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No caminho para o trabalho eu vinha escutando um podcast sobre literatura e formação de

leitor e não pude deixar de pensar no que me fez um leitor.

Quando criança, me lembro de ver em algum lugar da casa alguns poucos livros. Ali, tinha a
minha mãe gostava de ler, apesar de não ser uma grande leitora. Na verdade, eu não sei dizer
se ela gostava de ler ou se tinha livros para enfeitar algum canto da casa. Fato é que, num
desses livros, havia um de poesias da Cecília Meireles.

Me lembro de tentar ler aqueles poemas e não compreender nada. Até aí, normal, eu era só
uma criança que apesar de já saber ler, não podia compreender as nuances de um poema. Eu
ficava olhando para a capa do livro admirando a arte da capa, como quem olha para um baú
fechado, contendo um grande tesouro e imaginando como fazer para abri-lo e desfrutar de sua
riqueza.

Ainda durante a infância, outro fato que me lembro com ternura é sobre a minha avó. Ela era
analfabeta e mal conseguia escrever o próprio nome, porém ela sempre olhava para os livros
com uma admiração e entusiasmo que de alguma forma me fazia pensar que os livros
continham um mistério indecifrável. Ela sempre me pedia para escrever cartas e cartões para
ela e quando recebia respostas das suas cartas, vinha toda animada me pedindo para ler e logo
em seguida me pedia para escrever a resposta.

Naquela época, eu sentia que saber ler e escrever era o grande sonho da minha avó, sonho
esse que nunca foi realizado, mas de alguma forma a consolava saber que eu podia ler e
escrever o que ela me pedisse.

Esses dois fatos marcaram a minha vida, me fazendo o leitor que sou. Estou sempre com
alguma leitura em andamento: termino um livro e já começo outro e na maioria das vezes
estou lendo mais de um livro. Contudo, eu não consigo me lembrar qual era o nome do livro
da Cecília Meireles que eu tentava ler na infância. Quem sabe hoje eu seria capaz de abrir esse
baú e desfrutar desse tesouro?

Baby, eu evitaria conjunções como contudo, entretanto e etc nos seus textos. Elas deixam o
texto muito formal, muito sóbrio. Na frase acima eu rescreveria:

Uma pena eu não conseguir lembrar qual era o nome daquele* livro da Cecília Meireles que eu
tentava ler na infância. Quem sabe hoje eu seria capaz de abrir esse baú e desfrutar desse
tesouro?

Talvez soe mais informal e mais acessível e o uso do *daquele, conecta o fim do texto à
introdução dele. Retoma a ideia lá do começo. Dicas que deixo pra você decidir se vai usar.

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