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Nildo Ferreira
Coordenador do Curso de Administração EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Administração Pública EAD
Almir da Cruz Sousa
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Almir da Cruz Sousa
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Design Gráfico
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Felipe Silva Lopes Caliman
Diagramação
Rayron Rickson Cutis Tavares
Felipe Silva Lopes Caliman
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
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Apresentação
Caro estudante,
Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico
de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em
2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-graduação a distância,
via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online.
Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da portaria
MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi autorizada
a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, conforme
portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.
Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, sendo
reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.
Para isso, utilizaremos como ferramental teórico os autores: Aranha (2006), Chauí
(2002), Luckesi (2004), e ainda, como leitura complementar, Mattar Júnior (2010),
Morin (2000), Rocha (2004), Trigo (2009). Convidamos você a ficar atento também às
seções de estudo complementar e saiba mais, nestas você encontrará sugestões de
leituras, filmes, sites entre outros encaminhamentos que auxiliarão na compreensão
do conteúdo das disciplinas no decorrer do curso.
Bom estudo!
Competências e habilidades
• Conhecer a natureza da Filosofia e suas imbricações com a Educação.
• Conhecer as principais doutrinas filosóficas e a construção do conhecimento ao
longo da história.
• Utilizar o pensamento filosófico para compreender os fenômenos educacionais.
• Aplicar as questões filosóficas para responder as problemáticas educacionais que se
apresentam.
Ementa
A questão do conhecimento ao longo da história do pensamento ocidental. A filosofia:
suas relações com os aspectos políticos, econômicos, sociais e educacionais. Questões
epistemológicas nas diferentes correntes filosóficas. A Filosofia da Educação. A
influência da Filosofia na teoria e prática da Educação brasileira. Pressupostos da
abordagem histórico-crítica da educação brasileira.
Sumário
1. A natureza da Filosofia e a Educação................................................................................6
2. A educação no Mundo Antigo........................................................................................12
3. O mito como gênese da Filosofia....................................................................................17
4. Os primeiros filósofos: pré-socráticos.............................................................................22
5. A Filosofia e a preocupação com o homem e a sociedade...............................................27
6. Os sofistas e seu método de educação............................................................................32
7. Sócrates: a educação a partir do diálogo........................................................................37
8. Platão: a institucionalização e abstração do saber.........................................................43
9. Aristóteles: a natureza como fonte do saber...................................................................50
10. O helenismo e a disseminação da cultura grega.............................................................57
11. Os Pais da Igreja e o uso da Filosofia no combate ao gnosticismo...................................63
12. Santo Agostinho e a educação como afirmação da fé.....................................................69
13. A escolástica e as primeiras universidades.....................................................................76
14. Tomás de Aquino e a retomada da cultura clássica.........................................................82
15. O século das luzes: Iluminismo e Renascimento.............................................................87
16. Iluminismo e Renascimento e a transformação no pensamento ocidental.....................92
17. Rousseau e a realização da natureza humana................................................................97
18. A Filosofia moderna: empirismo x racionalismo...........................................................102
19. Kant e a solução para o dilema moderno.....................................................................109
20. O materialismo histórico e dialético de Marx e Engels..................................................114
21. A educação tradicional no Brasil..................................................................................121
22. A filosofia e o movimento da Escola Nova no Brasil......................................................126
23. Paulo Freire: a educação crítica no Brasil......................................................................131
24. A educação na pós-modernidade.................................................................................137
Glossário.............................................................................................................................144
Referências.........................................................................................................................159
A natureza da Filosofia e a
1 Educação
Objetivo
Apresentar a natureza da Filosofia e suas imbricações com a
Educação.
1.1 A Filosofia
Você já ouviu falar muito de Filosofia, não é mesmo? É muito provável
que esse assunto não seja totalmente novo para você, e que você tenha
alguns conceitos previamente elaborados. Que tal utilizá-los e arriscar
definir o que é Filosofia? Rascunhe em suas anotações o seu conceito de
Filosofia e, mais tarde, ao final desta unidade, retome-o.
Feito isso, vamos tentar definir Filosofia, o que não é uma tarefa fácil.
Qualquer definição de Filosofia esbarra na complexidade do termo,
pois, se dissecarmos a morfologia da palavra filosofia, chegaremos a dois
termos gregos: Philos (amigo) e Sophia (sabedoria). Dizer que o filósofo
é simplesmente um amigo da sabedoria não nos auxilia a definir o que é
Filosofia.
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podemos buscar o caminho inverso, definindo negativamente, ou seja,
dizendo o que não é tal coisa.
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Agora que você já sabe o que não é Filosofia. Vamos tentar descobrir o
que é a Filosofia ou para que a Filosofia?
1.2 A educação
Agora que você já estudou um pouco mais a fundo o que é a Filosofia,
convido você a realizar uma reflexão filosófica. Vamos pensar juntos “o
que é”, “por que é” e “para quê” serve a educação.
Quando você pensa em educação, qual a primeira coisa que vem a sua
cabeça? É possível que, imediatamente, você visualize uma instituição
formal de ensino. Acertamos? Mas o conceito de educação ultrapassa
o conceito de educação institucionalizada, sendo uma característica
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exclusivamente humana e que acompanha o nosso desenvolvimento e
constituição como ser social. Nesse sentido, Aranha (2006) afirma que
a educação é um conceito universal, amplo e que supõe o processo de
desenvolvimento integral do indivíduo, de sua capacidade física, moral e
intelectual. A educação visa à formação de caráter e personalidade, e não
apenas à formação de habilidades.
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• educação formal: realizada por instituições privadas e públicas que
são oficializadas por meio do poder público.
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1.3 A Filosofia e a educação
Antes de seguirmos com a leitura, a partir da delimitação dos
conceitos de Filosofia e de educação, procure refletir sobre as principais
contribuições da Filosofia no campo da educação.
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2 A educação no Mundo Antigo
Objetivo
Caracterizar a educação antes do surgimento da Filosofia e seus
elementos constitutivos.
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e que também somos preparados para participar e nos enquadrar em uma
sociedade.
Para exemplificar esse caráter moral do mito, convido você a ler o “Mito
de Sísifo” (INFOPEDIA, 2003-2012):
Sísifo, rei da Tessália e de Enarete, era o filho de Éolo. Fundador da cidade de Éfira,
que mais tarde veio a chamar-se Corinto, e também dos jogos de Ístmia (ou Ístmicos).
Sísifo tinha a reputação de ser o mais habilidoso e esperto dos homens, e por essa
razão dizia-se que era pai de Ulisses. Sísifo despertou a ira de Zeus quando contou
ao deus dos rios, Asopo, que Zeus tinha sequestrado a sua filha Egina. Zeus mandou
o deus da morte, Tanatos, perseguir Sísifo, mas esse conseguiu enganá-lo e prender
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Tanatos. A prisão de Tanatos impedia que os mortos pudessem alcançar o Reino das
Trevas, tendo sido necessário que fosse libertado por Ares. Foi então que Sísifo, não
podendo escapar ao seu destino de morte, instruiu a sua mulher a não lhe prestar
exéquias fúnebres. Quando chegou ao mundo dos mortos, queixou-se a Hades,
soberano do reino das sombras, da negligência da sua mulher e pediu-lhe para voltar
ao mundo dos vivos apenas por um curto período, para castigá-la. Hades deu-lhe
permissão para regressar, mas quando Sísifo voltou ao mundo dos vivos não quis mais
voltar ao mundo dos mortos. Hermes, o deus mensageiro e condutor das almas para o
além, decidiu então castigá-lo pessoalmente, infligindo-lhe um duro castigo, pior do
que a morte. Sísifo foi condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até ao
cimo de um monte, caindo a pedra invariavelmente da montanha sempre que o topo
era atingido. Este processo seria sempre repetido até a eternidade.
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A paideia grega tinha por objetivo a educação do corpo e da mente para, assim, realizar
plenamente o ser humano. A partir das poesias de Homero, Telêmaco e Aquiles foram
alçados à condição de modelos de excelência moral e física, pois exemplificavam a
prudência, a lealdade, a hospitalidade, a honra, a glória, o desprezo pela morte e tantas
outras virtudes gregas durante toda a sua existência.
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O conhecimento nessa época possuía um forte caráter prático, em que
se apreendia o que era essencial para desenvolver determinada atividade.
Além disso, o conhecimento mais teórico e abstrato estava totalmente
subjugado ao conhecimento religioso, como era o caso da matemática,
que por muito tempo foi considerada uma atividade mística, organizada
a partir de grupos dedicados a essa arte. Foi a partir dessa educação
sagrada e mítica que a civilização grega nos legou a Filosofia.
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3 O mito como gênese da Filosofia
Objetivo
Destacar a transformação do pensamento mítico ao pensamento
racional e sistemático da Filosofia.
Para Chauí (1996) ainda hoje muitas são as discussões sobre as origens
da Filosofia. Por um lado, temos os teóricos que defendem o surgimento
da Filosofia a partir da influência das culturas orientais; por outro
lado, teóricos que afirmam a origem plenamente grega da Filosofia,
argumentando que não sofreu nenhuma influência de outras culturas – o
chamado “milagre grego”.
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Os pensadores judeus, como Filo de Alexandria, afirmavam que a
filosofia era filha das culturas orientais, buscando equipará-la aos escritos
de Moisés, remontando assim a uma origem comum tanto as leis
judaicas quanto a filosofia, pois ambas teriam se originado no Egito. Já
os pais da igreja intentavam defender a originalidade e superioridade
do pensamento cristão em contraste com a filosofia, pois sendo filha
do misticismo e das superstições orientais não se compararia aos
ensinamentos de Jesus como perfeição da sabedoria humana.
Apesar de não ser amplamente aceita, a tese de que a filosofia teria raízes
orientais não foi muito discutida. Apenas no século XIX passou-se a
defender abertamente a filosofia como produto exclusivo da cultura
grega, o chamado “milagre grego”. Para os defensores dessa tese, qualquer
influência recebida pelas culturas orientais foi de tal forma transformada
que não se poderia afirmá-las. A filosofia teria criado formas tão
distintas que em nada se assemelharia às outras culturas, sendo algo
exclusivamente grego.
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O mito é a base educativa e social das sociedades mais simples, e que acaba se tornando
muitas vezes a religião das sociedades mais complexas. Como narrativa fantástica,
o mito explica com certa racionalidade os mistérios que sempre atormentaram a
humanidade, questões como: por que as coisas sempre mudam, por que após uma
estação vem outra (e sempre a mesma sequência), por que nascemos, por que
morremos etc. O mito auxilia nessas explicações, buscando responder a esses anseios,
porém a racionalidade do mito se limita aos símbolos e às metáforas.
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crítica, como característica da filosofia, ao se deparar com as limitações
e contradições dos mitos, foi reformulando-os e racionalizando-os,
transformando-os em uma explicação totalmente nova. Para Chauí
(1996), é possível apontar três grandes diferenças entre os mitos e a
filosofia:
Estudo complementar
O mito da caverna é um dos mais populares entre
os pensamentos de Platão. É por meio dele que
o filósofo pregou a formação ética e política do
indivíduo. Para aprofundar esse assunto, clique
aqui e leia o artigo “A importância da educação na
formação do indivíduo em Platão”.
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Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?
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Os primeiros filósofos:
4 pré-socráticos
Objetivo
Revisitar os primeiros filósofos, as primeiras formas de filosofia e seu
enfoque ontológico.
Estudo complementar
Como diversos pensadores serão citados nesta
unidade, procure conhecê-los um pouco melhor
consultando um dicionário de filosofia. Que tal
o clássico de Nicola Abbagnano? Aproveite para
investigar os conceitos trabalhados nas escolas
citadas no decorrer da unidade.
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O termo pré-socrático é particularmente recente. Hermann Diels
popularizou o termo em 1903 ao publicar “Os fragmentos dos pré-
socráticos”, unificando assim uma série de filósofos que antecederam
cronologicamente e qualitativamente Sócrates. Antes de Diels, Nietzsche
chamara esses filósofos de pré-platônicos, incluindo na lista o próprio
Sócrates. Antes de Nietzsche, Hegel os denominou pré-aristotélicos,
inserindo também Platão e Sócrates na divisão qualitativa.
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• escola Pitagórica: recebeu o nome do seu fundador, Pitágoras de
Samos. Outros pensadores importantes dessa escola foram: Filolau,
Arquitas e Alcmeón.
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4.2 O ser e o surgimento do racionalismo
Outro grande embate desse período, que de certa forma dividiu a
filosofia, ocorreu entre Parmênides e Heráclito. Enquanto o primeiro
defendia o imobilismo do ser, o segundo defendia, justamente, o
mobilismo. Vamos entender melhor essa disputa.
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filosófica que privilegia os sentidos em detrimento da razão ao abordar a
origem do conhecimento.
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A Filosofia e a preocupação com o
5 homem e a sociedade
Objetivo
Compreender as transformações sociais na Grécia Antiga que
possibilitaram o surgimento da ética e da filosofia política e as suas
implicações na educação.
Para melhor situarmos esse diálogo, vamos utilizar uma divisão para
os períodos gregos. Ainda que essa divisão seja útil pedagogicamente,
ela necessita ser complementada com uma abordagem mais detalhada,
pois qualquer divisão histórica é complexa devido às épocas que se
interpenetram. A história é movimento, e toda e qualquer tentativa de
secioná-la é questionável. Para Aranha (2006), uma possível divisão dos
períodos gregos seria a descrita a seguir.
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• Período Helenístico (séculos III e II a.C.): decadência do domínio
grego após a dominação macedônia e depois a romana. Nesse
período, a cultura grega é tomada por todo o Império Romano.
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indivíduos. A justiça, que apesar de continuar sendo divina, passa a ser
reconhecida também como humana a partir da instituição de leis. Essa é
a essência da democracia grega, a polis seria o lugar da igualdade.
Saiba mais
Sobre a pouca participação política das mulheres,
recomendamos a leitura do artigo “O papel da
mulher na sociedade grega”, disponível aqui.
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privilegiado do exercício público da razão e da liberdade; nele, o todo
é o primeiro, e pertencer a esse todo é o que define o indivíduo como
cidadão.
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Com a democracia, os homens passam então a depender apenas de
si próprios para agir politicamente. O poder não é mais exercido por
dependência dos deuses, mas sim livremente e de forma autônoma
entre os homens. A democracia, além de revolucionar as relações sociais,
também excluiu os deuses dos espaços públicos, reservado agora para os
homens.
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Os sofistas e seu método de
6 educação
Objetivo
Apresentar os sofistas e seus métodos descompromissados com a
verdade em busca do convencimento por meio do discurso.
A nova educação realizada nas polis gregas exigiu também um novo tipo
de professor. Esses professores, especialistas no discurso, percorriam
as polis lecionando a quem possuísse meios de pagar pela educação. A
tradição filosófica a partir de Platão e Aristóteles os nomeia de sofistas,
dos quais os mais famosos foram Protágoras e Górgias.
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Na tradição grega, sofista era aquele que exercia a atividade de sábio (sóphos). Dessa
forma, eram assim designados genericamente aqueles que possuíam determinados
conhecimentos e a capacidade de comunicar esses conhecimentos. Aos poucos, esse
termo ficou restrito aos estudiosos que buscavam conhecer como se constroem as
relações humanas que culminam na polis. Tornando-se mestres nessa arte, os sofistas
passaram a ensiná-la aos outros.
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Uma das formas que os sofistas utilizavam em sua educação era solicitar
que os estudantes elaborassem um discurso defendendo “A”, afirmando
todos os atributos de “A” e posteriormente elaborassem outro discurso
condenando “A”, tornando explícito tudo o que era condenável em “A”.
Essa técnica visava preparar os estudantes para defender quaisquer pontos
de vista durante as assembleias.
Em uma das falas mais abstratas e famosas de Górgias, ele afirma: “Nada
existe; mesmo se algo existisse, sobre isso nada poderia ser sabido; mesmo
se se pudesse saber algo, o conhecimento acerca disso não poderia
ser comunicado a outros, e mesmo que pudesse ser comunicado, não
poderia ser compreendido.”
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O pressuposto sofista era de que ninguém detém previamente o saber, e
é nas assembleias, pelo entrechoque de opiniões, que os homens chegam
ao consenso, construindo uma unidade feita de multiplicidades. Dessa
forma, era necessário educar os homens para as assembleias, ensinando-
os, acima de tudo, a falarem, a defender o que lhes parece por bem
defender e a condenar o que lhes parece condenável. E esse foi o legado
dos sofistas, nos ensinar a falar por nós mesmos.
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Resumo
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Sócrates: a educação a partir do
7 diálogo
Objetivo
Demonstrar a importância do diálogo na educação como elemento
do método socrático de educação baseado na maiêutica.
Sócrates foi um filósofo grego que viveu em Atenas de 469 a.C. a 399
a.C. Típico cidadão da plebe ateniense, não era um homem de grandes
posses, nem pertencia a família importante, mas participava da política
por ser um cidadão livre.
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determinado assunto. Perguntava ao soldado que se dizia corajoso “O
que é a coragem?”, e ao juiz que se julgava justo “O que é a justiça?”.
Porém, as respostas oferecidas nunca atendiam à solicitação socrática,
porque elas sempre evidenciavam questões superficiais, e Sócrates
buscava a essência das coisas. Essa nova forma de fazer Filosofia por meio
do diálogo reflete uma nova forma de educação.
Esse distinto filósofo não aceitava a educação praticada até então, pois
discordava da educação antiga baseada no mito e nos poetas; criticava
os pré-socráticos e repudiava a educação com base na oratória e retórica
sofista. Você deve estar se perguntando: qual seria então o modelo de
educação para Sócrates?
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Para sua reflexão
O grande educador Sócrates partia de duas
premissas: (1) a necessidade de autoconhecimento
e (2) a certeza da ignorância. A partir dessas
questões, Sócrates revolucionou a educação. Uma
interpretação radical de suas teorias diz que é
possível ensinar sem saber. E você, concorda com
essa interpretação? Será mesmo que é possível
ensinar sem saber?
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
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No diálogo Teeteto, escrito por Platão, Sócrates compara a maiêutica a
um parto, argumentando que, assim como as parteiras, ela auxilia a dar à
luz, porém, é estéril em matéria de sabedoria, pois a divindade que o leva
a auxiliar os outros a darem à luz ao conhecimento o impede de conceber
qualquer sabedoria. Dessa forma, ele não possui nenhum pensamento
que possa apresentar como seu. Aqueles que dialogavam com Sócrates
pareciam ignorantes inicialmente, porém, gradativamente, o diálogo e
a convivência progrediam, tornando-os cada vez mais sábios. Contudo,
nada discutido provém de Sócrates, pois tudo já estava com ele.
Saiba mais
Para obter mais informações e ler o Diálogo de
Menon na íntegra, acesse o site clicando aqui.
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Para Sócrates, a alma ora completa uma vida, o que chamamos de morte, ora inicia
outra vida, o que chamamos de nascimento. Imortal e muitas vezes nascida, a alma
conhece todas as coisas e não há nada que ela não tenha conhecido. Dessa forma, o
papel da Filosofia é levar a alma a relembrar o que ela já conheceu.
Sócrates nos faz pensar hoje que a educação necessita ser dialógica, tendo
como base o diálogo, respeitando o desenvolvimento do estudante, ao
mesmo tempo em que desafiamos o mesmo a buscar e construir novos
conhecimentos, Sócrates também nos lembra do caráter ético, pois ao
conhecer o bem devemos obrigatoriamente praticá-lo.
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De acordo com Chauí (1996), Sócrates buscou durante toda a sua vida
educar os cidadãos para o convívio na cidade, intentando criar o homem
ético, conhecedor das coisas e de si mesmo para melhor servir a pólis.
Porém, o pensamento imbuído de conhecimento é uma arma poderosa. Os
questionamentos de Sócrates passaram a incomodar os governantes, pois
perguntas como “O que é a bondade?” e “O que é a justiça?” nem sempre
encontravam ressonância na figura dos poderosos e, naquela época, Atenas
era dirigida por um grupo aristocrático chamado de “Os 30 tiranos”.
O julgamento desse filósofo reforça sua figura mítica, pois, durante o seu
julgamento, ele não se defendeu, argumentando que caso se defendesse
estaria aceitando as acusações, algo que ele jamais aceitaria, até porque se
ele fosse julgado inocente, os juízes exigiriam que parasse de filosofar, e
Sócrates afirmava que preferia morrer a parar de filosofar.
Saiba mais
Você pode fazer o download da obra “Apologia de
Sócrates” clicando aqui. Vale a pena conhecer essa
obra na íntegra!
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Platão: a institucionalização e
8 abstração do saber
Objetivo
Apresentar a teoria das ideias e o surgimento da educação
institucionalizada, compreender a relação de subordinação do real ao
mundo das ideias e a dicotomia entre teoria e prática.
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chamamos o ambiente universitário como ambiente acadêmico, por
exemplo.
É na pessoa de Platão que a Filosofia clássica encontra a sua síntese, pois ele herda
de Sócrates a busca pela essência das coisas; de Heráclito, ele recebe a noção do
devir do mundo sensível; de Parmênides, a concepção de que deve haver algo uno
que nunca se altera; de Zenão, recebe a dialética; e, por fim, de Pitágoras, o amor
pela matemática. A paixão pela matemática era tamanha que no pórtico da academia
estava escrito “Que aqui não entre quem não for geômetra”.
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A matemática, para Platão, não era apenas um caso de amor. Ele a
considerava como um acesso privilegiado ao mundo das ideias, pois
quando pensamos em formas geométricas, ascendemos da experiência
sensível para a experiência do mundo das ideias; quando pensamos em
um triângulo, por exemplo, nos vem à mente um polígono de três lados
– esse objeto que invocamos estaria no mundo das ideias, apenas acessível
a partir do pensamento.
— Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie
de objetos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de
madeira, de toda espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns
falam, outros seguem calados.
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— Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.
[...]
— Considera pois – continuei – o que aconteceria se eles fossem soltos das cadeias e
curados da sua ignorância, a ver se, regressados à sua natureza, as coisas se passavam
deste modo. Logo que alguém soltasse um deles, e o forçasse a endireitar-se de
repente, a voltar o pescoço, a andar e a olhar para a luz, ao fazer tudo isso, sentiria
dor, e o deslumbramento impedi-lo-ia de fixar os objetos cujas sombras via outrora.
[...]
— Meu caro Glauco, este quadro – prossegui eu – deve agora aplicar-se a tudo
quanto dissemos anteriormente, comparando o mundo visível através dos olhos
à caverna da prisão, e a luz da fogueira que lá existia à força do Sol. Quanto à
subida ao mundo superior e à visão do que lá se encontra, se a tomares como a
ascensão da alma ao mundo inteligível, não iludirás a minha expectativa, já que é
teu desejo conhecê-la. O Deus sabe se ela é verdadeira. Pois, segundo entendo, no
limite do cognoscível é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada,
compreende-se que ela é para todos a causa de quanto há de justo e belo; que, no
mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível,
é ela a senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para se ser sensato
na vida particular e pública.
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Para Platão, o processo educativo é social, sendo necessário alguém que
nos liberte das amarras da opinião e do mundo sensível, obrigando-nos
a aprender. Platão enfatiza o caráter penoso do conhecimento, pois à
custa de muito sofrimento, o prisioneiro consegue subir e sair da caverna,
sendo que seus olhos não estavam acostumados com a claridade.
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A volta à caverna requer acostumar-se novamente com a escuridão, e seus
olhos demorarão a situar-se. A dificuldade para caminhar na escuridão
leva os prisioneiros a chamar o liberto de louco e dizer que ele ficou
louco por ter saído da caverna e tudo o que ele falar vai ser considerado
loucura, uma vez que este voltou pior do que saiu.
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Durante todo o tempo em que esteve à frente da academia, Platão
teve muitos discípulos, mas um em particular se destacou: um jovem
chamado Aristóteles, que discordou radicalmente do seu mestre quanto
à teoria das ideias e ampliou o enfoque da Filosofia estudando o mundo
sensível, mas esse é o tema da próxima unidade.
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidade 1 a 8. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!
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Aristóteles: a natureza como fonte
9 do saber
Objetivo
Conhecer a teoria aristotélica de categorização e o surgimento da
ciência e do método científico.
Aristóteles (384 a 322 a.C.) teve uma agitada vida intelectual. Seus
escritos abrangem diversos assuntos, como a física, a metafísica, a poesia,
a música, a lógica, a retórica, o governo, a ética, a biologia, a zoologia etc.
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Aristóteles partia do pressuposto que não há nada na mente que não
tenha passado pelos sentidos, sendo assim, não haveria um mundo das
ideias, pois o mundo é o que se apresenta aos nossos sentidos. Essa
afirmação da experiência e dos sentidos como instrumentos para se
buscar o conhecimento assinala o rompimento de Aristóteles com o
pensamento do seu mestre Platão.
Para Aristóteles, o seu mestre não estava errado, apenas havia invertido as
questões. Ele aceita a doutrina platônica das ideias como forma universal
que une todos os seres. Por exemplo, se pensamos na ideia de um livro,
este vai apresentar, no mínimo, muitas características de todos os livros
do mundo, tais como capa, folhas, ordenação de páginas, texto, enfim,
partes componentes de um livro. Mas, para Aristóteles, essa ideia, no
caso o livro, não existe, inicialmente, em um mundo das ideias; antes
de tudo, a ideia é um conceito criado por nós humanos por já termos
visto muitos livros. Depois de tomarmos conhecimento de vários livros,
buscamos características comuns que unifiquem todos os livros, e essas
características comuns formam o conceito criado artificialmente e
aplicado a todos os livros.
Em sua argumentação, Aristóteles afirma que as formas estão dentro das próprias
coisas. Desse modo, o livro e a forma do livro são duas coisas tão inseparáveis quanto
o corpo e a alma. Enquanto Platão julgava que o máximo de realidade está nos
pensamentos e nas ideias, para Aristóteles a realidade é apreendida com os sentidos.
Dando vazão ao seu ímpeto científico, Aristóteles afirma que tudo existe
a partir de quatro causas que nos dizem “o que é”, “como é”, “por que é”
e “para que é” cada coisa. Segundo Chauí (1996), essas quatro causas são:
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a. causa material: aquilo de que uma essência é feita (ex.: água, fogo, ar);
b. causa formal: as diferentes formas que uma essência possui (ex.: mar, rio);
c. causa eficiente ou motriz: é a ação que resulta na forma da essência. (ex.:
ato sexual é a causa da criação de um novo ser, a ação de um carpinteiro é
a causa eficiente para a transformação da madeira em mesa);
d. causa final: o motivo, razão ou finalidade de a coisa existir (ex.: o bem
comum é a causa final da política, a flor é a causa final da semente etc.).
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a. ciências produtivas: estudam as técnicas. Seriam as ações humanas
cuja finalidade está além da própria ação. Essas ciências visam a
realização de algo externo e diferente da própria ação – seria o
caso da agricultura, da medicina, da engenharia. Por exemplo: a
finalidade da engenharia não é o conhecimento de engenharia, mas
construir uma casa, ponte, estrada etc.;
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Segundo Chauí (1996), Aristóteles vê o homem como um animal
político (zoon politicon), e esse impulso político e social leva os seres
humanos a buscar uma vida em sociedade – o fim último da ação
humana, sua causa final seria a sociabilidade. O gênero humano se realiza
plenamente apenas na vida em sociedade que, estruturada a partir da
pólis, deve propiciar o pleno desenvolvimento material e intelectual do
ser humano. Dessa forma, para Aristóteles, o homem e a pólis estão
interligados organicamente, pois sem o humano não existe a pólis e
sem a pólis não há a realização do ser humano.
b. nutrição (um ano), pequena infância (dos dois aos cinco anos) e
primeira infância (dos cinco aos sete anos): nestes períodos, em
casa e nos Liceus, as crianças seriam habituadas ao convívio social, à
ginástica e às lições;
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Para sua reflexão
A educação, portanto, não pode ser deixada
sob a responsabilidade de cada cidadão: ela é
responsabilidade de todos e especialmente dos
governantes, pois é somente pela educação que
desenvolvemos a política, que seria a arte de
conviver bem, tendo em vista a felicidade individual
e coletiva. O que você pensa a respeito disso?
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando ser
comunicadas ou enviadas aos tutores.
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Aristóteles também ficou conhecido em seu tempo por ser tutor de
Alexandre, o Grande, filho de Felipe da Macedônia. Alexandre entrou
para a história como o mais célebre conquistador do mundo antigo.
Esse discípulo de Aristóteles subiu ao trono com 20 anos e disseminou
a cultura grega por todo o mundo antigo. Esse movimento cultural de
propagação dos valores gregos ficou conhecido como helenismo, e isso é
assunto da próxima unidade. Até lá!
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O helenismo e a disseminação da
10 cultura grega
Objetivo
Compreender como a universalização da cultura grega torna-se
universal no mundo ocidental a partir do helenismo.
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ideal de cidade e de cidadãos unidos organicamente e dependentes, como
afirmava Aristóteles. Com a ascensão do império, a Filosofia política
perdeu seu sentido, já que ela era exercida pelo imperador alçado à
condição de Deus.
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Para que você possa melhor analisar o desenvolvimento da educação e da Filosofia
nesse período, observaremos as quatro principais escolas filosóficas da época –
Epicurismo, Estoicismo, Ceticismo e Cinicismo – centrando-nos em sua maior herança: a
ética.
A escola Estoica tem seu início em Atenas, com Zenão de Cício, mas
espalha-se por todo o império grego. Tendo forte influência socrática, essa
escola desprezava a fama, a riqueza e a nobreza de nascimento, apregoando
uma virtude que seria alcançada independente de qualquer bem exterior.
Dessa forma, tornava a felicidade um bem alcançável por todos.
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O prazer apregoado no “Jardim de Epicuro” difere do vulgar “Coma,
beba e seja feliz”. Para essa escola filosófica, o prazer não é apenas um
estado positivo, vinculado à satisfação dos desejos ou necessidades, mas
também é a ausência de dor e sofrimento. O epicurismo encontrou
muitos seguidores devido a uma ética baseada no hedonismo.
Para que a proposta da escola epicurista seja melhor assimilada, o que você acha de
interpretar o seguinte poema de Luís de Camões (1524-1580) intitulado “Filodemo”, que
evidencia a busca pela felicidade? O poema diz o seguinte: “Não temas os deuses/Não
temas a morte/O bem pode ser alcançado/O mal pode ser suportado”.
E então, essa forma de interpretação da realidade tem a ver com aquilo que você
referencia para um modelo educacional?
Pirro de Élis, tido como o criador dessa escola, defendia que a felicidade
consiste na imperturbabilidade da alma, ou seja, na tranquilidade e na
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indiferença. Em sua luta contra a infelicidade, os céticos defendiam a
epoché, ou suspensão do juízo; não tomar partido, deixando as questões
“existenciais” em aberto. Para eles, a infelicidade consistia em buscar a
verdade em meio à polifonia de opiniões e multiplicidade de aparências.
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Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.
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Os Pais da Igreja e o uso da Filosofia
11 no combate ao gnosticismo
Objetivo
Compreender a influência da cultura helênica na ascensão do
cristianismo, bem como o papel da Filosofia a partir de Orígenes e
Tertuliano no embate com o gnosticismo.
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Pais da Igreja, pois estes foram os guardiões da fé e os protetores das
bases cristãs, legando à posteridade uma defesa autêntica e apaixonada do
cristianismo.
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romano, o cristianismo se estruturou até tornar-se religião oficial do
império no século IV. Esse processo aconteceu de forma gradual e a partir
de muitos embates intelectuais. Um deles, especificamente o embate do
cristianismo com o gnosticismo a partir de Orígenes e Tertuliano.
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A vida de Orígenes, assim como a de muitos heróis cristãos, é marcada
por perseguições e martírio. Devido a sua ampla formação intelectual,
Orígenes alcançou grande fama e prestígio, sendo inclusive convidado
para inúmeros debates com os principais teólogos e filósofos da sua
época. Porém, essa fama resultou na inveja dos seus pares e Orígenes foi
duramente perseguido pelo bispo de Alexandria. Depois de abandonar
essa cidade, foi para Cesareia, na Palestina, onde lecionou na chamada
Escola de Cesareia. Em uma onda de perseguição aos cristãos, ordenada
por Décio, Orígenes foi preso, torturado e morto, tornando-se também
um mártir do cristianismo.
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que ele morra. Inicialmente, em sua obra, Tertuliano indaga Marcião
sobre a fonte da sua autoridade, afirmando que os apóstolos escreveram
o que presenciaram; sendo assim, com que autoridade ele escreveria um
evangelho?
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verdade, que seria a verdade revelada contrastando com a verdade do
conhecimento.
Esse novo tipo de verdade revelada por Deus seria um dogma, ou seja,
irrefutável e inquestionável. Com isso, surge o conflito entre fé e razão,
e o mote da Filosofia patrística é a tentativa de conciliar razão e fé, ainda
que isso não seja unânime, pois nessa relação conflituosa entre fé e razão,
os Pais da Igreja se dividiam em três posições principais, de acordo com
Chauí (1996):
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Santo Agostinho e a educação
12 como afirmação da fé
Objetivo
Compreender, a partir das ideias de Santo Agostinho, o papel da
educação na defesa do cristianismo.
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Devido às suas características e principalmente pelo seu poder
evangelizador, Chauí (1996) defende que o cristianismo não necessitava
de uma Filosofia, pois sendo uma religião da salvação, seu interesse maior
estava na moral, na prática dos preceitos virtuosos deixados por Jesus,
e não em uma teoria sobre a realidade; sendo uma religião vinda do
judaísmo, já possuía uma ideia muito clara do que era o Ser, pois Deus
disse a Moisés “Eu sou aquele que é, foi e será. Eu sou aquele que sou”.
Seu interesse maior como religião estava na fé e não na razão teórica; na
crença, não no conhecimento intelectual; na revelação, não na reflexão.
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seja absurda, pela fé ele crê, seguindo a tradição paulina que a mensagem
da cruz é escândalo e absurdo para os não crentes.
Agostinho não nega que haja muitas coisas boas na cidade dos homens, aliás, essa seria
a prova de que Deus não abandonou a humanidade e por isso enviou seu filho para
nos redimir, mas apesar das muitas coisas boas que existem, como a amizade, as leis,
as artes etc., nos movemos nas trevas devido à ignorância causada pela falta de fé. A
cidade dos homens seria uma sombra da cidade de Deus, assim como as sombras no
fundo da caverna eram cópias das coisas verdadeiras em Platão.
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Para Agostinho, a Cidade de Deus era a resposta aos anseios por justiça
que sempre se fizeram presente na história da humanidade, como
punição aos maus e recompensa aos bons. A tensão entre virtude e vício,
entre o homem correto e o malfeitor, é desfeita na cidade de Deus, pois
nela apenas os bons habitarão, e os maus serão julgados e condenados.
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Podemos destacar como uma grande contribuição de Agostinho para
a educação a sua ênfase no sujeito, ou seja, para Agostinho a educação
visava uma transformação pessoal que retiraria o estudante das trevas
apontando para esta a luz. Não podemos esquecer nos dias de hoje o
papel libertador da educação, pois a partir da educação nos libertamos da
ignorância e do autoritarismo.
Agostinho pode ser considerado a pessoa certa no lugar certo, pois com
a queda de Roma, fazia-se necessário que a Igreja desse uma resposta
política ao caos que se seguiu. A resposta foi a subordinação do poder
temporal ao poder espiritual, dando novo fôlego à Igreja, que, durante
oito séculos, se alimentou da obra agostiniana até o surgimento de
um novo paradigma filosófico, o Tomismo, e este será o tema da nossa
próxima unidade.
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Resumo
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Na unidade 11, você observou como o cristianismo fez uso da Filosofia
para evangelizar a elite política e econômica da época, tendo Orígenes e
Tertuliano como dois grandes representantes.
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A escolástica e as primeiras
13 universidades
Objetivo
Demonstrar a relação da escolástica com o surgimento das primeiras
universidades e os mosteiros como reduto da cultura do saber.
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É comum dividir a escolástica em três períodos, antes, durante e depois
de Tomás de Aquino. Nesta unidade, nos ateremos à filosofia pré-
tomista, ou seja, do século IX ao século XII.
De um lado, temos Platão e a sua teoria das ideias afirmando que sim,
os conceitos possuem existência no mundo das ideias; do outro lado,
Aristóteles afirmando que os conceitos seriam apenas palavras.
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a. a natureza não criada e criadora, ou seja, Deus, que é a razão de
tudo;
b. a natureza criada e criadora, que seria o Verbo divino;
c. a natureza criada e não criadora, sendo toda a realidade material que
existe no espaço e no tempo;
d. a natureza não criada e não criadora, que é Deus, pois para Ele tudo
vai retornar no fim dos tempos.
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Em seu texto “Proslógio”, Anselmo defende a existência de Deus a partir do seguinte
raciocínio lógico:
a) existe na mente humana a ideia de um ser tão grande, do qual não se poderia pensar
outro maior. Este seria o maior de todos os seres;
b) existir apenas na mente é menos perfeito do que existir na mente e também na
realidade, pois a existência é uma das qualidades de algo perfeito;
c) se o maior de todos os seres, do qual não se pode pensar outro maior, só existisse na
mente, ele seria menor que qualquer outro ser que existisse na mente e na realidade,
existindo, assim, um ser maior do que o maior de todos os seres, porém isto é absurdo:
não pode existir um ser maior do que o maior de todos os seres;
d) dessa forma, o maior de todos os seres do qual não se pode pensar outro maior
obrigatoriamente deve existir também na realidade, caso contrário, o pensamento de
maior de todos os seres seria absurdo. Logo, conclui-se que existe Deus, sendo o ser
mais perfeito de todos.
Para além da filosofia cristã, a Idade Média também foi importante para
o desenvolvimento do pensamento Árabe. Filósofos como Avicena (980
- 1037) e Averróis (1126 - 1198) tornaram-se especialistas em filosofia
clássica, especialmente em Aristóteles. Aliás, se não fosse o zelo árabe,
certamente hoje não teríamos nenhum escrito de Aristóteles, apenas os
fragmentos dos comentadores.
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e as doutrinas cristãs, as escolas se situavam no entorno das igrejas e a
maioria dos professores eram padres. Nesse período, também se deu
a fundação das primeiras universidades. Apesar da escuridão que os
iluministas imputam a essa época, as universidades gozavam de certa
autonomia e buscavam estudar muito mais que as doutrinas cristãs;
foram nessas universidades que se lançaram as bases para toda a ciência
moderna. Além disso, as discussões sobre o papel da universidade e a
autonomia universitária tão presentes nos dias de hoje remontam a esses
pioneiros do ensino superior.
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Saiba mais
O filme “O Nome da Rosa”, inspirado no livro
homônimo de Humberto Eco, retrata muito bem
esse período, evidenciando como cada mosteiro
buscava restringir o acesso a sua biblioteca, bem
como o trabalho dos monges em reproduzir estes
livros, pois em uma época anterior à prensa de tipos
de Gutemberg, as cópias eram feitas manualmente.
Vale a pena ler o livro ou assistir ao filme.
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Tomás de Aquino e a retomada da
14 cultura clássica
Objetivo
Apresentar como Tomás de Aquino, a partir da utilização da teoria
aristotélica, dá novo fôlego ao cristianismo.
O século XIII foi marcado pelo tratado de paz com os árabes após
os horrores das cruzadas. Nesse século, o papa Inocêncio III (1160-
1216) convocou o maior concílio do ocidente, o concílio de Latrão,
no qual 2.200 prelados definiram e promulgaram amplas reformas na
cristandade. Também foram fundadas as grandes universidades europeias
de Paris e Oxford; a arquitetura medieval atingiu seu ápice no século
XIII com as construções em arco, e assim, nesse século rico em cultura
e conhecimento, viveu Tomás de Aquino (1225-1274), que assim como
Agostinho é considerado um dos pilares do cristianismo católico. Esse
padre dominicano, que se dedicou à filosofia e à teologia, foi proclamado
santo e Doutor da Igreja devido a sua contribuição na formação da
filosofia e teologia cristã. Ao contrário dos seus antecessores, Aquino não
subordinou a razão à fé, mas defendeu uma harmonia entre a fé e a razão.
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Com Aquino, a Igreja passa a ter uma teologia – inspirada por Deus, revelada
divinamente – e uma filosofia – a partir do exercício da razão humana. Aquino
argumenta que fé e razão palmilham um caminho comum, cujo fim é Deus, pois a
filosofia nos leva a conhecer Deus, e a teologia nos revela Deus, sendo assim, não pode
haver contradição entre fé e razão.
Inicialmente, Aquino diz que algo pode ser evidente para si mesmo
ou evidente para si e para nós, como no caso da proposição “O fogo é
quente”. Para quem conhece o predicado “quente”, a frase será evidente,
então poderia haver essências de predicados ou qualidades e sujeitos ou
objetos que não conhecemos, pois nosso conhecimento de certa forma
está ancorado em conhecimentos anteriores.
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conhecido pelos seus efeitos – seria o caso de Deus, que embora não seja
evidente, pode ser conhecido pelos seus efeitos.
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não alcançam seus resultados ao acaso, mas intencionalmente.
Porém, aquilo que não tem conhecimento não pode se mover em
direção a um fim, a não ser que esteja sendo dirigido por algum
ser dotado de inteligência e conhecimento, por isso existe um ser
inteligente que dirige todas as coisas para o seu fim, e esse ser seria
Deus.
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cristianismo foi a resposta dada pela Igreja aos questionamentos de seus
fiéis. A educação, baseada no trivium e no quadrivium, respondia aos
anseios da sua época por se afastar da formação religiosa, ainda que sem
perder o norte religioso.
Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da instituição e participe do nosso
Fórum de discussões. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?
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O século das luzes: Iluminismo e
15 Renascimento
Objetivo
Apresentar o movimento iluminista e renascentista e a sua influência
na sociabilidade ocidental.
O século XVIII é conhecido como século das luzes; esse século viu
nascer inúmeros pensadores e artistas que realizaram uma profunda
transformação no pensamento, na política e na cultura. As luzes da razão
propagadas pelo Iluminismo e o Renascentismo iluminaram toda a
Europa, e seus efeitos se fizeram sentir até mesmo nas américas.
Todo este furor filosófico estava muito bem assentado nos ideais
renascentistas. Esse movimento cultural foi denominado Renascimento
devido à redescoberta e revalorização dos princípios culturais da
antiguidade clássica, como observamos anteriormente. Desde o século
XIII, com a revisitação a Aristóteles, buscou-se um ideal humanista e
naturalista em contraponto ao idealismo platônico.
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O renascimento foi marcado por profundas mudanças culturais, sociais,
econômicas, políticas e religiosas, pois esse foi um período de transição
do feudalismo para o capitalismo. A partir do rompimento com a
estrutura medieval, criou-se um hiato no qual foi possível gestar um
mundo: esse novo mundo ficou caracterizado como mundo da razão e
encontrou seu ápice no século XVIII.
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Os ideais iluministas influenciaram os inconfidentes, e estes se manifestaram em busca
do fim do colonialismo, fim do absolutismo, substituição da monarquia pela república,
liberdade econômica e liberdade religiosa, de pensamento e expressão. Apesar dos
inconfidentes não lograrem êxito em sua revolução, as suas ideias se difundiram entre a
população urbana do Brasil e marcaram de forma indelével nosso processo de formação
política.
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Com a burguesia ditando os rumos políticos, artísticos e culturais, nesse
período iniciou-se o interesse pela busca dos fundamentos econômicos da
sociedade, a origem e a forma das riquezas das nações. Encontrar, nessa
época, qual seria a principal fonte de riqueza das nações, se a agricultura
ou o comércio, era a controvérsia que dividia os pensadores. Desse modo,
surgem os primeiros tratados de economia, que visavam analisar a ciência
econômica com vistas a aperfeiçoá-la, e não apenas compreendê-la.
Data desse período a famosa obra “A riqueza das Nações”, do filósofo e
economista inglês Adam Smith (1723-1790) – essa obra é a gênese da
Economia Clássica.
Apesar dos muitos pensadores e até mesmo das contradições dessa época,
Chauí (1996) salienta que a filosofia iluminista afirma que:
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preconceitos religiosos, sociais e morais, da superstição e do medo,
graças ao conhecimento, às ciências, às artes e à moral;
• o aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações,
que vão das mais atrasadas (também chamadas de “primitivas” ou
“selvagens”) às mais adiantadas e perfeitas (as da Europa Ocidental);
• há diferença entre Natureza e civilização, isto é, a Natureza é o
reino das relações necessárias de causa e efeito ou das leis naturais
universais e imutáveis, enquanto que a civilização é o reino da
liberdade e da finalidade proposta pela vontade livre dos próprios
homens em seu aperfeiçoamento moral, técnico e político.
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Iluminismo e Renascimento e a
16 transformação no pensamento
ocidental
Objetivo
Apresentar o movimento iluminista e renascentista e a sua influência
na filosofia, ciências e educação ocidental.
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éticos norteadores das nossas ações – esse modo de pensar encontra seu
ápice com Kant e seus imperativos categóricos. Ainda hoje buscamos
princípios éticos baseados apenas na racionalidade, como é o caso mais
recente das discussões da Bioética.
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nenhuma das palavras que me diz, mas lutarei até com minha vida se
preciso for, para que tenhas o direito de dizê-las”.
Note que a laicidade da educação, ou seja, uma educação que não está
fundamentada em nenhuma religião, foi a principal bandeira pedagógica
dos iluministas. Em toda a Europa e América se iniciaram movimentos
para pressionar o Estado a criar escolas leigas, afastando-se do domínio
religioso. Em Portugal, durante o reinado de Dom José I, o primeiro
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ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais conhecido como
Marquês de Pombal (1699-1782), levou a cabo os ideais iluministas e
realizou uma série de reformas visando reerguer Portugal econômica e
culturalmente, inserindo-o no contexto das potências internacionais.
Entre essas reformas, o Marquês de Pombal interferiu diretamente na
educação com a expulsão dos jesuítas em 1759, fato que repercutiu no
Brasil Colônia.
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A preocupação com a educação foi um dos principais temas de um
filósofo que é a cara do Iluminismo: Rousseau. Esse pensador viveu
intensamente o século XVIII, escrevendo sobre moral, política, educação,
entre tantas outras questões. Sua obra “Emílio” (1762) até hoje é
referência quando se pensa uma educação que realize a natureza humana,
e isto será o tema da nossa próxima unidade.
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidade 9 a 16. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!
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Rousseau e a realização da
17 natureza humana
Objetivo
Apresentar a teoria pedagógica de Rousseau e a sua influência na
educação.
Para Hobbes, esse era um estado selvagem, pois todos lutavam contra
todos, e por isso criamos as primeiras comunidades organizadas para
fugirmos desta violência do estado de natureza.
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privada, quando um indivíduo se apropria de algo, argumentando que
aquilo lhe pertence. É dada a largada para o surgimento do Estado e da
sociedade fundamentados no conflito sobre a posse da propriedade.
Como você pode notar, se para Hobbes criou-se o Estado para fugir da
violência da natureza, em que impera a lei da selva, ou seja, a lei do mais
forte, para Rousseau, o estado da natureza foi criado para proteger a
propriedade privada, criando e autenticando a lei do mais forte, pois nele
impera a lei do mais forte. Aquele que tem poder impõe a sua vontade a
partir das leis, porém, Rousseau não defendia a extinção do estado e nem
a vida asceta isolada de tudo. Para ele, apesar da felicidade encontrada
no estado de natureza, o homem só realiza sua natureza em sociedade,
convivendo com seus pares, dessa forma, o Estado deveria realizar a
natureza humana.
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não era um pequeno adulto, ou um conjunto de deficiências que
necessitava de aperfeiçoamento. Rousseau defendeu a infância como
um período da vida humana que necessitava ser entendido a partir das
suas especificidades, e não comparado com a vida adulta. A educação,
portanto, deveria desenvolver de forma natural a criança, a partir do
acompanhamento e regramento de um adulto.
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• natureza, que seria o pleno desenvolvimento das nossas faculdades e
órgãos;
• homens, que seria o uso que nos ensinam a fazer das nossas
habilidades e do nosso desenvolvimento físico;
• coisas, que seria a nossa experiência sobre os objetos que nos afetam.
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veremos um embate que se iniciou no século XVI com a filosofia
moderna e se estendeu até o século XVIII, no Iluminismo: o embate
entre racionalismo e empirismo e a questão “A razão é inata ou é fruto da
experiência?”.
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A Filosofia moderna: empirismo x
18 racionalismo
Objetivo
Exprimir o embate entre o racionalismo britânico e o empirismo
continental.
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na razão que não tenha passado pelos sentidos, sendo estes a fonte do
conhecimento verdadeiro.
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a. Ideias adventícias: aquelas que advêm de fora, a partir dos nossos
sentidos, seriam geralmente falsas ou enganosas; como o caso de
uma colher em um copo de água: ao observarmos, veremos que
a colher aparenta estar quebrada, ao retirarmos a colher da água,
ela está inteira. Dessa forma, em qual das duas percepções confiar?
Como pode algo se apresentar de duas formas diferentes? Para
Descartes, não devemos confiar nos sentidos.
Para Descartes, a questão era muito simples: caso não possuíssemos ideias
inatas, das quais advêm os princípios básicos do pensamento, não haveria
possibilidade de fundamentar um conhecimento verdadeiro; também
não haveria critérios para julgar entre um conhecimento e outro, pois os
nossos sentidos e a experiência costumam se contradizer.
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Segundo Chauí (1996), além de Locke, David Hume (1711-1776) e
George Berkeley (1685-1753) foram outros eminentes empiristas que
defenderam a primazia da experiência. Esses filósofos argumentavam
que nossos conhecimentos se iniciam pelos sentidos, pois a partir das
sensações formulamos as ideias. Como? Por exemplo, quando vemos a
cor vermelha e percebemos uma forma arredondada, ao mesmo tempo
em que sentimos um cheiro característico, a nossa mente, a partir de
todas essas informações, formula a ideia de maçã. Sendo assim, as ideias
seriam as percepções que se combinam e associam.
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argumenta que se existissem ideias inatas, então todos teríamos as
mesmas ideias, não havendo conflito de opiniões, pois partiríamos
sempre dos mesmos princípios.
Mas afinal, o que isso tem a ver com educação? Que diferença faz saber se
a razão é inata ou se origina-se da experiência? Se você analisar melhor essa
questão, verá que ela está no centro das nossas teorias educacionais, pois se
a criança já nasce com ideias inatas, o papel da escola seria apenas direcionar
essas ideias, não teria muito o que ensinar à criança. Por outro lado, se a
criança é uma tábula rasa, então quaisquer experiências ou conhecimento
que a criança possua antes de chegar na escola deve ser ignorado.
Você deve estar se perguntando: como fica então? Afinal, qual a origem
da razão e a fonte do conhecimento verdadeiro? Na próxima unidade,
estudaremos um filósofo que ofereceu uma solução para esse impasse,
e até hoje aceitamos, mesmo com ressalvas, a solução para esse dilema
oferecida por Immanuel Kant, o filósofo de Königsberg.
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Resumo
Caro aluno,
Na unidade 13, você observou como apesar dos limites impostos pela
Igreja os intelectuais cristãos reconciliaram a fé e a razão buscando a
solução para o problema dos universais. Além do mais, verificamos
como houve uma retomada da cultura clássica especialmente a partir dos
pensadores árabes e, por fim, acompanhamos os dilemas das primeiras
instituições de ensino superior, dilemas estes presentes até os dias atuais.
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Na unidade 17, você foi apresentado a Rousseau, um pensador
emblemático não apenas pela sua teoria política e pedagógica, mas muito
mais pelo seu humanismo, a sua teoria pedagógica tão antiga e ao mesmo
tempo tão atual, por não tratar a criança como um adulto em miniatura,
buscando antes de tudo realizar a natureza humana, o qual foi um dos
temas estudados e será muito debatido durante toda a sua formação.
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Kant e a solução para o dilema
19 moderno
Objetivo
Apresentar a teoria epistemológica kantiana a partir da revolução
copernicana empreendida por Kant e a teoria pedagógica.
Vamos conhecer melhor esse filósofo e sua teoria. Kant nasceu, viveu e
morreu em Königsberg, na antiga Prússia. Alguns comentadores arriscam
dizer que ele nunca saiu da sua cidade natal. No entanto, Königsberg
era uma cidade portuária e um importante entreposto comercial,
assim, Kant travou conhecimento com pessoas de toda a Europa.
Famoso por ser extremamente metódico, o filósofo passou a vida indo
da universidade para casa e de casa para a universidade, e desse modo
produziu uma série de escritos que revolucionaram a filosofia, entre os
quais a “Crítica da razão pura” e a “Metafísica dos costumes”.
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Como Kant fez essa revolução? Simples: no lugar de se preocupar
em definir o que é a verdade, ou o que é o conhecimento, o que é
Deus e muitas outras questões que atormentaram os filósofos antes
dele, começou se perguntando sobre o que é a razão e o que ela pode
conhecer e sobre o que é a experiência e o que ela pode conhecer. Dessa
forma, ele inverteu a questão: ao invés de se perguntar “o que é” das
coisas, Kant pergunta “Como nós conhecemos as coisas?”.
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discordar no resultado da aplicação dessas categorias, mas é inegável
que elas sejam essenciais para o conhecimento; sendo categorias
inatas, elas seriam meras estruturas vazias que são preenchidas com
os dados recebidos pela percepção.
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Kant traça uma série de pressupostos buscando o princípio universal de
moralidade. Esse princípio, chamado de “imperativo categórico”, não
possui uma única forma. Dentre as muitas formas com que é apresentado
o imperativo categórico, destacamos a seguinte: “Devemos agir sempre
com base nos princípios que gostaríamos que fossem aplicados a todas as
pessoas”.
Para analisar as ações de modo a julgar se estas são éticas ou não, Kant
propõe três passos:
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Para Kant, a educação deveria possibilitar que as pessoas atingissem a
maioridade moral, com a capacidade de analisar moralmente as questões
a partir do seu entendimento. Essa maioridade seria atingida conforme
a criança fosse habituada a observar o que lhe é ordenado, e essa
obediência fosse uma “obediência voluntária”, ou seja, quando a criança
entende a necessidade de obedecer e não apenas de cumprir ordens.
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O materialismo histórico e dialético
20 de Marx e Engels
Objetivo
Apresentar a teoria marxiana e sua influência na educação a partir da
filosofia da práxis.
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A parceria entre os dois foi muito rica intelectualmente, como
comprovam as obras escritas em conjunto, das quais podemos citar: o
famoso “Manifesto do Partido Comunista” e, ainda, “Ideologia Alemã” e
“Sagrada família”. Como Engels vinha de família abastada, foi, além de
parceiro intelectual, apoiador e financiador dos estudos de Marx. Este,
perseguido e exilado, só encontrou descanso em Londres – ironicamente
o berço da Revolução Industrial.
Por não poder dar conta de uma profunda reflexão da obra completa de
Marx e Engels, esta unidade abordará dois conceitos fundamentais para
se pensar a educação: alienação e ideologia.
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As características humanas que relegamos a esse ser superior são
superlativadas, ou seja, ele não apenas teria conhecimento, mas seria
onisciente – saberia de todas as coisas – e absoluto – a encarnação da
bondade e da justiça. Para Feuerbach, aos poucos damos vida a esse ser e
passamos a considerar que não fomos nós que o criamos, mas ele que nos
criou, por conceitualmente ser mais poderoso que nós.
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não são naturais e acabadas, mas construídos historicamente. Assim, se
algo é histórico ele não é, ele está sendo.
Estudo complementar
A alienação também ocorre no contexto
educacional, não apenas no trabalho. Perceba
como se dá este processo lendo o artigo
“Educação e alienação em Marx: contribuições
teórico-metodológicas para pensar a história da
educação”. Acesse clicando aqui.
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É essa estrutura que possibilita a alienação, na tentativa de justificar por
meio do mito a desigualdade social. O próprio mito fica comprometido,
pois as famílias ricas detêm o monopólio sobre sua narração e a
celebração dos ritos, criando assim a instituição social religiosa.
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O método marxista é chamado também de materialismo histórico dialético.
Materialista, por ter como base fundamental a economia; histórico, por pensar as
ações, as instituições e o próprio homem como frutos da história; e, por fim, dialético,
porque a história se forma a partir da luta de classes. Essa luta representa a busca das
classes subordinadas por alcançar o poder. A título de ilustração, observe o caso da
Revolução Francesa, tão aceso no imaginário da época.
Mas, e como essa teoria chega à educação hoje? Entre outras, foi a
partir da teoria de Marx que reflete a educação como instrumento
ideológico e alienante da superestrutura. Uma educação que representa
interesses de uma classe dominante. A partir de Marx podemos pensar
uma proposta de educação que desvele as instituições e denuncie a
ideologia, filosofia esta que é denominada “Filosofia da Práxis”. Práxis
seria a ação social, política e histórica de construção da vida, que tem
como objetivo a construção da “consciência de classe”. Por sua vez, esta é
alcançada quando os trabalhadores tomam consciência de sua condição
de trabalhadores e de que toda a riqueza da sociedade é produzida por
aqueles que não usufruem das benesses dessa produção.
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Saiba mais
Para pensar no desdobramento do marxismo
em outra área que pesquisa educação, procure
conhecer a vida e obra de Vygotsky. Considerado
um dos mais importantes pensadores da educação
contemporânea, ele encontrou em Marx as bases
da sua teoria da aprendizagem, ao alicerçar a
possibilidade de aprendizagem à ideia de que
somos seres históricos. Vygotsky é base educativa
de muitas escolas por meio da “Teoria Histórico-
Cultural”. Para conhecer mais sobre Vygotsky,
acesse o vídeo clicando aqui.
Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.
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21 A educação tradicional no Brasil
Objetivo
Apresentar a educação tradicional no Brasil, com base nas primeiras
formas educativas, controladas pela Igreja.
Mas, afinal, quem eram os jesuítas? Eles formavam uma ordem religiosa
fundada no movimento chamado Contrarreforma, que visava conter
os avanços da reforma protestante. Inácio de Loyola (1491-1556),
o fundador dessa ordem no século XVI, em um ímpeto religioso se
denominou “soldado de Cristo”, conceito do qual deriva o nome
“jesuíta”. Essa ordem religiosa, ao contrário das ordens tradicionais, não
se recolhia em mosteiros, mas imbuídos de forte ardor, os missionários
viviam junto aos fiéis defendendo o credo católico. Esse ideário filosófico
na formação desses jovens missionários (jovens jesuítas) para o “Novo
Mundo” reforçava a pregação do evangelho e no seu bojo um ideal de
formar “um homem bom” (visão ocidental cristã).
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instrumento evangelizador. Até a sua extinção, em 1773, os jesuítas
contavam com milhares de colégios espalhados por todo o globo.
c. Studia superiora: este curso, com duração de até quatro anos, visava
à formação do futuro padre; dessa forma, era focado em teologia,
além do estudo das literaturas clássicas.
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Em seu conjunto de regras, a ratio apregoava que os estudantes deveriam
evitar “questões novas” e “abstrações inúteis”, mesmo as que não
apresentavam perigo à fé e à moral, pois todo o conhecimento deveria
partir do mestre, que seria um modelo de retidão moral e de fé. Ademais,
os estudantes eram incentivados todos os dias, com exceção dos dias
santos, a repetir as lições até decorá-las, sob risco de punições para quem
não cumprisse com as normas.
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estudante para indagar sobre a realidade social. O compromisso da escola
seria propagar o conhecimento e a cultura, os conteúdos difundidos
pela escola seriam o acúmulo histórico das experiências adultas no
mundo, sendo assim, não havia espaço para a criança na construção do
conhecimento.
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A educação tradicional nos legou a ênfase nos conteúdos, obviamente
que a rigidez, o academicismo e a transferência de conhecimento são
recusadas pela educação dos nossos dias, porém não podemos esquecer a
importância dos conteúdos para uma boa formação escolar. Sendo assim,
olhar com olhos críticos a educação tradicional nos possibilita observar
o mover educacional de forma mais ampla, buscando encontrar o meio
termo entre a ênfase nos conteúdos e a ênfase nos estudantes.
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A filosofia e o movimento da Escola
22 Nova no Brasil
Objetivo
Compreender a influência das teorias psicológicas e da filosofia de
John Dewey na renovação escolar brasileira a partir do manifesto dos
pioneiros da educação.
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novas, é fundado em Genebra o “Bureau Internacional de Escolas
Novas”, que apregoava uma série de princípios que deveriam ser seguidos
pelas escolas, caso estas desejassem pertencer ao movimento renovador da
educação.
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O manifesto traz em seu documento toda uma filosofia da educação e
uma concepção pedagógica. A proposta desses pioneiros era repensar
a educação a partir de critérios científicos, abolindo o empirismo tão
característico da educação tradicional. Um grande intelectual brasileiro
que assina o manifesto é Anísio Teixeira (1900-1971), que foi aluno de
John Dewey, o filósofo que lançou as bases filosóficas e epistemológicas
do movimento escolanovista.
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entre teoria e prática. A educação, portanto, deveria possibilitar que o
estudante resolvesse por si próprio os problemas que a vida lhe apresenta.
Aliás, esse filósofo pensava que a educação não deveria ser para a vida,
mas sim a própria vida, em um crescimento e aperfeiçoamento constante,
conforme acumulamos experiências.
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que esse indivíduo receberia por estar inserido em uma sociedade pouco
democrática.
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Paulo Freire: a educação crítica no
23 Brasil
Objetivo
Apresentar as bases filosóficas da pedagogia freiriana: materialismo
histórico e dialético e idealismo hegeliano.
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relação dialética entre opressor e oprimido. Vamos entender como isso se
apresenta em sua teoria educacional.
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Interessante é observar que Freire recusa os termos “professor” e “aluno”,
preferindo os termos “educador” e “educando”, o que se justifica a partir
da etimologia da palavra professor, do latim profiteri, que significaria
“aquele que professa” ou “declara publicamente”. Para Freire, esse termo
estaria conectado com uma visão de transmissão de conhecimento, pois
o professor estaria comprometido em professar seu conhecimento e não
em construir o conhecimento juntamente com o aluno. O mesmo ocorre
com o termo “aluno”, que seria a junção dos termos “a” e “lúmen”,
ou seja, “sem luz” – o aluno dessa forma seria um ser desprovido de
conhecimento, sem luz alguma, e seria iluminado pelo conhecimento do
professor. Os termos “educador” e “educando” utilizados por Paulo Freire
denotariam a ideia de construção coletiva do conhecimento, lembrando
que, como vimos na unidade 1, o termo “educação” significa “trazer
para fora”, e esta seria uma tarefa social dividida entre o educador e o
educando.
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De acordo com Luckesi (2004), o diálogo é o foco da relação entre
os sujeitos do processo educativo, por isso não são possíveis relações
hierarquizadas. Eliminar as relações de autoridade não significa que o
educador se ausente na relação pedagógica, mas sim que ele atua como
mediador, buscando assegurar que todos possam se fazer sujeitos do
processo educativo.
Merece destaque o famoso método Paulo Freire – que não pode ser
reduzido a um método de alfabetização, pois configura-se como um
processo coletivo de produção e socialização do conhecimento – que,
realizando uma leitura crítica da realidade, visa transformá-la em um
processo de “ação–reflexão–ação”.
Para Freire, o método seria antes de tudo uma forma de o educando “ler
o mundo”, desvelando suas estruturas e se posicionando como sujeito da
sua história. O método freiriano alcançou grande fama quando em 45
dias alfabetizou 300 adultos em um círculo de cultura no Rio Grande do
Norte.
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O primeiro momento do método seria a busca pelos “temas geradores”, que seriam
palavras que estariam intimamente ligadas com a realidade social dos educandos. A
partir desses temas geradores são organizados círculos de cultura, nos quais se dialoga
sobre como aquele termo é visto pela comunidade e quais as suas implicações, surgindo
assim uma situação-problema, para só então passar para a representação alfabética do
tema gerador.
Essa “leitura” anterior do tema gerador, ou seja, quando o educador se apossa do
sentido do tema gerador e a partir dele problematiza sua realidade, possibilita que o
educando se conscientize e as palavras passem a ter um sentido maior do que a sua
simples forma alfabética.
A ênfase na realidade dos educandos se faz sentir até mesmo nas atividades pós-
alfabetização; quando se passa a analisar e interpretar pequenos textos, esses textos
necessitam versar sobre a realidade vivida pelos educandos, para que estes possam “ler”
e para que possam lhes fazer sentido para além das letras, em busca da conscientização
e da politização.
Como você já deve ter observado, toda teoria é passível de crítica, aliás,
muitas vezes essa crítica possibilita um avanço da teoria por apresentar
a esta os seus limites. Com Paulo Freire não foi diferente, apesar do
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reconhecimento da sua pedagogia e do sucesso do seu método, muitas
foram as críticas dirigidas a sua produção intelectual.
Paulo Freire nos compromete com uma educação para a mudança, uma
educação em que se reconheçam todos os humanos como sujeitos da sua
história. Essa pedagogia do reconhecimento encontra eco nas filosofias
ditas pós-modernas, que defenderam o reconhecimento de minorias até
então excluídas dos processos sociais. Este será o tema da nossa próxima
unidade.
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24 A educação na pós-modernidade
Objetivo
Apresentar as teorias inclusivistas da pós-modernidade e as
discussões de gênero e identidade.
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alienação. A partir dessas e de muitas outras questões no século XX, os
pensadores passaram a questionar as pretensões da razão e a validade do
conhecimento.
Nestes tempos em que tudo muda rapidamente ou, como disse Marx,
em que “tudo o que é sólido se desmancha no ar”, novos desafios se
apresentam à educação e à filosofia. Pensando esse período como “era das
incertezas”, em 1999 a Unesco solicitou ao filósofo francês Edgar Morin
(1921-) que elaborasse princípios para se repensar a educação neste
século, e o resultado de tal tarefa materializou-se no livro “Os sete saberes
necessários à educação do futuro”. Tais saberes seriam:
A questão que permeia a obra de Morin (2000) seria o abdicar das nossas
certezas e construir novos pressupostos condizentes com a época em
que vivemos, pressupostos estes que abordem o humano em sua forma
integral e pense o mundo como pátria-terra, possibilitando pensamentos
e ações globais, construindo uma nova ética, que se configuraria como
uma “antropoética”, ou ética do gênero humano. Uma ética planetária na
visão de Boff (teólogo, filósofo e escritor brasileiro contemporâneo).
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Morin (2000) defende um conhecimento que seja capaz de abordar os
problemas globais, pois o conhecimento difundido nos dias atuais é
fragmentado, e até mesmo microfragmentado; as hiperespecializações
não dão conta das questões gerais e fundamentais que se apresentam,
por isso são necessárias abordagens “inter-poli-transdisciplinares”, que
abarquem as partes e o todo da complexidade atual.
Estudo complementar
Leia o capítulo 4 de “Os quatro pilares da
educação”, de Jacques Delors, no Relatório para a
UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação
para o século XXI, feito em 2010. Nele você vai
encontrar os novos dilemas e desafios do futuro da
educação do Brasil. Disponível clicando aqui.
www.esab.edu.br 139
Uma das discussões mais fecundas em nossos dias é a discussão sobre
identidades. Essa discussão se iniciou no século XIX e se estende até
hoje, a partir de uma série de pesquisas e estudos multiculturais que se
concretizaram em um movimento denominado multiculturalismo. Esse
movimento ou corrente filosófica se desenvolveu a partir das análises dos
conflitos étnico-raciais, políticos e sociais.
Você pode observar, por exemplo, nas discussões de gênero que a partir
dos estudos realizados nas últimas décadas se desconstruíram o mito de
sexo frágil e os estereótipos do masculino e do feminino. Essas análises
fomentaram uma série de movimentos que, para além do feminismo,
defendem um papel social diferenciado para a mulher, reivindicando
mais do que direitos iguais, como é o caso da Lei Maria da Penha, que
protege a mulher nos casos de agressão familiar.
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distintos do restante da sociedade, desafiando-nos à compreensão para
além da aceitação, como aponta Morin (2000).
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidade 17 a 24. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!
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Resumo
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Na unidade 23, conhecemos o grande educador Paulo Freire. Esse
herói da educação nos legou uma filosofia da educação humanista que
valorizava os sujeitos do processo de ensino-aprendizagem e também um
método de alfabetização que ia para além do “ler as letras”, levando os
sujeitos a “lerem o mundo”.
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Glossário
Achamento
O termo “Achamento” deriva do pressuposto de que os portugueses
acharam as terras brasileiras, e não as descobriram, porque o Brasil
existia muito antes dos portugueses aportarem em nossas praias. O que
havia aqui não era uma terra de ninguém, mas de uma série de povos
organizados e distribuídos em centenas de nações. R
Alquimia
É uma prática antiga que combina elementos da Química, Antropologia,
Astrologia, Magia, Filosofia, Metalurgia, Matemática, Misticismo e
Religião. Existem quatro objetivos principais na sua prática. Um deles
seria a transmutação dos metais inferiores ao ouro, o outro a obtenção
do Elixir da Longa Vida, um remédio que curaria todas as coisas e daria
vida longa àqueles que o ingerissem. Ambos os objetivos poderiam
ser alcançados ao obter a pedra filosofal, uma substância mística. O
terceiro objetivo era criar vida humana artificial, os homunculus. O
quarto objetivo era fazer com que a realeza conseguisse enriquecer mais
rapidamente (este último talvez unicamente para assegurar a existência
dela, não sendo um objetivo filosófico). R
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Amônio Saccas (175-242 d.C.)
Filósofo de Alexandria, considerado como o fundador da escola
neoplatônica. Plotino (205-270 d.C.), como seu discípulo, reuniu suas
ideias. R
Apolo
Uma das principais divindades greco-romanas, filho de Zeus e Leto, e
irmão gêmeo de Ártemis. R
Apologéticos/Apologia
Discurso ou escrito laudatório para justificar ou defender alguém ou
alguma coisa. R
Aporia
Quando duas razões contrárias são racionais. R
Aristocrático
Pertencente à aristocracia, que seria literalmente o governo dos melhores
onde o poder é exercido por um grupo denominado e reconhecido como
um grupo elitista. R
Ascese
Isolamento, prática da renúncia ao prazer ou mesmo a não satisfação de
algumas necessidades primárias como processo de santificação pessoal e
mortificação do corpo. R
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Benjamin Franklin (1706-1790)
Jornalista, editor, autor, filantropo, abolicionista, funcionário público,
cientista, diplomata, inventor e enxadrista estadunidense. Foi um
dos líderes da Revolução Americana, conhecido por suas citações e
experiências com a eletricidade. R
Ceticismo
Descrença. R
Concupiscência
Desejo, cobiça, ambição. R
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Denis Diderot (1713-1784)
Filósofo e escritor francês, foi um dos primeiros autores que fazem da
literatura um ofício, mas sem esquecer jamais que era um filósofo. R
Devir
Conceito filosófico que qualifica a mudança constante, a perenidade de
algo ou alguém. R
Diáspora judaica
Termo que significa as expulsões forçadas dos judeus pelo mundo e, por
consequência disso, as diversas comunidades judaicas espalhadas por
Israel, Líbano e Jordânia. R
Ditadura militar
A ditadura no Brasil foi um período da história política brasileira
iniciado com o golpe militar de 1º de abril de 1964, que resultou
no afastamento do presidente do Brasil, João Goulart, assumindo
provisoriamente o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli
e em definitivo, o marechal Castelo Branco. Tal regime ditatorial contou
ao todo com cinco presidentes e uma junta governativa, estendendo-se
do ano de 1964 até 1985, ano da eleição indireta do civil Tancredo Neves
para a Presidência da República. R
Dúvida hiperbólica
Conceito central em Descartes, o termo hiberbólica significa exagerada
ou dada a exageros; dessa forma, a dúvida hiperbólica seria a dúvida
constante que este pensador coloca acerca da veracidade das coisas,
ainda que suas dúvidas fossem filosoficamente construídas, não sendo
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um simples duvidar. O objetivo maior de Descartes era encontrar um
conhecimento do qual não se pudesse duvidar. R
Economia política
Este termo originalmente designa o estudo das relações de produção,
especialmente entre as duas classes principais da sociedade capitalista:
os capitalistas e os proletários. A terminologia “economia política” foi
paulatinamente substituída por economia. R
Empírica
Baseada na experiência, exclusivamente. R
Epistemológico/epistemologia
Disciplina da filosofia que estuda a teoria do conhecimento,
perguntando-se “O que é o conhecimento?” e “O que é possível
conhecer?”. R
Escola
É um termo largamente utilizado no meio acadêmico para caracterizar
um conjunto de pensadores ou de seus discípulos. No mesmo sentido,
você pode encontrar também o termo corrente. R
Estoico, estoicismo
Escola de filosofia grega, fundada por Zenão de Cítio (334-262 a.C.) em
Atenas no início do século III. R
Ética
Filosofia voltada aos estudos sobre os valores morais e ideais do
comportamento humano. R
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Euclides (360-295 a.C.)
Foi professor, matemático e escritor; conhecido como o “Pai da
Geometria”, viveu grande parte da sua vida em Alexandria. R
Eudaimonia
A felicidade, o bem-estar, o desenvolvimento humano; Filosofia
antropológica. R
Existencialismo
Doutrina filosófica que tem como seu principal representante Jean Paul
Sartre; entre muitas questões, afirma que o homem adentra ao mundo
como ser inacabado e, a partir da sua existência, constrói a sua essência,
tornando-se realmente humano. Em suma, o humano é o início e o fim
de toda reflexão existencialista. R
Filosofia antropológica
Ramo da filosofia que estuda a estrutura essencial do homem. R
Filosofia clássica
A experiência de Atenas é chamada filosofia clássica, pois essa cidade
foi adotada pelas sociedades ocidentais como o berço da civilização
ocidental. R
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George Berkeley (1685-1753)
Bispo de Cloyne, foi um dos maiores filósofos do início do período
moderno. Ele foi um brilhante crítico de seus predecessores,
particularmente de Descartes, Malebranche e Locke. R
Hedonismo
É uma teoria ou doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o
supremo bem da vida humana. R
Heresia
É a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo
ou sistema de um ou mais credos religiosos que pressuponha(m) um
sistema doutrinal organizado ou ortodoxo. R
Idealismo hegeliano
Doutrina filosófica de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831).
A complexidade das teorias de Hegel não pode ser sintetizada em
uma ferramenta de glossário, mas Paulo Freire se apropria da dialética
hegeliana quando fala da condição de “servo e senhor”, em que os dois
mutuamente justificam a servidão, tornando-a natural. R
Ideologia
Maneira de pensar que caracteriza um indivíduo ou um grupo de
pessoas: ideologia socialista, por exemplo. R
Indelével
Algo que não pode ser apagado. R
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Kant, Immanuel (1724-1804)
Foi um filósofo prussiano; geralmente considerado como o último
grande filósofo dos princípios da era moderna. Indiscutivelmente, um
dos pensadores mais influentes da história da filosofia. R
Lutas fratricidas
Lutas travadas entre irmãos. R
Maiêutica
Significa conduzir, trazer para fora. R
Maniqueísmo
Uma filosofia religiosa sincrética e dualística, fundada e propagada por
Maniqueu, que divide o mundo simplesmente entre bom, ou Deus, e
mau, ou o diabo. R
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Marcião
Foi um dos mais proeminentes heresiarcas durante o Cristianismo
primitivo. Sua teologia (chamada marcionismo), que propunha dois
deuses distintos, um no Antigo Testamento e outro no Novo Testamento,
foi denunciada pelos Pais da Igreja e ele foi excomungado. R
Marxismo
Conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas
em colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels; o marxismo
influenciou muitos setores, desde a política e a prática sindical até a
análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e
econômicos. R
Metafísica
Disciplina da Filosofia que estuda a essência dos seres. R
Mito
Exposição simbólica de um fato. R
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Montanhismo
Religião asceta que defendia o isolamento do indíviduo do mundo. R
Neoplatonismo
Foi uma corrente de pensamento iniciada no século III que se baseava
nos ensinamentos de Platão e dos platônicos, mas interpretando-os de
formas bastante diversificadas. R
Oráculo de Delfos
Situado em Delfos, o Oráculo de Delfos era dedicado principalmente a
Apolo e centrado num grande templo, ao qual vinham os antigos gregos
para colocar questões aos deuses. R
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Oratória
É a arte de falar em público, de forma estruturada e deliberada, com a
intenção de informar, influenciar ou entreter os ouvintes. R
Oratorianos
Sociedade de vida apostólica fundada em 1565, por São Filipe Néri; essa
sociedade é voltada para clérigos seculares, sem os votos de pobreza e
obediência; os seus membros dedicam-se à educação cristã e a obras de
caridade. R
Paideia
Segundo Werner Jaeger, era o “[...] processo de educação em sua forma
verdadeira, a forma natural e genuinamente humana” na Grécia antiga.R
Pais de Igreja
Historicamente, são considerados Pais da Igreja os líderes que
organizaram a doutrina cristã após a morte de Cristo. R
Patrística
Filosofia cristã dos sete primeiros séculos fundada pelos padres ou Pais da
Igreja, era uma doutrina das verdades da fé do Cristianismo. R
Paulo
Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso
ou São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo
primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento.
R
Pax
A Pax Romana, expressão latina para “a paz romana”, é o longo período
de relativa paz experimentado pelo Império Romano, gerada pelas
armas e pelo autoritarismo, que se iniciou quando Augusto, em 29
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a.C., declarou o fim das guerras civis e que durou até o ano da morte de
Marco Aurélio, em 180 d.C. R
Pólis
Modelo das antigas cidades gregas. R
Princípio da causalidade
Causalidade é a relação entre um evento (a causa) e um segundo evento
(o efeito), sendo que o segundo evento é uma consequência do primeiro.
R
Refutar
Afirmar o oposto, negar, contestar argumentos. R
Relativismo
Segundo o qual todo conhecimento é relativo. R
Reminiscência
Capacidade de reter na memória. Lembrança quase apagada, vaga
recordação. R
República de Platão
Trata-se de um diálogo socrático escrito por Platão que trata da justiça e
da política de uma cidade fictícia. R
Retórica sofista
Habilidade verbal que os sofistas possuíam, usada para convencer os
interlocultores. R
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Revolução Americana
Movimento de ampla base popular, teve como principal motor a
burguesia colonial e levou à proclamação, no dia 4 de julho de 1776,
da independência das Treze Colônias – os Estados Unidos da América,
primeiro país dotado de uma constituição política escrita. R
Revolução Industrial
Foi uma série de mudanças tecnológicas que revolucionaram o processo
produtivo em nível econômico e social, especialmente a partir do uso do
vapor e do posterior uso da eletricidade como força motriz; iniciou-se
no Reino Unido no século XVIII e expandiu-se pelo mundo a partir do
século XIX. R
Robespierre (1758-1794)
Advogado e político francês, foi uma das personalidades mais
importantes da Revolução Francesa. R
Rússia Czarista
O Império Russo, conhecido também coloquialmente como Rússia,
foi um estado que existiu de 1721, quando o czar Pedro I, oriundo da
Casa Romanov, proclamou o império e iniciou o processo de expansão
territorial, até a Revolução Russa, de 1917, que depôs o czar Nicolau II.
Sucedeu o chamado domínio czarista, que antecedeu a União Soviética.
Por toda a sua existência esteve sob a soberania da dinastia Romanov. R
Teeteto
Diálogo platônico que aborda a natureza do conhecimento. R
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Teixeira, Anísio (1900-1971)
Foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem
central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930
difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como
princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de
julgamento, em preferência à memorização. R
Teorema de Pitágoras
O teorema de Pitágoras é uma relação matemática entre os três lados de
qualquer triângulo retângulo. Na geometria euclidiana, o teorema afirma
que: “Em qualquer triângulo retângulo, o quadrado do comprimento da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos comprimentos dos catetos”.
R
Tomismo
O tomismo é a doutrina ou filosofia escolástica de São Tomás de Aquino
adotada oficialmente pela Igreja Católica e que se caracteriza, sobretudo,
pela tentativa de conciliar o aristotelismo com o cristianismo. R
Verve
Vigor de expressão; vivacidade no escrever e/ou no falar. R
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Voltaire ou François Marie Arouet (1694-1778)
Foi um ensaísta, romancista, dramaturgo e filósofo iluminista francês,
conhecido pelas suas duras críticas à Igreja e ao absolutismo. Foi um
árduo defensor dos direitos civis e das liberdades individuais, apesar do
seu ímpeto questionador e crítico. R
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Referências
Bibliografia Básica:
Bibliografia Complementar:
www.esab.edu.br 159