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Apostila CNPI Exame CB

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A Eu me banco nasceu da percepção do até então especialista de investimentos e hoje


nosso CEO, Fabio Louzada, de que havia um grande gap no mercado na preparação prá-
tica dos profissionais de investimentos. Entendemos que a certificação é relevante, mas
não transforma.

Em parceria com seu pai, Paulo Louzada, profissional com mais de 30 anos de atuação
no Bradesco, e sua esposa, Francielly Vieira Louzada, que atuava no Private do Bradesco,
fundou a escola Eu Me Banco em março de 2019.

Em 2020, juntou-se à sociedade um dos maiores especialistas estudiosos do mercado


financeiro e carreiras do Brasil, Ronaldo Cerqueira, com história construída nas maiores
instituições financeiras privadas do país. No ano seguinte, em 2021, Bruno Piacentini e
Henrique Garcia somaram suas expertises ao rol de sócios.

Hoje, impactamos vidas e instituições financeiras, e estamos conectados com mais de


350 mil pessoas nas redes sociais!

*Somando os perfis dos sócios e da Eu Me Banco no Instagram, YouTube e LinkedIn.


SUMÁRIO
MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.............................................. 08
1. Órgãos de regulação e fiscalização: principais atribuições............................ 08
1.1 Conceitos básicos do Sistema Financeiro Internacional e Nacional.......................08
1.2 Órgãos do Sistema Financeiro Nacional...................................................................13
1.3 Participantes do Sistema Financeiro Nacional.........................................................19
2. Clearings e sistemas................................................................................. 22
2.1 Desenho do novo SPB: conceitos..............................................................................22
2.2 Clearings.....................................................................................................................24
3. Questões | Módulo 01................................................................................ 26

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS............................................................. 30


1. Conceitos básicos de finanças corporativas................................................. 30
2. Bolsas e mercado de balcão organizado...................................................... 42
2.1 B3: ativos negociados e características.....................................................................44
2.2 Operações em bolsa...................................................................................................44
2.3 Tipos de operação......................................................................................................45
2.4 Índices de ações.........................................................................................................46
3. Ações: conceitos e operacionalidade.......................................................... 47
3.1 Ações preferenciais e ordinárias................................................................................47
3.2 Controle e acordo de acionistas................................................................................51
3.3 RCA, ADR e BDR: definição e características.............................................................53
3.4 Remuneração do acionista........................................................................................55
3.5 Recompra de ações e direito de retirada...................................................................56
3.6 Direito dos minoritários de ações ordinárias e preferenciais..................................56
3.7 Tributação para ganho de capital em operações com ações...................................56
4. Debêntures e notas promissórias............................................................... 57
4.1 Definição, características e garantias........................................................................57
4.2 Tipos de debêntures..................................................................................................58
4.3 Negociação com debêntures e notas promissórias..................................................58
4.4 Agente fiduciário e assembleia de debenturistas.....................................................59
4.5 Bônus de subscrição: definição e características.....................................................59
4.6 Tributação em operações com debêntures, notas promissórias ou bônus de subscri-
ção.....................................................................................................................................59
5. Regulamentação societária....................................................................... 60
5.1 Companhias abertas e fechadas................................................................................60
5.2 Abertura de capital.....................................................................................................60
5.3 Ofertas públicas..........................................................................................................61
5.4 Papel do coordenador da oferta e demais instituições envolvidas.........................61
5.5 Tipos de oferta............................................................................................................62
5.6 Fechamento de capital e oferta de compra de ações – OPA....................................63
5.7 Recuperação judicial..................................................................................................64
6. Rating..................................................................................................... 64
6.1 Conceitos....................................................................................................................64
6.2 Agências de rating e suas funções.............................................................................64
6.3 Tipos de rating ...........................................................................................................65
7. Fundos de investimento............................................................................ 67
7.1 Conceitos e tipos de fundos.......................................................................................67
7.2 Administração de recursos de terceiros....................................................................76
8. Questões | Módulo 02................................................................................ 78

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA........................................................ 85


1. Matemática financeira da renda fixa .......................................................... 85
Regimes de capitalização: contínua e descontínua.......................................................85
1.1 Juros simples versus juros compostos: valor futuro e valor atual...........................85
1.2 Taxas equivalentes e taxas proporcionais.................................................................86
1.3 Taxa nominal e taxa real ............................................................................................87
1.4 Taxa interna de retorno e comparação com valor presente.....................................88
2. Estatística básica...................................................................................... 89
2.1 Medidas de retorno: média aritmética e geométrica...............................................89
2.2 Medidas de dispersão: variância e desvio padrão....................................................89
2.3 Cálculo da correlação e covariância..........................................................................90
3. Títulos de renda fixa................................................................................. 91
3.1 Títulos públicos: características, mercados primário (leilões) e secundário..........91
3.2 Canais de distribuição e Tesouro Direto....................................................................92
3.3 Títulos privados: CDB, LC e LH...................................................................................92
3.4 Marcação a mercado: metodologia e curva do papel..............................................93
3.5 Precificação de títulos................................................................................................93
3.6 Estrutura a termo.......................................................................................................93
3.7 Noções de duration....................................................................................................94
3.8 Tributação...................................................................................................................94
4. Questões | Módulo 03................................................................................ 95

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS..................................................... 100


1. Aspectos gerais sobre a negociação, função econômica e conceituação do merca-
do de derivativos......................................................................................... 100
2. Definições dos principais contratos negociados........................................... 100
2.1 Contratos a termo......................................................................................................100
2.2 Contratos futuros.......................................................................................................101
2.3 Contratos de opções..................................................................................................102
2.4 Contratos de swaps....................................................................................................104
3. Participantes dos mercados....................................................................... 105
3.1 Hedgers.......................................................................................................................105
3.2 Especuladores............................................................................................................105
3.3 Arbitradores................................................................................................................106
3.4 Captadores/aplicadores de recursos (operações de tesouraria).............................106
3.5 Market makers............................................................................................................106
3.6 Manipuladores............................................................................................................106
4. Questões | Módulo 04................................................................................ 107

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS.......................................................... 112


1. Definições de natureza econômica............................................................. 112
1.1 Base monetária..........................................................................................................112
1.2 Balanço de Pagamentos e regimes cambiais............................................................113
1.3 Dívida interna e externa.............................................................................................114
1.4 Superávits primário e nominal (contas do setor público)........................................115
1.5 Indicadores de atividade econômica........................................................................115
1.6 Contas nacionais........................................................................................................116
1.7 Conceito de microeconomia e macroeconomia básica...........................................117
2. Índices de preços...................................................................................... 118
3. Índices de referência................................................................................. 119
4. Questões | Módulo 05................................................................................ 122

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO.............................................. 128


1. Princípios éticos....................................................................................... 128
1.1 Código de conduta.....................................................................................................128
1.2 Conflitos de interesse.................................................................................................129
1.3 Risco de imagem........................................................................................................129
2. Relacionamento com clientes, lavagem de dinheiro e uso de informação privile-
giada.......................................................................................................... 130
2.1 Manejo e divulgação de informações privilegiadas..................................................130
2.2 Segregação de atividades..........................................................................................131
2.3 Crime de lavagem de dinheiro...................................................................................131
2.4 Relacionamento da instituição com o cliente...........................................................132
3. Regulação e autorregulação do analista de valores mobiliários.................... 134
3.1 Normas de conduta, responsabilidade e vedações à Resolução CVM n.º 20..........134
3.2 Fiscalização e supervisão da atividade.....................................................................135
4. Questões | Módulo 06................................................................................ 140

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES....144


1. Governança corporativa............................................................................ 144
2. Relação com investidores: princípios e práticas........................................... 146
3. Questões | Módulo 07................................................................................ 148

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA

CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS..................................... 150


1. Evolução das questões ASG no ambiente corporativo................................... 150
1.1 Principais desafios socioambientais e de governança.............................................150
1.2 Conceitos de responsabilidade corporativa.............................................................151
1.3 Drivers de risco e oportunidades de negócio............................................................151
2. Integração ASG no mercado de investimentos............................................. 152
2.1 Os princípios para o investimento responsável........................................................152
2.2 Acordos voluntários e iniciativas da indústria de investimento..............................153
2.3 Índices de sustentabilidade.......................................................................................153
2.4 Regulação das questões ASG.....................................................................................153
2.5 Resoluções e Instruções (Resolução 4.661/2018, 4.327/2014, Instrução CVM 552/2015,
586/2017)..........................................................................................................................153
2.6 Estratégia de investimento responsável...................................................................154
3. Questões | Módulo 08................................................................................ 155
MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS..................................................... 160
Módulo 01 | Sistema Financeiro Nacional........................................................ 160
Módulo 02 | Mercado de capitais.................................................................... 160
Módulo 03 | Mercado de renda fixa................................................................. 161
Módulo 04 | Mercado de derivativos............................................................... 163
Módulo 05 | Conceitos econômicos................................................................. 163
Módulo 06 | Conduta e relacionamento.......................................................... 164
Módulo 07 | Governança corporativa e relacionamento com investidores.......... 165
Módulo 08 | Integração de questões ambientais, sociais e de governança corporativa
(ASG) à análise de investimentos................................................................... 165
8 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


1. ÓRGÃOS DE REGULAÇÃO E FISCALIZAÇÃO: PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES
O sistema financeiro é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores.

Os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema. As entidades
supervisoras trabalham para que os integrantes do sistema financeiro sigam as regras definidas pelos
órgãos normativos. Os operadores são as instituições que ofertam serviços financeiros, no papel de
intermediários (fonte: Bacen).

Neste capítulo vamos apresentar os agentes normativos e supervisores que integram o mercado e suas
principais atribuições.

1.1 Conceitos básicos do Sistema Financeiro Internacional e Nacional

✓ Sistema Financeiro Internacional - SFI

O Sistema Financeiro Internacional consiste em um conjunto de convenções, regras e acordos firmados


entre países.

Como as relações entre países acontecem a partir de transações econômicas em ordem monetária,
existe a necessidade de estabelecer instrumentos de pagamentos.

De maneira geral, podemos dizer que as diversas ordens monetárias abordam os seguintes pontos:

I. Definição dos participantes;


II. Regras para os ajustes dos balanços de pagamentos dos países-membros;
III. Padrão monetário;
IV. Relação entre as várias moedas dos países participantes;
V. Tipo de câmbio (fixo ou flutuante);
VI. Convertibilidade entre as moedas;
VII. Liquidez internacional;
VIII. Financiamento dos desequilíbrios dos balanços de pagamentos;
IX. Criação de instituições tutelares.

Podemos descrever a evolução do Sistema Financeiro Internacional no século XX em três principais


fases: o padrão-ouro, o padrão-dólar e o padrão dos direitos especiais de giro.

- Padrão-ouro

Nesta fase o valor da moeda era diretamente ligado ao ouro, sendo permitido, sem im-
plicações, a importação e exportação desse metal. Vigorou entre 1816 e 1933, período no
qual os países-membros fixavam uma quantidade específica de ouro pela qual sua moeda
podia ser livremente convertida por meio de seus bancos centrais.

8 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 9

O sistema de padrão-ouro foi suspenso em 1934, pelo colapso do comércio internacional e


dos fluxos financeiros à medida em que os países levantavam barreiras tarifárias e coloca-
vam restrições de fluxos de capital.

- Padrão-dólar (sistema de Bretton Woods)

A conferência de Bretton Woods, que contou com a participação de 45 países, foi realiza-
da para definir a nova ordem econômica após a Segunda Guerra Mundial. No encontro, o
padrão escolhido foi o padrão-dólar, conhecido também como padrão monetário interna-
cionalmente puro.

Neste padrão, as taxas de conversão passaram a ser fixas, com possibilidade de ajustes
somente quando necessário.

O padrão-dólar funcionou com sucesso até os anos 1960. Na década seguinte, apresentou
problemas que fizeram os Estados Unidos levar o mundo a implementar o Acordo Smith-
soniano, em 1971, que defendia a livre concorrência do mercado sem a intervenção do
estado.

- Padrão dos direitos especiais de giro (DEG)

Com a especulação contra o dólar dos Estados Unidos em 1973, e a crise do petróleo em
1976, o Grupo dos 201 se reuniu e definiu o Acordo da Jamaica, que tem como principais
características:

I. Liberdade de eleição do regime da taxa de câmbio (fixo ou flutuante);


II. Desmonetização do ouro como moeda de reserva, substituindo-o pelos direitos espe-
ciais de giro e apoio moderado aos países em desenvolvimento com problemas de balan-
ço de pagamentos.

Atualmente, o Sistema Financeiro Internacional possui como base um tripé bem definido por mais de
180 países, sendo constituído pelo Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e diversos
bancos centrais em todo o mundo.

O Banco Mundial teve origem durante a Segunda Guerra Mundial, em Bretton Woods, no estado de
New Hampshire (EUA). Inicialmente, seu principal papel era auxiliar na reconstrução da Europa após a
guerra. Apesar do trabalho de reconstrução ser uma atividade importante do Banco Mundial, hoje seu
foco de atuação é a redução da pobreza no mundo em desenvolvimento.

Dedicado ao auxílio de países e pessoas mais pobres, o Banco Mundial utiliza recursos financeiros pró-
prios, conta com profissionais treinados e ampla base de conhecimento para ser uma poderosa fonte
de assistência.

1 Grupo dos 20: fórum de cooperação internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 9


10 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O Banco Mundial ressalta a necessidade de:

I. Investir nas pessoas, especialmente por meio da saúde e da educação básica;


II. Proteger o meio ambiente;
III. Apoiar e estimular o desenvolvimento dos negócios das empresas privadas;
IV. Aumentar a capacidade dos governos para prestar serviços de qualidade com eficiência e
transparência;
V. Promover reformas para criar um ambiente macroeconômico estável conducente a investi-
mentos e a planejamento de longo prazo;
VI. Se dedicar ao desenvolvimento social, inclusão, boa governança e fortalecimento institucio-
nal como elementos essenciais para a redução da pobreza.

Outra atribuição do Banco Mundial é ajudar os países a atrair e reter investimento privado, oferecendo
grande experiência internacional em diversas áreas de desenvolvimento. O Banco Mundial:

I. É um dos pilares do desenvolvimento social e econômico desde a Segunda Guerra Mundial;


II. É a única agência supranacional de financiamentos com presença e impacto globais;
III. Angaria fundo nos mercados financeiros internacionais para combater a pobreza através do
financiamento de projetos nos países em desenvolvimento;
IV. Ajuda a atrair investimentos privados através de coinvestimentos, garantias e seguros de risco
político;
V. Oferece aconselhamento econômico e técnico aos países-membros.

O grupo do Banco Mundial é constituído por cinco instituições estreitamente relacionadas e sob uma
única presidência: o BIRD, a AID, a IFC, a AMGI e o Ciadi.

- Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD)

Organização internacional que promove cooperação internacional monetária e financeira


e serve como banco para os bancos centrais. O BIRD proporciona empréstimos e assistên-
cia para o desenvolvimento a países de rendas médias com bons antecedentes de crédito.

- Associação Internacional de Desenvolvimento (AID)

Criada em 1960, conta com 164 membros e desempenha um importante papel na missão
do Banco Mundial, que é a redução da pobreza. A assistência da AID é concentrada nos
países mais pobres, aos quais proporciona empréstimos sem juros e outros serviços.

- Corporação Financeira Internacional (IFC)

A IFC proporciona tanto empréstimos quanto participação acionária em negócios nos paí-
ses em desenvolvimento.

10 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 11

- Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI)

A AMGI também proporciona assistência técnica para ajudar os países a divulgar informa-
ções sobre oportunidades de investimento.

- Centro Internacional para Acerto de Disputas de Investimento (Ciadi)

O Ciadi disponibiliza instalações para a resolução (mediante conciliação ou arbitragem) de


disputas referentes a investimentos entre investidores estrangeiros e os seus países anfi-
triões.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização multilateral criada sob os auspícios das
Nações Unidas, na conferência realizada entre 01 e 22 de julho de 1944, na cidade de Bretton Woods,
no estado de New Hampshire (EUA). Seus objetivos são:

I. Estimular a cooperação internacional;


II. Facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio mundial;
III. Promover a estabilidade cambial;
IV. Colaborar para o estabelecimento de um sistema de pagamentos internacionais;
V. Eliminar restrições cambiais.

Outro ponto importante a ser ressaltado é que o FMI tem a função de fornecer empréstimos de úl-
tima instância para países que apresentam déficits nas contas externas decorrentes de conjunturas
internacionais adversas.

Por fim, vamos falar sobre o conceito de centros financeiros, que são cidades especializadas na prestação
de serviços financeiros internacionais, intermediando o fluxo financeiro entre países.

Essa intermediação é feita pelos mercados financeiros e empresas neles instaladas. Os centros finan-
ceiros podem ser classificados de acordo com sua ordem hierárquica, em:

I. Centros financeiros globais: oferecem vários serviços, especialmente nos mercados atacadis-
tas, para uma clientela mundial. Existem três centros financeiros globais: Londres, New York e
Tóquio. Cada um deles é o maior na área de seu fuso horário;
II. Centros financeiros regionais internacionais: prestam serviços financeiros a uma região e fa-
zem a intermediação dos fluxos financeiros dos centros globais e de outros centros regionais e
nacionais. Os principais centros desse tipo são: Amsterdã, Frankfurt, Luxemburgo, Milão, Paris e
Zurique (na Europa); Hong Kong, Singapura, Sydney, Manila, Seul, Shangai e Taipei (na Ásia-Pa-
cífico); Chicago, Boston, Los Angeles e Toronto (na América do Norte);
III. Centros offshore: são centros de comércio internacional que fazem a intermediação entre flu-
xos financeiros com pouca ligação com o sistema financeiro do país em que estão situados. Em
geral, a denominação aplica-se a lugares como as Ilhas Caimã, Bahamas, Antilhas Holandesas e
Ilhas do Canal;

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12 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

IV. Centros financeiros nacionais: atendem necessidades nacionais ou regionais, atuando em


serviços de varejo e comércio bilateral entre a própria economia e outras economias.

✓ Sistema Financeiro Nacional - SFN

É o conjunto de entidades e instituições públicas e privadas, que promovem dois principais serviços.

• (1) Intermediação de recursos

O principal papel do Sistema Financeiro Nacional é ser intermediário entre dois agentes: superavitário
e deficitário.

É considerado um agente superavitário aquele que possui dinheiro em caixa, e que ao pagar suas obri-
gações e honrar seus compromissos ainda dispõe de recursos e busca, assim, rentabilizar seu capital.

O agente deficitário é o oposto. Não possui recursos suficientes para pagar suas dívidas e honrar
compromissos, e necessita, portanto, de recursos de terceiros.

Assim, cria-se a necessidade de intermediadores financeiros para regular a troca de recursos. Dentro
do Sistema Financeiro Nacional existem órgãos normativos, reguladores e operacionais capazes de
realizar esse serviço.

• (2) Gerenciador de recursos

Para realizar a intermediação são necessários diversos recursos, tais como:

I. A existência de um sistema de pagamentos para transferência de recursos e arrecadação de


tributos;
II. O serviço de custódia (guarda) de valores, bens e títulos;
III. A disponibilização de meios de pagamento, tais como cartões de crédito e cheques;
IV. A disponibilização de seguros para as mais diferentes finalidades (automóvel, viagem, vida,
saúde, entre outros).

Fontes deste capítulo

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2019.
Porto Editora – Conferência de Bretton Woods na Infopédia. Acessado em ago. 2021. Disponível em
https://www.infopedia.pt/$conferencia-de-bretton-woods.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

12 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 13

1.2 Órgãos do Sistema Financeiro Nacional

✓ Conselho Monetário Nacional – CMN

O Conselho Monetário Nacional é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional, com-
posto pelo ministro da Economia (que preside o CMN), pelo presidente do Banco Central do Brasil e
pelo secretário especial de Fazenda do Ministério de Economia.

Cabe ao Conselho Monetário Nacional:

I. Estabelecer as diretrizes gerais da política monetária e cambial;


II. Determinar a meta de inflação;
III. Disciplinar o crédito em todas as modalidades;
IV. Regular o valor interno e externo da moeda;
V. Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
VI. Regulamentar as operações de redesconto;
VII. Autorizar as emissões de papel-moeda;
VIII. Ser responsável por fixar medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios econômicos.

✓ Banco Central do Brasil – Bacen

O Banco Central é uma autarquia vinculada ao Ministério da Economia e o principal órgão executivo
do Sistema Financeiro Nacional. O Bacen faz cumprir todas as determinações do CMN e é através dele
que o governo intervém diretamente no sistema financeiro.

A diretoria colegiada é composta por nove membros: 1 presidente + 8 diretores (todos nomeados pelo
presidente da República e sujeitos à aprovação no Senado).

São funções do Bacen:

I. Formular as políticas monetárias e cambiais de acordo com as diretrizes do governo federal;


II. Regular e administrar o Sistema Financeiro Nacional;
III. Emitir papel-moeda;
IV. Administrar o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e o meio circulante;
V. Controlar o fluxo de capitais estrangeiros e receber os recolhimentos compulsórios dos ban-
cos;
VI. Autorizar e fiscalizar o funcionamento das instituições financeiras, punindo-as se for o caso;
VII. Exercer o controle do crédito.

Quando a taxa da inflação fica além do limite estipulado, é dever do presidente do Banco Central divul-
gar em carta aberta ao ministro da Economia os motivos do descumprimento, as providências a serem
tomadas e os devidos prazos.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 13


14 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

✓ Comissão de Valores Mobiliários - CVM

A CVM é uma autarquia federal vinculada ao governo através do Ministério da Economia, administrada
por 1 presidente e 4 diretores (todos nomeados pelo presidente da República).

É um órgão normativo voltado para o desenvolvimento do mercado de títulos e valores mobiliários (que
integra ações, debêntures, bônus de subscrição e opções de compra e venda de mercadorias).

São objetivos da CVM:

I. Estimular investimentos no mercado acionário e assegurar o funcionamento das bolsas de


valores;
II. Fiscalizar a emissão, o registro, a distribuição e a negociação dos títulos emitidos pelas socie-
dades anônimas de capital aberto;
III. Fortalecer o mercado de ações e regular o valor interno da moeda a fim de evitar desequilí-
brios econômicos.

✓ Superintendência de Seguros Privados - Susep

A Susep é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia. É o órgão responsável pelo
controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro.

Compete à Susep:

I. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das Sociedades Segurado-


ras, de Capitalização, Entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade
de executora da política traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP);
II. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua através das ope-
rações de seguro, previdência privada aberta, de capitalização e resseguro;
III. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados.

✓ Superintendência Nacional de Previdência Complementar - Previc

A Superintendência Nacional de Previdência Complementar é uma autarquia de natureza especial,


dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Eco-
nomia, com sede e foro no Distrito Federal.

A Previc é o órgão público que atua na execução de políticas relacionadas aos planos de benefícios
operados pelas entidades fechadas de previdência complementar (mercado de previdência comple-
mentar não aberto ao público) ou seja, regula as organizações administradoras de fundos de pensão.

São as principais competências da Previc:

I. Fiscalizar as atividades das entidades fechadas;


II. Apurar e julgar infrações;
III. Expedir instruções de acordo com o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC);

14 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 15

IV. Autorizar o funcionamento das entidades fechadas;


V. Decretar intervenção e liquidação extrajudicial;
VI. Promover a mediação e a conciliação entre entidades fechadas.

• Agentes especiais ou autoridades de apoio

São considerados agentes especiais ou autoridades de apoio o Banco Nacional de Desenvolvimento


Econômico Social, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil S/A, o Banco da Amazônia, o Banco
do Nordeste do Brasil e o Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

O BNDES é um órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior, e tem como objetivo apoiar empreendimentos que contribuam para o desenvol-
vimento do Brasil. Dessa ação resultam a melhoria da competitividade da economia brasi-
leira e a elevação da qualidade de vida da população.

O BNDES foi criado em 20 de junho de 1952, pela Lei n.º 1.628, como autarquia federal,
dispondo de autonomia administrativa e personalidade jurídica própria. Surgiu da decisão
do governo de executar um plano orgânico de reaparelhamento de serviços básicos de
infraestrutura (transportes ferroviários, energia e portos) que representavam, até então,
fatores de inibição da economia nacional, impedindo a utilização adequada dos meios de
produção e dos recursos naturais.

Como instituição especializada no fomento da atividade econômica do país, o BNDES con-


tribui, com investimentos prioritários, para o desenvolvimento setorial ou regional, segun-
do critérios seletivos próprios.

O objetivo principal dos bancos de desenvolvimento é proporcionar o suprimento oportu-


no e adequado dos recursos necessários ao financiamento, a médio e longo prazo, de pro-
gramas e projetos que visam promover o desenvolvimento econômico e social, conforme
determinação governamental.

Entre as operações ativas e passivas dos bancos de desenvolvimento, incluem-se:

Operações ativas Operações passivas

Depósitos a prazo;
Depósitos interfinanceiros; Depósitos interfinanceiros;
Financiamento de capital fixo; Empréstimos externos;
Financiamento de capital de giro; Empréstimos de instituições financeiras oficiais;
Repasses de empréstimos externos; Operações de crédito ou contribuições do setor pú-
blico;

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 15


16 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Cédulas de debêntures;

Operações de leaseback2; Cédulas hipotecárias;

Operações com títulos e valores mobiliários; Assunção de dívidas;

Aquisição de créditos com coobrigação da cedente; Aluguel de títulos;

Operações com derivativos. Cessão de créditos com coobrigação;

Operações com derivativos.

• O BNDES possui duas subsidiárias que formam o chamado Sistema BNDES:

I. Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame): criada com o objetivo de financiar a


comercialização de máquinas e equipamentos;
II. BNDES Participações (BNDESPAR): criada com o objetivo de possibilitar a subscrição de valo-
res mobiliários no mercado de capitais brasileiro.

Sua atividade é orientada para os seguintes objetivos:

I. Impulsionamento do desenvolvimento econômico, visando estimular o processo de expansão


da economia nacional, a fim de obter um crescimento continuado do PIB;
II. Fortalecimento do setor empresarial nacional, estimulando e propiciando a formação de
grandes empresas nos setores básicos, nos quais as economias de escala têm maior significado,
e apoiando as atividades das pequenas e médias empresas;
III. Atenuação de desequilíbrios regionais, estimulando a formação de novos polos de produção
de significativa importância para o desenvolvimento regional da Amazônia, do Nordeste e do
Centro-Oeste, assegurando tratamento prioritário às iniciativas localizadas nessas regiões;
IV. Promoção do desenvolvimento integrado, com maior inter-relacionamento e integração das
atividades agrícolas, industriais e de serviços, na linha de compreensão de que será maior o di-
namismo econômico com melhor compatibilização das iniciativas nesses segmentos;
V. Crescimento e diversificação das exportações, considerando prioritárias as iniciativas capazes
de contribuir significativamente para esse crescimento;
VI. Fortalecimento do sistema nacional de bancos de desenvolvimento, procurando, como órgão
líder do conjunto formado pelos bancos estaduais de desenvolvimento, o aperfeiçoamento e
fortalecimento de todas essas entidades, assim como certa padronização nos métodos de atua-
ção e integração com os processos, políticas e programas do BNDES, de maneira a caracterizar
perfeitamente o funcionamento de um verdadeiro sistema nacional sob sua liderança.

Na execução de seus programas, o BNDES pratica as seguintes modalidades operacionais:

I. Financiamento direto ou através de agentes: o BNDES atua diretamente no financiamento dos


grandes projetos e basicamente através de agentes nas operações de pequena e média empresa;
II. Prestação de garantia (aval e fiança);
2 Leaseback: no leasing de retorno a empresa vende um ativo operacional de alto valor e o aluga de volta.

16 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 17

III. Participação societária;


IV. Underwriting;
V. Prestação de garantia a vencedores de concorrência de âmbito internacional.

Suas principais fontes de recursos são depósitos, obrigações por empréstimos no país ou no exterior,
recursos repassados para aplicação (fundo de participação no PIS/Pasep) e recursos próprios.

- Caixa Econômica Federal – CEF

Em 12 de janeiro de 1861, através de um decreto do imperador Dom Pedro II, foi criada
a Caixa Econômica e Monte de Socorro. Seu propósito era incentivar a poupança e con-
ceder empréstimos sob penhor, com a garantia do governo imperial. Essa característica
diferenciava a instituição de outras da época, que agiam no mercado sem dar segurança
aos depositantes ou cobravam juros excessivos dos devedores. Desse modo, a Caixa ra-
pidamente passou a ser procurada pelas camadas sociais mais populares, incluindo os
escravos, que podiam economizar para suas cartas de alforria. Assim, desde o início, a
empresa estabeleceu seu foco no social.

O Decreto-lei n.º 759, de 12 de agosto de 1969, constituiu a Caixa Econômica Federal como
instituição financeira, sob a forma de empresa pública do governo federal brasileiro, com
patrimônio próprio e autonomia administrativa com sede em Brasília (DF), e com filiais em
todo o território nacional. É um órgão vinculado ao Ministério da Fazenda do Brasil.

Atualmente, a Caixa Econômica Federal (também conhecida como Caixa Econômica, Cai-
xa ou CEF), como um banco múltiplo, é responsável pela operacionalização das políticas
do governo federal para a habitação popular e saneamento básico, utilizando os recursos
de cadernetas de poupança e depósitos judiciais para o financiamento de habitações por
meio do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Como gestora dos recursos do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), direciona seus recursos para o saneamento e a in-
fraestrutura urbana.

A CEF é o maior banco público da América Latina, focado também em grandes operações
comerciais, mas ainda assim não perdendo seu lado social, uma vez que é centralizadora
de operações como o FGTS, o Programa de Integração Social (PIS) e de habitação popular
(Programa de Arrendamento Residencial – PAR), Carta de Crédito, entre outros.

A Caixa Econômica Federal é também agente pagador do Bolsa Família, programa de


complementação de renda do governo federal, e do seguro-desemprego. Atua ainda no
financiamento de obras públicas, principalmente voltadas para o saneamento básico, des-
tinando recursos a estados e municípios. A Caixa também faz a intermediação de verbas
do governo
federal destinadas ao setor público.

- Banco do Brasil S/A

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 17


18 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O Banco do Brasil é um banco múltiplo que opera em parceria com o governo federal na
execução de serviços bancários.

São suas atribuições:

I. Atuar como autoridade monetária com função de agente financeiro do governo e como
banco comercial;
II. Executar por conta do Bacen a compensação de cheques e outros papéis;
III. Dar execução à política de comércio exterior;
IV. Executar o serviço da dívida pública e os serviços ligados ao Orçamento Geral da União;
V. Executar a política de preços mínimos da atividade agrícola.

- Banco da Amazônia - BASA

O BASA é a principal instituição financeira federal de fomento com a missão de promover


o desenvolvimento da região amazônica. Opera com exclusividade o Fundo Constitucio-
nal de Financiamento do Norte (FNO), que tem como objetivo atender, necessariamente,
empreendimentos que se voltem para o desenvolvimento sustentado, que, comprovada-
mente, harmonize-se com condições ambientais da região.

São suas atribuições:

I. Conceder financiamentos, exclusivamente, aos setores produtivos da região;


II. Ação integrada com instituições federais sediadas na região;
III. Conjugar crédito com a assistência técnica, no caso de setores tecnologicamente ca-
rentes;
IV. Apoiar a criação de novos centros, atividades e polos dinâmicos, notadamente em áreas
interioranas, que estimulem a redução das disparidades intrarregionais de renda, entre
outras desigualdades.

- Banco do Nordeste do Brasil - BNB

Os financiamentos oficiais concedidos pelo BNB têm como funding o Fundo Constitucio-
nal de Financiamento do Nordeste (FNE). Este fundo tem como objetivo financiar os seto-
res produtivos privados, promovendo o desenvolvimento, a geração de emprego e renda e
a modernização da área tecnológica do Nordeste.

É sua atribuição:

I. Conceder financiamento de longo prazo a micro, pequeno e médio empresários, que


preferencialmente atuem nas áreas agroindustrial, mineral, indústria e agropecuária da
região Nordeste.

- Conselho de Recursos do SFN - CRSFN

18 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 19

O CRSFN é um órgão colegiado, de segundo grau, integrante da estrutura do Ministério da


Fazenda, com sede no edifício do Banco Central do Brasil, em Brasília (DF).

É sua atribuição:

I. Julgar, em segunda e última instância administrativa, os recursos interpostos das deci-


sões relativas às penalidades administrativas aplicadas pelo Banco Central do Brasil, pela
Comissão de Valores Mobiliários e pela Secretaria de Comércio Exterior.

Fontes deste capítulo

Bibliografia indicativa Apimec.


PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 7ª edição. São
Paulo: Atlas, 2014.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 19ª edição. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 2013.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

1.3 Participantes do Sistema Financeiro Nacional

✓ Bancos comerciais

Os bancos comerciais são a base do sistema monetário. São intermediários financeiros que recebem
recursos de quem tem (captação) e os distribuem através do crédito seletivo a quem necessita de re-
cursos (aplicação), criando moeda através do efeito multiplicador do crédito.

Com foco em capital de giro, o objetivo destas instituições é fornecer crédito de curto e médio prazo
para pessoas físicas, comércio, indústria e empresas prestadoras de serviços.

✓ Bancos múltiplos

Os bancos múltiplos são instituições financeiras privadas ou públicas que realizam as operações ativas,
passivas e acessórias das diversas instituições financeiras, por intermédio das seguintes carteiras:
comercial, de investimento e/ou de desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil
e de crédito, financiamento e investimento.

O banco múltiplo deve ser constituído com, no mínimo, duas carteiras, sendo uma delas, obrigatoria-
mente, comercial ou de investimento, e ser organizado sob a forma de sociedade anônima.

✓ Bancos de investimentos

São instituições criadas para conceder créditos de médio e longo prazo para empresas. Com foco em
capital fixo, os bancos de investimentos são instituições de natureza privada, reguladas e fiscalizadas
pelo Bacen e pela CVM.

✓ Bancos de desenvolvimento

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 19


20 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras controladas pelos governos estaduais, e têm
como objetivo precípuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários ao
financiamento, a médio e a longo prazo, de programas e projetos que visem a promoção do desenvol-
vimento econômico e social do respectivo estado.
As operações passivas são depósitos a prazo, empréstimos externos, emissão ou endosso de cédulas
hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento
Econômico (TDE).

As operações ativas são empréstimos e financiamentos, dirigidos prioritariamente ao setor privado.


Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima, com sede na capital do estado que detiver
seu controle acionário, devendo adotar, obrigatória e privativamente, em sua denominação social, a
expressão “Banco de Desenvolvimento”, seguida do nome do estado em que tenha sede.

✓ Cooperativas de crédito

Cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada pela associação de pessoas para prestar
serviços financeiros exclusivamente aos seus associados.

Os cooperados são ao mesmo tempo donos e usuários da cooperativa, participando de sua gestão e
usufruindo de seus produtos e serviços.

Os associados têm poder igual de voto independentemente da sua cota de participação no capital social
da cooperativa. O cooperativismo não visa lucros, os direitos e deveres de todos são iguais e a adesão
é livre e voluntária.

Nas cooperativas de crédito, os associados encontram os principais serviços disponíveis nos bancos,
como conta corrente, aplicações financeiras, cartão de crédito, empréstimos e financiamentos.

As cooperativas de crédito são autorizadas e supervisionadas pelo Banco Central, ao contrário dos
outros ramos do cooperativismo, tais como transporte, educação e agropecuária.

✓ Sociedades de crédito imobiliário - SCI

A SCI é um tipo de instituição financeira especializada no financiamento habitacional, integrante do


Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Seu foco é no financiamento para construção de habitações, na
abertura de crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro
a empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção.

Atualmente, em decorrência da sua condição de repassadora, as sociedades de crédito imobiliário têm


atuado de forma mais limitada, voltando-se para operações específicas, como o programa Minha Casa
Minha Vida.

A SCI é constituída na forma de sociedade anônima e é supervisionada pelo Banco Central. Deve constar
de sua denominação social a expressão “Crédito Imobiliário”.

20 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 21

✓ Companhias hipotecárias - CH

As companhias hipotecárias têm por objetivo a concessão de financiamentos imobiliários residenciais


ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou alienação fiduciária de imóveis e repasses
de recursos relacionados a programas imobiliários, além da administração de fundos de investimento
imobiliário.

A CH não recebe depósitos de poupança. Seus recursos provêm, entre outras fontes, de letras hipotecá-
rias, debêntures, empréstimos, financiamentos no país e no exterior e letras de crédito imobiliário (LCI).
Considerada uma instituição financeira, a CH é autorizada e supervisionada pelo Banco Central e re-
gulada não só por esta autarquia, como também pelo Conselho Monetário Nacional. Deve ser consti-
tuída sob a forma de sociedade anônima e a expressão “Companhia Hipotecária” deve constar de sua
denominação social.

✓ Corretoras e distribuidoras

Constituídas sob a forma de S.A., as corretoras de títulos e valores mobiliários (CTVM) e distribuidoras
de títulos e valores mobiliários (DTVM) dependem da autorização da CVM para funcionar.

Estas instituições são especializadas em compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários
por conta ordem e de terceiros. Nelas, os investidores não operam diretamente nas bolsas. Na prática
não há diferença entre CTVM e DTVM.

Corretoras podem:

I. Atuar por conta própria;


II. Dar maior liquidez ao mercado acionário;
III. Administrar fundos e clubes de investimentos;
IV. Intermediar operações de câmbio.

✓ Sociedades de arrendamento mercantil - SAM

Sociedades de arrendamento mercantil ou leasing realizam arrendamento de bens móveis e imóveis


adquiridos por ela, segundo as especificações da arrendatária (cliente), para fins de uso próprio desta.
Assim, os contratantes deste serviço podem usufruir de determinado bem sem serem proprietários.

Embora sejam fiscalizadas pelo Banco Central e realizem operações com características de um financia-
mento, as sociedades de arrendamento mercantil não são consideradas instituições financeiras, mas,
sim, entidades equiparadas a instituições financeiras.

As operações de arrendamento mercantil podem ser divididas em duas modalidades: leasing financeiro
e leasing operacional. A diferença básica é que no leasing financeiro o prazo é usualmente maior e o
arrendatário tem a possibilidade de adquirir o bem por um valor preestabelecido. Ao final do contrato, o
arrendatário tem as opções de efetivar a aquisição do bem arrendado ou devolvê-lo. Ao final do leasing
financeiro, em geral o cliente já terá pagado a maior parte do valor do bem, não sendo a devolução,
embora possível, financeiramente vantajosa.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 21


22 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Fontes deste capítulo

LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.


Banco Central do Brasil - O que é sociedade de arrendamento mercantil?. Acessado em ago. 2021.
Disponível em https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/soc_arrend_merc.asp?frame=1#:~:text=-
Sociedade%20de%20arrendamento%20mercantil%20(SAM,bem%20sem%20serem%20propriet%-
C3%A1rios%20dele.

2. CLEARINGS E SISTEMAS
2.1 Desenho do novo SPB: conceitos

✓ Sistema de Pagamentos Brasileiro - SPB

Em 22 de abril de 2002, foi implantado o novo modelo do Sistema de Pagamentos Brasileiro, que per-
mite transferências de recursos, o processamento e a liquidação de pagamentos para pessoas, empre-
sas, governo, Banco Central e instituições financeiras.

Trata-se de um conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integrados que, por


meio eletrônico, dão suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes econômicos do
mercado brasileiro.

Sua função básica é permitir a transferência de fundos interbancários próprios ou de terceiros que
é feita em tempo real, transferência de recursos financeiros, o processamento e liquidação de paga-
mentos para pessoas físicas, jurídicas e entre governamentais com a consequente redução do risco
sistêmico.

Toda a estrutura de operações e procedimentos do SPB está interligada ao Banco Central, que garante
formas de pagamentos e transferências mais seguras para quem envia e para quem recebe recursos,
como alternativa aos antigos cheques e DOCs que transitam pela Câmara de Compensação. A rapidez
também é uma característica, viabilizando a realização de transferências de recursos em tempo real e
permitindo ao favorecido a utilização quase que imediata do dinheiro recebido.

O SPB funciona a partir da Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN) e suas Infraestruturas do Mer-
cado Financeiro (IMF) - entidades por trás do sistema que garantem a realização das transações finan-
ceiras. No que se refere a pagamentos de cheques e outros papéis, são realizados através da Câmara
de Compensação (Compe) e da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP).

✓ Pix

Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. Através do meio de pagamento criado pelo Banco Central as
transações financeiras são concluídas instantaneamente, 24 horas por dia, sete dias por semana. O Pix
conta com estrutura ampla de participação, possibilitando pagamentos entre instituições distintas,
robustez de mecanismos e medidas para garantir a segurança das transações.

✓ Infraestruturas do Mercado Financeiro - IMF

22 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 23

As IMFs estão sujeitas à confirmação e supervisão do Banco Central do Brasil, que tem como intuito
assegurar estabilidade financeira e adequação do interesse público.

O Bacen é o responsável pela gestão e operação das seguintes IMFs:

I. Sistema de Transferência de Reservas (STR);


II. Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI);
III. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).
✓ Sistemas de pagamento (transferências de fundos)

Os sistemas de pagamentos garantem que as operações, após realizadas, sejam irrevogáveis e concluí-
das de maneira instantânea. Não há a possibilidade de pagamento a descoberto.

✓ Sistema de Transferência de Reservas – STR

Como ponto central do SPB, o Sistema de Transferência de Reservas é responsável pela liquidação final
de todas as obrigações financeiras no Brasil. O STR, regulamentado pela Resolução BCB 105/2021, é
um sistema que faz liquidação bruta em tempo real (LBTR) e liquida transação por transação.

Fonte: Bacen | Sistema de Transferência de Reservas (STR).

✓ Sistema de Pagamentos Instantâneos - SPI

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24 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Trata-se de um sistema com o objetivo único de realizar as liquidações de pagamentos instantâneos


entre instituições diferentes no Brasil.

As operações são liquidadas com lançamentos nas contas de propósito específico que as instituições
participantes diretas do sistema mantêm no Bacen, denominadas Contas Pagamentos Instantâneos
(Contas PI).

Fontes deste capítulo

Banco Central do Brasil - O que é Pix?. Acessado em ago. 2021. Disponível em https://www.bcb.gov.br/
estabilidadefinanceira/pix.
Banco Central do Brasil - Sistema de Transferência de Reservas (STR). Acessado em ago. 2021. Disponível
em https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/str.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

2.2 Clearings

✓ Clearing houses

Uma clearing house realiza o registro, aceitação, compensação, liquidação e gerenciamento do risco
de contraparte de operações do mercado de derivativos financeiros, de commodities e de renda variá-
vel, dos mercados à vista de ouro, de renda variável e de renda fixa privada, realizadas em mercado de
bolsa e em mercado de balcão organizado, bem como de operações de empréstimo de ativos.

Sobre as clearing houses, é importante afirmar:

I. O sistema de segurança das bolsas é responsabilidade de uma clearing house, que atua como
câmara de compensação, assumindo a posição de contraparte em todos os contratos negocia-
dos e garantindo seu cumprimento;
II. Para não ficar exposta, a clearing house exige garantias por parte de seus membros;
III. É um departamento da bolsa responsável pelo registro dos negócios e monitoramento das
posições.

Suas principais responsabilidades são:

I. Liquidações diárias de perdas e ganhos;


II. Exigência de margens iniciais;
III. Limites de oscilações diárias de preços;
IV. Ajuste diário no mercado futuro.

O Sistema Brasileiro de Pagamentos também traz à luz a operacionalidade das clearings de derivativos
da BM&F, da Central Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), dos sistemas da Central de Custódia e
de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) e da Câmara de Câmbio.

✓ Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - Selic

24 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 25

O Sistema Especial de Liquidação e de Custódia é onde se efetua a custódia e o registro de transações


da maioria dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional.

O Selic, gerido pelo Banco Central, é uma IMF. Como infraestrutura do mercado financeiro, o Selic faz
parte do Sistema de Pagamentos Brasileiros, promovendo estabilidade financeira e condições para
cuidar dos canais que promovem a política monetária.
O sistema Selic tem papel de prevenção de possíveis casos de falência ou insolvência de instituições
financeiras. Com a liquidação em tempo real e o registro das transações com títulos públicos federais,
o Selic consegue reprimir fraudes que podem transacionar e prejudicar outras instituições da rede.

✓ Clearings da B3

- Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos – Cetip


A Cetip se uniu à BM&FBovespa no final de 2017, gerando assim a B3, a quinta maior bolsa de valores do
mundo e única bolsa no Brasil. Apesar desta união, a Cetip continuou operando de forma independen-
te mantendo sua infraestrutura e tecnologia necessárias para que o mercado financeiro continuasse
funcionando com a função de custodiar, registrar e liquidar financeiramente as operações de títulos
privados, estaduais e municipais que estão fora da Selic.

Além dos tradicionais títulos de renda fixa, atualmente a Cetip também se responsabiliza por derivativos
de balcão organizado, Certificados de Operações Estruturadas (COE) e cotas de fundos de investimento.

No SPB ela tem a função de ser a receptora dos recursos financeiro provenientes de TEDs e DOCs e
encaminhar o valor para a outra conta indicada sem fazer com que ela se perca pelo caminho.

• Câmara de ações - antiga CBLC

Órgão responsável por custodiar, liquidar e garantir operacionalmente as transações realizadas no


ambiente da bolsa de valores.

Todos os processos de custódia de títulos e ações do mercado de capitais do Brasil são custodiados
pela câmara de ações, garantindo a veracidade e segurança das transações de renda variável, além de
um alto nível de velocidade e eficiência.

Fontes deste capítulo

Onze - Bolsa de valores para iniciantes: tudo o que você precisa saber para começar a investir. Acessado
em ago. 2021. Disponível em https://www.onze.com.br/blog/bolsa-de-valores-para-iniciantes/.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 25


26 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

3. QUESTÕES | MÓDULO 01
1. Das alternativas abaixo sobre o Banco Mundial, qual está incorreta?

a) É considerado um dos pilares do desenvolvimento social e econômico mundial desde a Segunda


Guerra Mundial.
b) É a única agência supranacional de financiamentos com presença e impacto globais.
c) Oferece aconselhamento econômico e técnico aos países-membros.
d) É uma agência que realiza fomento e desenvolvimento nos países da Aladi.

2. Os centros financeiros podem ser conceituados como cidades especializadas na prestação de serviços
financeiros em seus mercados financeiros e instituições. Das alternativas abaixo, qual está incorreta
sobre os centros financeiros?

a) Os centros financeiros globais ofertam muitos serviços, especialmente nos mercados atacadistas,
para uma clientela mundial.
b) Os centros financeiros regionais internacionais prestam serviços financeiros a um país e intermediam
os fluxos financeiros dos centros globais e de centros nacionais.
c) Os centros offshore são centros de comércio internacional que fazem a intermediação de fluxos
financeiros com pouca ligação com o sistema financeiro do país em que estão situados. Em geral, a
denominação se aplica a lugares como as Ilhas Caimã, Bahamas, Antilhas Holandesas e Andorra.
d) Centros financeiros nacionais são aqueles que atendem às necessidades nacionais ou regionais,
atuando em serviços de varejo e comércio bilateral entre a própria economia e outras economias.

3. Quais são as duas principais funções do Sistema Financeiro Nacional?

a) Ser intermediador financeiro e gerenciador de recursos.


b) Ser intermediador financeiro e órgão normativo.
c) Ser gerenciador de recursos e regular o mercado de capitais.
d) Trazer equilíbrio, equidade e transparência aos investidores por ser um órgão regulador.

4. Assinale a alternativa que mais se aproxima do conceito de sistema financeiro:

a) Conjunto de instituições financeiras bancárias.


b) Conjunto de instituições financeiras que, utilizando instrumentos financeiros, transferem poupança
entre pessoas físicas e jurídicas.
c) Conjunto de instituições financeiras que, utilizando instrumentos financeiros, transferem poupança
entre tomadores.
d) Nenhuma alternativa está correta.

26 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 27

5. Das funções listadas a seguir, qual não representa as de um sistema financeiro na economia?

a) Promover a poupança.
b) Solucionar problemas políticos.
c) Arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes.
d) Transformar a poupança em créditos especiais.

6. As empresas financeiras, chamadas de instituições financeiras, não oferecem serviços relacionados


a um ou mais dos seguintes temas:

a) Troca de ativos financeiros em benefício de seus clientes.


b) Troca de ativos financeiros para suas próprias contas.
c) Administração de carteiras de outros participantes do mercado.
d) Todas as alternativas estão corretas.

7. Não são consideradas instituições financeiras mediadoras:

a) Comissionadas ou brokers.
b) Intermediários financeiros.
c) Mediadoras ou dealers.
d) Market makers.

8. Um banco de desenvolvimento é chamado de não bancário porque:

a) Recebe depósito à vista.


b) É uma instituição bancária.
c) Não recebe depósitos à vista e, consequentemente, não cria moeda escritural.
d) Todas as alternativas estão corretas.

9. São exemplos de instituições financeiras captadoras de depósito à vista, exceto:

a) Bancos comerciais.
b) Caixa Econômica Federal.
c) Cooperativa de crédito.
d) BNDES.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 27


28 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

10. Sobre os bancos múltiplos, não é correto o que se afirma em qual das alternativas abaixo?

a) Surgiram através da Resolução n.º 1.524 do Conselho Monetário Nacional de 21 de setembro de 1988.
b) São bancos que podem operar simultaneamente, com autorização do Banco Central, carteiras de
banco comercial, de investimento, de crédito imobiliário, de crédito, financiamento e investimento, de
arrendamento mercantil (leasing) e de desenvolvimento.
c) Foram os antepassados dos conglomerados.
d) A criação dessas instituições permitiu a redução da burocracia das operações financeiras por con-
centrar em uma única razão social diversas carteiras de atividades.

11. São instituições distribuidoras de títulos e valores mobiliários:

a) CVM e Bacen.
b) Bancos comerciais e bancos de investimentos.
c) Financeiras e seguradoras.
d) Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, distribuidoras de títulos e valores mobiliários
e agentes autônomos de investimento.

12. As clearing houses também são de grande ajuda dentro do Sistema Brasileiro de Pagamentos. Po-
demos afirmar que as clearing houses:

a) São responsáveis por garantir a segurança no mercado financeiro, certificando a segurança e a vali-
dação de diversos ativos no mercado de capitais.
b) Fazem a dedução periódica do imposto de renda retido na fonte dos ativos financeiros que são por
elas custodiados.
c) São coordenadas pelos bancos comerciais ou múltiplos com carteira comercial, e tem seu sistema
completamente interligado.
d) São intermediadores financeiros que tem como função fornecer liquidez imediata. Custodia apenas
títulos públicos federais com prazo de até 5 anos.

13. É função do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia e da Central de Custódia e de Liquidação


Financeira de Títulos custodiar:

a) Títulos privados e títulos públicos estaduais.


b) Títulos públicos federais e títulos privados.
c) Títulos públicos estaduais e títulos privados.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

28 MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 29

14. Os sistemas que integram o Sistema de Pagamentos Brasileiro NÃO incluem o Sistema:

a) De Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF).


b) De Transferência de Reservas (STR).
c) De registro, de compensação, de liquidação e custódia da Cetip S.A.
d) Especial de Liquidação e de Custódia (Selic).

15. Sobre o Pix:

a) Trata-se de um sistema de transferências de recursos entre o mesmo conglomerado ou conglomerados


diferentes que tem o recurso disponibilizado de maneira imediata, sete dias por semana, 24 horas por dia.
b) Apesar de ser um sistema para transferência de recursos, não faz parte do SBP, pois não reduz o risco
operacional, pelo contrário, aumenta-o.
c) Sistema de transferências de recursos entre o mesmo conglomerado que tem o recurso disponibili-
zado de maneira imediata, sete dias por semana, 24 horas por dia.
d) Trata-se de um sistema de transferências de recursos entre o mesmo conglomerado ou conglomera-
dos diferentes que tem o recurso disponibilizado de maneira imediata, sete dias por semana, durante
o horário das 7h às 22h.

16. Sobre o SBP:

a) Toda a estrutura de operações e procedimentos do SPB está interligada ao Banco Central.


b) O SPB tem como intuito fornecer a fabricação de papel-moeda para, então, garantir sua circulação
na sociedade.
c) Toda a estrutura de operações e procedimentos do SPB está interligada à CVM.
d) Não garante a segurança, mas é responsável pela velocidade nas transações.

MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 29


30 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


1. CONCEITOS BÁSICOS DE FINANÇAS CORPORATIVAS
As finanças corporativas estão relacionadas aos estudos e cálculos que auxiliam nas tomadas de deci-
são que envolvem dinheiro. Por meio das finanças corporativas é possível planejar investimentos com
mais assertividade, verificar a viabilidade ou necessidade de financiamento de projetos, entre outras
atividades.

Neste capítulo, você será apresentado aos principais conceitos relacionados a finanças corporativas
com probabilidade de cobrança nos exames da certificação CNPI.

✓ Estatística aplicada

• Média simples (x): média dos dados.

• Mediana: valor central de um conjunto de dados ordenados.

• Moda: valor mais frequente na amostra.

✓ Medidas de dispersão

Medidas de dispersão são parâmetros estatísticos usados para determinar o grau de variabilidade dos
dados de um conjunto de valores, tornando a análise de uma amostra mais confiável. Confira os prin-
cipais parâmetros a seguir.

- Variância e desvio padrão (volatilidade)

A variância e o desvio padrão medem a dispersão em torno da média e o quanto o resultado está dis-
tante da média.

Variância: mede o grau de dispersão de um conjunto de dados e é dada pelos desvios em relação à
média desse conjunto.

Desvio padrão: a variância possui um problema de construção como medida de dispersão de dados,
pois apresenta uma unidade de medida igual ao quadrado da unidade de medida dos dados originais.
Esse problema é resolvido extraindo a raiz quadrada da variância – e o resultado é chamado de desvio
padrão.

Desvio padrão = √variância - representado pela letra grega “sigma” σ

30 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 31

- Medidas de associação entre duas variáveis

Covariância: é uma medida que avalia como as variáveis X e Y se inter-relacionam de forma linear, ou
seja, como Y se comporta em relação a uma determinada variação de X. Quando a covariância é po-
sitiva, duas variáveis tendem a mesma direção, isto é, se uma sobe, a outra tende a subir e vice-versa.
Quando a covariância é negativa, duas variáveis assumem direções opostas, isto é, se uma sobe a outra
tende a cair e vice-versa. Quanto mais próxima de zero for a covariância, menor a possibilidade de se
identificar um comportamento interdependente entre as variáveis.

Correlação: a covariância busca mostrar se há um comportamento de interdependência linear entre


duas variáveis. Porém, a covariância é uma medida dimensional, sendo afetada pelas unidades de
medida das séries X e Y. Para corrigir esse problema da covariância, chegou-se à medida de correlação,
que é um número adimensional que varia entre – 1 e 1.

A covariância mede a relação linear entre duas variáveis.

O coeficiente de correlação é usado para medir a força da associação entre as


variáveis.

O coeficiente de determinação (R²) assume valores entre +1 e -1.

Veja o exemplo a seguir de cálculo de risco da carteira.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 31


32 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

Como interpretar o coeficiente de determinação (R²)

R + 1: associação linear positiva forte.

R 0: ausência de associação linear.

R – 1: ausência de associação linear.

Confira a seguir exemplos de (R²).

32 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 33

- Distribuição normal

São características da distribuição normal:

I. É o modelo mais utilizado de distribuição de variável contínua;


II. É simétrica em relação à média e apresenta curva na forma de sino.

Veja a seguir um exemplo de distribuição normal, considerando a distribuição do consumo de lubrifi-


cantes no período entre o pedido de compra e a entrega, sendo �̅ 15 litros e σ 6 litros.

A interpretação dos dados apresentados no exemplo acima indica que:

• 68% dos valores da amostra se encontram dentro de 1 desvio padrão da média;


• 95% se encontram dentro de 2 desvios padrão;
• 99% abrangem 3 desvios padrão.

O chamado intervalo de confiança em uma distribuição normal é usado para indicar a confiabilidade
de uma estimativa. Os intervalos de confiança podem ser usados para descrever o quão confiável são
os resultados de uma pesquisa, como no exemplo que você confere na sequência.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 33


34 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

Exemplo

De acordo com uma pesquisa sobre intenção de votos, 40% dos entrevistados
pretendem votar em um partido. É possível calcular um intervalo de confiança
de 99% para a proporção de toda a população com a mesma intenção de voto,
que pode ficar entre 30% e 50%.

Também é possível calcular um intervalo de confiança de 90% para a proporção


de toda a população com a mesma intenção de voto, que neste caso pode ficar
entre 37% e 43%.

✓ Risco, retorno e mercado

O risco de um investimento pode ser considerado como a medida de uma incerteza, ou seja, a proba-
bilidade de o retorno obtido em um investimento ser diferente do esperado.

- Risco dos ativos

Existem quatro tipos de risco:

I. Mercado - risco da variação dos preços dos ativos;


II. Liquidez - risco de não conseguir se desfazer dos ativos a qualquer momento a um preço justo;
III. Crédito - risco de o tomador de recursos não honrar suas dívidas;
IV. Operacional - risco de falha no processamento da operação.
_
*Observação: na análise de portfólios o principal risco analisado é o de mercado.

Todo investimento tem risco de mercado?

Todo investimento em ativos com volatilidade maior do que zero corre risco de mercado, portanto,
apenas os investimentos prefixados podem ser considerados livres de risco de mercado (considerando
a taxa básica de juros que não muda).

Todo investimento tem risco de crédito?

A princípio, todo investimento em ativos financeiros tem risco de crédito. Os investimentos em ativos
reais podem correr risco de crédito se o custodiante não for o próprio detentor dos ativos.

Todo investimento tem risco de liquidez?

A princípio, todo investimento tem risco de liquidez, uma vez que não existe garantia da compra ou
venda de seus ativos a qualquer momento a um preço justo.

34 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 35

✓ Todo investimento tem risco operacional?

Um investimento terá risco operacional se houver algum processo envolvido desde a contratação até
a sua liquidação.

- Risco de taxa de juros

Dentro do risco de taxa de juros, é importante explicar que duration (Duration de Macaulay e Duration
Modificada) é o nome dado ao tempo que um título de renda fixa prefixado leva para gerar o rendimento
prometido ao investidor. O risco de taxa de juros representa a possibilidade de variação nos preços dos
ativos de renda fixa devido a flutuações nas taxas de juros. Títulos prefixados perdem valor com altas
de juros e vice-versa.

Duration de Macaulay: prazo médio das operações ponderado pelo valor presente dos fluxos de caixa
e descontado à taxa de juros de mercado. Compreende a somatória de todos os fluxos futuros do títu-
lo, multiplicados pelos respectivos períodos até o vencimento e descontados ao seu valor presente (

, onde PV é o valor presente dos fluxos de caixa do título e n equivale aos períodos).

Duration Modificada: serve para avaliar quanto o preço do título vai subir ou cair se a taxa de juros
subir ou cair. Quanto maior a Duration Modificada, maior a oscilação de preços causada pelos juros.

Atenção! A convexidade de títulos com a mesma duration pode apresentar comportamentos diferentes
frente à mesma mudança da taxa de juros. O papel com maior convexidade é menos afetado por estas
mudanças, pois quanto maior a convexidade, menor será o risco de mercado. No conceito, os títulos
de renda fixa têm representação gráfica em formato convexo entre seu preço e rendimento. Veja no
gráfico a seguir.

Quando falamos em imunização, a ideia é ter uma carteira imune às variações das taxas de juros. Para
isso, combina-se a duração dos ativos e passivos de forma que quando as taxas se movimentam, os dois
lados da balança são afetados da mesma maneira, mantendo o valor presente inalterado.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 35


36 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

- Risco de liquidez: negociabilidade

Vejamos o risco de liquidez sob duas óticas diferentes, de mercado e do ativo.

Mercado: capacidade de comprar e vender um ativo sem afetar substancialmente seu preço, ou seja,
de liquidar a preço justo.

Ativo: para mitigar o risco de liquidez o gestor deve comprar ativos de primeira linha, com bom histórico
de liquidez e evitar concentração em um único emissor.
A partir dessa estratégia sobre a precificação, a liquidez no mercado secundário é definida pela liquidez
dos ativos.

A dificuldade de negociar reflete na queda dos preços dos ativos. São medidas que proporcionam
controle de risco:

• Estabelecer limites de exposição em relação ao tamanho do mercado e a sua carteira;


• Fazer o planejamento prévio das necessidades de caixa antes de montar as posições.

- Risco de crédito

O risco de crédito se baseia na avaliação da capacidade de pagamento de um credor. Antes de efetuar


a operação de crédito, deve-se levar em conta quesitos como a atual alavancagem, endividamento,
estrutura de capital e geração de caixa.

São riscos de crédito:

I. Risco-país: é o risco soberano, que indica o grau de confiança dos investidores em um país;
II. Riscos de mercado externo: possibilidade de perdas pelo não cumprimento dos termos acor-
dados por um emissor fora do país;
III. Oscilações nas taxas de câmbio;
IV. Mudanças no cenário econômico internacional;
V. Questões legais, regulatórias e tributárias específicas de um país.

✓ Classificação de risco

São as principais agências de classificação de risco:

• Standard & Poor’s;


• Moody’s;
• Fitch Ratings.

Estas agências classificam papéis e países, de modo a atestar ou não o grau de investimento3. Quando
o risco de crédito aumenta, os juros sobem e o preço do papel cai.

- Risco absoluto e risco relativo

36 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 37

O risco de mercado absoluto indica a probabilidade de perdas em carteiras não comparadas ou re-
lacionadas a índices de mercado ou benchmarks, ou seja, a exposição ao risco em termos absolutos
percentuais ou monetários (outubro – 0,50%; novembro -0,65%).

Já o risco de mercado relativo indica a probabilidade de perdas em carteiras em relação a um índice


de referência utilizado como benchmark (outubro – 0,80% do CDI; novembro -123% do CDI).

- Desvio padrão da carteira e o benefício da diversificação

Uma carteira bem diversificada terá o risco total menor do que a soma do risco individual de cada um
de seus ativos. A diversificação pode diluir o chamado risco diversificável. Lembre-se: quanto maior a
quantidade de ativos diferentes agregados ao portfólio, menor tende a ser o risco.

Aprenda no gráfico abaixo os conceitos de risco diversificável e de risco sistemático (não diversifi-
cável).

- Beta da carteira e sua interpretação

O beta é um indicador do risco sistemático de uma ação medindo a sensibilidade de um ativo em relação
ao comportamento do mercado.

O indicador permite diferenciar ativos defensivos de ativos agressivos e é utilizado para medir o risco
não diversificável, ou seja, fatores de mercado que afetam todas as empresas, como guerras ou crises
internacionais.

O beta do Ibovespa é sempre igual a 1. Se o Beta de uma ação for:

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 37


38 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

. b > 1, a ação é mais agressiva que o Ibovespa – ativo agressivo;


. b = 1, sua volatilidade é igual a do mercado – ativo neutro;
. b < 1, a ação é mais defensiva que a média do mercado – ativo defensivo.

- Medidas de performance

Índice de Sharpe – original: mede a relação de risco versus retorno de cada ativo, ou seja, quanto de
retorno um ativo está gerando para cada unidade de risco assumida.

Índice de Sharpe – modificado: é a relação entre o retorno excedente dividido pelo Value at Risk (VaR). O
Índice de Sharpe – modificado é indicado para carteiras cuja distribuição de retornos não seja distribuída
de forma estatisticamente normal, já que quando as carteiras apresentam grandes oscilações de ganhos
ou perdas o Índice de Sharpe – original não atende a análise de performance.

Índice de Treynor: é uma medida similar ao Índice de Sharpe, quanto maior, melhor. A diferença é que
ao invés de usar o desvio padrão como risco, o Índice de Treynor usa o coeficiente beta b.

Índice de Modigliani: o Índice de Modigliani é uma medida de retorno ajustado pelo risco usado na
análise de carteiras de investimento, no qual o retorno do fundo é ajustado para sua volatilidade. Ao
contrário do Índice de Sharpe, ele utiliza o retorno absoluto do fundo e não o retorno relativo à taxa
livre de risco.

• Índice de Modigliani = Retorno do fundo


Desvio padrão do retorno do fundo

✓ Seleção de carteiras e modelo de Markowitz

A fronteira eficiente pode ser obtida representando num gráfico de retorno esperado versus desvio
padrão todas as combinações de ativos e reconhecendo que os investidores são racionais, ou seja,
sempre irão preferir mais riqueza a menos riqueza para o mesmo nível de risco.

38 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 39

✓ Modelo de Precificação de Ativos – CAPM

O Capital Asset Pricing Model - CAPM é uma equação que expressa o retorno requerido por um ativo/
investimento em função do beta desse ativo. É utilizado para definir se um ativo está supervalorizado
(caro) ou subvalorizado (barato) no momento da sua negociação no mercado.

A fórmula do CAPM é:

Ra = retorno esperado do ativo.


Rf = risk free (taxa livre de risco).
B = beta do ativo.
Rm = retorno do mercado.

Veja na sequência um exemplo de cálculo do CAPM.

Taxa livre de risco = 6,5%.


Retorno do mercado = 15%.
Beta do ativo = 0,8.
Retorno esperado do ativo = 6,5 + 0,8(15 - 6,5) = 13,3%.

O modelo CAPM equaciona a relação entre risco não diversificável e o retorno exigido para o conjunto de
ativos. Uma vez que o risco diversificável não interessa para o investidor, pois é passível de eliminação,
será utilizada uma nova medida de mensuração do risco não diversificável. O custo de capital corres-
ponde à taxa de rentabilidade exigida pelos investidores como compensação pelo risco de mercado
ao qual estão expostos. Num mercado competitivo, o prêmio de risco varia proporcionalmente ao β.

O modelo prevê que o prêmio de risco esperado, dado pelo retorno esperado acima da taxa isenta de
risco, é proporcional ao risco não diversificável, o qual é medido pela covariância do retorno do ativo
com o retorno do portfólio composto por todos os ativos no mercado ou pelo β, que mede a contribuição
do ativo para a variância dos retornos do portfólio de mercado.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 39


40 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

Todos os investidores têm idênticas expectativas quanto às médias, variâncias e covariâncias dos retor-
nos dos diferentes ativos no fim do período, isto é, têm expectativas homogêneas quanto à distribuição
conjunta dos retornos.

• As premissas do modelo CAPM são:

I. Os investidores são indivíduos com aversão ao risco e que maximizam a utilidade esperada da
sua riqueza;
II. Os investidores são tomadores de preço e têm expectativas homogêneas sobre o retorno dos
ativos que possuem uma distribuição normal conjunta;
III. Existe uma taxa livre de risco na qual os investidores podem captar e aplicar quantidades
ilimitadas de recursos;
IV. As quantidades de ativos são fixas;
V. Todos os ativos são comercializáveis e perfeitamente divisíveis;
VI. Os mercados não têm fricção e a informação é gratuita e simultaneamente disponibilizada a
todos os investidores;
VII. Não existem imperfeições de mercado como impostos, regulamentações e restrições a ven-
das a descoberto.

• São preocupações quanto ao CAPM:

I. As restrições ao ato de tomar emprestado na taxa livre de risco;


II. A impossibilidade da medição do verdadeiro portfólio de mercado;
III. Considerações sobre expectativas heterogêneas;
IV. Considerações sobre custos de transação;
V. Considerações sobre impostos;
VI. Considerações sobre a liquidez dos ativos negociados.

• Modelo Arbitrage Price Theory - APT

O modelo APT surgiu como uma alternativa ao CAPM, representando uma generalização deste na me-
dida em que possibilita a relação do retorno de um ativo com múltiplos fatores de riscos, e não apenas
ao retorno do portfólio de mercado.

O APT parte da hipótese de não existência de oportunidades de arbitragem (mercados competitivos e


sem fricção) e estabelece uma relação aproximada dos retornos esperados e número comum de fato-
res não identificados. O processo gerador dos retornos é considerado como sendo: APT X CAPM.

• São pontos ausentes do CAPM e presentes no APT:

• Os investidores concordam sobre fatores importantes;


• Não há oportunidades de ganhos de arbitragem sem risco;
• APT é mais amplo por considerar mais fatores de riscos em seus cálculos.

40 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 41

✓ Capital Market Line - CML

A Capital Market Line é a carteira eficiente, composta pela combinação de ativos com risco e um ativo
livre de risco, o que maximiza a relação de risco e retorno do investidor.

A CML tem seu intercepto na taxa livre de risco e sua inclinação representando o coeficiente de recom-
pensa para variabilidade. Quanto maior a inclinação, melhor a relação de risco e retorno da carteira.

A carteira de risco ótima consiste na melhor combinação de ativos de risco para se relacionar com ati-
vos seguros e formar uma carteira completa. Esse coeficiente de recompensa (inclinação da CML) é o
que tangencia a fronteira eficiente.

Na relação Security Market Line (SML) x CML, afirma-se:

• SML(CAPM) = risco x retorno de um ativo individual;


• CML = risco x retorno de uma carteira (portfólio);
• Na SML a medida de risco é o beta (risco sistemático) e se desconsidera o risco específico.

✓ Alfa de Jensen

Analisando o parâmetro alfa (a) da regressão do modelo CAPM, conhecido como a de Jensen, há a se-
guinte interpretação: quando o desempenho da carteira de ativos está em equilíbrio com o desempenho
da carteira de mercado, a = 0. Quando a carteira de ativos tem um desempenho superior à carteira de
mercado, a > 0. Caso contrário, a < 0.

✓ Modelo de Gordon

O modelo de Gordon foi criado em 1956. por Myron J. Gordon e Eli Shapiro, para auxiliar investidores
na precificação de ações.

A fórmula de Gordon é utilizada para calcular os crescimentos constantes dos dividendos pagos por
uma empresa, trazendo esse fluxo de dividendos ao valor presente para descobrir o preço justo da ação.

P = preço da ação / fundo imobiliário.


D = valor estimado do dividendo para o próximo ano.
r = taxa de retorno exigida pelo acionista ou custo de capital próprio de determinada ação.
g = taxa de crescimento dos dividendos.

Fontes deste capítulo

Toda Matéria – Medidas de dispersão. Acessado em ago. 2021. Disponível em https://www.todamateria.


com.br/medidas-de-dispersao/.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 41


42 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

2. BOLSAS E MERCADO DE BALCÃO ORGANIZADO


O intuito da bolsa de valores é fazer com que a negociação de compra ou venda de títulos seja realizada
em um ambiente seguro e organizado, de maneira rápida e competente.

A bolsa de valores é fiscalizada pelo Bacen e pela CVM, tendo como características, segundo a Instrução
CVM 461/2007:

I. Funcionam regularmente como sistemas centralizados e multilaterais de negociação, que pos-


sibilitam o encontro e a interação de ofertas de compra e de venda de valores mobiliários;
II. Permitem a execução de negócios, sujeitos ou não à interferência de outras pessoas autoriza-
das a operar no mercado, tendo como contraparte formador de mercado que assuma a obriga-
ção de colocar ofertas firmes de compra e de venda, desde que:
a) A atuação do formador de mercado seja regulada pela bolsa, nos termos da regulamentação
específica da CVM para formadores de mercado, e fiscalizada pelo Departamento de Autorregu-
lação;
b) A regulação da bolsa preveja limites máximos para a diferença entre os preços de compra e de
venda ofertados pelo formador de mercado;
c) Seja admitida a interferência de outras pessoas autorizadas a operar no intervalo entre as
ofertas de compra e de venda, desde que para a quantidade total daquele negócio.

É considerado sistema centralizado e multilateral aquele em que todas as ofertas relativas a um mesmo
valor mobiliário são direcionadas a um mesmo canal de negociação, ficando expostas a aceitação e
concorrência por todas as partes autorizadas a negociar no sistema.

✓ Constituição

Segundo a Resolução 2690/2000 do Bacen, que consolida normas que disciplinam a organização e
funcionamento das bolsas de valores, as bolsas de valores podem ser constituídas como associações
civis ou sociedades anônimas, tendo por objeto social:

I. Manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e/


ou valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado pela
própria bolsa, sociedades membros e pelas autoridades competentes;
II. Dotar, permanentemente, o referido local ou sistema de todos os meios necessários à pronta
e eficiente realização e visibilidade das operações;
III. Estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao mer-
cado de títulos e/ou valores mobiliários;
IV. Criar mecanismos regulamentares e operacionais que possibilitem o atendimento, pelas so-
ciedades membros, de quaisquer ordens de compra e venda dos investidores, sem prejuízo de
igual competência da Comissão de Valores Mobiliários, que poderá, inclusive, estabelecer limi-
tes mínimos considerados razoáveis em relação ao valor monetário das referidas ordens;
V. Efetuar registro das operações;
VI. Preservar elevados padrões éticos de negociação, estabelecendo, para esse fim, normas de
comportamento para as sociedades membros e para as companhias abertas e demais emissores

42 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 43

de títulos e/ou valores mobiliários, fiscalizando sua observância e aplicando penalidades, no


limite de sua competência, aos infratores;
VII. Divulgar as operações realizadas com rapidez, amplitude e detalhes;
VIII. Conceder à sociedade membro crédito para assistência de liquidez, com vistas a resolver
uma situação transitória, até o limite do valor de seus títulos patrimoniais ou de outros ativos
especificados no estatuto social mediante apresentação de garantias subsidiárias adequadas,
observado o que a respeito dispuser a legislação aplicável;
IX. Exercer outras atividades expressamente autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários.
As bolsas de valores que se constituírem como associações civis, sem finalidade lucrativa, não
podem distribuir a sociedades membros parcela de patrimônio ou resultado, exceto se houver
expressa autorização da Comissão de Valores Mobiliários.

✓ Mercado de balcão organizado

Um mercado organizado de valores mobiliários será considerado pela CVM como de bolsa ou de balcão
organizado dependendo, principalmente, das seguintes questões:

I. Existência de sistema ou ambiente para o registro das operações realizadas previamente;


II. Regras adotadas em seus ambientes ou sistemas de negociação para a formação de preços;
III. Possibilidade de atuação direta no mercado, sem a intervenção de intermediário desde que,
neste caso, a liquidação da operação seja assegurada contratualmente pela entidade adminis-
tradora do mercado de balcão organizado, ou, alternativamente, seja realizada diretamente en-
tre as partes da operação;
IV. Possibilidade de diferimento da divulgação de informações sobre as operações realizadas
desde que previamente aprovada pela CVM;
V. Volume operado em seus ambientes e sistemas;
VI. Público investidor visado pelo mercado.
_
Fonte: CVM 461/2007.

✓ Bolsas e mercado de balcão organizado: diferenças e similaridades

Apesar de ambas serem fiscalizadas pelo Bacen e pela CVM, a principal diferença se deve à flexibilida-
de das normas de funcionamento.

Na bolsa de valores as negociações são realizadas por meio de sistemas que possibilitam a interação
de ofertas, tendo como intermediário a instituição responsável pelo ambiente.

Já no mercado de balcão organizado, os valores mobiliários são negociados diretamente entre as par-
tes envolvidas devendo, necessariamente, ser registrados em sistemas centralizados. O mercado de
balcão organizado se responsabiliza também por negociações que não estão registradas na bolsa de
valores.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 43


44 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

2.1 B3: ativos negociados e características

✓ B3 – Brasil, Bolsa, Balcão

A B3 é resultado da fusão entre duas companhias: a BM&FBovespa e a Central de Custódia e Liquida-


ção Financeira de Títulos (CETIP). A B3 é a única bolsa brasileira e, como em outras bolsas, é onde ocor-
rem as negociações de ações e de outros ativos financeiros, como moedas estrangeiras e commodities.

Portanto, é na B3 que investidores emitem ordens de compra e venda, acompanham índices de merca-
do, gerenciam seus ativos financeiros e atuam no mercado de balcão organizado.

- Ativos negociados

No ambiente da B3 são negociados, além do mercado de ações:

I. Ativos de renda fixa públicos e privados e cotas de fundos (Tesouro Direto, Letras de Crédito
Imobiliário - LCI, Letras de Crédito do Agronegócio - LCA, fundos de investimento, entre outros);
II. Derivativos de balcão (algumas operações de opções, swap e mercado a termo);
III. Derivativos listados (opções e mercado futuro);
IV. Mercados à vista, de renda variável, ouro e câmbio (são realizadas transações de compra e
venda desses ativos cujos valores são estabelecidos em pregão com base na oferta e na deman-
da).

2.2 Operações em bolsa

✓ Mercado à vista

Liquidação física: trata-se da entrega dos títulos vendidos e ocorre no segundo dia útil (D+2) após a
negociação em bolsa. A transação é feita através da clearing house, que recebe os títulos e os repassa
para o investidor.

Liquidação financeira: consiste nos pagamentos e recebimentos dos respectivos valores definidos na
negociação na bolsa. Assim como na liquidação física, é liquidado em D+2. Na prática, primeiro vem a
liquidação financeira e em seguida a liquidação física.

✓ Mercado a termo

Neste mercado, no contrato firmado diretamente entre o comprador e o vendedor são formalizados a
quantidade do ativo, o preço acordado e os prazos da liquidação em data futura. Os prazos permitidos
para liquidação dessas operações são preestabelecidos de maneira a encobrir 30, 60, 90, 120, 150 e
180 dias. Ainda que estabelecidos alguns desses períodos, a operação pode ser liquidada a qualquer
momento antes do vencimento, após a decisão do comprador.

✓ Margem de garantia

A bolsa, através de uma métrica estabelecida por ela mesma e definida com base na volatilidade e liqui-
dez do papel negociado, exige uma determinada quantia em valor monetário com o intuito de encobrir

44 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 45

possíveis faltas. O valor é depositado na bolsa pelos investidores e é periodicamente revisto de acordo
com as mudanças de mercado.

✓ Cobertura

A cobertura consiste no depósito dos títulos que são objetos da operação na bolsa pelo vendedor.
Quando o vendedor oferece os títulos negociados como garantia, não é necessário oferecer nenhum
outro tipo de margem.

✓ Lançamento a descoberto

O lançamento a descoberto é o nome dado quando o vendedor entra na negociação sem ter o título
negociado. O termo alavancado também é utilizado para descrever esse contexto.

✓ Taxa de corretagem, taxa de custódia e emolumentos

São as taxas cobradas do investidor no mercado de ações.

Taxa de corretagem: é definida pela corretora. Pode ser isenta, constituída por um valor fixo ou um
percentual sobre o valor da transação.

Taxa de custódia: a taxa de custódia é cobrada mensalmente pela corretora, podendo ser isenta ao
investidor. Trata-se da cobertura dos gastos da empresa junto à bolsa de valores.

Emolumentos: também conhecido como taxa de negociação, emolumentos são taxas fixas cobradas
pela B3 por transação. Variam de acordo com o tipo de operação, tipo de investidor e montante investido.

2.3 Tipos de operação

✓ Day trade

Diretamente ligado a volatilidade, o day trade consiste na compra e venda de ativo no mesmo dia, com
o intuito de ganhar com a alta ou queda de preço e proporcionar ganhos ao investidor em um curto
espaço de tempo. Geralmente a estratégia do day trade é balizada por análise técnica.

Alíquota de IR – 20%.
IR retido na fonte – 1%.

✓ Swing trade

Swing trade consiste na compra e venda de um ativo em um prazo de dias ou semanas, também com o
objetivo de ganho em um curto espaço de tempo. Nesta operação, o investidor se baseia em posições
gráficas para mapear os pontos de entrada e saída do ativo.

Alíquota de IR – 15%.
IR retido na fonte – 0,005%.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 45


46 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

✓ Position trade

O position trade aproveita tendências de altas ou baixas, mantendo a operação até que o ativo sinalize
uma inversão de tendência. Geralmente é acionado o mecanismo de stop loss (venda automática) para
minimizar as perdas e proteger um determinado nível de preço.

Alíquota de IR – 15%
IR retido na fonte – 0,005%

✓ Buy and hold

A operação buy and hold é utilizada com o intuito de obter ganhos a longo prazo. Nela, o investidor
adquire as ações quando o preço está baixo e, após um longo prazo, as vende a preços maiores. Nessa
estratégia é levado em conta os fundamentos e o gerenciamento das empresas investidas, além da
diversificação dos ativos.

Alíquota de IR – 15%.
IR retido na fonte – 0,005%.

2.4 Índices de ações

Ibovespa: são as ações com maior volume de negociabilidade dentro da bolsa.


IbrX50: são as 50 ações mais negociadas dentro da bolsa.
IbrX100: são as 100 ações mais negociadas dentro da bolsa.
IFNC: Índice BM&FBOVESPA Financeiro.
BDRX: Índice de BDRs Não Patrocinados-GLOBAL.
ICB: Índice de Commodities Brasil.
ICON: Índice de Consumo.
IEE: Índice de Energia Elétrica.
IFIX: Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários.
IFIX L: Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários de Alta Liquidez.
IMAT: Índice de Materiais Básicos BM&FBOVESPA.
IDIV: Índice Dividendos BM&FBOVESPA.
INDX: Índice do Setor Industrial.
SMLL: Índice Small Cap.
FGV100: 100 ações mais negociadas, com exceção de bancos e estatais, da B3.

46 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 47

Fontes deste capítulo

CVM - Instrução CVM 461. Acessado em ago. 2021. Disponível em http://conteudo.cvm.gov.br/legislacao/


instrucoes/inst461.html
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

3. AÇÕES: CONCEITOS E OPERACIONALIDADE


As ações podem ser consideradas como um certificado ou título de propriedade representativo das
partes do capital social de uma sociedade econômica.

Quem investe em ações está emprestando dinheiro com expectativa de devolução em uma data futura,
com ganho financeiro. Quem tem ações, portanto, pode se considerar sócio da empresa emissora.

As ações se diferenciam segundo os seguintes critérios: empresa emissora, espécie, forma de circula-
ção e classe.

As principais características das ações do ponto de vista do investidor são:

I. O retorno não é previamente definido, mas potencialmente alto;


II. Não há obrigatoriedade do retorno do capital e/ou pagamento de dividendos;
III. O investidor torna-se acionista da empresa.

Já para a instituição emissora:

I. É um título patrimonial;
II. Não representa uma obrigação perante terceiros.

3.1 Ações preferenciais e ordinárias

✓ Ações preferenciais

As ações preferenciais têm como característica fundamental a prioridade sobre as ações ordinárias no
recebimento de dividendos e de receber, em caso de falência ou liquidação da empresa, a restituição
do capital investido.

Podem existir diversas classes de ações preferenciais (classe A, classe B etc.), dependendo das van-
tagens ou restrições que elas apresentam. As vantagens ou preferências, bem como as restrições que
essas ações possuem, devem constar claramente nos estatutos da companhia.

✓ Ações ordinárias

As ações ordinárias têm como característica principal o direito ao voto. Numa sociedade anônima, é
por meio do voto que o acionista tem o direito legal de controle da organização.

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48 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

São nas assembleias gerais de acionistas e nas convocações especiais que o acionista ordinário vota,
sendo o peso do seu voto correspondente à quantidade de ações que possui, podendo assim partici-
par das decisões, dos lucros e dos riscos do negócio, decidindo o seu destino.

✓ Ações units

As units são certificados de depósitos que podem combinar diferentes tipos de ativos para negociação
em conjunto. Dessa forma, mais de uma classe de ativos pode ser comprada e vendida no mercado
como uma unidade.

Os ativos são negociados por lotes e/ou unidades, e cada unidade contém tipos diferentes de ativos.
As units podem ser formadas por ações ordinárias, preferenciais, bônus de subscrição etc. e são iden-
tificadas pelo dígito
11 no seu código.

✓ Direitos

O investimento em ações concede aos seus proprietários uma série de direitos e responsabilidades,
havendo apenas uma obrigação. Caso o investidor tenha subscrito ações de um aumento de capital
(a prova é o boletim de subscrição), ele é obrigado a integralizar sua parte no capital, ou seja, pagar o
valor das ações que subscreveu.

No Brasil, a Lei n.º 6.404/76, que regulamenta o funcionamento das sociedades anônimas, confere uma
série de direitos que nem o estatuto social, nem a assembleia geral, podem tirar do acionista - conforme
você verá a seguir.

Direito a participação nos lucros: o lucro de uma empresa em um exercício se se destina, em primeiro
lugar, a compensar as perdas dos anos anteriores, se existirem, e depois devem ser pagos os impostos
correspondentes. A parte restante poderá ser destinada a reservas e dividendos.

As reservas são a parte do lucro que se mantém na sociedade com objetivo de aumentar a capacidade
econômica da empresa e financiar, com recursos próprios, os investimentos produtivos previstos. O
dividendo é a parte do lucro que a companhia distribui entre seus proprietários/acionistas.

Como se pode concluir, o valor dos dividendos depende do resultado de cada companhia, assim como de
sua política de distribuição de lucros. Por isso, as ações são consideradas um produto de renda variável.

O mais habitual é que as empresas paguem dois dividendos ao ano a seus acionistas (anual e semestral).

Direito a informações: os direitos dos acionistas não se restringem apenas às distribuições. A lei lhes
assegura o acesso a todas as informações que dizem respeito à empresa e que possam afetar seus
interesses como sócios.

A empresa é obrigada por lei a divulgar balanços, balancetes e diversos outros demonstrativos contábeis,
acompanhados de notas explicativas, relatórios da diretoria e pareceres dos auditores independentes
e do conselho fiscal. Esse conjunto de informações deve ser divulgado amplamente ao público. A pe-
riodicidade é estabelecida pela CVM.

48 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


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Por outro lado, o conteúdo dos documentos divulgados, bem como sua forma, deve abranger todos os
atos e os fatos importantes ocorridos durante o período, mostrar a real posição econômica da empresa,
com clareza e exatidão, de modo que seja possível, aos investidores em geral e aos acionistas, avaliar
a situação atual dos negócios e as perspectivas futuras da empresa.

A empresa deve informar, também, todas as decisões tomadas por assembleias gerais ordinárias ou
extraordinárias e qualquer fato importante que possa afetar o preço ou o futuro de suas ações no mer-
cado (fatos relacionados com a gestão dos negócios).

Direito de preferência na subscrição de novas ações: este direito determina que os acionistas de
uma companhia têm preferência na compra de novas ações emitidas por ela. O direito de preferência
na subscrição é assegurado por lei e consiste na prioridade comum a todos (acionistas ordinários e
preferenciais) de adquirir, pelo preço de emissão, uma parcela das novas ações proporcionais às já ad-
quiridas. Geralmente, os aumentos de capital por meio de subscrições ocorrem quando as condições do
mercado são favoráveis, de modo que os acionistas, subscrevendo as ações novas, ganham a diferença
entre seu preço de mercado e seu valor de emissão.

O acionista deve exercer o direito de preferência de subscrição em período não inferior a trinta dias,
determinado pelo estatuto ou pela assembleia geral. Em qualquer aumento do capital de uma socie-
dade anônima, os acionistas têm o direito de subscrever ações na proporção do capital que possuem.

Além de garantir a possibilidade de manter a participação no capital total, esse direito pode significar
ganho adicional, dependendo das condições de lançamento. Se não exercido, o direito de subscrição
pode ser vendido a terceiros em pregão da bolsa, e as sobras de ações não subscritas pelos atuais acio-
nistas podem ser oferecidas aos demais investidores.

No que se refere à subscrição, o acionista corre o risco de perder o direito caso não o exerça dentro do
prazo estipulado pela assembleia geral extraordinária.

Direito de retirada (recesso): o direito de retirada ou recesso consiste na faculdade assegurada aos
acionistas minoritários de, caso discordem de certas deliberações da assembleia geral, nas hipóteses
expressamente previstas em lei, retirar-se da empresa, recebendo o valor das ações de sua proprieda-
de. O objetivo desse direito é proteger os acionistas minoritários contra determinadas alterações na
estrutura da empresa ou contra redução nos direitos assegurados por suas ações, desobrigando-os de
permanecer sócios de uma empresa diferente daquela à qual se associaram ao adquirir as ações.

A assembleia geral dá ao acionista o direito de retirada da sociedade, mediante o reembolso do valor


de suas ações, nos seguintes casos: criação de ações preferenciais ou aumento de classes existentes
sem guardar proporções com as demais, salvo se já:

I. Previstas ou autorizadas pelo estatuto;


II. Houver alterações nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma
ou mais classes de ações preferenciais ou criação de nova classe mais favorecida;
III. Alteração do dividendo obrigatório;
IV. Mudança do objeto da companhia;
V. Incorporação da companhia em outra, sua fusão ou cisão;

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50 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

VI. Dissolução da companhia ou cessação do estado de liquidação;


VII. Participação em grupo de sociedade;
VIII. Desapropriação de ações do controle da companhia em funcionamento por pessoa jurídica
de direito público;
IX. Aquisição, pela sociedade aberta, do controle de sociedade mercantil se o preço pago superar
determinados limites.

O acionista dissidente tem o direito de se retirar da companhia, mediante o reembolso do valor de suas
ações, se o reclamar à companhia no prazo de trinta dias contados da publicação da ata da assembleia
geral.

O estatuto pode estabelecer normas para determinação do valor de reembolso, que, em qualquer
caso, não será inferior ao valor patrimonial das ações, de acordo com o último balanço aprovado pela
assembleia geral.

Direito ao voto: os acionistas ordinários têm direito ao voto na assembleia geral da empresa. A assem-
bleia geral é a reunião entre os acionistas que ocorre, ordinariamente, uma vez ao ano (no mínimo),
e extraordinariamente em determinadas circunstâncias, para tomar decisões sobretudo relativas à
empresa, assim como aprovar exercícios concluídos, nomeações etc. Os acionistas têm direito ao voto
com uma simples restrição: só podem votar diretamente aqueles que reúnam o número mínimo de
ações. Os acionistas que possuam um número inferior de ações podem se unir para cobrir esse mínimo
e votar conjuntamente.

Direito de requerer a convocação e o adiamento de assembleias gerais: a Lei das S.A. estabelece as
regras sobre a competência para a convocação das assembleias gerais das sociedades anônimas. No
entanto, a assembleia geral poderá ser convocada também por iniciativa dos acionistas minoritários
nas seguintes hipóteses:

I. Convocação por acionista individual (nos casos em que a lei ou o estatuto a imponham);
II. Convocação por acionistas que representam 5% do capital social;
III. Convocação para deliberar sobre a instalação do conselho fiscal;
IV. Convocação para deliberar sobre a proposta de nova avaliação da empresa.

Direito de participar de oferta pública por alienação de controle de companhia aberta (tag along):
nos casos em que ficar caracterizada a alienação de controle da empresa aberta, o novo controlador
tem a obrigação de realizar oferta pública para adquirir as ações pertencentes aos acionistas minoritá-
rios com direito a voto. Essa é uma maneira de os acionistas minoritários com participação no capital
votante obterem direito ao tag along (possibilidade atribuída ao minoritário de alienar suas ações ao
novo controlador, por ocasião da transferência do controle de empresa aberta).

Os elementos que tornam obrigatória a realização da oferta pública para aquisição das ações perten-
centes aos acionistas minoritários são:

I. Que os integrantes do bloco de controle cedam suas ações para terceiro e este assuma posição
dominante na empresa, isto é, que o resultado da operação institua a presença de um novo acio-
nista controlador ou grupo de controle;

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II. Que a transparência do controle apresente caráter oneroso, ou seja, que os antigos controla-
dores recebam algum pagamento pela cessão das ações que compõem o bloco de controle.

Direito de transmissão: todo acionista tem direito a receber a parte proporcional que lhe correspon-
da resultante da liquidação da sociedade. Isso não significa que tenha direito a solicitar à sociedade
que lhe devolva o valor de seu investimento em qualquer momento. Sem dúvida, todo acionista tem
o direito de transmitir suas ações, sempre e quando encontre um comprador. No caso das ações que
são negociadas em bolsa, a transmissão está praticamente assegurada, dado que uma das principais
funções da bolsa é precisamente dar liquidez aos valores negociados.

✓ Classes de ações

Durante a emissão, as ações também podem ter diferentes classes em função dos objetivos específicos
a que se propõem ou restrições quanto a sua posse. Cada classe reúne ações cujos titulares têm os
mesmos direitos e restrições.

Fonte: Livro Mercado de capitais, por Juliano Pinheiro.

3.2 Controle e acordo de acionistas

O acordo de acionistas é um contrato que tem a finalidade de determinar os deveres, direitos e respon-
sabilidades de todos aqueles que possuem ações de uma empresa. Funciona como um instrumento
jurídico na constituição de sociedades anônimas abertas ou fechadas.

Este instrumento jurídico é disciplinado pela Lei 6.404 de 1976, conhecida popularmente como Lei das
S.A.

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Entende-se por acionista controlador a pessoa natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas
por acordo de voto ou sob controle comum, que é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de
modo permanente:

I. A maioria dos votos nas deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos
administradores da companhia;
II. O uso efetivo do seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos
órgãos da companhia.

O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cum-
prir sua função social. Tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os
que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente
respeitar e atender.

✓ Responsabilidade

Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados por atos pra-
ticados com abuso de poder.

• § 1º. São modalidades de exercício abusivo de poder:

a) Orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interes-


se nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira,
em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo
da companhia, ou da economia nacional;

b) Promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorpo-


ração, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem,
vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na
empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

c) Promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de


políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem
causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos
investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia;

d) Eleger administrador ou fiscal que seja inapto (moral ou tecnicamente);

e) Induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, des-
cumprindo seus deveres definidos na Lei 6.404 de 1976 e no estatuto, promo-
ver, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembleia geral;

f) Contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de socieda-


de na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas;

g) Aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favoreci-


mento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber pro-
cedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade.

52 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


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• § 2º. No caso da alínea e do § 1º, o administrador ou fiscal que praticar o ato ilegal responde soli-
dariamente com o acionista controlador.
• § 3º. O acionista controlador que exerce cargo de administrador ou fiscal tem também os deveres
e responsabilidades próprios do cargo.

✓ Acordo de acionistas

Art. 118. Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, prefe-
rência para adquiri-las, ou exercício do direito de voto, deverão ser observados
pela companhia quando arquivados na sua sede.

• § 1º. As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão oponíveis a terceiros,
depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se emitidos.
• § 2°. Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no
exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117).
• § 3º. Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a execução específica
das obrigações assumidas.
• § 4º. As ações averbadas nos termos deste artigo não poderão ser negociadas em bolsa ou no
mercado de balcão.
• § 5º. No relatório anual, os órgãos da administração da companhia aberta informarão à assem-
bleia geral as disposições sobre política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividen-
dos, constantes de acordos de acionistas arquivados na companhia.

3.3 RCA, ADR e BDR: definição e características

✓ RCA

O Recibo de Carteira de Ações (RCA) é um produto desenhado e normatizado pela Bolsa de Valores do
Rio de Janeiro, com o objetivo de oferecer a investidores de variados portes um instrumento simples e
diversificado para aplicar em ações.

✓ ADR

O American Depositary Receipts (ADR) é um recibo representativo de uma ação de empresa estrangeira
que se encontra depositada em um banco no país de origem, negociado nos Estados Unidos. Um progra-
ma de ADR é viabilizado por iniciativa da própria empresa, com nova emissão de ações ou aproveitando
ações que estejam em poder do mercado.

Para ter um ADR, determinado lote de ações é depositado em um banco do próprio país em que está
sediada a empresa - o banco custodiante. Com lastro nesses depósitos, um banco no exterior, o chamado
banco depositário ou emissor, emite o ADR, que é negociável no mercado norte-americano. Para todos
os efeitos, o ADR tem exatamente os direitos iguais as das ações depositadas: dividendos, bonificações,
desdobramentos e um valor cotado pelo mercado.

Nível I: é o método mais simples de lançamento de ADR. Nesse nível, não há colocação de ações novas
e, portanto, a empresa não capta recursos. Os ADR são negociados no mercado de balcão, o que diminui

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54 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

sobremaneira as exigências legais quanto à documentação a ser apresentada. As demonstrações finan-


ceiras, por exemplo, são entregues da mesma forma e em moeda do país de origem - a única mudança
é a tradução para o inglês.

Outro aspecto que simplifica bastante a emissão de ADR no nível I é a isenção de registro na Securities
Exchange Commission (SEC). A implementação após a entrega dos documentos é de seis a oito semanas.
Os lançamentos de programas de ADR no nível I são utilizados como primeira etapa (menos dispendiosa
e trabalhosa) para empresas que desejam ter acesso ao mercado de capitais norte-americano.

Nível II: para um lançamento de ADR no nível II, é exigido registro completo na SEC - CVM norte-ameri-
cana. Além disso, não há emissão de ações e, consequentemente, não há levantamento de capital por
parte da empresa emissora. Por esses dois motivos, o programa nesse nível é o menos utilizado, pois
seus custos são mais elevados que os do nível I, e os benefícios são menores que os do nível III.

Nessa modalidade, os ADR já não são negociados no mercado de balcão, e sim nas bolsas de valores.
O prazo estimado para implementação de um programa nível II é de cerca de 15 semanas.

Nível III: as exigências legais para se montar um lançamento de ADR nesse nível são as mesmas do nível
II - registro completo na SEC e consequente cumprimento de suas rigorosas determinações (tradução
e conversão de moeda das demonstrações financeiras, representadas segundo as regras contábeis
americanas etc.).

As diferenças principais entre os programas nos níveis II e III são a forma de oferta (que é pública, ao
contrário dos dois primeiros tipos, que são lançamentos privados) e o levantamento de recursos por
parte da empresa, pois nesse caso o lançamento é lastreado por ações novas.

Nível 144-A: o nível 144-A, ou nível intermediário, é um nível pelo qual as empresas obtêm permissão
para fazer uma captação de recursos, mas apenas no mercado de balcão. Com o intuito de acompanhar
a globalização do mercado de capitais, a regra 144-A foi criada para regular as condições básicas para a
venda de papéis (bonds) ou ações no mercado primário ou secundário norte-americano por empresas
estrangeiras.

Para que o sistema de registro dos papéis permitisse atender tanto ao euromercado como ao mercado
doméstico norte-americano, foi desenvolvido o Depositary Trust Co. (DTC), que é o sistema postal para
registro eletrônico das operações de balcão, cujo funcionamento é supervisionado pela SEC.

✓ BDR

A partir da Resolução CMN n.º 2.318 de 26 de setembro de 1996, foi criado um mecanismo semelhante
ao ADR para empresas estrangeiras que desejem lançar seus títulos no mercado brasileiro. Os Brazi-
lian Depositary Receipt (BDR) são certificados representativos de valores mobiliários de emissão de
companhia aberta ou assemelhada, com sede no exterior e emitidos por instituição depositária no Brasil.

Há duas categorias de programas de BDR: os patrocinados e os não patrocinados. No programa patro-


cinado, a companhia emissora dos valores mobiliários, denominada patrocinadora, se responsabiliza
pelos custos do programa. Já no programa não patrocinado não há um acordo entre a companhia
emissora dos valores mobiliários e a instituição depositária.

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3.4 Remuneração do acionista

✓ Dividendos

Os dividendos são valores representativos de parte dos lucros da empresa, que são distribuídos aos
acionistas, em dinheiro, na proporção da quantidade de ações possuídas. Normalmente, é resultado
dos lucros obtidos por uma empresa, no exercício corrente ou em exercícios passados.

Permanecendo na empresa, o dividendo é creditado ao acionista, mesmo que ele não vá recebê-lo.
Passados cinco anos, caso o acionista não tenha reclamado o recebimento, sua parcela de dividendo
será incorporada a um fundo de reserva da empresa.

A lei permite às empresas a fixação, em seus estatutos, de um dividendo a ser distribuído anualmente
a seus acionistas. Estabelece, porém, a porcentagem mínima de 25% do lucro líquido. Dentro desse
limite, a empresa optará pela política que melhor se adapte às suas peculiaridades.

Quando uma empresa adota uma política de redução do percentual do lucro pago em forma de divi-
dendo (pay-out), uma proporção maior do lucro será reinvestida. Entretanto, quando a política adota-
da for de redução, deve-se observar a regra de que a fixação de dividendos só pode ser inferior a 25%
quando for aprovada por todos os acionistas em assembleia. Aqueles que discordarem terão o direito
de recesso, e a empresa será obrigada a comprar suas ações pelo valor patrimonial, caso a cotação em
bolsa seja inferior a esse valor.

✓ Juros sobre capital próprio

Os juros sobre capital próprio são uma forma de remuneração ao acionista da empresa, originada pelo
lucro retido em períodos anteriores. Geralmente essa remuneração é paga em dinheiro pela empresa
aos seus sócios.

Os juros se baseiam nas reservas de lucro, ou seja, nos lucros apresentados nos anos anteriores e que
ficaram retidos na empresa. Para a empresa, a principal vantagem da distribuição de juros sobre o ca-
pital em vez de dividendos, é que o valor pago aos acionistas é contabilizado como custo e, portanto,
reduz o montante do imposto de renda pago pela companhia.

Depois do lançamento das ações, a companhia pode fazer desdobramentos ou agrupamentos em fun-
ção de suas necessidades

✓ Bonificação

As bonificações consistem no recebimento de um número de ações proporcional à quantidade já ad-


quirida. Resultam do aumento de capital por incorporação de reservas ou lucros em suspenso. Para o
patrimônio da empresa nada representam, uma vez que apenas há transferência de um valor inscrito
em uma conta (do patrimônio líquido, ou seja, reservas de lucros, reservas de reavaliações etc.) para
outra (de capital).

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56 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

3.5 Recompra de ações e direito de retirada

A recompra de ações é quando uma instituição compra as ações no mercado para custodiá-las em sua
tesouraria ou cancelá-las. Normalmente este processo é feito quando a companhia considera que o
preço de suas ações está desvalorizado.

3.6 Direito dos minoritários de ações ordinárias e preferenciais

A Lei das S.A. é uma lei especial que integra parte de um agrupamento de normas composto por leis fe-
derais, leis ordinárias, resoluções, instruções normativas e demais atos normativos do direito societário,
sobretudo que regem o exercício das sociedades anônimas – as chamadas S.A. – a primeira sociedade
regulamentada por lei no Brasil.

Segundo o artigo 109 (abaixo), nem o estatuto social nem a assembleia geral poderão privar o acionista
dos direitos de:

I. Participar dos lucros sociais;


II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III. Fiscalizar, na forma prevista na Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV. Preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debên-
tures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172
(vide Lei n.º 12.838, de 2013);
V. Retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei n.º 6.404/1976.

• § 1º. As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares.
• § 2º. Os meios, processos ou ações que a Lei n.º 6.404/1976 confere ao acionista para assegurar
os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembleia geral.
• § 3º. O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a com-
panhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser soluciona-
das mediante arbitragem, nos termos em que especificar.

3.7 Tributação para ganho de capital em operações com ações

✓ Swing trade

Às operações de swing trade que excedem o limite de vendas de R$ 20 mil dentro de um mês, a alíquota
do imposto de renda sobre os lucros é de 15%. Na fonte há o recolhimento de 0,005%.

Fica isenta do imposto de renda em ações a pessoa física que vende os ativos no valor limite de R$ 20
mil no mês corrente, independentemente do lucro das operações, desde que sejam vendas comuns.

✓ Day trade

Nas operações de day trade ocorre cobrança de alíquota equivalente a 20% de imposto de renda quando
houver lucro. Na fonte há recolhimento de 1%.

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Fontes deste capítulo

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 7ª edição. São


Paulo: Atlas, 2014.
Câmara dos Deputados - Lei nº 6.404/1976 (S.A.) e atualizações. Acessado em ago. 2021. Disponível em
EMPRESA DECIDE CAP- Procura um B.I. para Ações passam a ser
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6404-15-dezembro-1976-368447-normaatua-
TAR
lizada-pl.pdf. RECURSOS VIA realizar um IPO negociadas no
EMISSÕES DE AÇÕES (Mercado primário). mercado SECUNDÁRIO.
Planalto - Lei 9.250/1995 Imposto de renda da pessoa física. Acessado em ago. 2021. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9250.htm.

4. DEBÊNTURES E NOTAS PROMISSÓRIAS


4.1 Definição, características e garantias

As debêntures são títulos (dívidas) de renda fixa emitidos por S.A. não financeira de capital aberto ou
fechado, podendo a empresa de capital aberto realizar oferta pública de suas emissões.

Para que ocorra a oferta pública é necessária a autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Após a autorização, as debêntures chegam ao mercado por bancos de investimentos, corretora de va-
lores mobiliários (CTVM) e distribuidora de valores mobiliários (DTVM).

São as características das debêntures:

I. Não possuem regra para valor de emissão;


II. Não há regra para prazo (exceto em debêntures incentivadas);
III. Rentabilidade pode ser prefixada ou pós-fixada;
IV. Liquidez fica a critério do emissor (exceto em debêntures incentivadas);
V. É permitida a transferência no mercado secundário;
VI. Estão presentes os riscos de: mercado, crédito, liquidez e não há cobertura do Fundo Garan-
tidor de Créditos (FGC);
VII. Tributação acompanha a tabela regressiva de imposto de renda;
VIII. O registro é feito na clearing da B3;
IX. Permitem pagamento de cupom.

Como visto acima, as debêntures não possuem garantia do FGC, porém, como você verá a seguir, con-
tam com garantias específicas.

Garantia real: possui alienação fiduciária, ou seja, a empresa emissora coloca uma garantia real física
pela oferta de debêntures. Exemplo: a companhia aérea Azul pode emitir debêntures e deixar como
garantia o hangar de Viracopos.

Garantia flutuante: a empresa emissora também oferta a debênture com um lastro real, mas esse lastro
pode mudar no decorrer da operação. Exemplo: a companhia aérea Azul emite debêntures e coloca o
hangar de Viracopos como garantia. Após alguns meses de operação, decide por alterar a garantia para
as ações da companhia.

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58 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

Garantia quirografária: é uma garantia mais arriscada para o investidor em relação às demais apre-
sentadas porque não conta com lastro real. Exemplo: caso aconteça algo com a companhia aérea Azul,
ela pode vender o hangar de Viracopos para pagar quem possui debêntures com garantia real, pode
vender ações da companhia para pagar quem possui garantia flutuante e caso sobre dinheiro em caixa,
poderá pagar quem possui a garantia quirografária.

Garantia subordinada: esta última é a mais arriscada para o investidor (lembre-se que quanto maior
o risco, maior será a rentabilidade esperada), visto que não há lastro real e o investidor fica sujeito/
subordinado a todos os outros em relação ao recebimento.

Essas quatro garantias possuem caráter obrigatório. Ao emitir uma debênture o emissor deve obriga-
toriamente colocar uma das garantias no prospecto.

Ainda temos mais uma garantia ao investidor que pode surgir de forma opcional e adicional que é a
garantia fidejussória, na qual o sócio controlador entra como garantia.

4.2 Tipos de debêntures

Existem três tipos de debêntures:

I. Debênture simples: o investidor aporta recursos na data zero (inicial) e recebe seu capital
aportado mais juros após um prazo determinado. O recebimento se dá em dinheiro;
II. Debênture conversível em ações: nesta operação o investidor aporta recursos e no venci-
mento não recebe dinheiro, mas sim, ações da companhia;
III. Debêntures incentivadas: neste caso, o emissor (empresa que capta recursos) utiliza o di-
nheiro para realizar projetos de infraestrutura. Assim, temos algumas características específicas:
a) O prazo mínimo de emissão do título é de 48 meses;
b) O prazo mínimo para resgate é de 24 meses;
c) Investidor pessoa física fica isento de imposto de renda;
d) Investidor pessoa jurídica fica sujeito a 15% fixo de imposto de renda.

As debêntures ficam registradas e cadastradas no Sistema Nacional de Debêntures (SND), que faz parte
da CETIP.

4.3 Negociação com debêntures e notas promissórias

As debêntures e notas promissórias são títulos emitidos por S.A. não financeira de capital aberto e
fechado, mas possuem sim características diferentes, sendo a principal delas a forma de captação.

As debêntures são emitidas pelas empresas quando buscam recursos de terceiros para médio e longo
prazo. Já as notas promissórias são utilizadas como capital de giro, visto que possuem como característica
ser de curto prazo.

As notas promissórias podem ser emitidas por empresas de capital aberto e fechado, com prazo má-
ximo de 360 dias.

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4.4 Agente fiduciário e assembleia de debenturistas

A assembleia de debenturistas é a reunião com investidores que possuem capital aportado em debên-
tures para deliberar sobre assuntos de seus interesses.

A assembleia reúne apenas investidores da mesma série de debêntures, ou seja, se uma empresa faz a
emissão para vencimentos diferentes, haverá assembleias diferentes.

São legitimados a convocar a assembleia: o agente fiduciário, a empresa emissora, a CVM ou os deben-
turistas que tenham, no mínimo, 10% dos papéis.

Precisamos observar também a chamada repactuação de debêntures. Por meio dela (quando descrito
na escritura da emissão), a empresa emissora pode alterar durante a operação o prazo e a rentabilidade
com o objetivo de readequar a sua dívida. Para isso, deve-se realizar a reunião de repactuação com a
participação de um agente fiduciário (instituição financeira) para defender os direitos dos debenturis-
tas. Caso não haja aceite da proposta, a empresa emissora fica responsável, obrigatoriamente, pela
recompra dos títulos no primeiro prazo e rentabilidade acordados.

4.5 Bônus de subscrição: definição e características

Os bônus de subscrição são emitidos por sociedade por ações, que conferem aos seus titulares, nas
condições constantes do certificado, o direito de subscrever (incorporar para si) ações da companhia.
Há ainda uma vantagem adicional aos subscritores, que podem subscrever, assim, debêntures.

É importante ressaltar que quando dizemos que um investidor pode subscrever um ativo, isto se refere
a um direito, e não a uma obrigação. Ele pode subscrever (comprar) mais títulos da companhia, muitas
vezes, por um valor menor que o negociado no mercado.

4.6 Tributação em operações com debêntures, notas promissórias ou bônus de subscrição

Como ativos financeiros de renda fixa, as debêntures e notas promissórias estão sujeitas à tributação
de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) quando necessário, ou seja, em caso de resgates até o
vigésimo nono dia, e tributação de imposto de renda que segue a tabela regressiva.

Em ambos os casos a base de cálculo sempre será o lucro do investidor.

Exemplo

Bruno comprou dívidas de uma empresa por meio de debêntures simples, nas
seguintes condições: aportou R$ 1.000,00 e após 3 anos resgatou R$ 1.350,00.
Neste caso, o imposto de renda devido será retido na fonte pela instituição fi-
nanceira intermediadora, que atuará como agente de custódia.

• A base de cálculo será R$ 350,00, por ser o lucro obtido na operação.


• Como a operação foi realizada por 3 anos (acima de 720 dias), será utiliza-
da a última faixa da alíquota (15%) e não caberá incidência de IOF.

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60 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

A mesma tributação citada no exemplo é válida para notas promissórias, e no caso de subscrição de
debêntures haverá uma tributação de 15% fixo retido na fonte.

Fontes deste capítulo

Portal do Investidor – Bônus de subscrição. Acessado em ago. 2021. Disponível em https://www.inves-


tidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/valores_mobiliarios/Acoes/bonus_de_subscricao.html.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

5. REGULAMENTAÇÃO SOCIETÁRIA
5.1 Companhias abertas e fechadas

A companhia (empresa) será aberta ou fechada a depender da negociação ou não de seus títulos e
valores mobiliários publicamente.

A companhia aberta possui títulos e valores mobiliários (tais como ações, debêntures, partes benefi-
ciárias, contratos de debêntures e bônus de subscrição) negociados publicamente em bolsas de valo-
res e mercado de balcão.

Já a companhia fechada não negocia publicamente seus títulos e valores mobiliários, portanto, deve
vender suas ações de forma privada e direta ao interessado.

5.2 Abertura de capital

O processo de abertura de capital é chamado de Initial Public Offering (IPO) - em português, oferta
pública inicial.

Para que uma companhia fechada inicie o processo de abertura de capital, visando negociar seus títu-
los e valores mobiliários publicamente, deve-se primeiramente protocolar um pedido de registro na
Comissão de Valores Mobiliários. Além disso, de forma simultânea, é necessário que a empresa solicite
sua listagem na B3.

Para solicitar o requerimento de abertura de capital será necessário, a priori:

• Contratação de auditoria independente (credenciada pela CVM);


• Designar um diretor de Relações com Investidores (RI) estatutário;
• Ser uma sociedade constituída sob a forma de S.A.;
• Ter três anos de demonstrações financeiras auditadas por auditor independente registrado na
CVM (ou auditado desde o início para caso de empresas com menos de três anos de fundação);
• Possuir conselho de administração;
• Identificar eventual segmento de listagem e fazer o pedido de listagem e de admissão à negocia-
ção na B3;
• Realizar oferta pública de distribuição de valores mobiliários registrada ou dispensada de regis-
tro pela CVM;

60 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 61

• Devem ser observados também os requerimentos específicos dos segmentos de listagem esco-
lhido.

Após o envio dos documentos requeridos, a CVM terá 30 dias para analisar o processo de abertura de
capital da empresa. É permitida uma interrupção neste prazo, caso seja necessário rever documentos
e informações.

A empresa também deve enviar os documentos para a B3.

5.3 Ofertas públicas

Precisamos destacar e diferenciar a distribuição primária e secundária de valores mobiliários.

Quando a empresa realiza a abertura de capital pelo processo de IPO e o valor da venda dos títulos e
valores mobiliários vai direto para o caixa da empresa, temos a distribuição primária.

Na distribuição secundária o dinheiro não vai para o caixa da empresa, visto que é uma negociação
feita entre investidores no mercado secundário (via home broker, normalmente).

Ainda existem as emissões secundárias das empresas, chamadas de follow on.

O processo de oferta pública inicial é regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários com intuito
de manter participação igualitária de todos os investidores.

5.4 Papel do coordenador da oferta e demais instituições envolvidas

Durante um processo de IPO temos muitas instituições financeiras envolvidas, as quais você confere
abaixo.

Coordenador líder: realiza a organização do processo com relação às instituições, prestando garantia
e serviços de marketing.

Co-líderes: assumem risco de lote significativo de acordo com as garantias do processo.

Agente de distribuição: instituição financeira que distribui os títulos ao público.

Banco mandatário: é responsável pela confirmação financeira, ou seja, faz a reserva dos players.

Banco liquidante: faz a liquidação dentro do processo de distribuição de valores mobiliários.

Escriturador: responsável pela escritura de ofertas públicas de debêntures.

Central Depositária: a B3, que atua como clearing.

Banco custodiante: realiza a custódia de todas as informações e repassa para a CVM.

Market maker: tem a responsabilidade de formar preços e trazer liquidez ao mercado. Atua comprando
e vendendo ações para equilibrar o mercado e o preço.

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Agentes de rating: classifica os títulos de renda fixa de acordo com o risco da empresa.

Agente fiduciário: representa o direito dos debenturistas.

5.5 Tipos de oferta

O IPO é uma opção de geração de recurso financeiros. Consiste na abertura de capital da empresa com
o intuito de atrair novos investidores, e os investidores, por sua vez, têm a possibilidade de se tornarem
sócios da companhia.

✓ Ofertas primárias

Representam a venda de ações novas e o recurso obtido vai diretamente para o caixa da empresa. Ocor-
rem por meio do aumento do capital social e trazem recursos novos para a companhia.

✓ Ofertas secundárias

Diferente das ofertas primárias, as ofertas secundárias consistem na comercialização de ações que já
existiam e pertenciam aos que já eram sócios da empresa. O recurso obtido fica com o sócio anterior e
o caixa da companhia não é impactado de maneira alguma no processo.

O processo de colocação de ações possui algumas etapas, desde pesquisa de levantamento de intenções
dos investidores em relação ao público até a colocação dos ativos, de fato, para veiculação no merca-
do. Por se tratar de uma captação de poupança pública, a CVM fiscaliza todo o processo, garantindo a
segurança do investidor.

✓ O que é bookbuilding?

O bookbuilding é um excelente calibrador do mercado. Por meio dele, é possível entender a expectativa
do mercado e dos investidores com relação às ações que serão lançadas.

Nada mais é que o equilíbrio entre a expectativa da empresa emissora com a comercialização dos pa-
péis, e a expectativa do que o público acha justo pagar por elas após ter acesso às características da
empresa e dos papéis.

Como funciona o bookbuilding

1. A instituição financeira responsável pela intermediação dos títulos determina um valor


de iniciação com certo percentual de variação para a possível venda de ações.

2. Após a definição do possível valor, o intermediário entende o interesse de compra dos


investidores no mercado em geral e, com isso, ganha-se a oportunidade de aumentar ou
diminuir o preço esperado pelos papéis e atingir o valor justo.

3. Durante esse processo, também existe a possibilidade de os investidores indicarem qual


quantidade de ações irão adquirir após o lançamento.

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MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 63

✓ O que é rateio?

Quando há um excesso de demanda, tornando-a maior do que a oferta, há um rateio no processo de


aquisição das ações.

O rateio funciona por meio da divisão das ações de maneira proporcional à quantidade de ações que
se estimava comprar. Lembrando que o rateio não é realizado sobre o valor das ações, mas sim pela
quantidade de papéis emitidos.

O rateio de IPO funciona a partir da divisão das ações que a empresa está disposta a emitir pela quan-
tidade de investidores interessados.

5.6 Fechamento de capital e oferta de compra de ações – OPA

A oferta pública de aquisição de ações (OPA) é o caminho inverso do IPO. Ocorre quando ao invés de
colocar as ações à disposição do público no mercado, a companhia vai atrás de tomar para si novamente
tais ações. Para isso, é lançada uma proposta por parte da empresa para compra das ações no mercado.

✓ OPA’s obrigatórias

Reguladas pela Lei 6404/76, as OPA’s obrigatórias ocorrem quando há cancelamento de registro de
companhia aberta, aumento na participação societária de algum acionista controlador que afete a
liquidez do papel, e em caso de alienação de controle acionário.

Cancelamento do registro: processo de retirada total das ações do mercado com o intuito de fechar
a companhia.

Aumento de participação do acionista controlador que afete a liquidez: neste caso, a OPA visa ga-
rantir a liquidez dos acionistas minoritários de uma companhia aberta. Quando ocorre o aumento da
participação do acionista controlador, há uma consequente redução de ações em circulação, o que
diminui a liquidez do título.

Alienação onerosa do controle: no caso de mudança no controle da empresa, o novo controlador


tem por obrigação realizar uma oferta pública para adquirir as ações dos acionistas minoritários. Esse
processo também é conhecido como tag along.

✓ OPA’s voluntárias

Não existem normas específicas para OPA’s voluntárias, elas são realizadas unicamente por vontade do
ofertante de realizar a aquisição por oferta pública. Isso pode acontecer quando a companhia quiser
diminuir o nível de governança corporativa ou quando determinar que suas ações estão sendo nego-
ciadas a valores muito baixos.

A OPA sempre será direcionada sem distinção aos titulares de ações de mesma espécie e classe daqueles
objetos da oferta pública de aquisição de ações, e deve ser realizada de maneira a garantir tratamento
equitativo a todos os investidores.

Para mais informações sobre OPA’s, acesse o Portal do Investidor.

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64 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

5.7 Recuperação judicial

A regulação da recuperação judicial, extrajudicial e a falência de sociedade empresarial é feita pela Lei
11.101/2005.

A recuperação judicial tem o intuito de evitar a falência de uma empresa que está passando por dificul-
dades para se recuperar de dívidas, trata-se de um acordo entre empresa e credores. Cabe ressaltar que
o acordo não suspende os negócios da empresa, apenas alonga os prazos de pagamento aos credores
com revisão das condições.

Após efetivada a recuperação judicial, os negócios com os ativos da empresa na B3 são suspensos pelo
período de 30 dias, podendo este prazo ser prolongado. Nesse período, o investidor não pode negociar
seus títulos até o encerramento do prazo determinado. A suspensão da negociação dos valores mobi-
liários em caso de recuperação judicial também é uma determinação da Instrução CVM 461/07.

Caso a empresa tenha sucesso e quite suas dívidas, poderá tocar seus negócios e os acionistas poderão,
novamente, negociar suas ações – que voltarão, inclusive, a serem lucrativas.

Quando não há êxito na recuperação judicial, ou seja, quando a empresa não apresenta o plano de
ação no prazo de 60 dias ou os credores não aceitam as soluções oferecidas, a recuperação judicial se
transforma em falência da sociedade. À vista disso, os credores recebem de volta o dinheiro que inicial-
mente foi emprestado para a empresa - a ser pago através da liquidação das garantias oferecidas para
casos como esse. Após o pagamento junto aos detentores da dívida de crédito, os acionistas recebem
um valor proporcional à participação no capital social.

6. RATING
6.1 Conceitos

A palavra rating traduzida para o português significa classificação.

Do ponto de vista do mercado financeiro, rating é uma classificação, uma nota de risco atribuída a um país
e empresas de acordo com seu risco, ou seja, avalia a capacidade de cada país em honrar suas dívidas.

6.2 Agências de rating e suas funções

A classificação de risco atribuída a um país ou empresa é feita pelas agências de rating, que avaliam
diversos aspectos financeiros, econômicos e políticos. Existem várias agências que fazem essa classifi-
cação de risco, sendo as três principais Standard e Poor’s (S&P), Moody’s e Fitch.

São pontos analisados pelas agências de rating:

• Fluxo de caixa;
• Demonstrações contábeis, como o balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exer-
cício;
• Taxas de juros;
• Momento político atual do país.

64 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 65

As notas são atribuídas de AAA (melhor avaliação, ou seja, menor risco) até DDD (muito risco, possi-
bilidade de falência). Quanto menor a nota, maior será a taxa de juros exigida pelos investidores em
função do risco daquele emissor.

Veja na tabela a seguir a escala de avaliação das principais agências de rating.

Fonte: Vai Investir | O que são as agências de rating?

As notas atribuídas pelas agências não são definitivas. Elas podem ser alteradas caso haja uma mudança
no quadro financeiro dos agentes econômicos.

6.3 Tipos de rating

✓ Soberano

O rating de crédito soberano avalia a qualidade do crédito do governo dos países num horizonte de longo
prazo, ou seja, a capacidade do país emissor honrar suas dívidas com moeda doméstica ou estrangeira.
É o risco geral, o qual pode ser chamado de risco sistemático (risco do sistema com um todo). Contudo,
ele não leva em consideração o risco do setor privado e as empresas de infraestrutura.

Esta classificação pode ser feita tanto de forma qualitativa (considerando o risco político, estabilidade e
participação popular no âmbito político) quanto quantitativa (relacionada ao desempenho econômico
e financeiro).

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 65


66 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

✓ Corporativo

O rating corporativo avalia a qualidade do crédito das instituições privadas no longo prazo, ou seja, a
capacidade da empresa honrar com suas dívidas. Da mesma forma que o rating soberano, são avaliados
aspectos quantitativos a partir da análise das demonstrações contábeis, e aspectos qualitativos, como:

• Vulnerabilidade na esfera tecnológica;


• Perspectiva de crescimento;
• Ações regulatórias etc.

No rating corporativo também é levada em consideração a reputação da empresa, pois esse critério
interfere diretamente na performance financeira e na capacidade de crescimento e de pagamento de
dívidas.

✓ Operações estruturadas

O rating de operações estruturadas demonstra a qualidade do crédito de uma empresa ou grupo eco-
nômico que realiza operações estruturadas, ou seja, mensura o risco da contraparte relacionado às suas
obrigações nos contratos financeiros.

Fontes deste capítulo

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 7ª edição. São


Paulo: Atlas, 2014.
Revista Unisinos - Ratings soberanos e corporativos: mecanismos, fundamentos e análise crítica. Aces-
sado em set. 2021. Disponível em http://revistas.unisinos.br/index.php/perspectiva_economica/article/
view/4374.
Vai Investir - O que são as agências de rating? Acessado em set. 2021. Disponível em https://vainvestir.
com.br/o-que-sao-as-agencias-de-rating/.

66 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 67

7. FUNDOS DE INVESTIMENTO
7.1 Conceitos e tipos de fundos

Fundos de investimento: compram ativos.

Fundos de investimento em cotas: compram cotas de fundos.

Cota: menor fração do patrimônio líquido (PL) do fundo.

Cálculo do valor da cota: PL / número de cotas

A propriedade dos ativos de um fundo de investimento é do condomínio. A cada um, cabe a fração ideal
representada pelas cotas.

Cada fundo de investimento tem um CNPJ único, e como seus ativos pertencem aos cotistas, os fundos
não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Para fazer o registro de um fundo de investimento, é necessário apresentar:

• Regulamento;
• Declaração de adequação à legislação;
• Registro em cartório;
• Nome do auditor independente;
• Inscrição do CNPJ;
• Lâmina de informações essenciais.

Como é feito o cálculo do valor da cota do fundo de investimento?

Valor da cota em determinado dia = valor dos ativos – despesas do fundo

número de cotas emitidas pelo fundo

✓ Transferência de titularidade

A cota de um fundo de investimento aberto só pode ser objeto de cessão ou transferência de titulari-
dade em casos atípicos.

✓ Chinese wall

O chinese wall é um conjunto de medidas que uma instituição financeira toma para separar a gestão
dos seus próprios recursos em relação aos recursos e interesses de terceiros. São seus objetivos:

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 67


68 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

• Evitar conflito de interesses;


• Separar a área de gestão da de fusão e aquisição.

✓ Assembleia geral de cotistas

São competências da assembleia geral de cotistas:

• Demonstrações contábeis;
• Substituição do administrador, gestor ou custodiante;
• Fusão ou incorporação;
• Aumento da taxa de administração;
• Alteração da política de investimento;
• Emissão de novas cotas;
• Alteração do regulamento do fundo de investimento.

A convocação para a assembleia geral de cotistas deve ser feita por correspondência, a ser encaminha-
da para cada cotista com pelo menos 10 dias de antecedência em relação a data de realização.

Quem pode convocar uma assembleia geral?

O administrador, o gestor, o custodiante ou o cotista ou grupo de cotistas que detenha, no


mínimo, 5% do total de cotas emitidas.

A Assembleia geral poderá ser instalada com a presença de qualquer número de cotistas.
Em regra, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, cabendo a cada cota um
voto.
_
Fonte: Portal do Investidor | “Assembleia geral de cotista”.

✓ AGO x AGE

Assembleia geral ordinária (AGO): é realizada anualmente para deliberar as demonstrações contábeis
do fundo em até 120 dias após o término do exercício social.

Assembleia geral extraordinária (AGE): reunião de acionistas, realizada conforme especificado na lei
e/ou estatuto da companhia. A convocação não é obrigatória.

✓ Direitos e obrigações dos condôminos

O cotista deve ser informado acerca do objetivo, política, taxas e carência do fundo de investimento.

É importante que o cotista tenha ciência de que:

• Os investimentos em fundos não são garantidos pelo administrador, ou por qualquer mecanis-
mo de seguro, ou pelo FGC;

68 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 69

• A rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura.

São direitos do cotista:

• Acesso ao regulamento, formulário de informação complementar, valor do patrimônio líquido,


valor da cota, rentabilidade no mês e composição da carteira;
• Recebimento do extrato mensal, demonstrativo anual de IR, número e valor das cotas.

São obrigações do cotista:

• Atender ao chamado para aportar recurso em PL negativo;


• Pagar a taxa de administração;
• Observar os prazos mínimos;
• Comparecer nas assembleias gerais;
• Manter os dados cadastrais atualizados.

Informações relevantes (disclaimer)

O fundo de investimento deve divulgar diariamente o valor do PL e da cota, deve remeter


mensalmente as principais informações aos cotistas via extrato e, anualmente, deve dis-
ponibilizar as demonstrações financeiras do fundo.

✓ Regras gerais sobre a divulgação das informações de um fundo de investimento

• Não deve induzir ao erro.


• Deve ter linguagem simples.
• Deve ser entregue de forma simultânea para todos os cotistas.
• Deve conter informações úteis.
• Não pode assegurar resultados.

✓ Tipos de fundos de investimento

Fundos abertos: neles o resgate pode ser solicitado a qualquer momento.

Fundos fechados: há uma definição quanto ao término do prazo de duração ou data de vencimento
específica para saída.

Fundos restritos: normalmente restritos a uma única família ou grupo econômico.

Fundos exclusivos: há um único cotista e é exclusivo para investidores profissionais.

Atenção!
Os fundos de investimento podem ter ou não carência.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 69


70 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

✓ Segregação de funções e responsabilidades

Administrador: é o responsável legal.

Gestor: é o responsável pela compra e venda de títulos, bem como pela estratégia do fundo de inves-
timento.

Custodiante: tem a guarda dos ativos.

Distribuidor: realiza a venda das cotas do fundo.

Auditor independente: analisa a contabilidade do fundo e emite um parecer dizendo se está tudo em
ordem, garantindo transparência às cotas.

✓ Taxas

Taxa de administração: é um percentual pago pelos cotistas; expressa ao ano e deduzida diariamente;
a cobrança afeta o valor da cota; a rentabilidade divulgada é sempre livre da taxa de administração.

Taxa de performance: supera o benchmark; é cobrada após as despesas e taxa de administração; utiliza
a metodologia chamada de Linha D’Água4; tem periodicidade semestral.

Taxa de ingresso ou saída: taxa cobrada por alguns fundos no momento da aplicação e no momento
do resgate. Não é mais comum.

Despesas: encargos do fundo (despesas de corretagem, de custódia e liquidação financeira de opera-


ções e de auditoria).

✓ Documentos do fundo

Regulamento: contém as regras de funcionamento do fundo de investimento.

Formulário de Informações Complementares (FIC): apresenta a atual política de divulgação de in-


formações complementares.

Lâmina de informações essenciais: atualizada até o dia 10 de cada mês, a lâmina informa de maneira
concisa as principais características do fundo, tais como público-alvo, restrições de investimento, ca-
rência, condições de resgate, composição da carteira, classificação de risco etc.

Termo de adesão e ciência de risco: no documento o cotista atesta que teve acesso ao inteiro teor do
regulamento, da lâmina e do formulário de informações complementares.

✓ Estratégias de gestão

Aplicação x resgate: gestão ligada à utilização de novos aportes do fundo para compra de novos ativos.

4 Linha D’Água: é o próprio benchmark ou índice de referência. A taxa de performance só poderá ser cobrada quando
o fundo tiver uma rentabilidade maior do que a linha d’água.

70 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 71

Fundo passivo (indexado) x fundo ativo: a gestão passiva tem como objetivo replicar o desempenho
do benchmark, enquanto a gestão ativa tem como objetivo superar o benchmark.

Fundo alavancado (superior ao PL): este tipo de estratégia é utilizado por fundos de investimentos
que utilizam dinheiro emprestado para aplicar em ativos financeiros.

Benchmarks: DI, IPCA, Ibovespa, IbrX, PTAX.

✓ Fechamento do fundo para resgates e aplicações

O administrador poderá suspender novas aplicações no fundo, desde que isso se aplique tanto aos
novos investidores quanto aos cotistas atuais.

Em casos excepcionais de falta de liquidez, o administrador poderá declarar o fechamento do fundo


para realização de resgate.

✓ Modalidades de fundos de investimentos

• Fundos de renda fixa:


- Curto prazo;
- Referenciado;
- Simples;
- Dívida externa;
• Fundos de ações;
• Fundos cambiais;
• Fundos multimercados;
• Fundos de crédito privado;
• ETF;
• Fundos imobiliários;
• FIDC;
• FIP;
• Fundos off-shore.

Fundos de renda fixa: tem 80% de seu patrimônio líquido aplicado em ativos de renda fixa expostos
à variação da taxa de juros ou a um índice de preços. Quando adicionada a expressão “longo prazo”, o
prazo médio da carteira deve ser superior a 365 dias. Nos fundos de renda fixa é vedada a cobrança de
taxa de performance.

Fundos de renda fixa de curto prazo: apresentam menos volatilidade (principalmente pós-fixado),
aplicam em título público federal ou privado de baixo risco, com prazo máximo de 375 dias e prazo
médio da carteira inferior a 60 dias. Nos fundos de renda fixa de curto prazo é vedada a cobrança de
taxa de performance.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 71


72 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

Fundos de renda fixa referenciados: devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio líquido inves-
tido em ativos que acompanhem o indicador e ter no mínimo 80% do patrimônio representado por
títulos públicos federais, ativos de renda fixa considerados de baixo risco de crédito ou cotas de fundos
de índice que invistam em ativos com essas características. Nos fundos de renda fixa referenciados é
vedada a cobrança de taxa de performance.

Fundos de renda fixa simples: devem manter no mínimo 95% de seu patrimônio em títulos públicos
federais, operações compromissadas neles lastreadas ou títulos de emissão de instituições financeiras
de risco de crédito no mínimo equivalente ao risco soberano. Dispensa o termo de adesão e ciência de
risco.

Fundos de renda fixa dívida externa: mantêm no mínimo 80% de seu patrimônio líquido em títulos
representativos da dívida externa de responsabilidade da União. Investem em papéis brasileiros nego-
ciados no exterior (exclusivos para essa modalidade de fundo). Os fundos de renda fixa dívida externa
podem cobrar taxa de performance.

Fundos cambiais: mantêm no mínimo 80% de seu patrimônio líquido ligado ao preço de moeda es-
trangeira ou variação do cupom cambial. A aplicação é feita em real (R$) e os fundos cambiais não
acompanham a cotação do dólar.

Fundos de ações: investem no mínimo 67% de seu patrimônio líquido em ações negociadas no mercado
à vista e trata-se de um investimento com vistas para o longo prazo. Os fundos de ações podem cobrar
taxa de performance.

- Estratégias de fundos de ações

Arbitragem (long & short): compra e venda de ativo.


Market timing: aumento ou diminuição a exposição da bolsa.
Stock picking: aposta em ações com maior potencial de retorno.

Macro carregamento x macro trading

Macro carregamento é uma estratégia voltada para o longo prazo.

Macro trading é uma estratégia voltada para investimentos mais curtos, no cur-
to prazo, e mais exposta a sensibilidades de precificação.

Fundos multimercados: estão expostos a vários fatores de risco, podem usar derivativos para alavan-
cagem e podem cobrar taxa de performance.

Fundos de crédito privado: mantêm mais de 50% de seu patrimônio líquido em crédito privado, de-
vem conter a expressão “crédito privado” em sua nomenclatura. No regulamento, prospecto e material
de venda do fundo devem constar, em destaque, o alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda
substancial de seu patrimônio líquido em caso de eventos que acarretem o não pagamento dos ativos
integrantes de sua carteira.

72 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 73

Exchanged traded funds (ETF): são fundos de investimento em índice, com cotas negociáveis somente
em bolsa, que mantêm no mínimo 95% de seu patrimônio aplicado em valores mobiliários ou ativos
de renda variável autorizados pela CVM, na proporção em que estes integram o índice de referência,
ou em posições compradas no mercado futuro do índice de referência, de forma a refletir a variação
da rentabilidade de tal índice. Ao investir em um ETF você está investindo, ao mesmo tempo, em uma
carteira de ações de diferentes companhias. 7

Exemplos de ETF

BOVA11 – Ibovespa
BRAX11 – IBrX-100
SMAL11 – Small Cap
PIBB11 – IBrX-50

- Características gerais ETF

• Trata-se de um fundo aberto (conforme o Portal do Investidor da CVM).


• É negociado em bolsa.
• Replica um índice.
• Imposto de renda transações comuns - 15%.
• Imposto de renda transações de day trade - 20% (independente do valor ganho).
• Sem come-cotas.

Fundos imobiliários (FII): destinam-se ao desenvolvimento de empreendimentos imobiliários, como


construção e aquisição de imóveis. São comercializados na forma de fundos fechados, que podem ter
duração determinada ou indeterminada. Os fundos imobiliários devem distribuir, no mínimo, 95% do
lucro auferido, apurados segundo o regime de caixa. Uma vez constituído e autorizado o funcionamento
do FII, admite-se que 25% de seu patrimônio, no máximo e temporariamente, seja investido em cotas
de fundos de investimentos e/ou em títulos de renda fixa. O resgate das cotas só pode ser feito no ven-
cimento ou na liquidação do fundo.

- Características gerais FII

• Os rendimentos são isentos de imposto de renda (IR) para pessoa física.


• O lucro líquido nas vendas/alienação de cotas é tributado em 20% de imposto de renda (inclusive
para pessoa jurídica isenta de IR).
• A isenção de imposto de renda só se aplica para investidores pessoa física que detêm menos de
10% das cotas do FII. É cobrada a alíquota de 20% de quem tem mais de 10%, assim como ocorre
com pessoa jurídica.
• Quem recolhe o IR em FII é o cotista.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 73


74 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

• As cotas do FII devem ser negociadas exclusivamente em bolsas de valores ou no mercado de


balcão organizado.
• O FII deve ter no mínimo 50 cotistas.
• Não há um valor mínimo para aplicação.

Fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC): tipo de aplicação em que a maior parte dos
recursos é destinada à aquisição de direitos creditórios. Os direitos creditórios vêm dos créditos que
uma empresa tem a receber, como duplicatas, cheques, contratos de aluguel, entre outros. O direito
de recebimento desses créditos é negociável, ou seja, a empresa o cede a terceiros e isso é feito por
meio de um FIDC.

Risco FIDC

O principal risco para o investidor é a carteira de recebíveis.

- Características gerais FIDC

• Pode ser aberto ou fechado.


• Somente investidores qualificados podem investir em FIDC.
• O FIDC deve ter, no mínimo, 50% de seu patrimônio aplicado em direitos creditórios.
• Não há valor mínimo para aplicação.

- Benefícios do FIDC

• Para quem cede: diminuição dos riscos e liberação de espaço no balanço.


• Para empresas: mais liquidez no mercado de crédito.
• Para investidores: uma alternativa de investimento que tende a oferecer maior rentabilidade do
que a renda fixa tradicional.

- Tipos de cotas

Cota sênior: aquela que não se subordina às demais para efeito de amortização e resgate.
Cota subordinada: aquela que se subordina à cota sênior.

Fundos de investimentos em participações (FIP): são constituídos sob a forma de condomínio fechado
e não há aplicação mínima. Os FIP foram criados para se investir ativamente por meio da compra de
participações em empresas ou empreendimentos específicos. O acesso às aplicações em FIP é restrito
a investidores qualificados (instituições financeiras, companhias seguradoras e sociedades de capita-
lização, entidades abertas e fechadas de previdência complementar etc.).

74 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 75

O fundo deverá participar do processo decisório da companhia investida, com efetiva influência na
definição de sua política estratégica e gestão por meio da indicação de membros do conselho de ad-
ministração. O FIP deve manter no mínimo 90% de seu patrimônio investido em ações, debêntures,
bônus de subscrição ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de
emissão de companhias, abertas ou fechadas, que o fundo tenha por objetivo participar do processo
decisório, podendo incluir na sua carteira compromissos de investimento para posteriores chamadas
de aporte de capital.

Fundos off-shore: investem recursos no exterior, sendo sua sede formalmente localizada no exterior
e o gestor localizado no Brasil.

- Limites de alocação por emissor

• Até 100% do patrimônio líquido do fundo pode estar investido em ativos de emissão da União,
como os títulos do Tesouro Nacional, pós e prefixados.
• No máximo 20% do patrimônio líquido do fundo podem ser aplicados em ativos de emissão de
instituições financeiras, como bancos e outras instituições autorizadas a funcionar pelo Bacen.
• No máximo 10% do patrimônio líquido do fundo podem ser aplicados em ativos de emissão de
companhias abertas ou fundos de investimento.

✓ Carteira administrada

A administração de carteira de valores mobiliários consiste na gestão profissional de recursos ou valores


mobiliários, sujeitos à fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários.

Gestão discricionária: permite delegar a gestão da totalidade ou de parte dos ativos a uma equipe
profissional e experiente.

Gestão não discricionária: mesmo que um fundo ou recursos de uma carteira seja administrado por
terceiros, o investidor é o gestor dos recursos, tomando todas as decisões de acordo com a sua vontade.

✓ Carteira administrada x fundos de investimento

Carteira administrada: voltada para quem tem maior volume de recursos e menos tempo disponível
para administrá-los.

Fundos de investimento: voltados para quem tem menos recursos e mais familiaridade com o mercado.

✓ Tributação em fundos de investimento e carteira administrada

- Imposto sobre operações financeiras (IOF)

• IOF segue a tabela regressiva até o 29º dia.


• IOF é cobrado antes do IR.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 75


76 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

• Há isenção de IOF para fundo de ações.


• Exceção de IOF em fundos de renda fixa: quando se tratar de um fundo de investimento com
carência, no resgate de suas cotas, antes de completado o prazo de carência para crédito de
rendimentos, a alíquota aplicada é de 0,5% ao dia, sempre limitado ao rendimento do investidor.

- Imposto de renda (IR)

• Come-cotas: maio e novembro.


• Curto prazo: alíquota de 20%.
• Longo Prazo: alíquota de 15%.
• Responsável pelo recolhimento: administrador.

7.2 Administração de recursos de terceiros

Objetivos

• Padronização para o mercado.


• Concorrência leal.
• Maior qualidade e disponibilidade das informações.
• Promoção das melhores práticas do mercado.
• Código não sobrepõe a legislação.

Os principais documentos dos fundos de investimento que devem ser elaborados e divulgados pelo
administrador são:

76 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 77

I. Lâmina de informações complementares;


II. Lâmina de informações essenciais;
III. Regulamento

Cabe também ao administrador o registro das fichas de cadastro e do termo de adesão e ciência de
risco assinado pelo cotista ao ingressar no fundo.

Além desses documentos, os administradores devem divulgar aos cotistas informações periódicas e
eventuais.

É importante frisar que para divulgar rentabilidade, o administrador deve ter, no mínimo, seis meses de
registro na CVM, e que a marcação a mercado é obrigatória para fundos abertos e cabe ao administrador
divulgar a versão simplificada de como executa o apreçamento de ativos.

Marcação a mercado (MaM)

A marcação a mercado consiste em registrar todos os ativos, para efeito de valorização e cálculo de
cotas dos fundos de investimento, pelos respectivos preços negociados no mercado em casos de ativos
líquidos ou, quando este preço não é observável, por uma estimativa adequada de preço que o ativo
teria em uma eventual negociação feita no mercado.

A MaM tem como principal objetivo evitar a transferência de riqueza entre os cotistas dos fundos de
investimento, além de dar maior transparência aos riscos embutidos nas posições, uma vez que as
oscilações de mercado dos preços dos ativos, ou dos fatores determinantes destes, estarão refletidas
nas cotas, melhorando assim a comparabilidade entre duas performances.

Além disso, a MaM evita que as aplicações e resgates de cotas de fundos sejam feitos com a precificação
dos ativos fora do valor de risco.

Fontes deste capítulo

Portal do Investidor – Fundos de investimento renda fixa. Acessado em set. 2021. Disponível em https://
www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/fundos_investimentos/rendafixa.html.
Portal do Investidor – Principais documentos e informações dos fundos de investimentos. Acessado em
set. 2021. Disponível em https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/fundos_investimentos/
documentos_informacoes.html.
Bússola do Investidor - Assembleia geral extraordinária (AGE). Acessado em set. 2021. Disponível em
https://www.bussoladoinvestidor.com.br/abc_do_investidor/assembleia_geral_extraordinaria_age/.
Suno - Como o Chinese Wall evita o conflito de interesses nas instituições financeiras?. Acessado em
set. 2021. Disponível em https://www.suno.com.br/artigos/chinese-wall/.
Anbima - Guia para publicidade e divulgação de material técnico de fundos de investimento. Acessado
em set. 2021. Disponível em https://www.anbima.com.br/Gerador_Publicidade/cvm.asp.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 77


78 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

8. QUESTÕES | MÓDULO 02
1. Qual o retorno exigido de uma carteira de mercado considerando que a taxa livre de risco é de 3%, o
prêmio de risco é 4% e o beta da carteira é de 1,5?

a) 9%.
b) 4,5%.
c) 3%.
d) 8,5%.

2. Na fronteira eficiente de Markowitz:

a) Estão as carteiras com as melhores relações de risco x retorno.


b) Estão as carteiras com os melhores retornos do mercado.
c) Estão as carteiras com os menores riscos do mercado.
d) Estão os ativos livres de risco combinados com uma parte do Ibovespa.

3. Sobre a Capital Market Line – CML, assinale a alternativa correta:

a) É onde se localizam as carteiras com a maior rentabilidade possível.


b) É a carteira de mercado, onde o investidor estará 100% comprado em mercado.
c) É a fronteira eficiente.
d) É uma evolução ao Modelo de Markowitz, ao adicionar um ativo livre de risco na composição da
carteira.

4. O que são índices?

a) Números que medem a variação média do PIB em um determinado período preestabelecido.


b) Números que medem a variação dos preços médios das ações na B3.
c) Números que medem a variação média dos preços e produtos de uma determinada cesta (conjunto).
d) Números que medem a média dos preços das ações de determinada carteira de investimento.

5. Sobre a bolsa de valores e o mercado de balcão organizado, observe as afirmações abaixo:

I - O mercado de balcão organizado tem em sua prateleira de produtos, ativos padronizados com prazo
de vencimento, preço e quantidade estabelecidos pelo mercado;
II - Na bolsa de valores há a possibilidade de que a operação seja feita de maneira personalizada e única,
podendo a negociação ser feita diretamente entre as partes;

78 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 79

III – Na bolsa de valores as negociações de um mesmo ativo vão para um sistema centralizador, onde,
então, é feito a negociação de diversos ativos.
Quais afirmações estão incorretas?

a) I e II estão incorretas.
b) III está incorreta.
c) I e III estão incorretas.
d) I, II e III estão incorretas.

6. Sobre as formas de garantia e cobertura em operações, podemos dizer que a menos segura para
contraparte é quando:

a) O lançador está a descoberto.


b) O vendedor possui a margem em acordo com o determinado pela B3.
c) O lançador deposita a garantia do ativo.
d) Apesar de a margem estar correta, o ativo é pouco volátil e possui muita liquidez.

7. Quem é o responsável pela B3?

a) O COPOM.
b) A bolsa de valores é fiscalizada pelo Bacen e pela CVM.
c) Somente o Bacen.
d) Somente a CVM.

8. Dentre os índices setoriais, qual deles medem a variação de preços das 100 ações mais negociadas
na B3, excluindo-se estatais e bancos?

a) IBRX-100.
b) FGV-100.
c) ICON-100.
d) IMAT- 100.

9. Das alternativas listadas, qual não é característica das ações?

a) Títulos que representam dívida ou crédito.


b) Menor parcela do capital social de uma empresa.
c) Valores negociáveis no mercado primário e secundário.
d) Classificadas de acordo com a natureza dos direitos e vantagens que conferem ao acionista.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 79


80 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

10. São direitos dos acionistas:

a) Participação nos lucros sociais.


b) Acesso às informações.
c) Preferência na subscrição de novas ações.
d) Todas as alternativas estão corretas.

11. Não são preferências que os acionistas detentores de ações preferenciais adquirem com suas ações:

a) Preferência na distribuição de resultados.


b) Preferência no reembolso de capital.
c) Preferência nas assembleias gerais.
d) Preferência na acumulação das duas situações anteriores.

12. Chamamos de preferenciais as ações que:

a) Têm direito a voto se a empresa não distribuir dividendos por três anos consecutivos.
b) Não têm preferência sobre as ordinárias no pagamento de dividendos caso os lucros sejam insufi-
cientes.
c) Têm preferência no reembolso do capital, em caso de liquidação da sociedade.
d) Todas as alternativas estão corretas.

13. A principal característica das ações ordinárias é:

a) Deter 1/3 do capital social com direito pleno de voto.


b) Não ter direito de voto na AGO e na AGE.
c) Ter direito ao voto somente quando a empresa passar três anos consecutivos sem distribuir resultados.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

14. Um investidor busca ativos no mercado financeiro que tragam possibilidades maiores de renta-
bilidade, independente do risco da operação. Se a escolha for por debêntures, qual garantia deve ser
escolhida por esse investidor?

a) Real.
b) Fidejussória.
c) Quirografária.
d) Subordinada.
15. O investidor pessoa física busca ativos que possam lhe conceder benefício fiscal. Sendo assim, qual
ativo melhor se encaixa ao seu objetivo?

80 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 81

a) CDB.
b) Debênture simples.
c) Debênture incentivada.
d) Debênture conversível em ações

16. São características das debêntures, exceto:

a) Possibilitam ao emissor alterar a forma de negociação na reunião de repactuação, caso esta possi-
bilidade de alteração esteja descrita na escritura da emissão.
b) São ativos financeiros de renda fixa emitidos por S.A. financeira e não financeira. A diferença é que
a S.A. financeira não pode realizar a oferta pública.
c) Segue a tributação da tabela regressiva de imposto de renda.
d) Não existe regra para valor de emissão.

17. As debêntures não possuem proteção do Fundo Garantidor de Créditos, mas possuem garantias
específicas. É uma garantia adicional e opcional:

a) Fidejussória.
b) Subordinada.
c) Quirografária.
d) Fidedigna.

18. As notas promissórias são títulos de renda fixa emitidas por S.A. não financeira de capital aberto e
fechado. Sobre o prazo deste título, é correto afirmar:

a) Há prazo máximo de 180 dias para títulos emitidos por S.A. não financeira de capital fechado e de
360 dias para títulos emitidos por S.A. não financeiras de capital aberto.
b) Há prazo máximo de 360 dias para títulos emitidos por S.A. não financeira de capital fechado e de
180 dias para títulos emitidos por S.A. não financeira de capital aberto.
c) Há prazo máximo de 180 dias para títulos emitidos por S.A. não financeira de capital fechado e de
180 dias para títulos emitidos por S.A. não financeira de capital aberto.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

19. Uma companhia que realiza a venda de parte de suas ações de forma privada e direta ao interessado
será uma companhia:

a) Aberta.
b) Fechada.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 81


82 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

c) Composta.
d) Mista.

20. São requerimentos necessários para a abertura de capital de uma companhia:

I. Contratação de auditoria independente (credenciada pela CVM);


II. Designar um diretor de Relações com Investidores (RI) estatutário;
III. Não ser uma sociedade constituída como S.A.

a) I e II.
b) II e III.
c) I.
d) II.

21. A diferença entre a distribuição primária e a distribuição secundária se dá, principalmente, pelo
fato de:

a) A primeira ser conhecida como follow on, na qual o dinheiro vai para o caixa da empresa, e a segunda
ser realizada via home broker.
b) A segunda ser conhecida como IPO e o dinheiro ir para a empresa, e a primeira ter circulação de
dinheiro entre investidores.
c) A primeira ser destinada ao caixa da empresa, e a segunda ser realizada entre investidores no mer-
cado secundário.
d) A primeira garantir fluxo de caixa para empresa e investidores, e a segunda ser realizada via follow on.

22. Qual oferta pública oferece maior risco para a empresa emissora?

a) Garantia firme.
b) Melhores esforços.
c) Stand-by.
d) Residual.

23. Em que ocasião é feita a OPA obrigatória?

a) Cancelamento do registro, alienação onerosa do controle e aumento de participação do acionista


controlador que impeça/afete a liquidez.
b) Emissão de novos títulos no mercado e aumento da participação do controlador.

82 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 83

c) Aumento da participação do controlador, dificuldade em veiculação de novos papéis e aumento de


participação do acionista controlador que impeça/afete a liquidez.
d) Não existe OPA de maneira obrigatória.

24. A recuperação judicial tem o intuito de:

a) Declarar a falência da empresa.


b) Ajudar a companhia a negociar suas dívidas com os acionistas.
c) Garantir a reestruturação de suas dívidas, pois trata-se de um acordo entre a empresa e os credores
formalizando que ela está tendo dificuldade.
d) Assegurar aos acionistas o recebimento de seus lucros, mesmo que a longo prazo.

25. João da Silva vai investir em uma debênture sem liquidez, com vencimento em 4 anos e pagamento
de cupons semestrais. Ele verificou que o rating da empresa emissora foi alterado de A para BBB. Desta
forma, a rentabilidade do investimento de João:

a) Aumentará em função do risco.


b) Diminuirá em função do risco.
c) Não será alterada.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

26. O rating de uma empresa foi alterado de A para AA. Neste caso, se a empresa emitir uma nova de-
bênture, irá:

a) Pagar uma taxa de juros maior devido ao aumento do risco.


b) Pagar uma taxa de juros menor devido à diminuição do risco.
c) Pagar uma taxa de juros maior devido à diminuição do risco.
d) Pagar uma taxa de juros menor devido ao aumento do risco.

27. Leia as afirmações a seguir sobre os tipos de rating.

I. O rating do tipo soberano avalia a qualidade do crédito do governo dos países num horizonte do
longo prazo.
II. O rating do tipo corporativo demonstra a qualidade de crédito de uma empresa ou grupo econômico
que realiza operações estruturadas.
III. O rating do tipo corporativo avalia a qualidade do crédito no horizonte de curto prazo.

Sobre os tipos de rating está correto o que se afirma na(s) alternativa(s):

a) Todas as alternativas estão corretas.

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS 83


84 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS

b) I e II.
c) I.
d) II e III.

28. Quem é o responsável pela compra e venda de títulos, bem como pela estratégia do fundo de in-
vestimento?

a) Gestor.
b) Custodiante.
c) Distribuidor.
d) Auditor independente.

29. Segregação da administração de recursos de terceiros das demais atividades da instituição, que
ocorre para evitar conflito de interesses. Essa separação é conhecida como:

a) Chinese wall.
b) Day trade.
c) Swap.
d) Marcação a mercado (MaM).

30. A metodologia utilizada pelos fundos para calcular a taxa de performance, é conhecida como?

a) Chinese wall.
b) Marcação a mercado.
c) Come-cotas.
d) Linha D’Água.

84 MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 85

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA


1. MATEMÁTICA FINANCEIRA DA RENDA FIXA
Regimes de capitalização: contínua e descontínua

✓ Regime de capitalização contínua

O regime de capitalização contínua é muito utilizado nas operações financeiras nos Estados Unidos
e em outros países, conforme explica José Roberto Kassai no livro “Retorno de investimento” (2005).
No Brasil, as operações mais comuns de mercado estão sujeitas ao regime de capitalização composta.

Na capitalização contínua, os juros são cobrados a cada instante infinitamente. Para saber os juros
de um determinado empréstimo para um período de 30 segundos, por exemplo, é preciso aplicar a
fórmula a seguir.

FV = PV x e ¹. N

Em que:

PV = valor presente;
E = número constante;
I = taxa de juros.

✓ Regime de capitalização descontínua

Diferente da capitalização contínua, na descontínua os juros são formados somente ao final de cada
período de capitalização. Se, por exemplo, a taxa de juros é de 2% ao mês, os juros serão pagos ao mês,
não em horas, dias ou semanas como na contínua.

Dentro da capitalização descontínua, temos dois regimes: capitalização simples e capitalização com-
posta.

1.1 Juros simples versus juros compostos: valor futuro e valor atual

Juros simples → Juros incidem apenas sobre o capital.

Juros = capital x taxa x tempo (período)

Em um regime de capitalização simples, no cálculo da remuneração devida em um título, o valor de


referência para o cálculo dos juros é sempre o montante inicial, isto é, o valor presente do título.

Juros compostos → Juros sobre juros.

Juros = capital x (1 + taxa)n

O regime de capitalização composta é o famoso “juros sobre juros”, e tende a ser o preferido de inves-
tidores e instituições financeiras.

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 85


86 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA

Nesse regime, o montante inicial cresce de maneira geométrica ao longo do tempo, e o valor principal
acrescido de juros em um dado período serve como base de cálculo para os juros do período subse-
quente.

Exemplo

Fábio aplicou R$ 10.000,00 pelo prazo de 12 meses, com taxa de 1% a.m. Quan-
to Fábio irá resgatar, desconsiderando o imposto de renda?

Regime simples
100.000,00 = R$112.000,00
Neste caso, considera-se 12% em cima do valor investido, simplesmente.

Regime composto
100.000,00 = R$112.682,50
No regime composto é capitalizado mensalmente em cima do valor total (apor-
te + rendimento).

1.2 Taxas equivalentes e taxas proporcionais

Segundo Alexandre Assaf Neto mostra no livro “Mercado financeiro” (2017), temos a seguinte fórmula
para calcular a taxa equivalente:

Em que:

iq = taxa equivalente;
it = taxa de juros;
q = número de períodos para capitalização;
t = número de períodos base.

Utiliza-se a taxa equivalente no regime de capitalização composto quando temos um período diferente
da taxa.

Para ficar mais claro, observe o exemplo a seguir.


Exemplo

Qual é a taxa equivalente ao mês de um investimento que possui uma rentabi-


lidade de 10% ao ano?

86 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA


MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 87

Eq= [( 1 + 0,10 ) ^ 1/10]-1


Eq= 0,00797

Agora basta multiplicar por 100 para saber a porcentagem.

Eq = 0,00797 x 100 = 0,79% ao mês

Ainda de acordo com Alexandre Assaf Neto, para o cálculo de taxas proporcionais é utilizada
a seguinte fórmula:

Em que:

N1 = prazo taxa 1;
N2 = prazo taxa 2;
I1 = percentual taxa 1;
I2 = percentual taxa 2.

Na prática essa taxa é utilizada no regime de juros simples.

Exemplo

Em um investimento que possui rentabilidade de 10% ao ano, temos 0,83% ao


mês.

10 / 12 = 0,83%

1.3 Taxa nominal e taxa real

A taxa nominal nada mais é do que a taxa contratada, ou seja, é a taxa que vemos no extrato
de uma operação financeira.

Exemplo

Determinado CDB do banco Zeta remunera 6% ao ano.


Logo, essa é a taxa nominal. Não consideramos outros fatores como inflação,
imposto de renda etc.

Na taxa real, é considerada a taxa nominal e a inflação do período. Sendo assim, ela representa
o quanto realmente o investidor ganhou.

Seu cálculo é feito a partir da equação abaixo:

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 87


88 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA

Taxa nominal – inflação = taxa real

1.4 Taxa interna de retorno e comparação com valor presente

A taxa interna de retorno (TIR) é utilizada para analisar o percentual de retorno financeiro de um pro-
jeto ou investimento.

A TIR é a taxa de desconto aplicada quando calculamos a projeção de um fluxo de caixa, ou seja, a pre-
visão de receitas em um determinado período, considerando o investimento inicial. Ela é necessária
para saber o valor presente líquido (VPL), o ganho real do investimento.

Na prática é utilizada por investidores e especialistas para saber se determinado investimento é ou não
viável.

Fontes deste capítulo

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2019.
NETO, Alexandre Assaf. Mercado financeiro. São Paulo: Atlas, 2017.
KASSAI, José Roberto. Retorno de investimento. São Paulo: Atlas, 2005.

88 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA


MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 89

2. ESTATÍSTICA BÁSICA
2.1 Medidas de retorno: média aritmética e geométrica

Média aritmética e média geométrica são medidas de dados centrais de um rol de números, utilizadas
em dados descritivos.

Média geométrica: medida estatística utilizada quando os dados crescem de maneira sucessiva. Obte-
mos a média geométrica extraindo a raiz quadrada da multiplicação dos temos.

Exemplo

Calcule a média geométrica entre os valores 2 e 8.

XG = 2x8 = 16
XG = Raiz quadrada de 16 = 4

Média aritmética: medida estatística muito utilizada no dia a dia, também conhecida como média sim-
ples. Obtemos a média aritmética somando os elementos e dividindo pela quantidade de elementos
que a amostra possui.

Exemplo

Calcule a média aritmética entre os valores 2 e 8.

XA = 2 + 8 / 2 = 10

2.2 Medidas de dispersão: variância e desvio padrão

✓ Variância e desvio padrão (volatilidade)

• Medem a dispersão em torno da média.


• O quanto o resultado está distante da média.
• Desvio padrão = a raiz quadrada da variância representada pela letra grega “sigma” σ.

✓ Variância

Mede o grau de dispersão de um conjunto de dados. É dado pelos desvios em relação à média desse
conjunto.

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 89


90 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA

✓ Desvio padrão

A variância possui um problema de construção como medida de dispersão de dados: ela apresenta
uma unidade de medida igual ao quadrado da unidade de medida dos dados originais. Esse problema
é resolvido extraindo a raiz quadrada da variância, o que chamamos de desvio padrão.

2.3 Cálculo da correlação e covariância

✓ Covariância

A covariância é uma medida que avalia como as variáveis X e Y se inter-relacionam de forma linear, ou
seja, como Y varia em relação a uma determinada variação de X.

Quando a covariância é positiva, duas variáveis tendem a variar na mesma direção, isto é, se uma sobe,
a outra tende a subir e vice-versa. Quando a covariância é negativa, duas variáveis tendem a variar em
direções opostas, isto é, se uma sobe a outra tende a cair e vice-versa. Quanto mais próxima de zero
for a covariância, menor a possibilidade de se identificar um comportamento interdependente entre
as variáveis.

Fórmula

Covar (x,y) = E(XY) - E(x) E (Y)

✓ Correlação

A covariância busca mostrar se há um comportamento de interdependência linear entre duas variáveis.

Porém, a covariância é uma medida dimensional, sendo afetada pelas unidades de medida das séries
X e Y. Para corrigir esse problema da covariância, chegou-se à medida de correlação, que é um número
adimensional que varia entre – 1 e 1 (inclusive).

Fórmula

Corr (x,y): cov (x,y) / DPx . DPy

Fontes deste capítulo

PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2019.
Mundo Educação – Matemática. Acessado em out. 2021. Disponível em https://mundoeducacao.uol.
com.br/matematica.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

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3. TÍTULOS DE RENDA FIXA


Os instrumentos de renda fixa podem ser tanto prefixados, pós-fixados ou híbridos (taxa pré + um
benchmark, como o CDI).

Alguns títulos possuem cupons semestrais, ou seja, amortização e pagamento de juros.

Com cupom: amortiza valor a receber.

Sem cupom: não amortiza valor a receber.

3.1 Títulos públicos: características, mercados primário (leilões) e secundário

Os títulos públicos federais (TPF) são emitidos com exclusividade pelo Tesouro Nacional.

LFT - Tesouro Selic

LTN -Tesouro Prefixado

NTN-B - Tesouro IPCA (CUPOM 6% a.a.)

NTN-B Principal - Tesouro IPCA

NTN-F - Tesouro prefixado (CUPOM 10% a.a.)

Há três tipos de títulos públicos: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA. Cada um deles
possui características próprias que podem se adequar a diferentes estratégias de investimento.

Tesouro Prefixado: a rentabilidade será a taxa de juros definida no momento da compra.

Tesouro Selic: a rentabilidade é variável e acompanha a taxa Selic desde a aquisição do título até o seu
vencimento.

Tesouro IPCA: é um título híbrido, ou seja, a rentabilidade é composta por uma parte variável, que acom-
panha o IPCA (usado para medir a inflação), e uma parte fixa, determinada no momento da aplicação.

✓ Mercado primário

No mercado primário os emissores lançam seus títulos e ações para aquisição por parte dos primeiros
investidores. Nele a negociação ocorre entre tomadores e investidores.

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✓ Mercado secundário

No mercado secundário os ativos são negociados após a sua emissão. Nele a negociação ocorre entre
investidores e instituições financeiras.

3.2 Canais de distribuição e Tesouro Direto

Canais de distribuição são os meios que as empresas utilizam para distribuir os títulos aos investidores.

Os títulos podem ser adquiridos via corretoras de valores mobiliários, bancos, cooperativas e bancos
de investimento.

Já o Tesouro Direto é um programa criado em 2002, pelo Tesouro Nacional, que permite investimentos
em títulos públicos. Na prática, o investidor empresta dinheiro para o governo – que paga juros em
troca (rentabilidade).

3.3 Títulos privados: CDB, LC e LH

✓ Certificado de Depósito Bancário - CDB

O CDB é um título privado criado para captar recursos de investidores pessoas físicas ou jurídicas, por
parte dos bancos. É um investimento protegido pelo FGC.

Pode ser emitido por bancos comerciais, bancos de investimento ou bancos múltiplos (que devem ter,
pelo menos, uma carteira comercial ou de investimentos).

A rentabilidade deve ser prefixada ou pós (não pode haver variação cambial).

CDB Prefixado: nele a taxa é fixada no início da operação e mantida até o vencimento.

CDB Pós-fixado: nele o rendimento é atrelado ao CDI, TR, TBF, IGP-M, TLP, IPCA etc.

CDB Híbrido: nada nada mais é que uma união do CDB Prefixado com o Pós-fixado (taxa pré + pós).

✓ Letra de Câmbio - LC

A Letra de Câmbio é uma ordem de pagamento à vista ou a prazo, criada através de um ato chamado
de saque.

Não confunda com taxa de câmbio ou moeda estrangeira.

Rentabilidade: prefixada, pós-fixada ou híbrida (atrelada ao CDI e taxa Selic).

✓ Letra Hipotecária - LH

As Letras Hipotecárias são títulos de renda fixa com lastro no setor imobiliário, emitidos por instituições
financeiras que realizam financiamento neste setor.

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Possui proteção do FGC e isenção de imposto de renda para pessoa física.

Rentabilidade: prefixada, pós-fixada ou híbrida (atrelada ao CDI e taxa Selic).

3.4 Marcação a mercado: metodologia e curva do papel

Os títulos de renda fixa, públicos ou privados, sofrem marcação a mercado, que nada mais é do que
atualizar diariamente o valor da cota daquele ativo de acordo com as perspectivas do mercado. Seu
objetivo é evitar a riqueza entre cotistas.

Se o investidor levar o título até o vencimento, não tem com o que se preocupar, pois irá receber exata-
mente o valor acordado na contratação da negociação. Porém, se resgatar antecipadamente, ele pode
sofrer com a marcação a mercado, tanto de forma negativa quanto positiva.

A marcação pela curva do papel é o oposto da marcação a mercado, que atualiza o valor da cota diaria-
mente. Na curva do papel, a regra é calcular o valor presente do título, ou seja, o valor que o investidor
pagou pelo título e multiplicar por 1 mais os juros elevados no período. Neste caso, o valor presente do
título é corrigido diariamente pela taxa acordada até o vencimento.

Contudo, esse modelo de marcação pela curva do papel não é o adotado no Brasil, porque o Banco
Central entende que essa metodologia pode prejudicar alguns investidores. Se determinado investidor
resgatar antecipadamente o título, pode gerar prejuízo para o investidor que levar até o vencimento.

3.5 Precificação de títulos

Nos títulos pós-fixados o valor presente do título é corrigido diariamente pelo indexador do papel (taxa
Selic ou CDI).

Já nos títulos prefixados, para descobrirmos o preço unitário devemos dividir o valor futuro pela taxa
acordada por meio da fórmula:

PU = 1.000,00 (valor de face)


____________
Taxa / 100

3.6 Estrutura a termo

A estrutura a termo das taxas de juros, também como conhecida como Yield Curve ou curva de juros,
avalia o valor de mercado dos títulos em diferentes prazos de vencimento, ou seja, é uma demonstração
gráfica de como o mercado está apreçando o risco.

Humberto Veiga, no livro digital “Curso básico de investimentos” (2010), explica que a estrutura a termo
da taxa de juros nada mais é do que, para cada prazo de vencimento, quanto o mercado demanda de
juros.

Na construção gráfica, considerando rendimentos e vencimentos de títulos de renda fixa, é feito o cál-
culo do que o mercado projeta para as taxas de juros no futuro, de acordo com as condições atuais da
economia e do mercado.

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Na prática, a estrutura a termo demonstra se o mercado demanda taxas mais altas ou baixas para em-
prestar dinheiro de acordo com o cenário econômico, político e fiscal.

3.7 Noções de duration

Duration é o prazo médio no qual o detentor de um título prefixado irá recuperar o investimento feito
ao adquirir o papel. Logo, quanto maior a duration, mais tempo o investidor vai levar para receber de
volta o montante investido. Da mesma forma, quanto menor o duration, mais rápido o investimento
irá se pagar.

A duration será igual ao vencimento se não houver pagamento de cupom, já que todo o valor é recebido
no final, e nunca poderá ser maior do que o vencimento.

Fórmula

3.8 Tributação

Imposto sobre Operações Financeiras - IOF

O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incide sobre os rendimentos apenas nos primeiros trinta
dias da aplicação. Portanto, se o investidor solicitar o resgate dentro desse período, haverá cobrança.

Imposto de renda - IR

O imposto de renda (IR) incide apenas sobre os rendimentos e de forma regressiva, ou seja, quanto
maior o tempo de investimento, menor será a alíquota.

Veja os percentuais abaixo:

• Aplicações de até 180 dias - 22,5%;


• Aplicações entre 181 e 360 dias - 20%;
• Aplicações entre 361 e 720 dias - 17,5%;
• Aplicações maiores do que 721 dias - 15%.

Fontes deste capítulo

Seu Dinheiro – Títulos de renda fixa também podem se desvalorizar! Entenda como os preços dos títulos
públicos e privados são calculados. Acessado em out. 2021. Disponível em https://www.seudinheiro.
com/2019/renda-fixa/precificacao-de-titulos-publicos-e-privados/.
IPEA - TD 0447 - A Estrutura a Termo da Taxa de Juros: Uma Síntese. Acessado em out. 2021. Disponível
em https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=3642.
VEIGA, Humberto. Curso básico de investimentos. São Paulo: Cursos Beto Veiga, 2020.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

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4. QUESTÕES | MÓDULO 03
1. Considere que os ativos X e Y possuem covariância igual a 11% e desvio padrão de 4,08 e 4,61, res-
pectivamente. Assim, conclui-se que a correlação entre estes dois ativos é de aproximadamente:

a) 0,584.
b) 0,456.
c) 0,351.
d) 0,125.

2. Os alunos de uma turma receberam as seguintes notas: 9, 9, 8, 7, 10, 10, 10, 9, 8. 6. Qual é a média
aritmética da turma?

a) 6,8.
b) 86.
c) 8,6.
d) 10.

3. Na capitalização de juros simples:

a) Os juros são pagos no vencimento, que é fixo.


b) Os juros são pagos durante o período de capitalização.
c) Os juros são incorporados ao capital durante a capitalização.
d) A capitalização de juros ocorre sobre o capital inicial.

4. Joana tem um perfil de investidor mais arrojado e deseja incluir debêntures na sua carteira de in-
vestimentos. Dentre as possibilidades, ela se interessou em aplicar R$ 200 mil, considerando que irá
receber ao longo de 5 anos a seguinte remuneração:

• R$ 38 mil (ano 1);


• R$ 42 mil (ano 2);
• R$ 55 mil (ano 3);
• R$ 76 mil (ano 4);
• R$ 70 mil (ano 5).

Qual é a taxa de retorno estimada para essa operação?

a) 12,77%.
b) 11,69%.

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96 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA

c) 11,03%.
d) 13,96%.

5. Paulo quer investir em um título que ofereça rentabilidade real e pague cupons semestrais. Qual dos
títulos abaixo você recomendaria para este investidor?

a) LFT.
b) NTN-B.
c) NTN-B (principal).
d) NTN F.

6. Calcule o preço unitário (PU) de uma LTN com vencimento para 470 dias e taxa negociada de 8,90% a.a.

a) 852,98.
b) 855,38.
c) 752,98.
d) 528,98.

7. Com relação ao imposto de renda em títulos de renda fixa, assinale a alternativa incorreta.

a) Alíquota de IR - 22,50% até 180 dias.


b) Alíquota de IR - 20% para 181 a 360 dias.
c) Alíquota de IR - 17% para 361 a 720 dias.
d) Alíquota de IR - 15% para 721 dias ou mais.

8. Mercado onde são negociados títulos entre tomador e investidor e pelo qual o valor investido vai
diretamente para a empresa.

a) Mercado primário.
b) Mercado secundário.
c) Mercado de ações.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

9. O objetivo do mercado secundário é:

a) Facilitar a negociação entre empresa e investidor.


b) Dar mais liquidez ao mercado.
c) Eliminar o risco de liquidez.

96 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA


MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 97

d) Eliminar o risco de crédito.

10. O país está passando por um período de alta da taxa básica de juros. Para aproveitar esse momento,
o investidor deve aplicar em:

a) LTN.
b) LFT.
c) NTN-B.
d) CDB Prefixado.

11. O objetivo da marcação a mercado é:

a) Evitar o conflito de interesses.


b) Evitar que investidores tenham acesso a informações privilegiadas.
c) Evitar a transferência de riquezas entre os cotistas.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

12. Considere um título que possui valor presente de R$ 915,00, zero cupom e prazo para 10 anos. A
duration deste título será de:

a) 10 anos.
b) 10 anos e 5 meses.
c) 9 anos e 3 meses.
d) 9 anos.

13. Leonardo investiu em um CDB Prefixado e após 20 dias, precisou resgatá-lo. Sobre o valor resgatado
irá incidir:

a) Somente IR - alíquota de 22,5%.


b) Somente IOF.
c) Primeiro IR - alíquota de 22,5%, e depois IOF.
d) Primeiro IOF e depois IR - alíquota de 22,5%

14. Carlos realizou uma aplicação no valor de R$10.000,00, com taxa de 1,2% ao mês sobre regime de
capitalização simples. Após 10 meses, ele decidiu fazer o resgate. Qual será o valor resgatado, descon-
siderando taxas e imposto de renda?

a) R$10.120,00.
b) R$11.000,00.

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98 MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA

c) R$11.266,90.
d) R$11.200,00.

15. Bruno investe em títulos públicos federais. O mais recente investimento escolhido por ele possui
taxa nominal de 7% a.a, porém, a inflação do período foi de 3,5% a.a. Qual será a rentabilidade real
desse título?

a) 3,38%.
b) 3,50%.
c) 10,50%.
d) 3,5%.

16. Um cliente quer fazer uma aplicação no valor de R$ 105.000,00, e irá resgatar R$ 45.000,00 em 30
dias, R$ 68.000,00 em 60 dias, R$ 27.000,00 em 90 dias, R$ 12.000,00 em 120 dias e R$ 17.500,00 em 150
dias. O custo de oportunidade é de 10% ao ano.

Qual será o VPL aproximado deste investimento?

a) R$ 28.132,10.
b) R$ 31.455,22.
c) R$ 43.137,13.
d) R$ 61.380,02.

17. Considere um ativo com as seguintes características:

• Média de retorno anual histórica = 3%;


• Desvio Padrão = 4%.

Utilizando um intervalo de confiança de 99%, a variação de retorno deste ativo para o próximo ano
será de:

a) -1 a 7.
b) -5 a 11.
c) -9 a 15.
d) 3 a 4.

18. Considere um investimento que possui média igual a 3 e desvio padrão igual a 1. A probabilidade
de que o retorno do investimento esteja entre 2 e 4 é de:

a) 68%.
b) 95%.

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MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA 99

c) 99%.
d) 100%.

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MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


1. ASPECTOS GERAIS SOBRE A NEGOCIAÇÃO, FUNÇÃO ECONÔMICA E CONCEITUAÇÃO DO MERCADO DE DERIVATI-
VOS
Derivativos são instrumentos financeiros cujos preços derivam de um ativo, taxa de referência ou índice,
tornando possível, entre outras coisas, a gestão do risco de preço de diversos ativos.

Seus contratos podem ser liquidados fisicamente (com a entrega de ativos como café, barril de petró-
leo, ouro, boi, soja, milho etc.) ou financeiramente (em dinheiro, por meio de ações e taxas de juros).
Além disso, os contratos são padronizados, ou seja, possuem prazo de liquidação, quantidade e forma
de cotação determinados. Podem ser negociados tanto no mercado à vista quanto no mercado futuro.

Os derivativos podem ser utilizados para diversas finalidades, como estratégia de hedge (proteção)
financeira, seguro contra riscos ou somente especulação.

2. DEFINIÇÕES DOS PRINCIPAIS CONTRATOS NEGOCIADOS


2.1 Contratos a termo

No mercado de contratos a termo são realizados acordos privados de compra e venda de um ativo para
liquidação em data futura, por preço predeterminado.

✓ Características

Contratos não padronizados: itens do contrato são negociáveis entre as partes e os preços determina-
dos de forma privada pelo comprador e pelo vendedor. Os riscos são assumidos pela contraparte. Não
existe um mecanismo de segurança de recebimento (físico ou financeiro), portanto, tem risco de crédito.

Exemplo

Imagine um produtor e um torrefador de café no início da safra. O produtor não


tem nenhuma garantia do preço que poderá ser praticado ao final da safra e
o torrefador, que compra o café do produtor e vende para o consumidor final,
também não sabe a que preço poderá negociar o café no final da safra.

A fim de eliminar os riscos de variações adversas de preços, ambos podem as-


sumir um compromisso de compra e entrega no futuro por um preço preesta-
belecido.

✓ Non-Deliverable Forward - NDF

As operações a termo recebem a denominação de Non-Deliverable Forward (NDF) quando, no dia do


vencimento, as partes somente liquidam a diferença entre o preço negociado no contrato a termo e o
observado, nesse dia, no mercado à vista.

100 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 101

✓ Tributação

Alíquota: 15%.

Fato gerador: encerramento da posição, ou seja, a liquidação do termo.

Responsável pelo recolhimento: investidor.

Compensação de perdas: as perdas incorridas poderão ser compensadas no próprio mês ou nos me-
ses seguintes em outras operações no mercado à vista, exceto no caso de perdas em operações de day
trade, que somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações de day trade.

2.2 Contratos futuros

Neste mercado os contratos são muito semelhantes aos contratos a termo, pois são utilizados em
operações de compra e venda de uma certa quantidade de commodity ou ativo financeiro para uma
data futura, por um preço determinado pelas partes na data de negociação.

Todo contrato futuro tem um comprador e um vendedor, e cada um deles assume uma obrigação.
No vencimento a liquidação pode ser por entrega do ativo negociado (menos comum) ou liquidação
financeira.

Até o vencimento do contrato há o sistema de ajuste diário (mecanismo de acerto financeiro diário
pelas diferenças de preços).

Ajuste diário

Preço de ajuste de hoje = R$ 3,50.


Preço de ajuste de ontem = R$ 3,80.
Diferença = R$ 0,30.

Neste cenário, investidores “comprados” pagam R$ 0,30 por unidade de contra-


to e os investidores “vendidos” recebem R$ 0,30 por unidade de contrato.

✓ Importância do mercado futuro

A incerteza dos preços futuros é uma das maiores causas de ineficiência dos negócios. Por exemplo:

• Na agropecuária a produção tem forte dependência dos fatores climáticos;


• No setor financeiro a incerteza sobre o preço do dólar no futuro dificulta o planejamento e a exe-
cução da atividade industrial quando há insumos importados.

Em ambos os casos, o mercado futuro pode servir como hedge.

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 101


102 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS

Contratos futuros negociados: boi gordo, milho, soja, etanol, café arábica, açúcar cristal especial,
Ibovespa, CDI e câmbio.

✓ Tributação

Alíquota: sobre o lucro líquido o investidor deve pagar 20% para operações de day trade com anteci-
pação de 1% na fonte, e 15% para operações normais com antecipação de 0,005% na fonte.

Fator gerador: o investidor deve calcular o resultado positivo dos ajustes diários no mês e o fato gerador
é a obtenção de ganhos sobre mercados futuros, ou seja, o encerramento da posição.

Responsável pelo recolhimento: investidor.

Compensação de perdas: as perdas incorridas poderão ser compensadas com os ganhos auferidos no
próprio mês ou nos meses subsequentes em outras operações de mercado futuro, exceto day trade.

Diferenças: mercado a termo versus mercado futuro

Acerto no vencimento X Ajustes diários


Negociação entre as partes (balcão) X Negociação em bolsa
Contratos personalizados X Contratos padronizados
Tem risco de crédito X Não tem risco de crédito

2.3 Contratos de opções

Os contratos de opções representam acordos nos quais uma parte adquire o direito de comprar ou
vender um ativo a um preço preestabelecido, até certa data. Já a contraparte se obriga a vender ou
comprar esse ativo em troca de um único pagamento inicial.

Call: direito de decidir pela compra do ativo no futuro a preço predeterminado.

Put: direito de decidir pela venda do ativo no futuro a preço predeterminado.

Em ambos os casos, o direito adquirido na negociação tem prazo de validade (um dia ou um período),
refere-se a um produto denominado ativo-objeto (definido no contrato) e é exercido a um preço pre-
viamente estabelecido.

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MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 103

Exemplo

Uma boa analogia é o seguro de um carro. No seguro, é pago um prêmio para a


seguradora. Se o carro for batido ou roubado, seu valor é recuperado.

✓ Tipos de opções

Opções europeias: podem ser exercidas apenas na data de vencimento.

Opções americanas: podem ser exercidas a qualquer momento ou em determinadas datas ou períodos
entre a data de emissão e a data de vencimento.

✓ Participantes

O titular da opção é quem detém o direito de compra ou venda.

Já o vendedor, chamado de lançador da opção, seja de compra ou de venda, tem a obrigação de


atender o titular.

✓ Vencimento das opções

As opções vencem sempre na terceira segunda-feira do mês. Cada código deve carregar uma letra que
representa o mês de vencimento da opção e o tipo de opção (compra ou venda).

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 103


104 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS

✓ Valor intrínseco e extrínseco

O valor intrínseco é a diferença entre o valor à vista da ação e o preço de exercício da opção de compra.

Exemplo

Call com preço de exercício de R$ 30,00.


Valor da ação = R$ 35,00.

Neste caso, o titular tem o direito de comprar a ação pelo preço de exercício de
R$ 30,00, ou seja, ele ganhará R$ 5,00, pois a ação vale R$ 35,00 no momento.

VI = 35 – 30 = 5

Já o valor extrínseco é a diferença entre o valor intrínseco da opção e o valor


cobrado como prêmio.

Utilizando os dados do exemplo anterior, vamos supor que o prêmio seja de R$


2,00. Logo:

VI = 5
VE = 5 – 2 = 3

2.4 Contratos de swaps

A palavra swap significa troca. Neste sentido, um contrato de swap representa um acordo no qual as
contrapartes trocam fluxos futuros de caixa.

Este tipo de contrato não tem padronização, uma vez que ele atende necessidades específicas de prazo
e fluxo financeiro.

Swaps de taxas de juros, por exemplo, são utilizados por investidores para eliminar sua exposição a
taxas de juros incertas ou que causam algum tipo de descasamento no balanço.

104 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


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Exemplo 1

Cliente possui dívida indexada à variação da inflação, mas não possui nenhum
tipo de receita que acompanha perfeitamente a inflação.

Exemplo 2

Cliente possui uma dívida em dólar com taxa de juros de 6% a.a. (linear), mas
quer trocar o risco cambial resultante pelo indexador CDI.

É um derivativo que tem risco de crédito, dada a possibilidade de que a contraparte não efetue o pa-
gamento contratado quando esta for devedora. A exigência de garantias é a forma convencional de
proteção contra esse tipo de risco.

✓ Tributação

O imposto de renda segue a tabela regressiva de renda fixa.

3. PARTICIPANTES DOS MERCADOS


3.1 Hedgers

Os hedgers atuam nestes mercados visando proteção contra as oscilações de preços dos ativos com
os quais trabalham. A principal preocupação do hedger não é obter lucro por meio de operações com
derivativos, mas garantir o preço de compra ou de venda de determinado ativo numa data futura e
eliminar o risco de variações adversas de preço.

Exemplo 1

Produtor agrícola que participa do mercado futuro e quer travar o preço de ven-
da, visando gerenciar o risco de queda da cotação da commodity produzida.

Exemplo 2

Uma empresa que tem um passivo em dólares. Como seu risco está associado
à alta do dólar, ela compra contratos de taxa de câmbio de reais por dólar no
mercado futuro.

3.2 Especuladores

Os especuladores são participantes cujo principal objetivo é a obtenção de lucro.

Sua atuação consiste na negociação de derivativos apenas com o objetivo de ganhar o diferencial entre o
preço de compra e o de venda, não tendo nenhum interesse no ativo-objeto. A operação de especulação
mais conhecida é a de day trade, que consiste na abertura e no encerramento da posição no mesmo dia.

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106 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS

3.3 Arbitradores

O arbitrador é um participante que tem como objetivo o lucro, evitando assumir riscos diretamente. Sua
atividade consiste em identificar distorções de preços entre mercados e tirar proveito dessa diferença
ou da expectativa futura dessa diferença.

A estratégia do arbitrador consiste em comprar no mercado em que o preço está mais baixo e vender
naquele em que está mais alto, tendo como lucro o diferencial de compra e de venda. Atuando geral-
mente com operações simultâneas, elimina riscos de mercado porque ele sabe exatamente por quanto
comprará e por quanto venderá o ativo-objeto.

3.4 Captadores/aplicadores de recursos (operações de tesouraria)

Administram, a partir da captação ou aplicação, recursos com custo ou rendimento futuro predetermi-
nados (seja esse rendimento provável, como no caso das taxas pós-fixadas, ou certos, como ocorre nas
taxas prefixadas). Deste modo, os operadores de tesouraria cuidam do fluxo de caixa das instituições.

3.5 Market makers

Market makers, também conhecidos como formadores de mercado, desempenham um papel impor-
tantíssimo para dar liquidez ao mercado através da compra e venda de ativos.

Os market makers são instituições financeiras como bancos e corretoras.

3.6 Manipuladores

Para obter lucro com a variação de preço, os manipuladores alteram o preço de um ativo de forma
artificial. Outra estratégia utilizada é a de difundir informações falsas ou relatórios de análise de inves-
timentos com opiniões distorcidas, induzindo outros participantes do mercado ao erro.

Fontes deste módulo

Suno - Market maker: conheça a sua importância para a liquidez nos mercados. Acessado em nov. 2021.
Disponível em https://www.suno.com.br/artigos/market-maker/.
Portal do Investidor – O que são derivativos?. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://www.in-
vestidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/derivativos/Derivativos_introducao.html.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

106 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 107

4. QUESTÕES | MÓDULO 04
1. Qual é a função do hedger no mercado de derivativos?

a) Obter ganhos com as oscilações do mercado.


b) Fazer proteção.
c) Identificar distorções no mercado para obter lucros, sem assumir riscos.
d) Apostar sempre na queda dos ativos.

2. Qual é a função do arbitrador no mercado de derivativos?

a) Proteger os ativos.
b) Obter ganhos com as oscilações de mercado.
c) Especular o mercado e assumir altos riscos
d) Apostar sempre na alta dos ativos.

3. Qual é a função do especulador no mercado de derivativos?

a) Apostar sempre na alta dos ativos.


b) Proteger os ativos.
c) Ganhar no diferencial da compra e venda de ativos.
d) Identificar distorções no mercado.

4. A empresa Eu Me Banco Ltda possui dívidas em dólar para pagar em 30 dias. Para realizar a proteção
dessa dívida, a empresa deve realizar qual das operações abaixo?

a) Vender uma opção de compra (call).


b) Comprar uma opção de compra (call).
c) Vender uma opção de venda (put).
d) Comprar uma opção de venda (put).

5. É um tipo de opção que só pode ser exercida no vencimento.

a) Europeia.
b) Americana.
c) Asiática.
d) Nenhuma das opções está correta.

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 107


108 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS

6. Qual é a função do market maker?

a) Dar liquidez ao mercado.


b) Assumir o risco da contraparte nas operações.
c) Tirar proveito das diferenças do mercado.
d) Nenhuma das opções está correta.

7. O que é swap?

a) Contrato entre duas partes que permite a troca de fluxos.


b) Contrato em que o titular tem o direito de vender determinado ativo.
c) Contrato em que o titular tem o direito de comprar determinado ativo.
d) Contrato sem riscos e que protege o investidor.

8. É uma característica do mercado a termo:

a) Não há necessidade de desembolso financeiro até a data de vencimento.


b) O contrato a termo é linear.
c) Liquidação é feita no vencimento.
d) Todas as alternativas estão corretas.

9. Jorge é vendedor de soja, milho e trigo, e gostaria de realizar uma operação para garantir o preço
de venda do produto. Qual das estratégias abaixo você indicaria?

a) Vender contrato futuro e vender put.


b) Comprar contrato futuro e vender put.
c) Vender contrato futuro e comprar put.
d) Comprar contrato futuro e vender call.

10. Para ter o direito de exercer uma opção o investidor deve pagar ao lançador o:

a) Strike.
b) Prêmio.
c) Preço de exercício.
d) Valor intrínseco.

108 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 109

11. É uma característica do mercado futuro:

a) Ter ajuste diário.


b) Contratos são personalizados.
c) Possui prazo mínimo de 16 dias.
d) Todas as alternativas estão corretas.

12. O titular de uma opção está sujeito a perder:

a) Até o valor máximo de R$100,00.


b) O valor pago pelo prêmio.
c) O titular nunca perde dinheiro, desde que exerça a opção.
d) De forma ilimitada.

13. Quanto a tributação no mercado de derivativos, qual das alternativas abaixo está correta?

a) Contratos de swap: alíquota de tributação de 15%.


b) Contrato de opções: alíquota de tributação de 15% se for swing trade e de 20% se for day trade.
c) Contrato a termo: é tributado conforme a tabela regressiva de imposto de renda.
d) Contrato futuro: é tributado conforme a tabela regressiva de imposto de renda.

14. No mercado a termo de ações da Bovespa, as operações podem ser encerradas:

a) Em períodos múltiplos de 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias.


b) Em no mínimo 16 dias e no máximo 999 dias corridos.
c) Em qualquer data antes ou após o vencimento do contrato.
d) Em no mínimo 16 dias e no máximo 999 dias úteis.

15. O titular de uma opção de venda tem:

a) A obrigação de vender.
b) A obrigação de comprar.
c) O direito de comprar.
d) O direito de vender.

16. O lançador de uma opção de venda tem:

a) A obrigação de vender.

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 109


110 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS

b) A obrigação de comprar.
c) O direito de comprar.
d) O direito de vender.

17. O titular de uma opção de compra tem:

a) A obrigação de vender.
b) A obrigação de comprar.
c) O direito de comprar.
d) O direito de vender.

18. O lançador de uma opção de compra tem:

a) A obrigação de vender.
b) A obrigação de comprar.
c) O direito de comprar.
d) O direito de vender.

19. Tipo de opção que pode ser exercida a qualquer momento:

a) Europeia.
b) Americana.
c) Asiática.
d) Nenhuma das opções.

20. Qual é a diferença entre a opção europeia e a americana?

a) A opção americana só pode ser exercida no vencimento, enquanto a opção europeia pode ser exer-
cida a qualquer momento.
b) A opção americana pode ser exercida a qualquer momento, enquanto a opção europeia pode ser
exercida somente no vencimento.
c) Ambas podem ser exercidas a qualquer momento.
d) Ambas devem ser exercidas somente no vencimento.

21. Sobre o contrato futuro, é incorreto afirmar:

a) É negociado exclusivamente no mercado futuro.


b) Pode ser liquidado antes da data de vencimento.

110 MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 111

c) Os contratos são padronizados.


d) Raras vezes é liquidado antes da data de vencimento.

22. Carlos é um investidor que deseja proteger um passivo em dólar. Para isso ele deverá:

a) Comprar dólar futuro ou vender uma put.


b) Comprar dólar futuro ou comprar uma call.
c) Vender dólar futuro ou comprar uma call.
d) Vender dólar futuro ou comprar uma put.

23. Luís é um investidor que deseja se proteger da queda de determinada ação. Para isso ele deverá:

a) Vender uma put.


b) Vender uma call.
c) Comprar uma put.
d) Comprar uma call.

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS 111


112 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


Antes de nos aprofundar acerca dos principais conceitos econômicos, é preciso ter pleno
entendimento dos importantes players do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Falamos sobre eles no capítulo 1.2 Órgãos do Sistema Financeiro Nacional do Módulo 01
– Sistema Financeiro Nacional. Além dos participantes anteriormente apresentados na
apostila, como o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Conselho Monetário Nacional (CMN),
cabe destacar a relevante atuação do Comitê de Política Monetária (COPOM) em nossa
economia.

✓ Comitê de Política Monetária - COPOM

• Foi criado em junho de 1996.


• Desde junho de 1999, o Brasil adota as metas de inflação definidas pelo CMN. O índice usado para
a meta é o IPCA, calculado pelo IBGE.
• O COPOM é composto atualmente pela diretoria colegiada do Bacen, formada por 7 diretores + 1
diretor presidente.
• O COPOM define a taxa Selic Meta.
• O calendário de reuniões do comitê é composto por oito encontros ao ano.

Quem define a taxa Selic Meta? COPOM.

Quem define a meta de inflação? CMN.

1. DEFINIÇÕES DE NATUREZA ECONÔMICA


1.1 Base monetária

Como mencionado no capítulo 1.2 Órgãos do Sistema Financeiro Nacional do Módulo 01 – Sistema Fi-
nanceiro Nacional, é de responsabilidade do Conselho Monetário Nacional autorizar a emissão de
papel-moeda. Ao Banco Central, cabe a responsabilidade de realizar a emissão.

Chamamos de base monetária o volume de dinheiro criado pelo Banco Central somado às reservas
bancárias dos bancos comerciais. A base monetária é a parcela de maior liquidez da oferta de moeda
da economia.

As instituições financeiras captam recursos dos investidores e, com esses recursos, fazem emprésti-
mos aos tomadores. Esse movimento é denominado moeda escritural.

Para compreender como funciona na prática, veja o exemplo a seguir.

112 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 113

Fábio aplicou R$ 100.000,00 em um CDB na instituição X. Obrigatoriamente,


uma porcentagem desse valor é depositada no Banco Central – trata-se do
chamado depósito compulsório. O valor restante é usado pela instituição para
empréstimos aos tomadores a uma determinada taxa.

1.2 Balanço de Pagamentos e regimes cambiais

✓ Balança de Pagamentos

Balança de Pagamentos (balanço do país) é um instrumento financeiro que se refere a todas as rela-
ções comerciais que um país realizou com o restante do mundo.

Por demostrar um fluxo financeiro, a Balança de Pagamentos funciona como


um interessante termômetro da economia nacional. Por isso, o seu resultado
pode até mesmo ajudar o governo a definir políticas econômicas – como a ma-
nutenção da taxa de juros, intervenções no mercado de câmbio, variação no
valor da tributação, entre outras medidas.

*Fonte: Suno.

Sua estrutura é composta por dois tipos de conta: a conta corrente e a conta capital.

Conta corrente: registra a balança comercial, a conta de serviços e rendas e as transferências unilaterais.

Balança comercial (bens)


Quando a exportação > importação ocorre superávit comercial.

Conta de serviços e rendas


Serviços como fretes, seguros, aluguéis, despesas, pagamento/recebimento de
lucros e dividendos.

Transferências unilaterais
Remessas de recursos ou doações realizadas entre residentes no Brasil e resi-
dentes em outros países.

Conta capital: registra o saldo líquido entre as compras de ativos estrangeiros por residentes no Brasil
e venda de ativos brasileiros e estrangeiros.

✓ Regimes cambiais

Câmbio fixo: trata-se de um instrumento que define um valor fixo para a taxa de câmbio e estabelece
o valor da moeda nacional. Usa o valor de uma moeda estrangeira como referência.

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 113


114 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

Câmbio flutuante: é baseado na relação de oferta e demanda. Desta forma, o governo deixa a moeda
oscilar livremente, sem intervenções.

Flutuação suja: é o regime adotado no Brasil. Nele a moeda oscila, porém, em algumas ocasiões, o
governo intervém comprando ou vendendo dólares utilizando reservas internacionais com o objetivo
de evitar que o câmbio dispare.

Reservas internacionais: as reservas internacionais de um país são formadas por ativos em moedas
estrangeiras, como títulos e depósitos bancários, que podem ser usados para pagamento de dívidas
internacionais.

1.3 Dívida interna e externa

A dívida pública é a soma de tudo aquilo que todos os órgãos do Estado devem, incluindo o governo
federal, estados, municípios e empresas estatais.

Dívida interna: pode ser paga em moeda nacional.

Dívida externa: deve ser paga em moeda estrangeira.

✓ Demanda agregada

A demanda agregada de uma economia é composta por:

• Consumo das famílias;


• Investimento;
• Exportações líquidas (exportações menos importações);
• Gastos do governo.

A soma dos componentes da demanda agregada é igual ao PIB. Quando ocorre aumento dos gastos,
o governo estimula a economia, já que aumenta a demanda agregada por bens e serviços. Quando o
governo reduz os gastos, em consequência, contrai a demanda agregada.

Há três maneiras de o governo influenciar a demanda agregada:

• Tributação sobre a renda (famílias e empresas);


• Transferências de renda (programas assistenciais, previdência social, salário desemprego etc.);
• Por meio do seu próprio consumo de bens e serviços.

✓ Política fiscal

A política fiscal está diretamente relacionada com o gerenciamento das contas públicas.

114 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 115

Arrecadação > Gastos => Superávit fiscal

Gastos > Arrecadação => Déficit fiscal

Tida como ferramenta aplicada para afetar a economia como um todo, a política fiscal é o uso que o
governo faz dos seus gastos e receitas (taxação) para influenciar a demanda doméstica e, consequen-
temente, o crescimento econômico.

Política fiscal expansionista: aumenta os gastos e diminui os impostos.

Política fiscal contracionista: diminui os gastos e aumenta os impostos.

1.4 Superávits primário e nominal (contas do setor público)

Superávit/déficit primário = arrecadação – despesas

Superávit/déficit nominal = arrecadação – despesas - juros

Resultado primário é tudo o que o governo arrecada com impostos e outras fontes de captação me-
nos as despesas (gastos com infraestrutura, dívida pública etc.).

Resultado nominal é tudo o que o governo arrecada menos as despesas, inclusive os juros nominais
incidentes sobre a dívida líquida.

Quando o governo não consegue conter o aumento da dívida, apresentando por anos seguidos um dé-
ficit fiscal, isso gera um alerta para os investidores de que talvez o país não consiga reverter à situação
(podendo não honrar o pagamento dos seus credores ocasionando o risco de calote). Por conta desse
risco fiscal, a tendência é de uma fuga de capital do país, com investidores optando por investir em
países mais sólidos.

1.5 Indicadores de atividade econômica

✓ Produto Interno Bruto - PIB

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais, em termos monetários e a valor de mercado,
produzidos em uma determinada região durante certo período.

Para o seu cálculo são considerados somente bens e serviços finais.

Fórmula do PIB

PIB = C + I + G + (X – M)

C = Consumo

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 115


116 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

I = Investimentos
G = Gastos
X = Exportações
M = Importações

O cálculo apresentado no quadro é o que chamamos de cálculo pela ótica da demanda.

No cálculo pela ótica da oferta é considerado o Valor Adicionado Bruto (VAB), ou seja, soma-se o valor
agregado em cada etapa do processo de produção.

Exemplo

Uma padaria vende o pão francês a R$ 0,75 a unidade (valor final). Mas para pro-
duzir pão é necessário o uso de ingredientes como farinha de trigo e fermento.

Se o custo para produzir esse pão foi de R$ 0,35, quer dizer que o valor adiciona-
do para o PIB foi de R$ 0,40 e, pela ótica da oferta, esse será o valor computado.

✓ Produção industrial

Avaliar o desenvolvimento de uma região sem uma indústria que seja forte, competitiva e diversificada,
é algo muito difícil.

A indústria, dentre todos os setores produtivos, é o setor que mais exerce influência no crescimento do
produto agregado.

1.6 Contas nacionais

O Sistema de Contas Nacionais compreende as informações sobre geração, distribuição e uso da renda
no país, acumulação de ativos não financeiros e relações entre a economia nacional e o resto do mun-
do, abrangendo indicadores como PIB, PIB per capita, e Renda Nacional Bruta, entre outros aspectos.
Compreende também Contas Regionais e PIB dos municípios (fonte: IBGE). Tem como referência me-
todológica as recomendações internacionais sobre a compilação de dados econômicos expressas no
manual System of National Accounts (SNA).

Sistema de Contas Nacionais Trimestrais

Divulgado pelo IBGE e de abrangência nacional, apresenta os valores correntes


e os índices de volume (1995=100) trimestralmente para o PIB a preços de mer-
cado, impostos sobre produtos, valor adicionado a preços básicos, consumo
pessoal, consumo do governo, formação bruta de capital fixo, variação de esto-
ques, exportações e importações de bens e serviços.

*Fonte: IBGE.

116 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 117

1.7 Conceito de microeconomia e macroeconomia básica

Quando falamos em teoria econômica, dividimos ela em duas grandes áreas: a macroeconomia e a
microeconomia.

A macroeconomia estuda o sistema econômico como um todo (do país e do mundo). As análises são
realizadas a partir de indicadores econômicos como inflação, taxa de desemprego, PIB, taxa básica de
juros etc.

A microeconomia estuda o comportamento econômico dos agentes (consumidores, famílias e em-


presas) e como eles interagem no mercado. Na microeconomia consideramos os consumidores forne-
cedores de trabalho e as mesmas pessoas que demandam bens, serviços e produtos. Por outro lado,
temos as empresas, que demandam mão de obra (trabalho) e fornecem os produtos, bens e serviços.

Princípio da oferta e demanda

A demanda caracteriza um desejo, ou seja, a quantidade de bens, serviços que os consumidores dese-
jam adquirir em um determinado período.

A oferta é a quantidade de bens, serviços que um fornecedor (empresas/ vendedores) tem para ofere-
cer aos consumidores.

Quando a quantidade de demanda é igual a de oferta, temos o chamado preço de equilíbrio ou preço
de mercado.

✓ Estrutura do mercado

O mercado é dividido em quatro tipos de estruturas:

• Concorrência perfeita;
• Concorrência monopolística;
• Oligopólio;
• Monopólio.

Concorrência perfeita: estrutura onde existem muitos compradores e muitos vendedores. Os produ-
tos são homogêneos, não existe diferença nos preços entre os concorrentes, não há barreiras à entrada
no mercado e o mercado é totalmente transparente. Nesse modelo consideramos que o mercado é
perfeitamente competitivo e que não há distorções no seu funcionamento.

Concorrência monopolística: estrutura intermediária entre a concorrência perfeita e monopólio. Nela


não há barreiras de entradas, existem muitos compradores e vendedores, porém, há um certo grau de
diferença entre os preços, porque nesta estrutura o produto é o mesmo, mas pode ter características
distintas como qualidade e/ou marca.

Oligopólio: ocorre quando um pequeno número de empresas domina uma parcela significativa de
algum setor da economia, ou seja, há poucos vendedores para muitos compradores. Dessa forma, não

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 117


118 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

há competição entre as empresas o que muitas vezes acaba prejudicando o consumidor. Nessa estru-
tura existem barreiras à entrada de novas empresas.

Monopólio: nessa estrutura, também chamada de concorrência imperfeita, uma só empresa domina a
oferta de bens, serviços e/ou produtos, influenciando diretamente os preços no mercado.

✓ Elasticidade de preço e venda

Elasticidade é o relacionamento quantitativo entre preço e quantidade, ou seja, analisa o grau de sen-
sibilidade de uma variável em relação à mudança de outras variáveis.

Elasticidade do preço – demanda: mede a resposta dos consumidores em porcentagem quando ocorre
uma variação no preço de um bem ou serviço.

Elasticidade do preço – oferta: mede o quanto a quantidade de oferta de um bem varia em relação à
variação no seu preço.

Elasticidade da renda: mede a variação percentual na demanda de um bem em relação à variação na


renda do consumidor.

✓ Bens substitutos

São bens que competem entre si a preferência do consumidor.

Um exemplo é a manteiga e a margarina: dificilmente o consumidor irá adquirir os dois produtos ao


mesmo tempo. Neste caso, o preço pode ser um fator de decisão na escolha.

✓ Bens complementares

Quando o preço de um bem ou serviço aumenta e a demanda por outro diminui, chamamos essa relação
de bens complementares. Um exemplo é o carro e a gasolina. Quando aumenta o preço da gasolina, a
procura por carros tende a diminuir (afinal, o aumento do combustível torna mais cara a manutenção
de um carro).

2. ÍNDICES DE PREÇOS
✓ Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA

• Índice oficial de inflação do Brasil.


• É calculado pelo IBGE.
• Referência para o COPOM como meta de inflação.

A população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qual-


quer que seja a fonte, residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do Sistema Nacional de
Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC), as quais são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza,
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Dis-
trito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

118 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 119

✓ Índice Geral de Preços-Mercado - IGP-M

• É calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).


• Sua divulgação é mensal.
• IGP-M avalia a oscilação dos preços no mercado do dia 21 do mês anterior até o dia 20 do mês de
referência.
• Já para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), a pesquisa é feita entre o pri-
meiro dia e o último dia do mês.

Índices que compõem o IGP-M

Índice Geral de Preços ao Produtor Amplo (IPA) - 60%


Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - 30%
Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) - 10%

✓ Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC

• É calculado pelo IBGE.


• Mede, atualmente, o preço de uma cesta de consumo representativa para família com renda de 1
a 5 salários mínimos, nas mesmas 13 áreas geográficas abrangidas pelo IPCA.

✓ Índice de Preços ao Consumidor – IPC-Fipe

• É calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).


• O IPC-Fipe é um dos índices de preços ao consumidor mais antigos do Brasil.

Mede o preço de uma cesta de consumo representativa para famílias com renda de 1 a 10 salários mí-
nimos, no município de São Paulo/SP.

3. ÍNDICES DE REFERÊNCIA
✓ Certificado de Depósito Interbancário – CDI

CDIs são os títulos de emissão das instituições financeiras que lastreiam as operações do mercado
interbancário, representando o custo do dinheiro negociado pelos bancos.

O CDI reflete a média das taxas de juros cobradas entre instituições do mercado interbancário nas ope-
rações de emissão de Depósitos Interfinanceiros (DI) prefixados, com prazo de um dia útil, registradas
e liquidadas pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP).

✓ Selic Meta x Selic Over

Taxa Selic Over: apresentada na forma de percentual ao ano, a Selic Over é a taxa média das operações
de financiamento de um dia (compromissadas), lastreadas em títulos públicos federais, realizadas no
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) e ponderadas pelo volume das operações.

Taxa Selic Meta: é determinada pelo COPOM.

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 119


120 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

✓ Taxa Referencial – TR

A TR é calculada pelo Bacen com base na média das taxas de juros negociadas no mercado secundário
com Letras do Tesouro Nacional (LTN), conforme metodologia própria. A essa média, denominada Taxa
Básica Financeira (TBF), é aplicado um fator redutor para então se chegar ao resultado da TR.

TBF = Média das LTNs


TR = TBF – Redutor

A TR serve como um indicador para a atualização monetária de algumas aplicações financeiras e ope-
rações de crédito, como FGTS, poupança e financiamentos imobiliários.

A divulgação da TR é feita pelo Bacen.

✓ Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP

A TJLP era a taxa de juros cobrada nas operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), calculada a partir da expectativa de inflação de 12 meses mais um percentual de juros,
chamada de prêmio de risco.

No entanto, em 2017, a TJLP foi substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP). A mudança não se res-
tringiu à nomenclatura, mas também na forma de cálculo da taxa: a TLP utiliza os mesmos juros dos
títulos públicos federais, sendo referência as taxas das NTN-B.

✓ Taxa de câmbio

A taxa de câmbio nada mais é do que o preço de uma moeda comparado ao de outra moeda.

No Brasil, a taxa de câmbio mais observada é a BRL/USD, ou seja, a taxa de câmbio entre o dólar nor-
te-americano e o real brasileiro.

✓ Taxa Ptax

A taxa Ptax é a média das cotações do dólar no mercado calculada pelo Bacen por meio de metodolo-
gia própria, com base em quatro janelas de consulta ao longo de cada dia. Essa taxa é utilizada como
referência para diversos contratos no mercado financeiro, incluindo derivativos.

Fontes deste módulo

IBGE - IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Acessado em nov. 2021. Disponível em
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/precos-e-custos/9256-indice-nacional-de-precos-ao-
-consumidor-amplo.html?=&t=o-que-e
Banco Central do Brasil – Índices de preços. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://www.bcb.
gov.br/controleinflacao/indicepreco.
Suno - Balança de Pagamentos: o indicador das relações econômicas de um país. Acessado em nov.
2021. Disponível em https://www.suno.com.br/artigos/balanca-de-pagamentos/.

120 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 121

Suno - PIB: o que é o Produto Interno Bruto e como ele é calculado? Acessado em nov. 2021. Disponível
em https://www.suno.com.br/artigos/pib-produto-interno-bruto/.
Suno - TJLP: entenda como funcionava a Taxa de Juros de Longo Prazo. Acessado em nov. 2021. Dispo-
nível em https://www.suno.com.br/artigos/tjlp/.
Suno - Bem substituto: Aprenda (com exemplos) o conceito desses bens. Acessado em nov. 2021. Dis-
ponível em https://www.suno.com.br/artigos/bem-substituto/
Senado Federal - Guia de Economia – Base Monetária. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://
www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/guia-de-economia?search=Base+monet%C3%A1ria.
Educa Mais Brasil – Macroeconomia. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://www.educamais-
brasil.com.br/enem/matematica/macroeconomia.
Sefaz – Estruturas de mercado. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://s3.amazonaws.com/
ead_casa/ead_casa/Aula/9475-concorrencia-perfeita-monopolio-oligopolio-concorrencia-monopolis-
tica-oligopsonio-jaco-braatz.pdf.
DE SOUZA, M.C.A.F. Conceitos de elasticidade aplicados à mercadologia. São Paulo: UNICAMP.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 121


122 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

4. QUESTÕES | MÓDULO 05
1. Por que algumas instituições são chamadas de não bancárias?

a) Porque recebem depósitos à vista.


b) Por serem uma instituição bancária.
c) Por não receberem depósitos à vista e consequentemente não criarem moeda escritural.
d) Por todos os motivos expostos nas alternativas anteriores.

2. São objetivos da política do Conselho Monetário Nacional, exceto:

a) Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu pro-
cesso de desenvolvimento.
b) Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras.
c) Definir a meta da taxa Selic.
d) Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública interna e externa.

3. Não está entre as funções básicas da moeda:

a) Ser estoque de valor.


b) Ser unidade-padrão de conta.
c) Ser uma intermediária de trocas entre os agentes.
d) Proporcionar facilidade de manuseio.

4. São fatores que motivam a população a fazer poupança:

a) Incerteza do futuro.
b) Sobra de renda ou produção.
c) Anseio de que os rendimentos futuros sejam inferiores.
d) Todas as alternativas estão corretas.

5. Dentro do conceito de economia, poupança é:

a) Parcela da renda não consumida.


b) Um produto garantido pelo governo federal.
c) Um ativo financeiro.
d) Uma aplicação financeira.

122 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 123

6. A respeito dos bens complementares, podemos dizer que:

a) O aumento do preço de um bem reduz a demanda pelo outro.


b) O aumento do preço de um bem aumenta a demanda pelo outro.
c) A diminuição no preço de um bem reduz a oferta do outro.
d) O aumento do preço de um bem não altera a demanda pelo outro.

7. Uma das funções do Conselho Monetário Nacional é:

a) Emitir papel-moeda.
b) Determinar a meta de inflação.
c) Determinar a taxa Selic.
d) Promover a transparência do mercado de capitais.

8. Uma das funções do Banco Central é:

a) Autorizar e emitir papel-moeda.


b) Determinar a taxa Selic.
c) Determinar a meta de inflação.
d) Promover a transparência do mercado de capitais.

9. A respeito dos bens substitutos, podemos dizer que:

a) O aumento do preço de um bem reduz a demanda pelo outro.


b) O aumento do preço de um bem aumenta a demanda pelo outro.
c) A diminuição no preço de um bem reduz a oferta do outro.
d) O aumento do preço de um bem não altera a demanda pelo outro.

10. Qual entidade é responsável por fixar a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)?

a) Banco Central do Brasil.


b) Conselho Monetário Nacional.
c) COPOM.
d) BNDES.

11. Órgão que utiliza a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) nas suas operações financeiras:

a) BNDES.

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 123


124 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

b) Bancos comerciais.
c) Bancos de investimento.
d) COPOM.

12. Quando a taxa da inflação fica além do limite estipulado qual é o dever do presidente do Banco
Central?

a) O presidente do Banco Central não deve intervir.


b) Realizar a intervenção e reduzir a taxa até que a mesma retorne ao patamar estipulado.
c) Divulgar em carta aberta ao ministro da Economia os motivos do descumprimento, as providências
a serem tomadas e os devidos prazos.
d) Divulgar em carta aberta ao Presidente da República os motivos do descumprimento, as providências
a serem tomadas e os devidos prazos.

13. Se o aumento da demanda agregada for maior do que o esperado, podemos dizer que:

I. O nível de preços aumentará mais do que o esperado. A inflação real será maior do que a inflação
esperada;
II. O desemprego diminuirá para um nível abaixo de sua taxa natural;
III. O desemprego aumentará para um nível acima de sua taxa natural.

Está correto o que se afirma em:

a) I e II.
b) I e III.
c) III.
d) Todas as alternativas estão corretas.

14. É o regime cambial adotado no Brasil:

a) Câmbio fixo.
b) Câmbio flutuante.
c) Flutuação suja.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

15. Assinale a alternativa que apresenta a definição de déficit primário.

a) Ocorre quando a arrecadação é menor do que todas as despesas públicas.


b) Ocorre quando a arrecadação é menor do que todas as despesas públicas, exceto juros.

124 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 125

c) Ocorre quando a arrecadação é maior do que todas as despesas públicas.


d) Ocorre quando a arrecadação é maior do que todas as despesas públicas, exceto juros.

16. Assinale a alternativa que apresenta a composição do IGP-M.

a) 60% do IPA, 30% do INCC e 10% do IPC.


b) 60% do INCC, 30% do IPC e 10% do IPA.
c) 60% do IPA, 30% do IPC e 10% do INCC.
d) 60% do IPC, 30% do IPA e 10% do INCC.

17. Sobre as estruturas de mercado, analise as afirmações a seguir:

I. A concorrência monopolista é caracterizada por produtos iguais, com muitos compradores e vende-
dores, e a entrada de novas empresas é dificultada;
II. O oligopólio ocorre quando um pequeno número de empresas domina uma parcela significativa de
algum setor da economia;
III. Na concorrência perfeita os produtos são homogêneos, ou seja, não há diferença de preços.

Está correto o que se afirma nas alternativas:

a) Todas as alternativas estão corretas.


b) I.
c) I e III.
d) II e III.

18. É característica de um mercado onde ocorre monopólio:

a) Grande número de pequenos produtores e grande número de pequenos compradores.


b) Ter um produtor e muitos compradores.
c) Ter um produtor e um comprador.
d) Ter um pequeno número de grandes produtores e poucos compradores.

19. Chegamos ao cálculo do PIB na ótica das despesas considerando as seguintes variáveis:

• C - consumo privado;
• I - total de investimento;
• G - gastos governamentais;
• NX - exportações líquidas (exportações menos importações).

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 125


126 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS

Dentre as alternativas a seguir, qual apresenta o cálculo correto do PIB na ótica das despesas?

a) C − I + G + NX.
b) C + I + G + NX.
c) C + I + G − NX.
d) C + I − G + NX.

20. A ___________ define a taxa de juros da economia com o objetivo controlar a inflação, bem como
estimular ou desestimular o crescimento econômico. Já a __________ é o reflexo das negociações dos
títulos públicos no mercado.

a) Selic / CDI.
b) Selic / CETIP.
c) Selic / TR.
d) Selic Meta / Selic Over.

21. As reservas internacionais de um país representam:

a) O saldo que o governo desse país detém em moedas estrangeiras.


b) O saldo da dívida externa desse país.
c) Os títulos públicos emitidos pelo país.
d) O crédito disponível junto a investidores estrangeiros.

22. Assinale a alternativa que explica o que é elasticidade da renda.

a) A elasticidade da renda mede a resposta dos consumidores em porcentagem quando ocorre uma
variação no preço de um bem ou serviço.
b) A elasticidade da renda mede o quanto a quantidade de oferta de um bem varia em relação à varia-
ção no seu preço.
c) A elasticidade da renda mede a variação percentual na demanda de um bem em relação à variação
na renda do consumidor.
d) A elasticidade da renda mede o quanto a quantidade de oferta varia conforme o aumento da taxa
básica de juros.

23. Considerando o mercado de câmbio do Brasil, assinale a alternativa correta.

a) Se a taxa de câmbio diminuir as exportações nacionais serão desestimuladas.


b) Se a taxa de câmbio aumentar as exportações nacionais serão desestimuladas.

126 MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 127

c) As importações são estimuladas quando a moeda nacional se desvaloriza em relação à moeda es-
trangeira.
d) Se a taxa de câmbio diminuir as importações nacionais serão estimuladas.

24. A Taxa Referencial é:

a) Um indicador de inflação.
b) Um indicador de atividade rural.
c) Calculada a partir da TBF, pela aplicação de um redutor.
d) Calculada a partir da TBF, pela aplicação de um multiplicador.

25. Quais são as duas grandes áreas da economia?

a) Juros e riscos.
b) Déficits e superávits.
c) Microeconomia e macroeconomia.
d) Índices e indicadores.

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS 127


128 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


1. PRINCÍPIOS ÉTICOS
Ao se credenciar como analista de valores mobiliários, o profissional deve seguir os princípios éticos
listados no Código de Conduta da Apimec para exercer a sua atividade.

Neste módulo, vamos destacar alguns pontos aos quais você, que fará o exame CB - Conteúdo Brasileiro,
deve ter especial atenção.

Art. 4º - No exercício de sua profissão, o analista deve aderir aos seguintes Prin-
cípios Gerais:

I. Probidade, boa-fé e ética profissional – O analista deve elaborar os relatórios de análise empre-
gando todo o cuidado e diligência esperado de um profissional na sua posição;
II. Honestidade, integridade e equidade - O analista deve observar os mais elevados padrões de
honestidade, integridade e equidade de forma a manter a confiança do investidor em sua pro-
fissão;
III. Prudência e diligência - O analista deve conduzir suas atividades com cuidado, diligência e
prudência compatíveis com as expectativas do investidor e de seu empregador, dando a ambos
o conforto em relação à qualidade do trabalho;
IV. Independência e objetividade - As análises devem sempre refletir o melhor juízo do autor,
nunca sendo influenciadas por pressões ou benefícios a que este possa estar sujeito;
V. Competência profissional - O analista deve sempre procurar manter e aperfeiçoar sua compe-
tência técnica, seu conhecimento dos instrumentos, instituições e normas que regem o mercado
e das informações pertinentes ao exercício de sua profissão;
VI. Cumprimento das leis e normas - O analista deve cumprir todas as normas e leis a que esteja
sujeito.

• Parágrafo único - O Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários (CSA) poderá


interpretar os Princípios Gerais de forma a aplicá-los às situações concretas.

1.1 Código de conduta

Art. 3º - O Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários


(“Código”) estabelece normas relativas à atuação do analista de valores mobi-
liários visando:

I. O fortalecimento da profissão do analista, através do incentivo a:


a) Sua contínua capacitação técnica;
b) Seu comprometimento com a independência e objetividade das análises;
c) Seu compromisso com a condução de suas atividades sempre de forma diligente, buscando
elevar o nível de excelência dos mercados;

128 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 129

d) Seu respeito aos demais analistas, suas opiniões e análises;


e) Seu respeito ao investidor de forma a sempre privilegiar os interesses deste;

II. A aderência e cumprimento das normas;


III. O fortalecimento da autorregulação;
IV. A integridade dos mercados de capitais e de seus participantes.

1.2 Conflitos de interesse

A seguir, confira potenciais situações de conflitos de interesses no exercício da atividade do analista


que constam no Código de Conduta da Apimec.

Art. 3º - É vedado ao analista aceitar benefícios que de alguma forma possam


ter por objetivo influenciar suas análises, em particular:

I. Receber presentes em desconformidade com a política específica da instituição em que atue;

Parágrafo único - Caso a instituição em que atue não possua política sobre a matéria, deverá ser seguida
orientação específica a ser emitida pelo CSA (Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários),
que restrinja quaisquer presentes àqueles de pequeno valor.

II. Receber, no exercício de sua atividade de analista, quaisquer tipos de benefício ou compensa-
ção estranhos ao estabelecido em seu contrato profissional;
III. Receber privilégios, inclusive em situações como as de viagens para sede ou dependências de
empresas emissoras de valores mobiliários.

• Parágrafo único - Na determinação de uma situação de privilégio, será levado em conta o grau
de exclusividade do benefício e seu valor financeiro.

Art. 4º - Demais situações nas quais surja, em algum nível, um conflito ou aparência de conflito de
interesse devem ser claramente explicitados para o investidor.

1.3 Risco de imagem

✓ Comunicação, publicidade e linguagem

Art. 28 - O analista deve zelar para que as informações ou comunicações de


cunho institucional e publicitário relativas aos seus serviços sejam verdadeiras,
consistentes e não induzam investidores ao erro.

Art. 29 - O analista deve utilizar linguagem serena e moderada em todas as suas


informações e comunicações de cunho institucional e publicitário.

Art. 30 - As informações e comunicações proferidas pelo analista não podem


conter promessa de rentabilidade futura ou assegurar ou sugerir a existência de
garantia de resultados futuros ou a isenção de risco para o investidor.

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 129


130 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

Art. 31 - As regras dessa seção abrangem todas as divulgações realizadas pelo


analista por meio de jornais, revistas, vídeos, rede mundial de computadores,
programas, aplicativos, mensagens eletrônicas ou qualquer outro meio de co-
municação.

2. RELACIONAMENTO COM CLIENTES, LAVAGEM DE DINHEIRO E USO DE INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA


2.1 Manejo e divulgação de informações privilegiadas

✓ Uso de informação privilegiada

O uso de informação privilegiada, conhecida no mercado financeiro como insider trading é a negociação
de ativos com base no uso de informações que ainda não estão disponíveis no mercado, com o objetivo
de obter indevidamente lucro ou vantagem.

Art. 19 - A busca e o uso de informação privilegiada são vedados ao analista.

• § 1º - Consideram-se informações privilegiadas aquelas que sejam relevantes (e que possam


afetar a decisão de investimento) e não tenham sido divulgadas para o público em geral.
• § 2º - É vedado ao analista assediar funcionários ou quaisquer pessoas vinculadas ao emissor,
tais como prestadores de serviços, na busca de informações privilegiadas.

Art. 20 - O analista deve distinguir entre a divulgação ao público em geral, feita


por um canal público e a disseminação para um conjunto determinado de pes-
soas, por exemplo, um conjunto de analistas em uma conference call, ou reunião
presencial restrita.

• Parágrafo único - Caso uma informação relevante seja divulgada em ambiente restrito, o analis-
ta deve abster-se de utilizar da informação e alertar o emissor da necessidade de proceder a uma
divulgação pública.

Atenção, analista!

Caso a informação chegue até você de forma NÃO voluntária, você deve:

I. Não tomar qualquer ação com base em tal informação;

II. Avisar o emissor a que se refere a informação e incentivá-lo a promover sua


divulgação pública de forma clara e inequívoca.

130 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 131

2.2 Segregação de atividades

A segregação de recursos próprios e de terceiros é conhecida como Chinese Wall (Muralha da China).

O Chinese Wall tem como principal objetivo:

• Evitar conflitos de interesses;


• Segregar atividades das áreas de gestão, fusão e aquisição.

2.3 Crime de lavagem de dinheiro

Lavagem de dinheiro é o processo pelo qual o criminoso transforma recursos obtidos através de ativi-
dades ilegais em ativos com uma origem aparentemente legal.

As três fases da lavagem de dinheiro são:

Colocação – consiste na colocação do dinheiro no sistema econômico. Ocorre por meio de depósitos,
compra de instrumentos negociáveis e compra de bens;

Ocultação – essa fase visa dificultar o rastreamento contábil da origem ilícita do dinheiro;

Integração – na fase de integração os ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico. É


quando ele volta a ter “cara de limpo”.

Pena do crime de lavagem de dinheiro

Reclusão de três a dez anos e multa.

A multa pecuniária, aplicada pelo COAF, será variável e não superior:

• Ao dobro do valor da operação;


• Ao dobro do lucro real obtido ou que seria obtido pela realização da operação;
• Ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).

A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e começará a ser cumprida em regime aberto, se o au-
tor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos
que conduzam à apuração das infrações penais e de sua autoria ou à localização dos bens, direitos ou
valores objeto do crime.

A pena será aumentada de um a dois terços se os crimes definidos na Lei n.º 9.613, que dispõe sobre
os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, forem cometidos de forma reiterada ou
por intermédio de organização criminosa.

✓ Indícios de lavagem de dinheiro

I. Aumento do volume de depósitos, sem causa aparente;


II. Troca de grande quantidade de notas de pequeno valor por notas de maior valor;

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 131


132 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

III. Grandes quantias de troca por moedas estrangeiras;


IV. Compra de cheques de viagem (traveller-checks) e cheques administrativos, ordens de paga-
mento ou outros instrumentos monetários em grande quantidade – isoladamente ou em con-
junto –, independentemente dos valores envolvidos, sem evidências de propósito claros, decla-
rados, ou com propósito suspeito;
V. Movimentação de recursos em fronteiras;
VI. Movimentação incompatível com o patrimônio;
VII. Numerosas contas;
VIII. Abertura de conta em agência localizada em aeroporto, rodoviária ou porto;
IX. Utilização de cartão de crédito não compatível com a capacidade financeira.

✓ Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF

O COAF é o órgão máximo no combate à lavagem de dinheiro e está vinculado ao Bacen.

Devem ser comunicados ao COAF:

• Depósito em espécie ou pedido para saque de valor igual ou superior a R$ 50.000,00, indepen-
dentemente de serem suspeitas;
• Toda transação financeira liquidada em espécie acima de R$ 2.000,00 deve ser registrada em
controle interno com CPF do portador;
• Transações suspeitas devem ser encaminhadas ao COAF no prazo de 24 horas a contar da conclu-
são da operação ou da proposta de operação.

Atenção!

Instituições financeiras devem arquivar por 10 anos os cadastros e registros das


operações.

2.4 Relacionamento da instituição com o cliente

Segundo o Código de Conduta da Apimec, o analista deve sempre priorizar o investidor e o tratamento
deve ser equitativo.

Art. 22 - O analista deve colocar o interesse do investidor acima de seus próprios


interesses ou dos interesses da instituição com a qual mantenha vínculo.

• § 1º - O investidor deve ter acesso prioritário aos resultados das análises, sendo vedado ao ana-
lista fornecer suas análises a terceiros antes de divulgá-las ao investidor.

• § 2º - O analista deve observar as regras referentes à restrição de investimentos após ou antes da


emissão de um relatório, conforme Instrução CVM nº 483, de 06/07/2010.

132 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 133

Art. 23 - O analista deve tratar os investidores de maneira equitativa.

• § 1º - Relatórios de Análise devem ser divulgados de forma equânime para todos os investidores
aderentes ao mesmo nível de serviços.

• § 2º - Restrições de acesso aos Relatórios de Análise aos assinantes ou outras formas de trata-
mento diferenciado não ferem a presente regra, conquanto os diferentes níveis de tratamento e
os requisitos para atingi-los estejam de acordo com uma política formal de tratamento equitati-
vo.

✓ Credenciamento do analista de valores mobiliários

- Para analista pessoa física -

Art. 43 - Para conceder e manter o credenciamento do analista de valores mo-


biliários pessoa natural será necessário:

I. Possuir graduação em curso de nível superior;


II. A aprovação nos exames do CNPI, CNPI-T ou CNPI-P;
III. O preenchimento de formulário de cadastro próprio;
IV. A assinatura do Termo de Adesão ao Código de Conduta da Apimec;
V. Ter reputação ilibada;
VI. Não estar inabilitado ou suspenso para o exercício de cargo em instituições financeiras e de-
mais entidades autorizadas a funcionar pela CVM, pelo Banco Central do Brasil, pela Superinten-
dência de Seguros Privados (Susep) ou pela Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mentar (Previc);
VII. A assinatura de documento atestando que o postulante não foi condenado por crime fali-
mentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, lavagem de dinheiro ou oculta-
ção de bens, direitos e valores, contra a economia popular, a ordem econômica, as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade pública, o sistema financeiro nacional, ou a pena crimi-
nal que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos, por decisão transitada em
julgado, ressalvada a hipótese de reabilitação;
VIII. Não possuir ou manter registro como agente autônomo de investimento.

- Para pessoa jurídica -

Art. 44 - Para conceder e manter o credenciamento do analista de valores mo-


biliários pessoa jurídica será necessário:

I. Possuir sede no Brasil;


II. Possuir, em seu objeto social a atividade de análise de valores mobiliários;
III. Estar regularmente constituído no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);
IV. Comprovar que atribuiu a responsabilidade pela atividade de análise de valores mobiliários
a um analista de valores mobiliários pessoa natural já credenciado pela Apimec em seu contrato

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 133


134 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

ou estatuto social, o qual terá a função de definir e supervisionar as diretrizes e metodologias


adotadas nas análises e respectivos relatórios, assim como a verificação da sua consistência e
conformidade com as premissas da instituição;
V. Comprovar que atribuiu a responsabilidade pela implementação e cumprimento de regras,
procedimentos e controles internos a um diretor estatutário;
VI. Não possuir entre seus sócios controladores diretos ou indiretos pessoas que não cumpram
com os requisitos previstos nos artigos 43, incisos VI e VII do Código de Conduta da Apimec;
VII. Constituir e manter recursos humanos e computacionais adequados ao porte e à sua área de
atuação.

3. REGULAÇÃO E AUTORREGULAÇÃO DO ANALISTA DE VALORES MOBILIÁRIOS


3.1 Normas de conduta, responsabilidade e vedações à Resolução CVM n.º 20

Segundo a Instrução CVM n° 20 o analista deve sempre agir com probidade, boa-fé e ética profissional.

Art. 5º - É vedado ao analista, pessoa natural e jurídica, bem como aos demais
profissionais que efetivamente participem da formulação dos relatórios de aná-
lise:

I. Emitir relatórios de análise com a finalidade de obter, para si ou para outrem, vantagem inde-
vida;
II. Omitir informação sobre conflito de interesses nas informações e comunicações de que trata
os artigos 28 a 31, nos relatórios de análise e em qualquer meio em relação ao qual o analista se
manifeste sobre o relatório de análise;
III. Negociar, direta ou indiretamente, em nome próprio ou de terceiros, valores mobiliários obje-
to dos relatórios de análise que elabore ou derivativos lastreados em tais valores mobiliários por
um período de 30 (trinta) dias anteriores e 5 (cinco) dias posteriores à divulgação do relatório de
análise sobre tal valor mobiliário ou seu emissor;
IV. Negociar, direta ou indiretamente, em nome próprio ou de terceiros, valores mobiliários ob-
jeto dos relatórios de análise que elabore ou derivativos lastreados em tais valores mobiliários
em sentido contrário ao das recomendações ou conclusões expressas nos relatórios de análise
que elaborou por:

a) 6 (seis) meses contados da divulgação de tal relatório;


b) Ou até a divulgação de novo relatório sobre o mesmo emissor ou valor mobiliário, caso ocorra
antes do prazo referido na alínea “a”;

V. Participar, direta ou indiretamente, em qualquer atividade relacionada a oferta pública de dis-


tribuição de valores mobiliários, incluindo:

a) Esforços de venda de produto ou serviço no âmbito do mercado de valores mobiliários;


b) Esforços para angariação de novos clientes ou trabalhos;

VI. Participar da estruturação de ativos financeiros e valores mobiliários;

134 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 135

VII. Participar, direta ou indiretamente, de qualquer atividade ligada à consultoria financeira em


operações de fusões e aquisições;
VIII. Divulgar o relatório de análise ou seu conteúdo, ainda que parcialmente, para pessoa que
não faz parte da equipe de análise, em especial, o emissor objeto da análise ou cujos valores mo-
biliários sejam objeto da análise, antes de sua publicação, divulgação ou distribuição por meio
dos canais adequados.

• § 1º O disposto nos incisos III e IV do caput não se aplica às negociações com cotas de fundos de
investimento, exceto se:

I. O analista puder influenciar, direta ou indiretamente, a administração ou gestão do fundo;


II. O fundo concentre seus investimentos em setores ou empresas cobertos pelos relatórios pro-
duzidos pelo analista.

• § 2º O disposto no inciso V do caput não se aplica a atividades do analista que tenham por obje-
tivo a educação dos investidores, desde que:

I. O analista utilize relatórios de análise sem a indicação de recomendação;


II. O analista não se comunique com os investidores na presença de qualquer pessoa ligada à
área de distribuição de produto ou serviço ou ao emissor;
III. A pessoa jurídica a que o analista de valores mobiliários pessoa natural esteja vinculado tenha
registros, por escrito, dos investidores que participaram da atividade de educação do investidor.

• § 3º O disposto no inciso VIII do caput não se aplica:

I. Aos casos em que as partes factuais do relatório tenham sido divulgadas a terceiros com o ob-
jetivo de verificar a veracidade das informações ali contidas;
II. À revisão por assessores jurídicos e pela área de controles internos.

• § 4º O disposto nos incisos III, IV, V, VI e VII do caput não se aplica às operações e atividades reali-
zadas por outros departamentos da pessoa jurídica, desde que seja assegurada a segregação das
atividades em relação ao departamento de análise.

• Parágrafo único. Os relatórios de análise devem ser elaborados pelo analista, empregando todo
o cuidado e diligência esperado de um profissional na sua posição.

3.2 Fiscalização e supervisão da atividade

Dentro do Código de Conduta e do Código de Processos da Apimec, existe a divisão em dois grupos or-
ganizacionais que têm a competência de receber denúncias, conduzir diligências, julgar processos etc.

São eles:

I. A Superintendência de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários (SSA);


II. O Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários (CSA), que se subdivide em Tur-
mas do Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários (Turmas).

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 135


136 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

Art. 5º - Compete à SSA:

I. Assistir e auxiliar o CSA de forma a garantir o cumprimento dos objetivos da autorregulação;


II. Receber denúncias;
III. Manter mecanismos rotineiros ou eventuais de supervisão;
IV. Aplicar penalidades por descumprimento objetivo;
V. Decidir sobre a necessidade de instauração de Procedimento de Apuração de Irregularidades;
VI. Conduzir diligências;
VII. Determinar o arquivamento de Procedimentos de Apuração de Irregularidades, observada a
possibilidade de revisão da decisão pelo CSA;
VIII. Determinar a abertura de Processo Administrativo;
IX. Emitir relato periódico à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em que conste o conjunto dos
casos surgidos na supervisão, apuração e processos;
X. Divulgar os resultados dos processos na página da Associação na rede mundial de computa-
dores;
XI. Discutir, mediante mandato da Turma, proposta de Termo de Compromisso com as partes
interessadas.

Art. 6º - Compete à Turma do CSA:

I. Julgar, em primeira instância, os processos abertos pela SSA;


II. Receber e avaliar propostas de Termo de Compromisso;
III. Decidir acerca da aceitação ou não das propostas de Termo de Compromisso apresentadas.

Art. 7º - Compete ao CSA:

I. Referendar ou não as decisões das Turmas quanto a arquivamento de processos e aceitação de


Termos de Compromisso;
II. Julgar, em segunda instância, os Processos Administrativos mediante apelo das partes;
III. Orientar o trabalho da SSA no que diz respeito a suas atribuições;
IV. Desempenhar suas atribuições de forma a promover a qualificação dos analistas e a integri-
dade de suas práticas;
V. Referendar ou não as decisões de arquivamento de Procedimentos de Apuração de Irregulari-
dades por parte da SSA;
VI. Definir circunstâncias que se caracterizem como infração objetiva, bem como os procedimen-
tos a serem seguidos pela SSA nestes casos;
VII. Avaliar o trabalho da SSA, das Turmas e do próprio CSA;
VIII. Emitir acórdãos vinculantes e Deliberações Interpretativas;
IX. Emitir Deliberações Normativas nas matérias atinentes à autorregulação do analista de valo-
res mobiliários.

136 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 137

Art. 8º - A SSA é composta por:

I. Superintendente de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários;


II. Analistas de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários.

Art. 9º - O CSA é composto por nove membros divididos em duas categorias:

I. Três membros internos, representando os analistas;


II. Seis membros externos, dos quais, até 4 (quatro) serão indicados pelas entidades do mercado e
até 3 (três) membros independentes, com sólida experiência no mercado de capitais, serão escolhidos
a partir de lista elaborada pelo Conselho de Administração da Apimec Brasil, não podendo possuir, no
entanto, vínculos com esta de qualquer natureza.

Mandato, perda de mandato e situações de impedimento

Art. 13 – O mandato dos membros do CSA é de 2 (dois) anos, admitindo-se duas


reconduções.

Parágrafo único – Nada obstante o disposto no caput deste artigo, fica autorizada a recondução dos
membros do CSA após o término da segunda recondução nas seguintes situações:

a) Se a recondução for aclamada pela Diretoria Executiva da Apimec Autorregulação;


b) Se houver anuência da SSA.

Art. 14 – O mandato do presidente do CSA é de 1 (um) ano, admitindo-se uma


recondução.

Art. 15 – A despeito do disposto acima, os conselheiros e o presidente conser-


varão o seu mandato até a posse dos novos eleitos.

Art. 16 – É admitida a perda do mandato nas seguintes situações:

I. Renúncia;
II. Morte;
III. Decisão judicial;
IV. Condenação em processo sancionador da CVM ao qual não caiba recurso;
V. Decisão dos demais membros, nos termos do Regimento Interno.

✓ Procedimento de Apuração de Irregularidades

Art. 33 - O Procedimento de Apuração de Irregularidades é o meio pelo qual a


SSA procede a completa averiguação dos fatos que justificam a sua instauração,
através da coleta de indícios de autoria e materialidade.

• Parágrafo único – O Procedimento de Apuração de Irregularidades pode ser dispensado por


decisão da SSA nos casos em que, pelo conteúdo da denúncia ou pelos fatos apurados pela

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 137


138 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

própria SSA, já houver indícios suficientes de materialidade e autoria para abertura do Processo
Administrativo.

Quando se verifica que o analista não cumpriu com os códigos de conduta, não agiu com ética profis-
sional e boa-fé, as penalidades são:

Art. 69

I. Advertência privada;

• Parágrafo único – A advertência privada poderá ou não ser acompanhada da determinação de


ações para sanar o dano.

II. Advertência pública;

• Parágrafo único – A advertência pública poderá ou não ser acompanhada da determinação de


ações para sanar o dano.

III. Multa;

• § 1º – A multa não poderá exceder o maior dos seguintes valores:

a) R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);


b) 50% do valor da operação irregular;
c) 3 vezes o valor da vantagem econômica obtida ou da perda evitada em decorrência da irregu-
laridade.

• § 2º – Na hipótese de reincidência, poderá ser aplicado até o triplo dos valores fixados no § 1º
acima.

IV. Suspensão do credenciamento por período determinado pelos conselheiros;


V. Perda do credenciamento de analista e cassação do certificado (CNPI, CNPI-T ou CNPI-P) pelo
prazo máximo de 10 anos.

• § 1º - A pena V deverá ser comunicada à Diretoria Executiva da Apimec Autorregulação e ao Con-


selho de Administração da Apimec Brasil.

• § 2º - O não cumprimento das determinações consubstanciadas em uma penalidade implica em


instauração de novo Processo Administrativo sem a necessidade da condução de um Procedi-
mento de Apuração de Irregularidades.

Disclaimer

Neste módulo destacamos pontos referentes à conduta e relacionamento do


analista de valores mobiliários que usualmente são abordados em questões no
exame Conteúdo Brasileiro.

138 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 139

No entanto, para completo aprendizado do tema, indicamos a leitura dos códi-


gos publicados pela Apimec que regem a ética destes profissionais.

Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários

Código dos Processos da Apimec

Fontes deste módulo

Governo Federal - Resolução CVM nº 20, de 25 de fevereiro de 2021. Acessado em nov. 2021. Disponível
em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-cvm-n-20-de-25-de-fevereiro-de-2021-305383862.
Governo Federal - Instrução CVM 539. Acessado em nov. 2021. Disponível em http://conteudo.cvm.gov.
br/legislacao/instrucoes/inst539.html.
Apimec - Código de Conduta da Apimec para o Analista de Valores Mobiliários. Acessado em nov. 2021.
Disponível em http://www.apimec.com.br/Apimec/show.aspx?id_canal=3760&id_materia=29368.
Apimec - Código dos Processos da Apimec. Acessado em nov. 2021. Disponível em http://www.apimec.
com.br/apimec/show.aspx?id_canal=3760&id_materia=29368.
Planalto – Lei n.º 9.613, de 3 de março de 1998. Acessado em nov. 2021. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm.
Planalto – Lei n.º 10.467, de 11 de junho de 2002. Acessado em nov. 2021. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10467.htm.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 139


140 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

4. QUESTÕES | MÓDULO 06
1. Caso o analista não concorde com a análise da corretora ele deve:

a) Divulgar a posição discordante (ato obrigatório nestas circunstâncias).


b) Se certificar de que a posição institucional representa um ponto de vista legítimo e suportado por
fatos e análises, não sendo fruto de influências, pressões ou interesses.
c) Fazer nada a respeito.
d) Ceder à pressão.

2. Se o analista fez um relatório às 17 horas para enviar às 18h30 utilizando dados do semestre passado
e colocando somente algumas informações novas, qual dos seguintes princípios foram quebrados?

a) Diligência.
b) Competência profissional.
c) Equidade de tratamento.
d) Independência e objetividade

3. São caracterizados como formas de relatórios de análise:

a) Exposições públicas.
b) Vídeos.
c) Apresentações.
d) Todas as alternativas estão corretas.

4. Um analista utilizou o gráfico de um colega em seu relatório. Neste caso, como ele deve creditar o
gráfico no material?

a) Citar apenas a fonte que o colega utilizou para criar o gráfico.


b) Citar apenas o colega que fez o gráfico.
c) Citar a fonte primária dos dados e o colega que fez o gráfico.
d) Não citar a fonte nem o colega, pois os dados são da empresa do analista.

5. Ao praticar o crime de lavagem de dinheiro, o criminoso está sujeito a seguinte penalidade:

a) Pagamento de multa equivalente ao dobro do valor da operação.


b) Reclusão de 3 a 10 anos ou multa.
c) Reclusão de 10 anos.

140 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 141

d) Reclusão de 3 a 10 anos e multa.

6. Assinale a alternativa que apresente, em ordem correta, as fases da lavagem de dinheiro:

a) Colocação, integração e ocultação.


b) Ocultação, colocação e integração.
c) Colocação, ocultação e integração.
d) Ocultação, integração e colocação.

7. São penalidades que podem ser aplicadas ao analista de valores mobiliários, exceto:

a) Advertência.
b) Perda do credenciamento pelo prazo máximo de 10 anos.
c) Multa não superior a R$ 50.000,00.
d) Suspensão do credenciamento por período determinado.

8. Qual a principal função do chamado Chinese Wall?

a) Evitar a transferência de riqueza entre os cotistas de um fundo de investimento.


b) Criar barreiras para entrada de produtos chineses na economia.
c) Evitar conflitos de interesses.
d) Aumentar a eficiência das empresas.

9. O Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários é composto por:

a) 9 membros, sendo 3 membros internos e 6 membros externos.


b) 9 membros, sendo 6 membros internos e 3 membros externos.
c) 8 membros, sendo 3 membros internos e 5 membros externos.
d) 8 membros, sendo 5 membros internos e 3 membros externos.

10. Sobre perda de mandato, é incorreto o que se afirma em qual das alternativas abaixo?

a) Incidem em perda de mandato as seguintes situações: renúncia, morte ou decisão judicial.


b) O mandato do presidente do CSA é de 2 (dois) anos, admitindo-se uma recondução.
c) O mandato dos membros do CSA é de 2 (dois) anos, admitindo-se duas reconduções.
d) Os conselheiros e o presidente conservam o seu mandato até a posse dos novos eleitos.

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 141


142 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO

11. Assinale a alternativa que se refere ao órgão responsável por exercer o papel de juiz e avaliar as
denúncias sobre infrações cometidas pelos analistas de valores mobiliários.

a) CVM.
b) Bacen.
c) SSA.
d) CSA.

12. Segundo o artigo 44º do Código de Conduta da Apimec, para conceder e manter o credenciamento
do analista de valores mobiliários pessoa jurídica é necessário:

I. Possuir sede no Brasil ou no exterior;


II. Possuir em seu objeto social a atividade de analista de valores mobiliários;
III. Estar regularmente constituído no Cadastro Nacional de Pessoas jurídicas (CNPJ).

Está correto o que se afirma em:

a) Todas as alternativas estão corretas.


b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

13. Compete a Supervisão dos Analistas de Valores Mobiliários (SSA), exceto:

a) Julgar em primeira instância os processos abertos pela SSA.


b) Determinar a abertura de processos administrativos.
c) Receber denúncias.
d) Aplicar penalidades por descumprimento de objeto.

14. Quantos membros e categorias compõe o Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários
(CSA)?

a) 8 membros e 2 categorias.
b) 9 membros e 2 categorias.
c) 8 membros e 3 categorias.
d) 9 membros e 2 categorias.

142 MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 143

15. É admitida a perda de mandato nas seguintes situações:

I. Renúncia;
II. Morte;
III. Processo Administrativo;
IV. Condenação em processo sancionador da CVM ao qual não caiba recurso;
V. Decisão dos demais membros, nos termos do Regimento Interno.

Está correto o que se afirma em:

a) Todas as alternativas estão corretas.


b) I, II e III.
c) I, II, IV e V.
d) I e II.

16. Com relação ao crime de lavagem de dinheiro, assinale a alternativa correta:

a) É obrigatório avisar o COAF, no período de 48 horas, transações que envolvem valores iguais ou su-
periores a R$ 50.000,00.
b) É obrigatório avisar o COAF, no período de 24 horas, transações que envolvem valores iguais ou su-
periores a R$ 2.000,00.
c) É obrigatório avisar o COAF, no período de 24 horas, transações que envolvem valores iguais ou su-
periores a R$ 50.000,00.
d) Não é necessário avisar ao COAF nenhum tipo de transação que envolvam até R$ 10.000,00.

17. Qual a composição do Conselho de Supervisão do Analista de Valores Mobiliários (CSA)?

a) 3 membros internos, representando os analistas de valores mobiliários; e 6 membros externos, até 4


indicados pelas entidades do mercado e até 3 independentes, indicados pela própria Apimec.
b) 6 membros internos, representando os analistas de valores mobiliários; e 3 membros externos, 2
indicados pelas entidades do mercado e 1 independente, indicados pela própria Apimec.
c) 3 membros internos, representando os analistas de valores mobiliários; e 6 membros externos, até 3
indicados pelas entidades do mercado e até 4 independentes, indicados pela própria Apimec.
d) 6 membros internos, representando os analistas de valores mobiliários; e 3 membros externos, até 3
indicados pelas entidades do mercado e até 4 independentes, indicados pela própria Apimec.

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO 143


144 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES


1. GOVERNANÇA CORPORATIVA
Com o crescimento do mercado de capitais, mais empresas abrindo capital na bolsa e mais investidores
interessados, surgiu a preocupação com as políticas de investimento e a necessidade de que as infor-
mações sejam cada vez mais claras, seguras e objetivas.

A governança corporativa envolve um conjunto de boas práticas relacionadas a todos os setores da em-
presa, sócios, diretores, conselhos de administração, órgãos de fiscalização e controle, que minimizam
o conflito de interesses.

São princípios básicos de governança corporativa:

• Transparência;
• Equidade;
• Prestação de contas;
• Responsabilidade corporativa.

✓ Níveis de governança

Nível 1:

• Realização de reuniões públicas com analistas e investidores ao menos uma vez por ano.

Nível 2:

• Manutenção em circulação de uma parcela mínima de ações, representando 25% do capital so-
cial da companhia;
• Conselho de Administração com no mínimo cinco membros e mandato unificado de até dois
anos, permitida a reeleição;
• No mínimo, 20% dos membros devem ser conselheiros independentes;
• Extensão para todos os acionistas detentores de ações ordinárias das mesmas condições obtidas
pelos controladores quando da venda do controle da companhia e de, no mínimo, 80% deste
valor.

Novo Mercado:

• É o mais elevado padrão de governança corporativo, caracterizado pela transparência na gestão


e publicação de informações;
• 100% das ações devem ser ordinárias (ON);
• 100% tag along;
• IPO de no mínimo R$ 10 milhões;
• Empresa deve manter no mínimo 25% das ações em circulação.

144 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES


MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 145

Fonte: Eu me banco | Apostila CEA

✓ Índices de governança corporativa

- Índice de Ações com Governança Corporativa – IGC -

O índice é composto somente por ações de empresas listadas no Nível I, Nível II e Novo Mercado.

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 145


146 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES

Segundo a B3, o objetivo do IGC é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de
empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3.

- Índice de Ações com Tag Along Diferenciado – ITAG -

Antes de falar sobre o índice especificamente, você, analista, precisa entender o que é tag along.

Tag along é um mecanismo que protege os acionistas minoritários de uma companhia. Através desse
mecanismo, caso um investidor externo adquira o controle acionário da empresa, os acionistas minoritá-
rios têm o direito de deixar a companhia com o mínimo de prejuízo financeiro. Esse mecanismo garante
aos acionistas minoritários o direito de vender suas ações por pelo menos 80% do valor oferecido aos
acionistas majoritários.

Exemplo

A companhia EMB possui como acionista majoritário Fábio Louzada, na propor-


ção de 51% da empresa. O restante (49%) está dividido entre acionistas mino-
ritários.

Fábio recebeu uma proposta de um investidor para comprar suas ações a R$


35,00 e, desta forma, esse investidor passa a ter o controle acionário da empre-
sa.

Com o mecanismo de tag along, os acionistas minoritários têm a oportunidade


de vender suas ações por no mínimo R$ 28,00 (80% de 35,00). Sendo que em
alguns casos o tag along pode chegar a 100%.

O ITAG é composto por ações de empresas que possuem no mínimo tag along de 80%.

Segundo a B3, o objetivo do ITAG é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de
emissão de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas minoritários, no caso de alie-
nação do controle.

2. RELAÇÃO COM INVESTIDORES: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS


A área de Relação com Investidores (RI) é de suma importância para companhias de capital aberto.
Estreita o relacionamento entre empresa e investidor, criando valor por meio da transparência das in-
formações e trazendo dados completos e atuais dos diversos setores da companhia - contábil, jurídico,
planejamento estratégico, marketing, comunicação etc.

Dessa forma, os investidores podem entender melhor o desenvolvimento histórico da empresa e como
fatores econômicos, políticos e específicos do setor podem afetá-la, tomando consciência de todos os
riscos de investir na companhia.

146 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES


MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 147

Fonte: Ibri e BM&FBOVESPA | Novo Guia Relações com Investidores

Segundo William F. Mahoney, em seu livro “Manual do RI” (2007), o principal objetivo da área de RI é
ajudar no desenvolvimento da empresa e criar valor no longo prazo. Para isso, uma das funções do RI
é minimizar o tempo gasto com a administração, priorizando seu tempo na gestão de valor.

Além disso, Mahoney cita que em tempos de crise a empresa jamais deve esconder os fatos, e deve rea-
lizar treinamento dos funcionários e da equipe de gerenciamento de crise, descobrir os motivos da crise
para evitar que o problema ocorra novamente e criar um centro de crise para gerenciamento de risco.

Fontes deste módulo

IGBC - Governança Corporativa. Acessado em nov. 2021. Disponível em https://www.ibgc.org.br/co-


nhecimento/governanca-corporativa.
B3 - Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG B3). Acessado em nov. 2021. Disponível em
https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-governanca/indice-de-a-
coes-com-tag-along-diferenciado-itag.htm.
B3 - Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC B3). Acessado em nov. 2021.
Disponível em https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-governanca/
indice-de-acoes-com-governanca-corporativa-diferenciada-igc.htm.
Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e BM&FBOVESPA - Novo Guia Relações com
Investidores. Acessado em nov. 2021. Disponível em http://guiari.mediagroup.com.br/includes/pdfs/
capitulos/Atividade-de-Relacoes-com-Investidores.pdf.
PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais: fundamentos e técnicas. 9ª edição. São Paulo: Atlas, 2019.
MAHONEY, William F. Manual do Ri: Princípios e Melhores Práticas de Relações com Investidores. IMF
Editora, 2007.
LOUZADA, Fabio. Apostila CEA. São Paulo: EMB Editora, 2021.

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 147


148 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES

3. QUESTÕES | MÓDULO 07
1. Qual é objetivo da governança corporativa?

a) Eliminar riscos.
b) Minimizar conflitos de interesse.
c) Potencializar os lucros.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

2. São requisitos do Novo Mercado:

a) Emitir somente ações ON.


b) Mandato unificado de um ano para todo o conselho de administração.
c) Emissão de units.
d) Todas as alternativas estão corretas.

3. O objetivo do IGC é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de empresas
listadas _____________.

a) Somente no Novo Mercado.


b) Somente nos níveis I e II.
c) Novo Mercado ou nos níveis I e II da B3.
d) Novo Mercado e nível I da B3.

4. Qual das alternativas melhor difere nível I do nível II da B3?

a) Não possuir ações preferenciais.


b) Manutenção de parcela mínima de free float de 25%.
c) Melhoria de voto restrito as ações preferenciais em algumas matérias.
d) Nenhuma das alternativas.

5. Sobre governança corporativa, assinale a alternativa incorreta.

a) É um conceito ainda raro nas reuniões de diretoria.


b) No Brasil, muitas empresas estão adotando a governança corporativa.
c) Tem finalidade de otimizar o desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital.
d) Pode ser conceituada como um procedimento interno, destinado a facilitar a gestão dinâmica dos
recursos da empresa de acordo com sua estrutura, princípios gerais e processos decisórios.

148 MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES


MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 149

6. De acordo com o Novo Mercado é proibida a emissão de:

a) Ações ordinárias.
b) Ações preferenciais.
c) Debêntures.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

7. Segundo Mahoney, em seu livro “Manual do RI”, o principal objetivo da área de RI é:

a) Ajudar no desenvolvimento da empresa e produzir valor no longo prazo.


b) Fazer análise de compra e venda de ações.
c) Elaborar e divulgar relatórios sobre a empresa.
d) Todas as alternativas estão corretas.

8. De acordo com Mahoney, autor do livro “Manual do RI”, uma empresa em épocas de crise deve tomar
qual atitude?

a) Deve proteger os diretores.


b) Continuar com os processos normalmente.
c) Deve ser honesta e jamais esconder os fatos.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

9. Segundo o autor Mahoney, qual é a função do RI?

a) Associar informações à avaliação, de modo a mapear as atividades que são importantes e criam valor
a empresa.
b) Ter foco no que é importante para a empresa e na mensuração de resultados.
c) Minimizar o tempo gasto com a administração de atividades, priorizando seu tempo na criação de valor.
d) Todas as alternativas estão corretas.

10. Tag along é um mecanismo que:

a) Protege o acionista majoritário.


b) Aumenta os lucros da empresa.
c) Elimina os riscos.
d) Protege os acionistas minoritários.

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELAÇÕES COM INVESTIDORES 149


150 MÓDULO 08 |

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA


CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
Ambiental, Social e Governança (ASG) é a versão em português para Environmental, Social and Gover-
nance (ESG), sigla pela qual o tema é mais conhecido.

Na hora de avaliar os riscos e oportunidades de uma empresa, questões ambientais, sociais, além de
questões internas como ética, reputação dos sócios e governança corporativa entram na pauta das
discussões.

1. EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES ASG NO AMBIENTE CORPORATIVO


Em 2005, Kofi Annan, na época secretário geral das Nações Unidas, convidou um grupo de grandes in-
vestidores para discutir e desenvolver o processo de Princípios para o Investimento Responsável (PRI).

Estes princípios foram lançados em 2006, na Bolsa de Valores de Nova York, com 100 empresas. Esse
número cresceu e hoje mais de 2.300 empresas aderiram ao PRI.

Em 2010, a B3 se comprometeu ao PRI sendo a primeira bolsa de um país emergente a dar esse passo.
Segundo a bolsa brasileira, “Para a B3, sustentabilidade é prioridade inadiável, fazendo parte de sua
agenda estratégica”.

1.1 Principais desafios socioambientais e de governança

Os impactos do ASG no mundo dos investimentos são muitos, podendo as questões ambientais, sociais
e de governança serem apresentadas por diferentes ferramentas e metodologias.

Os desafios a serem analisados são:

• Ambientais: funcionamento da empresa e relação com o meio ambiente e o ecossistema. Inclui


perda da biodiversidade, mudanças climáticas, emissões de gases de efeito estufa, energias re-
nováveis, mudanças no uso do solo, escassez ou poluição da água, ar e outros recursos;

• Sociais: funcionamento da empresa e relação com o bem-estar e interesses das pessoas e co-
munidades. Inclui direitos humanos, direitos trabalhistas, diversidade, relacionamento com as
comunidades locais, saúde e segurança no trabalho, atração e retenção de talentos, e desenvol-
vimento de pessoas;

• Governança corporativa: governança das empresas listadas. Inclui administração, adoção de


melhores práticas e proteção aos acionistas, estrutura, tamanho, diversidade, competência e
independência do conselho de administração, posicionamento estratégico e transparência na
prestação de contas;

• Mercado: oferta de produtos e serviços que agreguem valor ao cliente. Inclui incentivo à inova-
ção, responsabilidade com segurança dos dados de clientes, compromisso com o desenvolvi-
mento do mercado de capitais, iniciativas com vistas para educação de investidores e fiscaliza-
ção das operações.

150 MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
| MÓDULO 08 151

1.2 Conceitos de responsabilidade corporativa

“A responsabilidade social empresarial é o compromisso de contribuir para


o desenvolvimento econômico sustentável trabalhando em conjunto com os
empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para
melhorar sua qualidade de vida de forma que seja bom tanto para as empresas
como para o desenvolvimento.”

Fonte: The World Bank, citado por Responsabilidade Social | A importância da


Responsabilidade Social Corporativa como fator de diferenciação

O modelo de integração das questões ambientais, sociais e de governança evoluiu durante os anos na
esteira da responsabilidade corporativa. A partir deste, outros modelos de integração foram propos-
tos, como o Triple Bottom Line (TBL) - tripé da sustentabilidade que associa três dimensões (ambien-
tal, sustentável e social) e dá suporte à gestão e atividades corporativas.

Além disso, a evolução das companhias na adoção de melhores práticas varia de acordo com a sua
maturidade e impacto das suas operações nos relacionamentos e resultados. Essa evolução pode ser
dividida em cinco estágios:

• Pré-compliance: companhia procura atalhos às normas e melhores práticas ASG;

• Compliance: companhia possui sistema e políticas, obedece as normas trabalhistas e ambien-


tas, mas não se atenta às questões externas do seu processo produtivo;

• Além do compliance: momento em que a companhia percebe que pode reduzir custos e obter
vantagens com a adoção de melhores práticas ASG;

• Estratégia integrada: companhia aproveita as vantagens competitivas por suas práticas relacio-
nadas ao ASG;

• Propósito: muitas companhias que estão no estágio 5 (propósito) não passam pelos demais es-
tágios. Elas nascem, crescem e operam dessa forma, alinhadas ao propósito e valores dos seus
fundadores.

1.3 Drivers de risco e oportunidades de negócio

Drivers de risco compõem um sistema de gerenciamento de riscos em diversos setores.

As questões ligadas ao ASG são vistas como drivers de risco que geram valor no longo prazo. Porém,
de qualquer forma, as empresas devem ficar atentas aos impactos que podem ocorrer no curto prazo
como catástrofes ambientais (por exemplo: caso Brumadinho), escândalos relacionados a questões
trabalhistas (risco de imagem), má reputação de algum dos sócios ou más práticas de governança
corporativa.

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 151
152 MÓDULO 08 |

Por outro lado, existem muitas oportunidades e vantagens competitivas no modelo ASG, como:

• Contratação e retenção de talentos: programa de atração e retenção de profissionais qualifica-


dos pode gerar uma redução de custos e de rotatividade;

• Aumento da produtividade: a valorização do funcionário gera a sensação de importância e de


pertencimento. Dessa forma, aumenta o comprometimento do colaborador e consequentemen-
te melhora a sua produtividade;

• Redução do custo operacional: redução de desperdício de matéria-prima, reaproveitamento e


reciclagem de materiais;

• Aumento da receita.

2. INTEGRAÇÃO ASG NO MERCADO DE INVESTIMENTOS


Na integração ASG são considerados os aspectos ambientais, sociais e governamentais na escolha de
ativos. Essa estratégia tenta prever os impactos que determinados eventos terão no futuro da empre-
sa.

Foi na década de 1980 que começou a se falar sobre sustentabilidade e responsabilidade nos investi-
mentos. A iniciativa partiu de um grupo de religiosos que passou a excluir grandes empresários que
estavam em desacordo com seus valores morais.

A discussão se estendeu para os investidores institucionais5, cujos portfólios de investimentos estavam


expostos a riscos socioambientais causados pelas empresas e que começaram a considerar questões
de ASG nas tomadas de decisão de investimento.

No Brasil, o primeiro fundo de investimento responsável foi o Fundo Ethical, hoje sob gestão do San-
tander. No site da empresa consta que “O Fundo possibilita aos seus cotistas investir em ações de em-
presas que, além do tradicional potencial de valorização econômico-financeira, destaquem-se por sua
postura com relação a seus acionistas, funcionários, clientes, fornecedores, governo e sociedade, ou
seja, em empresas que, como nós, acreditem na construção de um mundo mais sustentável, incorpo-
rando aspectos sociais, ambientais e de governança corporativa na sua estratégia de negócio”.

Em 2005, foi lançado o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e, a partir disso, outras instituições
lançaram fundos que se referenciam no benchmark de questões ligadas ao ASG.

2.1 Os princípios para o investimento responsável

Existem seis princípios para o investimento responsável:

I. Incorporar as questões de ASG na análise e processo de tomada de decisão de investimentos;


II. Incorporar questões de ASG nas políticas e práticas como acionistas;
III. Fazer com que as empresas sempre divulguem suas ações relacionadas ao ASG;
IV. Promover a aceitação e implementação dos princípios dentro do setor de investimentos;
5 Investidores institucionais: pessoa ou empresa que investe em nome de outras pessoas ou organizações.

152 MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
| MÓDULO 08 153

V. Trabalhar unidos para aumentar a eficácia na implementação dos princípios;


VI. Divulgar relatórios sobre o progresso na implementação dos princípios.

2.2 Acordos voluntários e iniciativas da indústria de investimento

Os principais acordos voluntários são:

• Protocolo verde: criado em 1995, tem como objetivo propor às instituições financeiras que im-
plementem questões socioambientais no processo de decisão de concessão de crédito a empre-
sas, ou seja, que concedam créditos a empresas e projetos autossustentáveis e que não prejudi-
quem a natureza;

• Princípios do Equador (PE): criado em 2003, é um conjunto de medidas socioambientais (para


avaliação e gestão de risco) adotadas no financiamento de grandes projetos.

2.3 Índices de sustentabilidade

Os índices de sustentabilidade são fundamentais e de suma importância para o mercado de capitais.

São eles:

• Dow Jones Sustainability Index (DJSI);


• Financial Time Stock Exchange Sustainability Index (FTSE4Good);
• S&P Carbon Efficient;
• Índice de Carbono Eficiente (ICO2);
• Johannesburg Stock Exchange Social Responsibility Index (JSE-SRI).

2.4 Regulação das questões ASG

Na legislação brasileira não há direcionamentos claros acerca das penas e responsabilidades das em-
presas no que tange a danos ambientais. Tal situação gerou uma alerta no mercado e um intenso debate
entre os reguladores para o desenvolvimento de normas e procedimentos que mitiguem esses riscos.

2.5 Resoluções e Instruções (Resolução 4.661/2018, 4.327/2014, Instrução CVM 552/2015,


586/2017)

Resolução 4.661/2018

Dispõe as diretrizes para aplicação de recursos pelas entidades de previdência fechada (fundos de pen-
são). É necessário que os fundos de pensão estejam de acordo com os critérios de governança. Estes,
inclusive, devem colocar nos relatórios anuais se cumpriram os aspectos socioambientais.

Resolução 4.327/2014

Dispõe as diretrizes que devem ser observadas pelas instituições financeiras na implementação da
Política de Responsabilidade Socioambiental.

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 153
154 MÓDULO 08 |

ICVM 552/2014

A instrução exige que documentos sobre riscos ambientais sejam publicados e divulgados por empresas
listadas. Além disso, nesses documentos devem ser divulgados de forma específica as questões ligadas
ao ASG, informando a metodologia adotada e se passaram por auditoria independente.

ICVM 586/2017

A instrução obriga as companhias abertas a divulgarem a aplicação das práticas de governança corpo-
rativa ou explicarem o motivo da não adoção das práticas.

2.6 Estratégia de investimento responsável

Estratégias de investimento responsável são aquelas que têm como objetivo integrar as questões am-
bientais, sociais e de governança (ASG) nos investimentos.

São elas:

• Exclusões: remoção de determinada empresa/setor que não estiver de acordo com as políticas
de ASG;

• Fundos temáticos: têm questões de ASG específicas (por exemplo: buscar empresas que tenham
foco em energia renovável);

• Best-in-class: melhores empresas de determinado setor quando envolve questões de ASG;

• Integração: inclusão de riscos e oportunidades;

• Engajamento: usar o poder de voz e de voto dos acionistas para induzir a prática de ASG;

• Investimento de impacto: tipo de estratégia mais recente, que visa o bloqueio de recursos para
empresas e empreendimentos que prejudiquem desafios sociais;

• Screening baseado em normas: busca investir em companhias com critérios específicos de ASG.

Fontes deste módulo

B3 - Novo Valor: Sustentabilidade nas Empresas. Acessado em dez. 2021. Disponível em https://www.
b3.com.br/data/files/1A/D7/91/AF/132F561060F89E56AC094EA8/Guia-para-empresas-listadas.pdf.
Sustentabilidade Agora - Triple Bottom Line: O Tripé da Sustentabilidade. Acessado em dez. 2021. Dis-
ponível em https://sustentabilidadeagora.com.br/tripe-da-sustentabilidade-triple-bottom-line/.
Enfin – PRI: Princípios para o Investimento Responsável. Acessado em dez. 2021. Disponível em https://
enfin.com.br/termo/pri-principios-para-o-investimento-responsavel-ptklydp8.
Santander - Fundo Ethical: 10 anos de sucesso. Acessado em dez. 2021. Disponível em https://www.
santander.com.br/portal/pam/script/templates/GCMRequest.do?page=4803.
UNEP Finance Initiative – Princípios para o Investimento Responsável (PRI). Acessado em dez. 2021.
Disponível em https://www.unpri.org/download?ac=10969.

154 MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
| MÓDULO 08 155

FRAGMAQ - Saiba qual o objetivo do protocolo verde. Acessado em dez. 2021. Disponível em https://
www.fragmaq.com.br/blog/saiba-objetivo-protocolo-verde/.
Ferreira Rocha - Princípios do Equador: Teoria e Prática. Acessado em dez. 2021. Disponível em http://
ferreirarocha.blog.br/teoria-e-pratica-principios-do-equador/.
UNEP Finance Initiative - O dever fiduciário no século XXI. Acessado em dez. 2021. Disponível em https://
www.unpri.org/download?ac=2957#:~:text=O%20Dever%20Fiduci%C3%A1rio%20no%20S%C3%A9cu-
lo,cumprir%20com%20o%20dever%20fiduci%C3%A1rio.

3. QUESTÕES | MÓDULO 08
1. Qual das alternativas abaixo melhor define a ASG?

a) São informações de uma empresa acerca das taxas de emissão de gases de efeito estufa, políticas
trabalhistas, direitos humanos, estruturas de governança corporativa, dentre outros fatores.
b) Organização mundial das empresas financeiras.
c) Informações sobre sócios, diretores e membros do conselho.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

2. Segundo a ASG, quais são os cinco estágios de evolução de uma empresa no processo de melhores
práticas?

a) Pré-compliance, compliance, além do compliance, estratégia integrada e propósito.


b) Compliance, pós-compliance, além do compliance, estratégia integrada e propósito.
c) Pré-compliance, compliance, além do compliance, estratégia integrada e resultado.
d) Pré-compliance, compliance, pré-estratégia, estratégia integrada e propósito.

3. Qual das alternativas abaixo melhor se encaixa em uma estratégia best-in-class?

a) Escolha dos melhores de cada setor no que se refere às questões de ASG em gestão e estratégia cor-
porativa.
b) Escolha dos melhores de cada setor no que se refere às questões de ASG em gestão de riscos.
c) União de todas as empresas que praticam gestão e estratégia corporativa seguindo os princípios de
ASG.
d) São consideradas somente empresas que tenham os melhores índices de governança corporativa.

4. São índices de sustentabilidades que atuam como referência na integração de questões de ASG, exceto?

a) Dow Jones Sustainability Index (DJSI).


b) S&P Carbon Efficient.
c) Johannesburg Stock Exchange (JSE-SRI).

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 155
156 MÓDULO 08 |

d) S&P/TSX.

5. Qual o nome da estratégia de investimento conhecida por adotar a inclusão explícita de riscos e
oportunidades sobre as questões de ASG não só na análise financeira tradicional, como também nos
processos de tomada de decisão de investimentos?

a) Visionária.
b) Oportunidade.
c) Integração.
d) Associação.

6. Quando falamos da estratégia de investimentos responsáveis que envolve a escolha dos melhores
de cada setor no que se refere à integração das questões de ASG, estamos falando de:

a) Integração.
b) Best-in-class.
c) Exclusões.
d) Nenhuma das alternativas está correta.

7. São potenciais vantagens competitivas da integração das questões ASG à estratégia de gestão cor-
porativa:

I. Contratação e retenção de talentos;


II. Redução do custo operacional;
III. Aumento da receita/market share.

Está incorreto o que se afirma em:

a) I.
b) II.
c) I e II.
d) Todas as alternativas estão corretas.

8. Quando falamos em ASG, quais as questões temáticas?

a) Associação, sociais e governança.


b) Ambientais, sociais e governança.
c) Ambientais, societárias e governança.
d) Associação, societárias e governança.

156 MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
| MÓDULO 08 157

9. São critérios de governança segundo a ASG:

a) Alinhamentos e direitos dos acionistas.


b) Práticas contábeis.
c) Transações com partes relacionadas.
d) Todas as alternativas estão corretas.

10. São critérios sociais segundo a ASG, exceto:

a) Engajamento e rotatividade da equipe.


b) Relacionamento com os clientes.
c) Atração e retenção de talentos.
d) Medidas anti-desastres.

11. Os principais acordos voluntários são:

I. Protocolo de sustentabilidade;
II. Protocolo Verde;
III. Princípios do Equador.

Está correto o que se afirma em:

a) Todas as alternativas.
b) I e II;
c) I.
d) II e III.

12. Sobre os princípios para investimento responsável, está incorreto o que se afirma em:

I. Incorporar questões de ASG nas políticas e práticas como acionistas;


II. Manter em sigilo relatórios e práticas de ASG;
III. Promover a aceitação e implementação dos princípios dentro do setor de investimentos;
IV. Trabalhar unidos para aumentar a eficácia na implementação dos princípios.

a) Todas as alternativas estão corretas.


b) II e IV.
c) II.
d) Todas as alternativas estão incorretas.

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 157
158 MÓDULO 08 |

13. Um sistema eficaz de governança corporativa:

I. Define o direito dos acionistas e de outros stakeholders importantes;


II. Define e comunica aos stakeholders as responsabilidades de supervisão de gerentes e diretores;
III. Proporciona um tratamento justo e equitativo nas relações entre os gestores, diretores e acionistas;
IV. Tem total transparência e rigor na divulgação sobre operações, desempenho, risco e posição finan-
ceira.

Está correto o que se afirma em:

a) Todas as alternativas.
b) I, II e III.
c) I e IV.
d) II, III e IV.

14. Acordo criado em 1995, com o objetivo de que as instituições financeiras levem em consideração
as questões socioambientais nas atividades e análises de créditos e financiamentos.

a) Acordo de Basiléia.
b) Protocolo Verde.
c) Princípios do Equador.
d) Pacto pelo desenvolvimento sustentável.

15. Assinale a alternativa incorreta sobre governança corporativa.

a) No Brasil muitas empresas estão adotando o conceito de governança corporativa.


b) Um dos objetivos da governança corporativa é otimizar o desempenho da empresa
c) Governança é um conceito ainda raro nas reuniões de diretoria.
d) Oferece mais transparência para o mercado.

16. Qual das alternativas abaixo é um dos objetivos da governança corporativa?

a) Eliminação dos riscos.


b) Evitar conflitos de interesse.
c) Proteger os empresários e seus melhores interesses.
d) Exponenciação de lucros.

17. Constituem o tripé da sustentabilidade, que associa três dimensões e dá suporte à gestão e ativi-
dades corporativas:

158 MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS
| MÓDULO 08 159

a) Ambiental, social e governança.


b) Ambiental, sustentável e social.
c) Social, empresarial e governança.
d) Social, ambiental e transparência.

18. Como é chamado o tripé da sustentabilidade?

a) Tree bottom line.


b) Triple sustainability line.
c) Tree carbon efficient.
d) Triple Bottom Line.

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁLISE DE INVESTIMENTOS 159
160 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS

MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS


MÓDULO 01 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
1–D
2–B
3–A
4–D
5–B
6–D
7–B
8–C
9–D
10 – C
11 – D
12 – A
13 – B
14 – A
15 – A
16 – A

MÓDULO 02 | MERCADO DE CAPITAIS


1–A
2–A
3–D
4–C
5–A
6–A
7–B
8–B
9–A
10 – D

160 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS


MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 161

11 – C
12 – D
13 – D
14 – D
15 – C
16 – B
17 – A
18 – D
19 – B
20 – A
21 – A
22 – B
23 – A
24 – C
25 – A
26 – B
27 – C
28 – A
29 – A
30 – D

MÓDULO 03 | MERCADO DE RENDA FIXA


1–A
Resolução:
11 / 4,08x4,61 = 0,584

2–C
Resolução:
9 + 9 + 8 + 7 + 10 + 10 + 10 + 9 + 8 + 6 = 86/ 10 (quantidade de elementos) = 8,6

3–D
4–C

MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 161


162 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS

Resolução:
HP12c
(CHS) – 200.000 (G) (CF0)
38.000 (G) (CFj)
42.000 (G) (CFj)
55.000 (G) (CFj)
76.000 (G) (CFj)
70.000 (G) (CFj)
(F) (IRR)
Resultado: 11,03

5–B
6–A
7–C
8–A
9–B
10 – B
11 – C
12 – A
13 – D
14 – D
15 – A
16 – D

Resolução:
CF0: 105.000 CHS
CFj: 45.000
CFj: 68.000
CFj: 27.000
CFj: 12.000
CFj: 17.500
i = 10% (trazer ao mês) = 0,7974%
f NPV = 61.308,02

17 – C
18 – A

162 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS


MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 163

MÓDULO 04 | MERCADO DE DERIVATIVOS


1–B
2–B
3–C
4–B
5–A
6–A
7–A
8–D
9–C
10 – B
11 – A
12 – B
13 – B
14 – B
15 – D
16 – B
17 – C
18 – A
19 – B
20 – B
21 – D
22 – B
23 – C

MÓDULO 05 | CONCEITOS ECONÔMICOS


1–C
2–C
3–D
4–D

MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 163


164 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS

5–A
6–A
7–B
8–B
9–B
10 – B
11 – A
12 – C
13 – A
14 – C
15 – A
16 – C
17 – D
18 – B
19 – B
20 – D
21 – A
22 – C
23 – A
24 – C
25 – C

MÓDULO 06 | CONDUTA E RELACIONAMENTO


1–B
2–A
3–D
4–C
5–D
6–C
7–C
8–C

164 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS


MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 165

9–A
10 – B
11 – D
12 – D
13 – A
14 – D
15 – C
16 – C
17 – A

MÓDULO 07 | GOVERNANÇA CORPORATIVA E RELACIONAMENTO COM INVESTIDORES


1–B
2–A
3–C
4–C
5–A
6–B
7–A
8–C
9–C
10 – D

MÓDULO 08 | INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES AMBIENTAIS, SOCIAIS E DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (ASG) À ANÁ-


LISE DE INVESTIMENTOS
1–A
2–A
3–A
4–D
5–C
6–B
7–D

MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS 165


166 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS

8–B
9–D
10 – D
11 – D
12 – C
13 – A
14 – B
15 – C
16 – B
17 – B
18 – D

166 MÓDULO 09 | GABARITO DOS EXERCÍCIOS

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