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III.

TÉCNICAS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS

3.1. Simplificação de Circuitos

Incógnitas relacionadas a elementos de um circuito têm seus valores definidos a partir das leis de Kirc-
hhoff. Numa análise mais cuidadosa, porém, pode-se verificar que determinados elementos ou ramos não
introduzem incógnitas quando se deseja calcular uma corrente/tensão em um determinado ponto do cir-
cuito.
Por exemplo, se deseja calcular o valor da corrente ix no seguinte circuito:
10 Ω 30 Ω

iD iC iB iA
4Ω 2A
+
100 V 2Ω 5Ω 20 Ω

+
50 V
50 A
3A
20 A −
ix

Atribuindo sentidos para as correntes desconhecidas, obtém-se o seguinte sistema de equações:

⎧ ix + i A + 2 = 0 (∗)
⎪ i + 20 = i
⎪⎪ A B

⎨ iC + 3 = iB
⎪ i + 50 = i
⎪C D

⎪⎩ − 100 + 10i A − 20ix = 0 (∗)

O sistema acima é formado por 5 equações e 5 incógnitas. Note, porém, que bastariam as equações as-
sinaladas para o cálculo da corrente ix. Observe que existem muitos elementos no circuito que não partici-
pam efetivamente do cálculo de i x, fazendo com que o circuito se torne mais complexo do que ele real-
mente é.
O primeiro passo na simplificação é reunir os nós equivalentes em um único.
10 Ω 30 Ω

iA
iD 4Ω 2A
+
100 V 2Ω 5Ω 20 Ω

+
50 V
50 A
3A
20 A −
ix

⎧ ix + i A + 2 = 0 (∗)

⎨ i A + 20 + 50 = iD + 3
⎪ − 100 + 10i − 20i = 0 (∗)
⎩ A x

Este novo sistema possui 3 equações e 3 incógnitas, ou seja, é menor que o anterior. Porém, observe
que bastariam as mesmas equações assinaladas para se calcular a corrente ix.
Como se percebe as equações não assinaladas são desnecessárias para a solução do exercício. Levando
em conta apenas as equações assinaladas, estas fornecem o seguinte circuito elétrico:
Circ1_Cap3.doc III-1
10 Ω
⎧ ix + i A + 2 = 0

iA ⎩ − 100 + 10i A − 20ix = 0
+
100 V

20 Ω 2A
⎧ i x + i A = −2
ix ⎨
⎩ −20ix + 10i A = 100

ix = − 4 A e iA = 2 A

Observe que o circuito simplificado acima corresponde ao circuito original menos:


• os elementos em paralelo com fontes de tensão;
• os elementos em série com fontes de corrente.

Isto significa que os elementos em paralelo com fontes de tensão bem como os elementos em série
com fontes de corrente não introduzem incógnitas no problema.
A parte do circuito que foi simplificada perde as suas características originais, isto significa que ten-
sões, correntes e potências calculadas na parte que foi simplificada não apresentam valores corretos. No
exemplo anterior, observe que a potência da fonte de 100 V vale:
• no circuito simplificado:
P100V = 100 × 2 = 200 W (F)
• no circuito original:
iD = iC + 50 = iB − 3 + 50 = iA + 20 − 3 + 50 = iA + 67 = 2 + 67 = 69 A
P100V = 100 × 69 = 6.900 W (F)

3.2. Análise Nodal

Um circuito com “n” nós possui “n − 1” tensões incógnitas, pois um dos nós pode ser tomado como re-
ferência. Assim, necessita-se de “n − 1” equações para se resolver o problema.
Para aplicar-se a análise nodal, após se fazer a simplificação do circuito, aplica-se a lei das correntes
de Kirchhoff a cada nó, exceto àquele que foi tomado como referência. De uma forma automática, as e-
quações nodais podem ser escritas como:

• Lado esquerdo: corresponde a uma soma algébrica de produtos condutância por tensão. Um dos pro-
dutos é a tensão do nó em análise pela soma das condutâncias ligadas a este nó. Os
demais correspondem ao negativo da tensão em um nó adjacente pela condutância
que conecta este nó ao nó em análise.
• Lado direito: corresponde à soma algébrica das correntes oriundas de fontes de corrente que estejam
conectadas ao nó em análise. O valor da fonte de corrente é positivo se a corrente esti-
ver chegando ao nó em análise e será negativo se a corrente estiver saindo.
25 A 70 A
Exemplo 1:
Calcule as tensões VA e VB.
1

V1 0,25 Ω V2 6 V3

+ VA − − VB +
1 0,2 Ω 1
42 A Ω 57 A Ω 4A
3 7

Circ1_Cap3.doc III-2
⎧(3 + 4)V1 − 4V2 = 42 + 25 ⎧7V1 − 4V2 = 67 V1 = 5 V
⎪ ⎪ V2 = −8 V
⎨ −4V1 + (4 + 5 + 6)V2 − 6V3 = −25 − 57 − 70 ⎨ −4V1 + 15V2 − 6V3 = −152
⎪ −6V + (6 + 7)V = 70 + 4 ⎪ −6V + 13V = 74 V3 = 2 V
⎩ 2 3 ⎩ 2 3

VA = V1 − V2 = 5 − (−8) = 13 V
VB = V3 − V2 = 2 − (−8) = 10 V

Demonstração da equação nodal do nó 2. Considere que todas as correntes que circulem por resistên-
cias conectadas ao nó 2 esteja saindo do mesmo. Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff ao nó 2, ob-
tém-se:

4 (V2 − V1) + 5V2 + 6 (V2 − V3) + 25 + 57 + 70 = 0


4V2 − 4V1 + 5V2 + 6V2 − 6V3 = −152
−4V1 + 15V2 − 6V3 = −152

3.2.1. Análise Nodal em Circuitos Contendo Fontes de Tensão

Supernó: é o conjunto formado por dois nós terminais a uma fonte de tensão.
Nó Aparente: é um supernó onde um dos dois terminais da fonte de tensão é o nó de referência.

Cada supernó introduz uma equação vincular ou de restrição e deve ser tratado como se fosse um úni-
co nó. O nó aparente, por outro lado, já é o valor de uma das tensões incógnitas.

Exemplo 2: Determine a potência dissipada no resistor R. A condutância do resistor vale 2 S.

5V
VA VB R VC 2S VD
+ −

+
6A 2S 2S 4S 8A 10 V

Equações vinculares: VA − VB = 5
VD = 10
Equação do supernó: 2VA + 4VB − 2VC = 6
Equação do nó C: −2VB + 8VC − 2VD = 8

⎧VA − VB = 5 VA = 5,5455 V
⎪ VB = 0,5455 V
⎨2VA + 4VB − 2VC = 6
⎪ −2V + 8V = 28 VC = 3,6364 V
⎩ B C

PR = G (VC − VB) 2 = 2 (3,6364 − 0,5455) 2 PR = 19,1074 W

Circ1_Cap3.doc III-3
3.3. Análise de Malhas

Enquanto a análise nodal se aplica a qualquer circuito, a análise de malhas somente se aplica a circui-
tos planares, ou seja, aqueles que podem ser desenhados numa superfície plana sem cruzamentos.

Circuito planar: R1
R1
R4
+
E
− R5
R2 ⇒ + R4
E R2 R5

R3
R3

Circuito não-planar: R1

R4 R5

R8
+
E R9 R2
− R10

R7 R6

R3

Malha interna: é um caminho fechado formado por ramos (malha) que não contém nenhuma outra ma-
lha por dentro. Em um circuito, cada malha interna introduz uma equação baseada na lei das tensões de
Kirchhoff.

Para a aplicação da análise de malhas, inicialmente, se estabelece um sentido (geralmente horário) para
a corrente em cada malha interna. Feito isso, as equações de malha podem automaticamente ser escritas
como:

• Lado esquerdo: corresponde a uma soma algébrica de produtos resistência por corrente. Um dos pro-
dutos é a corrente na malha em análise pela soma das resistências pertencentes a esta
malha. Os demais correspondem ao negativo da corrente em uma malha adjacente
pela resistência comum a estas duas malhas.

• Lado direito: corresponde a soma algébrica das tensões oriundas de fontes de tensão que pertençam à
malha em análise. O valor da fonte de tensão é positivo se a corrente na malha entra pe-
lo negativo da fonte de tensão e será negativo se a corrente na malha entra pelo positivo
da fonte de tensão.

Exemplo 3: Calcule as correntes IA, IB, IC e ID usando a análise de malhas.

Circ1_Cap3.doc III-4
IB 6V
3Ω ⎧(3 + 4 + 2) I1 − 2 I 2 − 4 I 3 = −6
+ − ⎪
⎨ −2 I1 + (2 + 5 + 2) I 2 − 5I 3 = 3
I1 ⎪ −4 I − 5I + (4 + 1 + 5) I = 9
⎩ 1 2 3
2Ω 4Ω

⎧ 9 I 1 − 2 I 2 − 4 I 3 = −6
+
ID

⎨ −2 I 1 + 9 I 2 − 5 I 3 = 3
3V
− 1Ω

5Ω ⎪ −4 I − 5I + 10 I = 9
I2
I3 ⎩ 1 2 3
2Ω − 9V
IA
IC +
I1 = 0,4486 A I2 = 1,4299 A I3 = 1,7944 A

IA = I2 IA = 1,4299 A
IB = −I1 IB = −0,4486 A
IC = I2 − I3 = 1,4299 − 1,7944 IC = −0,3645 A
ID = I1 − I3 = 0,4486 − 1,7944 ID = −1,3458 A

Demonstração da equação de malha da malha 1. Aplicando a lei das tensões de Kirchhoff à malha 1,
obtém-se:

6 + 4 (I1 − I3) + 2 (I1 − I2) + 3I1 = 0


4I1 − 4I3 + 2I1 − 2I2 + 3I1 = −6
9I1 − 2I2 − 4I3 = −6

3.3.1. Análise de Malhas em Circuitos Contendo Fontes de Corrente

A existência de uma fonte de corrente em um circuito onde se aplica a análise de malhas produz uma
equação vincular. Após se escrever a equação vincular para a fonte de corrente, o ramo que contém a fon-
te de corrente é retirado do circuito e aplica-se a análise de malhas para as malhas restantes.

Exemplo 4: Calcule as correntes i1, i2 e i3 usando análise de malhas.

5V 5V
5Ω 6Ω 3Ω 5Ω 6Ω 3Ω
+ − + −

i3 + i3 +
3Ω 2Ω 5V 3Ω 2Ω 5V
− −
2Ω 2Ω
i1 6A i2 i1 i2

+ +
8V i4 7A 8V i4
− −

7Ω 7Ω

⎧ −i1 + i2 = 6 i1 = −3,9682 A
⎪ i = −7 ⎧ −i1 + i2 = 6
⎪4 ⎪ i2 = 2,0318 A
⎨ ⎨ −2i2 + 7i3 = −19
⎪ −2i2 + 7i3 − 2i4 = −5 ⎪8i + 15i − 2i = 3 i3 = −2,1338 A
⎪⎩8i1 + 15i2 − 2i3 = 3 ⎩ 1
i4 = −7,0 A
2 3

Circ1_Cap3.doc III-5
3.4. Transformação de Fontes

a) Fonte de tensão real: a figura abaixo representa uma fonte de tensão real, na qual o resistor RFT em sé-
rie com a fonte de tensão ideal não é um elemento físico e, sim, serve para expressar o fato de
que o valor da tensão nos terminais da fonte decresce à medida que a corrente i aumenta.
v
Fonte de Tensão Ideal
EFT
RFT v

+ 2
EFT
Fonte de Tensão Real A
3
i
+ 1
EFT
EFT v RL 2

− 0 B i
0 RFT 2RFT 3RFT 4RFT 5RFT 6RFT RL

Da primeira figura, utilizando a lei das tensões de Kirchhoff, obtém-se:

v = EFT − RFT.i (1)

Analisando a característica Volt × Ampère da fonte de tensão real, tem-se:

A
i=0 → v = EFT − RFT.0 → v = EFT

EFT
B
v=0 → 0 = EFT − RFT.i → I CC =
RFT

b) Fonte de corrente real: a figura abaixo representa uma fonte de corrente real, na qual o resistor RFC em
paralelo com a fonte de corrente ideal não é um elemento físico e, sim, serve para expressar o fa-
to de que o valor da tensão nos terminais da fonte decresce à medida que a corrente i aumenta.
i
Fonte de Corrente Ideal
IFC
v
+
A
i
IFC RFC v RL 1
I FC
2
1
− 3
I FC
Fonte de Corrente Real
0 B i
0 RFC 2RFC 3RFC 4RFC 5RFC 6RFC RL

Da primeira figura, utilizando a lei das correntes de Kirchhoff, obtém-se:

v
i = I FC − → v = RFC I FC − RFC i (2)
RFC

Analisando a característica Volt × Ampère da fonte de tensão real, tem-se:

A
i=0 → v = RFCIFC − RFC.0 → v = RFCIFC

B
v=0 → 0 = RFCIFC − RFCi → i = IFC

Circ1_Cap3.doc III-6
3.4.1. Transformação de Fontes
RFT
+
+
i
i
EFT
+
v ⇔ IFC RFC v


Se quer transformar uma fonte de tensão real em uma fonte de corrente real e vice-versa. A equivalên-
cia ocorre quando ambas fornecem as mesmas tensões e correntes para a mesma carga conectada em seus
terminais.
Para tal as equações (1) e (2) devem ser iguais:

EFT − RFT.i = RFCIFC − RFCi (3)

Esta igualdade exige que:

EFT = RFCIFC EFT


I FC =
RFT = RFC ou RFT (4)
RFC = RFT

Exemplo 5: Calcule a corrente IR usando transformação de fontes para R = 5 Ω e para R = 10 Ω.

5Ω

IR +
5A 4Ω R 10 V

5A 4Ω IR R 5Ω 2A

20 IR
7A Ω R
9

20 20
IR = 7 9 IR = 7 9 I R = 2,1538 A
20 20
+R +5
9 9
20
IR = 7 9 I R = 1, 2727 A
20
+ 10
9

Circ1_Cap3.doc III-7
3.4.2. Casos Particulares

a) Fontes de tensão sem resistência em série: se uma fonte de tensão conectada a “n” ramos não possui
resistência em série, pode-se separar os ramos e, para cada um, associar uma fonte de tensão de mesmo
valor e polaridade da original.

R2
R1 R2 R3
R1 R3

+ + +
E E E
+ − − −
E

b) Fontes de corrente sem resistência em paralelo: se uma malha possui uma fonte de corrente sem resis-
tência em paralelo, pode-se ligar a cada ramo da malha uma fonte de corrente de mesmo valor da original
de modo que se respeite a lei das correntes de Kirchhoff.

a b

I
a b
I R1 R3 I

R2
R1 R3
d c

d c
R2
I

Exemplo 6: Calcule a tensão Vx usando transformação de fontes.

1Ω 1Ω

4Ω 2Ω 5Ω 4Ω 2Ω 5Ω

+ +
+ + +
4Ω 60 V 2Ω Vx 0,5 Ω 4Ω 60 V 60 V 2Ω Vx 0,5 Ω
− − −
− −

3Ω 6Ω

+
+ +
30 V 30 V Vx 0,5 Ω
− −

Circ1_Cap3.doc III-8
1Ω

5Ω

2Ω 15 A 30 A 1Ω Vx 0,5 Ω

+ +

10 A 3Ω 5A 6Ω Vx 0,5 Ω 15 A 2Ω Vx 0,5 Ω

− −

2Ω 0,5
Vx = 30
+ 0,5 + 2
+
30 V Vx 0,5 Ω

Vx = 6 V

3.5. Teorema da Máxima Transferência de Potência (Energia)

Rf

Ef
+
i i=
Ef

RL R f + RL

RL E 2f RL E 2f
PL = RLi 2 = =
( R f + RL ) 2 R 2f + 2 R f RL + RL2

A máxima potência na carga ocorre quando a derivada de PL em relação à RL for nula, ou seja,

dPL ( R f + 2 R f RL + RL ) E f − RL E f (2 R f + 2 RL )
2 2 2 2

= =0
dRL ( R 2f + 2 R f RL + RL2 )2
R 2f E 2f + 2 R f RL E 2f + RL2 E 2f − 2 R f RL E 2f − 2 RL2 E 2f = 0
( R 2f − RL2 ) E 2f = 0
R 2f − RL2 = 0 RL2 = R 2f RL = R f

Conclusão: a máxima transferência de energia entre uma fonte de tensão real e um resistor de carga
conectado aos seus terminais ocorre quando a resistência de carga for de mesmo valor que a resistência
interna da fonte.

Circ1_Cap3.doc III-9
Exemplo 7: Calcule a máxima potência que o resistor R pode dissipar no circuito a seguir.

6Ω
6Ω

2Ω 8Ω 2Ω 8Ω

8A 4Ω R 8A 4Ω R
8A

2A

6Ω

8V
8Ω 4Ω
− +
16 V
2Ω 8Ω
+ −
4Ω
8Ω
R
4Ω
+
R 32 V −
4Ω
+
32 V

R
+
32 V

8Ω
Para máxima transferência de potência: R = 8 Ω
+ 8
+
VR = 40 = 20 V
40 V

VR R 8+8
− VR2 202
PR =
max
= PRmax = 50 W
R 8

3.6. Linearidade e Superposição

3.6.1. Linearidade

O resistor é um elemento linear porque possui sua relação tensão × corrente linear, isto é,

v(t) = R i(t) (5)

A linearidade exige tanto aditividade como homogeneidade (mudança de escala). No caso do resistor,
se i1(t) for aplicada, a tensão sobre o resistor é:

v1(t) = R i1(t) (6)

Similarmente, se i2(t) for aplicada, então:

Circ1_Cap3.doc III-10
v2(t) = R i2(t) (7)

Além disso, se i1(t) + i2(t) for aplicada, a tensão sobre o resistor é:

v(t) = R [i1(t) + i2(t)] = R i1(t) + R i2(t) = v1(t) + v2(t) (8)

Isso demonstra a propriedade aditiva.


Se a corrente i1 é multiplicada por uma constante K1, a tensão sobre o resistor é:

v(t) = R [K1i1(t)] = K1R i1(t) = K1 v1(t) (9)

Isto demonstra a homogeneidade.


Fontes controladas são lineares se sua tensão ou corrente saída é proporcional à soma da primeira po-
tência das variáveis que a controlam. Em outras palavras, as variáveis que controlam a tensão ou corrente
de saída de uma fonte controlada podem estar na forma:

K1i1(t)
K2v2(t) (10)
K1i1(t) + K2v2(t)

Entretanto, se as variáveis de saída forem dadas por uma expressão da forma:

K1[i1 (t )]2
(11)
K2i1(t) v2(t)

a fonte controlada não é linear.

Circuito Linear: é aquele composto exclusivamente por fontes independentes, fontes controladas linea-
res e elementos lineares.

Exemplo 8: Calcule a tensão de saída Vout usando o princípio da linearidade.

VF 2Ω V1 2Ω V2 4Ω Para se utilizar a linearidade, assume-se que a


+ tensão de saída Vout seja 1 V. Essa consideração re-
IF I2 I4
+ I1 I3
sultará em um valor para a fonte de tensão (V F).
48 V 4Ω 3Ω Vout 2Ω
− Usa-se, então, o valor real da fonte de tensão e li-
− nearidade para calcular o valor real da tensão de
saída Vout.

Assumindo Vout = 1 V, obtém-se:

Vout 1 V2 = Vout + 4 I 4 = 1 + 4 × 0,5 = 3 V V2 3


I4 = = = 0,5 A I3 = = =1 A
2 2 3 3
I 2 = I 3 + I 4 = 1 + 0,5 = 1,5 A V1 = V2 + 2 I 2 = 3 + 2 × 1,5 = 6 V V 6
I1 = 1 = = 1,5 A
4 4
I F = I1 + I 2 = 1,5 + 1,5 = 3 A VF = V1 + 2 I F = 6 + 2 × 3 = 12 V

Usando o princípio da linearidade, pode-se estabelecer uma regra de três:


Circ1_Cap3.doc III-11
1V ⎯⎯⎯ 12 V
Vout ⎯⎯⎯ 48 V Vout = 4 V

3.6.2. Princípio da Superposição

“ A resposta (tensão ou corrente) em um ponto qualquer de um circuito linear que tenha mais de uma
fonte independente pode ser obtida pela soma algébrica das respostas originadas pela ação de cada fonte
independente agindo sozinha ”.

Para se aplicar o princípio da superposição a um circuito linear com mais de uma fonte independente,
anula-se a cada passo todas as fontes independentes menos uma e se calcula a resposta desejada (tensão
ou corrente) devida unicamente a esta fonte. Após se calcular as respostas de cada fonte agindo sozinha,
soma-se estas respostas e se obtém a resposta final.
Para anular:
fontes de tensão → curto-circuito
fontes de corrente → circuito aberto

É importante frisar que fontes controladas não devem ser anuladas.


Convém lembrar que a potência é uma grandeza não-linear e, portanto, não se pode aplicar a super-
posição para calcular valores de potência. Pode-se calcular, através da superposição, a corrente ou a
tensão no elemento e, após, calcular a potência.

Exemplo 9: Calcule a tensão VA usando o princípio da superposição.

12 V
+ −

2Ω 3Ω

+ VA −
+
6Ω 24 V 4A

1º passo: 2º passo: 3º passo:


12 V
+ −

2Ω Vy 3Ω 2Ω 3Ω
2Ω 3Ω Vx
Vx + VA′′ − + VA′′ −
+ VA′ −
+
6Ω 24 V 6Ω 4A
6Ω −

0 0
0

1º passo: Anulando as fontes de 24 V e 4 A.

Circ1_Cap3.doc III-12
⎧VA′ − Vx = 12 ⎧VA′ − Vx = 12
⎪ ⎪ VA′ = 4 V
⎨⎛ 1 1 ⎞ 1 → ⎨2 1
⎪⎜⎝ 6 + 2 ⎟⎠VA′ + 3 Vx = 0 ⎪⎩ 3 VA′ + 3 Vx = 0 V x = −8 V

2º passo: Anulando as fontes de 12 V e 4 A.


Vx = 20 V
⎧V y = 24 ⎧V y = 24
⎪ ⎪ V y = 24 V
⎨⎛ 1 1 1 ⎞ ⎛1 1⎞ → ⎨ 5
⎪ ⎜ 6 + 2 + 3 ⎟ Vx − ⎜ 2 + 3 ⎟ V y = 0 ⎪⎩Vx − 6 Vy = 0
⎩⎝ ⎠ ⎝ ⎠ VA′′ = Vx − V y = 20 − 24 = −4 V

3º passo: Anulando as fontes de 24 V e 12 V.

⎧⎛ 1 1 1 ⎞
⎨⎜ + + ⎟VA′′′ = 4 VA′′′= 4 V
⎩⎝ 6 2 3 ⎠

4º passo: Aplicando a superposição.

VA = VA′ + VA′′ + VA′′′ = 4 + ( −4) + 4 VA = 4 V

Exemplo 10: Calcule a tensão V1 usando o princípio da superposição.

1º passo: 2º passo:
12 V
− + 12 V +
+
− +
I ′′x V1′′ 3Ω
Ix +
V1 3Ω
I′x V1′ 3Ω 1Ω − IA 6A
1Ω − 6A I x′ +
+ 1Ω − 2 I x′′
2Ix −
− I x′ +
2 I ′x

1º passo: Anulando a fonte de 6 A.

4 I x′ = 12 − 2 I x′ 6 I x′ = 12 I x′ = 2 A
V1′ = 3I x′ = 3 × 2 V1′ = 6 V

2º passo: Anulando a fonte de 12 V.

⎧ I A = −6
⎨ 6 I x′′ = −18 I x′′ = −3 A
⎩4 I x′′ − 3I A = −2 I x′′
V1′′= 3( I x′′ − I A ) = 3[ −3 − ( −6)] V1′′= 9 V

3º passo: Aplicando a superposição.

V1 = V1′ + V1′′= 6 + 9 V1 = 15 V

Circ1_Cap3.doc III-13
3.7. Equivalente Thévenin

3.7.1. Enunciado

“Qualquer circuito linear pode ser substituído, com exceção da carga, por um circuito equivalente que
contenha somente uma fonte de tensão independente (V oc) em série com um resistor (R TH) de modo que a
relação corrente-tensão na carga não seja alterada”.
Isto significa que, ao examinar qualquer rede linear a partir de um par de terminais, toda a rede é equi-
valente a um circuito simples consistindo de uma fonte de tensão independente em série com um resistor.

3.7.2. Cálculo de Voc e RTH

Voc: é a tensão obtida nos terminais para os quais se quer obter o equivalente Thévenin quando estes
estão em circuito aberto.

RTH: é a resistência equivalente vista dos terminais para os quais se quer obter o equivalente Thévenin
quando todas as fontes independentes são anuladas.

Exemplo 11: Calcule a corrente IL usando o equivalente Thévenin.


5V
2Ω
+ −

+ IL
8V 2A 2Ω RL = 2 Ω

Voc RTH

5V 2Ω
2Ω Vx
+ − +

8V
+
2A 2Ω Voc
2Ω ⇐ RTH


0

‘ Voc

1
V x − 8 = −2 Vx = 2 V
2
Voc − 2 + 5 = 0 Voc = −3 V

‘ RTH

2
RTH = RTH = 1 Ω
2

‘ Equivalente Thévenin

Circ1_Cap3.doc III-14
1Ω
Voc −3
IL = =
−3 V
+ IL RL = 2 Ω
RTH + RL 1 + 2

I L = −1 A

Exemplo 12: Calcule a corrente Ix usando o equivalente Thévenin.

20 Ω V1 20 Ω

+ 7Ω
+ +
100 V 0,5 V1
− − Ix

Voc RTH

− +
IF
20 Ω V1 20 Ω − 20 Ω
+
+ Voc 20 Ω V1 EF

+ + +
100 V 0,5 V1 + 0,5 V1
− − −

0 0

‘ Voc

⎧1 1 1
⎪ Voc − 100 − 0,5V1 = 0
⎨10 20 20
⎪⎩100 − Voc = V1
1 1 1
Voc − 0,5(100 − Voc ) = 5 Voc = 7,5 Voc = 60 V
10 20 8

‘ RTH

EF
RTH =
IF
⎧ 1 1
⎪ I F = ( EF − 0,5V1 ) + EF
⎨ 20 20
⎪⎩V1 = − EF
1 1 3 1 1 EF
IF = ( EF + 0,5EF ) + EF IF = EF + EF I F = EF =8
20 20 40 20 8 IF
RTH = 8 Ω

‘ Equivalente Thévenin

Circ1_Cap3.doc III-15
8Ω
Voc 60
Ix = =
60 V
+ Ix 7Ω
RTH + 7 8 + 7

Ix = 4 A

3.7.3. Determinação Prática do Equivalente Thévenin

Voc: retira-se a carga e mede-se com um voltímetro a tensão de circuito aberto entre os terminais para
os quais se quer obter o equivalente Thévenin.

+
Circuito
+
Linear
Voc V
Menos

a Carga

RTH: coloca-se entre os terminais para os quais se quer obter o equivalente Thévenin uma fonte de ten-
são variável em série com um amperímetro.

RTH
A
+
IF
+ +
Voc VF
− −

Tendo a tensão Voc determinada na medição anterior e aplicando-se a lei das tensões de Kirchhoff
ao circuito acima, obtém-se:

VF − Voc − RTH I F = 0 → VF − RTH I F = Voc (12)

Ajustando a fonte de tensão variável para dois valores quaisquer de tensão, por exemplo VF1 e VF2,
com o amperímetro pode-se medir as respectivas correntes, IF1 e IF2. Substituindo estes valores
na equação (12), obtém-se o seguinte sistema linear:

⎧⎪VF1 − RTH I F1 = Voc



⎪⎩VF2 − RTH I F2 = Voc

Subtraindo a segunda equação da primeira:

VF1 − VF2 − RTH ( I F1 − I F2 ) = 0 → RTH ( I F1 − I F2 ) = VF1 − VF2

isto é,

VF1 − VF2 ∆V
RTH = RTH = (13)
I F1 − I F2 ∆I

Circ1_Cap3.doc III-16
3.8. Equivalente Norton

3.8.1. Enunciado

“Qualquer circuito linear pode ser substituído, com exceção da carga, por um circuito equivalente que
contenha somente uma fonte de corrente independente (Isc) em paralelo com um resistor (RN) de modo que
a relação corrente-tensão na carga não seja alterada”.
Isto significa que, ao examinar qualquer rede linear a partir de um par de terminais, toda a rede é equi-
valente a um circuito simples consistindo de uma fonte de corrente independente em paralelo com um re-
sistor.

3.8.2. Cálculo de Isc e RN

Isc: é a corrente obtida entre os terminais para os quais se quer obter o equivalente Norton quando estes
estão em curto-circuito.

RN: é a resistência equivalente vista dos terminais para os quais se quer obter o equivalente Norton
quando todas as fontes independentes são anuladas.

Exemplo 13: Calcule a corrente IL usando o equivalente Norton.

5V
2Ω
+ −

+ IL
8V 2A 2Ω RL = 2 Ω

‘ Isc

5V
2Ω
+ −

+ Isc
8V Ix 2 A Iy 2Ω Isc

⎧Ix − I y = 2 I sc = −3, 0 A

⎨ −2 I sc + 2 I x + 2 I y = 8 I x = 1,5 A
⎪ 2 I − 2 I = −5 I y = −0,5 A
⎩ sc y

‘ Equivalente Norton (RN é o mesmo RTH do Exemplo 11)

RN 1
I L = I sc = −3
−3 A 1Ω IL RL = 2 Ω
RN + RL 1+ 2
I L = −1 A

Circ1_Cap3.doc III-17
Exemplo 14: Calcule a corrente Ix usando o equivalente Norton.

20 Ω V1 20 Ω

+ 7Ω
+ +
100 V 0,5 V1
− − Ix

‘ Isc

20 Ω V1 20 Ω

+ Ix Isc
Isc
+ +
100 V 0,5 V1
− −

⎧20 I sc − 20 I x = 0,5V1
⎪ ⎧20 I sc − 20 I x = 0,5.20 I x ⎧20 I sc − 30 I x = 0
⎨ −20 I sc + 40 I x = 100 − 0,5V1 ⎨ ⎨
⎪V = 20 I ⎩ −20 I sc + 40 I x = 100 − 0,5.20 I x ⎩ −20 I sc + 50 I x = 100
⎩ 1 x

Isc = 7,5 A Ix = 5,0 A

‘ Equivalente Norton (RN é o mesmo RTH do Exemplo 12)

RN 8
I x = I sc = 7,5
7,5 A 8Ω Ix 7Ω
RN + 7 8+7
Ix = 4 A

Circ1_Cap3.doc III-18

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