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ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.


Faculdade Anhanguera de Rio Grande
Curso de Ciências Biológicas

Deise de Oliveira Gibon

A segregação dos resíduos sólidos no campus da


Faculdade Anhanguera do Rio Grande-RS visando a
coleta seletiva

Rio Grande
2011
i

Deise de Oliveira Gibon

A segregação dos resíduos sólidos no campus da


Faculdade Anhanguera de Rio Grande-RS visando a
coleta seletiva

Monografia apresentada, como


exigência parcial para a obtenção do
grau de Licenciado em Ciências
Biológicas, na Faculdade Anhanguera
Educacional do Rio Grande, sob a
orientação do Prof. MSc. Antonio
Gomes Jr.

Rio Grande
2011
ii

Dedico este trabalho a minha mãe, por todo o


esforço que ela fez para me ver formada.
iii

AGRADECIMENTOS

A Deus por me guiar sempre.

A minha mãe que sempre me incentivou.

Ao meu namorado pela sua paciência.

As minhas amigas Camila Bigols, Dany Melo e Mi Vieira, pelo apoio, ajuda e
compreensão.

A todos os meus professores, pelo conhecimento, incentivo e dedicação.

A todos que, direta ou indiretamente contribuíram, para a realização deste


trabalho.
iv

RESUMO

GIBON, Deise de Oliveira. A segregação dos resíduos sólidos no campus


da Faculdade Anhanguera de Rio Grande-RS visando a coleta seletiva.
Novembro, 2011. 31 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciado em
Ciências Biológicas) – Faculdade Anhanguera do Rio Grande, Anhanguera
Educacional S.A, Rio Grande, 2011

O presente trabalho aborda os benefícios que a correta segregação de


resíduos pode originar no interior da Faculdade Anhanguera de Rio Grande.
Para obtenção de dados a respeito da situação dos resíduos originados na
instituição, foram realizadas vistorias durante seis semanas nos conjuntos
de coletores de segregação, verificando se a comunidade acadêmica faz uso
correto ou não dos mesmos e estas, foram realizadas duas vezes a cada
semana. No intuito de avaliar as atitudes das pessoas sobre a segregação de
resíduos e o correto gerenciamento destes, foi realizado um questionário com
pessoas da comunidade acadêmica, onde verificou-se, a partir da analise dos
dados, que além de a grande maioria não segregar de forma adequada os
resíduos gerados na instituição, esta, não dá a devida importância a respeito
dos mesmos. Dessa maneira, serão sugeridos métodos para instruir o
correto gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos no interior da
instituição possibilitando que estes possam ser encaminhados a coleta
seletiva.

Palavras chave: Coleta Seletiva, Resíduos Sólidos, Segregação de Resíduos.


v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa do campus da Faculdade Anhanguera..........................................16


Figura 2. Mapa do campus da Faculdade Anhanguera, disposição dos coletores de
segregação...............................................................................................17
Figura 3. Visão geral do conjunto de coletores na área da cantina.........................18
Figura 4. Visão do conteúdo dos coletores na área da cantina...............................19
Figura 5. Coletores da área do Bloco B............................................................19
Figura 6. Coletores Bloco C...........................................................................20
Figura 7. Visão do conteúdo dos coletores do bloco C.........................................20
vi

LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
vii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS.......................................................................................iii
RESUMO....................................................................................................iv
LISTA DE FIGURAS........................................................................................v
LISTA DE SIGLAS..........................................................................................vi
SUMÁRIO..................................................................................................vii
Introdução.................................................................................................8
Capítulo 1 - Revisão de Literatura..................................................................10
Capítulo 2 - Metodologia..............................................................................15
Capítulo 3 – Análises e Resultados..................................................................16
Capítulo 4 – Considerações Finais...................................................................25
Referências..............................................................................................27
Anexos....................................................................................................30
8

Introdução

O consumo demasiado da população acarreta no aumento de


produtos no mercado e isso vem se tornando um problema cada vez mais
preocupante para a sustentabilidade, pois as pessoas não descartam
corretamente os produtos que serão rejeitados gerando um imenso aumento
na produção de resíduos, os quais são aglomerados diariamente nos aterros
sanitários e lixões, e também muitas vezes são dispensados pela população
em locais indevidos como terrenos baldios, valetas e rios. Com isso, a correta
segregação possibilita que esses resíduos sólidos sejam encaminhados a
coleta seletiva e com isso tenham a possibilidade de reaproveitamento,
tornando-se necessária a busca por soluções sobre a problemática da
geração e do descarte incorreto desses.
Tendo em vista a geração de resíduos no interior do campus da
Faculdade Anhanguera e o fornecimento de coletores de segregação em suas
instalações, este trabalho visa ampliar o entendimento sobre a segregação
adequada de resíduos no interior da instituição e também investigar e
apresentar um panorama geral da atual situação da coleta seletiva, o que
pode refletir a situação do município, levando em conta como universo
amostral a população existente no campus. Dessa forma, se tem como
objetivo avaliar a situação da segregação dos resíduos realizada na
Faculdade Anhanguera de Rio Grande, propondo formas de aperfeiçoar esse
processo, para que tais resíduos possam ser encaminhados a coleta seletiva.
Esta monografia está estruturada em quatro capítulos, a saber. O
primeiro capítulo apresenta a revisão da literatura sobre a questão dos
resíduos sólidos. No segundo capítulo é apresentada a metodologia utilizada
9

para a coleta e tratamento dos dados da pesquisa. O terceiro descreve as


análises e os resultados alcançados, discutindo os principais resultados. Por
fim, são apresentadas as conclusões a que se chegou sobre a situação da
coleta seletiva na interior do campus, além de sugestões de melhorias
relativas a este assunto.
10

Capítulo 1 - Revisão de Literatura

A nossa sociedade vive um momento de alto consumo, essa


incidência faz com que cada vez mais haja um aumento na produção de
resíduos sólidos, os quais são descartados todos os dias promovendo grande
desequilíbrio social e ambiental. Esse consumo, até certo ponto pode ser
controlado, diminuído. No entanto, parte do mesmo, nos moldes atuais da
sociedade, passa a ser imprescindível para a movimentação e custeamento
dos sistemas econômicos (CAMPOS e CAVASSAN, 2007).

Ultimamente, há uma substituição do termo lixo para o uso do termo


resíduo sólido, pois a palavra lixo significa todo e qualquer material que não
tem mais aproveitamento, ou seja, inutilizável (REIS et al 2005). Com isso, o
termo resíduo sólido será usado no decorrer desse trabalho, pois é adaptado
para distinguir os materiais que ainda possam servir como matéria-prima
para geração de outros produtos. Segundo Dias (2003), é compreendido por
resíduo sólido todo o resultante das atividades humanas de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, serviços de varrição.
Dessa maneira, a compreensão de sua problemática, deve ser considerada
como resultado do desenvolvimento tecnológico que variou ao longo dos
anos, assumindo um caráter histórico e social, afetando a quantidade e a
qualidade dos resíduos produzidos pelo homem ao longo do tempo, e
ocasionando impactos sanitários e ambientais derivados da sua disposição
final, geralmente inadequadamente no solo, bem como da forma de percebê-
los no ambiente.
Assim, o adequado gerenciamento dos resíduos entra como uma boa
opção que contribuirá para alcance do desenvolvimento sustentável, uma vez
11

que permite economia capital natural poupando matéria-prima, energia,


água e de saneamento ambiental reduzindo a poluição do ar, solo e subsolo
(Calderoni apud ROLIN, 2000).
Complementando a definição de resíduos por Dias (2003), a NBR
10.004 conceitua resíduos sólidos nos estados sólido e semi-sólido,
originados de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição, incluindo também nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, os
gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos onde suas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam
soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível. (ABNT, 2004)
Assim, os resíduos sólidos são classificados quanto aos seus riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Perante isso, existe uma
definição que corrobora essa classificação. Conforme a NBR 10.004 (ABNT
2004), os Resíduos Perigosos são designados Resíduos classe I, por
apresentarem periculosidade, sendo esses, os que acarretam risco à saúde
pública, causando mortalidade e acentuando o risco de doenças, ou os que
oferecem riscos ao meio ambiente, por não serem destinados ou manuseados
corretamente. Resíduos que apresentam inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade também são considerados resíduos
perigosos, sendo assim, entrando na classificação de resíduos classe I.
Os resíduos designados a classe II são denominados não perigosos e
são divididos em: resíduos classe II A, considerados não inertes que são
aqueles resíduos que podem apresentar propriedades como
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. Já os
resíduos classe II B (considerados inertes), são os que em contato estático ou
dinâmico com água destilada à temperatura ambiente não apresentam
nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos
padrões de potabilidade da água, excetuando-se os padrões de cor, turbidez
e sabor como rochas, alguns plásticos e borrachas que demoram mais tempo
para sofrer o processo de decomposição.
12

Corroborando a idéia anterior, Grippi (2001) classifica os resíduos de


forma mais prática e usual: resíduo domiciliar (originado na vida diária das
residências, gerados por alimentos, produtos deteriorados, jornais e ainda
uma infinidade de itens domésticos); resíduo comercial (originados em
estabelecimentos comerciais e de serviços, apresentando grande quantidade
de papéis, plásticos, embalagens diversas, etc); resíduo público (originados
de serviços de limpeza pública urbana, como limpeza de praias, praças, etc e
ainda, de locais de eventos públicos); resíduo hospitalar (constituído de
agulhas, seringas, remédios, sangue, entre outros, que potencialmente
podem conter germes patogênicos); resíduo especial (aqueles encontrados em
portos, aeroportos e terminais rodoviários, constituídos de resíduos sépticos
podendo ser oriundos de um quadro de endemia de outro lugar); resíduo
industrial (originado nas indústrias, podendo ser bastante variado,
relacionado ou não, com o tipo de produto final da atividade industrial e é
constituído por cinzas, óleos, substâncias ácidas, corrosivas, etc); e resíduo
agrícola (originados através de embalagens de adubos e agrotóxicos,
defensivos agrícolas, restos de ração, etc). No entanto, o presente trabalho
será aprofundado somente nos resíduos de classe II, A e B, pois são os
passiveis de reaproveitamento.
Na busca do reaproveitamento de tais resíduos temos a segregação, a
qual é entendida como operação de separação de resíduos no momento da
geração, em função de uma classificação previamente adotada para estes
resíduos e surge para desmembrar os resíduos citados anteriormente 1. Esta
separação torna-se importante, pois é através dela que ocorre o correto
acondicionamento e separação dos materiais para que venha a existir
viabilidade técnica de reaproveitamento 2. A segregação desses resíduos deve
iniciar-se pela fonte, ou seja, os geradores dos resíduos (população,
comércio, indústrias, etc), os quais separam o resíduo orgânico do resíduo
reciclável que serão designados à coleta. De acordo com Calderoni (2003), a
segregação realizada nos domicílios é conhecida como Coleta Seletiva e, caso
contrário, é denominada coleta regular ou usual. Ainda, em ambas as
1
ANVISA – RDC 306 de 2004°

2
Decreto n 38.356, 1998, Art. 2
13

situações, há participação de trabalhadores informais, que utilizam seus


próprios meios para recolher os resíduos previamente separados,
transportando-os para depósitos de coleta.
Em alguns municípios, além dos trabalhadores informais, existem
outros meios para a realização da coleta. Um exemplo disso é o município de
Rio Grande, que através da secretaria do meio ambiente, utiliza-se de
caminhões que fazem a coleta semanalmente nos bairros da cidade,
transportando esses resíduos às cooperativas de reciclagem existentes no
município. Após a destinação dos resíduos, é realizada a triagem, mesmo
que haja separação prévia nos domicílios, pois o resíduo coletado precisa
passar por uma separação mais detalhada. Isso ocorre, por existir uma
imensa diversidade de resíduos, principalmente papéis e plásticos, que se
classificam em dezenas de tipos (CALDERONI, 2003).
Além da coleta domiciliar e empresarial, alguns municípios utilizam-
se de coletores, os quais são recipientes divididos por cores, que facilitam no
momento de descartar o resíduo, e são alocados em diversos espaços
públicos, tendo como principal finalidade conscientizar a população na hora
de descartá-lo. Esses recipientes são de diferentes cores para facilitar a
visualização, distinguir os diferentes tipos de resíduos bem como, por já
terem sido adotados nacional e internacionalmente, sendo essenciais para
efetivação da coleta seletiva de resíduos, viabilizando a reciclagem 3.
A RESOLUÇÃO CONAMA N° 275 (2001), recomenda a adoção de um
código de cores para programas de coleta seletiva estabelecidos pela
iniciativa privada, cooperativas, escolas, igrejas, organizações não-
governamentais e demais entidades interessadas. Essas cores são
classificadas como: azul (papel); vermelho (plástico); verde (vidro); amarelo
(metal); preto (madeira); laranja (resíduos perigosos); branco (resíduos
ambulatoriais e serviços de saúde); roxo (resíduos radioativos); marrom
(resíduos orgânicos); cinza (resíduo geral não reciclável ou misturado, ou
contaminado não passível de separação).

3
RESOLUÇÃO CONAMA N° 275, 2001.
14

Partindo desse pressuposto, Duston (apud Calderoni 2003) define a


reciclagem como um processo pelo qual qualquer produto ou material que
tenha servido para um determinado propósito e que tenha sido separado do
resíduo é reintroduzido no processo produtivo e transformado em um novo
produto, seja igual ou semelhante ao anterior, seja assumindo
características diversas das iniciais. Sosa (apud Layrargues 2002) afirma que
a reciclagem não só possibilita o aumento da vida útil dos materiais, gerando
novos negócios empresariais, como também contribui para a proteção
ambiental.
Para que haja otimização dos resíduos gerados, alguns autores
utilizam a colocação “3 Rs”, os quais dividem-se em: reduzir (evitar produção
de resíduos, com a revisão de seus hábitos de consumo), reutilizar
(reaproveitar o material em outra função) e, reciclar (transformar materias já
usados, por meio de processo artesanal ou industrial, em novos produtos).
Ainda, torna-se importante ressaltar os benefícios da reciclagem que, de
acordo com Grippi (2001), são descritos como: diminuição da quantidade de
lixo a ser desnecessariamente aterrado; preservação dos recursos naturais;
economia proporcional de energia; diminuição da poluição ambiental; e
geração de empregos diretos e indiretos. No entanto, ela não pode ser vista
como principal solução para o lixo, pois é uma atividade econômica que deve
ser encarada como um elemento dentro de um conjunto de soluções
ambientais e, por isso, a separação dos resíduos aumenta a oferta dos
materiais recicláveis.
Com isso, o fato dos espaços físicos estarem ficando cada vez mais
escassos para a disposição de resíduos (Grippi, 2001), a reciclagem entra por
sua vez como à alternativa mais apropriada para a destinação dos mesmos
como matéria-prima, reincorporando-os ao processo produtivo, diminuindo o
seu impacto ambiental, reduzindo assim o grande aglomeramento desses
resíduos nos lixões.
15

Capítulo 2 - Metodologia

Foi realizado levantamento de informações sobre a forma de


segregação dos resíduos gerados na instituição, levando em consideração os
coletores existentes na mesma.

Para análise dos dados foi realizada uma pesquisa de campo onde foi
diagnosticada a quantidade de coletores dispostos na instituição. A
contagem de coletores de lixo comum e o mapeamento e quantidade dos
conjuntos de coletores de segregação existentes no campus, foi obtida
através de pesquisa in loco. Além disso, tais coletores foram monitorados a
partir de vistorias realizadas no turno da noite, duas vezes por semana,
durante seis semanas, onde foram obtidos os índices de segregação corretos.
Adicionalmente, foram aplicados questionários (anexo I) com a
comunidade interna da instituição, investigando suas considerações a
respeito da reciclagem, coleta seletiva e segregação e sendo questionados se
utilizam ou não dos coletores dispostos no campus.
Por fim, foi confeccionado um folder (anexo II) que possibilita relatar a
importância da correta segregação, servindo como exemplo de um material
de divulgação adequado e ainda, a criação de propostas referentes na
adequação do gerenciamento de resíduos no interior da instituição, para que
dessa forma esses resíduos venham a ser encaminhados para seu destino
final, a coleta seletiva.
16

Capítulo 3 – Análises e Resultados

A instituição apresenta nove prédios, onde os blocos A, B, C, D, E são


compostos por três andares cada. Estes nove prédios dividem-se em cerca de
60 salas, sendo estas separadas em 32 salas de aula, três laboratórios de
informática, cinco laboratórios (multifuncional, anatomia, biologia, LAEC,
morfologia), biblioteca (contendo uma sala de vídeo e três salas de estudo),
cantina, sala dos professores, sala das coordenações (subdividida em 13
pequenas salas), diretoria, recursos humanos, secretaria geral, controle
academico, xerox, sala da limpeza, apoio de informática, núcleo de prática
jurídica, cada uma dessas salas e suas subdivisões possuem no mínimo um
coletor destinado somente para lixo comum, e no estacionamento onde
possui grande movimentação de pessoas, não apresenta nenhum.

Figura 1. Mapa do campus da Faculdade Anhanguera.


17

Os laboratórios e a clínica de fisioterapia possuem coletores, tendo


sempre um direcionado para resíduos, os quais ficam misturados e outro
para materiais infectantes. Os materiais infectantes por apresentarem risco
são acondicionados em sacos plásticos de cor branca e seu recipiente é
identificado por seu respectivo símbolo e após, são recolhidos por uma
empresa, a qual os encaminha para incineração. Cabe ressaltar que as
informações sobre essas salas e laboratórios servirão apenas para fornecer
uma noção do ambiente e também para possíveis sugestões de
aperfeiçoamento e como os banheiros, estes não estão dentro da contagem,
pois não acompanham a intenção do trabalho, que são os coletores dos
resíduos passiveis de reciclagem.
Nas áreas comuns, como corredores, pátio, cantina e biblioteca,
foram contabilizados 37 coletores de lixo comum, seis para pontas de cigarro
e três conjuntos de coletores de segregação, divididos em papel, plástico,
metal e orgânico, para vidros não constam coletores no campus. Os
conjuntos de coletores estão dispostos da seguinte maneira: um em frente à
cantina, um em frente ao bloco B e o último embaixo da escada do bloco C,
conforme é mostrado na figura abaixo:

Figura 1. Mapa do campus da Faculdade Anhanguera, disposição dos coletores de


segregação.
18

Durante as vistorias foi percebido que em muitas vezes os coletores


apresentaram resíduos misturados, outras não havia coletores para certo
tipo de resíduo (ou sem identificação), em algumas análises a segregação
estava de forma correta e outras os coletores encontravam-se vazios,
cabendo mencionar que na maioria das vezes os sacos de coleta dos
coletores encontravam-se soltos (figura 3) e que junto aos coletores de
segregação dos blocos B e C consta um cartaz explicativo sobre reciclagem.
Constatou-se que em 67% das vistorias realizadas nos coletores da
cantina, não haviam coletores para resíduo orgânico e nem para plástico e,
em 33% das vistorias, os mesmos apresentavam seus resíduos misturados.
Com relação aos metais, 92% das vistorias evidenciaram materiais
misturados e somente em 8% das vezes apresentava ausência de coletor ou
de identificação. Já o coletor de papel possuía 100% do seu conteúdo
misturado.

Figura 3. Visão geral do conjunto de coletores na área da cantina.


(sacos caídos)
19

Figura 4. Visão do conteúdo dos coletores na área da cantina.


(respectivamente plástico e metal, resíduos misturados)

A amostragem obtida no conjunto de coletores de segregação na área


do bloco B apresentou-se de maneira pouco diferente, os coletores de metal e
resíduos orgânicos tiveram 100% de incidência não havendo coletor ou
ausência de identificação. O coletor de plástico apresentou em 83% das
vistorias seu conteúdo misturado a outros resíduos e 17% delas não havia
identificação de seu coletor. Já o papel 75% das vistorias se encontrava sem
o coletor e em 25% dessas não continham nenhum resíduo nele.

Figura 5. Coletores da área do Bloco B


(Apenas papel, outro coletor sem identificação e cartaz)

No bloco C, durante as vistorias realizadas semanalmente, foi


possível constatar que no coletor para metais em 33% das vistorias
encontravam-se vazios, em 25%, os resíduos estavam misturados a outros e
20

42% das vezes continha apenas metal. Para o plástico, obteve-se maior
número de segregação correta, ocorrendo em 50% das vistorias, e o restante
8% havia resíduos misturados e 33% os coletores apresentavam-se vazios. E
por fim, 50% das inspeções do coletor de papel encontrava-se resíduos
misturados a outros e o restante igualmente possuíam coletores vazios ou
segregados corretamente. Não se pode deixar de comentar que nesse bloco
os dados muitas vezes foram obtidos por coletores que apresentavam apenas
um resíduo disposto corretamente em seus interiores.

Figura 6. Coletores Bloco C


(sem coletor para resíduos orgânicos e cartaz)

Figura 7. Visão do conteúdo dos coletores do bloco C


(Coletor de metal vazio - Coletor de papel misturado)
21

Conforme os resultados apresentados, após as vistorias nos coletores


de segregação da faculdade, constatou-se que a comunidade da instituição
não segrega os resíduos de maneira adequada já que estes se encontram
normalmente misturados a outros resíduos e/ou com falta de coletores em
todos os prédios analisados.
Dessa forma, é importante que haja uma maneira de reduzir os
impactos que tais resíduos causam no momento de seu destino final. Assim,
nota-se a necessidade de uma organização a respeito desses coletores,
mantendo sempre os sacos de coletas presos, para que evitar problemas no
momento de seu recolhimento. Também utilizar coletores apenas para
separar os resíduos secos dos úmidos porque os secos, quando recolhidos
pela coleta seletiva serão carregados todos misturados e encaminhados para
as cooperativas de reciclagem, as quais executam a limpeza, uma nova
triagem e venda de resíduos, o que além de dar uma destinação
ambientalmente mais adequada, transforma o resíduo em fonte de renda,
melhorando a vida dessas comunidades (FLORES et al, 2004).
Sobre o destino dos resíduos, foi constatado que estes são destinados
a coleta normal (caminhão do lixo) e após, encaminhados para o lixão,
devido à má segregação e a falta de treinamento dos profissionais
capacitados pela instituição. Confirmando esse fato, Rocha e Fuscaldo
(2010) alegam que as pessoas geralmente não estão preocupadas em saber
qual será o destino do lixo que elas geraram, contanto que o serviço de coleta
funcione corretamente, levando os resíduos para bem longe delas.
O questionário foi realizado com 43 pessoas que fazem parte da
comunidade acadêmica (professores, funcionários de outras áreas e alunos)
a avaliação deste foi feita de maneira que não prejudicasse a veracidade das
respostas, portanto as respostas dadas foram analisadas a partir da
proximidade da resposta correta, como também das respostas obtidas de
cada um dos questionados.
Os dados coletados a partir do questionário apresentaram que dos
questionados sobre o que é coleta seletiva 63% sabiam dizer corretamente o
que é e 37% consideravam que é somente a separação dos resíduos. Dos
indagados sobre a definição de reciclagem, 95% deles sabiam definir. Sobre
22

as cores dos coletores de recicláveis 63% não souberam definir, 20% não
identificaram todas as cores (citaram apenas algumas) e apenas 17%
sabiam.
Referente à utilização dos coletores, se fazem uso ou não deles, pode-
se observar que 9% fazem uso sempre que possível, pois acham importante
para o ambiente, 51% não fazem e 40% utilizam somente quando tem
coletores acessíveis. Dos resíduos passiveis de reciclagem os 100% dos
entrevistados sabiam especificar quais materias são passiveis, já sobre seus
benefícios, somente 9% não souberam dizer quais eram e 91% citaram
benefícios diversos.
Quando questionados a respeito do que fazem para colaborar com a
correta segregação 17% disseram que separam os resíduos em casa, e fora
dela sempre que possível, quando nos locais, há coletores adequados, 54%
disseram que fazem isso somente quando possível, 23% disseram que não
fazem nada para colaborar e 6% realizam somente no trabalho por ordem da
empresa.
O destino dos resíduos gerados na instituição foi discutido, e 26%
disseram que estes resíduos eram encaminhados ao lixão por não ter como
encaminhar a coleta resíduos misturados e 74% disseram que não faziam
ideia do que era feito com os resíduos.
As sugestões dadas pelos entrevistados sobre o que consideravam
importante acontecer na instituição para favorecer a correta segregação
apresentaram dados bem diferenciados, 23% não sabiam ou preferiram não
responder, 57% consideram necessária a conscientização e o fornecimento
de mais coletores, 17% também apostam na conscientização e em mais
coletores, mas também alertaram sobre a necessidade de coletores para
cigarro e 3% dos entrevistados incentivaram sobre a criação de uma
cooperativa de reciclagem, a qual poderia ser organizada pelos próprios
alunos da faculdade. Deve-se ressaltar, embora tenha que ser vista sua
viabilidade, a sugestão dos entrevistados sobre a criação de uma cooperativa
de reciclagem formada pelos alunos é bastante pertinente, pois a mesma
além de contribuir na diminuição dos impactos ambientais pela destinação
responsável e ambientalmente correta dos resíduos sólidos recicláveis,
23

também colaboraria na conscientização dos alunos e das pessoas que dela


participarem.
Com base nos dados levantados pode-se analisar que embora as
pessoas entendam sobre coleta seletiva e saibam os benefícios e prejuízos da
reciclagem, foi possível verificar que a maior parte delas não tem
preocupação com o problema, consideram algo preocupante, mas que ainda
está distante delas. Perante isso, Günther (2002) diz que “o envolvimento da
população implica, entre outras coisas, num levantamento de dados quanto
ao conhecimento, atitudes e disposição de mudar de hábitos”.
Torna-se necessário salientar que algumas pessoas demonstram
intenção de colaborar e um pequeno grupo realmente colabora, mas estes
acham que mais precisa ser feito, não só por parte deles, mas também por
parte da instituição, que segundo eles, deveria dar mais ênfase para o
gerenciamento de resíduos, e como Silva Filho (apud Flores et al, 2004)
enfatizou, que a instituição tem papel como esfera administrativa, em uma
análise da gestão ambiental, apresenta a importância dos “princípios
ambientais organizacionais”, como melhorias, educação de pessoal, enfoque
preventivo e transferência de tecnologia, para realmente ocorrer uma “gestão
ambientalmente comprometida”. Com isso, tem-se a necessidade de
pararmos de tratar resíduos como materiais não mais desejados e passar
para a abordagem do gerenciamento de resíduos buscando redução na
geração, reaproveitamento, reciclagem e destinação final adequada, com a
participação e envolvimento de todos que fazem parte da instituição.
Froes (2010) desenvolveu um trabalho, o qual foi realizado na mesma
instituição de ensino, possuindo objetivos semelhantes, onde seus
resultados constataram que grande parte da comunidade acadêmica não
fazia uso dos coletores para separação dos resíduos e que não havia um
programa de gerenciamento por parte da instituição, dessa maneira pode-se
fazer um comparativo com o trabalho realizado por ela onde observou-se
que, um ano depois, a maioria da comunidade não mudou seus hábitos no
que diz respeito à correta segregação de resíduos e a instituição além de não
aplicar nenhuma medida corretiva para mudar tal situação, não deu ênfase
a um programa de gerenciamento deles e se essa situação não for
24

averiguada e corretamente administrada, poderá vir a prejudicar na sua


licença ambiental, a qual é regida pelo órgão licenciador estadual, como
também prejudicar o destino final dos resíduos, que seria a coleta seletiva.
25

Capítulo 4 – Considerações Finais

Com base nos dados, propõe-se que sejam concretizadas formas que
possibilitem o uso dos locais apropriados no descarte dos resíduos sólidos,
aumentando a disponibilidade de coletores para a segregação dos mesmos.
Disponibilizar também, coletores para papéis nos locais de maior utilização
destes, como salas de aula, secretaria e biblioteca ou o mais próximo
possível destes locais, viabilizando assim o seu uso.

Pensando em viabilidade, a instituição ao invés de disponibilizar


conjuntos de coletores completos para reciclagem (papel, metal, orgânico,
plástico) poderia fazer uso apenas de três coletores, sendo um para resíduos
orgânicos, um para materiais recicláveis e outro exclusivo para papel, visto
que esse, por ser um material delicado e de fácil reaproveitamento, não pode
estar sujo, molhado ou amassado, pois se torna inviável para reciclagem.
Dessa forma, pouparia gastos e economizaria tempo na hora do recolhimento
dos resíduos, e ainda aumentaria a possibilidade de todos os prédios
possuírem coletores de segregação.
Outros dois pontos importantes seriam a disponibilização de
coletores no estacionamento dos alunos, onde não existe nenhum, bem
como, o aumento da quantidade de coletores para as pontas cigarro, pois
evitaria que elas fossem descartadas no chão, como ocorre atualmente,
possibilitando e facilitando sua coleta.
Sugerindo como métodos de informação, torna-se interessante a
distribuição de folders na instituição (anexo II), sendo uma boa possibilidade
para estimular as pessoas a agirem de forma cautelar no momento do
descarte de seus resíduos. Considera-se válido a realização de oficinas sobre
26

a reutilização dos resíduos, podendo essas, serem abertas a comunidade do


município, já que a população também deveria ter a preocupação com o
destino final dos resíduos, desse modo ampliaria a conscientização realizada
no campus.
Outra medida a ser considerada, é a adequação dos coletores de
segregação, contendo nestes, sempre as devidas placas de identificação. Sua
distribuição dentro da instituição deve ser feita de modo que os mesmos
sejam colocados em maior quantidade, ampliando os locais de
posicionamento dos mesmos, dando mais acesso a comunidade acadêmica e
assim, possibilitando que os resíduos gerados possam ser segregados
corretamente e encaminhados a coleta seletiva. No entanto, a busca pela
correta segregação não pode ficar limitada apenas a sua destinação final,
sendo importante que todos pensem nos benefícios da minimização da
geração de resíduos, pois a partir dela a utilização dos recursos naturais
poderá ser atenuada.
27

Referências

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004. Resíduos


Sólidos – Classificação. 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.


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de 2004, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de
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307, de 05 de julho de 2002. Brasília. Diário Oficial da União, de 17 de julho
de 2002, seção I, p. 95-96.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução n°.


275, de 25 de abril 2001. Brasília. Diário Oficial da União, de 19 de junho de
2001.

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Editora. 2003

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seletiva em uma Instituição de Ensino Superior. 2010. 47 f. Trabalho de
Conclusão do Curso Bacharel em Administração com Ênfase em Gestão
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2010.

GRIPPI, S. Lixo, reciclagem e sua história: guia para as prefeituras


brasileiras. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.

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campus: programa UnB Verde. Brasília, 2002. Disponível
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resíduos sólidos e políticas públicas: reflexões substantivas acerca de
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em:<http://hdl.handle.net/10183/2397> Acessado em: 30/03/2011.
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Anexos

Anexo I

Nome: ________________________ Idade:______ Profissão: _____________________

1- O que é coleta seletiva?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2- O que você entende por reciclagem?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3- Sabe definir as cores da reciclagem?Defina-as:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4- Você faz uso dos coletores para separação disponibilizados pela
faculdade? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5- Você faz idéia de quais materiais podem ser reciclados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
31

___________________________________________________________________________
6- Conhece algum(s) dos benefícios da reciclagem? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

7- O que você faz para colaborar com a correta segregação dos resíduos
sólidos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

8- Você sabe o destino dos resíduos gerados na instituição?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

9- O que você considera importante ser realizado na instituição para


favorecer a correta segregação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
32

Anexo II
Frente Folder
33

Verso Folder

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