Você está na página 1de 5

EXMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA


MUNICIPAL DA COMARCA DE JUIZ DE FORA/MG

Autos: 0145.08.458.261-1

JARBAS ALVES TAVARES, já qualificado nos autos em epígrafe, vem,


por meio de seus advogados, apresentar suas CONTRA-RAZÕES DE
APELAÇÃO, requerendo a remessa das mesmas à superior instância, para
posterior apreciação do Egrégio Tribunal ad quem.

São os termos em que pede deferimento.

Juiz de Fora, 14 de abril de 2010.

_____________________________ _____________________________
Douglas Giacomini Brito Gustavo Maia Vivanco
OABMG 107.568 OAB/MG 109.881
CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO

Apelante: MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA


Apelado: JARBAS ALVES TAVARES
Advogado: DOUGLAS GIACOMINI BRITO – OAB/MG 107.568 e GUSTAVO
MAIA VIVANCO – OAB/MG 109.881
Autos: 0145.08.458.261-1

EGRÉGIO TRIBUNAL

Não há subsistir, a pretensão do Apelante em ver reformada a


muito bem lançada sentença do juízo a quo, devendo ser mantida incólume por
fundamentos jurídicos e fáticos.

I – DO MÉRITO:
O Município de Juiz de Fora funda seu recurso em argumentos
meramente protelatórios.

I.a – DO INTERESSE DE AGIR E DA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO:

A primeira tese de defesa é inconsistente. O apelante alega que


não há prova “definitiva” do recolhimento do tributo, sendo que os
COMPROVANTES DE PAGAMENTOS juntados aos autos inviabilizam a exata
averiguação.
Para rebater essa tese da defesa (se é que podemos chamar isso
de tese, uma vez que o está completamente desprovido de qualquer conteúdo,
seja jurídico ou científico), esclarecemos que os comprovantes de pagamento
estão dispostos em ordem cronológica crescente.
Ademais, frise-se que TODOS OS COMPROVANTES DE
PAGAMENTO ESTÃO OU EM NOME DO APELADO OU SOB SUA POSSE;
tal fato faz prova suficiente que o apelado é o proprietário do imóvel em
questão, como comprova, agora sim, DEFITIVAMENTE que também foi quem
suportou o encargo financeiro do tributo TSU.
E ainda ressaltamos que esse último argumento é impróprio e
falacioso. É cediço na jurisprudência o entendimento que o legitimado para
propor a ação de repetição do indébito tributário é o sujeito passivo do referido
tributo. Dessa forma, conforme o art. 34 do CTN, o contribuinte é o proprietário
do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.
Ainda segundo a jurisprudência, o inquilino não se insere nesse rol e o contrato
entre particulares não tem força para afastar uma disposição legal.
Embora possa haver um contrato entre partes pactuando a
transferência dessa responsabilidade do proprietário a outro sujeito, isso não
pode ser argüido como exceção pelo proprietário perante o Estado em eventual
cobrança que este venha a fazer. Acaso ocorra um débito de TSU sobre
determinado imóvel, a Prefeitura Municipal acionará o proprietário ou o
locatário (um terceiro), caso este exista? O Proprietário, obviamente. A relação
jurídica que existe é entre o PROPRIETÁRIO do imóvel e o Estado, na figura
do Município.
Cabe destacar também que o ônus da prova, neste caso, é de
quem alega (Art. 333, II, CPC), ou seja, se o Município de Juiz de Fora afirma
que o autor da presente ação possui um pacto com um terceiro, transferindo-
lhe a responsabilidade pelo pagamento e, conseqüentemente, o direito à
restituição do indébito, cabe a ele provar.

I.b – DA PRESCRIÇÃO:

As parcelas acostadas nos autos não foram atingidas pela


prescrição, sendo assim, são passíveis de repetição. Mais uma vez, o apelante
faz alegações sem qualquer fundamentação, sendo argumentos meramente
protelatórios.

I.c – DA INCONSTITUCIONALIDADE DO TRIBUTO:


Novamente, conforme já alegado na petição inicial, cabe destacar
que a tese a inconstitucionalidade sobre serviços de coleta de lixo e
limpeza pública tem embasamento legal, jurisprudencial e doutrinário, já
sendo aceito pela Apelante.

I.d – DO INTERESSE PÚBLICO:

A apelante ainda afirma que, sendo condenada, não seria


possível o cumprimento da sentença, pois o impacto de tal decisão no
orçamento municipal seria demasiadamente danoso ao mesmo.
Cabe dizer que a Gestão Financeira Pública está na seara
POLÍTICA e não JURÍDICA. O Judiciário tem o papel precípuo de zelar pelo
Estado Democrático de DIREITO. A Constituição Federal, em seu art. 2º,
determina que os poderes sejam independentes e harmônicos entre si. Ou
seja, a fim de que o cidadão tenha garantido seus direitos, cabe ao Poder
Judiciário limitar a ação dos outros poderes, quando estes descumprirem os
preceitos legais estabelecidos no ordenamento. Não cabe ao Judiciário auxiliar
o Executivo a gerir seu orçamento.
Como medida de JUSTIÇA, a fim de se zelar pela segurança
jurídica, corrobora-se o pedido para que seja declarada a inconstitucionalidade
supracitada e que sejam declarados seus efeitos EX TUNC, gerando o direito à
Repetição de Indébito pleiteada na Petição Inicial.

I.e – CUSTAS FINAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS:

Não há que se falar em sucumbência recíproca, pois a ação visa


a declaração de inconstitucionalidade do imposto. Por questão de economia
processual não iremos sequer entra no mérito da inconstitucionalidade do
referido tributo, já que, até a apelante admite sua inconstitucionalidade em sua
própria peça de Apelação, ou seja, já é algo indubitável.
A declaração de inconstitucionalidade gera efeito “ex tunc”,ou seja, a
repetição de indébito é um efeito do objeto principal da ação, que é a
declaração de inconstitucionalidade.
II – CONCLUSÃO:

Destarte, MM desembargador, com o devido respeito ao integrante do


pólo passivo da presente lide, diante de tudo que foi apresentado por este e
diante de tudo que expusemos, não resta dúvida que andou certo o Juízo
primeiro ao rechaçar os argumentos do Apelante, atendendo a pretensão do
Apelado, nos termos da sentença do juízo de 1ª instância.
Desta forma, requer o Apelado seja mantida na íntegra a decisão do
juízo a quo, mantendo-se a condenação do Município de Juiz de Fora à
restituição das parcelas efetivamente pagas pelo apelado em decorrência
da cobrança da Taxa de Serviços Urbanos e ainda ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios.

Termos em que,
P. deferimento.

Juiz de Fora, 14 de abril de 2010.

_____________________________ _____________________________
Douglas Giacomini Brito Gustavo Maia Vivanco
OAB/MG 107.568 OAB/MG 109.881

Você também pode gostar