
as espécies aquícolas são suscetíveis, os riscos associados
com a localização do estabelecimento, uso da água, le-
vando em conta as doenças endêmicas da região, bem
como atenção à proximidade com outros criadores ou
com animais de vida livre, além dos empreendimentos
de pesca recreativa, bem como conhecimento das con-
dições sanitárias dos próprios animais da propriedade.
A análise de risco deve ser feita por um técnico ou pro-
fissional experiente e pode tomar como base o Anexo 1.
Neste sentido, recomenda-se a condução de uma aná-
lise de riscos, que pode ser dividida em quatro etapas:

1. IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PERIGOS


AQUÍCOLAS
2. AVALIAÇÃO DOS RISCOS

3. GERENCIAMENTO DOS RISCOS

02
4. COMUNICAÇÃO DOS RISCOS

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Programa
de Saúde

2.1 A SAÚDE DELES É O


SEU SUCESSO.
IDENTIFICAÇÃO DOS
PRINCIPAIS PERIGOS
Ao se estabelecer um plano de biosseguridade, a pri-
meira etapa deve ser a identificação dos potenciais peri-
gos – neste caso, os agentes patogênicos causadores de
doenças (vírus, bactérias e parasitos, entre outros) - na(s)
espécie(s) cultivada(s). A etapa seguinte é a avaliação
dos riscos (fatores de risco e pontos críticos de contro-
le), na qual devem ser analisadas as possíveis formas de
introdução e disseminação dos agentes patogênicos na
população, bem como suas consequências. Impulsionando a saúde da aquacultura
A equipe Aqua da Adisseo trabalha conjuntamente
com pesquisadores e produtores ao redor do
mundo, desenvolvendo uma ampla linha inovadora
que promove a saúde e otimiza sua aplicação em
condições desafiadoras da produção.

Com base em ingredientes naturais, nossos aditivos especializados reduzem o impacto


de doenças e a incidência de parasitas na criação de peixes e camarões. Hoje, nossas
linhas de produtos SANACORE® GM, BACTI-NIL® AQUA, AQUAGEST® S e OMF, são
utilizadas diretamente nas fazendas de produção de peixes e camarões, assim como
nas fábricas de ração.

Ração é muito mais do que apenas nutrição.

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www.adisseo.com
Biosseguridade
2.2 na produção é cooperar para garantir a
qualidade e segurança dos nossos produtos.

AVALIAÇÃO
Vacinação e monitoramento
do plantel
Controle de
patógenos

DOS RISCOS
Limpeza e
desinfecção

Para realizar a análise de riscos de um empreendi-


mento aquícola, recomenda-se que sejam consideradas
as vias de introdução e de disseminação dos perigos,
com destaque para os itens que seguem:

TRANSPORTE EQUIPAMENTOS
DE PEIXES E VEÍCULOS Controle de tráfego de
veículos e pessoas

ORIGEM DA ÁGUA VETORES


DE ABASTECIMENTO (OUTROS ANIMAIS, POR EXEMPLO)

INSTALAÇÕES PESSOAS
E ESTRUTURAS (FUNCIONÁRIOS, VISITANTES)
Auditoria de
processos

Outros itens, inerentes a cada categoria de produção


aquícola, podem ser incluídos na avaliação de riscos,
uma vez que podem existir diferentes riscos em sistemas
produtivos específicos, bem como nos diferentes siste- Monitoramento
mas de criação de animais aquáticos. de desempenho

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2.3 2.4
GERENCIAMENTO COMUNICAÇÃO
DOS RISCOS DOS RISCOS
A terceira etapa da análise de risco refere-se à gestão de A comunicação das medidas de biosseguridade no
riscos, que envolve a seleção e a implementação de medi- estabelecimento de aquicultura entre os funcionários
das preventivas e/ou corretivas para reduzir e/ou eliminar e demais pessoas que acessam a unidade produtiva é
os riscos de entrada de patógenos, bem como sua propa- essencial. A comunicação deve incluir Procedimentos
gação no estabelecimento de aquicultura. É importante Operacionais Padrão (POP), cartazes nas instalações e
destacar que, embora alguns patógenos não possam ser entradas do edifício, bem como o treinamento regular
completamente eliminados, a maioria pode e deve ser re- da equipe. O plano deve ser compartilhado e de fácil
duzida, ao passo que o consequente impacto de sua ocor- acesso a todos os colaboradores do estabelecimento
rência se torne gerenciável no empreendimento aquícola. aquícola. Além disso, torna-se essencial que este do-
Para tanto, os elementos ou áreas de maior preocupação cumento passe por revisões e atualizações periódicas,
devem ser avaliados e priorizados, tais como: zelando pelo emprego das melhores e mais adequadas
técnicas de gerenciamento e contingenciamento dos
riscos sanitários inerentes àquela atividade aquícola.
AVALIAR AS CONSEQUÊNCIAS POTENCIAIS, COMO MORTE DE
ANIMAIS, PERDA DE PRODUÇÃO, IMPACTO COMERCIAL

DETERMINAR AS MEDIDAS PREVENTIVAS QUE POSSAM


ELIMINAR/REDUZIR O PERIGO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

AVALIAR O CUSTO VERSUS OS BENEFÍCIOS DA IMPLEMENTAÇÃO


DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO, DE FORMA A
SELECIONAR AQUELA COM MELHOR CUSTO-EFICÁCIA

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03 PRINCIPAIS FONTES
DE INTRODUÇÃO
DE PATÓGENOS
A introdução de patógenos nos sistemas de criação
de pescado pode ocorrer por diferentes vias. Por este
motivo, é essencial a realização de uma análise de risco
para definir as vias de introdução de patógenos em cada
sistema de produção aquícola, bem como estabelecer
as medidas de gerenciamento dos riscos. A partir desta
etapa, devem ser estruturadas as ações para prevenção e
contenção de doenças. A seguir, são discutidas as princi-
pais vias de introdução de patógenos para os diferentes
sistemas de criação de peixe:

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03 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 15
3.1
RENOVAÇÃO DO
PLANTEL DE MATRIZES
E REPRODUTORES
Para fazendas multiplicadoras, produtora de formas Exemplar de
reprodutores de
jovens, faz-se necessária a renovação periódica do plan- Tilápia e Tambaqui
tel de matrizes e reprodutores. Essa renovação ajuda na
obtenção de bons índices de produtividade, bem como
permite a utilização de novas linhagens genéticas oriun-
das de centros de melhoramento genético ou similares.
Portanto, a introdução de novos animais vivos no plan-
tel representa uma das principais formas de introdução
e disseminação de enfermidades, sendo necessárias me-
didas de controle sobre esta prática.

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3.2
INTRODUÇÃO DE
FORMAS JOVENS
A estocagem de alevinos e juvenis representa a prin-
cipal via de introdução de doenças para as pisciculturas
em viveiros escavados, bem como em tanques-rede e
outros sistemas intensivos. Os agentes infecciosos po-
dem ser introduzidos a partir de animais portadores
assintomáticos, bem como por animais doentes que
adentram as fazendas de criação. Em adição, um cuida-
do especial deve ser atribuído para a água de transporte
destes animais, uma vez que partículas virais, esporos de
fungos e bactérias, entre outras formas biológica de pa-
tógenos, podem ser carreados pela água de transporte.

Alevinos de
Tilápia e Tambaqui

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3.3
VEÍCULOS UTILIZADOS
PARA TRANSPORTE DE
ANIMAIS Lavagem e
higienização de
caminhão e caixas de
transporte de peixes

Os veículos utilizados para transporte de animais


vivos, bem como caixas de transporte e utensílios uti-
lizados no manejo de transferência de animais, podem
atuar como fômites (objetos que podem carrear e espa-
lhar agentes infecciosos) de carreamento e dispersão de
patógenos diversos. Além disso, veículos utilizados para
operações de despesca e utensílios, tais como bandejas
frigoríficas entre outros equipamentos utilizados para
retirada e transporte de animais ao término do ciclo
de produção, também devem ser categorizados como
potencial risco de dispersão de patógenos, uma vez que
circulam em diferentes fazendas de criação.

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3.4 3.5
VEÍCULOS DE VISITANTES
TRANSPORTE DE
SUPRIMENTOS E Pessoas externas ao centro de criação, especialmen-
te técnicos prestadores de serviços e fornecedores de

PESSOAS
insumos, bem como outros produtores, são potenciais
carreadores de patógenos ao centro de cultivo, espe-
cialmente quando circulam entre diferentes fazendas
de criação de peixes em um curto intervalo. O risco de
introdução de patógenos acentua-se quando o visitante
percorre diferentes centros de criação, os quais muitas
vezes não adotam medidas de biosseguridade (descan-
so sanitário, por exemplo), podendo carrear patógenos
Os veículos utilizados para transporte de suprimen- a partir de vestimentas, utensílios para análise de água e
tos necessários para produção animal (ração e medi- utensílios para necropsia de peixes, entre outros fômites.
camentos, entre outros insumos) também possuem
potencial de carreamento de patógenos, uma vez que
circulam em diferentes fazendas de criação, bem como
diferentes regiões e bacias hidrográficas, podendo car-
rear patógenos entre fazendas. No entanto, o risco ine-
rente a estes veículos é menor quando comparado aos
veículos de transporte dos peixes, uma vez que estes não
entram em contato com os animais e seus resíduos.

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3.6 3.7
EMBARCAÇÕES E AVES PISCÍVORAS E
CIRCULAÇÃO DE PEIXES DE VIDA LIVRE
FUNCIONÁRIOS
Animais silvestres, especialmente aves piscívoras
migratórias, bem como peixes de vida livre são frequen-
temente atraídos para o ambiente de criação em viveiros
As embarcações utilizadas no centro de cultivo para escavados, bem como em gaiolas. Estudos sobre o po-
transporte de pessoas, suprimentos, animais (vivos e tencial de veiculação de patógenos por meio destes ani-
mortos) e equipamentos podem atuar no carreamento mais são escassos, mas não podemos ignorá-los como
de patógenos, bem como promover a contaminação uma fonte de introdução de dispersão de doenças aos
cruzada, dentro de um centro de cultivo e entre diferen- centros de cultivo. Portanto, devem ser implementadas
tes fazendas de criação. Da mesma forma, a circulação ações de boas práticas de criação a fim de mitigar a atra- Aves silvestres presentes
ção destes animais junto ao ambiente de criação animal. em ambiente de produção
e o compartilhamento de funcionários entre diferen-
tes atividades relacionadas à manipulação de animais e
utensílios da fazenda são práticas que contribuem para
disseminação de patógenos.

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3.8
ÁGUA
Sabe-se que a água é o principal veículo de trans-
missão de doença para as diferentes categorias animais,
não sendo diferente para organismos aquáticos. O uso
compartilhado dos corpos hídricos para criação de
peixes requer cuidados estruturados e robustos contra
introdução de doenças, uma vez que quando um agente
patogênico adentra um ambiente como este torna-se
difícil alcançar sua eliminação e/ou erradicação. Além
disso, conforme o curso natural das correntezas, bem Entrada de água no
sistema produtivo
como o número de espécies aquáticas, que porventura
possam atuar no ciclo de manutenção e dispersão do
agente, o avanço da doença pode se tornar inevitável
para toda a bacia hidrográfica.

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04 MEDIDAS GERAIS DE
BIOSSEGURIDADE PARA
EMPREENDIMENTOS
Algumas medidas de biosseguridade são comuns e
aplicáveis a diferentes sistemas de criação de peixes, tais
como barreiras sanitárias (implementadas para promo-
ver limpeza e desinfecção de veículos), limpeza e desin-
fecção de equipamentos e utensílios, bem como con-
trole e registro de visitantes, entre outras ações. Estas

AQUÍCOLAS
medidas são aqui categorizadas como medidas gerais de
biosseguridade, uma vez que devem ser implementadas
desde as casas genéticas e multiplicadores de forma jo-
vens, fazendas de engorda em viveiro escavado, tanques
elevados, bem como empreendimentos de tanques-re-
de instalados em grandes corpos hídricos.
Por outro lado, outras medidas de biosseguridade
são estruturadas para atender aos riscos inerentes a um
tipo específico de criação, tais como protocolos de
saúde realizados em reprodutores e matrizes. Portanto,

04
logo em sequência serão abordadas as medidas de bios-
seguridade específicas para cada sistema de produção
de peixes, considerando fazendas de produção de alevi-
nos e casas genéticas, fazendas de viveiro escavado e tan-
ques-elevados e, por fim, fazendas de tanques-rede. As
medidas gerais de biosseguridade que devem ser aplica-
das nos diferentes empreendimentos aquícolas visam,
especialmente, soluções contra as principais fontes de
introdução de patógenos para este modelo de criação
animal descritas no Item 3, como seguem:

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4.1 4.2
CONTROLE DE TRÁFEGO CONTROLE DE
E HIGIENIZAÇÃO DE VISITANTES
VEÍCULOS
Visando mitigar a introdução de patógenos
carreados por pessoas e seus utensílios/fômites, torna-
-se essencial que toda visita seja previamente agendada
Em pisciculturas de grande porte, que naturalmente com a equipe gerencial da piscicultura. Recomenda-se
possuem grande fluxo de veículos, recomenda-se o uso que o visitante e/ou técnico prestador de serviços res-
Arco sanitário para peite o período mínimo de 24 h desde sua última visita
de arco sanitário para desinfecção de veículos. Dessa desinfecção de veículos
forma, todos os automóveis que adentram na proprie- em outras áreas de produção de pescado. Da mesma
dade deverão passar por esta barreira sanitária, quando forma, sempre que possível, é importante restringir o
são utilizados produtos desinfetantes devidamente re- acesso de visitantes aos centros de criação.
gistrados para esta finalidade, com o objetivo de elimi- Por outro lado, quando necessária a recepção de
nar patógenos que possam estar aderidos à superfície do pessoas externas, é recomendável que seja realizada
veículo. O processo exige que os veículos passem pela coleta de informações específicas em um livro de vi-
lavagem e desinfecção, com passagem pelo arco sanitá- sitantes. Com isso, caso ocorra introdução de uma
rio em baixa velocidade (5 km/h), quando o produto nova enfermidade no centro de criação, poderá ser
desinfetante será aplicado. realizado o rastreamento de visitantes, bem como
Para pisciculturas menores, que por sua vez tenham consultadas as últimas pisciculturas onde os visitantes
menor fluxo de veículos que adentram a propriedade, estiveram presentes. Esse controle permite identificar
poderão ser implementados processos alternativos, tais possíveis rotas de disseminação de patógenos, facili-
como a utilização de bomba costal para aspersão de tando a contenção da doença.
solução contendo desinfetante sobre os veículos, bem
como outros equipamentos para vaporização da solu-
ção desinfetante. Dessa forma, conseguem proporcio-
nar uma barreira sanitária importante contra a introdu-
ção de patógenos carreados por veículos diversos.
Exemplo de livro de
controle de visitantes

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4.3
BARREIRAS SANITÁRIAS
PARA DESINFECÇÃO
DE PESSOAS
Estrutura para controle de
entrada e saída de funcionários
e visitantes, com presença de
pedilúvio para desinfecção de
calçados e álcool em gel 70%
para uso nas mãos

Recomenda-se que as pisciculturas tenham em suas


propriedades pontos de desinfecção dos pés e das mãos,
antes dos acessos às áreas de produção. Quando aplica-
da a barreira, é obrigatória a desinfeção de pés e mãos a
qualquer pessoa que passar ou adentrar esses locais. A
desinfecção consiste em mergulhar a sola do sapato no
local contendo água e, em seguida, mergulhar as solas
do sapato no desinfetante. A água serve para retirada da
matéria orgânica do sapato antes da desinfecção. O de-
sinfetante não terá o efeito esperado em um sapato com
muita matéria orgânica. Recomenda-se manter o local
com o produto desinfetante fechado e sobre abrigo de
raios solares, pois sua exposição direta ao sol pode im-
pactar a eficácia e a estabilidade do produto utilizado.
Por fim, torna-se essencial fazer a desinfeção de mãos
a partir do uso de álcool 70%, o qual sempre estará junto
a uma base de pedilúvio. Os pedilúvios devem ser manti-
dos sem sujidades visíveis e monitorados regularmente, no
mínimo semanalmente, para assegurar que a solução man-
tenha a concentração adequada da solução desinfetante.

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4.4
SETORIZAÇÃO DE
COLABORADORES E Redes de despesca devidamente
higienizadas e armazenadas

EQUIPAMENTOS
Ações de setorização de equipes de colaboradores
dedicadas para cada fase de criação animal, bem como
seus equipamentos de uso rotineiro, compõem medi-
das importantes contra a disseminação de doenças em
um centro de criação. No entanto, em pisciculturas de
pequeno porte o uso compartilhado de funcionários e
equipamentos se fazem essenciais na rotina de produ-
ção. Dessa forma, é importante a capacitação da equipe
de colaboradores sobre as vias de transmissão de do-
enças por fômites, bem como contaminação cruzada
entre utensílios e suprimentos, além das medidas de
biosseguridade, limpeza e desinfecção, direcionadas a
mitigar os canais de contaminação e dispersão de doen-
ças nos centros de cultivo.

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4.5 Mortalidade
boiada de tilápias

COLETA DE
PEIXES MORTOS E
MORIBUNDOS
Tambores destinados
ao acondicionamento
de peixes mortos

O processo de remoção de animais mortos e mori-


bundos é essencial para qualquer atividade de produção
animal, evitando, dessa forma, que esses animais atuem
na transmissão de patógenos, além de contaminação do
ambiente de produção. Este manejo deve ser realizado
diariamente, sendo recomendada a observação de peixes
moribundos, bem como seus sinais clínicos e anotação do
número de animais removidos por unidade produtiva.
Para realização desta ação, é recomendável que os
equipamentos sejam dedicados apenas a este manejo, in-
cluindo embarcação, puçá e recipientes apropriados para
que mitiguem a disseminação de doenças entre diferen-
tes setores da produção. Caso não seja possível, é essencial
que ao término do processo de coleta de animais mortos
e moribundos todos os equipamentos utilizados sejam
submetidos ao processo de limpeza e desinfecção, além
de haver na embarcação um recipiente contendo solução
desinfetante para imersão do puçá de coleta de animais
entre diferentes gaiolas. Somada a esta medida, é impor-
tante que o colaborador utilize EPIs (Equipamentos de
Proteção Individual) apropriados ao manejo.

36 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 37


A destinação correta dos peixes mortos é uma das
ações que contribuem para a melhoria das condições
ambientais e sanitárias da produção, pois evita dissemi-
nação de patógenos, mitiga a liberação de odores inde-
4.6
VESTIMENTAS
sejáveis ao ambiente e a poluição dos corpos hídricos.
Neste documento, recomendamos duas principais for-
mas de destinação das carcaças, sendo:

ADEQUADAS
COMPOSTAGEM AERÓBICA
Conforme Bueno et al. (2008), a compostagem é Estrutura de
um método natural e econômico de reciclagem da ma- compostagem

téria orgânica, definida como decomposição e estabili-


zação biológica de substratos orgânicos. Para esse pro-
cedimento, é recomendada a utilização de composteira
de tijolos, que deverá ser construída em alvenaria, com
piso impermeabilizado, três (3) paredes com cerca de As vestimentas devem proteger os funcionários,
1,60 m de altura possuindo vão entre as paredes e telha- considerando as funções desempenhadas e permitindo
do com distância de 30 a 50 cm, permitindo a circulação igualmente a fácil limpeza e a desinfecção constantes de
do ar. Na parte frontal da composteira, ao serem deposi- macacão, calças ou jardineiras impermeáveis, botas de
tados os resíduos, deverão ser inseridas tábuas de madei- borrachas e óculos de proteção, entre outros. Todos os
ra em trilhos de encaixe, como forma de contenção do EPIs devem conter o número do Certificado de Apro-
material. Com o objetivo de evitar o acesso de animais ENTERRIO vação (CA). Caso não exista numeração específica para
na compostagem deverá ser instalada uma tela. O enterrio também pode ser uma opção para desti- a aquicultura, recomenda-se o equipamento genérico
Como fonte de carbono para o composto, poderá nação das carcaças, embora não seja muito praticado na mais próximo. No equipamento, deve estar gravado de
ser utilizada maravalha ou cama de aviário, na propor- rotina das fazendas. Para tanto, devem ser evitados terre- maneira inapagável o código do CA (um código único,
ção 2:1, duas (2) partes de maravalha para uma (1) parte nos pedregosos, bem como áreas próximas a nascentes sendo diferente em cada EPI), além do nome da empre-
de peixe. Para iniciar a compostagem, deve-se acondi- ou lençóis freáticos. Além disso, deve-se limitar o acesso sa fabricante e número do lote de fabricação.
cionar cerca de 30 cm de maravalha ou cama de aviário por outros animais a este espaço. O procedimento en- Providenciar local adequado para troca de roupa e
nova no fundo da composteira. Em seguida, acondi- volve a escavação de uma vala de dimensões compatíveis vestimenta de proteção individual para os colaborado-
cionar as carcaças em cima da maravalha nova, posicio- com a quantidade de peixes a serem enterrados, devendo res que transitam entre as diferentes áreas de criação.
nando-as lado a lado respeitando um pequeno espaço ser fechada com uma cobertura de cal virgem (óxido de No caso da circulação rápida entre as diferentes áreas
entre elas e mantendo distância de cerca de 30 cm das cálcio) na proporção de 85 kg/1.000 kg de peixe para (exemplo: visitas etc.), recomenda-se fazer o uso de pro-
paredes. Em seguida, cobrir com maravalha ou cama de acelerar a o processo de decomposição. pés, roupas, aventais descartáveis e álcool 70%.
aviário – assim sucessivamente em cada momento em
que forem depositadas mais carcaças. CONTROLE DE PRAGAS E VETORES
Para a otimização da compostagem orgânica, reco- O programa de controle de pragas e vetores deve
menda-se realizar a inclusão de água na proporção de 30% ser criado e mantido adequado à realidade do estabe-
do peso das carcaças. Em adição, a cada dez dias deve-se lecimento. Da mesma forma, no caso da utilização de
realizar o tombamento do material, com o objetivo de ae- produtos químicos e iscas biológicas, deve-se contratar
rar o substrato, remontando a pilha com a mesma ordem uma empresa especializada, bem como estabelecer os Vestimentas de campo devidamente
das camadas e umedecendo novamente as carcaças. registros necessários. higienizadas e armazenadas para uso

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4.7
ALIMENTAÇÃO
umidade do local de armazenagem, além de impedir o
acesso de insetos, roedores e outros animais que podem
contaminar ou causar a deterioração da ração.
Cuidados especiais devem ser atribuídos ao uso de

DOS PEIXES
alimentos vivos na criação de peixes, sendo estes ampla-
mente utilizados nas fases iniciais de criação de espécies
nativas. Estes alimentos são considerados fontes po-
tenciais de risco biológico, uma vez que podem conter
agentes de doenças importantes, como, por exemplo,
bactérias do gênero Vibrio, sendo assim, orienta-se:

Atualmente, a grande maioria dos empreendimen- OBTER ALIMENTAÇÃO VIVA


tos aquícolas adquire rações específicas para as diferen-
DE FORNECEDORES IDÔNEOS,
tes fases de criação animal. Portanto, é fundamental
que na tomada de decisão para definição do fornecedor
CADASTRADOS NO MAPA
mais adequado seja verificada a procedência da ração
comercial, bem como seu registro no Ministério da OS ANIMAIS VIVOS PARA
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além ALIMENTAÇÃO DEVEM
de optar pela formulação mais adequada à espécie-alvo ESTAR ACOMPANHADOS
de criação (tilápia, tambaqui e surubim, entre outras). DE GTA (GUIA DE TRÂNSITO
Quando o empreendimento aquícola for responsável ANIMAL) NO MOMENTO DO
pela produção da própria ração, deve-se contar com TRANSPORTE
a supervisão de um responsável técnico, com foco no
controle de qualidade das matérias-primas e formula- QUESTIONAR O FORNECEDOR
ções de forma a garantir o padrão de qualidade e exigên- ACERCA DA CONDIÇÃO
cias nutricionais dos peixes em criação. Além disso, de- SANITÁRIA DOS ANIMAIS E
ve-se adquirir matérias-primas de empresas que tenham
EXIGIR GARANTIAS, COMO
registro no órgão de fiscalização competente. Em caso
de uso de farinha de peixe na formulação das dietas, é
LAUDOS LABORATORIAIS OU
obrigatória a utilização de produtos certificados pelo CERTIFICADOS
serviço de inspeção, visando mitigar a transmissão hori-
zontal de doenças aos animais de criação. QUANDO PRODUZIDOS NO
Não menos importante, o empreendimento aquí- PRÓPRIO ESTABELECIMENTO,
cola deve garantir o armazenamento correto da ração, GARANTIR MEDIDAS DE
bem como ter um controle rígido da data de validade BIOSSEGURIDADE DURANTE
do produto. Por fim, deve-se atentar às condições de A PRODUÇÃO DO ALIMENTO

40 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 41


4.8
É de fundamental importância que, nas diretrizes remessa de amostras para diagnóstico laboratorial
de Boas Práticas de Produção, os produtores de peixes quando houver suspeita de ocorrência de uma doen-
tenham responsabilidades na gestão de seus projetos, ça. Caracteriza-se como um episódio de mortalidade
uma vez que os piscicultores, em sua grande maioria, atípica a ocorrência de taxa de mortalidade igual ou
compartilham corpos hídricos com outros produto- superior a 0,4% ao dia, durante 5 (cinco) dias con-
res. Este compartilhamento de áreas produtivas, ou de secutivos. Nessas condições, os responsáveis pelo
recursos hídricos, faz com que os piscicultores tenham centro de cultivo deverão coletar, acondicionar ade-
que assumir responsabilidades em prol do benefício de quadamente e remeter, de acordo com os protocolos
toda a cadeia, monitorando a saúde de sua piscicultura e estabelecidos (MAPA, 2013), o número mínimo de
minimizando a disseminação de enfermidades já conso- 15 animais moribundos para diagnóstico em labora-
lidadas (endêmicas) ou emergentes a outros produtores. tório especializado.
Como proposta de modelo de vigilância de en- Por outro lado, tal alerta pode ser desconsidera-

PROGRAMA
fermidades, recomenda-se que, na ocorrência de epi- do em situações de eventos de mortalidades atípicos,
sódio de mortalidade atípica, o responsável técnico com maior intensidade de perdas, que estão relacio-
e/ou o profissional de saúde deve avaliar as possíveis nados a alterações bruscas das condições de criação

DE VIGILÂNCIA
causas, bem como acionar o mecanismo de coleta e e/ou ambientais, tais como:

1
EPIDEMIOLÓGICA
MUDANÇAS CLIMÁTICAS BRUSCAS: CHEGADA DE FRENTES FRIAS RIGO-
ROSAS, TEMPESTADES, INVERSÃO TÉRMICA DA COLUNA D’ÁGUA, ALTERA-
ÇÕES BRUSCAS DA QUALIDADE DA ÁGUA, TAIS COMO QUEDAS BRUSCAS DE

E NOTIFICAÇÃO DE
OXIGÊNIO DISSOLVIDO E INTOXICAÇÃO POR COMPOSTOS NITROGENADOS,
ENTRE OUTRAS ALTERAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA.

SUSPEITAS AO SVO 2
FALHAS EM MANEJO DE ROTINA: INCLUINDO TRANSPORTE, ESTOCAGEM
DE FORMAS JOVENS, ALÉM DE MANEJO DE CLASSIFICAÇÃO, REPICAGEM DE
ANIMAIS, ALÉM DE FALHAS EM PROCEDIMENTOS DE VACINAÇÕES.

A realização de diagnóstico de enfermidades de for-


ma regular é de fundamental importância para conheci-

3
mento e melhor compreensão da prevalência, dinâmica
e impacto dos agentes infecciosos na produção. Esse
conhecimento permite identificar as melhores formas
OUTRAS CONDIÇÕES ADVERSAS: PROBLEMAS NO FORNECIMENTO DE ELETRI-
de prevenção e tratamento. Na produção intensiva de
CIDADE, BEM COMO PROBLEMAS MECÂNICOS COM EQUIPAMENTOS DE OXI-
peixes, por ser uma atividade em plena expansão e in- GENAÇÃO ARTIFICIAL. ALÉM DISSO, CUIDADO ESPECIAL DEVE SER ATRIBUÍDO
tensificação, a realização de diagnóstico laboratorial é AO USO EQUIVOCADO DE FÁRMACOS TERAPÊUTICOS FORA DAS ESPECIFICA-
determinante para a identificação e o monitoramento ÇÕES DE POSOLOGIA (DOSE DA MEDICAÇÃO) E PRESENÇA DE CONTAMINAN-
destas enfermidades, assim como para proporcionar TES NA ÁGUA, TAIS COMO DEFENSIVOS AGRÍCOLAS, BEM COMO DE OUTROS
massa crítica de informações para tomada de decisões PRODUTOS QUÍMICOS NÃO RECOMENDADOS PARA ATIVIDADE AQUÍCOLA.
em planos de contenção, prevenção e tratamento destas
enfermidades.

42 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 43


Diante dessas condições, o responsável técnico do
empreendimento aquícola, ou o profissional de saúde,
mortalidade elevadas em diferentes fases de criação (Ta-
bela 1), é importante que se prossiga com investigação
MORTALIDADE DE PEIXES
tem condições de detectar que o referido episódio de laboratorial. Ainda, deve-se estar atento à ocorrência de
mortalidade atípico não possui qualquer relação com limitação na eficácia/resposta ao tratamento por meio
suspeitas infecciosas (doenças). Portanto, nessas condi- do uso de produtos veterinários utilizados na terapêu- EPISPÓDIOS ATÍPICOS SURTOS AGUDOS
ções não são necessárias avaliações laboratoriais com o tica. Isso pode ser um fator indicativo de ocorrência de todas as fases Alevinos (3%), Recria (2%) e Engorda
objetivo de detecção de agentes infecciosos, tampouco uma doença infecciosa de notificação obrigatória à OIE (0,4% durante 5 dias) (1,5%) durante 10 dias acumulados
notificação ao SVO (Serviço Veterinário Oficial). (Organização Mundial da Saúde Animal) ou até mes-
Por outro lado, quando houver surtos agudos de mo um agente infeccioso desconhecido e/ou exótico, BAIXA 1O 2O 3O 4O 5O 6O 7O 8O 9O 10O ALTA

mortalidade, cujo fator causal não estiver relacionado os quais deverão, obrigatoriamente, ser notificados aos
PRIORIDADE
DIA DIA DIA DIA DIA DIA DIA DIA DIA DIA PRIORIDADE

às situações descritas acima, e que acumule taxas de órgãos sanitários responsáveis de cada estado.

TABELA 1 AÇÕES
PARÂMETROS PARA TAXA DE MORTALIDADE DIÁRIA E TAXA DE MORTALIDADE ACUMULADA EM 10 DIAS
CONSECUTIVOS NECESSÁRIOS PARA NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA AO SVO (SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL)
Histórico e Registros relacionados Responsável Técnico Empreendimentos Aquícolas

MORTALIDADE
FASES DE PESO MORTALIDADE
ACUMULADA
CRIAÇÃO
g %/dia % em 10 dias POSSíVEIS CAUSAS
Comunicar o
Alevinagem 0,5 a 10 3,0 30,0
Responsável Técnico
Recria 10 a 100 2,0 20,0
Terminação > 100 1,5 15,0
Registros: hora, no protocolo,
Mudanças Climáticas bruscas chamadas de ocorrência,
fotográficos, Parametros de
Nessas condições, o responsável técnico do em- lógica e diagnóstico oficial do Ministério da Agricul- Qualidade de Água
Comunicar o Serviço
preendimento aquícola, ou o profissional de saúde, tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), bem como
Veterinário Oficial (SVO)
bem como qualquer outro integrante da equipe de e avaliação de riscos de dispersão da condição sanitária
colaboradores deverão, obrigatoriamente, comunicar e o seu impacto naquela região, bem como a todo o
Falhas de Manejo de Rotina Monitoramento de incidentes
formalmente ao SVO, que por sua vez integra os ór- setor, seguindo as normas sanitárias vigentes. Entre
gãos estaduais de defesa animal. A partir dessa ação, é as informações necessárias que deverão fazer parte da
desencadeado o protocolo de investigação epidemio- notificação oficial, estão:
Retirada e Destinação Surto de Mortalidade
Outras Condições Adversas dos peixes mortos Atípica de Causa não

01 PROPRIEDADE ACOMETIDA: INCLUIR ENDEREÇO COMPLETO, BEM não infeciosas determinada, com altos
COMO COORDENADAS GEOGRÁFICAS QUANDO POSSÍVEL. índices de mortalidade
(tabela2)

Eficácia Limitada de Fármacos

02
ESPÉCIE ANIMAL: INFORMAR A ESPÉCIE DE PEIXE COM A QUAL
OCORREU O EPISÓDIO DE MORTALIDADE (TILÁPIA DO NILO, TAM- Necropsia e Coleta Envio de amostras
Avaliação Clinica
BAQUI, SURUBIM, ENTRE OUTRAS). de Amostras para Diagnóstico

Suspeita de Enfermidades
Infecciosas

03 HISTÓRICO CLÍNICO: DESCREVER, BREVEMENTE, O HISTÓRICO QUE


DESENCADEOU O SURTO DE MORTALIDADE, SINAIS CLÍNICOS OB-
SERVADOS E TRATAMENTOS REALIZADOS, BEM COMO O NÚMERO
DE ANIMAIS MORTOS E POSSÍVEIS SUSPEITAS, QUANDO EXISTIREM.
FLUXOGRAMA PARA TOMADA DE DECISÃO SOBRE OS EPISÓDIOS DE MORTALIDADE ATÍPICOS E SURTOS
QUE POSSAM OCORRER EM DIFERENTES EMPREENDIMENTOS AQUÍCOLAS

44 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 45


4.9
CAPACITAÇÃO E
ORIENTAÇÃO AOS
COLABORADORES
Os trabalhadores devem usar Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) adequados às suas funções,
conforme indicado pelo responsável técnico do estabe-
lecimento. Da mesma forma, deve-se realizar os contro-
les de recebimento de novos EPIs, bem como devolu-
ção/substituição dos antigos ou notificação de perda.
Em caso de os colaboradores possuírem alguma do-
ença ou necessitarem medicamentos, torna-se essencial
Treinar adequada e continuamente as pessoas en- ter no escritório o kit individual (fármacos) disponível
volvidas na criação sobre os procedimentos corretos para cada colaborador em caso de urgência.
de manejo e cuidados sanitários é fundamental. Deve-
se implantar um plano de treinamento que contemple
todos os colaboradores, com frequência mínima anual,
que inclua, no mínimo, boas práticas de higiene pessoal,
boas práticas de manejo, saúde e segurança do trabalho,
primeiros socorros e salvatagem, uso e manutenção dos
equipamentos, higienização das instalações, educação
ambiental e preenchimento de registros.
Devem ser elaborados registros dos treinamentos
realizados, indicando material utilizado em cada trei-
namento, ficha de presença devidamente assinada pe-
los colaboradores envolvidos e sistema de avaliação do
aprendizado. Em adição, os responsáveis técnicos e con-
sultores atuantes no estabelecimento devem estar regu-
larizados junto aos seus respectivos Conselhos de Classe.
A VACINAÇÃO COMPLETA
Para todas as fases dos seus peixes

Av. do Lami, 6133 CEP 91782-601, Porto Alegre, RS, Brasil


46 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA
Tel. +55 51BIOSSEGURIDADE PEIXE
3325-4500, hipra@hipra.com, BR
www.hipra.com 47
05 MEDIDAS ESPECÍFICAS
DE BIOSSEGURIDADE

48 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR


05 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 49
5.1
Nesse sentido, é essencial que todas as empresas de documento são fornecidas a seguir. Cabe ressaltar que
aquicultura dedicadas à produção de alevinos e formas o modelo apresentado deve ser adequado à realidade da
jovens elaborem seu manual de Boas Práticas de Biosse- empresa que vai aplicá-lo.
guridade, devendo ser mantido na própria fazenda e es- Em adição, torna-se fundamental delimitar a área
tar disponível e atualizado para fácil acesso por funcio- do estabelecimento aquícola em terra e em ambiente
nários, autoridades sanitárias e clientes. Para elaboração aquático, a fim de se sinalizar e controlar, onde possí-
desse manual, é essencial que sejam observados os de- vel, o trânsito de pessoas e veículos. Deve-se permitir o
safios sanitários específicos da propriedade, bem como ingresso apenas daqueles autorizados e de acordo com
de sua região de atuação, sendo guiado a partir da elabo- as normas de higiene e segurança do estabelecimento.
ração da análise de risco, previamente descrita no Item Esse controle deve ser reforçado nas áreas de produção
2 deste documento. As diretrizes para a preparação do do estabelecimento.

PRODUÇÃO DADOS DE PROPRIEDADE

DE ALEVINOS E A LOCALIZAÇÃO EXATA: ESTADO, CIDADE E ENDEREÇO

CASAS GENÉTICAS
ORGANOGRAMA GERAL DA FAZENDA INCLUINDO DESENHO DA PLANTA, DIS-
B TRIBUIÇÃO DOS TANQUES E DEMAIS PRÉDIOS DA UNIDADE PRODUTIVA

INFORMAÇÕES GERAIS DA UNIDADE PRODUTIVA


C

Empresas fornecedoras de material genético e for-


mas jovens de peixes constituem um elo essencial para
toda a cadeia de criação de peixes, sendo também os lo- FIGURA 1
cais onde devem se concentrar as principais medidas de PLANTA HIPOTÉTICA DE UMA PISCICULTURA PRODUTORA DE FORMAS JOVENS
monitoramento, controle e erradicação de patógenos.
Essas empresas devem implantar medidas específicas de
biosseguridade para assegurar que estes centros de cria-
ção não atuem ativamente na dispersão de doenças para
as demais etapas de criação, bem como para diferentes
regiões do país. Dessa forma, a produção e a comerciali- ÁREA 3 ÁREA 1 ÁREA 2
zação de multiplicadores e formas jovens seguras (livres
de patógenos) e monitoradas torna-se chave para o su-
cesso e a sustentabilidade das demais etapas de criação. ESCRITÓRIO ESCAVADOS ALEVINOS
LABORATÓRIO 1

DEPÓSITO ESCAVADOS ALEVINOS

LABORATÓRIO 2
COMPOSTAGEM ESCAVADOS ALEVINOS

50 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 51


5.1.1
Mensuração de parâmetros
de qualidade de água

QUALIDADE DA ÁGUA
Os patógenos podem entrar e/ou espalhar dentro As fontes, poços e nascentes geralmente apresen-
ou até mesmo para outras unidades produtivas por tam risco menor de patógenos em comparação com
meio de fontes de água contaminadas. Isso pode en- as fontes de água de superfície. Portanto, seu uso deve
volver fontes de água usadas para abastecer viveiros ser priorizado. Em adição, deve-se considerar o uso de
(afluentes) e efluentes, bem como fontes de água usa- telas na entrada e descarga de água utilizada para ati-
das para transporte de animais. As fontes de água de vidade aquícola, com o objetivo de evitar o escape de
uma unidade produtiva devem ser avaliadas, pois elas populações cultivadas ou introdução de populações
diferem quanto ao grau de risco para a introdução de selvagens no cultivo. Diferentes metodologias podem
patógenos. As fontes de água podem vir de nascentes, ser utilizadas para a desinfecção da água de captação
poços, rios ou lagos. As fontes de água de superfície para abastecimento das áreas produtivas, como o uso
(por exemplo, rios e lagos) apresentam maior risco e de químicos, luz ultravioleta ou ozônio, desde que de-
podem conter poluentes e patógenos, que podem pre- vidamente aprovado o seu uso pelo MAPA.
judicar os animais aquáticos. Além disso, é essencial monitorar regularmente a TABELA 2
qualidade da água em relação aos seus parâmetros físi- TABELA DE QUALIDADE DE ÁGUA RECOMENDADA COM AS VARIAÇÕES DESEJÁVEIS NO PERÍODO
co-químicos, tais como: temperatura, oxigênio dissol- REPRODUTIVO

vido, pH, alcalinidade total, compostos nitrogenados


e dureza, entre outros. Na Tabela 2 estão descritos os PARÂMETROS VALORES DESEJÁVEIS FREQUÊNCIA
valores desejáveis dos principais parâmetros físico-quí-
Temperatura 23-33 °C Diário
micos da água destinadas para matrizes, reprodutores
e formas jovens. Oxigênio Dissolvido (OD) 4.0 - 8.0 mg/L Diário

pH 6.0 - 9.0 Diário

Alcalinidade Total >20 - 150 mg /L Semanal

Nitritos <0,1 mg/L Semanal

Amônia Total <2 mg/L Semanal

Fonte: Valores desejáveis indicados pelo Comitê de Sanidade da Peixe BR

52 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 53


5.1.2
Aliado a esta ação, é necessário estabelecer o
controle dos lotes de matrizes e reprodutores pre-
sentes na unidade produtiva, mantendo seu histórico
de movimentação dentro da propriedade, informes
produtivos e data de povoamento, bem como o his-
tórico de diagnósticos, tratamentos e vacinações
realizadas nesses planteis. Diariamente, deve ser co-
letada a totalidade dos animais mortos e moribun-
dos, bem como mantidos registros dos sinais clínicos
observados e alterações patológicas dos animais. Os
peixes moribundos, sempre que possível, devem ser
submetidos à avaliação clínica e necroscópica, quan-

NECESSIDADES
do aplicável, e, se necessário, remeter amostras para
diagnóstico laboratorial de acordo com a avaliação
do responsável técnico.

MÍNIMAS PARA
MATRIZES E
REPRODUTORES
A introdução dos animais deve ser realizada de forma
segura, acompanhada dos documentos de Guia de Trans-
porte Animal (GTA), da NFe, zelando pela manutenção
das condições sanitárias do empreendimento aquícola.
Da mesma forma, deve-se reservar uma área adequada
em tanques específicos isolados dos demais viveiros de
criação animal para realização de quarentena. Deve ser
estabelecido período mínimo de 15 dias de quarentena
para observação clínica, monitorando a manifestação de
quaisquer doenças, bem como ocorrência de mortalida-
de, contanto com equipe capacitada e barreiras sanitárias
adequadas. É importante salientar que os viveiros desti-
nados à realização da quarentena devem ser previamente
submetidos a vazio sanitário, limpeza e desinfecção prévia
e posteriormente o recebimento de animais.

54 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 55


5.1.3
NECESSIDADES
MÍNIMAS PARA
LABORATÓRIOS DE
Incubação de ovos
e larvas de Tilápia

INCUBAÇÃO
A piscicultura deve contar com infraestrutura ade- A água do processo de incubação deve ser de primeiro
quada, com sala de incubação isolada, acesso restrito uso, poço artesiano, nascente e/ou desinfetada por algum
aos colaboradores do setor e controlada para proces- método que tenha sua efetividade contra vírus e bactérias
so de incubação de ovos e larvas. Além disso, torna-se comprovada. Além disso, a equipe de colaboradores da
essencial estabelecer barreiras sanitárias nos locais de área de incubação deve ser exclusiva desse processo e não
entrada e saída do laboratório de incubação, confor- pode realizar outras tarefas fora da área estabelecida.
me descrito no Item 4.3 deste documento. A unidade Estabelecer calendário e programação de vazio
deve realizar processo obrigatório de desinfecção e sanitário das estruturas. Isso deve ser realizado ao me-
hidratação dos ovos, que devem ser realizadas confor- nos uma vez por ano, podendo ser parcializado entre
me o manual de procedimentos e recomendações do as áreas, dependendo do sistema de produção adotado
fabricante dos produtos utilizados. Com essa medida, (viveiros ou tanques). Somado à implantação do vazio
se pode estabelecer uma importante barreira sanitária sanitário, torna-se fundamental aplicar medidas de lim-
entre as matrizes e o laboratório de incubação, além peza e desinfecção das estruturas para descontaminação
de minimizar a transmissão de doenças que possuam das instalações, sendo elaborado um POP para revisão
forma de transmissão vertical. das autoridades competentes.

56 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 57


5.1.4
PLANO DE
VIGILÂNCIA
SANITÁRIA

Considerando o número crescente de novos pató- Saúde Animal (OIE). A vigilância deve ser adaptada
genos que afetam a criação de peixes nos últimos anos, de forma a atender às características dos diferentes
é extremamente recomendável estabelecer um plano sistemas produtivos utilizados para a produção de for-
de vigilância interna com foco em matrizes, reproduto- mas jovens de tilápia e espécies nativas.
res e alevinos. Isso inclui a coleta de dados (exemplos: Além do plano de vigilância, o responsável e os
mortalidade, sinais clínicos, tratamentos, qualidade da demais funcionários da unidade produtiva devem es-
água e rastreabilidade) e análise de amostras biológicas tar cientes dos sintomas de todas as doenças infeccio-
para detecção de doenças endêmicas e emergentes, a fim sas (principalmente as virais), sendo elas endêmicas,
orientar estratégias para o seu controle e/ou erradicação. emergentes ou exóticas, para permitir ação imediata
Para maiores informações sobre frequência de sobre qualquer possível surto de doença. Em caso de
amostragem e número de análises a realizar, é importan- suspeitas de doenças de notificação compulsória, bem
te envolver o responsável técnico da unidade, que tam- como doenças emergentes, deve-se realizar a comuni-
bém poderá consultar o Código Sanitário de Animais cação ao SVO (Serviço Veterinário Oficial), confor-
Aquáticos <www.oie.int>, da Organização Mundial de me abordados no Item 4.8.

58 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 59


5.1.5
O caminhão dedicado para transporte de peixes
deve portar consigo, além das documentações oficiais
(GTA e NFe), declaração de desinfecção contendo
as informações do processo realizado para limpeza e
desinfecção, data, horário e colaborador responsável
pelo manejo. Da mesma forma, a água do transporte
deve ser de fonte segura e isenta de contaminações.
Preferencialmente, a água deve ser proveniente de
poço artesiano ou outra fonte previamente tratada
com protocolos definidos e aprovados pela autorida-
de competente. O principal objetivo é minimizar o
risco de transmissão de patógenos, bem como outros

TRANSPORTE
organismos, como moluscos (mexilhão dourado) de
uma unidade à outra.

DE PEIXES
Procedimentos de limpeza e
desinfecção de caminhão (a) e
caixas de transporte (b) destinado
ao transporte de peixes

Em toda entrega de alevinos e formas jovens deve


ser realizado um protocolo de limpeza e desinfecção
de caminhões. O protocolo deve ficar disponível para
revisão das autoridades competentes e clientes. Nele,
devem constar medidas mínimas, como o processo
de limpeza inicial (utilizar produtos específicos para
esses fins), o tipo de detergente e o tempo de ação, en-
tre outras informações relacionadas ao procedimento
realizado. Além disso, deve descrever especificamente
as ações do processo de desinfecção das estruturas e o
responsável desse manejo.
Os encarregados devem avaliar visualmente se as
estruturas do caminhão permitem realizar o correto
processo de limpeza e desinfecção. As estruturas in-
ternas devem ser lisas, para ser possível realizar a lim-
peza e a desinfeção. Caso contrário, deve ser acionado
o fornecedor para corrigir essa situação. Estruturas
rugosas facilitam a formação de biofilmes, o que difi-
culta a desinfecção das estruturas.

60 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 61


5.2
CRIAÇÃO EM
TANQUES-REDE
A criação de peixes em tanques-rede predomina no
cenário aquícola brasileiro. A principal espécie utilizada
nesse modelo de criação é a tilápia do nilo. Contudo, ou-
tras espécies tais como surubins, peixes redondos e ma-
trinxã, entre outros peixes nativos, têm sido utilizadas
em modelos similares aos empregados na tilapicultura.
Como característica principal desse modelo de criação,
temos o uso compartilhado de grandes corpos hídricos,
principalmente reservatórios hidroelétricos, bem como
a adoção de altas densidades de estocagem animal
(> 25 kg/m3). Essas características, inevitavelmente, são
decisivas para a ocorrência de doenças e o seu impacto
sobre os animais, estando diretamente relacionados aos
prejuízos inerentes à sua ocorrência. Portanto, torna-se
essencial o estabelecimento de medidas específicas de
biosseguridade empregadas à criação de peixes em tan-
ques-rede, como discutidas a seguir.

62 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 63


5.2.1
Os animais coletados devem ser submetidos ao exame clínico para observação dos seguintes itens:
NATAÇÃO: NORMAL OU ERRÁTICA (NADO EM RODOPIO OU PERDA DE EQUILÍBRIO)

COLORAÇÃO DO CORPO: COLORAÇÃO NORMAL, MELANOSE, ÚLCERAS OU HEMORRAGIAS

ASPECTO DE MUCO: NORMAL, EXCESSO DE MUCO OU FALTA DE PRODUÇÃO DE MUCO

COLORAÇÃO DE BRÂNQUIAS: NORMAL, PALIDEZ OU HEMORRAGIA

OUTRAS ALTERAÇÕES EXTERNAS: EXOFTALMIA, ENOFTAMIA, DILATAÇÃO


DA CAVIDADE CELOMÁTICA

PROTOCOLO DE
Após o exame clínico, os animais deverão ser eutanasiados, preferencialmente por aprofundamento de plano
anestésico e, em seguida, necropsiados para observação das seguintes alterações:
ACÚMULO DE LÍQUIDO NA CAVIDADE CELOMÁTICA

AVALIAÇÃO SANITÁRIA
FÍGADO: HEMORRÁGICO, FÍGADO GORDUROSO, HEPATOMEGALIA E/OU
NÓDULOS ESBRANQUIÇADOS (GRANULOMAS)

DE FORMAS JOVENS
TRATO GASTROINTESTINAL: HEMORRAGIA E ACÚMULO DE LÍQUIDOS

BAÇO: ESPLENOMEGALIA, PALIDEZ/NECROSE E/OU PRESENÇA DE NÓDULOS


ESBRANQUIÇADOS (GRANULOMAS)

RINS: NEFROMEGALIA, PALIDEZ E OU HEMORRAGIA

Aliado às ações de controle sanitário que já são Recomenda-se que sejam coletados fragmentos
estabelecidas pelos fornecedores de formas jovens 1 de órgãos internos dos animais analisados, sendo uti-
descritas no Item 5.1, é proposta neste item a realiza- ISKNV lizado álcool absoluto (P.A.) como agente fixador, e
ção de triagem de saúde a cada lote de alevinos e ou (Infectious Spleen and Kidney Necrosis Virus) armazenamento pelo período de 1 (um) mês. Dessa
juvenis que serão estocados nas fazendas de tanques- forma, em caso de ocorrência de episódios de mortali-
rede. Para tanto, recomenda-se a coleta de 30 (trinta) dade após a estocagem dos animais nas gaiolas, carac-
animais para realização desta avaliação sanitária, pre- terizadas com taxa de mortalidade igual ou superior a
ferencialmente aqueles que porventura apresentem 0,4%/dia, durante cinco (5) dias consecutivos, o pro-
sinais clínicos de enfermidades de interesse – sendo 2 dutor poderá remeter as amostras de backup para o
coletados os animais ainda nos veículos de transporte FRANCISELOSE laboratório de diagnósticos, juntamente com animais
(Francisella orientalis)
antes de sua transferência para gaiolas. Dessa forma, moribundos coletados durante o episódio de mortali-
garantimos que não haverá contaminação dos animais dade, para realização de diagnóstico de patógenos de
com qualquer patógeno já estabelecido na fazenda de interesse. Nessa ocasião, ressaltamos que as amostras
tanques-rede de destino. armazenadas podem ser utilizadas unicamente para
Entre as principais enfermidades de interesse para 3 detecção molecular de patógenos, sendo inapropria-
realização dessa triagem, foram selecionados patóge- COLUMNARIOSE das para outras análises (exemplos: histopatologia e
nos que podem causar alto impacto sobre as formas (Flavobacterium columnare) cultivo bacteriano, entre outras).
jovens, como listados ao lado:

Necropsia de tilápia
para análises sanitárias

64 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 65


5.2.2
RECEPÇÃO DE ALEVINOS
E FORMAS JOVENS
As formas jovens recebidas devem obrigatoriamen-
te estar acompanhadas de GTA e NFe para rastreabili-

SETORIZAÇÃO DA
dade do trânsito animal. Além disso, deve-se determinar
um local com o melhor fluxo de água, bem como onde
não haja trânsito de peixes de outros setores, além de

PRODUÇÃO
baixo fluxo de embarcações e pessoas. Todos os equi-
pamentos e utensílios utilizados nessa fase devem ser
da própria unidade de produção, evitando ao máximo
o uso compartilhado de utensílios da própria piscicul-
tura, além daqueles utilizados pelo fornecedor de forma
jovem, diminuindo, assim, a possibilidade de veicula-
ção de doenças por fômites. Vale ressaltar que, como
tendência dos principais polos de criação, têm-se reali-
A organização e a disposição dos tanques-rede no ENGORDA: ÁREA DESTINADA À FASE zado mudanças no local de recepção de formas jovens,
corpo hídrico, considerando a faixa etária dos animais INTERMEDIÁRIA DA PRODUÇÃO, dando-se preferência a viveiros escavados e/ou tanques
e a predominância de correntes de água e de ventos, é COMPREENDENDO DE JUVENIS DE elevados, de forma a postergar sua introdução nos tan-
de extrema importância para minimizar a disseminação 30 A 45 GRAMAS ATÉ PEIXES COM ques-redes, alcançando maior eficiência na setorização,
de enfermidades típicas de determinada fase para outra. MÉDIA APROXIMADA DE 250 A 400 bem como promovendo melhorias sobre os cuidados Recepção e aclimatação de
GRAMAS de saúde e bem-estar animal. alevinos em piscicultura
Com isso, os centros de cultivo em tanques-rede devem
estabelecer o fluxo de estocagem de animais em gaiolas
TERMINAÇÃO: ÁREA DESTINADA
de forma a alcançar o distanciamento entre peixes em
À FASE FINAL DA PRODUÇÃO,
fase de alevinagem, recria, terminação e área de isola-
COMPREENDENDO PEIXES DE 400 A
mento. O objetivo desta ação é proporcionar maior dis- 450 GRAMAS ATÉ PEIXES COM MÉDIA
tanciamento entre categorias de animais, ao passo que APROXIMADA DE 900 GRAMAS A 1,7
a pressão sanitária de cada fase de criação não sirva de KG (PESOS DE ABATE)
fonte de contaminação para outro lote mais susceptível,
de acordo com o grupo de risco para determinada en- ÁREA DE ISOLAMENTO: SETOR
fermidade. A seguir, apresentamos a definição didática DESTINADO AOS TANQUES-REDE
de cada setor para melhor entendimento. NOS QUAIS SE ENCONTRAM PEIXES
ENFERMOS OU SOBRE VIGILÂNCIA,
COM OCORRÊNCIA DE MORTALIDADE
RECRIA: ÁREA DESTINADA À FASE ATÍPICA. SUGERIMOS QUE ESSA
MAIS JOVEM DA PRODUÇÃO, ÁREA SEJA A MAIS AFASTADA DAS
COMPREENDENDO DE ALEVINOS DE 1 DEMAIS, PARA TENTAR MINIMIZAR
A 3 GRAMAS ATÉ PEIXES COM MÉDIA A TRANSMISSÃO DE DOENÇAS PARA
APROXIMADA DE 30 A 45 GRAMAS AS DEMAIS FASES DE CRIAÇÃO

66 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 67


SAVANAPUBLICIDADE
MANEJO DE VACINAÇÃO
Pisciculturas que adotam programa de vacinação in-
jetável geralmente realizam o procedimento ao término
da fase de recria, acompanhado do processo da primeira
classificação dos animais. Para tanto, é importante que
a piscicultura disponha de equipamentos e utensílios
(puçá, baldes e bolsa para biometria, entre outros) dedi-
cados unicamente a esta rotina de trabalho, sem o com-
partilhamento com outros setores, bem como disponha
de equipe dedicada para esta finalidade.

CLASSIFICAÇÃO DE
TERMINAÇÃO
Embora não sejam todas as pisciculturas que ado-
tem uma segunda classificação de peixes durante o ciclo
de terminação, muitas empresas realizam este manejo
em animais com peso aproximado de 250 a 400 g – pelo
fato deste manejo ser realizado em animais maiores, so-
bretudo, com maior chance de ocasionar lesões sobre
os animais e, com isso, abrir soluções de continuidade
para contaminação e infecção de agentes oportunistas.
Portanto, é recomendado que as pisciculturas utilizem
equipamentos próprios para este manejo (puçá, bolsa
de pesagem, balança e classificadoras, entre outros), evi-
tando o uso compartilhado entre outras fases de criação.

68 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 69


DESPESCA
Soluções inovadoras
Este é o último manejo realizado no processo pro- em saúde e nutrição
para Aquacultura.
dutivo, sendo manipulados animais prontos para o
abate. Para tanto, é importante destinar equipamentos
adequados e exclusivos para esta operação, bem como
ter equipe de funcionários exclusiva para essa atividade.

A Phibro, empresa líder em saúde e nutrição animal, promove ao mercado


soluções que permitem o gerenciamento de maiores ganhos financeiros.

• Maior vigor do lote cultivado: potencialização do desempenho zootécnico


e performance do animal
• Melhoria da saúde e performance animal = segurança do capital investido
• Maior equilíbrio do ambiente de cultivo
• Redução dos custos de produção: otimização das taxas de sobrevivência,
melhoria da conversão alimentar e aceleração do ciclo de cultivo

70 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 71


5.2.3
O uso de produtos detergentes e desinfetantes não
é recomendado para essa operação, haja vista que estes
produtos diminuem significativamente a durabilidade
dos materiais que compõem as telas. Contudo, caso a
gaiola tenha registrado problemas sanitários nos ani-
mais, com taxa de mortalidade acima do aceitável, a
limpeza e a desinfecção delas se faz essencial a partir
do uso de detergentes biodegradáveis e desinfetantes
apropriados, indicados por órgãos reguladores.
Em adição, rotineiramente deve-se realizar a remo-
ção de comedouros e bolsões para adequada limpeza e
desinfecção. Como estas estruturas apresentam maior

PROCEDIMENTO
capacidade de fixação de bioencrustação, bem como
possui contato direto com animais moribundos, além
de animais que porventura morreram na criação, tor-

DE LIMPEZA E
na-se imprescindível determinar uma rotina de remo-
ção, lavagem com água sobre pressão, somado ao uso
de detergentes apropriados e, por fim, uso de solução
desinfetante que promova e descontaminação ade- Lavagem e higienização de tanques-rede

MANUTENÇÃO DE
quada deste utensílio. em área separada da produção

GAIOLAS, COMEDOUROS
E BOLSÕES
A prática de higienização das gaiolas utilizadas
para criação de peixes faz parte da rotina de todas as
pisciculturas em tanques-rede. Para tanto, é impor-
tante que este procedimento seja realizado fora do
reservatório em local apropriado, de forma a evitar a
eliminação de resíduos sólidos e contaminantes para o
ambiente de criação. Contudo, para fazendas que uti-
lizam tanques-rede de grande volume, não é possível
realizar a remoção das gaiolas da água devido ao seu
grande volume. Dessa forma, é recomendado destinar
uma área mais afastada da produção, contendo estru-
turas necessárias de içamento e higienização por meio
de água sobre pressão para remoção de bioencrusta-
ção que se fixa sobre as telas.

72 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 73


5.2.4
CONTROLE DE AVES E
PEIXES DE VIDA LIVRE C

CM

As aves, especialmente àquelas piscívoras e migra- ma, com a dificuldade na captura de peixes, naturalmen- MY

tórias, são atraídas para o ambiente de tanques-rede te as aves buscarão outros locais para obter seu alimento. CY

pela disponibilidade de peixes em criação, bem como Da mesma forma que as aves, os peixes de vida livre CMY

de ração. Além disso, esses animais podem atuar no são atraídos para a área de produção animal devido à K

carreamento de agentes infecciosos para os centros de disponibilidade de alimentos, animais e/ou ração, que
criação, além de poder ocasionar lesões nos animais porventura escapem das gaiolas. Esses animais também
devido às tentativas de capturas de peixes, estresse e até devem ser encarados como potenciais agentes de dis-
mesmo mortalidade de peixes. Como medida para mi- seminação de doenças para o ambiente de criação em
tigação da presença de aves no ambiente de criação em gaiolas. Portanto, as pisciculturas devem implementar
gaiolas, recomenda-se construir tanques-rede com altura estratégias de boas práticas de produção para assegurar
suficiente entre a tampa da gaiola até a lâmina d’água para a manutenção regular de gaiolas, comedouros e bolsões
que as aves não acessem os animais em criação. Dessa for- para mitigar o escape de ração e alevinos e ou juvenis.

74 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 75


5.2.5
PROGRAMAS DE
IMUNOPROFILAXIA ATIVA
As vacinações representam, atualmente, um dos Vacinação injetável de Tilápia

principais pilares de gestão sanitária nas diferentes ca-


deias de produção de proteínas animais, não sendo
diferente na piscicultura intensiva. Os procedimentos IDADE DOS ANIMAIS: Para otimizar o sucesso das vacinações, os progra-
de imunização têm se tornado também cada vez mais UMA VEZ DEMONSTRADOS mas podem ser combinados de acordo com a estratégia
OS TESTES DE SEGURANÇA, AS
importantes para o sucesso dos empreendimentos aquí- e o desafio sanitário de cada fazenda ou polo produtivo.
VACINAS PODEM SER APLICADAS
colas, refletindo-se positivamente em diversos aspectos A associação de vacinas de imersão em fases precoces,
EM TODAS AS FASES DE VIDA DOS
produtivos e ambientais, tais como melhora de sobre- ANIMAIS DE ACORDO COM O seguida da posterior utilização de vacina injetável como
vivência e produtividade dos sistemas, diminuição da PROGRAMA VACINAL DELINEADO efeito “booster” e/ou reforço vacinal em fases mais avan-
pressão de patógenos no ambiente, melhoria do bem- çadas de produção, apresenta-se como um dos exem-
estar animal, diminuição do uso de antimicrobianos, plos de programas combinados de vacinação.
elevação dos quesitos de segurança ambiental e alimen- Um importante trabalho de monitoramento sanitá-
tar, bem como diminuição de lesões e descarte de carca- rio deve ser realizado pelos técnicos de campo a fim de
ça em frigoríficos. assegurar o ótimo status de saúde dos peixes previamen-
TIPOS DE VACINA:
Diversos fatores podem influenciar o máximo po- te à vacinação. Para se alcançar uma robusta e consisten-
DIFERENTES APRESENTAÇÕES DE
tencial de um programa vacinal, seja este em pequena te resposta imunológica faz-se necessária a vacinação de
VACINAS SÃO DISPONIBILIZADAS
escala em uma fazenda isolada ou em grande escala em AO MERCADO ATUALMENTE, COM lotes e populações de peixes saudáveis, inclusive livres de
um polo produtivo (reservatório hidroelétrico) com- DESTAQUE PARA AS VACINAS enfermidades subclínicas. Somada a essas ações, os for-
partilhado por diversos produtores. Todos esses fatores DE IMERSÃO, VACINAIS ORAIS E necedores de vacinas devem assegurar o abastecimento
em conjunto contribuem para expressar a máxima per- VACINAIS INJETÁVEIS de produtos que ofereçam segurança e eficácia desejável
formance desse importante manejo sanitário, como: seguindo as normativas governamentais.

76 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 77


5.3
• Tanques elevados: são concebidos em tanques fa-
bricados com diferentes tipos de materiais e formatos,
ou seja, há um revestimento que inibe o contato com a
terra. Podem ser recobertos ou não por estufas, nas quais
os peixes são cultivados em maior densidade, geralmente
sem acesso ao alimento natural, e onde os resíduos, geral-
mente, são tratados e a água é reutilizada. Também po-
dem ser abertos, no caso de sistemas de fluxo contínuo

Dada as especificidades da criação de peixes em vi-


veiros escavados, bem como em tanques elevados aqui
descritos, abordaremos nos itens a seguir as medidas

CRIAÇÃO EM
de biosseguridade específicas a esse modelo de criação
animal. Ressaltamos que muitas ações direcionadas ao
controle da introdução e disseminação de patógenos

VIVEIROS ESCAVADOS
são genéricas a todos os sistemas de criação de peixes,
sendo estas abordadas no Item 4 deste documento.

E TANQUES ELEVADOS
A criação de peixes em viveiros escavados é predo-
minante entre as espécies nativas brasileiras, bem como
na criação de tilápia no sul do Brasil, além de fazer cada
vez mais parte da estratégia de setorização de fases jo-
vens para os produtores em tanques-rede, os quais vêm
migrando para um modelo misto de produção (viveiro
escavado, tanques elevados e tanques-rede). As orienta-
ções técnicas a seguir estão voltadas para sistemas con-
vencionais de produção de peixes em viveiros de terra,
além de sistemas intensivos de produção desenvolvidos
em terra (e não em tanques-rede). Para tanto, contare-
mos com as seguintes definições:
• Viveiros de terra: são estruturas construídas para
a prática da piscicultura, nas quais os viveiros são con-
feccionados em terra, a partir do trabalho de máquinas.
Os peixes são criados com a presença do solo natural e a
produtividade primária é estimulada. No caso de peixes
filtradores e onívoros, há aproveitamento do alimento
natural, além da ração, que é utilizada. Podem ser abertos
ou fechados (com recirculação e tratamento de água)

78 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 79


5.3.1 5.3.2
PROTOCOLO DE SETORIZAÇÃO DA
AVALIAÇÃO SANITÁRIA PRODUÇÃO
DE FORMAS JOVENS
Para sistemas de criação de peixes em viveiros esca-
vados e/ou similares, podemos alcançar maior efetivi-
dade das ações de setorização. Diferentemente dos sis-
Com o objetivo de estabelecer estratégia para realizar temas de criação em tanques-rede, os quais geralmente
a avaliação clínico-sanitária de todos os lotes de formas utilizam grandes corpos hídricos compartilhados entre
jovens durante o procedimento de estocagem em vivei- vários centros de produção, para viveiros escavados e
ros escavados, bem como em tanques elevados, preconi- ou tanques elevados, a setorização sanitária de cada
zamos o mesmo protocolo de avaliação descrito no Item unidade de criação animal constitui-se de medidas
5.2.1 para recepção de formas jovens em tanques-rede. fundamentais que fazem parte desde a implantação do
No entanto, temos condições diferenciadas de criação empreendimento, a fim de proporcionar maior contro-
animal após sua estocagem nos viveiros escavados, sendo le sanitário do sistema produtivo. Dessa forma, aborda-
essencial ao empreendimento aquícola adotar boas prá- mos os cuidados que recomendamos em setorização
ticas de criação que assegurem adoção de fontes exclusi- conforme a fase de criação animal, como segue abaixo:
vas para abastecimentos de água, bem como para capta-
ção dos efluentes, projetadas de forma individualizadas
a cada viveiro ou unidade produtiva, zelando pela não
comunicação entre estas unidades. Com essa medida,
evita-se a disseminação de patógenos entre diferentes
unidades produtivas via transmissão hídrica. Da mesma
forma, cuidados especiais devem ser atribuídos ao uso
compartilhados de utensílios nessas unidades produti-
vas, uma vez que esses podem atuar como fômites para
veiculação de patógenos entre diferentes viveiros.

80 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 81


RECEPÇÃO DE ALEVINOS CLASSIFICAÇÃO E
E IMPLANTAÇÃO DE MANEJO DE VACINAÇÃO
VAZIO SANITÁRIO
Da mesma forma como realizado em criação de pei-
xes em tanques-rede, o manejo de classificação torna-se
essencial para criação de peixes em viveiros escavados e
Sabe-se que as formas jovens se constituem na fase dos viveiros de terra, permitindo a ação dos raios solares, sistemas intensivos. Geralmente, esse procedimento é
de criação mais sensível do ciclo produtivo, sendo em que são essenciais para promover a oxidação da matéria realizado ao término da fase de alevinagem, a qual preci-
sua maioria a fase que acumula maiores taxas de morta- orgânica e a desinfeção da camada superior de solo dos sa classificar as formas jovens até então obtidas para se-
lidade. No entanto, como o valor monetário de formas viveiros. Aliada à ação de secagem dos viveiros de ter- rem transferidas para as fases de engorda e terminação.
jovens é menor em relação aos animais adultos, muitas ra, é importante que se estabeleça uma rotina anual de Para realização desse procedimento, devem ser adotadas
vezes as perdas nessa etapa inicial não impactam for- secagem e remoção dos sedimentos que se acumulam medidas de Boas Práticas de Manejo, que zelem pelo
temente as receitas do empreendimento aquícola, ao no fundo desses viveiros, sendo essencial para manter a bem-estar animal bem como pela saúde do plantel. Me-
passo que se torna um problema negligenciado. Casos qualidade de água e a seguridade sanitária para animais didas adicionais, tais como utilização de equipamentos
excepcionais têm ocorrido com a introdução de novas que serão produzidos nos ciclos seguintes. e utensílios exclusivos a esse procedimento, promovem
doenças que são altamente impactantes para formas Somado ao manejo de vazio sanitário, secagem e maior seguridade sanitária do plantel.
jovens (exemplo: ISKNV). Por esse motivo, torna-se raspagem de viveiros escavados, cada empreendimento Aliado ao manejo de classificação, o uso de ferra-
essencial estabelecermos protocolos estruturados de deve avaliar a necessidade de realização de calagem des- mentas para realizar a imunoprofilaxia ativa por meio
forma adequada para esta fase de criação animal, bem sas unidades. Para tanto, recomendamos os protocolos de vacinação das formas jovens têm se tornado cada vez
como estabelecer gatilhos de monitoramento e comu- descritos por Queiroz & Boeira (2006), os quais des- mais rotineiro, não somente para sistemas de criação em
nicação de problemas ao SVO (vide Item 4.6). crevem os critérios necessários para tomada de decisão tanques-rede, mas também para criações em viveiros
Para criações em viveiros escavados, bem como em para realização de protocolos de correção por meio de escavados e sistemas intensivos. Geralmente, o manejo
tanques elevados, a setorização da produção é uma prática calagem dos viveiros escavados. Por outro lado, ressalta- de vacinação ocorre junto ao procedimento de classifi-
que se estabelece no projeto de implantação do empreen- mos que para sistemas intensivos, os quais não possuem cação dos animais, sendo então os animais realocados
dimento. Cuidados especiais devem ser tomados para que influência do sedimento e solo na criação animal, esse para fases seguintes de produção.
não ocorra o uso compartilhado de utensílios (exemplos: procedimento não se aplica.
puçás, redes de captura e tarrafas, entre outros itens) com Para centros de criação que utilizam sistemas in-
as fases de crescimento e engorda. Da mesma forma, ao tensivos de criação, por meio de tanques elevados e/ou
término do ciclo de criação de formas jovens e sua trans- geomembranas, o protocolo para vazio sanitário e de-
ferência para a fase seguinte de crescimento, torna-se sinfecção das estruturas deve ser feito de forma diferen-
essencial implantar o conceito de “all-in all-out”, que basi- te em relação aos viveiros de terra. Para tanto, ao realizar
camente é o vazio sanitário, somado às ações de limpeza e as despescas das formas jovens (geralmente juvenis), o
desinfecção das unidades de criação animal que precedem conceito “all-in all-out” também deve ser empregado.
a estocagem de novos lotes. Com essa medida, pode-se No entanto, diferentemente dos viveiros de terra, reco-
estabelecer uma quebra do ciclo de transmissão de patóge- menda-se que sejam realizadas lavagem e desinfecção
nos entre diferentes lotes que porventura sejam criados na dessas unidades produtivas antes da estocagem de no-
mesma unidade produtiva, porém em diferentes tempos, vos lotes, sem a necessidade de um longo período para
zelando pela seguridade sanitária do centro de cultivo. secagem e ação de raios solares. No procedimento de
Aliado ao manejo de vazio sanitário é importante lavagem, recomenda-se o uso de detergentes biodegra-
que os empreendimentos estabeleçam período míni- dáveis para remoção do biofilme bacteriano e incrusta-
mo de 3 a 7 dias, dependendo do tamanho da unidade ções para que, em seguida, após o enxágue, seja aplicado
produtiva, para que possa secar naturalmente o fundo desinfetante apropriado às instalações.
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Copyright Zoetis Indústria de Produtos Veterinários Ltda. Todos os direitos reservados. Material produzido Dez/20. SAC: 0800 011 19 19
DESPESCA
A proteção irretocável | Vacina para tilápias

Ao término do ciclo produtivo, é realizada a despes-


ca dos animais aptos ao processamento e à comercializa-
ção, da mesma forma como realizado em tanques-rede.
No entanto, um ponto importante para se atentar a este
procedimento é que seja feita a despesca total da unidade
produtiva, implantando o vazio sanitário com limpeza e
desinfecção logo após a retirada dos animais, com aplica-
ção de produtos, como cal virgem, cal hidratada ou cloro
nas poças remanescentes da despesca, de forma que o
viveiro esteja apto à estocagem de novos peixes.
Para viveiros escavados especialmente, muitas vezes
ocorre o uso compartilhado de redes de arrasto en-
tre diferentes propriedades. Esta prática é fortemente
contraindicada, uma vez que dada a dificuldade em se
efetivar um procedimento adequado de limpeza e de-
sinfecção desse utensílio o seu uso compartilhado pode
caracterizar-se como potencial fômite na dispersão de
agentes infecto parasitários, como por exemplo ovos
e/ou cistos de parasitos, como Perulernaea gamitanae
e Acanthocephala no cultivo de peixes redondos, entre
outros patógenos.

Redes devidamente higienizadas para


realização de despesca em pisciculturas

SEGURA, EFICAZ E COM


LONGA DURAÇÃO DE IMUNIDADE

84 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 85


5.3.3
CAPTAÇÃO DE
ÁGUA E CONTROLE
SOBRE EFLUENTES
fitoplâncton e zooplâncton e consequente estabiliza- alterações nos parâmetros estabelecidos pelo Conselho
ção da qualidade de água previamente ao povoamento Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) Nº 357,
de animais. Contudo, essa prática não se aplica no caso somados aos índices de qualidade ambiental (IQA), re-
de sistemas intensivos com recirculação de água que comenda-se suspender imediatamente o lançamento no
Nos sistemas de produção que empregam a cap- utilizam filtros externos e preconizam a manutenção corpo hídrico receptor até mitigar o impacto causado.
tação de águas de ambientes naturais (lagos, rios, de “água clara”. Além disso, como forma de promover Para criação de animais aquáticos, torna-se essencial
represas, lençóis freáticos e mares), recomenda-se a melhor qualidade ambiental aos animais em criação, é realizar as análises físico-químicas da água periódicas, de
instalação de filtros ou outras barreiras que impeçam altamente recomendável o uso de probióticos e biorre- acordo com as condicionantes das Licenças Ambien-
a entrada de organismos indesejados na criação. Por mediadores para a minimização do acúmulo de matéria tais de Operação de cada empreendimento e planos de
outro lado, nos sistemas de produção que empregam orgânica no fundo dos viveiros e melhoria da qualidade monitoramento ambientais, entre outras normas vigen-
a captação de água de poços artesianos profundos e de água e solo. tes para cada unidade federativa, bem como da União.
regularizados, bem como de redes de distribuição, a Da mesma forma, cada empreendimento aquícola A realização do monitoramento regular da qualidade
desinfecção da água é recomendada apenas se forem deve planejar e implementar medidas para minimizar da água traz, ainda, grandes benefícios para tomada de
identificados organismos que possam comprometer a os impactos provocados pelos efluentes líquidos ao decisão na operação, bem como promove a preservação
saúde dos animais da produção. meio ambiente e à saúde pública, atendendo às condi- de condições de qualidade ambiental necessárias para
Em adição, uma prática amplamente utilizada em cionantes do licenciamento ambiental. Para tanto, o promover o bem-estar animal durante o ciclo produti-
viveiros escavados, especialmente na criação de espécies cuidado especial deve ser atribuído ao tratamento de vo, impactando as condições de saúde dos peixes, além
nativas, é a fertilização. Para tanto, devem ser emprega- seus efluentes, por meio de filtração, decantação, uso de de influenciar diretamente os índices zootécnicos dos
dos fertilizantes inorgânicos, visando à proliferação de probióticos e biorremediadores. Quando identificadas animais em criação.

86 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 87


5.3.4
manual do sedimento acumulado no fundo (Figura
7c). Esse procedimento de raspagem pode ser realizado
com o uso de diferentes ferramentas, bem como com o
uso de máquinas em viveiros de maior dimensão. É im-
portante salientar que esse resíduo coletado possui alta
concentração de materiais orgânicos e minerais, geral-
mente sendo utilizado em adubação de pastagens, entre
outras culturas agrícolas. Por fim, é realizada a calagem
do viveiro por meio de cal virgem (entre 50 a 150 g/m2) Processo de secagem, limpeza e desinfecção
de viveiros escavados destinados a matrizes e
conforme o histórico sanitário daquela unidade produ- reprodutores de tilápia. Inicialmente, é feita a
tiva (Figura 7d), assegurando condições de desconta- drenagem do viveiro (a), sendo necessário deixar
alguns dias a sol para que ocorra a secagem do
minação necessária para estocagem de novos lotes de sedimento (b) para que, em seguida, seja feita a

PROCEDIMENTO DE
animais para criação. raspagem (c) e a calagem (d).

LIMPEZA E MANUTENÇÃO
DE VIVEIROS
O procedimento de limpeza e desinfecção de vivei-
ros escavados deve ser ajustado de acordo com as carac-
terísticas utilizadas em cada ciclo de criação, uma vez
que viveiros que adotam altas densidades de estocagem,
necessariamente, requerem, a cada ciclo produtivo, a re-
alização de procedimentos de vazio sanitário, secagem
e remoção de sedimentos. Por outro lado, para viveiros
com baixa densidade de estocagem, aliados ao uso de
produtos biológicos biorremediadores, não se requer
tamanha frequência de remoção de sedimentos. Para to-
mada de decisão para realização desses procedimentos,
entre outros fatores produtivos, deve ser considerado o
histórico sanitário do último lote de peixes produzidos,
sendo altamente recomendado em casos de registro de
problemas sanitários.
Na Figura 7, pode-se notar a sequência de ações ado-
tadas para realização desse procedimento de limpeza e
desinfecção em viveiros escavados. Inicialmente, logo
após a despesca dos animais nota-se grande quantida-
de de lama e sedimento acumulado (Figura 7a), que a
partir da ação de raios solares alcança a secagem (Figu-
ra 7b), que por sua vez facilita o processo de raspagem

88 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 89


5.3.5
CONTROLE DE AVES E
PEIXES DE VIDA LIVRE
Redes e estrutura de proteção
para pássaros e outros animais

O acesso de animais externos à criação animal pode


representar riscos sanitários ao empreendimento aquí-
cola. Dessa forma, deve-se limitar o acesso às instalações
de criação de peixes de animais domésticos e silvestres
(exemplos: instalação de cercas e telas antipássaros).
Associado a essa estratégia, é importante implementar
formas para impedir o escape de peixes criados para o
ambiente natural, reduzindo principalmente o risco de
disseminação de doenças dos centros de cultivo ao am-
biente natural, além dessa ação mitigar o escape de espé-
cies de peixes exóticas que porventura sejam utilizadas
na exploração aquícola.
Atenção especial deve ser atribuída à presença de
aves piscívoras migratórias que adentram os ambientes
de criação em viveiros escavados, bem como em tanques
elevados. Esses animais são importantes causadores de
prejuízos econômicos, associados à predação de formas
jovens, além de poder atuar como transportadores de
patógenos, especialmente pela eliminação fecal. A me-
lhor estratégia de contenção dessas aves é por meio da
instalação de telas antipássaro, incluindo proteções late-
rais com telas ou, quando aplicável, instalação de cerca
elétrica para contenção de acesso por outros animais.

90 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 91


5.3.6
PROGRAMAS DE
IMUNOPROFILAXIA ATIVA
A partir da intensificação da criação de peixes em
viveiros escavados e sistemas relacionados, os agentes
patogênicos antes tradicionais em tanques-redes (Item
5.2.6) passaram a manifestar maior impacto na rotina
desses sistemas de criação. Da mesma forma, as ferra-
mentas de imunoprofilaxia ativa realizadas por diferen-
tes formas de vacinação (injetável e banho de imersão,
além de vacinas orais) estão fazendo parte das ferramen-
tas de saúde utilizadas em criações de viveiros escavados
e em sistemas relacionados. Com isso, pode-se propor-
cionar maior segurança sanitária para os peixes em cria-
ção, reduzindo o uso de antimicrobianos, zelando pelo
bem-estar animal, além da segurança alimentar aos con-
sumidores de peixes. Essas vantagens somam-se ainda à
redução de descartes de animais em plantas frigoríficas,
muitas vezes relacionadas à infecção crônica por dife-
rentes agentes bacterianos.

92 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 93


ANEXO REFERÊNCIAS
CONTROLE SANITÁRIO PROCESSO RISCO ESPECÍFICO

Entrada de agentes
Perímetros de acesso
Entrada de agentes

Desinfecção de veículos Entrada de agentes de clientes BUENO, P.; TAPIAS, R.; LÓPEZ, F.; DÍAZ, M. J. Optimizing composting parameters for nitrogen
Entrada de patógenos nas unidades
conservation in composting. Bioresource Technology, 99(11): 5069-5077, 2008.
Pedilúvio Entrada de agentes nas unidades
Medidas de Desinfecção ineficiente
biossegurança
estabelecidas Sinais - placas Contaminação horizontal BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CO-
Gestão de Pragas Entrada de agentes e contaminação horizontal
NAMA. Resolução n. 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos cor-
Entrada ou transmissão de agentes
Treinamento
por falta de conhecimento pos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
Entrada de visitas Entrada do agente condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providencias. Disponível em:
Entrada do visitante Contaminação horizontal de unidades
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em 12/03/2021.
Movimento de equipamentos Contaminação horizontal de unidades
Controle de
Movimento de materiais Contaminação horizontal de unidades
movimento
Limpeza de hapas/redes Contaminação horizontal de unidades BRASIL, Ministério da Pesca e Aquicultura. Manual de coleta e remessa de amostras para
Matrizes Admissão de patógenos de outras áreas geográficas
Movimento de
diagnóstico de enfermidades de animais aquáticos na Rede Nacional de Laboratórios do
Alevinos Admissão de patógenos de outras áreas geográficas
material biológico
Juvenil Admissão de patógenos de outras áreas geográficas
Ministério da Pesca e Aquicultura - RENAQUA. p. 67, 2013. Disponivel em: https://www.gov.
Vigilância Núcleo Diagnóstico precoce da doença br/agricultura/pt-br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-
Vigilância Núcleo Aleatória Diagnóstico precoce da doença
-saude-animal/arquivos-programas-sanitarios/ManualdeColetaRenaqua.pdf. Acesso em
Vigilância
Amostragem de produção de peixe Diagnóstico precoce da doença
12/03/2021.
Entrada ou transmissão de agentes
Treinamento
por falta de conhecimento

Monitoramento de variáveis Risco de baixa imunidade do grupo

Registros de OD Mortalidade e baixa imunidade do grupo


QUEIROZ, J. F.; BOEIRA, R.C. Calagem e Controle da Acidez de Viveiros de Aquicultura.
Qualidade da água
Decantação e filtro Mortalidade e baixa imunidade do grupo Jaguariúna, SP: Embrapa Meio Ambiente, 2006 a (Circular Técnica No.14/2006). Disponivel
Qualidade microbiológica da água Entrada de agente do exterior
em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/12267/1/circular_14.pdf. Acesso
Planejamento de atividades Alta disseminação de patógenos

Equipes Alta disseminação de patógenos


em 12/03/2021.
Extração de mortalidade Alta disseminação de patógenos
Gestão da
mortalidade
Entrada ou transmissão de agentes
Treinamento
por falta de conhecimento

Disposição final Contaminação cruzada

Disseminação de agentes patogénicos


Secagem e remoção de restos
alta para outras gerações

Vazio sanitário Disseminação de agentes patogénicos


Remoção de peixe vivo
dos tanques alta para outras gerações

Disseminação de agentes patogénicos


Acrescentar cal
alta para outras gerações

94 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR 95


96 GUIA BIOSSEGURIDADE PEIXE BR

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