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DISCRIMINAÇÃO NA
CONTRATAÇÃO DE
HOMOSSEXUAIS
RELATÓRIO
Coleta do Solo
A pesquisa teve como fonte principal a internet, a mídia (como novelas e programas
de televisão) também foi consultada. A escolha desses meios de comunicação se deu pelo
fato de ser um meio de pesquisa mais atualizado, expondo também alguns depoimentos tanto
de empregadores quanto de homossexuais.
Problema:
Será que em pleno século XXI ainda existe preconceito quanto à contratação de um
homossexual?
Que fatores devem ser analisados por uma empresa na hora de contratar um profissional?
Será correto exigir que o candidato, além da formação curricular, preste também
informações acerca de aspectos pessoais, como opção sexual?
Hipótese:
O problema é que por medo de perder clientes ou de o profissional gay não ser
comportar de forma adequada no ambiente de trabalho faz com muitas empresas deixem de
contratar esse profissional para cargos que exijam uma exposição maior do colaborador ou
simplesmente fazer parte do quadro de funcionários.
Justificativa:
Está claro que ainda existe uma resistência dos empregadores na contratação
homossexual.
Dentre uma das justificativas as várias perguntas feitas na hora de contratar um
profissional temos o depoimento de um gerente e proprietário de um estabelecimento de
alimentos em um shopping da cidade de Florianópolis: - “A questão não é somente de
preconceito. Todos têm direito de serem como bem quiserem, não importa se a pessoa é
careca, magra, gorda, gay, ela pode ser o melhor profissional do mundo. A questão é que a
sociedade não está totalmente de portas abertas para aceitar isso. A verdade é que muita gente
ainda não aceita e não admite gay em seus círculos de amizades.”
Objetivos:
Metodologia:
“Hoje já existem perfis exclusivos para esse público, justamente porque já percebemos
que para alguns cargos eles são melhores, principalmente, para aqueles que exigem maior
atenção aos detalhes”. A analista ainda informa que em nenhum momento do processo
seletivo ou da entrevista de emprego o recrutador pode perguntar a orientação sexual do
candidato. “Essa é uma informação que não tem relevância para ocupar uma vaga de
emprego. O importante é o profissional ser qualificado para o cargo”.
“Dificilmente essas pessoas serão atendentes de loja, por exemplo. Ainda existe muito
preconceito com transexuais e travestis, por isso eles acabam ficando sem muitas opções de
emprego”, frisa Gean. Já para a analista de Recursos Humanos, hoje os homossexuais
enfrentam menos preconceito e dificuldade na hora de encontrar um emprego, pois, segundo
ela, as pessoas estão cada vez mais abertas às diversidades.
“Se o currículo for bom, dentro do perfil da vaga e se o candidato se comportar
adequadamente durante a entrevista e as demais etapas do processo seletivo, não haverá
problemas ou maiores dificuldades na contratação”, frisa Vanessa Silva. Ela inda ressalta que
os homossexuais podem ocupar qualquer vaga de emprego, assim como qualquer outra
pessoa, contanto que a postura e o comportamento sejam compatíveis com o cargo desejado.
Pesquisa aponta que 38% das empresas têm restrições para contratar gays. Uma
pesquisa feita pelo site www.trabalhando.com, no ano passado, apontou que apenas 3% dos
400 profissionais de Recursos Humanos entrevistados acreditam que as empresas aceitam os
gays sem restrições. Já para as organizações pesquisadas, a contratação do homossexual é
estudada com mais atenção e a contratação ou não pode variar de acordo com o setor e o
cargo.
Dos profissionais, 54% acreditam que o preconceito ainda existe e que 38% das
empresas ainda têm restrições para contratar candidatos LGBT’s. Enquanto a descriminação
ainda existe em algumas organizações, outras pesquisas no setor revelam que multinacionais
são mais tolerantes e até possuem programas de inclusão, além de reconhecerem os parceiros
do mesmo sexo como beneficiário em programas internos e planos de saúde da empresa.
A advogada especialista em Direito Homoafetivo, Rosangela Novaes, reforça a ideia
de que hoje existe um preconceito velado em relação a inserção dos homossexuais no
mercado de trabalho. “Em São Paulo, por exemplo, temos uma lei estadual que pune as
pessoas que descriminam alguém por sua orientação sexual, então os recrutadores das
empresas nunca vão alegar que não escolheram um candidato por ele ser homossexual”.
Novaes lembra que é difícil entrar com um processo nessas situações, pois acaba
sendo complicado provar que a pessoas foi vítima de preconceito. A advogada também
destaca que por encontrarem barreiras na hora de encontrar um emprego, os homossexuais
acabam ficando sem opções e partem para profissões como atendente de telemarketing,
cabeleireiros e até mesmo profissionais do sexo.
Existe discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho?
Diversidade
Imagine que dentro de algumas horas você será avaliado para um emprego. Os
momentos que antecedem a avaliação certamente não serão tranquilos. Entre a indecisão em
frente ao guarda-roupa e ao medo de não saber responder o que for perguntado, muito suor irá
rolar. Agora some a isso a obrigação de não deixar transparecer sua orientação sexual.
Certamente será preciso muito jogo de cintura e atenção redobrada para não deixar que a
chance da carteira assinada escape, já que o currículo profissional habitualmente é preterido
em favor do preconceito.
O cenário parece exagerado, afinal estamos no ano de 2009 e vivemos em um país que
se diz livre de preconceitos, no entanto, esconder a própria sexualidade muitas vezes é a saída
para conseguir um lugar no mercado formal de trabalho. Para o titular da coordenadoria de
livre orientação sexual do Pará, Ivan Cardoso, as mulheres são as que passam pelas maiores
dificuldades durante a entrevista de emprego. De acordo com ele é mais difícil para elas
disfarçar trejeitos homossexuais.
'Nós aconselhamos ao candidato a emprego que se comporte de uma maneira diferente
durante a entrevista com o empregador ou psicólogo. Como não existe nos formulários uma
pergunta sobre orientação sexual e geralmente isso não é questionado na entrevista, nós
tentamos esconder nossa orientação o máximo possível. É preciso ter bastante cuidado nos
movimentos e nas palavras que usamos, pois um entrevistador atento pode identificar a
sexualidade do candidato durante a entrevista e dispensá-lo por conta disso', explica.
Conseguir um bom emprego sem antes passar por uma universidade não é uma tarefa
fácil. Ela fica ainda mais difícil quando as opções são reduzidas a dois segmentos:
entretenimento e beleza. 'As empresas que promovem festas, fazem decorações de ambientes
e boates são as que mais empregam homossexuais. Os segmentos voltados para beleza, como
salões e clínicas de estética também têm boa aceitação. Fora desses nichos é muito difícil
encontrar um profissional homossexual que assuma sua orientação. Lembro que há algum
tempo encontrei, em Belém, um travesti trabalhando como cobrador de ônibus, mas isso
nunca mais se repetiu', conta Ivan Cardoso.
De fato, foi apenas no segmento da beleza que a transexual Lohany achou seu lugar.
Depois de fazer um curso técnico Lohany se tornou esteticista e assim conseguiu driblar o
preconceito de grande parte dos empresários paraenses. 'Eu trabalho na minha casa ou atendo
minhas clientes em suas residências. Faço meu horário e não sou obrigada a ouvir
comentários de mal gosto', afirma. Mesmo livre dos patrões a esteticista não está imune ao
preconceito. 'Lembro que em uma das vezes em que estava trabalhando o marido de uma
cliente tentou impedir que eu a depilasse quando soube que sou transexual. Na verdade, ele
proibiu a esposa de fazer depilação comigo, mas ela não o obedeceu e pude fazer meu
trabalho', conta.
Para as travestis o desconforto em decorrência do preconceito é ainda maior. 'Quando
um travesti é chamado em uma empresa para fazer uma entrevista de emprego, em 99% dos
casos trata-se de um engano', afirma Ivan Cardoso. Isso ocorre porque currículos e fichas de
solicitação de emprego são preenchidos com o nome que consta nos documentos, enquanto
que o nome social adotado pelas travestis é muito diferente. 'Quando acontece isso a gente
nem passa pela entrevista. O entrevistador nos olha e diz logo que a vaga já foi preenchida',
conta a travesti Raíssa que já perdeu as contas de quantas vezes passou por situação parecida.
O direito de usar o nome social é uma das bandeiras levantadas pelas travestis. No
Pará, a luta ganhou força em abril do ano passado através da portaria nº 16/2008, que tornou
legal o uso do nome social das travestis e transexuais no ato da matrícula escolar nos colégios
públicos do Estado. A medida passou a valer em janeiro desse ano e tem objetivo de fazer
com que a escola deixe de ser um ambiente homofóbico, de acordo com a responsável pela
portaria, Iracy Gallo, secretária de Estado de Educação.
Leis
Homossexual:
Uma pessos que se sente maioritariamente atraída emocionalmente, espiritualmente e
fisicamente por pessoas do mesmo sexo.
Gay:
Normalmente usa-se o termo para indicar o homossexual masculino. Em algumas situações
pode indicar a pessoa homossexual (masculino ou feminino), assim como a comunidade
homossexual em geral.
Lésbica:
Homossexual feminino.
Bissexual:
Uma pessoa que se sente atraída emocionalmente, espiritualmente e fisicamente de forma
semelhante por pessoas dos dois gêneros. Algumas pessoas identificam-se como bissexuais
num certo grau.
Heterossexual:
Uma pessoa que se sente maioritariamente atraída emocionalmente, espiritualmente e
fisicamente por pessoas do gênero oposto.
Transexual:
Uma pessoa que pensa e se comporta no seu dia a dia na sociedade de acordo com o gênero
oposto ao seu sexo biológico. Dito de outra forma: uma pessoa em que o gênero e sexo não
são coincidentes. Muitas vezes (mas nem sempre) sujeita-se a uma operação de mudança de
sexo. Os termos pré-operatório e pós-operatório distinguem os transexuais que fizeram a
cirurgia de mudança de sexo dos que ainda não a realizaram. Um transexual não-operatório é
uma pessoa que, por qualquer razão, não pode ou escolheu não ser operado.
Transgênero:
Indivíduo que não segue a identificação de gênero tradicional. Neste grupo incluem-se, além
dos transexuais, indivíduos que gostam de usar roupas do sexo oposto em certas situações,
pessoas com aparência ambígua em termos de gênero, etc.
Travesti:
Alguém que obtém prazer ao vestir-se com roupas normalmente associadas ao sexo oposto.
Apesar dos termos homossexual e travesti tenham sido utilizados como sinônimos, são de fato
conceitos diferentes. A maioria dos travestis são heterossexuais.
Heterossexismo:
O ponto de vista para o qual a sociedade parte do princípio que todos são heterossexuais e que
os homossexuais são de alguma forma inferiores aos heterossexuais.
Homofobia:
Um medo irracional e irrealista da homossexualidade. A homofobia é perpetuada pelos
preconceitos e esteriotipos negativos que existem à volta do termo homossexualidade. A
homofobia pode levar a ódios, discriminação e violência em relação aos homossexuais.
Tanto os heterossexuais como os homossexuais podem ser homofóbicos.
Princípios constitucionais:
Situação em que a prova oral deixou evidente que a autora foi vítima de ofensas
verbais praticadas pela empregadora, por meio de seu preposto que, ao tomar conhecimento
de sua homossexualidade e de relacionamento estreito, mantido com uma colega de trabalho,
passou a insultá-la quanto à sua opção sexual, passando a atribuir-lhe os piores serviços,
resultando, por fim, na sua despedida. Comprovada a repercussão do dano, na medida em que
todos os colegas de trabalho do setor de costura, cerca de 400 (quatrocentas) pessoas, ficaram
sabendo que a reclamante e sua companheira haviam sido despedidas em função do
relacionamento amoroso que mantinham. Indenização por dano moral que se defere. (RS,
2008a, p.01)
Do mesmo modo, julga-se de suma importância a fixação e o estabelecimento de
critérios e juízos de valores, pois:
A desigualdade na lei se firma quando a norma distingue de maneira arbitrária um
tratamento diferenciado a pessoas diversas. Para não serem discriminatórias essas
diferenciações normativas é preciso que se use critérios e juízos de valores que atuem como
justificativas dessas diferenciações, não se esquecendo da relação de proporcionalidade entre
os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, sempre em conformidade com os direitos
e garantias constitucionalmente protegidos. (BORGHEZAN, 2004, p. 49)
Posto isso, pode-se dizer que os princípios da igualdade e da não-discriminação andam
juntos, pois não se pode falar sobre um sem comentar sobre o outro.
Prevê o art. 1º, III, da Constituição Federal, que o nosso Estado Democrático de
Direito tem como fundamento à dignidade da pessoa humana. Este princípio também está no
art. 170, caput, da Constituição Federal. Em relação ao trabalhador pode-se acrescentar que:
[...] por ser uma pessoa humana, já que é digna qualquer pessoa humana, também
merece ser protegido em sua dignidade, fazendo com que sejam respeitados seus direitos,
porque a dignidade da pessoa humana está acima de qualquer vínculo laboral. A dignidade do
obreiro faz prevalecer seus direitos, limitando, censurando, toda e qualquer manobra que
possa desrespeitar o trabalhador. (RIBAR, 2006, p. 1096).
A sexualidade e suas manifestações integram e completam o agregado da
personalidade humana e como tal deve ser tutelada pelo ordenamento jurídico com vistas à
proteção da dignidade da pessoa humana. Nesse sentido:
O princípio da dignidade da pessoa humana identifica um espaço de integridade moral
a ser assegurado a todas as pessoas por sua só existência no mundo. É um respeito à criação,
independentemente da crença que se professe quanto à sua origem. A dignidade relaciona se
tanto com a liberdade e valores do espírito como com as condições materiais de subsistência.
(BARROSO, 2003, p. 323).
Este princípio garante a toda e qualquer pessoa o direito a um tratamento igualitário,
ou seja, o direito a não ser discriminado de qualquer forma. Se todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, aí está compreendida a opção sexual de cada indivíduo.
Neste sentido Ferreira Filho acrescenta que a, “[...] pessoa humana tem uma dignidade própria
e constitui um valor em si mesmo, que não pode ser sacrificado a qualquer interesse coletivo”,
(2000, p.19).
Nesta acepção, a Carta Magna:
[...] incorporou o princípio da Dignidade Humana em seu núcleo, e o fez de maneira
absolutamente atual. Conferiu-lhe status multifuncional, mas combinando unitariamente todas
as suas funções: fundamento, princípio, objetivo. Assegurou-lhe abrangência a toda ordem
jurídica e todas as relações sociais. Garantiu-lhe amplitude de conceito, de modo a ultrapassar
sua visão estritamente individualista em favor de uma dimensão social e comunitária de
afirmação da Dignidade Humana. (DELGADO, 2004, p. 43)
Desse modo, desacatar e desrespeitar tal princípio representa por sua vez, uma forte
ameaça aos direitos e garantias fundamentais do indivíduo, assegurados pela Constituição
Federal, conforme se pode asseverar que a:
[...] dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta
singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz
consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo
invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente
excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas
sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres
humanos. (MORAES, 2006, p. 48)
Já o art. 7º, incisos XXX, XXXI, XXXII e XXXIV, todos da Constituição Federal, se
referem às formas de tratar as pessoas, proibindo a discriminação por motivo de sexo, idade,
raça, cor, religião ou de qualquer outra natureza. Por conseguinte, o princípio da não-
discriminação também está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho em seu artigo 461
ao dispor que: “Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo
empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
nacionalidade ou idade”. (BRASIL, 2004, p. 113)
Reafirma-se que o princípio da dignidade da pessoa humana:
[...] estabelece um grau de proteção e autonomia da pessoa humana frente ao Estado e
às demais pessoas humanas ou pessoas jurídicas públicas ou privadas, além de impor a
satisfação de condições mínimas de existência capazes de tornar capaz ao ser humano
realmente viver e não só sobreviver. (VECCHI, 2004, p. 119).
Infelizmente o que se vê na prática, no dia a dia de nossa sociedade é uma total
violação dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade, princípios estes que
deveriam ser inseparáveis e invioláveis. Assim:
A discriminação, a seu turno, é a ação ou omissão baseada em critérios injustos, tais
como raça, cor, sexo, idade, estado civil, religião etc, que viole direitos da pessoa. Pode-se
dizer que a discriminação é a exteriorização ou a materialização do preconceito, que pode
decorrer tanto do racismo, quanto do esteriótipo. É o caso, por exemplo, do empresário que se
recusa a promoção da mulher a um cargo de direção, apenas pelo fato de ser mulher e
acreditar que as mulheres, por sua “fragilidade” não são talhadas para as funções de comando.
(LOPES, 2009, p.06)
Por sua vez, o Judiciário cada vez mais deixa de lado o preconceito, garantindo o
princípio da dignidade da pessoa humana e da não-discriminação conforme jurisprudência:
Para Arthur Irigaray, professor da FGV, elas ainda precisam aprender a lidar com a
diversidade e tirar proveito disso
Desde o início do ano, o debate público a respeito de direitos de homossexuais tem
sido intenso. Se, por um lado, houve um avanço importante no reconhecimento da união
estável entre pessoas do mesmo sexo, também foram vistas, nos últimos meses, manifestações
de ódio, que vão de linchamentos a declarações condenáveis de políticos. Essa mesma
dinâmica da sociedade é reproduzida no ambiente de trabalho. Nas empresas, a homofobia é
um assunto proibido, mesmo em lugares que promovem a diversidade.
"Trata-se de um reflexo da cultura machista brasileira, um traço profundo da própria
identidade nacional", diz Hélio Arthur Reis Irigaray, professor da Fundação Getulio Vargas e
da Pontifícia Universidade Católica, ambas do Rio de Janeiro, e autor de uma tese de
doutorado sobre orientação sexual e ambiente de trabalho brasileiro. Na entrevista a seguir,
Arthur Irigaray mostra que ainda há muito a avançar.
Como a homossexualidade é tratada no ambiente corporativo?
As organizações têm um discurso certinho, de responsabilidade social e de inclusão de
minorias. Mas, ao ouvir um homossexual descrever a vida corporativa, tudo muda de figura.
Até hoje existem casos de gays agredidos fisicamente no trabalho, mesmo em corporações
com política de diversidade. o homem branco heterossexual tem muito mais facilidade para
progredir na carreira do que o gay.
No caso de homens homossexuais, eles são bem aceitos quando são cabeleireiros,
comissários de bordo, profissionais das artes, que são carreiras associadas às mulheres. Fora
isso, os gays assumidos esbarram em tetos invisíveis. A dificuldade de crescimento
profissional existe mesmo em companhias com políticas de inclusão estabelecidas.
As políticas de diversidade não são efetivas então?
Não são. A discriminação contra os homossexuais existe e está associada à
discriminação sofrida por mulheres. Quando igualo um homem gay a uma mulher, é para
dizer que ele é frágil, fofoqueiro, instável emocionalmente. Ao desqualificar gays, mulheres,
negros e outras minorias, faz-se uma reserva de cargos na elite corporativa para homens
brancos heterossexuais.
Eles se privilegiam da diminuição do número de competidores. Há o caso de um banco
estrangeiro com políticas de inclusão no qual, para chegar a níveis gerenciais, é preciso ser
expatriado. Uma das condições para morar fora do país é ser casado. Mas as regras
conflitantes não são o pior: um suposto tipo de humor atrapalha a efetividade das políticas de
diversidade no dia a dia.
Humor e preconceito andam juntos nesse caso?
Defender-se de um Jair Bolsonaro é fácil porque ele dá a cara a tapa. Mas e daqueles
que contam piadinhas aparentemente inofensivas? Humor é um traço cultural muito forte no
brasil. Homossexual é o engraçado, a bichinha, a histérica, ou seja, não pode ser gerente.
Afinal, pelo senso comum, um bom gestor é aquele capaz de tomar decisão, detentor de voz
de comando, duro, inflexível. Se o gay é pintado nas piadas como tudo menos isso, está fora
do jogo.
É mais difícil defender-se nesse caso. Se ele revidar, dizem que não tem senso de
humor. Por mais que as empresas sejam contra as piadas, fazem vista grossa. a hipocrisia do
ambiente corporativo é reflexo da existente na sociedade. o problema é o gay assumido. Vida
dupla pode. A executiva pode estar sozinha; para todos os efeitos, abriu mão do pessoal pela
carreira. O executivo tem de ter esposa. Acho que isso mudará com as novas gerações.
O machismo do brasileiro é o responsável por essas situações?
Ameaçar a masculinidade do machão brasileiro é complicado, mexer na formação
cultural de um povo é difícil mesmo. O preconceito aqui é dos homens e das mulheres. Elas
também têm resistência.
Muitas empresas, porém, têm políticas de inclusão de minorias. Por que elas investem
nisso?
Por interesse em resultados melhores, por necessidade de imagem pública positiva ou
por pressão da lei. A inclusão dos deficientes, por exemplo, se deu porque a lei obriga.
Como um hétero deve agir com um gay no ambiente de trabalho para torná-lo
harmonioso?
Não se deve vitimizar os homossexuais nem dar regalias a eles. A proteção deve
existir apenas para não permitir ataques. Se a empresa fizer vista grossa para discriminações
pontuais, pode haver repetições, e assim caracterizasse o assédio moral. Hoje, qualquer
telefone grava. O que se coloca em email e em rede social é público.
Se o funcionário catalogar a "perseguição", a empresa será responsabilizada pela
Justiça. O empregador tem de garantir o bem-estar físico e psicológico no ambiente de
trabalho. Os gestores que observam situações de preconceito têm de educar os subordinados,
mas as sanções também precisam existir. É esse o caminho para as políticas de inclusão de
minorias saírem do discurso para a prática no dia a dia.
Os gays se sentem respaldados para denunciar injustiças?
Os gays não denunciam, geralmente, por medo e por constrangimento. Mesmo nos
dias de hoje é muito difícil se expor. Afinal, a homossexualidade tem um passado ligado a
pecado, doença e crime. E, ainda que se crie coragem para ultrapassar essas barreiras, há o
medo de impunidade e de retaliação.
Conheço o caso de uma funcionária que denunciou o chefe por assédio sexual à
empresa, e ela foi demitida. A companhia alegou que a moça deu motivo porque usava
vestidos decotados. O mesmo risco de a vítima ser prejudicada existe com os gays.
"Se a empresa fizer vista grossa para discriminações, pode caracterizar-se o assédio
moral. Hoje, qualquer telefone grava"
Homossexual discrimina?
Sim. Certa vez entrevistei um executivo, gay assumido, vice-presidente de um grande
banco, para um trabalho acadêmico. A homossexualidade não foi empecilho para a carreira.
Quando perguntei se ele militava por seus direitos e se ia à Parada Gay, respondeu: "Eu?
Parada? O que tenho a ver com aquela gente feia, desdentada e pobre?".
Avanços conquistados pelos gays, como a união estável, vão se refletir na
organização?
Tudo muda, mas leva tempo. As mulheres tiveram de batalhar para conquistar seu
espaço no mercado, sair de casa e poder trabalhar.
Conclusão:
O trabalho dentro do limite a que se propôs, analisou do preconceito existente contra
os homossexuais dentro do mercado de trabalho. A homossexualidade é hoje um dos fatores
sociais, se assim for considerado, mais difícil de explicar e analisar. Não existe uma razão que
possa esclarecer sua origem, ou conceito que defina a homossexualidade perfeitamente bem.
Sabemos que homossexual é aquele indivíduo que sente prazer sexual com pessoas do mesmo
sexo. Mas tal definição não é suficiente para designar esse grupo tão complexo.
Este trabalho tratou de um assunto que divide opiniões e apresenta preconceitos tanto
da sociedade como ainda de alguns legisladores. Sendo assim, discutido com dedicação e
respeito. Propôs-se também a demonstrar que os homossexuais são indivíduos capacitados
para trabalhar, aprender e ensinar, não havendo quaisquer riscos intransponíveis no exercício
de suas funções.
Entretanto, ainda permanece a recusa de alguns empregadores em aceitar os
homossexuais como seus colaboradores, baseados nas justificativas de que possam
envergonhar ou até mesmo prejudicar a imagem da empresa.
No caso de homens homossexuais, sem dúvidas, o cargo mais ocupado por eles é o de
cabeleireiro. São bem aceitos também como comissários de bordo, profissionais das artes,
arquiteto, designer, publicitário, marqueteiro e estilista que são carreiras associadas às
mulheres. A dificuldade de crescimento profissional existe mesmo em companhias com
políticas de inclusão estabelecidas e para cargos de destaques em grandes empresas.
Diante dos entendimentos trazidos, pode-se deduzir que a discriminação dos
homossexuais no ambiente de trabalho é uma das realidades que mais profundamente afronta
e desafia o princípio constitucional da igualdade. Assim, entende-se que não existe a recusa
de uma vaga de emprego ou até mesmo a contratação com fundamento na orientação sexual
do candidato, o que constitui uma exata discriminação, negando-lhes um direito garantido a
todo e qualquer ser humano.
Se houver discriminação em entrevista de trabalho, o candidato a vaga deve se lembrar
que não é obrigado a responder perguntas sobre orientação sexual ou estado civil, pois o
objetivo da entrevista de trabalho é revelar conhecimentos, o que não depende da orientação
sexual.
Referências:
Internet:
http://eshoje.jor.br/cabelereiro-vendedor-de-loja-arquiteto-estilista-designer-
publicitario-veja-profissoes-que-mais-contratam-homosexuais.html
http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2012/08/homossexuais-
dizem-que-sofrem-preconceito-no-mercado-de-trabalho-em-mg.html
Homossexualidade.
http://homossexualismo.multiply.com