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ATIVIDADE 2

A CONTESTAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

1.1. Dissertar sobre o tema, apresentando os casos em que a parte


pretende trancar o processo (defesa processual- art.337 do CPC/2015), a prejudicial
de mérito (prescrição), as exceções que podem ser arguidas (arts. 651 e 801, da
CLT), a admissibilidade de reconvenção e pedidos contrapostos.

A contestação está prevista no art. 847 da CLT e nos arts. 336 e seguintes do
CPC/2015, os quais são aplicados de forma subsidiária ao processo do trabalho,
conforme disposto no art. 769 da CLT e art. 15 do CPC/2015. Trata-se, portanto, do
principal meio de defesa do réu, que exerce seu direito constitucional de ampla
defesa e contraditório.

Na contestação deverá ser alegada toda a matéria de defesa, expondo as


razões de fato e de direito, com que o direito do autor é impugnado. Dois princípios
orientam a contestação: princípio da impugnação especificada (ou do Ônus da
Impugnação Especificada) – art. 341 do Código de Processo Civil; e o princípio da
eventualidade (ou da Concentração das Defesas) – art. 336 do Código de Processo
Civil.

O princípio da impugnação especificada preconiza que o reclamado impugne


todos os pedidos formulados pelo reclamante, ou seja, todos os pedidos devem ser
impugnados, sob pena de serem tidos como incontroversos. Por conseguinte, não é
admitida a contestação por negativa geral (por negação geral ou genérica). Os
valores incontroversos deverão ser pagos pelo reclamado na própria audiência sob
pena de multa de 50% sobre o valor incontroverso, nos termos do art. 467 da CLT.

Já o princípio da eventualidade determina que todos os meios de defesa


sejam apresentados em uma única oportunidade, possibilitando ao magistrado, caso
não aceite um deles, que reconheça os demais. Assim, não é possível apresentar
contestação por etapas, sob pena de preclusão consumativa. Na possibilidade de o
magistrado não acolher a primeira alegação, acolhe a segunda, e assim por diante.

Na contestação poderão ser apresentadas os seguintes tipos de defesas: 1ª)


Preliminares: defesas processuais. Matérias preliminares ao mérito que estão
elencadas no art.337 do CPC/2015; 2ª) Prejudiciais de mérito: defesas indiretas de
mérito. São elas: prescrição, decadência, compensação e retenção; 3ª) defesas
diretas de mérito: réu impugna diretamente os pedidos formulados pelo autor.

Por conseguinte, antes de discutir o mérito da ação, compete ao réu


apresentar as preliminares, ou seja, alegar vícios processuais, as matérias contidas
no art. 337 do CPC/2015, chamadas de “preliminares ao mérito”.

As preliminares são defesas processuais, modalidade de defesa indireta, pois


atinge questões que não estão intimamente ligadas ao mérito da causa. São vícios
processuais que, uma vez constatado, culminará na prolação de sentença sem
resolução de mérito, nos termos do art. 485 do CPC/2015. Vencidas as matérias
preliminares do art. 337 do CPC/2015, deverá o reclamado adentrar no mérito dos
pedidos.

No mérito poderá se defender de forma indireta, alegando as prejudiciais de


mérito: prescrição, decadência, compensação e retenção, que uma vez acatadas
pelo juiz, culminará na prolação de sentença com resolução de mérito, nos termos
do art. 487 do CPC/2015.

Com relação à prescrição, principal prejudicial de mérito, temos duas regras


na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 7º, XXIX, CF e art. 11 da CLT. A
prescrição pode ser bienal, na qual o empregado terá 2 (dois) anos, contados da
data do término do contrato de trabalho, para ingressar com a reclamação
trabalhista. A prescrição pode ser quinquenal, ou seja, o obreiro poderá reclamar
apenas os 5 (cinco) anos anteriores à data da propositura da ação.

No Processo do Trabalho, os únicos artigos da Consolidação das Leis do


Trabalho que disciplinam a defesa do reclamado são os arts. 799 a 802 e 847. São
modalidades de exceções rituais: a) exceção de incompetência relativa, também
chamada de exceção declinatória de foro; b) exceção de suspeição; c) exceção de
impedimento.

Com o oferecimento da exceção, ocorre a suspensão do processo, com


supedâneo nos arts. 313, III, do Código de Processo Civil e 800, § 1º, da
Consolidação das Leis do Trabalho (Reforma Trabalhista).

No Processo do Trabalho, a exceção de incompetência relativa, também


chamada de exceção declinatória de foro, é cabível quando há o descumprimento
das normas processuais trabalhistas que dizem respeito ao território estampadas no
art. 651 da Consolidação das Leis do Trabalho, que traz a competência territorial
(ratione loci) da Justiça do Trabalho.

Com relação às exceções de suspeição e de impedimento, o objetivo é o


questionamento da imparcialidade do magistrado, que viciam a entrega da prestação
jurisdicional pela ofensa ao ideário da imparcialidade, fundamental para o Estado
Democrático de Direito.

Nesse sentido, o art. 801 da Consolidação das Leis do Trabalho somente


menciona hipóteses de suspeição do magistrado trabalhista. Assim, torna-se
perfeitamente cabível a aplicação subsidiária dos arts. 144 e 145 do Código de
Processo Civil, que mencionam as hipóteses de impedimento e suspeição.

Tratando-se da reconvenção, essa possui natureza jurídica de ação, é uma


modalidade de resposta do réu (art. 335 do CPC), na qual este demanda contra o
autor no mesmo processo em que está sendo demandado. É o contra-ataque do réu
em face do autor na mesma relação jurídica processual, ensejando o processamento
simultâneo da ação originária e da reconvenção, para que o magistrado resolva as
duas lides na mesma sentença.

Deve ser apresentada na própria audiência, juntamente com a contestação


em seu bojo, art. 343 do CPC, aplicado ao processo do trabalho por força do art. 769
da CLT e art. 15 do CPC. Para ser admitida deve preencher os seguintes requisitos:
a) o juízo da causa principal deve ser absolutamente competente para apreciar, além
da ação principal, a matéria proposta na própria reconvenção; b) deve haver
compatibilidade entre os procedimentos aplicáveis à ação principal e à reconvenção,
art. 327, § 1º, III, do CPC/2015; c) deve haver conexão entre as ações, ou seja,
quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir, art. 55 do CPC/2015.

1.2. PARTE PRÁTICA. Elaborar contestação trabalhista na reclamação que


será fornecia pela professora a posteriore.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA... VARA DO


TRABALHO DE TERESINA-PIAUÍ

Processo nº 0001167-71.2021.5.22.0004

CAPITAL CONSTRUTORA LTDA - EPP, pessoa jurídica de direito privado, inscrita


no CNPJ/MF sob o nº CNPJ nº 11.022.291/0001-35, endereço eletrônico, com sede
na Av. Senador Area Leão, nº 1420, Jóquei Clube, Teresina-PI, CEP: 64.049-110,
por seu advogado que esta subscreve vem à presença de Vossa Excelência, nos
autos da Reclamação Trabalhista que lhe move RECLAMANTE, já qualificado nos
autos, apresentar sua CONTESTAÇÃO com fulcro no art. 847 da CLT combinado
com art. 335 do CPC/2015, e seguintes do Código de Processo Civil (CPC),
aplicados subsidiária e supletivamente ao Processo do Trabalho por força do art.
769 da CLT e do art. 15 do CPC, pelos motivos de fato e de direito que passa a
aduzir.

1 – DOS FATOS

O Reclamante foi contratado pela Reclamada em 01 de agosto de 2019, e


despedido, sem justa causa, em 14 de outubro de 2021. Ajuizou reclamação
trabalhista alegando fazer jus ao pagamento do aviso prévio, correspondente a 32
(trinta e dois) dias, a título de verba rescisória.

Alega, ainda, fazer jus ao pagamento correspondendo a 02 períodos de férias


vencidas e 02 meses de ferais proporcionais, com o acréscimo de um terço,
referentes ao período do contrato de trabalho.

Pleiteou, ainda, o pagamento correspondente ao 13º salário décimo,


correspondente a 10 meses do ano de 2021, bem como à indenização
correspondente ao FGTS do período correspondente a 26 (sessenta) meses, não
depositado, bem como a multa do FGTS de 40%, de todo o período trabalho.
incidentes sobre a média da remuneração percebida pelo empregado, com reflexos
e integrações em férias, 1/3 constitucional, 13º salários e aviso prévio, tudo
atualizado na forma da lei, bem com o a integralização das horas extras.

2 – DO MÉRITO

2.1 – Pedido Fundado em Norma Coletiva Não Juntada aos Autos

O reclamante pleiteia direitos previstos em normas coletivas, que não são


juntadas aos autos.

Os instrumentos autônomos são prova do direito reivindicado, tratando-se de


interesse e ônus da parte autora colacionar aos autos as normas coletivas que
embasam suas pretensões (artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do NCPC).

É conveniente destacar, ainda, não ser a norma coletiva documento


indispensável à propositura da ação (não atraindo a aplicação do entendimento
consagrado na Súmula n. 263 do TST), mas da prova do direito, v. G., como na
exigência contida no artigo 376 do NCPC.

Nesse sentido, incabível os pedidos que têm como causa de pedir remota as
normas coletivas da categoria, qual seja, auxílio-transporte.

2.2. Do Aviso Prévio


Improcedente o pedido de pagamento de aviso prévio indenizado, pois, como
dito ao norte, a Reclamante cumpriu aviso prévio trabalhado, conforme demonstrado
pela documentação anexa.
2.3 – Das Férias Proporcionais
A Reclamante recebeu o valor devido correspondente a férias proporcionais
dos meses em que trabalhou, para a sua contratação, sendo descabido o
pagamento correspondendo a 02 períodos de férias vencidas e 02 meses de ferais
proporcionais, com o acréscimo de um terço.
2.4 – Do 13º Salário Proporcional
A Reclamante recebeu o valor devido correspondente ao 13º proporcional dos
meses que trabalhou, para a sua contratação.
2.5 – Do FGTS
Os depósitos mensais do FGTS foram devidamente depositados, bem como a
multa de 40% foi devidamente paga, não existindo nenhum valor a receber, sendo
descabida a pretensão.
2.6. Do Auxilio Transporte
O auxilio transporte sempre foi devidamente pago para o Reclamante, não
tendo nada a reclamar. Ademais, conforme informado acima, o Reclamado não junta
aos autos à norma coletiva que embasa suas pretensões.
2.7 – Das Parcelas Rescisórias

As parcelas devidas pela Reclamada à Reclamante foram todas devidamente


pagas, inclusive a multa do artigo 477.

Assim, a Reclamada nada deve a Reclamante, eis que quitou todas as


parcelas devidas para a Reclamante na rescisão contratual, conforme
documentação ora juntadas.

2.8 – Dos Honorários Advocatícios


Tratando-se de litígio decorrente da relação de emprego, nos termos da
Instrução Normativa n.º 27/2005 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorários
advocatícios são disciplinados na Lei n.ª 5.584/70. Não preenchidos os requisitos do
art. 14 da referida lei, uma vez que não consta dos autos credencial sindical, não faz
jus o Reclamante ao pagamento de honorários advocatícios. Aplicação ao caso do
entendimento consubstanciado nas Súmulas n.º 219 e 329 do TST.

Assim, requer seja indeferida a condenação de honorários advocatícios.

3. DOS PEDIDOS

Diante do exposto requer

a) no mérito, sejam os pedidos julgados improcedentes, nos termos da legislação em


vigor, conforme fundamentação supra.

4. REQUERIMENTOS

Requer, ainda:

a) a produção de provas, de todos os meios em direito admitidos, em especial prova


documental, testemunhal, pericial e outras mais que se fizerem necessárias;

b) a condenação do reclamante pagamento de custas processuais;

c) a condenação ao pagamento de honorários advocatícios na ordem de 15%, a


ação principal, na forma do art. 791- A e § 5º, da CLT.

d) requer, por fim, que as intimações sejam feitas em nome do advogado, com
escritório na Rua Cristino Alves, 125, Centro, Teresina-PI, sob pena de nulidade.

Nestes termos,

Pede e aguarda deferimento.


Teresina, 23 de fevereiro de 2022.

ANGELINE FEITOSA DE CARVALHO OAB/PI...nº ...

DYÊGO CARVALHO FERREIRA OAB/PI...nº ...

ÍTALO FRANCO LUSTOSA OAB/PI...nº ...

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