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BRENO BOTELHO FERRAZ DO AMARAL GURGEL

PROPOSIÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE INVERSORES


DE FREQÜÊNCIA EM ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA
ESTUDO DE CASOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE SÃO
JOSÉ DOS CAMPOS

Dissertação apresentada ao Departamento de


Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo para
obtenção de Titulo de Mestre em Engenharia

São Paulo
2006
BRENO BOTELHO FERRAZ DO AMARAL GURGEL

PROPOSIÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DE INVERSORES


DE FREQÜÊNCIA EM ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUA
ESTUDO DE CASOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DE SÃO
JOSÉ DOS CAMPOS

Dissertação apresentada ao Departamento de


Engenharia Hidráulica e Sanitária da Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo para
obtenção de Titulo de Mestre em Engenharia

Área de Concentração:
Engenharia Hidráulica e Sanitária

Orientador:
Prof. Dr. Milton Tomoyuki Tsutiya

São Paulo
2006
Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.

São Paulo, de novembro de 2006.

Assinatura do autor ____________________________

Assinatura do orientador _______________________

FICHA CATALOGRÁFICA

Gurgel, Breno Botelho Ferraz do Amaral


Proposição de uma metodologia para avaliação de
inversores
de freqüência em estações elevatórias de água. Estudo de
casos no sistema de abastecimento de água de São José dos
Campos / B.B.F. do A. Gurgel. -- ed.rev. -- São Paulo, 2006.
130 p.

Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade


de São Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sani-
tária.

1.Bombas centrífugas 2.Inversores de freqüência 3.Motores


elétricos 4.Estações elevatórias I.Universidade de São Paulo.
Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Hidráulica e
Sanitária II.t.
ii

Dedico este trabalho a minha esposa Ana Lucia pela

paciência e grande incentivo e a minha filha Gisele pelo

estímulo e apoio na sua realização.


iii

AGRADECIMENTOS

Ao amigo e orientador Profº Dr. Milton Tomoyuki Tsutiya pela orientação segura,
com diretrizes firmes e apoio total durante a elaboração do trabalho.

Aos Mestres em Hidráulica, Engenheiros Fernando Lourenço de Oliveira e Luiz


Antonio Barretti, colegas do mestrado na Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo - USP, pelas dicas que abreviaram caminhos.

Ao amigo Msc Mário Pero Tinoco pelo aconselhamento de quem já fez e o apoio
espiritual nos momentos difíceis.

Aos amigos da SABESP, Msc Jorge Luiz Monteiro, Tec. Antonio Basílio dos Santos,
Msc Tony Youssif Garido, Tec. João Raymundo dos Santos Júnior, Analista
Francisco Tarcísio Cavalcanti, Analista Eliane Pereira Lopes e Tec. Levi Bento do
Couto, pelo apoio, incentivo e ajuda direta na execução deste trabalho.

Aos amigos da sala de apoio em São Paulo, Damildo José Torlai e José Paulo
Kosmiskas, pela ajuda, estimulo e defesa deste mestrando.

Um agradecimento especial aos amigos Renato Veneziani, Leila Dias, Renata


Trench e Rosangela Araújo pela torcida dos momentos difíceis.
iv

RESUMO

Este trabalho avalia a aplicação de inversores de freqüência realizada em

estações elevatórias de água tratada da cidade de São José dos Campos que são

monitoradas pelo Centro de Controle Operacional da Sabesp. Foram estudadas

as características técnicas de quatro sistemas de bombeamento que operam com

velocidade variável. O trabalho apresenta uma proposta de metodologia para a

seleção de inversores de freqüência, com base na metodologia recomendada pelo

EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) aplicada em quatro sistemas da

cidade de São José dos Campos. Essa proposta de metodologia foi executada

através da avaliação seqüencial de um fluxograma e da análise gráfica das

informações instantâneas e históricas dos parâmetros de vazão, pressão e

freqüência de rotação, existentes no banco de dados dos servidores de

supervisão e controle do Centro de Controle Operacional de São José dos

Campos. Após a aplicação dessa metodologia, conclui-se que, a aplicação de

inversores de freqüência nos sistemas estudados estava adequada e recomenda-

se a sua aplicação em sistemas de bombeamento semelhantes.


v

ABSTRACT

The main purpose of this work is to evaluate the application of Variable Frequency

Drives – VFD, carried out in water pumping stations managed by SABESP –

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, located in the city of

Sâo José dos Campos that are monitored by the Operational Control Center –

O.C.C. Technical characteristics of four pumping systems were studied, mainly those

operating with fixed or changeable speed. It proposes a new methodology for VFD

selection, based on the methodology recommended by EUROPUMP and

HYDRAULIC INSTITUTE (2004), used on the systems mentioned before. This

proposal of methodology were done using instantaneous and historical information of

flow, pressure and rotation frequency parameters stored on data base installed on

supervision and control servers installed. After this application, we also concluded

that the use of VFD on the evaluated systems was correct and through this we

recommend its use on similar pumping systems.


vi

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................... 4

3.1 Introdução ............................................................................................................. 4

3.2 Estações elevatórias de água ............................................................................... 5

3.2.1 Tipos de estações elevatórias ............................................................................. 5

3.2.2 Bombas centrífugas ............................................................................................ 9

3.2.3 Motores elétricos .............................................................................................. 30

3.3 Inversores de freqüência ..................................................................................... 36

3.3.1 Tipos de equipamentos de velocidade variável................................................. 42

3.3.2 Uso de inversores de freqüência em sistemas de abastecimento de água....... 47

3.3.3 Métodos de controle de vazão .......................................................................... 50

3.3.4 Redução de custos com aplicação de inversores de freqüência....................... 56

3.4 Estudos de casos de aplicações de inversores de freqüência ............................ 58

4. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 64

4.1 Sistema de abastecimento de água de São José dos Campos .......................... 64

4.1.1 Subsistema Paraíba .......................................................................................... 65

4.1.2 Subsistema Eugênio de Melo............................................................................ 70

4.1.3 Subsistema Buquirinha...................................................................................... 70

4.1.4 Subsistema Costinha......................................................................................... 71

4.1.5 Subsistema São Francisco Xavier..................................................................... 71

4.2 Área de pesquisa ................................................................................................ 71

4.2.1 Característica da área ....................................................................................... 71


vii

4.2.2 Subsistema Eugênio de Melo............................................................................ 73

4.2.3 Subsistema Paraíba .......................................................................................... 75

4.3 Coleta de dados .................................................................................................. 80

4.4 Fluxograma de avaliação da aplicação de inversores de freqüência .................. 87

4.5 Método de análise gráfica para avaliação dos inversores de freqüência ............ 91

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................... 93

5.1 Resultados da aplicação de fluxograma de avaliação de inversores de

freqüência .......................................................................................................... 93

5.2 Resultados da análise gráfica para avaliação dos inversores de freqüência ...... 94

5.2.1 Análise gráfica dos dados do sistema Galo Branco .......................................... 97

5.2.2 Análise gráfica dos dados do sistema Campo dos Alemães .......................... 100

5.2.3 Análise gráfica dos dados do sistema Jardim Morumbi................................. 104

5.2.4 Análise gráfica dos dados do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II ............... 106

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 108

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 110

ANEXOS .................................................................................................................. 115

Anexo A – Esquema hidráulico do sistema de abastecimento de água de São

José dos Campos................................................................................................... 115


viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Componentes de uma estação elevatória. 5

Figura 3.2 Estação elevatória de poço seco e conjunto motor-bomba de eixo

horizontal. 7

Figura 3.3 Estação elevatória de poço úmido e conjunto motor-bomba de eixo

vertical. 7

Figura 3.4 Estação elevatória de poço úmido e conjunto motor-bomba submerso. 8

Figura 3.5 Estação pressurizadora de conjunto motor-bomba submerso. 8

Figura 3.6 Vista geral de uma estação pressurizadora tipo Q. 9

Figura 3.7 Classificação geral de bombas. 10

Figura 3.8 Classificação detalhada de bombas. 11

Figura 3.9 Classificação das bombas centrífugas segundo a trajetória do líquido no

rotor. 12

Figura 3.10 Classificação de bombas pela rotação específica dos rotores em função

da potência hidráulica. 14

Figura 3.11 Classificação de bombas pela rotação específica dos rotores em função

da vazão de recalque. 15

Figura 3.12 Curvas características de bombas centrífugas. 16

Figura 3.13 Curvas características da bomba submersa BHS 813 Ebara. 17

Figura 3.14 Ponto de trabalho de uma bomba centrífuga. 18

Figura 3.15 Relações características de bombas centrífugas. 20

Figura 3.16 Efeito da variação de velocidade em bombas centrífugas. 21

Figura 3.17 Efeito da variação de velocidade em bombas centrífugas em função da

troca de diâmetro do rotor. 22


ix

Figura 3.18 Gráfico para estudo da cavitação com NPSHr desconhecido 26

Figura 3.19 Associação de bombas iguais em paralelo. 28

Figura 3.20 Associação de bombas centrífugas em série. 29

Figura 3.21 Classificação de motores elétricos. 30

Figura 3.22 Detalhes de um motor de indução trifásico. 32

Figura 3.23 Gráfico de variação de conjugado em função da rotação. 35

Figura 3.24 Esquema elétrico dos componentes de um inversor de freqüência. 37

Figura 3.25 Principais componentes de um inversor de freqüência. 38

Figura 3.26 Curva de torque constante. 40

Figura 3.27 Curva de torque variável. 40

Figura 3.28 Classificação de acionadores de velocidade de rotação variável. 42

Figura 3.29 Sistema de modulação de tensão tipo PWM. 45

Figura 3.30 Bombeamento direto para a rede de distribuição e reservatório a

jusante. 48

Figura 3.31 Bombeamento direto para a rede de distribuição e reservatório elevado

a jusante. 48

Figura 3.32 Bombeamento direto para a rede de distribuição localizada em área

elevada. 49

Figura 3.33 Bombeamento tipo booster. 49

Figura 3.34 Bombeamento direto na rede de distribuição sem reservatórios de

jusante. 49

Figura 3.35 Controle de vazão por estrangulamento de válvula. 51

Figura 3.36 Controle de vazão por by-pass na saída da bomba. 52

Figura 3.37 Controle por variação de velocidade do motor com aplicação de inversor

de freqüência. 53
x

Figura 3.38 Comparativo de redução de consumo de energia. 54

Figura 3.39 Variação do consumo de energia por vários métodos de controle de

vazão. 55

Figura 3.40 Gráfico de faixas de operação recomendadas para bombas e inversores

de freqüência. 56

Figura 3.41 Esquema operacional do setor Santana na situação inicial. 59

Figura 3.42 Esquema operacional do setor Santana na situação final. 60

Figura 3.43 Gráfico de pressões com rotação constante. 61

Figura 3.44 Gráfico de pressões com rotação variável. 62

Figura 4.1 Vista geral da estação elevatória de água bruta de São José dos

Campos. 66

Figura 4.2 Vista geral do poço, cavalete e quadro de comando do Poço P-104. 66

Figura 4.3 Vista geral dos floculadores e decantadores da ETA II. 67

Figura 4.4 Vista geral do reservatório semi-enterrado R34. 68

Figura 4.5 Vista geral dos reservatórios T25 – elevado e R33 - apoiado 68

Figura 4.6 Vista geral da estação pressurizadora - Booster – EPV / Hawai. 69

Figura 4.7 Esquema geral do sistema Galo Branco dentro do subsistema Eugênio

de Melo. 73

Figura 4.8 Vista geral do sistema Galo Branco com a estação pressurizadora tipo Q

e o reservatório apoiado R82. 74

Figura 4.9 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema Galo

Branco. 75

Figura 4.10 Esquema geral do sistema R49/65 do Jardim Morumbi. 76

Figura 4.11 Vista geral da estação pressurizadora tipo Q do Campo dos Alemães. 77
xi

Figura 4.12 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema

Campo dos Alemães. 77

Figura 4.13 Vista geral da estação pressurizadora tipo Q do Jd. Morumbi. 78

Figura 4.14 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema Jd.

Morumbi. 79

Figura 4.15 Vista geral da estação pressurizadora com conjunto motor-bomba

horizontal do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II. 79

Figura 4.16 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema Dom

Pedro I e Dom Pedro II. 80

Figura 4.17 Vista geral da mesa de controle operacional com operador, monitores

dos microcomputadores e sistema de rádio comunicação. 81

Figura 4.18 Esquema do sistema de supervisão ELIPSE E3. 82

Figura 4.19 Tela de operação de um sistema construída com ELIPSE E3 Studio. 84

Figura 4.20 Gráficos de dados históricos de um sistema supervisionado pelo Centro

de Controle Operacional. 85

Figura 4.21 Tela de dados exportados para planilha Excel® a partir do ELIPSE E3®.

86

Figura 4.22 Fluxograma de avaliação do uso adequado dos inversores de

freqüência. 88

Figura 4.23 Exemplo de método de análise gráfica. 92

Figura 5.1 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema R3\R4 –

Centro. 95

Figura 5.2 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do Sistema R82 –

Galo Branco. 96
xii

Figura 5.3 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do Sistema R49/R65

– Jardim Morumbi. 96

Figura 5.4 Curvas de variação de freqüência do sistema Galo Branco com inicio da

operação em 58 Hz. 98

Figura 5.5 Curvas de variação de freqüência do sistema Galo Branco por períodos

superiores a 10 horas de operação com freqüência média 58 Hz. 99

Figura 5.6 Curvas de variação de freqüência sem ajuste, dados sem tratamento do

sistema Campo dos Alemães. 101

Figura 5.7 Curvas de variação de freqüência, dados ajustados do sistema Campo

dos Alemães. 102

Figura 5.8 Curva padrão de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema

Campo dos Alemães. 103

Figura 5.9 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema Jardim

Morumbi. 105

Figura 5.10 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão, dados sem

tratamento do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II. 107


xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Comparação entre conjunto motor-bomba de rotação constante e


variável. 63
xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAB Adutora de água bruta

CCO Centro de Controle Operacional

CLP Controlador Lógico Programável

EBH Elevatória de água bruta, conjunto motor-bomba de eixo


horizontal
EBV Elevatória de água bruta, conjunto motor-bomba de eixo vertical
EEAB Estação Elevatória de Água Bruta

EPH Elevatória pressurizadora de água tratada, conjunto motor-bomba de


eixo horizontal, alimenta um reservatório
EPV Elevatória (pressurizadora) de água tratada, conjunto motor-bomba de
eixo vertical, alimenta um reservatório
ETA Estação de Tratamento de Água

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

ETH Elevatória de água tratada, conjunto motor-bomba de eixo horizontal,


alimenta rede e reservatório
ETV Elevatória de água tratada, conjunto motor-bomba de eixo vertical,
alimenta rede e reservatório
Excel Aplicativo computacional com planilhas de cálculo

IEEE Institute of Electrical and Eletronic Engineers

IPDt Índice de perdas totais por ramal na distribuição

RES Reservatório de abastecimento

RV Unidade de Negócio do Vale do Paraíba

Sabesp Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

TAU Tanque de Amortecimento Unidirecional

WaterCAD Aplicativo computacional de simulação hidráulica


xv

LISTA DE SÍMBOLOS

cv cavalo vapor

H altura manométrica total

mca metro de coluna de água

N rotação da bomba

Nq rotação específica de uma bomba centrífuga em função de vazão

Ns rotação específica de uma bomba centrífuga em função de potência

P potência da bomba

Q vazão

rpm rotações por minuto


1

1. INTRODUÇÃO

A evolução tecnológica dos inversores de freqüência para a variação da rotação dos

equipamentos de bombeamento, ocorrida a partir de 1980, em função do

desenvolvimento dos semicondutores de potência com excelentes características de

desempenho, confiabilidade e baixo custo, têm ocasionado alteração no sistema

tradicional de abastecimento de água.

A variação da rotação dos equipamentos de bombeamento através de inversores de

freqüência revelou-se a solução para a redução dos custos de implantação de

sistemas tradicionais de abastecimento, pois permitem o bombeamento direto ao

consumidor, portanto, com o uso do inversor de freqüência poderá ser eliminado o

tradicional reservatório elevado.

O controle de vazão pela aplicação de variadores de rotação sempre produziu um

consumo menor de energia elétrica, em comparação com os métodos tradicionais de

controle de vazão. Os inversores de freqüência por apresentarem melhor

rendimento, surgem então como a evolução da tecnologia da variação de rotação da

bomba em substituição aos tradicionais variadores de tensão, variadores

eletromagnéticos, variadores hidráulicos e variadores de resistência.

A Sabesp em 2004 consumiu 2.042 GWh correspondendo a 2,1% do consumo total

de energia do Estado de São Paulo (HAGUIUDA, 2005). Na Unidade de Negócio do

Vale do Paraíba da Sabesp, que compreende a operação de 24 municípios verifica-

se que a despesa de energia elétrica no ano de 2004 foi de 19,67% da despesa total
2

dessa Unidade de Negócio e a operação de bombas corresponde a 95% dessa

despesa com um consumo médio mensal de 3.325 MWh. As aplicações de

inversores de freqüência passaram assim a ter importância estratégica nas ações

operacionais, pois permitem a redução de custos pela redução do consumo de

energia e permitem o controle das pressões nas redes de distribuição de água.

O uso de inversores de freqüência elimina os bombeamentos com pressões

excessivas, que provocam arrebentamentos de redes e vazamentos de água. Os

controles de perdas são fundamentais para o gerenciamento da operação dos

sistemas de abastecimento de água, sendo o gerenciamento de pressões o principal

objetivo na cidade de São José dos Campos.

Para avaliar a eficiência da aplicação de inversores de freqüência, este trabalho

estuda quatro estações de bombeamento da cidade de São José dos Campos,

aplicando uma adaptação da metodologia de avaliação recomendada pelo

EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004), complementada com a análise

gráfica dos parâmetros de acompanhamento operacional, utilizados no Centro de

Controle Operacional da cidade.


3

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos:

• Verificar a eficiência da aplicação de inversores de freqüência em estações

elevatórias de água utilizadas em sistemas de bombeamento na cidade de

São José dos Campos.

• Avaliar a aplicação de metodologia proposta neste trabalho para a escolha de

inversores de freqüência em sistemas de bombeamento de água. Essas

metodologias compõem-se de um fluxograma e da análise gráfica dos dados

de sistemas estudados
4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Introdução

O bombeamento de água pode constituir um método econômico de se levar água a

todos os pontos de uma cidade onde a topografia não permite escoamento por

gravidade. Em muitos casos é mais econômico substituir o reservatório elevado por

estações de bombeamento. Segundo YASSUDA (1966), o problema está em

planejar adequadamente esse sistema de abastecimento, e poder tomar decisões

criteriosas sobre quando, onde e como fazer esse bombeamento.

As bombas geralmente são utilizadas para captar água bruta, na lavagem de filtros

em estações de tratamento de água (ETA), para abastecer reservatórios elevados,

para o abastecimento direto na rede ou reforço de pressão em setores críticos de

abastecimento de água.

Para o EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004), quando se projeta um

sistema de bombeamento, os requisitos de vazão e pressão têm que ser bem

estabelecidos, pois esses requisitos definem a seleção de bombas e motores.

Segundo HAESTED et al (2004), para evitar a pressurização constante das redes de

um sistema de distribuição de água em que a reservação não flutue, uma bomba de

velocidade variável pode ser razoavelmente eficiente no bombeamento direto de

água aos consumidores, embora não tão eficiente como uma bomba de velocidade

constante e um reservatório elevado corretamente dimensionado.


5

3.2 Estações elevatórias de água

Para TSUTIYA (2004), as estações elevatórias são partes essenciais dos sistemas

públicos de abastecimento de água, sendo utilizadas durante todo o processo de

captação, tratamento, reservação e distribuição da água.

Segundo CHIARA (1968), a estação elevatória compreende o conjunto de edifícios,

máquinas, equipamentos e aparelhos necessários para elevação de água, bruta ou

tratada, de um ponto para outro, com pressão e em quantidade adequada, a

qualquer momento.

Os principais componentes de uma estação elevatória de água estão detalhados na

Figura 3.1.

Figura 3.1 Componentes de uma estação elevatória.


Fonte: TSUTIYA (2004).

3.2.1 Tipos de estações elevatórias


6

Para TSUTIYA (2004), as estações elevatórias que recalcam água sem tratamento

são denominadas de estações elevatórias de água bruta e quando recalcam água

após tratamento são denominadas estações elevatórias de água tratada. Quando

são utilizadas para reforço da adução ou aumento da pressão na rede de

distribuição, as elevatórias são denominadas de “booster” ou estação

pressurizadora.

As elevatórias podem ser classificadas em elevatórias de poço seco (bombas fora da

água) ou elevatórias de poço úmido (bombas dentro da água). As estações

pressurizadoras ou “boosters” não dispõem de poço de sucção, sendo instaladas

diretamente nas adutoras ou redes principais de abastecimento de água.

Os tipos de conjunto motor-bomba para cada tipo de poço são:

(A) Estação elevatória de poço seco:

Conjunto motor-bomba de eixo horizontal (Figura 3.2).

Conjunto motor-bomba de eixo prolongado, bomba não submersa.

Conjunto motor-bomba de eixo vertical, bomba não submersa.

Conjunto motor-bomba auto escorvante.

(B) Estação elevatória de poço úmido:

Conjunto motor-bomba de eixo vertical, bomba submersa (Figura 3.3).

Conjunto motor-bomba submerso (Figura 3.4).

(C) Estação pressurizadora ou “booster”:

Conjunto motor-bomba de eixo horizontal.

Conjunto motor-bomba submerso (Figura 3.5).


7

Figura 3.2 Estação elevatória de poço seco e conjunto motor-bomba de eixo


horizontal.
Fonte: TSUTIYA (2004).

Figura 3.3 Estação elevatória de poço úmido e conjunto motor-bomba de eixo


vertical.
Fonte: TSUTIYA (2004).
8

Figura 3.4 Estação elevatória de poço úmido e conjunto motor-bomba


submerso.
Fonte: TSUTIYA (2004).

Figura 3.5 Estação pressurizadora de conjunto motor-bomba submerso.


Fonte: Sabesp (2006).
9

Este estudo avaliou sistemas com características de estações pressurizadoras ou

“boosters”, desenvolvidos em tubulões fechados com diâmetros pouco superiores ao

das bombas submersas utilizadas e denominadas estações pressurizadoras tipo “Q”

(Figura 3.6).

Figura 3.6 Vista geral de uma estação pressurizadora tipo Q.

Segundo TSUTIYA (2004), inicialmente essas estações apesar de terem custo de

implantação menor tinham custo de manutenção maior (principalmente por queima

de motor), vindo a sofrer uma grande melhoria operacional com o uso de inversores

de freqüência.

3.2.2 Bombas centrífugas


10

• Classificação das bombas

As bombas são classificadas em cinéticas ou de deslocamento positivo, conforme se

observa na Figura 3.7. As bombas cinéticas fornecem energia à água sob a forma de

velocidade, transformando essa velocidade do fluido dentro das bombas em energia

de pressão, fazendo com que esse fluido atinja cotas mais elevadas.

Nas bombas de deslocamento positivo não há troca de energia interna na massa

líquida. O líquido sofre uma pressão interna e por estar confinado desloca-se de uma

posição estática para outra mais elevada. A vazão é proporcional à velocidade do

acionador da máquina. Essas bombas, não são utilizadas no sistema de

abastecimento de água de São José dos Campos, e por isso, não serão objeto deste

estudo. As bombas estudadas neste trabalho são bombas centrífugas de fluxo radial

ou fluxo misto.

Figura 3.7 Classificação geral de bombas.


Fonte: TSUTIYA (2004).
11

A Figura 3.8 apresenta a classificação mais detalhada de bombas centrífugas e

bombas de deslocamento positivo.

Auto-escorvante
Sucção
simples Rotor fechado
Único
Fluxo radial estagio
ou misto Rotor aberto
Estágios
Dupla multiplos
sucção

Único
estágio Rotor fechado
Fluxo axial Passo fixo
Estágios
multiplos Rotor aberto
Centrífugas Passo variável

Único
estagio Auto-escorvante
Periférica
Estágios
multiplos Não auto-escorvante

Embalagem rotativa (pitot)

BOMBAS
Simplex
Fluido
duplo efeito
Pistão /
Êmbolo Multiplex

Simplex
Simples
Efeito Duplex
Alternativas Energia
Duplo Triplex
efeito

Multiplex

Simplex Operação por fluido


Diafragama
Deslocamento Multiplex Operação mecânica
Positivo

Palheta
Tubo
Membro flexível Guia

Rotor Unico Palheta


Parafuso

Rotativas Peristáltica

Cavidade progressiva
Axial

Pistão
Radial

Externa
Engrenagem
Interna
Rotor Lóbulo
Multiplo

Pistão periférico

Parafuso

Figura 3.8 Classificação detalhada de bombas.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).
12

• Classificação das bombas centrífugas

As bombas centrífugas classificam-se segundo a trajetória do líquido no rotor, de

acordo com a disposição do conjunto motor-bomba e em função da sua rotação

específica.

Pelo critério da trajetória do líquido no rotor, classificam-se em bombas centrífugas

de fluxo radial, de fluxo axial e de fluxo misto. A Figura 3.9 apresenta a classificação

das bombas centrífugas segundo a trajetória do líquido no rotor.

Figura 3.9 Classificação das bombas centrífugas segundo a trajetória do líquido no


rotor.
Fonte: TSUTIYA (2004).

As bombas de fluxo radial são aquelas em que o formato do rotor impõe um

escoamento do líquido, preponderantemente, no sentido centrífugo radial. Os rotores


13

podem ser de sucção simples ou de dupla sucção. Essas bombas são empregadas

onde se exige grande altura de elevação e vazão relativamente pequena.

Nas bombas de fluxo axial o formato do rotor impõe um escoamento no sentido axial

e são empregadas para recalcar grandes vazões e pequena altura de elevação.

Quando o formato do rotor impõe um escoamento simultâneo nos sentidos axial e

radial tem-se bombas de fluxo misto, que são empregadas nos casos em que a

altura de elevação seja relativamente baixa e a vazão elevada.

Na classificação conforme a disposição do conjunto motor-bomba, tem-se o conjunto

motor-bomba de eixo horizontal, o conjunto motor-bomba de eixo vertical (bombas

submersas e bombas não submersas) e o conjunto motor-bomba submerso.

PORTO (2004) e TSUTIYA (2004) definem rotação específica como a rotação

(em rpm) em que uma bomba, de uma dada geometria, produz uma vazão

unitária (1 m3/s) contra uma altura manométrica unitária (1 m), nas condições de

máximo rendimento e expressa de forma geral pela equação (1):

1f
f
f
Nf
f
fBQ
f
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
f2
fff
f
Nq = 3f
f
f (1)
H4

sendo: Nq = rotação específica, rpm;

N = rotação da bomba, rpm;

Q = vazão, m3/s;

H = altura manométrica total, m.


14

PORTO (2004) também define a rotação específica como a rotação (em rpm) em

que uma bomba de uma dada geometria desenvolve uma unidade de potência (1cv)

sob uma altura manométrica unitária (1m), nas condições de máximo rendimento e

expressa de forma geral pela equação (2).

1f
ff
NfB Pf 2
Ns = ff
ff
ff
f
ff
fff
5f
ff
ff
f
ff
ff
(2)
H4

sendo Ns = rotação específica, rpm;

N = rotação da bomba, rpm;

P = potência, cv;

H = altura manométrica total, m.

As classificações das bombas em função da rotação específica de seus rotores são

apresentadas nas Figuras 3.10 e 3.11.

Figura 3.10 Classificação de bombas pela rotação específica dos rotores em função da
potência hidráulica.
Fonte: PORTO (2004).
15

Figura 3.11 Classificação de bombas pela rotação específica dos rotores em função da
vazão de recalque.
Fonte: TSUTIYA (2004).

• Curvas características de bombas

As bombas centrífugas são máquinas projetadas e construídas para trabalhar na

mesma rotação, sob diferentes condições de vazão e de altura manométrica. Essas

condições são representadas em curvas características conforme a Figura 3.12.

Existe, entretanto, uma interdependência bem definida entre esses valores de vazão

e altura manométrica, que é obtida através de ensaios feitos nos laboratórios dos

fabricantes.
16

Figura 3.12 Curvas características de bombas centrífugas.


Fonte: TSUTIYA (2004).

É comum o fabricante fornecer as curvas características de seus produtos para

diversos diâmetros de rotor, relacionando altura manométrica (H), a potência

necessária (P) e o rendimento (η) em função da vazão (Q), conforme se observa na

Figura 3.13,

O conhecimento das curvas características é de fundamental importância, pois cada

bomba é projetada basicamente para elevar uma determinada vazão (Q) a uma

altura manométrica total (H) em condições de máximo rendimento. O ponto de

operação de uma bomba centrífuga é a intersecção da curva da bomba com a curva

do sistema (Figura 3.14).


17

Figura 3.13 Curvas características da bomba submersa BHS 813 Ebara.


Fonte: EBARA (2006).
18

Figura 3.14 Ponto de trabalho de uma bomba centrífuga.


Fonte: TSUTIYA (2004).

• Relações características de bombas centrífugas

Existem certas relações que permitem obter as curvas características das bombas

para uma rotação diferente daquela cujas curvas características são conhecidas.

Outras relações permitem predizer as novas curvas características de uma bomba

se for reduzido o diâmetro do rotor, dentro de limites que dependem do tipo da

bomba (TSUTIYA 2004).

a) Variação da rotação da bomba


19

Segundo MACINTYRE (1987), SANKS (1998) e TSUTIYA (2004) para uma bomba

centrífuga com um mesmo rotor, girando com velocidades diferentes, são válidas as

seguintes relações:

Qf
f
ff
1f
f
ff N
f
ff
f
ff
f
ff
= 1 (3)
Q2 N 2

h i2
H
f
ff
f
f1f
f
ffj N
f
ff
f
ff
f
ff
= 1k (4)
H2 N2

h i3
Pf
f
f1f
f
ffj N
f
ff
f
ff
f
ff
= 1k (5)
P2 N 2

sendo N1 e N2 = velocidade de rotação da bomba;

Q1 e Q2 = vazão relativa a rotação da bomba;

H1 e H2 = altura manométrica total relativa a rotação da bomba;

P1 e P2 = potência consumida da bomba relativa a rotação da bomba.

Essas relações, conhecidas como leis da semelhança, são utilizadas para se

determinar o efeito da variação da rotação na vazão, altura e potência de uma

bomba (TSUTIYA 2004).

A Figura 3.15, apresenta as leis de semelhança num sistema cuja bomba varia suas

características pela variação de sua velocidade de rotação. Essa figura apresenta a

interseção das curvas características da bomba com curvas características do

sistema, para rotações N1, N2 e N3, resultando nos pontos: A1, A2, A3, B1, B2, B3, C1,

C2, C3, D1, D2 e D3.


20

TSUTIYA (2004) verificou que o rendimento (η) tende a decrescer com a diminuição

da rotação, mas em uma faixa de ± 20% da rotação inicial (η1, η2, η3), praticamente

não se observam alterações significativas do rendimento (η).

Figura 3.15 Relações características de bombas centrífugas.


Fonte: TSUTIYA (2004).

Segundo EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) os relacionamentos

quadráticos e cúbicos da altura manométrica total e da potência consumida implicam

em que pequenas mudanças na velocidade geram significativas mudanças nesses

parâmetros.
21

A Figura 3.16 mostra o efeito da variação da velocidade no desempenho de uma

bomba centrífuga. Conforme se observa nessa figura, para cada mudança de

rotação o rendimento da bomba permanece constante.


ALTURA MANOMÉTRICA

POTÊNCIA
VAZÃO

Figura 3.16 Efeito da variação de velocidade em bombas centrífugas.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

b) Com variação do diâmetro do rotor

A troca de rotores com a diminuição dos seus diâmetros, também segue as leis de

semelhança, conforme apresentado a seguir:

Qf
f
ff
1f
f
ff D
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
= R1 (6)
Q2 DR2

h i2
H
f
ff
f
f1f
f
ffj D
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
= R1 k (7)
H2 DR2
22

h i3
Pf
f
f1f
f
ffj D
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
= R1 k (8)
P2 DR2

onde: Q1 e Q2 = vazão relativa aos diâmetros do rotor;

DR1 e DR2 = diâmetros do rotor inicial e final;

H1 e H2 = altura manométrica total relativa aos diâmetros do rotor;

P1 e P2 = potência consumida da bomba relativa aos diâmetros do rotor.

Segundo a EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) o rendimento das

bombas varia com a alteração do diâmetro do rotor usando a mesma carcaça da

bomba. As mudanças no diâmetro dos rotores geralmente se limitam a uma redução

máxima de até 75% do diâmetro original, correspondendo a uma redução

aproximada de 50% da altura manométrica total. A Figura 3.17 apresenta o efeito de

variação dos diâmetros dos rotores no desempenho de uma bomba centrífuga.


ALTURA MANOMÉTRICA

POTÊNCIA

VAZÃO

Figura 3.17 Efeito da variação de velocidade em bombas centrífugas em função


da troca de diâmetro do rotor.
Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).
23

• Cavitação

Para TSUTIYA (2004), cavitação constitui um fenômeno universal em hidráulica, que

pode ocorrer tanto em estruturas fixas (válvulas, orifícios, bocais, etc.), como em

máquinas hidráulicas (bombas e turbinas). O perigo potencial da cavitação ocorre

quando as bombas operam com altas velocidades de rotação e capacidade superior

àquela relativa ao seu ponto ótimo de funcionamento.

Quando a pressão absoluta, à entrada do rotor, é menor que a pressão do vapor do

líquido em bombeamento, tem-se a formação de bolhas de vapor e essas bolhas, ao

entrarem em uma zona de maior pressão, implodem abruptamente ocasionando

espaços vazios dentro do líquido. Isto ocasiona o aparecimento de microjatos de

água com grande quantidade de energia que vão ocupar esses espaços. Se os

vazios estiverem muito próximos às paredes do rotor, os microjatos de água

chocam-se violentamente com essas paredes, causando danos ao rotor (TSUTIYA,

1989).

Para verificar ou não a ocorrência da cavitação, determina-se o NPSHd (disponível)

no sistema e o NPSHr (requerido) pela bomba. PORTO (2004) define que o NPSHd

(disponível) é a energia que o líquido possui em um ponto imediatamente antes do

flange de sucção da bomba, acima de sua pressão de vapor e o NPSHr (requerido) é

a energia requerida pelo líquido para chegar a partir do flange de sucção e vencendo

as perdas de carga dentro da bomba, ao ponto onde ganhará energia e será

recalcado.
24

O NPSHd pode ser determinado pela equação (9):

Pf f Pf
NPSHd = Hg ,s @ ΣΔHs + f
ff
ff
ff
f
ff
f
@ fff
ff
ff
ff
f
ff
f
fff
atm vapor
(9)
γ γ

onde : NPSHd = carga de sucção positiva disponível, m;

Hg, s = altura estática de sucção: positiva quando a bomba está

afogada e negativa em caso contrário, m;

Σ Δ Hs = somatória de todas as perdas de carga até o flange de

sucção, m;

Patm = pressão atmosférica, N/m2;

Pvapor = pressão de vapor de água, N/m2;

γ = peso específico da água, N/m3.

As leis de semelhança também podem ser aplicadas ao NPSHr da bomba, cujas

relações são apresentadas nas equações (10) e (11).

Qf
f
ff
1f
f
ff N
= f
ff
ff
1f
f
ff
(10)
Q2 N 2
h i2
NPSH
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
rf
f
1f
f
ffj N
= fff
f
f1f
f
ff
k (11)
NPSH r2 N2

onde N1 e N2 = velocidade de rotação da bomba;

Q 1 e Q2 = vazão relativa a rotação da bomba;

NPSHr1 e NPSHr2 = energia requerida pela bomba.


25

Para PORTO (2004), com um mesmo diâmetro, comprimento e rugosidade do

material da instalação, o NPSHd (disponível) é uma função decrescente com a

vazão, enquanto que, o NPSHr (requerido) pela bomba é uma função crescente com

a vazão.

TSUTIYA (2004) recomenda uma folga entre o NPSHr e o NPSHd de 0,50 m ou uma

diferença de 20% entre os dois. SANKS (1998) conclui que, para eliminar

inteiramente a possibilidade da cavitação, o NPSHd deve ser duas a cinco vêzes

superior ao NPSHr.

Como o NPSHr depende de elementos do projeto da bomba e de sua vazão, pode-

se deparar com situações em que se desconhece esses valores. Para essa situação,

TSUTIYA (2004) recomenda o cálculo do coeficiente de cavitação ou coeficiente de

Thoma ( σ ) definida equação (12).

σ= NPSH
ff
f
ff
f
ff
f
f
H
f
f
ff
f
ff
f
ff
rf
f
ff
(12)

onde (H) é a altura manométrica total do sistema. O valor de ( σ ) depende

principalmente da rotação específica da bomba (Nq). Na Figura 3.18 pode-se efetuar

a verificação no gráfico de Thoma ( σ ) em função da rotação específica (Nq).


26

Figura 3.18 Gráfico para estudo da cavitação com NPSHr desconhecido


Fonte: TSUTIYA 2004

• Seleção de bombas

Em projetos de abastecimento urbano geralmente a demanda prevista cresce ao

longo do tempo e a vazão no final do projeto será a sua vazão máxima. Nesses

casos, para PORTO (2004), é antiecônomico dimensionar bombas centrífugas para

a situação de vazão máxima, devendo recorrer à associação de duas ou mais

bombas em série ou em paralelo. TSUTIYA (2004) recomenda utilizar períodos de

projetos de 20 anos e estabelecer as etapas de implantação das bombas centrífugas

previstas nos projetos.


27

Para a seleção dos conjuntos motor-bomba é necessária a análise das curvas do

sistema elevatório, o tipo de operação do sistema de bombeamento e as bombas

disponíveis no mercado. Os tipos de operação considerados em relação às etapas

de implantação podem ser com uma única bomba, com bombas em série ou com

bombas em paralelo.

a) operação com uma única bomba

Na operação com uma única bomba, o ponto de operação do sistema de

bombeamento é escolhido pesquisando nas curvas características das bombas

aquela que eleva a vazão de projeto à sua altura manométrica, operando o mais

próximo possível de seu ponto de melhor rendimento.

Para TSUTIYA (2004), com as possíveis variações de nível dos poços de sucção e,

em alguns casos, da variação das perdas de carga ao longo do tempo por

envelhecimento da tubulação, a análise do sistema elevatório para uma única

bomba, deve ser feita com famílias de curvas que levem em conta esses fatores.

b) operação com duas ou mais bombas em paralelo

Em elevatórias, geralmente tem-se duas bombas ou mais bombas operando

individualmente ou em paralelo, enviando o líquido bombeado através de uma única

tubulação de recalque.

Na associação em paralelo de duas bombas iguais, cada bomba será responsável

por uma parcela da vazão total recalcada conforme mostra a Figura 3.19.
28

Figura 3.19 Associação de bombas iguais em paralelo.


Fonte: Adaptado de MACINTYRE (1987).

O ponto de intersecção da curva H x Q das bombas com a curva H x Q do sistema

elevatório, definem os pontos de operação das bombas, estabelecendo as vazões e

as alturas manométricas de recalque.

A escolha das bombas deve então ser feita pesquisando nas curvas características

das bombas disponíveis, aquela bomba que eleva a parcela de vazão total a ser

recalcada à altura manométrica do sistema elevatório, correspondente a vazão total

de projeto, operando próximo de seu ponto de melhor rendimento.

Considerando que em um sistema com várias bombas em paralelo, suas condições

de operação podem variar sensivelmente em função do número de bombas em

operação simultânea, fazendo com que o ponto de operação de cada uma delas se

afaste de seu ponto de melhor rendimento, TSUTIYA (2004) recomenda que, o

projeto do sistema deve ser feito de tal modo que nas condições mais desfavoráveis,

a vazão de cada bomba não saia dos limites de 60% a 120% da vazão

correspondente ao ponto de maior rendimento dessa bomba.


29

c) operação com duas ou mais bombas em série

Para TSUTIYA (2004), a associação de duas ou mais bombas centrífugas em série,

pode ser instalada em uma única estação elevatória ou em pontos escolhidos ao

longo da linha de recalque.

Nessa associação, cada uma das bombas centrífugas será responsável por uma

parcela da altura manométrica total para uma mesma vazão total de recalque. A

Figura 3.20 apresenta a associação de bombas em série, onde a altura manométrica

total (H) é a somatória das alturas parciais (HÁ) e (HB) das bombas A e B para a

mesma vazão (QP).

Figura 3.20 Associação de bombas centrífugas em série.


Fonte: MACINTYRE (1987).
30

3.2.3 Motores elétricos

• Classificação de motores elétricos

Os motores elétricos são máquinas destinadas a transformar energia elétrica em

energia mecânica. Os tipos mais comuns são os motores de corrente contínua e os

de corrente alternada. A Figura 3.21 apresenta a classificação de motores segundo

EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

Figura 3.21 Classificação de motores elétricos.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

Os motores de corrente contínua são utilizados em aplicações que exigem ajuste

fino e controle preciso de velocidade. Para seu funcionamento utilizam uma fonte de

corrente contínua, ou um dispositivo que converta a corrente alternada comum em


31

corrente contínua. Devido ao seu alto custo sua aplicação é restrita a casos

especiais e raramente utilizados em estações elevatórias de água.

Os motores de corrente alternada são mais comuns em função da distribuição de

energia ser realizada em corrente alternada. No saneamento são os mais

empregados e são divididos em dois tipos: os de indução ou assíncronos e os

síncronos.

Para WEG (2006), os motores síncronos funcionam com velocidade fixa e são

utilizados somente para grandes potências (devido ao seu alto custo em tamanhos

menores) ou quando se necessita de velocidade invariável. Já os motores de

indução ou assíncronos funcionam com velocidade constante, que varia ligeiramente

com a carga mecânica aplicada ao eixo. Atualmente é possível controlar a

velocidade dos motores de indução assíncronos com o auxílio de inversores de

freqüência.

Os motores assíncronos ou de indução são os mais usados, porque combinam as

vantagens da utilização de energia elétrica com baixo custo, a facilidade de

transporte, a limpeza e simplicidade de comando por sua construção simples, o seu

custo reduzido, e sua grande versatilidade de adaptação às cargas dos mais

diversos tipos e melhores rendimentos (WEG, 2006).

Os motores de indução trifásicos podem ser de rotor em gaiola ou de rotor bobinado.

Como os inversores de freqüência são utilizados em motores de indução trifásico

com rotor em gaiola, esse motor será apresentado com maiores detalhes a seguir.
32

• Motor de indução com rotor em gaiola

O motor de indução trifásico (Figura 3.22) é composto fundamentalmente de duas

partes: estator e rotor. O que caracteriza o motor de indução é que só o estator é

ligado à rede de alimentação. O rotor não é alimentado externamente e as correntes

que circulam nele, são induzidas eletromagneticamente pelo estator, razão pela qual

é denominado motor de indução.

Figura 3.22 Detalhes de um motor de indução trifásico.


Fonte: WEG (2006).

Segundo a WEG (2006), os motores de indução de gaiola ou de anel, de baixa e

média tensão, encontram vasto campo de aplicação, notadamente nos setores de

siderúrgica, mineração, papel e celulose, saneamento, químico e petroquímico, e de

cimento. São os mais empregados em qualquer aplicação industrial, devido à sua

construção robusta e simples, além de ser a solução mais econômica, tanto em

termos de motores como de comando e proteção.


33

Atualmente, o uso desse tipo de motor com controle de rotação é bastante comum,

sendo utilizado o inversor de freqüência para a variação da rotação. Uma das

vantagens da utilização do inversor é que mesmo em sistemas em operação, não há

necessidade de troca de motor para sua instalação (TSUTIYA, 2004).

• Variação de rotação de motores de indução

PUCCINELLI (1968) definiu que os motores síncronos são assim denominados

porque sua velocidade está em sincronismo com a freqüência da rede de

alimentação, dependendo unicamente dessa freqüência e do número de pólos e

independendo da carga que deva vencer.

A rotação síncrona é obtida pela equação (13):

120 B ff
Ns = ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
f f
ff
(13)
p

onde : Ns = rotação síncrona, rpm;

f = freqüência, Hz;

‘ p = número de pólos.

Segundo LOBOSCO e DIAS (1988) apud TSUTIYA(2004), em geral os motores

síncronos são interessantes para potências acima de 300 cv e são quase exclusivos

em potências superiores a 15.000 cv.


34

Segundo TSUTIYA (2004), os motores de indução apresentam velocidade de

rotação com valores de 2% a 5% menores do que a rotação dos motores síncronos.

A diferença entre a velocidade do motor (Nr) e a velocidade síncrona (Ns), chama-se

escorregamento (s), que pode ser expresso em rpm, ou como fração da velocidade

síncrona, ou como porcentagem desta. A equação (14) apresenta o

escorregamento em porcentagem da rotação síncrona.

Nf @ N
s= f
ff
f
sf
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
f
rf
f
f
(14)
Ns

onde : Ns = rotação síncrona, rpm;

Nr = rotação do motor, rpm;

s = escorregamento,% da rotação síncrona.

A equação (15) apresenta a relação entre rotação, freqüência, número de pólos e

escorregamento.

` a
120
f
f
ff
f
ff
f
fff
f
f
ff
f1f
f
f
ff
f@s
f
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
ff
f
Nr = = NS 1 @s
` a
(15)
p

WEG (2006) define que o motor de indução tem conjugado ou torque igual a zero à

velocidade síncrona e à medida que a carga vai aumentando, a rotação do motor vai

caindo gradativamente, até um ponto em que o conjugado atinge o valor máximo

que o motor é capaz de desenvolver em rotação normal. Se o conjugado da carga

aumentar mais, a rotação do motor cai bruscamente, podendo chegar a travar o


35

rotor. A Figura 3.23 apresenta a variação do conjugado com a velocidade para um

motor normal.

Figura 3.23 Gráfico de variação de conjugado em função da rotação.


Fonte: WEG (2006).

• Potência de motores elétricos

TSUTIYA (2004) recomenda considerar quatro aspectos da potência de um motor

elétrico: a puramente mecânica, a nominal, a absorvida da rede elétrica e a

admissível. A potência puramente mecânica de um motor elétrico será sempre a

potência mecânica no seu eixo porque depende de seu torque e da rotação

correspondente. A potência nominal será a potência mecânica que pode ser

fornecida contínuamente sob condições de tensão e freqüência nominais. A potência

admissível é aquela que se pode solicitar contínuamente do motor sem prejudicar

seu isolamento por aumento da temperatura de operação. A potência absorvida da


36

rede é diferente da potência nominal e é função do rendimento do motor conforme

equação (16):

Pf
f
ff
f
ff
ff
f
Pe = m
ηm (16)

sendo: Pe = potência elétrica absorvida da rede, W;

Pm = potência mecânica fornecida pelo motor no eixo, W;

η m = rendimento do motor.

3.3 Inversores de freqüência

No início da década de 70, os sistemas de variação de velocidade tradicionais eram

os variadores mecânicos, os variadores hidráulicos e os variadores

eletromagnéticos. Os variadores mecânicos utilizavam além dos motores de

indução, outros dispositivos para efetivar a redução da velocidade, tais como, polias,

correias ou correntes. Os variadores hidráulicos do tipo hidrocinético operavam

através de acoplamentos hidráulicos. Os variadores eletromagnéticos mudaram os

conceitos da variação exclusivamente mecânica utilizando um sistema de discos

acoplados a bobinas que podiam ter seu campo magnético variável, e assim,

variando-se o torque, variava-se também a velocidade na saída do variador (WEG,

2002).
37

O inversor de freqüência é um equipamento elétrico capaz de produzir uma variação

dos valores da freqüência elétrica que alimenta o motor, produzindo uma variação da

sua rotação ou velocidade (TSUTIYA, 2004).

Para possibilitar a operação do motor com torque constante para diferentes

velocidades, deve-se variar a tensão proporcionalmente com a variação da

freqüência mantendo desta forma o fluxo constante. A variação da tensão e da

freqüência é feita linearmente até a freqüência base (nominal) do motor. Acima

desta, a tensão que já é a nominal permanece constante e há então apenas a

variação da freqüência que é aplicada ao enrolamento do estator (WEG, 2006).

A WEG (2006) descreve o esquema de funcionamento de um inversor e de seus

componentes principais conforme representado no esquema elétrico da Figura 3.24,

sendo:

I - Circuito Retificador (ponte retificadora a diodos);

II - Circuito Intermediário (filtro capacitivo);

III - Circuito Inversor (chave eletrônica, neste caso formada por transistores).

Figura 3.24 Esquema elétrico dos componentes de um inversor de freqüência.


Fonte: WEG (2006).
38

O circuito retificador (I) transforma a tensão alternada de entrada (R, S, T) em tensão

contínua que é filtrada no circuito intermediário (II). Está tensão contínua alimenta o

circuito inversor (III). Através de tiristores ou transistores, o circuito inversor fornece

um sistema de corrente alternada (U, V, W) de freqüência e tensão variáveis. Deste

modo, um motor de indução trifásico acoplado pode ser operado com variação de

velocidade. Na Figura 3.25 estão detalhados os seus principais componentes.

Figura 3.25 Principais componentes de um inversor de freqüência.


Fonte: WEG (2006).

O uso de motores elétricos de indução alimentados por inversores de freqüência

para acionamentos de bomba tem crescido significativamente nos últimos anos em

virtude das vantagens inerentes proporcionadas por está aplicação, tais como, a

facilidade de controle, a economia de energia, a redução no preço dos inversores e

pelo desenvolvimento de componentes eletrônicos cada vez mais baratos.

As características construtivas de um motor de indução alimentado por uma rede

senoidal são determinadas em função das características desta rede, das

características da aplicação e das características do ambiente do local da instalação.

No entanto, quando alimentado por inversor de freqüência, também as


39

características próprias do inversor exercem significativa influência sobre o

comportamento do motor, determinando-lhe novas características construtivas ou de

operação.

A influência sobre as características construtivas do motor alimentado por inversor

de freqüência está relacionada com o tipo de aplicação, mais especificamente com a

faixa de velocidade no qual o motor irá trabalhar. Portanto, existem diferenças na

maneira de especificar um motor de indução sem variação de velocidade alimentado

por uma rede senoidal e um motor com variação de velocidade alimentado por

inversor de freqüência.

TSUTIYA (2004) ressalta os cuidados que devem ser tomados com a escolha do

motor que irá trabalhar com inversor de freqüência. O inversor deverá ter sempre a

sua corrente nominal igual ou maior que a corrente nominal do motor porque um

mesmo inversor poderá ter várias correntes nominais diferentes em função do tipo

de carga e da freqüência de chaveamento.

WEG (2002) define que normalmente existem dois tipos de carga: torque constante

e torque variável. A carga tipo torque constante é aquela onde o torque permanece

constante ao longo de toda a faixa de variação de velocidade (Figura 3.26), como

por exemplo, correias transportadoras, extrusoras, bombas de deslocamento

positivo, elevação e translação de cargas. A carga tipo torque variável é aquela onde

o torque aumenta com o aumento da velocidade (Figura 3.27), como é o caso de

bombas e ventiladores centrífugos.


40

Figura 3.26 Curva de torque constante.


Fonte: WEG (2002).

Figura 3.27 Curva de torque variável.


Fonte: WEG (2002).
41

Segundo a WEG (2006), os inversores especificados para cargas com torque

variável não necessitam de uma grande capacidade de sobrecarga (10% a 15% é

suficiente) e por isso, a sua corrente nominal pode ser maior. Os mesmos

inversores, se aplicados em uma carga com torque constante, necessitam de uma

capacidade de sobrecarga maior (normalmente 50%) e, portanto, a sua corrente

nominal será menor.

A freqüência de chaveamento influi na corrente nominal do inversor, pois quanto

maior a freqüência de chaveamento do inversor, mais a corrente se aproxima de

uma senóide perfeita e, por isso, o ruído acústico de origem magnética gerado pelo

motor é menor. Por outro lado, as perdas no inversor são maiores devido ao

aumento na freqüência de operação dos transistores (perdas devido ao

chaveamento). Normalmente, a corrente nominal é especificada para uma

temperatura máxima de 40ºC e uma altitude máxima de 1000 m. Acima destes

valores deve-se aplicar um fator de redução na corrente nominal (WEG, 2006).

A tensão nominal do inversor é a mesma do motor e para uma alimentação trifásica

deve-se cuidar para que o desbalanceamento entre fases não seja maior do que 2%,

uma vez que um desbalanceamento maior pode provocar um grande

desbalanceamento de corrente na entrada, danificando os diodos de entrada.

Para a WEG (2006), a questão das harmônicas na maioria dos casos é possível de

se resolver atendendo à norma IEEE STD 519/92, desde que se coloque na entrada

do inversor uma reatância de rede dimensionada para uma queda de tensão de 4%


42

em relação à tensão fase-neutro, com corrente nominal, e desde que a potência total

dos inversores instalados não ultrapasse a 20% da potência total da instalação.

3.3.1 Tipos de equipamentos de velocidade variável

• Classificação

A Figura 3.28 apresenta os tipos de acionadores de velocidade de rotação variável.

Figura 3.28 Classificação de acionadores de velocidade de rotação variável.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

Os inversores de freqüência podem ser aplicados tanto em motores de corrente

contínua como em motores de corrente alternada. Neste trabalho são detalhados os


43

inversores de freqüência utilizados em motores de corrente alternada do tipo indução

assíncrono com rotor de gaiola, pois compreendem a quase totalidade dos motores

empregados em elevatórias de água e esgoto.

• Funcionamento de inversores de freqüência

De acordo com MATHEUS (2006), a grande maioria dos inversores de freqüência

usados pela indústria para controlar a velocidade de motores elétricos trifásicos de

corrente alternada são desenvolvidos de acordo com dois princípios:

a) sem um circuito intermediário conhecidos com conversores diretos e;

b) com um circuito intermediário variável ou fixo.

Para MATHEUS (2006), os circuitos intermediários podem ser tanto em corrente

contínua como em tensão contínua e são conhecidos como inversores com fonte de

corrente ou inversores com fonte de tensão.

O inversor é o último componente do circuito intermediário antes da conexão ao

motor. No circuito intermediário o inversor pode receber:

- corrente contínua variável;

- tensão contínua variável;

- tensão contínua constante.

Segundo MATHEUS (2006), em todos os casos o inversor assegura que a saída

para o motor se torna variável. Em outras palavras, a freqüência para o motor é


44

gerada no inversor. Se a corrente ou tensão são variáveis, o inversor gera apenas a

freqüência. Se a tensão é constante o inversor gera a tensão e a freqüência.

MATHEUS (2006) descreve que, em inversores com circuitos intermediários de

tensão constante ou variável, existem seis componentes chaveadores e

independentemente do tipo de semicondutor utilizado. O circuito de controle chaveia

os semicondutores utilizando técnicas de modulação, mudando dessa forma, a

freqüência de saída do inversor.

A primeira técnica de modulação trabalha com tensão ou corrente variável no circuito

intermediário. Os intervalos em que os semicondutores individualmente são

conduzidos são colocados numa seqüência que é usada para se obter as

freqüências de saída desejadas. Essa seqüência de chaveamento é controlada pela

amplitude da tensão ou corrente do circuito intermediário. Utilizando-se um oscilador

controlado por tensão, a freqüência sempre obedece a amplitude da tensão. Esse

tipo de inversor é chamado de PAM (Pulse Amplitude Modulation ou Modulação por

Amplitude de Pulso).

A outra técnica usa um circuito intermediário de tensão constante. A tensão no motor

é conseguida aplicando-se a tensão do circuito intermediário por períodos mais

longos ou mais curtos.

A freqüência é mudada através da variação dos pulsos de tensão ao longo do eixo

do tempo, positivamente para meio período e, negativamente, para o outro meio

período. Como a técnica muda a largura dos pulsos de tensão, é denominada de


45

PWM (Pulse Width Modulation ou Modulação por Largura de Pulso), sendo essa a

técnica mais utilizada no controle dos inversores. A Figura 3.29 apresenta

esquematicamente o sistema de modulação por pulso.

Figura 3.29 Sistema de modulação de tensão tipo PWM.


Fonte: WEG (2006).

WEG (2006) define que se pode dividir a forma de controle de um inversor em dois

tipos: escalar e vetorial.

O controle escalar é aquele que impõe no motor uma determinada tensão/

freqüência, visando manter essa relação tensão/freqüência constante. A sua

principal característica é a precisão da velocidade no motor em função do

escorregamento, que varia em função da carga.


46

O controle vetorial possibilita atingir um elevado grau de precisão e rapidez no

controle tanto do torque quanto da velocidade do motor. O nome vetorial advém do

fato que para ser possível este controle, é feita uma de composição vetorial da

corrente do motor nos vetores que representam o torque e o fluxo no motor, de

forma a possibilitar a regulação independente do torque e do fluxo.

O controle vetorial pode ainda ser dividido em dois tipos: o normal e o sem sensor de

velocidade. O controle vetorial normal necessita ter no motor um sensor de

velocidade (por exemplo, um codificador incremental). Este tipo de controle permite

a maior precisão possível no controle da velocidade e do torque, inclusive com o

motor parado. No controle vetorial sem sensor de velocidade a precisão é quase tão

boa quanto à do controle vetorial normal, mas com maiores limitações

principalmente em baixíssimas rotações e velocidade zero.

Para motores de indução de rotor de gaiola há mais dois tipos de inversores, o de

fonte de corrente CSI (Current Source Inverter) e o de Matriz. O inversor do tipo

fonte de corrente CSI trabalha com o mesmo circuito do inversor de fonte de tensão

PWM (Pulse Width Modulation) só que a modulação é feita a partir de uma fonte de

corrente constante. Segundo a EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) esse

inversor apresenta perdas maiores que o sistema PWM e não é muito utilizado.

Para a EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004), o inversor de matriz também

produz a conversão direta de freqüência constante ou tensão constante, para variar

a freqüência ou variar a tensão, só que em um único estágio sem o circuito

intermediário com capacitor de armazenamento de potência. Trata-se de tecnologia


47

em desenvolvimento, entretanto, por princípio pode ser empregada onde já é

utilizado o inversor PWM.

3.3.2 Uso de inversores de freqüência em sistemas de abastecimento de água

Para MAYS (1999) a variação da velocidade em sistemas de bombeamento com

utilização de inversores de freqüência, pode ser empregada em todas as situações

que se desejar modificar a operação dos equipamentos acionados por motores

elétricos para controlar um sistema qualquer.

Em um sistema de abastecimento, quando o bombeamento de água é dirigido

diretamente ao consumidor, torna-se necessário controlar a vazão em função da

demanda. O objetivo do controle de vazão é manter a pressão constante ou em um

valor preestabelecido (TSUTIYA, 1989).

Segundo ARIKAWA (2005) o controle de pressões dos sistemas de bombeamento,

quando feito com aplicação de variadores de velocidade permite o aumento ou a

diminuição gradual das vazões de bombeamento em função da variação de

demanda.

Segundo WILLIAMS e KUBIK (1963) os variadores de velocidade são

recomendados para sistemas em que a altura geométrica de recalque é menor que o

somatório das perdas de carga ao longo da tubulação. Nos casos em que se tem

altura geométrica elevada e pequena perda de carga, não se recomenda a utilização

dos variadores de velocidade.


48

As Figuras 3.30, 3.31, 3.32, 3.33 e 3.34, apresentam as possibilidades de emprego

de inversores de freqüência em elevatórias de água nas diversas situações de

abastecimento.

Figura 3.30 Bombeamento direto para a rede de distribuição e reservatório a jusante.


Fonte: TSUTIYA (2001).

Figura 3.31 Bombeamento direto para a rede de distribuição e reservatório elevado a


jusante.
Fonte: TSUTIYA (2001).
49

Figura 3.32 Bombeamento direto para a rede de distribuição localizada em área


elevada.
Fonte: TSUTIYA (2001).

Figura 3.33 Bombeamento tipo booster.


Fonte: TSUTIYA (2001).

Figura 3.34 Bombeamento direto na rede de distribuição sem reservatórios de


jusante.
Fonte: TSUTIYA (2001).
50

3.3.3 Métodos de controle de vazão

Para o controle de vazão podem ser utilizados os seguintes métodos:

a) estrangulamento por válvula;

b) by-pass na saída da bomba;

c) variação de velocidade do motor com aplicação de inversor de freqüência.

Para a EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) há outros métodos de

controle de vazão, tais como, controle pelo número de bombas ou liga-desliga das

bombas, entretanto, esses métodos são muito menos eficientes. O controle liga-

desliga requer um volume de reservação disponível e o controle pelo número de

bombas é eficiente quando tem a altura estática como uma grande parcela da altura

manométrica total em associações em paralelo, ou altas perdas por atrito e baixa

altura estática para associações em série.

• Estrangulamento por válvula

O controle por estrangulamento de válvula é um dos métodos mais utilizados,

principalmente em bombas de pequeno porte. A válvula controla a vazão pela

redução do diâmetro da tubulação, criando uma resistência adicional de modo a

modificar a curva característica do sistema. Na Figura 3.35 mostra a redução da

vazão (Q1) para (Q2) pelo aumento da altura manométrica provocado pelo

estrangulamento da válvula.
51

Figura 3.35 Controle de vazão por estrangulamento de válvula.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

Para TSUTIYA (2001), teoricamente é possível reduzir a vazão da bomba até a

vazão zero (condição de shut-off). Na prática, deve-se evitar que as bombas operem

a baixas vazões, pois operações contínuas nessas condições ocasionam

recirculação da água dentro da carcaça, provocando vibrações exageradas, cargas

radiais e axiais excessivas nos mancais, aquecimento da carcaça e do motor. Uma

boa regra prática é limitar a vazão mínima a valores não inferiores a 25 – 30% da

vazão correspondente ao ponto de melhor rendimento na rotação máxima

recomendada (TSUTIYA, 2001).

• By-pass na saída da bomba

O controle por by-pass é feito pela variação da abertura da válvula instalada no tubo

de “by-pass” da bomba. Aumentando a abertura da válvula diminui-se a vazão da

tubulação de recalque. A Figura 3.36 mostra a redução da vazão quando se abre a

válvula do by-pass e a bomba passa a bombear uma vazão (Q3) correspondente a


52

vazão de retorno pelo by-pass somada com a vazão de recalque. Nessas condições,

imediatamente a vazão de recalque diminui para um valor (Q2) fora da curva da

bomba e fechando gradualmente a válvula, a vazão sofre um pequeno acréscimo

para (Q1) num ponto da curva da bomba.

Figura 3.36 Controle de vazão por by-pass na saída da bomba.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

• Variação de velocidade do motor com aplicação de inversor de freqüência

No controle por utilização de inversor de freqüência, a diminuição da velocidade de

rotação faz com que a vazão de recalque (Q1) diminua para um valor (Q2) pelo

simples deslocamento da curva da bomba sobre a curva do sistema, conforme

apresentado na Figura 3.37.


53

Inversor de frequência
WEG - CFW09

Figura 3.37 Controle por variação de velocidade do motor com aplicação de


inversor de freqüência.
Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

Pode-se verificar na Figura 3.38 que os diversos tipos de controle produzem

consumos de energia diferentes. As aplicações de processos de controle necessitam

dimensionamento criterioso, pois os custos de instalação e de operação e

manutenção do sistema escolhido é que definem a melhor alternativa a ser

empregada.
54

Controle de pressão Controle com by-pass

Controle liga - desliga Controle com variação de velocidade

Figura 3.38 Comparativo de redução de consumo de energia.


Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).

A Figura 3.39 apresenta a variação do consumo de energia elétrica pelos diversos

métodos de controle de vazão (EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE, 2001).


55

Figura 3.39 Variação do consumo de energia por vários métodos de controle de vazão.
Fonte: EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2001).

TSUTIYA (2006) recomenda faixas de operação para bombas centrífugas variando

de 70 a 120 % do rendimento ótimo das bombas e inversores de freqüência com

freqüências de 30 a 60 Hz (Figura 3.40), de forma que os projetistas possam

escolher os equipamentos com menor consumo de energia elétrica.


56

Figura 3.40 Gráfico de faixas de operação recomendadas para bombas e inversores de


freqüência.
Fonte: TSUTIYA (2006).

3.3.4 Redução de custos com aplicação de inversores de freqüência

Segundo literatura pesquisada, a principal vantagem do uso de inversores de

freqüência em estações elevatórias de água é a economia de energia elétrica,

entretanto, os primeiros relatos no Brasil, sobre o uso de inversores referem-se a

estudos e aplicações feitas a partir do final de 1970 onde a redução do consumo de

energia ainda não era o principal objetivo.

LUCARELLI, BRUCOLI e SOUZA (1978) estudaram de forma teórica o

bombeamento direto nas redes de abastecimento com bombas de velocidade

variável sem reservatório de distribuição e obtiveram uma redução de custos de

implantação do bombeamento direto de aproximadamente 66% em relação ao custo

de um sistema convencional com reservatório elevado.


57

• Redução de custos pela economia de consumo de energia elétrica

TSUTIYA, et al (2005), relataram o resultado da aplicação de um inversor de

freqüência, na estação pressurizadora denominada booster Toninhas, instalado no

sistema de abastecimento de água da cidade de Ubatuba – SP operado pela

Sabesp, com potência de 60 cv e onde a economia média de energia foi de 30%.

ALTMANN, et al (2005), relataram os resultados da aplicação de inversores de

freqüência em bombas submersas instaladas e estações pressurizadoras de rede

(boosters) da cidade de Novo Hamburgo – RS operadas pela Companhia Municipal

de Saneamento de Novo Hamburgo, onde obtiveram a partir de julho de 2004 uma

economia mensal de energia de 62,3 %.

WEG (2006) avalia que a economia média de energia com uso de inversores em

bombas centrífugas com a redução controlada da potência dos motores é de 20 a

50%.

A EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004) relatou estudos de casos onde

foram obtidas reduções de consumo de energia variando de 30 a 50% e um prazo

médio de retorno de investimento de 12 meses.

CURTIS (2005) demonstrou a partir das leis de semelhança que uma redução de

10% nas velocidades de bombeamento com uso de inversores de freqüência

representa 27% de economia de energia.


58

3.4 Estudos de casos de aplicações de inversores de freqüência

• Elevatória do setor Santana da cidade de São Paulo

BRAGHIROLI (2005), apresenta os resultados da redução de consumo de energia

elétrica associados a redução de perdas de água no setor Santana, na cidade de

São Paulo – SP.

Segundo BRAGHIROLI (2005), esse setor possuía uma vazão média de consumo

da ordem de 700 L/s para abastecer 44.000 ligações de água e 320 km de redes de

distribuição com uma estação elevatória contendo inicialmente dois conjuntos motor-

bomba de 200 cv e três conjuntos motor-bomba de 100 cv, operando com quatro

efetivos e um de reserva.

O setor Santana é composto de duas zonas de abastecimento denominadas zona

alta e zona baixa. A zona baixa era abastecida de forma direta a partir do

reservatório R1 de 16.000 m3 e a zona alta a partir da estação elevatória de Santana

por bombeamento direto na rede com um reservatório elevado denominado Torre de

500 m3 operando como reservatório de sobras. A Figura 3.41 demonstra essa

situação inicial.
59

inicial

Figura 3.41 Esquema operacional do setor Santana na situação inicial.


Fonte: BRAGHIROLI (2005).

As derivações que abastecem as zonas alta e baixa foram separadas e trocados os

conjuntos motor-bomba existentes por quatro novos conjuntos motor-bomba de 100

cv. Em uma das novas bombas foi instalado um inversor de freqüência. O sistema

do setor Santana passou a operar com a elevatória Santana recebendo água

diretamente da adutora Guarau-Moóca e abastecendo por bombeamento direto a

rede da zona alta do setor. O reservatório elevado continuou a operar como

reservatório de sobras, alterando a denominação para R1.

A zona baixa do setor Santana passou a ser abastecida de forma direta, com uma

válvula borboleta controlando a pressão e o reservatório R1 agora denominado R2

passando a operar como reservatório de sobras. A Figura 3.42 apresenta a situação

final.
60

Figura 3.42 Esquema operacional do setor Santana na situação final.


Fonte: BRAGHIROLI (2005).

Segundo BRAGHIROLI (2005), além da redução de 33% das perdas de água de

água por ligação, passando de 853 L/ligação x dia para 570 L/ligação x dia, houve

também economia de 45% de energia elétrica, com redução no consumo mensal de

energia de 236 MWh para 107 MWh. Em valores financeiros, o custo mensal de

energia diminuiu 48% com a redução no valor da conta mensal de R$

56.600,00/mês para R$ 28.600,00/mês.

• Elevatória da zona alta da cidade de Lins - SP

CASSIANO FILHO e FREITAS (1989), apresentaram o caso da aplicação de um

inversor de freqüência na estação elevatória da zona alta da cidade de Lins – SP. A

estação elevatória com dois conjuntos motor-bomba de 20 cv e 1800 rpm, operavam

alternadamente das 06:00 as 24:00 horas por timer. Em um dos conjuntos motor-

bomba foi aplicado um inversor de freqüência da marca TOSHIBA, tipo Tosvert,


61

passando a variar a velocidade de rotação da bomba em função da pressão tomada

no barrilete de recalque. O sistema foi idealizado para variar a pressão e a vazão

conforme a demanda da zona alta.

Segundo CASSIANO FILHO e FREITAS (1989), foram pesquisados os resultados

das curvas de pressão do bombeamento com rotação constante no período das

06:00 às 24:00 horas e com rotação variável por período contínuo de 24 horas, que

são apresentados em gráficos de 24 horas nas Figuras 3.43 e 3.44.

Figura 3.43 Gráfico de pressões com rotação constante.


Fonte: CASSIANO FILHO e FREITAS (1989).
62

Figura 3.44 Gráfico de pressões com rotação variável.


Fonte: CASSIANO FILHO e FREITAS (1989).

Para CASSIANO FILHO e FREITAS (1989), as principais conclusões da pesquisa

foram:

• Redução de consumo de energia elétrica em 38%, com o uso do inversor de

freqüência;

• Redução de demanda de energia em 12%;

• Melhoria do fator de potência, de 0,85 para 0,98, dispensando bancos estáticos de

capacitores, observando-se, entretanto que, o inversor de freqüência utilizado

continha o corretor de fator de potência;

• Eliminação do pico de corrente na partida e conseqüentemente a eliminação da

queda de tensão;
63

• Redução de perdas de água na rede de distribuição devido a diminuição da

pressão;

• Retorno de custo da instalação do variador de rotação em dois anos e meio.

CASSIANO FILHO e FREITAS (1989), apresentam na Tabela 3.1 a comparação dos


principais parâmetros para o cálculo do custo de energia elétrica, considerando o
conjunto motor-bomba de rotação constante e rotação variável.

Tabela 3.1 – Comparação entre conjunto motor-bomba de rotação constante e rotação


variável.
Fonte: CASSIANO FILHO e FREITAS (1989).
___________________________________________________________________________
Descrição Rotação constante Rotação variável
___________________________________________________________________________
Pressão de recalque (mH2O) mínima 15 19
máxima 33 21
___________________________________________________________________________
Freqüência do motor (Hz) mínima 60 38
máxima 60 53
___________________________________________________________________________
Corrente no motor (A) mínima 29 10
máxima 31 24
___________________________________________________________________________
Fator de potência 0,85 0,98
___________________________________________________________________________
mínima 15 5
Potência (kW) média 15,3 7,1
máxima 16 14
___________________________________________________________________________
Tempo médio diário (h) 18:00 24:00
___________________________________________________________________________
Consumo médio mensal de energia ativa (kWh) 8.262 5.148
______________________________________________________________
64

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Sistema de abastecimento de água de São José dos Campos

O município de São José dos Campos com população estimada para 2006 de

571.165 habitantes é operado pela Sabesp. Conforme os resultados de estudos

feitos pela Sabesp, a demanda máxima total do sistema do município em final de

plano é de 2.300 L/s, sendo 1.900 L/s provenientes de manancial superficial e os

restantes 400 L/s de manancial subterrâneo.

A vazão média atualmente produzida no sistema de abastecimento de água de São

José dos Campos é de 1.800 L/s. Os principais dados operacionais desse sistema

são apresentados a seguir:

• Índice de atendimento: 100%;

• Índice de perdas por ramal de água: 424 L/ ramal x dia;

• Pressão média do sistema de abastecimento: 45 mca;

• Consumo total médio mensal de energia elétrica: 3.500.000 kWh;

• Número de ligações ativas: 150.216 ligações.

O sistema de abastecimento de água de São José dos Campos apresentado no

Anexo A, é constituído de cinco subsistemas independentes;

• Paraíba;

• Eugênio de Melo;

• Buquirinha;
65

• Costinha; e

• São Francisco Xavier.

4.1.1 Subsistema Paraíba

O subsistema Paraíba é a principal fonte de abastecimento água de São José dos

Campos, com uma produção média de 1.800 L/s, dos quais 1.400 L/s são captados

no rio Paraíba do Sul e 400 L/s são retirados do aqüífero subterrâneo, da bacia

sedimentar da Formação Taubaté, através de 61 poços tubulares profundos. A

contribuição total do subsistema Paraíba corresponde a 95% da produção total do

sistema da cidade.

Os mananciais possuem as seguintes características:

• Manancial superficial: rio Paraíba do Sul, com vazão mínima regularizada de 40

m3/s em regime controlado pela barragem de Santa Branca. A captação é feita em

um canal, localizado na margem direita, com extensão aproximada de 500 m, que

atua como desarenador. O canal de água e a estação elevatória de água bruta são

mostrados na Figura 4.1.

• Manancial subterrâneo: aqüífero subterrâneo com boa potencialidade hídrica,

explorado através de 61 poços tubulares profundos, cuja instalação típica é

apresentada na Figura 4.2.


66

Figura 4.1 Vista geral da estação elevatória de água bruta de São José dos
Campos.

Figura 4.2 Vista geral do poço, cavalete e quadro de comando do Poço P-104.

Para o recalque de água bruta da captação superficial para a estação de tratamento

de água, existem três adutoras, com caminhamentos paralelos, com 3,0 km e

diâmetros variando de Ø 600 mm a Ø 900 mm em ferro fundido dúctil.


67

A estação de tratamento de água denominada ETA II (Figura 4.3) atualmente

tratando 1400 L/s tem capacidade nominal para tratar uma vazão máxima de 1900

L/s. É uma estação do tipo convencional com tratamento completo, com as

seguintes unidades:

• câmara de chegada de água bruta;

• floculação: três unidades de floculação, com floculadores mecanizados;

• decantação: três decantadores, sendo dois convencionais e um laminar;

• filtração: 11 filtros, operando a taxa declinante;

• casa de química: para preparo e aplicação de cal virgem, sulfato de alumínio,

polieletrólito, gás cloro e flúor.

Figura 4.3 Vista geral dos floculadores e decantadores da ETA II.


68

A água tratada é conduzida por gravidade a quatro reservatórios enterrados (RES

01, RES 02, RES 03 e RES 04), com capacidade total de 17.800 m3, e desses

reservatórios a água é distribuída para todo o sistema através de estações

elevatórias. Para a reservação de água tratada existem mais 59 reservatórios que

armazenam um total de 60.630 m3, cujos principais tipos de reservatórios (semi-

enterrados, apoiados e elevados) são apresentados nas Figuras 4.4 e 4.5.

Figura 4.4 Vista geral do reservatório semi-enterrado R34.

Figura 4.5 Vista geral dos reservatórios T25 – elevado e R33 - apoiado
69

As sub-adutoras e a rede de distribuição do subsistema Paraíba tem uma extensão

total de 1.037.542 m. O recalque entre os reservatórios e para rede de distribuição é

feito por 61 estações elevatórias, sendo:

• 11 elevatórias de água tratada, conjunto motor-bomba de eixo horizontal

alimentando um reservatório (ETH);

• oito elevatórias de água tratada, conjuntos motor-bomba de eixo vertical,

alimentando um reservatório (ETV);

• 13 elevatórias (pressurizadora) de água tratada, conjunto motor-bomba de eixo

horizontal, alimentando rede e reservatório (EPH);

• 29 elevatórias (pressurizadora) de água tratada, conjunto motor-bomba de eixo

vertical, alimentando rede e reservatório (EPV).

A Figura 4.6 apresenta uma estação pressurizadora tipo booster ou EPV, como são

denominadas pela Sabesp de São José dos Campos e que correspondem a 48%

das elevatórias existentes.

Figura 4.6 Vista geral da estação pressurizadora - Booster – EPV / Hawai.


70

Todas as elevatórias existentes e sua localização estão apresentadas no ANEXO A

– Esquema hidráulico do sistema de abastecimento de água de São José dos

Campos.

4.1.2 Subsistema Eugênio de Melo

O subsistema Eugênio de Melo atende ao distrito de Eugênio de Melo e aos bairros

do Galo Branco e Jardim das Flôres, localizados na região leste da cidade. O

subsistema utiliza água do manancial subterrâneo através de cinco poços tubulares

profundos e contribui com a 2,5 % da produção total do sistema de abastecimento

de água de São José dos Campos. Sua rede distribuição tem uma extensão total de

29.232 m. Conta com três reservatórios apoiados totalizando 1.140 m3 de reserva de

água que são distribuídos com auxílio de três estações elevatórias.

4.1.3 Subsistema Buquirinha

O subsistema Buquirinha localizado na região norte da cidade, abastece os bairros

de Buquirinha e Freitas, contribuindo com 0,60 % da produção total do sistema de

abastecimento de água de São José dos Campos. Utiliza o rio Buquira como

manancial, do qual é captada uma vazão da ordem de 12 L/s. Possui uma estação

de tratamento de água do tipo convencional, constituída de floculação e decantação

seguida de filtração sobre pressão, com capacidade nominal 8 L/s. Sua rede de

distribuição tem uma extensão total de 8.028 m e possui dois reservatórios apoiados

totalizando 215 m3 de reservação que são distribuídos com auxílio de sete estações

elevatórias.
71

4.1.4 Subsistema Costinha

O subsistema Costinha atende ao bairro do Costinha localizado na região leste da

cidade, e utiliza água do manancial subterrâneo. Esse subsistema contribui com

0,13% da produção total do sistema de abastecimento de água de São José dos

Campos. Existe apenas um poço tubular de vazão 8,5 L/s com operação média de

8,4 h/dia. Sua rede de distribuição tem uma extensão total de 1.200 m e abastece o

bairro a partir de um reservatório apoiado com 200 m3.

4.1.5 Subsistema São Francisco Xavier

O subsistema São Francisco Xavier está localizado distante cerca de 40 km da sede

do município, possuindo sistema de abastecimento formado por manancial de serra,

denominado rio das Couves. A água é captada e tratada através de filtração,

desinfecção final com cloração seguida de fluoretação. Na saída do filtro existe uma

estação elevatória de água tratada recalcando água para a rede de distribuição. A

sobra é encaminhada para um reservatório de fibra de 100 m3, que funciona como

pulmão. O reservatório estando cheio, passa a abastecer por gravidade a rede de

distribuição, que possui uma extensão total de 6.998 m.

4.2 Área de pesquisa

4.2.1 Característica da área

A condição fundamental para a escolha da área de pesquisa é que os subsistemas

deveriam ter sua operação controlada de modo a permitir a obtenção de dados de


72

campo através de informações armazenadas no Centro de Controle Operacional de

São José dos Campos, com um período mínimo 180 dias para obter dados com

efeitos de sazonalidade.

Considerando essa premissa, conclui-se que, apenas os subsistemas Paraíba e

Eugênio de Melo possuem instalações com estações elevatórias automatizadas,

com dados armazenados no Centro de Controle Operacional por um período de 180

dias.

No subsistema Paraíba foram avaliadas as seguintes instalações: estação elevatória

de água tratada do R3/R4 – área do centro da cidade; elevatórias de água tratada do

R49/R65 – área do Jardim Morumbi; estação pressurizadora de água tratada do R61

– área do bairro Altos do Santana; estação pressurizadora de água tratada do R73 –

área da Vila Tatetuba e a estação pressurizadora de água tratada do R83 – área do

Jardim Guimarães.

No subsistema Eugênio de Melo foram avaliadas as instalações da estação

elevatória de água tratada do R26 – área do distrito de Eugênio de Melo e da

estação pressurizadora de água tratada do R82 – área do bairro do Galo Branco.

Considerando as características dos subsistemas e a qualidade dos dados obtidos,

foram selecionadas para este trabalho as estações elevatórias e pressurizadoras

instaladas nas áreas do sistema R49/65 – Jardim Morumbi pertencente ao

subsistema Paraíba e a área do sistema R82 – Galo Branco pertencente ao

subsistema Eugênio de Melo.


73

4.2.2 Subsistema Eugênio de Melo

O primeiro sistema de bombeamento a ser estudado foi do bairro Galo Branco,

pertencente ao subsistema Eugênio de Melo, apresentado na Figura 4.7. Esse

sistema possui uma estação pressurizadora com conjunto motor-bomba de eixo

vertical, mais conhecida como tubulão ou elevatória tipo “Q”.

Figura 4.7 Esquema geral do sistema Galo Branco dentro do subsistema Eugênio de
Melo.
Fonte: Sabesp (2006).

O tubulão está instalado na área do reservatório apoiado R82 que possui

capacidade de 700 m3. (Figura 4.8). Na estação pressurizadora está instalado um

conjunto motor-bomba submerso, marca HAUPT, modelo Q82-2 de 35 cv, 60 Hz em


74

tensão 220 V e 3450 rpm, para uma faixa de vazões de 92 a 182 m3/h e alturas

manométricas de 37 a 53 mca.

Figura 4.8 Vista geral do sistema Galo Branco com a estação pressurizadora tipo Q
e o reservatório apoiado R82.

O conjunto motor-bomba opera recalcando diretamente na rede de distribuição e as

pressões são mantidas entre os valores máximo de 35 mca e mínimo de 10 mca ,

pelo controle da rotação do motor através de um inversor de freqüência TOSHIBA,

modelo TOSVER A7 de 220 V. A Figura 4.9 apresenta o painel de comando do

inversor de freqüência do sistema Galo Branco.


75

Figura 4.9 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema Galo


Branco.

4.2.3 Subsistema Paraíba

No sistema R49/65 – Jardim Morumbi pertencente ao subsistema Paraíba

encontram-se em operação cinco estações elevatórias de água tratada. São três

estações pressurizadoras com conjunto motor-bomba de eixo vertical, uma estação

pressurizadora de conjunto motor-bomba de eixo horizontal e uma estação

elevatória de água tratada de conjunto motor-bomba de eixo horizontal.

Das cinco estações de bombeamento, três estão equipadas com inversores de

freqüência para controle de pressões na rede de distribuição de água. Essas três

são: a estação pressurizadora de conjunto motor-bomba horizontal dos conjuntos

habitacionais D. Pedro I e D. Pedro II, e as estações pressurizadoras com conjunto


76

motor-bomba de eixo vertical do Jardim Morumbi e Campo dos Alemães. A Figura

4.10 apresenta o esquema do sistema R49/65 – Morumbi.

Figura 4.10 Esquema geral do sistema R49/65 do Jardim Morumbi.


Fonte: Sabesp (2006).

As estações de bombeamento do sistema Morumbi estão instaladas numa única

área operacional e junto dos reservatórios apoiados R49 e R65, ambos com

capacidade de 1.500 m3.

A primeira estação pressurizadora a ser estudada nesse sistema foi a de conjunto

motor-bomba de eixo vertical, que abastece o Campo dos Alemães e apresentada

na Figura 4.11. Nessa estação pressurizadora, está instalado um conjunto motor-

bomba submerso marca EBARA, modelo BHS 1010-3 de 70 cv, 60 Hz em tensão

220 V e 3450 rpm, para uma faixa de vazões de 100 a 250 m3/h e alturas

manométricas de 44 a 95 mca.
77

Figura 4.11 Vista geral da estação pressurizadora tipo Q do Campo dos Alemães.

O conjunto motor-bomba opera recalcando diretamente na rede de distribuição e as

pressões são mantidas entre os valores máximo de 35 mca e mínimo de 10 mca

pelo controle da rotação do motor através de um inversor de freqüência marca ABB,

modelo ACS - 600 de 220 V. A Figura 4.12 apresenta o painel de comando do

inversor de freqüência do sistema Campo dos Alemães.

Figura 4.12 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do


sistema Campo dos Alemães.
78

A segunda estação a ser estudada foi a estação pressurizadora de conjunto motor-

bomba de eixo vertical que abastece o Jardim Morumbi e apresentada na Figura

4.13. Nessa estação pressurizadora está instalado um conjunto motor-bomba

submerso marca EBARA, modelo BHS 1015-1 de 40 cv, 60 Hz em tensão 220 V e

3450 rpm, para uma faixa de vazões de 160 a 280 m3/h e alturas manométricas de

22 a 34 mca.

Figura 4.13 Vista geral da estação pressurizadora tipo Q do Jd. Morumbi.

O conjunto motor-bomba opera recalcando diretamente na rede de distribuição e as

pressões são mantidas entre os valores máximo de 35 mca e mínimo de 10 mca,

pelo controle da rotação do motor através de um inversor de freqüência, marca

TELEMECANIQUE, modelo ALTIVAR 48 de 220 V. A Figura 4.14 apresenta o painel

de comando do inversor de freqüência do sistema Jardim Morumbi.

A terceira estação estudada foi a estação pressurizadora de conjunto motor-bomba

de eixo horizontal, para os conjuntos habitacionais D. Pedro I e D. Pedro II,


79

apresentada na Figura 4.15. Nessa estação pressurizadora estão instalados dois

conjuntos motor-bomba de eixo horizontal com motor WEG de 125 cv, 60 Hz, em

tensão de 220 V e 1780 rpm, acoplado a uma bomba marca KSB modelo ANS 125-

400 de 1750 rpm, e vazão de 280 m3/h para uma altura manométrica de 22 mca.

Figura 4.14 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema


Jd. Morumbi.

Figura 4.15 Vista geral da estação pressurizadora com conjunto motor-bomba


horizontal do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II.
80

Um conjunto motor-bomba opera continuamente com o outro de reserva, recalcando

diretamente na rede de distribuição e as pressões são mantidas, entre os valores

máximo de 35 mca e mínimo de 10 mca, pelo controle da rotação do motor através

de um inversor de freqüência, marca WEG, modelo CFW09 de 220 V. A Figura 4.16

apresenta o painel de comando do inversor de freqüência do sistema Dom Pedro I e

Dom Pedro II.

Figura 4.16 Vista do painel de comando do inversor de freqüência do sistema


Dom Pedro I e Dom Pedro II.

4.3. Coleta de dados

A operação do sistema de abastecimento de água de São José dos Campos é

totalmente gerenciada por um Centro de Controle Operacional, instalado no prédio

da estação de tratamento de água (Figura 4.17). O sistema recebe informações da

situação de parâmetros de funcionamento, do tipo ligado ou desligado e aberto ou

fechado, dos valores de tensão, corrente, pressão e vazão medidos nos


81

equipamentos em operação e emite comandos de operação do tipo liga-desliga de

bombas ou abre e fecha válvulas motorizadas.

Figura 4.17 Vista geral da mesa de controle operacional com operador, monitores
dos microcomputadores e sistema de rádio comunicação.

O controle operacional é feito de forma esquemática como apresentado na Figura

4.18. Nos painéis de controle da operação das estações remotas, um controlador

lógico programável (CLP) com modem incorporado de várias marcas (ATOS, ADAM

ou KLOCKNER MOELLER) executa as tarefas de coletar, armazenar, processar,

executar comandos e transmitir para o sistema supervisório as informações do

sistema automatizado.

Os dados transmitidos pelos controladores lógicos programáveis com modem

incorporado, trafegam através de linhas telefônicas exclusivas. Na chegada,

modems de comunicação instalados em uma estante, recebem esses dados e

enviam para as portas seriais existentes no computador servidor de controle da


82

operação, que possui um servidor de comunicação para organizar e armazenar a

chegada dos dados para ser utilizado pelo programa supervisório da operação.

Os dados chegam ao servidor de comunicação a cada 60 segundos e a sua

qualidade é prejudicada sempre que ocorrem problemas nas linhas telefônicas pois

nesse caso, os dados recebidos são armazenados com valores zerados e não

existem rotinas de recuperação.

Rede Sabesp

CLP CLP CLP

Figura 4.18. Esquema do sistema de supervisão ELIPSE E3.


Fonte: Sabesp (2006).

KAMEL (1990) descreveu problema semelhante na aquisição de dados do Sistema

Adutor Metropolitano da Sabesp na cidade de São Paulo, e recomendou a criação

de rotina de validação de dados através do programa de supervisão do Centro de

Controle Operacional.

Para executar o controle de todo o sistema ligado ao Centro de Controle

Operacional, a Sabesp licenciou e instalou em dezembro de 2004 um programa

supervisório chamado ELIPSE E3 (2004)®. Esse aplicativo, desenvolvido pela


83

empresa ELIPSE SOFTWARE, é um completo sistema de supervisão e controle de

processos que opera em redes de computadores.

O programa Elipse E3 foi escolhido porque permite a comunicação com todos os

tipos de equipamentos existentes no mercado, e pode atuar tanto com os sistemas

locais como aqueles geograficamente distribuídos na cidade de São José dos

Campos.

O aplicativo usa o esquema de ligação do computador cliente com o computador

servidor em rede, sem necessidade de copiar o aplicativo para os computadores

clientes ou estações de trabalho. O programa é composto de várias partes e foi

instalado com a seguinte configuração mínima:

• E3 Server: é o servidor de aplicações, onde são processadas as comunicações e

gerenciados os processos principais do sistema de São José dos Campos, além de

enviar as informações gráficas e dados para computadores clientes em qualquer

ponto da rede Sabesp.

• E3 Studio: é a ferramenta única de configuração do sistema, servindo como

plataforma universal de desenvolvimento. Possui editor gráfico completo para a

criação das interfaces de operação do usuário e um editor de roteiros de

programação. É utilizado exclusivamente por equipes de automação da Sabesp, que

executam a manutenção dos equipamentos.


84

• E3 Viewer: é a interface de operação com o usuário (console de operação).

Permite executar a aplicação que está no servidor em qualquer computador,

podendo executar tanto em rede local como na Intranet/Internet via um navegador

do tipo Internet Explorer ®. Em ambos os modos, não é necessária a instalação do

programa aplicativo no computador do cliente, pois todos os componentes (telas,

bibliotecas e controles) são retirados do servidor e registrados automaticamente no

computador do cliente.

A Figura 4.19 apresenta a tela de operação de um dos sistemas supervisionados

construída com o módulo E3 Studio. O aplicativo produz gráficos com condições de

visualização dos históricos de pontos de controle.

Figura 4.19 Tela de operação de um sistema construída com ELIPSE E3 Studio.


85

A Figura 4.20 apresenta uma tela de visualização de dados históricos de um dos

sistemas supervisionados.

Figura 4.20 Gráficos de dados históricos de um sistema supervisionado pelo Centro


de Controle Operacional.

Todos os dados arquivados no servidor de aplicação podem ser exportados para

aplicativos de planilha de cálculo similares ao Excel® da Microsoft, e a Figura 4.21

apresenta um exemplo, como os dados do sistema podem ser disponibilizados para

análise.
86

Figura 4.21 Tela de dados exportados para planilha Excel® a partir do ELIPSE E3®.
87

4.4 Fluxograma de avaliação da aplicação de inversores de freqüência

Após a coleta dos dados e inspeções no local, foram avaliadas as instalações,

objeto deste trabalho, através da adaptação do fluxograma proposto pelo

EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004), apresentado na Figura 4.22, que

permite efetuar passo a passo a avaliação de aplicações feitas, bem como avaliar se

a aplicação de inversor foi a melhor alternativa técnica.

A seguir são apresentados os principais detalhes da metodologia utilizada:

• Considerar as demandas do sistema.

• Elaborar as curvas do sistema.

Utilizam-se esses blocos de ação para verificar se as bombas existentes têm

capacidade para atender a demanda máxima do sistema em estudo através da

análise das curvas das bombas com várias velocidades em função da curva do

sistema e rendimentos dos pontos de trabalho.

• Considerar o sistema de redução de perdas.

Esse bloco avalia os objetivos do controle de velocidade em relação ao controle de

perdas. O controle de pressões que é fundamental para a redução de perdas de

água pode ser efetuado com a variação das alturas manométricas pela variação das

velocidades das bombas.


88

Figura 4.22 Fluxograma de avaliação do uso adequado dos inversores de freqüência.


Fonte: Adaptado de EUROPUMP e HYDRAULIC INSTITUTE (2004).
89

• Necessita variar continuamente?

Neste bloco de decisão se a resposta for não, deve-se considerar o uso de bombas

de velocidade fixa ou um controle liga-desliga. Se a resposta for sim indica que o

inversor de freqüência será potencialmente útil.

• O inversor será potencialmente útil.

O inversor de freqüência é o dispositivo melhor recomendado para sistemas que

necessitam de variação contínua de velocidade.

• Demasiado atrito?

Esse item serve para avaliar a aplicação de inversores de freqüência em substituição

a controles de vazão por meio de fechamento de válvulas ou by-pass. Na aplicação

de inversores de freqüência, a redução ou aumento de vazão acontece pela

mudança da velocidade do conjunto motor-bomba e não pelo aumento ou

diminuição da altura manométrica devido ao atrito do fechamento de válvulas de

controle.

Neste bloco de decisão se a resposta for sim indica que o inversor de freqüência

será potencialmente útil. Se for não, deve ser verificado se os benefícios gerais

incluem itens sem energia, como redução do custo de manutenção.


90

• O inversor será potencialmente útil.

A redução de consumo de energia é a principal vantagem da aplicação de

inversores de freqüência em substituição de sistemas com controles de vazão

baseados no atrito de fechamento de válvulas.

• A bomba trabalha a maior parte do tempo?

Se a resposta for sim, deve-se ir para o penúltimo bloco de ação. Se for não, deve

ser verificado se os benefícios gerais incluem itens sem energia, como redução do

custo de manutenção.

• O inversor de freqüência quase certamente será benéfico.

A aplicação de inversores de freqüência será quase certamente benéfica, pois

quanto maior for o número de horas de trabalho da bomba, maior será a

possibilidade de reduzir o consumo de energia do motor que aciona essa bomba.

• Selecionar o inversor.

No bloco final finaliza-se a avaliação com a seleção do inversor de freqüência

adequado para o sistema avaliado.

Na seqüência do fluxograma para a resposta negativa dos blocos de decisão,

“Necessita variar continuamente?”, “Demasiado atrito?” e “A bomba trabalha a

maior parte do tempo?” têm-se os blocos:


91

• Considerar bombas com velocidade fixa ou controle liga-desliga.

• Verificar se os benefícios gerais incluem itens sem energia, como redução do

custo de manutenção.

• Calcular o custo operacional total anual com soluções de sistemas

alternativos.

• O inversor é aplicável?

• Utilizar bombas de velocidade fixa.

O aspecto técnico da escolha de alternativa de uso de bombas de velocidade fixa ou

um controle liga-desliga não foi objeto deste estudo que busca a verificar a eficiência

da aplicação de inversores de freqüência em elevatórias de água.

Se o atrito não for significativo deve-se avaliar o potencial das ações de manutenção

na redução de custos. Deve ser verificada a questão econômica na busca de outros

benefícios. O aspecto econômico não foi objeto deste estudo, devido à falta de

dados. Observamos que a Sabesp disponibilizou apenas os custos de operação

relativos aos consumos de energia elétrica.

4.5 Método de análise gráfica para avaliação dos inversores de freqüência

Como a ferramenta de exportação direta dos dados do supervisório ELIPSE E3 para

o aplicativo de planilha de cálculo Excel, exigia a utilização dos computadores do

Centro de Controle Operacional de forma contínua, optou-se por acessar

diretamente o banco de dados do supervisório.


92

A cópia desses dados do servidor foi obtida para um computador portátil, para a

geração de gráficos comparativos das variações de freqüência, vazão e pressão.

Para gerar os gráficos foi utilizado o aplicativo SQL Server para exportar os dados

para o aplicativo gerenciador de banco de dados Access. Em seguida, foi efetuada

nova exportação dos dados para as planilhas Excel, onde expurgou-se os valores

zerados e os valores superiores a ± 10 % dos valores médios encontrados.

A análise gráfica do comportamento de curvas de variação é um método simples e

eficiente para o controle da operação de sistemas de abastecimento de água sem o

emprego de aplicativos de simulação computacional, pois permite aos próprios

operadores do Centro de Controle Operacional definir quais os períodos com

problemas de operação. Uma das vantagens da análise gráfica é que essa

metodologia permite gerar curvas padrão e corrigi-las continuamente. A figura 4.23

apresenta um exemplo de análise gráfica de vazões de saída e de nível de um

reservatório.

Legenda de valores
Análise gráfica

Figura 4.23 Exemplo de método de análise gráfica.


93

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram estudados quatro sistemas no período de 12/08/2005 a 29/03/2006, através

de fluxograma de avaliação de aplicação de inversores de freqüência para verificar

se as seleções de inversores estavam adequadas e se o uso do fluxograma

possibilita selecionar inversores de freqüência. Em seguida foi feita a análise gráfica

das curvas de variação dos parâmetros: vazão, pressão e freqüência de rotação dos

motores.

5.1 Resultados da aplicação de fluxograma de avaliação de inversores de

freqüência

Com a aplicação nas áreas de estudo do fluxograma de avaliação da aplicação de

inversores de freqüência (Figura 4.12), verificou-se que nenhum dos sistemas em

estudo considerou as curvas de demanda, pois os projetos para o dimensionamento

dos conjuntos motor-bomba com inversores de freqüência consideram apenas a

vazão máxima horária solicitada pelo sistema.

Nas estações de bombeamento estudadas não foram elaboradas as curvas dos

sistemas, dispondo somente da curva da bomba (catálogo do fabricante), de modo

que não foi possível avaliar os pontos de melhor rendimento das bombas.

Todos os casos estudados foram determinados pela necessidade do controle das

perdas de água pelo controle das pressões nas redes de distribuição de água.

Verificou-se que os bombeamentos variavam as vazões continuamente para atender


94

a demanda, mantendo as pressões dentro de faixas de pressão máximas e mínimas

pré-estabelecidas em função de características topográficas das áreas abastecidas.

Como os inversores de freqüência foram programados para reduzir ou aumentar a

velocidade de rotação em função das pressões, a operação das bombas foi

contínua.

Para uma eficiente aplicação de inversores de freqüência, as demandas de consumo

precisam ser antecipadamente bem definidas, pois as bombas podem vir a atuar

com velocidade de rotação nominal ou próxima da nominal e anular todos os ganhos

de energia possíveis com a redução da velocidade das bombas.

Os inversores estudados foram aplicados sem a análise das demandas de seus

sistemas. No sistema Galo Branco parte do dia a bomba funcionava com velocidade

fixa, sendo que 114 dias ou 49% do período da pesquisa esse sistema operava com

valores médios superiores a 10 horas diárias.

Pela análise do fluxograma da metodologia proposta verificou-se que, para todos os

casos estudados a alternativa mais indicada é a aplicação de inversores de

freqüência.

5.2 Resultados da análise gráfica para avaliação dos inversores de freqüência

Inicialmente foi utilizado o aplicativo ELIPSE E3 que disponibilizava as curvas de

variação nas telas de supervisão conforme se observa na Figura 5.1. Essa figura
95

representa o principal modo gráfico como os operadores do Centro de Controle

Operacional podem visualizar a operação dos bombeamentos sob sua supervisão.

Figura 5.1 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema R3\R4 –


Centro.

A Figura 5.2 apresenta uma análise gráfica do sistema Galo Branco. Nesse sistema

foi detectada a operação do bombeamento com velocidade de rotação média de 58

Hz, ou 96% da velocidade máxima.

A Figura 5.3 apresenta as telas saturadas do sistema Jardim Morumbi, que possui

cinco sistemas de bombeamento sob supervisão do ELIPSE E3. As telas ficam mais

saturadas quanto maior for o período da análise ou a quantidade de pontos

monitorados.
96

Velocidade continua com 96 % da rotação máxima

Figura 5.2 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do Sistema R82 – Galo
Branco.

Quantidade de pontos monitorados

Saturação da plotagem de valores

Figura 5.3 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do Sistema R49/R65 –


Jardim Morumbi.
97

Em seguida foi elaborado no aplicativo Excel®, gráficos das curvas de variação para

as 34 semanas de pesquisa e obtiveram-se curvas de variação de 230 dias com

valores plotados de minuto a minuto.

Foram analisadas as curvas e escolhidos os gráficos das semanas mais

representativas da operação dos sistemas estudados e, nessas curvas, foram

efetuados a análise gráfica da eficiência da instalação com inversores de freqüência.

5.2.1 Análise gráfica dos dados do sistema Galo Branco

A Figura 5.4 apresenta as curvas de vazão, pressão e freqüência do sistema Galo

Branco, onde se pode detectar o início da situação operacional em que o

bombeamento começava a operar com freqüência constante de valor médio de 58

Hz.

Na Figura 5.5 pode-se visualizar a situação operacional com a operação do

bombeamento por períodos superiores a 10 horas diárias na freqüência média de 58

Hz. Com a aplicação de inversores a economia de energia foi menor que 50% em

relação aos valores esperados pela área operacional da Sabesp.


operação em 58 Hz.
Figura 5.4 Curvas de variação de freqüência do sistema Galo Branco com inicio da
Pressão (m .c.a) Frequencia (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70

D A TA HORA
19/9/2005 07:29:33
19/9/2005 15:01:07
19/9/2005 22:31:17
20/9/2005 06:01:17
20/9/2005 13:31:17
20/9/2005 21:01:16
21/9/2005 04:31:16
21/9/2005 12:01:15
Inicio de operação

21/9/2005 19:31:15
com velocidade constante

22/9/2005 03:01:15
FREQUENCIA

22/9/2005 10:31:14
22/9/2005 18:01:14
PRESSÃO

Tubulão do Galo Branco


23/9/2005 01:31:13
23/9/2005 09:01:13
VAZÃO

23/9/2005 16:40:03
24/9/2005 00:09:22
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

24/9/2005 07:39:22
24/9/2005 15:09:22
24/9/2005 22:39:21
25/9/2005 06:09:21
25/9/2005 13:38:59
25/9/2005 21:11:58

0
10
20
30
40
50
60
70
Vazão (l/s)
98
superiores a 10 horas de operação com freqüência média 58 Hz.
Figura 5.5 Curvas de variação de freqüência do sistema Galo Branco por períodos
Pressão (m.c.a) Frequencia (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70

DATA HORA
9/1/2006 07:29:53
9/1/2006 14:59:52
> 10 horas

9/1/2006 22:29:51
10/1/2006 05:59:51
Frequência média de 58 Hz

10/1/2006 13:29:34
> 10 horas

10/1/2006 20:59:23
11/1/2006 04:28:53
11/1/2006 11:58:53
> 10 horas

11/1/2006 19:28:49
12/1/2006 02:58:36
FREQUENCIA

12/1/2006 10:28:42
> 10 horas

12/1/2006 17:59:42
PRESSÃO

13/1/2006 01:29:51

Tubulão do Galo Branco


13/1/2006 08:59:51
VAZÃO

13/1/2006 16:29:17
> 10 horas

13/1/2006 23:59:08
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

14/1/2006 07:29:08
14/1/2006 14:59:08
> 10 horas
14/1/2006 22:29:37
15/1/2006 05:59:36
15/1/2006 13:29:36

> 10 horas
15/1/2006 20:59:37

0
10
20
30
40
50
60
70
Vazão (l/s)
99
100

5.2.2 Análise gráfica dos dados do sistema Campo dos Alemães

A Figura 5.6 apresenta os dados sem tratamento do sistema Campo dos Alemães,

obtidos do banco de dados, antes de serem ajustados para análise operacional. Os

valores de freqüência encontrados eram superiores a 10% dos valores reais. A

Figura 5.7 apresenta os dados ajustados da Figura 5.6 onde foi analisado que a

curva de vazão do sistema acompanha a curva de freqüência, resultando em

operação ideal com economia de energia. A pressão escalonada entre valores

mínimos de 20 mca e valores máximos de 28 mca foi totalmente controlada pelo

inversor de freqüência.

Na Figura 5.8 apresenta o que se define como curva padrão da operação de um

sistema de bombeamento com aplicação de inversor de freqüência, onde se observa

as flutuações de vazões e freqüências de modos semelhantes.


Estudo de variação de velocidade em bombeamento

FREQUENCIA PRESSÃO VAZÃO

HORA
20:08:10
03:38:10
11:08:10
18:38:09
02:08:09
09:38:09
17:08:08
70 70

60 60

Valores de frequência superiores a + ou - 10 % do valor real


50 50

sistema Campo dos Alemães.


40 40

Frequencia (Hz)
30 30
Vazão (l/s)

Curvas de vazão acompanhando a curva de frequência


20 20

Pressão (m.c.a)
10 10

Pressões parametrizadas : máxima de 28 mca e mínima de 20 mca


0 0

DATA
12/8/2005
13/8/2005
13/8/2005
13/8/2005
14/8/2005
14/8/2005
14/8/2005
Tubulão do Campo dos Alemães

Figura 5.6 Curvas de variação de freqüência sem ajuste, dados sem tratamento do
101
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

FREQUENCIA PRESSÃO VAZÃO

HORA
20:08:10
03:38:10
11:08:10
18:38:09
02:08:09
09:38:09
17:08:08

Alemães.
70 70

60 60

50 50

Curvas de vazão e frequência ajustadas manualmente


40 40

Frequencia (Hz)
30 Pressão máxima de 28 mca 30
Vazão (l/s)

20 20
Pressão mínima de 20 mca

Pressão (m.c.a)
10 10

0 0

DATA
12/8/2005
13/8/2005
13/8/2005
13/8/2005
14/8/2005
14/8/2005
14/8/2005
Tubulão do Campo dos Alemães

Figura 5.7 Curvas de variação de freqüência, dados ajustados do sistema Campo dos
102
dos Alemães.
Figura 5.8 Curva padrão de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema Campo
Pressão (m.c.a) Frequencia (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70

DATA HORA
22/8/2005 07:29:14
22/8/2005 14:59:40
22/8/2005 22:29:14
23/8/2005 05:59:14
23/8/2005 14:14:22
23/8/2005 21:44:23
24/8/2005 05:18:55
24/8/2005 12:48:55
24/8/2005 20:18:18
25/8/2005 03:48:18
FREQUENCIA

25/8/2005 11:18:18
25/8/2005 18:47:38
PRESSÃO

26/8/2005 02:17:38

Tubulão do Campo dos Alemães


26/8/2005 09:47:39
VAZÃO

26/8/2005 17:17:39
27/8/2005 00:47:37
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

27/8/2005 08:16:35
27/8/2005 15:46:39
Curva padrão de vazão e frequência
27/8/2005 23:16:38
28/8/2005 06:46:38
28/8/2005 14:16:38
28/8/2005 21:46:38

0
10
20
30
40
50
60
70
Vazão (l/s)
103
104

5.2.3 Análise gráfica dos dados do sistema Jardim Morumbi

A análise dos dados do Jardim Morumbi, indica que a operação do sistema

comporta-se de forma adequada, com curvas de freqüência flutuando de forma

semelhante às curvas de vazão, conforme se verifica na Figura 5.9.

Observa-se, entretanto que, os dados por não terem sido tratados apresentam uma

pequena defasagem de período, de modo que as curvas de freqüência estão

atrasadas em relação às curvas de vazão.

Ressalte-se que na operação ideal, as vazões mínimas acontecem no mesmo

período das pressões mínimas. As freqüências mínimas são prejudicadas nesta

análise pela defasagem, pois ocorrem em faixas intermediárias de pressão.


Morumbi.
Figura 5.9 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão do sistema Jardim
Pressão (m.c.a) Frequencia (Hz)
0
5
10
15
20
25
30
35
40

DATA HORA
15/8/2005 07:29:34
15/8/2005 15:05:07
15/8/2005 22:35:01
16/8/2005 06:05:01
16/8/2005 13:34:48
16/8/2005 21:16:40
17/8/2005 04:46:42
Vazão mínima correspondente a pressão mínima

17/8/2005 12:18:00
FREQUENCIA MORUMBI

17/8/2005 19:59:58
Defasagem de curvas

18/8/2005 03:29:36
18/8/2005 11:00:10
18/8/2005 18:27:40

Tubulão do Morumbi
19/8/2005 01:57:23
PRESSÃO MORUMBI

19/8/2005 09:27:23

Frequência minima correspondendo a patamar intermediario de pressões


19/8/2005 18:07:14
20/8/2005 01:53:45
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

20/8/2005 09:23:47
VAZÃO MORUMBI

20/8/2005 16:58:19
21/8/2005 00:30:31
21/8/2005 08:03:30
21/8/2005 15:33:38
21/8/2005 23:03:33

0
5
10
15
20
25
30
35
40
Vazão (l/s)
105
106

5.2.4 Análise gráfica dos dados do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II

A Figura 5.10 apresenta os dados sem tratamento do sistema Dom Pedro I e Dom

Pedro II, onde pode-se observar a grande variação das vazões para uma variação

de freqüência entre 40 Hz e 53 Hz. Essas freqüências representam 66% a 88% da

freqüência nominal dos motores de indução, e estão próximos dos pontos de melhor

rendimento das bombas.

Os valores obtidos nesse sistema atendem as recomendações de GOTTLIEBSON

(1978), de se operar bombas continuamente com variação de vazão de cerca de

30% para mais ou para menos em relação ao ponto de melhor rendimento das

bombas.
do sistema Dom Pedro I e Dom Pedro II.
Figura 5.10 Curvas de variação de freqüência, vazão e pressão, dados sem tratamento
Pressão (m.c.a) Frequencia (Hz)
0
10
20
30
40
50
60
70

DATA HORA
5/9/2005 07:29:55
5/9/2005 14:59:55
5/9/2005 22:28:49
6/9/2005 05:58:20
6/9/2005 14:31:08
6/9/2005 22:00:51
7/9/2005 05:30:51
7/9/2005 13:00:51
7/9/2005 20:30:50
8/9/2005 04:00:50
FREQUENCIA

8/9/2005 11:30:49
8/9/2005 19:00:49
PRESSÃO

53 Hz

9/9/2005 02:30:49
9/9/2005 10:00:49

Estação elevatória Dom Pedro I e Dom Pedro II


VAZÃO

9/9/2005 17:31:16
10/9/2005 01:01:28
Estudo de variação de velocidade em bombeamento

10/9/2005 08:31:43
10/9/2005 16:01:43
10/9/2005 23:31:42
11/9/2005 07:01:43
11/9/2005 14:31:42

40 Hz
11/9/2005 22:01:42

0
10
20
30
40
50
60
70
Vazão (l/s)
107
108

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

As principais conclusões e recomendações deste trabalho são apresentadas a

seguir.

• A aplicação da metodologia proposta, recomendada pelo EUROPUMP e

HYDRAULIC INSTITUTE (2004) é adequada para avaliar a eficiência dos inversores

de freqüência instalados em estações elevatórias de água.

• A aplicação de método de análise gráfica também é eficiente para que os

operadores do Centro de Controle Operacional visualizem o comportamento das

curvas de vazão, pressão e freqüência.

• A aplicação de inversores de freqüência foi eficiente nos sistemas: Campo dos

Alemães, Jardim Morumbi e conjunto habitacional Dom Pedro I e Dom Pedro II.

Entretanto, no sistema Galo Branco não foi eficiente devido a freqüência atingir a

rotação nominal do motor por períodos superiores a 10 horas diárias.

• A utilização de inversores de freqüência para o bombeamento direto nas redes de

distribuição de água é eficiente para controlar as pressões.

• O estudo das demandas de água nas áreas submetidas ao bombeamento direto é

essencial para que o dimensionamento adequado dos inversores de freqüência.


109

• Recomenda-se ao Centro de Controle Operacional, a geração de relatórios e a

construção de curvas padrões de variação de freqüência, pressão e vazão, a partir

das informações coletadas do supervisório ELIPSE E3®.

• Recomenda-se a parametrização e o tratamento dos dados de pressão, vazão e

freqüência obtidos do banco de dados do supervisório ELIPSE E3®.


110

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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115

ANEXOS

Anexo A – Esquema hidráulico do sistema de abastecimento de água de São

José dos Campos

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