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OAB SEGUNDA FASE – DIREITO CONSTITUCIONAL

PROF. DOUGLAS CRISPIM

Sindicato da Polícia Civil do Estado de SP, pessoa jurídica de direito privado, se organizou junto
com a categoria para promover assembleia deliberativa com o Governo do Estado para melhorias
salarias e condições de execução da atividade de Segurança Pública. Embora tenha ocorrido a
assembleia e com realização de pauta de melhoria da carreira, não houve acordo com o Governo
que, sequer, se reuniu com o referido Sindicato. Inconformados, pretende a categoria fazer uso
do direito constitucional de greve, conforme previsto no art. 37, VII da CF/88. Em nova reunião,
ficaram ciente de que tal direito constitucional só seria possível quando houvesse regulamentação
do referido artigo (art. 37, VII da CF/88). Inconformados, o Sindicato lhe procura como advogado.

Considerando os dados acima, na condição de advogado(a) contratado(a) pelo Sindicato,


utilizando o instrumento constitucional adequado, elabore a medida judicial cabível.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL

Sindicato da Policia Civil do Estado de São Paulo, entidade sindical da Policia Civil do Estado de
São Paulo, pessoa jurídica de direito privado, com inscrição no CNPJ ..., endereço eletrônico ...,
com sede na ... (art. 319, II do CPC), por meio do seu advogado (mandato em anexo), com
escritório profissional na ..., local que receberá as intimações processuais, vem, respeitosamente,
à presença do Supremo Tribunal Federal, com fundamento nos art. 5º, LXXI da Constituição
Federal e Lei nº 13.300/2016, impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO em face do
Presidente da República e do Congresso Nacional cuja as sedes funcionais se localizam
respectivamente na ..., pelos fatos e fundamentos de direito que se seguem.

1 – DOS FATOS
O impetrante, Sindicado dos Servidores da Polícia Civil do Estado de São Paulo, vem propor o
presente mandado de injunção coletivo para viabilizar o direito de greve no serviço público
assegurado no art. 37, VII da CF/88. Embora a CF/88 assegure expressamente o direito
constitucional de greve no serviço público, até a presente data não houve regulamentação desse
direito, razão pela qual o Sindicato impetra o presente remédio constitucional, em face dos
impetrados Presidente da República e Congresso Nacional, ambos pertencentes à União (art. 4º
da Lei 13.300/2016).

2 – DO DIREITO
2.1 –DA COMPETÊNCIA
De acordo com a legislação brasileira, a competência para processar e julgar o mandado de
injunção é definida pelo ato do órgão ou entidade pública encarregada da viabilização de direitos
previstos na CF.
No caso, existe a omissão da lei regulamentadora do direito de greve previsto no inciso VII do art.
37 da CF, lei essa federal de competência do Presidente da República e do Congresso Nacional,
o que justifica o ajuizamento desse remédio constitucional perante o STF, nos termos do art. 102,
I, q, da CF.

2.2 – DA LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA


O Sindicato possui legitimidade ativa para defender os interesses da categoria, inclusive com
dispensa de autorização dos filiados, na forma do art. 12, III da Lei 13.300/2016. A legitimidade
passiva é do Presidente da República por força do art. 61, §1º, II, a da CF, bem como do
Congresso Nacional.

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PROF. DOUGLAS CRISPIM

2.3. DO MÉRITO
Na hipótese dos autos, não há norma regulamentadora da disposição contida no inciso VII, art. 37
da CF para viabilizar o direito de greve. De acordo com o célebre José Afonso da Silva, o direito
de greve no serviço público é norma constitucional de eficácia limitada e como tal necessita de lei
regulamentadora para ter aplicabilidade.
Portanto, existindo ausência de norma regulamentadora que torne inviável liberdades
constitucionais (art.5º, LXXI da CF/88) surge a necessidade de impetrar o presente mandado de
injunção coletivo a fim de suprir tal omissão.
A omissão normativa inviabiliza o direito de greve de categoria. A mora legislativa em regulamentar
o direito de greve assegurado pelo constituinte originário é inconstitucional, já que os impetrados
não estão cumprindo com os comandos da CF (art. 37, VII, da CF), inviabilizando, assim, o direito
constitucional de greve concedido pela própria Lei Maior.

3 – DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o impetrante requer que seja julgado o presente mandado de injunção coletivo
TOTALMENTE PROCEDENTE, reconhecendo o estado de mora legislativa, deferindo a injunção
para:
a) que seja determinado prazo razoável para que os impetrados promovam a edição da lei
regulamentadora do direito de greve do art. 37, VII da CF/88, conforme art. 8º, I da Lei
13.300/2016.
b) que seja fixada as condições para o efetivo exercício do direito de greve no caso da mora
legislativa não seja suprida pelos impetrados no prazo estabelecido por este Egrégio STF,
conforme art. 8º, II da Lei 13.300/2016.
b) intimação do Representante do Ministério Público.
c) condenação dos impetrados ao pagamento de honorários advocatícios, custas e despesas
processuais.
d) O impetrante pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de... para efeitos procedimentais.

Termos em que pede e deferimento.

Local ..., data ....


Advogado ...
OAB n. ...

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