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Tendo em vista o surgimento do movimento Marcha das Vadias em 2011 no Brasil e sua
filiação ao movimento SlutWalk no Canadá, que localiza sua origem nos dizeres de um agente
de polícia em Toronto ao afirmar que “women should avoid dressing like sluts in order not to be
victimized”, este trabalho se volta para as disputas de sentido que envolvem a presença das
mulheres no espaço público a partir da seguinte pergunta: como os sentidos de ‘vadia’ se
constituem no movimento Marcha das Vadias? Para tanto, propomos pensar a apropriação
militante da palavra ‘vadia’ buscando desenvolver uma reflexão sobre a textualização do
político tendo como trajeto de pesquisa três eixos: 1. Os modos de subjetivação no discurso
através da relação entre língua, sujeito e história; 2. A noção de acontecimento discursivo
(PÊCHEUX, 1983) em que buscaremos problematizar a tomada da palavra, o jogo entre falar e
‘ser falada’, de modo a apreender deslocamentos que produzem uma ruptura na memória sobre
a vadia 3. O funcionamento da memória discursiva nas relações históricas que significam as
mulheres no espaço público, bem como o processo de construção e legitimação do sujeito vadia
social e politicamente na Marcha. No intuito de percorrer tais trajetos de sentido, situamo-nos
no horizonte teórico da Análise do Discurso materialista proposta por Michel Pêcheux, que
considera a constituição ideológica dos sentidos instaurando um campo de reflexão que leva em
conta as relações entre a realidade histórica, a materialidade da língua e a existência do sujeito.
Ao mesmo tempo, promovemos diálogos com campos do saber que giram em torno da
incorporação da categoria gênero, problematizando a sexualização da experiência humana no
discurso, a exemplo da História das Mulheres e dos Estudos de Gênero. (Mulheres em Discurso
- CNPq, 487140/2013-3).