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Arquivo
N o período de 1945 a 2000 a cidade de Va- a fotografar ainda jovem, aos dezessete anos. Sua
linhos passou por transformações que mar- primeira máquina fotográfica foi uma Rolleiflex
caram um processo de urbanização típico das emprestada do tio, José Ungaretti. O primeiro
pequenas cidades situadas nas regiões metropo- tema registrado foi a missa da Matriz de São Se-
litanas de São Paulo. bastião. Mas foi com
São municípios que, o fotógrafo e colecio-
apesar de se notabili- nador de fotografias,
zarem pela atividade Aristides Pedro da Sil-
agrícola, principal- va (1921-2012), o V-8,
mente pela produção que Haroldo aprendeu
de frutas, não ficaram as técnicas fotográficas
à margem do desen- e deu início a uma lon-
volvimento imposto ga carreira.
por uma economia Antes de se esta-
capitalista, em que belecer como profis-
o novo, a qualquer sional, trabalhou na
preço, sobrepõe o ve- Companhia Gessy In-
lho. Essas mudanças Portal da Festa do Figo na Rua 13 de Maio. dustrial desde 1945 até
vivenciadas durante Foto revela aspecto do Centro de Valinhos, em 1962. 1962, quando deixou a
quase seis décadas empresa para investir
pela “Terra do figo” foram documentadas pelas no Stúdio Foto Tic, no centro de Valinhos. Nas
lentes do fotógrafo Haroldo Pazinatto, que pro- décadas de 1950 e 1960 atuou como correspon-
duziu nesse período aproximadamente 48.000 dente no Correio Popular de Campinas, e na Ga-
fotografias, recentemente doadas ao Centro de zeta Esportiva. Em 1968, foi convidado para tra-
Memória-Unicamp. balhar no semanário Folha de Valinhos. Também
Haroldo Pazinatto ficou conhecido como “os foi fotógrafo da Prefeitura Municipal entre 1970 e
olhos de Valinhos” por ter registrado os principais 1980, voltando a assumir o cargo em 1997.
acontecimentos da cidade, constituindo uma rica Para a responsável pelo Arquivo Fotográfico
documentação, capaz de revelar aspectos inéditos do CMU, Cássia Denise Gonçalves, “as fotogra-
da sua história. Através de sua produção fotográ- fias que compõem o fundo de Haroldo Pazinatto
fica é possível constatar a transformação urbana apresentam interesse para distintas áreas do co-
ocorrida na cidade. Filho de imigrantes italianos, nhecimento que utilizam a imagem como fonte de
Haroldo Ângelo Pazinatto (1925-2001) começou informação e pesquisa”.
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Fóruns Permanentes
A
Foto: Antônio Scarpinetti/Ascom
fotografia esteve no cen- memória, potencializamos co-
tro das reflexões de espe- nhecimentos capazes de trazer
cialistas das áreas das huma- relações entre vida e morte,
nidades que participaram no fixidez e instabilidade, memó-
dia 23 de agosto de mais uma ria e esquecimento”, afirmou.
edição dos Fóruns Permanen- Ainda segundo Maria Caroli-
tes Arte, Cultura e Educação. na, “nós vivemos atualmente
O evento, realizado no Centro na sociedade do espetáculo, na
de Convenções, foi organiza- qual a força do visual é mui-
do pela diretora-associada do to grande. Então, temos uma
CMU, Maria Elena Bernar- Evento discutiu a fotografia de arquivo enquanto oportunidade fundamental para
des, pela responsável pelo instrumento de história e de memória nos firmamos na relação com
Arquivo Fotográfico Cássia pequenos fragmentos memo-
Denise Gonçalves e pela técnica Prefeitura Municipal de São Pau- rialísticos, fotográficos, de modo a
Marli Marcondes. lo), Solange Ferraz de Lima (Mu- relacionar os significados da nossa
O objetivo foi aprofundar o de- seu Paulista/USP) e Telma Carva- vida no presente com outras cama-
bate acerca da importância da foto- lho (Unesp-Marília). das de tempo. Isso nos fortalece
grafia como documento/monumen- De acordo com a diretora do em termos de pertencimento em
to, bem como o lugar que ocupa CMU, professora Maria Caroli- relação à vida, historicamente si-
hoje nas instituições de memória. na Bovério Galzerani, reflexões tuada”, analisou.
O evento foi dividido em duas como estas são muito importantes, Os Fóruns Permanentes são
mesas-redondas, que discutiram as principalmente no momento atual, uma iniciativa da Coordenadoria
seguintes temáticas: “Fotografia marcado pela instabilidade das Geral da Universidade (CGU), que
como fonte de pesquisa nas ciên- imagens. tem por objetivo propiciar o inter-
cias humanas” e “A fotografia nas Nas palavras da docente, trata- câmbio de experiências e pesquisas
instituições-memória”. Como pa- -se de um instante no qual, muitas feitas por profissionais e estudantes
lestrantes convidados, estiveram vezes, as pessoas se reportam às da Unicamp e profissionais de ou-
presentes Maria Luiza Tucci Car- memórias com tamanha ansiedade tras instituições da sociedade. Os
neiro (FFLCH/USP), Ana Maria que não conseguem obter efeitos eventos são transmitidos via web e
Mauad (UFF/RJ), Iara Lis Schia- de sentido mais afirmadores da sua os slides, resumos ou textos estão
vinatto (IA/Unicamp), Henrique própria humanidade. “Quando nos sendo organizados em uma biblio-
Siqueira (Casa da Imagem - SEC, aproximamos da fotografia como teca virtual.
Expediente
Centro de Memória - Unicamp
CMUemFOCO
Diretora Maria Carolina Bovério Galzerani Diretora-associada Ma- Elaborado pela Área de Publicações do Cen-
ria Elena Bernardes Assessor de Pesquisa Marcos Tognon Chefias de tro de Memória-Unicamp. Edição, Projeto
setores técnicos: Amarildo Carnicel (Publicações) Fernando A. Abrahão Gráfico e Diagramação Amarildo Carni-
(Arquivos Históricos) Carlos R. Pereira de Souza (Lab. História Oral) cel (MTb 11.519) Periodicidade mensal
Cássia Denise Gonçalves (Arquivo Fotográfico) Mirdza Sichmann (Lab. Contatos e sugestões cmufoco@uni-
de Conservação e Restauração) Rosaelena Scarpeline (Biblioteca) camp.br
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Mídia Cidadã
Satélite Íris I
Trabalho realizado em parceria entre o Progen e escolas públicas
cria jornal comunitário produzido por alunos e adolescentes de ONG
Encontros
Pesquisadores do CMU participam de
eventos científicos na Argentina e no Brasil
Comunicações apresentadas em congressos e simpósios mostram
produção do Centro de Memória nas áreas de História e Educação
O Centro de Memória-
-Unicamp (CMU) esteve
bem representado na 17ª. Confe-
de Moraes von Simson apresen-
tou o trabalho “Samba paulista:
experiências, estórias e memórias
julho na Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). Ela apre-
sentou o trabalho “Memorias da
rência Internacional de História de uma estratégica saga negra”. e na cidade – relato de algumas
Oral, realizada no período de 3 A presente pesquisa relaciona-se experiências”.
a 7 de julho, em Buenos Aires, a investigações anteriores que re- Durante o encontro, a pesqui-
na Argentina. Durante o even- construíram a trajetória do carna- sadora do Centro de Memória foi
to, intitulado “Los Retos de la val popular paulistano. eleita a nova diretora da região
Historia Oral en el Siglo XXI: A pesquisadora Batistina Ma- sudeste da Associação Brasilei-
Diversidades, Desigualdades y ria de Sousa Corgozinho, pós- ra de História Oral. A principal
la Construcción de Identidades” -doutoranda do CMU, apresen- atribuição da nova direção é a
cinco pesquisadores vinculados tou o trabalho “Enfeitar a cruz: organização do Encontro Regio-
ao órgão apresentaram trabalhos expressão artística de uma cren- nal Sudeste de História Oral, que
extraídos de projetos de pesquisa ça religiosa-popular e transmis- será realizado na Unicamp no
sediados no CMU. são oral”. Trata-se de um estudo período de 10 a 13 de setembro
A historiadora e diretora-as- fundamentado na história oral de 2013.
sociada do Centro de Memória- sobre os adereços que enfeitam
-Unicamp, Maria Elena Ber- a cruz durante a Festa de Santa Organização de Trabalhos
nardes, apresentou o trabalho Cruz, típica da religiosiodade ca- – A Unicamp sediou no perío-
“História e memória: narrativas e tólica. O estudo focaliza eventos do de 3 a 6 de setembro o XXI
identidadades”. Esta comunica- realizados em áreas rurais e bair- Encontro Estadual de História
ção teve por objetivo problema- ros periféricos de cidades que (ANPUH-SP) que teve como
tizar as relações entre os antigos têm cruzeiros ao lado de peque- tema “Trabalho, Cultura e Me-
e novos moradores do distrito de nas igrejas. Docente da Funedi/ mória”. Durante o evento, Maria
Barão Geraldo (Campinas), um UEMG, Batistina desenvolve a Carolina Bovério Galzerani, jun-
núcleo de tradição agrária que pesquisa com apoio da Fapemig. tamente com Helenice Ciampi
sofreu grandes transformações A pesquisadora Lívia Morais (PUC-SP), organizou o simpósio
com a instalação da Unicamp, na Garcia Lima apresentou o traba- temático “Memória, História e
década de 60, do século XX. lho “História oral e patrimônio Ensino de História: Diálogo en-
O historiador Carlos Roberto cultural: o contexto de fazen- tre Diferentes Saberes”.
Perereira de Souza, responsá- das históricas no Estado de São Maria Elena Bernardes inte-
vel pelo Laboratório de História Paulo-Brasil”. A questão central grou a Comissao Organizadora
Oral do CMU, apresentou o tra- da pesquisa é analisar as ações do VII Encontro Nacional “Pers-
balho “As vozes dos educandos de educação patrimonial não- pectivas do Ensino de História
do Projeto Educativo de Integra- -formal realizadas no âmbito do e II Encontro Internacional de
ção Social/PEIS (2005-2010)”. meio rural paulista. Ensino de História”, realizado na
Segundo ele, o objetivo foi re- Unicamp no período de 1 a 5 de
construir a trajetória educacional UFRJ – Maria Elena Bernardes junho. Na oportunidade, a histo-
de alunos que frequentavam, ao participou do XI Encontro Na- riadora coordenou o Grupo de
mesmo tempo, diferentes cursos cional de História Oral “Memó- Trabalho “ Diversidade de Lin-
no ensino superior. ria, Democracia e Justiça”, rea- guagens e Práticas em Sala de
A socióloga Olga Rodrigues lizado no período de 10 a 13 de Aula”.
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Exposição
Colecionador de Memórias
Exposição organizada pelo Arquivo Fotográfico do CMU mostra
aspectos de uma Campinas que restou somente nas fotos de V-8
Projeto Fapeso
O Centro de Memória-
-Unicamp (CMU), o
Centro de Educação e Ciên-
Departamento de Ciências da
Informação (UFSCar).
Durante dois dias pesqui-
latório sobre a Educação Pa-
trimonial e Turismo, área sob
sua coordenação. Rosaelena
cias Humanas da UFSCar sadores e gestores de fazen- Scarpeline, responsável pela
(Universidade Federal de das, participantes de cin- Biblioteca do CMU e tam-
São Carlos) e o Instituto de co mesas redondas, fizeram bém integrante destes pro-
Arquitetura e Urbanismo de uma avaliação dos projetos jetos, atuou como coordena-
São Carlos (IAU-USP) pro- ora focalizados (concluído e dora de uma mesa redonda,
moveram nos dias 18 e 19 em andamento), apresentan- voltada para a discussão de
de setembro, na UFSCar, o do resultados implementados projetos de pesquisa acadê-
evento, “Conhecendo e Re- em fazendas parceiras, bem mica.
gistrando o Patrimônio Cul- como em projetos de pesqui- O encontro foi marcado,
tural Rural Paulista: II En- sa acadêmica, relativos aos também, pela abertura da ex-
contro de Pesquisadores e patrimônios rurais analisados. posição “Fazendas Paulistas
Representantes de Fazendas Dentre as contribuições destes – Patrimônio Cultural Rural”,
Históricas”. Este evento mar- projetos destacam-se, além da a partir de trabalhos fotográ-
cou o encerramento do proje- preservação de bens patrimo- ficos de Haroldo Palo Jr.
to Patrimônio Cultural Rural niais edificados, móveis, na- Portanto, hoje, quando se
Paulista: Espaço Privilegiado turais e imateriais, a produção fala tanto sobre o direito e de-
para Pesquisa, Educação e de conhecimentos históricos, ver da memória, e quando se
Turismo, bem como a cons- o fortalecimento de políticas tem claro que a produção da
tituição de um novo projeto, públicas, locais e estaduais, memória no presente detém o
ao primeiro associado, vol- voltadas à preservação, com poder sobre o futuro, a orga-
tado para elaboração de uma potencialidades educacionais nização de fóruns como este,
metodologia para inventariar e turísticas. voltados reflexivamente para
adequadamente o patrimônio Da mesa de abertura fize- as memórias rurais paulistas,
histórico rural paulista, am- ram parte, além de professor é uma experiência significa-
bos financiados pela Fapesp. Marcos Tognon, e da profes- tiva. Isto, sobretudo, quando
O primeiro deles, sediado no sora Luzia Sigoli Fernandes se considera que o trabalho
CMU, teve início em 2009, Costa, a diretora do CMU vem disponibilizando um
sob a coordenação de Mar- e docente da Faculdade de conjunto de instrumentos e
cos Tognon, docente do Ins- Educação da Unicamp, Maria de metodologias de gestão,
tituto de Filosofia e Ciências Carolina Bovério Galzerani, de conservação e de difusão
Humanas (IFCH-Unicamp) e o presidente da Associação para os responsáveis pelo pa-
e assessor de Pesquisa do das Fazendas Históricas Pau- trimônio cultural rural pau-
CMU. O segundo, sediado no listas, Jan Rais. A professora lista, tanto os proprietários
Centro de Educação e Ciên- Olga R. M. von Simson, pes- quanto as respectivas instân-
cias Humanas da UFSCar, é quisadora articulada a estes cias públicas pertinentes às
coordenado por Luzia Sigoli projetos, também docente da áreas da cultura, da educação
Fernandes Costa, docente do FE-Unicamp, apresentou o re- e do turismo.
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UPA
Portas
Abertas
Alunos de Campinas e do interior do Estado visitam instalações do CMU
durante a Universidade de Portas Abertas, realizada em setembro
Fotos: Eliana Camargo Corrêa/CMU
Tombamento
O Conselho de Defesa do
Patrimônio Cultural de
Campinas (Condepacc) acatou
zes de articular imagens des-
te passado, na relação com o
presente e com perspectivas de
rua Pedro Magalhães, no bairro
Cambuí, o muro foi erigido em
alvenaria, com medidas aproxi-
a solicitação feita por pesqui- construção de outros futuros”. madas de 65 metros de compri-
sadores do Centro de Memória- Localizado à rua Guilher- mento e altura variável de 0,90
-Unicamp e começa a iniciar me da Silva, esquina com a metros na sua parte mais baixa
estudos visan- e cinco metros
do avaliar a em sua parte
possibilidade mais elevada.
de tornar pa- Ele era parte do
trimônio his- antigo Stadium
tórico o muro da Associa-
remanescente ção Atlética de
do primeiro Campinas, pri-
centro polies- meiro comple-
portivo da xo poliespor-
Ponte Preta, tivo da cidade
em Campinas. de Campinas,
Segundo constituído por
a diretora do piscina para a
CMU, Maria prática de pólo
Carolina Bo- aquático e na-
vério Galzera- tação, rinque
ni, este pedido de patinação,
de tombamen- pista e tanque
to, ocorrido em agosto de de areia para saltos, cam-
2011, quando a Associação po de basquete, campo de
Atlética Ponte Preta com- futebol, e uma pista cir-
pletou 111 anos de exis- cular para atletismo. Este
tência, vai muito além da Stadium existiu de 1921
preservação de um monu- até 1927, quando passou
mento histórico da cidade. para propriedade da Asso-
“Constitui oportunidade ciação Atlética Ponte Pre-
ímpar de problematizar a ta (AAPP). Em 1933, foi
atrofia da experiência tem- demolido, cedendo espaço
poral, vivida nesta metró- para a construção de um
pole contemporânea, via empreendimento imobiliá-
sinalização da existência rio.
de indícios do passado, no
Fotografias revelam
caso da Associação Atlética aspectos do Stadium em dia
Ponte Preta. Oportunidade de evento: CMU trabalha pela
de produção de memórias, preservação dessa memória
histórias, narrativas, capa-
10 CMUemFOCO Novembro - 2012
Conferência
Workshop
Arquivologia é tema de encontro no CMU
O Centro de Memória-Unicamp
(CMU) realizou no dia 24 de
outubro, às 14 horas, na sala de reu-
de Janeiro (1990), doutor em Histó-
ria pela UFF (1998) e pós-doutorado
pela Universidade de Estrasburgo,
Este workshop é destinado, exclu-
sivamente, aos funcionários do CMU,
com o objetivo de contribuir para o
niões, o workshop: “Entre o Arquivo França (2006). Desenvolve pesquisas avanço das práticas de arquivologia.
e o Museu: Práticas de Organização na área de História e suas relações A programação de workshops do
Documental”. O tema foi apresenta- entre Memória e Patrimônio Cultu- CMU tem novo encontro marcado:
do pelo historiador da Universidade ral, explorando os campos da arte, a historiadora Vivianne Tessitore mi-
Federal Fluminense (UFF) e diretor imagem, cartografia, oralidade, urba- nistrará a palestra “Contribuições da
geral do Arquivo Público do Estado nismo e historiografia. É professor do Arquivologia para as Práticas Coti-
do Rio de Janeiro, Paulo Knauss. departamento de História e do Labo- dianas do CMU”. O encontro será no
Paulo Knauss é mestre em Histó- ratório de História Oral e Imagem da dia 5 de novembro, às 14 horas, na
ria pela Universidade Federal do Rio Universidade Federal Fluminense. sala de reuniões do CMU.