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“ FALANDO
DE
NÓS
Ator(iz) _____________________________________________________________________
Associação de Apoio as Artes Cênicas, Cultura e Educação
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CENA 02
MAÉLIKA: Oh! que saudades que tenho / Da aurora da minha vida, / Da minha infância querida / Que os anos não trazem
mais! /Que amor, que sonhos, que flores, / Naquelas tardes fagueiras / À sombra das bananeiras, /Debaixo dos laranjais!
MANU Como são belos os dias / Do despontar da existência! / - Respira a alma inocência / Como perfumes a flor; / O mar é
- lago sereno, / O céu - um manto azulado, / O mundo - um sonho dourado, / A vida - um hino d'amor!
JULIANA: Que aurora, que sol, que vida, / Que noites de melodia / Naquela doce alegria, / Naquele ingênuo folgar! / O céu
bordado d'estrelas, / A terra de aromas cheia / As ondas beijando a areia / E a lua beijando o mar!
LIZ: Oh! dias da minha infância! / Oh! meu céu de primavera! / Que doce a vida não era / Nessa risonha manhã. / Em vez
das mágoas de agora, / Eu tinha nessas delícias / De minha mãe as carícias / E beijos de minha irmã!
FLÁVIA: Livre filho das montanhas, / Eu ia bem satisfeito, / De camisa aberto ao peito, / - Pés descalços, braços nus - /
Correndo pelas campinas / À roda das cachoeiras, / Atrás das asas ligeiras / Das borboletas azuis!
JENNIFER: Naqueles tempos ditosos / Ia colher as pitangas, / Trepava a tirar as mangas, / Brincava à beira do mar; /
Rezava às Ave-Marias, / Achava o céu sempre lindo, / Adormecia sorrindo / E despertava a cantar!
MANU: O fato não se repete, o tempo não se consome, a história permanece viva, o fato permanece inerte e a realidade traz
no seu bojo, a saudade de gente que fez e gente que faz a história acontecer.
JULIANA: Carlos Chagas cidade menina, cidade mulher, seu nascimento surgiu com o visionário Teófilo Benedito Otoni
quando teve a idéia de dar a Minas Gerais um porto, usando o rio Mucuri para escoar a produção do estado através de
embarcações, que ligaria a Santa Clara até o porto de Mucuri.
Mas a verdade era bem outra...
ALEX SILVA: Senhor Teófilo Benedito Otoni chegou para Vossa Senhoria esta mensagem.
CENA 03
LIZ: Teófilo Otoni era um bandeirante! De tempora forte, Desbravador nato ! Mesmo tendo o enorme desafio deu inicio a
obra começando do mar, em direção a Santa Clara. Mas e Agora ?
FLÁVIA: Tudo isso em meio uma mataria densa inóspita com cobras, onças, mosquitos e índios mais bravos que onça.
JENNIFER: A obra se arrostou por 15 anos, apenas com o trabalho braçal incessante de homens em meio a malária, e
ataques de índios que assombravam os trabalhadores.
MAÉLIKA: --Sabe-se que Teófilo Otoni era um homem que pensava grande! E predestinava uma riqueza sem par naquelas
terras...que eram ótimas para as plantações e também para pecuária, mal sabiam eles que naquelas terras haviam ouro e
pedras preciosas a perder de vista...
MANU: Mesmo com todos estes planos Teófilo Otoni era um homem que tinha um respeito enorme, a vida ali presente e
seu enorme espírito patriota o faria querer a todo custo preservar os índios.
JULIANA: Dizem que os puros, como os indíos e crianças parecem ter o poder de captar os defeitos e qualidades do espírito
de um indivíduo logo que vêem. E Teófilo Otoni era um desses homens que instigava confiança.
LIZ: Por terem conhecimento acerca das dizimações dos índios pelos homens brancos, os índios de urucu eram agressivos,
arredios, desconfiados. Atravessavam a construção da estrada com seus constantes ataques.
FLÁVIA: Diante o fato Teófilo Otoni sentiu que era necessário dar aos empregados e trabalhadores, uma proteção mais
eficaz na instalação de um Posto Militar permanente, sendo criada a Colônia Militar entre Santa Clara e Filadélfia, nas
margens do rio urucu no ano de 1854.
JENNIFER: Hoje conhecida como Epaminondas Otoni, naquela época foi foco inicial da colonização do município de
Carlos Chagas.
CENA 04
CHRIS: TÉOFILO: (ANDANDO DE UM LADO PRO OUTRO) Senhores com a Criação da Colônia o governo me
incumbiu de povoá-la com vinte famílias. E fizemos algumas expedições aos moradores da borda da mata.
ALEX G: Mas Teófilo ocorre que o medo invencível que esses moradores tem dos índios bravos e canibais, conforme
notícias já espalhadas na região, ninguém quer vir para estas terras.
CHRIS: TEÓFILO: Mas temos que achar uma saída para povoar a Colônia.
ETEMÍCIO: Senhor Teófilo tomei conhecimento que uma moléstia assombra a ilha da madeira, trazendo grandes prejuízos
e miséria para muitos pequenos agricultores, quem sabe as pessoas que estão por lá não se interessem de vir para a Colônia.
CHRIS: TEÓFILO: Analisando a situação meu caro amigo, é uma boa idéia de trazer esses agricultores para povoar a nossa
Colônia.
MAÉLIKA: Assim foi feito, a Colônia Militar de Urucu foi povoada inicialmente pelas famílias madeirenses:
MANU: JOÃO MIGUEL JARDIM,
JULIANA: FRANCISCO PEREIRA CAMACHO,
LIZ: ANTÔNIA JOAQUIM NUNES,
FLÁVIA: JOSÉ TEIXEIRA DE AGUILAR
JENNIFER: MANOEL DE FREITAS E SILVA, e muitos outras cujos descendentes ainda hoje encontram povoando o
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município.
MAÉLIKA: Em 1858 enganados uma nova leva de colonos de origem BELGA e HOLANDEZA, se dirigiram para a
Colônia Militar.
MANU: Com a promessa de nova terra, dinheiro, casa própria, terras já cultivadas, instrumentos de agricultura, e até gado de
toda qualidade, seria o próprio paraíso!
JULIANA: Mas a realidade era bem outra, era de desanimar até aqueles que já vinham com ânimo preparado.
LIZ: Quanto mais a esses enganados pelo agente e que imaginavam que suas dificuldades eram apenas chegar a essa terra
prometida
FLÁVIA: Foi uma decepção para eles e para Teófilo Otoni.
JENNIFER: Mesmo assim Teófilo Otoni ele fez todo possível para ajudá-los.
MAÉLIKA: Mas a mata densa, a necessidade de construir sua própria casa, as doenças que não conheciam, a desilusão
sofrida, fizerm muitos desistirem.
MANU: E muitos morreram.
JULIANA: Contudo muitos descendentes dessas famílias povoam o município de Carlos Chagas.
LIZ: BRAUER
FLÁVIA: HOGESTEIN
JENNIFER: JUNKER
MAÉLIKA: COLEN
MANU: KRIGSMAN
JULIANA: VADERMAS
LIZ: VANDERREE
FLÁVIA: VERMEULEN
JENNIFER: VAGEMAKER
MAÉLIKA: Teófilo Otoni comunicava com esses colonos através do intérprete JOÃO KRETLI.
MANU: Dos chineses contratados para a construção da estrada, alguns domiciliaram na Colônia.
JULIANA: E como seus nomes eram difíceis, o oficial de registro dava-lhes como nome de família aquele da sua região de
origem.
LIZ: E assim surgiram as famílias: CANTÃO, CONTÃO, CANTON, CHINA, CHIN, etc
FLAVIA: Com todas as dificuldades encontradas: mão-de-obra, instrumentos deficiente região inóspita, além de paixões,
ódios, saudades, medos, rancores, ciúmes.
JENIFER: Toda gama de sentimentos que brotaram onde se encontra o homem a 23 de agosto de 1.857, 04 anos após o
início dos trabalhos.
MAÉLIKA: Teófilo Otoni entra triunfante em sua Filadélfia no seu carro de 04 rodas, tirando as bestas pela estrada de Santa
Clara.
MANU: Então estava pronta a primeira estrada de rodagem construída em todo o império brasileiro.
JULIANA: Cento e setenta quilômetros, cortando a mata densa, atravessando pantanais e varando as serras brutas
LIZ: Estava pronta, muito embora a sua poeira ainda mostrasse úmida de sangue e dor
FLÁVIA: A estrada veio trazer o desenvolvimento para Colônia de urucu
JENNIFER: E o desenvolvimento da Colônia era notável,
MAÉLIKA: pois agricultura era bem próspera, onde os colonos cuidavam bem de suas propriedades.
MANU: As famílias prósperas daquela localidade eram: TARONE, KRETLI, SOMERLATE, CANTÃO, TOMICH.
CENA 05
ALEX S.: Teófilo Benedito Otoni considerado grande visionário pelos contemporâneos não parou por ai, no ano de 1857.
CHRIS: Pessoal mandei levantar planta e um traçado entre Santa Clara e Caravelas.
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CHRIS: Com a conclusão da estrada de ferro Bahia e Minas todo movimento da rodovia de Santa Clara desapareceu.
ETEMÍCIO: O desanimo tomou conta de todos os comerciantes da região.
ANDRÉ: Devido a este fato a Colônia de Urucu entrou em decadência. Levando as famílias para se mudarem para
imediações da estrada de ferro
ALEX G: O declínio da Colônia Militar de Urucu aumentou e teve seu climax a 7 de setembro de 1923,
BERNARDO: quando a lei estadual transferiu a sede para a estação ferroviário do mesmo nome URUCU
ALEX S: Daí então se deu início a Colonização do município de Carlos Chagas.
JULIANA: Com a construção da estrada de ferro VITORIA-MINAS em Govenador Valadares, a estrada de ferro BAHIA-
MINAS entrou em decadência.
LIZ: Mesmo com força política de Tancredo Neves, em 1964 quando uma ordem emanada de algum gabinete encerrou a
existência da estrada de ferro BAHIA-MINAS
FLÁVIA: E ainda parece hoje que vemos no horizonte, a fumaça se esvaindo da última locomotiva.
JENNIFER: E, em nossos ouvidos, o seu apito estridente e o resfolegar de sua caldeira fervente
MAÉLIKA: Cujo vapor a impulsionava majestosa e soberba sobre os trilhos que a conduziam, suavemente, no seu vaivém
diário, ao seu destino.
ANDRÉ: A Estrada de Ferro Bahia e Minas e homens da estirpe dos pioneiros da nova Colônia de Urucu,
MANU: representam a grandeza de existir por algo muito maior do que o simples sonho.
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JULINANA: Não fosse por eles, haveria uma lacuna impreenchível nas páginas da nossa história.
MANU: Quantos ainda estão pelo caminho a seguir ansiando a sua chegada, levando mantimentos, amores de alguém!
JENNIFER: Forças da natureza, sem as quais nossa história não seria a mesma!
Que só levo
Virgem Maria que foi isso maquinista? Pouca gente
Pouca gente
Vou depressa Pouca gente...
Vou correndo
Vou na toda
CENA 06
CENA 07
CENA 08
LIZ: Ei você. Sim você mesmo. Você sabe porque nossa cidade, recebeu o nome Carlos Chagas.
FLÁVIA: E você sabe nos contar
JENNIFER: E você sabe como surgiu este nome.
MAÉLIKA: Em 1938 os pioneiros AMADEU VASQUES TAVARES e JOSE LAGO DE SOUZA, foram incumbidos de
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LIBERDADE, LIBERDADE
CAJÓN: JOÃO
PRÓX. MÚS: Tá caindo fulô (João no cajón)
LIBERDADE, LIBERDADE
ABRA AS ASAS SOBRE NÓS
E QUE A VOZ DA IGUALDADE
SEJA SEMPRE A NOSSA VOZ
(2X)
CENA 09
CHRIS: Com a emancipação política do município de Carlos Chagas, haveria a necessidade de homens que precisariam
transpor barreiras, para direcionar a vida dos filhos desta terra na área executiva e legislativa.
BERNARDO: A mãe Carlos Chagas precisaria de homens com atitudes, homens honestos, corajosos e dispostos a enfrentar
barreiras intransponíveis para o grande desenvolvimento a próspera Pérola do Mucuri.
ALEX G: E muitos foram os que passaram por esse posto, direcionando os caminhos do desenvolvimento da nossa Carlos
Chagas.
ALEX S: Antes de termos o nosso primeiro prefeito eleito, foram sete interventores que direcionaram os caminhos da Pérola
do Mucuri.
MANU: Após estes homens históricos indicados, da mulher jovem senhora surge a sua primeira eleição,
JULIANA: no ano de 1948 o seu primeiro prefeito eleito e a instalação da Câmara de Vereadores,
LIZ: Foram esses os nossos prefeitos eleitores
ALEX S: Dr. Pedro Barbosa
ALEX G: José Delvart Pimenta Murta
ANDRÉ: Eleito pela segunda vez Dr. Pedro Barbosa
ETEMÍCIO: Alírio Gomes Euzébio
BERNARDO: Nelson Saraiva
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LIZ: A concorrência para disputa da cadeira do executivo da cidade Carlos Chagas levou os candidatos a se desdobrarem das
formas mais inusitadas.
TÁ CAINDO FULÔ
CAJÓN: JOÃO
PRÓX. MÚS: Olê mulher rendeira (acho que G, texto rasurado)
TA CAINDO FULO
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TA CAINDO FULO
É NO CÉU, É NA TERRA
É NO CÉU TA CAINDO FULO
(2X)
CENA 10
FLÁVIA: Assim como os interventores, prefeitos e vereadores a figura do Padre tinha bastante peso politicamente e
religiosamente na história da Pérola do Mucuri.
JENNIFER: Tão forte era a figura religiosa que ir a igreja aos domingos era uma obrigação dos moradores da cidade.
MAÉLIKA: E diz a história que o nosso saudoso Antônio Nacur fervoroso Sacristão, homem que sonhava em trabalhar na
Bahia Minas, saia da igreja todos os dias para limpar a máquina ali parada.
MANU: Diz ainda a história que o Sacristão ensinava os coroinhas a repicar o sino durante os cortejos fúnebres.
JULIANA: E ainda como a oração do Pai Nosso da missa do dia de domingo era especialmente em latim o nosso saudoso
Antônio Nacur ensinava os coroinhas a rezar com o padre tal oração em latim.
ALEX S: Uma festa de cores, doces e sabores, era assim que as crianças esperavam por este dia. Cosme e Damião,
celebrados por pessoas na crença dos gêmeos brincalhões
ALEX G: Neste dia os templos de umbanda e as casas de algumas famílias da cidade se abriam, a uma farta distribuição de
guloseimas e brinquedos para as crianças
ANDRÉ: Terreiros lotados, personalidades como D. Ercília, Manoel Honório, Dema e Geralda, Rosa e Anísia preparavam
toda uma festa especial
ETEMÍCIO: As crianças por sua vez, na sua grande inocência, e sem muito entender, se animavam com uma festa que só
elas pertenciam.
BERNARDO: Ainda hoje, muitos cumprem este ritual, como nossa querida Dona Ana Lopes, mão de Fátima Cabelereira,
CHRIS: E hoje não sou mais criança, só assisto, sentindo saudade daquele tempo especial. A doce lembrança de criança, me
faz sentir a saudade deste tempo e dos meus ancestrais.
COSME E DAMIÃO
CAJÓN/SURDO: JOÃO
PRÓX. MÚS: Nas lonjuras dessa terra A
Cosme e Damião / A sua casa cheira / Cheira cravo e cheira rosa e cheira a flor da laranjeira.
CENA 12
NAS LONJURAS DESSA TERRA
VIOLÃO: ÁLAMO Nas lonjuras dessa terra
CAJÓN: JOÃO Rubinho do Vale
TOM: A
PRÓX. MÚS: Terra Tombada C
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LIZ: Claudionor saudades que o tempo levou, comandou por muitos anos a tradição do Boi-de-Janeiro
FLÁVIA: Uma folia que acontecia de primeiro a seis de janeiro, em homenagem aos Santos Reis ou seja, os três Reis
Magos.
JENNIFER: Saia pelas ruas cantarolando seus versos
CHRIS: Foi aqui em Carlos Chagas, há quarenta anos, que vi o Boi Janeiro, vi só não, vivenciei
BERNARDO: Pois saí atrás dele pelas ruas da cidade como um menino, encantado com a folia
ETEMÍCIO: O boi mesmo era um arremedo, feito na forma de um engradado de ripa
ANDRÉ: Envolvido numa chita regateira, a cabeça era uma caveira de bicho
ALEX G: Dentro da armação, só com as pernas de fora, um folião arrastava o boi
ALEX G: Um vaqueiro, com um ferrão, completava a cena.
CHRIS: Faziam uma coreografia muito engraçada, o boi, sendo ferroado, avança na platéia
BERNARDO: A meninada gritava, corria e aplaudia.
ETEMÍCIO: Uma festa inocente, tão boa que acabou
ANDRÉ: A sanfona pé-de-bode, a viola, o cavaquinho, o pandeiro e o reco-reco
ALEX G: Tudo enfeitado de fita e bandeirola
ALEX S: A cantoria, de porta em porta e de gole em gole
BERNARDO: Pra quem não estava lá
ETEMÍCIO ou não parou pra ver
ALEX: Até para matar a saudade,
TODOS: vai minha parte do boi.
MAÉLIKA
E lá ia o boi sendo esquartejado
E repartido pela cidade afora,
A troco de se molhar a mão e a garganta dos cantores
TERRA TOMBADA
VIOLÃO: ÁLAMO (João volta pro violão)
TOM: A
PRÓX. MÚS: Cio da Terra Am
TERRA TOMBADA
SOLO SAGRADO, CHÃO QUENTE
ESPERANDO QUE A SEMENTE
VENHA ME COBRIR DE FLOR
TAMBÉM MIN’ALMA ANCIOSA ESPERA CONFIANTE
QUE EM MEU PEITO VOCE PLANTE A SEMENTE DO AMOR(2X)
CENA 13
MANU: Anteriormente Teófilo Otoni enxergou que nossas terras eram ótimas para a pecuária.
JULIANA: E devido a prosperidade destas terras, no de 1947 levou a alguns fazendeiros fortes da região a criarem a
sociedade Cooperativa de Laticínios vale do mucuri.
LIZ: Então no dia 27 de julho daquele ano o Sr Lowrenço Westin presidiu a sessão de instalação desta empresa que desde
então gerou emprego, renda, prosperidade à nossa Pérola do Mucuri, a COOLVAM.
FLÁVIA: A prosperidade não parava pela nossa querida mãe terra, fundado em 12 de outubro de 1965 o SINDICATO DOS
PRODUTORES RURAIS DE CARLOS CHAGAS veio somar também aos produtores rurais e suas famílias, oferecendo
vários serviços dentre eles odontológico e médio.
MAÉLIKA: E até hoje estas instituições vem escrevendo sua história dando sua contribuição para o singular crescimento da
nossa Carlos Chagas
CENA 14
ANDRÉ: Preocupados com o empobrecimento generalizando da nossa região e com a falta de perspectiva de prosperidade
nestas terras.
BERNARDO: Um grupo de fazendeiros da região decidiu criar a Associação de Plantadores de cana de açúcar.
CHRIS: Para tentar uma saída digna para a população carloschaguenses. criou-se 03 unidades:
ANDRÉ: Destilaria Gavião Limitada - DEGAL
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Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, propícia estação
E fecundar o chão
CENA 15
MANU: Do Mestre o carinho, o orgulho inspirador, ao som da alma criativa, inspiração que encanta. Deus deu asas ao som
de elevada harmonia.
ALEX S.: Nesse sonho de sons, nasceu o Maestro Marcionílio Rodrigues, Senhor Massu. sensível, de ouvidos tão íntimos,
podia decifrar a mais bela melodia.
JULIANA: Nos seus mais variados instrumentos, todo som que vinha, era como fosse o hálito do criador. Num sussurro
suave que atravessando o espaço achava lugar para sua sensibilidade.
ALEX G: A música é uma arte divina quando arrefece a alma, quando encontra a sua outra metade Pode se libertador à
forma de melodia, embora leigo sem formação acadêmica, mas envolvido num dom dado pelo Senhor
LIZ: Dedicou-se totalmente, deu-se ao extremo para que por meio daquilo que gratuitamente recebeu não ficasse no
esquecimento,
ANDRÉ: Valeu a pena, e em sua memória na forma de verdadeiro reconhecimento, nasceu a Associação Musical Lira
Marcionilio Rodrigues.
FLÁVIA: Um sonho que se fez realidade mesmo quando ele aqui já não estava. Seu ideal, compromisso, dedicação e entrega
foi abraçado num só esforço por pessoas nobres que não se pode negligenciar.
ETEMÍCIO: Sem esquecer-se do fruto do seu penoso labor, nasceu os filhos da musica: Dilver Pereira Sena, aprendiz
dedicado, disciplinado conheceu e entendeu a alma sensível do mestre, Como Bom discípulo que foi tornou-se o selo de tudo
que realizou.
JENNIFER: Por que não falar dos Senhores Fábio Lago Pinheiro, Nathan Brauer, Israel Brauer, Luciano Gomes Costa que
entenderam a importância e a legitimidade, dos feitos do maestro, que com idealismo sustentou um sonho.
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BERNARDO: E o sonho não acabou, pois da entidade, não esqueceu. Lutou e promoveu com todo empenho, maneiras para
que essa memória sobrevivesse e assim atraísse um número imenso de jovens ávidos de todas as classes sociais.
MAÉLIKA: Mais uma vez a beleza da arte sobreviveu, e o povo dessa cidade pode contemplar a multiforme beleza de uma
banda tocar. Ainda que atravessassem as intempéries do acaso, o legado ficou uma porta foi aberta.
CHRIS: A Associação Musical Lira Macionilio Rodrigues, nasceu, deu frutos, ainda hoje vive na alma dos encantados pela
nobre arte dos sons musicados.
LEILÃO DE JARDIM
VIOLÃO: ÁLAMO
TOM: A saber
PRÓX. MÚS: Ao mestre com carinho em G (assim que acabar leilão de jardim)
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
CENA 16
LEI DA VIDA
VIOLÃO: ÁLAMO
TOM: B
PRÓX. MÚS: O anjo mais velho C#m
Não temos controle
O tempo é ligeiro Onde estiver
Na estrada da vida Olha por nós
Somos passageiros O meu amor não vai ter fim
Mas que Deus guarde Tudo que passou do meu lado
Cada estrela a mais no céu Estará para sempre marcado
MANU: Ser professor é... / Construir castelos. / Não só castelos mágicos, belos e grandiosos.
JULIANA: Mas castelos fortes, com bases firmes. / Capazes de resistir ao tempo, às tempestades... / Às guerras e aos
conflitos.
LIZ: Ser professor é ser capaz de enxergar longe. / Ver além do que se possa imaginar. /
FLÁVIA: É sentir e esperar sempre... / Que tudo embora não seja perfeito. / Transforma-se em coisas belas, / Significantes e
edificantes.
JENNIFER: A história dilacera, corta e espera, não resta a saber, tende a compreender com exatidão as linhas da educação :
MAÉLIKA: Grandes mestres passaram pela nossa história, que deram sua contribuição na qualidade de educar nossos
cidadãos.
MANU: Mestres que romperam barreiras, abriram caminhos para as gerações vindouras
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
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Só enquanto eu respirar
Só enquanto eu respirar
Vou me lembrar de você
Só enquanto eu respirar
CENA 17
Boi,boi boi boi da cara preta pega esse menino que tem medo de careta
ANDRÉ: As ruas, as praças, os muros das casas / Portões e varandas / Ouviram o choro de um novo vivente /
ALEX G: Mas os rojões no céu feito brasas / Espalham alegria na vida da gente
ALEX S: Chegou pelas mãos bondosas, divinas / Que lhe seguraram pela vez primeira /
ETEMÍCIO: Uma cruz na testa encomenda o destino / É menino ou menina, Maria Parteira?
CHRIS: Quase todo dia um novo chamado / E no desespero cadê Mariquinha? / Do rico ou do pobre somente obrigado / De
dia ou de noite ela sempre vinha.
BERNARDO: Calou-se uma vez e ninguém mais ouviu / Mas há até hoje, que lhe chame ainda / O choro novato da casa
sumiu / Dona Mariquinha, sempre bem vinda.
CENA 18
MANU: Fazendo paródia / Lembrando custódia /JULIANA: Pedindo uma trégua / Dezim volta égua / LIZ: Afastem da
pista / Lá vem maquinista FLÁVIA: / A Cristina é peroba / Que mata e derroba / MAÉLIKA: De terno amarelo /
Chamando pinguelo /JENNIFER: Pra ver diolina / Prefeita da Colina /MANU: Que já fez a trouxa / De Maria Roxa
/JULIANA: Tem tanto buraco / Diz Baco babaco /LIZ Com tão boa Mira / Matou Pomba Gira /FLÁVIA: Que tanto girou /
Pra encontrar brogodô / MAÉLIKA Achou Zé Ruela / Prefeito da favela / JENNIFER: É Lina no espelho / De baton
Vermelho /TODOS: Saudade que deu onde anda Lopreu
CHRIS: Presta atenção nessa história / Muita gente aqui já conhece / O coração chora, eu lembro / E sei que ninguém
esquece / É que as vezes por sentença / Alguém perde a existência / E que nem sempre merece
BERNARDO: Há muito tempo aqui / Viveu um poeta louco / Da vida de todo mundo / Ele sabia um pouco / Andava de cara
cheia / E de falar da vida alheia / Já andava meio rouco
ETEMÍCIO: Ali na praça de cima / Fazia versos na rua / Da professora do Pena / Que foi professora sua / Falava quando
bebia / que a professora de maravia / já era muié da rua
ANDRÉ.: Quando soltava as escola / a meninada parava / pra escutar do poeta / os versos que recitava / nenhum deles bem
rimado / mas falava entusiasmado / que quase sempre agradava.
ALEX G: Pois inté os viajantes / que passava lá na praça / paravam por um instante / só pra rir das graças / do pavão
misterioso / papagaio galego choroso / do poeta sem estudo / que sabia quase tudo / de bondade e de desgraça.
ALEX S: Mas quem foi esse poeta / que nessa terra viveu / tirado a fazer versos / e seu livro ninguém leu / os encantos lá da
praça / o que mais fazia graça / chama Arlindo Lopreu
ETEMÍCIO: E aqui no meu coração não encontrei condição de contar como doeu.
ALEX S: Fui ver, era Castelo Branco / nem um busto perto dos bancos /
CENA 19
MESA 15
MAÉLIKA: Meninas não gosto de fofoca, sabe, nem de falar nada mas vi o marido dessa daqui oh indo la pro baxodo da
MESA15, não gosto de fofoca mas eu vi
FLÁVIA: Aiai meninas o que é isso, eles só devem estar botando o papo em dia
JENNIFER: Olha quem, fala, o marido dessa dai também estava no meio
LOCUTOR: Alô amigos ouvintes, muito boa tarde esta no ar mais um programa da tarde. Um alosão para o baixodo e em
especial para a turma da MESA 15 . Essa galera que esta reunida todas as tardes para aquele bate papo. Boa tarde a todos
vocês ligados no nosso programa da tarde, continue com a nossa programação e fiquem com a música Pense em mim de
Leandro e Leonardo.
PENSE EM MIM
VIOLÃO: ÁLAMO E JOÃO
TOM: D
PRÓX. MÚS: Terra Tombada C
ALEX S: Dos bares que surgiam em cada esquina, carregavam em si suas particularidades.
ALEX G: Surge o bar Xodó, Onde os bancários e fazendeiros, bem como famílias inteiras de afortunados eram
freqüentadores assíduos,
ANDRÉ: Esses dispunham de certos privilegiados E faziam das mesas do local endereço cativo Para no conforto da
comodidade que ali serviam observar atentamente todo o vai e vem dos transeuntes.
ETEMÍCIO.: Como observadores atentos estabeleceriam horários específicos para conversarem a respeito de tudo até da
vida alheia, dos anônimos que por ali passavam
BERNARDO: Nesse cenário vivo e ornado de imagens que se misturavam soma-se a barbearia do Senhor Butuado.
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CHRIS: Personagem de pequena estatura, mas de um carisma cativante que faz de seu oficio arte, e do tão afamado bar
freguês assíduo.
ALEX S: Homem bom de prosa, que com um bom papo e um cafezinho quente da hora assegurava o sucesso da sua clientela
ALEX G: Enquanto que na lide de fazer a barba e o bigode, e de cortar o cabelo, introduziu a leitura de um bom jornal
semanal, todo tipo de assunto se desenrolava
ANDRÉ: Enquanto que a mesa 15 comodamente localizada à porta de sua barbearia, era cuidadosamente zelada pelo Senhor
Butuado.
ETEMÍCIO: E quando assim se findava o expediente todos os seus clientes se faziam presentes, tomavam os seus lugares
que dava vida à mesa 15
CHRIS: Ali se detinham os nobres da cidade para porem sobre a mesa conversas que tocavam sobre a vida alheias
ALEX S: Mas também sobre assuntos que mais repercutiram dentro e fora da cidade, quem sabe sobre o preço da arroba do
boi ou de alguma fatalidade que sobressaltara a comunidade.
IMPROVISAÇÃO:
JULIANA: A mesa 15 tem suas historias, seus personagens impares, atores do tempo que deixaram suas memórias
indeléveis para a posteridade.
LIZ: Personagens de uma época áurea, época de senhores do tempo que no seu ajuntamento criaram laços eternos que até os
dias de hoje são memoráveis e vive no imaginário de todos.
FLÁVIA: E nas nossas reminiscências permanecem ainda a doce saudade da boêmia dos bares e lanchonetes: JENNIFER:
SKINA 26, MAÉLIKA:XODÓ, MANU;CAPELLA, JULIANA:VINTE V, LIZ: BUTECO DE MIGUEL, FLÁVIA:
SHALANA, JENNIFER: PARAISO, MAÉLIKA:AMORICANA, MANU: BAR RESTAURANTE DO MANOEL
MESSIAS, JULIANA: e TULTI FRUTTI LANCHES.
CENA 20
ETEMÍCIO:: Reza uma antiga história grega que Penélope, esposa do lendário herói grego, Ulisses, após esperar por muitos
anos pelo marido que havido partido para a batalha, se viu obrigada pelo pai a se casar novamente, mesmo contra sua
vontade.
ANDRÉ: Convicta do retorno do amado e da incapacidade de se entregar de corpo e alma a outro homem, Penélope propôs
ao pai que iria tecer uma colcha
ALEX G: e, caso até o final dessa empreitada Ulisses não retornasse, ela faria a vontade do pai.
CHRIS: Contudo, astutamente, movida pelo amor e fidelidade destinados ao esposo,
BERNARDO: o que Penélope cosia durante o dia, desfazia tudo à noite, pois assim alimentava a crença de estar ganhando
mais tempo para o regresso de Ulisses.
ALEX S: O desfecho da história se dá com o retorno do guerreiro que encontra a paz e o amor nos braços da amada após
longos anos de uma penosa batalha.
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ETEMÍCIO: Quis o destino que de certa forma, parte da nossa se história se assemelhasse ao dilema de Penélope,
ANDRÉ: pois como seria possível traduzir a importância dessas pessoas para a nossa comunidade?
ALEX G: Aqui, porém, ousaremos em incrementar o nobre gesto de Penélope, buscando tecer uma colcha de retalhos, como
aqueles feitos pacientemente feitos por algumas de nossas avós.
CHRIS: Selecionando cada um com base no seu tamanho, forma, textura, cor, cheiro...
BERNARDO: Outro ponto a considerar é que nós não pretendemos desfazer nosso trabalho, pelo contrário,
ALEX S: vamos deixar espaço para que outros retalhos venham a ser costurados ao longo dos próximos anos da nossa rica
história.
CENA 21
MAÉLIKA: Inteligente, sensível, culta, dedicada, esses adjetivos talvez não possuam carga semântica suficiente para
traduzir o primeiro retalho da nossa colcha.
JULIANA: Destacou-se em nossa sociedade na difícil seara da educação, em tempos em que não existiam as facilidades do
mundo moderno, em que a maioria das coisas se resolvem em apenas um click.
LIZ: Seus pares reconheciam que sempre esteve à frente do seu tempo, já que sempre estava à procura de novas formas de
ensinar seus valiosos alunos.
FLÁVIA: Defendia suas crias com unhas e dentes, e talvez por essa razão, a cor do seu retalho seja alusivo ao tom da
pelagem da leoa, forte, determinada e feroz.
MANU: “ É? QUELEMENTE TAMBÉM FOI!”, essa era a frase que ela usava quando duvidava ironicamente de alguma
lorota que vinha repousar no seus aguçados ouvidos.
FUNDO: MULHERES DE ATENAS
JENNIFER: Essa era dona Geralda Sirlene, síntese do amor e do profissionalismo, que hoje servem de esteio para a
construção de uma sociedade que teve a honra de ter uma cidadã com tamanha envergadura, capaz de traduzir um pouco
daquilo que somos hoje!
CENA 22
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ETEMÍCIO: Exemplo. Como podemos nos apropriar do significado dessa palavra para tentar descrever o nosso próximo
retalho? Às vezes, somos inclinados a perceber a realidade que nos cerca apensas sob uma única ótica: aquela que nos
convém.
ANDRÉ: Infelizmente não temos o dom, ou talvez o interesse de ver além das máscaras que as pessoas nos apresentam todos
os dias.
ALEX G: Quanta força não é necessária para sair do aconchego da sua cama às três da madruga,
CHRIS: e assim como o predador em busca da presa, organizar sua saída de casa sem causar nenhum ruído, pois os demais
membros da família ainda dormem.
BERNARDO: Sua labuta, não diferentemente do modo como sai de casa todos os dias para defender o pão de cada dia,
passava despercebida por boa parte da nossa comunidade,
ALEX S: não que ela buscasse a auto anulação, mas talvez por conta do ofício.
ETEMÍCIO: Apesar de todas as intempéries, trazia sempre no rosto um sorriso largo e aconchegante, encobrindo a dura
vida que levava.
ANDRÉ: As rochas, reconhecidamente sinônimos de dureza, sucumbem aos fenômenos naturais, ela, porém, não
desanimava diante do sol, da chuva ou frio.
ALEX G: De posse da sua enfeitada e sempre bem cuidada companheira de trabalho, rompia com fé os caminhos da nossa
cidade.
CHRIS: Por essa razão, esse retalho devesse ser associado à chita, que não se remete necessariamente ao mais nobre dos
tecidos, mas sim à alegria que traduz.
BERNARDO: E é justamente isso que ela representa para nossa história.
ALEX S: Mulheres que, apesar de sofrerem na pele, os implacáveis reflexos de uma sociedade marcada por profundas
desigualdades sociais, não lamentam, enxugam as lágrimas e partem para a batalha. Dona Deí, varredeira.
CENA 23
JENNIFER: Para serem testemunhos vivos desse nosso retalho que talvez de tamanha importância para a nossa história,
pudesse ser associado à beleza e à delicadeza da seda: dona Carolina Leal do Norte.
CENA 24
ETEMÍCIO: Não se tece uma colcha sem se observar a proporção e as qualidades dos arremates. Ainda é preciso garantir
que todos os retalhos estejam alocados em seu devido espaço, com todo o cuidado necessário.
MAÉLIKA: Ou seja, é preciso ter sensibilidade no olhar. Que ninguém enxerga o mesmo objeto sob a mesma perspectiva, é
fato.
ANDRÉ: Por isso que muitos de nós conseguimos tecer leituras que ultrapassem as barreiras do senso comum. É preciso
enxergar com a alma.
JULIANA: O que significa um bocado de farinha e um copo d’agua?
ALEX G: Qual é a força necessária para abrir as portas da intimidade?
LIZ: Como exercer de fato a sonoridade?
CHRIS: Colocar o nome da filha em homenagem àquela mulher que, para não retornar à condição de escrava, preferiu dar
fim à própria vida, se jogando de um penhasco?
FLÁVIA:: Monte Parnaso, refúgio e orientação para aquela inquieta geração, que ansiava por debater acerca dos assuntos de
toda sorte: música, filosofia, sociologia, política, essência da juventude.
BERNARDO: Dizem que o verdadeiro inteligente é aquele que sabe um pouco de cada coisa.
MANU: Se isso de fato for verdade, será preciso buscar uma palavra que possa melhor definir esse retalho, pois inteligência
nunca lhe faltou.
ALEX: Atriz, escritora, educadora, dramaturga, mãe, avó, MULHER. Sendo assim, o brilho desse retalho de cetim,
humildemente busca representar esse ícone da nossa cultura :
JENNIFER: resiliente, altiva, disciplinada, comprometida, LUZ! Como não poderia deixar de ser: senhoras e senhores:
Dalva Lúcia Nunes!
CENA 25
ETEMÍCIO: Zygmut Bauman, importante pensador e escritor polonês disse certa vez que “vivemos tempos líquidos, nada é
para durar. “
ANDRÉ: Se pensarmos que vivemos na era instantaneidade, há que se considerar até que como apocalítico o posicionamento
do autor,
ALEX G: mas por outro lado, o mesmo não teve a oportunidade de conhecer uma das personagens mais emblemáticas da
história da nossa cidade.
CHRIS: Figura cativa em quase todas as festas da nossa cidade.
BERNARDO: Sempre elegante e bem trajada, flutuava por entre os presentes como a leve pluma ao sabor dos ventos num
fim de tarde primaveril.
ALEX S: Por onde passava, atraia toda sorte de olhares: céticos, de desprezo,
ETEMÍCIO: de carinho, de afeto,
ANDRE: mas, por razões que ainda desconhecemos, não os sustentava.
ALEX G: Permanecia irresoluta na missão de reunir seus tesouros e desfilar e mostrar para a sociedade que ela, de alguma
forma, ainda que por vezes inconscientemente, era a encarnação do próprio espírito da festa.
CHRIS: Ao voltar para casa com as riquezas que auferira, vendia tudo e doava às instituições de caridade da cidade, ainda
que ela mesma estivesse precisando de algum mantimento.
BERNARDO: Então, que me desculpe o ilustre o pensador, mas o exemplo de amor e de desprendimento que essa mulher
nos deixou, jamais morrerá.
ALEX S: É nosso dever! Agora nesta colcha, costuro, carinhosamente, este singelo retalho de tricoline estampado, para
recordar da na nossa cintilante, Custódia.
CENA 26
MAÉLIKA: Como dito, tecer uma colcha exige acima de tudo zelo para com a escolha de cada retalho.
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JULIANA: Esse próximo retalho representa, assim como os demais, um pouco de cada uma das valorosas mulheres da nossa
Carlos Chagas.
LIZ: Vinda de um vale irmão, encontrou aqui as condições necessárias para fincar suas raízes.
FLÁVIA: Por ocasião de uma moléstia que acometera muitos moradores da cidade à época,
MANU: mulher de muita fé, prometeu a São João que, caso ele livrasse seus filhos daquele mal,
JENNIFER: enquanto ela vivesse, todo ano faria uma festa em honra ao santo.
MAÉLIKA: Graça recebida, promessa cumprida.
JULIANA: Por muitos anos, em uma das frias noites de junho, o coração de Carlos Chagas pulsava na rua Belo Horizonte.
LIZ: Muita dança, muita comida, mas sem bebida alcoólica,
FLÁVIA: pois sabia como ninguém, apesar da pouca estatura, impor respeito, confusão no recinto dela não prosperava.
FUNDO: XODÓ
MANU: Por essa razão, esse retalho quadriculado, seja um dos sinais mais cristalinos da nossa própria mineiridade,
JENNIFER: pois as tradições juninas da nossa cidade viveram seu apogeu, enquanto aqui viveu, a digníssima senhora, dona
Dominga. Viva São João!
XODÓ
VIOLÃO: ÁLAMO
CAJÓN: JOÃO
TOM: D
PRÓX. MÚS: Romaria em C
CENA 27
ETEMÍCIO: O mais bonito da arte da costura é poder colocar um pouquinho da nossa personalidade em cada detalhe.
ANDRÉ: Assim é o nosso próximo retalho, de uma mulher muito inteligente e de personalidade. Falta-lhe o vago encanto da
fraqueza.
ALEX G: é segura de si, que não se intimida diante do mundo dos desafios da vida
CHRIS: Ela sempre foi uma mulher de luta e resistência. Mas, ainda estudante, bordadeira, enfim artesã,
BERNARDO: A história conta que várias vezes ficou no Kaladão, por conta do atoleiro que existia e ônibus não passava.
ALEX: Mas fez sua faculdade trabalhando com seu saudoso pai, tornou-se professora de Geografia, fazendo parte do nosso
sindicato de professores;
ETEM´CIO: Formou-se em Direito, atendendo a todas as classes com respeito e reciprocidade.
ANDRÉ: Destacou-se nos movimentos sociais e culturais, sem demagogia.
ALEX G: Finalmente, com muito orgulho, foi eleita vereadora em dois pleitos.
CHRIS: Essa mulher vem ser representada em nossa colcha pelo retalho do tecido denim também conhecido como brim,
BERNARDO: pois remete a sua característica popularidade, beleza e resistência
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ALEX S: Assim, ficaríamos horas elencando, as várias facetas desta exímia e fantástica mulher que é inspiração para outras
mulheres: Cibelle Almeida Viana.
CENA 28
CENA 29
VIOLÃO: ÁLAMO
TOM: A saber.
PRÓX. MÚS: Romaria (toca Maria, Maria uma vez só com violão, e depois já puxa Romaria).
CENA 30
ROMARIA
VIOLÃO: JOÃO E ÁLAMO
TOM: C
PRÓX. MÚS: Caminhando e Cantando (Dm) (quando acabar Romaria, já entrar puxando essa)
Sou caipira, Pirapora / Nossa Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida (2x)
FUNDO: ROMARIA EM C
ALEX S: A rádio local conclama: É dia de romaria,
LIZ: Em seus vários destinos, os devotos se inquietam ansiosos para cultuar o seu santo de devoção
ALEX G:: Era de manhã em frente a Matriz os romeiros se ajuntam com suas bolsas e malas, todos num frenesi,
FLAVIA: Cada qual buscando seu lugar nos assentos, por que os ônibus em sua procissão iam partir
ANDRÉ: Os mais velhos de terço na mão, no percurso da viagem rezavam sem cessar,
JENNIFER: do outro lado a criançada se ocupava em deleitar-se com as guloseimas e seus biscoitos.
ETEMÍCIO: A farofa de galinha, comida típica para a ocasião exalava seu aroma, todos sentiam no interior da condução.
MAÉLIKA: Tinha beiju, tinha queijo, tudo se comia a viagem inteira. Mas nem tudo era só comida,
BERNARDO: No interior do ônibus havia também os mais devotos que buscavam a todo instante um contato intenso e
fervoroso com o seu santo devoto
MANU: Cantavam e louvavam da saída até a chegada.
CHRIS: Era uma viagem desgastante, mas que trazia conforto intenso o encontro entre o terreno e o divino.
JULIANA: Era o momento em que os corações se abriam para o arrependimento e confissão.
ALEX S: Que a vergonha que sentiam no âmago de suas almas não mais havia, por que acreditavam no amor e no perdão, no
valor da confissão.
LIZ: O retorno para casa era só felicidade, Ainda que cansados sentissem pelo desgaste e distancia da viagem
ALEX G: Suas almas recompensadas haviam sido lavadas; agora com o animo revigorado consideravam-se protegidos e
fortalecidos na fé.
FLÁVIA: Prontos para voltarem ao trabalho da vida diária que os aguardavam. Enfim o profano dar lugar ao sagrado
TODOS: Sou caipira, Pirapora / Nossa Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida (2x)
CENA 31
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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
VIOLÃO: JOÃO E ÁLAMO E acreditam nas flores vencendo o canhão
TOM: Dm Vem, vamos embora, que esperar não é saber
PRÓX. MÚS: Terra Tombada C Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Caminhando e cantando e seguindo a canção Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Somos todos iguais, braços dados ou não Há soldados armados, amados ou não
Nas escolas, nas ruas, campos, construções Quase todos perdidos de armas na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
Vem, vamos embora, que esperar não é saber De morrer pela pátria e viver sem razão
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Vem, vamos embora, que esperar não é saber Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Pelos campos há fome em grandes plantações Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Pelas ruas marchando indecisos cordões
BERNARDO: Na onda dessa inspiração revolucionária os remanescentes brotaram, e em nossa cidade formou-se um grupo
unificado com o mesmo propósito cultural.
ETEMÍCIO: Em meio uma gama de emoções cria-se então os primeiros festivais de nossa terra. Dessa forma os pioneiros
culturais iniciaram uma luta para valorização da identidade cultural da cidade mãe..
ANDRÉ:: Como não lembrar de DALVA LÚCIA, CLAUDIO JARDIM, LUIZA, CIBELLE VIANA, LÍDIA MARTINS,
LUZIENE NOGUEIRA, LUCIANO VIANA, DR AFONSO, JOSÉ NOGUEIRA FILHO, e tantos outros que a história
guarda.
ALEX G: E ainda como esquecer dos causos e violas de FIDELCINO MARTINS, dos cantos e encantos ADEMAR,
WILTON, ERUS JANUZZI, e das Sete Voltas da lua de CASTELO, que deixou grande marca pelos caminhos dos
FESTIVAIS DAS CANCÕES.
CENA 32
MAÉLIKA: Em meados da década de 80, Carlos Chagas recebia as primeiras professoras bailarinas profissionais:
ARIDINAIDE e INÊS AMARAL, a dança clássica tornava-se conhecida e apreciada pela população Carloschaguense.
MANU: Aridinaide deu Adeus à nossa cidade mãe, onde o comando ficou a cargo da nossa querida Inês Amaral
JULIANA: O primeiro grande espetáculo, se deu no aniversário da cidade no ano de 1992, coreografado e produzido por
Inês Amaral, onde um conto de fadas embalava o show PAÍS DAS MARAVILHAS
LIZ: Mas um grande espetáculo valores e valores, retratando as faces do bem e do mal, este realizado na quadra do Clube
Carlos Chagas,
FLÁVIA: porém devido uma chuva torrencial, a segunda noite de apresentação teve que ser realizar no salão do clube, o que
não tirou o brilho do espetáculo.
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JENNIFER: Muitos outros espetáculo foram realizados pela escola SALA DE DANÇA, praça dos sonhos, falando de nós
retratando a história de nosso município através da dança,
MAÉLIKA:e o seu último espetáculo em retrospectiva dos 10 anos no Ginásio Poliesportivo, deixou um vazio no seio
cultural.
MANU: Os bailarinos e as bailarinas daquela época, muitos seguiram seus passos, porém muitos guardam os grandes
espetáculos na memória.
JULIANA: Tânia Pechir
LIZ: Conceição Rodrigues
FLAVIA: Andrea Ruas
JENIFER: Erizeth Franco
MAÉLIKA: Luzia Maria
MANU: Lincol
JULIANA: Alessandro Rodrigues
LIZ: André Vampeta
FLÁVIA: Fabiano Faustão
JENNIFER: Brisa Nogueira
MAÉLIKA: Fabiane
MANU: Lísia
JULIANA: Carmem Lucia Bispo
LIZ: Patricia Norte
FLÁVIA: Brendha Tomich
JENNIFER: Valéria Andrade
MAÉLIKA: Enfim muitos foram os que fizeram parte do grande show da vida, com arte e beleza através dos movimentos
da dança.
MANU: O tempo não para nossos jovens prosseguem e persistem na arte do sonho, da dança e da emoção, porque a vida é
um grande baile.
CENA 33
BERNARDO: Ainda em meados de 80 Padre Luciano muda de cidade, porém um audacioso grupo resolve não deixar o
espetáculo ficar esquecido: Cibele Wan Der Maas, Sílvio Wan Der Maas, Sebastião Barbalho e outros.
CRIS: A obra não parou, novas pessoas fizeram parte das diretorias que se seguiram: Dr. Afonso Celso Leitão, Dalmo
Lopes e Heloísa Medrado Pinto.
ALEX S: A evangelização não poderia parar, muitos cansaram, mudaram de cidade, mas uma vontade maior impulsionava e
dava mais determinação, com ajuda de amigos e da comunidade.
ALEX G: Sebastião Barbalho em memória por muitos anos brilhantemente dirigiu a tradicional Paixão de Cristo: Uma certa
Sexta-Feira.
ANDRÉ: Não haveria dramaturgia sem atores: Roque Augusto de Oliveiro o Cristo - Irmãs Barro Verônica
ETEMÍCIO: Cândido Augusto Pilatos - Rita Medrado bailarina - Vilma Barros Maria - Enfim uma trupe imensa de atores,
que se aqui fosse descortinar seriam horas intermináveis uma média de 500 grandes atores.
BERNARDO: Como a vida não pode parar, a cortina da Paixão de Cristo jamais irá passar, grupo teatral Nova Geração,
décadas de trabalho pela evangelização.
CHRIS: A arte cênica não foi apenas sacra, surge o grupo teatral Arte e Expressão, cuja mentora Dalva Lúcia Nunes mulher
de fibra e garra.
ALEX S: Os textos apresentados, sempre retratando o cotidiano: O FAGABUNDO, ESTOU TE INVENTANDO MAMÃE,
OS OLHOS VERDES DA NEUROSE, enfim um elencado número de espetáculos de encher os olhos.
ALEX G: O Grupo teatral Imapcthus também teve grande relevância na arte cênica local, muitos textos cômicos e outros
históricas, como CASAMENTO DA ROÇA, O CANDIDATO e o grande CARLOS CHAGAS, CIDADE MÃE, CIDADE
MULHER.
ANDRÉ: Na atualidade se fez florescer o DRAMÉDIA, a garra e persistência de diretor e atores, trazem à tona a realidade e
os problemas vividos pela sociedade com as peças:
ETEMÍCIO: BANG BANG VOCÊ MORREU, A IGREJA BEM ASSOMBRADA, UM OLHAR SOBRE A PAIXÃO DE
CRISTO, DIÁRIO DE UM DROGADO, A HISTÓRAI DE JANJÃO E ANABELA, ESCOLA DE MACHOS, A ARVORE
GENEROSA, CONSCIÊNCIA NEGRA, VALE DO MUCURI, FALANDO DE NÓS, Semeando a arte para que a mesma
jamais seja, apenas uma parte, mas que seja eterna.
BERNARDO: Enquanto seguir o trem da história, consigo no seu vagão, com certeza o teatro será a carga para trazer
lembranças e emoção.
CHRIS: pois o homem somente não existirá, quanto forem lhe tirando o direito dos sonhos, das lembranças e da liberdade.
SER OU NÃO SER. .EIS A QUESTÃO!
CENA 34
ETEMÍCIO: Dizem que existem três maneiras de perpetuarmos nossa essência neste mundo:
ANDRÉ: ter um filho,
ALEX G: escrever um livro
CHRIS: e plantar uma árvore.
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BERNARDO: Ah, mas essa visão romântica da vida talvez se aplique apenas aos nefelibatas.
ALEX S: Prefiro acreditar no que dizia o jornalista gaúcho Aparício Torelli, “ A única coisa que você leva da vida é a vida
que você leva”.
MAÉLIKA: Essa máxima sintetiza a razão da existência desse nosso nobre conterrâneo, mesmo diante das adversidades.
JULIANA De origem humilde, aprendeu desde muito cedo a lutar pelo que acreditava.
LIZ: Para ascender socialmente, precisou superar não apenas as amarras das mazelas sociais,
FLÁVIA: mas também encarar os preconceitos de uma sociedade marcada por crenças e convicções, que ele mesmo
reconhecia como majoritariamente hipócritas.
MANU: Não sei se por reflexo das agruras da vida, desenvolveu um fino gosto pela arte, pela cultura, pelo belo, pela
apreciação do bom vernáculo.
JENNIFER: Sabia como ninguém flutuar com maestria entre todos os estratos sociais da nossa comunidade.
ETEMÍCIO: Era um dos cicerones mais requisitados para os eventos formais,
MAÉLIKA: mas também era o mesmo amigo que não podia faltar no pagode do fundo do quintal.
ANDRÉ: Impossível não se recordar das suas apoteóticas aparições nos nossos saudosos carnavais de rua. Sua alegria era
indescritível!
JULIANA: Privilegiados foram aqueles que puderam presenciar, sentir a pulsação do seu sangue latino nos exaustivos
ensaios sacros. Único.
ALEX G: Amante de uma única Rosa.
LIZ: Amigo fiel! Adversário tenaz!
CHRIS: Deixou sua marca em quase todos os cantos da nossa cidade, pois exerceu diversas funções tais como magistério e
serviços administrativos.
E quando eu olho pro imenso azul do mar O mundo é pequeno, o tempo é invenção
Ouço teu riso e penso: onde é que está? Que o amor desfaz na tua mão
A nossa planta o vento não desfez
É nunca mais, mas é mais uma vez E quando eu olho pro imenso azul do mar
Ouço teu riso e penso: onde é que está?
Velhos amigos vão sempre se encontrar A nossa planta o vento não desfez
Seja onde for, seja em qualquer lugar É nunca mais, mas é mais uma vez
CENA 35
JULIANA: A boemia sempre fez se presente em nossa cidade, e outrora o Elite Social Clube, hoje o hotel Carlos Chagas
proporcionava momentos de euforia.
LIZ: Embalada pelo Grupo de festeiros, sob regência do apaixonado Norton Norte, Aylton Figueiredo seu Miúdo, João da
Costa Melo; faziam das noites dessa pequena cidade uma noite de intensa alegria.
FLÁVIA: Sem esquecer de que nesse Clube, a então Elite era o centro de convergência dessa promissora cidade, disputando
cada espaço de seu quadrado.
JENNIFER: Os bailes de carnaval, ali realizados, eram harmonicamente conduzidos pelo regente maior Providência no
piano, pelos hábeis músicos Anibal no trompete, Lourival no pistom, Nanu Pessoa tocando banjo, enquanto tinham ao lado,
no violão, o animado Zé Cuanga.
MAÉLIKA: Naquela época não tinha esse negócio de trazer bandas de fora. Os próprios faziam a festa:
Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que é? Corta o cabelo dele?
Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar.
Ei você aí, me dá um dinheiro ai, me dá um dinheiro.
Eu mato, eu mato, que pegou minha cueca pra fazer pano de prato.
CHRIS: Assim fora por um bom período as noites dançantes no mais famoso Elite Social Clube.
BERNARDO.: Da inauguração do Clube Carlos Chagas que passou a ser o palco da alegria da elite da cidade, ficou apenas a
saudade,
ETEMÍCIO: O Elite Social Clube da lugar ao “Congo”, por passar a ser freqüentado por pessoas humildes. Que desejavam
também ser felizes nessa viagem sentimental, trilhando os caminhos da saudade.
ANDRÉ: O Clube Carlos Chagas fundado em 1958 pelo Senhor Yêdo Gadella Valença, sob a direção e presidência do
saudoso Dr. Dely Coelho Nogueira passou a ser palco de grandes festas tradicionais: réveillon, carnaval e festas juninas.
ALEX G: Em sua história de existência o Clube Carlos Chagas, deixou marcas em seus grandes eventos festivos. Como
esquecer da nossa discoteca aos domingo embalado pelo sonoplasta BUJÃO?
ALEX S: Ao terminar a missa, depois do vai e vem na praça, a discoteca era iniciada por volta das 20:30, onde no seu
percurso jovens e adultos eram embalados por todos os ritmos pop, axé, forró, lambada.
MANU: Na ciranda que vivenfica o movimentos só de alegria sem dor, sem sofrimento
JULIANA: E dessa mistura de sinfonias que se foram, estão e ainda virão
LIZ; Devemos respeitar as preferências , porque depois que tudo passar
JENNIFER: Baterá no peito que jamais passa o coração saudoso a essência
WHISKY A GO GO
VIOLÃO: JOÃO
CAJÓN: ÁLAMO
TOM: E
PRÓX. MÚS: Flagra (A)
Foi numa festa, gelo e cuba libre / E na vitrola Whisky a Go GO / À meia luz o som do Johnny Rivers / Aquele tempo que
você sonhou
Senti na pele a tua energia / Quando peguei de leve a tua mão / A noite inteira passa num segundo / O tempo voa mais do que
a canção
Quase no fim da festa / Num beijo, então, você se rendeu / Na minha fantasia / O mundo era você e eu
Eu perguntava, do you wanna dance? / E te abraçava, do you wanna dance? / Lembrar você / Um sonho a mais não faz mal
CHRIS: E por volta da meia noite o som era embalado pelas músicas lentas para os chavecos dos casais e ali os rapazes
roubar os beijos da donzelas, onde ainda existia a paquera do inocente olhar
ALEX S: O Clube Carlos Chagas ainda resiste no tempo e na história, buscando proporcionar entretenimento e lazer aos seus
associados e visitantes.
CENA 36
MAÉLIKA: Dos bailes carnavalesco do Elite Social Clube e do Clube Carlos Chagas a marchinhas invadem a avenida
Capitão João Pinto em forma de desfiles com escola de samba.
MANU: Foi época dos blocos Tupinambás, JULIANA: Vendedores de Chapéus, LIZ: Enamorados do Samba, FLÁVIA:
Noite Linda, JENNIFER: Palhaços e Colombinas, JULIAR R, Independes do Samba, MANU: Unidos do Arcoverde,
JULIANA: Cometa Loucura LIZ: e outros tantos, participaram dessa trajetória cultural efêmera de Carlos Chagas.
FLÁVIA: Todos os anos era uma madrinha de bateria escolha e passada a chave da cidade do rei Momo.
JENNIFER: Tudo passou. Uma nova geração chegou, e deu uma roupagem diferente ao nosso Carnaval.
MAÉLIKA: Daí surgiu a abertura do asfalto para o litoral, então foi natural que processo de aculturação dominasse a prática
popular, findando assim a nossa cultura carnavalesca.
CENA 37
MANU: O povo de Carlos Chagas além de festeiros sempre foi um povo de muita fé.
JULIANA: Em épocas de seca subiam ao morro do cruzeiro em promessa para que água Deus enviasse.
ALEX S: Alô povo que vive na terra / Vá lá dentro apanhar um véu / Vamos formar fileiras / E partiu pro céu
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CNPJ: 38.904.665/0001-00 - Rua Frei Teodoro nº 648, bairro Dr. Manoel
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contato: 33 9 9172-1624
ALEX G: Sei que muitos vão chegar cansados / Pois é longa a nossa caminhada / Mas deixem que eu faço / O discurso de
entrada
ANDRÉ: Bom dia Senhor / Não viemos tomar seu café / O que estamos querendo / O Senhor sabe o que é
ETEMÍCIO: Cada um trouxe um litro de água / Um a um quer lhe oferecer / Será impossível / Não compreender
BERNARDO: Se na terra ela é tão escassa / Mesmo assim conseguimos trazer / O Senhor tem fartura / É questão de querer
CHRIS: Muito pai viu o filho morrendo / Foi de frio, de sede ou de fome / Foi falta de Chuva / E não falta de homem
TODOS: Já voltamos, boa noite irmãos / O que é que está se passando / Oi eu de cobertor / Eu estava sonhando
CENA 39
SERESTAS
VIOLÃO: JOÃO E ÁLAMO
TOM: C
PRÓX. MÚS: A vida passa (C)
Boa noite Que nós cantamos pra você Quem é que está batendo na
Diga ao menos boa noite portinha do seu coração
Abra ao menos a janela
Que nós cantamos pra você Boa noite
Êêêêêê êêêêêê êêêêêê êêêêêê Quem é que está batendo na Diga ao menos boa noite
portinha do seu Abra ao menos a janela
Óh Ana Quem é que está batendo na Que nós cantamos pra você
Abra a janela querida portinha do seu Que nós cantamos pra você
Que a noite está tão linda (toc toc no violão) Que nós cantamos pra você
FUNDO: SERESTAS
ALEX S: Cadeiras, varandas, janelas /ALEX G: E moças tão belas / Em noites de luar / ANDRÉ Ouvindo cantigas /
Canções tão antigas / BERNARDO Lá fora na rua Que belo passado / CHRIS No peito guardado / Lindas Serenatas /
ETEMÍCIO: Varandas vazias / Relembrando os dias / Saudade que mata (Fidelcino Martins)
2ª Parte
Durma
Durma bem com os anjinhos
Pra acordar amanhã cedinho
Que nós cantamos pra você
Que nós cantamos pra você
CENA 40
CHRIS: Em Tempos difíceis / Economia instável / Altas taxas de Juros / Triste crise hídrica, já passou nossa Carlos Chagas
BERNARDO: Mas contra tudo isso há um tempo um exército de 27 / Vinte e sete corajosos / Que trabalharam
incansavelmente / Para buscar recurso financeiro / E efetivo desenvolvimento
ETEMÍCIO: Vinte e sete, nem a menos, nem a mais / Queriam mudar os fatos / E não olharam para trás / Esqueceram dos
problemas / Enfrentaram o sistema / Como um bom guerreiro faz
ANDRÉ: Guerreiros de força maior / Amigos de nossa terra / Mostrando que alguém que erra / Pode bem começar do pó /
Fazer tudo diferente / Logo daqui pra frente / Escrevendo com seu suor
ALEX G: Carlos Chagas é agraciada com mais empreendimento que hoje é sucesso
ALEX S: No dia 19 de agosto de 1991 - Foi criada a Cooperativa de Crédito Rural de Carlos Chagas - CREDICAR
JULIANA: Intitulada como cooperativa mãe - Sempre lado a lado - Com a cooperativa de crédito rural
CHRIS: Documentalmente o sonho passou a ser realidade - Os nobres homens visionários - Viram que o cooperativismo -
Faria a diferença
BERNARDO: Com ousadia e pioneirismo - Abriram as portas para um novo tempo - Um tempo de conquistas - Um tempo
de glórias
ANDRÉ: Algo consistente e físico - Para poder atender seus associados - De uma forma coerente
ALEX G: Sim, faltava o espaço físico - Para que a cooperativa prosperasse - E buscasse novos horizontes
ALEX S: E assim foi feito - Por trás de uma pequena portinha - Com um computador e móveis ganhados - Recursos
emprestados pela COOLVAM - E trabalhos voluntários
LIZ: Em 15 de janeiro de 1992 - Inaugurou o primeiro espaço físico - Da Cooperativa de Crédito Rural de Carlos Chagas
FLÁVIA: Vendo como o cooperativismo traz transformação, desenvolve o vaqueiro e o doutor, Não olhando a condição,
Desenvolve em Carlos Chagas, E vai pra toda região
JULIANA: Em 2003 foi desafio inaugurar agência em Santa Helena de Minas, que naquela época não possuía atendimento
de outra instituição financeira
BERNARDO: Em 2021 com o plano de expansão sistêmico o Sicoob Carlos Chagas chegou a Teixeira de Freitas no estado
da Bahia
ETEMÍCIO: De Credicar a Sicoob Carlos Chagas - Uma história sem fim... O passado vai de encontro ao presente em um
curto espaço temporal.
ANDRÉ: Hoje com mais de 10 mil associados o Sicoob Carlos Chagas vai escrevendo sua história fazendo parte de um
sistema sólido.
ALEX G: Com o propósito de conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade
ALEX S: Tendo a missão de promover soluções e experiências inovadoras e sustentáveis por meio de cooperação
LIZ: A visão de ser referência em cooperativismo, promovendo o desenvolvimento econômico e social das pessoas e
comunidade
PARTIDA DE FUTEBOL
VIOLÃO: JOÃO E ÁLAMO
TOM: A
PRÓX. MÚS: Pátria Minas (acho que em G)
CENA 41
Bola na trave não altera o placar / Bola na área sem ninguém pra cabecear / Bola na rede pra fazer um gol / Quem não sonhou
ser um jogador de futebol?
A bandeira no estádio é um estandarte / A flâmula pendurada na parede do quarto / O distintivo na camisa do uniforme / Que
coisa linda, é uma partida de futebol
FUNDO: PARTIDA DE FUTEBOL (A)
ALEX S: Com o coração no pé e na chuteira, / Com o grito de gol na garganta! / Com amor em forma de cores / se vestem a
cidade inteira.
ALEX G: Sua camisa é pele / nas cores do azul celeste / que encarna a paixão / de torcedor do Cruzeiro.
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ANDRÉ: Tudo é festa é especial / são dias em que a bola é a bela / e os pés que a tocam são armas / que alcançam a meta do
adversário.
ETEMÍCIO: Combatível, implacável / Em seu manto nas cores verde e amarelo / Borroló time de glória
BERNARDO.: A festa está preparada, / Vai começar a decisão / Há alvoroço, na cidade / o que se ouve é um frisom. / Vozes
apreensivas na expectativa de um show
CHRIS: Vai começar a decisão, / de dois times campeões. / Borroló versus Cruzeiro / Jogo épico de tirar o folego.
LIZ: Pela forte tradição / de uma historia de emoção / que remonta a memória / daqueles que viveram essa paixão.
FLÁVIA: Somos desportistas de tradição, / além do futebol amamos o voleibol / nossa equipe e forte e dinâmica
JENNIFER: Feita de jovens talentosos / que impulsionam com muita raça / a força da nossa cidade
MAÉLIKA: Levanta a bola e saca / é técnica coletiva / de uma turma dedicada / Que participa e leva / o nome da nossa
cidade / para todos os lugares.
MANU: Com o pé ou com a mão / temos o handebol e o de salão / todos feitos para promoverem a emoção.
JULIANA: Já na água temos a natação / premiada além das nossas fronteiras / Deixando sua marca de que nossa gente faz
bonito em toda modalidade.
CENA 42
LIZ: Já podeis da pátria filhos, ver contente a mãe gentil, já raiou a liberdade, já raiou a liberdade no horizonte do Brasil.
FLÁVIA: Era um dia muito especial, 7 de setembro, muitos preparativos, as escolas se preparavam, com tamanho esmero,
para as suas performances nas ruas da cidade.
MAÉLIKA: A disputa acirrada das escolas para mostrarem o seu melhor, ensaios as escondidas, até mesmo no antigo campo
de aviação.
MANU: Os segredos guardados nos carros alegóricos, as balizas, pelotões de educação física, coreografias, enfim tudo para
encantar a multidão que ia para a praça no dia 07 de setembro.
JULIANA: Tudo tinha que ser perfeito, Pedro Miranda, exímio comandante de alguns desfiles, a rígida disciplina cobrada
pelos professores que se desdobravam, para que a festa tivesse o brilho e o êxito planejado.
BATERIA
MAÉLIKA: Muitos heróis se desdobraram para a perfeita execução da sinfonia dos tambores, taróis e cornetas.
MANU: Saudoso Roque Augusto de Oliveira, Jair Oliveira Costa e seus fiéis escudeiros, Atala Mendes Lacerda, JULIANA:
Valdelino LIZ: Silmazinho FLÁVIA: Butão JENNIFER: Hermílio MAÉLIKA: Giguilin em memória MANU: Wellington
em memória JULIANA: Jocão LIZ: Nilsao FLÁVIA: Hugo em memória JENNIFER: Lorival Sena MAÉLIKA: Paraiba
MANU: Silvio Kretli JULIANA Vava LIZ: Cosco FLÁVIA: China JENNIFER: Hebert MAÉLIKA: Bujão MANU:
Candido Augusto em memória JULIANA e Lira Macionilio Rodrigues que seriam artistas naquele dia especial.
LIZ: A cidade mãe sentia seu coração pulsar dentro do seio de uma nação, cujos filhos jamais fugiram da luta e jamais
temeram os receios do seu futuro.
CENA 43
ALEX S: As vezes a gente corre tanto pela vida, que deixa passar tantas coisas bonitas. A gente corre tanto que não percebe
as cores, as flores na beira do caminho, as vezes a gente quer que o fruto amadureça antes do tempo. A gente tem muita
pressa, mas somente o tempo sabe a hora certa de dar o presente para a gente, o tempo sabe o momento exato de dar o
presente que a gente merece.
FLÁVIA: Queridos filhos
MAÉLIKA: Filhos presentes
MANU: Filhos ausentes
JULIANA: Sou mãe saudosa
LIZ: Uma mãe que lamenta perdas
JENNIFER: Que chora a falta dos que foram para sempre
FLAVIA: E dos que alçavam vôos em busca dos sonhos e não mais voltavam
MAÉLIKA: Volto muitas vezes ao passado... e ouço risos e gritinhos, cantigas de rodas nas noites apenas iluminadas pela
luar, ruas de terras batida
MANU: Por onde andam aquelas minhas crianças? Cresceram? Casaram? Tiveram filhos? Netos? Bisnetos?
JULIANA: Estariam hoje no plano celestial olhando por todos nós que aqui ficamos?
LIZ: E os outros tantos que me acenando o lencinho branco do adeus, partiram em busca de vida melhor: estudo.. trabalho...
sonhos.. e sonhos...
JENNIFER: Lembro-me das tradicionais festas do Clube, ou ate mesmo das inocentes horas dançantes nas salas apertadas
das famílias.
FLÁVIA: Os beijos roubados por entre as rosas dos meus jardins
MAÉLIKA: Das mãos entrelaçadas durante os filmes do cine Filadélfia
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MANU: Das portas do comércio se fechando, em sinal de respeito ante o silencioso cortejo fúnebre de meu filho, todos
andando de cabeça para baixo em sinal de tristeza e respeito.
JULIANA: O badalar do sino da Matriz e a ave ao cair das tardes
LIZ: O entusiasmo a emoção o tremular das bandeiras dos estádios Anita Rodrigues e Manelão Borroló e Cruzeiro meus
times do coração, porque mãe não pode ter predileção quando todos são filhos
JENNIFER: O apito da Maria Fumaça gente nova chegando, outros partindo e voltando.
FLÁVIA: Os alunos impecáveis, devidamente uniformizados homenageando a pátria querida no dia da sua independência.
MAÉLIKA: Os meus rios Urucu e Mucuri límpidos... largos... caudalosos... dando peixe para que tivesse fome.
MANU: Minhas florestas, meus pássaros em revoadas faziam me sentir elegantemente vestida como se para um baile fosse.
JULIANA: Por favor não me entendam mal, eu nada cobro, eu não delego responsabilidades
LIZ: Eu sei que na medida que crescemos perdemos partes
JENNIFER: Somos obrigados a abrir mão de coisas menores. Menores?
FLÁVIA: Quero meus filhos que não vejam em mim uma mãe saudosista, rabugenta que vive apenas do passado
MAÉLIKA: Hoje o meu céu é mais estrelado porque os filhos que se foram para sempre, se fizeram em estrelas
MANU: Os meus filhos que buscam novos horizontes, que seguiram em busca de seus sonhos Também cresceram, se
realizaram e muitos voltavam para o meu aconchego
JULIANA: Estou evoluindo, já não há mais Maria Fumaça... mas carros... bicicletas... motos transitam pelas minhas ruas
LIZ: O Cine Filadélfia se foi... mas a televisão... rádio... computadores... internet... e outras tantas tecnologias que meu
conhecimento nem alcança
JENNIFER: Hoje se não ouço mais a Ave Maria no cair das tardes, vejo que as igrejas estão cheias, cada um com sua
maneira de professar a sua fé, é o que importa.
FLAVIA: Aos filhos que comigo continuam eu peço: Sejam fieis... dignos... irmãos... Não deixem jamais que a violência os
afaste de mim
MAÉLIKA: Sejam mais humanos e menos egoístas, eu os acolho sem fazer qualquer tipo de distinção.
MANU: Meu coração é do tamanho da necessidade de cada um de vocês. E por isso é grande... descomunal...
JULIANA: Não dificultem o trabalho do outro por puro prazer de ser contra. É respeitando a terra mãe, que se respeita a si
próprio
LIZ: E se algum pessimista, filho meu ou não, disser que não há mais esperança para mim
JENNIFER: Por favor não creiam, vocês são a minha esperança... o meu progresso... a minha MARIANA...
FLÁVIA: Trabalhem hoje, lutem hoje, solidifiquem esta mãe terra hoje. Porque amanhã pode ser tarde
MAÉLIKA: E infelizmente não cabe a mim o milagre da eternidade
MANU: Amo você filhos meus
JULIANA: Sofro por vocês filhos meus
LIZ: Alegro-me por vocês meus filhos
JENNIFER: E principalmente vivo por vocês
FLÁVIA: Existo por vocês
MAÉLIKA: E se ainda for pouco posso acrescentar dizendo
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CENA 44
PATRIA MINAS