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NORMAS DE CONFLITOS

OBJETO E FUNÇÃO DA NORMAS DE CONFLITO

A norma de conflito é uma norma de dip e o seu objeto são asa rpi. As normas de conflito
distinguem.se nas normas materiais ou de regulamentação, porque elas para regulamentar a rpi designam ou
atribuem competência a uma ordem jurídica dentro daquelas que tem conexão, podendo ser uma ordem
jurídica do foro ou uma estrangeira. Assim ela visa disciplinar as rpi e designa a ordem jurídica onde vamos
precisar as normas materiais que vão disciplinar a rpi tendo por isso uma dupla função.

A norma de conflitos pode dizer apenas a que situações plurilocalizadas se aplica o dº do foro sendo
normas de conflito unilaterais. Ex: art.3º CC francês que diz que as leis que dizem respeito ao estado e
capacidade das pessoas aplicam-se aos franceses mesmo que residam em países estrangeiros. No fundo a
norma diz que ao estado e capacidade de franceses aplica-se a lei francesa. Acaba por ser uma norma
incompleta, e se a pessoa não for francesa? Não temos resposta, isto resolve-se por interpretação e integração
de lacunas, temos que idealatrizar a norma, ou seja, aplica-se ao estado e Capacidade das pessoas a lei da sua
nacionalidade
Noutros casos a norma tanto remete para a ordem jurídica do for como uma ordem jurídica estrangeira
sendo normas de conflito bilaterais. se for uma ordem jurídica estrangeira da eficácia a esta lei. Temos
como exemplo destas normas o art.46º que refere que se aplica a lei do lugar da situação da coisa.

Tanto o bilateralismo como o unilateralismo são duas formas da norma de conflito desempenhar a sua
função, sendo a norma bilateral mais completa.

A função da norma de conflito não termina apenas com a identificação da lei aplicável. Existem
normas de conflito que identificam a lei aplicável em função do resultado como acontece no contrato de
trabalho internacional – normas de conflito materiais com uma intenção valorativa. E depois temos ainda
normas de conflito que permitem uma correção, por exemplo a reserva de ordem publica internacional.

O objeto das normas de conflito são as situações de relações privadas internacionais, não sendo
objeto os factos, mas também não e uma realidade puramente jurídica, tem que ser situações caracterizadas a
luz de uma ordem jurídica que esteja em contacto com aquela situação. Portanto objeto não e puramente
fáctico, nem e puramente de direito, sendo antes um objeto misto.

Natureza das normas de conflito: as normas de conflito têm por objetivo a regulamentação das
relações privadas, e por isso as normas de conflito são normas de dº privado. Mas o objeto das normas de
conflito não e apenas as relações privadas, mas as rpi, assim as normas de conflito são normas de dº privado
internacional...

Fonte: varia ...

ESTRUTURA GERAL DAS NORMAS DE CONFLITOS

Qualquer norma jurídica e composta por uma previsão e por uma estatuição ou consequência jurídica.
A previsão são as situações da vida que a norma quer regular, a estatuição acaba por ser a solução da norma.
Quanto as normas de conflitos nos temos também estas 2 realidades, mas não só. Assim, a norma tem:
 uma previsão a qual chamamos conceito-quadro: conceito técnico-jurídico, questão jurídica
da norma que tem a função de recortar dentro da ordem jurídica indicada pelo elemento de
conexão qual a categoria normativa que tem que ser aplicada. Por exemplo no art.46º o
conceito-quadro é dº reais
 consequência jurídica: dº concretamente aplicável ao caso. No art.46º é a aplicação da lei do
lugar da coisa, que no caso de Ibiza será a lei espanhola
 a ligar estes dois elementos temos o elemento de conexão: é o elemento individualizador da
norma de conflitos, que individualiza a ordem jurídica potencialmente aplicável. No art.46º o
elemento de conexão é o lugar da situação da coisa.

 no art.25º o conceito-quadro é o estados dos indivíduos, capacidades das pessoas .. o


elemento de conexão é a nacionalidade. A consequência jurídica é a lei da nacionalidade que
dependera do caso concreto.

Portanto na norma de conflitos temos uma estrutura tripartida.

O conceito-quadro são conceito técnico jurídico que recortam as categorias da situação da vida as
quais vamos aplicar a lei, o art.46º concede competência a lei espanhola, mas apenas aos direitos reais.
Portanto por estarmos a operar com conceitos técnico-jurídicos esta parte assume esta denominação.
E pelo facto da previsão da norma de conflitos operar por categorias de relações jurídicas que temos o
problema do dexage, podemos ter relações jurídicas que nos seus diferentes elementos são regulados por leis
diferentes.

Quanto a consequência jurídica, a estatuição as normas de conflito podem ser:


 normas de conflito unilaterais: o art.28º refere que a capacidade negocial de exercício,
(capacidade de intervir no tráfego jurídico que se adquire aos 18 anos em Portugal) quando o
negócio e celebrado em Portugal aplicamos a lei portuguesa, nado nos dizendo quanto a
possibilidade de aplicação de lei estrangeira. Portanto só nos diz quais as condições para
aplicar a lei portuguesa
 normas de conflito bilaterais: correspondem a generalidade das normas que temos no CC.
Temos como exemplo o art.46º, assim se a coisa estiver situada em Portugal aplicamos a lei
portuguesa, se for em Espanha aplicamos a lei espanhola
 normas de conflito imperfeitas: normas de conflito que tanto remetem para a lei estrangeira
como a lei nacional, mas só tem algumas hipóteses/soluções que regra geral tem conexão com
a lei do foro. Ex: art.51º que refere que regra geral a forma do casamento é regulada pela lei
do lufar da celebração do casamento. Portanto o art.51º e uma exceção ao art.50º que permite
a celebração de casamentos de estrangeiros em Portugal regulado pela lei desses estrangeiros.
O nº 2 admite também a aplicação da lei da nacionalidade quanto ao casamento celebrado no
estrangeiro por dois portugueses. Mas a norma não trata do casamento no estrangeiro feito
por dois estrangeiros, e por isso se diz bilateral imperfeita. A incompletude desta norma
resolve-se considerando que estamos perante uma lacuna e usando a analogia admitimos a
aplicação da lei nacional também ao casamento no estrangeiro de dois estrangeiros e assim
bilateralizamos totalmente a norma completando-a.

Quanto a conexão, consequência jurídica a norma de conflito pode ser de:


 conexão singular: quando a norma de conflito remete apenas para uma única ordem jurídica.
Ou seja, a questão e regulamentada apenas por uma única ordem jurídica. Podemos ter vários
tipos de conexões singulares:
o simples: a norma de conflitos designa uma ordem jurídica direta imediatamente
aplicável a questão. Por exemplo o art.46
o subsidiária: a norma de conflitos designa duas ou mais oj mas. Aplicação da segunda
depende da não aplicação da primeira. Ex: art.52º, temos uma norma que designa 3 oj
aplicáveis, lei da nacionalidade comum dos conjunges, não havendo lei da residência
habitual dos cônjuges, e não havendo lei com conexão mais estreita
o alternativa: aquelas situações em que a norma prevê dois ou mais elementos de
conexão sendo certo que funcionará o elemento que permitir o resultado que o
legislador considera desejável, que será regra geral o aproveitamento do negócio
jurídico. Ex: art.65º tem 4 oj potencialmente aplicáveis indicáveis por 4 elementos de
conexão, e aplicamos aquele que na prática valide o testamento
o optativas: a norma da ao sujeito a faculdade, ónus de optar entre duas ou mais leis,
designadas pela própria norma. Ex: art.7º RR2, portanto aqui o lesado pode optar pela
lei do lugar do dano, ou a lei do lugar da conduta, sendo uma forma do legislador
conseguir também um resultado que e o benefício do lesado
o acessórias: a norma manda aplicar a certa questão a lei aplicável a outra que esta
conexa com a primeira, sendo o objeto evitar situações de desmembramento excessivo
da relação jurídica ou dexage. Ex. art.4º RR2 e art.36º CC, aqui o legislador sujeita
um conjunto de matérias a lei da substância do negócio

 conexão plural ou cumulativa: quando a norma de conflitos remete para duas ou mais ordens
jurídicas. Podem ser:
o simples: para que se produzam certos efeitos jurídicos e necessário que eles sejam
reconhecidos por dois ou mais ordenamentos jurídicos. Ex: art.33º/3, permite que uma
pessoa coletiva transfira a sua sede de um país para outro, portanto ao fazê-lo não e
preciso extinguir a pessoa em Portugal e criá-la na holanda, mantendo-se assim a
personalidade jurídica da pessoa coletiva
o condicionantes ou limitativas: neste tipo de conexões temos um ordenamento jurídico
que tem um papel primariamente competente que atribui certos efeitos jurídicos e
temos um segundo que tem uma função limitativa ou condicionante da produção dos
efeitos previstos pelo primeiro ordenamento jurídico. Ex: art.27º

Quanto aos elementos de conexão eles podem ser vários podendo adotar várias formas, podem ser
referentes a pessoa/ aos sujeitos como acontece a nacionalidade, ao objeto da relação jurídica – art.46º, ao
lugar da prática do ato jurídico – no caso do casamento, art.50º. Mas o elemento de conexão pode assumir
várias formas, conferindo até as partes a escolha da lei aplicável ou normas de conflito em que o legislador
permite ao julgador no caso concreto encontre uma lei com uma conexão mais estreita com a situação –
art.52º
Interpretação e aplicação das normas de conflitos
Interpretação da norma de conflitos

Fonte interna
A interpretação da norma de conflitos varia conforme a fonte. Se a norma tem finte nacional
recorremos aos critérios de interpretação que constam do art.9º cc.
Quando falamos do conceito-quadro temos que ter em conta que como são conceitos técnico jurídicos
reconhecemos-lhes uma certa capacidade expansiva, e por isso podemos incluir nesses conceitos conteúdos
normativos que eles não têm na ordem jurídica interna. Por exemplo no código de Seabra não existia em
Portugal o instituto da adoção, mas, podíamos ter que reconhecer esta situação, e fazíamo-los equiparando a
adoção a filiação, e assim expandíamos o conceito-quadro para ele incluir um conteúdo jurídico que não
existia na ordem jurídica portuguesa. Outro exemplo é. Afiliação ilegítima, que não existe em Portugal, mas
existe no estrangeiro assim vamos para o art.57º e expandimos o seu conteúdo para abarcar este conteúdo
normativo que não existe em Portugal. Portanto o conceito-quadro não significa apenas aquilo que nos
entendemos por dº reias na nossa ordem jurídica, temos que entendê-lo englobando o entendimento dado
noutras ordens jurídicas a dº reais que tenham as mesmas características.
Por exemplo então o conceito quadro dº reias abarca todos os dº reias reconhecidos em Portugal, mas
também outros dº que existem noutras ordens jurídicas e que não existem na nossa, mas que tenham as
mesmas características, por exemplo o caso do trust e da filiação ilegítima. Se isto não fosse assim
acabávamos por apenas aceitar em Portugal institutos jurídicos que existem ca.

Fonte internacional
Quando a norma de conflitos esta prevista em convenções internacionais, a convenção de Viena sobre
o Dº dos tratados de 1969 diz que as normas devem ser interpretadas de forma uniforma e autónoma
relativamente ao dº dos estados contratantes

Fonte da EU
Aqui temos a jurisprudência do tribunal de justiça. O tjue veio afirmar por diversas vezes que as
normas previstas nos atos jurídicos da eu, os regulamentos devem ter uma interpretação autónoma face ao dº
dos estados-membros que e auxiliada pela atuação do tribunal de justiça.
Assim, deve ser feita tendo em conta a especificidade da norma, o contexto da norma, a ratio legis
(interpretação teleológica), a natureza da norma e também a jurisprudência do TJUE, O objetivo da
interpretação autónoma é uma interpretação uniforme pelos EM.
O mais habitual não é os regulamentos terem definições, mas as vezes têm:
Ex: art.19º RR1 da uma definição de residência habitual
Ex: art.2º RR2 diz-nos o que é um facto voluntario e o que é um dano
Há ainda situações em que os regulamentos remetem para o dº dos estados-membros, apesar de
também não ser o mais comum.

O tjeu já veio dizer que os regulamentos da eu em matéria de dip fazem parte um conjunto unitário de
normas, por isso eles devem ter uma interpretação conjunta

Integração de lacunas no dº de conflitos


Temos uma lacuna quando não temos no dº uma resposta a uma questão que queremos regulamentar.
No dip há muito poucas lacunas que surgiriam no caso das normas de conflito quando elas não existissem
para uma determinada questão. Ora no nosso CC temos um leque bastante vasto de normas de conflitos para
alem disso o nossos conceito-quadro tem capacidade extensiva e pro isso as lacunas são muito poucas.

Havendo lacunas recorremos ao art.10º que são os critérios gerais para resolver qualquer tipo de
lacuna que surge na ordem jurídica portuguesa. Assim em primeiro recorremos a analogia, na ausência de
um caso análogo recorremos a uma norma de conflitos como se o interprete criaria se estivesse a regular
dentro do espírito do sistema tendo em conta os princípios do dip.
Ex: art.32º CC a norma nada diz sobre os atos jurídicos, mas por analogia parece para a podemos
aplicar aos negócios jurídicos, mas também aos atos jurídicos

A aplicação no tempo das normas de conflitos


Por vezes temos normas de conflitos que sucedem no tempo. O art.41º e 42º regulam as relações
contratuais, mas, entretanto, Portugal aderiu a convenção de Roma sobre as obrigações contratuais, a seguir a
eu fez o regulamento Bruxelas 1 bis que também se aplica as obrigações contratuais. Portanto acabamos por
ter uma sucessão no tempo de normas de conflitos sobre as mesmas questões.
Assim, a contratos celebrados a 1 de setembro de 1974 aplicamos a convenção de Roma – art.17º, e
aos contratos celebrados após 17 de dezembro de 2009 aplica-se o regulamento Roma 1 – art.28º.

Quanto as obrigações extracontratuais, se o facto ocorreu desde a entrada em vigor do RR2 aplicamo-
lo, caso contrário aplicamos o CC.

Estas normas destes regulamentos relativas ao âmbito de aplicação temporal acabam por auxiliar
bastante a posição do aplicador de dº, mas não havendo recorremos o art.12º CC estabelece um princípio de
não retroatividade, e por isso se existir uma nova norma de conflitos ela só se aplica em princípio as relações
constituídas após a sua entrada em vigor, salvaguardando as legitimas expectativas
O art.12º/2º segunda parte refere que se tratar de uma situação jurídica duradoura e possível a
aplicação da nova norma de conflitos ao conteúdo daquela relação jurídica

Na aplicação no tempo temos que ter em conta a questão do conflito móvel, que surge quando há uma
alteração do conteúdo concerto do elemento de conexão, havendo assim uma sucessão de leis aplicáveis.
Ex: A é português e tem 18 anos de idade, assim aos 18 adquiriu capacidade negocial de exercicios, e
assim pode celebrar negócios jurídicos do tráfego corrente. Na suíça a maioridade só se adquire aos 20 anos,
e A resolve adquirir a nacionalidade suíça e renunciar a portuguesa, mas antes de mudar de nacionalidade
vende ao B o seu automóvel, sendo que de acordo com a lei portuguesa o podia fazer porque já tinha
capacidade negocial de exercício. Depois de mudar de nacionalidade coloca-se em causa saber se A tinha
capacidade. A capacidade é regulada pela lei da nacionalidade, mas qual nacionalidade? A nacionalidade
portuguesa, aquando da pártica do ato, ou a nacionalidade suíça, a que existe aquando da apreciação da
capacidade.
Aqui esta em causa uma questão da titela da confiança, dos dº adquiridos. O art.29º resolve o problema
do conflito móvel para as questões da capacidade negocial de exercício – regra de que uma vez maior,
sempre mais. Mas este art.29º acaba por ter uma solução que pode ser considerada como uma solução geral
para conflitos moveis. portanto a nova lei não se aplica retroativamente a factos constitutivos, modificativos
ou extintivos que alterem o elemento de conexão.

Aplicação no espaço de normas de conflito


Em princípio as normas de conflito portuguesas em sentido amplo aplicam-se a todas as rpi que estão
a ser resolvidas pelos nossos tribunais em sentido amplo. Por isso a resolvermos um caso práticos temos que
encontrar uma norma de conflito que esteja em vigor em Portugal – p. da aplicação territorial do dº de
conflitos.

Mas excecionalmente a norma de conflitos portuguesa ou normas auxiliares portuguesas pode ceder
perante uma norma de conflitos estrangeiras, isto acontece através:
 reenvio: permitem reconhecer eficácia a normas de conflito estrangeiras
 art.28º/3, 31/2 e 47º

A QUALIFICAÇÃO EM DIP
A qualificação tem a ver com o conceito-quadro das normas d conflitos. Dizemos que a qualificação e
um problema geral do dº, é uma operação que fazemos quando queremos aplicar qualquer norma. A
qualificação. Surge quando querermos subsumir factos da previsão para a poder aplicar.

Em dip temos o mesmo problema, temos que preencher a previsão, que neste caso é o conceito-
quadro, para depois podermos fazer funcionar a consequência jurídica. Mas aqui temos uma especificidade, a
previsão chamamos conceito-quadro que delimita as rj para as quais surge um elemento de conexão.

A descoberta da qualificação no dip foi feita por Kahn e Bartin

Caso francês: bartholo era senhor francês que faleceu na Argélia, deixou uma viúva e bens em franca.
A questão era relativamente ao dº potencialmente aplicável. Colocava-se em causa saber se o instituto de dº
maltes que visava salvaguardar a viúva se podia ou não aplicar relativamente aos bens que o senhor tinha.
Aqui tínhamos duas hipóteses:
 entendia-se que este instituto era uma norma material do dº das sucessões, e as normas de
conflito francesas para matéria sucessórias de imoveis manda aplicar a lei do lugar da situação
dos bens, e por isso a lei francesa, e este instituto não existe no dº francês
 a quarta do cônjuge pobre era um instituto do regime material de bens que no dº francês e
regulada por uma nora de conflitos semelhante ao art.53º qua manda aplicar a lei da
nacionalidade e comum. Neste caso a norma mandava aplicar a lei da nacionalidade comum
dos cônjuges, que era a lei maltesa e assim a viúva teria direito a proteção acrescido do
instituto maltes

Quando falamos em qualificação surgem sempre duas questões:

Qual o sentido e o alcance da referência feita pela norma de conflitos a lei por ele designada:
Quando a Norma de conflito remete para uma ceda oj esta a fazer uma referência aberta (dirigida a
todas as normas materiais dessa lei) ou uma referência seletiva (apenas compreende os institutos do conceito
quadro delimitados pela norma de conflitos)?
Ex: A solteiro de nacionalidade do reino unido reside em Portugal e morre solteiro e sem filhos sem
testemunha com última residência habitual em Portugal e deixa imoveis em Portugal. o art.62º refere que a
sucessão e regulado pela lei da nacionalidade, que neste caso e o reuni unido e por isso e esta lei que regula a
sucessão. Como a não tem parentes sucessíveis a lei inglesa refere que a coro britânica tem dº a receber todos
os bens que enão tenham proprietário – esta em causa um d´de ocupação, um dº real e não um dº sucessório.
O tribunal português refere que é aplicável a lei portuguesa. A questão que se coloca e que se o art.62º
quando remete para a lei inglesa está a incluir todas as normas da lei inglesa, e neste caso e esta lei que
regula este dº real, ou então a referência do art.62º e só para matérias sucessórias e mais nada. Pois para dº
reais temos outra norma, o art.46º
Se aqui adotássemos uma referência aberta pelo art.62º estávamos a aplicar uma norma de dº reais, e
acabávamos por violar o art.62º porque ele e só e apenas para matérias sucessórias. Assim, em Portugal o
legislador português optou por um referencia seletiva, competência delimitada pelas matérias delimitadas no
conceito-quadro das normas de conflitos. Portanto na ordem jurídica temos que procurara normas matérias
que se possam subsumir ao conceito-quadro da norma.

O art.15º fala de qualificação sendo que encontramos aqui a competência seletiva, portanto a
referência abrange apenas as normas que pelo seu conteúdo e função se integram no regime do instituto
visado pela norma de conflitos, portanto se enquadram no conceito-quadro.

A operação de qualificação: Tem 3 etapas:

 Interpretar o conceito-quadro designativo do objeto de conexão: quando olhamos para o


art.46 que fala de dº reias, qual o significado de dº reais? Aqui temos três hipóteses quanto a
interpretação do conceito-quadro:
o Interpretamos o conceito-quadro de acordo com a lei do foro: o problema e que
restringe excessivamente o conceito-quadro porque nega a aplicação em Portugal de
institutos jurídicos que não existam ca ou existindo que tenham um conteúdo diferente
o Recorremos a comparação0 de dº: é também de excluir pois a comparação de dº não
permite captar o juízo de valor que esta na base da formação de normas de conflitos,
para alem disso pela comparação de dº não e possível apurar conceitos comuns
o Interpretação teleológica: aqui o legislador que fez as normas internas é o mesmo que
elaborou as normas de conflito – p. Unidade da ordem jurídica. Assim sendo podemos
dizer como ponto de partida em princípio os conceitos que estão na previsão das
normas de conflito te o mesmo conteúdo que esses conceitos têm na ordem jurídica.
Mas não ficamos por aqui, aditamos outros conceitos e institutos jurídicos
estrangeiros que na lei de origem desempenham a mesma função que as normas de dº
interno que integramos no nosso conceito-quadro – capacidade expansiva de conceito-
quadro. Esta interpretação teleológica retira-.se do art.9º, do art.15º e de outras normas
como o art.64º,c).

Aqui temos que fazer uma distinção quando a norma de conflitos e de fonte internacional.
Como fazemos a interpretação do conceito-quadro sendo eu eles são feitos para haver uma
harmonia jurídica?
o Comparação do dº dos estamos membros contratais da convenção: surge mais uma
vez o argumento de que não há conceitos comuns
o Olhar para o juiz p de valoração de interesses que esteve na base da escolha do
critério de conexão para cada uma das normas: olhamos para a norma e tentamos
apurar as matérias que por interpretação teleológica a norma visa encerra

 Caracterização do objeto da qualificação: vamos caracterizar o instituto jurídico que


queremos aplicar ao caso, sendo que nos caracterizamos dados normativos, ou seja,
caracterizamos a norma material que queremos aplicar ao caso concreto. E temos que
qualificar a norma material a luz da ordem jurídica a que pertence. Raape refere que temos que
fazer isto porque ninguém melhor o filho que a própria mãe. Isto acaba por estar refletido no
art.15º

 Averiguação da apreensibilidade pelo conceito quadro da norma de conflito desse


objeto– qualificação em sentido estrito: pegamos no objeto da qualificação que
caracterizamos e vemos se conseguimos subsumir ao conceito-quadro presente na norma de
conflito. Temos que ver se existe um critério de correspondência funcional entre as normas
materiais em causa e o conceito-quadro da norma de conflitos porque fazemos uma
competência seletiva (vemos por exemplo se aquela norma material é mesmo de dº reais ou
não). Por isso tem que haver um critério de correspondência funcional.

assim, fazemos uma qualificação lege fori, operada na base de uma caracterização lege causae das
situações da vida e das normas que as disciplinam. O julgador tem total autonomia na averiguação da
correspondência, ele vai autonomamente confrontar a teleologia dos institutos que estão no conceito-quadro
da norma de conflitos e a teleologia que estão na norma material.

Por isso:
1. Direitos reais tem estas características
2. Caracterizamos a norma que queremos aplicar
3. Vemos se a norma que queremos aplicar diz mesmo respeito aos dº reais

CASO PRATICO: A e b casados tem nacionalidade do reino unido e residiam em Portugal.


Venderam a C seu filho uma quinta em Sintra. Eles venderam ao filho sendo o contrato subsumindo
este a lei portuguesa, mas tinham outro filho, D que não deu consentimento. Quando soube da venda
vem invocar o 877º CC para anular o contrato. É este artigo aplicável ao caso?
Para isto e preciso que a ordem jurídica portuguesa regule a questão.
A primeira coisa a fazer é interpretar o conceito-quadro da norma de conflitos. Aqui d invoca o 877 e
temos um contrato de compra e venda por isso eventualmente podemos aplicar o art.3º RR1, o conceito-
quadro aqui presente é substância das obrigações contratuais. Mas também podemos equacionar a aplicação
do art.57º CC, sendo o conceito-quadro aqui as relações entre pais e filhos. Também podemos equacionar o
art.62º, cujo conceito-quadro é sucessões por morte. Nesta fase qualquer um dos 3 pode ser aplicável, mas no
final só vamos aplicar um. Temos 3 normas porque a operação de qualificação e feita por tentativas.
Agora vamps qualificar o objeto da qualificação, ou seja, a norma material que d quer aplicar ao caso
que é o art.877º. aqui temos que ver qual a função e o fim deste artigo dentro da ordem jurídica portuguesa,
temos que analisara a ratio legis da norma. Aqui o objetivo do art.877º é evitar simulações pois o legislador
sabe que entre pais e filhos há simulações, e estas simulações dentro da família são ainda mais difíceis de
provar que as simulações em geral. Aqui o perigo é os pais quererem fazer doações aos filhos, mas em vez
de a fazerem simulam uma vende porque as doações feitas aos filhos em visa os bens podem mais tarde ser
chamados a doação. Ao fazerem estas simulações os pais estão a prejudicar os outros filhos. Ora sendo as
simulações difíceis de provar e no seio da família ainda mais, para evitar estas situações as vendas de pais
para filhos dependem do consentimento do outro filho, não havendo não e preciso fazer proa de simulação, o
negócio invalido, sendo anulável. Portanto o objetivo é assegurar as relações harmoniosas entre pais e filhos
e garantir que elas não são perturbadas por situações de simulação.
Numa terceira etapa temos que subsumir o art.877º partindo do conteúdo e da sua finalidade a um dos
três artigos que vimos em cima. Aqui vamos subsumir o conteúdo do art.877º ao conceito-quadro do art.57º -
relações entre pais e filhos.

A seguir vamos aplicar a consequência jurídica, sendo que o art.57º remete para a lei da nacionalidade
jurídica. Mas isto é uma segunda parte. Porque na qualificação apenas ficamos pelo conceito-quadro da
norma de conflitos.
Qualificação noutras ordens jurídicas – dupla qualificação: e uma qualificação que tem duas
etapas:
 Qualificação primária/ de 1º grau/ de competência: qualificam-se os factos jurídicos segundo a
ordem jurídica do foro para encontrara a norma jurídica/ de conflitos aplicável
 Qualificação secundaria/ de segundo grau/ de fundo: qualificamos novamente a questão pela
lei que é considerada competente pela norma de conflitos, procurando-se agora determinar as
normas lex causae que regulariam a questão.

Há uma total abstração ao conceito quadro da norma de conflitos, fazendo-se referências abertas que
não permite respeitar o juízo de valor que eta na base do desenho das normas de conflito. Acabamos por
confundir duas q2uestoes diferentes. A determinação da lei aplicável, que diz respeito a consequência
jurídica, com a operação de qualificação que diz respeito ao conceito quadro. Por esta razão o nosso
legislador não adotou a dupla qualificação.

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