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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

CONSELHO DE POLÍTCAS E GESTÃO DO MEIO AMBIENTE – CONPAM


SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – SEMACE

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO
BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO
ESTADO DO CEARÁ

CONVÊNIO PETROBRAS/FCPC/SEMACE/UFC
FORTALEZA - 2007
© FCPC, 2007
Elaborado pela Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura - FCPC
Av da Universidade, 2995 - Benfica - CEP: 60020-181
Fone: (85) 3243.1620 - Fax: (85) 3243.5381
Fortaleza - Ceará
Sítio: www.fcpc.ufc.br

Publicado pela Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura - FCPC

Para obter cópias desta publicação:


Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE
Rua Jaime Benévolo, 1400 - Fátima - CEP: 60050-081
Fortaleza - Ceará
Telefone: (85) 3101.5568
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C387z Ceará. Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura.


Zoneamento Ecológico-Econômico do Bioma Caatinga e Serras Úmidas do
Estado do Ceará / Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura - FCPC – Fortaleza:
PETROBRAS / FCPC / SEMACE / UFC, 2007.
215 p.; il.
Convênio: PETROBRÁS / FCPC / SEMACE / UFC N.º 2500.0020325.06.4
1 - Zoneamento ecológico-econômico - Ceará. 2 - Caatinga - Ceará. 3 - Serras
Úmidas - Ceará. 4 - Biodiversidade - Ceará. I - Fundação Cearense de Pesquisa e
Cultura. II - Título.
CDU: 581.524.4 (813.1)
Cid Ferreira Gomes
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

André Barreto Esmeraldo


PRESIDENTE DO CONSELHO DE POLÍTICAS E GESTÃO DO MEIO AMBIENTE

Maria Tereza Bezerra Farias Sales


SECRETÁRIA EXECUTIVA DO CONSELHO DE POLÍTICAS E GESTÃO DO MEIO AMBIENTE

Maria Dias Cavalcante


COORDENADORA DE POLÍTICAS AMBIENTAIS DO CONSELHO DE POLÍTICAS E GESTÃO DO
MEIO AMBIENTE

Herbert de Vasconcelos Rocha


SUPERINTENDENTE DA SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

Altamir Mendes Almeida Gomes de Moura


SECRETÁRIA GERAL DA SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE

José Meneses Junior


COORDENADOR DA COORDENADORIA FLORESTAL
EQUIPE TÉCNICA

Coordenação
Tadeu Dote Sá

Gerência
Raimundo Mariano Gomes Castelo Branco

Equipe de Elaboração
Alzeni Dantas de Almeida Gonçalves
Ana Beatriz Jucá de Queiroz
Antônio Marcos César de Almeida
Auricélia Ferreira Lopes
Carlos Henrique da Costa Guilherme
Christina Bianchi
Ciro Albano Ginez
Cleomar Ferreira Santos Lira
Dejane Alcântara Barbosa Leite
Diego Crisóstomo Carvalho Ferreira
Eder Mileno Silva de Paula
Edla Guedes Lundgren Maia
Francisco Hiran Farias Costa
Frederico de Holanda Bastos
Igor Joventino Roberto
Jader de Oliveira Santos
José Danilo Lopes de Oliveira
Luiz Bianchi
Marcos José Nogueira de Souza
Marcos José Nogueira de Souza Filho
Maria Elisa Zanella
Maria Lúcia Brito da Cruz
Olga Melissa Moreira Prado
Paulo Silas de Sousa
Paulo Thieres Pinto
Pedro Carvalho de Oliveira Neto
Pedro Igor Bezerra de Morais
Raimundo Gonçalves Ferreira
Raimundo Mariano Gomes Castelo Branco
Tadeu Dote Sá
Vládia Pinto Vidal de Oliveira
Weber Andrade Girão e Silva
Apoio
Daniel Dantas Moreira Gomes
Daniel Nilson Sá Lima
Geórgia Pitombeira Figueiredo
Ícaro de Paiva Oliveira
Thiago da Silva Albuquerque
Thiago Mafra

Revisão Ortográfica
José Vianney Campos de Mesquita

Normalização Bibliográfica
Zuleide Lopes Leandro

Edição, Criação e Editoração Eletrônica


Sílvio Clêstone Freitas dos Santos

EQUIPE DE ACOMPANHAMENTO
Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE
Arilo dos Santos Veras Júnior
José Meneses Júnior

Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente - CONPAM


Maria Dias Cavalcante

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO | BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO ESTADO DO CEARÁ


ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO
BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO
ESTADO DO CEARÁ

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Mapa de localização da área de estudo...............................................................................24


FIGURA 2 - Fluxograma metodológico....................................................................................................36
FIGURA 3 - Fluxograma da metodologia.................................................................................................39
FIGURA 4 - Fluxograma dos procedimentos operacionais do ZEE..........................................................40
FIGURA 5 - Unidades de intervenção.....................................................................................................96
FIGURA 6 - Mapa do zoneamento........................................................................................................100
FIGURA 7 - Distribuição espacial da Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas
(ZPAsc)..............................................................................................................................104
FIGURA 8 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas
(ZRAmr)............................................................................................................................107
FIGURA 9 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de
Agrupamentos de Inselbergs (ZRAci)...............................................................................109
FIGURA 10 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu)...111
FIGURA 11 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs)................113
FIGURA 12 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs)................................116
FIGURA 13 - Distribuição espacial da Zona de Degradação Ambiental ConFIGURAda e de Recuperação
Ambiental (ZDAd).............................................................................................................118
FIGURA 14 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv).............................120
FIGURA 15 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
das Serras Úmidas (ZUSsu)...............................................................................................122
FIGURA 16 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Tabuleiros Interiores e Pré-Litorâneos (ZUSt)............................................................124
FIGURA 17 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
da Chapada do Apodi (ZUScap)........................................................................................126
FIGURA 18 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
da Chapada do Araripe e dos rebordos e patamares (ZUScar)........................................128
FIGURA 19 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
do Planalto da Ibiapaba (ZUSpi).......................................................................................130
FIGURA 20 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Sertões Pré-Litorâneos do Baixo Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss)....
132
FIGURA 21 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Sertões de Iguatu (ZUSsi)..........................................................................................134
FIGURA 22 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Sertões do Salgado e do Cariri (ZUSssc)....................................................................136
FIGURA 23 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Sertões Úmidos do Cariri (ZUSsuc)............................................................................138
FIGURA 24 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural
dos Sertões do Baixo Acaraú e Coreaú (ZUSbac).............................................................140

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais.................................................70


QUADRO 2 - Zona de Preservação Ambiental das Matas Ciliares de Planícies Fluviais (ZPAmc).......102
QUADRO 3 - Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc)...........102
QUADRO 4 - Zona de Proteção Paisagística e Cultural (ZPPc)............................................................105
QUADRO 5 - Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas Frágeis (ZRAmr).......105
QUADRO 6 - Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de Agrupamentos de Inselbergs
(ZRAci)...........................................................................................................................108
QUADRO 7 - Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu).......................................110
QUADRO 8 - Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs)...................................................112
QUADRO 9 - Zona de Recuperação Ambiental de Planícies Fluviais (ZRApf).....................................114
QUADRO 10 - Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs)...................................................................114
QUADRO 11 - Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental (ZDAd).....117
QUADRO 12 - Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv)................................................................119
QUADRO 13 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural das Serras Úmidas
(ZUSsu)..........................................................................................................................121
QUADRO 14 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Tabuleiros Interiores
e Pré-Litorâneos (ZUSt).................................................................................................123
QUADRO 15 - .. Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Apodi
(ZUScap)........................................................................................................................125
QUADRO 16 - .Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Araripe
e dos rebordos e patamares (ZUScar)...........................................................................127
QUADRO 17 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural do Planalto da Ibiapaba
(ZUSpi)..........................................................................................................................129
QUADRO 18 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Pré-
Litorâneos do Baixo Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss).....................131
QUADRO 19 - ..Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões de Iguatu
(ZUSsi)...........................................................................................................................133
QUADRO 20 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Salgado
e do Cariri (ZUSssc).......................................................................................................135
QUADRO 21 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Úmidos do
Cariri (ZUSsuc)...............................................................................................................137
QUADRO 22 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Baixo
Acaraú e Coreaú (ZUSbac).............................................................................................139
QUADRO 23 - Objetivos e normas do zoneamento das ZPA’s.............................................................141
QUADRO 24 - Objetivos e normas do zoneamento da ZPPc................................................................142
QUADRO 25 - Objetivos e normas do zoneamento das ZRA’s.............................................................143
QUADRO 26 - Objetivos e normas do zoneamento da ZDA.................................................................144
QUADRO 27 - Objetivos e normas do zoneamento das ZUS’s.............................................................145
QUADRO 28 - Objetivos e normas do zoneamento da ZUSurb...........................................................145
QUADRO 29 - Cenário tendencial e desejável nas áreas de influência do bioma Caatinga e Serras
Úmidas..........................................................................................................................159
QUADRO 30 - Problemas ambientais nas áreas do Bioma Caatinga e Serras Úmidas.........................163
QUADRO 31 - Quadro-síntese sobre as partes interessadas e expectativas com a implementação do
ZEE do Bioma Caatinga e Serras Úmidas.......................................................................168

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LISTA DE SIGLAS

ANA - Agência Nacional de Águas


APA - Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico
ASA - Articulação do Semi-Árido
ASD - Áreas Susceptíveis à Desertificação
CCD - Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca
CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba
COELCE - Companhia Energética do Ceará
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
COP3 - Partes da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GTZ - Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICV - Índice de Condições de Vida
IDT - Instituto de Desenvolvimento do Trabalho
INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
ITR - Imposto Territorial Rural
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra
ONGs - Organizações Não Governamentais
PAN - Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação
PDDU - Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
PNDU - Plano Nacional de Desenvolvimento Urbano
PPA - Plano Plurianual
PREVINA - Programa de Prevenção, Monitoramento, Controle de Queimadas e Combate aos
Incêndios Florestais
PZEE - Programa do Zoneamento Ecológico-Econômico
RIMA - Relatório de Impacto Ambiental
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
SAE/PR - Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República
SDS - Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente
SIG - Sistema de Informações Georreferenciadas

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SIPAM - Sistema de Proteção da Amazônia
SINE - Sistema Nacional do Emprego
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SRH - Secretaria dos Recursos Hídricos
ZEE - Zoneamento Ecológico-Econômico
ZPA - Zona de Preservação Ambiental
ZPP - Zona de Proteção Paisagística
ZUS - Zona de Uso Sustentável

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS . ................................................................................................................... 09
LISTA DE QUADROS........................................................................................................ 10
LISTA DE SIGLAS......................................................................................................................... 11
APRESENTAÇÃO......................................................................................................................... 15
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 19
2 O PROGRAMA ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO – PZEE: CONCEPÇÕES E
ESTRATÉGIAS..................................................................................................................... 20
3 OBJETIVOS......................................................................................................................... 22
3.1 Geral.................................................................................................................................. 22
3.2 Específicos......................................................................................................................... 22
4 CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO CEARÁ.......................................................... 24
5 ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS E OPERACIONAIS.............................................................. 29
5.1 Conceitos e princípios........................................................................................................ 29
5.2 Procedimentos................................................................................................................... 30
5.2.1 Planejamento............................................................................................................................ 30
5.2.2 Diagnóstico................................................................................................................................ 31
5.2.2.1 Diagnóstico geoambiental.........................................................................................................31
5.2.2.2 Diagnóstico socioeconômico.....................................................................................................36
5.3 Aspectos da legislação ambiental pertinente para o ZEE.................................................... 41
5.3.1 Recursos hídricos...................................................................................................................... 41
5.3.2 Da defesa permanente contra as secas..................................................................................... 42
5.3.3 Competência para legislar sobre recursos hídricos................................................................... 43
5.3.4 Ordenamento territorial do município...................................................................................... 44
5.3.5 Do uso e ocupação do solo urbano........................................................................................... 44
5.3.6 Do plano diretor municipal.......................................................................................................46
6 AS BASES DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO BIOMA CAATINGA E SERRAS
ÚMIDAS DO CEARÁ............................................................................................................ 48
6.1 Estruturação conceitual e fundamentação jurídica do zoneamento.................................... 48
6.2 Formas de zoneamento...................................................................................................... 50
6.2.1 Zoneamento ecológico-econômico........................................................................................... 50
6.2.1.1 Conceitos doutrinários..............................................................................................................52
6.2.1.2 Conceito legal............................................................................................................................ 52
6.2.1.3 Fundamentos constitucionais...................................................................................................53
6.2.1.4 Fundamentos infraconstitucionais............................................................................................ 54
6.2.1.5 Procedimentos de implantação do ZEE..................................................................................... 55
6.3 O ZEE do Bioma Caatinga e das Serras Úmidas................................................................... 58
6.3.1 Unidades de conservação: o bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará..................................58
6.3.1.1 Bioma da caatinga..................................................................................................................... 60
6.3.1.2 Serras úmidas e Chapadas........................................................................................................61
6.3.1.3 Atos administrativos normativos...............................................................................................63
6.3.2 Requisitos do ZEE...................................................................................................................... 66
6.3.3 Quadro-síntese de compartimentação geoambiental.............................................................. 70
6.3.4 Compartimentação geoambiental - documentação fotográfica complementar.......................84
6.3.5 As unidades de intervenção......................................................................................................94
6.3.6 Tipologia do zoneamento..........................................................................................................97
6.3.7 Objetivos e normas do zoneamento....................................................................................... 141
7 PROGNÓSTICO................................................................................................................. 147
7.1 Cenários tendenciais........................................................................................................ 148
7.2 Cenários desejáveis.......................................................................................................... 150
8 SUBSÍDIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO ZEE.................................................................. 162
DECRETO ESTADUAL (PROPOSTA)........................................................................................... 169
GLOSSÁRIO.............................................................................................................................. 207
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................212

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APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que a Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, através da
Coordenadoria Florestal, vem apresentar a publicação “Zoneamento Ecológico-Econômico dos Biomas
Caatinga e Serras Úmidas do Estado do Ceará”.

O documento foi elaborado por uma equipe multidisciplinar de técnicos e pesquisadores de reconhecida
competência e credibilidade, através do Convênio PETROBRAS/FCPC/SEMACE/UFC.

O ZEE é um importante instrumento de planejamento estratégico que serve para orientar os


diversos níveis decisórios na adoção de políticas convergentes com as diretrizes de desenvolvimento
sustentável.

Com o referencial técnico sobre os biomas Caatinga e Serras Úmidas, o estado do Ceará, vem preencher
uma lacuna existente nas ações de gestão ambiental, passando a ser um instrumento capaz de viabilizar
a ocupação racional do espaço e o redirecionamento de suas atividades, compatibilizando a produção
econômica com a conservação dos recursos naturais.

Desta forma o estado do Ceará, dá um grande passo nas ações voltadas para um desenvolvimento
sustentado, passando a publicação, a ser um instrumento fundamental para o planejamento das
políticas públicas, e o gerenciamento dos recursos ambientais, na certeza de que a SEMACE, como
órgão executor da política ambiental no Estado, vem cumprindo suas atribuições de modo responsável
e transparente.

Herbert de Vasconcelos Rocha


Superintendente da SEMACE

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ANTECEDENTES

O Estado do Ceará conta, presentemente, com um acervo bibliográfico e geocartográfico bastante rico
no que tange aos conhecimentos do meio ambiente, dos seus recursos naturais e de sua realidade social
e econômica. Esses conhecimentos, acumulados principalmente a partir da década de 60 do século
passado, foram enriquecidos por meio de inumeráveis relatórios técnicos, mapeamentos sistemáticos,
teses acadêmicas e publicações variadas. Há necessidade de fazer uma sistematização e avaliação
desses, sob o ponto de vista de aplicações práticas dos seus resultados. São, com algumas exceções,
trabalhos que tratam dos assuntos de modo setorizado, configurando excessiva fragmentação dos
temas abordados.

Em termos de zoneamentos já procedidos, alguns trabalhos foram concluídos mas não suficientemente
divulgados. Esses relatórios deram sempre ênfase à fase de Diagnóstico, a exemplo do Diagnóstico e
Macrozoneamento Ambiental do Estado do Ceará, elaborado pela Superintendência Estadual do Meio
Ambiente (SEMACE, 1998).

Há necessidade de integrar esses estudos, atualizar informações e organizar o conjunto de dados


acumulados, enriquecendo-os com o uso de metodologias apropriadas e que tenham enfoques
sistêmicos e holísticos, além do emprego de técnicas modernas de mapeamento.

A par dessa realidade, e considerando a experiência técnica de uma equipe transdisciplinar, pretende-
se, para o Estado do Ceará, que o Zoneamento Ecológico Econômico seja um instrumento capaz de
viabilizar a ocupação racional do espaço e o redirecionamento de suas atividades, compatibilizando a
produção econômica com a conservação dos recursos naturais.

É o que se pretende no presente estudo, que trata de Zoneamento Ecológico Econômico do Bioma
Caatinga e Serras Úmidas do Ceará.

Historicamente, o programa do ZEE foi estabelecido pelo Governo Federal em 1991 na Amazônia
Legal. Foi preconizado como um dos instrumentos para a racionalização da ocupação dos espaços e de
redirecionamento das atividades, além de servir de subsídio a estratégias e ações para a elaboração
e execução de planos regionais em busca do desenvolvimento sustentável. Sua finalidade era dotar
o Governo de bases técnicas para a espacialização das políticas públicas, visando à ordenação do
território – como expressão espacial das políticas econômica, social, cultural e ecológica.

Em documento que trata do detalhamento da metodologia para Execução do Zoneamento Ecológico


Econômico pelos Estados da Amazônia Legal (MMA, 1997), como instrumento político de regulação do
uso do território, o ZEE buscava integrar as políticas públicas em uma base geográfica; acelerar o tempo
de execução e ampliar a escala de abrangência das ações, além de ser instrumento de negociação entre
esferas governamentais e sociedade civil.

Colocando-se também como instrumento de planejamento e a gestão territorial para o desenvolvimento


regional sustentável, o ZEE deve ser não apenas um instrumento corretivo, mas também ativo
estimulador do desenvolvimento.

No Estado do Ceará, o ZEE passou a ser implementado na bacia do rio Jaguaribe a partir de dezembro
de 1996 com base em convênio firmado entre a Superintendência Estadual do Meio Ambiente

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18

(SEMACE) e a então Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR). As


atividades executadas permitiram a atualização das bases cartográficas na escala de 1:250.000. No
ano seguinte, deu-se continuidade ao Projeto a partir de um processo licitatório, visando a elaborar
os estudos geoambientais e socioeconômicos do baixo Jaguaribe, abrangendo área de 11.559
km2 e compreendendo 13 (treze) municípios. O trabalho foi conduzido por um pequeno grupo de
pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará. Foram apresentados dois relatórios técnicos
tratando dos assuntos retromencionados. Os recursos disponibilizados não permitiram a execução de
um trabalho com detalhamento desejado e a cartografia temática produzida restringiu-se a um overlay
que delimita o conjunto das unidades geoambientais constatadas.

Subseqüentemente, desenvolveram-se pesquisas na Região do Alto-Médio Jaguaribe, que encerra uma


área de 65.993 km2 e 67 (sessenta e sete) municípios. A realização dessa parte do trabalho resultou de
convênio firmado entre a SEMACE e o Instituto de Estudos e Projetos (IEPRO) da Universidade Estadual
do Ceará.

Para ambos os casos (Baixo e Alto-Médio Jaguaribe), demonstrou-se necessidade premente de uma
atualização de dados e de uma compatibilização geocartográfica com o restante do território estadual.
Além disso, o progressivo aperfeiçoamento metodológico do Zoneamento Ecológico Econômico
justificou a necessidade de considerar o conjunto do território estadual, de tal modo que os resultados
alcançados se enquadrassem nos requisitos preconizados pela Coordenação Nacional do ZEE no
Ministério do Meio Ambiente.

Essencialmente, a estratégia metodológica proposta incorporou a concepção de sustentabilidade num


espectro que envolve os campos social, econômico e ambiental e uma visão política de médio/longo
prazos com planejamento participativo.

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1 INTRODUÇÃO

O Programa do Zoneamento Ecológico-Econômico (PZEE), foi concebido pelo Governo Federal desde a
última década do século passado, sendo preconizado como instrumento fundamental para a ocupação
ordenada do espaço geográfico e do redirecionamento de atividades.

Visa, de modo fundamental, a apresentar subsídios técnicos às estratégias e ações dos planos
regionais de desenvolvimento sustentável. Dentre suas finalidades precípuas, destaca-se a de dotar as
instituições governamentais de bases técnico-científicas para a espacialização das políticas públicas,
visando ao ordenamento territorial. Conforme suas finalidades e de acordo com a sua implementação,
o Zoneamento Ecológico Econômico se apresenta como um instrumento de planejamento que
coleta, organiza dados e informações sobre o território, propondo alternativas de preservação e/ou
de recuperação dos recursos naturais e a manutenção da qualidade ambiental. Configura-se, por
conseqüência, como instrumento fundamental para a prática da concepção de desenvolvimento
sustentável.

O Zoneamento Ecológico Econômico, na percepção do Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2001),


é um importante instrumento de planejamento estratégico, orientando os diversos níveis decisórios
na adoção de políticas convergentes com as diretrizes de desenvolvimento sustentável. De mais
importante, salienta-se que o ZEE dispõe de um mecanismo integrado de diagnóstico sobre o meio
natural, a socioeconomia e a organização jurídico-institucional, bem como de diretrizes pactuadas de
ações entre os usuários do território. Pode contribuir, portanto, para que o sistema de planejamento
oriente os esforços de investimentos do governo e da sociedade civil, segundo as peculiaridades das
áreas definidas como Zonas e tratadas como unidades de planejamento.

Sob tais aspectos, o ZEE deve ser contemplado como instrumento (a) técnico, (b) político e (c) de
planejamento. Como instrumento técnico, deve apresentar informações integradas em uma base
geográfica, de modo a classificar o território de acordo com a sua capacidade de suporte oriunda do
balanço entre suas potencialidades e limitações de uso. Como instrumento político de regulação do
uso do território, deve viabilizar a integração das políticas públicas em uma base geográfica, além de
permitir acelerar o tempo de execução e a escala de abrangência das ações. Como instrumento de
planejamento, deve ser considerado como estimulador do desenvolvimento e meio corretivo para que
a gestão do território se faça em bases sustentáveis.

São considerados como procedimentos operacionais para o ZEE do Bioma Caatinga e das Serras Úmidas
do Ceará as atividades ligadas ao planejamento, diagnóstico, prognóstico e subsídios à implementação
do ZEE e à gestão territorial, conforme proposta do MMA (BRASIL, 2001, 2003).

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2 O PROGRAMA ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO – PZEE: CONCEPÇÕES E ESTRATÉGIAS

O Programa do ZEE é de competência do Ministério do Meio Ambiente, em conjunto com os


Ministérios da Integração Nacional, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. A Unidade de Gerência do Programa é a Secretaria de Políticas para o
Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (SDS/MMA).

A Coordenação do Programa conta com a assessoria técnica e de execução de um conjunto de órgãos


públicos com ação compartilhada, denominada Consórcio ZEE Brasil.

Assim, com a Coordenação na Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável do Ministério


do Meio Ambiente – SDS/MMA, o Consórcio ZEE Brasil compreende as seguintes instituições:
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA
- Agência Nacional de Águas – ANA
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE
- Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
- Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA
- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA
- Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais – Serviço Geológico do Brasil – CPRM

Estão sendo incorporados ao Consórcio as seguintes instituições:


- Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA
- Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM
- Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba – CODEVASF

Além da composição mencionada, o Consórcio incorpora outros componentes, incluindo


governos estaduais ou municipais, instituições de ensino e pesquisa, além de organizações não
governamentais.

Na sua concepção estratégica, o Programa ZEE tem o objetivo de implementar o ZEE no País, gerenciando,
em diversas escalas de tratamento, as informações necessárias à gestão do território e integrando o
Zoneamento aos sistemas de planejamento em todos os níveis da Administração Pública.

Em sua segunda edição revista, que trata das Diretrizes Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-
Econômico do Brasil (BRASIL, 2003), o PZEE tem em vista subsidiar a formulação de políticas de
ordenação do território da União, estados e municípios, orientando os diversos níveis decisórios para
a adoção de políticas convergentes com as diretrizes de planejamento estratégico do País, propondo
soluções de proteção ambiental e de desenvolvimento que considerem a melhoria das condições de
vida da população e a redução dos riscos de perda do patrimônio natural.

Certamente que, de acordo com a área a ser estudada, o Zoneamento tende a adquirir suas
peculiaridades. O ordenamento territorial é um balizamento fundamental e deve ter como premissa a
melhoria da qualidade de vida da população, aliada à manutenção da capacidade produtiva dos recursos

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naturais em bases sustentáveis. O ordenamento realiza-se em uma base territorial que é bem definida
a partir dos contextos naturais, socioeconômicos, histórico-culturais e institucionais. O zoneamento
requer, igualmente, a necessidade de uma base conceitual e metodológica capaz de definir e delimitar
sistemas ambientais, apreendendo sua estrutura e dinâmica. Adquirem-se, com efeito, os requisitos
fundamentais para detectar a compatibilização entre a apropriação dos recursos naturais e a dinâmica
ambiental e socioeconômica.

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3 OBJETIVOS

3.1 Geral

Elaborar o Zoneamento Ecológico Econômico do Bioma Caatinga e Serras Úmidas, com base conceitual
e metodológica holístico-sistêmica, visando a promover o uso sustentável do território.

3.2 Específicos

- elaborar diagnóstico ambiental integrado, analisando as relações sociedade-natureza;


- identificar oportunidades de uso dos recursos naturais, estabelecendo os parâmetros necessários
de exploração e os impactos positivos e negativos;
- identificar e analisar problemas ambientais como áreas degradadas por desmatamentos, perda ou
degradação do solo e da água por garimpagem, práticas inadequadas de agricultura e pecuária,
usos inadequados ou permissivos das águas superficiais e subterrâneas, pesca e caça predatórias,
exploração irregular de recursos florestais e da biodiversidade e o desenvolvimento urbano
descontrolado;
- identificar conflitos de interesse entre uso dos recursos naturais e as políticas ambientais, bem como
a concorrência de uso entre os segmentos sociais;
- Identificar e analisar problemas sociais e econômicos vinculados às populações que ocupam os
diversos sistemas ambientais do Estado;
- definir unidades dos sistemas ambientais, a partir da análise dos componentes naturais,
socioeconômicos e da base jurídico-institucional;
- propor diretrizes legais e programáticas de caráter preservacionista, de desenvolvimento econômico
e social para cada sistema ambiental;
- Identificar e propor ações estratégicas voltadas para a mitigação ou correção de impactos ambientais
danosos à natureza;
- criar saídas (respostas) dos sistemas de informações que atendam aos principais usuários;
- criar mecanismos de sistematização das informações e garantir seu amplo acesso; e
- criar mecanismos capazes de estabelecer um sistema permanente de monitoramento do ZEE do
Bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará.

A título de justificativa, cabe salientar que o Estado do Ceará não dispõe ainda de um instrumento
técnico de planejamento atualizado, capaz de orientar a implementação de planos e projetos que
visem à conservação dos recursos naturais, à ordenação territorial e ao desenvolvimento feito em
bases sustentáveis. Com a realização do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE), o Governo Estadual
poderá dispor de um instrumento indispensável à política estadual de desenvolvimento.

É fato reconhecido que o Estado apresenta sérias deformações em seus tecidos ecológicos, em face
de problemas gerados por impactos negativos no meio ambiente, ao longo do processo histórico de
ocupação do território. Desse modo, as ações do Zoneamento devem buscar a articulação da perspectiva
ambiental com a de organização do espaço.

Explicitamente, o ZEE tende a sintetizar duas dimensões fundamentais: (1) ecológica – refletindo a
capacidade de suporte do ambiente mediante as potencialidades e limitações dos recursos naturais –
e (2) econômica – manifestando aspirações de desenvolvimento da sociedade, assegurando às atuais
e futuras gerações a base de recursos necessária ao seu bem-estar. Aliando-se a essas dimensões,
a política-institucional e a científico-tecnológica, criam-se os requisitos indispensáveis à concepção
paradigmática do ZEE, que é o desenvolvimento sustentável. Sendo dimensões interdependentes, o
Programa ZEE requer a aplicação de pressupostos metodológicos integradores e com base sistêmico-
holística, visando a modelos de ocupação não predatórios e que atentem para a vulnerabilidade dos
meios envolvidos.

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23

Com base nesses procedimentos, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) tende a se firmar como
instrumento permanente do planejamento territorial, que tem a qualidade de vida dos habitantes
como valor básico.

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4 CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO CEARÁ

O Estado do Ceará ocupa um território de 148.016 km2. Desse total, cerca de 136.335 km2, equivalente
a 92% do território estadual, acha-se inserido no semi-árido (FUNDAÇÃO, 1993) (Figura 1).

No contexto nordestino, o Ceará abriga certa diversidade de domínios naturais e paisagísticos. Suas
condições geológicas são variadas, apesar da primazia dos terrenos pré-Cambrianos do embasamento
cristalino. Nas porções limítrofes com outros estados, as bacias sedimentares Paleo-Mesozóicas
assumem peculiaridades próprias.

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo

Na faixa litorânea e pré-litorânea, objeto de outra etapa do ZEE estadual, dispondo-se em discordância
sobre o embasamento, constata-se a ocorrência de coberturas sedimentares detríticas depositadas ao
longo da história geológica recente do território. A diversidade estrutural e litológica tem implicações
diretas no desenvolvimento de relevos próprios dos núcleos cratônicos, de bacias sedimentares com
diferentes modelos de estratificação e das coberturas detríticas que revestem a área litorânea.

Os reflexos geológicos incidem, igualmente, sobre a grande diversidade de solos e disponibilidade de


recursos hídricos de superfície e de subsuperfície. Como tal, interferem no quadro fitoecológico local e
nas potencialidades dos recursos naturais disponíveis.

O relevo cearense tem predominância muito significativa de terras situadas abaixo do nível de 200m.
Os compartimentos serranos de maciços residuais e de planaltos sedimentares acima de 700m têm
extensões restritas. As amplas depressões interplanáticas sertanejas têm posição periférica às bordas
dos planaltos sedimentares. No litoral, além dos campos de dunas modelados em sedimentos atuais, os
depósitos mais antigos são entalhados incipientemente pela drenagem superficial, isolando interflúvios
tabulares que representam tabuleiros pré-litorâneos não aparentes.

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O clima regional, apesar da evidente predominância do semi-árido – com irregularidades pluviométricas


têmporo-espaciais – apresenta também variações. As manchas úmidas circunscrevem os topos e
vertentes de barlavento dos maciços e dos planaltos sedimentares. As áreas subúmidas, com totais
pluviométricos pouco superiores a 900mm, abrangem o litoral e asseguram teor de umidade que se
prolonga por 6-7 meses durante o ano. A semi-aridez propriamente dita, com deficits hídricos durante a
maior parte do ano, apresenta caráter acentuado nas depressões interiores como Inhamuns, Irauçuba
e Médio-Jaguaribe. Atenua-se nos pés-de-serra, nos baixos maciços e nos sertões mais próximos do
litoral. De modo genérico, as chuvas são de verão-outono e as médias térmicas superiores a 24ºC
configuram o caráter de clima quente ou megatérmico.

Submetidos à irregularidade anual e interanual das chuvas, o território cearense fica sujeito aos
períodos eventuais de secas calamitosas ou de chuvas excepcionais, convertendo-se em problemas
sociais e econômicos.

Os recursos hídricos de superfície e de subsuperfície dependem dos condicionantes morfoestruturais e


climáticos já referidos. Nos sertões deprimidos semi-áridos com rochas cristalinas, há grande freqüência
e densidade de rios e riachos com escoamento intermitente sazonal. Nas áreas sedimentares litorâneas
e dos planaltos, a escassez de cursos d’água é compensada pela maior potencialidade de recursos
hídricos subsuperficiais.

Os solos têm mosaico bastante complexo oriundos dos mais diferenciados tipos de combinação entre
os seus fatores e processos de formação. Nas áreas sertanejas, a pequena espessura dos solos e a
grande freqüência de afloramentos rochosos e chãos pedregosos constituem propriedades típicas do
ambiente semi-árido das caatingas. Há, porém, a ocorrência de expressivas manchas de solos dotados
de uma fertilidade natural média a alta. O mesmo se verifica em relação aos solos oriundos de rochas
calcárias, como os que recobrem a Chapada do Apodi. Nos planaltos sedimentares, como Ibiapaba e
Araripe, apesar da maior espessura, os solos são ácidos e têm fertilidade natural baixa.

Dessas condições, emerge o recobrimento vegetal como atributo ambiental que melhor reflete o jogo de
relações mútuas entre os demais componentes naturais. Há um recobrimento quase que generalizado
das formações de caatinga que ostentam também variados padrões fisionômicos e florísticos. De modo
genérico, a área nuclear das caatingas depende, essencialmente, da semi-aridez, mas a fisionomia, o
porte das plantas, a freqüência e a composição florística ficam também subordinados às potencialidades
e disponibilidades hídricas dos solos. As áreas de exceção ficam circunscritas aos enclaves de matas das
serras úmidas e às matas ciliares que revestem as planícies fluviais com solos aluviais.

Assim, do ponto de vista fisiográfico e ecológico, o território cearense tem características que dependem
dos mais diferentes modelos de relações entre os seus componentes físicos e bióticos. Configuram-
se, por conseqüência, unidades geossistêmicas que encerram diferentes potencialidades e variadas
limitações à ocupação da terra.

Sob o aspecto socioeconômico e como Estado integrante da Região Nordeste, o Ceará apresenta uma
situação bem identificada com a dos demais estados dessa porção do País: disparidades de renda,
concentração espacial e social da riqueza, elevados índices de analfabetismo, êxodo rural e macrocefalia
da rede urbana, altas taxas de mortalidade infantil, entre outros matizes da realidade vivida por mais
de 06 (seis) milhões de habitantes.

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A História e a Geografia do Ceará destacam a criação de gado, responsável pela ocupação, organização
e expansão inicial do espaço no estado, assim como pela sua primeira atividade econômica. A pecuária
se desenvolveu no sertão, notadamente de forma extensiva, seguindo os cursos dos principais rios e
ainda permanece como riqueza importante da economia agrária cearense, sendo praticada, na sua
maioria, de forma extensiva e/ou semi-extensiva.

A primeira etapa de prosperidade do Ceará aconteceu com o cultivo do algodão, em fins do século XVIII
e primeiros decênios do século XIX, incrementado com a Guerra de Secessão norte-americana. Começa,
então, sua participação efetiva na divisão internacional do trabalho, fundamentada no binômio gado-
algodão e conseqüente construção de um meio técnico.

Estão associados a cultura do algodão os primeiros estabelecimentos industriais, no final do século XIX.
Ainda associados a esta cultura, surgiram outros ramos industriais, especialmente de óleos vegetais,
como mamona, oiticica, babaçu e de produtos alimentares.

Até a década de 1960, a economia cearense continuava extremamente dependente da pecuária


extensiva (bovinos, ovinos e caprinos), da agricultura de subsistência (feijão, milho e mandioca) e do
extrativismo vegetal (castanha-de-caju e carnaúba, principalmente), que ocupavam a quase-totalidade
das terras cultivadas, responsáveis pelo maior percentual do valor bruto da produção agropecuária. Já
as atividades industriais e o terciário eram pouco desenvolvidos, predominando os movimentos locais
de iniciativa individual ou de grupos familiares.

O Ceará, porém, não escapa à adoção das diversas estratégias para responder aos desafios trazidos
à lucratividade do capital neste novo ciclo de acumulação capitalista. Desde as duas últimas décadas
do século passado, é visível sua reestruturação produtiva e territorial, com a multiplicação de políticas
públicas direcionadas a tornar o estado viável à produção e ao consumo globalizados, abrindo-se às
influências exógenas e aos novos signos contemporâneos.

O dinamismo econômico e a produção do território cearense podem ser observados, principalmente,


pela intensificação do capitalismo no campo; pela instalação de indústrias, fruto da guerra fiscal entre
os estados e municípios para a atração de investimentos produtivos, e pelo turismo litorâneo.

Assim, diante das exigências da ideologia do consumo e do neoliberalismo, braços da globalização,


marcada pela produção flexível, pelos mercados mais instáveis e competitivos, redefiniu-se a dinâmica
de sua economia; as formas da gestão das empresas; o mercado de trabalho e a dinâmica de organização
do seu território, criando, segundo Santos (2000), as condições materiais para a maior solidariedade
organizacional com o resto do mundo. Neste contexto é que a economia cearense se moderniza, com
base nas possibilidades advindas com os aportes científico-técnicos, construindo-se a partir da dialética
entre a ordem global e a ordem local.

Alguns pontos do espaço cearense são afetados por um processo de reestruturação produtiva, resultado
da intensificação das relações econômicas tipicamente capitalista, cujo âmago não é encontrado
endogenamente. Este processo, porém, ocorre em áreas especialmente restritas, onde se observa a
difusão de inúmeros sistemas de objetos associados aos transportes, às comunicações, à eletrificação,
ao saneamento básico, à irrigação etc., difundindo-se um meio técnico-científico-informal na cidade
e no campo. Igualmente, difunde-se uma nova sociabilidade, buscando erigir uma racionalidade
condizente com a economia contemporânea, sustentada pelos princípios da competitividade.

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Os investimentos em fixos associados à irrigação (canais, barragens, perímetros irrigados etc.);


à eletrificação; aos transportes (construção de rodovias, do porto do Pecém e do aeroporto); às
comunicações; aos recursos hídricos (interligação de bacias hidrográficas, construção de importantes
açudes, como o Castanhão) etc, resultam em novas sociabilidades e em novas territorialidades em
vários pontos do Estado, pontos de transformação da economia e do território e, assim, de expansão
do meio técnico-científico-informal no espaço agrário e urbano, promovendo novas horizontalidades e
verticalidades (SANTOS, 1996), expandindo a territorialização do capital e a monopolização do território
cearense.

Essas mudanças aceleram o processo de urbanização cearense, extremamente macrocefálica, uma vez
que a Região Metropolitana de Fortaleza, em especial a Cidade que lhe empresta o nome, concentra
a maior parte da população, dos serviços, assim como do setor industrial, comandando toda a vida
de relações cearenses, denotando uma das principais características do sistema urbano do Estado, ou
seja, a fraca articulação entre as cidades e a forte concentração urbana na Região Metropolitana, dada
por uma rede de cidades inexpressivas, na sua maior parte dependentes de atividades agropecuárias
pouco importantes, que se realizam nas áreas próximas.

Aos antigos problemas inerentes à área do Bioma Caatinga (pobreza, analfabetismo, desnutrição
etc.), somam-se os associados ao processo caótico e acelerado de urbanização, tais como carência de
habitação, saneamento, transportes, violência urbana, formação de periferia, especulação imobiliária
etc. Uma forte característica desse crescimento urbano sem uma relativa expansão da economia
é a exponencial ampliação do circuito inferior da economia ou setor informal, com a multiplicação
de inúmeras pequenas atividades, sendo a do ambulante um de seus principais signos. A partir do
dinamismo econômico das últimas décadas, as cidades cearenses de porte médio, como Sobral,
Crato, Iguatu, Quixadá e Juazeiro do Norte se reorganizam e passam a apresentar novas funções e,
conseqüentemente, um novo perfil onde se configuram novas e velhas relações, impactando sobre o
território.

Em referência ao processo de inovações, que têm afetado as forças produtivas, as relações sociais de
produção, pode-se afirmar ser esse processo complexo, veloz, com profundos impactos na dinâmica
do território, com ampla difusão de fluxos, além de danosas conseqüências sociais e ambientais. A
considerar a reestruturação atual dos sistemas técnicos e das políticas públicas em curso, a agropecuária,
o turismo e a implantação de indústrias, entre outros, terão, num futuro próximo, ainda mais força
de reorganização da economia e do território do Estado. Daí a necessidade de buscar detectar as
tendências em curso, com objetivo de elaborar políticas que possam contribuir para o crescimento
econômico, associado à eqüidade social e à sustentabilidade ambiental.

Para efeito de prover um quadro-síntese sobre a realidade sócio-ambiental do Estado do Ceará, alguns
aspectos relevantes devem ser destacados para nortear os propósitos do ZEE.

- A área do Estado se insere totalmente no semi-árido brasileiro, caracterizado por agudas irregularidades
rítmicas das chuvas e por deficiências hídricas durante a maior parte do ano. Isso contribui para
justificar os grandes traços do quadro natural do Ceará que contém: grandes extensões de áreas
topograficamente deprimidas e submetidas a climas secos e solos degradados, principalmente
nos sertões e nas serras baixas; há uma proporção muito pequena e acentuada dispersão de áreas
dotadas de solos férteis e topografias favoráveis, como na Chapada do Apodi, planícies aluviais e em
pontos dispersos dos sertões; há, também, uma pequena proporção de terras favorecidas por boas
condições climáticas e de solos, como em algumas partes das serras úmidas como Baturité, Meruoca,
Uruburetama e Maranguape.

- Em grande parte do Estado, o meio físico-biótico se apresenta fortemente degradado em virtude da


expansão histórica das fronteiras agrícolas e do extrativismo vegetal. Os ecossistemas derivados da
auto-organização da biosfera dentro de um ambiente físico, praticamente já não existem. A vegetação,

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em geral, exibe traços avançados de degradação. Há muitas espécies da fauna extintas ou fortemente
ameaçadas. Em alguns casos, como nos sertões dos Inhamuns, do Centro-Norte e do Médio Jaguaribe,
as condições de reconstituição ambiental estão comprometidas quase irreversivelmente, com uma
dinâmica regressiva e com marcas de desertificação.

- As possibilidades de aproveitamento dos recursos hídricos ficam subordinadas à ocorrência de rios


intermitentes sazonais e ao baixo potencial dos aqüíferos. Desse modo, o fator mais restritivo para a
vida humana e animal e também para a agropecuária é a carência ou baixa disponibilidade de água.

- Os desmatamentos desordenados e indiscriminados, inclusive para manter a matriz energética,


conduzem à intensificação e/ou retomada dos processos de erosão e conseqüente ampliação da
degradação dos recursos naturais renováveis, até com incidência da desertificação.

- As potencialidades e limitações naturais aos diversos tipos de uso agregam características comuns a
um número significativo de sistemas ambientais, configurando zonas equiproblemáticas.

- A baixa capacidade de suporte dos recursos naturais é agravada pelo esgotamento parcial ou
irreversível desses recursos, impedindo o atendimento das necessidades e das demandas sociais,
implicando sérios problemas na relação sociedade-natureza.

- Todo o Estado do Ceará é fortemente vulnerável às irregularidades do ritmo pluviométrico do semi-


árido e a economia rural continua sendo impactada pelas secas periódicas. Isso demonstra, de modo
muito evidente, a pequena capacidade de resistência às secas.

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5 ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS E OPERACIONAIS

5.1 Conceitos e princípios

De acordo com as Diretrizes Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil (BRASIL,


2003), o Programa ZEE deve contemplar alguns conceitos e princípios fundamentais. Esses conceitos
e princípios devem ser considerados sob dois prismas cruciais: primeiro quanto aos aspectos políticos
básicos e segundo quanto aos aspectos técnicos.

Quanto aos aspectos políticos básicos, há que considerar quatro pressupostos: (1) Compreensão do
Território; (2) Sustentabilidade Ecológica e Econômica; (3) Participação Democrática; e (4) Articulação
Institucional.

A Compreensão do Território incorpora esse conceito em função de reformulações introduzidas no


pensamento geográfico, envolvendo a concepção de poder conforme critério político. Desse modo,
de acordo com o Documento precedentemente referido (BRASIL, 2003: 12), o ZEE “deve criar um
modelo territorial que distribua as atividades no território em função das limitações, vulnerabilidades
e fragilidades naturais, bem como dos riscos e potencialidades de uso”.

A Sustentabilidade constitui requisito básico para o ZEE, na medida em que procura identificar as
potencialidades e limitações ambientais e socioeconômicas, apoiando-se nos seguintes parâmetros:
satisfação das necessidade e demandas sociais, eficiência econômica com a maximização dos benefícios
derivados do uso dos recursos naturais para toda a sociedade, manutenção da estrutura e das funções
dos sistemas ambientais, garantindo sua conservação para a atual e futuras gerações.

A Participação Democrática, segundo o PZEE, deve representar uma forma de redistribuição do


poder entre a esfera pública e privada, incluindo a ampliação de parcerias entre os diversos níveis da
administração pública e outras instituições sociais.

A Articulação Institucional requer a consolidação dos arranjos institucionais, avaliando-se o modo


como os órgãos e instituições possam estar envolvidos na implementação do ZEE.

Quanto aos aspectos técnicos básicos, e sob o ponto de vista das estratégias metodológicas, serão
considerados: (1) Abordagem Sistêmica; (2) Valorização da Multidisciplinaridade; (3) Sistema de
Informação; e (4) Elaboração de Cenários (BRASIL, 2003: 13).

A abordagem sistêmica, na concepção de Miller (1977) considera o sistema como o conjunto de


unidades que têm relações entre si. O conjunto significa que “as unidades possuem propriedades
comuns, sendo que o estado de cada unidade é controlado, condicionado ou dependente do estado
das demais unidades”. Acrescente-se que “os sistemas não atuam de modo isolado, mas funcionam
dentro de um ambiente e fazem parte de conjunto maior”. (BRASIL, 2003). Sob o ponto de vista
teórico-metodológico, a abordagem sistêmica integra o conjunto das variáveis ambientais envolvidas
no processo.

A valorização da multidisciplinaridade é indispensável para o ZEE, diante do espectro amplo de


atividades e estudos envolvidos no Programa. Desse modo, o ZEE requer um conhecimento profundo
da realidade ambiental, social, econômica e político-institucional, necessitando do envolvimento de
profissionais das mais diversas especialidades.

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O sistema de informação deve contemplar os diferentes módulos de coleta, armazenamento, tratamento


e divulgação de dados, concentrando informações e descentralizando o seu acesso.

A elaboração de cenários visa a estabelecer prospecções. Segundo o MMA (BRASIL, 2003:15), na sua
totalidade, os cenários simulam situações, vislumbram soluções e orientam a escolha de possíveis
opções.

Para a elaboração da fase de Diagnóstico previamente elaborado, o estudo do ZEE do Bioma Caatinga e
Serras Úmidas considerou o contexto das variáveis físicas e bióticas e das variáveis econômicas, sociais,
culturais e político-institucionais. Interpretou as relações entre os subsistemas natural e socioeconômico
que encerram a realidade estática e dinâmica do espaço. Foram obtidas informações integradas em
uma base geográfica, de modo a classificar o território de acordo com a sua capacidade de suporte.

Na elaboração dos Diagnósticos Geoambiental e Socioeconômico, as análises setoriais serviram de


meios para a integração dos componentes, adotando-se procedimentos que conduzem à delimitação
dos sistemas ambientais em consonância com pressupostos metodológicos integrativos capazes de
apreender as relações de interdependência dos componentes físico-bióticos e socioeconômicos.

Os sistemas ambientais foram hierarquizados em domínios naturais, sistemas e subsistemas ambientais,


configurados em mapas organizados em escala 1:750,000, com base na interpretação de imagens
orbitais e com o controle rigoroso de campo. O estudo socioeconômico deu ênfase aos aspectos sociais,
econômicos e da organização do espaço, enfocando-se as principais peculiaridades regionais. De modo
essencial, foram destacadas as condições atuais de uso e ocupação da terra; a análise da produção e
organização do espaço regional; o mapeamento das desigualdades sociais; a identificação de áreas
estagnadas e de áreas dinâmicas sob o ponto de vista socioeconômico; a verificação dos níveis e das
formas de participação social, além e sobretudo, da identificação das principais demandas sociais e
econômicas.

5.2 Procedimentos

5.2.1 Planejamento

A fase de planejamento antecedeu, operacionalmente, todas as atividades técnicas, especialmente


aquelas referentes à elaboração do Diagnóstico.

O planejamento das ações requereu, inicialmente, a mobilização de recursos financeiros necessários


à implementação do Projeto, além da mobilização da equipe técnica multidisciplinar. Essa equipe
envolveu amplo espectro de especialistas dos mais variados campos do conhecimento e capacitados
a realizar trabalhos com referencial metodológico sistêmico-holístico. Além da Coordenação Geral, a
equipe contou com subcoordenadores de áreas para fins de sistematização dos dados.

Outro aspecto envolvido na fase de planejamento considerou a identificação de demandas. Segundo


as diretrizes metodológicas do MMA (BRASIL, 2003), essa atividade consiste em identificar e avaliar,
preliminarmente, as demandas dos principais agentes envolvidos, bem como os problemas ambientais
e socioeconômicos, associando-os aos conteúdos temáticos e à programação do trabalho. Alguns
dos problemas e demandas foram enunciados anteriormente, com a breve caracterização da área do
Projeto e a problemática regional.

A análise e estruturação das informações consistiu em levantar todo o material disponível como fonte
de informações secundárias, servindo de meio para a sistematização das informações e definição da
estrutura do banco de dados georreferenciado.

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5.2.2 Diagnóstico

Bases Cartográficas
As bases cartográficas digitais são os documentos cartográficos precisos e atuais utilizados como
referência geral e suporte para o mapeamento temático, e seguiram as normas técnicas definidas pela
cartografia brasileira.

Para atender aos diferentes propósitos e níveis de detalhamento do ZEE, foi adotada a escala 1:750,000,
onde cada documento cartográfico, resultante, é um instrumento que permite atender às necessidades
fundamentais do planejamento físico e econômico da área do Bioma Caatinga e das Serras Úmidas.

A atividade de elaboração do banco de dados inseriu as bases cartográficas em formato digital,


procedendo a generalizações e espacializações em áreas cujas bases inexistiam na escala considerada
no presente estudo. A atualização, quando necessária, foi efetuada mediante interpretação de imagens
orbitais recentes.

Os mapeamentos préexistentes, como os produtos temáticos gerados por instituições, tanto no


contexto federal como estadual, foram inseridos na base cartográfica, registrados e georreferenciados
por da transformação geométrica que relaciona coordenadas da imagem com coordenadas de um
sistema de referência.

5.2.2.1 Diagnóstico geoambiental

Os estudos procedidos no diagnóstico geoambiental privilegiaram as sínteses e correlações


interdisciplinares.

Os procedimentos adotados na relação dos estudos físico-ambientais têm merecido a devida atenção,
ao tratar de estabelecer as diretrizes das Políticas do meio ambiente. Os resultados e experiências
alcançados na última década baseiam-se em modelo sistêmico, revelando-se adequado para incorporar
a variável ambiental ao processo de organização territorial. Parte-se do pressuposto de considerar o
ambiente como um sistema complexo que deriva das relações mútuas e interações dos componentes
do potencial ecológico e componentes da exploração biológica. Essas relações assumem grau maior de
complexidade quando incorporadas as variáveis socioeconômicas.

Os sistemas ambientais tendem a apresentar um arranjo espacial decorrente da similaridade de relações


entre os componentes naturais de naturezas geológica, geomorfológica, hidroclimática, pedológica e
biogeográfica, materializando-se nos diferentes padrões de paisagens.

Pressupõe-se que os sistemas ambientais (geossistemas) são integrados por variados elementos que
mantêm relações mútuas e são continuamente submetidos aos fluxos de matéria e de energia. Cada
sistema representa uma unidade de organização do ambiente natural. Em cada sistema, verifica-
se, comumente, um relacionamento harmônico entre seus componentes e eles são dotados de
potencialidades e limitações específicas sob o ponto de vista de recursos ambientais. Como tal, reagem
também de forma singular no que tange às condições históricas de uso e ocupação.

Considerando os pressupostos retromencionados, o estudo buscou atingir os objetivos delineados a


seguir:
- identificar e caracterizar as principais variáveis ambientais relativas ao suporte (condições geológicas,
geomorfológicas e hidrogeológicas), ao envoltório (clima e hidrologia de superfície) e à cobertura
(solos e condições de biodivesidade);

- elaborar o diagnóstico ambiental do meio físico biótico com base na aplicação de metodologia
sistêmica;

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- delimitar os sistemas ambientais com base nas relações entre os componentes abióticos e bióticos
de cada sistema;

- utilizar produtos de sensoriamento remoto na elaboração da cartografia básica e temática das áreas
do ZEE, em escala compatível com os objetivos do Projeto;

- indicar as potencialidades, as limitações e a ecodinâmica dos sistemas ambientais, definindo sua


capacidade de suporte em função da implementação do ZEE;

- identificar impactos que afetam os sistemas ambientais;

- prognosticar a composição de cenários por meio de tendências temporais e espaciais futuras; e

- analisar a legislação ambiental pertinente.

Procedimentos Metodológicos

- Base Teórica
Os resultados do diagnóstico ambiental do meio físico decorreram de uma revisão sistemática dos
levantamentos anteriormente procedidos sobre a base dos recursos naturais. As análises desse
material e dos produtos de sensoriamento remoto, além dos trabalhos de campo para fins de
reconhecimento da verdade terrestre, constituíram os meios utilizados para o alcance dos objetivos
propostos.

As análises temáticas foram apresentadas de modo a demonstrar o estreito relacionamento entre


os componentes geoambientais. Estas análises, que encerram a primeira etapa do diagnóstico,
foram conduzidas de modo a definir as características das diversas variáveis que compõem o meio
físico. Seqüencialmente, foram apresentadas as condições litoestratigráficas e as características
das feições morfogenéticas; características climáticas e hidrológicas; distribuição dos solos, suas
principais propriedades e os padrões de cobertura vegetal, além de estudos da fauna. Essa seqüência
apresenta uma cadeia de produtos parciais que expõe uma relação de dependência entre as variáveis
geoambientais. Cada uma delas apóia-se nas anteriores e fundamenta as seguintes.

O diagnóstico do meio físico apresenta uma proposta de síntese da Compartimentação Geoambiental


mediante um quadro sinóptico. Essa proposta é apoiada na análise das variáveis anteriormente
procedidas e nas relações mútuas dessas variáveis. Foram realizadas integrações parciais como:
tipos de sedimentos x feições de modelado x solos; tipos de sedimentos x modelado x recursos
hidrogeológicos; condições morfopedológicas x padrões de cobertura vegetal, dentre outras. Foram
definidos, assim, com maior clareza, o significado geoambeintal das variáveis relacionadas com o
suporte, o envoltório e com a cobertura, visando, com isso, a atender aos pressupostos de uma
análise integrada do ambiente físico-natural.

Nessa etapa do diagnóstico, foi priorizada a visão de totalidade para a caracterização das unidades
geossistêmicas. Destacam-se, nesse aspecto, as concepções metodológicas consagradas em trabalhos
ligados aos diagnósticos e zoneamentos ambientais.

Os Sistemas Ambientais foram delimitados em função de combinações mútuas específicas entre


as variáveis geoambientais. Destacando-se as diversidades internas dos geossistemas (sistemas
ambientais), foram identificadas as unidades elementares (subsistemas) contidas em um mesmo
sistema de relações. Sob esse aspecto, a concepção de paisagem assumiu significado para delimitar
as subunidades, em virtude da exposição de padrões uniformes ou relativamente homogêneos. A
paisagem encerra o resultado da combinação dinâmica e instável de elementos físicos, biológicos e
antrópicos que, reagindo, dialeticamente uns sobre os outros, fazem dessa paisagem um conjunto
único e indissociável em perpétua evolução (BERTRAND, 1969).

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33

Na preparação da legenda do mapa da Compartimentação Geoambiental, foram destacadas as


características dos principais atributos ambientais. Elas serviram de base para indicar condições
potenciais ou limitantes, quanto às possibilidades de uso dos recursos naturais e das reservas
ambientais.

Com o objetivo de avaliar a dinâmica ambiental e o estado de evolução dos sistemas e subsistemas,
foram estabelecidas categorias de meios ecodinâmicos, com base em critérios de Tricart (1977). Cada
categoria de meio está associada ao comportamento e à vulnerabilidade das condições geoambientais,
em função dos processos degradacionais.

Adaptando-se os critérios de Tricart à área em foco, foram distinguidas as categorias de meios a seguir
relacionadas e sumariamente caracterizadas:

Ambientes Estáveis – apresentam uma estabilidade morfogenética antiga; os solos são geralmente
espessos e bem evoluídos; há forte predominância dos processos pedogenéticos sobre os processos
morfogenéticos; a cobertura vegetal tem características climáxicas, estando em equilíbrio com o
ambiente físico.

Ambientes de Transição ou Intergrades – têm ação simultânea dos processos morfogenéticos e dos
processos pedogenéticos; há incidência moderada das ações areolares; predominância dos processos
pedogenéticos indica tendência à estabilidade; predominância dos processos morfogenéticos
demonstra tendência à instabilidade.

Ambientes Fortemente Instáveis – pedogênese praticamente nula; ausência ou grande rarefação de


cobertura vegetal; incidência muito forte dos processos morfogenéticos, especialmente das ações
eólicas.

Com o enquadramento dos geossistemas/geofácies em uma determinada categoria de meio


ecodinâmico, viabilizou-se a possibilidade de detectar o grau de vulnerabilidade do ambiente e sua
sustentabilidade futura, tendencial e desejada.

A organização do mapeamento foi procedida com base na utilização de imagens de sensoriamento


remoto, em produtos cartográficos básicos e temáticos disponíveis e em trabalhos de campo.

- Estratégias
O Diagnóstico Geoambiental dá ênfase ao conhecimento integrado e à delimitação dos espaços
territoriais modificados ou não pelos fatores econômicos e sociais. Desse modo, o ZEE incluiu uma
vertente das variáveis físicas e bióticas e outra de variáveis socioeconômicas. A primeira vertente,
das variáveis físicas e bióticas ou das variáveis geoambientais, materializou-se por meio de uma série
de unidades espaciais homogêneas que constituem heranças da evolução dos fatores fisiográficos e
biológicos ao longo do Quaternário.

- Análises dos Atributos Geoambientais


A caracterização e delimitação dos sistemas ambientais foi precedida de uma análise sobre cada
componente ou atributo natural. Desse modo, a caracterização dos atributos geoambientais atendeu
aos requisitos descritos a seguir:
a) condições geológicas – analisadas de modo a apresentar a distribuição dos principais tipos
litológicos, agrupando-se em formações e identificando a cronoestatigrafia;

b) análise geomorfológica – mostra a distribuição das formas de relevo e das principais feições do
modelado, classificando-as de acordo com seus processos morfogenéticos; a morfodinâmica
foi enfocada para subsidiar a interpretação ecodinâmica dos geossistemas; a delimitação dos
compartimentos de relevo, que constituem elementos estáveis do ambiente, foi indicador
fundamental de identificação e delimitação das unidades ambientais;

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34

c) análise climática – discutida com base na contextualização dos seus principais parâmetros,
dando-se ênfase às condições termopluviométricas, balanço hídrico e dinâmica das massas de ar
responsáveis pelos estados de tempo que marcam as condições climáticas regionais e locais;

d) análise hidrológica ou dos recursos hídricos – incluiu tanto as condições essenciais das águas de
superfície como as potencialidades hidrogeológicas;

e) estudos dos solos e da biodiversidade – conduzidos por meio da consideração dos diversos
geossistemas da área pesquisada. Eles são a principal evidência das interações geoambientais e
seu grau de conservação subsidia a compreensão da dinâmica do meio ambiente ou o estado
de degradação dos recursos ambientais. Além dos aspectos fitofisionômicos, são enfocadas as
características da fauna, abordadas no contexto dos diversos sistemas ambientais;

f) identificação e delimitação dos sistemas ambientais homogêneos – configurados no mapa da


Compartimentação Geambiental resultante do agrupamento de áreas dotadas de condições
específicas quanto às relações mútuas entre os fatores do potencial ecológico (fatores abióticos)
e aqueles da exploração biológica, compostos, essencialmente, pelo mosaico de solos e pela
cobertura vegetal. Esse mapa, organizado com a interpretação das imagens de sensoriamento
remoto e da análise do acervo cartográfico temático, oriundo de levantamento sistemáticos dos
recursos naturais, foi imprescindível para o ZEE do bioma Caatinga e Serras Úmidas;

g) análise ecodinâmica – procedida com base em critérios consagrados, com as necessárias adaptações
às características naturais da área. Foram considerados como categorias de ambientes as seguintes:
1. Ambientes estáveis, 2. Ambientes de transição (intergrade) e 3. Ambientes fortemente instáveis; e

h) cada uma dessas categorias, definidas e enquadradas para os diferentes sistemas, serviu de base
para avaliar a tipologia da vulnerabilidade ambiental.

- Análise Integrada
Com base em sucessivos níveis de sínteses mediante relações interdisciplinares, considerando os
fatores do potencial ecológico (geologia + geomorfologia + climatologia + hidrologia), da exploração
biológica (solos + cobertura vegetal + fauna) e das condições de ocupação e de exploração dos recursos
naturais, foram estabelecidas, delimitadas e hierarquizadas as unidades espaciais, configurando,
cartograficamente, a Compartimentação Geoambiental em escala compatível com os objetivos,
interesses e aplicabilidades práticas do projeto.

A análise dos atributos e da dinâmica natural que identificam os sistemas ambientais tem caráter
globalizante e integrador. Essa visão holístico-sistêmica adotada faculta a compreensão dos sistemas
de inter-relações e interdependências que conduzem à formação de combinações dos atributos geo-
ambientais.

Desse modo, descartou-se o tratamento linear cartesiano que privilegia os estudos setoriais e distorce
a visão sistêmica e de conjunto que configura a realidade regional.

- Etapas do roteiro metodológico


Levantamento de acervo bibliográfico, geocartográfico, documentário e de informações disponíveis
sobre o contexto geoambiental do Bioma Caatinga e Serras Úmidas;

Análise dos temas de estudo, tendo em vista a elaboração do diagnóstico geoambiental;

Preparação da cartografia básica a ser elaborada por meio do Sistema de Informações Geográficas
(SIG), contendo as principais informações plani-altimétricas;

Análise e utilização dos produtos de levantamentos sistemáticos de recursos naturais disponíveis


sobre a área;

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Análise e interpretação de produtos de sensoriamento remoto, tendo em vista os estudos temáticos


e as interpretações parciais e integrativas dos temas;

Levantamentos de campo para fins de reconhecimento da verdade terrestre sob o ponto de vista dos
recursos naturais; e

Relatórios técnicos, contendo:


a) documentos cartográficos configurando o ZEE e definição de estratégias para subsidiar o
monitoramento ambiental;

b) elaboração de quadro orientativo ou sinótico do ZEE, visando, na prática, à definição de


parâmetros de avaliação permanente do processo de planejamento ambiental; e

c) organização do acervo produzido para fins de armazenamento dos resultados, visando à


formação do banco de dados do meio ambiente e da qualidade dos recursos naturais das áreas
focalizadas.

O fluxograma metodológico apresentado a seguir (Figura 2) sintetiza os procedimentos adotados no


estudo do ZEE, sob o ponto de vista geoambiental.

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36

Fonte: SOUZA (2000)


Figura 2 - Fluxograma metodológico

5.2.2.2 Diagnóstico socioeconômico

O Diagnóstico Socioeconômico enfatizou os aspectos sociais, econômicos e da organização do espaço,


procurando enfocar as principais peculiaridades regionais. De modo essencial, foram destacadas as
condições atuais de uso e ocupação da terra; a análise da produção e organização do espaço geográfico
estadual; a verificação dos níveis e das formas de participação social; e a delimitação das principais
demandas sociais e econômicas.

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37

- Estratégias
A análise das condições sociais e econômicas considera as principais formas de produção e os modos
e condições de vida e elas associados. Dessa forma, como fundamentos de método, buscou-se
seguir alguns pressupostos básicos, a saber: considerar as diferentes escalas geográficas a partir da
interação permanente do global para o local; realizar o diagnóstico, considerando os componentes
qualitativos e quantitativos de modo equilibrado, evitando um estudo excessivamente descritivo;
realizar pesquisa buscando alcançar a essência do processo de formação sócio-espacial; reconstituir
os processos gerais determinantes para as formas e funções vigentes no presente.

Reconhecendo ser impossível abordar todos os problemas dentro de cada grupo temático. Não
havendo o propósito de realizar um levantamento exaustivo de todas as variáveis que poderiam ser
pesquisadas separadamente, fez-se a escolha de variáveis e de questões que permitem reconhecer
as especificidades das transformações em curso no Estado e sua definição estrutural e funcional.
Foram feitas as escolhas de variáveis e de questões que permitem reconhecer a especificidade das
transformações em curso e sua definição estrutural e funcional. Deu-se ênfase às combinações com
os fatores herdados e o seu movimento de conjunto, governado pelos fatores novos, presentes
localmente ou não e, também, os ritmos de mudanças e suas combinações.

Os aspectos socioeconômicos foram agrupados tematicamente, abarcando conjuntos de variáveis e


indicadores, a saber:

a) População, Dinâmica Demográfica, Mercado de Trabalho e Qualidade de Vida – estudados a partir


da população total; da população segundo situação de domicílio; da evolução da população (total,
urbana e rural); da densidade demográfica; das taxas de urbanização; das taxas de crescimento
populacional; da urbanização e gênero; da estrutura etária; da absorção da força de trabalho;
do mercado de trabalho e nível de emprego (análise setorizada da ocupação; emprego formal e
informal); do Índice de Condições de Vida (ICV-PNDU), apontado pela metodologia que incorpora
um conjunto de indicadores que relatam realidades sociais, econômicas e ambientais, captando
o processo de desenvolvimento humano nas dimensões renda, educação, longevidade, infância e
habitação.

b) Infra-estrutura Econômica e Sócia-estudada a partir dos transportes (rodovias, estradas vicinais;


portos; aeroportos; pistas de pouso; rodoviárias; frotas de veículos); das comunicações (agências
de correios; telefones instalados (fixos e móveis); dos provedores de internet; das caixas de
coletas de correio; telefones públicos); da eletrificação (consumo de energia elétrica, segundo
classes de uso); do abastecimento de água e saneamento básico (rede de esgoto; distribuição
de água; limpeza pública; coleta de lixo); da saúde (hospitais; postos de saúde; do número de
médicos por habitante; do número de leitos por habitante; especialidades); da educação (número
de escolas; número de salas de aula; níveis atendidos; número de escolas segundo a entidade
mantenedora); dos equipamentos turísticos (número de hotéis, pousadas; outros equipamentos);
dos centros comunitários, templos e da presença do Estado (institutos de pesquisa tecnológica;
extensão rural; SINE / IDT; SEBRAE).

c) Estrutura agrária – estudada por meio do uso e ocupação do solo agrícola (lavouras; pastagens;
matas e florestas; produtivas não utilizadas); da produção extrativista, agrícola e pecuária
(número de estabelecimentos; área ocupada); das relações sociais de produção (condição do
produtor, pessoal empregado); da estrutura fundiária; da base técnica da produção / padrão
tecnológico; da expansão do agronegócio; dos assentamentos rurais (números de assentamentos,
filiação (INCRA ou MST); dos ninchos de mercado (pequenos negócios; apicultura; criação de
avestruz e de búfalo etc);

d) Industria, Mineração e Pesca – estudadas a partir do número e localização de indústrias;


distribuição espacial da composição segundo ramos de atividade.

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38

e) Terciário: Serviços, Comércio e Turismo – estudados com arrimo no sistema financeiro:


instituições bancárias (número de agências bancárias e de bancos (privados e públicos); do
comércio (atacadista e varejista); dos Shoppings-centers; das cadeias produtivas e distribuição de
produtos; dos serviços: tradicionais e modernos; da expansão do turismo.

- Etapas do Roteiro Metodológico


A realização dos aspectos socioeconômicos do ZEE incluíram uma gama de atividades articuladas
entre si, cabendo destaque aos seguintes aspetos:

a) o planejamento geral para a realização do trabalho, cujo objetivo é sistematizar todas as ações
necessárias à obtenção dos objetivos retrocitados;

b) o levantamento bibliográfico, dos livros, mapas, censos, anuários, relatórios, atlas, periódicos,
diagnósticos, programas de governo, projetos setoriais etc, fontes primordiais de informações
secundárias, visando reunir a produção já existente de todas as temáticas;

c) análise do material bibliográfico coletado, com o intuito de melhor e mais rapidamente realizar
uma síntese do estado da arte das temáticas consideradas para análise; e

d) o tratamento das variáveis escolhidas resultou na organização de tabelas, gráficos, cartogramas e


séries estatísticas das variáveis escolhidas para a análise, que apresentaram abrangência histórica
capaz de mostrar a evolução dos indicadores ou variáveis escolhidas.

O fluxograma da Figura 3 sintetiza a temática dos diagnósticos geoambiental e socioeconômico. A


Figura 4 apresenta os procedimentos operacionais do ZEE, configurando as principais atividades e
articulações.

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Figura 3 - Fluxograma da metodologia


Fonte: SOUZA et al (2001)

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Figura 4 - Fluxograma dos procedimentos operacionais do ZEE


Fonte: MMA (2001)

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41

5.3 Aspectos da legislação ambiental pertinente para o ZEE

O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado constitui interesse difuso e coletivo, não
sendo, portanto, admitido pelo ordenamento jurídico-ambiental brasileiro o uso irracional de recursos
naturais por particulares, em detrimento do direito de toda a população residente no local onde são
encontrados tais recursos.

Ocorre que a proteção jurídica atribuída aos atributos naturais não se restringe ao momento atual, pois
o legislador constituinte advertiu para o fato de que a necessidade de defesa do equilíbrio ecológico
tem por fundamento os interesses também das gerações futuras.

Neste patamar, a Carta Magna estabeleceu o seguinte:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e
futuras gerações. (grifo nosso)

O objeto proposto para a presente análise diz respeito aos cenários tendenciais e perspectivas, que não
podem se desvincular da extensão protetiva jurídica do meio ambiente para as gerações futuras. Não
se admite a exploração de recursos ambientais, mesmo que as conseqüências negativas da medida
somente sejam verificadas a médio ou longo prazo.

Dessa forma, nas elucidadoras palavras de Silva (1994), “o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado pertence a todos, incluindo aí as gerações presentes e futuras, sejam brasileiros ou
estrangeiros”.

Com efeito, os que detêm o direito de edificar obras ou exercer atividades que, de alguma forma,
produzem danos ambientais, afetam diretamente atributos naturais que também pertencem às futuras
gerações.

Com efeito, a geração atual não possui legitimidade para comprometer um recurso natural de valor
ambiental destinado às futuras gerações. A tutela jurídica que se destina ao equilíbrio ecológico não
admite esta conjuntura, pois, se assim a admitisse, estaria afetando negativamente o futuro das
próximas gerações.

5.3.1 Recursos hídricos

O Brasil, como Estado Federal, tem como uma de suas principais características a repartição
constitucional de competências, imprescindível para o pleno funcionamento do modelo federativo e
para a distribuição de autonomia entre as entidades federadas, na qualidade de atributo intrínseco do
equilíbrio da Federação.

A partir desta compreensão, a Carta Maior de 1988 estabeleceu a repartição de competências


fundamentada no chamado “princípio da predominância do interesse”, segundo o qual competem
à União as questões de predominante interesse nacional, aos Estados-membros, preponderante
interesse regional, e aos Municípios, as de prevalecente interesse local.

Desde sua promulgação até hoje, as entidades federativas mostrou-se incapazes de classificar
determinada questão como de interesse nacional, regional ou local, de maneira harmônica com as
pretensões dos demais entes federativos.

Esta conjuntura se verifica não obstante a configuração dada pela Carta Magna à problemática da
repartição de competências, que se delineia por meio (a) da competência material exclusiva da União
(art. 21), (b) da competência legislativa privativa da União (art.22), (c) da competência material comum
(art. 23) e (d) da competência legislativa concorrente (art. 24).

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42

Acerca da competência material exclusiva da União, destaca-se, pela relevância e pela vinculação com
o tema, a defesa permanente contra as calamidades públicas, sobre a qual serão destinadas algumas
considerações a seguir.

5.3.2 Da defesa permanente contra as secas

Diferentemente das constituições anteriores, a de 1988 concedeu não só à União, mas também aos
estados, ao Distrito Federal e aos municípios o direito de legislar e de executar assuntos relativos
à questão ambiental. Alguns outros assuntos, porém, foram atribuídos, de maneira exclusiva, à
competência federal, pois, nos termos do art. 21:

“Art. 21. Compete à União:

...

XVIII – planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,


especialmente as secas e inundações”.

A calamidade pública, segundo o Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas (SIDOU,
1999), é uma “catástrofe provocada por fatores anormais, adversos e emergentes, que afetam
gravemente uma comunidade, privando-a, total ou parcialmente, do atendimento de suas necessidades
elementares ou ameaçando a existência ou integridade de seus componentes”.

A Constituição especifica as secas e inundações por se tratarem dos mais contínuos e comuns exemplos
de calamidades no Brasil, sendo que, em função da vinculação com o tema do presente ZEE do Bioma
Caatinga e Serras Úmidas, consiste a seca no maior problema vivenciado pelo sertanejo cearense.

A região Nordeste do País padece com o grave problema da inconstância das chuvas e da carência de
incentivos por parte tanto do Governo Federal quanto dos governos dos estados, que compõem o
chamado “polígno das secas”, cuja área, de aproximadamente 900.000 km², está encravada no serão
nordestino. No Ceará, cerca de 100.000 km² se enquadram nas características do semi-árido.

Os problemas mais evidentes da área decorrem da escassez de chuvas e da excepcional aridez, que
geram invariavelmente a perda generalizada de colheitas, desencadeiam a fome das populações
residentes e dão seqüência ao processo de desertificação na área do Bioma Caatinga.

Tal processo de desertificação é decorrente da conjugação de inúmeros fatores, dentre os quais se


destacam:
a) predominância, na área, de solos rasos e cristalinos, com reduzida capacidade de retenção de
água;

b) regime pluviométrico caracterizado pelo limitado índice de precipitações e pela extrema


irregularidade;

c) fotoperiodismo, com alto índice de insolação; e

d) predomínio de ventos secos e quentes, com forte poder de desidratação.

São características do clima semi-árido quente, onde o índice pluviométrico está em torno de 750 mm
anuais. Somente em alguns trechos litorâneos, que recebem os ventos úmidos do oceano, este índice
ultrapassa os 1.000 mm.

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43

Soma-se a isso o caráter irregular das chuvas, o que origina longos períodos de seca, tornando a prática
da agricultura e da pecuária atividades de alto risco, vez que constantemente sujeitas a perda da colheita
e da pastagem. Surge daí a chamada agricultura de subsistência, que, por meio do regime de economia
familiar, caracteriza-se por pequenos focos de plantações destinados exclusivamente à alimentação
dos próprios agricultores, bem como a cultura de plantas adaptadas à pequena umidade.

5.3.3 Competência para legislar sobre recursos hídricos

Reza a Constituição Federal, no art. 2º, inc. IV, que a competência para legislar sobre águas é privativa
da União. Como conceber, então, a possibilidade do Estado em disciplinar a utilização e gerenciamento
dos recursos hídricos de seu território?

Antes de responder à interrogação, convém elucidar ainda o fato de que a própria Carta Magna, em
seu art. 24, ao tratar da competência legislativa concorrente entre os entes federativos, inclui a matéria
relativa à conservação da natureza, à defesa dos recursos naturais e à proteção do meio ambiente:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

...

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”.

Ora, é evidente que a água constitui um recurso natural, ex vi do que determina a Lei de Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81):

“Art. 3º. Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

V – recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas,


os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera (a fauna
e a flora)”.

Portanto, desnecessária exegese mais sofîstica para concluir da possibilidade jurídico-constitucional


em editar diplomas legislativos cujo objeto seja a proteção dos recursos hídricos.

Outrossim, já que a própria Carta Magna atribui o domínio de determinados corpos d’água ao Estado
(art. 26, inc. I), conforme será analisado a seguir, não seria concebível impedir que tal ente federativo
legislasse sobre um bem incluído constitucionalmente em seu patrimônio.

Desse modo, afirma Adonis Sá (apud, 2001), “pode-se concluir que, aos Estados, é validamente
possível legislar sobre águas, não apenas quando autorizado por lei complementar (art. 22, §1º), mas
também como um recurso natural integrante do seu domínio (art. 26, inc. I), como elemento primário
de saneamento, na instituição de regiões metropolitanas (art. 25, §3º) e como fator ambiental, tendo
em vista a competência legislativa concorrente (art. 24, inc. VI)”.

Fiorillo (2001) não tem posicionamento diferenciado: “diante desta celeuma, em que não restou claro
ser competência da União legislar sobre a matéria águas ou caber a ela somente a edição de normas
gerais, temos que a melhor interpretação é extraída com base no art. 24, de modo que a competência
para legislar sobre normas gerais é atribuída à União, cabendo aos Estados e ao Distrito Federal legislar
complementarmente”.

Machado (1992) ainda adverte: “a normatividade dos Estados sobre a água fica, porém, dependendo
do que dispuser a lei federal, definirem os padrões de qualidade da água e os critérios de classificação
das águas de rios, lagos, lagoas etc. Os Estados não podem estabelecer condições diferentes para cada
classe de água, nem inovar no que concerne ao sistema de classificação”.

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44

Por conclusão, verifica-se a viabilidade da legislação estadual sobre águas, desde que compatível com
a norma federal geral, principalmente a Lei nº 9.433/97, que instituiu a Política Nacional dos Recursos
Hídricos, atribuindo-se-lhe um caráter mais concreto e observando suas peculiaridades regionais.

5.3.4 Ordenamento territorial do município

Além da clara repartição constitucional de competências, nos âmbitos legislativo e material, prevista
nos arts. 21 a 24, a Constituição Federal prevê que a implantação de política de desenvolvimento urbano
fica ao cargo do Poder Público Municipal (arts. 182 e 183). Tais preceitos, entretanto, enquadram-se
como de aplicabilidade mediata, porquanto exigia norma infraconstitucional a regulamentar-lhe.

Outrossim, as políticas municipais de desenvolvimento urbano normalmente limitam-se ao chamado


Plano Diretor, muitas vezes de aplicabilidade duvidosa.

Após a edição da Lei nº 10.257/01, conhecida como o Estatuto da Cidade, a política de desenvolvimento
urbano dos municípios passou a dispor de uma legislação que disciplina a sua execução, trazendo
inúmeras e modernas novidades, dentre as quais se destacam as que mantêm pertinência com o
objeto do ZEE.

Vê-se, portanto, que o Estatuto da Cidade constitui instrumento normativo que traz consigo novidades
e aspectos relevantes no que tange à administração pública urbana. Seus dispositivos, inclusive,
ultrapassam os ditames do Direito Urbanístico, alcançando a preocupação ecológica propriamente
dita, aliás presente em vários de seus dispositivos.

Neste diapasão, o Estatuto disciplina os instrumentos, a cargo da Administração municipal, referentes


ao ordenamento territorial do Município, dentre os quais (a) o plano diretor, (b) o uso e ocupação do
solo e (c) o zoneamento ambiental:

“Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:
III – planejamento municipal, em especial:
a) plano diretor;
b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;
c) zoneamento ambiental”.
Tais instrumentos, em função de sua relevância e pertinência ante o estudo dos aspectos jurídicos que
permeiam o ZEE do Bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará, estão delineadas nas linhas seguintes.

5.3.5 Do uso e ocupação do solo urbano

A legislação municipal de uso e ocupação do solo, uma vez editada de acordo com os legítimos anseios
da população diretamente interessada, é de indiscutível relevância para a vida urbana, por disciplinar
as construções e definir, mediante zoneamento, onde podem ser efetivadas, interferindo na estrutura
do município e, de forma indireta, em sua economia.

Por essa razão, o legislador constituinte foi sábio ao atribuir ao Município, principal interessado e real
conhecedor das peculiaridades locais, a tarefa de editar normas jurídicas capazes de disciplinar o uso
e a ocupação do solo urbano:

“Art. 30. Compete aos Municípios:

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45

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante


planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.
Esta atribuição constitucional destinada ao Município complementa-se com o disposto no próprio art.
182, que trata da política urbana e da organização espacial do Município:

“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus
habitantes”.

O disciplinamento do uso e ocupação do solo urbano é uma concepção da gestão do espaço municipal,
baseada na idéia de definir as atividades correspondentes a determinadas áreas. Desta forma, pretende-
se, ao se proceder ao disciplinamento, evitar convivências pouco harmoniosas entre estas atividades.

Neste sentido, o espaço territorial da cidade deve ser dividido em áreas industriais, comerciais,
residenciais, institucionais e em zonas mistas.

Em atenção a tais ditames, o legislador ordinário, ao editar o Estatuto da Cidade, especificou os


objetivos da política urbana:

“Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:
I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana,
à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;
IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da
população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área
de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus
efeitos negativos sobre o meio ambiente;
VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar:
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos;
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em
relação à infra-estrutura urbana;
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos
geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente;
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não
utilização;
f) a deterioração das áreas urbanizadas;
g) a poluição e a degradação ambiental”.
Apesar da nobreza da intenção do legislador ordinário, é sabido que muitas vezes o disciplinamento
ocorre em função de atividades e usos já consolidados, ou seja, a legislação apenas reconhece tais
atividades. Nesse caso, sua finalidade de direcionar o uso e ocupação do solo urbano fica resumida à
legitimação do espaço já ocupado com edificações.

Daí a necessidade de se evitar a edição de normas destinadas exclusivamente a regularizar uma


situação de fato que, sob o prisma constitucional, não condiz com os ditames da organização territorial

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do Município. Além da criação de normas disciplinadoras do uso e ocupação do solo urbano, deve-se
proceder à modernização das já existentes, não apenas em função dos princípios e das regras gerais
introduzidas no ordenamento pelo Estatuto da Cidade, mas também da nova ordem espacial e social.

Deve-se, então, proceder-se previamente a exaustivos estudos, de forma multidisciplinar, abrangendo


tópicos de Urbanismo, Engenharia, Geografia, Socio-Economia etc., sem se olvidar das consultas diretas
à população interessada.

No ensejo, convém destacar o princípio constitucional, comum aos ramos do Direito Público pátrio,
da prevalência do interesse coletivo sobre o particular. O disciplinamento do uso e ocupação do solo
urbano tem como finalidade intrínseca a viabilidade de uma organização territorial que propicie o
bem-estar da população residente.

As limitações impostas pelo disciplinamento, apesar de à primeira vista possibilitar prejuízos individuais,
têm como foco a qualidade de vida de toda a municipalidade. A responsabilidade deve ser repartida,
atribuindo-se a cada indivíduo direitos, mas também deveres, em virtude da concretização dos
interesses da coletividade.

O disciplinamento do uso e ocupação do solo urbano deve trazer consigo a divisão do espaço territorial
em zona, a que se denomina zoneamento urbano. Neste, são estabelecidos gabaritos de alturas e
limitações volumétricas de edificações e compatibilidade da convivência de variadas atividades
(residencial, comercial, institucional, industrial, misto etc.). Dessa forma, o zoneamento deve ser
definido pela divisão, principalmente dentro do perímetro urbano, em áreas com algumas condições e
aptidões em comum, as chamadas zonas.

5.3.6 Do plano diretor municipal

Trata-se do instrumento técnico-jurídico central da gestão do espaço urbano, pois define as grandes
diretrizes urbanísticas.

Constitucionalmente, entretanto, o Plano Diretor só é obrigatório no caso de municípios com população


residente que ultrapassa o número de vinte mil habitantes:

“Art. 182. ..........................................................

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento
e de expansão urbana”.

A edição do Plano Diretor, a exemplo do que se referiu acerca do disciplinamento do uso e ocupação do
solo, só alcança sua finalidade intrínseca se fugir da situação a que, infelizmente, sujeita-se a maioria
dos planos diretores hoje existentes, qual seja, a da mais absoluta inobservância e desrespeito por
parte dos governos municipais.

Trata-se, na prática, de um documento alheio ao dia-a-dia da municipalidade, às vezes por ser elaborado
apenas para cumprir a exigência constitucional contida no dispositivo retrotranscrito, outras vezes por
desrespeito às suas normas em função de interesses econômicos escusos.

O disciplinamento do uso e ocupação do solo urbano, não deve se esquecer de tratar também
do equilíbrio ecológico da área correspondente ao Município, até em função do estreito inter-
relacionamento da questão urbanística com a questão ambiental.

É por esta razão que o Estatuto da Cidade também estabeleceu como diretriz geral para a política
urbana a problemática ecológica:

“Art. 2º. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes
gerais:

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XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do


patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico”.

As condições ambientais e os atributos naturais relevantes definem algumas áreas que merecem
proteção ambiental. Tais áreas são de fundamental importância para a conservação e recuperação
do já comprometido equilíbrio ecológico da região do Bioma Caatinga e das Serras Úmidas, que sofre
há décadas com o processo de degradação ambiental, que lhe causa inúmeros impactos negativos de
ordem ecológica e social.

A definição destas áreas, então, é vital para garantir a proteção dos atributos naturais relevantes ali
encontrados, precipuamente nas bacias fluviais, das matas ciliares (com a proteção das faixas não
edificantes), das áreas verdes e das áreas com potencial de recuperação do meio ambiente.

Os municípios contemplados no presente estudo são detentores de algumas áreas dotadas de atributos
naturais relevantes e que, ao mesmo tempo, possuem condições de oferecer à comunidade áreas que,
destinadas à Educação Ambiental e a atividades de lazer, não afetem seu equilíbrio ambiental.

As normas de uso e ocupação devem, portanto, envolver-se também de questões ambientais, prevendo
tópicos como taxas de ocupação populacional em determinadas áreas cujos recursos naturais assim o
exijam, coeficientes de aproveitamento, restrições a atividades potencialmente poluidoras e manejo
da vegetação.

Somente com a robusta revisão e implementação da legislação municipal urbanística, e sua respectiva
aplicabilidade, pode-se falar em busca, de forma direta, do bem-estar da população residente e, de
modo indireto, da mitigação dos impactos ambientais negativos.

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6 AS BASES DO ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO DO BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS


DO CEARÁ

6.1 Estruturação conceitual e fundamentação jurídica do zoneamento

A Constituição Federal, em seu art. 225, incumbe à Administração Pública algumas atribuições com
vistas a impedir a ação humana danosa ao equilíbrio ecológico, dentre as quais se destaca a necessidade
de definição de espaços territoriais que, em função de suas características naturais, não prescindem de
maior atenção por parte das autoridades ambientais.

Assim reza mencionado dispositivo:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

§1º.Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

...

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus


componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”.

A Constituição Estadual também imputa à Administração Pública cearense desiderato semelhante:

“Art. 259. O meio ambiente equilibrado e uma sadia qualidade de vida são direitos
inalienáveis do povo, impondo-se ao Estado e à comunidade o dever de preservá-los
e defendê-los.

Parágrafo único. Para assegurar a efetividade desses direitos, cabe ao Poder Público,
nos termos da lei estadual:

...

IV – estabelecer, dentro do planejamento geral de proteção do meio ambiente, áreas


especificamente protegidas, criando, através de lei, parques, reservas, estações
ecológicas e outras unidades de conservação, implantado-os e mantendo-os com os
serviços públicos indispensáveis às suas finalidades”.

Fiorillo (2001), de forma pioneira, disserta sobre uma classificação a que se submetem os espaços
territoriais de que trata o §1º, inc. III, art. 225 da Constituição Federal. Segundo o autor, os espaços
territoriais “tomados em sentido amplo, são as porções do território estabelecidas com a finalidade
de proteção e preservação, total ou parcial, do meio ambiente. Dividem-se em espaços especialmente
protegidos e zoneamento ambiental”.

Portanto, os espaços territoriais constituem gênero do qual são espécies o zoneamento ambiental e os
espaços territoriais especialmente protegidos. Estes últimos, por sua vez, subdividem-se em:

a) áreas de Preservação Permanente (APP), previstas no Código Florestal – Lei nº 4.771/65, são
protegidas legalmente e, portanto, dispensam manifestação de vontade por parte da Administração
Pública. Exemplos de APP são as áreas cobertas por matas ciliares, dunas e mangues, vegetação
localizada nas encostas de morros e montanhas, vegetação ao redor de nascentes e olhos d’água
etc.

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b) unidades de Conservação, disciplinadas pela Lei nº 9.985/2000 – Lei do Sistema Nacional de Unidades
de Conservação, dentre as quais se destacam as Áreas de Proteção Ambiental (APA), os Monumentos
Naturais, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) e as Estações Ecológicas.

Já no que tange ao zoneamento propriamente dito, consiste na divisão territorial, por meio de disposição
jurídica que leva em consideração as potencialidades de uso, existentes ou induzidas. Disciplinam-se,
portanto, as atividades e obras permitidas ou proibidas dentro de determinada subdivisão da área, a
que se convencionou chamar de zona.

Para Antunes (2000), o zoneamento consiste no instrumento jurídico que delimita “geograficamente
áreas com a finalidade de estabelecer regimes especiais de uso e tutela”. Para o autor, o zoneamento
“estabelece os critérios e parâmetros a partir dos quais deverá ser procedida a delimitação de espaços
territoriais com objetivos de utilização especificadamente definida. O zoneamento, ao definir as
atividades possíveis em determinados espaços territoriais, é uma atividade que ordena o território
e molda-o para um determinado padrão de desenvolvimento e ocupação. O zoneamento, como
se pode perceber, é função de um determinado objetivo a ser atingido mediante a adoção de um
plano de ocupação do solo (POS). O zoneamento é a tentativa de impedir a ocupação anárquica dos
espaços territoriais, fazendo com que os mesmos se enquadrem em um determinado padrão de
racionalidade”.

Silva (1994) ressalta que “o zoneamento é um instrumento jurídico de ordenação do uso e ocupação
do solo. Num primeiro sentido, o zoneamento consiste na repartição do território à vista da destinação
da terra e do uso do solo, definindo, no primeiro caso, a qualificação do solo em urbano, de expansão
urbana, urbanizável e rural e, no segundo, dividindo o território do Município em zonas de uso. Foi
sempre considerado, nesta segunda acepção, como um dos principais instrumentos do planejamento
urbanístico municipal, configurando um plano urbanístico especial”.

Nota-se, portanto, que a idéia de zoneamento deve sua fase embrionária ao Direito Urbanístico, que
disciplinava a repartição territorial da cidade, de acordo com os ditames jurídicos relativos ao uso e
ocupação do solo urbano.

Esta noção inicial de zoneamento evolui na mesma proporção em que o Direito Ambiental se desenvolve
até alcançar sua autonomia científica. Assim, a noção de zoneamento urbano persiste, mas hoje
encontra-se num patamar que o diferencia do zoneamento ecológico.

Este posicionamento, segundo o qual a noção genérica de zoneamento tem origem na de zoneamento
urbano, é encontrada também em Antunes (2000): “Parece evidente que o conceito de zoneamento
tem uma origem fundamentalmente urbana. Na verdade, tal conceito se funda em uma intervenção
estatal sobre as atividades industriais, visando a diminuir ou manter sob controle os efeitos negativos
que, inevitavelmente, são gerados pelo processo de desenvolvimento econômico”.

Em outra passagem de sua obra, o autor assevera que “o zoneamento tem origem tipicamente urbana.
Entretanto, nos dias atuais, o zoneamento pode se apresentar sob diversas formas”.

De fato, a noção de zoneamento ecológico nasceu do conceito de zoneamento urbano que, por
sua vez, pode atribuir sua fase embrionária ao zoneamento industrial que se fez necessário com o
desenvolvimento econômico-industrial. É evidente que estas modalidades de zoneamento não diferem
claramente nem têm uma linha cronológica definida, mas podem ser analisadas separadamente. E a
doutrina assim já o fez, conforme se verificará a seguir.

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6.2 Formas de zoneamento

Destacou-se há pouco o fato de que as modalidades de zoneamento devem sua origem às outras, em
virtude de seu desenvolvimento e incremento. Assim, o zoneamento industrial deu forças ao urbano,
o qual, ultrapassando os limites territoriais da cidade e alcançando o meio rural, deu origem à noção
de zoneamento ecológico. São, portanto, três as formas de zoneamento que encontram unanimidade
na doutrina:
- zoneamento urbano;

- zoneamento industrial; e

- zoneamento ecológico.

Silva (1994), considerando a inexistência de um vetor cronológico entre suas modalidades, adverte
para a idéia de que o zoneamento, em qualquer de suas qualificações (urbano, ambiental e industrial),
constitui “um procedimento urbanístico, que tem por objetivo regular o uso da propriedade do solo e
dos edifícios em áreas homogêneas no interesse coletivo do bem-estar da população. Ele serve para
encontrar lugar para todos os usos essenciais do solo e dos edifícios na comunidade e colocar cada
coisa em seu lugar adequado, inclusive as atividades incômodas”.

Não se isentando de distinguir o zoneamento urbano do ambiental, o autor leciona que ambos não
diferem essencialmente: “Em essência, identificam-se no fato de que são ambos zoneamento de uso
do solo. A diferença é apenas de enfoque, está apenas no fato de que o objetivo do zoneamento
ambiental é primordialmente a proteção do meio ambiente, de sorte que o uso aí permitido será
estritamente limitado. Ambos constituem, pois, disciplina de uso do solo particular”.

Fiorillo (2001), corroborando este entendimento, assevera que “descendo a detalhes, podemos verificar
que o zoneamento ambiental possui apenas uma diferença de enfoque do urbano, uma vez que o
objetivo daquele é a proteção do meio ambiente, de modo que o uso permitido será estritamente
limitado”.

E continua: “De qualquer modo, tanto o zoneamento ambiental como o industrial constituem limitações
de uso do solo particular, incidindo diretamente na limitação de propriedade, com base no preceito
constitucional de que a propriedade deve cumprir sua função social.”

6.2.1 Zoneamento ecológico-econômico

Tratou-se há pouco acerca das modalidades de zoneamento, sendo a mais pertinente ao presente
trabalho o zoneamento ambiental ou zoneamento ecológico. Não se falou, portanto, em zoneamento
ecológico-econômico (ZEE). Justifica-se: trata-se de uma modalidade que ganhou força na própria
evolução do Direito Ambiental e no prisma com que este ramo vislumbrava a questão econômica.

Hoje, o Direito Público moderno não admite que as diretrizes gerais da ecologia se dissociem dos
princípios da atividade econômica. São tópicos conexos, que mantêm entre si estreita relação e não
mais subsistem um sem o outro. Daí não se falar mais em zoneamento ecológico ou em zoneamento
ambiental, e sim em zoneamento ecológico-econômico.

O próprio Texto Constitucional garante esta correlação entre os tópicos, estabelecendo que o equilíbrio
ecológico consiste em um dos princípios da atividade econômica:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:

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51

...

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme


o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação”.

Trata-se, portanto, de instrumento jurídico dotado de metodologia científica e de origem multidisciplinar,


com o fim de disciplinar o ordenamento territorial, identificando as potencialidades e vulnerabilidades
de um determinado bioma e definindo os seus usos no aspecto ecológico e econômico, aspectos estes
que não podem ser dissociados.

A idéia de inter-relação dos princípios da atividade econômica e a busca pelo equilíbrio ecológico
constitui a idéia básica do chamado desenvolvimento sustentável. Este consiste na tentativa incessante
de se conciliar tópicos aparentemente contrastantes, quais sejam, os avanços industriais e econômicos
com a conservação dos recursos naturais.

Fiorillo (2001), ao dissertar sobre zoneamento ambiental, classifica-o como “um tema que se encontra
relacionado ao princípio do desenvolvimento sustentável, porquanto objetiva disciplinar de que forma
será compatibilizado o desenvolvimento industrial, as zonas de conservação da vida silvestre e a
própria habitação do homem, tendo em vista sempre (...) a manutenção de uma vida com qualidade
às presentes e futuras gerações”.

Daí sugerir-se que expressão “zoneamento ambiental” encontra-se ultrapassada e obsoleta, ao passo
que a dicção “zoneamento ecológico-econômico” mostra-se mais completa, em razão de ter alcançado
um patamar de avanço que abrange muitos outros elementos, principalmente os relacionados à
socioeconomia e até mesmo à Cultura.

O ZEE consiste, portanto, num instrumento de natureza jurídica, imprescindível para o disciplinamento de
uso e ocupação do solo em sintonia com o desenvolvimento sustentável, pois visa, fundamentalmente,
a melhorar a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, bem como proteger a
diversidade biológica e os recursos naturais.

O uso pioneiro da terminologia, em textos jurídicos, data de 1990, com a edição do Decreto Federal nº
99.540/90, que instituiu a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território
Nacional. A Comissão tinha como atribuições planejar, coordenar, acompanhar e avaliar a execução dos
trabalhos de ZEE, bem como trabalhar a articulação com os estados, apoiando-os na execução dos seus
respectivos trabalhos de ZEE, com vistas à compatibilização desses trabalhos com aqueles executados
à época no plano federal.

O ZEE, para a sua plena eficácia, exige um emaranhado de conhecimentos acerca das obras e atividades
de cada uma das zonas, bem assim de seus atributos naturais e socioeconômicos, abrangendo inúmeros
focos e estudos setoriais, ocasionando uma interdisciplinaridade da qual depende a finalidade da
implementação do ZEE.

A interpretação da dinâmica ecológica, levando-se sempre em consideração os tópicos que envolvem


a organização socioeconômica, in casu da área correspondente ao Bioma Caatinga e Serras Úmidas
do Ceará, produz a necessidade de contar com estudos não limitados às ciências da natureza, mas
também, e fundamentalmente, com a análise econômica, cultural, sociológica, antropológica, jurídica
etc.

A interdisciplinaridade com que deve se revestir o ZEE também se fundamenta no estudo da


capacidade de suporte dos atributos naturais encontrados na área, a fim de viabilizar a produtividade
e a estabilidade, de acordo com as possibilidades de utilização de tais bens naturais. O ZEE, outrossim,
deve ser implementado, levando-se em consideração os elementos bióticos, físico-naturais,
urbanísticos, agropastoris e extrativistas da área, disciplinando claramente o uso e ocupação do solo
correspondente.

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52

O ZEE tem por finalidade, ainda, formular as diretrizes, gerais e específicas, metas e estratégias de ação,
servindo como instrumento direcionador do comportamento do Poder Público. Deve indicar as ações
estatais de prevenção e correção de danos ambientais, levando-se em consideração não somente o
meio ambiente natural, mas também, e principalmente, o meio ambiente artificial, cultural e urbano.

Por todas estas razões, diz-se que o prisma com que se analisa o meio ambiente em todas as suas
qualificações (meio ambiente natural, artificial, cultural, do trabalho etc.) consiste no enfoque
holístico-sistêmico, segundo o qual as relações entre os sistemas naturais e antrópicos se processam
em cadeia.

6.2.1.1 Conceitos doutrinários

A noção de zoneamento encontra guarida também na doutrina norte-americana que define o termo
zoning (in Blacks Law Dictionary, St. Paul: West Publishing, 1991, p. 1114) como: “the division of a city
or town by legislative regulations into districts and the prescription and application in each district of
regulations prescribing use to which buildings within designated districts may be put. Division of land
into zones, and within those zones, regulation of both the nature of land use and physical dimensions
of uses including height setbacks and minimum area”.

O professor francês Yves Prats, apud Antunes (2000), define zoneamento como “tradução, muitas
vezes criticada, do zoning anglo-saxão, cujo conteúdo no direito urbanístico, na França, é mais preciso e
mais restrito. É a técnica consistente em determinar nos documentos de planificação urbana o destino
da utilização do solo segundo a natureza das atividades dominantes, definindo aquelas que serão
permitidas”. (PRATS, 1988).

Para Moreira Neto (1977), “zoneamento não é mais que uma divisão física do solo em microrregiões
ou zonas em que se promovem usos uniformes; há, para tanto, indicação de certos usos, exclusão de
outros e tolerância de alguns. A exclusão pode ser absoluta ou relativa”.

Silva (1994), ao dissertar sobre o zoneamento ambiental, qualifica-o como “um instrumento da Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81, art. 9º, II). A lei não o conceitua, mas pode-se, a grosso
modo, dizer que se trata de um procedimento por meio do qual se instituem zonas de atuação especial
com vista à preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental”.

Segundo Fiorillo (2001), “zoneamento é uma medida não jurisdicional, oriunda do poder de polícia,
com dois fundamentos: a repartição do solo urbano municipal e a designação do seu uso”.

6.2.1.2 Conceito legal

O ZEE não conta com definição em diplomas legislativos componentes do ordenamento jurídico
ambiental brasileiro. Quando muito, encontrou-se uma definição genérica de zoneamento contido na
Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Lei nº 9.985/2000, definição esta, adverte-se,
não relativa ao ZEE, mas ao zoneamento interno de uma unidade de conservação:

“Art. 2º Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

...

XVI – zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação


com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os
meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados
de forma harmônica e eficaz”.

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53

Nota-se, portanto, que, apesar de o conceito se referir ao zoneamento interno da unidade de


conservação, este mantém as mesmas premissas e noções do ZEE, principalmente levando-se em
consideração que os fatores componentes do espaço não se restringem aos fatores bióticos, ou seja,
os seres vivos, mas também aos fatores abióticos e, principalmente, aos aspectos sociais, econômicos
e culturais que fazem parte do espaço protegido.

Em razão de o ZEE não contar com definição legal, lança-se mão de outros diplomas jurídicos constantes
do ordenamento jus-ambiental brasileiro, a exemplo dos atos administrativos que se situam, dentro
da estrutura escalonada do ordenamento, abaixo das leis, portanto, sendo-lhes menos genéricos e
devendo-lhes plena observância.

Conforme o Decreto Federal nº 4.297/2002, que regulamenta o art. 9º, inc. II, da Lei nº 6938/81, o ZEE
é um instrumento da política nacional do meio ambiente que atua na organização territorial.

Segundo referido ato administrativo, o ZEE estabelece medidas e padrões de proteção ambiental
destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da
população.

O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados,
quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos
naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.

Ainda de acordo com os termos do Decreto nº 4.297/2002, o ZEE, na distribuição espacial das
atividades econômicas, deve levar em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos
ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e opções de exploração do território e determinando,
quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais.

O zoneamento dispõe do poder-dever de dividir o território em zonas, de acordo com as necessidades


de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável.

A instituição de zonas deve orientar-se pelos princípios da utilidade e da simplicidade, de modo a


facilitar a implementação de limites e restrições pelo Poder Público, bem como sua compreensão pelos
cidadãos.

6.2.1.3 Fundamentos constitucionais

Apesar de não haver no Texto Constitucional dispositivo tendo como objeto específico o ZEE, podem
ser destacados preceitos constitucionais genéricos, inclusive na Carta Estadual do Ceará de 1989, nos
quais se podem enquadrar os objetivos do zoneamento.

No âmbito da Constituição Federal, o embasamento para planos de ZEE, no que diz respeito à repartição
constitucional de competências ambientais, pode ser verificado nos dispositivos que regem:
- a competência da União para elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do
território e de desenvolvimento econômico e social (art.21);

- a competência comum da União, dos estados e do Distrito Federal para promover a proteção do
meio ambiente e o combate à poluição, a preservação das florestas, da fauna e da flora, bem como o
fomento à produção agropecuária e a organização do abastecimento alimentar (art. 23); e

- a atribuição ao Poder Público e ao particular do dever de defender e preservar, para as presentes e


futuras gerações, o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a que todos têm direito (art. 225).

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54

Segundo Fiorillo (2001), o fundamento constitucional do ZEE “encontra-se previsto nos arts. 21, XX,
que preceitua caber à União instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos; 30, VIII, que fixa a competência dos Municípios para
promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; e 182, que cuida da política urbana”.

Para Antunes (2000), “as bases constitucionais para o zoneamento são bastante amplas. A primeira,
evidentemente, decorre da capacidade estatal de intervenção e de fixação dos contornos jurídicos dos
direitos. O artigo 21, inciso IX, da Constituição Federal fornece uma primeira referência do poder-dever
da União em relação ao zoneamento. A União pode, ainda, conforme permissivo contido no artigo 43
da Constituição de 1988, articular sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando
ao desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais”.

Quando trata da competência estadual, o autor informa que “os Estados, por força do art. 25, §3º,
poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”.

Na observância do contido neste dispositivo legal, a Constituição do Estado do Ceará (1989) tratou de
delinear as áreas sujeitas a zoneamento ecológico-econômico:

“Art. 266. O zoneamento ecológico-econômico do Estado deverá permitir:

I – áreas de preservação permanente;

II – localização de áreas ideais para a instalação de parques, florestas, estações


ecológicas, jardins botânicos e hortos florestais ou quaisquer unidades de preservação
estaduais ou municipais;

III – localização de áreas com problemas de erosão, que deverão receber especial
atenção dos governos estadual e municipal;

IV – localização de áreas ideais para o reflorestamento”.

Importante é ressaltar que este dispositivo da Constituição Estadual se refere, em verdade, ao


macrozoneamento ecológico-econômico, ou seja, à delimitação de zonas em todo o Estado do Ceará.

6.2.1.4 Fundamentos infraconstitucionais

O fundamento legal do ZEE é verificado na própria Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81)”,
na conjugação dos arts. 2º e 9º:

“Art. 2° - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,


melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar,
no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes
princípios:

...

V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras”.

...

“Art. 9° - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

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55

...

II – o zoneamento ambiental”.

Outrossim, regulamentando o inc. II deste art. 9º, foi por meio do pré-falado Decreto Federal nº
99.540/90 que o Governo Federal instituiu a Comissão Coordenadora do Zoneamento Ecológico-
Econômico do Território Nacional, presidida pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da
República (SAE/PR).

Referido Decreto definiu os princípios gerais para a execução dos trabalhos de Zoneamento Ecológico-
Econômico a serem executados pelo Governo Federal no plano macrorregional, e pelos Estados, mais
detalhadamente.

Ainda a respeito da qualificação do ZEE como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente – a
exemplo de outros instrumentos não menos importantes, como a Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA), o licenciamento ambiental e a instituição de unidades de conservação – resta a relevância do
zoneamento.

Isto porque as características do ZEE o qualificam como instrumento prévio, que aponta todas as opções
de localização de obras ou atividades de acordo com a zona em que estão localizadas, levando-se em
conta os fatores ambientais e socioeconômicos. Outrossim, consiste no instrumento capaz de melhor
adequar a área de influência das obras ou atividades, evitando ou gerenciando eventuais conflitos
delas advindos.

6.2.1.5 Procedimentos de implantação do ZEE

Para iniciar o estudo do presente tópico, opta-se por transcrever os ensinamentos de Machado (1992),
segundo os quais “o zoneamento deve ser conseqüência do planejamento. Um planejamento mal
estruturado, mal fundamentado, poderá ensejar um zoneamento incorreto e inadequado (...) Um
plano abrangente deve ser sempre o pré-requisito do zoneamento e de outras atuações do poder de
polícia através do controle do uso do solo”.

O estudo propedêutico para implementação do ZEE consiste, em princípio, no planejamento de trabalho,


por meio de pesquisa e estudo interdisciplinar, enfocando a avaliação ambiental e socioeconômica de
forma holístico-sistêmica, pois inclui as complexidades das interações dos sistemas naturais com os
socioeconômicos.

Os trabalhos de implementação do ZEE, em todas as suas etapas, devem se subsidiar pelos princípios
a seguir delineados.

- Participativo - a sociedade organizada, por meio das associações de moradores, Igreja, movimentos
sociais e de trabalhadores etc., deve ser ouvida em todas as fases da implementação do ZEE, atribuição
intrínseca para caracterizar a legitimidade do zoneamento e viabilizar seu próprio cumprimento a
posteriori.

- Eqüitativo - conseqüência imediata do primeiro princípio, a eqüidade refere-se à participação


igualitária entre todos os grupos sociais na tomada de decisões que envolvem a implementação do
ZEE e sua execução.

- Sustentável - o parcelamento do solo deve levar em consideração a potencialidade de uso dos recursos
naturais e do meio ambiente, uso este que deve se manter equilibrado, ou seja, visando à satisfação
dos interesses atuais, sem comprometimento dos recursos para as gerações futuras.

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- Holístico - os estudos que precedem a implementação do ZEE devem contar com prisma interdisciplinar,
considerando a posterior integração de informações entre as mais diversas áreas do conhecimento,
de forma a levar em consideração elementos da Geografia, da Geologia, da Ecologia, da Biologia, da
Economia, da Sociologia, da Antropologia, da História, da cultura, da religião, da política etc.

- Sistêmico - os mesmos estudos que antecedem a implementação propriamente dita do ZEE, de que
se tratou no princípio anterior, devem ainda se respaldar numa visão sistêmica que propicie, apesar
do caráter interdisciplinar, uma conclusão una e abrangente, permitindo disciplinar as relações de
dependência entre os fatores físico-biótico e socioeconômico.

Tendo como parâmetro, portanto, o estudo holístico-sistêmico, que deve levar em consideração todos
os elementos que compõem a área a ser zoneada, como os elementos sociais, econômicos, físicos,
naturais, culturais etc., a metodologia de implementação do ZEE deve constar de três etapas básicas:

- diagnóstico ecológico-econômico, tendo por base de exame a organização territorial, levando-se em


conta os aspectos bióticos, abióticos e socioeconômicos, dentre outros também importantes;

- integração das informações, pois, gerado de um estudo interdisciplinar, o diagnóstico é constituido


por informações e estudos das mais diversas áreas do conhecimento, havendo a necessidade de
conclusão uniforme e abrangente;

- zoneamento propriamente dito, que, a partir dos dados obtidos pelo diagnóstico e pela integração
das informações, viabiliza a divisão da área em zonas dotadas de atributos semelhantes, capazes de
suportar as atividades e obras de acordo com o disciplinado e previsto nas etapas anteriores.

Neste contexto, o ZEE passa a ser configurado como um instrumento jurídico estratégico, capaz de
sugerir direcionamentos para a tomada de decisões pelo Poder Público, relativo ao planejamento
regional e à gestão territorial, e cuja finalidade intrínseca consiste na contribuição para a tentativa de
implementação concreta do desenvolvimento sustentável.

A fim de possibilitar ao máximo o alcance de seus objetivos, a metodologia de implementação e


execução do ZEE conta com as três etapas básicas há pouco resumidas. Serão aproveitadas as próximas
linhas para pormenorizar cada uma delas.

A primeira consiste no diagnóstico ecológico-econômico, que engloba resumidamente o estudo


detalhado e interdisciplinar, com enfoque em todos os elementos que compõem a área a ser zoneada.
É neste diagnóstico que devem ser estudados a situação atual do uso e ocupação do solo, os objetivos,
princípios e resultados esperados do ZEE.

Por ser de responsabilidade de equipe interdisciplinar, formada por profissionais dos mais diversos
ramos do saber, o diagnóstico necessita da metodologia e organização que leva em consideração os
produtos temáticos acerca de dois eixos principais, os quais se subdividirão em seguir.

- Meio ambiente - estudo incidente sobre as unidades de paisagem natural e seus componentes
abióticos e bióticos (clima, geomorfologia, flora, fauna etc.), identificando as potencialidades
e limitações em cada uma das zonas, tendo como enfoque o uso sustentável dos seus recursos
naturais, levando em consideração a estrutura e funcionamento de ecossistemas.

- Socioeconomia - estudo dos elementos antrópicos que também compõem a área a ser zoneada,
relativos a sistemas sociais e abrangendo aspectos sociais, econômicos, antropológicos, históricos,
culturais, políticos, institucionais, religiosos etc. O uso e ocupação do solo urbano e rural, bem como
as relações entre os diferentes grupos da comunidade, e entre estes e o meio natural, também são
tópicos que devem fazer parte deste grande bloco do diagnóstico.

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Ainda quanto à primeira etapa, isto é, o diagnóstico ecológico-econômico, é imprescindível, para a equipe
responsável pelo estudo, contar com a anuência da população diretamente atingida pelo zoneamento.
Aliás, a simples concordância talvez sequer seja suficiente para o pleno desenvolvimento dos estudos
do diagnóstico. Há necessidade de co-participação e contribuição direta pela comunidade, só possível
de ser alcançada mediante a prévia articulação da equipe com o Poder Público e, evidentemente, deste
com a municipalidade.

A participação popular é elemento intrínseco não somente nesta fase de implementação do ZEE, como
também em todas elas. Deve-se providenciar uma consulta ampla, viabilizando exaustiva discussão
com todos os segmentos da sociedade organizada, desde movimentos sociais e de trabalhadores,
sindicatos, Igreja, associação de moradores etc. Nisso reside a importância das audiências públicas e
das oficinas de planejamento realizadas em locais estratégicos e previamente selecionados.

Na segunda etapa da implementação do ZEE, isto é, a integração dos estudos, os resultados do


diagnóstico devem ser homogeneizados e padronizados num texto uniforme e que abranja as
informações advindas do estudo interdisciplinar.

Tais informações, oriundas de cada um dos setores de estudo que fizeram parte do diagnóstico, devem
ser inter-relacionadas, ensejando uma conclusão una e abrangente. Daí a necessidade de utilização do
sistema holístico, tanto na metodologia do diagnóstico como no da integração das informações.

A esta conclusão una e abrangente deve se associar um prognóstico sobre os cenários da área e as
tendências, negativas ou positivas, que serão geradas pelo ZEE, conforme análise a ser subseqüentemente
procedida no presente relatório.

Este prognóstico, entretanto, não deve se ater exclusivamente à previsão e à identificação de prováveis
impactos que o zoneamento pode significar para o meio ambiente e para a economia da região. O
prognóstico é, além de tudo, um instrumento de viabilização para a propositura de opções e de medidas
mitigadoras para o caso de previsão e concretização de impactos negativos.

Uma vez realizado satisfatoriamente o diagnóstico ecológico-econômico, tendo chegado, apesar do


caráter interdisciplinar com que é realizado, a uma conclusão una e abrangente, passa-se à fase da
implementação do zoneamento propriamente dito. Neste, entretanto, os trabalhos do diagnóstico,
integração de informações e prognóstico devem servir como subsídios técnicos para a iminente
implementação do ZEE.

Após a implementação do ZEE, a comunidade terá oportunidade de verificar concretamente sua


importância para o equilíbrio ecológico e para a manutenção e, por vezes, o progresso dos aspectos
socioeconômicos da área. O zoneamento servirá ainda como subsídio para o planejamento das ações
estratégicas que deverá ter em mente a Administração Pública, precipuamente em se tratando dos
municípios diretamente afetados nas áreas do Bioma Caatinga e nas Serras Úmidas.

Assim, as políticas públicas devem ser priorizadas, tais como a definição de sistemas de produção
e beneficiamento de produtos agropastoris, instituição e manejo de unidades de conservação,
delimitação de espaços territoriais com questões críticas relativas à conservação do meio ambiente
e da biodiversidade, remodelagem das relações econômicas entre os indivíduos e entre grupos de
indivíduos etc.

Outrossim, o sucesso e o alcance da implementação propriamente dita do ZEE dependem


fundamentalmente da viabilização de parcerias efetivas, levando-se em consideração seus interesses
legítimos, entre o governo, o setor privado e a sociedade civil como um todo, buscando o verdadeiro
interesse coletivo e resolvendo eventuais conflitos porventura provenientes da implementação do
zoneamento.

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Nesse sentido, o ZEE, a partir de sua implementação efetiva, importará uma relevante contribuição para
se instituir uma sistemática de gerência democrática de políticas públicas, em prol do desenvolvimento
sustentável, o qual pressupõe a compatibilização entre os avanços econômicos e a conservação dos
atributos naturais e da biodiversidade.

6.3 O ZEE do Bioma Caatinga e das Serras Úmidas

6.3.1 Unidades de conservação: o bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará

- Unidades de conservação
Antunes (2000) define a unidade de conservação como “espaços territoriais que, por força de ato do
Poder Público, estão destinados ao estudo e preservação de exemplares da flora e da fauna. As unidades
de conservação podem ser públicas e privadas. O estabelecimento de unidade de conservação foi o
primeiro passo concreto em direção à preservação ambiental”.

Acompanhando este prisma histórico, destaca-se que a Resolução CONAMA nº 11/87 foi a primeira
entre os diplomas legais que regeram a matéria a classificar as unidades de conservação em
várias categorias, a saber: Estações Ecológicas; Reservas Ecológicas; Áreas de Proteção Ambiental,
especialmente suas zonas de vida silvestre, e os Corredores Ecológicos; Parques Nacionais, Estaduais
e Municipais; Reservas Biológicas; Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais; Monumentos Naturais;
Jardins Botânicos; Jardins Zoológicos; Hortos Florestais; e Áreas de Relevante Interesse Ecológico.

Adiante, a Política Florestal do Ceará, disciplinada pela Lei nº 12.488, 13 de setembro de 1995, por
sua vez regulamentada pelo Decreto nº 24.211, de 12 de setembro de 1996, adaptou as categorias há
pouco enumeradas às características físico-ambientais do Território cearense.

Da seguinte forma o Decreto nº 24.221/96 dispôs sobre a questão:

“Art. 4º. Consideram-se como Florestas Produtivas com Restrição de uso, as áreas
revertidas por florestas e demais formas de vegetação natural que produzam
benefícios múltiplos de interesse comum, necessários à maturação dos processos
ecológicos essenciais à vida, definidas como:

I. Unidade de Conservação;

II. Serras Úmidas e Chapadas (encraves da Mata Atlântica);

III. Reserva Legal;

Art. 5º. Consideram-se Unidades de Conservação as áreas assim declaradas pelo


Poder Público:

I. Parques nacionais, estaduais e municipais;

II. Reserva biológica;

III. Estações ecológicas;

IV. Florestas nacionais, estaduais e municipais;

V. Área de proteção ambiental - APA;

VI. Unidades de conservação particular”.

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Dentre as unidades de conservação estabelecidas pelo art. 5º do Decreto, ora transcrito, foi feita nova
subclassificação, agora em unidades de conservação de (a) uso indireto, de domínio público e que não
permitem a exploração de seus recursos naturais, e de (b) uso direto, cujo objetivo de manejo é o de
proporcionar, sob conceito de uso múltiplo e sustentado, a exploração e a preservação dos recursos
naturais.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelecido pela Lei Federal
nº 9.985/00, já utiliza uma classificação diferenciada, atribuindo termos distintos, mas com objetivos
análogos. Segundo essa classificação, as unidades de conservação dividem-se em dois grupos, com
características específicas: (a) Unidades de Proteção Integral, a que equivaleriam as unidades de uso
indireto da classificação estadual; e (b) Unidades de Uso Sustentável, semelhantes às unidades de uso
direto, na conformidade da análise do seguinte dispositivo da Lei:

“Art. 7º. .............................................................

§1º. O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza,


sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos
casos previstos nesta Lei.

§2º. O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação


da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.”

O uso direto diz respeito à possibilidade de utilização e exploração, inclusive econômica, dos
recursos naturais constantes da unidade de conservação, desde que de forma sustentada e mediante
autorização da entidade competente, precedida de procedimento administrativo.

Já o uso indireto concerne à utilização de seus recursos naturais de maneira indireta, ou seja, mediante
autorização de atividades das quais não provenham quaisquer riscos de desequilíbrio ecológico, tais
como ecoturismo, pesquisa científica, exploração para fins educacionais etc.

A respeito da subclassificação, as unidades de proteção integral têm como categorias: (a) estação
ecológica; (b) reserva biológica; (c) parque nacional, estadual ou municipal, dependendo do ente
federativo que a institua; (d) monumento natural; e (e) refúgio da vida silvestre.

Já as unidades de uso sustentável se subclassificam em (a) área de proteção ambiental – APA; (b)
área de relevante interesse ecológico – ARIE; (c) floresta nacional, estadual ou municipal; (d) reserva
extrativista; (e) reserva de fauna; (f) reserva de desenvolvimento sustentável; e (g) reserva particular
de patrimônio natural – RPPN.

No que tange ao bioma da caatinga e às serras úmidas e chapadas, destacam-se algumas modalidades
de unidades de conservação criadas no Território cearense. Acerca do ecossistema semi-árido, por
exemplo, foram criadas duas unidades federais: (a) a Estação Ecológica de Aiuaba, pelo Decreto Federal
nº 81.218/78, na região dos Inhamuns; e (b) a Estação Ecológica do Açude Castanhão, abrangendo
áreas dos Municípios de Jaguaribe e Alto Santo.

Ainda no plano federal, as serras úmidas também dispõem de alguns exemplos de unidades de
conservação:

a) Floresta Nacional do Araripe, instituída pelo Decreto-lei Federal nº 9.226/46 e situada na Chapada
do Araripe;

b) Área de Proteção Ambiental da Serra da Ibiapaba, localizada na Biorregião do Complexo da Ibiapaba


e abrangendo alguns municípios nos Estados do Ceará e Piauí;

c) Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe situada na Biorregião do Complexo do Araripe,


e que abrange o território de alguns Municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí;

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60

d) Parque Nacional de Ubajara, criado pelo Decreto Federal nº 45.954/59, na Serra da Ibiapaba; e

e) Floresta Nacional de Sobral, no Município do mesmo nome, instituída pelo Decreto Federal nº
62.007/67, tendo como ecossistema específico o verificado na bacia hidrográfica do açude Aires
de Souza.

Acerca das unidades de conservação instituídas pelo próprio Estado do Ceará no bioma caatinga, cita-
se o Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá, criado pelo Decreto Estadual nº 26.805/2002,
no Município de Quixadá.

Quanto às unidades de conservação estaduais relativas às serras úmidas, elencam-se:

a) Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité, criada pelo Decreto Estadual nº 20.956/98,
abrangendo os Municípios de Aratuba, Baturité, Capistrano, Guaramiranga, Mulungu, Pacoti,
Palmácia e Redenção;

b) Área de Proteção Ambiental da Serra da Aratanha, instituída pelo Decreto Estadual nº 24.959/98,
abarcando áreas de Maranguape, Pacatuba e Guaiúba; e

c) Área de Proteção Ambiental da Bica do Ipu, no Município homônimo, criada Decreto Estadual nº
25.354/99.

Uma vez que já foram feitas referências expressas a todas as unidades de conservação – federais e
estaduais – pertinentes ao bioma da caatinga e às serras úmidas cearenses, passa-se agora a analisar
detidamente o teor jurídico de cada um destes ecossistemas.

6.3.1.1 Bioma da caatinga

Trata-se de um macroecossistema característico do semi-árido nordestino, dotado de atributos


naturais relevantes, não obstante as condições climáticas, geralmente desfavoráveis ao surgimento e
preservação de espécies não adaptáveis a tais condições.

Milaré (2005) atribui à caatinga a noção de espécie de “vegetação brasileira característica do


Nordeste, formada por espécies arbóreas espinhosas de pequeno porte, associadas a cactáceas e
bromeliáceas”.

Infelizmente, mesmo em razão de sua importância, não foi capaz de sensibilizar o legislador constituinte
a atribuir-lhe o caráter de patrimônio nacional, a exemplo da floresta amazônica, do pantanal
matogrossense, da zona costeira, da mata atlântica e da Serra do Mar, nos termos do art. 225, §4º, da
Constituição Federal.

Acerca da questão, leciona Antunes (2000) que, “ainda que não constem da Constituição da República
Federativa do Brasil, na forma de referência expressa, nem a caatinga nem o cerrado estão alheios ao
sistema constitucional de proteção ambiental. É da própria essência do artigo 225 que ecossistemas
essenciais, e de magnitude dos dois que foram olvidados, não fiquem apartados da especial proteção
da Lei Fundamental da República. Aliás, o esquecimento dos dois ecossistemas mencionados serve
para demonstrar, cabalmente, que a tendência adotada pelo constituinte não foi a mais adequada”.

A respeito da importância do bioma caatinga, Milaré (2005) entende que, “apesar das inclemências do
clima, de pouca incidência ou irregularidade de chuvas, e do baixo teor de matéria orgânica no solo,
o ecossistema abriga a maior diversidade de plantas conhecidas no Brasil (entre 15 e 20 mil) e uma
das mais importantes áreas secas tropicais do planeta. Suas fibras vegetais são conhecidas e valiosas
como insumos econômicos. Em contrapartida, o uso da madeira para lenha e manufaturas alterou a

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estrutura dos habitats dos animais, empobrecendo sensivelmente o bioma. Com a retirada e queima
da biomassa, não apenas a produtividade é reduzida, mas, pior ainda, o ecossistema é empurrado para
a desertificação”.

Nestes termos, a vegetação freqüentemente vinculada às características naturais da caatinga são os


cactos e as bromélias, ocorrentes inclusive nas próprias paredes rochosas dos inselbergs.

Estes inselbergs são formações geomorfológicas pertinentes à depressão nordestina que, mesmo
na condição de blocos rochosos, servem como insumo para o surgimento e preservação de espécies
vegetais cactáceas e bromélias.

Nesta condição, equiparam-se analogicamente às formações de relevo elencadas exemplificativamente


na alínea “d” do art. 2º do Código Florestal, que assim reza:

“Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as


florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

...

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras”.

6.3.1.2 Serras úmidas e Chapadas

As serras, num exame mais atento, não constituem objeto de proteção legal. O que se visa, ao se
legislar sobre serras, é à proteção e à conservação da formação vegetal que as reveste. Isto porque as
florestas ou qualquer outra formação florestal desempenham um papel de significativa importância no
que se refere ao equilíbrio ecológico, pelo seu caráter protetor em relação às águas, ao solo, à fauna e
ao ecossistema serrano.

Tal entendimento mostrar-se-á mais nítido quando forem analisados os dispositivos constitucionais e
infraconstitucionais referentes a serras. Seu conceito legal estava estabelecido pela Resolução/CONAMA
nº 4, de 18 de setembro de 1985, revogada pela Resolução/CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002,
que, não obstante trazer vários conceitos, não o fez em relação às serras. Transcreve-se, mesmo assim,
a noção jurídica de serras da Resolução anterior:

“Art. 2º. Para os efeitos dessa Resolução são estabelecidas as seguintes definições:

h) serra – vocábulo usado de maneira ampla para terrenos acidentados como fortes
desníveis, freqüentemente aplicados a escarpas assimétricas possuindo uma vertente
abrupta e outra menos inclinada”.

As serras cearenses cujas formas vegetais têm especial proteção legal são as serras de Uruburetama,
Maranguape, Aratanha, Baturité e Meruoca (Serras Úmidas).

As Chapadas do Araripe e da Ibiapaba do Norte, apesar de não constituírem serras, também possuem
formas vegetais com amparo legal.

Como a proteção legal se refere à floresta ou a outras formas de vegetação que revestem as serras,
conveniente se faz a análise inicial de florestas legalmente protegidas, para posteriormente serem
examinadas as serras.

O Decreto Estadual nº 24.211, de 12 de setembro de 1996, conceitua florestas:

“Art. 2º. São consideradas como florestas, toda comunidade vegetal, dominada por
árvores e arbustos que revestem uma determinada área, incluindo suas formações
sucessoras, mesmo quando essa dominância for substituída ou desaparecer
momentaneamente por acidente natural ou ação humana”.

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Aspecto relevante feito pelo dispositivo ora transcrito é o fato de o Decreto também abranger as
formações sucessoras no conceito de floresta, o que constitui, indubitavelmente, um avanço significativo
nos atos da Administração tendentes a preservar as formações florestais.

O Código Florestal não vislumbrava tal entendimento. Se forem feitas as devidas comparações entre
o que dispõem o Código Florestal e o Decreto Estadual nº 24.211/96, notar-se-á, no dispositivo deste
último, a inclusão da expressão “suas formações sucessoras”:

CÓDIGO FLORESTAL DECRETO EST. Nº 24.211/96


“Art. 1º. As florestas existentes no território nacional “Art. 1º. As Florestas, suas formações sucessoras e
e as demais formas de vegetação, reconhecidas de demais formas de vegetação natural existentes no
utilidade às terras que revestem, são bens de interesse território do Estado do Ceará, reconhecidas de utilidade
comum a todos os habitantes do País, exercendo- ao meio ambiente em geral, e em especial às terras
se os direitos de propriedade com as limitações que revestem, são considerados bens de interesse
que a legislação em geral e especialmente esta Lei comum a todos os habitantes do Estado, exercendo-se
estabelecem”. os direitos de propriedade com a limitações em geral e
especialmente os estabelecidos em lei”.

Além desse aspecto, notar-se-ão outras distinções entre os dois dispositivos. A primeira delas é a
abrangência do reconhecimento das florestadas úteis para o equilíbrio ecológico em geral, e não só
para o das terras por elas revestidas, segundo se depreende da inclusão da expressão “reconhecidas
de utilidade ao meio ambiente em geral”, no segundo preceito.

No que se refere à competência legislativa sobre florestas, observou-se no tópico anterior um quadro
comparativo entre dois dispositivos, um nacional e outro estadual, acerca de florestas. É evidente, pois,
que tanto a União como os estados podem legislar sobre florestas. Trata-se, portanto, de competência
legislativa concorrente entre todos os entes federativos.

O art. 24 da Constituição Federal disciplina os casos sobre os quais estão a União e os estados capacitados
a legislar:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”. (destaque
nosso)

Os parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º, delineados no art. 24, demonstram de que maneira a União e os estados
devem concorrentemente legislar sobre florestas.

Segundo tais dispositivos constitucionais, à União cabe estabelecer normas de caráter geral, sendo
estas suplementadas pelas estaduais. Em não havendo normas gerais editadas pela União, podem os
estados exercer a capacidade legislativa plena. Na superveniência de norma da União, serão entretanto,
revogadas as normas estaduais a ela contrárias:

“Art. 24...............................................................

§ 1º. No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

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§ 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

§ 4º. A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei
estadual, no que lhe for contrário”.

A Constituição do Estado do Ceará traz dispositivos semelhantes aos estabelecidos pela Constituição
Federal. Segundo a primeira, a competência para legislar sobre florestas também é atribuição do Estado
do Ceará:

“Art. 16. O Estado participará, em caráter concorrente, da legislação sobre:

...

VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição”.

A respeito das normas que disciplinam a maneira pela qual se efetiva a legislação concorrente entre os
entes federados, dispõe de modo semelhante a Constituição Estadual:

“Art. 16. .............................................................

§ 1º. A competência da União, em caráter concorrente, limitar-se-á a estabelecer


as normas gerias e, à sua falta, não ficará o Estado impedido de exercer atividade
legislativa plena.

§ 2º. A superveniência de lei federal contrária à legislação estadual importará na


revogação desta”.

A União, por exemplo, em 1946, editou o Decreto-lei nº 9.266, em 2 de maio, criando a Floresta
Nacional Araripe-Apodi, em verdade duas glebas distintas, uma na Serra do Araripe, nos Estados do
Ceará, Pernambuco e Piauí, e a outra na Serra do Apodi, entre os Estados do Ceará e do Rio Grande do
Norte.

É claro que o Estado do Ceará pode legislar sobre tais áreas, desde que supletivamente e em acordo
com referido Decreto-lei. Não somente legislar sobre florestas podem a União e os estados, mas
também a preservação florestal, propriamente dita, constitui competência material comum entre os
entes federativos. É o que dispõe o art. 23 da Constituição Federal:

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora”. (destaque nosso)

Dispositivo similar é encontrado na Constituição Estadual:

“Art. 15. É competência comum do Estado, da União e Municípios:

VII – preservar as florestas, a fauna e a flora”. (grifo nosso)

6.3.1.3 Atos administrativos normativos

O Princípio da Hierarquia das Normas Jurídicas, objeto de estudo da Teoria Geral do Direito, disciplina
a ordem à qual devem obediência as normas jurídicas brasileiras, que se escalonam de maneira
decrescente de valores, em que predomina a Constituição (bem como suas emendas); as leis
complementares; leis ordinárias; leis delegadas; medidas provisórias (até sua eventual conversão em
lei); decretos legislativos e resoluções; e, por fim, os atos administrativos.

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64

Estes últimos, segundo célebre classificação de Meirelles (2005), dividem-se em cinco categorias: (a)
atos administrativos normativos (decretos, resoluções, regulamentos, instruções normativas etc.); (b)
atos administrativos ordinatórios (instruções, portarias, ofícios, circulares etc.); (c) atos administrativos
negociais (autorização, licença, permissão etc.); (d) atos administrativos enunciativos (certidões,
pareceres, atestados etc.); e (e) atos administrativos punitivos.

Ilustrativamente, acerca desta última modalidade de ato administrativo, é a Lei Federal nº 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998 – Lei dos Crimes Ambientais - que disciplina as sanções administrativas,
estabelecendo as seguintes modalidades: advertência; multa simples; multa diária; apreensão dos
animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos
de qualquer natureza utilizados na infração; destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda
e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; demolição de obra; suspensão parcial ou total
de atividades; e restritiva de direitos.

Os atos administrativos normativos, ainda segundo Meirelles (2005), “são aqueles que contêm um
comando geral do Executivo, visando à correta aplicação da lei. O objetivo imediato de tais atos é
explicar a norma legal a ser observada pela Administração e pelos administrados”.

Portanto, verifica-se claramente que tanto a Resolução/CONAMA nº 303/02 como o Decreto Estadual
nº 24.211/96 constituem atos administrativos normativos, evidentemente este na esfera estadual,
aquele, na federal.

Aspecto relevante acerca da Resolução/CONAMA nº 303/02 é o fato de que ela traz inúmeras definições
para o melhor entendimento por parte daquele que aplicará a legislação ambiental. Segundo tal
diploma legal, são instituídos os seguintes conceitos (art. 2º), de pertinência ao objeto do presente
trabalho:

- morro – elevação do terreno com cota do topo em relação à base entre cinqüenta e trezentos metros
e encostas, com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha
de maior declividade;

- montanha – elevação do terreno com cota em relação à base superior a trezentos metros;

- base de morro ou montanha – plano horizontal definido por planície ou superfície de lençol
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor;
VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de morros ou de
montanhas, constituindo-se no divisor de águas;

- tabuleiro ou chapada – paisagem de topografia plana, com declividade média inferior a dez por
cento, aproximadamente seis graus, e superfície superior a dez hectares, terminada de forma abrupta
em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes superfícies a mais de seiscentos metros de
altitude.

O mesmo diploma legal, conforme já referido, deixa de conceituar serras, tendo o ato normativo anterior,
qual seja a Resolução/CONAMA nº 04/85, assumido esta função. As serras, pela sua relevância, serão
analisadas de maneira mais lacônica no tópico a seguir.

Convêm, a partir desta linha, realizar comentários mais específicos acerca das serras propriamente
ditas. Como mencionado em tópico anterior, são as florestas ou outras formações vegetais a revestiram-na
que recebem proteção do ordenamento jurídico, e não as próprias serras.

Portanto, são as formações vegetais situadas nas serras que são objeto de proteção legal, consoante o
que reza o Código Florestal:

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65

“Art. 2º. Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as


florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras”.

Nota-se que o Código Florestal considera as florestas situadas nas serras como de preservação
permanente para o efeito do próprio Código Florestal.

A Resolução/CONAMA nº 303/02, por sua vez, não disciplina especificamente as serras, mas pode
ser utilizado analogicamente o preceito segundo o qual a formação vegetal existente nos morros e
montanhas pode ser considerada como categoria de Área de Preservação Permanente, na seguinte
situação:

“Art. 3º. Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:

...

V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível


correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a base”.

Já o Decreto Estadual nº 24.211/96 faz uma discriminação distinta, classificando as florestas em:

- florestas de preservação permanente; e

- florestas produtivas com restrição de uso.

Nesta última classe, ainda há uma subclassificação, segundo o aludido Decreto:

“Art. 4º. Consideram-se como Florestas Produtivas com Restrição de Uso, as áreas
revestidas por florestas e demais formas de vegetação natural que produzam
benefícios múltiplos de interesse comum, necessários à manutenção dos processos
ecológicos essenciais à vida, definidas como:

I – Unidade de Conservação;

II – Serras Úmidas e Chapadas (encraves da Mata Atlântica);

III – Reserva Legal”.

No que concerne às matas úmidas, rege ainda o Decreto nº 24.211/96 o seguinte:

“Art. 9º. Consideram-se como Matas Úmidas e Chapadas (com encraves da


Mata Atlântica), as áreas das serras cristalinas que suportam a Floresta Tropical
Subperenifólia Plúvio Nebular ou Matas Serranas ocorrentes nas serras de
Uruburetama, Maranguape, Aratanha, Baturité, Meruoca e nas Chapadas do Araripe
e Ibiapaba do Norte, em disjunção das Florestas Atlânticas do Brasil leste”.

As formações vegetais remanescentes dessas áreas também receberam a atenção do Executivo


estadual:

“Art. 10. A cobertura vegetal remanescente das matas úmidas e chapadas fica sujeita
à proteção estabelecida em lei.

Parágrafo único. Os remanescentes da vegetação que recobrem as áreas de encraves


da mata atlântica, como tais definidos pelo Poder Público, somente poderão ser
utilizados através da exploração seletiva, segundo Plano de Manejo Florestal ou
Agroflorestal, necessário para assegurar a conservação e garantir a estabilidade e
perpetuidade desses ecossistemas, proibindo o corte raso da área total da propriedade
ou da área florestal susceptível de exploração”.

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66

6.3.2 Requisitos do ZEE

O zoneamento pode contar com uma divisão que contemple os mais variados parâmetros, desde
ambientais e socioeconômicos até políticos, culturais, religiosos etc. Assim, o espaço estudado deve se
dividir, utilizando-se das categorias delineadas na seqüência.

- Categoria de preservação - nesta, o valor ecológico merece destaque, pois deve abranger espaços
territoriais detentores de recursos naturais caracterizados pela evidente fragilidade ambiental. Aqui,
a presença humana e sua interferência antrópica devem ser inibidas, minimizadas ou, pelo menos,
devem se readequar ao uso preservacionista. Nesta categoria, se incluem as unidades de conservação
de proteção integral e Áreas de Preservação Permanente (APP).

- Categoria de conservação - enquadram-se áreas também dotadas de atributos naturais relevantes,


mas onde se permitem as atividades humanas, desde que de forma sustentável, ou seja, compatíveis
com o equilíbrio ecológico e exercitadas mediante rigoroso controle e fiscalização pelo Poder Público,
haja vista a fragilidade ambiental ou a presença de ecossistemas protegidos pela legislação ambiental.
Podem ser instituídas unidades de proteção de uso sustentável, tais como Áreas de Proteção Ambiental
(APA) ou Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE). Têm estas unidades de conservação o objetivo
de conservar o equilíbrio ecológico, permitida a ação antrópica, desde que não acarrete prejuízos ao
meio ambiente, e abranja atividades como ecoturismo, lazer, visitação pública, pesquisas científicas
etc.

- Categoria de uso sustentável - nestas zonas, a antropização é mais evidente em virtude da urbanização
que lhe é peculiar. Aqui são permitidas as mais variadas atividades humanas, inclusive as industriais, mas
não significa dizer que todas as atividades, mesmo as de pouca conseqüência de ordem ambiental, sejam
de logo admitidas. Estas quando poluidoras, devem ser precedidas de procedimentos administrativos
para verificação da possibilidade de licenciamento. Aliás, se potencialmente poluidoras, as atividades
somente poderão ser licenciadas mediante prévia realização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
de seu correspondente Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

Reitera-se também aqui a necessidade de negociação com a população diretamente interessada, pois
a aplicação destes critérios a cada uma das categorias, há pouco indicadas, implicará necessariamente
prejuízos de ordem individual. Daí ser imprescindível a implementação do zoneamento mediante uma
gestão efetivamente participativa, subsidiada pelos estudos feitos previamente, como o diagnóstico, a
integração das informações e o prognóstico, conforme exaustivamente analisado.

Outrossim, a oitiva dos proprietários de áreas rurais na implementação do zoneamento também é


imprescindível, uma vez que, impostas as limitações administrativas de uso, a manutenção do equilíbrio
ecológico, nas categorias de preservação e de conservação, é de responsabilidade do proprietário,
assim como a revegetação das áreas em processo de degradação.

- Participação da população interessada

Já se teve a oportunidade de destacar a imprescindibilidade da participação popular em todas as


instâncias de decisão política do ZEE. Considerando tal aspecto, devem ser criados mecanismos
de conhecimento e aprofundamento em relação aos estudos que precedem a implementação do
zoneamento – diagnóstico, integração de informações e prognóstico – bem assim da legislação
pertinente e aplicável às questões ambientais e ao Direito das Coisas.

Dessa forma, viabiliza-se a articulação da comunidade com as instituições democráticas e organizadas


da sociedade, tais como associações de moradores, movimentos sociais e de trabalhadores, a Igreja
etc., e destas com as entidades administrativas, federais, estaduais e municipais, incumbidas direta ou
indiretamente da implementação do zoneamento.

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67

O sucesso da implementação e operacionalização do ZEE dependerá, fundamentalmente, da formação


de metodologias de trabalho inovadoras que viabilizem a participação efetiva de vários grupos da
sociedade. Essa participação é imprescindível para asseverar a concretização das finalidades do
zoneamento, inclusive no que tange a sua sustentabilidade política.

Conforme descrito ao longo deste documento, a participação da sociedade na tomada de decisões na


implementação do ZEE pode ser incentivada por vários meios, destacando-se:

a) engajamento das entidades públicas competentes, nos planos federal, estadual e municipal, com
ampla participação de associações e movimentos representativos da sociedade e do setor econômico
privado, na tomada de decisões e no planejamento das diretrizes estratégicas, coordenação,
supervisão e monitoramento da implementação e operacionalização do zoneamento;

b) criação de mecanismos de participação popular em todas as etapas da implementação do ZEE


– diagnóstico, integração de informações e implementação propriamente dita – com realização
de atividades de diagnóstico participativo, no contexto comunitário, municipal e regional e
concretizados nas audiências públicas e nas oficinas de planejamento;

c) gestão paritária na tomada de decisões, com a criação de grupos decisórios ou órgãos colegiados,
formados igualitariamente de representantes da sociedade, da comunidade residente e dos
comerciantes, bem assim de representantes da Igreja e das entidades públicas investidas direta ou
indiretamente da implementação do ZEE;

d) organização e custeio de seminários e simpósios municipais, com vistas à divulgação de informações


básicas sobre a implementação e operacionalização do zoneamento, permitindo debates e o
registro de expectativas, sugestões e aspirações da municipalidade; e

e) criação dos mais diversos mecanismos de Educação Ambiental, abrangendo-se a educação formal e
não formal, com apoio a projetos ecológicos nas instituições de ensino e em meios de comunicação
de larga escala, tais como jornais e rádios comunitários, localizados nos municípios abrangidos pelo
zoneamento.

Nem mesmo a doutrina se esquivou de tratar da importância do tema. Machado (1992) salienta “a
importância do zoneamento passar por um debate aberto e amplo, o que não deve significar morosidade
e confusão. O concerto das vontades individuais, notadamente de todos os setores – inclusive as
associações ambientais – poderá expressar seus pontos de vista para que o desenvolvimento local se
faça sem agressão aos recursos naturais”.

- Zoneamento, direito de propriedade e política de teor agrícola

A Carta Magna de 1988, em capítulo pertinente à Política Fundiária e Agrícola e da Reforma Agrária,
assim rege a matéria:

“Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos
seguintes requisitos:

I – aproveitamento racional e adequado;

II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente;

III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores”.

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68

A importância da questão ambiental é verificada até mesmo para se qualificar a propriedade rural
como produtiva, portanto, isentado-a da ameaça de constituir objeto de reforma agrária. Isto porque,
segundo o dispositivo constitucional, a propriedade rural só conta com o estádio da produtividade
quando alcançar a conjugação daqueles quatro elementos: aproveitamento, equilíbrio ecológico,
observância dos direitos trabalhistas e atividade que proporcione o bem-estar para a comunidade ali
residente.

Como se verifica, o preceito constitucional, há pouco transcrito, tem por fundamento a racionalização,
por intermédio de procedimentos adequados, do uso da propriedade e de seus recursos naturais
disponíveis. Portanto, o caráter socioambiental da propriedade rural é imprescindível para qualificá-la
como produtiva e isentá-la de eventual desapropriação para fins de reforma agrária.

Com a efetiva implementação do ZEE, e sua operacionalização posterior, serão fixadas as delimitações
geográficas do zoneamento e estabelecidos os parâmetros da política de teor agrícola a ser adotada
em cada tipo de zona nas áreas do Bioma Caatinga e nas Serras Úmidas.

Dessa forma, é mister observar que o direito de propriedade somente alcança a legitimidade na
proporção em que há efetivamente a adequação a sua função social, ou seja, quando verificadas, dentre
outros elementos, a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio
ambiente. Daí a importância do tema para a implementação do ZEE, pois a função social deve fazer
parte do foco nos seus estudos preliminares: diagnóstico, integração de informações e prognóstico.

Os requisitos para o efetivo cumprimento da função social da propriedade rural são, portanto,
constitucionalmente disciplinados na proporção indispensável para a racionalidade em suas
características socioeconômica e ambiental, levando-se em consideração as vocações naturais de cada
zona.

Ainda sobre a função social da propriedade, Machado (1992) adverte para o fato de que “o direito de
propriedade assegurado pela Constituição Brasileira estabelece uma relação da propriedade com a
sociedade (art. 5º, XXIII, e art. 170, III e VI, ambos da CF). A propriedade não fica constando simplesmente
como um direito e uma garantia individual. Dessa forma, se vê com clareza que inexiste juridicamente
apoio para a propriedade que agrida a sociedade, que fira os direitos dos outros cidadãos”.

E assim continua fundamentando a importância do estudo da propriedade relacionado ao ZEE: “O


zoneamento ambiental é um dos aspectos do poder de polícia administrativa, que atua com a finalidade
de garantir a salubridade, a tranqüilidade, a paz, a saúde, o bem-estar do povo. O zoneamento, ao
disciplinar usos, representa uma limitação do direito dos cidadãos. A propriedade não poderá ser
utilizada da maneira desejada unicamente pelo proprietário”.

Dados da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará (SRH) indicam que, nos últimos anos,
mais de quarenta mil hectares foram expropriados, objetivando a construção de vinte e três açudes,
originando a necessidade de reassentamento de mais de vinte mil famílias.

Este reassentamento conta com respaldo na Lei Estadual nº 12.524, de 19 de dezembro de 1995, que
assim dispõe sobre o assunto:

”Art. 3º - Considera-se, entre outras, medidas mitigadoras do impacto negativo


causado pelo deslocamento das populações atingidas por barragens, as seguintes
ações, devendo pois, constar da avaliação de impacto ambiental:

I. A titulação das posses havidas como legítimas ou regularizáveis existentes na área,


sem prejuízo do andamento normal da obra;

II. A indenização prévia e por preço justo dos detentores de propriedade e imóvel da
área, considerando-se a terra nua e as benfeitorias existentes;

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69

III. O reassentamento das populações na forma prevista no Decreto Federal nº


57.419/65”.

Nos dizeres do sítio da SRH, “além de criar espaço para as possibilidades de ascensão social, essa ação
oportuniza a diversificação do trabalho produtivo, a transferência de recursos para aquisição de novos
bens e o estabelecimento de modalidades econômicas mais rentáveis”.

O zoneamento constitui o instrumento jurídico que possibilita dividir um determinado território em


parcelas nas quais se autorizam algumas atividades ou se proíbe, de maneira absoluta ou relativa, o
exercício de outras.

Consiste no conjunto de princípios e normas jurídicas com enfoque para o uso dos atributos naturais,
estabelecidos por zonas que possuem padrões de paisagem semelhantes. É, antes de tudo, um
instrumento jurídico de planejamento, com o fim de estabelecer diretrizes econômicas e ambientais,
viabilizando a identificação das restrições e potencialidades de uso dos recursos naturais.

As regras gerais e diretrizes disciplinadas no zoneamento alicerçam a tese de que a manutenção da


qualidade ambiental consiste num elemento estratégico e imprescindível para o pleno desenvolvimento
socioeconômico, mesmo que a longo prazo, da área a ser zoneada.

A manutenção do equilíbrio ecológico da região a ser zoneada só é viável se essa preocupação se aliar
ao cotidiano das comunidades direta ou indiretamente afetadas pelo zoneamento, as quais, inclusive,
devem ser amplamente ouvidas em todas as etapas da implementação e operacionalização do ZEE,
a saber: diagnóstico ecológico-econômico, integração das informações advindas do diagnóstico,
prognóstico dos efeitos de sua instituição, e a implementação propriamente dita do zoneamento.

Uma vez concluídas estas etapas com plena exatidão, inclusive contando com ampla participação
popular em todas elas, a partição e a qualificação do solo e o disciplinamento de suas finalidades e das
atividades proibidas e permitidas são elementos que, fatalmente, implicarão resultados plenamente
satisfatórios no processo de implementação e operacionalização do ZEE no Bioma Caatinga e Serras
Úmidas.

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6.3.3 Quadro-síntese de compartimentação geoambiental

Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continua)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Várzeas e Planície (Apl) – Sedimentos Faixas de Lagoas e Áreas Neossolos Vegetação de Ambiente de
Tabuleiros Ribeirinha Planície lagunares areno- acumulação de Acumulação Flúvicos; Várzea com transição com
Lacustre, argilosos, de de sedimentos inundáveis; Planossolos carnaubais; tendência à
Flúvio-Lacustre moderadamente areno-argilosos, Subúmido. Háplicos e Agroextrativismo; instabilidade
e Áreas de a mal bordejando 750-1300mm Nátricos e Extrativismo
Acumulação selecionados lagoas e áreas Neossolos mineral;
Inundáveis e sedimentos aplainadas, Quartzarênicos Pecuária
coluviais areno- com ou sem
argilosos, de cobertura
moderadamente arenosa, sujeitas
70

a mal a inundações
selecionados periódicas
(Apf) – Sedimentos Áreas planas Escoamento Neossolos Vegetação de Ambiente de
Planície Fluvial aluviais com em faixas intermitente Flúvicos; Várzea com transição com
areias mal de aluviões sazonal em fluxo Planossolos carnaubais tendência à
selecionadas, recentes e muito lento. Háplicos e e oiticica; instabilidade
incluindo baixadas subúmido e Semi- Vertissolos Agroextrativismo;
siltes, argilas e inundáveis árido. Extrativismo
cascalhos. limitadas 750-1300mm mineral;
por níveis
escalonados
de terraços
eventualmente
mantidos por
cascalheiros

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Várzeas e Tabuleiros Pré- (Ata) – Formação Rampas de Escoamento Neossolos Vegetação Ambiente
Tabuleiros Litorâneos e Tabuleiros Barreiras: acumulação intermitente Quartzarênicos Tabuleiros; medianamente
interiores Arenosos sedimentos com caimento sazonal e rede de Culturas estável
arenosos mal topográfico drenagem com comerciais,
selecionados suave dissecados padrão paralelo. Lavouras de
e de cores em interflúvios Subúmido e Subsistência e
esbranquiçadas tabuliformes Semi-árido. Pastagens
900-1400mm
(Atr) – Formação Rampas de Escoamento Argissolos Vegetação Ambiente
Tabuleiros Faceira: acumulação intermitente Vermelho- de Tabuleiros medianamente
Areno- conglomerados com caimento sazonal e rede Amarelos, e Carrasco; estável
Argilosos na base, topográfico de drenagem Latossolos Culturas
71

arenitos, siltitos suave dissecados com padrões Amarelos e Permanentes


e sedimentos em níveis subdendríticos Argissolos e Comerciais;
variegados areno- colinosos e e paralelos. Acinzentados Pastagens
argilosos de interflúvios Subúmido e
cores vermelho- tabulares Semi-árido.
amarelas 900-1400mm
(Ati) – Coberturas Rampas de Escoamento Argissolo Vegetação de Ambiente
Tabuleiros colúvio- acumulação intermitente Vermelho- Tabuleiros, medianamente
Interiores com eluvionais: areias interiores em sazonal e rede Amarelo e Caatinga, estável
coberturas sílticas, argilosas, depressões de drenagem Latossolo Extrativismo
Coluviais localmente periféricas com padrões vegetal e
Detríticas laterizadas de planaltos sub-dendríticos. Agropecuária
sedimentares, Subúmido e
dissecadas em Semi-árido.
interflúvios 700-850mm

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tabulares
Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Chapada do (Sap) – Grupo Apodi: Superfície plana Escoamento Cambissolos Caatinga Ambiente
Planaltos Apodi Platô Formação coincidente intermitente Háplicos, Arbustiva; estável quando
Jandaíra. com a estrutura sazonal e Latossolos Agroextrativismo em equilíbrio
Calcários geológica, drenagem Vermelho- e Pastagens; natural
esbranquiçados trabalhada por muito rarefeita Amarelos e extrativismo
homogêneos com pediplanação com padrões Neossolos Mineral e
intercalações e limitada paralelos. Semi- Litólicos Fruticultura
de folhelhos e por escarpas árido. tropical
siltitos erosivas 650-700mm
(Sar) – Grupo Apodi: Patamares de Escoamento Neossolos Caatinga Ambiente
Rebordos e Formação acesso ao nível intermitente Litólicos e Arbustiva; instável
Patamares Açu: arenitos de platô da sazonal, quase Afloramentos Extrativismo
avermelhados, chapada e área ausência de rede de rocha Vegetal e Mineral
72

cinza e de rebordos de drenagem.


esbranquiçados, escarpados Semi-árido.
conglomeráticos (cornijas) 650-700mm
com
intercalações de
folhelhos, siltitos
e calcarenitos

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Chapada do (Spcr) – Grupo Araripe: Superfície Ausência de Latossolos Cerradão; Ambiente
Planaltos Araripe Platô Formação tabular escoamento Agricultura de medianamente
Revestido por Exu-arenitos coincidente superficial no Subsistência estável no platô
Cerradões grosseiros, com a estrutura platô. Subúmido
friáveis, concordante 900mm
conglomeráticos horizontal
e localmente
silicificados;
estratificação
cruzada
(Spca) – Grupo Araripe: Superfície Ausência de Latossolos Carrasco Ambiente
Platô Formação Exu tabular escoamento e Neossolos medianamente
Revestido por coincidente superficial. Quartzarênicos estável
73

Carrasco com a estrutura Subúmido


concordante 900mm
horizontal
(Spme) – Grupo Araripe: Rebordos Grande Neossolos Mata Úmida/ Ambiente de
Rebordos Formação erosivos freqüência de Litólicos e Subúmida, transição
Revestido Santana-calcários festonados ressurgências Argissolos Agricultura de
por Mata laminados com submetidos a nos rebordos Subsistência
Estacional intercalações de processos de orientais para o
folhelhos, siltitos, pediplanação Vale do Cariri.
margas e gipsitas Subúmido 900-
1200mm

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Planalto (Sir) – Formação Serra Superfície Escoamento Latossolos Mata úmida; Ambiente
Planaltos Cuestiforme da Reverso Grande (Siluro/ cuestiforme superficial no e Argissolos Policultura: medianamente
Ibiapaba Imediato e Devoniano): parcialmente reverso da cuesta Vermelho- Horticultura, estável e de
Rebordos arenitos coincidente com rios de Amarelos Fruticultura transição
Úmidos grosseiros, com a estrutura padrões paralelos e Lavouras
conglomera- sub-horizontal, e escoamento Comerciais
ticos, siltitos limitada por intermitente;
e folhelhos; escarpas nos rebordos
estratificação erosivas ocorrências
cruzada festonadas e de cascatas
dissecadas em obsequentes.
cristas Úmido e
74

Subúmido.
1100-1400mm
(Sis) – Formação Superfície de Escoamento Neossolos Carrasco. Ambiente de
Reverso Seco Serra Grande reverso seco superficial no Quartzarênicos Pecuária transição com
e ocorrências de cuesta reverso da cuesta e Neossolos extensiva tendência à
esparsas da parcialmente com rios de Litólicos instabilidade
Formação coincidente padrões paralelos
Pimenteiras com a estrutura e escoamento
e ocorrências intermitente
esparsas de altos sazonal. Úmido e
estruturais Subúmido.
800-900mm

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dpi) – Litotipos variados Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Depressão do Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbórea; transição com
e dos Pés- Periférica Nordestino e dos parcialmente rios de padrões Planossolos Agropecuária. tendência à
de-serra do Subúmida da Grupos Ubajara dissecada subdendríticos Háplicos, instabilidade
Planalto da Ibiapaba (Cambriano) e em feições sem controle Argissolos,
Ibiapaba Jaibaras (Cambro- tabulares largas estrutural; Neossolos
Ordovincia-no) intercaladas escoamento Litólicos e
por vales de intermitente Neossolos
fundos planos sazonal. Flúvicos
e elevações Subúmido e
irregulares Semi-árido.
colinosas e semi- 750-850mm
75

aguçadas
(Dsac) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Sertões do Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com
Acaraú e Nordestino truncando rios de padrões Planossolos Agropecuária tendência à
Coreaú com setores variados tipos subdendríticos Háplicos, e Extrativismo instabilidade
alongados e de rochas em e escoamento Neossolos Mineral e
deformados pedimentos intermitente Litólicos e Vegetal.
de formações predominante- sazonal. Neossolos
eocambria-nas mente Subúmido e Flúvicos
dos Grupos conservados e Semi-árido.
Ubajara e com eventuais 950-1100mm
Jaibaras setores
de relevos
dissecados em
colinas rasas e

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em interflúvios
tabulares
Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dscr) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Complexo pediplanada a superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com
e dos Pés- Crateús Nordestino parcialmente rios de padrões Planossolos Pecuária tendência
de-serra do dissecada em subdendríticos Háplicos, extensiva e de dinâmica
Planalto da lagos interflúvios e escoamento Argissolos, Agroextrativis- regressiva
Ibiapaba tabulares intermitente Neossolos mo
separados por sazonal. Semi- Litólicos e
vales de fundos árido. Neossolos
planos; relevos 600-800mm Flúvicos
colinosos rasos,
em áreas mais
fortemente
76

dissecadas
Sertões Sertões Centro- (Dsq) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Complexo pediplanadas superficial com Háplicos, Arbustiva; transição com
Quixadá Nordestino truncando rios de padrões Neossolos Pecuária tendência à
com ocorrência variados tipos subdendríticos Litólicos, extensiva e instabilidade
de dioritos de rochas em e escoamento Afloramentos Agroextrativis-
e eventuais pedimentos intermitente de Rocha e mo
coberturas de conservados e sazonal. Semi- Neossolos
sedimentos da eventualmente árido. Flúvicos
Formação Faceira dissecados em 800mm
colinas rasas

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões Centro- (Dsbc) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Boa Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição, com
Viagem/ Nordestino, parcialmente rios de padrões Planossolos Pecuária tendência
Quixeramobim/ com setores dissecada em sub-dendríticos Háplicos, extensiva e a forte
Canindé alongados colinas rasas e escoamento Neossolos Agroextrativis- instabilidade
de rochas do intercaladas por intermitente Litólicos e mo
Complexo Itatira planícies fluviais sazonal. Semi- Neossolos
que recobrem árido. Flúvicos
vales de fundos 700-800mm
planos
(Dsmj) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Sertões Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com
77

do Médio Nordestino, truncando rios de padrões Planossolos Pecuária tendência à


Jaguaribe com setores variados tipos dendríticos e/ou Háplicos, extensiva e instabilidade
alongados de de rochas em subdendríticos Argissolos Extrativismo
rochas pré- pedimentos e escoamento Neossolos vegetal
cambrianas do conservados e intermitente Litólicos e
Grupo Ceará e da eventualmente sazonal. Semi- Neossolos
suíte magmática dissecados árido. Flúvicos
700-850mm
(Dsc) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição com
Centrais Nordestino com com pedimentos rios de padrões Neossolos Pecuária tendência
migmatitos conservdos subdendríticos Litólicos e extensiva e de dinâmica
homogêneos e e escoamento Neossolos Agroextrativis- ambientla
com gnaisses intermitente Flúvicos mo regressiva

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variados sazonal. Semi-
árido.
800-900mm
Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dsbj) – Predominância Superfície Drenagem Planossolos Caatinga Ambiente de
Setentrionais Sertões Pré- de litotipos pediplanada a de padrão Háplicos, Arbustiva; transição com
Pré-Litorâneos Litorâneos do Complexo parcialmente subdendrítico e Planossolos Agroextrativis- tendência à
do Baixo Nordestino, dissecada dendrítico, com Nátricos mo instabilidade
Jaguaribe com eventuais em largos rios intermitentes Argissolos,
ocorrências de interflúvios sazonais. Neossolos
rochas da suíte tabulares Subúmido a Litólicos e
magmática Semi-árido. Neossolos
950-1100mm Flúvicos
(Dscn) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões do Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição
Centro – Norte Nordestino, com com pedimentos rios de padrões Planossolos Pecuária
78

migmatitos e parcialmente subdendríticos Nátricos, extensiva e


gnaisses dissecados e escoamento Argissolos, Agroextrativis-
intercalados por intermitente Neossolos mo
planícies fluviais sazonal. . Litólicos e
Subúmido a Neossolos
Semi-árido. Flúvicos
500-900mm
(Dscp) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões do Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição
Choró/Pacoti Nordestino, com pedimentos rios de padrões Planossolos Pecuária
com migmatitos conservados e subdendríticos, Nátricos extensiva e
heterogêneos e parcialmente eventualmente Neossolos Agroextrativis-
gnaisses dissecados, com algum Flúvicos e mo
intercalados por controle Vertissolos

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planícies fluviais estrutural.
Subúmido a
Semi-árido.
900-1100mm
Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dsmi) – Litotipos variados Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Sertões do complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição
Meridionais cristalino pré- truncando rios de padrões Planossolos Pecuária
dos Inhamuns cambriano, com variados tipos dendríticos e/ Háplicos, extensiva e Agro-
predominân- de rochas, ou dendrítico- Neossolos extrativismo
cia de litotipos eventualmente retangulares Litólicos,
do Complexo dissecadas e escoamento Afloramentos
Nordestino, em formas de intermitente Rochosos e
suítes topos convexos sazonal. Semi- Neossolos
magmáticas e tabulares árido. Flúvicos
fortemente intercalados 500-700mm
deformadas por por vales de
79

movimentos fundos planos


diastróficos recobertos por
pretéritos e sedimentos
truncados por aluviais das
superfícies de planícies fluviais
aplainamento
Sertões Sertões do Sul (Dss) – Litotipos do Superfície Escoamento Neossolos Caatinga Ambiente
Sertões do Grupo Cachoeiri- pediplanada, superficial com Litólicos, Arbustiva; de transição
Salgado nha. Complexo truncando rios de padrões Luvissolos Pecuária tendendo à
Nordestino variados tipos dendríticos, Crômicos, extensiva e Agro- instabilidade
e eventuais de rochas subdendríti-cos Neossolos extrativismo
ocorrências da dissecadas em e dendrítico- Flúvicos e
suíte magmática, feições variadas, retangulares Planossolos
deformados por intercaladas e escoamento Háplicosos
movimentos por planícies intermitente

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diastróficos fluviais estreitas sazonal. Semi-
pretéritos. e contínuas árido.
700-900mm
Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dsca) – Grupo Araripe: Espraiamento Ramificação da Argissolos Mata Seca; Ambiente
Sertões do Formação de vales, drenagem a partir Vermelho- Agricultura estável quando
Cariri Missão Velha, pedimentos de ressurgências Amarelos, comercial, em equilíbrio
com arenitos com interflúvios das vertentes Latossolos, Lavouras de natural
de médios tabulares, norte-orientais da Neossolos subsistência
a grosseiros intercalados chapada. Úmido Flúvicos e e Pecuária
gradando para por vales de e Subúmido. Vertissolos melhorada
finos, siltitos, fundos chatos 800-1000mm
folhelhos, e com largas
calcarenitos, planícies fluviais
conglomera- e alvéolos.
dos, calcários e
80

margas

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dcu) – Grupo Araripe: Espraimento de Drenagem Latossolos, Mata Úmida/ Ambiente
Sertões Formação Missão vales de fundos paralela, com Neossolos subúmida; estável quando
Úmidos do Velha com chatos e com escoamento Flúvicos e Lavouras em equilíbrio
Cariri arenitos médios vastos setores de superficial semi- Vertissolos comerciais e natural
a grosseiros com planícies fluviais perenizado. Agricultura de
níveis sílticos e 950-1100mm subsistência
argilosos na base,
gradando para
arenitos finos e
grosseiros
(Dsi) – Sedimentos Superfície Escoamento Argissolos, Caatinga arbórea Ambiente
Sertões de argilosos, margas plana embutida superficial com Neossolos degradada; estável
81

Iguatu e arenitos finos entre níveis de rios de padrões Flúvicos e Matas ciliares;
do Grupo Rio do cristas residuais, sub-dendríticos Planossolos Agropecuária
Peixe (Jurássico/ tabuleiros e escoamento Háplicosos.
Cretáceo); interiores e intermitente
sedimentos planícies fluviais sazonal
inconsolidados coalescentes. convergindo para
finos e mal o rio Jaguaribe.
estratificados
da Formação
Moura (Tércio-
Quaternário).

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (continuação)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Cristas (Mki) – Litotipos variados Feições aguçadas Ramificação Neossolos Caatinga Ambientes de
Residuais e Cristas do Complexo de relevo e da drenagem Litólicos e arbustiva e transição com
Agrupamentos Residuais e cristalino, com morros residuais com padrões Afloramentos vegetação tendência à
de Inselbergs Agrupamentos predominân- oriundos dendríticos e rochosos rupestre. instabilidade.
de Inselbergs cia de rochas da erosão escoamento
mais resistentes diferencial intermitente
ao trabalho da com áreas sazonal. Semi-
erosão. submetidas à árido.
morfogênese e 500-700mm
mecânica.
Serras Serras Úmidas (Mru) – Litotipos variados Superfícies Escoamento Argissolos Mata Úmida/ Ambiente de
e Serras Pré- Níveis de do Complexo serranas ou superficial com Vermelho- subúmida; transição com
82

Litorâneas Cimeira e cristalino pré- encostas de rios de padrões Amarelos, Horticultura, tendência
Vertentes cambriano, barlavento dendríticos e Neossolos Fruticultura, de dinâmica
Úmidas deformados por de forte a escoamento Litólicos e Agroextrativis- ambiental
tectonismo medianamente intermitente ou Neossolos mo regressiva
dissecadas, semi-perenizado Flúvicos
em feições de Úmido e
cristas, colinas Subúmido.
e lombadas, 900-1300mm
intercaladas por
vales em V.

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Quadro 1 - Síntese das categorias espaciais de ambientes naturais (conclusão)

categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais


Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Serras Serras Secas e (Mrs) – Litotipos variados Superfícies Escoamento Argissolos Mata Seca; Ambiente de
Subúmidas Serras Secas do Complexo serranas superficial, com Vermelho- Agroextrativis- transição com
e Vertentes cristalino, pré- interiores ou rios de padrões Amarelos, mo tendência à
Subúmidas cambriano encostas de dendríticos e Neossolos instabilidade.
e suítes sotavento das escoamento Litólicos.
magmáticas serras úmidas, intermitente Chernossolos,
fortemente com vertentes sazonal. Semi- Afloramentos
deformados por íngremes e árido. Rochosos e
falhamentos e dissecadas 700-1000mm Neossolos
dobramentos em cristas, Flúvicos
pretéritos lombadas,
colinas e
83

interflúvios
semi-tabulares
intercalados por
vales em V e
em U.

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84

6.3.4 Compartimentação geoambiental - documentação fotográfica complementar

Foto 1 - Campo de inselbergs de Quixadá, com vertentes rochosas sulcadas por caneluras.

Foto 2 - Sertões de Quixadá. Superfície pediplanada de Quixadá, expondo cristas residuais e inselbergs.

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85

Foto 3 - Superfície pediplanada dos sertões de Quixadá, Quixeramobim, com destaque para inselbergs e cristas residuais.

Foto 4 - Depressão periférica subúmida do Planalto cuestiforme da Ibiapaba.

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86

Foto 5 - Cornija arenítica no “front” da Ibiapaba, com destaque para a cascata obseqüente da Bica do Ipu.

Foto 6 - Áreas fortemente degradadas, susceptíveis ao processo de desertificação nos sertões do Centro-Norte, Município
de Irauçuba.

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87

Foto 7 - Áreas em processo de desertificação, com afloramentos rochosos nos sertões Centro Norte (Município de
Irauçuba).

Foto 8 - Aspecto da vegetação secundária e evidências de deteriorização ambiental em Irauçuba. Notar inselbergs ao
fundo.

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88

Foto 9 - Superfície pediplanada semi-árida dos Sertões de Crateús, recoberta por caatinga arbustiva aberta e com grande
freqüência de chãos pedregosos.

Foto 10 - Sertões Meridionais dos Inhamuns, com cactáceas e chãos pedregosos, Município de Tauá.

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89

Foto 11 - Sertões meridionais dos Inhamuns, expondo as condições rudimentares das técnicas agrícolas empregadas
(Município de Tauá).

Foto 12 - Evidências de degradação/desertificação nos Sertões do Médio Jaguaribe – Jaguaribara.

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90

Foto 13 - Sulcos de erosão, evidenciando o desenvolvimento do processo de desertificação em Solonópole – Sertões do


Médio Jaguaribe

Foto 14 - Espaçamento da vegetação de caatinga e evidências de degradação nos Sertões do Médio Jaguaribe.

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91

Foto 15 - Planície fluvial do rio Salgado, com mata ciliar parcialmente degradada.

Foto 16 - Planície do rio Quixeré em posição subseqüente em relação à Chapada do Apodi ao fundo.

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92

Foto 17 - Planície fluvial do rio Jaguaribe. Ao fundo a barragem do açude Castanhão.

Foto 18 - Utilização agrícola nos Cambissolos da Chapada do Apodi.

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93

Foto 19 - Rizicultura irrigada nos tabuleiros interiores em Morada Nova – Russas.

Foto 20 - Tabuleiros interiores no Médio Jaguaribe, com destaque para a cajucultura e pecuária semi-intensiva.

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94

6.3.5 As unidades de intervenção

São as unidades de intervenção definidas e delimitadas em função de sua fragilidade e/ou do grau de
estabilidade do ambiente e da capacidade produtiva dos recursos naturais. Além disso, são considerados
os critérios referentes à legislação ambiental pertinente, anteriormente analisada.

Em essência, considera-se a ecodinâmica da paisagem como critério básico, contemplando-se o


balanço entre os processos morfogenéticos e pedogenéticos para definir o grau de estabilidade e/ou
instabilidade do ambiente, conforme critérios expostos por Tricart (1977).

Segundo Tricart, “estudar a organização do espaço é determinar como uma ação se insere na dinâmica
natural, para corrigir certos aspectos desfavoráveis e para facilitar a exploração dos recursos ecológicos
que o meio oferece”.

Nos meios estáveis a medianamente estáveis, a noção de estabilidade aplica-se ao modelado, à interface
atmosfera-litosfera. O modelado evolui lentamente, de maneira insidiosa, dificilmente perceptível.

Os ambientes de transição ou medianamente frágeis asseguram a passagem gradual entre os meios


estáveis e os meios instáveis. Há uma interferência permanente de mofogênese e pedogênese,
efetuando-se de modo concorrente sobre um mesmo espaço, sem que exista nenhuma separação
abrupta. Existe verdadeiramente um contínuo nessa transição. A tendência para situação de
estabilidade ou de instabilidade pode decorrer, também, de desequilíbrios ambientais provocados pelo
antropismo.

Nos meios fortemente instáveis ou frágeis, a morfogênese é o elemento predominante da dinâmica


natural, subordinando os demais componentes naturais.

Para Tricart (1977), a cobertura vegetal intervém, introduzindo uma influência indireta do clima,
sendo maior a instabilidade realizada nas regiões de forte instabilidade climática. Parte da vegetação
se adapta mal às irregularidades climáticas e as influências bioestáticas são reduzidas ao mínimo. As
manifestações meteorológicas extremas que caracterizam tais climas oferecem potencial energético
considerável, cujo rendimento é elevado.

No trabalho morfodinâmico efetuado nas regiões semi-áridas, a exemplo da área do Bioma Caatinga,
as chuvas caem como pesados aguaceiros, repetidos em um número significativo de vezes por século.
Seus efeitos são muito superiores aos que se efetuam nas regiões hiperáridas onde esses temporais
são incomuns.

Associando-se as causas naturais à degradação antrópica no semi-árido, acentuam-se as limitações


que se impõem à vegetação. Condições naturais excessivamente limitantes favorecem a degradação,
impedindo a reconstituição da vegetação em curto tempo. Assinala-se que nessas regiões a restauração
é tão difícil que se torna imperioso tomar medidas de conservação muito restritas para impedir a
degradação.

Com o antropismo, a brusca ativação morfodinâmica tende a destruir rapidamente os solos pre-
existentes, configurando casos de resistasia antrópica, em que os solos sofrem um processo contínuo
de ablação. Assinala-se que o fenômeno não se limita apenas aos solos, pois afeta todos os materiais
móveis que afloram as formações superficiais e as próprias rochas. Tricart considera a esse respeito que
seria mais correto falar de destruição das terras cultiváveis, porque em muitas regiões onde este fato
ocorre já não se cultivam os solos, mas as terras que não têm mais solos. Cabe salientar que a ablação
não representa a causa única. A acumulação produz tantos desgastes, afogando as partes mais baixas
do relevo, bases de vertentes, fundos de vales, planícies aluviais, dentre outras, sob a contribuição

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95

maciça de material, que não teve tempo de se edafizar. Comparativamente com as oscilações climáticas
naturais, há de se destacar que elas não provocam, senão excepcionalmente, fenômenos semelhantes,
pois são menos impactantes. Seus efeitos são menos radicais e uma piora climática reduz lentamente a
densidade da cobertura vegetal e permite aos processos mofodinâmicos se tornarem mais ativos.

Vão se configurando, assim, os quadros de desertificação que afetam os sistemas ambientais sertanejos.
Constatam-se, então, exemplos que compõem a tipologia dos espaços degradados indicados por
Ab’Sáber: “altos pelados” “salões”, vales e encostas secas, lajedos e campos de inselbergs, chãos
pedregosos e áreas degradadas pela raspagem.

Decorrem de mais de três séculos de atividades rurais praticadas com técnicas muito rudimentares,
centradas no pastoreio extensivo, e décadas de intervenção antrópica, com acentuado crescimento
demográfico paralelo.

Os impactos sociais se traduzem em mudanças significativas que se manifestam na perda da capacidade


produtiva dos grupos familiares. Tratando-se das populações sertanejas mais vulneráveis, submetidas
à pobreza quase absoluta e a uma estrutura fundiária injusta, acentuam-se os problemas das áreas
urbanas, incapazes de atender às necessidades mínimas dessa população.

Com base nessas considerações e de acordo com a estratégia metodológica adotada pelo Ministério do
Meio Ambiente e pelo Consórcio ZEE Brasil (2002), adota-se aqui a expressão “unidade de intervenção”.
Essas unidades, conforme o estudo referido, apresentam forte ancoragem nas fisionomias naturais
(geomorfologia e sistemas ambientais), com detalhamento, em alguns casos, de tipos de solos
dominantes. Esse último caso contempla os tipos de uso muito parecidos em cada unidade e as
necessidades de conservação ambiental. Assim, a expressão unidades de intervenção representa a
primeira aproximação do zoneamento que neste último caso significa uma consolidação de programas
e ações destinados a mais de um sistema ambiental.

Dentro dos critérios estabelecidos, foram identificados três tipos de unidades com as respectivas
condições de ecodinâmica natural:
- Áreas Frágeis (com Ecodinâmica de Ambientes Fortemente Instáveis);

- Áreas Medianamente Frágeis (com Ecodinâmica de Ambientes de Transição); e

- Áreas Medianamente Estáveis (com Ecodinâmica de Ambientes Estáveis).

As áreas frágeis com ecodinâmica de ambientes fortemente instáveis abrangem as Áreas de Preservação
Permanente (APP’s) e as vertentes íngremes das serras e chapadas. As duas primeiras são estabelecidas
com base nas limitações legais do Código Florestal. Acrescentam-se as áreas das Unidades de Proteção
Integral, para o que se prevê a delimitação de uma Zona de Amortecimento.

Essas Unidades no Bioma Caatinga e nas Serras Úmidas têm como objetivo a preservação da natureza
e realização de pesquisas cientificas. Presume-se, portanto, a preservação integral da biota e dos
demais atributos naturais existentes nas Unidades, excetuando-se as medidas de recuperação dos
seus ecossistemas alterados ou impactados por ações antrópicas anteriores e o manejo das espécies
que o exijam. Busca-se, pois a preservação da diversidade biológica. Desse modo, como unidades de
proteção integral, objetiva-se preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus
recursos naturais, com exceção dos casos previstos na legislação ambiental pertinente (casos da Estação
Ecológica de Aiuaba e do Parque Nacional de Ubajara, além das zonas de preservação das unidades de
uso sustentável).

As áreas medianamente frágeis, com ecodinâmica de ambientes de transição, são aquelas mais
interioranas e abrangidas pelos sertões, pelos setores menos dissecados das serras e dos vales.

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96

As áreas medianamente estáveis, com ecodinâmica de ambientes estáveis, incluem os Tabuleiros pré-
Litorâneos e Interiores e o Platô das Chapadas do Apodi, Araripe, Ibiapaba, dentre outros, onde as
potencialidades dos recursos naturais são propícias ao desenvolvimento agrícola sustentável, conforme
proposta do zoneamento a ser subseqüentemente produzida.

Os sistemas ambientais a seguir relacionados estão enquadrados na tipologia estabelecida para as


Unidades de Intervenção (Figura 5).

Figura 5 - Unidades de intervenção

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97

Áreas frágeis
- Unidades de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável
- Planícies lacustres, flúviolacustres e áreas de acumulação inundáveis
- Rebordos e patamares da Chapada do Apodi
- Rebordos revestidos por mata estacional da Chapada do Araripe
- Sertões do Centro-Norte
- Sertões Meridionais dos Inhamuns
- Serras Secas e Vertentes subúmidas

Áreas medianamente frágeis


- Planícies fluviais
- Sertões da depressão periférica subúmida da Ibiapaba
- Sertões de Crateús
- Sertões de Quixadá
- Sertões de Boa Viagem/Quixeramobim/Canindé
- Sertões Centrais
- Sertões do Salgado
- Sertões do Cariri
- Níveis de Cimeira das Serras úmidas pré-litorâneas
- Cristas Residuais e agrupamentos de inselbergs

Áreas medianamente estáveis


- Tabuleiros pré-litorâneos e interiores
- Platô da Chapada do Apodi
- Chapada do Araripe: platô
- Reverso imediato e rebordos úmidos do Planalto da Ibiapaba
- Reverso seco (Ibiapaba)
- Sertões do Baixo Acaraú e Coreaú
- Sertões pré-litorâneos do Baixo Jaguaribe
- Sertões do Choró-Pacoti
- Sertões úmidos do Cariri
- Sertões de Iguatu

6.3.6 Tipologia do zoneamento

As bases ambientais e socioeconômicas do ZEE

A tipologia do zoneamento: definição das zonas quanto aos aspectos ambientais e socioeconômicos

O zoneamento segue princípios norteadores do Programa Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil-


PZEE (BRASIL, 2001, 2003).

De acordo com as diretrizes metodológicas apontadas pelo Programa ZEE Brasil, o zoneamento é um
instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade última é otimizar o uso do espaço e as
políticas públicas.

O PZEE considera alguns fundamentos essenciais, particularizados para o Ceará. Entre esses
fundamentos, cabe destaque aos seguintes.

Compreensão do Território – o zoneamento cria um modelo territorial que distribui as atividades no


território em função das limitações, vulnerabilidades e fragilidades naturais, bem como dos riscos
e potencialidades de uso. Para isso, a caracterização dos sistemas ambientais e das unidades de
intervenção e gestão, além da fundamentação jurídica anteriormente apresentada, servem de subsídio
fundamental para o zoneamento.

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98

Sustentabilidade Ecológica – associada à sustentabilidade econômica, visa proteger os recursos naturais,


de acordo com as suas potencialidades e limitações de uso. Sob esse aspecto, a sustentabilidade deve
estar de acordo com dois parâmetros fundamentais: (1) maximização dos benefícios derivados do uso
dos recursos naturais e (2) manutenção das funções ecológicas para perpetuar as condições necessárias
à evolução natural dos sistemas ambientais, assegurando a conservação dos recursos naturais para as
futuras gerações.

Abordagem Sistêmica – um sistema representa um conjunto de unidades que mantêm relações entre si.
Conforme a concepção metodológica do PZEE-Brasil (BRASIL, 2001, 2003), a palavra conjunto significa
que as unidades possuem propriedades comuns, sendo que o estado de cada unidade é controlado,
condicionado ou dependente do estado das demais unidades. Considera-se que os sistemas não atuam
de modo isolado, funcionando dentro de um ambiente e compondo parte de um conjunto de maior
dimensão.

Valorização da Multidisciplinaridade e Elaboração de Cenários – a multidisciplinaridade assume


importância à medida que a abordagem sistêmica é valorizada, conforme anteriormente discutido. Na
elaboração de cenários, simulam-se situações, vislumbrando-se respostas adequadas para a escolha
de possíveis opções.

O zoneamento ambiental das áreas do Bioma Caatinga e Serras Úmidas tem a finalidade precípua de
servir como instrumento técnico de manejo, visando à proteção dos sistemas ambientais.

O zoneamento pode ser considerado como a definição de setores ou zonas com objetivos de manejo
e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos
os objetivos de conservação da natureza possam ser alcançados de modo harmônico e eficaz. São
pressupostos do zoneamento os seguintes:
- considerar o ordenamento territorial e as normas ambientais que constituem o zoneamento, tendo
o quadro sócio-ambiental como ponto de partida. Ordenamento territorial e normas ambientais
são formulados, segundo IBAMA (2001), a partir do grau de conhecimento da biodiversidade e
da identificação e avaliação dos problemas e conflitos; das oportunidades e potencialidades
decorrentes das formas de conservação da biodiversidade; do uso e ocupação do solo e da utilização
dos recursos naturais da área;

- identificação dos sistemas ambientais como áreas homogêneas, considerando os mosaicos de paisagem
(componentes abióticos e bióticos), as condições de uso/ocupação (anexo), as oportunidades e
os padrões de derivação ambiental com dinâmica progressiva ou regressiva em relação ao estado
primitivo do meio ambiente; e

- avaliação da capacidade produtiva dos recursos naturais, com base no balanço entre as potencialidades
(pontos fortes) e as limitações (pontos fracos). Elas são tratadas em função das fragilidades dos
sistemas ambientais e das possibilidades tecnológicas de apropriação dos recursos.

Desse modo, as potencialidades, havidas como pontos fortes no ambiente interno da área, são
também consideradas como oportunidades e devem ser tratadas como atividades ou condições que
têm exeqüibilidade.

As limitações são consideradas como forças restritivas que incluem pontos fracos no ambiente interno.
Assim, as limitações ao uso produtivo, além de restrições dependentes da legislação, devem ser
identificadas em função da vulnerabilidade e deficiências do potencial produtivo dos recursos naturais.
Dependem também do estado de conservação da natureza, em decorrência de impactos produzidos
pelo uso e ocupação da terra. Os riscos se referem aos impactos negativos oriundos da fragilidade dos
sistemas ambientais naturais e de uma ocupação desordenada do meio físico-biótico, conforme pode
ser constatado no mapa dos sistemas ambientais (anexo).

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99

Com base nesses pressupostos, foi gerado o mapa das Zonas de Intervenção (anexo), conforme
proposta das Diretrizes Metodológicas do Programa do Zoneamento Ecológico-Econômico (BRASIL/
MMA, 2001; 2003). Afirma-se que as unidades de intervenção constituem propostas geradas a partir
das potencialidades e limitações de cada uma das unidades de terra identificadas no Diagnóstico, bem
como da disponibilidade técnico-científica para a apropriação dos recursos naturais, conforme análise
anteriormente procedida.

Viabiliza-se, desse modo, a elaboração de um esboço da divisão territorial, criando-se condições para
formalizar o Zoneamento.

Para a definição das zonas, cujas características de enquadramento serão subseqüentemente


apresentadas, foram definidos critérios de zoneamento. Os critérios têm apoio na definição de
atributos dos sistemas ambientais. Esses atributos constituem características complexas dos sistemas,
decorrentes do funcionamento dinâmico de várias funções.

As funções do MMA/PNMA (BRASIL, 1998) são consideradas como reguladoras, locacionais, produtivas
e informativas. As reguladoras determinam a capacidade do sistema ambiental em se reproduzir e se
manter em funcionamento, como as cadeias tróficas e as trocas de energia; as locacionais propiciam
a localização de atividades econômicas e implantação de infra-estruturas; as produtivas viabilizam
o uso dos recursos naturais renováveis; as informativas favorecem a pesquisa científica, a Educação
Ambiental e o turismo.

Para cada critério são identificados níveis decrescentes, alto, médio e baixo, considerando cada um dos
atributos assim discriminados, conforme a legenda do Mapa do Zoneamento (Figura 6).

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100

Figura 6 - Mapa do zoneamento

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1 Diversidade Biológica
2 Diversidade Ambiental
3 Morfologia e Patrimônio Paisagístico
4 Estado de Conservação
5 Vulnerabilidade e Suscetibilidade à Erosão

O Zoneamento proposto faz o enquadramento conforme a tipologia apresentada a seguir.

Zona de Preservação Ambiental - visa à preservação dos sistemas ambientais, em especial dos
ambientes naturais necessários à existência ou reprodução da flora local e da fauna residente ou
migratória. Esta zona visa também à reconstituição e manutenção da diversidade genética. Admite-se
que na zona assim enquadrada os efeitos do antropismo têm reflexos insignificantes sobre o ambiente,
contendo biodiversidade de valor especial. O manejo deve amparar a preservação do ambiente natural
e motivar as atividades de pesquisas e as práticas de Educação Ambiental. Sob o ponto de vista das
unidades de intervenção, a zona engloba áreas frágeis com ecodinâmica de ambientes fortemente
instáveis, apresentando sua capacidade de suporte, riscos de ocupação, estratégias de uso e metas
ambientais nos Quadros 2 e 3 e Figura 7.

Zona de Proteção Paisagística e cultural - é aquela que objetiva preservar remanescentes vegetacionais
e elementos significativos das paisagens serranas e sertanejas. Considera-se que nesta zona é proibida
a realização de obras e empreendimentos que impliquem modificações no relevo e na eliminação das
formações vegetacionais remanescentes. O objetivo do manejo é a manutenção do ambiente natural
com suas características originais ou primárias e com o mínimo reflexo de processos associados ao
antropismo. Esta zona, cumpre referir, não foi contemplada no mapeamento em face da pequena
expressão espacial na escala adotada, apresentando sua capacidade de suporte, risco de ocupação,
estratégia de uso e metas ambientais, no Quadro 4.

Zona de Recuperação Ambiental - apresenta áreas em estado de degradação moderada a forte,


requerendo a adoção de medidas capazes de levá-las a recuperar suas condições de equilíbrio,
apresentando sua capacidade de suporte, riscos de ocupação, estratégias de uso e metas ambientais,
nos Quadros 5 a 10 e Figuras 8 a 12.

Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental – apresenta áreas


degradadas, importando na recuperação ou restauração do ambiente e da capacidade produtiva dos
recursos naturais, apresentando sua capacidade de suporte, riscos de ocupação, estratégias de uso e
metas ambientais, no Quadro 11 e Figura 13.

Zonas de Uso Sustentável - abrange áreas onde as atividades humanas devem se desenvolver com
o devido controle, e que têm ambientes em diversos estádios de antropização, apresentando sua
capacidade de suporte, riscos de ocupação, estratégias de uso e metas ambientais, nos Quadros 12 a
22 e Figuras 14 a 24. Dentre os tipos de usos permitidos, destacam-se os inventariados na seqüência.

- Agrossilvopastoril - corresponde a áreas destinadas a uma produção limitada e controlada, visando à


subsistência das comunidades e à compatibilização do aproveitamento econômico com a conservação
do meio ambiente;

- extrativista - abrange áreas destinadas à exploração de variados recursos naturais;

- usos tradicionais por populações locais - áreas destinadas à prática de atividades tradicionais por
parte da população residente;

- uso industrial - áreas propícias à instalação de indústrias de portes variados. O objetivo fundamental
do manejo é adequar os tipos de uso à capacidade de suporte do(s) sistema(s) ambiental(is), de modo
a não gerarr impactos negativos, nem comprometer a capacidade produtiva dos recursos naturais.

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102

Zonas de Urbanização - abrange diversos tipos de uso de natureza industrial, residencial e de


uso comercial básico. O objetivo de gestão é controlar a expansão urbana no sentido das zonas
ambientalmente frágeis e vulneráveis ao uso e ocupação, a exemplo das Zonas de Preservação
Ambiental e de Proteção Paisagística.

Quadro 2 - Zona de Preservação Ambiental das Matas Ciliares de Planícies Fluviais (ZPAmc)
Área:
Municípios: a quase-totalidade dos municípios da Área do Bioma Caatinga e Serras Úmidas.
Caracterização: área de preservação ambiental permanente, objetivando a proteção ou recuperação das
matas ciliares de planícies ribeirinhas.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Recursos hídricos; - Restrições legais - Ambientes - Degradação de mata ciliar,
- atrativos turísticos e de associadas com matas medianamente desencadeando processos
lazer; ribeirinhas; estáveis, em erosivos e assoreamento dos
- Educação Ambiental; - inundações periódicas; condições rios;
- pesquisa. - expansão urbana nos de equilíbrio - poluição dos solos e dos
baixos níveis de terraços ambiental. recursos hídricos;
fluviais. - Inundações e cheias;
- salinização dos solos.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Proteção das matas - Desmatamento das matas - Controle da expansão urbana e de atividades
ciliares e dos ciliares; agroextrativas;
mananciais; - uso de agrotóxicos; - controle de efluentes;
- recuperação ambiental; - mineração; - monitoramento da qualidade das águas;
- turismo e lazer - agroextrativismo. - manutenção funcional dos sistemas ambientais
controlados. ribeirinhos.

Quadro 3 - Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc) (continua)
Área: 5904,21 km2
Municípios: Abaiara, Alto Santo, Ararendá, Araripe, Barbalha, Brejo Santo, Carnaubal, Crateús, Crato, Croatá,
Graça, Granja, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Jaguaruana, Jardim, Limoeiro do
Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Novo Oriente, Parambu, Poranga, Porteiras, Potiretama, Quiterianópolis,
Quixeré, Reriutaba, Russas, Santana do Cariri, São Benedito, Tabuleiro do Norte, Tianguá, Ubajara, Viçosa do
Ceará.
Caracterização: áreas de preservação ambiental permanente, objetivando a preservação ou recuperação das
matas de encosta e com declives muito íngremes das serras úmidas e dos rebordos e patamares de planaltos
sedimentares.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Condições - Declividade das vertentes; - Ambientes - Erosão acelerada;
hidroclimáticas - impedimentos à medianamente - empobrecimento da
favoráveis; mecanização; frágeis com biodiversidade;
- média a alta fertilidade - alta suscetibili-dade à tendência à - processos erosivos muito
natural dos solos; erosão; instabilidade ativos;
- ecoturismo; - restrições legais em função de - descaracteriza-ção das
- pesquisa; associadas com a desequilíbrios paisagens serranas.
- Educação Ambiental. declividade do relevo. provocados por
desmatamentos.

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103

Quadro 3 - Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc)
(conclusão)
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Exploração florestal - Desmatamento de topos - Manejo ambiental da flora e da fauna;
controlada; dos relevos e de suas - recuperação de áreas degradadas;
- atividades agrícolas vertentes; - manutenção funcional dos sistemas ambientais;
conforme as prescrições - uso agrícola - controle da qualidade dos recursos hídricos;
da legislação; indiscriminado; - obediência à legislação ambiental;
- ecoturismo; - uso de agrotóxicos - combate à degradação das terras.
- Educação Ambiental; persistentes.
- florestamento.

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104

Figura 7 - Distribuição espacial da Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc)

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Quadro 4 - Zona de Proteção Paisagística e Cultural (ZPPc)


Área:
Municípios: ocorrências pontuais em diversos municípios.
Caracterização: áreas de proteção de locais dotados de grande beleza cênica e de interesse científico e
cultural.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Beleza cênica; - Solos rasos; - Ambientes - Erosão dos solos;
- sítios fossilíferos; - erosão e ravinamento dos medianamente - desmatamentos e perdas da
- Educação Ambiental; solos. frágeis. diversidade biológica;
- pesquisa; - mineração descontrolada;
- turismo rural; - poluição dos recursos hídricos
- silvicultura. superficiais por disposição
inadequada de resíduos.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Ecoturismo; - Desmatamento - Recuperação ambiental;
- recuperação ambiental; desordenados; - manutenção funcional dos ecossistemas e
- sistemas agroflorestais; - ocupação de APPs; proteção de mananciais;
- hotelaria; - uso de agrotóxicos - obediência rigorosa aos preceitos da legislação;
- proteção das persistentes. - manejo sustentável da flora e da fauna.
matas ciliares e dos
mananciais.

Quadro 5 - Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas Frágeis (ZRAmr)
(continua)
Área: 4102,68 km2
Municípios: Alcântaras, Aratuba, Aurora, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Caridade, Caririaçu, Catunda,
Choró, Coreaú, Crato, Ererê, Farias Brito, Granja, Granjeiro, Guaramiranga, Icó, Iracema, Irauçuba, Itapajé,
Itapipoca, Itatira, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira, Meruoca, Miraíma, Mombaça, Monsenhor Tabosa,
Mulungu, Pacoti, Palmácia, Paramoti, Pedra Branca, Pereiro, Quixadá, Quixeramobim, Santa Quitéria, Senador
Pompeu, Sobral, Tamboril, Tejuçuoca, Tianguá, Umari, Umirim, Uruburetama, Uruoca, Várzea Alegre, Viçosa
do Ceará.
Caracterização: áreas de relevos dissecados das serras secas e subúmidas, expondo vertentes rochosas,
matacões e solos parcialmente desnudos.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Média a alta fertilidade - Áreas restritas com solos - Ambientes - Erosão acelerada;
natural dos solos com bom potencial medianamente - empobrecimento da
protegidos e com bom produtivo; frágeis. biodiversidade;
estado de conservação; - restrições a diversos tipos - descaracterização das
- extrativismo vegetal em de uso, em face da forte paisagens serranas;
áreas pontualizadas; declividade das vertentes; - ressecamento de fontes
- extrativismo mineral - alta suscetibilidade à e de nascentes fluviais
com exploração de erosão; em decorrência de
rochas para brita, - áreas sujeitas a desmatamentos desordenados;
cantaria e revestimento. movimentos de solos e de - assoreamento dos fundos de
blocos de rochas. vales.

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106

Quadro 5 - Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas Frágeis (ZRAmr) (conclusão)
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Culturas de ciclo longo; - Restrições a diversos tipos - Manejo ambiental da flora e da fauna;
- exploração florestal de uso nas vertentes - recuperação ambiental;
controlada; íngremes; - manutenção funcional dos sistemas ambientais e
- ecoturismo; - desmata-mentos de topos proteção dos mananciais;
- floresta-mento e e de vertentes com declive - controle da qualidade da água e dos solos;
reflorestamento; >45%; - controle da degradação dos recursos naturais
- exploração mineral - uso de agrotóxicos renováveis.
controlada. persistentes;
- desmatamentos no
entorno de nascentes
fluviais e nos fundos de
vales com matas ciliares.

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107

Figura 8 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas (ZRAmr)

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108

Quadro 6 - Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de Agrupamentos de Inselbergs (ZRAci)
Área: 8152,85 km2
Municípios: Acarape, Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Antonina do Norte, Apuiarés, Arneiroz, Assaré, Aurora,
Barreira, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Cariús, Caucaia, Cedro, Coreaú, Crateús, Ererê, Farias Brito,
Forquilha, Frecheirinha, General Sampaio, Ibaretama, Ibicuitinga, Icó, Iguatu, Independência, Ipaumirim,
Iracema, Irauçuba, Itapajé, Itapiúna, Jaguaretama, Jaguaribe, Jucás, Lavras da Mangabeira, Madalena,
Marco, Massapé, Miraíma, Mombaça, Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Orós, Parambu,
Piquet Carneiro, Quixadá, Quixelô, Russas, Saboeiro, Santa Quitéria, Santana do Acaraú, Senador Sá, Sobral,
Solonópole, Tamboril, Tarrafas, Tauá, Tejuçuoca, Uruoca, Várzea Alegre.
Caracterização: áreas de relevos residuais oriundos de erosão diferencial, expondo vertentes rochosas e
paisagens com caatingas arbustivas abertas e vegetação rupestre.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Exploração de rochas - Solos rasos, vertentes - Ambientes - Erosão acelerada;
para brita, cantaria e rochosas e chãos medianamente - descaracteriza-ção das
revestimento; pedregosos; frágeis. paisagens sertanejas.
- paisagens típicas do - alta suscetibilidade à
semi-árido nordestino; erosão;
- ecoturismo. - áreas sujeitas a
movimentos de blocos
rochosos.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Áreas impraticáveis para - - Manutenção funcional dos sistemas ambientais.
ocupação produtiva,
exceto lavras de material
para construção.

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109

Figura 9 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de Agrupamentos de Inselbergs
(ZRAci)

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110

Quadro 7 - Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu)


Área: 794,75 km2
Municípios: Acarape, Alcântaras, Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Capistrano, Caridade, Caucaia, Coreaú,
Guaiúba, Guaramiranga, Itapajé, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Massapê, Meruoca, Moraújo, Mulungu,
Pacatuba, Pacoti, Palmácia, Redenção, Sobral, Tururu, Umirim, Uruburetama.
Caracterização: áreas degradadas das vertentes e dos platôs das serras úmidas localizadas próximas ao litoral
(Serras de Baturité, Maranguape, Uruburetama, Aratanha e Meruoca).
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Condições - Declividade das vertentes - Ambientes - Empobrecimento da
hidroclimáticas e topos de relevos medianamente biodiversidade;
favoráveis; dissecados; frágeis. - processos erosivos muito
- média a alta fertilidade - alta suscetibilidade à ativos;
natural dos solos; erosão; - descaracteriza-ção das
- Bbm potencial de águas - legislação ambiental paisagens serranas.
subsuperficiais nos pertinente. - assoreamento dos fundos de
alvéolos; vales e contaminação dos solos
- turismo rural; e dos recursos hídricos por
- hotelaria; agrotóxicos persistentes.
- paisagens de exceção.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Culturas de ciclo longo; - Desmatamentos - Manejo ambiental da flora e da fauna;
- exploração agroflorestal desordena-dos e sem - Recuperação e manutenção funcional dos
controlada; obediência ao Código sistemas ambientais;
- ecoturismo; Florestal; - ontrole da degradação das terras por meio da
- floresta-mento e - desmata-mentos de matas recuperação dos recursos naturais;
reflorestamento; remanes-centes; - Patrimônio paisagístico protegido.
- proteção dos mananciais - uso de agrotóxicos
e da qualidade dos persistentes;
solos. - Mineração predatória.

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111

Figura 10 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu)

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112

Quadro 8 - Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs)


Área: 16959,58 km2
Municípios: Acaraú, Amontada, Apuiarés, Ararendá, Aratuba, Banabuiú, Baturité, Bela Cruz, Boa Viagem,
Canindé, Capistrano, Caridade, Cariré, Catunda, Caucaia, Choró, Crateús, Forquilha, General Sampaio,
Groaíras, Hidrolândia, Ibaretama, Independência, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Irauçuba, Itapajé, Itapipoca,
Itapiúna, Itarema, Itatira, Madalena, Maranguape, Marco, Massapé, Meruoca, Miraíma, Monsenhor Tabosa,
Morrinhos, Nova Russas, Novo Oriente, Pacujá, Palmácia, Paraipaba, Paramoti, Pedra Branca, Pentecoste,
Pires Ferreira, Poranga, Quiterianópolis, Quixadá, Quixeramobim, Reriutaba, Santa Quitéria, Santana do
Acaraú, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Senador Pompeu, Sobral, Tamboril, Tauá, Tejuçuoca,
Trairi, Tururu, Umirim, Uruburetama, Varjota.
Caracterização: áreas degradadas pelas condições de uso e ocupação das terras semi-áridas dos sertões de
Crateús, Quixadá, Boa Viagem/Quixeramobim/Canindé, Sertões de Centro-Norte e parte dos Sertões dos
Inhamuns.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Média a alta fertilidade - Baixa fertilidade natural de - Ambientes - Desencadea-mento de ações
natural de algumas algumas classes de solos; medianamente erosivas em áreas degradadas;
classes de solos; - baixo potencial de águas frágeis. - salinização dos solos;
- relevos favoráveis ao subterrâneas; - poluição dos recursos hídricos
uso agropecuário e de - freqüência de solos rasos por efluentes domésticos e
assentamentos urbanos; e pedregosos; pela localização inadequada de
- paisagens exóticas - irregularidade “lixões”;
dotadas de beleza pluviométrica; - empobrecimento da
cênica (campos de - freqüência de biodiversidade;
inselbergs). afloramentos rochosos e - suscetibilidade à degradação
de chãos pedregosos. ambiental e aos processos de
desertificação.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agropecuária; - Mineração e - Recuperação natural e manutenção funcional dos
- extrativismo vegetal de agroextrativismo sistemas ambientais;
espécies lenhosas da predatórios; - recuperação da biodiversidade;
caatinga. - desmata-mentos - ordenamento e controle das atividades
desordenados. agropecuárias e agro-extrativas.

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113

Figura 11 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs)

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114

Quadro 9 - Zona de Recuperação Ambiental de Planícies Fluviais (ZRApf)


Área:
Municípios: zona dispersa em quase todos os municípios.
Caracterização: áreas de planícies fluviais e de baixos níveis de terraços no médio e baixo curso dos rios,
objetivando-se a recuperação da capacidade produtiva dos recursos naturais e da biodiversidade.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Alta a média fertilidade - Inundações periódicas; - Ambientes - Inundações e cheias;
natural dos solos; - renagem imperfeita dos medianamente - degradação da mata ciliar;
- recursos hídricos solos e incidência de estáveis. - desencadeando processos
superficiais e processos de salinização; erosivos e assoreamento dos
subterrâneos; - mineração desordenada; rios;
- irrigação; - expansão urbana nos - salinização dos solos;
- Mineração controlada; baixos níveis de terraços - poluição dos recursos hídricos.
- relevo plano; fluviais.
- atividades de turismo e
lazer.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agro-extrativismo; - Mineração desordenada; - Atividades agroextrativas controladas;
- agricultura irrigada; - Uso de agrotóxicos; - manejo integrado de bacias;
- recuperação das matas - Desmatamento - monitoramento da qualidade das águas;
ciliares; indiscriminado das matas - controle de efluentes;
- proteção de mananciais; ribeirinhas. - manutenção funcional dos sistemas ambientais
- Iiplantação viária nos ribeirinhos;
altos níveis de terraços - saneamento ambiental implementado.
fluviais.

* Não representada no mapeamento produzido (Escala 1:750.000)

Quadro 10 - Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs) (continua)


Área: 5132,44 km2
Municípios: Acopiara, Boa Viagem, Dep. Irapuan Pinheiro, Independência, Milhã, Mombaça, Monsenhor
Tabosa, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole, Tauá.
Caracterização: visa à recuperação ambiental ou restauração de áreas degradadas pelas condições de uso e
ocupação das terras semi-áridas dos sertões de Boa Viagem e Senador Pompeu.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
• Áreas de Nascentes • Declividade das vertentes • Ambientes • Empobrecimento da
• condições e topos de relevos frágeis. biodiversidade;
hidroclimáticas dissecados; • processos erosivos muito
favoráveis; • alta suscetibili-dade à ativos;
• média a alta fertilidade erosão; • descaracteriza-ção das
natural dos solos; • Legislação ambiental paisagens serranas.
• bom potencial de águas pertinente. • assoreamento dos fundos de
subsuperficiais nos vales e contaminação dos solos
alvéolos; e dos recursos hídricos por
• turismo rural; agrotóxicos persistentes.
• hotelaria;
• paisagens de exceção.

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115

Quadro 10 - Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs) (conclusão)


Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
• Culturas de ciclo longo; • Desmatamentos • Manejo ambiental da flora e da fauna;
• exploração agroflorestal desordena-dos e sem • recuperação e manutenção funcional dos sistemas
controlada; obediência ao Código ambientais;
• ecoturismo; Florestal; • controle da degradação das terras mediante a
• floresta-mento e • desmata-mentos de matas recuperação dos recursos naturais;
refloresta-mento; remanes-centes; • recuperação das nascentes;
• proteção das nascentes • uso de agrotóxicos • patrimônio paisagístico protegido.
e da qualidade dos persistentes;
solos. • mineração predatória.

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO | BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO ESTADO DO CEARÁ


116

Figura 12 - Distribuição espacial da Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs)

ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO | BIOMA CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO ESTADO DO CEARÁ


117

Quadro 11 - Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental (ZDAd)


Área: 25671,24 km2
Municípios: Acaraú, Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Alto Santo, Amontada, Antonina do Norte, Araripe, Arneiroz,
Assaré, Banabuiú, Boa Viagem, Campos Sales, Canindé, Cariré, Cariús, Catarina, Catunda, Coreaú, Crateús,
Dep. Irapuan Pinheiro, Ererê, Farias Brito, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Granja, Hidrolândia, Ibicuitinga,
Icó, Independência, Ipaporanga, Iracema, Irauçuba, Itapajé, Itapipoca, Itarema, Jaguaretama, Jaguaribara,
Jaguaribe, Jucás, Limoeiro do Norte, Massapê, Meruoca, Milha, Miraíma, Mombaça, Monsenhor Tabosa,
Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Nova Olinda, Nova Russas, Novo Oriente, Orós, Pacujá,
Parambu, Pedra Branca, Pereiro, Potengi, Potiretama, Quiterianópolis, Quixadá, Quixelô, Quixeramobim,
Saboeiro, Salitre, Santa Quitéria, Santana do Acaraú, Santana do Cariri, São João do Jaguaribe, Senador
Pompeu, Sobral, Solonópole, Tabuleiro do Norte, Tamboril, Tauá, Tejuçuoca, Tianguá, Uruoca, Viçosa do
Ceará.
Caracterização: áreas fortemente degradadas por processos evidentes de desertificação nos sertões do
Médio Jaguaribe, Inhamuns, Centro-Norte e outros.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Recuperação ambiental; - Pluviometria escassa e - Ambientes - Desmatamentos e processos
- mineração controlada irregular; frágeis. erosivos acelerados em áreas
de rochas ornamentais; - forte degradação dos solos fortemente degradadas;
- pesquisa científica; e da biodiversidade; - empobrecimento generalizado
- Silvicultura. - solos muito rasos da biodiversidade,
e degradados com promovendo a erosão
freqüentes afloramentos dos solos e tornando-
de rochas; os irreversivelmente
- recursos naturais improdutivos;
comprometidos; - capacidade produtiva dos
- processos de recursos naturais fortemente
desertificação afetada.
configurados.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Recuperação de áreas - Desmatamentos e - Recuperação dos solos e da biodiversidade;
degradadas mediante queimadas; - Reabilitação das terras parcialmente degradadas;
de sistema agrossilvo- - mineração predatória; - Prevenção e controle da desertificação;
pastoris; - agropecuária - Elaboração do Plano Estadual de Controle da
- adoção de técnicas de praticada com técnicas Desertificação;
recuperação das áreas rudimentares. - Preceitos estabelecidos pela Agenda 21 para
degradadas; enfrentamento da desertificação obedecidos.
- manejo da Caatinga;
- controle da expansão
dos processos de
desertificação

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118

Figura 13 - Distribuição espacial da Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental (ZDAd)

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119

Quadro 12 - Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv)


Área: 2944,75 km2
Municípios: Acaraú, Alto Santo, Amontada, Aracati, Banabuiú, Beberibe, Bela Cruz, Cariré, Carnaubal,
Cascavel, Cedro, Cruz, Forquilha, Fortim, Granja, Groaíras, Guaraciaba do Norte, Icó, Iguatu, Irauçuba,
Itaiçaba, Itapipoca, Itarema, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Jucás, Lavras da Mangabeira, Limoeiro do
Norte, Marco, Martinópole, Massapê, Miraíma, Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Orós, Palhano, Paracuru,
Paraipaba, Pentecoste, Quixeré, Russas, Santana do Acaraú, São Benedito, São Gonçalo do Amarante, São
João do Jaguaribe, São Luís do Curu, Senador Sá, Sobral, Tabuleiro do Norte, Umirim, Uruoca.
Caracterização: áreas parcialmente conservadas das várzeas (planícies fluviais) com potencialidades para o
desenvolvimento agrícola e o extrativismo sustentável dos recursos naturais.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Recursos hídricos; - Inundações periódicas; - Ambiente - Degradação indiscriminada da
- fertilidade média a alta - expansão urbana nos medianamente vegetação ciliar que recobre
dos solos; baixos níveis de terraços; estável. os baixos níveis de terraços
- relevo plano; - drenagem imperfeita e fluviais;
- solos espessos; salinização dos solos; - poluição dos recursos hídricos;
- Irrigação. - mineração nos talvegues. - salinização dos solos;
- inundações e cheias.

Estratégias de Uso Metas Ambientais


Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agricultura irrigada; - Mineração sem controle; - Atividades agroextrativistas controladas;
- atrativos turísticos e de - desmata-mento - Manejo integrado de bacias hidrográficas;
lazer; desordenado da vegetação - Expansão urbana nos baixos níveis de terraços
- agroextrati-vismo ciliar; fluviais controlada;
controlado; - uso de agrotóxicos - Efluentes controlados;
- recupera-ção de matas persistentes. - Funcionalidade dos sistemas ribeirinhos mantida;
ciliares degradadas; - Saneamento ambiental urbano realizado.
- manejo sustentado dos
recursos naturais.

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120

Figura 14 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv)

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121

Quadro 13 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural das Serras Úmidas (ZUSsu)
Área: 1129,37 km2
Municípios: Alcântaras, Aratuba, Baturité, Itapajé, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Massapê, Meruoca,
Mulungu, Pacatuba, Pacoti, Umirim, Uruburetama.
Caracterização: áreas dissecadas das vertentes e platôs das serras úmidas, objetivando o desenvolvimento
agrícola, o ecoturismo e o extrativismo sustentável dos recursos naturais.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Fertilidade média a alta - Parcelas de relevos muito - Ambientes - Suscetibilidade à erosão nas
dos solos; acidentados; medianamente vertentes íngremes;
- solos espessos; - alta a média frágeis. - ocorrências eventuais de
- Condições suscetibilidade à erosão; processos de solifluxão;
hidroclimáticas - impedimentos à - empobrecimento da
favoráveis; mecanização; biodiversidade;
- parcelas de relevos - parcelas de relevos muito - assoreamento dos fundos de
pouco acidentadas; dissecados, protegidos vales e contaminação dos solos
- águas subsuperficiais pela legislação. e dos recursos hídricos por
nos alvéolos; agrotóxicos;
- patrimônio paisagístico - descaracterização das
dos enclaves úmidos de paisagens serranas.
exceção;
- localização de unidades
de conservação de uso
sustentável.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Culturas de ciclo longo; - Desmatamentos de topos - Manutenção funcional dos sistemas ambientais;
- atividades agropastoris e vertentes íngremes; - qualidade dos recursos naturais renováveis
controladas; - Desmatamentos de matas mantida e monitorada;
- hotelaria; remanescentes; - legislação ambiental respeitada;
- turismo e lazer; - Uso de agrotóxicos - planos de manejo das unidades de conservação
- silvicultura; persistentes; elaborados e implementados.
- ecoturismo. - Degradação e uso
inadequado e conflitante
dos recursos hídricos.

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122

Figura 15 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural das Serras Úmidas
(ZUSsu)

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123

Quadro 14 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Tabuleiros Interiores e Pré-Litorâneos (ZUSt)
Área: 12912,61 km2
Municípios: Acaraú, Aiuaba, Altaneira, Alto Santo, Amontada, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Araripe, Assaré,
Banabuiú, Barroquinha, Beberibe, Bela Cruz, Camocim, Campos Sales, Cascavel, Caucaia, Chaval, Chorozinho,
Cruz, Eusébio, Fortaleza, Fortim, Granja, Horizonte, Ibicuitinga, Icapuí, Iguatu, Itaiçaba, Itaitinga, Itapipoca,
Itarema, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaruana, Jijoca de Jericoacoara, Limoeiro do Norte, Maracanaú, Marco,
Martinópole, Morada Nova, Morrinhos, Nova Olinda, Ocara, Pacajus, Pacatuba, Palhano, Paracuru, Paraipaba,
Parambu, Pindoretama, Potengi, Russas, Saboeiro, Salitre, Santana do Cariri, São Gonçalo do Amarante, São
João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Trairi.
Caracterização: áreas dotadas de interflúvios tabuliformes e com topografias planas ou levemente onduladas
em depósitos da Formação Barreiras.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Relevos planos e - Deficiências hídricas - Ambientes - Desencadeamento de
estabilizados; durante a estiagem; medianamente processos erosivos em áreas
- solos espessos; - baixa fertilidade dos solos; frágeis. degradadas;
- baixo potencial - dificuldades para - riscos de poluição dos solos e
para ocorrência de localização de dos recursos hídricos;
movimentos de massa; barramentos. - mineração descontrolada;
- instalação viária; - impermeabilização pode
- expansão urbana; comprometer a recarga dos
- fácil escavação; aqüíferos.
- manto de alteração
muito espesso;
- fragilidades pouco
restritivas ao uso e
ocupação urbano-
industrial, agrícola,
aterros sanitários etc.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agroextrativismo; - Atividades que impliquem - Conservacionismo no uso e ocupação da terra
- expansão urbana; qualquer tipo de praticados;
- pecuária melhorada; desequilíbrio ambiental. - Manutenção da funcionalidade dos sistemas
- Todas as atividades ambientais;
que não conduzam à - Bacias hidrográficas com manejos integrados;
deterioração ambiental - Mananciais protegidos;
e a desequilíbrios na - Sistema de saneamento urbano e periurbano
funcionalidade dos implantados.
sistemas ambientais.

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124

Figura 16 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Tabuleiros
Interiores e Pré-Litorâneos (ZUSt)

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125

Quadro 15 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Apodi (ZUScap)
Área: 1476,35 km2
Municípios: Alto Santo, Aracati, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Quixeré, Russas, Tabuleiro do Norte.
Caracterização: superfície sedimentar cuestiforme, com baixos níveis altimétricos, topografias planas e solos
férteis revestidos primariamente por caatinga arbóreo-arbustiva.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Alta fertilidade natural - Deficiências hídricas - Ambientes - Exploração do calcário feita
dos solos; durante a estiagem; medianamente de modo desordenado pode
- topografias planas; - solos rasos; estáveis. conduzir a danos ambientais.
- Jazidas de calcário - limitações quanto à
sedimentar; recarga e captação de
- bom potencial de águas água;
subterrâneas; - profundidade do aqüífero.
- baixo potencial para
a ocorrência de
movimentos de massa;
- fragilidades pouco
restritivas aos mais
variados tipos de uso.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agricultura; - Mineração predatória; - Funcionalidade dos sistemas ambientais mantida;
- irrigação; - agrotóxicos persistentes. - Conservacionismo de uso e ocupação da terra
- silvicultura; praticado.
- agropecuária;
- mineração controlada.

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126

Figura 17 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Apodi
(ZUScap)

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127

Quadro 16 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Araripe e dos rebordos e
patamares (ZUScar)
Área: 1927,39 km2
Municípios: Araripe, Barbalha, Crato, Jardim, Salitre, Santana do Cariri.
Caracterização: alto planalto sedimentar arenítico, com topografia plana e solos com baixa fertilidade natural
revestidos por cerrados e cerradões.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Solos espessos; - Baixa fertilidade natural - Ambiente - Poluição dos recursos hídricos
- topografia plana; dos solos; medianamente subterrâneos;
- clima subúmido; - grande profundidade dos estável. - desmatamentos desordenados
- baixo potencial aquíferos; e proliferação de incêndios;
para ocorrência de - baixa capacidade dos solos - aumento das emissões de
movimentos de massa; em manter a umidade e carbono na atmosfera;
- fragilidades pouco alta lixiviação; - desmatamento em áreas de
restritivas aos mais - ausência ou escassez de fontes e de nascentes fluviais;
variados tipos de uso; águas superficiais. - ressecamento de nascentes;
- unidades de - riscos de contaminação dos
conservação instaladas; solos e dos recursos hídricos;
- extrativismo. - biodiversidade empobrecida.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Preservação da - Extração indiscriminada - Manejo ambiental da flora e da fauna;
mata estacional e do de rochas nos sítios - Conservação/recuperação do patrimônio
cerradão; fossilíferos; paisagístico;
- ecoturismo; - uso indiscriminado de - Unidades de conservação mantidas e
- pesquisa científica. fontes e nascentes fluviais. adequadamente manejadas;
- Fontes e nascentes fluviais monitoradas;
- Sítios fossilíferos preservados.

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128

Figura 18 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do
Araripe e dos rebordos e patamares (ZUScar)

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129

Quadro 17 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural do Planalto da Ibiapaba (ZUSpi)
Área: 6196,50 km2
Municípios: Ararendá, Carnaubal, Coreaú, Crateús, Croatá, Frecheirinha, Graça, Granja, Guaraciaba do Norte,
Ibiapina, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira, Poranga, Reriutaba, São Benedito,
Tianguá, Ubajara, Viçosa do Ceará.
Caracterização: alto planalto cuestiforme arenítico, com topografias planas e suave onduladas e solos com
baixa fertilidade natural, revestidos por florestas pluvionebulares degradadas.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Solos espessos; - Baixa fertilidade natural - Ambiente - Desmatamentos
- topografias planas e dos solos; medianamente desordenados;
suave onduladas; - Grande profundidade dos estável. - poluição dos solos e dos
- clima úmido/subúmido; aquíferos; recursos hídricos por
- baixo potencial - Baixa capacidade dos solos agrotóxicos persistentes;
para ocorrência de em manter a umidade e - biodiversidade empobrecida.
movimentos de massa; alta lixiviação.
- fragilidades pouco
restritivas aos mais
variados tipos de uso;
- unidades de
conservação instaladas;
- extrativismo;
- condições
hidroclimáticas
favoráveis.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Conservação dos - Uso indiscriminado de - Manejo ambiental da flora e da fauna;
remanescentes de mata; agrotóxicos; - conservação e recuperação do patrimônio
- agroextrativismo; - mineração predatória; paisagístico;
- turismo; - desmatamento sem - unidades de proteção integral (Parque Nacional
- manejo de microbacias. controle. de Ubajara) de uso sustentável (APA da Ibiapaba)
mantidas e adequadamente manejadas;
- monitoramento das fontes, nascentes e cascatas;
- patrimônio paisagístico preservado.

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130

Figura 19 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural do Planalto da
Ibiapaba (ZUSpi)

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131

Quadro 18 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Pré-Litorâneos do Baixo
Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss)
Área: 8625,83 km2
Municípios: Acarape, Apuiarés, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Beberibe, Canindé,
Capistrano, Cascavel, Caucaia, Chorozinho, Fortaleza, Guaiúba, Horizonte, Ibaretama, Ibicuitinga, Itaiçaba,
Itaitinga, Itapiúna, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Maracanaú, Maranguape, Morada Nova, Ocara, Pacajus,
Pacatuba, Pacoti, Palhano, Palmácia, Pentecoste, Quixadá, Redenção, Russas, São Gonçalo do Amarante, São
Luís do Curu.
Caracterização: superfície pediplanada sertaneja, com topografias plana a suave onduladas e com solos
dotados de fertilidade média a alta revestidos por caatinga arbórea degradada
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Média a alta fertilidade - Deficiências hídricas - Ambientes - Desencadea-mento de ações
natural dos solos; durante a estiagem; medianamente erosivas em áreas degradadas;
- relevos planos e suave - solos medianamente estáveis. - poluição dos recursos hídricos
ondulados; rasos; nas áreas urbanas ribeirinhas;
- bom potencial de águas - baixo potencial de águas - empobrecimento
superficiais; subterrâneas; da biodiversidade e
- baixo potencial para a - ocorrência eventual suscetibilidade à degradação
ocorrência de processos de solos rasos e de dos solos;
erosivos acelerados; afloramentos rochosos. - paisagens degradadas;
- fragilidades pouco - capacidade produtiva dos
restritivas para usos recursos naturais diminuída.
diversificados;
- ambiente
medianamente estável.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agropecuária; - Desmatamento - Recuperação natural e manutenção funcional dos
- agroextrativismo; desordenados; sistemas ambientais;
- silvicultura; - uso não controlado de - recuperação da biodiversidade degradada.
- pecuária extensiva e agrotóxicos.
semi-intensiva.

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132

Figura 20 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Pré-
Litorâneos do Baixo Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss)

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133

Quadro 19 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões de Iguatu (ZUSsi)

Área: 679,67 km2


Municípios: Acopiara, Cariús, Icó, Iguatu, Jucás, Orós, Quixelô.
Caracterização: superfície pediplanada desenvolvida na bacia intracratônica de Iguatu, com solos férteis
revestidos por caatinga arbórea degradada.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Fertilidade natural dos - Pluviometria escassa e - Ambientes - Biodiversidade comprometida
solos; irregular; medianamente pela degradação generalizada
- relevo plano; - salinização dos solos; estáveis. da cobertura vegetal primária;
- potencial de águas - solos rasos e relevos - desencadeamento de
superficiais e aguçados no entorno da processos erosivos.
subterrâneas; bacia intracratônica.
- mineração controlada de
materiais de construção
civil.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Manejo sustentado dos - Desmatamento e - Biodiversidade restaurada;
recursos naturais; queimadas sem controle; - reabilitação das terras degradadas.
- mineração controlada de - uso não controlado de
materiais da construção agrotóxicos.
civil;
- agricultura irrigada
(rizicultura);
- agropecuá-ria;
- pecuária extensiva e
semi-intensiva.

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134

Figura 21 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões de Iguatu
(ZUSsi)

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135

Quadro 20 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Salgado e do Cariri (ZUSssc)
Área: 12815.942383 km2
Municípios: Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Aurora, Baixio, Barro, Brejo Santo, Caririaçu, Cariús, Catarina, Cedro,
Crato, Dep. Irapuan Pinheiro, Farias Brito, Granjeiro, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte,
Jucás, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Mombaça, Nova Olinda, Orós, Penaforte,
Piquet Carneiro, Porteiras, Quixelô, Saboeiro, Santana do Cariri, Solonópole, Umari, Várzea Alegre.
Caracterização: superfície pediplanada parcialmente dissecada dos altos sertões do Salgado e do Cariri
cearense.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Média fertilidade natural - Deficiências hídricas - Ambientes - Desencadeamento de ações
dos solos; durante a estiagem; medianamente erosivas em áreas dissecadas e
- relevos planos e suave - solos rasos e ocorrência estáveis. degradadas;
ondulados; eventual de afloramentos - empobrecimento
- bom potencial de águas de rochas. da biodiversidade e
superficiais; suscetibilidade à degradação
- Ambiente dos solos;
medianamente estável; - paisagens degradadas;
- fragilidades pouco - capacidade produtiva
restritivas para variados dos recursos naturais
tipos de uso. comprometida e/ou diminuída.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agropecuária; - Desmatamentos - Recuperação natural e manutenção funcional dos
- agroextrativismo; desordena-dos; sistemas ambientais;
- silvicultura; - degradação das matas - recuperação da biodiversidade.
- pecuária extensiva e ciliares em planícies
semi-intensiva; ribeirinhas.
- controle de incêndios e
queimadas.

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136

Figura 22 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do
Salgado e do Cariri (ZUSssc)

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137

Quadro 21 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Úmidos do Cariri (ZUSsuc)
Área: 1266,68 km2
Municípios: Abaiara, Barbalha, Brejo Santo, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão Velha,
Porteiras.
Caracterização: superfície plana com espraiamento e coalescência de planícies aluviais nos sopés da Chapada
do Araripe.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Condições - Deficiência hídrica durante - Ambientes - Desmatamentos desordenados
hidroclimáticas a estiagem; medianamente e empobrecimento da
favoráveis; - expansão da degradação estáveis. biodiversidade;
- alto a médio potencial dos recursos naturais - desmatamentos em áreas de
de recursos hídricos; renováveis. fontes e de nascentes fluviais;
- parcelas significativas - riscos de contaminação
de solos com alta química dos solos e dos
fertilidade natural dos recursos hídricos;
solos; - ressecamento de fontes e
- relevos planos de nascentes fluviais em
a parcialmente face de desmatamentos
dissecados; indiscriminados.
- estabilidade ambiental;
- paisagens de exceção;
- irrigação;
- localização de Unidade
de Conservação.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agricultura irrigada; - Mineração sem controle; - Funcionalidade dos sistemas ambientais mantida;
- pecuária intensiva; - uso de agrotóxicos - saneamento ambiental urbano realizado;
- agroextrativismo; persistentes. - efluentes controlados.
- manutenção dos
remanescente da
cobertura vegetal
primária;
- manejo sustentado dos
recursos naturais;
- turismo e lazer.

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138

Figura 23 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Úmidos
do Cariri (ZUSsuc)

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139

Quadro 22 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Baixo Acaraú e Coreaú
(ZUSbac)
Área: 4412,24 km2
Municípios: Alcântaras, Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Cariré, Chaval, Coreaú, Frecheirinha, Graça, Granja,
Marco, Martinópole, Massapé, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Pacujá, Santana do Acaraú, Senador Sá,
Sobral, Tianguá, Uruoca, Viçosa do Ceará.
Caracterização: superfície pediplanada sertaneja, com topografias plana a suave onduladas e com solos
dotados de fertilidade média a alta revestidos por caatinga arbórea degradada, constituindo área de transição
climática.
Capacidade de Suporte
Riscos de Ocupação
Potencialidades Limitações Ecodinâmica
- Média a alta fertilidade - Deficiências hídricas - Ambientes - Desencadeamento de ações
natural dos solos; durante a estiagem; medianamente erosivas em áreas degradadas;
- relevos planos e suave - solos medianamente estáveis. - poluição dos recursos hídricos
ondulados; rasos; nas áreas urbanas ribeirinhas;
- bom potencial de águas - baixo potencial de águas - empobrecimento
superficiais; subterrâneas; da biodiversidade e
- baixo potencial para a - ocorrência eventual suscetibilidade à degradação
ocorrência de processos de solos rasos e de dos solos;
erosivos acelerados; afloramentos rochosos. - paisagens degradadas;
- fragilidades pouco - capacidade produtiva dos
restritivas para usos recursos naturais diminuída.
diversificados;
- ambiente
medianamente estável.
Estratégias de Uso Metas Ambientais
Compatíveis Proibidos e Cenários Desejáveis
- Agropecuária; - Desmatamentos - Recuperação natural e manutenção funcional dos
- agroextrativismo; desordenados; sistemas ambientais;
- Sslvicultura; - uso não controlado de - recuperação da biodiversidade degradada.
- pecuária extensiva e agrotóxicos.
semi-intensiva.

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140

Figura 24 - Distribuição espacial da Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Baixo
Acaraú e Coreaú (ZUSbac)

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141

A zona de urbanização deve ser considerada para cada caso específico e visa a controlar a expansão
das cidades, atendendo às características dos sítios urbanos e suas diversidades e fragilidades
ambientais. Visa-se, além disso, evitar que o processo de urbanização se expanda na direção de áreas
ambientalmente frágeis e vulneráveis, a exemplo das Zonas de Preservação Ambiental.

As metas ambientais e cenários desejáveis para essa Zona devem contemplar o saneamento ambiental
e a recuperação e/ou manutenção da qualidade de vida; controle rigoroso de efluentes; proteção de
mananciais das áreas urbanas; recuperação e/ou conservação da biodiversidade; instalação de aterros
sanitários capazes de atender à malha urbana e em obediência às características e fragilidades dos
sistemas ambientais naturais.

6.3.7 Objetivos e normas do zoneamento

As matrizes contidas nos Quadros 23 a 28 contemplam os aspectos fundamentais a respeito das


propostas e diretrizes de intervenção. Esboçam-se, então, os principais objetivos de cada uma das
zonas, assim como as normas que devem ser obedecidas para sua utilização.

Quadro 23 - Objetivos e normas do zoneamento das ZPA’s


Zona Definição Objetivos Normas
Zona de Zona de preservação Objetivo geral: preservar os - A ZPA terá fiscalização
Preservação ambiental das áreas recursos naturais das matas permanente e
Ambiental: ribeirinhas das ciliares ribeirinhas e das vertentes compulsória, para
Matas ciliares, planícies fluviais e das íngremes de serras e chapadas. manter a qualidade
encostas encostas íngremes de dos recursos naturais
íngremes serras, chapadas e das Objetivos específicos: proteger a renováveis e o
das serras e cristas residuais. faixa marginal das matas ciliares, equilíbrio ambiental;
chapadas incluindo-se os demais recursos - não serão permitidas
naturais: atividades de
- garantir a continuidade dos extrativismo vegetal
processos naturais, assegurando- ou mineral em área de
se o equilíbrio natural; APP;
- selecionar, criteriosamente, - atividades de
áreas para a localização de usos pesquisas científicas
especiais; e de Educação
- recuperar setores de matas Ambiental poderão
serranas degradadas a fortemente ser implementadas,
degradadas; de modo a contribuir
- proteger a vegetação das encostas para a preservação
íngremes das serras de Baturité, ambiental.
Maranguape, Uruburetama,
Meruoca e rebordos dos planaltos
sedimentares e outros níveis
residuais elevados, em obediência
aos critérios contidos no Código
Florestal.

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142

Quadro 24 - Objetivos e normas do zoneamento da ZPPc


Zona Definição Objetivos Normas
Zona de Proteção Zona de proteção Objetivo geral: proteger a paisagem - A implantação de
Paisagística e de elementos e os recursos naturais de sítios infra-estruturas ou de
Cultural significativos da dotados de beleza cênica e de atividades impactantes
paisagem natural e interesse científico e cultural. deverão ser efetivamente
da cultura regional. controladas;
Objetivos específicos: - desmatamentos
- Manter o equilíbrio e a desordenados e práticas
estabilidade dos sistemas agrossilvopastoris
ambientais, produtos de com uso de técnicas
uma evolução geoecológica rudimentares deverão
antiga e fragilizados por usos ser coibidas pelos órgãos
incompatíveis; ambientais competentes;
- minimizar os efeitos de - a proteção dos sítios
implantação de infra-estruturas fossilíferos deve
ou de atividades fortemente ser efetivamente
impactantes sobre o meio implementada.
ambiente;
- controlar tipos de usos que
podem impactar negativamente
o ambiente de sítios fossilíferos
da bacia do Araripe, de campos
de inselbergs e de áreas atrativas
para o turismo cultural e religioso.

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143

Quadro 25 - Objetivos e normas do zoneamento das ZRA’s


Zona Definição Objetivos Normas
Zonas de Zona de Objetivo geral: recuperar e/ou - Coibir desmatamentos
Recuperação recuperação restaurar parcelas de sistemas desordenados e práticas
Ambiental das ou restauração ambientais degradados, como as agrossilvopastoris,
serras úmidas e de ambientes vertentes de serras e os sertões. com uso de técnicas
subúmidas das medianamente rudimentares e não
cristas residuais frágeis das serras Objetivos específicos: adequados à capacidade
e agrupamentos e dos sertões, - Recuperar e/ou restaurar o de suporte do ambiente;
de inselbergs, cujos sistemas equilíbrio dos sistemas ambientais - controlar e fiscalizar
dos sertões e ambientais degradados ou fortemente a implantação de
planícies fluvias estão em estado impactados pelas atividades infra-estruturas, de
em estados avançado de humanas nas serras e sertões; atividades impactantes
avançados de degradação, - recuperar a capacidade produtiva ou a utilização de técnicas
degradação requerendo dos recursos naturais renováveis; danosas à manutenção do
ambiental. a adoção de - controlar os tipos de usos que equilíbrio ambiental;
mecanismos podem ser, eventualmente, - controlar os efeitos
capazes de praticados na zona; da erosão hídrica
viabilizar a - selecionar áreas-piloto para a superficial, impedindo
proteção dessas recuperação e/ou restauração da o desmatamento
áreas. biodiversidade local. desordenado
e sem critérios
conservacionistas;
- apoiar pesquisas
transdisciplinares e
o desenvolvimento
de sistemas de
monitoramento dos
processos de degradação
ambiental;
- estabelecer mecanismos
de manejo sustentável
dos recursos naturais,
incentivando a
recomposição da flora e
da fauna e consolidando
a conservação da
biodiversidade.

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Quadro 26 - Objetivos e normas do zoneamento da ZDA


Zona Definição Objetivos Normas
Zona de Zona de recuperação Objetivo geral: conter a - Coibir a expansão
Degradação de ambientes expansão dos processos de dos desmatamentos
Ambiental fortemente degradação ambiental e/ou desordenados e
Configurada e degradados e de desertificação dos sertões sem uso de técnicas
de Recuperação com núcleos de aludidos. conservacionistas;
Ambiental desertificação - controlar a implantação
instalados dos Objetivos específicos: de atividades impactantes
sertões semi-áridos - diagnosticar e mapear os e de técnicas danosas à
do Médio Jaguaribe, ambientes em processos manutenção do equilíbrio
dos Inhamuns, do de desertificação, visando a ambiental;
Centro-Norte e de conter a sua expansão; - fortalecer a base de
evidências dispersas - recuperar e/ou restaurar conhecimentos e
nas depressões o equilíbrio dos sistemas desenvolvimento de
sertanejas do Ceará ambientais em estado de sistemas de informações
revestidas por dinâmica regressiva; e monitoramento para
caatinga. - controlar os tipos de usos que as regiões susceptíveis à
têm efeito impactante sobre desertificação e à seca;
os ambientes susceptíveis à - combater a degradação
expansão dos processos de da terra por meio
desertificação; de conservação do
- selecionar áreas- piloto ou de solo e de atividades
exclusão para a recuperação de florestamento e
e/ou restauração da reflorestamento;
biodiversidade. - incentivar e promover
a participação social e
a Educação Ambiental,
com ênfase no controle
da desertificação e no
gerenciamento dos efeitos
da seca;
- controlar decisivamente
a expansão dos processos
de desertificação.

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145

Quadro 27 - Objetivos e normas do zoneamento das ZUS’s


Zona Definição Objetivos Normas
Zonas de Uso Zona de uso Objetivo geral: conservar a - Coibir a expansão
Sustentável e de sustentável dos capacidade produtiva dos de desmatamentos
Conservação do sistemas ambientais recursos naturais dos sistemas sem uso de técnicas
Equilíbrio Natural que apresentam ambientais retromencionados. conservacionistas;
das Serras Úmidas, condições - controlar a implantação
dos Tabuleiros, das ambientalmente Objetivos específicos: de atividades impactantes
Chapadas e dos equilibradas e com - proteger as comunidades e de técnicas prejudiciais
Sertões boas potencialidades vegetais, incluindo-se os à manutenção do
de uso dos demais recursos naturais, equilíbrio ambiental;
recursos naturais mantendo a capacidade de - exercer efetivo controle
para práticas seu uso dos mesmos para sobre as práticas do
agrosilvopastoris e atividades compatíveis com o extrativismo vegetal e
outras. suporte ambiental; mineral;
- garantir a continuidade - estabelecer mecanismos
dos processos naturais, de manejo sustentável
assegurando o equilíbrio dos recursos naturais,
natural; incentivando a
- recuperar setores com recuperação da flora e da
biodiversidade degradada por fauna e conservando a
usos desordenados; biodiversidade;
- selecionar parcelas dos - manter a qualidade dos
sistemas ambientais para a solos e dos recursos
localização de usos especiais. hídricos e implementar
mecanismos de
monitoramento.

Quadro 28 - Objetivos e normas do zoneamento da ZUSurb


Zona Definição Objetivos Normas
Zona de Zona de Objetivo geral: exercer controle - Obedecer prescrições
Urbanização urbanização, sobre a expansão urbana, contidas nos
(ZUSurb) compreendendo orientando o crescimento na Planos Diretores de
a delimitação e o direção de ambientes estáveis Desenvolvimento Urbano
entorno imediato e funcionalmente equilibrados, (PDDU);
dos sítios urbanos evitando-se ocupação - exercer controle sobre
das cidades que desordenada de áreas de a ocupação e expansão
apresentam, preservação (APP’s). urbana;
eventualmente, - coibir a ocupação urbana
Objetivos específicos:
problemas em áreas de riscos e
- considerar normas
de ocupação orientar o crescimento
estabelecidas nos Planos
e expansão na direção de ambientes
Diretores de Desenvolvimento
desordenados. Urbano (PDDU) quanto às estáveis e ecologicamente
diretrizes de controle da equilibrados.
expansão urbana;
- articular com o Poder
Municipal o exercício de
controle sobre a ocupação e
expansão urbana;
- controlar a expansão em
áreas de riscos localizadas em
parcelas dos sítios urbanos ou
em seu entorno;
- revitalizar o patrimônio
histórico e cultural,
integrando-o à educação e ao
turismo.

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146

A zona de urbanização deve ser considerada para cada caso específico e visa a controlar a expansão das
cidades, atendendo às características dos sítios urbanos e suas diversidades e fragilidades ambientais.
Visa-se, além disso, a evitar que a urbanização se expanda na direção de áreas ambientalmente frágeis
e vulneráveis, a exemplo das Zonas de Preservação Ambiental.

As metas ambientais e cenários desejáveis para essa Zona devem contemplar o saneamento ambiental
e a recuperação e/ou manutenção da qualidade de vida; controle rigoroso de efluentes; proteção de
mananciais das áreas urbanas; recuperação e/ou conservação dos sistemas ambientais; instalação de
aterros sanitários capazes de atender à malha urbana e em obediência às características e fragilidades
dos sistemas ambientais naturais.

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147

7 PROGNÓSTICO

No fluxograma que trata dos procedimentos operacionais do ZEE, foram indicadas as principais
atividades/articulações a serem seguidas, ou seja: (1) Planejamento, (2) Diagnóstico, (3) Prognóstico e
(4) Implementação.

O prognóstico, objeto do presente capítulo, tem o propósito fundamental de projetar tendências a


respeito da base físico-biótica (vertente ecológica) e do contexto social, econômico, político-institucional
e cultural (vertente econômica). Fundamenta-se no comportamento do passado remoto ou recente e
do presente das duas vertentes aludidas.

Em diversos sistemas ambientais, conforme resultados apresentados no Diagnóstico, constata-se que


os impactos produzidos ao longo do processo histórico pelo uso e ocupação da terra degradaram de
modo contínuo e gradativo a base dos recursos naturais e a qualidade ambiental. Há necessidade
premente de que, nesses sistemas, as ações de recuperação ambiental sejam implementadas,
evitando-se atingir níveis irreversíveis de deterioração, impedindo-se a sua recomposição ou tornando-
os economicamente inviáveis.

Dois cenários devem ser considerados no Prognóstico: (1) Tendencial e (2) Desejável.

O cenário tendencial deve ser fundamentado em uma análise dos processos evolutivos da região,
traçando-se o que se considera na trajetória mais provável da dinâmica ambiental e do desenvolvimento
social e econômico.

O cenário desejável fica na dependência do balanço entre o futuro almejado pela sociedade e o cenário
tendencial, concebendo-se, por conseqüência, um comportamento prospectivo.

O cenário atual, conforme resultados apresentados anteriormente, exibem quadros preocupantes e


não satisfatórios.

As áreas do bioma Caatinga e dos seus enclaves úmidos têm seu território submetido à influência da
semi-aridez. Sob o ponto de vista geo-ambiental, constata-se que, além das vulnerabilidades impostas
pela irregularidade pluviométrica do semi-árido, parte muito significativa dos solos se apresenta
degradada. Os recursos hídricos superficiais e subterrâneos tendem para a insuficiência ou se exibem
com níveis comprometedores de poluição. De tal modo esse problema se agrava que, na área do bioma
caatinga, a deficiência dos recursos hídricos constitui o principal empecilho para a ocupação humana e
para a satisfação das necessidades das atividades do meio rural. Desde os primórdios da colonização,
especialmente a partir do século XIX, a flora e a fauna são afetadas pelas ações predatórias do homem
na busca da sobrevivência. Assim, os sistemas ambientais não têm merecido a devida proteção,
ameaçando as condições de sobrevivência da biodiversidade e fortalecendo as condições de riscos à
ocupação humana.

Esses riscos conduzem a condições irreversíveis, quando se instalam os processos de desertificação


ou condições extremas de degradação ambiental, a exemplo do que se verifica nos sertões do médio
Jaguaribe, e nas serras secas.

A ocupação da área do bioma caatinga contribui, historicamente, para justificar profundas transformações
desse domínio geobotânico, intensificando a ação dos processos morfodinâmicos naturais. O
extrativismo vegetal indiscriminado, a pecuária extensiva, a agricultura praticada com tecnologias
muito rudimentares, são, dentre outros fatores, os principais agentes daquelas transformações.

Observa-se, via de regra, que não há compatibilidade do uso e ocupação da terra com o regime
pluviométrico regional nem com as condições de solos e da biodiversidade. Tem-se buscado muito
mais adaptar o ambiente às necessidades do homem do que o contrário. Desse modo, a expansão das

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148

atividades praticadas no campo depende sempre da remoção do recobrimento vegetal primário. A


devastação se expande em função da retirada de lenha e da produção de carvão vegetal para compor
a matriz energética na região do bioma. Além disso, há contínua e progressiva conversão da vegetação
natural em pastagens naturais, onde se pratica um sobrepastoreio que tende a suprimir o estrato
herbáceo. O excesso de pastoreio mostra-se incompatível com a fragilidade ambiental, acentuando a
degradação dos solos e da caatinga. Com isso, os ambientes físicos já não exibem marcas evidentes de
auto-organização da biosfera sobre eles. Em muitas áreas, a degradação ambiental já atingiu condições
praticamente irreversíveis, e exibindo marcas nítidas de desertificação. Com o quadro fortemente
impactado e a par da forte pressão exercida pela população sobre o vulnerável potencial de recursos
naturais da área da caatinga, os problemas são sensivelmente agravados durante os períodos de secas
recorrentes. Esse quadro assume proporções progressivamente mais graves, a maior dos quais é a
degradação ambiental, e nítidos são os efeitos da desertificação.

O ordenamento territorial é mal estruturado e com extrema deficiência de articulações intersetoriais e


de infra-estrutura. A estrutura fundiária sertaneja é marcada por condições contraditórias capazes de
exibir uma convivência simultânea de latifúndios improdutivos e pequenas propriedades inviáveis sob
o ponto de vista social e econômico.

Os processos de uso e ocupação da terra induzem, por conseqüência, à degradação progressiva dos
solos e à perda de produtividade das lavouras de subsistência.

Os impactos ambientais oriundos da desertificação expõem-se na degradação da biodiversidade, na


diminuição e disponibilidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, no assoreamento de
vales e reservatórios, na perda física e de fertilidade dos solos.

De acordo com a tipologia de espaços degradados apresentada por Ab´Sáber (1977), identificam-
se as seguintes feições indicadoras do processo de desertificação: “Altos pelados”, “salões”, vales e
encostas secas, lajedos e campos de inselbergs, chãos pedregosos e áreas degradadas pela raspagem.
Elas são resultantes de três séculos de atividades rurais praticadas com técnicas muito rudimentares,
centradas no pastoreio extensivo, e algumas décadas de ações deliberadas de intervenção antrópica,
com acentuado crescimento demográfico paralelo.

Os impactos sociais traduzem-de em mudanças significativas que se manifestam na perda da capacidade


produtiva dos grupos familiares. Tratando-se das populações sertanejas mais vulneráveis, submetidas à
pobreza quase absoluta e a uma estrutura fundiária injusta, acentuam-se os movimentos migratórios,
desestruturam-se as famílias e agravam-se os problemas das áreas urbanas, incapazes de atender às
necessidades mínimas dessa população.

7.1 Cenários tendenciais

A base para a elaboração dos cenários tendenciais reflete o progressivo conhecimento adquirido pela
equipe técnica ao longo da pesquisa e tem apoio teórico-metodológico no Projeto Áridas (Ministério
do Planejamento e Orçamento, 1995), nos Cenários para o Bioma Caatinga (Conselho Nacional da
Reserva da Biosfera da Caatinga, 2004) e no PAN-Brasil (BRASIL, 2004).

De acordo com o trabalho sobre o Bioma da Caatinga, o ponto de partida para a teorização do cenário
tendencial é dirigido no sentido de caracterizar uma listagem de macrotendências inerciais, entendidas
como linhas de movimento da dinâmica ambiental, social e econômica que, na ausência de forças
ativas em sentido contrário, tendem a prevalecer em futuro próximo.

Por áreas temáticas, essas macrotendências devem ser ordenadas conforme as dimensões que dão
sustento à concepção de desenvolvimento sustentável: geoambiental, socioeconômica, cientifico-
tecnológica e político-institucional.

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149

A dimensão geoambiental tem como área estratégica fundamental a conservação da natureza e a


proteção ambiental. O Diagnóstico e o cenário tendencial para as áreas do bioma e das serras úmidas
apontam para as vulnerabilidades impostas pela irregularidade pluviométrica do semi-árido e para a
baixa capacidade de resistência às secas recorrentes. Os recursos hídricos superficiais e subterrâneos
tendem para a insuficiência ou exibem níveis comprometedores de poluição. Uma parte muito
significativa dos solos apresenta-se degradada com algumas classes irreversivelmente comprometidas
pela erosão. Esses efeitos tendem a ser intensificados, ampliando as áreas correspondentes aos núcleos
de desertificação, com possibilidades tendenciais de coalescência entre eles, especialmente nos sertões
de Jaguaribe e de Jaguaretama e nos ambientes serranos. Desde os primórdios da colonização, a flora e
a fauna são afetados pelas ações predatórias do homem na busca pela sobrevivência.

Conforme Ab´Sáber (1977), todos os fatos pontuais e areolares, suficientemente radicais para criar
degradações irreversíveis nas paisagens semi-áridas são processos de desertificações parciais que
tendem a ser progressivos. Influenciam na sua formação dois grupos de fatores: primeiramente
ligados à predisposição geoecológica (clima local, topografia e fenômenos de abrigo e de exposição
aos elementos do clima, rocha mãe e solos). Por outro lado, há de se considerar os efeitos das
atividades antrópicas que vão tendendo a impactar direta ou indiretamente os recursos naturais
renováveis. Esses impactos podem ser constatados mediante a da degradação da biodiversidade; da
diminuição da disponibilidade de recursos hídricos superficiais e subterrâneos; do assoreamento dos
vales e reservatórios às custas de horizontes superficiais dos solos que são removidos; da ablação e
do empobrecimento químico dos solos em face da pressão provocada pela agricultura de subsistência,
praticada com técnicas muito rudimentares, sempre dependentes da incorporação de novas terras
para manter o sistema produtivo.

Além da pressão das lavouras, há a considerar as influências do sobrepastoreio extensivo. Plantas


componentes dos estratos herbáceo e arbustivo tendem a ser suprimidas com marcas evidentes para
impulsionar os efeitos da degradação ambiental. O pisoteio excessivo do gado tende a comprometer a
drenagem e a capacidade hídrica dos solos, favorecendo a sua compactação e a sua impermeabilização.
Com isso, o escoamento superficial é intensificado, principalmente nas caatingas, que exibem padrão
fisionômico aberto e com biomassa escassa. Os sulcos de erosão e ravinamentos se expandem e
ampliam as áreas de afloramentos rochosos, chãos pedregosos e matacões. Com o declínio das espécies
mais palatáveis pelo gado, e que integravam as comunidades vegetais primárias, criam-se condições
para que a sucessão ecológica seja dominada por plantas dispersoras, como a jurema- preta e algumas
cactáceas. Configura-se, com efeito, um quadro da dinâmica ambiental regressiva, repercutindo
negativamente na qualidade e na quantidade do rebanho.

Outra circunstância condicionante tendencial da degradação dos sertões é o extrativismo vegetal


indiscriminado. No Ceará, a caatinga arbórea ou arbóreo-arbustiva de há muito é progressivamente
devastada.

As espécies lenhosas, que proliferavam nas comunidades vegetais primárias, estão sendo devastadas
como fonte de madeira com finalidades as mais diversas – construção civil, cercas, mourões. Como
efeitos impactantes mais negativos, destaca-se o uso da caatinga como fonte energética. A extração
de lenha é destinada a fins muito variados, que vão desde o consumo doméstico como para olarias, a
exemplo do que se verifica nos setores de planícies fluviais.

Nos sertões, as práticas agrícolas tradicionais contribuem de modo evidente para a criação dos
núcleos de desertificação que tendem a uma expansão crescente. Nos sistemas morfopedológicos que
caracterizam as superfícies pediplanadas sertanejas, os Luvissolos dotados de média a alta fertilidade
natural, foram as áreas mais intensamente ocupadas pelo binômio gado algodão. Associados aos
Neossolos Litólicos, constituem áreas mais diretamente submetidas ao processo de desertificação, de
modo especial nos Sertões do Médio Jaguaribe. Nos baixos níveis de terraços fluviais e nos pedimentos
que têm caimento topográfico suave para os fundos de vales, o desmatamento desordenado, inclusive
com a retirada das matas ciliares, intensifica o assoreamento das várzeas. Agravam-se, pois, os efeitos
das inundações em anos de chuvas excepcionais.

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150

A sistemática adotada no cultivo das lavouras de subsistência é a mais rotineira possível: retirada
sumária da vegetação, sucedida pelas queimadas e preparo dos solos para o plantio das lavouras de
subsistência. Após alguns anos, a terra é deixada em pousio, criando-se condições para que sucessão
ecológica se estabeleça com a conseqüente expansão das “capoeiras” que são utilizadas pelo gado.
Após certo período e em consonância com a recuperação da capacidade produtiva dos solos, um novo
ciclo de lavouras é retomado. É evidente que, ao longo do tempo, haverá um esgotamento progressivo
dos solos, que tendem a degradações irreversíveis, instalando-se e expandindo-se os quadros de
desertificação.

Nas planícies fluviais, o manejo inadequado dos solos pela agricultura irrigada conduz à salinização
destes. Inviabiliza-se, por conseqüência, a possibilidade de recuperação de solos dotados de alta
fertilidade natural, como os Neossolos Flúvicos. Aliando-se os processos de degradação ambiental e
de expansão da desertificação às secas periódicas, expõe-se uma série de efeitos negativos sobre o
quadro natural e socioeconômico das áreas do bioma caatinga.

Os efeitos da desertificação têm repercussões negativas as mais abrangentes, consubstanciando-se nos


seguintes cenários tendenciais:
- declínio da fertilidade natural dos solos e ablação dos horizontes superficiais;

- intensificação do escoamento superficial, agravando os efeitos da erosão laminar e dos processos


lineares ligados ao escoamento difuso;

- remoção do material coluvial na direção dos fundos de vale, colmatando terras naturalmente férteis
como os solos das planícies aluviais;

- degradação generalizada da biomassa das caatingas, das matas secas e da vegetação ciliar, bem como
a extinção de muitas espécies vegetais e animais;

- diminuição crescente da produção e da produtividade agropecuária;

- perda do dinamismo das atividades ligadas ao setor primário da economia;

- A desertificação e as secas periódicas motivam desequilíbrios na economia regional e condicionam o


aumento excessivo da concentração de renda, redução do mercado, desemprego crescente, processos
migratórios e interrupção ou diminuição da produção das lavouras; e

- a malha urbana do semi-árido e de áreas submetidas à desertificação é pouco articulada, fracamente


inter-relacionada e hierarquizada, agravando-se a fragilidade econômica com a expansão dos
processos de desertificação.

7.2 Cenários desejáveis

Na definição dos objetivos dos cenários desejáveis nas áreas da caatinga e das serras úmidas, há que
considerar a necessidade de promover o uso e a conservação da biodiversidade, a gestão integrada
dos recursos hídricos e demais recursos naturais, o controle da qualidade ambiental, a revitalização
das bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas, a recuperação de áreas degradadas, o ordenamento
territorial realizado em bases sustentáveis, a convivência com secas, dentre outros.

Para que os cenários desejáveis sejam exeqüíveis, devem ser definidas ações para cada objetivo, sem
as quais prevalecem as condições tendenciais.

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151

Uso e Conservação da Biodiversidade

Trata-se de uma linha de ação que deve ser orientada no sentido de promover procedimentos capazes
de viabilizar a proteção e conservação das espécies, a proteção dos sistemas ambientais e do “habitat”,
além de incentivar o manejo florestal e agrossilvopastoril.

As ações a serem postas em prática para o pleno alcance desse objetivo podem ser assim delineadas:
- implementação de unidades de conservação de uso sustentável ou de proteção integral, representativas
de fitofisionomias regionais e locais, e da biodiversidade do bioma das caatingas, das matas secas, das
matas ciliares e das serras úmidas;

- estímulo à participação governamental e não governamental na criação e gestão das áreas


protegidas;

- implementação de programas contra o desmatamento desordenado e extração ilegal de madeira;

- exercer o controle e prevenção de queimadas e incêndios no bioma das caatingas, das matas ciliares
e das florestas serranas;

- estímulo à recomposição de áreas de preservação permanente (APP´s), com ênfase para as matas
ciliares das planícies fluviais; e

- Delimitação das áreas prioritárias dos sertões e serras secas, visando à implementação de planos de
manejo agroflorestais ou agrossilvopastoris.

Controle e Gestão Ambiental

Há necessidade premente de exercer um efetivo controle ambiental das atividades econômicas locais,
visando a destacar a gestão no sentido de detectar e monitorar as ações impactantes. Isso implica a
necessidade de fortalecimento institucional e capacitação de recursos humanos, além de aspectos
associados à Educação Ambiental e à articulação interinstitucional.

Ações prioritárias para os cenários desejáveis devem requerer:


- controle ambiental das atividades de mineração, especialmente na extração de argilas das planícies
fluviais e no uso indiscriminado de lenha para as cerâmicas;

- controle dos impactos ambientais das atividades agropecuárias que contribuem para a degradação
dos solos, da biodiversidade e para a expansão da desertificação;

- esclarecimento da sociedade a respeito dos efeitos nocivos de determinadas atividades, por meio da
educação ambiental e do incentivo à participação das associações comunitárias no controle daquelas
atividades;

- fortalecimento das atividades de monitoramento, fiscalização e controle dos impactos produzidos


pela destruição dos recursos hídricos e dos solos;

- incentivos à criação de programas de recuperação ambiental de áreas degradadas; e

- combate ao tráfico de animais.

Gestão Integrada dos Recursos Hídricos

Considerando-se a estratégia de desenvolvimento sustentável nas áreas do bioma caatinga e serras


úmidas, inquestionavelmente, o gerenciamento integrado dos recursos hídricos assume o papel mais
relevante. A necessidade do manejo integrado deve contribuir para evitar o desperdício e a incidência

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152

de conflitos sobre o uso da água. O que se baseia em cenário desejável é o uso racional e eficiente
da água, atingindo-se um equilíbrio entre as demandas hídricas da sociedade e as disponibilidades
efetivas das águas superficiais e subterrâneas.

O Projeto ÁRIDAS (CEARÁ, 1995) alertava para a idéia de que uma política de otimização dos recursos
hídricos deve primar pela obtenção de padrões desejáveis de sustentabilidade hídrica e a redução da
vulnerabilidade às secas periódicas. Três componentes devem ser estrategicamente considerados:
- o físico, incluindo reservatórios, açudes canais, poços, adutoras, sistemas de distribuição, estações de
tratamento, dentre outros, não definidos de forma isolada e como um programa de obras, mas num
contexto de uma política mais ampla, que preveja a otimização da oferta de água de uma bacia ou das
áreas de influência de uma grande represa;

- o balanceamento entre a oferta e a demanda de águas superficiais e subterrâneas, mediante a


institucionalização e planejamento adequados, de medidas legais, regulatórias e de sistemas de
tarifação; e

- a manutenção e a melhoria da qualidade da água, com a prevenção e o controle da poluição.

Dentre as ações a serem implementadas na busca de um cenário desejável, deve caber destaque às
seguintes:

- estímulo à criação de comitês de bacias, apressando-se procedimentos de cobrança pelo uso da água
e de estabelecimento de critérios que conduzam à sustentabilidade para outorga e licenciamento da
água;

- desenvolvimento de modelos da gestão integrada de bacias, englobando aspectos referentes à


quantidade e à qualidade da água e à proteção ambiental;

- associar controles hidroambientais ao monitoramento climático;

- Implementação de um sistema sustentável de preservação da infra-estrutura de recursos hídricos para


promover a eficiência e reduzir as perdas, no que tange ao armazenamento, captação e distribuição
de água;

- viabilização da transposição de águas entre as bacias;

- monitoramento efetivo da qualidade de água envolvendo o controle corretivo e preventivo da poluição


hídrica;

- proteção da qualidade ambiental como forma eficaz de preservar e ampliar mananciais, assegurando
boa qualidade da água;

- proteção e revitalização das microbacias e sub-bacias, com destaque para a recomposição e


preservação das matas ciliares e das nascentes fluviais;

- controle do uso/ocupação da terra e do seu manejo adequado, minimizando-se impactos negativos,


como erosão de diques marginais, assoreamento dos leitos fluviais e contaminação das águas; e

- combate aos processos de desertificação e à salinização dos solos e das águas.

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153

Ordenamento Territorial Ambiental

O ordenamento territorial consubstancia um esboço de zoneamento ambiental com informações


sobre a base territorial. Essas informações são de natureza sócio-ambiental, subsidiando o sistema
de planejamento na orientação de iniciativas de investimentos governamentais e da sociedade,
em conformidade com as potencialidades e limitações da base de recursos naturais. Caracteriza-se
como um instrumento de configuração territorial de uma política de desenvolvimento. Requer, por
conseqüência, a identificação e avaliação dos sistemas ambientais e o conhecimento de suas vocações
naturais, tendo em vista a sua capacidade de uso.

Conforme as finalidades e de acordo com a sua implementação, o ordenamento territorial deve


constituir um instrumento de planejamento que coleta, organiza dados e informações sobre o
território, propondo estratégias de preservação e/ou recuperação da biodiversidade e a manutenção
da qualidade ambiental.

Para a proposta de ordenamento territorial, há que considerar alguns aspectos relevantes. Sob o ponto
de vista conceitual e metodológico, dois enfoques principais devem ser contemplados: o holístico e
o sistêmico. O primeiro, de caráter totalizante, para integrar o conjunto de fatores e de processos
participantes do sistema, impedindo-se a coleção de temas setoriais isolados. O enfoque sistêmico
deve ser adotado para que o ordenamento se faça em função das relações de interdependência
da sociedade com a natureza. O enfoque sistêmico, sob esse ponto de vista, constitui instrumento
indispensável na análise das inter-relações de causa e efeito, definindo a sensibilidade e a resistência
dos ambientes em face dos processos de uso e ocupação. Viabiliza, além disso, a seleção de manejos
que se adeqüem às condições de exploração, preservação, conservação e/ou recuperação dos recursos
naturais e especialmente da biodiversidade.

Os níveis de abordagens das propostas de ordenamento territorial devem ser de natureza analítica,
sintética e dialética. O analítico para a identificação, caracterização dos componentes geoambentais e
socioeconômicos; o sintético, visando à caracterização dos arranjos espaciais dos sistemas ambientais e
produtivos; o dialético, para confrontar potencialidades e limitações de uso de cada sistema ambiental
e os problemas que se afiguram em virtude da apropriação dos bens naturais.

Com base nesses pressupostos, deve ser enaltecida a concepção da gestão dos recursos naturais da área
como uma atividade complexa e que tem ações múltiplas, tais como: conservação da biodiversidade,
diretrizes de uso e ocupação dos solos, controle da qualidade ambiental e gestão integrada dos recursos
hídricos. Estas ações estratégicas devem ser concretizadas em consonância com produtos/atividades
e sub-atividades, a saber: identificação e mapeamento dos sistemas ambientais; avaliação do estado
de conservação dos sistemas ambientais; mapeamento do uso e ocupação da terra e da estrutura
fundiária; criação e operacionalização de sistemas de informações geográficas; áreas potenciais para a
criação de unidades de conservação.

Na busca de cenário desejável para o ordenamento territorial, algumas ações devem ser implementadas,
além daquelas precedentemente enunciadas:
- efetiva implementação do zoneamento ecológico-econômico, que abriga a compreensão integrada e
holística da realidade geo-ambiental e socioeconômica do território;

- o zoneamento como instrumento capaz de garantir o ordenamento territorial deve ser modulado no
tempo, em função do enriquecimento do banco de dados e de informações e análises disponíveis a
cada momento;

- elaboração de planos diretores de desenvolvimento sustentável, com a caracterização sócio-ambiental


integrada de cada zona e a concepção de programas prioritários;

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154

- ocupação demográfica e produtiva compatível com a capacidade de suporte dos recursos naturais e
de acordo com o seu estado de conservação. Assegura-se, desta forma, evitar a sobrecarga sobre os
recursos ambientais, ensejando o desenvolvimento das atividades econômicas;

- reestruturação fundiária orientada para o desenvolvimento de atividades agropecuárias feito em


bases sustentáveis, considerando: a redistribuição de terras, acompanhada de assistência técnica,
creditícia, armazenagem e comercialização; reforço da infra-estrutura econômica – social no campo;
criação de opções para reassentamento da população excedente; e

- desenvolvimento urbano, com a identificação de vocações para os pequenos núcleos.

Combate aos Efeitos da Desertificação e Convivência com a Seca

Parcelas significativas dos sistemas ambientais integrantes das áreas do bioma caatinga e serras úmidas
exibem marcas evidentes da deterioração ambiental e da desertificação. Isso é particularmente notório
nos Sertões do Médio Jaguaribe, Inhamuns e Centro-Norte, em maior escala, e nos demais sistemas
ambientais sertanejos. Nas serras secas e em cristas residuais, há também evidências conspícuas dos
processos.

Nos sertões semi-áridos, em geral, algumas vulnerabilidades têm se manifestado secularmente.


Algumas delas, conforme o Projeto ÁRIDAS (1995), é a pouca capacidade de resistência às secas, que se
manifestam como crises econômicas e sociais. Afirma-se que elas se agravam paulatinamente ao longo
do tempo, em grande medida em virtude do ritmo e da forma de ocupação demográfica e produtiva
do vasto interior semi-árido da região, causadores de sérias sobrecargas ao seu frágil meio ambiente
e à base de recursos naturais relativamente pobre. As de origem econômico-social tomaram, com a
evolução mais recente na região, rumos que concorrem para acentuar os desequilíbrios distributivos e
a pobreza, deixando antever tendências desestabilizantes.

Avaliadas em conjunto, essas vulnerabilidades representam ameaças à trajetória regional de


desenvolvimento.

Em um cenário desejável para as áreas enfocadas, programas e projetos a serem propostos devem
considerar algumas prioridades, além de pressupostos que são alertados pela AGENDA 21 para o
enfrentamento da desertificação. Dentre as diretrizes sugeridas a esse respeito, cabe destacar as
seguintes:
a) fortalecer as bases de conhecimentos e desenvolvimento de sistemas de informação e monitoramento
para as regiões susceptíveis à desertificação e à seca, incluindo os aspectos econômicos e sociais
desses ecossistemas;

b) combater a degradação da terra mediante da conservação do solo e das atividades de florestamento


e reflorestamento;

c) desenvolver e fortalecer programas de desenvolvimento integrados para a erradicação da pobreza e


promoção de sistemas alternativos de vida nas áreas susceptíveis à desertificação; e

d)desenvolver programas compreensivos anti-desertificação e integrá-los no planejamento


ambiental;

e) incentivar e promover a participação e a Educação Ambiental, com ênfase no controle da desertificação


e no gerenciamento dos efeitos das secas.

É fundamental que se contemplem, igualmente, as políticas que estão sendo postas em prática
nacionalmente pelo chamado PAN-BRASIL.

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155

O Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN-BRASIL) está estruturado em


documento-síntese produzido pelo Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2004), em edição
comemorativa dos 10 anos da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação
dos Efeitos da Seca – CCD.

Segundo as definições da CCD aplicadas ao Brasil, as Áreas Susceptíveis à Desertificação (ASD) se


concentram na Região Nordeste do País, incluindo os espaços semi-áridos e subúmidos secos, além
de algumas áreas afetadas pelos fenômenos da seca nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e na
Macro-Região do Sudeste brasileiro, adjacentes aos espaços subúmidos secos ou semi-áridos.

Conforme se assinala no documento retromencionado, em conjunto, as ASD, objeto de ação do PAN-


BRASIL, representam 1.338.076 km2 (15,72% do território brasileiro) e abrigam uma população de 31,6
milhões de habitantes (18,65% da população do País). Em termos relativos, têm uma pluviosidade maior
do que outras regiões semelhantes do Planeta, mas possui, também, a maior densidade demográfica.
Além disso, seu espaço abriga um bioma único no planeta a caatinga.

Considerando que as causas determinantes do processo de desertificação se apresentam múltiplas


e complexas, há que se considerar que o modelo de desenvolvimento adotado ao longo de várias
décadas, contribui para o estabelecimento e expansão do processo de desertificação.

Conforme se afirma no documento do PAN-BRASIL (BRASIL, 2004), de maneira bem sumária, se pode
anotar o fato de que sobre uma variada gama de unidades geoambientais, em sua maioria bastante
vulneráveis à ação humana, ocorre uma uniforme e inadequada distribuição fundiária, aliada a uma
expansão urbana desordenada, sobre os quais incidem, também uniformemente, a destruição da
cobertura vegetal, o manejo inadequado de recursos florestais, o uso de práticas agrícolas e pecuárias
inapropriadas e os efeitos socioeconômicos da variabilidade climática. A resultante desta constatação é
a degradação ou a desertificação em vários graus de severidade. E assinala-se que, como conseqüência,
se ampliam as mazelas sociais, e se reduz a capacidade produtiva, fazendo com que, na atualidade,
as ASD apresentem, apesar das ações antrópicas, um quadro de baixo dinamismo ou estagnação da
atividade econômica, com o conseqüente rosário de problemas sociais. Na busca de sua sobrevivência,
os habitantes das ASD, tanto quanto o meio ambiente, se tornam cada vez mais vulneráveis e frágeis.

Os documentos norteadores de elaboração do PAN-BRASIL podem ser assim sumariados:


- a CCD – Além da atenção ao cumprimento das obrigações assumidas pelo Brasil, a elaboração do PAN-
BRASIL ateve-se ao conceito de um programa voltado à inserção da temática no planejamento global
do País bem como à busca de pactos sociais e institucionais;

- a Agenda 21 – Das várias contribuições e compromissos dela derivadas, adotaram-se conceitos


fundamentais e recomendações para o desenvolvimento sustentável em toda a sua amplitude e uma
atenção renovada às políticas especificas de proteção ao meio ambiente;

- a Declaração do Semi-Árido – Configura-se como instrumento central das contribuições da sociedade


civil, incorporando proposições formuladas a partir da realização da Conferência das Partes da
Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação – COP3 – (Recife-PE, 1999), pela rede
denominada Articulação do Semi-Árido (ASA);

- a Conferência Nacional do Meio Ambiente – Realizada em 2003, tratando das questões relativas
ao combate à desertificação, levou em consideração as várias proposições oriundas dos debates
estaduais;

- as estratégicas e macro-objetivos de desenvolvimento sustentável propostas pelo Governo Federal


e adotadas no Plano Plurianual (PPA 2004-2007), representando a recuperação dos compromissos
assumidos pelo atual Governo Federal.

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156

Os eixos temáticos extraídos do PPA, que têm mais estreita relação com o PAN-BRASIL, são:
1. redução da pobreza e desigualdade social;
2. ampliação sustentável da capacidade produtiva;
3. preservação, conservação e manejo sustentável de recursos naturais; e
4. gestão democrática e fortalecimento institucional.

Os quatro eixos estão assim sintetizados no documento que esboça a estruturação do PAN-BRASIL
(BRASIL, 2004).

As propostas de ações focadas pelo eixo 1 acentuam que o combate à desertificação se centrará na
redistribuição de ativos por meio da reforma agrária e da melhoria da Educação Fundamental. O
combate à pobreza e à insegurança alimentar e nutricional dar-se-á por uma ação integrada de vários
programas governamentais de apoio à agricultura familiar, bem como de programas emergenciais de
distribuição de renda. Reafirma-se a importância de desenvolver mecanismos e medidas específicas
para as regiões susceptíveis aos processos de desertificação.

As ações associadas ao Eixo 2 tratam de questões relacionadas com a ampliação sustentável da capacidade
produtiva das ASD, considerando os atuais problemas e estádios da desertificação. Reafirma-se o setor
de agricultura familiar como elemento central e dinâmico na elaboração do denvolvimento sustentável
das ASD. Dá-se destaque, igualmente, à agricultura irrigada, demonstrando-se a preocupação com a
prevenção e o controle da salinização dos solos em perímetros irrigados. Estabelece serviços como
fatores de ampliação da geração de riqueza e renda nas ASD.

No que diz respeito ao Eixo 3, que trata de questões ligadas à preservação, conservação e manejo
sustentável dos recursos naturais, imprime-se a devida ênfase em proposições como melhoria da
gestão ambiental, ampliação de áreas protegidas, gestão dos recursos hídricos, uso sustentável de
recursos florestais e realização do zoneamento ecológico-econômico em escalas apropriadas.

O Eixo 4 trata da gestão democrática e fortalecimento institucional, propondo-se ações no sentido de


aprofundar e consolidar a experiência democrática com eficiente participação da sociedade civil.

Compromissos foram assumidos no modelo da gestão do PAN-BRASIL, salientando-se, entre outros: a


criação do Conselho Nacional de Combate à Desertificação; de um comitê para o acompanhamento
da revisão de implementação do PAN-BRASIL; proposta da realização de 4 em 4 anos do Seminário
Nacional sobre Desertificação.

O documento em análise sobre o PAN-BRASIL faz menção especial à contribuição técnica e financeira
disponibilizada pela cooperação internacional, de modo especial a Convenção das Nações Unidas de
Combate à Desertificação; do Governo da Alemanha, por intermédio da Cooperação Técnica Alemã
(GTZ); do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e do Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura (IICA).

Tratando-se de proposições e estratégias de combate à desertificação e convivência com a seca visando


a uma perspectiva mais favorável, deve-se partir de alguns pressupostos, considerando que:
- a desertificação é um problema de natureza global, regional e local que inclui fatores de ordem social,
assim como de natureza físico-biológica;

- parcelas significativas de terras estão sendo afetadas pela desertificação, reduzindo a qualidade de
vida das populações sertanejas, partes das quais, ao serem marginalizadas pela degradação ambiental,
pressionam de modo mais intenso a base dos recursos naturais;

- a degradação ambiental atinge de modo mais intenso as populações mais pobres, desestruturando-as
e afetando mais fortemente a grupos mais vulneráveis e impedindo um desenvolvimento equivalente
da sociedade;

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157

- as ações erosivas, afetando os recursos genéticos, tendem a reduzir consideravelmente a biodiversidade


do semi-árido dos sertões; e

- apesar de avanços na percepção do problema da desertificação, não existe ainda a verdadeira


consciência do processo por parte dos centros e decisão, que viabilize uma coordenação, coerência e
continuidade em seu tratamento.

Reconhecendo tais evidências, algumas ações estratégicas de controle à desertificação e de convivência


com a seca devem ser postas em prática, conforme preceitos consagrados por organismos nacionais e
internacionais:
- tratar a desertificação como um problema de caráter urgente pelo governo e pela sociedade civil
organizada;

- abordar o problema da desertificação como um processo que incorpora os componentes sociais e


naturais;

- assegurar que, na elaboração do Plano de Ação de Combate à Desertificação no Ceará, exista uma
aceitação consensual e uma participação ativa de todos os setores envolvidos, de tal maneira que se
assegure coordenação, coerência e continuidade na implementação das ações;

- estabelecer alta prioridade nos esforços para aliviar os níveis de pobreza, rompendo o ciclo perverso
da miséria e da degradação ambiental;

- criar um programa de educação não formal, orientando no controle da desertificação, para sensibilizar
os tomadores de decisão e introduzir esta problemática nos conteúdos curriculares da educação
formal;

- adequar a legislação ambiental, de modo a prevenir e controlar a degradação ambiental;

- elaborar uma cartilha regional de desertificação com uma metodologia uniforme que sirva de
base para um programa de monitoramento, com avaliação de impactos ambientais e sociais, assim
como a criação de um sistema de informação regional sobre o estado, prevenção e controle da
desertificação;

- assegurar recursos financeiros para apoiar os programas de prevenção e recuperação das áreas
afetadas pela desertificação;

- apoiar pesquisas multidisciplinares e o desenvolvimento de sistemas de monitoramento do processo,


com o objetivo de implementar propostas concretas de prevenção e controle da desertificação;

- incluir nos planos de desenvolvimento sustentável a prevenção e o controle da desertificação com


uma ação a ser priorizada;

- apoiar decisivamente o PAN-BRASIL e a Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação,
como peças centrais dos esforços nacionais e internacionais, na busca de soluções e na definição de
estratégias capazes de superar esse flagelo;

- promover o desenvolvimento de processos produtivos sustentáveis no semi-árido - viabilizando o


acesso à terra, desenvolvendo e incentivando atividades rurais adaptadas ao semi-árido, capacitando
os pequenos agricultores e investindo na melhoria dos sistemas tecnológicos;

- ter a sustentabilidade econômica das comunidades do semi-árido como questão prioritária e


enfatizando-se os aspectos de dar prioridade aos pequenos lavradores na implementação das políticas
públicas; implementar ações nas áreas susceptíveis à desertificação e incentivar pequenas unidades
produtivas locais, com decisivo apoio à agricultura familiar;

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158

- incentivar ações conjuntas com a sociedade, visando a capacitar o associativismo, dando-se maior
importância ao sistema de cooperativa; promover treinamento e difusão de tecnologias apropriadas
ao semi-árido;

- priorizar a segurança alimentar e de abastecimento; manter plano de ação de emergência durante as


secas periódicas;

- estabelecer mecanismos de manejo sustentável da biodiversidade, incentivando a recomposição da


flora e fauna e consolidando a conservação da biodiversidade;

- propugnar pelo desenvolvimento científico e tecnológico do semi-árido, fomentando as tecnologias,


difundindo sistemas tecnológicos para evitar o processo de salinização dos solos, adotando mecanismos
de proteção e recuperação dos solos, estabelecendo indicadores e sistema de monitoramento do
processo de desertificação; e

- buscar a sustentabilidade em áreas susceptíveis à desertificação e com baixa capacidade de resistência


às secas, mediante o estímulo às atividades capazes de promover a sustentabilidade.

O Quadro 29 de cenários a seguir sintetizados, traça os marcos fundamentais de cenários para os


domínios naturais do Bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará.

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Quadro 29 - Cenário tendencial e desejável nas áreas de influência do bioma Caatinga e Serras Úmidas (continua)
Domínio Natural Cenários
Várzeas Tendencial Desejável
Área: 2567,15 km2 - Aumento de demanda pelos recursos hídricos; - Extrativismo vegetal e mineral controlado e monitorado;
- aumento do desmatamento das matas ciliares, incluindo - recursos florestais e faunísticos adequadamente manejados;
áreas de APPs; - sub-bacias e microbacias hidrográficas manejadas integradamente;
- aumento da poluição hídrica; - monitoramento da qualidade das águas realizado permanentemente;
- concentração de moradores em áreas ribeirinhas; - expansão urbana nos baixos níveis de terraços fluviais controlada;
- comprometimento da qualidade das águas; - saneamento ambiental realizado;
- assoreamento de leitos fluviais e de áreas susceptíveis a - controle da erosão e monitoramento do assoreamento realizados;
inundações ou alagamento; - atividades de mineração monitoradas e controladas;
- impactos da mineração de argilas e areias exacerbados; - controle e monitoramento rigoroso, visando a evitar a expansão da
- ocupação urbana e periurbana desordenada; degradação nas matas ciliares e nas áreas de preservação permanente
- incrementos de ações capazes de comprometer a (APP´s);
qualidade dos solos para fins de utilização não agrícolas; - controle da erosão dos diques marginais em face da degradação de
- uso indiscriminado de agrotóxicos em áreas irrigadas, matas ciliares.
contaminando os mananciais e os solos.
Domínio Natural Cenários
Tabuleiros Tendencial Desejável
159

Área: 15249,10 km2 - Degradação da cobertura vegetal para fins de - Desmatamentos controlados e opções de uso implementadas;
implementação de equipamentos variados; - saneamento ambiental realizado nas áreas urbanas;
- aumento da demanda pelos recursos hídricos, em face da - mineração controlada;
implementação de projetos de irrigação; - aumento da produção agrícola e melhoria dos sistemas tecnológicos.
- áreas degradadas por exploração mineral;
- diversidade biológica empobrecida;
- recursos hídricos susceptíveis à contaminação pelos
resíduos sólidos;
- solos erodidos;
- mudanças significativas dos padrões paisagísticos.

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Quadro 29 - Cenário tendencial e desejável nas áreas de influência do bioma Caatinga e Serras Úmidas
(continuação)
Domínio Natural Cenários
Chapadas Tendencial Desejável
Área: 14453,12 km2 - Conversão da cobertura vegetal para outras atividades; - Desmatamentos controlados e opções de uso implementadas;
- ações erosivas exacerbadas; - mineração controlada;
- feições Kársticas e matas contíguas, de valor cênico e de - aumento da produção agrícola, inclusive da agricultura familiar e melhoria
biodiversidade depredados; dos sistemas tecnológicos;
- diversidade biológica empobrecida; - extrativismo vegetal monitorado e controlado (plantas lenhosas da
- aumento da demanda pelos recursos hídricos em face da caatinga);
implementação de projetos de irrigação; - recursos florestais e faunísticos adequadamente manejados;
- áreas degradadas por exploração mineral; - biodiversidade protegida, conservada e mantida;
- recursos hídricos susceptíveis à contaminação pelos - sistemas agroflorestais implementados e economicamente prósperos;
resíduos sólidos; - Mananciais protegidos.
- solos erodidos;
- mudanças de padrões paisagísticos das chapadas.
Domínio Natural Cenários
Serras Tendencial Desejável
Área: 10178,89 km2 - Áreas degradadas por exploração mineral; - Atividades de desmatamentos controladas;
- diversidade biológica empobrecida; - mineração controlada;
160

- ações erosivas intensificadas; - recursos florestais e faunísticos com planos de manejo apropriados;
- perdas de solos; - erosão controlada nas vertentes íngremes, entorno de nascentes fluviais
- redução, com tendência à extinção, das áreas cobertas e fundos de vales;
por matas pluvionebulares, matas secas e caatingas - práticas conservacionistas de uso do solo implementadas;
arbóreas; - sistemas agroflorestais e silviculturais implementados, para reverter
- aceleração dos processos de degradação ambiental nas tendências de extinção das matas e controlar a erosão e a degradação
vertentes e no entorno de nascentes fluviais; dos recursos hídricos e recuperar a diversidade biológica.
- descaracterização das paisagens serranas;
- processos erosivos acentuados;
- contaminação dos solos e recursos hídricos;
- comprometimento da recarga dos aqüíferos;

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Quadro 29 - Cenário tendencial e desejável nas áreas de influência do bioma Caatinga e Serras Úmidas (continua)
(conclusão)
Domínio Natural Cenários
Sertões Tendencial Desejável
Área: 96433,46 km2 - Exacerbação dos processos de degradação ambiental, - Sistemas agroflorestais e silviculturais implementados, para reverter
culminando com a redução da biodiversidade e expansão tendências de extinção das matas e controlar a erosão e a degradação dos
das áreas susceptíveis à desertificação; recursos hídricos e recuperar a diversidade biológica;
- diversidade biológica progressivamente empobrecida; - extrativismos vegetal e mineral controlados e monitorados;
- ações erosivas intensificadas; - recursos naturais renováveis adequadamente manejados;
- perda contínua de solos; - sub-bacias e microbacias hidrográficas manejadas integradamente;
- redução com tendência à extinção, das áreas cobertas - monitoramento da qualidade dos solos e das águas realizado
por caatingas arbóreas e arbóreo-arbustivas; permanentemente;
- sobrepastoreio intensificado; - controle da erosão e monitoramento do assoreamento dos rios e barragens
- comprometimento progressivo da capacidade produtiva realizados;
dos solos; - atividades de mineração monitoradas e controladas;
- inadequação crescente dos sistemas produtivos; - práticas conservacionistas de uso dos solos implementadas;
- aumento do descompasso da capacidade produtiva - Plano Estadual de Combate à Desertificação implementado.
dos recursos naturais em relação à sua capacidade de
recuperação;
- baixa eficácia no combate aos efeitos da desertificação e
161

das secas.

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162

8 SUBSÍDIOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO ZEE

As propostas e subsídios à implementação do ZEE e às atividades de manejo em sistemas ambientais


do Bioma Caatinga e Serras Úmidas obedecem a critérios adotados pelo Ministério do Meio Ambiente
(BRASIL, 2000, 2001, 2004).

Alguns conceitos e princípios, assim como algumas premissas básicas, são consideradas em obediência
às propostas e subsídios ao ZEE, especialmente no que tange ao (1) desenvolvimento sustentável, (2)
sustentabilidade e (3) gestão ambiental e dos recursos naturais.

Dentre as premissas a serem seguidas, alinham-se as que são referentes a (1) participação, (2)
disseminação e acesso à informação e (3) descentralização. (BRASIL, 2000).

Com referência aos conceitos e princípios, há a considerar o que se apresenta a seguir.

(1) Desenvolvimento Sustentável


Com base no Relatório Brundtland, publicado pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e
Desenvolvimento das Nações Unidas, o “desenvolvimento sustentável é aquele capaz de atender às
necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às
suas próprias”. Deve significar, por conseqüência, um estilo de desenvolvimento social e econômico
estável, equilibrado, com mecanismos de distribuição das riquezas geradas e com capacidade de
considerar a fragilidade, a interdependência e as escalas de tempo próprias e específicas dos recursos
naturais (COMISSÃO, 1988).

(2) Sustentabilidade
Compreendendo os aspectos associados à sustentabilidade ambiental, social, política e econômica assim
entendidas: a sustentabilidade ambiental referindo-se à manutenção da capacidade de sustentação
dos sistemas ambientais, implicando sua absorção e recomposição aos impactos ocasionados pelo
antropismo; a sustentabilidade social implicando desenvolvimento capaz de conduzir à melhoria da
qualidade de vida da população, refletindo-se em políticas distributivas e atendimento às necessidades
dos serviços fundamentais. A sustentabilidade política diz respeito à conquista da cidadania e inclusão
social ao processo de desenvolvimento. A sustentabilidade econômica, enfim, presume uma gestão
eficiente dos recursos, mantendo regularidade permanente dos investimentos públicos e privados.

(3) Gestão Ambiental e dos Recursos Naturais


Compreende o conjunto de princípios, estratégias e diretrizes de ações e procedimentos capazes de
proteger o meio natural, propugnando pelo bom relacionamento da natureza com a sociedade. A
gestão integrada dos recursos naturais deve ser concebida a partir das inter-relações dos recursos
naturais com as atividades socioeconômicas.

As premissas a serem seguidas na gestão sustentável do ambiente e dos recursos naturais, envolvem
os seguintes aspectos anteriormente mencionados:

(1) Participação
Suposição de que a gestão dos recursos naturais requeira a efetiva participação de todos os integrantes
da sociedade civil organizada nas decisões a respeito da utilização daqueles recursos e da manutenção
da qualidade ambiental.

(2) Disseminação e acesso à informação


Requer a difusão efetiva das informações e dos efeitos da participação ao conjunto da sociedade civil.

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163

(3) Descentralização
Conforme o MMA (BRASIL, 2000), descentralizar decisões e ações no âmbito da gestão dos recursos
naturais significa criar espaços de oportunidade para que as soluções dos problemas sejam efetivadas
local e regionalmente. Trata-se de permitir que agentes governamentais, em conjunto com agentes
sociais, assumam a formulação de uma pauta de atividades capazes de conduzir à gestão sustentável
dos recursos naturais.

A idéia de descentralização fortalece a concepção de planejamento participativo que busca motivar a


comunidade, engajando-a na gestão e na busca do desenvolvimento sustentável. Com isso, presume-
se que as atividades da gestão territorial sejam fortalecidas em função dos resultados de audiências
públicas e oficinas de planejamento.

As propostas e subsídios à gestão territorial obedecem a critérios identificados na realização do


Diagnóstico e Prognóstico do ZEE. Aliam-se a isso critérios de elegibilidade para participação no
componente Gestão Integrada de Ativos Ambientais, contido no Programa Nacional do Meio Ambiente
II - PNMA II (BRASIL, 2000). De modo essencial as propostas e subsídios ao Plano da Gestão encontram-
se consubstanciados na definição de estratégias e ações definidas nos “Subsídios à Elaboração da
Agenda 21 Brasileira - Gestão dos Recursos Naturais (BRASIL, 2000)”.

Partiu-se da identificação dos principais fatores ambientais associados aos respectivos problemas
ambientais, conforme se especifica no Quadro 30.

Quadro 30 - Problemas ambientais nas áreas do Bioma Caatinga e Serras Úmidas


Fatores
Problemas ambientais
Ambientais
Recursos Florestais Desmatamentos e queimadas; intensificação das ações erosivas; assoreamento dos
recursos hídricos superficiais; poluição do ar pelo lançamento de gases e cinzas na
atmosfera.
Recursos Hídricos Redução da vazão dos mananciais em decorrência do desmatamento das matas
ciliares e do selamento superficial das áreas de recarga dos aqüíferos; assoreamento
dos fundos de vales e das áreas de inundações sazonais; poluição e contaminação
dos mananciais, em face da disposição inadequada de resíduos sólidos.
Ar Emissão de fumaça motivada por queimadas.
Recursos de Solos Desmatamentos desordenados, sobrepastoreio e processos erosivos muito ativos
motivam a intensificação da erosão dos solos, exibindo, em inúmeros sistemas
ambientais, marcas muito conspícuas de desertificação.
Fauna A ocupação desordenada do território e o uso de técnicas rudimentares provoca a
redução das comunidades faunísticas e até a extinção de espécies.
Recursos Minerais Desmatamentos desordenados, erosão superficial intensificada, desequilíbrio no
balanço sedimentológico dos talvegues, inexistência de planos de recuperação de
áreas degradadas.

Para cada caso, as ações propostas devem partir do conhecimento pleno a respeito dos dispositivos
legais e institucionais.

Em trabalho que trata da gestão dos recursos naturais com subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira
(BRASIL, 2000), foram propostos cinco grupos de estratégias prioritárias que podem ser desdobradas
em ações específicas para o caso das áreas do Bioma Caatinga e Serras Úmidas do Ceará.

São as seguintes as estratégias prioritárias da gestão:

Estratégia 1
Regular o uso e ocupação de solo por meio de métodos e técnicas de planejamento ambiental,
incluindo as diversas formas de zoneamento, a articulação e o gerenciamento de unidades espaciais,
de importância para a biodiversidade e para a conservação dos recursos naturais, tais como corredores
ecológicos, unidades de conservação, ecossistemas terrestres e bacias hidrográficas.

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Estratégia 2
Desenvolver e estimular procedimentos voltados à proteção e à conservação das espécies, envolvendo
técnicas in situ e ex situ, proteção de ecossistemas e habitat, manejo sustentável e ações de combate
ao tráfico de espécies, incidentes sobre a flora e a fauna e, no que couber, aos microorganismos.

Estratégia 3
Propor e aperfeiçoar a pesquisa e o desenvolvimento de estudos voltados para o aumento do
conhecimento científico sobre a biodiversidade, incluindo a definição de indicadores, a realização de
inventários e a formação de bases de informação e disseminação do conhecimento sobre os recursos
naturais.

Estratégia 4
Estabelecer medidas de controle da qualidade ambiental com vistas à proteção e ao disciplinamento do
uso dos recursos naturais e de proteção da atmosfera global, ressaltando a necessidade da promoção
de eficiência na produção e no consumo de energia. A implementação dessa estratégia implicará o
desenvolvimento de atividades de monitoramento e fiscalização e a adoção de ações de comando e
controle de instrumentos econômicos e de mecanismos de certificação.

Estratégia 5
Estabelecer, desenvolver e estimular o apoio aos diferentes aspectos da gestão de recursos naturais,
por meio da implementação de medidas estruturadas que envolvem o fortalecimento institucional,
a capacitação e o treinamento de recursos humanos, a Educação Ambiental e a cooperação
internacional.

Esse conjunto de estratégias estará condicionado a três premissas fundamentais e que se referem aos
seguintes aspectos:
1. descentralização e desconcentração das ações de governo, deixando para os estados apenas o que
o local não puder implementar e, analogamente, ao governo federal apenas o que não for possível
equacionar nos estados;

2. participação de todos os segmentos sociais na discussão, na definição e na implementação de


iniciativas de conservação da diversidade biológica e dos recursos naturais; e

3. interdisciplinaridade de abordagem da gestão de recursos naturais, promovendo a inserção ambiental


nas políticas setoriais.

Para cada estratégia, são estabelecidos objetivos e ações exeqüíveis, estando a seguir discriminadas
de acordo com as especificidades sócio-ambientais das áreas de influência do Bioma Caatinga e Serras
Úmidas.

Estratégia 1 - Ações
1.1 Recuperação, revitalização e conservação de bacias hidrográficas e de seus recursos vivos.
O objetivo desta ação é evitar ou atenuar a degradação das sub-bacias e microbacias da área do Bioma
e das Serras Úmidas, a partir do desenvolvimento de atividades integradas da gestão sustentável
dos recursos naturais. Deve-se prever, para isso, o planejamento integrado das intervenções; o uso
de instrumentos econômicos para incentivar práticas adequadas; aprimorar o uso de instrumentos
de regulamentação; favorecer a mobilização social no trato local da questão; implementar ações de
fiscalização e monitoramento e desenvolver indicadores de avaliação de escassez de água.

1.2 Implantação de Planos de Manejo de Unidades de Conservação


Implementar, efetivamente, planos de manejo das Unidades de Conservação de Preservação
Integral e de Uso Sustentável; proteger e recuperar as áreas de preservação permanentes (APP’s).

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Estratégia 2 - Ações
2.1 Gestão da Biodiversidade
Deve objetivar a implementação de programas de conservação da biodiversidade, dando-se ênfase
ao manejo sustentável das espécies de interesse econômico, privilegiando a participação das
comunidades locais na gestão dos recursos naturais.

2.2 Fomento às iniciativas de produção de sementes e mudas de essências florestais


Tem como objetivo difundir os bancos de sementes e a produção de mudas para fins de florestamento
e reflorestamento nas áreas degradadas nas diferentes unidades fitoecológicas constatadas nas
áreas do Bioma Caatinga e Serras Úmidas.

Estratégia 3 - Ações
3.1 Identificação de indicadores de sustentabilidade
Trata-se de ação voltada para a definição de indicadores capazes de estabelecer os limites de
sustentabilidade dos recursos naturais, bem como o monitoramento da qualidade ambiental desses
recursos.

3.2 Desenvolvimento de pesquisas associadas à gestão dos recursos naturais


Esta ação tem como propósito prioritário subsidiar a gestão integrada dos recursos naturais,
mediante a geração de conhecimento técnico e científico, empírico e tradicional.

3.3 Desenvolvimento de pesquisas sobre a sustentabilidade de empreendimentos pesqueiros


Ação dirigida para a realização de estudos e pesquisas sobre a viabilidade econômica, social e
ambiental de empreendimentos pesqueiros, examinando-se as dimensões técnico-científicas, de
mercado e inserção dos segmentos sociais envolvidos na atividade.

3.4 Desenvolvimento de pesquisas sobre a conservação dos solos


Ação voltada para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre a proteção dos horizontes
superficiais dos solos contra a ação dos processos degradacionais, condicionados, principalmente,
pela erosão pluvial. Deve implicar também a recuperação dos solos em estado avançado de
degradação para uso agrícola e não agrícola.

3.5 Desenvolvimento de técnicas de recuperação de ambientes degradados


Esta ação deve ser orientada no sentido de desenvolver técnicas que visem à recuperação ambiental
de sistemas ambientais fortemente impactados pelos processos de desertificação, incrementando-
se a reabilitação e o uso dessas terras mediante o reflorestamento com espécies nativas ou exóticas
ou por meio do manejo de recuperação natural.

3.6 Realização de inventários das fontes de poluição


Esta ação visa ao apoio à realização de inventários a respeito das fontes de poluição e de seus níveis
de riscos para os solos e para os recursos hídricos de modo mais específico.

Estratégia 4 - Ações
4.1 Recuperação de áreas degradadas
Esta ação tem como prioridade promover a recuperação das áreas degradadas indicadas no mapa
de zoneamento, resultantes do mau uso dos recursos naturais por atividades agropecuárias e de
extrativismo desordenados.

4.2 Gestão de resíduos sólidos urbanos


Ação voltada para reduzir a poluição dos corpos d’água, provocada pela disposição inadequada dos
resíduos sólidos urbanos a partir do planejamento integrado das intervenções; do reúso, reciclagem
e redução dos resíduos sólidos; de evitar o uso de práticas inadequadas da gestão dos resíduos
sólidos; do desenvolvimento de critérios a serem adotados na seleção de áreas para a disposição
dos resíduos; dos procedimentos especiais para a disposição de resíduos incomuns e perigosos.

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166

4.3 Controle da poluição difusa de origem agrícola


Ações destinadas à promoção da redução da poluição difusa (de origem orgânica, de sais nutrientes
e de substâncias tóxicas) oriunda de práticas agrícolas inadequadas, promovendo-se o planejamento
integrado das intervenções.

4.4 Proteção dos mananciais


Dotar a região de influência do Bioma Caatinga e Serras Úmidas de uma política eficaz de proteção
dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos; estudar tecnologias de reuso da água; favorecer
e incentivar a mobilização social para o trato local da questão; estabelecer critérios de formação
dos comitês de bacias e de outorga da água; considerar a previsão de ocorrência de situações de
escassez de água durante as secas periódicas.

4.5 Descentralização da gestão ambiental


A descentralização de ações e decisões no âmbito da gestão ambiental significa criar espaços e
oportunidades para que as soluções dos problemas possam ser equacionadas nas esferas regional
e local. Permite-se, com efeito, que agentes governamentais locais tenham poder de decisão,
assumindo com os agentes sociais a elaboração de uma parte de atividades capazes de conduzir à
gestão sustentável do ambiente e dos recursos naturais.

4.6 Monitoramento Ambiental


Como se acentua no trabalho que trata da Gestão dos Recursos Naturais (BRASIL, 2000), esta ação
deve ser voltada ao desenvolvimento de programas de sensibilização e capacitação de entidades
da sociedade civil em práticas de monitoramento e fiscalização do uso de recursos naturais.
É fundamental que sejam desenvolvidas atividades nas comunidades locais, de modo que cada
cidadão atue como monitor e fiscal dos recursos naturais e da qualidade ambiental.

4.7 Ações integradas contra desmatamentos, controle de queimadas e incêndios


São ações a serem orientadas no combate ao desmatamento e ao controle e à prevenção de
queimadas e incêndios florestais. Para isso, é fundamental o auxílio das tecnologias de rastreamento
por satélites, de imagens de sensoriamento remoto e de comunicação e a participação das
comunidades locais. O Governo do Ceará conta com o Programa de Prevenção, Monitoramento,
Controle de Queimadas e Combate aos Incêndios Florestais (PREVINA). O Comitê Estadual -
PREVINA é formado, de maneira paritária, por 14 representantes de entidades governamentais e
14 representantes da sociedade civil.

4.8 Incentivos ao manejo florestal


Esta ação está voltada ao estabelecimento de benefícios fiscais e à viabilização de critérios
compatíveis com aqueles que praticam o manejo florestal sustentável na área do bioma das
caatingas. Há previsões de incentivos, a exemplo de isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) e
redução do ICMS para os praticantes do manejo florestal ou agrossilvopastoril.

Estratégia 5 - Ações
5.1 Valorização do papel dos atores sociais na gestão dos recursos naturais
Ação voltada para a promoção e valorização dos organismos locais, incluindo associações
comunitárias, sindicatos, ONGs, dentre outros, na gestão de recursos naturais.

5.2 Fortalecimento das Organizações Governamentais atuantes na gestão dos recursos naturais e
capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento sustentável
Ação dirigida para fortalecer as instituições governamentais, com capacitação dos organismos
estaduais e municipais do meio ambiente envolvidos na gestão ambiental e dos recursos naturais;
promoção da capacitação técnica e profissional de recursos humanos; de instituições governamentais
e não governamentais, associações comunitárias e outros organismos privados para exercer as
ações de gestão ambiental.

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167

5.3 Promoção de campanhas de conscientização e implementação de políticas de Educação


Ambiental
Ações orientadas à promoção da conscientização pública sobre a gestão adequada dos recursos
naturais, a qualidade ambiental e o desenvolvimento sustentável, implicando a disseminação de
informações pelos -variados meios de comunicação – escrita, falada, virtual - implementação de
políticas sistêmicas de Educação Ambiental.

O Quadro 31 sintetiza as partes interessadas e expectativas com a elaboração do ZEE e sua


implementação.

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Quadro 31 – Quadro-síntese sobre as partes interessadas e expectativas com a implementação do ZEE do Bioma Caatinga e Serras Úmidas

Instituições Expectativas Interesses Funções Potencialidades Limitações


Órgãos federais - Apoio à solução dos - Participar da gestão; - Estabelecer parcerias ou - Elaboração do - Recursos financeiros;
problemas sócio-ambientais; - estabelecer convênios coordenações de interesse programa para - articulações interinstitu-
estabelecimento de parcerias para implementa-ção do ZEE. divulgação; cionais.
equilibradas. de projetos e planos de - apoio ao
ordenamento territorial. Zoneamento;
- recursos humanos.
Órgãos estaduais - Execução de Planos e - Participar da gestão; - Executores da política - Elaboração de - Recursos financeiros;
projetos meios do ZEE; - participar de projetos estadual de meio programa para - articulações
- apoio à solução dos visando ao ordenamento ambiente; divulgação; interinstitucio-nais.
problemas socioambientais; territorial e coordenar - controle e monitoramento - recursos humanos;
- estabelecer parcerias o Plano Estadual de ambiental; - apoio ao
equilibradas. Combate à Desertifica- - Educação Ambiental. Zoneamento;
ção. - equipamentos;
- coordenação
de planos de
recuperação
ambiental.
168

ONG´s - Maior controle dos impactos - Participar da gestão e - Monitoramento; - Defesa da - Relacionamento com
ambientais. da implementa-ção de - campanhas educativas. conservação órgãos governamen-
planos de ordenamen-to ambiental. tais;
territorial. - ações restritas.
Universidades - Melhoria do quadro atual - Participar da gestão por - Pesquisas; - Recursos Humanos; - Recursos financeiros;
de conservação ambiental intermédio de pesquisas - Educação Ambiental. - laboratórios; - equipamentos de
e da qualidade dos recursos básicas e aplicadas. - informações; pesquisas.
naturais. - banco de Teses.
Prefeituras - Melhoria do contexto - Estabelecer parcerias - Controle do uso do solo; - Parcerias em - Apoio às ações
socioeconômico e cultural; interinstitu-cionais. - saúde e educação; programas interinstitucio-nais;
- desenvolvimento; - projetos de específicos; - recursos financeiros.
- planos diretores elaborados. desenvolvimento - influência política;
sustentável. - recursos humanos.
Sociedade civil - Melhorias sociais e maiores - Participar da - Acompanhamento e - Defender direitos - Acesso às informações.
oportunidades de trabalho e implementação do ZEE. participação. sociais e de

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de qualidade de vida. cidadania.
169

DECRETO ESTADUAL (PROPOSTA)

Dispõe sobre o Zoneamento Ecológico-


Econômico – ZEE da Caatinga e Serras
Úmidas do Estado do Ceará, e dá
outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 88, incisos IV e
VI, da Constituição Estado do Ceará,

RESOLVE:

Art. 1º Fica instituído no Estado do Ceará o Zoneamento Ecológico-Econômico do Bioma Caatinga e


Serras Ùmidas, nos termos do art. 9º, inciso IV da Lei Estadual nº 11.411/87, e na forma estabelecida
neste Decreto.

CAPITULO I
DOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS

Art. 2º Para efeito deste Decreto entende-se por Zoneamento Ecológico-Econômico o instrumento
de organização e planejamento territorial, que tem por objetivo a promoção do desenvolvimento
sustentável, através da identificação de potencialidades e limitações dos recursos naturais com o intuito
de orientar a implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, subsidiando as políticas
públicas de desenvolvimento sócio-econômico do Estado.

Art. 3º O Zoneamento Ecológico-Econômico da Caatinga e Serras Úmidas do Ceará tem por princípios
a função social da propriedade, a prevenção, a precaução, o poluidor-pagador, o usuário-pagador, a
participação informada, o acesso eqüitativo e a integração.

Capitulo II
Das Definições

Art. 4º Aplica-se ao Zoneamento Ecológico-Econômico da Caatinga e Serras Úmidas, instituído por este
Decreto, as seguintes definições:

I- CAATINGA: Vegetação xerófita do semi-árido brasileiro do tipo mata espinhosa tropical;

II - CHAPADA:

III - CRISTA RESIDUAL: forma simétrica e aguçada de relevo com encostas íngremes;

IV - FORMAÇÃO BARREIRAS: formação geológica constituída, em parte, por materiais sedimentares


areno-argilosos inconsolidados;

V- FLORESTA PLÚVIO-NEBULAR: vegetação florestal localizada em ambiente úmido e com alta taxa
de nebulosidade. Mata úmida;

VI - INSELBERG: morro residual elevado em superfícies aplainadas do sertão;

VII - INTERFLÚVIO TABULIFORME: – relevo tabular entre vales;

VIII - MATA CILIAR: mata galeria que bordeja um ou dois lados de um curso d`água;

IX - PATAMAR: nível de acesso a um planalto sedimentar;

X- PLANÍCIE FLUVIAL: área plana limitada por aclives, resultante de acumulação fluvial sujeita a
inundações periódicas;

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170

XI - PLANICIE LACUSTRE: área plana que bordeja corpos d`água lacustres;

XII - PLANALTO SEDIMENTAR: superfície plana limitada por declives coincidente com a estrutura
geológica;

XIII - PLATÔ: nível cimeiro de um planalto;

XIV - REBORDO: entorno de um planalto sedimentar ou de uma chapada;

XV - SERRA ÚMIDA: maciço constituído por rochas cristalinas e com superfície acidentada;

XVI - SERTÃO: superfície interplanáltica semi-árida com solos revestidos por caatingas que ostentam
padrões fisionômicos e florísticos variados;

XVII - TABULEIRO: relevo de topo plano em sedimentos da Formação Barreiras, separado geralmente
por vales de fundos planos;

XVIII - UNIDADES DE INTERVENÇÃO: São propostas geradas a partir das potencialidades e limitações
de cada uma das unidades de terra identificadas no diagnóstico, bem como da disponibilidade
técnico-científica para apropriação dos recursos naturais;

XIX - VÁRZEA:

XX - VERTENTE: encosta de relevos elevados.

Capítulo III
Do Zoneamento

Art. 5º O Zoneamento Ecológico-Econômico do Bioma Caatinga e Serras Úmidas do Estado do


Ceará compreende três tipos de unidades de intervenção, definidas de acordo com as condições de
ecodinâmica natural nas quais se enquadram os seguintes sistemas ambientais:

I - ÁREAS FRÁGEIS COM ECODINÂMICA DE AMBIENTES FORTEMENTE INSTÁVEIS: composta pelas


Unidades de Conservação de Proteção Integral e de Uso Sustentável, Planícies lacustres, flúvio-
lacustres e áreas de acumulação inundáveis, Rebordos e patamares da Chapada do Apodi,
Rebordos revestidos por mata estacional da Chapada do Araripe, Sertões do Centro-Norte, Sertões
Meridionais dos Inhamuns, Serras Secas e Vertentes subúmidas;

II - ÁREAS MEDIANAMENTE FRÁGEIS COM ECODINÂMICA DE AMBIENTES DE TRANSIÇÃO: são as


Planícies fluviais, Sertões da depressão periférica subúmida da Ibiapaba, Sertões de Crateús,
Sertões de Quixadá,Sertões de Boa Viagem/Quixeramobim/Canindé, Sertões Centrais, Sertões do
Salgado, Sertões do Cariri, Níveis de Cimeira das Serras Úmidas pré-litorâneas, Cristas Residuais e
agrupamentos de inselbergs;

III - ÁREAS MEDIANAMENTE ESTÁVEIS COM ECODINÂMICA DE AMBIENTES ESTÁVEIS: abrangem os


Tabuleiros pré-litorâneos e interiores, Platô da Chapada do Apodi, Chapada do Araripe: platô,
Reverso imediato e rebordos úmidos do Planalto da Ibiapaba, Reverso seco (Ibiapaba), Sertões
do Baixo Acaraú e Coreaú, Sertões pré-litorâneos do Baixo Jaguaribe, Sertões do Choró-Pacoti,
Sertões úmidos do Cariri, Sertões de Iguatu.

Capítulo IV
Das zonas

Art. 6º O Zoneamento Ecológico-Econômico do Bioma Caatinga e Serras Úmidas abrange todo o


erritório do Estado do Ceará, em que se verificam os respectivos ecossistemas.

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Art. 7º O espaço geográfico do Estado do Ceará, em que se apresenta Bioma de Caatinga e Serras
Úmidas, fica dividido em 05 (cinco) Zonas, subdivididas em 19 (dezenove) Sub-Zonas, definidas em
função dos atributos dos sistemas ambientais, das limitações, vulnerabilidades e fragilidades naturais,
bem como dos riscos e potencialidades de usos, assim classificadas:

I - ZONA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL


a) Sub-Zona de Preservação Ambiental das Matas Ciliares de Planícies Fluviais (ZPAmc);
b) Sub-Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc).

II - ZONA DE PROTEÇÃO PAISAGÍSTICA E CULTURAL(ZPPc);

III - ZONA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL


a) Sub-Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas Frágeis (ZRAmr);
b) Sub-Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de Agrupamentos de Inselbergs
(ZRAci);
c) Sub-Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu);
d) Sub-Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs);
e) Sub-Zona de Recuperação Ambiental de Planícies Fluviais (ZRApf);
f) Sub-Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs).

IV - ZONA DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL CONFIGURADA E DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL- (ZDAd);

V - ZONAS DE USO SUSTENTÁVEL


a) Sub-Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv);
b) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural das Serras Úmidas
(ZUSsu);
c) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Tabuleiros Interiores e
Pré-Litorâneos (ZUSt);
d) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Apodi
(ZUScap);
e) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Araripe e
dos rebordos e patamares (ZUScar);
f) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural do Planalto da Ibiapaba
(ZUSpi);
g) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Pré-Litorâneos
do Baixo Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss);
h) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões de Iguatu
(ZUSsi);
i) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Salgado e
do Cariri (ZUSssc);
j) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Úmidos do
Cariri (ZUSsuc);
k) Sub-Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Baixo Acaraú
e Coreaú (ZUSbac).

Art. 8º A Zona de Preservação Ambiental visa à preservação dos sistemas ambientais, em especial
dos ambientes naturais necessários à existência ou reprodução da flora local e da fauna residente ou
migratória, bem como a reconstituição e manutenção da diversidade genética.

Art. 9º A Zona de Proteção Paisagística e Cultural objetiva preservar remanescentes vegetacionais e


elementos significativos das paisagens serranas e sertanejas, devendo o manejo servir à manutenção do
ambiente natural com suas características originais ou primárias e com o mínimo reflexo de processos
associados ao antropismo.

Art. 10º A Zona de Recuperação Ambiental se caracteriza pela presença de áreas em estado de
degradação moderada a forte requerendo a adoção de medidas capazes de levá-las a recuperar suas
condições de equilíbrio;

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172

Art. 11º Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental apresenta áreas
degradadas, importando na recuperação ou restauração do ambiente e da capacidade produtiva dos
recursos naturais.

Art. 12º A Zona de Uso Sustentável abrange áreas onde as atividades humanas devem se desenvolver
com o devido controle, e que têm ambientes em diversos estágios de antropização, podendo ter entre
usos permitidos, o agrossilvopastoril, extrativismo, tradicionais por populações locais, e uso industrial,
dentre outros;

Capítulo IV
Dos usos compatíveis

Art. 13º São partes integrantes deste Decreto o quadro diagnóstico de cada zona com as diretrizes
de seus usos (Anexo I); a Compartimentação Geoambiental com síntese das Categorias Espaciais de
Ambientes Naturais (Anexo II) e os Mapas de Zoneamento Geoambiental (Anexo III).

Art. 14º Os usos compatíveis e proibidos em função das zonas e sub-zonas de que trata o capítulo
anterior, bem como as metas ambientais e cenários desejáveis, são estabelecidos de acordo com os
atributos dos sistemas ambientais que as compõem e estão definidos no anexo I deste Decreto.

Art. 15º Os usos compatíveis e proibidos de que tratam este capítulo, respeitarão as áreas de
preservação permanente e de reserva legal, assim consideradas nos termos da legislação federal e
estadual em vigor.

Art. 16º As áreas favoráveis à criação de unidades de conservação de proteção integral e de uso
sustentável serão, preferencialmente, as existentes na Zona de Recuperação Ambiental, sem embargo
da identificação de outras áreas para o mesmo fim, mediante a elaboração de estudos ambientais
específicos que comprovem a necessidade de proteção.

Capítulo V
Do Licenciamento Ambiental

Art. 17º O órgão ambiental estadual observará obrigatoriamente as disposições deste Decreto, na
análise de licenciamento ambiental, avaliando a compatibilidade do empreendimento ou atividade
sempre que a área destinada aos mesmos fizer parte dos biomas de que trata este ato normativo, sem
prejuízo das demais normas ambientais vigentes.

Art. 18º A supressão de vegetação típica de caatinga somente será admitida, no procedimento de
licenciamento ambiental, mediante a observância das disposições deste Decreto e demais limitações
previstas na legislação florestal federal e estadual vigentes.

Art. 19º O órgão ambiental estadual atenderá, no processo de aprovação da localização da reserva legal
de empreendimentos e atividades localizados nos Biomas Caatinga e Serras Úmidas, além dos critérios
estabelecidos em lei federal, as disposições constante deste Zoneamento Ecológico-Econômico.

Art. 20º  Nos sistemas ambientais presentes no Bioma Caatinga e Serras Úmidas identificados neste
Decreto, é livre a pesquisa científica, desde que não coloquem em risco as espécies da fauna e flora,
observando-se as limitações legais específicas e em particular as relativas ao acesso ao patrimônio
genético e ao conhecimento tradicional associado, bem como as vedações constantes da Lei Federal nº
11.460/2007, quando se tratar de unidades de conservação e terras indígenas.

Capítulo VI
Da Fiscalização

Art. 21º  A ação ou omissão de pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância aos preceitos
deste Decreto ou resultem em dano à flora, à fauna e aos demais atributos naturais do Bioma Caatinga
e Serras Úmidas, sujeitam os infratores às sanções previstas na legislação ambiental estadual e federal
vigentes.

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173

Art. 22º A fiscalização das infrações ambientais previstas no artigo anterior será realizada pela autoridade
ambiental estadual competente que observará, na apuração das mesmas, as circunstâncias agravantes
e atenuantes previstas na Lei Federal nº 9.605/98, bem como o procedimento administrativo previsto
no Decreto Federal nº 3.179/99 e na Lei Estadual nº 11.411/87, e demais atos normativos estaduais
específicos em vigor.

Capítulo VII
Das Disposições Gerais

Art. 23º As disposições constantes do Zoneamento Ecológico-Econômico do Bioma Caatinga e Serras


Úmidas devem ser compreendidas em consonância com os demais zoneamentos existentes ou que
venham existir no território do Estado do Ceará.

Art. 24º O presente Zoneamento Ecológico-Econômico será revisto no prazo mínimo de 10 (dez) anos,
contados da publicação deste Decreto, ressalvados a hipótese de ampliação do rigor da proteção
ambiental da zona a ser alterada ou de atualizações decorrentes de aprimoramento técnico–
científico.

Art. 25º O Poder Público Estadual, sem prejuízo das obrigações dos proprietários e posseiros
estabelecidas na legislação ambiental, estimulará, com incentivos econômicos e fiscais, a proteção e o
uso sustentável do Bioma Caatinga e Serras Úmidas, na forma disposta em regulamento específico.

Art. 26º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

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ANEXO I

1 - Zona de Preservação Ambiental das Matas Ciliares de Planícies Fluviais (ZPAmc)

Área:
Municípios: A quase totalidade dos municípios da Área do Bioma Caatinga e Serras Úmidas.
Caracterização: Área de preservação ambiental permanente objetivando a proteção ou recuperação
das matas ciliares de planícies ribeirinhas.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Recursos hídricos; • Restrições legais associadas • Ambientes medianamente
• Atrativos turísticos e de lazer; com matas ribeirinhas; estáveis em condições de
• Educação ambiental; • Inundações periódicas; equilíbrio ambiental.
• Pesquisa. • Expansão urbana nos baixos
níveis de terraços fluviais.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Degradação de mata ciliar desencadeando processos erosivos e assoreamento dos rios;
• Poluição dos solos e dos recursos hídricos;
• Inundações e cheias;
• Salinização dos solos.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Proteção das matas ciliares e dos mananciais; • Desmatamento das matas ciliares;
• Recuperação ambiental; • Uso de agrotóxicos;
• Turismo e lazer controlados. • Mineração;
• Agroextrativismo.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Controle da expansão urbana e de atividades agroextrativas;
• Controle de efluentes;
• Monitoramento da qualidade das águas;
• Manutenção funcional dos sistemas ambientais ribeirinhos.

2- Zona de Preservação Ambiental das Serras e Vertentes das Chapadas (ZPAsc)

Área: 5904,21 km2


Municípios: Abaiara, Alto Santo, Ararendá, Araripe, Barbalha, Brejo Santo, Carnaubal, Crateús, Crato,
Croata, Graça, Granja, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Jaguaruana, Jardim,
Limoeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Novo Oriente, Parambu, Poranga, Porteiras, Potiretama,
Quiterianópolis, Quixeré, Reriutaba, Russas, Santana do Cariri, São Benedito, Tabuleiro do Norte,
Tianguá, Ubajara, Viçosa do ceará.
Caracterização: Áreas de preservação ambiental permanente, objetivando a preservação ou recuperação
das matas de encosta e com declives muito íngremes das serras úmidas e dos rebordos e patamares de
planaltos sedimentares.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Condições hidroclimáticas • Declividade das vertentes; • Ambientes medianamente
favoráveis; • Impedimentos à mecanização; frágeis com tendência à
• Média a alta fertilidade • Alta suscetibili-dade à erosão; instabilidade em função de
natural dos solos; • Restrições legais associadas desequilíbrios provocados por
• Ecoturismo; com a declividade do relevo. desmatamentos.
• Pesquisa;
• Educação ambiental.

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175

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Erosão acelerada;
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Processos erosivos muito ativos;
• Descaracterização das paisagens serranas.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Exploração florestal controlada; • Desmatamento de topos dos relevos e de suas
• Atividades agrícolas conforme as prescrições da vertentes;
legislação; • Uso agrícola indiscriminado;
• Ecoturismo; • Uso de agrotóxicos persistentes.
• Educação ambiental;
• Floresta-mento

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Recuperação de áreas degradadas;
• Manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Controle da qualidade dos recursos hídricos;
• Obediência à Legislação ambiental;
• Combate à degradação das terras.

3 - Zona de Proteção Paisagística e Cultural (ZPPc)

Área:
Municípios: Ocorrências pontuais em diversos municípios.
Caracterização: Áreas de proteção de locais dotados de grande beleza cênica e de interesse científico
e cultural.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Beleza cênica; • Solos rasos; • Ambientes medianamente
• Sítios fossilíferos; • Erosão e ravinamento dos frágeis.
• Educação ambiental; solos.
• Pesquisa;
• Turismo rural;
• Silvicultura.

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Erosão dos solos;
• Desmatamentos e perdas da diversidade biológica;
• Mineração descontrolada;
• Poluição dos recursos hídricos superficiais por disposição inadequada de resíduos.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Ecoturismo; • Desmatamento desordenados;
• Recuperação ambiental; • Ocupação de APPs;
• Sistemas agroflorestais; • Uso de agrotóxicos persistentes.
• Hotelaria;
• Proteção das matas ciliares e dos mananciais.

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176

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Recuperação ambiental;
• Manutenção funcional dos ecossistemas e proteção de mananciais;
• Obediência rigorosa aos preceitos da Legislação;
• Manejo sustentável da flora e da fauna.

4- Zona de Recuperação Ambiental das Serras Secas e Subúmidas Frágeis (ZRAmr)

Área: 4102,68 km2


Municípios: Alcântaras, Aratuba, Aurora, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Caridade, Caririaçu, Catunda,
Choró, Coreaú, Crato, Ererê, Farias Brito, Granja, Granjeiro, Guaramiranga, Icó, Iracema, Irauçuba,
Itapajé, Itapipoca, Itatira, Jaguaribe, Lavras da Mangabeira, Meruoca, Miraíma, Mombaça, Monsenhor
Tabosa, Mulungu, Pacoti, Palmácia, Paramoti, Pedra Branca, Pereiro, Quixadá, Quixeramobim, Santa
Quitéria, Senador Pompeu, Sobral, Tamboril, Tejuçuoca, Tianguá, Umari, Umirim, Uruburetama,
Uruoca, Várzea Alegre, Viçosa do ceará.
Caracterização: Áreas de relevos dissecados das serras secas e subúmidas expondo vertentes rochosas,
matacões e solos parcialmente desnudos.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Média a alta fertilidade • Áreas restritas com solos com • Ambientes medianamente
natural dos solos protegidos bom potencial produtivo; frágeis.
e com bom estado de • Restrições a diversos tipos
conservação; de uso em face da forte
• Extrativismo vegetal em áreas declividade das vertentes;
pontualizadas; • Alta suscetibilidade à erosão;
• Extrativismo mineral com • Áreas sujeitas a movimentos
exploração de rochas para de solos e de blocos de
brita, cantaria e revestimento. rochas.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Erosão acelerada;
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Descaracterização das paisagens serranas.
• Ressecamento de fontes e de nascentes fluviais em decorrência de desmatamentos
desordenados;
• Assoreamento dos fundos de vales.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Culturas de ciclo longo; • Restrições a diversos tipos de uso nas vertentes
• Exploração florestal controlada; íngremes;
• Ecoturismo; • Desmata-mentos de topos e de vertentes com
• Florestamento e refloresta-mento; declive >45%;
• Exploração mineral controlada. • Uso de agrotóxicos persistentes;
• Desmata-mentos no entorno de nascentes
fluviais e nos fundos de vales com matas
ciliares.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Recuperação ambiental;
• Manutenção funcional dos sistemas ambientais e proteção dos mananciais;
• Controle da qualidade da água e dos solos;
• Controle da degradação dos recursos naturais renováveis.

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177

5- Zona de Recuperação Ambiental das Cristas Residuais e de Agrupamentos de Inselbergs (ZRAci)

Área: 8152,85 km2


Municípios: Acarape, Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Antonina do Norte, Apuiarés, Arneiroz, Assaré,
Aurora, Barreira, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Cariús, Caucaia, Cedro, Coreaú, Crateús, Ererê, Farias
Brito, Forquilha, Frecheirinha, General Sampaio, Ibaretama, Ibicuitinga, Icó, Iguatu, Independência,
Ipaumirim, Iracema, Irauçuba, Itapajé, Itapiúna, Jaguaretama, Jaguaribe, Jucás, Lavras da Mangabeira,
Madalena, Marco, Massapé, Miraíma, Mombaça, Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Orós,
Parambu, Piquet Carneiro, Quixadá, Quixelô, Russas, Saboeiro, Santa Quitéria, Santana do Acaraú,
Senador Sá, Sobral, Solonópole, Tamboril, Tarrafas, Tauá, Tejuçuoca, Uruoca, Várzea Alegre.
Caracterização: Áreas de relevos residuais oriundos de erosão diferencial expondo vertentes rochosas
e paisagens com caatingas arbustivas abertas e vegetação rupestre.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Exploração de rochas para • Solos rasos, vertentes • Ambientes medianamente
brita, cantaria e revestimento; rochosos e chãos pedregosos; frágeis.
• Paisagens típicas do semi- • Alta suscetibilidade à erosão;
árido nordestino; • Áreas sujeitas a movimentos
• Ecoturismo. de blocos rochosos.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Erosão acelerada;
• Descaracterização das paisagens sertanejas.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Áreas impraticáveis para ocupação produtiva,
exceto lavras de material para construção.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manutenção funcional dos sistemas ambientais.

6- Zona de Recuperação Ambiental das Serras Úmidas (ZRAsu)

Área: 794,75 km2


Municípios: Acarape, Alcântaras, Aracoiaba, Aratuba, Baturité, Capistrano, Caridade, Caucaia, Coreaú,
Guaiúba, Guaramiranga, Itapajé, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Massapé, Meruoca, Moraújo,
Mulungu, Pacatuba, Pacoti, Palmácia, Redenção, Sobral, Tururu, Umirim, Uruburetama.
Caracterização: Áreas degradadas das vertentes e dos platôs das serras úmidas localizadas próximas ao
litoral (Serras de Baturité, Maranguape, Uruburetama, Aratanha e Meruoca).
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Condições hidroclimáticas • Declividade das vertentes e • Ambientes medianamente
favoráveis; topos de relevos dissecados; frágeis.
• Média a alta fertilidade • Alta suscetibilidade à erosão;
natural dos solos; • Legislação ambiental
• Bom potencial de águas pertinente.
subsuperficiais nos alvéolos;
• Turismo rural;
• Hotelaria;
• Paisagens de exceção.

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178

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Processos erosivos muito ativos;
• Descaracterização das paisagens serranas.
• Assoreamento dos fundos de vales e contaminação dos solos e dos recursos hídricos por
agrotóxicos persistentes.
ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Culturas de ciclo longo; • Desmatamentos desordenados e sem
• Exploração agroflorestal controlada; obediência ao Código Florestal;
• Ecoturismo; • Desmata-mentos de matas remanescentes;
• Floresta-mento e refloresta-mento; • Uso de agrotóxicos persistentes;
• Proteção dos mananciais e da qualidade dos • Mineração predatória.
solos.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Recuperação e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Controle da degradação das terras através da recuperação dos recursos naturais;
• Patrimônio paisagístico protegido.

7- Zona de Recuperação Ambiental dos Sertões (ZRAs)

Área: 16959,58 km2


Municípios: Acaraú, Amontada, Apuiarés, Ararendá, Aratuba, Banabuiú, Baturité, Bela Cruz, Boa
Viagem, Canindé, Capistrano, Caridade, Cariré, Catunda, Caucaia, Choró, Crateús, Forquilha, General
Sampaio, Groaíras, Hidrolândia, Ibaretama, Independência, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Irauçuba, Itapajé,
Itapipoca, Itapiúna, Itarema, Itatira, Madalena, Maranguape, Marco, Massapé, Meruoca, Miraíma,
Monsenhor Tabosa, Morrinhos, Nova Russas, Novo Oriente, Pacujá, Palmácia, Paraipaba, Paramoti,
Pedra Branca, Pentecoste, Pires Ferreira, Poranga, Quiterianópolis, Quixadá, Quixeramobim, Reriutaba,
Santa Quitéria, Santana do Acaraú, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu, Senador Pompeu,
Sobral, Tamboril, Tauá, Tejuçuoca, Trairi, Tururu, Umirim, Uruburetama, Varjota.
Caracterização: Áreas degradadas pelas condições de uso e ocupação das terras semi-áridas dos
sertões de Crateús, Quixadá, Boa Viagem/Quixeramobim/Canindé, Sertões de Centro-Norte e parte
dos Sertões dos Inhamuns.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Média a alta fertilidade • Baixa fertilidade natural de • Ambientes medianamente
natural de algumas classes de algumas classes de solos; frágeis.
solos; • Baixo potencial de águas
• Relevos favoráveis ao subterrâneas;
uso agropecuário e de • Freqüência de solos rasos e
assentamentos urbanos; pedregosos;
• Paisagens exóticas dotadas • Irregularidade pluviométrica;
de beleza cênica (campos de • Freqüência de afloramentos
inselbergs). rochosos e de chãos
pedregosos.

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179

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desencadeamento de ações erosivas em áreas degradadas;
• Salinização dos solos;
• Poluição dos recursos hídricos por efluentes domésticos e pela localização inadequada de “lixões”;
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Suscetibilidade à degradação ambiental e aos processos de desertificação.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agropecuária • Mineração e agroextrativismo predatórios;
• Extrativismo vegetal de espécies lenhosas da • Desmatamentos desordenados.
caatinga.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Recuperação natural e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Recuperação da biodiversidade;
• Ordenamento e controle das atividades agropecuárias e agro-extrativas.

8 - Zona de Recuperação Ambiental de Planícies Fluviais (ZRApf)

Área:
Municípios: Zona dispensa em quase todos os municípios.
Caracterização: Áreas de planícies fluviais e de baixos níveis de terraços no médio e baixo curso dos rios,
objetivando-se a recuperação da capacidade produtiva dos recursos naturais e da biodiversidade.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Alta a média fertilidade • Inundações periódicas; • Ambientes medianamente
natural dos solos; • Drenagem imperfeita estáveis.
• Recursos hídricos superficiais dos solos e incidência de
e subterrâneos; processos da salinização;
• Irrigação; • Mineração desordenada;
• Mineração controlada; • Expansão urbana nos baixos
• Relevo plano; níveis de terraços fluviais.
• Atividades de turismo e lazer.

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Inundações e cheias;
• Degradação da mata ciliar;
• Desencadeando processos erosivos e assoreamento dos rios;
• Salinização dos solos;
• Poluição dos recursos hídricos.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agro-extrativismo;
• Agricultura irrigada;
• Recuperação das matas ciliares;
• Proteção de mananciais;
• Implantação viária nos altos níveis de terraços
fluviais.

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180

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Mineraçãodesordenada
• Usode agrotóxicos;
• Desmatamento indiscriminado das matas ribeirinhas.
* Não representada no mapeamento produzido (Escala 1:750.000)

9 - Zona de Recuperação Ambiental (ZRAbvs)

Área: 5132,44 km2


Municípios: Acopiara, Boa Viagem, Dep. Irapuan Pinheiro, Independência, Milha, Mombaça, Monsenhor
Tabosa, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Quixeramobim, Senador Pompeu, Solonópole, Tauá.
Caracterização: Visa à recuperação ambiental ou restauração de áreas degradadas pelas condições de
uso e ocupação das terras semi-áridas dos sertões de Boa Viagem e Senador Pompeu.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Áreas de Nascentes • Declividade das vertentes e • Ambientes frágeis.
• Condições hidroclimáticas topos de relevos dissecados;
favoráveis; • Alta suscetibilidade à erosão;
• Média a alta fertilidade • Legislação ambiental
natural dos solos; pertinente.
• Bom potencial de águas
subsuperficiais nos alvéolos;
• Turismo rural;
• Hotelaria;
• Paisagens de exceção.

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Processos erosivos muito ativos;
• Descaracterização das paisagens serranas.
• Assoreamento dos fundos de vales e contaminação dos solos e dos recursos hídricos por
agrotóxicos persistentes.
ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Culturas de ciclo longo; • Desmata-mentos desordenados e sem
• Exploração agroflorestal controlada; obediência ao Código Florestal;
• Ecoturismo; • Desmata-mentos de matas remanescentes;
• Floresta-mento e refloresta-mento; • Uso de agrotóxicos persistentes;
• Proteção dos Nascentes e da qualidade dos • Mineração predatória.
solos.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Recuperação e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Controle da degradação das terras através da recuperação dos recursos naturais;
• Recuperação das Nascentes;
• Patrimônio paisagístico protegido.

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181

10 - Zona de Degradação Ambiental Configurada e de Recuperação Ambiental (ZDAd)

Área: 25671,24 km2


Municípios: Acaraú, Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Alto Santo, Amontada, Antonina do Norte, Araripe,
Arneiroz, Assaré, Banabuiú, Boa Viagem, Campos Sales, Canindé, Cariré, Cariús, Catarina, Catunda,
Coreaú, Crateús, Dep. Irapuan Pinheiro, Ererê, Farias Brito, Forquilha, Frecheirinha, Graça, Granja,
Hidrolândia, Ibicuitinga, Iço, Independência, Ipaporanga, Iracema, Irauçuba, Itapajé, Itapipoca,
Itarema, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Jucás, Limoeiro do Norte, Massapé, Meruoca, Milha,
Miraíma, Mombaça, Monsenhor Tabosa, Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Nova Olinda,
Nova Russas, Novo Oriente, Orós, Pacujá, Parambu, Pedra Branca, Pereiro, Potengi, Potiretama,
Quiterianópolis, Quixadá, Quixelô, Quixeramobim, Saboeiro, Salitre, Santa Quitéria, Santana do Acaraú,
Santana do Cariri, São João do Jaguaribe, Senador Pompeu, Sobral, Solonópole, Tabuleiro do Norte,
Tamboril, Tauá, Tejuçuoca, Tianguá, Uruoca, Viçosa do ceará.
Caracterização: Áreas fortemente degradadas por processos evidentes de desertificação nos sertões
do Médio Jaguaribe, Inhamuns, Centro-Norte e outros.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Recuperação ambiental; • Pluviometria escassa e • Ambientes frágeis.
• Mineração controlada de irregular;
rochas ornamentais; • Forte degradação dos solos e
• Pesquisa científica; da biodiversidade
• Silvicultura. • Solos muito rasos e
degradados com freqüentes
afloramentos de rochas;
• Recursos naturais
comprometidos;
• Processos de desertificação
configurados.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desmatamentos e processos erosivos acelerados em áreas fortemente degradadas;
• Empobrecimento generalizado da biodiversidade, promovendo a erosão dos solos e tornando-os
irreversivelmente improdutivos;
• Capacidade produtiva dos recursos naturais fortemente afetada.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Recuperação de áreas degradadas através de • Desmata-mentos e queimadas;
sistema agrossilvopastoris; • Mineração predatória;
• Adoção de técnicas de recuperação das áreas • Agropecuária praticada com técnicas
degradadas; rudimentares.
• Manejo da Caatinga;
• Controle da expansão dos processos de
desertificação.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Recuperação dos solos e da biodiversidade;
• Reabilitação das terras parcialmente degradadas;
• Prevenção e controle da desertificação;
• Elaboração do Plano Estadual de Controle da Desertificação;
• Preceitos estabelecidos pela Agenda 21 para enfrentamento da desertificação obedecidos.

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182

11 - Zona de Uso Sustentável das Várzeas (ZUSv)

Área: 2944,75 km2


Municípios: Acaraú, Alto Santo, Amontada, Aracati, Banabuiú, Beberibe, Bela Cruz, Cariré, Carnaubal,
Cascavel, Cedro, Cruz, Forquilha, Fortim, Granja, Groaíras, Guaraciaba do Norte, Icó, Iguatu, Irauçuba,
Itaiçaba, Itapipoca, Itarema, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Jucás, Lavras da Mangabeira, Limoeiro
do Norte, Marco, Martinópole, Massapé, Miraíma, Morada Nova, Moraújo, Morrinhos, Orós, Palhano,
Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, Quixeré, Russas, Santana do Acaraú, São Benedito, São Gonçalo do
Amarante, São João do Jaguaribe, São Luís do Curu, Senador Sá, Sobral, Tabuleiro do Norte, Umirim,
Uruoca.
Caracterização: Áreas parcialmente conservadas das várzeas (planícies fluviais) com potencialidades
para o desenvolvimento agrícola e o extrativismo sustentável dos recursos naturais.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Recursos hídricos; • Inundações periódicas; • Ambiente medianamente
• Fertilidade média a alta dos • Expansão urbana nos baixos estável.
solos; níveis de terraços;
• Relevo plano; • Drenagem imperfeita e
• Solos espessos; salinização dos solos;
• Irrigação. • Mineração nos talvegues.

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Degradação indiscriminada da vegetação ciliar que recobre os baixos níveis de terraços fluviais;
• Poluição dos recursos hídricos;
• Salinização dos solos;
• Inundações e cheias.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agricultura irrigada; • Mineração sem controle;
• Atrativos turísticos e de lazer; • Desmatamento desordenado da vegetação
• Agroextrativismo controlado; ciliar;
• Recupera-ção de matas ciliares degradadas; • Uso de agrotóxicos persistentes.
• Manejo sustentado dos recursos naturais.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Atividades agroextrativistas controladas;
• Manejo integrado de bacias hidrográficas;
• Expansão urbana nos baixos níveis de terraços fluviais controlada;
• Efluentes controlados;
• Funcionalidade dos sistemas ribeirinhos mantida;
• Saneamento ambiental urbano realizado.

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183

12 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural das Serras Úmidas (ZUSsu)

Área: 1129,37 km2


Municípios: Alcântaras, Aratuba, Baturité, Itapajé, Itapipoca, Maracanaú, Maranguape, Massapé,
Meruoca, Mulungu, Pacatuba, Pacoti, Umirim, Uruburetama.
Caracterização: Áreas dissecadas das vertentes e platôs das serras úmidas objetivando o desenvolvimento
agrícola, o ecoturismo e o extrativismo sustentável dos recursos naturais.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Fertilidade média a alta dos • Parcelas de relevos muito • Ambientes medianamente
solos; acidentados; frágeis.
• Solos espessos; • Alta a média suscetibilidade à
• Condições hidroclimáticas erosão;
favoráveis; • Impedimentos à mecanização;
• Parcelas de relevos pouco • Parcelas de relevos muito
acidentadas; dissecados protegidos pela
• Águas subsuperficiais nos legislação.
alvéolos;
• Patrimônio paisagístico dos
enclaves úmidos de exceção;
• Localização de Unidades
de Conservação de Uso
Sustentável.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Suscetibilidade à erosão nas vertentes íngremes;
• Ocorrências eventuais de processos de solifluxão;
• Empobrecimento da biodiversidade;
• Assoreamento dos fundos de vales e contaminação dos solos e dos recursos hídricos por
agrotóxicos;
• Descaracterização das paisagens serranas.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Culturas de ciclo longo; • Desmatamentos de topos e vertentes
• Atividades agropastoris controladas; íngremes;
• Hotelaria; • Desmata-mentos de matas remanescentes;
• Turismo e lazer; • Uso de agrotóxicos persistentes;
• Silvicultura; • Degradação e uso inadequado e conflitante dos
• Ecoturismo. recursos hídricos.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Qualidade dos recursos naturais renováveis mantida e monitorada;
• Legislação ambiental respeitada;
• Planos de Manejo das Unidades de Conservação elaborados e implementados.

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184

13 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Tabuleiros Interiores e Pré-
Litorâneos (ZUSt)

Área: 12912,61 km2


Municípios: Acaraú, Aiuaba, Altaneira, Alto Santo, Amontada, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Araripe,
Assaré, Banabuiú, Barroquinha, Beberibe, Bela Cruz, Camocim, Campos Sales, Cascavel, Caucaia,
Chaval, Chorozinho, Cruz, Eusébio, Fortaleza, Fortim, Granja, Horizonte, Ibicuitinga, Icapuí, Iguatu,
Itaiçaba, Itaitinga, Itapipoca, Itarema, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaruana, Jijoca de Jericoacoara,
Limoeiro do Norte, Maracanaú, Marco, Martinópole, Morada Nova, Morrinhos, Nova Olinda, Ocara,
Pacajus, Pacatuba, Palhano, Paracuru, Paraipaba, Parambu, Pindoretama, Potengi, Russas, Saboeiro,
Salitre, Santana do Cariri, São Gonçalo do Amarante, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Trairi.
Caracterização: Áreas dotadas de interflúvios tabuliformes e com topografias planas ou levemente
onduladas em depósitos da Formação Barreiras.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Relevos planos e estabilizados; • Deficiências hídricas durante a • Ambientes medianamente
• Solos espessos; estiagem; frágeis.
• Baixo potencial para • Baixa fertilidade dos solos;
ocorrência de movimentos de • Dificuldades para localização
massa; de barramentos.
• Instalação viária;
• Expansão urbana;
• Fácil escavabilidade;
• Manto de alteração muito
espesso;
• Fragilidades pouco restritivas
ao uso e ocupação urbano-
industrial, agrícola, aterros
sanitários, etc.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desencadeamento de processos erosivos em áreas degradadas;
• Riscos de poluição dos solos e dos recursos hídricos;
• Mineração descontrolada;
• Impermeabilização pode comprometer a recarga dos aqüíferos.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agroextrativismo; • Atividades que impliquem em qualquer tipo de
• Expansão urbana; desequilíbrio ambiental.
• Pecuária melhorada;
• Todas as atividades que não conduzam à
deterioração ambiental e a desequilíbrios na
funcionalidade dos sistemas ambientais.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Conservacionismo no uso e ocupação da terra praticado;
• Manutenção da funcionalidade dos sistemas ambientais;
• Bacias hidrográficas com manejos integrados;
• Mananciais protegidos;
• Sistema de saneamento urbano e periurbano Implantados.

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185

14 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Apodi (ZUScap)

Área: 1476,35 km2


Municípios: Alto Santo, Aracati, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Quixeré, Russas, Tabuleiro do Norte.
Caracterização: Superfície sedimentar cuestiforme, com baixos níveis altimétricos, topografias planas
e solos férteis revestidos primariamente por caatinga arbóreo-arbustiva.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Alta fertilidade natural dos • Deficiências hídricas durante a • Ambientes medianamente
solos; estiagem; estáveis.
• Topografias planas; • Solos rasos;
• Jazidas de calcário • Limitações quanto à recarga e
sedimentar; captação de água;
• Bom potencial de águas • Profundidade do aqüífero.
subterrâneas;
• Baixo potencial para a
ocorrência de movimentos de
massa;
• Fragilidades pouco restritivas
aos mais variados tipos de
uso.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Exploração do calcário feita de modo desordenado pode conduzir a danos ambientais.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agricultura; • Mineração predatória;
• Irrigação; • Agrotóxicos persistentes.
• Silvicultura;
• Agropecuária;
• Mineração controlada.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Funcionalidade dos sistemas ambientais mantida;
• Conservacionismo de uso e ocupação da terra praticado.

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186

15 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural da Chapada do Araripe e dos


rebordos e patamares (ZUScar)

Área: 1927,39 km2


Municípios: Araripe, Barbalha, Crato, Jardim, Salitre, Santana do Cariri.
Caracterização: Alto planalto sedimentar arenítico, com topografia plana e solos com baixa fertilidade
natural revestidos por cerrados e cerradões.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Solos espessos; • Baixa fertilidade natural dos • Ambiente medianamente
• Topografia plana; solos; estável.
• Clima subúmido; • Grande profundidade dos
• Baixo potencial para aquíferos;
ocorrência de movimentos de • Baixa capacidade dos solos
massa; em manter a umidade e alta
• Fragilidades pouco restritivas lixiviação;
aos mais variados tipos de • Ausência ou escassez de águas
uso; superficiais.
• Unidades de Conservação
instaladas;
• Extrativismo.

RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Poluição dos recursos hídricos subterrâneos;
• Desmatamentos desordenados e proliferação de incêndios;
• Aumento das emissões de carbono na atmosfera;
• Desmatamento em áreas de fontes e de nascentes fluviais;
• Ressecamento de nascentes;
• Riscos de contaminação dos solos e dos recursos hídricos;
• Biodiversidade empobrecida.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Preservação da mata estacional e do cerradão; • Extração indiscriminada de rochas nos sítios
• Ecoturismo; fossilíferos;
• Pesquisa científica. • Uso indiscriminado de fontes e nascentes
fluviais.
METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS
• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Conservação/recuperação do patrimônio paisagístico;
• Unidades de conservação mantidas e adequadamente manejadas;
• Fontes e nascentes fluviais monitoradas;
• Sítios fossilíferos preservados.

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187

16 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural do Planalto da Ibiapaba (ZUSpi)

Área: 6196,50 km2


Municípios: Ararendá, Carnaubal, Coreaú, Crateús, Croata, Frecheirinha, Graça, Granja, Guaraciaba do
Norte, Ibiapina, Ipaporanga, Ipu, Ipueiras, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira, Poranga, Reriutaba, São
Benedito, Tianguá, Ubajara, Viçosa do Ceará.
Caracterização: Alto planalto cuestiforme arenítico, com topografias planas e suave onduladas e solos
com baixa fertilidade natural revestidos por florestas plúvio-nebulares degradadas.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Solos espessos; • Baixa fertilidade natural dos • Ambiente medianamente
• Topografias planas e suave solos; estável.
onduladas; • Grande profundidade dos
• Clima úmido/subúmido; aquíferos;
• Baixo potencial para • Baixa capacidade dos solos
ocorrência de movimentos de em manter a umidade e alta
massa; lixiviação.
• Fragilidades pouco restritivas
aos mais variados tipos de
uso;
• Unidades de Conservação
instaladas;
• Extrativismo;
• Condições hidroclimáticas
favoráveis.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desmatamentos desordenados;
• Poluição dos solos e dos recursos hídricos por agrotóxicos persistentes;
• Biodiversidade empobrecida.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Conservação dos remanescentes de mata; • Uso indiscriminado de agrotóxicos;
• Agroextrativismo; • Mineração predatória;
• Turismo; • Desmatamento sem controle.
• Manejo de microbacias.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Manejo ambiental da flora e da fauna;
• Conservação e recuperação do patrimônio paisagístico;
• Unidades de Proteção Integral (Parque Nacional de Ubajara) de Uso Sustentável (APA da Ibiapaba)
mantidas e adequadamente manejadas;
• Monitoramento das fontes, nascentes e cascatas;
• Patrimônio paisagístico preservado.

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188

17 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Pré-Litorâneos do


Baixo Jaguaribe, Centro-Norte e do Choró/Pacoti (ZUSss)

Área: 8625,83 km2


Municípios: Acarape, Apuiarés, Aquiraz, Aracati, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturité, Beberibe,
Canindé, Capistrano, Cascavel, Caucaia, Chorozinho, Fortaleza, Guaiúba, Horizonte, Ibaretama,
Ibicuitinga, Itaiçaba, Itaitinga, Itapiúna, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Maracanaú, Maranguape,
Morada Nova, Ocara, Pacajus, Pacatuba, Pacoti, Palhano, Palmácia, Pentecoste, Quixadá, Redenção,
Russas, São Gonçalo do Amarante, São Luís do Curu.
Caracterização: Superfície pediplanada sertaneja, com topografias plana a suave onduladas e com
solos dotados de fertilidade média a alta revestidos por caatinga arbórea degradada.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Média a alta fertilidade • Deficiências hídricas durante a • Ambientes medianamente
natural dos solos; estiagem; estáveis.
• Relevos planos e suave • Solos medianamente rasos;
ondulados; • Baixo potencial de águas
• Bom potencial de águas subterraneas;
superficiais; • Ocorrência eventual de solos
• Baixo potencial para a rasos e de afloramentos
ocorrência de processos rochosos.
erosivos acelerados;
• Fragilidades pouco restritivas
para usos diversificados;
• Ambiente medianamente
estável.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desencadeamento de ações erosivas em áreas degradadas;
• Poluição dos recursos hídricos nas áreas urbanas ribeirinhas;
• Empobrecimento da biodiversidade e suscetibilidade à degradação dos solos;
• Paisagens degradadas;
• Capacidade produtiva dos recursos naturais diminuída.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agropecuária • Desmatamento desordenados
• Agroextrativismo; • Uso não controlado de agrotóxicos.
• Silvicultura;
• Pecuária extensiva e semi-intensiva.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Recuperação natural e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Recuperação da biodiversidade degradada.

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189

18 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões de Iguatu (ZUSsi)

Área: 679,67 km2


Municípios: Acopiara, Cariús, Icó, Iguatu, Jucás, Orós, Quixelô.
Caracterização: Superfície pediplanada desenvolvida na bacia intracratônica de Iguatu com solos férteis
revestidos por caatinga arbórea degradada.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Fertilidade natural dos solos; • Pluviometria escassa e • Ambientes medianamente
• Relevo plano; irregular; estáveis.
• Potencial de águas superficiais • Salinização dos solos;
e subterrâneas; • Solos rasos e relevos
• Mineração controlada de aguçados no entorno da bacia
materiais de construção civil. intracratônica.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Biodiversidade comprometida pela degradação generalizada da cobertura vegetal primária;
• Desencadeamento de processos erosivos.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Manejo sustentado dos recursos naturais; • Desmatamento e queimadas sem controle;
• Mineração controlada de materiais da • Uso não controlado de agrotóxicos.
construção civil;
• Agricultura irrigada (rizicultura);
• Agropecuária;
• Pecuária extensiva e semi-intensiva.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Biodiversidade restaurada;
• Reabilitação das terras degradadas.

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190

19 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Salgado e do


Cariri (ZUSssc)

Área: 12815.942383 km2


Municípios: Acopiara, Aiuaba, Altaneira, Aurora, Baixio, Barro, Brejo Santo, Caririaçu, Cariús, Catarina,
Cedro, Crato, Dep. Irapuan Pinheiro, Farias Brito, Granjeiro, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jardim, Jati, Juazeiro
do Norte, Jucás, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Mombaça, Nova Olinda, Orós,
Penaforte, Piquet Carneiro, Porteiras, Quixelô, Saboeiro, Santana do Cariri, Solonópole, Umari, Várzea
Alegre.
Caracterização: Superfície pediplanada parcialmente dissecada dos altos sertões do Salgado e do Cariri
cearense.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Média fertilidade natural dos • Deficiências hídricas durante a • Ambientes medianamente
solos; estiagem; estáveis.
• Relevos planos e suave • Solos rasos e ocorrência
ondulados; eventual de afloramentos de
• Bom potencial de águas rochas.
superficiais;
• Ambiente medianamente
estável;
• Fragilidades pouco restritivas
para variados tipos de uso.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desencadeamento de ações erosivas em áreas dissecadas e degradadas;
• Empobrecimento da biodiversidade e suscetibilidade à degradação dos solos;
• Paisagens degradadas;
• Capacidade produtiva dos recursos naturais comprometida e/ou diminuída.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agropecuária • Desmatamentos desordenados;
• Agroextrativismo; • Degradação das matas ciliares em planícies
• Silvicultura; ribeirinhas.
• Pecuária extensiva e semi-intensiva;
• Controle de incêndios e queimadas.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Recuperação natural e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Recuperação da biodiversidade.

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191

20 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões Úmidos do Cariri
(ZUSsuc)

Área: 1266,68 km2


Municípios: Abaiara, Barbalha, Brejo Santo, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Mauriti, Milagres, Missão
Velha, Porteiras.
Caracterização: Superfície plana com espraiamento e coalescência de planícies aluviais nos sopés da
Chapada do Araripe.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Condições hidroclimáticas • Deficiência hídrica durante a • Ambientes medianamente
favoráveis; estiagem; estáveis.
• Alto a médio potencial de • Expansão da degradação dos
recursos hídricos; recursos naturais renováveis.
• Parcelas significativas de solos
com alta fertilidade natural
dos solos;
• Relevos planos a parcialmente
dissecados;
• Estabilidade ambiental;
• Paisagens de exceção;
• Irrigação;
• Localização de Unidade de
Conservação.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desmatamentos desordenados e empobrecimento da biodiversidade;
• Desmatamentos em áreas de fontes e de nascentes fluviais;
• Riscos de contaminação química dos solos e dos recursos hídricos;
• Ressecamento de fontes e de nascentes fluviais em face de desmatamentos indiscriminados.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agricultura irrigada; • Mineração sem controle;
• Pecuária intensiva; • Uso de agrotóxicos persistentes.
• Agroextrativismo
• Manutenção dos remanescentes da cobertura
vegetal primária;
• Manejo sustentado dos recursos naturais;
• Turismo e lazer.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Funcionalidade dos sistemas ambientais mantida;
• Saneamento ambiental urbano realizado;
• Efluentes controlados.

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192

21 - Zona de Uso Sustentável e de Conservação do Equilíbrio Natural dos Sertões do Baixo Acaraú e
Coreaú (ZUSbac)

Área: 4412,24 km2


Municípios: Alcântaras, Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Cariré, Chaval, Coreaú, Coreaú, Frecheirinha,
Graça, Granja, Marco, Martinópole, Massapé, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Pacujá, Santana do
Acaraú, Senador Sá, Sobral, Tianguá, Uruoca, Viçosa do ceará.
Caracterização: Superfície pediplanada sertaneja, com topografias plana a suave onduladas e com
solos dotados de fertilidade média a alta revestidos por caatinga arbórea degradada, constituindo área
de transição climática.
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES ECODINÂMICA
• Média a alta fertilidade • Deficiências hídricas durante a • Ambientes medianamente
natural dos solos; estiagem; estáveis.
• Relevos planos e suave • Solos medianamente rasos;
ondulados; • Baixo potencial de águas
• Bom potencial de águas subterrâneas;
superficiais; • Ocorrência eventual de solos
• Baixo potencial para a rasos e de afloramentos
ocorrência de processos rochosos.
erosivos acelerados;
• Fragilidades pouco restritivas
para usos diversificados;
• Ambiente medianamente
estável.
RISCOS DE OCUPAÇÃO
• Desencadeamento de ações erosivas em áreas degradadas;
• Poluição dos recursos hídricos nas áreas urbanas ribeirinhas;
• Empobrecimento da biodiversidade e suscetibilidade à degradação dos solos;
• Paisagens degradadas;
• Capacidade produtiva dos recursos naturais diminuída.

ESTRATÉGIAS DE USO
COMPATÍVEIS PROIBIDOS
• Agropecuária; • Desmatamentos desordenados
• Agroextrativismo; • Uso não controlado de agrotóxicos.
• Silvicultura;
• Pecuária extensiva e semi-intensiva.

METAS AMBIENTAIS E CENÁRIOS DESEJÁVEIS


• Recuperação natural e manutenção funcional dos sistemas ambientais;
• Recuperação da biodiversidade degradada.

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ANEXO II

Compartimentação Geoambiental
Síntese das Categorias Espaciais de Ambientes Naturais
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Várzeas e Planície (Apl) – Sedimentos Faixas de Lagoas e Áreas Neossolos Vegetação de Ambiente de
Tabuleiros Ribeirinha Planície lagunares areno- acumulação de Acumulação Flúvicos; Várzea com transição com
Lacustre, argilosos, de de sedimentos inundáveis; Planossolos carnaubais; tendência à
Flúvio-Lacustre moderadamente areno-argilosos, Subúmido. Háplicos e Agroextrativismo; instabilidade
e Áreas de a mal bordejando 750-1300mm Nátricos e Extrativismo
Acumulação selecionados lagoas e áreas Neossolos mineral;
Inundáveis e sedimentos aplainadas, Quartzarênicos Pecuária
coluviais areno- com ou sem
argilosos, de cobertura
moderadamente arenosa, sujeitas
193

a mal a inundações
selecionados periódicas
(Apf) – Sedimentos Áreas planas Escoamento Neossolos Vegetação de Ambiente de
Planície Fluvial aluviais com em faixas intermitente Flúvicos; Várzea com transição com
areias mal de aluviões sazonal em fluxo Planossolos carnaubais tendência à
selecionadas, recentes e muito lento. Háplicos e e oiticica; instabilidade
incluindo baixadas subúmido e Semi- Vertissolos Agroextrativismo;
siltes, argilas e inundáveis árido. Extrativismo
cascalhos. limitadas 750-1300mm mineral;
por níveis
escalonados
de terraços
eventualmente
mantidos por

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cascalheiros
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Várzeas e Tabuleiros Pré- (Ata) – Formação Rampas de Escoamento Neossolos Vegetação Ambiente
Tabuleiros Litorâneos e Tabuleiros Barreiras: acumulação intermitente Quartzarênicos Tabuleiros; medianamente
interiores Arenosos sedimentos com caimento sazonal e rede de Culturas estável
arenosos mal topográfico drenagem com comerciais,
selecionados suave dissecados padrão paralelo. Lavouras de
e de cores em interflúvios Subúmido e Subsistência e
esbranquiçadas tabuliformes Semi-árido. Pastagens
900-1400mm
(Atr) – Formação Rampas de Escoamento Argissolos Vegetação Ambiente
Tabuleiros Faceira: acumulação intermitente Vermelho- de Tabuleiros medianamente
Areno- conglomerados com caimento sazonal e rede Amarelos, e Carrasco; estável
Argilosos na base, topográfico de drenagem Latossolos Culturas
arenitos, siltitos suave dissecados com padrões Amarelos e Permanentes
e sedimentos em níveis subdendríticos Argissolos e Comerciais;
194

variegados areno- colinosos e e paralelos. Acinzentados Pastagens


argilosos de interflúvios Subúmido e
cores vermelho- tabulares Semi-árido.
amarelas 900-1400mm
(Ati) – Coberturas Rampas de Escoamento Argissolo Vegetação de Ambiente
Tabuleiros colúvio- acumulação intermitente Vermelho- Tabuleiros, medianamente
Interiores com eluvionais: areias interiores em sazonal e rede Amarelo e Caatinga, estável
coberturas sílticas, argilosas, depressões de drenagem Latossolo Extrativismo
Coluviais localmente periféricas com padrões vegetal e
Detríticas laterizadas de planaltos sub-dendríticos. Agropecuária
sedimentares, Subúmido e
dissecadas em Semi-árido.
interflúvios 700-850mm
tabulares

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Chapada do (Sap) – Grupo Apodi: Superfície plana Escoamento Cambissolos Caatinga Ambiente
Planaltos Apodi Platô Formação coincidente intermitente Háplicos, Arbustiva; estável quando
Jandaíra. com a estrutura sazonal e Latossolos Agroextrativismo em equilíbrio
Calcários geológica, drenagem Vermelho- e Pastagens; natural
esbranquiçados trabalhada por muito rarefeita Amarelos e extrativismo
homogêneos com pediplanação com padrões Neossolos Mineral e
intercalações e limitada paralelos. Semi- Litólicos Fruticultura
de folhelhos e por escarpas árido. tropical
siltitos erosivas 650-700mm
(Sar) – Grupo Apodi: Patamares de Escoamento Neossolos Caatinga Ambiente
Rebordos e Formação acesso ao nível intermitente Litólicos e Arbustiva; instável
Patamares Açu: arenitos de platô da sazonal, quase Afloramentos Extrativismo
avermelhados, chapada e área ausência de rede de rocha Vegetal e Mineral
cinza e de rebordos de drenagem.
195

esbranquiçados, escarpados Semi-árido.


conglomeráticos (cornijas) 650-700mm
com
intercalações de
folhelhos, siltitos
e calcarenitos

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Chapada do (Spcr) – Grupo Araripe: Superfície Ausência de Latossolos Cerradão; Ambiente
Planaltos Araripe Platô Formação tabular escoamento Agricultura de medianamente
Revestido por Exu-arenitos coincidente superficial no Subsistência estável no platô
Cerradões grosseiros, com a estrutura platô. Subúmido
friáveis, concordante 900mm
conglomeráticos horizontal
e localmente
silicificados;
estratificação
cruzada
(Spca) – Grupo Araripe: Superfície Ausência de Latossolos Carrasco Ambiente
Platô Formação Exu tabular escoamento e Neossolos medianamente
Revestido por coincidente superficial. Quartzarênicos estável
Carrasco com a estrutura Subúmido
196

concordante 900mm
horizontal
(Spme) – Grupo Araripe: Rebordos Grande Neossolos Mata Úmida/ Ambiente de
Rebordos Formação erosivos freqüência de Litólicos e Subúmida, transição
Revestido Santana-calcários festonados ressurgências Argissolos Agricultura de
por Mata laminados com submetidos a nos rebordos Subsistência
Estacional intercalações de processos de orientais para o
folhelhos, siltitos, pediplanação Vale do Cariri.
margas e gipsitas Subúmido 900-
1200mm

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Chapadas e Planalto (Sir) – Formação Serra Superfície Escoamento Latossolos Mata úmida; Ambiente
Planaltos Cuestiforme da Reverso Grande (Siluro/ cuestiforme superficial no e Argissolos Policultura: medianamente
Ibiapaba Imediato e Devoniano): parcialmente reverso da cuesta Vermelho- Horticultura, estável e de
Rebordos arenitos coincidente com rios de Amarelos Fruticultura transição
Úmidos grosseiros, com a estrutura padrões paralelos e Lavouras
conglomera- sub-horizontal, e escoamento Comerciais
ticos, siltitos limitada por intermitente;
e folhelhos; escarpas nos rebordos
estratificação erosivas ocorrências
cruzada festonadas e de cascatas
dissecadas em obsequentes.
cristas Úmido e
Subúmido.
1100-1400mm
197

(Sis) – Formação Superfície de Escoamento Neossolos Carrasco. Ambiente de


Reverso Seco Serra Grande reverso seco superficial no Quartzarênicos Pecuária transição com
e ocorrências de cuesta reverso da cuesta e Neossolos extensiva tendência à
esparsas da parcialmente com rios de Litólicos instabilidade
Formação coincidente padrões paralelos
Pimenteiras com a estrutura e escoamento
e ocorrências intermitente
esparsas de altos sazonal. Úmido e
estruturais Subúmido.
800-900mm

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dpi) – Litotipos variados Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Depressão do Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbórea; transição com
e dos Pés- Periférica Nordestino e dos parcialmente rios de padrões Planossolos Agropecuária. tendência à
de-serra do Subúmida da Grupos Ubajara dissecada subdendríticos Háplicos, instabilidade
Planalto da Ibiapaba (Cambriano) e em feições sem controle Argissolos,
Ibiapaba Jaibaras (Cambro- tabulares largas estrutural; Neossolos
Ordovincia-no) intercaladas escoamento Litólicos e
por vales de intermitente Neossolos
fundos planos sazonal. Flúvicos
e elevações Subúmido e
irregulares Semi-árido.
colinosas e semi- 750-850mm
aguçadas
(Dsac) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
198

Sertões do Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com


Acaraú e Nordestino truncando rios de padrões Planossolos Agropecuária tendência à
Coreaú com setores variados tipos subdendríticos Háplicos, e Extrativismo instabilidade
alongados e de rochas em e escoamento Neossolos Mineral e
deformados pedimentos intermitente Litólicos e Vegetal.
de formações predominante- sazonal. Neossolos
eocambria-nas mente Subúmido e Flúvicos
dos Grupos conservados e Semi-árido.
Ubajara e com eventuais 950-1100mm
Jaibaras setores
de relevos
dissecados em
colinas rasas e
em interflúvios

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tabulares
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dscr) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Complexo pediplanada a superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com
e dos Pés- Crateús Nordestino parcialmente rios de padrões Planossolos Pecuária tendência
de-serra do dissecada em subdendríticos Háplicos, extensiva e de dinâmica
Planalto da lagos interflúvios e escoamento Argissolos, Agroextrativis- regressiva
Ibiapaba tabulares intermitente Neossolos mo
separados por sazonal. Semi- Litólicos e
vales de fundos árido. Neossolos
planos; relevos 600-800mm Flúvicos
colinosos rasos,
em áreas mais
fortemente
dissecadas
199

Sertões Sertões Centro- (Dsq) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Complexo pediplanadas superficial com Háplicos, Arbustiva; transição com
Quixadá Nordestino truncando rios de padrões Neossolos Pecuária tendência à
com ocorrência variados tipos subdendríticos Litólicos, extensiva e instabilidade
de dioritos de rochas em e escoamento Afloramentos Agroextrativis-
e eventuais pedimentos intermitente de Rocha e mo
coberturas de conservados e sazonal. Semi- Neossolos
sedimentos da eventualmente árido. Flúvicos
Formação Faceira dissecados em 800mm
colinas rasas

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões Centro- (Dsbc) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Ocidentais Sertões de Boa Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição, com
Viagem/ Nordestino, parcialmente rios de padrões Planossolos Pecuária tendência
Quixeramobim/ com setores dissecada em sub-dendríticos Háplicos, extensiva e a forte
Canindé alongados colinas rasas e escoamento Neossolos Agroextrativis- instabilidade
de rochas do intercaladas por intermitente Litólicos e mo
Complexo Itatira planícies fluviais sazonal. Semi- Neossolos
que recobrem árido. Flúvicos
vales de fundos 700-800mm
planos
(Dsmj) – Litotipos do Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Sertões Complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição com
do Médio Nordestino, truncando rios de padrões Planossolos Pecuária tendência à
Jaguaribe com setores variados tipos dendríticos e/ou Háplicos, extensiva e instabilidade
200

alongados de de rochas em subdendríticos Argissolos Extrativismo


rochas pré- pedimentos e escoamento Neossolos vegetal
cambrianas do conservados e intermitente Litólicos e
Grupo Ceará e da eventualmente sazonal. Semi- Neossolos
suíte magmática dissecados árido. Flúvicos
700-850mm
(Dsc) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição com
Centrais Nordestino com com pedimentos rios de padrões Neossolos Pecuária tendência
migmatitos conservdos subdendríticos Litólicos e extensiva e de dinâmica
homogêneos e e escoamento Neossolos Agroextrativis- ambientla
com gnaisses intermitente Flúvicos mo regressiva
variados sazonal. Semi-

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árido.
800-900mm
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões (Dsbj) – Predominância Superfície Drenagem Planossolos Caatinga Ambiente de
Setentrionais Sertões Pré- de litotipos pediplanada a de padrão Háplicos, Arbustiva; transição com
Pré-Litorâneos Litorâneos do Complexo parcialmente subdendrítico e Planossolos Agroextrativis- tendência à
do Baixo Nordestino, dissecada dendrítico, com Nátricos mo instabilidade
Jaguaribe com eventuais em largos rios intermitentes Argissolos,
ocorrências de interflúvios sazonais. Neossolos
rochas da suíte tabulares Subúmido a Litólicos e
magmática Semi-árido. Neossolos
950-1100mm Flúvicos
(Dscn) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões do Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição
Centro – Norte Nordestino, com com pedimentos rios de padrões Planossolos Pecuária
migmatitos e parcialmente subdendríticos Nátricos, extensiva e
gnaisses dissecados e escoamento Argissolos, Agroextrativis-
201

intercalados por intermitente Neossolos mo


planícies fluviais sazonal. . Litólicos e
Subúmido a Neossolos
Semi-árido. Flúvicos
500-900mm
(Dscp) – Litotipos do Superfície Escoamento Planossolos Caatinga Ambiente de
Sertões do Complexo pediplanada superficial com Háplicos, Arbustiva; transição
Choró/Pacoti Nordestino, com pedimentos rios de padrões Planossolos Pecuária
com migmatitos conservados e subdendríticos, Nátricos extensiva e
heterogêneos e parcialmente eventualmente Neossolos Agroextrativis-
gnaisses dissecados, com algum Flúvicos e mo
intercalados por controle Vertissolos
planícies fluviais estrutural.

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Subúmido a
Semi-árido.
900-1100mm
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dsmi) – Litotipos variados Superfície Escoamento Luvissolos Caatinga Ambiente de
Sertões do complexo pediplanada superficial com Crômicos, Arbustiva; transição
Meridionais cristalino pré- truncando rios de padrões Planossolos Pecuária
dos Inhamuns cambriano, com variados tipos dendríticos e/ Háplicos, extensiva e Agro-
predominân- de rochas, ou dendrítico- Neossolos extrativismo
cia de litotipos eventualmente retangulares Litólicos,
do Complexo dissecadas e escoamento Afloramentos
Nordestino, em formas de intermitente Rochosos e
suítes topos convexos sazonal. Semi- Neossolos
magmáticas e tabulares árido. Flúvicos
fortemente intercalados 500-700mm
deformadas por por vales de
movimentos fundos planos
diastróficos recobertos por
202

pretéritos e sedimentos
truncados por aluviais das
superfícies de planícies fluviais
aplainamento
Sertões Sertões do Sul (Dss) – Litotipos do Superfície Escoamento Neossolos Caatinga Ambiente
Sertões do Grupo Cachoeiri- pediplanada, superficial com Litólicos, Arbustiva; de transição
Salgado nha. Complexo truncando rios de padrões Luvissolos Pecuária tendendo à
Nordestino variados tipos dendríticos, Crômicos, extensiva e Agro- instabilidade
e eventuais de rochas subdendríti-cos Neossolos extrativismo
ocorrências da dissecadas em e dendrítico- Flúvicos e
suíte magmática, feições variadas, retangulares Planossolos
deformados por intercaladas e escoamento Háplicosos
movimentos por planícies intermitente
diastróficos fluviais estreitas sazonal. Semi-

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pretéritos. e contínuas árido.
700-900mm
categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dsca) – Grupo Araripe: Espraiamento Ramificação da Argissolos Mata Seca; Ambiente
Sertões do Formação de vales, drenagem a partir Vermelho- Agricultura estável quando
Cariri Missão Velha, pedimentos de ressurgências Amarelos, comercial, em equilíbrio
com arenitos com interflúvios das vertentes Latossolos, Lavouras de natural
de médios tabulares, norte-orientais da Neossolos subsistência
a grosseiros intercalados chapada. Úmido Flúvicos e e Pecuária
gradando para por vales de e Subúmido. Vertissolos melhorada
finos, siltitos, fundos chatos 800-1000mm
folhelhos, e com largas
calcarenitos, planícies fluviais
conglomera- e alvéolos.
dos, calcários e
margas
203

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Sertões do Sul (Dcu) – Grupo Araripe: Espraimento de Drenagem Latossolos, Mata Úmida/ Ambiente
Sertões Formação Missão vales de fundos paralela, com Neossolos subúmida; estável quando
Úmidos do Velha com chatos e com escoamento Flúvicos e Lavouras em equilíbrio
Cariri arenitos médios vastos setores de superficial semi- Vertissolos comerciais e natural
a grosseiros com planícies fluviais perenizado. Agricultura de
níveis sílticos e 950-1100mm subsistência
argilosos na base,
gradando para
arenitos finos e
grosseiros
(Dsi) – Sedimentos Superfície Escoamento Argissolos, Caatinga arbórea Ambiente
Sertões de argilosos, margas plana embutida superficial com Neossolos degradada; estável
Iguatu e arenitos finos entre níveis de rios de padrões Flúvicos e Matas ciliares;
do Grupo Rio do cristas residuais, sub-dendríticos Planossolos Agropecuária
204

Peixe (Jurássico/ tabuleiros e escoamento Háplicosos.


Cretáceo); interiores e intermitente
sedimentos planícies fluviais sazonal
inconsolidados coalescentes. convergindo para
finos e mal o rio Jaguaribe.
estratificados
da Formação
Moura (Tércio-
Quaternário).

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Sertões Cristas (Mki) – Litotipos variados Feições aguçadas Ramificação Neossolos Caatinga Ambientes de
Residuais e Cristas do Complexo de relevo e da drenagem Litólicos e arbustiva e transição com
Agrupamentos Residuais e cristalino, com morros residuais com padrões Afloramentos vegetação tendência à
de Inselbergs Agrupamentos predominân- oriundos dendríticos e rochosos rupestre. instabilidade.
de Inselbergs cia de rochas da erosão escoamento
mais resistentes diferencial intermitente
ao trabalho da com áreas sazonal. Semi-
erosão. submetidas à árido.
morfogênese e 500-700mm
mecânica.
Serras Serras Úmidas (Mru) – Litotipos variados Superfícies Escoamento Argissolos Mata Úmida/ Ambiente de
e Serras Pré- Níveis de do Complexo serranas ou superficial com Vermelho- subúmida; transição com
Litorâneas Cimeira e cristalino pré- encostas de rios de padrões Amarelos, Horticultura, tendência
205

Vertentes cambriano, barlavento dendríticos e Neossolos Fruticultura, de dinâmica


Úmidas deformados por de forte a escoamento Litólicos e Agroextrativis- ambiental
tectonismo medianamente intermitente ou Neossolos mo regressiva
dissecadas, semi-perenizado Flúvicos
em feições de Úmido e
cristas, colinas Subúmido.
e lombadas, 900-1300mm
intercaladas por
vales em V.

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categorias espaciais de ambientes naturais Componentes naturais
Hidrologia de Ecodinâmica da
Sistemas Sub-sistemas Cobertura
Domínios Superfície Clima Solos Paisagem
Ambientais Ambientais Geologia Geomorfologia Vegetal
Naturais e Média de Predominantes
(Geossistemas) (Geofácies) Uso/Ocupação
precipitação
Serras Serras Secas e (Mrs) – Litotipos variados Superfícies Escoamento Argissolos Mata Seca; Ambiente de
Subúmidas Serras Secas do Complexo serranas superficial, com Vermelho- Agroextrativis- transição com
e Vertentes cristalino, pré- interiores ou rios de padrões Amarelos, mo tendência à
Subúmidas cambriano encostas de dendríticos e Neossolos instabilidade.
e suítes sotavento das escoamento Litólicos.
magmáticas serras úmidas, intermitente Chernossolos,
fortemente com vertentes sazonal. Semi- Afloramentos
deformados por íngremes e árido. Rochosos e
falhamentos e dissecadas 700-1000mm Neossolos
dobramentos em cristas, Flúvicos
pretéritos lombadas,
colinas e
interflúvios
semi-tabulares
206

intercalados por
vales em V e
em U.

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207

GLOSSÁRIO

Abiótico: componente de ecossistema natural, que não inclui os organismos vivos. Características não
biológicas.
Adubação: substância adicionada ao solo, visando ao crescimento da produtividade dos organismos
que nele vivem, de modo espontâneo ou em cultivo.
Ações areolares: processos morfodinâmicos que se manifestam em áreas interfluviais.
Agenda 21 (MMA/PNDU): documento elaborado durante a Rio-92, tratando da questão ambiental.
Afloramento: exposição de rocha na superfície terrestre.
Agroecossistema: sistemas ecológicos naturais transformados em espaços de ocupação agropecuária,
de acordo com diferentes tipos de manejos.
Alcalino: meio com PH superior a 7.
Alísio: vento tropical que sopra de regiões orientais na direção do equador.
Aluvião: depósitos sedimentares das planícies de inundação flúvial ou flúvio-lacustre.
Planície fluvial é sinônimo de planície aluvial.
Alveolo: planície de acumulação colúvio-aluvial embutida em superfícies dissecadas.
Ambiente: conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos na biosfera. Os fatores
ambientais são de natureza complexa, incluindo os de natureza abiótica, biótica, social e econômica.
Antrópica: resultante de ações do homem sobre o ambiente.
Aquático: ser que vive na água ou sobre ela.
Aqüicultura: cultura de seres aquáticos em água doce, salgada ou salobra, para fins de alimentação
humana ou com finalidades de experimentação ou industriais. Inclui o cultivo de peixes, moluscos,
crustáceos, dentre outros.
Área de influência: área externa de determinado território, exercendo influência de ordem ambiental
ou socioeconômica.
Área de proteção ambiental (APA): categoria de unidade de conservação pertencente ao grupo de
uso sustentável. Consiste de uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada
de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais, especialmente importantes para a qualidade
da vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade de uso dos recursos
naturais.(BRASIL,2000.Lei 9.985).
Área de preservação permanente: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o
fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (Lei Nº
4.771/65).
Área de relevante interesse ecológico (ARIE): área em geral de pequena extensão, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares
raros da biota regional e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional
ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de
conservação da natureza.
Áreas de acumulação inundáveis: áreas aplainadas, com ou sem cobertura arenosa, sujeitas a
inundações periódicas.
Áreas estratégicas: conjunto de áreas ou zonas que exibem um padrão de qualidade ambiental
satisfatório ou não, a exemplo de setores com biodiversidade conservada ou com sérios problemas de
degradação ambiental.
Arenito: rocha sedimentar detrítica resultante da litificação (consolidação) da areia por cimento de
natureza química.
Aspectos fitofisionômicos: aspectos naturais referentes ao padrão fisionômico da cobertura vegetal.
Assoreamento: acumulação de sedimentos e/ou outros materiais detríticos nos rios, lagos etc.

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208

Atividades: constitui uma manifestação de caráter temporário ou permanente exercido por agentes
públicos ou privados, tais como preservação, conservação ambiental, produção, comercialização,
prestação de serviços, dentre outras.
Atributos ambientais: elementos ou fatores de um sistema ambiental.
Avaliação ambiental: avaliação de impactos e do estado de conservação dos sistemas ambientais.
Bacia hidrográfica: terras drenadas por um rio principal e seus tributários.
Biodiversidade: sinônimo da diversidade biológica, abrange a variabilidade dos seres vivos de todas
as origens, bem como os complexos ecológicos de que fazem parte. A biodiversidade inclui, também,
conforme a resolução CONAMA 12/94, a variedade de indivíduos, comunidades, população, espécies e
ecossistemas existentes em determinada região.
Biótico: componente de ecossistema natural, que inclui os seres vivos. Características biológicas;
referente aos seres vivos.
Biota: comunidades de plantas e animais de uma região, província ou área biogeográfica.
Caatinga: vegetação xerófita do semi-árido brasileiro, do tipo mata espinhosa tropical.
Canais anastomosados: canais de rede de drenagem superficial, dispondo-se com uma configuração
labiríntica.
Cenário desejado: corresponde à trajetória em direção ao desenvolvimento sustentável, antevendo
maior crescimento econômico com redistribuição de renda, além de reformas sociais e políticas.
Orienta-se na direção da sustentabilidade geoambiental, econômico-social, cientifico-tecnológica e
político-institucional (Projeto ARIDAS, 1997).
Cenário tendencial: prognóstico da situação atual, desconsiderando a implementação de medidas de
desenvolvimento sustentável.
Clásticos: materiais sedimentares desagregados ou decompostos.
Compartimentação geoambiental: distribuição geográfica dos sistemas ambientais naturais oriundos
da relação entre o potencial ecológico, exploração biológica e ações antrópicas.
Componentes naturais: conjunto de fatores da natureza referentes às condições geológicas,
geomorfológicas, climáticas, hidrológicas, pedológicas e bioecológicas.
Condições litoestratigráficas: seqüência de formações geológicas de uma região.
Condições morfopedológicas: distribuição associada do relevo e dos solos de uma região.
Condições de ocupação: condições ou atividades e emprendimentos que se assentam ou têm
possibilidades de se implantarem em um determinado sistema ambiental.
Conservação: manejo adequado da biosfera ou de um sistema ambiental, compreendendo a
preservação, manutenção, restauração, melhoria da qualidade ambiental, utilização sustentável dos
recursos naturais.
Conservação da natureza: manejo adequado dos recursos naturais e dos sistemas ambientais,
abrangendo a preservação, manutenção, utilização sustentável, restauração e recuperação do ambiente
natural. Visa-se a alcançar o maior beneficio em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres
vivos em geral (Lei Nº9.985/00).
Cronoestratigrafia: distribuição das formações geológicas, por idade.
Degradação ambiental: alteração adversa das características do meio físico natural.
Depressão: superfície topográfica situada abaixo das regiões que lhes estão próximas.
Derivação ambiental: alterações dos componentes físico-naturais e dos processos desenvolvidos no
meio ambiental.
Desenvolvimento: aumento da capacidade de suprimento das necessidades e da melhoria da qualidade
de vida.
Ecodinâmica: enfoca as relações recíprocas entre os componentes naturais e a dinâmica dos fluxos
de energia e matéria no meio ambiente, conforme Tricart (1977). Com base no balanço entre
processos morfogenéticos e pedogenéticos, desenvolvem-se ambientes dotados de maior ou menor
estabilidade.

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209

Ecologia da paisagem: ramo da ecologia que classifica a estrutura e estuda processos e padrões
ecológicos ocorrentes em escala de paisagem.
Ecossistema: conjunto integrado de fatores abióticos e bióticos que caracterizam um ambiente com
dimensões variadas. É a unidade funcional básica da ecologia.
Edáfico: relativa a solos e sua capacidade de produção agrícola.
Efluentes: águas de esgotos (domésticos ou industriais) despejadas nas águas costeiras.
Embasamento cristalino: domínio estrutural constituído de rochas muito antigas (Pré-Cambriano).
Empreendimento: toda e qualquer ação ou atividade pública ou privada, com objetivos sociais e
econômicos específicos.
Endemismo: área geográfica que abriga espécies não naturalmente encontradas em nenhum outro
lugar.
Entorno: área que circunscreve um território que tem limites estabelecidos.
Equilíbrio ecológico: estado de equilíbrio entre os diversos fatores que compõem o ecossistema.
Estabilidade: capacidade de um ecossistema de resistir ou responder às contingências abióticas sem
alterar substancialmente sua estrutura comunitária ou seus balanços de material ou energia.
Extrativismo: sistema de exploração dos bens naturais com base na coleta e na extração desses
recursos..
Feições morfogenéticas: distribuição das formas de relevo conforme a origem.
Fragilidade do sistema natural: grau de capacidade de ajustamento do sistema à situação de variáveis
externas independentes, que produzem respostas complexas. É, também, o inverso da capacidade que
a paisagem tem de absorver possíveis alterações sem perda de qualidade. Assim, quanto for maior esta
capacidade, menor será a fragilidade.
Foz (desembocadura): saída ou ponto de descarga de um curso fluvial.
Geofácies: unidade natural homogênea dentro de um geossistema.
Geológica: referente à geologia de uma região.
Geomorfológica: referente à geomorfologia de uma região.
Gestão ambiental: condução, proteção, controle do uso dos recursos naturais, por meio de instrumentos
variados, requerendo gestão compartilhada pelos diversos agentes envolvidos na atividade.
Glacis: superfície topográfica com taludes suaves de fraco declive.
GPS - Global Position System: sistema eletrônico de navegação baseado em uma rede satélites que
permite a localização instantânea e precisa de qualquer ponto ou coordenada geográfica.
Hidroclimática: característica ligada às condições hidrológicas e climáticas de uma região.
Hidrogeológicos: referentes às águas subterrâneas.
Impacto ambiental: todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente, no todo ou em parte,
o território.
Inselberg: forma de relevo residual decorrente da erosão diferencial.
Limnologia: estudo científico de corpos de água doce, principalmente de lagos e lagoas.
Maciços residuais: níveis elevados de serras dispersas na depressão sertaneja.
Manejo: ato de intervir ou não no meio natural, com base em conhecimentos técnico-cientificos,
visando a promover e garantir a conservação da natureza.
Medidas compensatórias: medidas destinadas a compensar impactos ambientais negativos, tais
como alguns custos sociais que não podem ser evitados ou o uso imprescindível de recursos naturais
renováveis.
Medidas mitigadoras: medidas destinadas a prevenir ou reduzir a magnitude de impactos ambientais
negativos.
Medidas preventivas: medidas destinadas a prevenir a degradação de um componente de meio físico-
biótico ou de um sistema ambiental.

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210

Meio ambiente: conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (Lei 6.938/78).
Meios ecodinâmicos: categorias de ambientes que têm maior ou menor estabilidade natural.
Modelado: aspectos morfológicos da superfície natural.
Monitoriamento ambiental: coleta de medidas ou observações sistemáticas em uma série têmporo
espacial, de qualquer componente ou atributo ambiental que forneça amostra representativa do
ambiente.
Morfodinâmica: referente aos processos externos modeladores da superfície topográfica.
Padrões de paisagens: tipos de paisagens naturais que se esboçam em um ambiente.
Paleoclima: clima de épocas passadas, cujas principais características podem ser inferidas, por exemplo,
a partir de evidências geológicas, geomorfológicas (paleoformas) e bioecológicas.
Parcelamento de solo: divisão de uma gleba em unidades independentes.
Pedogênese: referente à origem do solo.
Pedológica: referente aos solos ou tipos de solos.
Pedimentos: forma de relevo oriunda do recuo de vertentes resultando encostas de declive fraco
ligando dois planos altimétricos diferentes.
Pediplano: planuras formadas pelas justaposições de glacis; é uma superfície inclinada. São grandes
superfícies de erosão modeladas nos climas áridos quentes e semi-áridos, como a depressão
sertaneja.
Planície: área plana resultante da acumulação de sedimentos.
Poluição: degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente
(Lei nº 6.938/78):
- prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
- criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
- afetem desfavoravelmente a biota;
- afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
- lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais.
Poluidor: pessoa física ou jurídica, de direto público ou privado, responsável, direta ou indiretamente,
por atividade causadora de degradação ambiental (Lei 6.938/78).
Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção, em longo prazo,
das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a
simplificação dos sistemas naturais (Lei nº 9.985/00).
Processos morfogenéticos: processos modeladores que dão origem ao relevo.
Processos pedogenéticos: processos responsáveis pela origem e evolução dos solos.
Proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência
humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais (Lei nº 9.985/00).
Qualidade ambiental: juízo de valor atribuído às condições qualitativas positivos de meio ambiente.
Recuperação: reconstituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma
condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original (Lei n° 9.985/00).
Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar
territorial, o solo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora (Lei nº 6.938/78).
Restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo
possível da sua condição original (Lei n.º 9.985/00).
Sistema ambiental: espaço decorrente da combinação integrada do conjunto de componentes físico-
bióticos do ambiente.
Sistema de informação geográfica – SIG: sistema baseado em computador, que permite ao usuário
coletar, manusear e analisar dados georeferenciados. Um SIG pode ser visto como a combinação de
hardware, software, dados, metodologias e recursos humanos, que operam de maneira harmônica
para produzir e analisar informação geográfica.

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211

Tabuleiro: forma topográfica de terreno que se assemelha a baixos planaltos, terminando geralmente
de forma abrupta. No Nordeste brasileiro, os tabuleiros aparecem, de modo geral, em toda a costa.
Tipos litológicos: referentes aos tipos de rochas de uma região.
Unidades geossistêmicas: unidades naturais que integram os fatores da natureza.
Uso do solo: resulta do conjunto das atividades humanas praticadas em parte ou no conjunto de espaço
de abrangência de um projeto.
Variáveis geoambientais: conjunto de componentes naturais de origem biótica ou abiótica.
Visão holístico-sistêmica: visão integrada da natureza que considera todo o conjunto de componentes
naturais e de processos que operam em um ambiente.
Zoneamento: definição de setores ou zonas destinadas às diversas modalidades de uso de solo.
Zoneamento ambiental: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos
de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que
todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de modo harmônico e eficaz (Lei 9.985/00).
Zoneamento ecológico-econômico: é um instrumento político e técnico de planejamento, cujos
estudos visam a promover o uso sustentável do território. Para isso, estuda as potencialidades e
limitações ambientais. O programa ZEE visa a fornecer subsídios para planos, programas e projetos
de governo, considerando as interações das questões socioeconômicas com o ambiente no qual elas
estão inseridas.

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212

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB’SABER, A. N. O caráter diferencial das diretrizes para uso e preservação da natureza, a nível
regional no Brasil – 11. São Paulo: Instituto de Geografia da USP, 1977a. (Geografia e Planejamento n. 30).
_________.Problemática da desertificação e da savanização no Brasil Intertropical, São Paulo:
Instituto de Geografia da USP, 1977b. (Geomorfologia, n. 53).
_________.O domínio morfoclimático Semi-Árido das Caatingas brasileiras. São Paulo, Instituto de
Geografia da USP, 1974. Geomorfologia, n. 43
_________.Os domínios morfoclimáticos da América do Sul: primeira aproximação. São Paulo,
Instituto de Geografia da USP, 1977. 23pp,
ANTUNES, P. B. Direito ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.
ARAÚJO FILHO, J. A. de Manipulação da vegetação lenhosa da caatinga para fins pastoris. Sobral:
EMBRAPA /CNPC, 1992. 18p.
AURICCHIO. P. Primatas do Brasil, São Paulo: Terra Brasilis, 1995. 168 p.
BARBOSA, G. V. : PINTO, M. N.- Geomorfologia. In: BRASIL. Departamento Nacional de Produção
Mineral. Projeto RADAM, FOLHA SA.23 São Luís e parte da FOLHA SA.24 Fortaleza. Rio de Janeiro:
DNPM, 1973. v. 3.
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CAATINGA E SERRAS ÚMIDAS DO ESTADO DO CEARÁ
(DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO)

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