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Pessoal, resolvi colocar aqui descrições sobre o processo da morte, porque esse e um
assunto de interesse geral, e nem sempre e' facil encontrar descriçoes completas, só
fragmentos aqui e acolá.
Vou comecar por colocar uns trechos da Dion Fortune, depois do Waldo Vieira, e
convido os colegas que conheçam outras descricoes que as postem aqui, de preferencia
nao como links, porque eles somem, mas como texto mesmo, para que o topico tenha
reunidas as diversas visões sobre o tema.
É importante perceber que todo esse pessoal concorda em alguns detalhes, embora
discordem em outros, para que ninguem se iluda sobre este fulano ou beltrano ter
esclarecido tudo sobre o tema. Os esclarecimentos dependem da capacidade do
investigador.
"Tenha suas proprias experiencias", na prática, significa apenas
"veja no astral o que sua consciencia permite ", e depois os caras ficam brigando para
tentar provar que é o outro que está "mistificando"....
Não ha consenso, mas há semelhancas, e acho que nas semelhancas, nao nas diferencas,
é que a verdade pode ser encontrada.
Comentários
(...)
Se isto já tiver ocorrido, a alma está madura para morrer e a última recuperação
de forças pode não ocorrer; portanto, a ausência desse derradeiro esforço não
significa que o processo de morte não esteja ocorrendo como deveria. Por outro
lado, quando ocorre uma morte violenta, se o corpo for de tal modo destroçado
que a morte venha a ser instantânea, nenhuma gravação do
átomo-semente será possível. Por conseguinte, os esotéricos sustentam que a
alma busca de imediato o renascimento, antes que a segunda morte ocorra, e de
maneira igualmente rápida torna a passar, tendo assumido um corpo físico pelo
tempo apenas necessário para permitir-lhe deixar a vida na devida forma. Mães e
parteiras costumam dizer que recém-nascidos com extraordinária aparência de
inteligência e maturidade nos olhos não vingam. São olhos de uma alma adulta
que elas ali vêem e tudo o que essa alma deseja delas são os ritos fúnebres de
acordo com sua fé. Seu objetivo não é viver, e sim morrer adequadamente.
Pode parecer que isso inflige um grande sofrimento à mãe que fez um grande
sacrifício para trazer essa criança ao mundo apenas para, em seguida, perdê-la;
mas, se examinarmos os registros kármicos do caso, e nenhum ocultista jamais
tentaria julgar a questão à luz de uma única encarnação, veremos que ou há uma
dívida kármica no passivo, que dessa forma é quitada, ou então, se nenhuma
dívida desse tipo puder ser rastreada, foi aberta uma linha de crédito kármico.
(...)
sandrofabres Postagens: 628
CONTINUANDO...
É esse despertar da alma ainda no duplo etéreo que, na fraseologia popular, faz o
seu fantasma vagar no espaço. Mas, no tempo determinado, a menos que
aconteça alguma coisa anormal, as forças magnéticas desse corpo de eletricidade
ter-se-ão esgotado; será como uma bateria que se gastou e a alma deslizará para
fora de suas malhas, não tendo mais nenhum elo de ligação com a matéria.
Mas não é a isto que chamamos de Segunda Morte; é, antes, a segunda metade
da morte física, e, enquanto ela se processa, a alma está adormecida no mais
profundo estado de inconsciência. Ver-se-á agora por que não convém tentar
entrar em contato com uma alma logo que ela tenha partido, pois poderemos
despertá-la de seu sono etéreo e fazê-la "vagar". Não se conclua daí que os
esotéricos condenem a comunicação com os mortos; mas há uma forma certa e
uma errada de efetuar essa comunicação. Há ocasiões em que ela pode ser feita
com segurança e utilidade, e há ocasiões em que seria melhor adiá-la, e
precisamos saber essas coisas para podermos lidar com a morte da maneira
certa.
Nosso pensamento moderno coloca os adultos em relação com os mistérios da
morte, na mesma posição que as crianças em relação com os mistérios do
nascimento; há uma conspiração de silêncio que confunde a questão e nos põe
em grave desvantagem no trato de nossos problemas
(...)
Após a alma finalmente romper sua ligação com o corpo, o que , como vimos no
capítulo anterior , não ocorre com o ultimo suspiro, mas quando a morte etérico
ocorre, três dias depois, ela entra na segunda fase de sua existência
desencarnada.
Sua consciência esta no nível máximo que atingiu em sua vida, porque mantém
tudo o que adquiriu durante sua última encarnação e não é mais prejudicada no
uso de suas faculdades pelos desgastados órgãos corporais . Seu organismo
agora
consiste em:
(5 ) A natureza emocional.
Por um período variável ele ainda existe neste plano , se organizando e fazendo
seus ajustes para a sua nova fase de existência , ele ainda tem a completa
memória de sua vida passada , e seus interesses apenas gradualmente
distanciam-se das coisas da vida fisica. É ainda age como se olhasse para trás,
por cima de seus ombros . Aos poucos, porém , ele está sendo desligado de seus
antigos laços . As memórias se apagam , novos interesses são despertados , a
consciência está fazendo a sua adaptação. O plano em que a alma encontra-se
agora é chamado, na terminologia esotérica , a " Antecâmara de Osíris
".
É neste estado que a alma é mais facilmente contactada por aqueles que ligam os
vivos com os mortos. É a Antecâmara de Osíris que é a vida espiritual como é
conhecida pelo espiritualista . Aqui as almas vivem entre suas próprias formas-
pensamento, as criações de sua própria imaginação , cada um em um mundo
subjetivo de sua autoria, ainda capazes de perceber os mundos subjetivos dos
outros, porque as barreiras da consciência cerebral estão tênues. Aqui vivem e
trabalham os seres cuja tarefa é governar e supervisionar as almas que esperam
na antecâmara , para atender às suas necessidades e ajudá-los a se adaptar às
suas novas condições.
São as condições na antecâmara que as almas dos defuntos contam para aqueles
que deixam atrás de si, quando um médium funciona como telefone. As
entidades que vivem e trabalham neste plano nunca dizem o que sabem a
respeito do que está para além da barreira porque é proibido fazê-lo. A
antecâmara de Osíris é como uma barragem em um rio , não deve haver nenhum
vazamento rio acima até que as portas estejam fechadas .
No devido tempo , no entanto, observa-se que as almas dos defuntos dizer
aqueles que estão mantendo contato com eles que eles receberam uma intimação
para partir , e não serão mais capaz de se comunicar como fizeram até agora .
Pode ser que as mensagens sejam recebidas a partir através de amigos espirituais
nos planos internos , mas a voz real do falecido não se ouve mais
por um tempo.
.........................
Sobre esse estágio mais duro, podem ler detalhes no livro Diálogos com um
executor, do Rubesn Saraceni:
https://drive.google.com/file/d/0ByXGi2vq5-wsS1NpWEJsZHFwbms/view?
usp=sharing
CONTINUANDO)
A comunicação com a alma que está passando pelas diferentes fases da morte é
uma coisa, e comunicação com um morador no mundo espiritual é outra. Almas
que aprenderam tudo o que a vida na Terra pode ensiná-los não precisam mais
encarnar , mas continuam a sua evolução nos planos mais sutis . E não só eles
crescem e evoluem por lá, mas eles também têm o seu trabalho para fazer , pois
eles passaram além do estágio de animais na corrente da evolução, eles são
conscientes , entidades que se auto-dirigem e cooperam inteligentemente com a
obra de Deus. Entrar em contato com eles é um assunto muito diferente de
perturbar os mortos. Para contatá-los , no entanto, é preciso subir a um nível
muito mais elevado de consciência do que o que permite entrar em contato com
as almas dos defuntos que ainda não passaram pelo Portão de Osiris . Só
médiuns altamente desenvolvidos podem fazer esse contato, pois eles estão fora
do alcance da maioria dos médiuns.
Crenças orientais aceitam que a reencarnação de adulto pode-se dar pela tomada
de posse por um espírito que acabou de deixar o seu corpo humano, de um outro
corpo humano que
foi abandonado, no mesmo instante, pelo seu precedente ocupante, havendo um
fim produtivo que justifique a ocorrência. Existe a hipótese, inclusive, de que
Jesus de Nazaré reencarnou na idade adulta, exatamente na ocasião do seu
batismo, daí a existência dos períodos obscuros de sua vida pregressa, anterior à
vida pública de apenas três anos.
Isso levanta diversas hipóteses que podem contribuir para nossas pesquisas: —
Mes¬mo com a ruptura do cordão de prata, ou seja, a passagem pela primeira
morte, a consciência ainda sente as impressões do corpo humano através dos
resquícios energéticos do duplo etérico? (Parece que sim em certas injunções ou
circunstâncias extrafísicas.) Outras questões: — Que
circunstâncias extrafísicas são essas? Será que a consciência da jovem sentiu a
dor provocada pelo arranhão? Pode ser que sim. Sob estes aspectos, o ato da
cremação dos cadáveres merece ser minuciosamente analisado. Por outro lado,
não se pode descartar estas outras perguntas: — Será que a consciência da jovem
viu o arranhão no seu corpo a caminho da decomposição e o plasmou ou o
insculpiu por autotransfiguração no para-rosto do seu psicossoma, ao modo das
estigmatizações humanas? Esta hipótese parece menos provável? Será que o
cordão de prata já estava mesmo rompido no instante da arranhadura? Ou a
jovem foi na verdade enterrada viva?
Uma das evidências subjetivas, menores mas nem por isso desprezíveis, da
transição da primeira morte é a clarividência daqueles médiuns que vêem os
seres encarnados de¬sencarnarem, inclusive com a decolagem final do
psicossoma do moribundo.
Segunda morte: desativação e descarte do duplo etérico, incluindo a reti rada dos
resquícios do cordão de prata e da aura relativa ao duplo etérico, ficando a
consciência
desencarnada no corpo mental e no psicossoma que apresenta a sua própria aura.
agosto 14
(...)
Quando adormecemos, abandonamos inteiramente o veículo físico,
concentrandonos no nosso corpo astral. No ato da morte, o homem leva consigo
a parte etérica do corpo físico e, por conseqüência, enquanto não consegue se
desembaraçar dela, permanece num estado de completa inconsciência. O duplo
etérica não é um veículo nem pode ser utilizado como tal. Assim, enquanto o
homem está envolvido por êle, não se sente apta para funcionar nem no plano
física nem no astral. Há homens que conseguem desembaraçar-se dêste
invólucro etérico imediatamente; outros, conservam-na horas, dias e mesmo
semanas. Não é absolutamente certo, aliás, que o homem, uma vez livre de seu
duplo etérico, tenha imediatamente consciência do plano astral, porque existe
nêle em grande parte as mais baixas matérias astrais, o que permite a formação
de uma capa ou camada que o envolve por todos os lados. Muitas vêzes êle é
absolutamente incapaz de utilizar esta matéria.
A matéria astral penetra a matéria física como se esta matéria física não
existisse. Porém, cada subdivisão da matéria física atrai fortemente a matéria
astral da subdivisão correspondente. Daí resulta que cada corpo físico tem sua
reprodução astral. Tomemos um copo dágua e coloquemo-lo sôbre a mesa. O
copo e a mesa, sendo feitos de matéria física em estado sólido, são penetrados
pela matéria astral da subdivisão mais inferior. A água, sendo líquida, é
penetrada pela matéria astral da 6ª subdivisão; ao passo que o ar que rodeia a
ambos, sendo gasoso, é inteiramente penetrado pela matéria gasosa astral, ou,
por outras palavras, pela matéria da 5ª subdivisão. Porém, do mesmo modo que
o ar e a água, o copo e a mesa estão impregnados pela matéria mais sutil das
subdivisões superiores do plano astral, que correspondem à matéria etérica.
Notemos, todavia, que todo sólido astral é menos denso que o mais sutil dos
éteres físicos.
sandrofabres Postagens: 628
agosto 14
(CONTINUANDO)
A menos que não tenha sofrido nôvo arranjo na matéria de seu corpo, o homem
que se encontra no mundo astral, após a morte, aí não percebe grande diferença
da vida física. Pode ir e vir em tôdas as direções, porém permanece de
preferência na vizinhança do lugar onde viveu. Guarda a faculdade de ver ainda
sua casa, seu quarto, seus móveis, seus parentes, seus amigos. Os vivos, quando
de todo ignoram os mundos superiores, imaginam ter "perdido" aquêles que
abandonaram o corpo físico. Mas os mortos não experimentam, sequer
momentâneamente, a impressão de terem cessado de viver. Uma vez em seu
corpo astral, não lhes é mais possível distinguir o corpo físico dos vivos; mas
vêem o seu corpo astral e como a forma dêste é semelhante à forma do corpo
físico, reconhecem a presença de seus amigos. Cada um dêles lhes parece
envolvido de um ligeiro ovóide de bruma luminosa; e, por pouco que tenham
adquirido uma certa faculdade de observação, podem notar outras pequenas
modificações no meio ambiente. Possuem, em todo caso, a certeza de não terem
sido enviados a algum céu ou inferno longínquo; mas de estarem em contato
com o mundo que, embora visto sob um ângulo diferente, lhes é, todavia,
familiar.
O pêso específico de seu próprio corpo astral tende a fazê-lo flutuar abaixo da
superfície da terra. A matéria física do planêta não tem absolutamente existência
para os seus sentidos astrais. Sente-se atraído naturalmente para a matéria astral
menos delicada, que nada mais é que a contraparte da matéria sólida. Um
homem que se identificar com a mais baixa das subdivisões, encontra-se na
obscuridade e até certo ponto separado dos outros mortos que, graças às suas
vidas melhores, vivem em esferas mais elevadas
(...)
A quarta, a quinta e a sexta subdivisões do mundo astral (para as quais grande
maioria se sente atraída) são ali uma reprodução exata do mundo físico e de seus
acessórios familiares. Na sexta subdivisão a vida é a mesma que no plano físico,
exceção todavia do corpo físico e suas necessidades. Ao nos elevarmos à quinta
e em seguida à quarta, elas se tornam cada vez menos materiais, afastando-se
ainda mais do nosso baixo mundo e de seus vis interêsses.
Algumas vêzes, nas sessões espíritas, entra-se em contato com uma entidade
dêste gênero; ficamos surpreendidos então e perguntamos como pode um ser
ficar tão deteriorado depois de sua morte. São estas entidades fragmentárias que
recebem o nome de "sombras". Por fim, êste fragmento de consciência se
extingue no corpo astral, sem todavia voltar ao Ego a quem anteriormente
pertenceu. Isto não impede ao cadáver astral subsistir, mas sem manifestar o
mais leve traço de sua vida anterior. Demos-lhe o nome de "casca". Unicamente
por seu poder uma "casca" não se pode manifestar nas sessões de espiritismo
nem agir de qualquer maneira. Mas lhe acontece freqüentemente ser capturada
por alguns espíritos da natureza, de caráter maligno, que se servem
momentâneamente dela como habitação. Uma "casca" assim habitada pode
comunicar-se em sessões e com êste disfarce representar perfeitamente o papel
daquele a quem pertencera, pois alguns de seus traços característicos e certos
clarões de sua memória, que emanam ainda do seu corpo astral, são suscetíveis
de ser evocados pelos espíritos da natureza.
(...)
sandrofabres Postagens: 628
agosto 14
(CONTINUANDO )
Quando, por sua vez, a vida astral termina o homem morre para êsse mundo, e
desperta no mundo mental.
(…)
A posição do homem no mundo mental difere consideràvelmente da do mundo
astral. Lá, servia-se de um corpo ao qual já estava muito acostumado, pois que,
cada noite, durante o sono, tinha o hábito de empregá-lo. Vive aqui, num veículo
que não conhece e que além disso está longe de ser completamente desenvolvido
e que em grande parte o isola. A porção inferior de sua natureza extinguiu-se
durante seu tempo de "purgatório"; agora só lhe restam os pensamentos mais
delicados, as belas e generosas aspirações de sua vida terrestre. Tôdas se
comprimem e o envolvem, formando em tôrno dêle uma espécie de invólucro
por meio do qual fica em condições de se harmonizar com certas categorias de
vibrações provenientes da matéria sutil.
(...)
O homem comum não manifesta grande atividade no mundo mental. Antes de
tudo é receptivo; quanto a ver o que se encontra fora do próprio acervo de seus
pensamentos, não o pode senão muito debilmente. Vive cercado de fôrças vivas,
de anjos, poderosos habitantes dêste mundo glorioso; muitos dêles são sensíveis
a certas aspirações do homem e lhes correspondem prontamente. Mas o homem
não pode tirar vantagens disso, senão proporcionalmente ao seu preparo prévio.
(...)
A maior parte dos indivíduos não tem pensamentos elevados senão os referentes
à afeição e à devoção. Quem ama profundamente outra pessoa ou experimenta
um sincero sentimento de devoção para com uma certa divindade, forma uma
poderosa imagem mental do amigo ou da divindade e o objeto dêste sentimento
está constàntemente presente ao seu espírito. Inevitàvelmente leva esta imagem
consigo para o mundo celeste, porque é a esta categoria de matéria que ela
pertence por sua constituição especial
(…)
Assim, cada homem, no mundo celeste, vive cercado dos amigos, dos quais
ansiosamente procura a sociedade.Êstes amigos apresentam-se sempre sob seu
melhor aspecto, porque êle mesmo cria, em atenção dêles, a forma-pensamento,
graças à qual lhes será possível manifestarem-se.
(…)
Esta vida gloriosa também tem um fim. Então, o corpo mental cai, por sua vez,
como caíram os outros corpos; e o homem começa a viver no seu corpo causal.
Aí, não tem mais necessidade de "janelas abertas", porque se encontra na sua
verdadeira moradia, e todos os muros, um por um, foram caindo. Os homens em
sua maioria não são conscientes em uma tal altura. Mas o que êles vêem é mais
ou menos real, conforme o grau de desenvolvimento de cada um. Entretanto,
cada vez que a êste nível voltarem, com o progresso contínuo que tiverem
adquirido, esta vida, a mais verdadeira de tôdas, será naturalmente para êles
mais extensa e muito mais intensa.
(...)
Deixamos atrás de nós uma verdadeira série destas vidas físicas e muitas destas
o homem comum tem a vencer. Cada uma delas é, se assim me posso exprimir,
um simples dia de aula. O Ego reveste-se de sua vestimenta de carne e volta à
escola do mundo físico para aí aprender um certo número de lições. Enquanto
dura a aula, q ue é a vida terrestre, ou êle estuda satisfatoriamente suas lições, ou
absolutamente não as estuda ou finalmente só parcialmente as estuda. Em
seguida, libertando-se de suas vestes carnais, volta à sua verdadeira morada, no
nível que lhe é próprio, para repousar e refazer-se. Na alvorada de cada vida
nova, retoma sua lição, precisamente no lugar onde a tinha deixado na véspera.
(...)
O aluno sensato compreende que esta vida de escola nada vale por si mesma, e
só tem valor porque constitui preparação para uma vida mais gloriosa e
infinitamente mais desenvolvida; procura assimilar tanto quanto possível as
regras da sua escola, e, na medida de seus meios, a essas regras conforma
inteiramente sua vida, de sorte a não perder um só instante do estudo que lhe é
indispensável. Coopera inteligentemente com os Instrutores, trabalha e faz o
máximo de esfôrço a fim de atingir o mais cedo possível sua maioridade, e
entrar em seu reino como um Ego glorificado.
..................
Fonte: Compêndio de Teosofia- Leadebater
Na hora da morte chega sempre, ante o leito, o anjo da morte. Destes há legiões
e todos eles trabalham de acordo com a grande lei.
-Segundo, o corpo vital (este escapa do corpo físico com a última exalação); tal
veículo flutua ante o sepulcro e se vai decompondo lentamente à medida que o
corpo físico se desintegra.
Isto que continua depois da morte não é, pois, algo muito formoso. Aquilo que
não é destruído com o corpo físico não é mais que um montão de diabos, de
agregados psíquicos, de defeitos. O único decente que existe no fundo de todas
entidades cavernárias que constituem o ego é a Essência, a psique, isso que
temos de alma.
Ao regressar a um novo veículo físico, entra em ação a lei do carma, pois não
existe efeito sem causa, nem causa sem efeito. Os anjos da vida encarregam-se
de conectar o cordão de prata com o zoosperma fecundante.
Inquestionavelmente, muitos milhões de zoospermas escapam no instante da
cópula, mas só um deles goza do poder suficiente para penetrar no óvulo, a fim
de realizar a concepção. Esta força, de tipo muito especial, não é um produto do
acaso ou do azar. O que acontece é que é impulsionado de dentro em seu
energetismo íntimo pelo anjo da vida, que em tais instantes realiza a conexão da
Essência que retorna.
A Essência vem ficar, pois, conectada com a célula germinal por meio do cordão
de prata e, como tal célula se divide em duas e as duas em quatro e as quatro em
oito e assim sucessivamente para o processo de gestação fetal, é claro que a
energia sexual se converte de fato no agente básico de tal multiplicação celular.
Isto significa que de modo algum se poderia realizar o fenômeno da mitose sem
a presença da energia criadora.
O desencarnado, aquele que se prepara para tomar um novo corpo físico, não
penetra no feto. Só vem a se reincorporar no instante em que a criatura nasce, no
momento preciso em que realiza sua primeira inalação. Muito interessante
resulta que com a última exalação do moribundo vem a desencarnação e que
com a primeira inalação reingressamos num novo organismo.
Se o ego pudesse escolher o local, lugar ou família, etc., para sua nova
reincorporação, então os ambiciosos, orgulhosos, avaros, cobiçosos, buscariam
os palácios, as casas dos milionários, as ricas mansões, os leitos de rosas e de
plumas e o mundo seria todo riqueza e suntuosidade. Não haveria pobres, não
existiria a dor nem a amargura; ninguém pagaria carma; todos poderíamos
cometer os piores delitos sem que a justiça celestial nos alcançasse, etc., etc.,
etc.
A crua realidade dos fatos é que o ego não tem direito a escolher o lugar ou a
família onde deve nascer. Cada um de nós tem que pagar o que deve. Escrito
está que o que semeia raios colherá tempestades. Lei é lei e a lei se cumpre!
Estou falando agora de algo que aos senhores pode parecer estranho. Pude
comprovar até dez personalidades descartadas correspondentes a um mesmo
dono, quer dizer, a dez retornos de um mesmo ego. Vi-as num intercâmbio de
opiniões subjetivas, reunidas entre si por afinidade psíquica.
No entanto, quero esclarecer um pouco mais isto para evitar confusões. Eu disse
que não nascemos com a personalidade; que devemos formá-la; que isto é
possível durante os sete primeiros anos da infância. Também afirmei que no
instante da morte tal personalidade vai ao panteão e que, às vezes, perambula
dentro do mesmo ou se esconde na sua sepultura. Pensai, agora, por um
momento, num ego que depois de cada retorno escapa do corpo físico. É claro
que ele deixa para trás de si a personalidade. Se reunimos, por exemplo, dez
vidas de um mesmo ego, teremos dez personalidades diferentes e estas se podem
reunir por afinidade para conversar nos panteões e fazer intercâmbio de opiniões
subjetivas.
O Dalai Lama nos fala, numa extensa e detalhada introdução ao livro Tibetano dos
Mortos (em inglês, The Tibetan Book of the Dead: First Complete Translation
(Penguin Classics)), sobre o "eu" e a reencarnação. Ele começa esclarecendo um ponto
muito importante e pouco divulgado do budismo: no ocidente têm-se a crença de uma
alma indivisível, pura, separada da mente (que chamamos de "eu" ou "ego", enquanto a
alma é referida como "Eu"). No budismo não há uma coisa assim, pois o que nós
chamamos de "eu" é um agregado de valores, todos interrelacionados e em constante
mudança, o que inclui especialmente os "5 agregados do apego":
O corpo (Rupa);
Os sentimentos (Vedana);
As percepções (Samjña);
Construções mentais; (Samskara);
A consciência (Vijñana).
Esse conceito, que os budistas chamam de Anatta (do sânscrito anâtman, ou não-
alma) pode ser sintetizado na frase "não há coisa alguma com um eu". Está de acordo
com a doutrina do desapego, levada ao extremo de desapegar daquilo que compõe um
"eu" e nos mantém aprisionados na Matrix. Então a dúvida que surge na mente
ocidental, acostumada a uma "alma", é "e como surgiu a PRIMEIRA idéia de alma que
nós temos, e que nos levou a consciência, que deu origem às construções mentais, que
deu origem à matéria, que deu origem às percepções e aos sentimentos?". Dalai Lama
nos fala que se originou de um pequeno despertar de consciência, que está ligado a
outro despertar de consciência, e outro, e outro, num continuum parecido com o dilema
que os cientistas enfrentam com o Big Bang (o que veio antes do Big Bang? E antes? E
antes?).
Este pensamento não é só uma teoria que está empoeirada num livro e trazida somente
como curiosidade, pois é o cerne do budismo: a impermanência de tudo (inclusive o
"eu"), a não identificação com nada (inclusive o "eu") e, consequentemente, o fato de
que não se deve rotular alguém como algo, porque para o budismo não existe um
assassino, mas uma consciência imersa na ignorância e que cometeu erros, mas que
pode sair da ignorância, até porque toda a nossa experiência neste plano de existência é
um grande convite para a mudança, mesmo que não nos apercebamos (leiam ou releiam
a parábola Angulimala Sutta de Buda e vocês a entenderão com novos olhos). Há aí um
forte componente psico-social no budismo, pois pra essa doutrina não existe nada
quebrado que não possa ser consertado, pois ambos são condicionamentos baseados na
causa e efeito. Como disse o proprio Buda no momento da iluminação: Essencialmente
todos os seres vivos são Budas, dotados de sabedoria e virtude, mas como a mente
humana se inverteu através do pensamento ilusório, não o conseguem perceber.
Isto é aplicado na prática em Pernambuco, pelo NEIMFA, na promoção da resiliência
em adolescentes que vivem em situação de risco dentro da cidade/favela do Coque.
Mais ainda: dentro dos conceitos da doutrina, os budistas são ensinados a não alimentar
ilusões sequer de iluminação (a "meta" do budismo!), como podemos ver no
ensinamento do patriarca chinês Lin-chi, no séc. IX:
Seguidores do caminho, se você desejar ver o Dharma claramente, não se deixem ser iludidos.
Se você se voltar para o exterior ou para o seu interior, o que quer que você encontre, mate-o.
Se você se encontrar com o Buda, mate o Buda; se você se encontrar com os patriarcas, mate
os patriarcas; se você se encontrar com Arhats, mate os Arhats; se você se encontrar com seus
pais, mate o seu pais; se você se encontrar com seus parentes, mate seus parentes; então, pela
primeira vez, você verá claramente. E se você não depender das coisas, haverá emancipação,
haverá liberdade.
A finalidade deste ensinamento não era, obviamente incentivar o homicídio (um dos
preceitos budistas é não matar), mas sim o desapego, não só das coisas físicas como
das tradições, das cerimônias, da expectativa de uma iluminação por conta de certas
práticas. Esse é o ensinamento budista mais valioso, exposto da forma mais radical e
efetiva (não tomada literalmente, claro).
O que é um pouco mais teórico é a crença de que esses agregados habitam três mundos, que
se subdividem em outros níveis (ou reinos). Pra facilitar pra nossa mente ocidental, vou
chamar esses mundos de "dimensões", já que estamos acostumados com o conceito:
Onde o móvel, ou seja, a motivação, é o desejo. É esta a dimensão que habitamos. Ela
se subdivide em 5 reinos:
O Reino do Inferno (onde habitam as mentes dominadas pela raiva e pelo ódio);
O Reino dos Fantasmas Famintos (mentes dominadas pela ganância ou cobiça. Neste
estado, nunca podemos obter o que queremos, nem podemos desfrutar da comida ou
bebida que desejamos desesperadamente como fantasmas famintos);
O Reino Animal (mente que caiu sob a influência da cegueira, da estagnação mental e
da estupidez. Nesse estado não é possível praticar o Dharma);
O Reino Humano (a primeira das existências nos reinos superiores. Os humanos são
praticamente os únicos seres dotados com as condições necessárias para o progresso
espiritual, assim com as faculdades que permitem a prática e a compreensão do
Dharma);
O Reino dos Deuses Invejosos (quando o karma é, acima de tudo, positivo, porém
misturado com a inveja, a causa é o nascimento no reino dos deuses invejosos. Este é
um estado feliz, dotado com muitos poderes e prazeres mas, por causa da força da
inveja, há constantes brigas e conflitos. Os deuses invejosos opõem-se aos deuses que
são seus superiores e brigam entre si mesmos. Parece ter inspirado o roteiro de
Cavaleiros do Zodíaco, ou as tragédias gregas);
O Reino Divino (karma positivo combinado com pouquíssimo karma negativo resulta
em um renascimento nos estados divinos, onde os deuses se comprazem em serem
adorados. É alguém como o Shaka de Virgem, que ainda quebra-pau ocasionalmente
com os deuses invejosos);
Ela se subdivide em 17 reinos. Os seres nestes estados têm uma forma sutil e corpos
extremamente grandes, luminosos; suas mentes conhecem poucas paixões, poucos
pensamentos; e eles desfrutam de uma felicidade incrível. A paixão predominante é o
orgulho sutil - os seres destes reinos acham que atingiram algo superior e vivem um tipo
de auto-satisfação. Estes estados da dimensão da forma sutil correspondem aos quatro
níveis de concentração meditativa, caracterizados pela transcendência progressiva da
investigação, da análise, da alegria e do êxtase.
Finalmente, além até mesmo deste quatro níveis de concentração do reino da forma,
pode haver o nascimento no reino sem forma. Os seres deste reino não experienciam
qualquer sofrimento severo e virtualmente não têm quaisquer paixões; eles permanecem
apenas em uma forma extremamente sutil. Eles têm apenas o quinto agregado da
individualidade - a consciência - ainda presente como uma ignorância sutil que lhes dá o
sentimento de existir neste corpo sem forma. Essa idéia, que permanece em suas
mentes, é um tipo de estagnação mental, que impede a realização da natureza última da
mente e que acaba por agir como uma mãe que dá a luz aos outros agregados. Tais
deuses ainda estão sujeitos à morte e à transmigração, e, por não terem o poder de
permanecer em sua condição divina eternamente, sofrem e acabam tendo de renascer
em um reino inferior.
Isso porque todos estes estados são transitórios e condicionados: todos eles são parte da
roda do Samsara. Para ser livre do samsara, a consciência em si deve ser
definitivamente transformada na sabedoria primordial, a sabedoria da iluminação.
Ou seja, apesar do não-eu, do desapego para com a morte, o budismo não é niilista, e
foca numa significação da vida (a VIDA nunca é negada) em favor do próximo. Tanto
que há um título budista que é o Bodhisattva, um ser que atingiu a capacidade suprema
de iluminar-se e abandonar o Samsara (ou seja, alcançar o Nirvana) mas não o faz, por
pura compaixão pelos seres, e então retorna a este reino, ajudando as pessoas a
alcançarem a libertação (Jesus, por exemplo).
No budismo tibetano há uma relação estreita entre a morte e o sono. Em ambos os casos
os laços que prendem esses agregados se afrouxam e é possível alcançar outros níveis,
reinos ou mundos, e continuar trilhando o Dharma em busca do Nirvana. Ainda assim, o
budismo não difere o estado do sonho da vigília: Nos dois casos se vive uma ilusão.
Para auxiliar neste processo de clareamento da consciência durante o sono, existe o
Yoga do sono (Dream Yoga, ou Milam), técnica tibetana baseada no Yoga Nidra:
o estado em que se vê com os olhos, o estado em que é possível mover-se em sonhos, aquele
em que se dorme profundamente e o que está além do sono profundo. Esses são os quatro
estados. Desses quatro, o quarto é superior aos demais.
O quarto estado é o sono profundo, sem sonhos. É o único estado onde a mente (chitta)
não está ativa, ou seja, não há qualquer conteúdo psico-mental. O sono é então uma
experiência de inexistência não-consciente. Pode-se por isso dizer que no sono profundo
a consciência do ego (ahamkara) se dissolve temporariamente. Quando isso acontece,
e no sono predomina o equilíbrio (sattva), experimenta-se, ainda que de forma limitada,
a felicidade suprema (ananda). Isso explica porque, depois de uma noite de sono
profundo, é comum a pessoa acordar com uma sensação de leveza e bem-estar, e explica
também porque tantos buscam refugiar-se dos seus problemas no sono. No entanto, para
a mente não-treinada, não existe discernimento (viveka) neste processo. E, para que a
libertação seja alcançada, é imprescindível que se esteja consciente do processo. Não
sendo assim, permanece-se na ignorância existencial (avidya), que assalta o ser
humano não-iluminado. O Yoga Nidra busca exatamente trazer à consciência esse
processo, de você ser dono do seu próprio sono e atingir níveis de relaxamento que pode
ir muito além do conseguido comumente na meditação.
Freud também fala de uma "lei biológica da atenção", onde o "eu" tem uma tendência
inata a ocupar percepções, ou seja, identificar-se com o que capta do exterior, introjetar
elementos externos para o interno. Mas, para que os estímulos externos sejam
percebidos, é necessário não apenas que tais estímulos alcancem o organismo, mas que
as representações constituídas por eles sejam também ocupadas pelo "eu". Pelo menos a
mim me pareceu similar ao processo de identificação com o "eu" no budismo.