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Contemporaneidade
UVA
2007
Resumo
Este trabalho tem como objetivo central analisar e refletir sobre a desmotivação dos
alunos como um desafio a ser encarado pelos profissionais da educação. Para
compreender o significado da desmotivação na vida escolar dos alunos e as suas
implicações na vida dos sujeitos envolvidos, definiu-se como proposta metodológica a
pesquisa bibliográfica definida pelo conjunto de matérias escritos e gravados, seja
mecânico ou eletrônico que contém informações publicadas por diversos autores
relacionadas ao tema.
Após várias leituras verificou-se que a maioria dos alunos se desencanta com escola, à
medida que avança nas séries escolares, ou seja, o aprender na escola é cada vez menos
apreciado pela maioria dos alunos, à medida que crescem; a desmotivação vem
aumentando gradualmente nas escolas de todo o país, pois a incidência de alunos que
“não gostam de aprender na escola”, já é uma constante na prática educativa dos
professores.
INTRODUÇÃO
O último século foi marcado por transformações que tiveram uma significativa
repercussão no cenário mundial. No campo educacional, o ensino ficou mais
dinamizado, interativo, informatizado, por outro lado, essas mudanças fizeram surgir
problemas merecedores de atenção, tais como o alarmante índice de evasão e repetência
escolar, a distorção idade série, a violência na escola, à indisciplina, à falta de
motivação para o estudo.
A relação com a escola parece ser interessante e vibrante. Entretanto, com o passar do
tempo, esta criança vai desanimando-se, desmotivando-se, desinteressando-se e a
emocionante construção de novos conhecimentos parece tornar-se um pesado fardo.
”Nos primeiros anos, a maioria deles aprende com vontade, os poucos aprendizes
relutantes destacam-se dos outros. A partir dos graus intermediários e da escola
secundária até a universidade, a balança muda.” [...] (SIDMAN, 1995, p. 289).
É preciso pensar nos possíveis determinantes deste quadro, e a partir da análise das
contingências de reforçamento pode-se remeter a caminhos de possíveis soluções para o
velho problema da desmotivação.
Considerando que a motivação pode ser um fator determinante para o bom êxito da
aprendizagem, por outro lado, a sua inexistência, pode ser uma das causas da repetência,
reprovação e consequentemente do fracasso escolar.
Diante desse exposto indaga-se o que acontece com a falta de encantamento e a magia
de aprender na escola? Afinal, qual a relação da desmotivação com o aprender na
escola?
Nessa perspectiva, acredita-se que, se o aluno não tem interesse pelos estudos, ou não
consegue encontrar um sentido para se dedicar às atividades de sala de aula, logo se
distanciara do ambiente escolar e, como conseqüência, poderá ocorrer o baixo
rendimento no processo de aprendizagem, isto quando não acarreta a repetência ou a
evasão escolar.
Portanto, se faz necessário a reflexão em torno dessa problemática, para que, a partir de
esclarecimentos do que vem causando a falta de motivação dos alunos, se possam
buscar alternativas que possibilitem a superação ou diminuição do problema.
Este trabalho trata de uma problemática importante para os que atuam na instituição
escolar e para todos os que querem participar da luta contra o fracasso escolar. Sua
análise está voltada à compreensão das causas da falta de motivação dos alunos, fato
que tem provocado uma queda no rendimento escalar, atingindo diretamente a
aprendizagem dos alunos. Este é o motivo pelo qual se propõe aqui realizar este estudo
com o intuito de ajudar os profissionais da educação para que esses possam ensinar
possibilitando a compreensão do verdadeiro sentido do aprender.
Buscando contribuir com a discussão desta relevante temática é que elaboramos este
trabalho monográfico. Para alcançar o objetivo proposto lançou-se mão da pesquisa
bibliográfica. Esse recurso é defendido por Gil (1994), pois permite ao investigador a
cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia
pesquisar diretamente. Ainda sob a concepção desse autor essa técnica se torna de
crucial importância quando o problema da pesquisa “requer dados dispersos no espaço”.
Para tanto, este caminho de análise tem como objetivo ser útil para o levantamento de
outros questionamentos no âmbito educacional que mereçam uma atenção, e um estudo
mais aprofundado, a fim de que se veja futuramente uma educação que mostre o
verdadeiro sentido do saber, conhecer, aprender.
Na realidade, existe certa dependência nesse processo, pois o professor para motivar o
aluno precisa também está motivado para ensinar, ou seja, é necessário que ele encontre
satisfação no trabalho que desempenha, para que possa transmitir este sentimento e
assim suscitar, no aluno, a mesma satisfação.
Na verdade, para que ocorra a motivação, é necessário que o professor e o aluno possam
enxergar o sentido da vida, do conhecimento e o desenrolar de uma cadeia de
acontecimentos que proporcionará a ambos, condições de desempenhar seus papéis
voltados para um cenário otimista, em função de um projeto de vida e de educação para
sua realização pessoal e profissional.
O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Para
tanto, educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido
constante a cada instante da vida é preciso que tanto o professor quanto o aluno se sinta
motivado. Para que isto aconteça é necessário que a família e a escola lhes favoreçam
uma realização pessoal, e, consequentemente, o reconhecimento e a valorização sejam
do aluno ou do professor.
Precisa-se levar em conta que a maioria dos docentes, quase totalidade, encontra-se com
a diminuição drástica dos salários, com a desvalorização da profissão e a progressiva
deterioração das escolas, muitas delas tem cara de presídio. Quais motivos são ofertados
a este professor para gerar sua satisfação profissional, a ponto de transmitir para os
alunos esta satisfação com sua profissão, Se não existem motivos, não existe satisfação,
logo, dificilmente haverá motivação. Como dizem Fita e Tapia (2000, p.88):
Se um professor não está motivado, se não exerce de forma satisfatória sua profissão, é
muito difícil que seja capaz de comunicar a seus alunos entusiasmo, interesse pelas
tarefas escolares; é definitivamente muito difícil que seja capaz de motivá-los.
Há uma procura cada vez maior por cursos e conferências, para buscar uma resposta,
uma vez que, os resultados desta busca não encontram na sua formação inicial e nem na
sua prática atual.
Poucas são às vezes em que encontram resposta nesses cursos. Na sua maioria,
encontram profissionais que encantam com belas palavras, voltam vazios como
entraram, e fazendo a mesma pergunta: “por que não procuro outro trabalho”.
Nessa linha de pensamento Gadotti (2003, p. 29) reforça com a seguinte afirmação:
“Perdemos o sentido do que fazemos, lutamos por salário e melhores condições do
trabalho sem esclarecer a sociedade sobre a finalidade de nossa profissão, sem justificar
porque estamos lutando”.
A partir da busca para resposta dessa problemática, é que este trabalho vem analisar a os
fatores que podem desencadear ainda a desmotivação do educando no contexto
educacional atual, o que o professor pode fazer, o que ele deve fazer, o que é possível
fazer.
Gadotti (2003, p. 59) contribui afirmando que “enquanto não construirmos um novo
sentido para a educação e o papel do educador, sentido esse que está ligado à própria
função da escola na sociedade aprendente, esse vazio, essa crise, deverão continuar”.
Parece-me urgente que o professor busque mais sentido para o que faz e apontar novos
sentidos para o que fazer dos seus alunos. Ele deixará de ser um simples professor para
ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem.
Diante de tais questões, pode-se perguntar até que ponto estas implicações podem
interferir na motivação da aprendizagem? Pode-se dizer que em todos os sentidos.
Motivar significa predispor o indivíduo para certo comportamento desejável naquele
momento e se o professor não tem o domínio do que faz e a consciência necessária para
tal, como ele vai encontrar competência para suscitar no aluno a motivação? Nesse
sentido, Fita e Tapia (2000, p. 89), reforçam essa questão quando dizem que:
Deveria incluir-se a formação necessária para que o professor seja capaz de motivar
seus alunos. Este será um dos principais problemas que deverá enfrentar durante o
exercício de sua profissão e, portanto, deveria ser um dos tópicos principais em sua
formação.
Além disso, a situação de vida da maioria dos alunos que vivem em uma sociedade que
não lhes oferece muitas oportunidades, onde as perspectivas de encontrar trabalho ao
sair da escola são mínimas; sem contar que o mercado de trabalho exige profissionais
altamente qualificados, coisa que a escola pública não faz. Desiludidos com a sociedade
o jovem entra na escola com a alta estima abalada e o quadro que se evidencia no
interior da escola não é muito animador.
Acredita-se que, quando o aluno se sentir sujeito no processo de ensino-aprendizagem,
com direito à participação efetiva na elaboração dos currículos, opinando e sugerindo, e
quando o professor entender que motivar seus alunos é tarefa sua, se ampliarão às
chances do aluno recuperar seu interesse em aprender elevando sua auto-estima.
As conseqüências para escola, para o professor e para educação em geral são enormes:
Ensinar a pensar, saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico: fazer
sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina
para o trabalho; ser independente e autônomo, saber articular o conhecimento com a
prática; ser aprendiz autônomo, a distância.
Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade.
Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores,
numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em
consciência crítica, mas também formam pessoas.
Para Gadotti (2003, p. 89) “não há civilização sem professores, Não haverá uma nova
civilização sem professores, Não haverá uma nova civilização sem uma nova formação
dos professores. Não há nação sem professores”.
Escolher a profissão de professor não é escolher uma profissão qualquer. Na maioria das
vezes essa escolha se dá por intuição. Muitos professores quando perguntados por que
escolheram essa profissão respondem: “porque gosto de criança”. É uma resposta
correta e significativa, mas ela não é levada em conta no seu processo de formação, essa
motivação é pouco trabalhada.
Antes de qualquer coisa, para entender a crise dessa profissão é preciso colocar em
evidência alguns aspectos atuais da profissão docente. Como o conhecimento da
humanidade que duplica em curto espaço de tempo, a profissão docente obsolete
rapidamente, é extremamente mutável. Por isso, hoje não tem mais sentido a existência
de um profissional que se limita a reproduzir o conhecimento e a cultura que outros
desenvolveram. O professor hoje precisa ser um profissional capaz de criar
conhecimento.
[...] A noção de representação pode ser constituída a partir das acepções antigas. Ela é
um dos conceitos mais importantes utilizados pelos homens do antigo regime, quando
pretende compreender o funcionamento de sua sociedade ou definir as operações
intelectuais que lhes permitem apreender o mundo.
A luz desta reflexão reconhece-se que o momento atual, é resultado do que foi sendo
construído e modificado ao longo do tempo, portanto, é reportando-se ao princípio que
se entende o presente processo. Nesse sentido procura-se reconstituir a historia da
formação do professor brasileiro a partir de sua origem para melhor compreender a
fazer atual.
“Há informação de que isso teria levado quarenta anos, até 1799, quando as licenças
para docências passaram a ser concedidas pelo vice-rei.” Estas licenças ou autorização
para ensinar eram concedidas mediante o preenchimento de alguns requisitos, como
idade e comportamento moral.
Esta reformulação no setor educacional do país gerou a expansão deste nível de ensino e
conseqüentemente a necessidade de professores para atender a demanda de alunos. Foi
no caule desta questão que surgiram as primeiras escolas para formação de professores,
que seriam as escolas normais, percebe-se a ligação entre o ensino elementar e a
formação dos professores, no entanto estes cursos foram criados em caráter precário e
em quantidade extremamente limitada, quase uma década depois da criação das escolas
de primeiras letras, já no ano de 1935.
Um século depois da criação das primeiras escolas normais, 1934, é que a universidade
de São Paulo cria a primeira faculdade de filosofia, ciências e letras com o objetivo de
formar professores em nível superior, pois naquele momento não haveria como importar
professores para o Brasil devido à escassez de profissionais capacitados na Europa
provocada pelas conseqüências da primeira guerra mundial.
Por outro lado, existia uma forte pressão da sociedade intelectual brasileira defensora da
escola nova que, em 1932, havia lançado o manifesto dos primeiros da educação nova
no Brasil, onde apresentavam um projeto de reconstrução educacional, no qual tornava
explicita a importância da formação para a preparação geral dos princípios pedagógicos.
Assim os pioneiros destacam em o manifesto (1932) o valor da formação docente.
Ghiraldelli (1992, p, 73) salienta:
Diante de tal fato, os pioneiros da educação que lutavam pela escola pública para todos,
desde 1920, pois a maioria das escolas do país era religiosa e particular se engajaram na
política de Getúlio Vargas (entre 1930 e 1945) e tomaram algumas medidas para
organizar o ensino do país, inclusive criando a lei orgânica do ensino normal
evidenciando as idéias pedagógicas dos escolanovistas. Ao contrário da pedagogia
tradicional renovada que era centrado no professor, o escolanovismo passa a valorizar
mais o aluno e o torna centro do processo.
Mesmo com a expansão dos cursos de formação para profissionais da área, a educação
segue seu processo de indefinição nas práticas pedagógica adotadas. O que se pode
perceber é que, com tanta modificação nos processos de ensino acabou provocando uma
miscigenação das correntes pedagógicas.
A intenção deste trabalho, é mostrar que, se é para vivenciar esta realidade, precisa-se
que os profissionais da educação, trabalhem com "criticidade", deixando de ser um
mero executor do currículo oficial. A educação já não é mais propriedade da escola, mas
de toda comunidade. O professor precisa assumir uma postura mais relacional,
dialógica, contextual, comunitária alicerçada na coragem para intervir com consciência,
sempre que necessário, na prática diária.
Essas atribuições que foram delegadas à educação, impõem ao professor novos desafios
e o acúmulo de responsabilidades que implicam em uma avaliação de suas práticas.
Para que o professor possa formar um aluno capaz de assimilar todos estes conceitos,
ele precisa dominar saberes amplamente diversificado, que exigem um alto grau de
conhecimento teórico e ainda dispor de habilidades práticas para trabalhar estes saberes
de maneira prática e eficiente.
O professor tem o dever de dar suas aulas, de realizar sua tarefa docente. Pra isso
precisa de condições favoráveis, higiênicas, espaciais, estéticas, sem as quais se move
menos eficazmente no espaço pedagógico. Às vezes, as condições são de tal maneira
perversa que nem se move. O desrespeito a este espaço é uma ofensa aos educandos,
aos educadores e a prática pedagógica.
É com esta realidade que a maioria dos professores e alunos da sociedade brasileira
convive, no entanto, isto não quer dizer que este professor não necessite de
determinados saberes para o bom desempenho de suas funções. Ao contrário, são
questões desse tipo que requer do professor competência para desenvolver sua prática
pedagógica em situações desfavoráveis ao processo de ensino.
O ambiente pedagógico tem que ser um lugar de fascinação e inventividade. Não inibir,
mas propiciar aquela doce alucinação entusiástica requerida para que o processo de
aprendizagem aconteça. Quando esta dimensão está ausente, a aprendizagem vira um
processo meramente instrucional (Assmann, 1998, p. 29).
A motivação pode ser ativada tanto por fatores internos como externos. A origem da
motivação é sempre o desejo de se satisfazer necessidades. O ser humano é um animal
social por natureza e, como tal, tem uma necessidade absoluta de se relacionar com os
outros de seu ambiente.
A modificação da estrutura cultural moderna trouxe para o professor exigências que são
verdadeiros desafios para sua profissão. Nessa perspectiva, o perfil do atual professor se
enquadra ao perfil dos demais profissionais que trabalham no setor de produção, posto
que lhes sejam exigidas competências, produtividade e qualidade no seu campo de
trabalho.
Nesse sentido, nota-se que a situação do professor, no Brasil, é preocupante, haja vista
todos os percalços que se apresentam na sua área de trabalho. Apesar de tudo isto, os
livros de orientação para modelo do novo professor se multiplicam.
Não está se negando nesta análise a necessidade do professor se atualizar, e se
aperfeiçoar, mas mostrar também que é importante a manutenção da máquina que será
operada pelo novo profissional, não adianta treinar o operador, se a máquina está
ultrapassada.
Nesse contexto, o professor acaba sendo sacrificado, por não atender à nova demanda
de exigências. A sociedade desconhece os mecanismos da política educacional do país e
termina culpando o professor pelo fracasso da escola. Não que o professor esteja
ausente da culpa que lhe compete, o que não se pode é exigir que ele assuma essa
responsabilidade, sozinho.
Como o professor pode trabalhar sem uma orientação, sem equipe, se ele é apenas uma
peça na engrenagem da educação? De acordo com Perrenoud (2000, p. 96):
Essa dependência profissional funciona como uma trava para o professor, que precisa
ser removida, pois o professor necessita de uma renovação profissional, educacional,
também precisa ser renovada administrativamente.
Esta é uma questão bastante delicada que o profissional docente enfrenta, pois depende
de fatores externos à sua vontade, sejam eles estruturais ou relacionados aos seus
alunos. Bzuneck (2001, p. 28) diz que “em qualquer situação, a motivação dos alunos
esbarra na motivação dos seus professores”.
Com este trabalho pretende-se esclarecer que muitas vezes, o sucesso, ou insucesso do
trabalho do professor depende muito do desempenho dos seus alunos, daí a importância
da interação entre professor/aluno no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com
Fita e Tapia (2000, p. 90):
A validação dessa afirmação pode ser constatada num estudo realizado pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), quando mostra que mais de
80% dos jovens que deixaram a escola o fizeram por algum tipo de conflito e rejeição
referidos à escola, como: necessidade de trabalhar 18,7%; a falta de interesse dos alunos
15,6%; problemas com professores 9,7%, a falta de interesse dos responsáveis 9,7%;
expulsão da escola 6,4%. Além desses, tem-se falta de documentos, problemas de
saúde, a não aceitação pela escola e, muitos não sabem os motivos. Esse conjunto chega
a 22% do total. (FELIZARDO apud MADEIRA, 1993).
Em alguns casos, observa-se que alunos oriundos das classes menos favorecidas da
sociedade sofrem de desmotivação, por conhecerem de perto as mazelas sociais, outros
sentem na pele os efeitos nocivos da mesma, como: O desemprego, a discriminação
social, a falta de assistência médica, a fome, dentre outros fatores.
Nessa perspectiva, nota-se que ao chegar à escola estes alunos se deparam com uma
instituição decadente, que não lhe oferece a menor condição de obter uma aprendizagem
satisfatória.
À luz dessa reflexão, percebe-se que o aluno encontra muitas dificuldades, de um lado a
falta de estrutura das escolas, do outro os métodos de ensino que ainda baseiam-se no
treino e na cópia, em detrimento do conhecimento. Soma-se a tudo isso o despreparo do
professor, que é visível, por ser este também mais uma vítima do sistema dualista da
sociedade capitalista que, para minoria da população, reserva todos os privilégios: As
melhores escolas, os melhores professores enquanto que, para a maioria, quando tem,
são escolas decadentes.
É preciso reverter esta situação, começando pela melhor formação dos alunos. Mesmo
que para isso tenha que lutar contra uma estrutura montada e consolidada. A verdade é
que tanto o aluno, quanto o professor estão vivendo em um cerco que há muito vem e
fechando, lhes impossibilitando de caminhar ao encontro do novo tempo.
Enquanto não for garantido ao aluno o direito de exercer sua cidadania com dignidade,
não se construirá jovens reflexivos, formadores de opiniões, capazes de questionar as
verdades que lhes são impostas a ponto de intervir quando necessário, assegurando
assim, sua autonomia pessoal.
No entanto, este espaço definido como escolar, pode se tornar complexo, mediante sua
problemática, que vai desde a estrutura física; ás características individuais, sociais e
culturais dos sujeitos que estão inseridos ativamente no seu cotidiano, influenciados
pelas circunstâncias de um determinado momento.
Para Certeau (1994, p 202):
Partindo desse pressuposto, percebe-se que o ambiente escolar, apesar de ter como ideal
a produção do saber, dependendo da sua realidade, pode não corresponder a este ideal e
se tornar obsoleto, frente ás necessidades cotidianas que se modificam com a ação do
tempo.
Apesar da sala de aula ser um espaço pequeno, o grau de complexidade que ela
apresenta é bastante preocupante, pois para seu funcionamento seja que o possibilitado
pelo professor se faz necessário o desempenho de habilidades que depende de
conhecimentos muitas vezes de áreas afins.
Com base nessa reflexão, que situa o ambiente escolar num espaço em movimento,
onde se praticam atividades cognitivas produtoras de conhecimento, ao mesmo tempo
em que se apresentam o mesmo como sendo complexo, temporal e conflitante, acredita-
se que o ambiente escolar tanto pode aproximar, quanto distanciar o aluno do saber.
Tudo depende de como este está sendo utilizado, de quais os recursos que lhes são
disponíveis, quais operações estão sendo programadas e quais estratégias envolvem o
processo que se desencadeia no seu interior. São estes fatores que determinam o
resultado das práticas desenvolvidas nas salas de aula. O desencantamento com o
aprender na escola pode ser atribuído a vários fatores, destacando-se: o relacionamento
entre professores e alunos e a utilização do sistema aversivo na escola.
A formação permanente inicia-se pela reflexão crítica sobre a prática, e, a partir dessa
reflexão abre-se um caminho para realçar a importância da troca de experiências entre
pares, que através de relatos de experiências, oficinas, grupos de trabalho os professores
encontram espaço aberto para aprenderem juntos, cada um pode aprender com o outro.
Isso os leva a compartilhar evidências, informação e a buscar soluções. A partir daqui os
problemas importantes da escola começam a ser enfrentados com a colaboração entre
todos.
Nesse sentido, o professor pode contar com várias estratégias de trabalho, uma vez que,
no processo educacional, as estratégias representam à arte de o professor colocar em
prática, seu plano de trabalho, com vistas ao alcance de seus objetivos.
Considerando que o espaço da sala de aula se revela complexo por desencadear relações
pessoais, com interesses muitas vezes antagônicos, (dada à heterogeneidade das turmas
de alunos), se faz necessário um professor habilidoso, capaz de lidar com situações
muitas vezes desafiadoras. Nessa perspectiva, sua prática pedagógica reveste-se de
intenções, cujo significado é vencer os desafios impostos pela ação do cotidiano. Para
isso, é imprescindível uma preparação prévia das ferramentas que irão ser utilizadas
para a concretização das suas intenções.
Esta problematização da ação da prática pedagógica refere-se às estratégias de ensino
que o professor utiliza para conseguir resultados positivos em seu trabalho. Segundo
Libâneo (2001, p. 35): “Estratégias de aprendizagem são, pois, a estruturação de
funções e recursos cognitivos, afetivos ou psicomotores que o indivíduo leva a cabo nos
processos de cumprimento de objetivos de aprendizagem”.
Entretanto, a troca de experiências varia apenas das estratégias de ensino que, por sua
vez, corresponderá de acordo com a especificidade de cada turma ou de cada aluno
podendo se voltar para as questões de aprendizagem, comportamentais, motivacionais e
até para fatores de origem pessoal.
A partir dessa reflexão, esse trabalho proporciona estratégias motivacionais como o uso
de dinâmicas em sala de aula pelo professor, por ser elas um excelente recurso
pedagógico que além de motivar, dar um impulso, que faz com que a aula se torne um
pouco mais alegre e mais atrativa.
O professor ao parar para pensar e olhar a dinâmica como uma maneira de motivar seu
aluno, está procurando uma forma de isolar sua falta de motivação, para, através do
poder de autoridade que exerce na sala de aula, fazer uso de instrumentos que lhe são
disponíveis para a efetivação de sua prática.
Em sala de aula, o professor pode optar por conduzir as atividades de diferentes formas,
que revelam sua concepção ou estilo de lidar com a autoridade. A cada forma
corresponde um estilo motivacional ligado à crença e confiança do professor em
determinadas estratégias de ensino e motivação.
O professor pode utilizar outros meios para motivar seus alunos a estudar, como tentar
conscientizar os alunos a partir de uma conversa franca e aberta, mesmo que este se
diferencie das dinâmicas pode surtir um efeito satisfatório, pois como afirma Fita e
Tapia (2000, p. 104): “Pode-se definir uma estratégia de aprendizagem como um ato
cognitivo, intencional e otimizador, que implica uma seleção de procedimentos de
aprendizagem baseados numa situação instrucional concreta.”
Nessa perspectiva, este trabalho mostra de forma clara e acessível que em toda prática
deve contar com a colaboração e troca de experiências entre professores e, se
necessário, outros profissionais que possam dar sua parcela de contribuição. Uma vez
que pode e deve existir a participação, inserção de outros profissionais e de estratégias,
que muitas vezes se ocultam através da metodologia aplicada pelo professor,
independentemente dele seguir uma linha pedagógica tradicional, renovada,
diferenciada ou construtivista.
Para ter êxito na tarefa de motivar adequadamente sua classe, todo professor deve
dominar uma grande variedade de técnicas e saber usá-las com flexibilidade e
criatividade. A complexidade e o caráter imprevisível da situação em sala de aula
tornam insuficientes qualquer receita pronta.
Nessa perspectiva, se faz necessário que o professor procure refletir sobre a necessidade
dos seus alunos, fazendo uma análise do seu potencial intelectual para que ele possa
trabalhar no nível da turma, ou aluno, tendo como base um planejamento de ensino
organizado.
Para que isso deixe de acontecer se faz necessário que os sistemas escolares e as escolas
recebam a ajuda de uma assessoria pedagógica, não para fazer o trabalho do professor,
mas para ajudar a escola a inovar. Nessa linha de pensamento Ibernón (2000, p. 37) diz
que “não devemos implantar inovações de fora, por melhores e mais bem intencionadas
que sejam. A escola é que deve ser protagonista e não os assessores”.
O professor pode contar também com o uso de estratégias que facilitará o bom
procedimento dos seus trabalhos. No âmbito educacional, as estratégias representam a
capacidade de o professor lidar com situações problemas em tempo real, ou seja,
independente da estratégia de trabalho que ele tem em mente.
Se ele entra na sala de aula e se depara com uma situação inusitada provocada pelos
alunos, para a qual ele não estava preparado, mesmo assim, por ele ser habilidoso,
contorna aquela situação, e ainda consegue um saldo positivo dela. Feito isso com
certeza, ele utilizou alguma estratégia para conseguir o resultado, tendo sido provocada
pelos alunos, o professor não tinha poder sobre ela.
Nesse sentido, este trabalho traz como proposta o uso de estratégias pelo fato de que
atualmente, no cotidiano das salas de aula, cada vez mais é exigido que o professor se
utilize de novas metodologias, pois o perfil do aluno atual apresenta uma enorme
quantidade de informações amplamente diversificadas, fruto da modernização.
Este trabalho evidencia que a colaboração de uma assessoria escolar juntamente com as
estratégias utilizadas pelo professor para conseguir bons resultados faz uma grande
diferença no desempenho da aprendizagem do aluno, por exemplo, muitas vezes a
forma como o professor tenta transpor seus saberes não vai de encontro à maturação da
capacidade cognoscitiva do aluno. Nesse sentido, quando se faz o uso de estratégias, se
procura imediatamente uma maneira diferente, ou mais simplificada de explicar o
conteúdo.
Nessa perspectiva, mais uma vez reconhece-se que o uso de estratégias também tem sua
importância no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, o profissional docente
precisa ser preparado para essa realidade, isto é, o próprio professor é responsável pela
busca de condições, para tornar possível seu trabalho fazendo uso de estratégias, já que
no processo educacional elas são incorporadas como procedimentos de ensino, por
sinal, muito bem definidos por Certeau (1994, p. 102):
As estratégias são procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo, às
circunstâncias que o instante preciso de uma intervenção transforma em situação
favorável, à rapidez de movimento que mudam a organização do espaço.
Nesse contexto, acredita-se que para um docente fazer uso de qualquer procedimento de
trabalho, sejam estratégias se faz necessário que este saiba transformar, em prática, a
sua teoria, como nos mostra Freire (2001, 52), “não posso apenas falar bonito sobre as
razões antológicas, epistemológicas e políticas da teoria. O meu discurso sobre teoria
deve ser o exemplo concreto da teoria.”
Para o docente trabalhar nessa perspectiva, é preciso que o mesmo tenha como suporte o
saber fazer, adquiridos através de uma formação com vistas a esse propósito. Além
disso, é fundamental o compromisso ético do profissional com sua prática. Portanto,
uma formação profissional de qualidade, compromisso e ética profissional, são
efetivamente, o que promove o uso de estratégias ou de quaisquer procedimentos de
trabalho pedagógico.
Nota-se que, a formação continuada surge como uma obrigação primordial para quem
atua na educação, uma vez que está fazendo uma ligação direta com o desenvolvimento
profissional do docente, pois assim como nas outras áreas das ciências, ocorrem
mudanças teóricas e metodológicas, que interferem nas práticas dos profissionais da
educação.
Uma formação deve propor um processo que confira aos docentes conhecimentos,
habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou investigadores. O eixo
fundamental do currículo de formação do professor é o desenvolvimento de
instrumentos intelectuais para facilitar as capacidades reflexivas sobre a própria prática
docente, cuja mete principal é aprendera interpretar, compreender e refletir sobre a
educação e a realidade social de forma comunitária.
O ideal seria que a formação inicial já oferecesse esse suporte ao professor, como isto
ainda não acontece nos cursos de formação, espera-se que a seqüência do mesmo
possibilite este ajuste intelectual, tão necessário a prática docente.
Formar o educador, a meu ver, seria criar condições para que o sujeito se prepare
filosófica, científica, técnica e efetivamente para o tipo de ação que vai exercer. Para
tanto, serão necessárias não só aprendizagens cognitivas sobre os diversos tipos de
conhecimentos que auxiliem no desempenho de seu papel, mas, especialmente o
desenvolvimento de uma atitude dialeticamente crítica sobre o mundo e sua prática
educacional.
Esse perfil de educador delineado por Luckesi retrata exatamente as exigências que a
sociedade moderna impõe ao profissional atual, haja vista o grande volume de
informações proporcionado pela mídia, à rapidez como está sendo superado no campo
da ciência e da tecnologia. Todo esse alargamento cultural da sociedade esbarra nas
atribuições do professor que, obrigatoriamente, tem de lidar com essas questões no dia-
a-dia da sala de aula, expressas pelas representações dos alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é necessária para a sobrevivência do ser humano. Para que ele não precise
inventar tudo de novo, necessita apropriar-se da cultura, do que a humanidade já
produziu. Aprender a educar motivando é aproximar o aluno do que a humanidade
produziu. Se isso era importante no passado, hoje é ainda mais decisivo numa sociedade
baseada no conhecimento.
O aluno que não percebe essa relação não ver sentido naquilo que está aprendendo e não
aprenderá, resistirá à aprendizagem, será indiferente ao que o professor estiver
ensinando. Ele só aprende quando quer aprender e só quer aprender quando vê na
aprendizagem algum sentido. Portanto, para que se obtenha êxito na busca deste
sentido, se faz necessário à definição de um objetivo ou motivo de se estar buscando,
que dá significado à ação docente.
No entanto, é preciso que haja consciência por parte dos profissionais da área
educacional, de que o processo de sua formação é continuo, porém este precisa de
colaboradores para que possa mostrar de forma eficaz que o aprender tem um
significado.
Quanto aos alunos, questiona se a qualidade dos serviços oferecidos a eles, uma vez que
dependem do trabalho do professor que, por sua vez, encontra se inserido em um
contexto capaz de produzir tantos problemas quanto os que vivenciam. Pois mesmo que
venham de diferentes realidades sociais, ambos desenvolvem relações sociais
complexas, que são por eles mentalmente absolvidas, mas, nem sempre assimiladas.
São vidas opostas, realidades diferentes que se cruzam no ambiente escolar, mas que
existe um que depende do outro e espera que este lhe conduza ao caminho do
conhecimento. Partindo desse enfoque, reconhece-se a importância do conhecimento
dessa realidade para que se possa lutar contra todas as medidas que retira do ser humano
sua autonomia e dignidade necessária ao exercício da cidadania, como a única arma
capaz de mudar uma realidade que é a consciência política do homem, só formada a
partir de um processo educacional também político.
Finalmente, é importante ressaltar que este trabalho não tem a pretensão de encerrar os
estudos em torno da problemática aqui abordada. Espera-se, que este sirva para
desencadear uma série de outros estudos que visem o seu aprofundamento, dando
continuidade ao ciclo de debates que ora se inicia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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como se faz. 3 ed. São Paulo: Loiola, 2000.
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(coleção magistério. 2ª grau. Série formação do professor).
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XAVIER, Maria Elizabete S. Prado. História da Educação: A escola no Brasil. 2 ed. São
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