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e2Z° *™ Os GRUPOS RELIGIOSOS QUE NFLUENCIARAM A RELIGIAO NA PALESTIN, I O Mitracismo” De uma maneira geral, a0 cored ae teologia {We Volta-se a Antiguidade, é impossivel nao estabelecer conexdes entre ° a nngamento religioso das diversas culturas que se comunica. om durante a formagao das Civilizages Antigas. OMitracis. mo possui semelhancas inegaveis com O Cristianismo, assim como também possui diferencas importantes. Aqui, vale res- saltar que os termos diferem entre si, uma vez que Zoroastris- mo refere-se ao sistema religioso proposto por Zaratustra, ou conforme a denominacao grega, Zoroastro. Masdefsmo é a re- ligiao cultuada na Pérsia durante o Império e que teve amplo contato com o povo judeu, uma vez que tratava-se da teligido oficial e o Mitracismo, a religiao que cultuava Mithra durante 0 Império Romano. As principais diferencas das denomina- SOes que se referem a um sistema religioso unico referem-se 4 localizacao e ao periodo do qual sao tratadas, uma vez que sao sistemas religiosos que se transformaram no decorrer da historia, Antes de desenvolver a teologia dessa religiao, um parén- ees a lenda de sua origem demonstra claramente a seme- tea eine ela e o surgimento do Cristianismo. Segundo a ae is Sa de anos anteriores a Cristo, um grande foot a lo Zaratustra teria aparecido no chamado “lar ‘anos”™ ele teria sido originado através de um anjo que, haoma, passou para o corpo de um sa durante um sacrificio divino. A lenda 0 Mitraismo, Urelativos tone Tinga teeiao do Vale do Indo; aE F 108 Pertencentes ao grupo dos indo-atian PRIMORDIOS DO CRISTIANISMO * 23 © seio de uma virgem de alta linhagem, a virgem foi desposada elo sacerdote e 0 anjo que estava em seu corpo misturado com a gloria que estava na virgem originou O nascimento de Zaratustra. Muitosemelhante a narrativa biblica, a lenda segue dizendo que no dia do nascimento de Zaratustra, os espiritos maus que se reuniam em torno de cada vida, teriam fugido de Zaratustra da mesma forma que teria acontecido no nasci- mento de Cristo conforme 0 relato biblico. Essa lenda possui caracteristicas muito préximas a descricaéo do nascimento de Jesus, apesar das diferencas das narrativas, aparentemente, trata-se do mesmo fundamento. A narrativa segue contando: “Seu grande amor a justica e a sabedoria fé-lo afastar-se da sociedade dos homens e ir viver no agreste das montanhas, alimentando-se de queijo e frutos da terra. Tentou-o o Diabo, mas sem vantagem. Seu peito foi varado por uma espada, e sua entranhas enchidas de chumbo derretido; ele nao se quei- xou e ainda mais se aferrou a fé em Ahura-Mazda - O Senhor da Luz, deus supremo. Mazda aparece-lhe e poe-lhe nas maos o Avesta, ou Livro da Ciéncia e da Sabedoria, mandando que 0 pregasse ao género humano. Por muito tempo o mundo o meteu a riso e perseguiu; mas por fim um alto principe do Ira - Vishtaspa ou Histaspes - 0 ouviu com alegria e prometeu- Ihe espalhar a nova fé. Assim nasceu a religiao de Zoroastro. Zaratustra viveu vida longa, sendo consumido por um raio e subiu ao céu”. (DURANT, 1957, p.72). Outra mengdo curiosa seria da lenda pré-zoroastriana onde 0 deus touro, Haoma, teria morrido e ressuscitado, dando seu sangue como bebida para a imortalidade 4 humanidade. Segundo Will Durant, Zaratustra revoltou-se com o sistema religioso e junto a “seus contemporaneos Amoz e Isaias” (DU- RANT, 1957, p. 72) teria propagado a f6 em Ahura-Mazda, tendo Dario I reconhecido a deidade e oficializado 0 zoroas- trismo como a religiao oficial do Império. Nao se sabe exata- mente a data da lenda ou da existéncia de Zoroastro, mas pro- vavelmente sua existéncia esteja entre os séculos X e VI a. C. Sua lenda e doutrina encontram-se no Avesta, 0 livro sagrado que contém os princfpios da religiao persa e é mencionado por um logégrafo grego, Xanto, o Lidio, no século V a.C. Nao MO. °24e Primornios DO CRISTIANIS taco e o idioma avéstico é de dificil loca- 2 ao certo a dal ee is. ri se sabe ao certo do constitui-se de leis, ritos, lizacao geografica. O livro sagra i ias, hinos e oragoes. cerimonias, pe e oo * aco de Religides, 0 eer Segundo o Dicionario Hist6rico de 8 a toi I; i oular durante o Império era um culto religioso persa muito poF nee Romano onde o deus Mithra e Ahura Masda esta ; e mente associados e representavam oO deus ee a giao. Mithra foi tao importante para a socieda see aque foi eleito pelos soldados romanos como seu P' . i bém cultuada na india védica, o nome Mithra, no vocal >ulo védico significa “alianca”. Estranhamente, é dificil identificar em quais circunstancias historicas a divindade comecou a ser celebrada em Roma, india e Pérsia."° O Masdeismo tratava-se de uma religiao dualista baseada na luta eterna do bem contra o mal, onde Ahura-Mazda ou Ormuzd um deus bondoso e justo, amigo da humanidade e protetor da natureza encontra-se em constante luta contra Arimd e seus agentes, uma luta que demoraria 12.000 anos até que o bem triunfaria sobre o mal e os homens se juntariam ao deus no paraiso e os maus ficariam no abismo eternamente. A alma humana era 0 objeto de luta entre o bem e 0 mal e seus atos eram fundamentais para o sistema religioso contido no Avesta, parece também ter sofrido influéncia Babilénica e dos Vedas, na histéria da criagdo do mundo em seis dias, do casal primitivo, do paraiso e diltvio. Sobre a concepcao apocaliptica e a assimilacdo dos concei- tos dualistas da luta do bem e do mal, do julgamento e reden- ¢4o,0 telogo especialista Eduard Lohse, descreve como e por que 0 judaismo foi capaz de incorporar conceitos da religiao Persa (atual Ir): “No reino Persa, judeus e fiéis da religiao ira- miana coexistiam pacificamente, 0 que possibilitava diversos oes ) O judaismo formou a estrutura dualista basica ta apocaliptica assumindo ideias irani fissdo do Deus de Israel co Sao de ideias sobre o fim ianas e ligando-as a pro- mo Senhor do mundo (...). A recep- do mundo, proveniente da religiao — 15 Conforme AZEVEDO, Antonio Cay eeu ee le ; Pe ri ico de Religides, Rio de Janeiro: Novara Os Cultos pablicos possufam um 1g0TOso para cumprimento dos ritos e podiam ser «34° Pi vo como também do religioso € 3 Conte 25 Conforme AZEVEDO, Antonio Co de Relgios. Rio de Janeiro: Nova Fees c° Amaral; GEIGER, Paulo, Dicionério Histrt Fronteira, 2002. PRIMORDIOS DO CRISTIANISMO * 35 © oferecidos em um templo,* mas também como os gregos, os yomanos associavam os espetaculos e jogos como ritos reli- giosos, de forma que a ritualistica era executada de forma precisa a fim de prestar homenagem aos deuses. Existia duas formas de jogos, os ptblicos e os privados, sendo os primei- ros um direito dos cidad&os romanos e por isso gratuito, e os segundos, oferecidos particularmente, normalmente aconte- ciam por meio de combates de gladiadores. Coma influéncia de outras religides como 0 Mitracismo, os cultos foram perdendo sua importancia, ainda assim, foram erigidos santuarios, assim como estatuas. No I século a.C. a assimilacao das hist6rias dos deuses colocaram em descrédi- to seus comportamentos, enfraquecendo o culto que s6 seria fortalecido apés a ascensao de Augusto, que foi divinizado como préximo dos deuses. Jé no Antigo Oriente, como é sa- bido, era muito comum associar os soberanos como filhos de deuses, como era 0 caso do Egito. Ja antes de Augusto, seu pai adotivo, Julio havia sido divinizado pelo Senado, mas a veneracao se tornaria concreta em seu reinado por seus atos como governante; diversos templos foram erigidos em sua homenagem. Um trecho referente a Tibério mostra a importancia dessa deificagdo e também como esse processo causava impacto nas populagées, de forma que realmente se afirme sua divindade através de atributos espirituais como a ascensao aos céus e a atribuicdo daquele a salvacao da hu- manidade, ainda que com uma concepcao diferente da afir- macao posterior crista referente a Jesus.”Quando Augusto morreu em 14 d.C., nao se questionava mais sua posigao en- tre os deuses. Logo se encontraram testemunhas que viram a ascensao do soberano morto aos céus. O sucessor de Augus- to (...) recusava-se a erigir para si esse culto (...) .Ao receber uma peticao da Espanha para a construcéo de um templo para o imperador e sua mae, Tibério a rejeitou. Respondeu que era um homem mortal e que as honras divinas compe- tiam a Augusto, 0 verdadeiro salvador da humanidade (...) (LOHSE, 2004, p. 208). 26 ‘Templu, Oedicula, Delubrum ou Sacerllum, significando a morada de Deus. ’ RELIGIAO DE Mistério A participacao nos mistérios de. a participacao no sagrado, embora cultuassem divers; si algumas caracteristicas cagGes, os hinos, a aceitacdo das di } mesma pessoa dade cultual. ssas religides, significaya no divino, as religides de Mistério, ‘as personalidades, possuiam entre comuns como a iniciacao, as Ppurifi- as refeicdes sacramentais e principalmente lemais religides de mistério, de forma que a poderia participar de mais de uma comuni. As ceriménias das religises de mistério m: encontravam-se nos mistérios de Eléusis, Dionisio, Cibele, Mitra, Isis e diversos cultos locais. Essas ceriménias poderiam ter de alguma forma, influenciado a cultura crista, mas sua apreensao foi codificada e modifica nidade primitiva, ‘ais importantes da de forma que na comu- muitas vezes encontra-se nas cartas as co- quicios das religides de munidades cristas 0 combate aos res mistérios na liturgia. sis, do nome egipcio Iset era uma divin- dade feminina que possuia na cabeca a efigie da autoridade e tinha o poder de adivinhar o futuro pelo contato com 0s mortos. O mito descrito por Plutarco conta que Isis, co esposa de Osiris (ou Serapis), governante divino do pais ss Nilo, teria buscado seu irmao e marido do reino dos:mortos, PRIMORDIOS DO CrisTIANISMO * 43 © apés inado por seu irmao Seth (também chamadc de Tifao). Seth, ao saber que [sis havia procurado 0 corpo de Osiris, mandou ae Ihe corta ssem 0 corpo em 14 pedacos e og espalhassem. Ma: teria encontrado os pedacos ¢ unificado o corpo de Osiris para que ele pudesse entrar no mundo dos mortos. Osiris entao foi revivido dando a {sis um filho que foi chamado de Hérus (também conhecido como Harpokra- tes), Osiris tornou-se deus no mundo dos mortos. Por isso, {sis era representada sempre como mie com seu filho, figura culto a divindade era celebrado com a procura dos restos mortais de Osiris e simbolicamente, veneravam que a morte tornava-se vida, ao recuperé-los. Osiris era comparado ao Zeus da mito- logia grega também sendo louvado como salvador e redentor da humanidade. Na regiao da Palestina e Siria, havia o culto a Adénis, um personagem mitico da cultura grega que era amante da deusa Afrodite. O nome do deus provém do vocabulo semita ‘adon’ que significava senhor. Segundo Eduard Lohse: “Mulheres com o vestido de Afrodite semeavam germes de plantas, que nasciam rapidamente em vasos cobertos com uma fina camada de terra. Nos tetos da casas, esses vasos eram expostos ao sol, fazendo crescer a sementeira, que em pouco tempo comecava a murchar. Isso representava simbolicamente o florescimento ea morte do deus.” (LOHSE, 2002, p. 228). Essa divindade veio da fenicia (nome Eshmun) e posteriormente foi adotado como Atunis pelos etruscos. Representava a vegetacao e re- presentava também, 0 mistério da morte e da vida. Também o culto de Cibele e Atis estavam amplamente di- fundidos no Império Romano, originarios da Frigia, difundiu- se primeiro na Frigia, depois foi trazido a Creta e chegou a Roma durante as Guerras Panicas por volta de 204 a C. Cibele era chamada de mae dos deuses e, pelos gregos, de Potnia Theron, identificada como a encarnagao da deusa grega Reia. Cibele, como deusa mae tem varias identificacgdes, os mitos sobre sua personalidade se confundem. Quando associada deusa Reia, o mito que.a circunda é 0 que trata do nascimento © 44. © PrimOrplos DO CRISTIANISMO de Zeus. Cansada de ver os filhos sendo Se eae Por Cro. . Can acreditava que seria lestrona. nos que, devido a um oraculo, a e i. do por mr de seus filhos, Reia vai a uma caverna onde dé a luz a Zeus. Zeus na fase adulta destronou crones . aka a vomitar seus irmaos. Assim Zeus assumiu 0 po. O mito narra que Cibele, foi criada por animais selvagens e por eles alimentada. Quando Cibele conheceu Atis, apaixo. nou-se por ele perdidamente, e os dois fazem um pacto no qual Atis se compromete a nunca violar sua castidade, mas Atis se apaixona por uma ninfa chamada Sagaritis, a quem desposou. Quando Cibele soube da traicgdo de Atis, em um ataque de ira, matou Sagaritis. No auge de sua tristeza, Atis enlouquecido castrou asi mesmo e prestes a se enforcar, Cibe- le o transformou em pinheiro. Embora ambos os mitos sejam completamente diferentes, o que servia de assimilacdo para ambas as divindades era a con- Sideragao de tratar-se da mae dos deuses, ser deusa da Terra e da fertilidade. Era também venerada pelo dom da ressur- teicao, devido a hist6ria da Protecao de Zeus e também de O culto de Cibele conduzia ao frenesj emocional Parecid com os oferecidos nos cultos a Dionisio, Dionisio eraod ‘cido vinho e correspondia ao Baco dos Tomanos. Ses cute, eus do associados a grandes orgias e bebedeiras, Assim, ag oe cram de mistério ofereciam aos seus seguidores 9 ex erimene eS imortalidade ritual onde Podia se morrer @ Tessuscita, ‘0 na mitologia, ofereciam uma identificacao comunal, Ted como e protecao. €NCao _ PRIMORDIOS DO CristiANISMO * 45 * FILOSOFIA A filosofia grega nao influenciou 0 cristianismo em si como sistema religioso, mas sim, influenciou povos inteiros e todas s crencas que deles provinham. Isso por que, ja durante o Império Alexandrino, os povos conquistados foram incenti- vados a adotar sua cultura, sua visao de mundo, sua lingua e, portanto, suas crencas. Antes de apresentar-se como um pensamento uniforme, a filosofia grega apresentava-se da difusao de elementos ora unificados, ora dispersos em suas diversas escolas filoséficas. Segundo Paul Tilich,” grande tedlogo do Cristianismo, é no pensamento helénico que se encontra grande parte do pensamento cristéo. Segundo ele, 0 pensamento grego distingue-se entre o classico (até a morte de Aristdteles) e o periodo helénico, onde se situam os estoicos, epicuristas, os neopitag6ricos, os céticos e o neoplaténicos. Na verdade, sem o primeiro periodo, nao haveria o segundo perfodo ja que as filosofias que surgiram no periodo helénico ou reafir- mam a tradicao ou a refutam, de forma que, se o cristianismo bebe da filosofia grega como fonte, deve-se ao todo e nao em parte. Os gregos, cinco séculos antes do advento de Cristo, ja de- monstravam preocupacao com uma realidade transcenden- tal, como proposto por Sécrates e Platao. Os grandes filésofos também negavam a importancia material em detrimento da importancia espiritual e eterna. Na peca grega Agamenon, Esquilo aponta como os maus empreendimentos em vida poderiam acarretar no insucesso do heréi. Para a compreen- sao da filosofia e sua conexéo com o pensamento cristao, é importante destacar as principais escolas. ea 27 TILLICH, Paul. Histéria do Pensamento Cristo. S40 Paulo: Aste, 2000. AS CONCEPCOES GREGAS NO CRISTIANISMO Por ultimo, seguindo ° modelo de Tillich, 0 cristianismo assemelhava-se ao ecletismo na medida em que nao criav: novos conceitos, mas apreendia aquilo que Ihes oe uteis. Aderiram 4 ideia de liberdade e moral, temor a Deus, da imortalidade e da punicao do pés-morte. Porém se o ctis- tianismo bebeu de alguma corrente filos6fica para a formula- cao de sua doutrina, provavelmente teve a maior influéncia dos neoplaténicos e dos estoicos. Segundo Marilena Chaui, no seu famoso livro Convite a Filosofia, os cristéos teriam adaptado a nova fé as concepcdes metafisicas de ambas cor- rentes filos6ficas. Porém, essa adaptagaio, como uma forma de aplicar a fé tracos de racionalidade, distingue-se das filosofias anterior- mente apontadas por diversos aspectos: os cristaos nao viam o mundo como eterno, uma vez que foi criado e terminara no juizo final; enquanto para aquelas escolas filoséficas, 0 divino era impessoal, o Deus dos cristaos 6 um Deus pessoal, ou seja, dotado de intelecto e vontade; o ser humano no cris- tianismo além de natural, 6 um ser sobrenatural; os cristaos viam a racionalidade humana como imperfeita e limitada. Do gnosticismo, a corrente que foi duramente combatida posteriormente pela Igreja Primitiva, 0 cristianismo herdou a crenga no deménio que age sobre a matéria e 0 corpo, con- siderando a matéria um elemento mau. 30 CHAUI, Marlena, Convite a Filosofia, Si0 Paulo: Atica, 2000. \ + 54 © PramOgpios po CRIstIANISMO O JubaismMo No Novo Testamento, verifica-se claramente como 0 judais. mo ja nao se representava como uma instituicao uniforme no Tséculo a.C., na verdade, ja 0 processo hist6rico que permitiy essa pluralidade do pensamento religioso e a estratificacao da sociedade ja se determinava um século antes. Ainda assim, al- guns pontos do pensamento religioso podem ser considerados Caracteristicos do judaismo daquele periodo. Durante o reina- do de Herodes, 0 Estado judaico se manteve mesmo submetido ao governo Romano e o Templo de Jerusalém continuou com a importancia de outrora. Sob permissao de César, os judeus puderam celebrar seus cultos e fundar sinagogas dando pros- seguimento a sua vida religiosa. Apesar das divergéncias religiosas que surgiram, a obser- vancia da Lei e a Tradicdo nao perderam sua importancia nes- se momento da historia, ainda que as interpretacOes dessas tradic6es fossem variar de escola para escola: Havia entao entre nés trés seitas, divergentes nas questées relativas as acdes humanas. A primeira era a dos fariseus; a se- gunda, a dos saduceus; a terceira, a dos essénios. Os fariseus atribuem certas coisas ao destino, porém nem todas, e creem que as outras dependem de nossa liberdade, de sorte que podemos tealizé-las ou nao. Os essénios afirmam que tudo geralmente depende do destino e que nada nos acontece que ele nao de- termine. Os saduceus, ao contrario, negam absolutamente o po- der do destino, dizendo que ele é uma quimera e que as nossas ages dependem tao absolutamente de Nés que somos os tinicos autores de todos os bens e males que nos acontecem, conforme seguimos um bom ou um mau conselho (CHAUI, 2000). Deus, em todas as comunidades aparecia como um Deus majestoso, santo e muito diferente do homem em suas ca- racteristicas fundamentais, diferentemente dos deuses gre- PRIMORDIOS DO CRISTIANISMO * 55 © gos que eram sujeitos 4s mesmas paixdes que os humanos. Aconcepcao escatolégica aparecia sob formas variadas, mas asalvacao do homem era tema comum entre todas as seitas. Qs conceitos morais e éticos baseados na Lei eram concep- cées fundamentais entre todas as seitas judaicas, diferen- ciando entre si principalmente no grau de importancia dada por cada uma delas e que foi principal motivo do surgimen- to das diversas seitas. Zelotes Nos principais estudos sobre as seitas judaicas que surgi- ram entre o século IL a.C e La.C., os zelotes possuem papel de pouco destaque quando mencionados como movimento reli- gioso da época de Jesus. Os Zelotes possuem uma importan- cia religiosa secundaria, mas devido a importancia histérica de seus empreendimentos contra o Império Romano, devem ser estudados em conjunto com as demais seitas. Ela teria se originado por um grupo, liderado por Judas o Galileu, dissi- dente do movimento farisaico que nao admitia a dominacao romana por volta de 6 d.C apés a deposicao de Arquelau. O Império Romano dominou a Judeia e ordenou 0 censo a popu- lagao. Contrariados com a medida romana, esse grupo organi- zou um movimento de resisténcia, recusando-se a pagar taxas a Roma e iniciando uma série de revoltas. <@@sizelotesiposstiemibasicamentelasimiesmas doutrinas fa- tisaicas de fidelidade ao judaismo, herdeiros das escolas de interpretacao de Shamai®!, possuiam uma interpretacao mais radical da Lei e acreditavam na intervengao politica explicita, ao contrario dos fariseus, porque possufam uma concep¢ao apocaliptica diferenciada aralosizelotes//serialpossivellante cipar a era messianica através da luta contra o dominio roma- No e daqueles que a eles se ajuntavam (até mesmo estamentos — Gudaicos)p Acreditavam que, através da lideranca deliMessiasD a ; 31 Um sébio rabinico do século I a.C que formara, junto a Hilel, o dltimo par de sabios que representava as linhas interpretativas complementares, segundo o Dicionério Hist6- tico de Religioes, a | © 56 * PRIMORDIOS DO CRISTIANISMO i ji eas forcas do mal dando (GHEE venceriam o jugo romano ipo termo §) a Seta eS "26. a Eram comu: * “Totes” que derivava ne concepcao d r a i ul te associados@@sysicatiosp cas) em seus empreendimentos. Muitog ee eee eo regides montanhosas na encosia leste, onde atacavam as forcas de ooupacao, ate ie decid. xam proclamar a revolta que levou a a erusalém em 70 a.D. O grupo remanescente na fortal leza Fro deserto, foi cercado pelos Romanos, e eles teriam se suicida. do para nao se entregar. Sua tiltima revolta aconteceu sobre a lideranca de ~ Onde foram extintos. No reinado de Davi por volta doGéeelGXAIG) o sumo sa- cerdote@SadOR* se destacou em sua fung&o sacerdotal no apoio a unificacao dos reinos do norte e do sul e também ao reinado de Salomao, dando origem a dinastia sacerdotal dos @Gadokim. A dinastia sacerdotal teve Papel atuante em toda a historia dos hebreus, A principio, os sacerdotes que cuida- vam do Templo de Jerusalém, eram, antes de qualquer coisa, funciondrios do rei e eram responsaveis pela: teligioso, como também se engajaram fortemente na politica, transformando-se em uma instituicdo bastante poderosa. Tra- tava-se de um sistema bem organizado, do qual o chefe era o 5 a 9 exilio, os altos Oficiais foram feitos prisioneiros e condenados 4 morte, os demais Sacerdotes Zadoquitas foram > 32 Messias apontadk 10 nas literaturas apocalipt; “ a decessor do Messias Davidico, e teria cm sarpticas dos séculos Le I aC, que seria pr Se messianica mo objetivo a luta contra o mal para preparar a 33 A traducio , que. Ver pasogers arene gibi Pode ser encontrada como Sadoc, Zadoque, Sado- 781 1228;25511; 1639; 1916 pa 2 2025; 1 Reis 1:26 ay aa ones PRIMORDIOs Do CRISTIANISMO « 57° exilados com 0 restante da nacdo. Ain caram os sacerdotes levitas que haviam sido privados do de- sempenho do sacerdécio pelos Zadoquitas. No retorno do Exi- lio, as 4 primeiras classes sacerdotais que retornaram, a saber, 7 i PaStif) e HAF provavelmente descendiam do: sendo a de Jedaias associada di- retamente c Partir de entao, 0 sacerdécio voltou a ter um papel social importante Para a Palestina. Esse aoe ‘upo de sacerdotes viria a se tornar a aristocracia de Jerusalém. Durante o reinado de Antioco, og sadoquitas perderam in- fluéncia quand da assim, em Juda, fi- @etusalémmerosimacabetiSou asmoneus se revoltaram e ascen- deram ao poder. Dai, 0 exercicio sacerdotal passou a exercer maior influéncia na politica, uma vez que a dinastia asmonia- na dependia da aii: i Is Sa- cerdotes que observavam a lei se agruparam com 0 objetivo de zelar o cumprimento da lei, 0 que levou a um conflito com 0 sumo sacerdote. O conflito ocasionou a migracéo de um grupo dissidente rumo a oeste do Mar Morto, originando uma comunidade que se denominava@™AIRGSaeBielbe® Porém, os saduceus se originaram do grupo que permaneceu em Jerusa- lém em alianca com os asmoneus. Tratava-se de um grupo de familias influentes e financeiramente abastadas em Jerusalém que ocupava altos cargos no sacerdécio. Eram proprietarios de terras e associados aos conquistadores estrangeiros. Chega- ram a participar da administragao civil e tinham participacao No exército, bem como em circulos politicos durante as do- minagGes estrangeiras dos gregos, seléucidas e romanos. Isso acontecia porque reconheciam a autoridade desses governos fazendo sempre papel de intermediadores entre os romanos €0 povo. Diferente dos fariseus, Gs(Saduceusnaoldavami valonaltra> -dic&o oral e interpretavam a Lei da forma mais literal possf- como imutavel. Nao acreditavam na ressurreigao dos mortos- € guardavam rigorosamente o sébado; também mantinham a crenca no sistema de punicées contido nas Leis onde consta 0 apedrejamento como forma de punicao. #58 © PRIMORDIOS DO Ree Conforme o relato de Flavio Josefo: uceus € que as almas morrem com 9, os e que a.tinica coisa que somos obrigados a fazer ¢ 9 ; : 4 a . var a lei, sendo um ato virtuoso nao tentar exceder ep, serva a . ol bedoria os que @ ensinam. Os adeptos dessa seita so em a a 6 composta de pessoas da maj, ti as el yequeno namero, mi i condigao. Quase sempre, nada se faz segundo o sey pa. ecer, porque quando eles so elevados aos cargos e as hon. re , ras, muitas vezes contra a propria vontade, sao obrigados a se conformar com o proceder dos fariseus, pois 0 povo nag permitiria qualquer oposicao a estes (JOSEFO, 2004). A opiniao dos sad ‘A influéncia dos saduceus perdeu espaco pelo avanco do movimento farisaico quando o ultimo passou a participar no Sinédrio, expandindo seu movimento e mantendo-o apés a dispersao judaica impérioR 7iid.C.ocasionand Jerusalém. Fariseus retornaram do exilio para reconstruir a comunidade por volta do século Vl a.C., a instituigdo religiosa pode se reconfigurar diferente- mente da antiga instituicdo. AlgunstescribasielNeemiasjcom 0 intuito de promover uma purificacao nas concepcées reli- giosas judaicas, considerando a grande influéncia que havia penetrado na cultura judaica durante os exilios. Promoveul 4 reconstrugao da identidade dos judeusi@ombaleradigaoreiaibely @qulturasyA partir desse periodo, rompeu-se o estigma sobre 0 estudo e 0 exercicio doutrinério como elemento exclusiv? do sacerdécio para ser parte do cotidiano do povo. Iniciou-s¢ © exercicio do estudo dos conceitos do judaismo e da Lei, de carater gratuito e obrigatério.+ 34 Conforme AZEVEDO, Antonio Carlos d : . de Reigdes. Rio de Janeito: Nova Frontelta, 2002. OEIGER Paulo. Di PrimOrDI0s Do CRISTIANISMO « 59* Embora o empreendimento Para restaurar a tradicao j . i a ani ra i a, com a dominacao helén: icdo judai. no século III a.C_4q6GXSEED luitos ade- na regiao grupo inte- uma revolta riram ao estilo de vida dos gregos principalmente central, alcangando os 6rgaos Oficiais judaicos, Um riorano, fortemente arraigado na tradic&o iniciou ram vitoriosoe e Promoveram uma nova tentativa de fortalecer a tradicgao Us laica na Tegiao. No primeiro livro de Macabeus, consta o relato de uma reuniao onde os israelitas fiéis A Deus, mados assideus\oulpiedeses, i igi chat dos , de onde mais tarde se origi- naria aseita dos fariseus. Os iedosos tivera: conflito ar- mado contra 0 rei pois eram contrarios ao rei que, como guerreiro, também exercia 0 oficio sumo sacerdote. AMEVOIAEVSW SOU participanteela CruciHica- Com a dominacao romana, 0 sacerdécio e os oficiais da di- nastia dos hasmoneus se aliaram aos romanos, ameacando, mais uma vez, a tradicao dos piedosos. Em oposicéo aos sa- duceus, surgiu a seita dos fariseus que visava 6@\purificarida Calttiralpagaleireafirmartaltradicaolelalei0O nome fariseu, provavelmente provém do vocdbulo @regospharisaios e do hebraico @@fUShin» ambas com o significado de separacao e isolamento. Como dogmas, estabeleceram o estudo da Lei e da tradigao escrita e oral, o cumprimento dos 613 preceitos da Tora e a oracado como forma de se aproximar de Deus. Acredi- tavam que n&o apenas os sacerdotes e os levitas, mas também eles deveriam exercer na vida cotidiana os mandamentos do Antigo Testamento. Viam o dizimo de tudo que adquiriam como um dever; acreditavam na pureza cultual e em banhos de purificacéo quando em contato com coisas impuras. Cos- tumavam lavar as mos antes das refeigdes e sempre oravam antes da refeicdo. Faziam constantes jejuns como forma de peniténcia e também pela salvacao de Israel e também eram cuidadosos estudantes da Lei. 35 Cle. LOSE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento. 2, ed. Séo Paulo: Pau- Jinas, 2004, p. 27. © 60 © PrimoRDIOs DO CRISTIANISMO Segundo o relato de Flavio Josefo: ariseus nao ¢ facil nem cheia q, , eer eT A aneira de viver dos , A mane am obstinadamente ao que s¢ e ap delic racar. Honram de tal modo 05 vet convencem que devem abragar, Hor elke. | que nao ousam nem mesmo contradiz -los. en a0 des, tino tudo 0 que acontece, sem, todavia, tirar ¢ © homem 0 po. der de consentir. De sorte que, sendo tudo feito por ordem de Deus, depende, no entanto, da nossa vontade entregarmo-nos A virtude ou ao vicio. Eles julgam que as almas sao imortais, julgadas em um outro mundo e recompensadas OU Castigadas segundo foram neste — virtuosas ou viciosas — e que umas sao eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida, e outras retornam a esta. Eles granjearam, por essa crenca, tao grande autoridade entre 0 povo que este segue os seus sentimentos em tudo o que se refere ao culto de Deus e as oracdes solenes que lhe sao feitas. Assim, cidades inteiras dao testemunhos valiosos de sua virtude, de sua maneira de viver e de seus dis- cursos (JOSEFO, 2004). é simples. Embora fossem contrarios a dominacao romana, apés 0 episédio com Alexandre Janeu, os fariseus nao acreditavam na intervenco politica pela violéncia GIGUCHOMaleCeU COND _Cepcao apocaliptica e messianica. Para os fariseus, a ressur- reigao dos mortos aconteceria, ara a vinda do purificar e guardar a Lei. Guar- ar-se a Deus e faziam constantes 0s pobres e agdes piedosas, com o intuito Messias, 0 povo deveria se davam o sdbado para dedic. acoes beneficentes a de agradar a Deus, nessa posicdo, dadeiro massa de fariseus du: a OL a chegado proximo aos 10 mil. Com a arises perpetuaram sua influéncia aj mantendo as concepcées e a tra dispersao judai Judaica, través do judaismo 0s ico por eles disse. abinicOy minadas. (0s Terapeutas ‘Aseita dos terapeutas aparece no relato de Filon de Alex dria que teria visitado a ordem monéstica @OlSulaeuAleena iq Trata-se de um grupo que vivialeMlcoloniaelparecidae” ‘SonSSRIGAMNGEM OMEN on Ass dria fol o unic' ‘upo, mas alguns estudiosos como Eduard Lohse acreditam que o relato possui, até certo ponto Mtfagosiderhistoriciclade, Ele designa ao nome da seita o significado SCHAGOS!®e GSEEVOS (de Deus)”,** jaNPAUIGIGEIGER, Segundo 0 relato de Filon, a ordem jé existia emQ0%I@e seria resultado de judeus que nao acreditando mais nos va- lores do mundo devido a grande corrupgao vista em Alexan- dria, teriam optado a separacao completa do mundo, crian- do um mundo particular onde pudessem exercer a funcéo de terapeutas da alma. Pos- suiam o habito da meditacdo, jejum e a mortificacao. Como nao liam o hebraico, eram estudantes avidos da deigatravés) uardavam os mandamentos e as festividades judaicas. O setimo sdbado, era celebrado através de um rito onde os membros vestiam- se de branco para a comunhao a mesa na noite da véspera € seguiam com a celebracao sagrada. Possufam corais de ho- mens e mulheres, fazendo parte de seus ritos. No concernente a doutrina, os terapeutas possuiam tracos de outras religides como os @nistériosypersas, 0S e os plato> (@istasigiegos (AZEVEDO; GEIGER, 2002). > ———_. , ed. Sao Paulo: 36 Cie, LOHISE, Eduard. Contexto e Ambiente do Novo Testamento. 2 € Paulinas, 2004, p. 80. 62 * PrimORDIOS DO CRISTIANISMoO 4 las a irmandade dos ee emp ae: a ver, segue em pasea da ronremla Kaos st4 além do ascender do sol, percep’ el p Sentidgs aa aes posicao, que conduz a felicidade etema ( je a por seu veemente desejo de uma vida imortal, ae onsiderams que ja esto mortos em relacio a vida me ae ndonam suas propriedades nas mos de seus filhos uf. eae na de outros parentes, adiantando, dessa forma, por determinacdo voluntaria a transmissao da heranga; Eno caso de nao possuir parentes, deixam-nos 0s seus achegados e amigos. A razao é 0 que corresponde para aqueles que optaram tesolutamente pela riqueza dotada de visio, é que abandonem a riqueza; mesmo aqueles que sao cegos de inteligéncia” (Fi LON, 1976, p. 96).7 Gace pais i igreja, Posteriormente, consideraram a seita como 0 principio do monasticismo cristao, ‘aducdo, da versao em eg anhol: “ Uso, ol: n ipeiada en aprender a» seahda més alla del se hijas o también de otros pariente “Mpo de la trasmisién del patrit 6 ive han optado resyait SUS allegados Y amigos, La raz6n de Hie! Bienes aun ee eeamente e Fi aia ia Por la riqueza dotada de ee : ; “l€B0s de inteligena Trecho retirado ce le oan, Tradugéo dy £reg0 paren anhol, introduc? coda Universidad Nacional de la Plata, Buen ‘gndios da religido de Israel, 0 ensinamento sagen pam qo sacerddcio, APs o retorno do extlio, a . santo rarela Felorma religiosa de Esdras ¢ Neemias consent ventiu a not jade de explicar 0 contetido do Antigo Testamenty « reg a0 POVO. : .. a y Passaram a parti- yuma instituigdo estruturada : cipar de uma institui¢ iturada GaGa rn formagdo de uma classe que assumiu essa funcao de estudo ¢ ensinamento do sagrado parece ter se iniciado entre 0 século ci ee eet i alae Porém, é dessa influéncia helénica que os judeus retiraram ara se tornar escriDa, primeiro era feito um exame de iniciacao, depois 0 aluno era preparado com o profundo co- nhecimento das escrituras através dal6petiga@'e MCMONZAGAOD como também através da @6fle@XaSSObreloonteude O apren- diz passava a ser seguidor de seu mestre, acompanhando-o sempre com 0 intuito de adquirir maior sabedoria. Quando 0 mestre reconhecia o aluno como apto ao ensino, ele fornecia- lhe a ordenaciio de escriba através da imposicao de maos. Os escribas eram muito respeitados na comunidade, cha- mado de @abi que significava mestre. Vestiam-se com uma roupa especial que permitia sua identificagéo e as pessoas 0s tratavam com veneracio. Geralmente, os rabinos nao re- cebiam remuneragao por sua atividade e por isso, desempe- nhavam outras fungées de trabalho na sociedade. O Talmud destaca a importancia de diversos rabinos de diferentes seitas judaicas como(Hillé) Shammai) Gamalieh Zakkai Aquiba e Outros que exerceram papeis importantes em eventos da his- t6ria judaica. Seita que surgiu por volta do segundo século aC., os essé- Nios formaram um grupo que superou os 4.000 integrantes « 64 © PriMORDIOS DO CRISTIANISMO de acordo com Flavio Josefo, hé historiadores que acredita,, 0 originado de tsenium que signig, termo esséni Speceen i GSaestos” “h "e ' : CeASSIGiM termo utiliz,, se originado do termo “ch’asajja do para designar os 3 significava “piedosos”®. Filon de Alexandria acreditava guy © termo venha do vocdbulo grego hosiotes que signifi cava “santidade”®. Assim como as outras seitas, Os essénios teriam surgido como protesto ao caos cultural estabelecido com a in. Pode ser que essa seita tenha sido dissidente dos fariseus por considerar que o zelo destes nao era o suficiente Para uma vida reta diante de Deus. Flavio Josefo diz em sua Historia dos Hebreus que dentre as seitas judaicas, éssajerajaumaisiperte (@RMAEHOAAS®. O historiador descreve minuciosamente os ritos dos essénios com uma valorizacdo atenuante sobre o grupo, © que compromete um pouco o relato. Ainda assim, sabe-se que os essénios viviam em uma comunidade as margens do Mar Morto e Jordao, mas também havia grupos da seita nas aldeias da Palestina e nas cidades; Ainda assim, procuravam se manter afastados das demais seitas e classes sociais com 0 intuito de nao ser negativamente influenciados pelas outras seitas. Nao possuiam riquezas materiais individuais e a pro- visao de sustento era compartilhada por toda a comunidade; exerciam para isso atividades de apicultura, agricultura e pas- toreio, Os essénios possufam grande disposicao para a ajuda md- tua e para cuidar de seus integrantes, dos idosos e dos doentes. Segundo Flavio Josefo, havia dentre os essénios dois grupos: um que nao contraia matriménio, vivendo de modo celibatario exclusivo, diferentemente do Pantedo Greco 41 JOSEFO, Flavio, Hesse; de Deus, 2003. Ce itr dos Hotes. Ri io de Janeiro: Casa Publicadora da Assembleia ftulo 12° §153, p. 1.199 (PDE). N PRIMORDIOS DO Cry AMO 656 , jcreditar que a mulher Possula impurezas ¢ tink or 49. ¢ tinham pe temot em se tornar impuros; 0 « guindo grup aM enor e 5 STUPO Cor my anio acreditando que nao podiam deixay ae eri 4 vida humana ‘xtingao & VIAM NO MatriMOnio o meio DATA A repro. evar um teste que durava trés anos para certificate ane, Kade da mulher, As relagdes sextiais eram exclunivanens como objetivo de reprodugdo e durante a sravidez da mulher nio mantinham relagdes. y, gram grandes observadores da lei ¢ guardavam rigidamer sabado. Possuiam diversos rituais de purificacao, ve : anr-se de branco e tomavam constantes banhos para ma se purificados, pois buscavam uma vida santificada, corpo- raimente, espiritualmente e nas agdes. Antes de entrar Paraa comunidade, aqueles que desejavam ser membros, Passavam por um teste de um ano, mas até tornar-se efetivamente mem- bro e participar das refei¢des comunitadrias, passava por um periodo de 3 anos dentro da ordem. Recebiam, ao entrar para a comunidade, indumentarias para a manutengio da higiene: uma enxada para enterrar as fezes; um avental para cobrir as partes intimas; e também um habito branco para a utilizacao. te janter- Aestrutura da comunidade obedecia a uma hierarquia rigi- da, separada em 4 categorias, de forma que os iniciantes nao podiam nem tocar os membros mais velhos na ordem.@Big@ No demais, os essénios receberam de Flavio Josefo grandes louvores referente ao seu tratamento entre os membros: Os essénios (...) atribuem e entregam todas as coisas, sem excecdo, a providéncia de Deus. Creem que as almas si0 imor- tais, acham que se deve fazer todo 0 possivel para praticar a justica e se contentam em enviar as suas ofertas ao Templo, sem oferecer 14 0s sacriffcios, porque 0 fazem em particular, com ceriménias ainda maiores. Os seus costumes sdo irrepro- chaveis e a sua Gnica ocupagao ¢ cultivar a terra. () Possuem todos os bens em comum, sem que 08 Ticos tenham maior par- te que os pobres. (...) Nao tém mulheres nem criados, porque 2660 | jue as mulheres nao contribug, i ideram ar criados, considera Rp aos ut a os homens iguais, querer Sujeitg Tea a descans fez todos ‘| ue fe: 0g, a natureZa server uns dos outros e escolhem homens otes, que recebem tudo 0 que eles tem o cuidado de fornecer alimene jdos de —onvencid' estao com jda. Quanto m dos sacerd fo corpo representava a can ter a6 a morte. A salvacig ou condenagao dependia exclusivamente de Deus. Também acreditavam que eram os eleitos e esperavam alguns Perso- nagens escatolégicos como wm profeta, um messias politico e um messias sacerdotal. Na revolta contra os romanos, os essénios teriam participa- do avidamente e teriam seguido fielmente a Lei, teriam sido torturados de diversas maneiras a fim de blasfemarem contra Deus, mas eles no teriam cedido, acreditando que receberiam de volta a vida futura. Assim, em meio as guerras do periodo, encontraram seu fim. for ‘Apesar de muitos autores acreditarem que esse grupo teve ioe nina no cristianismo, Robert Gundry faz uma CO- 'sa0 valiosa a respeito: Os essénios (...) chegavam a ultra- ass i Passar os fariseus em seu minucioso legalismo (PORESSALAZAO) denuncia- ido muito (...). Se Por certo nado ‘a Mais 7 ‘ ‘0 legalismo dos fariseus Jesus 20S essénios, que eram aind, Muitos o as di ‘08 tray diferencas do es Podem ser on Tistianismo con Patados para destacat @ comunidade dos essé- > PRIMORDIOS DO CRISTIANISMO * 67 onsiderados: havia mu: 5g relatos de mulhe: nt ae que seguiam a Je 9 VaTIOS Tae Os res que participaram de algu a ma de seu minis tério. Devemos considerar ainda que ma for- i i al 7 Pare esseni0S, ainda para os que adquiriam o casamento Para os itd x " amulher ao acontece no ministério de Jesus; Jesus no apenas andava com pecadores,anasypregavaspatarclesoque, para os essénios seria absurdo, uma vez que nao iniciados nao poderiam saber de suas doutrinas; Jesus vivia em multidao, participava de fes- tas, possuia uma vida social ativa, Giq@emaorcombinalrconialam ios» E até mesmo na questao do batismo, deve- se lembrar, que embora Jesus validasse o batismo de Joao nas aguas; Os essénios possuiam a necessidade da constante puriticacao, Jesus nem se importava com 0 lavar as maos. q@qudesidosiessénios, porém, aqueles que 0 consideram influen- ciado pelos essénios, levam em consideracdo a concepcao do ReinomdesDeusp a meditacao e oracao, a caridade, mas prin- cipalmente, o modo de vida ascético e a rentincia aos bens materiais. Porém, como apontado, se houve alguma influén- cia, trata-se de uma pequena parcela da religido que surgiria, havendo também grandes diferencas entre suas doutrinas.

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