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Para a refutação uso declaradamente como base dois capítulos do livro do professor
Ronald Numbers: “Galileu na Prisão e outros mitos sobre ciência e religião”. Neste livro
vários pesquisadores especialistas em história debatem vários mitos antirreligiosos, os
autores são reconhecidos como especialistas sobre história da ciência. Mas vamos ao
corpo do texto que interessa:
Essa alegação foi respondida por Haskins e Grant no corpo do primeiro artigo, só para
lembrar:
Se a Igreja Católica não criou (no pior dos casos), pelo menos apoiou,
supervisionou, padronizou, deu aval e subsidiou. As universidades têm
seu núcleo inicial nas guildas medievais de estudantes e professores.
Isso na renovação cultural dos séculos XII (HASKINS, 2015, p. 20). Os
imperadores e os Papas deram legitimidades a essas instituições, e por
muitas vezes gerenciaram os conflitos entre os estudantes e a
população local, muitas vezes belicoso […].
Precisamos de uma introdução, muitos pensam que a Idade Média, momento de
hegemonia cultural da Igreja Católica no Ocidente como um momento nenhuma produção
científica e presa a leitura do Evangelho. Inclusive pesquisadores recentes, pouco
acostumados a pesquisa as fontes tendem a esse erro. Talvez esses pesquisadores
tenham a série Cosmo como fonte de pesquisa (SHANK, 2012, p. 36). O período medieval
gerou as universidades. Em 1500 havia na Europa, cerca de sessenta (60) universidades
espelhadas pelo continente, 30% do currículo delas era voltado para temas e textos sobre
o mundo natural (Idem, p.38). Se a Igreja medieval pretendeu desencorajar ou suprimir a
ciência, não há dúvida de que cometeu o erro colossal, ao tolerar – para não dizer apoiar –
a universidade (Idem, p. 38). Algumas características dessas universidades católicas; nem
todo mundo era religioso. Muito não tinham requisitos para estudar a teologia. Devido às
querelas entre universidades, os estudantes das artes liberais não eram autorizados a
trata de temas religiosos. Nem todas as universidades tinham faculdades de teologia
(Idem, p.39).
Agora volto a algumas considerações sobre texto que TENTOU me replicar. Uma das
tentativas é sobre o Padre Fleury, eu desconheço essa afirmação justamente por NÃO ser
um jansenista, mas um católico verdadeiro. Ué, jansenistas são o que? Budistas?
Um historiador moderno procura ter uma critica as fontes, não é porque a testemunha
tenha sido ocular ou próxima a época que consideramos a fonte como fidedigna e única
representação do passado. Basta ver que nos tempos atuais há um movimento
chamado Historiadores pela Democracia, que abraçaram o discurso de Golpe
o Impeachment de Dilma Rousseff, numa luta ideológica pela memória do Tempo
Presente. Até historiadores podem construir uma visão estereotipada de fenômenos
próximos historicamente. Não existe fonte pura, até fonte testemunhal sofre influências.
Cabe ao historiador dá a melhor versão possível aos acontecimentos. Um historiador
prova algo? Como se história não é uma ciência empírica? Complicado, ou talvez
impossível para um historiador provar alguma coisa. Podemos dar versões plausíveis,
baseados em fontes primárias e secundárias, analisadas de maneira critica.
O texto aqui não é para acusar ninguém, mas para mostrar que a historiografia moderna
contradiz mito de que as instituições da Igreja estavam atrasadas em relação aos
protestantes. Alister McGrafth e Peter Harrison possuem opiniões diferentes sobre as
causas, e mesmo outros historiadores também têm, não há consenso sobre os motivos
do aparente número maior de cientistas protestantes na revolução científica. O certo é
que católicos e protestantes contribuíram para as ciências (assim como os muçulmanos),
não é uma competição de que fez mais, afinal, quando cito Whitewead no início de meu
artigo-tese, segundo o autor, da ciência é a teologia medieval (ora católica). Nenhum autor,
nenhum historiador moderno jamais dirá, sem passar vergonha na academia, que a
universidades católicas eram atrasadas.
Esse negócio de atraso das universidades católicas, só para reforçar, é balela triunfalista e
infantilóide, mesmo porque nomes de católicos como Galileu, Alberto Magno, Tomás de
Aquino, Copérnico, Johannes von Gmunden, John Peckham, William de Ockham, Nicolau
de Cusa, etc, reforçam a noção da contribuição do catolicismo para o nascimento da
ciência moderna ocidental. Não estamos dizendo que as universidades protestantes são
melhores ou piores, pois a ciência é contínua e se alimenta do legado do passado, assim
como de trocas entre cientistas. A ciência não é um vento isolado, ela é um programa
progressivo e também um processo cumulativo (Kuhn, 2011, p.77).
Bibliografia
GRANT, Edward. História da Filosofia Natural: do mundo antigo ao século XIX. São Paulo:
Masdras, 2009.
KÜHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 11ªed. São Paulo: Perspectiva,
2011.
[iv] Não encontrei os critérios da UNESCO para dizer que está foi a primeira universidade,
no máximo pareceu que al Quaraouiyine é um patrimônio cultural da
humanidade. Disponível em: <http://whc.unesco.org/en/list/170/>. Acesso em
10/09/2016.