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Espiritualidade Mistica na Peninsula Ibérica - Séculos XVI e XVII - Célia Maia Borges —__—___—_———— Resumo (© artigo aborda o significado e a forca ¢a ditusao da espisitualidade mistica na Peninsula Ibérica, nos séculos XVI e XVII, A atracdo para os assuntos de alta espiritualidade deveu-se, em parte, 2 circulacio de livros de piedade e as traducbes acessivels a um piblico maior. A propagacao da devotio moderna impulsionou 0 movimento. AS obras espirituals germano-holandesas circularam nna regido e varlos livros foram publicados na Peninsula, quer reproduzindo as idéias dos misticos do norte ou mesmo da Italia, gerando novas reinterpretacdes, Palavras-chave: espiritualidade: mistica; Penin- sula Ibética Introdugio Quando nos debrucamos sobre o fendmeno da espiritualidade mistica na Peninsula Ibérica no século XVI e meados do XVII, constatamos a presenca de uma ampla literatura religiosa. Publicagdes diversas, tais como livros de meditacdo, de orac3o, sermées, orientac6es para pratica de espiritualidade, circularam abundantemente pela peninsula. Editara’ se muitas obras voltadas para as experiéncias misticas na Espanhe Portugal, e 0 interesse por estas publicacbes nao se restringia a religi sos ‘mas inUmeros leigos se aventuraram por esta via espiritual Os grandes espirituais misticos, por demais conhecidos, Teresa d’Avila e Sd0 Joao da Cruz integram uma grande tradicao presente | Prof Adiunia do Depto de Hira e integrante do Programa de Pés-Graduacdo em Citncia| das Feligiges da UFIF; Doutora em Histria pela UFF. O presente artigo ¢ resultado da Desauisa de Pés-Doutorado na Universidade Nova de Lisboa para o projets: «Espiitualdade Mistcae Solid o ideirio dos Camnelits Descalcos no Sec. XV XVIlem Portugab. ‘ca Mate Brees a ra Espanha no século XVI, que por sua vez compdem uma corrente maior interessada numa experiencia religiosa mais intimista. O movimento"que se assiste na Peninsula é tema, ainda hoje, de controversias: de um lado, procura-se explicar a forca alcancada em Fungo da presenca de uma literatura herdeira dos espirituais do norte da Europa, principalmente germano-flamenga. De outro, reivindica-se parte deste movimento pela presenca marcante da espiritualidade muculmana e judia, que, por vias indiretas, teriam influenciado os misticos espanhois* Cotto € que varias correntes de literatura espiritual no século XVI se interagiram e refundiram. Uma proveniente da escola germano- flamenga; outra oriunda da Itslia.E, em Portugal ainda as provenientes da Espanha, adaptadas e reinterpretadas. Sem desconsiderar as di- Vergéncias, as obras originarias do Norte convergiram com as do sul, impulsionando a renovacio do Cristianisma intetiorizado’. O desejo de experimentar vias adequadas de procura de Deus e de aperfei- coamento pessoal levou varias pessoas - religiosos e leigos - a0 encontro da espiritualidade mistica. Fundamental para esse proceso foi a maior circulagdo de livros, tomando-se acessivel a um piblico maior, A invencio da imprensa no século XV daria uma grande impulso 3 circulagdo de obras de piedade. As traducSes latinas reallzadas pelos cartuxos em Colénia ‘contribuiriam para tomar acessivel textos alemJes ou neerlandeses'. Harphius foi traduzido em 1509* Tauler seria editado em 15434 ‘A énfase numa literatura de piedade integrava um movimento mais abrangente que visava depurar a vida religiosa. No sul da Ale- manha, no norte da Franca e Holanda, os Irmaos da Vida Comum, os Monges Cartuxos, os COnegos de Windesheim dariam um contributo fundamental’. Savanarola, na Italia, juntamente com os eremitas de Santo Agostinho e os franciscanos(capuchos) seriam responsaveis pelo acirramento das criticas a vida do clera. Cisneros, na Espanha, ¢ os reformadores dominicanos e franciscanos contribufram para a critica interna da Igreja. Este movimento de teforma no interior da Igreja, anterior aos acontecimentas do séc. XVI que levariam a ruptura dentro da Cristandade, adquiriu destaque com a atuac3o dos Irmaos da Vida Comum e os COnegos Regrantes de Windesheim, conhecidos pelo fervor dos monges e austeridade da Regra’. O investimento dos monges nna producao ou transcricio de livros de espititualidade deram uma projecdo extraordinaria de irradiacao espiritual. Dedicavam-se ao mesmo tempo a uma vida contemplativa, como os beneditinos, € ativa como a dos mendicantes, contudo guardando sua diferenca em relacao a estes’. O trabalho desenvoivido pelos seguidores de Groat"? destaca-se pela importancia atribulda a Biblia e aos Padres da lgreja. Arejeicio & tealogia escolastica e a afirmacdo de uma espiritualidade afetiva emolduram a orientac3o religiosa do grupo, ‘A propagacdo de movimento, conhecido como devotio moderna, impulsionou © interesse por uma espiritualidade afetiva'' € pratica, centrada na vivencia interior do fendmeno religioso, Nascida nos Paises Baixos na segunda metade do século XIV, a Escola assume- se como eristocéntrica. O recolhimento, a mortifica¢do, o sofrimento ide Cristo tornar-se-iam uma referencia constante de f@. *E um cristocentrismo prétice, nada especulativo; dai sua “fixacdo" pela vida histdrica de Jesus, pela meditacao dos mistérios da Humanidade de Cristo, meio para a contemplacao"'*. Difundem um «método», ‘exercicios de piedade, de oracdo e de exame da consciéncia, ainda “que no sejam eles os inicladores do métedo oracional, chegando a ‘uma planificacio detalhada, com temas de meditacao para cada dia. A metodizacio dos exercicios espirituais, sobretudo da meditacdo e a graduacdo definitiva de toda a vida espiritual, inseria-se em uma longa tradi¢So, ainda que o periado final da Idade Média tenha dado o seu grande contributo"*. Nao obstante nao serem obras originals, tiveram grande Importancia na divulgacdo da espiritualidade afetiva.'S Os Cartuxos de Colonia e os dominicanos holandeses impulsionaram a propagac3o da devotio modema, Sob a influéncia do Ludolfo de Saxe e Dioniso Rykel os monges de So Bruno desenvolveriam uma espiritualidade mais afetiva, ainda que resultante de uma base especulativa'’, Hugo de Balma, um os seus primeiros tratadistas, hd muito havia sido © inspirador desta corrente!” Ryckell++147 1) fol © nome mais célebre da escola. Em busca do caminho da perfelc0, dirigia-se a todos os segmentos da sociedade. Seus escritos tiveram influencia entre os Cartuxos @ seus ‘eontemporaneos"®, A afeicdo dos monges de $40 Bruno de Colonia pela obras dos grandes mestres, de arientacSes menos intelectualistas, explicaria o Investimento na propagacao destes livros. A partir do inicio do século XVI diversas obras de varlos espirituais foram publicadas e reeditadas: Harphius"” (ou Harfio) (1509, 1513, 1516, 1536, 1538), Ryckel (1530-1543), Blois (1539), Esquio (1543, 1548}, Tauler (1543, 1548), Ruysbroeck (ou Rusbroquio)* (1552), Suso! (1555)? A Recepcio e Influéncia de Obras Espirituais na Peninsula Ibérica ‘A recepcio ¢ influéncia de obras espirituais Reno-Flamengas ra Peninsula Ibérica, principalmente aquelas que procuravam dar uma arientagao de ascese, de contemplacdo 4 unio mistica, mostram a cou Mats es fora deste movimento. Indimeras livios foram publicados em Portugal ‘e mesmo as edicOes das obras dos espirituals afetivos feitas em Espanha circularam bastante em Portugal. Muitos portugueses frequentaram ‘as Universidades de Alcalé e Salamanca. De Sevilha chegaram inameros livros, gerando uma unidade cultural na Peninsula Ibérica®, Paralelamente a circulacdo do idedrio desta corrente espiritual, desenvolveram-se os primeiros impulsos de reforma das ordens religiosas em fins do século XV e no decurse do XVI. Vitias Ordens iniciaram ou foram submetidas a diversificados processos de reforma. Sem querer aqui discutira eficacia e o alcance destas medidas, certo ¢ que algumas resultaram na afirmacdo ou na renovacdo de correntes de espiritualidade Silva Dias, em um fongo ¢ talvez 0 estudo mais aprofundado sobre as comrentes de espiritualidade em Portugal, mostrou o significado das feformas no seio das ordens religiosas. A ansia reformadora de uns, chocava-se com resistincias de outros. A implantac3o da Ordem do $. JerBnimo e dos Cénegos Regulares de Sao Joao Evangelista(L6ios), em fins do século XV, revela uma mudanca que vinha operando entre alguns grupos daquela sociedade. De cardter mais austero, tais Ordens tomaram-se modelos de religiosidade, Verdade ¢ que a idéia de reforma que vinha sendo defendida, pelo menos em Portugal, inclusive or membros da Corte, «nem sempre se raduziu em reformas profundas © continuadas capazes de ir muito além das medidas de ambico canénico e disciplinan®* ‘A aco reformadora iniciada em Santa Cruz de Coimbra, em 1526, € para o nosso estudo revelador. A responsabilidade final coube a dois monges da Ordem de 5. lerSnimo: Fr. Jorge de Evora ¢ Fr. Bras de Braga, O-ltimo tivera sua formaco nas centros da Europa, conde estudara com seu confrade Fr. Diogo de Murca. Silva Dias levanta a hipstese de que 0 espirito que gerou a restauracdo de Santa Cruz tenha sido influencia dos Cénegos de Windesheim’*. A idéia de ‘organizacdo dos cOnegos regrantes implantada por Fr. Bras ¢ fiel 4 orientacdo dos diseipulos de Gerar Groot, quer nos Palses Baixos, quer Alemanha e Franca”. O Livro das Constituigdes e Costumes éa evidencia mais concreta desta relacao. Os dois primeitos capitulos 20 dedicadas 4 clausura e ao sildncio. Mas nfo sio somente as Constituicdes e Costumes que permitem aproximar a reforma de Santa ‘Cruz do ideario de Windesheim, afirma Silva Dias#*. A opcio de Fr. Bras pela cultura patristica ¢ escrituraria em detrimento da cultura escolastica ¢ também reveladora. Todavia, esta hipdtese, lembra-nos Silva Dias, apresenta sua fragilidade em razi0 da auséncia de documentos comprobatérios das obras de Ruysbroeck entre os cOnegos Fegrantes portugueses™. Se os religiosos de Santa Cruz nao tiveram ‘acesso direto a Ruysbroeck, pelo menos leram-no indiretamente através de Harphius. Que 0s cruzios), se nao Jeram nem meditaram os comptndios de Rusbroqulo, tveram a mio, como: livio de texto, o Espelho da Perfeicao do sew mais Proximo discipulo e direto continuador = 0 franciscana Henrique Hartio"”* {grifo nosso} ‘A admiracao de Fr. Brés pelo Espelho da Perfeicéo € notoria, ‘pois a considerava «mais divina que humana. O livro que trata do ‘caminho da uniao com Deus, desenvolve os principios de uma pratica ‘eligiosa substancial, retomando a tradicdo do misticismo de Eckhart, Ruysbroeck, Hugo de Balma, dentre outros, No entanto, se ndo temos ‘como avaliar 0 alcance da intervencdo de Fr. Bras, por outro lado, algumas outras reformas @ edificagdes de centros religiosos ~ com espirito guiado pelas orientaces misticas ~ si0 exemplos deste movimento, A funda¢do das provincias franciscanas da Piedade e da ‘Atrabida em Portugal mostra com clareza a luta pela preocupac3o aascética, com acentuado rigor para a peniténcia e pobreza. © apoio que encontraram junto de nobres empenhados na restauracio dos entros religiosos demonstra o significado ideolégico na conjuntura da epoca®, Tudo indica que © pendor para a elevacdo mistica entre 5 franciscanos assentava numa ascendéncia italiana: varios freis, ligados as primeiras fundac6es, passaram pela Umbria. A es- iritualidade mistica entre os capuchos nao era novidade. «Ca e [4 nao faltaram adversérios e muita gente acusava os seus adeptos de coniventes no misticismo iluminado, t40 em voga no século XV e ainda nos primérios do século XVI». Certo € que as praticas ascéticas emisticas eram constantes entre os capuchos, As demonstracdes do seu ascetismo revelamese na descricao a seguir: (© arrdbidos,() residiam em conventos pequenos, terreos, de consinucdo grosseta, sem conforto nem comodidade. geralmente erpuldes em lugares sem povoacio (2) As vivendas 40s capuchos, contrastando com 3 do outros regulares, exam um indicio da sua regea de vida. Os seus hibitos eram remendados & do tecido mals ordinario, Comida era a dos pobres, com jelum na maler parte do ano e abstingncia permanente de came, peixe, vinho © (2705, exceto para 0s doentes. Os pés sempre nus disciplina assidua; otal proibica0 de aceltar esmola pecuntaria ou estiptndio de missa ¢ sermbes, assim como de farer provisso de comestivels, salvo de pio para alguns dias: ‘obrigatoriedade de cada convento ter © seu padroeiro, a quem ano a ano seria pedida 3 Indispensivel lieenea para se continuae 3 habits: lo; @ sabre tude Isto, . © preceito do Coro, da Wy Feats rece geo Bike cota M8 pe ent 2 soe a f pobreza nos paramantos, © de duas ¢ mela ts horas dlaias de orac3o mental (.)"" p. 151 © caminho dos capuchos ¢ @ dos contemplativos do Norte bem como as santas medievais: Santa Brigida, Santa Catarina de Siena, Santa Catarina de Genova, beata Angela de Foligno, Santa Brigtda. Extases e levitacSes compunham suas praticas ascético-misticas. Em razdo de suas orientacOes espirituais, foram muitas vezes vistos como ssuspeitos de afinidades com os iluminados»™, A atracdo exercida pelos capuchos fol grande no decorrer do século XVI ndo s6 entre os grupos populares sendo também entre a nobreza. © rigor e a austeridade permaneceram por longo tempo nos conventos capuchos, Frei Ant&nio das Chagas, no inicio do XVII, ainda daria demonstracbes desta pledade”, Nao menor foi o papel dos franciscanos ne movimento de renovacdo espiritual na Espanha, responsvel por divulgar entre © povo uma piedade interiorizada, Seriam os franciscanos os grandes responsdveis pela divulgacdo da ora¢do do recolhimento. Nos *recolectorios” franeiscanos muitos cristios = elerigos, raligiosae/as e leigos ~ se tem iniciado- fem um método de oracio multe fecundo para 2 espiritualizacke do povo, Dal tem surgido: comunidades orantes que praticaram a oracio de “recogimiento’. sendo wiia discipula e depots mestra Santa Teresa de Jesus (CI Vida, 4, 6)"* © franciscano Francisco de Osuna (+1540) influenciaria bastantes religiosos do seu tempo”. A evia de recolhimentor de Osuna seria responsavel por propiciar © clima de espiritu alidade na Espanha do século XVI, bem como em Portugal". O livre Terceire Abecedério engloba quase toda a obra mistica de Osuna*!. Obra marcante no seu tempo, tomou-se o livre de cabeceira de Santa Teresa. No perfodo de sua formacio, ela leu 0 livro que a acompanhou por toda a vida"? E justamente a doutrina que encontra Teresa no Terceiro Abecedério que apresenta numerosos pontos de contato com os misticos do Norte (Reno-flamengos). Segundo Cognet, Francisco de Osuna conheceu as obras de Ruysbroeck (ou Rusbréquia) e Suso bem como as utilizou"?, Outro franciscano viria 2 ter ascendéncla sobre Teresa d Avila: Bemardino de Laredo (1482-1540), Em diversos momentos de sua obra a Santa espanhola cita 0 livro Le Subida del Monte Sién por la Via Contemplativa (Vida, 23, 12)*, onde Laredo faz a defesa da vida contemplativa ou mistica, propondo um método de oraco aspirativa ‘ou jaculatéria, embora a perfeita oracio de quietude mistica fosse alcangada, nao por exercicios ativos, mas como oferta de Deus. Os escritos de Laredo inserem-se na longa tradicdo que vem do Areopagita; Hugo de Balma e Henrique Harphius** A febre mistica entre os franciscanos na Espanha pode ser constatada também em S80 Pedra de Alcantara(1499- 1562)". Foi outro dos grandes misticos da Espanha quinhentista, realizando a0 ‘mesmo tempo uma vida ativa e contemplativa, Buscou incansavelmente restabelecer a primitiva regra de So Francisca e, apds vencer intimeros ‘obstéculos, fundou um certo nimero de casas religiosas pautadas pela regra da estrita observancia, Até a sua morte manteve contato com Teresa de Jesus, relatado pela Santa em sua obra biografica. Severo asceta, escrevetl 0 Tratado de la Oracién y Meditacién, obra mistica que orientava os praticantes no caminho da perfeita uniao™. ‘Alonso de Madrid em sua Arte de Servir a Deus, Antonio de Guevara em © Oratdnio de Religiosos e exercicios de Virtwosas; Juan de los ‘Angeles.com Didlogos de la Conquista del Reino de Dios, fazem parte de uma longa lista". A obra do beneditine Garcia Jiménez de Cisneros (1455- 1510) tomnar-se-ia simbolo da renovacio da espiritualidade em Espanha. A publicacto do Exercitatorio de la Vida Espiritual difundiria ‘9s exercicios espirituais de autores medievais e da devotio moderna, Abordava 3 tematica e a metodologia de autores medievais tais como as ttes vias da vida espiritual, purgativa, lluminativa ¢ unitiva. A via purgativa centrava-se na ora¢ao, «exercicios fundamental do cristdo, a steflexdor ou «meditacdor sobre a vida de Cristo, Realizados metodicamente segundo os dias da semana, obedecendo a horas as, induziria no praticante sentimentos de temor, dor, arrependimento dos pecados, etc, proporcionande uma preparagao para a via iluminativa®. © exame de consciéncia realizado metodicamente na via ilu- minativa, proporcionaria, como a oracdo, depurar a consciéncla, juntamente com os exercicios de aco de gracas realitadas em distintos dias da semana, O discurso mental cessaria na via unitiva, prevalecendo ‘© exercicio do amor. Ao enfocar a contemplacdo, recupera-se 0 tema abordado pelos religiosos espirituais do Ocidente, pasando por Hugo de Balma e Harphius** Também entre os agostinianos o interesse pela espiritualidade mistica contou com varios adeptos. Destacam-se Santo Tomas de Villanueva que, dentre outros, escreveu De La Leccidn, Meditacién, ‘Oracién y Contemplacién e Modo Breve de Servir a Dios, © Beato Alonso de Orozco com seu Monte de Contemplacion e Verget de ‘Oracion®, Q Impeto reformador e 0 interesse pela mistica nso debxariam do contagiar varios religiosos dominicanos: Frel Pablo de Leon, autor made Hina Pena Ick de Guia del Cielo; Felipe de Meneses com sua Luz del Alma; e Sio Vicente Ferrer com seu Tratado de fa Vida spiritual. Inimeras outras obras vieram a lume no século XVI, como por exemplo, Carro de Dos Vidas de Gomes Garela; Um Brevisimo Atajo y Arte de Amar a Dios (1513); Caballeria Cristiana, do franciscano Jaime de Alcala", Juan de Avila (1500-1569)*, impregnado pelas orientacoes espirituais de seus contemporaneos, travou relacdes com per- sonalidades fortes da Espanha quinhentista: frei Lu's de Granada, S30, Francisco de Borja, Santo Inacio de Loyola e Santa Teresa. Erm rarSo das orientacSes contidas no seu livro, foi perseguido pela Inqui- sicdo{ 1532-34) e aprisionado alguns meses**, i Nao € nosso interesse relacionar todos os misticos e sim dar uma dimensao do movimento, Contudo, nao vejamos nessa corrente um todo homogéneo. Se o pensamento reno-flamengo inundava a Peninsula, as varlagdes ¢ as interpretacdes foram também muitas. Paralelamente 20 movimento mistica, o movimento humanista cristao conquistaria um largo puiblico*, As obras de Erasmo, neste contexto, jogariam um papel extremamente importante’?, Somente nos interessa neste momento a difusdo das obras misticas que inundavam a Peninsula Ibérica naquele momento, Tampouco ¢ nosso objetivo aqui analisar as diferencas entre as varias doutrinas misticas, mas mostrar 0 significado deste movimento a forca aleangada no alvorecer do periodo modemo. A leitura das obras misticas permitem avaliar as diferentes formas de interpretar os caminhos para a Via unitiva, © misticismo de Santa Teresa, por exemplo, ¢ antes de tudo um misticismo que, embora apoiado nas leituras dos espirituals do seu tempo, na Biblia e na vida de santos, adaptado ¢ interpretado a partir de suas experiéncias. Ela analisava sua psicologia sobrenatural a descrevia, com clareza, seus diferentes estados de alma. Teresa de Jesus nutria-se fortemente da espiritualidade de seu tempo. Entretinha relacdes com confessores, interrogava os espirituais com 05 quais tinha contato, dialogava com tedlogos, escutava com atencio os sermées € homilias®. Como ji dissemos, as leituras dos livias de espirituais como Francisco de Osuna‘? ¢ Laredo: ajudaram muito a construir 0 seu percurso mistico, ainda que se afaste do primeiro quanto 8 Inter- preta¢do sobre o papel da humanidade de Cristo na contemplacao®. ‘A obra mistica de Bemardino de Laredo, Subida del Monte Sidn, eta para Teresa nio menos uma fonte preciosa de orientacdo mistica.* ‘A propagacao do rigor ascético, assente numa base mistica, teria continuidade em alguns dos centios eremiticos dos Carmelitas Descalgos, erlados por S40 Joao da Cruz e Teresa d'Avila, também conhecidos como «desertoss#?, Os relatos da vida nestes mosteiros, registrados pelos religiosos desta Ordem em suas Cronicas, sto a | esse respeito reveladores. Difundidos na Espanha de quinhentos, estes ‘eremitérios, representavam um ideal de vida dos misticos interessados, ‘em reproduzir a experiencia dos primeiros padres da lgreja, que se fetiravam para os desertos. Em Portugal, na segunda década do século XVIL, os Carmelitas Descalcos iriam criar o sew primeiro eremitério em Santa Cruz do Bussaco. A Igreja Catolica, ameacada pelas reformas protestantes que varriam o norte da Europa, mantinha-se atenta aos assuntos espirituais. Orisco de heterodoxia estava sempre presente e, por isso, a Inquisicao nao se desculdava nos assuntos da fé. O controle sobre os livros, sobre os religiasos € leigos, sobre as priticas espirituais era moeda corrente. © clima de suspei¢so, principalmente a partir da segunda metade do séc. XVI e no decorrer do XVII, ecoava na vida das populac6es. As varias perseguicses a religiosos e leigos. sobretudo aqueles que se aventuravam em experiéncias misticas, revelam as preocupacdes de quem estava incumbide de velar pela ortodoxia?, Os circulos espirituais foram objeto de aten¢So particular por parte dos agentes do Santo Officio, Sob a acusacdo de pertencerem ao grupos dos allumbrados,* muitos foram perseguidos'’. O receio de penetracao de idéias religiosas com interpretacdes duvidosas a ortodoxia da Igreja ou que se aproximassem da comente luterana, ou mesmo de influéncias eramistas, conduziu a um excesso de vigilincia, Por isso a espiritualidade praticada por pessoas € grupos projetava um fundo de temor. Isso iria refletir também na producdo literdria «espiritual, que aos poucos fol sendo adaptada a fim de se submeter ao crivo dos censores, Até mesmo o frei dominicano espanhol Frei Luis de Granada teve partes de sua obra censuradas" ‘As obras de Frei Luis tiveram grande divulgacao em toda a Peninsula Ibérica. Ainda que ndo se possa classificd-las como puramente misticas, certo ¢ que as orientacdes espirituais Impressas nos livros atrairam grandes circulos interessados em novos caminhos de pledade ctist8, por uma via afetiva. Desde a publicacdo do Libro de La Oracién y Meditacidn, em 1554, multiplicaramese as reimpressSes nos prelos peninsulares*?, A abra dividida.em duas partes contem as bases para © aperfelcoamento da devocdo. A Paixdo de Cristo é 0 tema fundamental orientador da meditacio, recapitulando os passos do sofrimento de Cristo#, © interesse pela sua obra advém da veiculac30, na Peninsula [berica de comentes de espiritualidades interessadas em novos caminhos de piedade crists. Certo ¢ que Frei Luis de Granada fol influenciado pela literatura estrangeira, ainda que no seja possivel precisat suas origens. A preferéncia pela oracdo mental sobre a vocal, a objecto a escolastica, ou mesmo © tema da Paixdo integram numa corrente maior. As técnicas de suas meditacdes ~ a vida de Cristo ~ podem ser tibutarias de alguma fonte franciscana, ou de Ludolfo de Invade, Mees Serenata aces ~ 1 Sxl ea a ita Mas bows Saxe, com a sua Vita Christi, ou de um mistico do Norte como © Pseudo-Taulero, ou mesmo do francés Luts de Blois, divulgador de ‘obras germano-flamengas, ot ainda do: italiano Savonarola, sen3o do espanhol Joao de Avila". Em alguns textos de Granada encontra-se a defesa da espiritualidade de recothimento, decaleada da leitura das ‘obras de Francisco de Osuna ou mesmo dos misticas germano- flamengos. A revalorizacao da leitura da Biblia e dos textos dos antigos Padres e Doutores da Igreja eram comuns também na literatura -ascético-mistica de quinhentos. Espanha e Portugal seguiram o interesse pela Patristica que a devotio modema havia difundide. A recorrén 4 Biblia, estava em consonincia com quantos praticavam uma ‘espiritualidade avancada no periodo, principalmente Salmos e Canticos dos Canticos. O interesse pelas Epistolas de $40 Paulo adequava-se também aos interesses da alta espiritualidade”®, Dentre os Doutores da Igreja, Santo Agostinho (354-430) iria ter ascendéncia sobre o pensamento granadiano, tal como tinha marcade fortemente a escola germano-flamenga. © retomo as fontes cristis preconizadas pelos espirituais ¢ a defesa de uma espiritualidade mais intimista e anti-ritualista em que a forca da fé substitula a obedi€ncia a formulas, geravam naqueles que velavam pela ortodoxia da Igrela um certo temor, pois havia em parte uma aproximacao as idéias defendidas pelos reformadores protestantes. Nao obstante 0 olhar atento da Igreja, 0 idedrio mistico irradiava com toda a forca na Peninsula. Ainda no decomer do sé¢. XVII © encontrava adeptos entre os quais 0 portugues Frei Anténio das Chagas, que foi também seduzide por esta vertente”', De uma vida errante, converteu-se e tomnoui-se pregador e penitente. Influenciado pela obras | espirituats de Frei Luis de Granada’? ¢ atraldo para a vida religiosa ">. | Frei Antonio das Chagas em varias ocasides, recolheu-se nos «desertos> : 5 a fim de se dedicar 4 contemplacéo, como no de de S. Bernardino perto de Peniche”*, A meditacao da Paixio estava no centro das suas oracdes. Segundo Belchior Pontes, 0 modo de contemplar centrado na Paixdo foi colhido da leitura de Esquio, que por sua vez 0 copiara de Harphius’. A Esquio deverd, provavelmenie, muito dos seus amores pela Paixio, a Esquio o exercicio da mor Uficacdo quase continua, a Esquio ainda a doutrina que expe sobre quietacdo, eencosto em Deus, ¢ 0 «suave sono do espiriton, que ¢jé unit diving, Mas o que mais © aproxima do autor flamengo ¢ 0 exercicio ¢ a teoria das aspiracées”, “| ‘A doutrina ascético-mistica de Frei AntOnio das Chagas, além “TCE gd de fragmentos da espiritualidade de Harphius e de Esquio, amalgamava ‘os ensinamentos dos Padres da Igreja como S, Jose Cllmaco e ainda ‘0s de Santa Teresa ¢ Sdo Francisco de Sales”. Outro leitor de Granada e influenctado pelas suas préticas ‘espirituais, Frei Estevao da Purificacdo, Carmelita Descalco, tinha 0 dominicano pot mestre, adotando os «santos exercicios’®. Entre os eremitas da Serra da Ossa 2 admiracio por Frei Luiz de Granada ndo era menor. Na Chronica dos Eremitas da Serra de Ossa, Frei Henrique de Santo Anténio elogiava o frei Luiz de Granada pela traduc30 do livra de S. Jodo Climaco, do latim para o espanhol, «em beneficio das ‘almas mais dadas a0 Senhor pelo caminho da contemplacsa»”’. Do ‘mesmo modo em Evora Luls de Granada iria tet indmeros adeptos no campo da espiritualidade. Os primeiros jesultas de Evora encontraram na leitura do dominicano orientacdes, um guia de oracao e de comunicagao com Deus". £ sabido que nesta cidade se concentrava um grande circulo de interessados na «alta espiritualidades, Nao foi por acaso que em Evora, em 1583, saia a lume o Tratado que Escrivio 1 Madre Teresa de Jesus a las Hermanas Religiosas de la Ondem de Nuestra Senhora Del Carmem Del Monesteriot'. E, no decorter do XVil, malgrado © controle da Igreja, continuaria acess a chama que atrairia ainda bastantes adeptos para a espiritualidade mistica, Abstract ‘This artic focuses on the meaning and strength of the mystical spirituality gifuston in the Iberian Peninsula during the 16% and 17% centuries, The attraction towards subjects of high spirituality 1s due, party, t0 the circulation of piety books and translations made accessible to a lager audience. The propagation of devotio ‘moderna stimulated the movement. German-Dutch spiritual works circulated In the region and many books were published In the Peninsula, propagiting mystical Ideas from the north or even from lly, creating new reinterpretations, Keywords; Spirituality: mystical; Iberian Peninsula Notas * Ver principalmente CUEVAS, Cristsbal. El Peasemiento del Islam. Contenido & Historia Influencia en la Mistica espanola, Madrid: Edictones Istmo, 1972. 2 Rodrigues, Maria Idalina. Fre! Luis de Granada @ a Literatura de Espirtualidade ‘em Portugal ~ 1554-1632. Tese de Doutorado em Filologia Rominica, Universidade de Lisboa , Usboa, 1976. p. 927 * Cognet, La Spiritualité Modéme. Paris: Aubier, 1983. p.40. 5 © lio Espelto da Perfeicdo, de Harphius, fol tradutido para 0 latim, com 0 titulo Directorium Aureum Contemplatiovorum, por Perre Blomevena (1 465- 11S), prior dos Cartuxos de Saint-Barbe(Colonta). Cl. Cognet, op. cit.p. 40. Em 1556, o conjunto das abras de Harphius seria reunida sob o titulo de Teofogia Paisica tps Men Séexon fx Cela Mola Bones $98) A edicao das obras de Tauler contém numerosos sermoes atribuidos a0 mestre | Eckhart. Neste sentido, os textos eckhartianos teriam circulado no decorrer dos séculos XVI e XVII encobertos por Tauler. DIAS, José Sebastiao da Silva. Correntes de Sentimento Religioso em Portugal. Séculos XVI a XVIILT 1, Coimbra; Universidade de Coimbra, 1960. p. 9. ® Seus fundadores foram Gerard Groot (+1384) e Florent Radewiind (+1400), motivados pelo desejo de reformar as corporacdes religiosas. Cl. DIAS, 1S. da Silva. Corrences de Sentimenta Retigioso em Portugal. Op. cit, p. 10. Idem, p. 10. "© Gerard Groot recomendava sempre a seus discipulos meditar sobre a Patxao de Cristo, a fim de fazer brotar nos seus coracdes © desejo de imitar 0 divino crucificado, Propunha um método para meditar, obedecendo uma sequéncia determinada. Ct. Pourrat, op. cit p21 '" Espiritualidade afetivalafectiva) € assim chamada por se contrapor 30 Intelectualismo e principalmente a escolastica. |? N§o é undnime entre os historiadores a aplicac3o do nome Devotio Modema somente aos autores dos Paises Baixos, © conceito e caracteristicas do movimento: 40 estendides a outros autores dos séculos XIV e XV, de outras partes da Europa Tesponsiveis também pela renovacio espirtual Nesse sentido poderiam ser tb clasisficados dentro deste movimento, dentre outros, o francés Juan Gerson (1363- 1429), o cartuxo alemao Ludolfo da Saxonia, com sua célebre obra Vica Christi; ‘na Itdlia, Ludovico Barbo e Sant Lorenzo Justiniani; na Espanha, Sao Vicente Ferre, © beneditino Montserat e Garcia liméner de Cisneros. Ver a esse respeto olivro de Marato, Mistorta de La Espiritualidad Cristiana, Madrid, 1990, p. 199. " Marato, opcit p. 197. " Sobre este assunto ver: POURRAT, P. La Spiritualité Chrétienne. Les Tempes Modernes.V. 5, Paris, Librairie Lecoffre.. Gabalda et Cle, Editeurs, 1935 p. 6 ss 'S Virios sfo os autores: Gerlac Peters (1378-1411) escreveu Soliloquium eo Breviloquium; Gerardo Gerbolt de Zutphen (13671396). responsavel por duas a ‘obras: De reformatione virlum animae e De spiritualibus ascensionibus. Tomss de Kempis (1380-1471) €o mais conhecido, Muitos questionam a sua autoria do lio Imitacfo de Cristo. £ autor também de outras obras espirituals. uan Mombaer (Maubumus) (1 460-150 1), autor de Rosetum Exercitiorum splrtualium et sacrartim meditationum; obra de imensainfluencia nos autores da Peninsula Iberica: Enrique Herp (Harphius) (+ 1478) escreveu Theologia Mystica que ¢ uma i condensacso de vsrias obras, prineipalmente de Hugo de Balma e Rusbrdquic. ‘ ‘Assua obra teve uma imensa circulacdo na Pensinsula Ibérica. Cl. Maroto, op. cit 8. 198. Ver também do mesmo autor ssa tese doiutoral Amor y Conocimiento en Ja Vide Mistica, Madrid, Fundacion Universitaria Espanola, pp. 105-154, | Dias, oncig p12 "© Cartuxo Hugo de Balma, em fins do sée.Xil, no prélogo de sua obra Theologia mystica acusava os tedlogos escolésticos de soberba por acreditaram poder 7 cconhecer Deus pela via de pensamento-entendimento e no por amor-vontade. “roe ‘Sua doutrina propée conduzir a alma & divina sabedoria pela contemplacdo “iaet, Imistica, Seus estudos teriam grande influéncia para a difusto da oracdo metédica, Stee Ct. Pourrat, op. cit, p. 17. "Dias, opcit,p. 11 trate Mice 7 Nio obstante ao longo do texto optarmos por manter a grafla Harphius, em ede ADS Idem,p. 150. 3 Idem,p. 151. 3 Id, ib p. 153. 37 Id, bp. 15S. 3 Maroto, Historla de la Espiritualidad, op. cit, p. 207. © Cognet, op. cit. p. 74. | As doutrinas expostas no (um editado em Sevilha, em 1530 e 1545); quatro do «Tercer Abecedirio» [um editado em Toledo, em 1527, em Valhadolide, em 1537, Burgos, em 1544 © 1555; dois cexemplares do «Quarto Abecedario» (editados em Sevilha, em 1542, Eni outras bibliotecas do pafs encontram-se outros tantos exemplares. Segunda nos informa Silva Dias, hd em Evora (BPE) um exemplar do «Primer Abecedérios, Burgos, 1537; tres exemplares do Segundo Abecedirio, editados em Sevilha, em 1530 e em Burgos, 1539 e em 1545; dots exemplares do Tercer Abecedério, publicados em ij Burgos, em 1544 e 1555:dois exemplares do Quarto abecedirio, um editado |) _emsseviiha, em 1530 em 1542; um dos Quinto Abecedario (Burgos, 1542)¢ um dos Sexto Abecedario editado em Medina del Campo, em 1554, Em Evora e encontram-se ainda outras obras: duas edicdes de Gracioso Convite de las z Gracias def Santissimo Sacramento del altar, (Burgos, 1537; Sevilha, 1544) 5 Norte de los estados(Sevilha, 1550). CF. Silva Dias, op.cit p. 291. 11 Tercer Abecedario Espiritual fol editado primeiro em Toledo, em 1527. A | obra completa do Abecedario espiritual contém seis partes e apareceu depois 5 da morte do autor, em Sevilha, 1554. Durante sua vida foram publicadas quatro partes, de 1525 .a 1530. Ck PEERS, E. Allison. E/ Misticismo Espanol. Buenos ‘Aires: Espasa-Calpe- Argentina, 1947, pp. 79/80. * Livro da Vide, Cap. 4, § 7. Assim relata Teresa de Jesus: “_aquele tio..me deu um toca livro, chamava-se Terceiro Abecedirio ensinava a orac3o de recolhimento. vrai | Nessse primelto ano, eu havia lido bons livros (.J, mas no sabia como agir na Me defo oracio nem no recolhimento, por isso aquele livro me deu grande alegria.” Foi pasties um dos livros com maior ascendéncia sobre Santa Teresa. * Cognet, opeit, p.75. Bemardino de Laredo era médico, doutorou-s¢ na Universidade de Sevilha. Em 1510, apresentou-se no convento Franciscano de San Francisco del Monte, prdximoa Sevilhae requereu ser admitido como leigo. Atendia aos enfermos & fea conhecido pela sua vida ascética. Ch: PEERS, op. cit, p. 97. 460 livre La Subida del Monte Sid fol editado pela primeira vez em Sevilha, ¢m 1535, Em 1538, fol revisto por Laredo e reeditado em Sevilha, Cognet, opcit. p. 78 . Sobre este assunto ver também Maroto. Amor ¥ ‘conocimiento em la vida mistica, Madrid: Funcacion Universitaria Espanola, 1979. pp. 11-39 € 155-208, © Fol beatificade-em | 662 e canonizado em 1469. * Além do Tratado de la oracién y meditacién( 1533) escrevew Breve Introduccion ‘para los que connienzam a servi a Defos, Trés cosas que debe hacer el que desea ‘salvarse. Oracién devatisiaa, Peticién especial de Amor a Dios juntamente com {2 constituiclo de sua Ordem, As obras foram publicadas em uma edic3o sem ‘data, aparecida em Lisboa por volta de 1560. CF. PEERS, Allison. Op. cit p. 108. © MAROTO, op. cit,p. 208 5° idem, p.208 * Idemp. 207. % idem, p. 208, 5 idem, p. 209. 5 Fol beatificado em 1894. 55 PEERS, opccit,p. 111/112, Compe 0 conjunto de'sua obra 0 Tratado del «Audi Film| 1588), sua obra mais famosa, © Epistoldnio espintual(1$79), uma colecdo de epistolas sobre temas espirituals ¢ morals (no preparadas pelo autor para sua publicagSo}; Platica para sacerdotres, Meditaciones, Tratados del Santissimo Sacramento del Alta, A primeira edi¢3o que rene as varias obras de luan de Avila apareceu em | 588: nela costa a blografiaescrita por Lutr de Granada. Ct. Peers, op.cit, p. 112. 5% Varia obras de Erasmo foram editadas na Espanha de 1527 a 15S7Ner Bataillon, pp. U-LX 57 Obra fundamental ¢ © livro de Batalllon. Erasmo y Espana: Estudios sobre la historia espiritual dle siglo XVI México: Fondo de Cultura Econdmica, 1996. [A primeira edicao em frances ¢ de 1937] 5 Ver por ex, a esse respeito as-obras de Teresa de lesus: Livro da Vida; Caminhio da Perleicdo e Castelo Iniesios. Em Caminho da Perteicdo, cap. 31, 5, 4 Santa menciona a consulta realizada ao franciscano Padre Francisco (Sd0 Francisco de Borla) para entender o seu estado de alma. Emo Livro dy Vida 2 Santa relata lelturas e/ ou contactas com outros mistices: com Frei Pedro de Alcantara, no cap. 27,n. 16 ss;no cap: 30, n. 2; no cap. 12, 2,cita @ ivra Arte de Servi a.Dios, do franciscano Alonso de Madrid, muito lido ma ¢poca de Teresa de Jesus. [Contou com varias edicdes: Sevilha, 1S21; Alcald, 1526; Burgos 1530; 1542 1551, 1555, 1570, ete) Cita Sao Vicente Ferrer, em Livro da Vida, Cap. 20, 23, WE ae eS ee pssataoe © No Livro da Vida, cap. 14, 1, a Santa trata do oracio de quietude. Teresa de Jesus provavelmence conheceu a expresso “oracdo de quietude” do Tercer ‘Abecedario de Osuna. Citacio felta a partir das Obvas Completes Teresa de Jesus. S40 Paulo: Edicbes Loyola, 1995, (Texto estabelacide por Fr. Tomas alvaret, OCD) *© No Livro dé Vida, cap. 22, § |, Santa Teresa escreve™ Esses livros insistem em que se deve alastar toda lmaginacSo-compérea, chegando-se a contemplar a Divindade; cles afiemam que .par quem chegou 130 longe, mesmo a Humanidade de Cristo- éum embaraco ¢ um empecilho 'a contemplacso pertelta. “Ap tratarda unio, Teresa de Jesus uilliza termos apreendidos-de livros espirituals da sua época, particularmente em Laredo, Subida del Monte Sion por la via contemplativa (Sevilha, 1535). Ch: Teresa de Jesus, Linco da Vida, cap. 18. 2.In: Obras Completas. Opcit. gualmente cita 0 Livro Subida del Monte Sién. oo Uivra dia Vida, cap. 23, 12; A esplritualidade dos «Santos Desertos» integrava a linha da reforma de Santa Teresa e S30 Joo da Cruz, e significou a adocio dos madeta em alguns dos mosteiros masculines, da vida dos primeiros anacoretas. Varios s0 05 processos contra os «espirituaiss, Na Espanha, por ex, $6ror Magdalena de la Cruz, abadessa das Clarissas de Cérdoba, fol acusada de sembusteirar softeu processo inquisitorial (| 544-46). Em Portugal, em 1588,.a Prioresa da Anunclada respondet: proceso inquisitorial. Em meadas do sé. XVII. a onda persecutéria nao havia abrandado. No auto de Ié de 1860, das quarenta e duas mulheres que sairam, algumas condenadas por visoes e éxiases. Ct Belehior, op. cit, p. 248. Os allumbrados ov iluminados, caracterizavam-se por procurar uma experiéncia mistica através da via unitiva, Cenas orientagbes da movimente permite aproximé-los da corrente Reno-flamenga, guardando contundo, diferencas. Cognet, La Spiritualité Modeme, op. ct, p. 73. “ “Em 1559 0 Inquisidor Fernando Valdés inclulu © Libro de Ja Oracion & ‘Medicacién e outras obras de Frei Luis de Granada no Catslogo de Livros Proibidos. Rodrigues, Maria Idalina, op. cit, p. 21. © Rodrigues, Maria Idalina, op. cit, p. 19/20, A partie da segunda década de seiscentos decrescem as publicacbes. Constam do acerro da Biblioteca Nacional de Lisboa as edigbes de 1567, 1570,1572,1573,1577, 157? publicadas em Salamanca, Publicado em Lisboa de 1592 (quatro exemplares) e 1612;Geribam jarcelona, 1.6 15 (dais exemplars), A Biblioteca Geral da Universidade de Colmbra possul edicdes de Salamanca de 1573, de Usboade 1592 ¢ 1612. Em Evora as de Salamanca de 1584 ¢ 1584 e de Lisboa de 1592, Na Biblioteca Pblica de Braga e Arquivo Distrital de Braga . Leiria e Viana do Castelo constam tambem exemplares das obras de Granada. "idem. 9.56 #* Rodrigues, op.cit,p.929/930. % Rodrigues, op. cit, p. 933. " Belchior, Marla de Lourdes. Frei Anténio das Chagas. Um Homem ¢ um Estilo do ‘Séc. XVIL Lisboa: Centro de Estudos Filologicos, 1953, 3. 7 Inveressante notar que Frel Luis de Granada traduaiu, dentre outras obras, 3 famosa Imiacdo de Cristo, auibuida a Kemps. 74s obras de Frei Lu's de Granada receberam virias edicbes, Cf em Belehior ‘Opccit 3, Fret AntBaio das Chagas escrevets Desemgano do Mundo, com o nome de Anténio da Fonseca Soares, «no tempo em qué andava pra entrar na Religido em que professou com o nome de Frel Antonio das Chagas no anc de 1482s, CE Belchior, op. cit. p. 15. 78 Ider. 25 .Pip Exereitia ou Exeveitiay Quaedom alia, divina/prorsus, et quae cOpendio hhomine in Deum wasformare queant Auctore. D, Nigalao Eschie. Cr Pontes, ‘pelt, p. 268. 8 Belchior, op. cit, p. 268. 7 idem, p. 277. 2" Chtado por Marla Idalina Rodrigues. Estudos Ibéricos da Cuftura a Literatura, ‘Séeulos XAIl a XVI, Lisboa: Instituto de Cultura e Lingua Portuguesa, 1987. p Téa, 2 Chromica dos Eremitas das Sera dx Ossa,t 1, p. 136. © patatllon, Marcel. «La Spiritualités. In: Actas do Congresso Internacional Comemorativo IV Ceatendrio da Universidade de Evora 1 559-1959.Coimbra, Imprensa de Coimbra, 1967, p. 268. © 4a um exemplar no setor de Obras Raras na Biblioteca Nacional de Rio de Jandire, Fol editade em Evora,em | 583..Tratado que Escrivio la Madre Teresa de “Jesus alas heramnas religiosas de la Ordem de Nuestra Senhora Del Carmen Del ‘Monesterio:del Senhor de Avila de donde a la lazon era priora y fundadora. Impressa a presente obra muy nobre ¢ sempre leal ciudad Evora, em casa de la ‘Viuda Muger que fue de Andrés de Burgos. Fpnaade Mien fecal encr =| Seovos tn eX ig

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