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Centro Estadual de Disseminação de Evidências em Saúde do COVID-19 da Secretaria

Estadual da Saúde do Estado da Paraíba (CEDES)


Recomendações sobre indicação de Tomografia Computadorizada nos pacientes
suspeitos de COVID-19

Nos últimos dias, ocorreu a progressão dos casos de coronavírus (COVID-19) no


mundo inteiro; no Brasil, o aumento de 105% nas últimas 48 horas, demonstrou a
importância do isolamento social e medidas de controle. Nas unidades hospitalares,
pelo cenário da pandemia do COVID-19, situação inédita no país, houve um acréscimo
significativo nas solicitações de exames radiológicos dos pacientes suspeitos da infecção
por COVID-19. As análises mostram que exames de alta complexidade, Tomografia
Computadorizada (TC) de tórax é solicitado rotineiramente, mesmo nos casos de
sintomáticos respiratórios leves nos diversos hospitais do Brasil.
Considerando as recomendações do Colégio Americano de Radiologia em
relação a propedêutica radiológica nas suspeições de infecções por COVID-19,
determinados fatores devem ser analisados para determinar a solicitação de exames de
imagem (tabela 1).

Tabela 1. Fatores determinantes para avaliação de imagem na suspeição de COVID-19

- Na China, foi realizado uma análise sistemática por radiologistas experientes dos exames de imagem
dos indivíduos sintomáticos respiratórios. A TC de tórax apresentou alterações significativas, mesmo
em pacientes com teste negativo para COVID-19. Desta forma, outras doenças respiratórias,
bacterianas e virais, podem causar alterações tomográficas. A TC foi considerado um exame
inespecífico para os pacientes negativos para COVID-19.
- O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) não recomenda TC ou RX para diagnóstico de
COVID-19; o teste viral é o único método específico de diagnóstico.
- O diagnóstico de COVID-19 é realizado através da análise de amostras do trato respiratório superior
(swabs nasofaríngeo e orofaríngeo) ou do trato respiratório inferior.
- Os achados de imagem nos exames dos pacientes com COVID-10 não são específicos da doença, e se
sobrepõem a outras infecções, tais como influenza, H1N1, SARS, MERS.
- O Hemisfério Sul encontra-se também em surto de influenza, inclusive, com maior quantidade de casos
quando comparados com COVID-19.
- Após a realização de exames de imagem de pacientes com suspeitas de COVID-19, o ambiente deverá
ser submetido a limpeza e descontaminação, cujos profissionais devem possuir equipamentos de
proteção individual adequados. O tempo médio desta descontaminação é de 2 horas. Neste período, o
Centro de Diagnóstico de Imagem deverá suspender todas as atividades.
; Fonte: Journal of the American College of Radiology, 2020.

-
Com base em todas as citações previamente citadas (tabela 1), o Colégio Americano
de Radiologia recomenda uma séria de avaliações a serem consideradas antes da
solicitação de exames de imagem mais complexos, como a Tomografia
Computadorizada de Tórax (TC), conforme visualizado na Tabela 2.

Tabela 2. Recomendações de uso de métodos de imagem, para avaliação torácica, em


pacientes suspeitos de infeção pelo COVID-19

- A TC de tórax não deve ser utilizada para rastreamento da doença e pacientes assintomáticos ou
como diagnóstico inicial de COVID-19;
- A TC de tórax deve ser pode ser utilizada em pacientes com critérios de gravidade, hospitalizados ou
com sinais de alarme;
- A TC de tórax também está indicada na avaliação de complicações e pesquisa de diagnósticos
diferenciais (tromboembolismo, sobreposição de infecção bacteriana, presença de coleções pleurais);
- Os médicos radiologistas dos diversos serviços hospitalares devem se aperfeiçoar, através de cursos
oferecidos pelas entidades médicas, em relação a interpretação dos exames de tórax dos pacientes
com COVID-19;
- A TC de tórax sem alterações ou anormalidades não exclui infecção por COVID-19; da mesma forma, a
TC com alterações significativas, também não é específica para infecção por COVID-19.
- A avaliação radiológica do tórax por suspeita de complicações pulmonares, deve privilegiar o uso de
aparelho portátil, pois pode esclarecer a maior parte dos quadros e estas máquinas podem ser
facilmente higienizadas; ainda evita-se a necessidade de transportar pacientes em direção ao setor de
imagem.
- Quando indicada, o protocolo é uma TC de alta resolução, preferencialmente, com baixa dose. O uso
de meio de contraste endovenoso, em geral, não está indicado.
; Fonte: Journal of the American College of Radiology, 2020.

A TC de tórax normal não exclui o diagnóstico de COVID-19. Os achados


tomográficos mais frequentemente observados na doença não são específicos,
podendo ocorrer, por exemplo, em outras pneumonias virais ou outras pneumopatias.
Ou seja, opacidade em vidro fosco não é patognomônico para o diagnóstico de COVID-
19.
A opacidade em vidro fosco é um aumento da atenuação que aparece em uma
variedade de processos intersticiais e alveolares com preservação das margens
brônquicas e vasculares, enquanto a consolidação é uma área de opacificação que
obscurece as margens dos vasos e paredes das vias aéreas.
Tabela 3. Principais achados na TC de tórax de pacientes com COVID-19

- Mais comuns: o Vidro fosco puras


o Opacidades em vidro fosco + espessamento de
septos inter/intralobulares
o Opacidades em vidro fosco + pequenos focos de
consolidação
o Consolidações alveolares com broncogramas
aéreos

- Distribuição das o Geralmente bilateral, envolvendo vários lobos


alterações pulmonares (frequente)
o Predomínio periférico (frequente)
o Leve predileção pelas regiões posteriores e
lobos inferiores

- Achados raros o Nódulos, cavidades, linfonodomegalias,


derrame pleural – considerar outros
diagnósticos

Referências

1. Kim, H. Outbreak of novel coronavirus (COVID-19): What is the role of radiologists? Eur
Radiol (2020). https://doi.org/10.1007/s00330-020-06748-2
2. Essentials for Radiologists on COVID-19: An Update—Radiology Scientific Expert Panel.
Radiology, Fev 2020, https://doi.org/10.1148/radiol.2020200527
3. https://www.acr.org/Advocacy-and-Economics/ACR-Position-
Statements/Recommendations-for-Chest- Radiography-and-CT-for-Suspected-COVID19-
Infection
4. Huang C, Wang Y, Li X, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel
coronavirus in Wuhan, China. Lancet 2020 January 24 (Epub ahead of print), doi:
10.1016/S0140-6736(20)30183-5.

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