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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Isadora Tauanne Ramos


Paloma Binder Ramos

ESTUDO DIRIGIDO I

Matéria: Clínica da Psicose


Professora: Maria José Gontijo Salum

BETIM
1/2022
QUESTÕES:

Textos para orientarem o Estudo Dirigido: As neuropsicoses de defesa”, “Neurose e


psicose”, “A perda da realidade na neurose e na psicose”, “O caso Schreber”.

Estudo dirigido - Como elaborar?

Estudo Dirigido é, na verdade, um entendimento do texto. Por isso, exige do aluno


leitura prévia – com atenção – de todo texto. Tendo como base o Caso Schreber e os
textos de Freud sobre neurose e psicose, o aluno deverá escrever o ESTUDO
DIRIGIDO, a partir dos tópicos abaixo. Tamanho do estudo dirigido: mínimo de 2 e
máximo de 4 laudas.

1 - Quais as diferenças, apontadas por Freud, nos mecanismos de defesa


encontrados na neurose e na psicose?

Segundo Freud, na neurose, o Ego suprime o Id por influência da realidade,


assim, há o recalque e o fracasso do mesmo, onde ocorre um afrouxamento da relação
com a realidade. Dessa forma, a neurose não repudia essa realidade, apenas a ignora
através da fantasia, em busca de uma forma proteção.

Por outro lado, na psicose, o Ego é afastado de um fragmento da realidade e,


para reparação desse dano, é criada uma nova realidade que se apresenta através dos
delírios e alucinações. Com isso, a psicose repudia a realidade e tenta substituí-la.

2 - Quais as diferenças entre neurose e psicose, no que diz respeito à realidade?

A neurose e a psicose se diferenciam mais na sua primeira reação introdutória.


Em primeira instância, na neurose, o fator que predomina é a realidade, podendo haver
uma perda desta. Aqui o Eu, dependente e a serviço da realidade, suprime uma parte da
satisfação a recalcando, sendo assim, compreendemos que a neurose não repudia a
realidade, ela a ignora. Dessa maneira, percebe-se que abre mão da satisfação/desejo pela
realidade, já que depende dela.
Já na psicose, o fator que predomina é a pulsão, o Eu a serviço da satisfação, se
afasta de um fragmento da realidade e assim evita a perda, quando esse fragmento da
realidade é remodelado, a psicose a repudia, tentando substituí-la de alguma forma.

Em segunda instância, a neurose e a psicose expressam uma rebelião por meio do


Id contra o mundo externo, colocando em pauta sua indisposição ou até incapacidade de
se adaptar ao que a realidade exige. A psicose se destina a reparar a perda da realidade,
por meio da criação de uma nova que se difere da antiga, a qual foi abandonada, essa
podendo ser por forma de delírios e/ou alucinações, sendo uma tentativa de cura. Esse
processo da neurose e da psicose é muito parecido e está apoiado pelas mesmas
tendências.

3- Localize, no caso Schreber, o desencadeamento da psicose, destacando os


fenômenos de automatismo mental, automatismo corporal e os fenômenos
concernentes ao sentido e à verdade.

No caso abordado, Schreber foi nomeado como juiz presidente do Tribunal de


Apelação no mês de junho, tomando posse de seu cargo em outubro e no mês seguinte foi
internado na clínica de Leipzing. O desencadeamento da psicose se dá a partir da
apresentação de Schreber como candidato à eleição, tendo em vista que para ele foi algo
insuportável. O fenômeno elementar ocorre após um sonho que ele teve, em que ele pensa:
“como deve ser bom ser uma mulher no ato da cópula”. Esse sonho o levou a uma ideia
de rejeição e indignação, como se estivesse com plena consciência.

Dessa forma, o fenômeno de automatismo mental é a irrupção de vozes, de


discursos alheios na mais íntima esfera psíquica, ficando mais evidente quando a psicose
já desencadeou. Provém de influência externa sobre o sujeito (alucinações e/ou delírios).
No caso Schreber é possível perceber algumas ideações de perseguição, alucinações
visuais e auditivas. Isso ocorre em: “Raios de Deus não raramente julgaram-se no direito
de zombar de mim, chamando-me de ‘Miss Schreber’, em alusão à emasculação que,
segundo se afirmava, achava-me a ponto de sofrer.’ Ou então diziam: ‘Então isso declara
ter sido um Senatspräsident, essa pessoa que se deixa ser f.… a!’ Ou, ainda: ‘Não se sente
envergonhado, na frente de sua mulher?” (FREUD, p.14, 1911).
O chamado fenômeno de automatismo corporal é a sensação de decomposição,
desmembramento e estranheza do próprio corpo, além da distorção temporal. No caso
Schreber, pode-se perceber nas idéias hipocondríacas, e também na ideia de que seu
cérebro estava amolecendo, que morreria cedo ou que já estava morto e em
decomposição, como é retratado em “considerando o enorme número de idéias delirantes
de natureza hipocondríaca que o paciente desenvolveu, talvez não se deva dar grande
importância ao fato de algumas delas coincidirem, palavra por palavra, com os temores
hipocondríacos dos masturbadores.” (FREUD, p.35, 1911).

Para concluir, quanto aos fenômenos concernentes ao sentido e a verdade é o que


se chama de expressões de sentido ou significação pessoal, ou seja, é quando o sujeito diz
que pode ler, no mundo, signos que eles são destinados, e que trazem uma significação
que não pode precisar. No caso Schreber é possível perceber esse fenômeno em: “A parte
mais essencial de sua missão redentora é ela ter de ser procedida por sua transformação
em mulher. Não se deve supor que ele deseje ser transformado em mulher; trata-se antes
de um ‘dever’ baseado na Ordem das Coisas, ao qual não há possibilidade de fugir, por
mais que, pessoalmente, preferisse permanecer em sua própria honorável e masculina
posição na vida. Mas nem ele nem o resto da humanidade podem reconquistar a vida do
além, a não ser mediante a transformação em mulher (processo que pode ocupar muitos
anos ou mesmo décadas), por meio de milagres divinos.” (FREUD, p.10, 1911).

REFERÊNCIA

FREUD, Sigmund. NOTAS PSICANALÍTICAS SOBRE UM RELATO


AUTOBIOGRÁFICO DE UM CASO DE PARANÓIA (DEMENTIA
PARANOIDES). In: FREUD, Sigmund. O caso Schreber, Artigos sobre Técnica e
outros trabalhos. 1911. Disponível em: https://conexoesclinicas.com.br/wp-
content/uploads/2015/01/freud-sigmund-obras-completas-imago-vol-12-1911-1913.pdf.
Acesso em: 29 mar. 2022.

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