Você está na página 1de 2

I Avaliação da Disciplina Introdução à Literatura

Portuguesa- Seminário

Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Letras


Profª:Sabrina Sedlmayer

Nome do aluno (a): Kalinka Carmo Campos Lopes Batista


Número de matrícula: 2015130432

1. Escreva um texto, amparado no ensaio crítico “Onde a terra se acaba e o mar


começa: imagens de centro e de periferia”, de Margarida Calafate Ribeiro, discutindo
os principais argumentos históricos, culturais e literários que fizeram com que a
identidade portuguesa se sentisse em alguns momentos como “centro” outros como
“periferia”. Na sua resposta, marque a posição de Os lusíadas como discurso
fundador.

Portugal foi o império das grandes navegações, e por todas as suas conquistas foi
estabelecida uma posição de centro do imperialismo. Com as grandes navegações o
país se tornou o grande desbravador da Europa. A Literatura de Camões transporta
Portugal para longe da periferia geográfica de “porto da Europa”. A navegação foi
uma porta de saída para Portugal se erguer dentro do imaginário de nação e império.

“Onde a terra se acaba e o mar começa”

Em “Os Lusíadas”, Luis de Camões busca destacar os feitos históricos lusitanos


utilizando da épica para ilustrar esses eventos. A partir dos poemas, o autor de “Os
Lusíadas” esquematiza a cultura e as características de Portugal através de
consagrados episódios históricos de seu povo, era uma forma revolucionária de
observar e experimentar o mundo que cercava o povo português quando se fala de
protagonismo, para através da história dessas batalhas “consumar” toda a glória de
Portugal como nação desbravadora.

Observando também pela ótica de Margarida Calafate, no capítulo intitulado


“Portugal e a imagem de centro”, “Os Lusíadas” são assumidos como:

“o discurso fundador da identidade de uma pátria em expansão”


“símbolo da gloriosa voz onde a imagem nacional e a imagem imperial se fundem”
(RIBEIRO. Margarida Calafate. Uma História de Regressos: Império, Guerra
Colonial e Pós-Colonialismo. Rio de Janeiro: Mobile,22-84 /p. 40)
Ao que corresponde às “imagens de Portugal imaginando o centro”, destaca-se a
expedição do rei D. Sebastião a Marrocos e a derrota de Alcácer-Quibir, que depois
foi abraçada pelo povo português como uma profecia do Rei que retornaria à sua terra
e devolveria toda sua glória.

Segundo a autora, é este episódio que traz “o maior fantasma e a maior fantasia da
mitologia portuguesa” e nele se concentra “a mais profunda imagem de Portugal
como periferia — na imagem da nação chegada ao fim — e a mais exorbitante
imagem de centro, pela possibilidade de reimaginar a nação desejada,
consubstanciada na miragem de `voltar a ser'” (RIBEIRO. Margarida Calafate.
Uma História de Regressos: Império, Guerra Colonial e Pós-Colonialismo. Rio
de Janeiro: Mobile,22-84p. 41).

É uma evidência que a identidade cultural de um país se consolida com o passar do


tempo e se fortalece com as marcas que nela vão sendo transpostas por suas
conquistas, suas batalhas, e também por outras culturas, sem esquecer que no coletivo
sempre é importante relevar a identidade de cada um.

A partir da queda do império português e fuga da Família Real para o Brasil, Portugal
é reduzido à periferia, pois perde forças e não consegue se sustentar ficando à margem
de outros países, assumindo um lugar de insignificância na Europa, que passou a ter a
Inglaterra como grande liderança.

Existe uma imagem de centro que é construída por Portugal, internamente como
império. É como Portugal se enxerga, no entanto, Portugal é colocado como periferia
da Europa, reduzido à histórias e o que restou delas. Com a perda da independência
nacional, Portugal perdeu a sua nobreza e poder, tornando- se um alvo fácil para as
potências imperiais emergentes. Portugal existia por ser império, por ele era centro,
mas com a ruína do império Portugal é “rebaixado” à periferia.

Os Lusíadas pode ser considerado o discurso fundador da identidade portuguesa


quando pensamos na obra como instrumento de inclusão do povo português e suas
conquistas como objeto de protagonismo. O percurso construtivo da identidade
portuguesa entendida como aquilo que consagra a existência de um núcleo de
características constantes que conduz à glória de Portugal.

Você também pode gostar