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METODOLOGIA PARA APLICAÇÃO DE CRITÉRIOS DE FALHAS EM

MATERIAIS COMPÓSITOS LAMINADOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS


ELEMENTOS FINITOS

G. P. de Souza, V. Tita, N. C. dos Santos, J. de Carvalho


Av. Trabalhador São Carlense, 400, Cx. P. 359, São Carlos/SP, CEP 13 566-590 –
gpsouza@sc.usp.br
Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos - Departamento de Engenharia
Mecânica

Resumo: O trabalho apresenta uma metodologia para análise de falhas em materiais compósitos
poliméricos laminados segundo a abordagem First Ply Failure (FPF), onde se considera a ocorrência
da falha da estrutura em compósito laminado imediatamente após a falha da primeira lâmina. Devido
à complexidade da análise de tensões em compósitos poliméricos reforçados, utiliza- se o método dos
elementos finitos. Posteriormente são implementadas rotinas computacionais para alguns dos
critérios de falha mais utilizados para análise desse tipo de material (Tsai Wu, Tsai Hill, Hashin e
Tensão Máxima). Foram analisados estudos de casos referentes a ensaios experimentais de flexão
três pontos, onde verificou- se a viabilidade da aplicação da metodologia apresentada e a
aplicabilidade dos critérios de falha nesses casos particulares.

Palavras-Chave: Compósitos, Critérios de Falha, Método dos Elementos Finitos

INTRODUÇÃO

Nas aplicações estruturais dos materiais compósitos, é necessário aplicar-se metodologias de


projeto que sejam capazes de estimar sua resistência aos diferentes tipos de esforços. Na análise
das propriedades mecânicas desses materiais, uma das complexidades é a predição da falha devido
(1)
a um estado de tensões específico. Segundo Hashin , há duas maneiras de abordar o problema: a
utilização de análises micromecânicas ou a utilização de critérios de falha em termos de
macrovariáveis, tais como médias de tensões ou deformações. Sendo a primeira alternativa muito
complexa, pois esta requer um método analítico, capaz de prever as sucessivas microfalhas em
termos da análise de microtensões, a segunda alternativa tem sido mais explorada e investigada
pelos pesquisadores. O critério de falha objetiva estimar a resistência de materiais sob um
determinado estado de tensões, utilizando dados de resistência obtidos através de ensaios uniaxiais
e biaxiais. Nos materiais compósitos a complexidade está no fato de que suas tensões de resistência,
assim como as constantes de elasticidade, dependem da direção no material. Dessa forma, uma
infinidade de valores de resistência pode ser obtida mesmo em testes uniaxiais, dependendo da
direção de aplicação do carregamento. Além disso, podem falhar segundo diferentes modos, os quais
ocorrem isoladamente ou combinados. Várias teorias de falha têm sido propostas para modelar esta
diversidade, porém nenhuma das teorias abrange simultaneamente todos os aspectos envolvidos no
fenômeno da falha, tais como os modos de falha, anisotropia, heterogeneidade, tipo do material
(2)
(dúctil ou frágil) e carregamento. Segundo Echaabi, Trochu & Gauvin , em sua revisão bibliográfica
sobre critérios de falha aplicados a materiais compósitos, a gama de critérios existentes podem ser
classificados em dois grandes grupos: critérios de falha que não levam em consideração o modo de
falha e critérios que consideram o modo de falha.
Associado ao critério de falha tem- se dois métodos de abordagem de um problema de falha em
compósitos laminados. O primeiro e mais simples de ser aplicado, cuja utilização é bastante usual, é
conhecido como FPF ( First Ply Failure), que considera a falha completa do laminado quando o
carregamento proporcionar a falha da primeira lâmina. É evidente que a falha de uma simples lâmina,
segundo um dado critério, não resulta na falha do laminado completo, caracterizando- se assim num
método bastante conservador em termos de segurança, porém estes podem ser aplicados utilizando-

1857
se baixos fatores de segurança. O segundo método é chamado de LPF (Last Ply Failure), pois
compara as tensões (deformações) em cada lâmina até o máximo carregamento permitido, e o
laminado falha quando a última lâmina falhar. O LPF requer conhecimentos mais precisos quanto às
condições de carregamento e distribuições de tensões, e utilizam-se fatores de segurança mais
elevados no projeto.
Neste trabalho utiliza- se o programa comercial de elementos finitos ANSYS , juntamente com
rotinas computac ionais, executadas em linguagem FORTRAN, dos critérios de falha de Tsai Wu, Tsai
Hill, Hashin e Tensão Máxima, numa metodologia para análise de falhas em materiais compósitos
poliméricos laminados, aplicando-a em casos de testes de flexão três pontos em vigas fabricadas
com este tipo de material.

CRITÉRIOS DE FALHA EM MATERIAIS COMPÓSITOS POLIMÉRICOS REFORÇADOS


(3)
Pelo critério quadrático de Tsai_Wu , tomando-se o sistema de coordenadas principal do
material, sob um estado plano de tensões, pode- se consid erar que o material falhará se:

F1σ 1 + F2σ 2 + F11σ 12 + F22σ 22 + F66σ 122 + 2 F12σ 1σ 2 = 1 (1)


onde:
1 1 1 1 1 1 1
F1 = − , F11 = , F2 = − , F22 = , F66 = ( ) 2 , F6 = F16 = F26 = 0
XT X C XT XC YT YC YT Y C S12

(2)
F12 = −0.5 F11 F22

Os denominadores XT, XC , YT , YC são as tensões de resistência à tração e compressão nas


direções principais do material, e S12 a resistência ao cisalhamento. O termo remanescente de
interação entre as tensões normais σ 1 e σ 2 , F12 , deve ser obtido através de algum tipo de teste
biaxial, ou pode ser estimado através da Equação ( 2). Para um dado estado de tensões numa lâmina
(σ 1 , σ 2 , σ 12 ) , pode-se definir um estado de tensões crítico de falha como sendo
(S f σ 1 , S f σ 2 , S f σ 12 ) , onde S f é um “fator de segurança” (4) ou “fator de reserva”. Considerando
este estado crítico de falha na Equação (1) , pode-se obter:

AS 2f + BS f − 1 = 0 (3)

A = F11σ 12 + F22σ 22 + F66σ 122 + 2F12σ 1σ 2 , B = F1σ 1 + F2σ 2

As soluções da equação quadrática ( 3) são:

− B + B2 + 4 A − B − B2 + 4 A
S +f = e S −f = (4)
2A 2A

onde S +f é o fator de reserva da lâmina para o atual estado de tensões (σ 1 , σ 2 , σ 12 ) , e S −f , no


caso específico do critério de Tsai Wu, é o fator de reserva da mesma lâmina para um estado de
tensões com sinais revertidos (−σ 1 ,− σ 2 , − σ 12 ) (4) . Num procedimento computacional, determina-
+
se o valor de S para cada lâmina do laminado, e o menor valor encontrado é o fator de reserva do
f
laminado, baseado na abordagem FPF . O Critério de Tsai Wu apresenta algumas vantagens sobre o
Critério de Tsai Hill, pois o tensor de resistência é invariante sob a rotação dos eixos coordenados e
as transformações ocorrem de acordo com as leis tensoriais conhecidas.
(5) (6)
Seguindo o critério anisotrópico de escoamento de Hill para metais, Azzi & Tsai
desenvolveram o critério de falha para materiais especificamente ortotrópicos transversalmente
isotrópicos. Assim, o critério de Hill resultante para um estado de tensões plano, foi simplificado para

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o caso de compósitos reforçados com fibras, considerando o material sendo transversalmente
isotrópico, ou seja:

2 2 2
 σ 1   σ 2   σ 1σ 2   σ 12 
  +  − 2 +  =1 (5)
X Y   X   S 

Vale ressaltar que o critério de Tsai Hill, Equação ( 5), quantifica a desigualdade em tração e
compressão do material, ou seja, conforme a natureza das tensões normais σ 1 e σ 2 sejam de
tração ou compressão, as correspondentes tensões de resistência, X e Y, devem ser usadas na
Equação ( 5). O critério de Tsai- Hill considera as interações entre os componentes de tensão, porém
ele não é invariante em relação ao sistema de coordenadas. De forma análoga à descrita no critério
de Tsai Wu, pode-se obter o fator de reserva S f para o caso do critério de Tsai Hill.
O critério da tensão máxima consiste de cinco sub-critérios, ou limites (os quais não
consideram as interações existentes entre os componentes de tensão), cada um correspondendo a
um dos cinco modos de falhas fundamentais (tração e compressão nas direções principais do
material e cisalhamento). Se um desses limites é excedido, pela correspondente tensão nos eixos
principais do material, considera- se a ocorrência da falha, ou seja, se:

σ 1 ≥ X T ou σ 1 ≤ X C ou σ 2 ≥ YT ou σ 2 ≤ YC ou σ 12 ≥ S12 (6)

No cálculo das tensões é importante ressaltar a situação em que as fibras não estão alinhadas
com a tensão aplicada, ou seja, estando a tensão inclinada de um ângulo (θ) em relação as fibras em
um compósito unidirecional. Neste caso obtêm-se as tensões nas direções principais do material
(7)
através de relações trigonométricas adequadas, em função do ângulo (θ).
Os fatores de reserva das lâminas são calculados pela razão entre cada componente de tensão
de resistência e a atuante. O menor fator de reserva encontrado determina o modo predominante de
falha na lâmi na. Determina-se posteriormente o menor fator de reserva entre todas as lâminas, que é
considerado então o fator de reserva do laminado, segundo a abordagem FPF.
O Critério de Hashin é dividido em subcritérios, ou seja, um conjunto de formas suaves
capazes de representar diferentes modos de falha do material. Trata- se de um critério de falha para
compósitos com fibras unidirecionais, transversalmente isotrópicos, baseado no polinômio quadrático
de tensões. A expressão geral do critério apresenta-se em termos de invariantes de tensão, e cada
termo que não contribui ao respectivo modo de falha é anulado. Quatro modos de falha são avaliados
através deste critério, e para o caso plano de tensões têm- se: tração e compressão das fibras
(Equações 7 e 8, respectivamente) e tração e compressão da matriz (Equações 9 e 10,
respectivamente), resultando em porções suaves da superfície de falha do material.

2 2
 σ1   σ 12 
  +   = 1 ( 7)
 XT   S 12 

σ1 = X C (8)

2 2
σ 2  σ 
  +  12  = 1 (9)
 YT   S 12 

 σ 2   YC  σ
2 2 2
σ 
  +   − 1 2 +  12  = 1 (10)
 2S   2S  YC  S12 
 23   23 

Observa-se que na Equação (10), considera-se o valor absoluto de Y C , enquanto que σ2


mantêm seu sinal. Esta condição é relevante no caso do segundo termo dessa equação. No caso da

1859
falha da matriz por compressão, o critério obtido para o estado de tensões plano inclui a tensão de
cisalhamento transversal admissível S23, o que não é aceitável do ponto de vista físico, ou seja, tem-
se um critério de falha que não envolve um componente de tensão porém envolve seu valor
admissível. Devido à falta de dados sobre esta tensão na literatura e mesmo pela dificuldade em
obtê-la experimentalmente, optou- se por considerar S23 = S12 neste trabalho. Assim como nos
critérios de Tsai Wu e Tensão Máxima, pode-se obter os fatores de reserva S f referentes a cada
modo de falha, os fatores de reserva das lâminas e o fator de reserva do laminado.

MATERIAIS E MÉTODOS

Os materiais utilizados neste trabalho constituem- se de seqüências de lâminas superpostas


formadas por uma matriz de resina epóxi, reforçado com 65% de fibras de carbono. A orientação das
fibras pode variar de lâmina para lâmina, obtendo- se diferentes seqüências de empilhamento. As
propriedades mecânicas das lâminas podem ser vistas na Tabela I, onde são encontrados os valores
médios para os módulos de elasticidade E11 e E22 , módulo de cisalhamento G12, coeficiente de
Poisson ν12 , resistência à tração na direção das fibras XT , resistência à compressão na direção das
fibras XC , resistência à tração na direção transversal as fibras YT, resistência à compressão na
direção transversal as fibras YC , e resistência ao cisalhamento S12 .

(8)
Tabela I - Propriedades mecânicas para resina epóxi reforçada com fibras de carbono

E11 (GPa) E22 (GPa) G12 (GPa) υ12 X T (MPa) X C (MPa) YT (MPa) YC (MPa) S 12 (MPa)
148 9,65 4,55 0,3 1314 1220 43 168 48

O modelo de análise de falha proposto envolve as seguintes etapas: análise de tensões através
do método dos elementos finitos e análise de falha do laminado, por meio de teorias de falha
implementadas sob forma de rotinas computacionais.
A análise de tensões foi executada numericamente utilizando o pacote comercial de elementos
finitos ANSYS , o qual pode fornecer os valores das tensões nodais atuantes, calculados em cada
lâmina do laminado, e que são utilizados como dados de entrada na etapa seguinte.
A análise de falha em materiais compósitos laminados é muito complexa devido à variedade de
mecanismos de falha envolvidos. Assim, existem atualmente numerosos critérios de falhas utilizados
nas análises de falhas desses materiais. Neste trabalho a análise de falha foi executada
implementando-se, através de rotinas computacionais em FORTRAN, quatro dos mais conhecidos e
comumente utilizados critérios de falha: Tsai Wu, Tsai Hill, Hashin e Tensão Máxima.

Geração do Modelo Geométrico (sistemas CAD)

Modelagem Computacional
(Elementos Finitos ) Propriedades
Configuração
-Pré-Processamento Elásticas d a s
do Laminado
- Solução Lâminas
- Pós-Processamento

Tensões Nodais em cada Lâmina


(direções 1,2 do Material)

Parâmetros de Resistência Análise de Falha Coeficiente F12


da Lâmina (Tsai Wu)

(1) Critério de Tsai Wu (2) Critério de Tsai Hill (3) Crit . Tensão Maxima (4) Critério de Hashin

Fatores de Reserva
das Lâminas

Fator de Reserva
do Laminado

Fim

Figura 1 - Fluxograma de análise de falha em materiais compósitos (abordagem FPF )

O processo de análise, mostrado no fluxograma da Figura 1, pode ser descrito da seguinte


forma:
1) Geração do modelo geométrico do laminado, através de sistemas CAD;

1860
2) Discretização do modelo através do método dos elementos finitos (ANSYS ), fornecendo-se as
propriedades do material da lâmina, configuração do laminado, condições de contorno e o
carregamento aplicado;
3) Análise linear elástica das tensões e cálculo das tensões nodais atuantes nos eixos do material
para cada lâmina;
(9)
4) Através de uma rotina computacional criada em linguagem APDL , as tensões nodais atuantes
nos eixos do material, em cada lâmina, são armazenadas em um arquivo;
5) Análise nodal de falha no laminado, aplicando-se os critérios de falha implementados em
linguage m FORTRAN, utilizando-se os dados de tensões do arquivo criado no passo 4, e
inserindo-se os dados de resistência da lâmina e o coeficiente de interação entre as tensões
normais atuantes (F12 – critério de Tsai Wu);
6) Cálculo dos Fatores de Reserva das lâminas;
7) Cálculo do Fator de Reserva do Laminado (é o menor Fator de reserva encontrado entre todas as
lâminas).

ESTUDOS DE CASO

Tendo- se como referência resultados obtidos experimentalmente em testes de flexão três


pontos em corpos de prova do compósito lami nado, foi possível a avaliação do modelo de análise de
falha proposto. Para isso, a modelagem geométrica foi executada conforme os corpos de prova
(10)
ensaiados em laboratório. Utilizou-se a norma ASTM D790-96a como referência para os ensaios
de flexão. Foram executados ensaios em corpos de prova com diferentes seqüências de
empilhamento, como pode ser visto na Tabela II, a qual apresenta também os valores de
comprimento, largura, espessura total e “span” .

Tabela II – Especificação dos corpos de prova dos testes de flexão três pontos

Empilhamento Largura Comprimento Espessura Span


[mm] [mm] Total [mm] [mm]
[0]10 24,95 80 1,73 58
[90]10 24,98 80 1,75 58
[+45/-45/+45/0/90]s 25,04 80 1,76 58

Figura 2 – Modelo do Laminado discretizado em elementos finitos

Os modelos analisados são constituídos de lâminas com fibras unidirecionais, do material


compósito cujas propriedades mecânicas são mostradas na Tabela I, e as seqüências de
empilhamento e geometrias segundo a Tabela II. Cada modelo foi discretizado em 70 elementos,
conforme é mostrado na Figura 2. O elemento utilizado nas simulações foi o SHELL 99, que é um
elemento do tipo casca, possui 8 nós, e cada um desses nós possui 6 graus de liberdade
(deslocamento e rotação em torno dos eixos x, y e z), sendo um dos elementos adequados para
análise linear elástica de materiais compósitos laminados, uma vez que permite a definição da
seqüência de empilhamento das lâminas. Especificou-se então as propriedades ortotrópicas do
material (Tabela I), os ângulos de orientação das fibras (seqüências de empilhamento) bem como a
espessura das lâminas, mostrados na Tabela II. Foram aplicadas restrições nos nós correspondentes
às regiões de apoio determinadas pelo “span” (deslocamento na direção z e rotação em torno do eixo
x iguais a zero). O deslocamento correspondente ao ensaio de flexão foi aplicado progressivamente

1861
na direção z dos nós centrais da malha de elementos finitos, segundo a Figura 2, nos quais foram
também aplicadas restrições impondo-se deslocamento na direção x e rotação em torno dos eixos x e
y iguais a zero.Obteve-se assim para cada modelo o deslocamento máximo causador da falha numa
primeira lâmina ( “First Ply Failure”).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com o desenvolvimento teórico dos critérios de falha, apresentados no item 2 deste
trabalho, o limiar da falha ocorre quando o menor Fator de Reserva do laminado apresenta valores
próximos de um. Através da metodologia apresentada pôde-se avaliar, para cada laminado, os
Fatores de Reserva (segundo os diferentes critérios de falha), correspondentes aos deslocamentos
aplicados no ensaio de flexão, e assim determinou-se o deslocamento crítico (D max ) no qual ocorreu a
falha do laminado (segundo a abordagem FPF). Os deslocamentos críticos obtidos dessa forma são
mostrados na Tabela III. São apresentados também, segundo cada critério de falha, a primeira lâmina
a falhar em cada laminado, e, quando possível, o modo de falha predominante.

Tabela III – Análises teóricas de falha

Laminado
Critério [0]10 [90]10 [+45/-45/+45/0/90]S
Dmax Falha Dmax Falha Dm a x Falha
[mm] [mm] [mm]
Tsai Wu 2,80 lâmina 1 1,50 lâmina 1 1,9 lâminas 1 e 10
Tsai Hill 2,80 lâminas 1 e 10 1,50 lâmina 1 1,9 lâminas 1 e 10
Hashin 3,00 -tração fibras lâmina 1 1,50 tração matriz 2,00 -tração matriz e fibras lâm.1
-compressão fibras lâmina 10 lâmina 1 -comp. matriz lâm. 10
Tensão 3,00 -tração fibras lâmina 1 1,50 tração matriz 2,10 cisalhamento axial, lâminas
Máxima -comp. fibras lâmina 10 lâmina 1 1 e 10

As análises teóricas de falha, segundo o modelo proposto, foram comparadas aos resultados
dos ensaios experimentais, conforme mostram os gráficos da Figura 3, referentes a cada laminado.
TSAI WU TSAI WU 0.7 TSAI WU
1.4 TSAI HILL TSAI HILL
TSAI HILL 0.04 0.6 HASHIN
1.2 HASHIN
HASHIN TENSÃO MÁXIMA
TENSÃO MÁXIMA
0.5
Carga [KN]

Carga [KN]
Carga [KN]

1 TENSÃO
0.03 MÁXIMA
0.8 0.4
0.6 0.02 0.3
0.4 0.2
0.01
0.2 0.1
0 0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 0 0.5 1 1.5 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Deslocamento [mm] Deslocamento [mm] Deslocamento [mm]

(a) Laminado [0]10 (b) Laminado [90]10 (c) Laminado [+45/-45/+45/0/90]S

Figura 3 - Comparação entre resultados experimentais dos testes de flexão três pontos e análises
teóricas de falha

Na Figura 3a tem-se a ocorrência de uma falha catastrófica sob carregamento de


aproximadamente 1 kN, sob um deslocamento aproximado de 4 mm. Observou-se nos ensaios que
várias fibras localizadas na base do laminado (lâmina 1) falharam por tração, havendo assim uma
perda acentuada da rigidez do laminado. Nota- se no entanto que próximo de 0.8 kN (deslocamento
em torno de 3 mm), a curva carga-deslocamento passa a não ter linearidade, o que pode ser indícios
da ocorrência de alguns mecanismos de falha. Com relação à previsão da falha segundo os critérios
aplicados, estes apresentaram resultados satisfatórios, sendo que Hashin e Tensão Máxima
apresentaram- se ser os menos conservadores e cujos resultados mais se aproximaram dos
resultados experimentais (D max = 3 mm). Quanto a estimativa do modo de falha, estes critérios
estimaram ser por compres são na direção das fibras, no topo do laminado (lâmina 10), como mostra
a Tabela III, porém observou-se que o fator de reserva da lâmina 1 (base do laminado) já indicava o
limiar da falha nessa lâmina por tração na direção das fibras. Na Figura 3b tem- se a ocorrência de
uma falha catastrófica em aproximadamente 0,037 kN para um deslocamento em torno de 1,7 mm,

1862
sendo o comportamento do material, predominantemente da matriz epóxi, frágil. Todos os critérios de
falha aplicados apresentaram o mesmo valor para o deslocamento crítico (Dmax = 1,5 mm) mostrando
a eficiência desses critérios na análise de materiais com tal comportamento. A Figura 3c mostra
nitidamente o comportamento não-linear das tensões de cisalhamento no plano da lâmina da
amostra, devido a presença de camadas a +/-45°, e evidencia a ineficiência neste caso particular dos
critérios de falha utilizados.

CONCLUSÕES

Neste trabalho utilizou-se o método dos elementos finitos para análise de tensões em um
modelo geométrico, juntamente com teorias de falhas para materiais compósitos poliméricos
laminados implementadas através de rotinas computacionais, a fim de executar a análise de falha,
segundo a abordagem First Ply Failure, em componentes compostos deste tipo de material. Como
estudos de caso foram analisadas vigas do material submetidas a carregamentos de flexão três
pontos, e então comparados os resultados teóricos com os experimentais. Observou-se a eficácia
dos diferentes critérios de falha implementados segundo a seqüência de empilhamento do laminado,
sendo que no caso onde houve comportamento não linear do material tais critérios não produzem
bons resultados, sendo necessário assim a aplicação de outros critérios mais apr opriados.
Finalmente, verificou-se a viabilidade da aplicação da metodologia mostrada, sendo que ela pode ser
estendida à análise de falhas em componentes com geometria e carregamento mais complexos.
Ressalta- se ainda que as implementações computacionais executadas possibilitam que outros
critérios de falha sejam incorporados conforme as necessidades das aplicações.

REFERÊNCIAS

1. Hashin, Z., Failure Criteria for Unidirectional Fiber Composites, Journal of Applied Mechanics,
v.47, June 1980, p.329-334.
2. Echaabi, J.; Trochu, F.; Gauvin, R., Review of Failure Criteria of Fibrous Composite Materials,
Polymer Composites, v.17, n.6, December 1996, p.786-798.
3. Tsai, S.W. & Wu, E.M., A general theory of strength for anisotropic materials, Journal of
Composite Materials, v.5, January 1971, p.58-80.
4. Daniel, I.M. & Ishai, O., Engineering Mechanics of Composite Materials, Oxford University Press,
New York, 1994.
5. Hill, R.,The mathematical theory of plasticity, Oxford University Press, London, 1950.
6. Azzi, V.D. & Tsai, S.W., Anisotropic Strength of Composites, Experimental Mechanics, September
1965, p.283-288.
7. Hyer, M.W., Stress analysis of fiber -reinforced composite materials, McGraw -Hill, Boston, 1998.
8. Tsai, S.W., Composites design, Think Composites, Dayton, USA, 1986.
9. ANSYS APDL Programmer’s Guide, SAS IP Inc., 2nd edition, September 1998.
10. ASTM D 790 – 96 a, Standard test methods for Flexural Properties of Unreinforced and
Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials, 1995.

1863
METHODOLOGY FOR APPLICATION OF FAILURE CRITERIA IN LAMINATE
COMPOSITE MATERIALS APPLYING THE FINITE ELEMENT METHOD

G. P. de Souza, V. Tita, N. C. dos Santos, J. de Carvalho


Av. Trabalhador São Carlense, 400, Cx. P. 359, São Carlos/SP, CEP 13566 -590 –
gpsouza@sc.usp.br
Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de São Carlos - Departamento de Engenharia
Mecânica

Abstract: This work presents a methodology for failure analysis in laminate polymer composite
materials according to the First Ply Failure approach (FPF), where the laminate failure is considered to
occur immediately after the first ply failure. Due to the complexity of the stress analysis in reinforced
polymer composites, the Finite Element Method is used. After, computer routines are implemented for
some widely used failur e criteria for analysis of this type of material (Tsai Wu, Tsai Hill, Hashin and
Maximum Stress). Analysis of case studies referred to experimental three point flexural tests were
done to verify the feasibility of the proposed methodology and the applicability of the implemented
failure criteria in this cases.

Key-words: Composite, Failure Criteria, Finite Element Method.

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