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“O Bolchevismo
é antítese da Igreja.”1
I. À DEFESA DA ORDEM
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Gangrena social. Editorial. O NORDESTE. Fortaleza/CE, 10 de março de 1930, p. 1.
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A esta programação, em exemplar de 14 de Maio (p. 1), O NORDESTE acrescentou para o dia 15: Sessão Solene
no Seminário Arquidiocesano de Fortaleza e a Instalação da Carteira Imobiliária dos Comerciários.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
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O jubileu áureo da Rerum Novarum. PÁGINA OPERÁRIA. O NORDESTE, Fortaleza/CE, 16 de maio de 1941, p
5.
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Encíclica Rerum Novarum em perguntas e respostas. Fortaleza/CE: Imprensa Oficial, 1941. De acordo com
apresentação do texto, o autor da obra é M. Vicent, colaborador do La Croix, diário católico parisiense. Referindo-
se a quantidade de exemplares distribuídos, O NORDESTE informou que 5.000 pessoas receberam a publicação (O
jubileu áureo da Rerum Novarum. PÁGINA OPERÁRIA. O NORDESTE, Fortaleza/CE, 16 de maio de 1941, p 5).
5
O NORDESTE, Fortaleza/CE, 14 de maio de 1941, p 1. (grifo meu)
6
Idem, p. 3.
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“Serventuários das trevas”: Os Bolcheviques na Imprensa Católica (Fortaleza/CE, 1922-1932). Título de minha
dissertação defendida em abril de 2005, no Mestrado em História Social, da Universidade Federal do Ceará. Utilizei
como marcos temporais: 1922, fundação do jornal O NORDESTE e 1932, ano de lançamento da Liga Eleitoral
Católica, a LEC em Fortaleza/CE.
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Fundado por José Martins Rodrigues, Secretário Estadual da Fazenda, com o objetivo de defender o governo de
Menezes Pimentel, o jornal O ESTADO seguia as diretrizes da Arquidiocese de Fortaleza. O seu fundador fora
presidente do Círculo Católico de Fortaleza e dirigente da Liga Eleitoral Católica (LEC).
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Segundo o jornal O NORDESTE, além dessas entidades, a Arquidiocese de Fortaleza orientou a Liga das
Senhoras Católicas, a Juventude Feminina Católica, a Liga Feminina Católica, a Liga da Sagrada Família, a
Associação das Mães Cristãs, a União de Moços Católicos, as Conferências Vicentinas, Congregados Marianos de
Fortaleza, Federação das Congregações Marianas, a Liga Teresinha, a União dos Médicos Católicos, a União
Militar Santo Inácio, a Liga dos Professores Católicos, Associação Brasileira de Educação - secção do Ceará, a
Ação Universitária Católica - núcleo do Ceará, o Centro Literário São José, o Centro Jackson de Figueiredo, a
Associação Jornalística Católica, União Popular Cristo Rei, União Sindical do Trabalho, o Instituto Epitácio
Pessoa, o Grêmio Dramático Familiar, o Grêmio Dramático Pio XI, o Grêmio São José, o Dispensário dos Pobres, o
Asilo do Bom Pastor, o Instituto de Proteção à Infância, a Santa Casa de Misericórdia, a Confederação das
Associações Católicas e a Federação Operária Cearense.
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que “não há verdade mais evidente do que esta: o bolchevismo é antítese da Igreja”10. Vítima da
corrupção moral, a nação carecia de um único lenitivo: a “missão altamente civilizadora da
Igreja”11. Ao optar por estas ações, a Arquidiocese de Fortaleza e O NORDESTE manifestaram
intolerância e autopromoção, como posturas básicas de sociabilidade.
Ao permanecer fiel ao tradicionalismo, ao ampliar o assistencialismo, ao combater o
catolicismo popular e ao articular-se com a intelectualidade leiga na criação de estratégias,
partidos e entidades, que passaram a disputar a direção dos movimentos sociais com outras
agremiações políticas e sindicais, a Igreja Católica, liderada por sua cúpula, superou
paulatinamente o isolamento da instituição perante o Estado Republicano. O tradicionalismo,
segundo João Alfredo de Sousa Montenegro, conceitua a subordinação do Estado aos fins
religiosos e identifica-se com os dogmas do ultramontanismo: o catolicismo como a única
religião verdadeira, a infalibilidade do poder papal e o seu mando sobre todas as nações do
mundo (MONTENEGRO, 1992: 94-95). Ávida por recuperar seu espaço nos círculos do poder,
a hierarquia católica passou a arregimentar grupos de pressão formados por operários,
estudantes, intelectuais, empresários, donas-de-casa e frações das camadas médias para
consolidar seu projeto autoritário de Estado. Tratava-se, agora, de lidar com estes atores sociais
provenientes do crescimento urbano e continuar na tarefa de educar as elites.
O NORDESTE vinculou o comunismo e os comunistas a várias imagens e símbolos.
Localizados quase sempre na primeira página do jornal, os editoriais foram os espaços
privilegiados de tal exercício. Ora o comunismo era identificado com a violência e a perfídia;
ora com as doenças e os vírus. Os comunistas eram mostrados como representantes da
demagogia, da intriga e da perversão dos hábitos cristãos, todavia a ligação mais recorrente deu-
se com a figura do demônio. Conseqüentemente, O NORDESTE e a Arquidiocese de Fortaleza
adotaram a lógica: “o Diabo causa terror e, através de sua figura e de sua ação no mundo,
impõe-se um rígido código moral” (NOGUEIRA, 2000: 77).
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Gangrena social. Editorial. O NORDESTE. Fortaleza/CE, 10 de Março de 1930, p. 1.
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A grande tolerância. Editorial. O NORDESTE. Fortaleza/CE, 17 de Dezembro de 1930, p. 1.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
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Inimigo pequeno. Editorial. O NORDESTE. Fortaleza-CE, 5 de Agosto de 1931, p. 1.
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A Revolução e as leis do trabalho. Editorial. Fortaleza/CE, 6 de novembro de 1931, p.1.
14
A voz do bom senso. O NORDESTE. Editorial. Fortaleza/CE, 12 de abril de 1932, p.1.
15
O manifesto do ditador. O NORDESTE. Editorial. Fortaleza/CE, 12 de abril de 1932, p.1.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
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O grande medo. Editorial. O NORDESTE, Fortaleza/CE, 18 de Dezembro de 1928, p. 1.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
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O mínimo de reivindicações. Editorial. Fortaleza/CE, 31 de Janeiro de 1931, p. 1. A 1ª Campanha Contra o
Comunismo aconteceu entre 7 de março e 16 de maio de 1930. Foram ao todo nove conferências proferidas por
intelectuais católicos residentes na capital cearense e organizada pela União de Moços Católicos (UMC), entidade
vinculada à hierarquia católica.
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A doutrina da Igreja e o Comunismo. Fortaleza/CE, 4 de Fevereiro de 1931, p. 1.
Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.
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Campanha anticomunista. O NORDESTE. Fortaleza/CE, 9 de Fevereiro de 1932, p. 1.
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Pio XI na Quadragesimo Anno, em 1931. À vista disso, parafraseando Karl Marx às avessas,
insistentemente estimularam a idéia: “Uni-vos, anticomunistas do mundo inteiro!”20.
IV. BIBLIOGRAFIA
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Um artigo sensacional. O NORDESTE. Editorial. Fortaleza/CE, 28 de maio de 1932, p.1.
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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.