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38. – Quando este novo revelador deverá vir? É bem evidente que se, à época em que
falava Jesus, os homens não estavam em estado de compreender as coisas que lhe
restava dizer, não será em alguns anos que possam adquirir as luzes necessárias. Para
entendimento de certas partes dos Evangelhos, à exceção dos preceitos morais, seria
preciso conhecimentos que só o progresso das ciências poderia dar, e que deveriam ser
a obra do temo e de várias gerações. Se, pois, o novo Messias viesse pouco tempo após
Cristo teria encontrado o terreno todo também pouco propício e não teria feito mais do
que ele. Ora, desde o Cristo até nossos dias não se produziu nenhuma grande revelação
que tenha completado o Evangelho e que lhe tenha elucidado as partes obscuras, índice
seguro de que o enviado não tinha ainda aparecido.
39. – Qual deva ser este enviado? Jesus dizendo: “Rogarei a meu pai e Ele vos enviará um
outro Consolador” indica claramente que este não é ele próprio; do contrário, teria dito:
“Voltarei para completar o que vos tenho ensinado”. Após, ele junta: “A fim de que ele
demore eternamente convosco e ele estará em vós”. Isto aqui não seria possível
entender de uma individualidade encarnada que não possa demorar eternamente
conosco e ainda menos estar em nós, mas compreende-se muito bem de uma doutrina
que, de fato, logo que se a tenha assimilado, possa estar eternamente em nós. O
Consolador é, pois, no pensamento de Jesus, a personificação de uma doutrina
soberanamente consoladora onde o inspirador deva ser o Espírito Verdade.
40. – O Espiritismo realiza, como tem demonstrado (Cap. I, n° 30), todas as condições do
Consolador prometido por Jesus. Nem é uma doutrina individual, uma concepção
humana; ninguém pode se dizer-lhe o criador. É o produto do ensinamento coletivo dos
Espíritos aos quais preside o Espírito Verdade. Não suprime nada do Evangelho:
completa-o e elucida-o; com auxílio das novas leis que revela, junta às da ciência, faz
compreender o que estava ininteligível, admite a possibilidade daquilo que a
incredulidade olhava como inadmissível. Teve seus precursores e seus profetas que
previram sua vinda. Por seu poder moralizador, prepara o reino do bem sobre a Terra.A
doutrina de Moisés, incompleta, ficou circunscrita ao povo judeu; a de Jesus, mais
completa, espalhou-se sobre toda a Terra pelo Cristianismo, mas não converteu todo
mundo; o Espiritismo, mais completo ainda, tendo raízes em todas as crenças, converterá
a humanidade. (1)
41. – Cristo, dizendo a seus apóstolos: “um outro virá mais tarde, que vos ensinará o que
não pude vos dizer agora”, proclamava por isso mesmo a necessidade da reencarnação.
Como estes homens poderiam aproveitar o ensinamento mais completo que deveria ser
dado ulteriormente; como estariam eles mais aptos a compreendê-lo se não deviam
reviver? Jesus teria dito uma inconsequência se os homens futuros devessem, conforme
a doutrina vulgar, serem homens novos, almas saídas do nada em seu nascimento.
Admiti, ao contrário, que os apóstolos e os homens de seu tempo tenham vivido depois;
que vivam ainda atualmente a promessa de Jesus se encontre justificada; sua inteligência
que deveu se desenvolver ao contato com o progresso social, pode conduzir atualmente
o que não poderia portar então. Sem a reencarnação, a promessa de Jesus teria sido
ilusória.
42. – Salvo se dissesse que esta promessa foi realizada no dia de Pentecoste, pela descida
do Espírito Santo, responder-se-ia que o Espírito Santo inspirou-as, que pôde abrir sua
inteligência, desenvolver neles as aptidões medianímicas que deveriam facilitar sua
missão, mas que não lhe tenha aprendido nada de mais do que houvesse ensinado Jesus,
porque não se encontra nenhum traço de um ensino especial. O Espírito Santo não tem,
pois, realizado o que Jesus anunciou sobre o Consolador: de outro modo, os apóstolos
teriam elucidado, desde sua vivência, tudo o que ficou obscuro no Evangelho até este
dia, e cuja interpretação contraditória deu lugar às inumeráveis seitas que dividem o
Cristianismo desde o primeiro século.
É também por esse processo que encontramos Moisés abandonado ao sabor das águas
do Nilo, Buda renunciando ao conforto principesco da Corte para meditar à sombra da
árvore da vida, Confúcio construindo as leis da sadia filosofia do seu país e Moandas
Gandhi abstêmio e sacrificado nas lutas da não-violência para difundir a paz entre os
homens. E, acima de todos eles, Jesus-Cristo, o Mestre por excelência, mourejando
humilde e apagado numa infância pobre na carpintaria de José, docemente assistido pelo
maternal desvelo de Maria...
Certos de que a nossa tarefa devemos fazê-la e o nosso dever cabe-nos cumpri-lo,
avancemos resolutos e amparados no esclarecimento que acende uma luz íntima na
mente, seguindo o ideal espiritista, que, atestando a nossa incorruptível imortalidade,
oferece-nos a instrumentação para vencer todas as dificuldades e chegar ao posto de
vitória com a honra ilibada e o coração tranquilo.