Você está na página 1de 6

RELATÓRIO DETALHADO SOBRE O PROCESSO DE ORIENTAÇÃO

PROFISSIONAL

Para iniciar o processo foram realizados processos de recrutamento e seleção para


chegar aos participantes do grupo, a partir da divulgação de folders em redes sociais. A seleção
seguiu o critério de ordem de inscrição. Além disso, houve preparação e análise dos encontros,
a partir do tema proposto pelo projeto de estágio e leituras sobre o tema; e realização de
entrevistas individuais.
Com a primeira etapa realizada, foram iniciados os encontros grupais, que além do
planejamento e objetivos propostos pela supervisora, seguiu também o planejamento de
encontros da autora Dulce Helena, que propõe um roteiro para orientação profissional em grupo
a partir das obras de Bohoslavsky, Pelletier e Zaslavsky (LUCCHIARI, 1992).
Na realização dos encontros, foi seguida uma ordem de programação, onde todos eram
iniciados com a exposição dos objetivos do dia, seguido da explanação, pelos adolescentes, da
tarefa de casa do encontro anterior. Após esse momento, seriam utilizadas técnicas de mediação,
como dinâmicas, atividades e bate papos para abordar o tema. Para finalizar, era apresentada
uma nova tarefa, com o intuito de que os participantes continuassem a pensar sobre a orientação
durante a semana. Os objetivos e técnicas utilizadas para cada encontro grupal é descrita a
seguir:
Primeiro encontro, realizado com os objetivos de levantar e avaliar expectativas do
grupo em relação a OP; estabelecer um contrato de trabalho com o grupo; e refletir sobre os
sentidos do trabalho no atualidade. Para cumprir os objetivos, inicialmente houve uma
apresentação de cada um, como uma forma de quebra gelo, seguida de um bate papo que
abordou sonhos, expectativas do futuro profissional e lugares e pessoas com quem poderiam
buscar informações, de forma a despertar pensamentos e atitudes relacionados a orientação
profissional.
Após esse primeiro momento foi levantado a questão sobre o que esperam da orientação
profissional, onde cada um trouxe um pouco das suas expectativas em relação ao processo. Por
fim, foi firmado o termo de compromisso, que dizia das responsabilidades de cada um para
melhor convivência e participação durante o processo. Como tarefa de casa, os participantes
foram orientados a pensarem em três profissões que gostassem e citassem duas características
necessárias a cada um.
“Partilhar com os jovens o objetivo e os caminhos que serão trilhados nas oficinas pode
favorecer a construção de um sentido comum para o trabalho que será realizado, além de
antecipar lacunas de temáticas não contempladas no programa, que poderão ser identificadas.”
(SOUZA, 2014, p.12). Considerando que era o primeiro contato dos adolescentes com o tema
e com os outros membros do grupo, houve uma dificuldade de participação, que pode ser
explicada pela falta de vínculo e pelo formato online, que em primeiro momento pode dificultar
ainda mais uma participação imediata.
Segundo encontro, realizado com os objetivos de oferecer ao grupo meios para o
aprofundamento do autoconhecimento; promover integração e comprometimento do grupo com
a tarefa; oportunizar ao grupo um conhecimento sobre as habilidades pessoais e profissionais.
A partir do autoconhecimento se torna possível ajudar os adolescentes a “aprenderem a
escolher, a tomarem decisões, a refletirem sobre influências e a avaliarem possibilidades, riscos
e consequências.” (ANDRADE; CONSERVA JUNIOR, p. 2). Ao iniciar com a apresentação
da tarefa, os participantes trouxeram profissões que tornavam possível um conhecimento prévio
sobre as preferências de cada um, além disso, demonstraram conflitos e dúvidas presentes na
escolha de cada um, um processo natural na orientação profissional.
Como material mediador foi utilizada a dinâmica dos quadrantes, com o objetivo de
facilitar para os participantes seus gostos e critérios que se relacionavam a futura profissão, de
forma a despertar o autoconhecimento neles, aspecto fundamental ao pensar orientação
profissional e posterior escolha. Para tarefa de casa foi proposto a construção de uma árvore
genealógica das profissões, como material que auxiliaria no tema do encontro seguinte. Nesse
segundo encontro os orientandos demonstraram uma participação mais ativa, a estratégia
utilizada para incentivar a participação foi iniciar o encontro com a apresentação da tarefa, que
exigiu uma iniciativa imediata por parte deles, que se demonstrou de grande eficácia.
Terceiro encontro, realizado com o objetivo de oferecer ao grupo um espaço para
compartilhamento acerca das vivências familiares em relação à tomada de decisão.
Considerando que a família é parte fundamental na vida de qualquer sujeito, ela também se
apresenta como influência em diversos aspectos da vida, um deles é a escolha profissional, “há
sempre alguma maneira de influenciar, seja expressando abertamente a opinião, muitas vezes
pressionando o filho a seguir determinada profissão, seja de maneira mais sutil ou
manipuladora.” (ALMEIDA; PINHO, 2009, p. 174).
Para tratar desse tema iniciou-se com a apresentação da árvore genealógica das
profissões, que possibilitou conhecer um pouco da atuação da família e de outras pessoas que
se apresentam como significativas para os participantes, além disso, a estratégia possibilitou
conhecer as expectativas familiares em relação à escolha profissional dos orientandos, essa
estratégia “auxilia na construção de um projeto de vida, a partir de diálogos entre adolescentese
seus familiares, o que pode ajudar a superar as dificuldades e contribuir para o desenvolvimento
integral do adolescente.” (PEREIRA; DELLAZZANA-ZANON, 2017, p. 31).
Ao falar de família, diversos aspectos podem ser apresentados, um fator que se
apresentou com mais recorrência foi a pressão dos pais para que os filhos seguissem a profissão
dos seus sonhos, mesmo não sendo a vontade do filho, o que gerava inseguranças e dificuldade
na escolha. Por fim, foi proposto como tarefa de casa, a utilização do baralho das profissões
para realização de uma atividade em que cada um iria organizar famílias de profissões, seguindo
seus próprios critérios, e que seriam utilizadas para a técnica do próximo encontro.
Quarto encontro, realizado com os objetivos de oferecer aos participantes do grupo
informações sobre profissões, por meio de uma visão global e específica, no que tange as
afinidades que o grupo possui com determinadas atividades profissionais; refletir sobre os
aspectos relacionados a atividade de trabalho e características pessoais. Como estratégia para
abordar os objetivos, foi utilizada a técnica R.O. do Bohoslavsky, que permite trabalhar
diversos aspectos relacionados a profissão, pensando na dimensão da informação profissional,
de forma motivadora e facilitada, estimulando um contato ativo com a informação a partir de
um baralho de profissões. Ao colocar a tarefa de estabelecer relações entre as profissões como
se fossem pessoas, é permitido ao adolescente entrar em contato com as ocupações, de modo
mais personificado (BOHOSLAVSKY, 1991).
Como a técnica exige um longo tempo de aplicação, o encontro se limitou a sua
elaboração, que se demonstrou como uma estratégia bastante eficaz e bem recebida pelos
orientandos, que participaram ativamente de cada etapa. Por fim, foi apresentada a tarefa de
casa, em que cada participante deveria fazer uma entrevista com um profissional que atuasse
na área de interesse de cada um.
Quinto encontro, realizado com os objetivos de trabalhar os vínculos afetivos que são
estabelecidos com as diferentes profissões; assinalar e promover reflexões acerca de
preconceitos, estereótipos e fantasias que surgirem em relação às profissões, com o objetivo de
desenvolvimento de um compromisso social. Para iniciar o encontro cada participante
apresentou sua tarefa de casa, relatando sobre as entrevistas que haviam realizado. A partir delas
os adolescentes puderam vislumbrar um pouco da atuação da ocupação que lhe chamava a
atenção, o que gerou em alguns um sentimento de mais certeza na escolha e em outros despertou
dúvidas se realmente era um campo que gostariam de estar inseridos.
Para trabalhar os objetivos, foi utilizada como estratégia a dinâmica do sorvete, “essa
atividade chama a atenção dos jovens para o fato de que nada garante a melhor escolha (...) isso
porque qualquer escolha, em última instância, é uma aposta, envolve algum risco, mesmo que
ele possa ser muito diminuído com informações e reflexões.” (SOUZA, 2014, p. 33). Além
disso, foi trabalhada a dimensão do compromisso social relacionado a atividade profissional,
pois o trabalho envolve a vida social e, ao mesmo tempo, é por ela determinado, com isso, para
agir direcionado pelo compromisso social, é importante ter consciência da atividade de trabalho
que é exercida (LISBOA, 2008).
Por fim, foi proposto como tarefa de casa uma pesquisa, sobre duas profissões de
interesse, pensando nas dimensões necessárias para a futura atuação, como universidades que
oferecem o curso, modos de inserção, média de valores, dentre outros aspectos, de forma a
iniciar uma filtragem de tudo que havia sido pensado nos encontros anteriores.
Sexto encontro, realizado com os objetivos de levar o grupo a expressar e refletir seus
sentimentos e expectativas em relação ao vestibular e suas fantasias e idealizações a respeito da
universidade. O encontro foi iniciado com o relato dos orientandos sobre as informações
coletadas em suas pesquisas, um exercício fundamental que auxiliou parte do grupo a ter a
primeira tomada de decisão frente as suas opções.
Para abordar os objetivos, o encontro seguiu um formato de bate papo, baseado em
algumas questões que incluíram: Como estou me sentindo em relação ao vestibular? O que os
meus pais esperam de mim? A sociedade, de que maneira está presente em mim? O que espero
da Universidade? Na minha opinião, qual a verdadeira função da universidade? e Existe
realmente a necessidade de cursar uma faculdade ou há outras formas de profissionalização?
Além dessas questões, foram discutidas informações sobre Enem e vestibular, de forma
a suprir as dúvidas relacionadas a inserção na universidade. A informação é fundamental na
orientação profissional, “nenhum processo pode ser considerado completo se não inclui, em
alguma etapa deste, o fornecimento de informações com respeito às carreiras, ocupações, áreas
de trabalho, demanda profissional, etc.” (BOHOSLAVSKY, 1991). Por fim, como tarefa de
casa, foi passado um roteiro de pesquisa para preencherem sobre uma única profissão, que
poderia ser usado também como um guia de profissões. “A produção e confecção do guia foram
pensadas como uma atividade de “mergulho” e aprofundamento de informações sobre uma
determinada profissão e/ou um curso.” (SOUZA, 2014, p. 40).
Sétimo encontro, realizado com os objetivos de aprofundar as vivências das profissões
na medida em que mais dados sobre elas forem obtidos e avaliar o trabalho desenvolvido
comparando com as expectativas do início do processo. Como penúltimo encontro grupal, após
a apresentação da tarefa de casa, o debate se fundamentou em duas questões: trabalho pra mim
é? e quem sou eu?, relacionando ambos a futura área de atuação, de forma a identificar o
desenvolvimento profissional que tiveram durante o processo, pensando no significado da
orientação profissional para cada um, comparando ao significado que tinham no início do
processo. Por fim, como tarefa de casa, foi proposto que cada integrante escrevesse três cartas:
uma de despedida para o grupo, uma para a profissão que foi descartada e outra para a profissão
que se tem por objetivo.
Oitavo e último encontro, realizado com os objetivos de avaliar o trabalho desenvolvido
comparando com as expectativas do início do processo e auxiliar o jovem a imaginar-se no
futuro, planejando os passos necessários para alcançá-lo. Para iniciar o encontro inicialmente
foi pedido que os participantes imaginassem uma viagem de 5 anos e o que gostariam de levar
consigo, como uma forma de possibilitar a reflexão sobre os anos que irão passar em uma
universidade.
Após esse momento foi utilizado um questionário, com o propósito de identificar a
percepção do orientando sobre o processo, pensando no seu significado, aprendizado, mudanças
alcançadas, dificuldades, sentimentos frente a decisão final e planejamento para seu projeto
futuro. Também foi proposta a questão sobre o que o processo de orientação profissional
significou para cada um, onde puderam comparar o significado que tinham no primeiro
encontro e no último, pensando nas expectativas que foram criadas inicialmente e como haviam
sido cumpridas ao longo dos encontros.
Por fim, foi realizada a dinâmica das cartas, em que cada um pôde ler as cartas que
haviam escrito para o grupo, para a profissão descartada e para a profissão escolhida, um
momento que marcou a despedida e a finalização do processo de orientação.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Maria Elisa Grijó Guahyba de; PINHO, Luís Ventura de. Adolescência, família e
escolhas: implicações na orientação profissional. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro. v. 20, n.
2, p. 173-184, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pc/v20n2/a13v20n2.pdf. Acesso
em: 22 out. 2020.

ANDRADE, Josemberg Moura de; CONSERVA JUNIOR, Misael de Sousa. O


autoconhecimento e a escolha profissional. [2013?] Disponível em:
http://www.prac.ufpb.br/enex/trabalhos/4CCHLADPPROBEX2013567.pdf. Acesso em: 10
set. 2020.

BOHOSLAVSKY, R. Orientação vocacional: A estratégia clínica (JMV Bojart, Trad.). 1991.

LISBOA, M. D. Orientação vocacional/ocupacional: projeto profissional e compromisso com


o eixo social. In. ZANELLA, A. V. et al. Psicologia e práticas sociais. Rio de Janeiro: 2008.
Disponivel em: http://books.scielo.org/id/886qz/pdf/zanella-9788599662878-17.pdf. Acesso
em: 23 out. 2020.

LUCCHIARI, Dulce Helena Penna Soares. Pensando e vivendo a orientação profissional.


Grupo Editorial Summus, 1992.

PEREIRA, P.; DELLAZZANA-ZANON, L. L. Árvore Genealógica das Profissões: Uma


estratégia para a Construção do Projeto de Vida de Adolescentes. Revista Intellectus: 2017. 40
v.1, 28-40. Disponível em: http://www.revistaintellectus.com.br/ArtigosUpload/41.492.pdf.
Acesso em: 22 out. 2020.

SOUZA, Raquel. Guia Tô no Rumo: Jovens e escolha profissional - Guia para educadores.
São Paulo: Ação Educativa, 2014. Disponível em: http://www.tonorumo.org.br/wp-
content/uploads/2014/06/Guia-T%C3%B4-no-Rumo.pdf. Acesso em: 22 out. 2020.

Você também pode gostar