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SEMINÁRIO DOM VICENTE J.

ZICO
CURSO DE FILOSOFIA
DISCIPLINA: ÉTICA II
DOCENTE: PE. GLAUDEMIR SIMPLICIO DE LIMA
DISCENTE: WELLINTON MONTEIRO LIMA
CASTANHAL, 31 DE AGOSTO DE 2021
RESENHA DO CAPÍTULO III DA ÉTICA A NICÔMACO
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultura, 1991, p. 43-70.

O livro III aborda a temática relacionada às ações voluntárias e involuntárias,


argumentando sobre a liberdade de escolha de cada indivíduo. Esta análise é fulcral
para julgar acerca da responsabilidade dos atos de cada pessoa humana, o que é
abordado neste capítulo. Nisto, apenas as atitudes voluntárias, quer sejam boas ou
más, podem ser julgadas, visto que estas fundam-se nas escolhas do sujeito.
“São, pois, consideradas involuntárias aquelas coisas que ocorrem sob
compulsão ou por ignorância; e é compulsório ou forçado aquilo cujo princípio
motor se encontra fora de nós e para o qual em nada contribui a pessoa que age...”
(p.43). Constituem os atos involuntários: quando não dependem da escolha do
sujeito. Este é forçosamente coagido a praticá-los, não colaborando para a sua
prática.
“Tais atos, pois, são mistos, mas assemelham-se mais a atos voluntários pela
razão de serem escolhidos no momento em que se fazem e pelo fato de ser a
finalidade de uma ação relativa às circunstâncias” (p.43). Em outras palavras, ambos
esses termos, "voluntário" e "involuntário", devem portanto ser usados com
referência ao momento da ação. Neste sentido, todo ato está relacionado às seguintes
circunstâncias: quem (com quem)? Quando? Como? Onde? Por quê? Para quê? Estas
constatam se o ato é voluntário ou involuntário, sobretudo o “quando?”, haja visto
que caracteriza o momento da ação. Ou seja, se aplicado de forma correta ao direito,
abrange a questão de agravamentos e/ou atenuantes.
Inicialmente, quando um indivíduo é coagido a praticar uma ação execrável
esta é uma ação voluntária; todavia, se considerada a referida ação global, pode ser
caracterizada como sendo involuntária, pois, em outro momento, ninguém em plena
consciência escolheria praticar tais atos.
A opinião humana pode ser verdadeira ou falsa. A escolha é boa ou má.
“[...] é nossa escolha do bem e do mal que nos faz homens de um certo
caráter, e não nossa opinião [...] e a opinião é louvada por ser verdadeira” (p.53).
Nisto, o caráter é forjado pelas escolhas. Este não é temperamento, mas uma espécie
de disposição às virtudes e/ou vícios. “[...] a escolha requer o uso da razão e do
pensamento. Seu próprio nome, aliás, parece sugerir que ela é aquilo que é escolhido
de preferência a outras coisas” (p.54).
Portanto, Aristóteles começa fazendo novas considerações sobre a virtude,
afirmando que as ações e as paixões, são de natureza voluntária ou involuntária, e após
esta distinção, nosso julgamento sobre os atos devem mudar, pois as ações
involuntárias são dignas de perdão e até compaixão, pois são realizadas por ignorância,
sob compulsão ou até mesmo pressão, deixando bem claro a diferença entre “na
ignorância” e “por ignorância”, pois, por exemplo, um homem bêbado age na
ignorância e não por ser ignorante, o que o distingue daquele que age
involuntariamente é o peso na consciência, a intenção.

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