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1

VOLUME Organizadores

Carlos Alexandre Oelke


Giovanna Moraes
Rosemary Laís Galati

editora científica
1
VOLUME Organizadores

Carlos Alexandre Oelke


Giovanna Moraes
Rosemary Laís Galati

1ª EDIÇÃO

editora científica

2021 - GUARUJÁ - SP
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Universidade Federal do Paraná, Brasil
APRESENTAÇÃO
Esta obra constituiu-se a partir de um processo colaborativo entre professores, estudantes e pesquisadores
que se destacaram e qualificaram as discussões no espaço formativo que tange a produção animal. Resulta,
também, de movimentos interinstitucionais e de ações de incentivo à pesquisa que congregam pesquisadores
das mais diversas áreas da Zootecnia e de diferentes Instituições de Educação Superior públicas e privadas
de abrangência nacional e internacional. Tem como objetivo integrar ações interinstitucionais nacionais
e internacionais com redes de pesquisa que tenham a finalidade de fomentar a formação continuada dos
profissionais da educação, por meio da produção e socialização de conhecimentos das diversas áreas de
pesquisas e práticas contemporâneas relacionadas a Zootecnia. Agradecemos aos autores pelo empenho,
disponibilidade e dedicação para o desenvolvimento e conclusão dessa obra. Esperamos também que
esta obra sirva de instrumento didático-pedagógico para estudantes, professores dos diversos níveis de
ensino em seus trabalhos e demais interessados pela temática.

Giovanna Faria de Moraes


Carlos Alexandre Oelke
Rosemary Laís Galati
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
01
DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS, GRADIENTE TÉRMICO E ÍNDICE DE TOLERÂNCIA AO CALOR EM
DIFERENTES RAÇAS DE CAPRINOS

Luís Fernando Dias Medeiros; Victor Cruz Rodrigues; Debora Helena Vieira; Sabrina Luzia Grégio de Souza; Otávio Cabral Neto; Carlos
Augusto de Oliveira; Liliam de Almeida da Silva; Natália de Figueiredo; Stephanie Favato de Azevedo
' 10.37885/210203065................................................................................................................................................................................... 14

CAPÍTULO 
02
PESQUISA DE SULFITO DE SÓDIO EM AMOSTRAS DE CARNE MOÍDA COMERCIALIZADAS NA CIDADE DO RECIFE,
PERNAMBUCO, BRASIL

Marcela Samico Fernandes; Erika Samico-Fernandes ; José Givanildo da Silva; Pedro Paulo Feitosa de Albuquerque; Andrea Paiva
Botelho Lapenda de Moura
' 10.37885/210203166...................................................................................................................................................................................33

CAPÍTULO 
03
LEVANTAMENTO SOBRE O REGISTRO ZOOTÉCNICO E A RASTREABILIDADE BOVINA NA PECUÁRIA COM BOVINOS NO
PIAUÍ

Diego Helcias Cavalcante; José Elivalto Guimarães Campelo; Natanael Pereira da Silva Santos; Amauri Felipe Evangelista; Wéverton
José Lima Fonseca; Gioto Ghiarone Terto e Sousa; Marcelo Richelly Alves de Oliveira; Geandro Carvalho Castro; Luciano Silva Sena
' 10.37885/210203164.................................................................................................................................................................................. 39

CAPÍTULO 
04
RESPUESTA DE LA BRACHIARIA BRIZANTHA CV. PIATÃ A LA APLICACIÓN DE MICORRIZAS Y FOSFATOS
Matheus Francisco Acosta Resquín; Gustavo Daniel Vega Britez; Nimia Elvira Amarilla Areco; Liz Marina Armoa Luján; Mariela
Evangelista Moral Villamayor; Julia Irene De León Carson; Marcos Arturo Ferreira Aguero; Mariangel Romina Collar Torres; José
Augusto Velázquez; Wilfrido Meza Gimenez

' 10.37885/210203289...................................................................................................................................................................................52

CAPÍTULO 
05
TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA: PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO QUIMIOPROFILÁTICA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Nathalia de Oliveira Telesca Camargo; Pamela Aritsimunho Sedrez; Marcelo Oliveira Centena

' 10.37885/210303583.................................................................................................................................................................................. 62
SUMÁRIO
CAPÍTULO 
06
PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA, ANÁLISE TOXICOLÓGICA E AÇÃO ANTIPARASITÁRIA DA UNCARIA GUIANENSIS SOBRE
NEMATÓDEOS DE OVINOS
Igor da Silva Dias; Sara Lucena de Amorim; Alex Cicinato Paulino de Oliveira

' 10.37885/210303678................................................................................................................................................................................... 72
CAPÍTULO 
07
ECOSSISTEMA PASTORIL: SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS, CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL E EMISSÃO DE GASES DO
EFEITO ESTUFA

Fernando Ongaratto; Eliéder Prates Romanzini

' 10.37885/210404069.................................................................................................................................................................................. 83
CAPÍTULO 
08
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE CROMO NO METABOLISMO E DESEMPENHO DE VACAS LEITEIRAS

João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Dener Nunes; Milene Rodrigues Dias; Carlos Guilherme Balkau; Lucas Maciel
Gomes Olini; Vitor Hugo Tadano da Conceição Padilha; Claúdio Jonasson Mousquer

' 10.37885/210404234................................................................................................................................................................................ 108


CAPÍTULO 
09
AGREGAÇÃO DE VALOR À NUTRIÇÃO A PARTIR DO USO DE FARINHA DE INSETOS: PEIXES

Vânia Maria Arantes; Regis Kamimura; Cristiane Ferreira Prazeres Marchini; Rafael Gustavo Hermes

' 10.37885/210504509................................................................................................................................................................................ 120


CAPÍTULO 
10
ASPECTOS NUTRICIONAIS E ALIMENTARES RELACIONADOS A POLIOENCEFALOMALACIA EM RUMINANTES

João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Lucas Maciel Gomes Olini; Claúdio Jonasson Mousquer; Carlos Guilherme Balkau;
Eloiza Baena da Silva; Rafael Laurindo Moraes; Juslei Figueiredo da Silva; Fabricio Moreira Costa; Fabiano Pedra Carvalho

' 10.37885/210504594................................................................................................................................................................................ 144


CAPÍTULO 
11
EFEITO DAS MICOTOXINAS NO METABOLISMO E DESEMPENHO DE RUMINANTES

João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Lucas Maciel Gomes Olini; Claúdio Jonasson Mousquer; Eloiza Baena da Silva;
Carlos Guilherme Balkau; Juslei Figueiredo da Silva; Rafael Laurindo Moraes; Fabricio Moreira Costa; Fabiano Pedra Carvalho

' 10.37885/210504630................................................................................................................................................................................ 159


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
12
INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DO ANO NO VALOR NUTRITIVO DAS FORRAGENS CONSUMIDAS POR BOVINOS DE CORTE
CRIADOS A PASTO
Geferson Antonio Fernandes; João Rafael de Assis; Claúdio Jonasson Mousquer; Lucas Maciel Gomes Olini; Juslei Figueiredo da Silva;
Rafael Laurindo Moraes; Eloiza Baena da Silva; Carlos Guilherme Balkau; Fabricio Moreira Costa; Fabiano Pedra Carvalho

' 10.37885/210504646................................................................................................................................................................................. 178


CAPÍTULO 
13
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DE DIETAS FORNECIDAS E AUMENTO DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR DE VACAS EM
LACTAÇÃO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Juliano Bérgamo Ronda; Giovanna Faria de Moraes

' 10.37885/210504666................................................................................................................................................................................ 193


CAPÍTULO 
14
AVALIAÇÃO DO AMBIENTE EM PESQUISAS SOBRE O COMPORTAMENTO DOS SUÍNOS EM CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO:
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Talita Pereira Cagliari; Bruno Neutzling Fraga; Carlos Alexandre Oelke; Gerson Guarez Garcia; Vladimir de Oliveira; Marcos Speroni Ceron

' 10.37885/210504785................................................................................................................................................................................ 208


CAPÍTULO 
15
MILHETO NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE CAIPIRA NO PERÍODO DE 1 A 13 DIAS DE IDADE

Kelciane Soares de Oliveira; Hidaliana Paumerik Aguiar Bastos; Antonia Leidiana Moreira; Mysterdanes Pires do Nascimento; Karine
Rocha Mendonça; Karoline Rocha Mendonça; Marlei Rosa dos Santos; Ana Teresa Pereira da Silva; Elvania Maria da Silva Costa
Moreira; Warlington Aquilis Araújo Coelho
' 10.37885/210504799................................................................................................................................................................................ 228
CAPÍTULO 
16
QUALIDADE DE OVOS E VIDA DE PRATELEIRA

Camila Lopes Carvalho; Gabriela Miotto Galli; Nathalia de Oliveira Telesca Camargo; Thais Bastos Stefanello; Caroline Romeiro de
Oliveira; Raquel Melchior; Ines Andretta

' 10.37885/210504807................................................................................................................................................................................ 237


SUMÁRIO
CAPÍTULO 
17
DESAFIOS DA MODELAGEM NA EFICIÊNCIA PRODUTIVA DE FÊMEAS SUÍNAS
João Otávio Hilgemberg; Cheila Roberta Lehnen

' 10.37885/210504832................................................................................................................................................................................ 256


CAPÍTULO 
18
INFLUÊNCIA DE DIFERENTES PROTOCOLOS DE HIGIENIZAÇÃO NA CRECHE SOBRE O DESEMPENHO DOS LEITÕES

Robson da Costa Riella; Bruno Neutzling Fraga; Carlos Alexandre Oelke; Gilberto Rodrigues Liska; Vladimir de Oliveira; Carlos Augusto
Rigon Rossi; Henrique da Costa Mendes Muniz

' 10.37885/210504836................................................................................................................................................................................ 278


CAPÍTULO 
19
PRINCIPAIS MECANISMOS DE AÇÃO DE ADITIVOS PROBIÓTICOS NA SUINOCULTURA

Melody Martins Cavalcante Pereira; Ines Andretta; Andréa Machado Leal Ribeiro; Camila Lopes Carvalho; Thais Bastos Stefanello;
Júlio César Lopes Brasileiro

' 10.37885/210504842................................................................................................................................................................................ 289


CAPÍTULO 
20
UTILIZAÇÃO DE ZINCO NA ALIMENTAÇÃO DE MATRIZES SUÍNAS: UMA REVISÃO NARRATIVA

Bruna Souza de Lima Cony; Alexandra Möller Alves; Caroline Romeiro de Oliveira; Alexandre Bonadiman Mariani; Nathalia de Oliveira
Telesca Camargo; Carolina Haubert Franceschi; Ines Andretta

' 10.37885/210504869................................................................................................................................................................................ 302

SOBRE OS ORGANIZADORES.............................................................................................................................. 316

ÍNDICE REMISSIVO.............................................................................................................................................. 317


01
Determinação dos parâmetros
fisiológicos, gradiente térmico e índice
de tolerância ao calor em diferentes
raças de caprinos

Luís Fernando Dias Medeiros

Victor Cruz Rodrigues

Debora Helena Vieira

Sabrina Luzia Grégio de Souza

Otávio Cabral Neto

Carlos Augusto de Oliveira

Liliam de Almeida da Silva

Natália de Figueiredo

Stephanie Favato de Azevedo

Artigo original publicado em: 2015


Rev. Bras. Med. Vet., 37(4):275-285.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais Lei 9610/98

10.37885/210203065
RESUMO

Objetivou-se com este estudo avaliar o comportamento de diferentes raças exóticas de


caprinos mediante respostas fisiológicas da temperatura retal (TR) e superficial (TS),
frequência respiratória (FR) e cardíaca (FC), do gradiente térmico entre temperatura
retal e a superficial (TR-TS), da temperatura superficial e temperatura ambiente (TS-
TA) e do índice de tolerância ao calor (ITC) de Baccari Júnior, sob as condições de
clima quente e úmido da Baixada Fluminense, Região Sudeste do Brasil. Foram utili-
zadas 48 cabras adultas, sendo 12 animais de cada raça: Saanen, Parda Alpina (tron-
co europeu), Anglo-nubiana e Boer (tronco africano), manejadas em regime intensivo.
Houve diferença na TR, TS, FR e FC entre as raças, pela manhã (P<0,05) e à tarde
(P<0,01). A TR, TS, FR e FC dos animais variaram significativamente (P<0,01), entre o
turno (manhã e tarde) e dias, dando uma interação significativa (P<0,01) entre manhã e
tarde e dias, como consequência de variações na temperatura ambiente. Verificou-se que
a TR, TS, FR e FC nas cabras Saanen (SA) e Parda Alpina (PA) foram mais elevadas
(P<0,05) pela manhã e (P<0,01) à tarde em comparação à Anglo-nubiana (AN) e Boer
(BO). Houve efeito significativo (P<0,05) entre turno e raça para o gradiente térmico (TR-
TS). As raças do tronco africano obtiveram as médias mais elevadas nos dois turnos em
comparação às do tronco europeu. Houve diferença significativa (P<0,05) entre raças
para o gradiente térmico (TS-TA). As raças do tronco africano obtiveram as médias mais
baixas nos dois turnos. Pela aplicação do ITC, cabras das raças AN e BO exibiram o
ITC mais alto (9,63 e 9,65) e as das raças SA e PA os mais baixos (8,89 e 8,91), res-
pectivamente. Os caprinos das raças AN e BO revelaram-se mais tolerantes ao calor
do que a SA e PA pelo ITC. As raças de origens europeias revelaram-se mais sensíveis
ao estresse térmico. Os africanos conseguiram manter temperatura corporal em níveis
aceitáveis fisiologicamente. Assim, a utilização das raças AN e BO para incrementar a
produtividade caprina em clima quente e úmido da Baixada Fluminense, Estado do Rio
de Janeiro, pode ser aconselhada.

Palavras-chave: Conforto Térmico, Estresse Calórico, Gradiente Térmico, Índice de Tole-


rância ao Calor, Parâmetros Fisiológicos.

15
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Na medida em que a temperatura ambiente aumenta a eficiência da perda de calor


sensível diminui, em razão do menor gradiente de temperatura entre a pele do animal e a
do ambiente. Nessa situação, o animal pode até certo ponto manter a temperatura corporal
por meio de vasodilatação, que aumenta o fluxo sanguíneo periférico e a temperatura da
pele; no entanto, se a temperatura ambiente continuar a subir, o animal passa a depender
da perda de calor insensível ou latente.
A temperatura da pele pode variar independentemente da temperatura retal, pois além
de estar relacionada a condições fisiológicas como vascularização da pele e taxa de suda-
ção, por ser uma temperatura de superfície; depende principalmente de fatores externos de
ambiente como temperatura e umidade do ar, radiação solar e vento (Santos et al. 2005,
Souza et al. 2008, Roberto et al. 2014).
O aumento da perda de calor cutâneo como resposta imediata à elevação da tempe-
ratura da pele pode ser mais importante nos caprinos que nos bovinos, pois por serem de
menor tamanho expõem à radiação uma maior área de superfície em relação à massa do
seu corpo (Oliveira 2007, Medeiros et al. 2007).
Quando o equilíbrio entre a perda e o ganho de energia térmica fica comprometido,
parte do calor gerado metabolicamente se acumula. Este processo pode ser revertido pela
redução do metabolismo, tendo como consequência uma restrição na energia destinada
à produção, por ser esta utilizada prioritariamente no processo de termorregulação (Aiura
et al. 2010). Por outro lado, o aumento do metabolismo vem em resposta à necessidade dos
animais, seja pelo crescimento, produção ou termorregulação.
Em ambiente tropical, normalmente, a temperatura do ar tende a ser próxima ou maior
que a corporal, tornando ineficazes as termólises por condução, convecção e radiação. Desse
modo o mecanismo de termólise considerado mais eficaz é o evaporativo, por não depender
do diferencial de temperatura, tal como da perda de calor sensível, mas sim do diferencial
de pressão de vapor entre a atmosfera e a superfície (Aiura et al. 2010).
A introdução de animais especializados no Brasil tem sido uma das maneiras para
aumentar a produtividade da caprinocultura, introduzindo melhor potencial genético aos
rebanhos. Contudo, o clima tem sido um dos fatores regionais que mais influenciam na
adaptação da nova prevalência genética com a introdução de raças exóticas (principalmente
as de origens europeias) em um país tropical, pois em seus países de origem, geralmente,
a temperatura do ar apresenta, na maior parte do ano, valores mais baixos que a tempe-
ratura do corpo do animal. Nestes casos os animais perdem uma quantidade excessiva
de calor (via evaporativa) para o ambiente, para manter a temperatura corporal em níveis

16
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
aceitáveis fisiologicamente, podendo efetivamente comprometer o desempenho produtivo,
decorrente dos efeitos dos agentes diretos e indiretos do clima e das suas interações do
ambiente reinante.
Pesquisas referentes às condições climáticas associadas com estudos de parâmetros
fisiológicos, como temperatura retal, temperatura superficial, frequência respiratória e cardía-
ca são importantes para se conhecer a adaptabilidade dos animais criados em determinada
região, servindo para comparar diferentes raças ou grupos genéticos de caprinos (Medeiros
et al. 2002, Santos et al. 2005, Souza et al. 2008, Rocha et al. 2009, Roberto et al. 2014).
Segundo Baccari Júnior (1990), as avaliações de adaptabilidade dos animais podem ser
realizadas por meio de testes de adaptabilidade fisiológica e ou desempenho. Baccari Júnior
et al. (1986) utilizaram o índice de tolerância ao calor (ITC) que se baseia na capacidade de
dissipação de calor dos animais após exposição à radiação solar direta.
Objetivou-se com este trabalho determinar a temperatura retal, temperatura superficial
do pelame, frequência respiratória e cardíaca, gradiente térmico entre temperatura retal e
a superficial e o gradiente entre temperatura superficial e temperatura ambiente e o ITC de
Baccari Júnior, em caprinos das raças Saanen, Parda Alpina, Anglo-nubiana e Boer visando
à utilização dessas raças em sistemas de produção de caprinos, no Município do Rio de
Janeiro, Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados utilizados neste estudo referem-se a um criatório de caprinos localiza-


do na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Estado do Rio
de Janeiro. O estudo teve o apoio do Programa de Gerenciamento de Cabras Leiteiras
(GEROCABRA) do Departamento de Reprodução e Avaliação Animal (DRAA) do Instituto
de Zootecnia, UFRRJ e da associação dos produtores rurais da Zona Oeste do Município
do Rio de Janeiro.
Geograficamente, o Município do Rio de Janeiro situa-se a 43°32 de longitude Oeste
e 22°55 de latitude Sul de GW, aproximadamente. De acordo com a classificação climática
de Köppen o clima é descrito como Aw. A temperatura média anual é 23,8°C, a média das
máximas é 27,9°C e das mínimas 21°C, a temperatura máxima absoluta é 38,9°C e a mí-
nima 11,2ºC, a umidade relativa média é 79%, e a precipitação anual média é 1.279,8mm,
concentrada nos meses de outubro a março (FIDERJ 2008).
Foram utilizadas 48 cabras adultas, com idades entre três e quatro anos, secas e va-
zias, clinicamente sadias e de boa condição corporal, sendo 12 animais das raças Saanen
(SA), 12 Parda Alpina (PA), 12 Anglo-nubiana (AN) e 12 Boer (BO).

17
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O estudo foi realizado no verão, havendo um período pré-experimental no terço final
da primavera para que os animais pudessem se adaptar ao manejo, visando uma melhor
interação com o homem e a determinação da hierarquia social, visto que vários animais
foram introduzidos no estudo, oriundos de outro cabril. No período experimental não foram
observadas interações agonísticas entre os animais, possivelmente, devido ao fato desses
já se conhecerem. Provavelmente, não houve dominância entre os animais, porém, se ocor-
rida, esta foi pacífica, não sendo perceptível.
O cabril era de alvenaria com piso suspenso de ripado, com laterais de 1,50 m de altura
a partir do piso completado por telas de arame liso, com cobertura de telha de barro do tipo
francesa. A orientação do eixo maior da cobertura era norte-sul. Havia espaço físico dentro
dos boxes suficiente para o descanso e razoável movimentação dos animais, levando em
consideração o espaço individual e social. A distribuição do alimento e o manejo geral, dentro
do cabril, eram realizados de maneira calma e rotineira.
As cabras foram alimentadas com capim elefante (Pennisetum purpureum, Schumach,
cv. Napier) picado à vontade, feno de gramínea coast-cross (Cynodon dactylon, (L) Pearson),
com suplementação de concentrado comercial. A ração formulada continha na composição
química da dieta: 77,5% de NDT; 20,0% de PB; 0,6% de P e 0,8% de Ca, fornecida 600 g/
cab/dia, sendo distribuídas duas vezes ao dia.
A metodologia aplicada para aferição da temperatura retal (TR) consistiu na introdu-
ção de um termômetro clínico veterinário, com escala até de 44°C, diretamente no reto do
animal, a uma profundidade de seis centímetros, de forma que o bulbo ficasse em contato
com a mucosa do animal, permanecendo por um período de cinco minutos e o resultado da
leitura expresso em graus centígrados. A temperatura superficial (TS) do pelame foi aferida
com um termômetro digital infravermelho (ST3 RAYTEK) sem contato, considerando a média
da TS nas seguintes regiões do corpo dos animais: fronte (TF), pescoço (TP), lombo (TL),
costado (TC), ventre (TV) e canela (TCN).
A obtenção da frequência respiratória (FR) foi realizada por meio da auscultação indi-
reta (auscultação mediata) das bulbas, com um auxílio de um estetoscópio flexível, ao nível
da região laringo-traqueal, contando-se o número de movimentos durante 15 segundos, e o
valor obtido foi multiplicado por quatro para determinação da FR em movimentos por minuto
(mov./min.) e a frequência cardíaca (FC) foi aferida também com o auxílio de um estetos-
cópio flexível, colocado diretamente na região torácica esquerda à altura do arco aórtico,
contando-se o número de movimentos durante 15 segundos, e o valor obtido foi multiplicado
por quatro para determinação da FC em batimentos por minuto (bat./min.).
A TR, TS, FR e FC dos animais foram registradas as 9 e 15 horas durante 12 dias entre
os dois primeiros terços do período do verão.
18
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Para o Índice de Tolerância ao Calor (ITC) proposto por Baccari Júnior et al. (1986), os
animais foram trazidos de um pátio cimentado (solário) às 11 horas, e ficaram duas horas
à sombra (cabril), às 13 horas foi realizada a primeira tomada da temperatura retal (TR1),
dentro do tronco de contenção. Em seguida, os animais foram soltos no pátio cimentado,
sem sombra, expostos à radiação solar direta, durante uma hora (das 13 às 14 horas), no
horário de máxima incidência dos raios solares. Após esse período ao sol, os caprinos foram
submetidos à sombra por mais uma hora. Às 15 horas, foi realizada a segunda medida da
temperatura retal (TR2). Foi investigada a resposta termorreguladora da FR, já que essa
informação ajudaria em parte explicar as respostas compensatórias da termólise evapora-
tiva à capacidade de tolerância ao calor do teste. Durante o período do teste (das 11 às 16
horas), os animais permaneceram sem acesso à água e ao alimento. O ITC foi realizado em
seis dias consecutivos de calor, sem nebulosidade e com baixa velocidade do ar (vento).
Durante a aplicação do ITC os animais tiveram acesso ao solário das 9 às 11 horas.
Através das médias obtidas para TR1 e TR2, obteve-se o ITC por meio da fórmula: ITC
= 10 – (TR1 –TR2). Quanto maior o ITC, mais tolerante ao calor é o animal. Para avaliar a
temperatura retal dos animais, no tronco de contenção, os observadores utilizaram termô-
metros clínicos digitais, Modelo GT3020 flexível com escala de 32 a 44ºC, mantido no reto,
até que emitisse um sinal sonoro, que indicava a estabilização da temperatura. Os animais
permaneceram o restante dos períodos diurno e noturno no cabril em seu manejo de rotina.
Foram utilizados como indicador de conforto animal o Índice de Temperatura do Globo
Negro e Umidade (ITGU), desenvolvido por Buffington et al. (1981) no qual considera-se
os efeitos da temperatura ambiente, da umidade relativa do ar, do nível de radiação e da
movimentação do ar, segundo a equação abaixo:

ITGU = Tgn + 0,36 Tpo + 41,5, em que:


Tgn = temperatura do globo negro de Vernon, em graus Celsius;
Tpo = temperatura do ponto de orvalho, em graus Celsius.

Para calcular o ITGU foi utilizado um equipamento portátil, um psicrômetro não venti-
lado, afixado dentro da instalação, protegido da radiação e do vento e, um globo negro de
Vernon, uma esfera de 15 cm de diâmetro, colocado a uma altura média do flanco do ca-
brito, dentro do cabril e em campo aberto, no sol, para medir a temperatura do globo negro
(Tgn). As leituras para a determinação do ITGU ocorreram em intervalos de 30 minutos, no
período das 6 às 18 horas, durante o estudo.

19
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
De acordo com o National Weather Service of USA os valores do ITGU até 74, definem
situação de conforto; 74 a 78, situação de alerta; de 79 a 84, situação de perigo e acima de
84 a situação é de emergência.
Foi determinada a temperatura radiante média (TRM) que é a temperatura de uma
circunvizinhança, considerada uniformemente negra, para eliminar o efeito da reflexão com
a qual o corpo (globo negro) troca tanta quantidade de energia quanto à do ambiente con-
siderado, sendo a TRM obtida pela seguinte equação: TRM = 100.[2,51 (V.1/2) (TGN – TA)
+ (TGN/100)4]1/4 em que a TRM é dada em K (graus Kelvin); V é a velocidade do vento em
m/s-1., assim como a carga térmica de radiação (CTR) calculada dentro das baias e em
campo aberto estimada pela expressão citada por Esmay (1969): CTR = σ (TRM)4 em que
a CTR é dada em W.m-2; σ é a constante de Stefan-Boltzman (5,67.10-8 W m-2 K-4) e TRM a
temperatura radiante média, K.
Para calcular a temperatura do ar (TA) e a umidade relativa do ar (UR) foi utilizado um
termohigrômetro digital Icel Manaus Modelo HT-208. Para o cálculo da velocidade do vento
foi utilizado um anemômetro digital. O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso,
em esquema fatorial 4x2, quatro raças exóticas (SA, PA, AN e BO) e dois turnos de coletas
(manhã e tarde), com 15 repetições para as características fisiológicas TR, TS, FR e FC.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando programa Statistical Analysis
Systems Institute, versão 6.11 (SAS 1996) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
Para a análise do ITC de Baccari foi utilizado o mesmo logiciário estatístico, porém
neste caso, utilizou-se a metodologia dos modelos lineares generalizados consideran-
do uma distribuição Gamma com função de ligação logarítmica de acordo com Nelder e
Wedderburn (1972).
Em todos os casos, por se tratar de medidas repetidas no mesmo animal, utilizou-se
uma estrutura de covariância composta simétrica.
Calculou-se também as correlações lineares (r) de Pearson entre as médias das variá-
veis ambientais, temperatura ambiente (TA) e umidade relativa do ar (UR) e da fisiológica
(TR, TS, FR e FC) entre as diferentes raças e em todos os animais. Assim como as médias
da TA e do ITGU.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As medidas das variáveis meteorológicas monitoradas e dos indicadores de conforto


animal que caracterizam o ambiente térmico do estudo encontram-se na Tabela 1.

20
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Média da temperatura ambiente (TA), umidade relativa (UR), temperatura do globo negro (TGN) e dos indicadores
de conforto térmico, Temperatura do Globo Negro e Umidade (ITGU), Temperatura Radiante Média (TRM) e Carga Térmica
Radiante (CTR) nos dias de coletas dos dados da TR, TS, FR e FC.

Turnos

Variáveis ambientais Manhã 7 às 12 hs Tarde 12 às 17 hs

Sombra Sol Sombra Sol


Temperatura máxima, Tmax (°C) 33,4 38,7 38,3 42,7
Temperatura mínima, Tmin (°C) 27,1 33,1 32,8 35,8
Temperatura média, Tméd (ºC) 30,3 35,9 35,6 39,3
Temperatura do bulbo seco, Tbs (°C) 30,5 - 35,1 -
Temperatura do bulbo úmido, Tbu (°C) 26,2 - 31,2 -
Umidade relativa, UR (%) 82,8 75,7 71,8 66,6
Temperatura do globo negro, Tgn (°C) 35,8 49,3 40,3 55,6
Índice de temperatura do globo negro e umidade, ITGU 83,8 93,6 91,7 103,5
Temperatura radiante média, TRM (oC) 34,2 51,7 38,4 58,8
Carga térmica radiante, CTR (W.m-2) 501,3 768,5 553,1 821,7

Observou-se que a temperatura do ar (TA) do turno da tarde foi sempre mais elevada
do que as do turno da manhã, conforme a Tabela 1. A média da TA a sombra (dentro do
cabril) pela manhã e tarde foi de 30,3 e 35,6 ºC contra 35,9 e 39,3 ºC ao sol, respectiva-
mente (Tabela 1). Os valores observados para o ITGU foram elevados independente do
turno (manhã e tarde) à sombra (83,8 e 91,7) ou no sol (93,6 e 103,5), conforme a Tabela
1, bem acima da situação de conforto que até 74, indicando uma situação de perigo e de
emergência para os animais. A TRM a sombra foi de 34,2 ºC pela manhã e 38,4 ºC à tarde
versus aos valores médios ao sol aferidos pela manhã (51,7 ºC) e a tarde (58,8ºC), conforme
a Tabela 1. A TRM média ao sol (55,25 ºC) foi em torno de 19 ºC daquela aferida à sombra
(36,3 ºC), baseando-se nos valores apresentados na Tabela 1. A elevada TRM ao sol pode
ser corroborada com a elevada CTR neste ambiente, pela manhã (768,5 W.m-2) e a tarde
(821,7 W.m-2) quando comparadas na mesma sequência com os valores observados à som-
bra (501,3 e 553,1 W.m-2). A UR média (74,2%) foi um obstáculo para perda de calor pelo
processo evaporativo, pela manhã onde a UR média a sombra foi de 82,8 e ao sol 75,7%
contra 71,8 e 66,6% a tarde a sombra e ao sol, respectivamente (Tabela 1). A importância
da UR é maior quanto mais o organismo depende de processos evaporativos para a ter-
morregulação. No caso específico do ambiente quente e úmido, a evaporação se processa
lentamente, reduzindo a perda de calor e aumentando o estresse térmico, principalmente
porque a termólise por convecção é ineficaz quando diminui o diferencial de temperatura
entre a superfície do corpo e a atmosfera. Durante o estudo a velocidade do vento (Vv)
média foi 0,7 m.s-1 com uma variação de zero a 1,7 m.s-1, não favorecendo as trocas tér-
micas por convecção e por evaporação, mesmo tendo as raças caprinas desse estudo um
pelame pouco denso, formado por pelos finos e compridos. Em região de clima quente e
úmido com temperaturas elevadas a troca de calor sensível (convecção e radiação) diminui, 21
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
intensificando a perda de calor latente que, por sua vez, é ajudada pela UR mais baixa e
maior movimentação do ar.
Os dados referentes aos valores observados para os parâmetros fisiológicos (TR,
TS, FR e FC), encontram-se na Tabela 2.
Verificou-se que as médias da TR, TS, FR e FC nas cabras européias (SA e PA) foram
mais elevadas (P<0,05) pela manhã e (P<0,01) à tarde em comparação às das cabras das
raças do tronco africano (AN e BO), conforme Tabela 2.
A média da temperatura retal (TR) dos animais pela manhã (39,40 ºC) foi estatistica-
mente menor (P<0,01) do que no período da tarde (40,34 ºC), conforme consta na Tabela
2. A amplitude da TR durante o dia (manhã e tarde) nas cabras europeias foi de 1,24 ºC
em comparação as africanas (0,66 ºC), dando uma interação significativa (P<0,01) entre os
grupos genéticos e o turno.
A mesma tendência foi observada quando a FR e a FC foram submetidas aos tratos
estatísticos com relação à fonte de variação turno, onde os animais registraram as médias
da FR e FC mais elevadas (P<0,01) no período da tarde (Tabela 2). Todavia, a amplitude,
da FR e FC observadas durante o dia (manhã e tarde) foi maior, respectivamente, nas
cabras SA e PA (27,80 mov./min. e 32,01 bat./ min.) em comparação AN e BO (19,94
mov./min. e 23,96 bat./min.), dando uma interação significativa (P<0,01) entre os grupos
raciais e o turno.
As médias da FR e FC nos animais no período da tarde foram maiores (49,76 mov./min.
e 119,93 bat./min.) do que as médias no período da manhã (26,03 mov./min. e 91,95 bat./
min.), respectivamente, nos diferentes tipos raciais, conforme Tabela 2. Todavia, as médias
da FR e FC observada nas cabras SA e PA foram mais elevadas (56,14 mov./ min. e 131,67
bat./min.) em comparação a AN e BO (43,34 mov./min. e 108,85 bat./min.), respectivamente.
Entre dias, a TR, TS, FR e FC dos caprinos variaram significativamente (P<0,01). As mé-
dias da TR, TS, FR e FC nas raças variaram entre os dias, dando interação de raça x dias
(P<0,01). Similarmente, todos os aumentos à tarde foram diferentes entre os dias dando
uma interação (P<0,01) entre turno x dias. O aumento da TR, TS, FR e FC à tarde sobre
a diferença de dias variou entre as raças, dando interações (P<0,01) de raça x turno (ma-
nhã-tarde) x dias.

22
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 2. Médias e erro-padrão da temperatura retal (TR), temperatura superficial (TS), frequência respiratória (FR) e
frequência cardíaca (FC) de caprinos no município do Rio de Janeiro.

Média (erro-padrão)
Classificação
TR (°C) TS (°C) FR (mov./min) FC (bat./min)
Média geral Raça (R): 39,87 34,47 37,89 105,94
SA 40,16 (0,04)a 35,12 (0,01)a 42,28 (0,45)a 114,18 (0,73)a
PA 40,13 (0,04)a 35,17 (0,02)a 42,20 (0,46)a 115,84 (0,73)a
NA 39,61 (0,03)b 33,81 (0,01)b 33,58 (0,38)b 98,28 (0,65)b
BO 39,58 (0,03)b 33,77 (0,01)b 33,51 (0,39)b 95,45 (0,64)b
Turno (MT):
Manhã 39,40 (0,02)b 32,19 (0,01)b 26,03 (0,33)b 91,95 (0,63)b
Tarde 40,34 (0,04)a 36,74 (0,01)a 49,76 (0,49)a 119,93(0,81)a
Dia (D):
Dia 1 39,72 (0,02)e 32,76 (0,01)g 36,29 (0,38)e 95,36 (0,64)f
Dia 2 39,73 (0,02)e 32,78 (0,01)g 36,30 (0,37)e 99,18 (0,65)e
Dia 3 39,80 (0,02)c 33,63 (0,01)f 37,37 (0,41)d 104,88 (0,68)d
Dia 4 39,92 (0,03)d 35,77 (0,01)c 38,61 (0,42)c 107,31 (0,72)cd
Dia 5 40,10 (0,03)b 36,23 (0,01)b 40,16 (0,45)a 117,45 (0,78)a
Dia 6 40,17 (0,03)a 36,54 (0,01)a 40,20 (0,46)a 119,33 (0,78)a
Dia 7 40,02 (0,1)c 36,20 (0,02)b 39,66 (0,44)b 115,25 (0,77)ab
Dia 8 39,87 (0,03)d 34,51 (0,01)d 37,52 (0,41)d 110,64 (0,74)b
Dia 9 39,93 (0,03)d 35,86 (0,01)c 38,63 (0,43)c 112,35 (0,75)ab
Dia 10 39,81 (0,02)c 34,39 (0,01)e 37,42 (0,41)d 102,31 (0,71)d
Dia 11 39,70 (0,02)e 32,23 (0,02)h 36,27 (0,38)e 92,95 (0,61)f
Dia 12 39,71 (0,02)e 32,74 (0,01)g 36,26 (0,36)e 94,27 (0,62)f
R x MT:
SA x M 39,54 (0,03)c 32,74 (0,01)c 28,38 (0,35)c 100,67 (0,65)d
PA x M 39,52 (0,03)c 32,78 (0,01)c 28,30 (0,34)c 97,34 (0,64)ed
AN x M 39,28 (0,02)d 31,65 (0,01)d 23,75 (0,31)d 86,44 (0,56)f
BO x M 39,25 (0,02)d 31,60 (0,01)d 23,68 (0,30)d 83,33 (0,54)f
SA x T 40,77 (0,04)a 37,51 (0,02)a 56,18 (0,51)a 127,69 (0,91)a
PA x T 40,75 (0,04)a 37,55 (0,02)a 56,11 (0,51)a 134,33 (0,93)b
AN x T 39,94 (0,03)b 35,98 (0,01)b 43,41 (0,46)b 110,12 (0,73)c
BO x T 39,91 (0,03)b 35,94 (0,01)b 43,34 (0,45)b 107,57 (0,71)c
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada fator de classificação, não diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Esta situação em que a média das TR, TS, FR e FC variaram entre dias, em parte, de-
vido às variações dos fatores do meio ambiente, principalmente a TA. A TR na parte da tarde
foi mais elevada do que na parte da manhã (Tabela 2). Esta variação diurna (manhã e tarde)
tem sido a origem de maior variabilidade na TR em caprinos (Medeiros et al. 2002 e 2007).
Há na literatura vários estudos relacionados aos efeitos deprimentes da ação conjunta
dos elementos climáticos sobre a FC dos animais, de modo que, à medida que aumenta a
temperatura ambiente tem sido registrada a elevação da FC em caprinos (Medeiros et al.
2001, 2007, Gomes et al. 2008, Rocha et al. 2009). A vasodilatação periférica resulta na
queda da pressão sanguínea é compensada pelo aumento da FC.
Em animais que são normalmente ativos durante o dia, há uma variação normal na
temperatura corporal, que é mínima, pela manhã e máxima no início da tarde. Todavia,
23
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
sob estresse térmico, notadamente no período da tarde, esta variação é muito marcante,
evidenciando nesse período uma hipertermia. Tal fato faz com que a temperatura ambiente
à tarde venha a ser a origem da temperatura corporal elevada dos animais nos trópicos,
principalmente no período primavera e verão. A taxa elevada da FR encontrada neste estudo
traduz uma resposta para o aumento na TR à tarde, como um mecanismo que os animais
utilizam para poder dissipar o calor corporal.
O aumento da TR incrementa a FR, promovendo a troca de calor que ocorre entre
o sangue venoso, que vem da mucosa nasal, e o arterial que irriga o cérebro. Assim, em
caprinos o resfriamento seletivo do cérebro tem alta correlação com a perda de calor por
evaporação respiratória.
A habilidade de muitos animais para desenvolver-se sob condições quentes baseia-
-se nas respostas compensatórias, como aumento da TR e da FR. A termólise evaporativa
da FR é considerada menos expressiva que a perda de calor cutâneo (sudação) nos animais
a campo (Aiura et al. 2010).
Em ambiente tropical, o fator que mais afeta os animais é o aporte térmico devido à
radiação solar intensa, tanto em forma direta como indireta (re-irradiação da energia térmica
pelas superfícies ambientes circunvizinhas). Caracterizado pela TRM, além da Vv e a UR que
são fatores importantes para as respostas da FR. Estes fatores agiram de forma análoga à
temperatura radiante. Isto ocorreu pelo fato de que a corrente de ar não facilitou a perda de
calor sensível por convecção, o que diminuiu a perda evaporativa. A UR também não facili-
tou a perda de calor latente pelas vias respiratórias. Havendo assim uma maior resistência
à passagem de calor latente da superfície corporal para a atmosfera.
A regulação física do calor corporal através da evaporação pelas vias respiratórias foi
um recurso utilizado com maior intensidade pelos animais das raças SA e PA comparadas às
raças AN e BO, que fizeram uso mais moderado da termólise evaporativa via ofegação. Esse
é um indício de que nos animais das raças de origem africana, o mecanismo mais importante
para a dissipação de calor deve ser pela termólise evaporativa cutânea (sudação). Isto é
uma evidência que há diferenças genéticas nas reações fisiológicas dos caprinos durante o
período de primavera e verão (época quente e chuvosa), nos trópicos. E que essas diferen-
ças devem ser de atributos anatomofisiológicos que afetam a termorregulação dos animais.

24
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 3. Médias da temperatura superficial (°C) de diferentes regiões do corpo de caprinos: temperatura da fronte (TF),
temperatura do pescoço (TP), temperatura do lombo (TL), temperatura do costado (TC), temperatura do ventre (TV) e
temperatura da canela (TCN), no período da manhã e tarde.

Parâmetros
Raça Manhã Tarde Manhã Tarde
TF TF TP TP
Saanen 31,89Aa 36,93Ba 34,51Ab 37,86Ba
Parda Alpina 31,96Aa 36,98Ba 34,58Ab 37,89Ba
Anglo-nubiana 30,81Ab 35,46Bb 33,41Aa 36,49Bb
Boer 30,76Ab 35,42Bb 33,36Aa 36,44Bb
TL TL TC TC
Saanen 31,84Aa 37,21Ba 32,81Aa 37,84Ba
Parda Alpina 31,88Aa 37,26Ba 32,86Aa 37,88Ba
Anglo-nubiana 30,82Ab 35,48Bb 31,79Ab 35,96Bb
Boer 30,78Ab 35,43Bb 31,74Ab 35,93Bb
TV TV TCN TCN
Saanen 33,92Aa 38,31Ba 31,48Aa 36,91Ba
Parda Alpina 33,97Aa 38,34Ba 31,52Aa 36,94Ba
Anglo-nubiana 32,63Ab 36,96Bb 30,45Ab 35,55Bb
Boer 32,59Ab 36,93Bb 30,41Ab 35,51Bb
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os dados referentes aos valores médios observados para a temperatura superficial


(TS) das diferentes partes do corpo dos animais encontram-se na Tabela 3.
A média da TS, das diferentes regiões estudadas no corpo dos caprinos, em função
da raça e turno foi de 32,74; 32,79; 31,64 e 31,60 ºC, pela manhã e 37,51; 37,55; 35,98 e
35,94 ºC à tarde, respectivamente, para as raças SA, PA, AN e BO, de acordo com os va-
lores analisados da Tabela 3. A amplitude média da TS durante o dia (manhã e tarde) para
os animais dos diferentes tipos raciais foi de 4,55ºC, conforme Tabela 2.
Houve diferenças estatísticas (P<0,01) para todas as diferentes regiões do corpo, a
temperatura da fronte (TF), temperatura do pescoço (TP), temperatura do lombo (TL), tem-
peratura do costado (TC), temperatura do ventre (TV) e temperatura da canela (TCN) entre
turno. As raças europeias tiveram os valores mais altos para TS nas diferentes regiões do
corpo, no período da manha e da tarde (Tabela 3). A TS nas raças SA e PA foram mais
elevadas (P<0,05) pela manhã e (P<0,01) à tarde, em comparação a AN e BO. As raças
de cada tronco não diferenciaram estatisticamente (P>0,05) entre si, tanto no turno da ma-
nhã como à tarde.
Os dados referentes aos valores médios do gradiente térmico entre a temperatura
retal (TR) e a temperatura da superfície dos animais (TS) e entre a TS e a temperatura do
ambiente (TA) encontram-se na Tabela 4.
Houve efeito significativo (P<0,05) entre o turno e a raça para o gradiente térmico en-
tre a temperatura retal e superficial (TR-TS). No turno da tarde, verificaram-se as menores

25
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
médias entre a TR-TS dos animais. As raças de origem africana obtiveram maiores médias
nos dois turnos em comparação às europeias, conforme Tabela 4.
Não houve diferença (P>0,05) entre turno para o gradiente entre a temperatura superfi-
cial e temperatura do ambiente (TS-TA). Porém, à tarde todos os animais, independentes da
raça, tiveram as médias mais baixas (Tabela 4). As cabras AN e BO obtiveram as menores
médias (P<0,05) entre a TS-TA, nos dois períodos, em comparação à SA e PA (Tabela 4).
Evidenciando um maior desconforto térmico das raças de origens europeias, mesmo sendo
manejadas em regime intensivo.
O menor gradiente térmico entre a TR-TS e a TS-TA, entre outras causas, foi de-
vido a TA ter sido elevada pela manhã e à tarde, situação essa que dificulta a perda
de calor sensível.
Roberto et al. (2014) salientam a influência direta dos fatores ambientais sobre a tempe-
ratura superficial da pele em cabras Saanen e mestiças F2 (¾ Boer + ¼ SA), em especial no
período da tarde. Segundo esses autores mesmo em condições de confinamento, o período
da tarde no semi-árido se torna estressante para os caprinos, reduzindo os gradientes térmi-
cos entre a temperatura do núcleo central e a superfície corporal, e desta com o ambiente.
Eustáquio Filho et al. (2011), observaram que a temperatura ambiente teve efeito linear
significativo sobre a temperatura do pelame, afirmando que isso ocorre provavelmente de-
vido aos processos fisiológicos, como a vasodilatação e a sudação, que são ativados para
dissipação do calor corpóreo, e que sob estresse severo, ocorre aumento do fluxo sanguíneo
do núcleo central para superfície do animal e, consequentemente, elevação da taxa de fluxo
de calor, resultando em altas temperaturas superficiais.

Tabela 4. Média dos gradientes entre a temperatura retal e superficial (TR-TS) e do gradiente entre a temperatura
superficial e do ambiente (TS-TA) em função das raças e dos turnos.

TR TS TS TA
RAÇA
Manhã Tarde Manhã Tarde
Saanen 6,80Aa 3,26Ba 2,64Aa 1,914Aa
Parda Alpina 6,74Aa 3,20Ba 2,68Aa 1,95Aa
Anglo-nubiana 7,63Ab 3,96Bb 1,55Ab 0,38Ab
Boer 7,65Ab 3,97Bb 1,55Ab 0,44Ab
CV% 3,24 4,18

TR = temperatura retal, TS = temperatura superficial e TA = temperatura


ambiente.
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O redirecionamento do fluxo sanguíneo e a vasodilatação facilitam a dissipação de calor


por mecanismos não evaporativos, reduzindo a temperatura superficial (Souza et al. 2005).
Entretanto, a eficácia desses mecanismos depende da diferença de temperatura entre o
corpo do animal e o ambiente. Ou seja, a dissipação de calor da forma sensível depende do
gradiente térmico entre a superfície do animal e a temperatura do meio ambiente. A condução

26
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
térmica tem grande importância no processo de dissipação de calor, desde o núcleo central
até a superfície exterior do animal, bem como da superfície ao meio que o envolve.
O ideal para os animais domésticos é que haja um gradiente em torno de 6ºC entre a
temperatura central do corpo e a superfície da pele e desta para com o ar. Assim, o fluxo
do excesso de calor corpóreo caminhará naturalmente para fora e toda reação química
exergônica poderá ser realizada sem causar superaquecimento no corpo do animal (Silva
2000). No referido trabalho o gradiente entre a TR e TS ficou abaixo de 4 ºC, no período da
tarde (Tabela 4). Isto denota que, a uma temperatura ambiente elevada, a temperatura cen-
tral estende-se para a superfície, para os membros dos animais. Em temperatura ambiente
baixa, os gradientes de temperatura no envoltório estendem-se ao longo dos membros, e a
temperatura central fica restrita ao tronco e a cabeça.
As altas temperaturas corporais durante o dia (estocagem de calor) são vantajosas,
porque quando a temperatura interna aumenta, o gradiente de temperatura entre o corpo
e o ambiente é reduzido e, portanto, o ganho de calor ambiente é menor. O animal utiliza a
estocagem de calor quando necessário para se termorregular. Segundo Aiura et al. (2010),
a forma mais eficaz de termólise quando a carga térmica do ambiente está elevada é a
evaporação, uma vez que esse mecanismo de termólise não depende do diferencial de tem-
peratura entre o organismo e a atmosfera. No referido estudo, mesmo utilizando a térmolise
evaporativa, para manter a homeotermia, as cabras européias, em especial, revelaram-se
mais sensíveis ao calor, apresentando um maior desconforto térmico, pela manhã e nota-
damente no período da tarde, quando comparadas as africanas.
Os resultados encontrados no estudo com relação à TS considerando as diversas
partes do corpo dos animais, o gradiente entre a TR-TS e a TS-TA está em consonância
com os resultados observados por Santos et al. (2005) para as raças Boer, Anglo-nubiana,
Moxotó e Pardo-Sertaneja, Souza et al. (2005 e 2008) para mestiços F1 (½ Boer + ½ SRD,
½ Savanna + ½ SRD, ½ Anglo-nubiana + ½ SRD e ½ Moxotó + ½ SRD) e Roberto et al.
(2014) com caprinos da raça Saanen e mestiço F2 (¾ Boer + ¼ Saanen). Todavia, os va-
lores obtidos neste estudo para TS foram mais elevados, enquanto para a TR-TS e TS-TA
os gradientes térmicos foram mais baixos em comparação aos valores citados por esses
autores. Essas diferenças ocorreram, provavelmente, em função da média da TA dentro do
cabril (à sombra) ter sido elevada tanto no período da manhã (30,1ºC) como no da tarde
(35,6ºC), conforme Tabela 1.
Mesmo em condições de confinamento, tanto no período da manhã, e notadamente, no
da tarde, na Baixada Fluminense, na época do verão, se torna estressante para os caprinos
reduzindo os gradientes térmicos entre as temperaturas do núcleo central e a superfície cor-
poral e desta com o ambiente. Regiões quentes e úmidas como a da Baixada Fluminense
27
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
representam problemas para o desempenho animal, pois dificultam a dissipação de calor
pelo gradiente baixo entre a TS e a TA. Assim, explica-se a elevada TR e a TS, pelo acú-
mulo de calor endógeno e as altas frequências respiratórias como um dos mecanismos da
termorregulação.
As correlações da TR, TS, FR e FC versus a TA e a UR encontram-se na Tabela 5.
Para todos os animais das raças estudadas houve uma correlação linear (r = 0,628,
P<0,01) entre a TR e a TS, (r = 0, 612, P<0,01) entre a TR e a FR, (r = 0, 615, P<0,01) en-
tre TR e a FC e (r = 0,415 P<0,01) entre FR e a FC. Essa correlação positiva e significativa,
entre as características fisiológicas analisadas, significa que o aumento em uma característica
foi acompanhado pela elevação das outras.
As correlações entre a TA e a TR para os caprinos das raças SA, PA, AN e BO foram,
a seguir: nos animais SA e PA indicam que os mesmos reagiram às elevações da TA au-
mentando a TR, assim como a TS (r = 0,609, P<0,01) e (r = 0,613, P<0,01), a FR (r = 0,601,
P<0,01) e (r = 0,607, P<0,01) e a FC (r = 0,417, P<0,01) e (r = 0,423, P<0,01), respectiva-
mente. Isso denota que, as raças de origens europeias tiveram mais dificuldade para manter
a homeotermia; encontrando, portanto, dificuldade de suportar o calor por deficiência de
outros aspectos do aparelho termorregulador, como, por exemplo, a termólise evaporativa via
cutânea (sudação), embora esses animais também ressudem. As cabras africanas, embora
houvesse aumento na TR, TS, FR e FC com elevação da TA, reagiram melhor do que as
europeias, isto é, regularam melhor o excesso de calor produzido nas horas mais quentes,
mantendo sua TR, TS, FR e FC em níveis mais baixos.

Tabela 5. Coeficientes de correlação linear (r) de Pearson entre as variáveis fisiológicas (TR, TS, FR e FC) e as ambientais
(TA e UR), em caprinos de diferentes raças.

Saanen Parda Alpina Anglo-nubiana Boer


Variável
TA UR TA UR TA UR TA UR

TR 0,663** 0,304* 0,659** 0,306* 0,318* 0,292* 0,315* 0,287**


TS 0,609** 0,298* 0,613** 0,301* 0,316* 0,288* 0,314* 0,286*
FR 0,601** 0,307* 0,607** 0,309* 0,315* 0,304* 0,312* 0,301*
FC 0,417** 0,294* 0,423** 0,296* 0,313* 0,285* 0,310* 0,282*
TR = temperatura retal, TS = temperatura superficial, FR = frequência respiratória e FC = frequência
cardíaca, TA = temperatura ambiente e UR = umidade relativa.
** = P<0,01, * = P<0,05

Verificou-se que tanto os caprinos do tronco europeu como o africano reagiram às va-
riações da UR (Tabela 5), considerando todos os animais, a correlação linear simples entre
esta variável e a TR foi positiva e significativa (r = 0,301, P<0,05). O aumento da UR dificulta
a termorregulação em ambiente quente, o que revela que as raças de ambos os troncos
foram sensíveis às variações da UR em relação a TR, conforme Tabela 5.
Verificou-se uma correlação positiva e significativa (r = 0,668, P<0,01) entre a TA e o
ITGU. À medida que aumenta o valor do ITGU, diminui o conforto térmico dos animais.
28
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Nos dias de execução do índice de tolerância ao calor (ITC) os valores obtidos para
o ITGU pela manhã das 07 às 12 horas variaram de 84,67 e 92,72, e à tarde, das 12 às 17
horas de 96,75 a 105,45, no sol. Tanto pela manhã como à tarde, a ambiência estava em
situação de emergência para os animais.
As médias das mínimas e máximas da TA e UR do ar durante os dias da execução do
ITC foram, a seguir: pela manhã (07 às 12 horas) 28,8 e 35,7°C e 69,8 e 81,7%, à tarde (12
às 17 horas) de 31,3 e 36,3°C e 65,8 e 71,6%, respectivamente dentro do o ITC (Tabela 6),
confirmando os dados anteriores que já demonstraram a maior suscetibilidade de caprinos
do tronco europeu ao calor da Baixada Fluminense. A pequena variação entre a TR2 e a
TR1 de caprinos das raças do tronco africano se traduziu em um melhor índice de tolerância
ao calor (P<0,01), conforme Tabela 6.

Tabela 6. Médias e erro-padrão da temperatura retal um (TR1) e da temperatura retal dois (TR2) e do Índice de Tolerância
ao Calor (ITC) de Baccari Júnior, em caprinos.

Parâmetros
Raças
TR1 (°C) TR2 (°C) ITC
Saanen 40,13 (0,05)Aa 41,22 (0,07)Ba 8,91a
Parda Alpina 40,11 (0,05)Aa 41,18 (0,07)Ba 8,93a
Anglo-nubiana 39,81 (0,04)Ab 40,18 (0,05)Bb 9,63b
Boer 39,79 (0,04)Ab 40,14(0,05)Bb 9,65b
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Verificouse que os animais da raça BO e AN exibiram o ITC mais altos (9,65 e 9,63)
enquanto os das raças PA e SA os mais baixos (8,93 e 8,91), respectivamente (Tabela 6).
As médias da frequência respiratória (FR1) às 13 e às 15 horas (FR2) por ocasião da
aplicação do ITC, encontram-se na Tabela 7.
Analisando a Tabela 7, as médias da FR1 e FR2 observadas durante a aplicação do
ITC foi de 74,58; 71,44; 50,33 e 47,56 mov./min. às 13 horas e 87,33; 84,95; 60,64 e 57,44
mov./min. às 15 horas, respectivamente, para as raças SA, PA, AN e BO. Verificou-se que
a FR1 e a FR2 nas cabras das raças europeias foram mais elevadas (P<0,01) tanto as 13
como 15 horas em comparação as africanas. A diferença entre FR1 e FR2 para todas as
raças foi significativa (P<0,05).
A resposta termorreguladora FR ajudou em parte a explicar as respostas compensa-
tórias da termólise evaporativa à capacidade de tolerância ao calor pelo ITC.
Souza (2003) ao submeter caprinos mestiços de diferentes grupos genéticos (exóticos,
nativos e SPRD) confinados ao ITC de Baccari Júnior, observou que os animais apresen-
taram o mesmo grau de tolerância ao calor. Os caprinos exóticos eram oriundos do tronco
africano. Concordando com Santos et al. (2005), que também não verificaram diferença em
caprinos das raças Boer e Anglo-nubiana (exóticos), e Moxotó e Parda Sertaneja (nativas) e
29
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
com Silva et al. (2006), trabalhando com caprinos das raças Boer, Savana, Anglo-nubiana e
Moxotó, em confinamento, submetidos ao ITC de Baccari Júnior. Esta mesma tendência foi
observada por Souza et al. (2008), aplicando este mesmo teste, salientam que não houve
diferença entre caprinos mestiços de 1ª geração (GF1) resultantes de cruzamentos das raças
Boer, Savana, Kalarari, Anglo-nubiana e Moxotó com caprinos SPRD na Região Nordeste,
que apresentaram elevados ITC. Esses autores reportam que, com base nos parâmetros
apresentados (temperatura retal, superfície corporal, frequência respiratória e cardíaca) e dos
valores obtidos pelo ITC, as raças exóticas (Anglo-nubiana, Boer, Savana, Kalarari) puras e
mestiços dessas raças com os tipos SPRD, demonstraram um alto grau de adaptabilidade
às condições semi-áridas, semelhantes às raças nativas (Moxotó e Parda Sertaneja). Estes
resultados corroboram com os do referido estudo, que denota a importância das raças ca-
prinas do tronco africano em região tropical.

Tabela 7. Médias e erro-padrão da frequência respiratória (FR1 e FR2) durante a aplicação do ITC de Baccari Junior, em
caprinos.

Parâmetros
Raças
FR1 FR2
Saanen 74,58(0,89)Aa 87,33 (1,05)Ba
Parda Alpina 71,44 (0,86)Aa 84,95 (1,03)Ba
Anglo-nubiana 50,33 (0,50)Ab 60,64 (0,66)Bb
Boer 47,56(0,48)Ab 57,44 (0,63)Bb
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

A TR, TS, FR e FC em si foram boas medidas, pois mostraram alguma tendência de-
finida, principalmente a TR, que pareceu ser um bom parâmetro para medir a tolerância ao
calor em caprinos.
Como o aumento da FR em condições de temperaturas elevadas começa mesmo antes
que haja aumento da temperatura do sangue que supre o cérebro, evidenciou a relevante
importância dessa variável em resposta a um estresse térmico e sua alta correlação com
a TR e o ITC, contribuindo para a eficácia do presente teste.
Contudo, a taxa de sudação deve ser investigada, pois os caprinos têm uma evaporação
cutânea bastante expressiva em condições de estresse por calor, e essas informações aju-
dariam a explicar os bons índices de tolerância ao calor obtido, nas raças do tronco africano.
Estudos devem ser realizados sobre a correlação entre o desempenho reprodutivo e
produtivo e o ITC, a fim de validar o teste em caprino.

30
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONCLUSÃO

Os dados obtidos neste estudo permitem concluir que existem diferenças genéticas de
atributos anatomofisiológicos que afetam as reações fisiológicas e a termorregulação dos
animais, pois as raças de origem europeias revelaram-se mais sensíveis ao estresse térmico.
As cabras avaliadas das raças Anglo-nubiana e Boer estão adaptadas às altas tem-
peraturas que ocorrem no Município do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Estado do Rio
de Janeiro. Ao contrário, as cabras das raças Saanen e Parda Alpina não estão adaptadas
às condições climáticas dessa região.
A utilização das raças Anglo-nubiana e Boer, de origem africana, para incrementar a
produtividade caprina em clima quente e úmido pode ser uma alternativa viável para a região
da Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
O Índice de Tolerância ao Calor (ITC) apresenta-se eficaz, com alta correlação com a
temperatura corporal, sendo recomendado para o estudo de avaliação de tolerância ao calor.

REFERÊNCIAS
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32
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
02
Pesquisa de sulfito de sódio em amostras
de carne moída comercializadas na
cidade do Recife, Pernambuco, Brasil

Marcela Samico Fernandes

Erika Samico-Fernandes
UFRPE

José Givanildo da Silva

Pedro Paulo Feitosa de Albuquerque


UFRPE

Andrea Paiva Botelho Lapenda de Moura


UFRPE

10.37885/210203166
RESUMO

O sulfito de sódio é um aditivo proibido de ser utilizado em carnes frescas comercializadas


em açougues e supermercados, uma vez que seu uso pode mascarar o estado de putre-
fação incipiente e causar danos, ou efeitos adversos à saúde. Objetivou-se identificar a
adição de sulfito de sódio em amostras de carne moída, adquiridas em mercados públicos
e redes de supermercados na cidade do Recife-PE. Foram analisadas 32 amostras de
carne moída no Laboratório de Inspeção de Carne e Saúde Pública (LICASP), localizado
na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no Departamento de Medicina
Veterinária (DMV), seguindo o protocolo do Instituto Adolfo Lutz (2005). Em todas as
amostras examinadas, não foi detecta- da a presença de sulfito de sódio, indicando que
o material analisado atendeu aos padrões estabelecidos pela legislação brasileira.

Palavras-chave: Inspeção de Alimentos, Aditivo, Saúde Publica.

34
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

A carne bovina é uma excelente fonte de proteínas, é rica em ácidos graxos essenciais,
em vita- minas do complexo B e minerais, sendo fonte de importantes nutrientes para a saúde
humana. A qualidade da carne destinada ao consumo é motivo de constante preocupação
em todo o mundo, em especial no Brasil, país considerado um dos mais importantes produ-
tores de carne bovina e com consumo per capita de 29,6kg/ano (ANULPEC 2006). Devido à
diversidade do uso, menor custo e fácil preparo, a carne moída vem sendo um dos produtos
cárneos mais comercializados quando comparado a outros cortes bovinos (Ferreira 2008).
Após processo de cominuição, a carne passa a ter maior superfície de exposição, que aliada
à manipulação excessiva com baixo padrão higiênico sanitário e a um problemático sistema
de conservação pelo frio artificial, favorece a oxidação lipídica e a multiplicação microbiana,
fazendo com que se deteriore rapidamente (Silva et al. 2009).
Produtos cárneos apresentam uma composição que facilita sua deterioração, e cui-
dados desde a produção ao consumo garantem sua qualidade (Conceição & Gonçalves
2009). Devido a esta composição, os estabelecimentos varejistas vêm utilizando artifícios
para mascarar a deterioração do produto, como adição de sulfito de sódio que proporciona
uma aparência fresca e coloração vermelha ao produto bem como elimina o forte odor da
putrefação. Porém, esta prática é considerada fraude pela legislação brasileira ao enganar
o consumidor a respeito da qualidade real da carne, e pode ocasionar vários danos a saúde
humana (Mantilla 2006).
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, é proibido o uso de aditivos em alimentos
quando houver evidências ou suspeita de que o mesmo não é seguro para consumo huma-
no; quando interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento; servir para
encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas de manipulação; encobrir alteração,
adulteração da matéria-prima ou do produto já elaborado e induzir o consumidor ao erro,
engano ou confusão (Brasil 1997).
A reação adversa mais comum ao dióxido sul- fúrico (SO2) e a outros sulfitos no ser
humano é a broncoconstricção e o broncoespasmo, particularmente em um subgrupo de
asmáticos sensíveis aos sulfitos, geralmente com asma severa. Cerca de 30% das reações
são observadas em não asmáticos. Outras manifestações relatadas incluem anafilaxia, ur-
ticária, angioedema, rubor, hipotensão, náuseas, diarreia e parestesias (Werth 1985).
Objetivou-se identificar a adição de sulfito de sódio em amostras de carne moída, adqui-
ridas em mercados públicos e em redes de supermercados da cidade do Recife,PE, Brasil.

35
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
MATERIAL E MÉTODOS

O município do Recife, capital do estado de Pernambuco, possui uma área de 218,


498 km² e uma população de 1.537.704 pessoas (Brasil 2012). Seu território é dividido em
94 bairros e sua estrutura administrativa municipal é dividida em seis Distritos Sanitários
(DS). A DS I corresponde ao centro do Recife com 11 bairros, DS II zona Norte com 18 bair-
ros, DS III a Noroeste com 29 bairros, DS IV a Oeste com 12 bairros, DS V a Sudoeste com
16 bairros e por último DS VI ocupando a zona Sul da cidade com 8 bairros (Recife 2012).
Foram coletadas 32 amostras de carne moída, aleatoriamente, procedentes dos mer-
cados públicos e de duas redes de supermercados dos Distritos Sanitários (DS) I a VI da
cidade do Recife.
As amostras foram transportadas sob refrigeração constantes ao Laboratório de Inspeção
de Carne e Saúde Pública da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No la-
boratório foram pesadas, em uma balança eletrônica, 3,5g de cada amostra e transferida
para uma placa de petri descartável, onde adicionou 0,5mL da solução de verde malaquita a
0,02% e posteriormente submetidas à prova de determinação qualitativa de sulfito baseada
na metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2005). Caso a amostra contenha sulfito
de sódio, esta irá descorar a solução de verde malaquita. Na ausência, a amostra adquire
uma coloração verde azulada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 32 amostras de carne moída analisadas nenhuma apresentou resultado positivo


para adição de sulfito de sódio. Porém, aproximadamente 30% das amostras apresentavam
características sensoriais (cor e odor) alterados ao padrão estabelecido pela Portaria nº
001/1981 (Brasil 1981), com indícios de deterioração.
Em outras cidades a presença de sulfito de sódio já foi diagnosticada em amostras de
carne moída. Em Niterói-RJ foram analisadas 30 amostras, 17 apresentaram a presença de
sulfito de sódio no teste qualitativo, comprovando fraude tecnológica (Mantilla 2006). Já na
capital do Rio de Janeiro foram analisadas 56 amostras de carnes bovinas, dessas amostras
analisadas 7,14% apresentaram resultados positivos (Tancredti 2007).
Em outros gêneros alimentícios, também foi constatada fraude pela adição de sul-
fito de sódio. Lauzurica & Fayos (2009) analisaram em Valência na Espanha, amos-
tras de hambúrgueres de carne bovina, suína e de frango, e obtiveram resultados
positivos para fraude. Já Silva et al. (2009), detectaram uma amostra de bacalhau fraudada,
das 20 que foram analisadas no município do Rio de Janeiro.

36
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Apesar do presente estudo não ter comprovado a adição de sulfito de sódio na Cidade
do Recife, observou, a partir dos resultados encontrados por outros autores que a adição
de sulfito é uma prática frequente nos comércios varejistas. Isto sugere a necessidade de
uma atuação mais rigorosa pelos órgãos fiscalizadores, para evitar o uso deste aditivo in-
tencional, visto que o mesmo pode ocasionar problemas na saúde dos consumidores, além
de enganar o comprador a respeito da real qualidade do produto.

CONCLUSÃO

As amostras de carne moída provenientes dos Mercados Públicos e de redes de


Supermercados da cidade do Recife, PE não apresentaram sulfito de sódio.

REFERÊNCIAS
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2. Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Unidades da Federação-Cidades.


Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: 8 Fev 2012.

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Analíticos para Controle de Produtos de origem Animal e seus Ingredientes. 1981. Disponí- vel
em: < http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 7 Fev 2012.

4. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria. Portaria n° 540 SVS/
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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
10. Recife, Prefeitura do Recife. Disponível em: <http://www.recife. pe.gov.br>. Acesso em: 15
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11. Silva C., Barreira V.B., Mantilla S.P.S., Kasnowski M.C., Monteiro M.L.G., Ribeiro R.O.R., Mo-
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12. Silva C., Monteiro M.L.G., Ribeiro R.O.R., Guimarães C.F.M., Mano S.B., Pardi H.S. & Mársico
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cializadas em comércio varejista. Rev. Bras. Ci. Vet., 16:33-36, 2009.

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cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google& base=LILACS&lang=p&nex-
tAction=lnk&exprSearch=450937&i nd>. Acesso em: 15 Mai 2012.

14. Werth G.R. Inhaled metabisulfite sensitive. J. Allergyclin. Immunol., 103:14-15, 1985.

38
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
03
Levantamento sobre o registro
zootécnico e a rastreabilidade bovina
na pecuária com bovinos no Piauí

Diego Helcias Cavalcante

José Elivalto Guimarães Campelo

Natanael Pereira da Silva Santos

Amauri Felipe Evangelista

Wéverton José Lima Fonseca

Gioto Ghiarone Terto e Sousa

Marcelo Richelly Alves de Oliveira

Geandro Carvalho Castro

Luciano Silva Sena

10.37885/210203164
RESUMO

Objetivou-se caracterizar o perfil da pecuária de corte no estado do Piauí para inferência


acerca do registro zootécnico dos animais para inserção em sistema de rastreabilida-
de. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionário semiestruturado de
múltipla escolha a 400 pecuaristas em todas as microrregiões do estado, nos meses de
maio e novembro de 2012. As perguntas continham os seguintes direcionadores: perfil
da propriedade e dos produtores, condições zootécnicas dos rebanhos e condições téc-
nicas no tocante ao registro zootécnico. O cenário da pecuária bovina é caracterizado
predominantemente pela atividade familiar, com a maioria dos produtores apresentando
idade superior a 50 anos, que se encontram sem grandes perspectivas de inovação
tecnológica, inseridos num ambiente onde a renovação de recursos humanos enfrenta
dificuldades. A análise dos dados constatou a prevalência de rebanhos com até 50 bovinos
explorados em propriedades com até 50 ha, sem identificação individual dos animais.
Esses resultados, aliados ao fato do pecuarista desconhecer tecnicamente a importância
do registro zootécnico e da rastreabilidade, indicam a baixa capacidade da atividade ser
inserida em um ambiente informatizado.

Palavras-chave: Identificação Animal, Pecuária Familiar, Bovinos.

40
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O ambiente socioeconômico e institucional do Brasil impõe que o setor rural se ade-


que às transformações que vem ocorrendo no mundo, pressionando o produtor a assumir
atitudes empresariais. Com isso, adaptações nas propriedades rurais vêm ocorrendo, com
regras de gerenciamento se modificando para atender a mercados exigentes, como ocorre
com a carne bovina em termos de sanidade e rastreabilidade (Machado & Nantes, 2008).
A rastreabilidade na cadeia produtiva da carne bovina já é uma realidade nessa última
década no Brasil, mas sendo praticada apenas pelos frigoríficos que exportam. Entretanto,
essa mesma prática de segurança alimentar deve ser disponibilizada ao consumidor brasi-
leiro, apesar das dificuldades em se implantar um sistema nacional único (Lopes, Demeu,
Ribeiro, RochaI, Bruhn, & Retes, 2012). No caso da pecuária com perfil familiar, uma difi-
culdade a ser enfrentada é o fato da identificação individual dos animais pode implicar em
custo elevado, dependendo do método a ser utilizado (Lopes & Santos, 2007).
O poder público de cada estado, por intermédio das Agências de Defesa Agropecuária,
cobra dos produtores, o registro da quantidade de animais das propriedades, porém, sem
a identificação do animal. Essa identificação sem caracterização individual do animal, limi-
ta muito a qualidade do banco de dados gerado, que geralmente se restringe a aspectos
quantitativos de rebanho.
O conhecimento do perfil e das dificuldades enfrentadas pelo pequeno produtor de
bovino para rastrear seu produto, pode contribuir para a definição de estratégias capazes
de sanar tais limitações, que devem contemplar incluí-lo em ambiente com tecnologia de
informatização, visto que compõe um segmento de grande importância socioeconômica em
cada região, que apresenta peculiaridades, mas que não deve ser excluído desse processo
ou tratado como empecilho à implantação de programas eficientes de rastreabilidade sa-
nitária e zootécnica no país. Segundo Miguel et al. (2007), a caracterização adequada da
produção com bovinos de corte é necessária para qualquer ação de intervenção, tanto ao
nível dos próprios produtores quanto ao nível do estabelecimento de políticas para o setor.
Cabe ressaltar, que os condicionantes para os diferentes sistemas de produção podem ser
de ordem cultural, ecológica (determinantes do meio físico solo e clima), ou até mesmo
conjunturais (preços e mercados).
Vários estudos sobre a caracterização da bovinocultura foram realizados no Brasil
(MIGUEL et al., 2007; MOURA et al., 2010; SILVA et al., 2010), porém, sem uma padroni-
zação na metodologia de caracterização dos sistemas produtivos, onde as características
analisadas podem mais amplas ou restritas, dependendo do objetivo da pesquisa.

41
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO

Caracterizar o perfil do pecuarista bovino e da produção pecuária bovina no Piauí quanto


ao uso de registro zootécnico como meio para implantação da rastreabilidade.

MÉTODOS

Utilizou-se informações de 430 questionários respondidos por criadores de bovinos


durante os períodos de certificação da vacinação contra Febre Aftosa no Piauí.
A aplicação dos questionários se deu de forma aleatória aos criadores que comparece-
ram às Unidades de Sanidade Animal e Vegetal – USAV durante a certificação da vacinação
contra a Febre Aftosa, realizada em duas etapas (maio e novembro) do ano de 2012. O local
foi escolhido por se tratar de uma instituição que apresenta capilaridade em todo o estado
e ser o principal ponto de convergência de criadores de bovinos no período.
As mesorregiões do estado e a frequência de propriedades amostradas foram: Norte
(42), Centro-Norte (179), Sudeste (80) e Sudoeste (129), como apresentado na Figura 1.

Figura 1. Localização das Unidades de Sanidade Animal e Vegetal – USAV no Piauí e os municípios onde foram aplicados
os questionários aos criadores de bovinos.

42
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O modelo do questionário foi do tipo semiestruturado dividido em quatro direcionadores
(informação do pecuarista, do sistema de produção, conhecimento tecnológico e opinião
sobre rastreabilidade), para análise com estatística descritiva.
O tamanho da amostra necessária para o estudo foi calculado de acordo a fórmula,
segundo Barbetta (2008):

sendo,
n0 = Uma aproximação do tamanho da amostra.
N = Número de propriedades rurais no Piauí.
n = Número de elementos da amostra.
E0 = Erro amostral tolerável.
O número de propriedades rurais no estado foi 64.067, segundo informação retirada do
banco de dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí - ADAPI. Portando,
como o tamanho da amostra com erro estatístico de 5% é de, aproximadamente, 398 ques-
tionários, considera-se que a quantidade utilizada (430) foi adequada em termos estatísticos.
Foram utilizadas também, informações adicionais fornecidas pela ADAPI, relativas ao
efetivo bovino do Piauí, correspondente ao período de 2009 a 2012.
As informações coletadas foram tabuladas em planilhas eletrônicas e submetidas a
análises com estatísticas descritivas, recorrendo-se a análises de frequências cruzadas, com
estratificação dos dados por mesorregião: Norte, Centro-Norte, Sudeste e Sudoeste. Foi
aplicado o teste do qui-quadrado utilizando-se o pacote estatístico do software SPSS 17.0,
para constatação da significância dos efeitos dos fatores testados a 5% de probabilidade.

RESULTADOS

Apresenta-se na Tabela 1, a relação entre a quantidade de animais e a área da pro-


priedade (ha) onde são criados. Os valores obtidos mostram que, ocorre a prevalência de
pequenas propriedades envolvidas na criação de bovinos, pois 54,2% informaram ter até
50 animais criados em propriedade com até 50ha, que diferiu significativamente das demais
combinações testadas (P<0,05).

43
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Porcentagem de propriedades estimada pela frequência cruzada da quantidade de bovinos em relação a área
da propriedade.

Tamanho da propriedade (ha)


Quantidade de animais na propriedade Total (%)
Até 50 Entre 50 e 100 Entre 100 e 200 Mais de 200
Até 50 54,2a 19,2b 15,5b 11,1b 100
Entre 50 e 100 10,9c 27,3b 23,6b 38,2a 100
Entre 100 e 200 6,9c 20,7b 17,2b 55,2a 100
Mais de 200 0,0c
13,0b
8,7bc
78,3a
100
*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste Qui-quadrado, na mesma linha.

A Tabela 2 apresenta o efetivo bovino do Piauí estratificado por sexo e faixa etária no
período de 2009 a 2012.

Tabela 2. Efetivo bovino do Piauí, estratificado por sexo e faixa etária, extraído da base de dados da Agência de Defesa
Sanitária do Estado do Piauí - ADAPI, no período de 2009 a 2012.

0 a 12 meses 13 a 24 meses 25 a 36 meses > 36 meses


Etapa de vacinação Total
F M F M F M F M

Mai/09 134.968 133.023 172.086 139.917 231.448 106.975 615.947 110.819 1.645.183

Nov/09 139.058 140.207 164.484 138.108 227.585 111.755 634.546 116.479 1.672.222

Mai/10 135.795 138.999 161.869 135.512 229.522 112.031 654.039 126.322 1.694.089

Nov/10 139.385 143.963 160.536 136.242 219.359 109.843 667.296 132.296 1.708.920

Mai/11 138.108 144.019 158.995 138.238 209.629 111.359 685.876 144.591 1.730.815

Nov/11 141.924 148.081 165.216 141.849 205.343 110.002 696.686 148.254 1.757.355

Mai/12 143.531 145.738 167.705 139.075 208.835 108.795 708.836 155.458 1.777.973

Fonte: Dados fornecidos pela da Base de dados da ADAPI.

Para a caracterização mais detalhada do ambiente rural amostrado, de forma a tor-


na-lo útil para se inferir acerca das dificuldades para a implantação de rastreabilidade na
agropecuária praticada com perfil de atividade familiar, estão apresentadas na Tabela 3
informações relacionadas ao perfil socioeconômico da criação de bovinos no Piauí, estra-
tificadas por mesorregiões.

Tabela 3. Informações relacionadas ao perfil socioeconômico da criação de bovinos (em %), estratificadas por mesorregião
no Piauí.

Mesorregião do Estado Total


Parâmetro Detalhamento do parâmetro
Norte (%) Centro (%) Sudeste (%) Sudoeste (%) (%)

Até 30 anos 2,4c 4,5 c 8,7 c 6,2 c 5,6 c


Idade do proprietário De 31 a 50 19,0 b
37,4 b
40,0 b
38,8 b
36,5 b
(ano)
Mais de 50 anos 78,6a 58,1 a 51,3 a 55,0 a 57,9 a
Até 50 ha 35,7a 41,4 a 62,5 a 34,1 a 42,6 a

Tamanho da proprieda- De 51 a 100 21,4 b 18,4 b 20,0 b 21,7b 20,0 b


de (ha) De 101 a 200 21,5 b
17,9 b
15,0 b
13,2 c
16,2 b

Mais de 200 21,4 b 22,3 b 2,50c 31,0a 21,2 b

44
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Mesorregião do Estado Total
Parâmetro Detalhamento do parâmetro
Norte (%) Centro (%) Sudeste (%) Sudoeste (%) (%)

100% cercada 64,3 a


72,6 a
52,0a
54,3ª 62,3 a

Área cercada na pro- Mais de 50% 9,5b 15,1b 20,0b 27,1b 19,1 b
priedade Menos de 50% 21,4b 11,7b 26,0b 18,6b 17,7 b

Não é cercada 4,8b 0,6b 2,0b 0,0 0,9 c


Energ. elétrica 95,2 74,3 76,3 82,9 79,3

Infraestrutura disponí- Sinal de celular 64,3 55,9 65,0 69,0 62,3


vel na propriedade Televisão 90,5 55,3 52,3 62,8 60,5

Água encanada 50,0 65,4 38,8 38,8 50,9


Grãos 73,8 52,5 57,5 66,7 59,8
Culturas exploradas
Pastagem 90,5 62,0 61,3 59,7 64,0
*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste Qui-quadrado, para o parâmetro, dentro da mesorregião.

Em relação à idade do pecuarista, observa-se que a criação de bovinos não apresenta


indícios de se renovar com a inclusão de jovens, visto que a quantidade de criadores en-
trevistados que informaram ter mais de 50 anos corresponde a 57,9% do total, ocorrendo
diferença significativa entre as mesorregiões (P<0,05), com destaque para o norte do Estado,
que apresentou valor de 78,6%, enquanto na mesorregião sudeste o problema se apresenta
menos grave, onde 40,0% informa idade entre 31 e 50 anos.

Tabela 4. Informações relacionadas ao uso de registro zootécnico no rebanho bovino, estratificadas por mesorregião
no Piauí.

Mesorregião do Estado*
Pergunta feita Detalhamento da pergunta Total
Norte (%) Centro Norte (%) Sudeste (%) Sudoeste (%)

Marca a ferro candente 85,7a 67,0a 82,5a 98,4a 81,2a


Como identifica os animais
na propriedade? Usa brinco ou similar 14,3b 8,4c 8,8b 0,0b 6,50b
Usa ambos 0,0 c
19,6 b
5,0b
0,8 b
12,3b

Que tipo de marca utiliza no Identificador do proprietário 92,9ª 75,4ª 93,8ª 86,8ª 84,0a
rebanho? N° do animal 7,1b 24,6b 6,2b 13,2b 16,0b

Em fichas de ocorrência 21,4b 35,2b 21,3b 55,0a 37,2b


Como registra informações
Computador 0,00c 0,00c 2,50c 0,00c 0,50c
do rebanho?
Não registra 78,60ª 64,80ª 76,20ª 45,00b 62,30ª

*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste Qui-quadrado, para a pergunta dentro da mesorregião.

Quanto as principais dificuldades que os criadores apresentaram para a utilização de


registro zootécnico nos rebanhos são: não conhecer seu significado (43,5%), o que denota,
culturalmente, que o costume de anotar informações dos animais de forma sistemática não
faz parte do cotidiano; a falta de um modelo padrão de registro zootécnico (23,5%) e não
saber ler/escrever (12,3%) (Tabela 5).

45
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 5. Dificuldades para a realização de registro zootécnico no rebanho bovino, estratificadas por mesorregião no Piauí

Mesorregião*
Dificuldades para a realização de registro zootécnico Média (%)
Norte (%) Centro Norte (%) Sudeste (%) Sudoeste (%)

Não sabe ler/escrever 28,6b 6,7d 26,3b 6,2d 12,3c

Falta de um modelo padrão 23,8c 29,1b 18,8c 18,6c 23,5b

Desconhece registro zootécnico 45,2a 48,0a 51,3a 31,8b 43,5a

Não vê dificuldade 2,4d 16,2c 3,6d 43,4a 20,7b


*Significativo a 5% de probabilidade pelo teste Qui-quadrado, para a pergunta dentro da mesorregião.

DISCUSSÃO

Estudando a prática da bovinocultura de corte no sul do Piauí, Bezerra et al. (2013)


encontraram resultados semelhantes ao deste trabalho, pois constataram que 66,3% pro-
dutores entrevistados realizavam a atividade em propriedade em pequenas propriedades
de até 50ha e apenas 11,5% em propriedades acima de 200ha. Esse percentual passa para
73,4% se for considerado propriedades com até 100ha. Portanto, há uma relação direta
entre a área da propriedade e o número de animais do rebanho, mas com a prevalência da
exploração de poucos animais em pequenas áreas.
De acordo com a Tabela 2, o rebanho bovino do Piauí apresentou crescimento contínuo
no período, com maior prevalência de animais fêmeas, principalmente com idade superior
a 12 meses, provavelmente pelas fêmeas serem mantidas para a reprodução e os machos
jovens inaptos à reprodução serem descartados do rebanho para venda ou abate.
Em relação à utilidade ou qualidade dessa informação para rastreamento sanitário
(Tabela 2), considera-se que tem potencial limitado por não conter informação individuali-
zada dos animais para rastreamento, como exige o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia
Produtiva de Bovinos e Bubalinos – SISBOV, regulamentado pelo Ministério da Agricultura,
para poder exportar para Comunidade Europeia (Lopes et al., 2012).
Como o percentual observado de criadores com até 30 anos não ultrapassou 8,7%, é
forte indício que não há tendência de reposição de recursos humanos nessa atividade rural,
com perspectiva de se agravar mais no norte do Estado. Na parte sul a situação tende a ser
menos grave, pois é possível que o agronegócio da soja esteja influenciando esse compor-
tamento, pois conforme Macedo (2006), ocorreu intensa mudança na distribuição do rebanho
nacional, em virtude, principalmente da expansão dessa cultura. (Tabela 3).
Com relação ao tamanho da propriedade e o sistema de exploração dos animais uti-
lizado, observa-se que 42,6% dos entrevistados informaram possuir propriedade com área
de até 50 ha, sendo que 62,3% afirmaram manejar os animais com a área 100% cerca-
da. A criação realizada em pequenas áreas e totalmente cercadas apresenta-se favorável
ao uso controle zootécnico pelo criador pela maior facilidade de gestão da produção. Porém,
46
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
convém considerar que 17,7% informaram ter menos de 50% da área cercada, e isto, limita
o controle de acasalamentos e, consequentemente, a realização do registro zootécnico, que
é a base de todo sistema de rastreabilidade (Lirani, 2008).
Ao se considerar a infraestrutura disponível na propriedade, observa-se que 79,3%
informaram dispor de energia elétrica na propriedade e 50,9% dispõem de fonte de água.
Quanto ao acesso meio de comunicação ou a informação, apenas 62,3% e 60,5% infor-
maram ter acesso a sinal de telefonia celular e de televisão, respectivamente. Assim, essa
situação mostra uma dimensão inicial das dificuldades a serem enfrentadas, visto que, o
baixo acesso à informação dificulta a mudança no modo de produção tradicional para um
sistema de melhor gestão dos insumos com maior conectividade entre os atores da cadeia
produtiva. Ou seja, o acesso à informação permite o uso mais consciente dos recursos dis-
poníveis quando comparado com uma atividade produtiva conduzida pela tradição familiar.
Outro fator que fica limitado nos meios de produção tradicionais é a segurança ali-
mentar, que deve ser prioridade, e os produtos não rastreados tenderão a perder espaço
no mercado (Lopes, Santos & Amado, 2008), além disso, de acordo com Rigueira, Lopes,
Bruhn, Rodrigues & Faria (2014), que avaliaram atributos que influenciam a tomada de de-
cisão para a compra de carne bovina, constataram a disposição do consumidor pagar mais
pela carne com certificação de origem.
No Brasil dos quatro métodos para identificação dos animais, os mais utilizados pelos
pecuaristas, segundo Lopes et al. (2012) foram: o brinco e botão (90%); brinco e marca a
ferro quente (6%); brinco e tatuagem (3%); brinco e dispositivo eletrônico – implante na ore-
lha (1%), sendo que 78% dos pecuaristas consideraram esses dispositivos de identificação
eficientes e o uso de dois ao mesmo tempo garante mais segurança em caso de perda de
um identificador.
Há constatação que mais da metade dos entrevistados não tem a prática de anotar da-
dos relativos à sanidade ou ao controle zootécnico no rebanho em cada mesorregião (Tabela
4), a exceção dos pecuaristas do sudoeste do estado, torna-se preocupante, pois o registro
zootécnico é a base para o rastreamento animal, logo uma exigência legal do Ministério da
Agricultura que está com dificuldade para ser atendida em todo o país (Barcellos, Abicht,
Brandão, Canozzi & Collares, 2012).
Quanto ao armazenamento da informação, apenas na mesorregião sudeste há refe-
rência que 2,50% recorrem a utilização de recurso computacional e isso guarda estreita
relação com a forma de identificação dos animais. Entretanto, a qualidade de um sistema
de rastreabilidade não depende do tipo de dispositivo de identificação empregado (Lirani,
2008), desde que seja feita com frequência e de maneira sistemática, mas, sem recursos de

47
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
informática para catalogar e gerar dados como um todo, compromete a eficácia do sistema
(Machado & Nantes, 2008).
Constata-se que não há a consciência do pecuarista usar a marcação dos animais com
o intuito de rastreabilidade, mesmo considerando que marcam cada animal, que é a base de
qualquer sistema de rastreabilidade zootécnica (Bass, Pendel & Morris, 2008), já que não há
identificação individual do animal por números sequenciados, ano de nascimento, ou outro
método de marcação que vise tornar o registro específico tendendo para uma marcação
única. É também importante atentar para o fato que prevalece a identificação do animal com
o uso de marcação a ferro candente, que é permitido no Brasil (Lopes et al., 2012), porém
prevalece o uso da identificação apenas do proprietário independentemente da mesorregião,
o que é um padrão da pecuária tradicional do Nordeste.
O processo de identificação pode ser aprimorado, se a obrigatoriedade de certifica-
ção da vacinação do rebanho contra febre aftosa, por exemplo, for atrelada a imposição
de registrar a informação individual do animal, desde que inserida num processo capaz de
ser informatizado, sem implicar em custos para o criador ou no contato direto dele com a
informática, ou softwares, sendo que na motivação de uso quebre a visão do criador de que,
a identificação individual dos animais no rebanho seja apenas um obstáculo a mais.
Em relação a possibilidades de inclusão de Tecnologia da Informação num cenário
como este, Machado e Nantes (2008) chamaram atenção para a grande contribuição da
informática como ferramenta de suporte à implantação de rastreabilidade, pois a utilização
do computador apresenta vantagens como gerar confiabilidade dos dados, velocidade de
informação e facilidade de comunicação, dentro e fora da propriedade. A esse respeito, a
utilização da Internet para assessorar a atividade pecuária está entre os principais serviços
possíveis, sendo que em relação ao uso de softwares na agropecuária brasileira, é maior
na produção animal do que na vegetal (Cócaro, Lopes & Campos, 2005).
Dessa forma, há a necessidade de adoção de políticas públicas que visem a capaci-
tação no meio rural para que passe a valorizar ações como esta, de modo que os criadores
vejam utilidade dessa prática. Porém, em relação a informar o quanto possui, Lirani (2008)
chama atenção para certa resistência por parte do pecuarista.
O desconhecimento do que é registro zootécnico, a pequena quantidade de animais
no rebanho e a idade avançada dos proprietários rurais, se destacam como fatores que
contribuem para a não utilização de processo sistemático de identificação dos animais na
criação, perpetuando a desinformação sobre a qualidade da produção bovina na atividade
exercida com perfil de atividade familiar, razão pela qual o rastreamento dependerá da dis-
ponibilização de protocolo ou produto específico capaz de suplantar essas dificuldades, que
pode ser atrelado à obrigatoriedade de registro individual do animal.
48
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Para se inferir no tema para esse cenário, convém considerar que a implantação de
sistema de rastreabilidade no Brasil tem passado por mudanças, dificultando que ela ocor-
ra de fato mesmo no agronegócio, ainda assim, muitos pecuaristas a julgam importante e
acreditam em seu futuro (Lopes et al., 2012), principalmente em razão do Brasil competir
com a Austrália na exportação de carne, visto que esse país se destaca como um dos mais
avançados na rastreabilidade, com sistemas de produção baseados em identificação indi-
vidual dos animais (Cavalcante, Pinheiro & Ribeiro, 2015).
Das dificuldades citadas pelos pecuaristas que já aderiram ao SISBOV, merecem des-
taque: a remuneração inadequada de animais rastreados (68%); seguida do custo elevado
da certificação (49%); burocracia na compra e venda de animais (45%); a deficiência na
mão de obra para registros na caderneta de campo (45%), o que mostra a importância de
se investir na qualificação do homem do campo (Lopes et al., 2012). Assim, se isso ocorreu
na agroindústria da carne, as perspectivas não são animadoras, podendo implicar que a
bovinocultura exercida como atividade familiar, passe a ser visto como um seguimento da
produção animal a ser discriminado por não atender as exigências do mercado da carne,
em termos de rastreamento do produto.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pecuária com bovinos no Piauí se apresenta como atividade praticada com estrutura
familiar, com poucos animais em pequenas áreas, sem processo sistemático de identificação
individual dos animais, sem grandes perspectivas de renovação de recursos humanos na
atividade, consequentemente, com baixo potencial para inserção da atividade em ambiente
com tecnologia de informatização ou em sistema de rastreamento zootécnico.
O desconhecimento da importância e de como utilizar registro zootécnico no rebanho,
dentre outros fatores, são obstáculos que dificultam a implantação da rastreabilidade zoo-
técnica na pecuária com bovinos, praticada com perfil de atividade familiar.

AGRADECIMENTOS

À Agência de Defesa Agropecuária do Piauí – ADAPI pela parceria na realização desta


pesquisa. À CAPES pelo auxílio financeiro ao proporcionar uma bolsa de estudos.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
FINANCIAMENTO

Esta pesquisa foi possível graças ao Financiamento da CAPES através de uma bolsa
de estudos de mestrado oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal do Piauí (UFPI).

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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51
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
04
Respuesta de la Brachiaria brizantha
cv. Piatã a la aplicación de micorrizas
y fosfatos

Matheus Francisco Acosta Resquín Julia Irene De León Carson


UNA/FCA/PJC UNA/FCA/PJC

Gustavo Daniel Vega Britez Marcos Arturo Ferreira Aguero


UNA/FCA/PJC UNA/FCA/PJC

Nimia Elvira Amarilla Areco Mariangel Romina Collar Torres


UNA/FCA/PJC UNA/FCA/PJC

Liz Marina Armoa Luján José Augusto Velázquez


UNA/FCA/PJC UNA/FCA/PJC

Mariela Evangelista Moral Villamayor Wilfrido Meza Gimenez


UNA/FCA/PJC UNA/FCA/PJC

Artigo original publicado em: 2020


Brazilian Journal of Animal and Environmental Research - ISSN 2595-573X.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

10.37885/210203289
RESUMEN

El objetivo de este trabajo fue verificar la respuesta de la aplicación de fertilizantes de


fosfato inoculados con micorrizas arbusculares en la producción de verde y materia seca
y altura de Brachiaria brizantha cv. Piatã en la fase vegetativa inicial. Se utilizaron cinco
tratamientos: T1 = Testigo; T2 = súper fosfato simples (0,64); T3 = micorrizas (2gr); T4 =
micorrizas (2gr) + súper fosfato simple (0.64gr) y T5 = micorrizas (2g) + 2gr de fosfa-
to. Se colocaron en bandejas llenas de tierra tamizada, donde se sembró 4gr de semillas
de Brachiria brizantha cv. Piatã, que, a su vez, fueron puestas en recipientes de plástico
de 1500 ml. Colocadas en una cámara incubadora con Fotoperiodo controlado y tem-
peratura BOD (Biological Oxygen Demand), donde se programó a una temperatura de
34°C con 14 horas de luz, y 10 horas de noche; El riego se realizó cada tres días. Se rea-
lizaron evaluaciones de materia verde, materia seca de hojas y raíces y altura de las
plantas 35 días después de la siembra. Estos resultados fueron sometidos al análisis
de varianza con 1% de probabilidad. El tratamiento con micorrizas y micorrizas con más
dosis recomendad de súper fosfato simple, obtuvieron los mejores en relación al testigo
con diferencias altamente significativas. El uso de micorrizas arbusculares resultó en una
mayor producción de materia verde y materia seca de hojas y raíces, además de altura.

Palabras-clave: Micorrizas, Fosfato, Matéria verde, Matéria seca.

53
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUCCION

La pérdida de la fertilidad natural de los suelos viene siendo una realidad constante, con-
virtiéndose en la principal problemática en las regiones destinadas a la pecuaria de corte en
el bioma del cerrado sudamericano; la cual abarca gran parte del Brasil y parte del Paraguay,
en la cual la mayor parte del área destinada se encuentra en un estado de degradación
por la ganadería convencional extensiva. El 50% de sus pasturas naturales y cultivadas se
encuentran sobre algún proceso de degradación (ANDRADE et al. 2017). Y, especialmente
en los suelos con características de lato solo rojo, que sus principales características son
la acidez y la deficiencia del fósforo, uno de los nutrientes más esenciales. La reforma de
pasturas y su recuperación en sí, posee una variedad de alternativas, siendo una de ellas
un laboreo de suelo a partir dos procesos, arado y gradeado, pero no son eficientes, debido
à una posible reducción del número de plantas en las pasturas (CARVALHO et al. 2017,
Pag. 11). Tanto el costo del pasto degradado, como del pasto recuperado con un manejo y
fertilización adecuada; en un proyecto de reforma de pasturas, los costos pueden ser muy
elevados, por lo que; mismo con un 20% inferior en los costos de recuperación, el proyec-
to se vuelve inviable (VERDI, 2018). En base a los altos costos, surgieron las alternativas
de fertilización biológica y combinada, la cual consiste en la inoculación del suelo con mi-
croorganismos como las micorrizas. Una alternativa viable para aumentar la capacidad de
las plantas con el fin de absorber fosfato del suelo, es a través del establecimiento de la
asociación micorrizal (OSORIO, 2012, pag.1-4). El mismo autor relata que los efectos de la
asociación micorrizal se han visto también en pasturas y que las plantas que se beneficien
de la mismas obtienen un crecimiento más rápido y vigoroso a comparación a los que no
estén con este beneficio simbiótico, lo que concuerda con (LOZANNO-CONTRERAS et al.,
2013, pag. 36) La cual concluye que las micorrizas promueven un mayor crecimiento en
el forraje. En otras Investigaciones en la cuales se buscó un efecto sinérgico entre las mi-
corrizas y el abono aplicado con resultados rentables se demostró que el mejor beneficio/
Costo se obtuvo en el segundo corte, mediante la utilización de 1,25 kg/ha micorrizas + 10
Tn/ha abono ovino (T3), en el cultivo de Brachiaria decumbens (Pasto dalis) alcanzando
un valor de 2,03$ dólares y una menor rentabilidad se obtuvo en el tratamiento testigo con
1,07$ registrado en el primer corte (COLOMA PANATA, 2015). Por lo que el objetivo de este
trabajo es verificar la respuesta de la B. brizantha cv. Piatã a la aplicación de micorrizas y
fósforo en la altura de la planta y producción de materia verde, materia seca, en laboratorio
con un ambiente controlado

54
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO

Materiales y metodos

El trabajo fue realizado en el laboratorio de protección vegetal de la facultad de Ciencias


Agrarias de la Universidad Nacional de Asunción, Pedro Juan Caballero, Paraguay. El trabajo
consistió de 5 tratamiento con 4 repeticiones, en donde el tratamiento 1: testigo control, solo
recibió agua. En el segundo tratamiento, se aplicó una dosis de 0,64 gr de súper fosfato
simples que fue empleado en un surco al lado de la línea de siembra; en el tratamiento 3
se utilizó 2 gr de micorrizas comerciales, aplicados directamente en el surco de siembra
un poco más debajo de la semilla para que las micorrizas tengan un contacto directo con
las raíces. El cuarto tratamiento consistió en una mezcla de 2 gr de micorrizas más 0,64
gramos de súper fosfato simples (SPS), y, finalmente, el quinto tratamiento consistió 4 gr
de micorrizas con 2 gramos de súper fosfato simples. La micorriza comercial utilizada fue el
“Granular Endomycorrhizae”, el cual posee 4 endomicorrizas siendo las mismas el Glomus
intraradices, Glomus mosseae, Glomus Aggregatum y el Glomus etunicatum. El producto
posee hasta 60 mil propágalos/libra, el cual para su verificación se utilizó tamices para separar
los gránulos inertes del producto y luego fue colocado en láminas para su observación bajo
microscopio para constatar la presencia de los propágulos. Para el experimento se utilizó el
delineamiento completamente al azar, cada unidad experimental constó de potes de plástico
de 1500 Ml, donde fueron cargados con tierra extraída de una propiedad con la característica
de su suelo y pastura degradada; dicho suelo fue tamizado para homogeneizar las unidades
experimentales, las cuales fueron cargadas hasta el borde con la tierra. Para la siembra se
utilizó semillas de Brachiaria brizantha cv. Piatã y sembrados en 5 surcos por potes, con
una profundidad de 2cm. Una vez sembrada y aplicados los insumos, se procedió a regar y
lacrar los potes con otro recipiente del mismo volumen de forma invertida y, utilizando cinta
adhesiva para el mismo (esto debido a que la camarada incubadora BOD (Biological Oxygen
Demand) con fotoperiodo controlado puede resecar en muy poco tiempo los recipientes, y en
la cual se trasladó las unidades experimentales, puede resecar en muy poco tiempo la tierra
con los tratamientos por lo que esta técnica es necesaria). Una vez colocado los potes en la
incubadora BOD se programó a una temperatura de 30°C con un fotoperiodo de 14 horas luz
y 10 horas noche, el riego fue realizado cada 3 días. Los tratamientos permanecieron durante
35 días en la incubadora BOD. Las evaluaciones en su totalidad fueron realizadas a los 35
días después de la siembra. Para la evaluación total, las plantas presentes en las unidades
experimentales fueron retiradas con sus respectivas raíces con el cuidado respectivo a que
las raíces no se rompan en el proceso. Para la altura de plantas todas fueron medidas con
cinta métrica la totalidad de plantas por pote, la cual el promedio fue de 45 plantas por pote,
55
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
para la materia verde fueron separadas hojas, y raíces y fueron pesados en una balanza
de precisión y luego colocados en bolsas de papel en una estufa a 60°c por 72 horas, pero
antes de eso se extrajeron muestras de raíces de cada planta y fueron pesadas para su
posterior descuento, estas muestras fueron llevadas en envases separados por tratamiento y
todas las muestra fueron sometidas en baño maría durante 10 minutos, con una solución de
hidróxido de potasio KOH 10% para clarear las raíces. Una vez realizado el clareamiento se
procedió a cortar las raíces a 1 cm cada una y fueron teñidas con fucsina acida en caso que
no se posea el tinte azul de tripano según el método de KOSKE Y GEMMA (1989, pág.92).
Una vez teñidas las raíces fueron observadas en microscopio, donde se buscó observar
las vesiculas arbusculares y los arbusculos de las endomicorrizas. Esto es necesario para
determinar si el resultado obtenido por las micorrizas realmente se atribuye a las mismas
por la asociación simbiótica con las raíces de las plantas. La evaluación de materia seca se
realizó una vez que las muestras hayan pasado las 72 horas en la estufa y fueron pesadas
con la balanza de precisión. Los resultados obtenidos fueron sometidos a un control de datos
por test de normalidad de datos por Shapiro-wilk, luego a un análisis de varianza de datos al
1% de probabilidad y comparación de medias por el test de tuckey utilizando los softwares
estadísticos AgroEstat ®.

RESULTADOS

Se constató que los datos obtenidos en este trabajo provienen de una distribución
normal por el test de normalidad y se verificó que hubo un efecto significativo (p<0,05) en la
altura de las plantas en función a los tratamientos utilizados (Figura 1). En los tratamientos
en los cuales fueron utilizados solo micorrizas y micorrizas con una dosis baja de fósforo,
no tuvieron diferencias significativas entre sí, pero sí con mayores dosis de fosfato.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Figura 1. Altura de las plantas según distintos tratamientos. Letras minúsculas iguales entre las columnas no difieren
estadísticamente al 5% por el test de Tukey.

En la materia verde y materia seca de la parte aérea de la planta, se ha observado


diferencias significativas entre los tratamientos (véase en la Tabla 1), en la que en los tra-
tamientos con micorrizas y micorrizas más SPS obtuvieron mayores valores en relación a
los demás tratamientos.

Tabla 1. Medias ± Desvió estándar de los efectos de diferentes fertilizaciones química e biológicas en la materia verde y
materia secas (gr) de las hojas de la B. Brizantha cv. Piatã.

TRATAMIENTOS MATERIA VERDE HOJAS MATERIA SECA HOJAS


Micorrizas 2gr 6,26 ± 1,6 a 4,35 ± 0,02 a
Micorrizas 2gr mas SPS 0,54gr 4,79 ± 1,2 ab 3,56 ± 0,02 b
Micorrizas 4gr mas SPS 2gr 4,10 ± 0,8 ab 3,02 ± 0,04 c
Súper Fosfato Simple 0,64gr 2,91 ± 1,1 b 2,06 ± 0,03 d
Control 2,62 ± 0,2 b 1,46 ± 0,02 e
CV (%) 25,28 1,07
ab
letras diferentes en las columnas difieren estadísticamente al 1% de probabilidad

En la biomasa in natura como la biomasa seca de las raíces se pudo observar diferen-
cias significativas del tratamiento que fueron inoculados con micorrizas con relación a las
que no (Tabla 2),

Tabla 2. Medias ± Desvió estándar de los efectos de diferentes fertilizaciones química y biológica en la producción de
biomasa húmeda e biomasa seca de las raíces de la B. Brinzantha cv. Piatã.

TRATAMIENTOS BIOMASA FREZCA RAIZ (Gr) BIOMASA SECA RAIZ (Gr)


Micorrizas 2gr 5,84 ± 0,02 a** 4,28 ± 0,01 a**
Micorrizas 2gr mas SPS 0,54gr 4,63 ± 0,05 b 3,99 ± 0,03 b
Micorrizas 4gr mas SPS 2gr 4,19 ± 0,03 c 3,66 ± 0,08 c
Súper Fosfato Simple 0,64gr 3,59 ± 0,04 d 2,26 ± 0,04 d
Control 2,98 ± 0,01 e 1,92 ± 0,03 e
CV (%) 0,86 1,55
ab
Letras diferentes entre sí en la columna difieren estadísticamente entre si al 1% de probabilidad

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DISCUSION

En los tratamientos en los cuales fueron utilizados solo micorrizas y micorrizas con una
dosis baja de fósforo (Véase en la Figura1), no tuvieron diferencias significativas entre sí,
pero sí con mayores dosis de fosfato: esto se debe a que las micorrizas arbusculares pro-
porcionaron un incremento en el desarrollo de la planta y en su morfología, la cual presenta
mayor altura en relación a la fertilización fosfatada y el testigo. Esto concuerda con los re-
sultados obtenidos por (CARVALHO et al, 2007, PENTON et al, 2011, pag. 34, BENAVIDES
et al, 2011, pag. 9-1) los cuales mencionan que las micorrizas favorecen en el crecimiento
y desarrollo de planta. Con ésta, obteniendo mayor altura. En relación a las diferencias en-
contradas en la dosis de fosfato, esto se debe que dosis alta de fósforo afectan en la pobla-
ción de la micorrizas en las raíces, lo que se observa en trabajos similares de (BARRAGAN
et al., 2019), donde mencionan que dosis moderadas de fósforo aumenta la acción de las
micorrizas en las plantas; en otros trabajos similares, se menciona que hay mayor respues-
tas de ciertas especies de micorrizas cuando no existe algún tipo de fertilización a base de
fósforo, sin embargo, la aplicación del mismo influencia a una mayor diversidad de especies
de micorrizas que inoculan la raíz y el suelo (WAKELIN et al., 2012, pag 40-48).
En los tratamientos con micorrizas y micorrizas más Súper fosfato Simples obtuvieron
mayores valores de materia ver y materia seca de la parte aérea de las plantas en relación
a los demás tratamientos (véase en la Tabla 1). Estos resultados fueron semejantes a los
obtenidos por (LOZANO-CONTRERAS et al., 2013, pag. 36) y son atribuidos por la colo-
nización microbiana, registrando cambios significativos en los parámetros de crecimiento,
tales como duplicar el volumen radicular. Por ende, el aprovechamiento de los recursos
minerales a través de hojas y con una mejor nutrición ya que esta ayudan a explotar y
aumentar su superficie de absorción, consecuentemente aumentando el rendimiento del
forraje (HERNANDES-SANCHEZ et al., 2018, pag. 11), en otros trabajos similares (COSTA
et al., 2012, pag.13) menciona que el efecto de la micorrización sobre los rendimientos de
materia seca (MS) de la gramínea, las cuales pueden proporcionar incremento de 353 e
321% de materia seca en relación al tratamiento control, también el mismo autor menciona
que las micorrizas favorecen a la absorción de nutrientes pero que el balance del fosforo en
un factor determinante en el desarrollo inicial de las micorrizas, en investigaciones similares
realizadas por (MOTTA et al., 2017, pág. 41) verifican que las dosis de fosforo no afectan al
desarrollo de las micorrizas y que también no influye en el teor de fosforo en la parte aérea
de la planta. Con relación al fosforo (SANTIAGO et al., 2017) mencionan que el encalado
y la fertilización fosfatada aumenta el rendimiento de la materia seca lo que difiere con el
trabajo realizado en la cual el tratamiento con súper fosfato simple demostró menores teo-
res de materia verde y materia seca, esto se debería más por el tiempo que el este tipo de
58
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
fertilizante quedan disponibles para las plantas, con fertilizantes fosfatados que sean de
acción más rápida tal vez los resultados de mismo sean más expresivos.
En los tratamientos donde se utilizó a las micorrizas se observó e midió que las mismas
estimulan a mayor enraizamiento de la planta (Véase en la Tabla 2), (AGUIRRE et al. 2019,
pág. 53-60) menciona que la fertilización química como el fosforo e nitrógeno incrementan
el crecimiento de la raíz al igual que la micorrizas con relación al testigo, lo que difiere con
este trabajo donde la fertilización solamente con el súper Fosfato simple no presento una
cantidad superior o igual de biomasa de raíz en relación con los demás tratamiento sin
embargo los resultados obtenidos por el mismo en relación a la biomasa de la raíz de las
plantas con inoculación micorriza concuerda con el trabajo realizado. En trabajos similares
realizados por (CARVALHO et al., 2007) donde mencionan que en media el incremento de
la biomasa freza y seca de las raíces micorrizadas aumentaron hasta 7 veces en relación
a las no micorrizas. (HERNANDES-SANCHEZ et al., 2018, pág. 11), menciona que la colo-
nización radicular por micorrizas realiza cambios significativos en diferentes parámetros de
crecimiento, tales como duplicar el volumen radicular por ende el aprovechamiento de los
recursos minerales a través de las hifas y con una mejor nutrición ya que estas ayudan a
explorar y aumentar su superficie de absorción. En otros trabajos similares (EMERY et al.,
2018, pag 119) mencionan no encontrar evidencia de la relación de las micorrizas con relación
de la misma con la producción de biomasa aérea e subterránea, donde mencionan que este
factor está relacionado con el nivel de fertilidad del suelo, por lo que los efectos positivos
de las micorrizas son más evidentes cuando las características fértiles del suelo son bajas.

CONCLUSIONES / CONSIDERACIONES FINALES

El uso de micorrizas arbusculares afecta significativamente en la producción de bio-


masa fresca e seca del forraje e consecuentemente en su altura de la Brachiaria Brizantha
cv. Piatã, debido a que estas sirven como extensiones para las raíces e permitiendo mayor
absorción de nutrientes.
No se encontraron efectos significativos con la utilización del fertilizante fosfatado
en la planta, por lo cual sus efectos no fueron evidentes en este trabajo por lo que se re-
comienda realizar más estudios a largo plazo y a niveles de campo e semi campo para
dichas mediciones.

AGRADECIMIENTOS

A las agropecuarias Guaraní y Ñemity por los insumos proveídos.

59
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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61
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
05
Tristeza parasitária bovina: protocolos
de avaliação quimioprofilática no sul
do Rio Grande do Sul

Nathalia de Oliveira Telesca Camargo


UFRGS

Pamela Aritsimunho Sedrez


UFPEL

Marcelo Oliveira Centena


UFPEL

10.37885/210303583
RESUMO

Um dos complexos de doenças muito frequentes no Brasil é a Tristeza Parasitária Bovina,


mais conhecida como TPB. É causada principalmente por protozoários da espécie Babesia
bovis e Babesia Bigemina, que provocam a Babesiose, e pela rickettsia Anaplasma mar-
ginale, que provoca a Anaplasmose, sendo também transmitida por insetos hematófagos
e fômites, gerando grandes prejuízos produtivos nos rebanhos de bovinos, devido a con-
siderável redução no ganho de peso e produção de leite, redução da natalidade, custos
elevados com mão-de-obra e carrapaticidas e perdas na qualidade do couro. No que
tange à coleta de sangue dos animais, algumas variáveis pré-analíticas podem interferir
nos resultados dos exames, como uma coleta inadequada, o tempo de armazenamento
das amostras e temperatura de conservação dos tubos. Devido a isto, o objetivo deste
capítulo foi demonstrar o efeito da ação de um tratamento quimioprofilático utilizando
Dipropionato de Imidocarb como uma alternativa no combate à surtos de TPB, melhorando
o desempenho zootécnico dos animais tratados e verificar se o tempo de homogeneização
dos tubos de coleta sanguínea podem ser fatores de variação no hemograma.

P a l a v r a s - c h a ve: A n a p l a s m a M a r g i n a l e, B a b e s i a , H e m o p a r a s i t a s , I m i d o c a r b,
Microhematócrito.

63
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2019,


o rebanho bovino brasileiro alcançou 214,7 milhões de animais, uma alta de 0,4% em relação
a 2018. Um dos maiores entraves da bovinocultura brasileira é a tristeza parasitária bovina
(TPB), um complexo de doenças hemoparasitárias, que pode ser causada por uma rickett-
sia (Anaplasma marginale) e um protozoário do gênero Babesia (Babesia bovis e Babesia
bigemina), podendo ocorrer de forma isolada ou associada ao hospedeiro. Sua transmis-
são aos bovinos se dá, principalmente, através do carrapato (Rhipicephalus microplus) e
também por outros vetores, como Tabanídeos (mutucas), Mosca dos Chifres (Haematobia
irritans) e a Mosca dos Estábulos (Stomoxys calcitrans), e ainda, por via transplacentária,
transfusões sanguíneas e fômites, tais como, agulhas hipodérmicas, luvas de palpação (...)
contaminadas com sangue (GRISI et al. 2014). A TPB é descrita como uma das principais
doenças causadoras de prejuízos produtivos na bovinocultura brasileira, pela considerável
redução no ganho de peso e produção de leite, redução da natalidade, custos elevados com
mão-de-obra e carrapaticidas e perdas na qualidade do couro. Além de diminuir o desem-
penho zootécnico dos animais, a TPB causa também grandes prejuízos econômicos aos
produtores. (BARROS et al. 2005).
Uma correta coleta de sangue pode identificar o agente causador da doença através de
exames como esfregaço sanguíneo e a observação de sinais clínicos, como anorexia, pêlos
arrepiados, taquipnéia, taquicardia, redução dos movimentos ruminais, anemia, prostação, re-
dução da lactação, icterícia (comum na anaplasmose), entre outros. Nas infecções causadas
por Babesia Bovis, o animal também poderá apresentar sinais nervosos, como incoordenação
motora, andar cambaleante, movimentos de pedalagem e agressividade (FARIAS, 2001).
Nesse sentido, o objetivo principal deste estudo foi demonstrar o efeito da ação qui-
mioprofilática do Dipropionato de Imidocarb como uma ferramenta para interromper surtos
de TPB e consequentemente melhorar o desempenho individual através da elevação dos
hematócritos dos animais tratados, juntamente com o objetivo de analisar fatores de variação
do hemograma, devido aos fatores externos de coleta sanguínea.

DESENVOLVIMENTO

A produção brasileira de bovinos, tanto no comércio e mercado quanto na produção de


carne, é uma das mais importantes do mundo. A pecuária bovina sofreu e sofre modificações
constantes, devido aos avanços das tecnologias dos sistemas de produção e na organização
desta cadeia, refletindo diretamente na qualidade da carne. Dada a importância mundial da
pecuária nacional, estudos sobre nutrição, sanidade e manejo estão sendo constantemente
64
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
realizados, a fim de evitar grandes perdas econômicas. A ocorrência de surtos de TPB é uma
das causas de grandes prejuízos ao sistema produtivo, pois está altamente correlacionada
com mortalidade e morbidade dos animais.
Um dos fatores muito comuns na ocorrência de surtos, e que deve ser levado em con-
sideração, é a movimentação de animais de áreas que já possuem contato com os agentes
causadores de TPB, para áreas de contato mínimo ou ausentes. Conhecer a história dos
animais é essencial para qualquer sistema produtivo, pois o sucesso na tomada de decisão
pode se dar pelas medidas preventivas adequadas. Um simples transporte de bovinos de uma
propriedade para outra já pode ser considerado fator de risco de quebra imunitária, podendo
gerar surtos de TPB em confinamento. Fatores nutricionais, resistência inata e nível de in-
festação do carrapato, podem determinar a ocorrência maior ou menor dos surtos, devendo
ser alvo de preocupação e ações de manejo por parte dos produtores (Radostis et al. 2007).
No Brasil, a Babesiose é causada pelos protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina,
enquanto que a Anaplasmose tem como principal agente patogênico a rickettsia Anaplasma
marginale (KOCAN et al., 2003; BOCK et al., 2004). Na transmissão de babesiose e anaplas-
mose, o carrapato-dos-bovinos é considerado o principal vetor, sendo que nesta última, há
também a possibilidade da transmissão mecânica por vetores como dípteros hematófagos
e por fômites (AUBRY; GEALE, 2011; BATTILANI et al., 2017).
Os sinais clínicos da TPB podem ser muito variados, mas prevalecem, principalmente:
febre, hemoglobinúria, anemia, danos ao sistema nervoso e, na maioria dos casos quando
não há tratamento, ocorre a morte dos animais. A ocorrência de surtos de TPB comprome-
te a produtividade dos rebanhos acometidos pela doença, seja na pecuária de corte ou de
leite, uma vez que, a elevação de índices de morbidade determinam prejuízos econômicos
relacionados a queda na produção de leite, a perda de peso dos animais (baixo desempenho
zootécnico) e aos altos custos com tratamentos, que aliados ao aumento nas taxas de mor-
talidade e de incidência de abortos, acabam por determinar a perda da eficiência produtiva
destes rebanhos (KOCAN et al., 2003; BOCK et al., 2004; FERREIRA, 2019).
O diagnóstico da TPB pode ser feito através da análise dos sinais clínicos e de exames
laboratoriais como o esfregaço sanguíneo ou, em caso de morte do animal, de necropsia.
(FARIAS, 2001; KESSLER; SCHENK, 1998). No exame de esfregaço de sangue periférico
corado por Giemsa, é possível identificar a presença dos parasitas através de microscopia
de luz. Entretanto, esta técnica possui baixa sensibilidade, uma vez que somente permite
o diagnóstico de animais sintomáticos, enquanto que os animais assintomáticos não são
diagnosticados, sendo estes últimos os que mais contribuem para a manutenção da ende-
micidade da doença, pois atuam como reservatórios para a transmissão dos hemoparasitas
(BULING et al., 2007; BRITO et al., 2010, 2013).
65
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Na epidemiologia da TPB estão envolvidos tanto os componentes abióticos quanto os
bióticos, que relacionam a suscetibilidade genética dos rebanhos, idade dos animais, vetores
disponíveis na região, clima e manejo sanitário dos animais. Tais fatores são determinantes
para estabelecer a situação enzoótica dos rebanhos e para a avaliação de risco relacionada
à introdução de animais suscetíveis procedentes de áreas de instabilidade enzoótica ou
áreas não endêmicas para os agentes causadores da TPB. A suscetibilidade dos bovinos em
contrair a doença é um fator tão importante quanto à presença de vetores (Uilenberg, 1992).

Babesiose

De acordo com Schnittger et al., (2012) e Babes, (1888), (1892) apud Florin-christensen
et al. (2014), a babesiose foi encontrada em 1888 por Viktor Babes, que relatou a presença
de microrganismos em eritrócitos de bovinos doentes e os correlacionou com o surgimento
de hemoglobinúria nesses animas. Em 1893, dois pesquisadores, Theobald Smith e Frederick
Kilborne, observaram que o microrganismo identificado por Viktor era um protozoário transmi-
tido pelo carrapato Rhipicephalus anulatus (SMITH & KILBORNE, 1893 apud KOCAN et al.,
2010; SCHNITTGER et al., 2012; FLORIN-CHRISTENSEN et al., 2014). Este relato foi o início
do estabelecimento de um programa de erradicação do R. anulatus nos EUA, o que resultou
na erradicação da Babesiose em 1943 (GRAHAM, 1977 apud MOSQUEDA et al., 2012).
Como já citado anteriormente, a babesiose bovina é uma enfermidade causada pelos
protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina. Ambas as espécies são transmitidas pelo
carrapato do boi Ripicephalus (Boophilus) microplus. As babésias possuem como caracterís-
tica principal a infecção e multiplicação nos eritrócitos, sendo a babesia bovis a espécie que
mais causa a patogenia em bovinos (Taylor et al., 2017). As consequências ao hospedeiro
se devem a ausência de oxigênio nos tecidos (hipóxia) e anemia, que são desencadeadas
devido ao consumo de hemoglobina durante sua permanência na célula e, ruptura de mem-
brana plasmática após a exocitose (Farias, 1995).
De acordo com Farias, 2001, na babesiose, a fêmea do carrapato se infecta durante
o ingurgitamento e, já dentro do seu organismo, alguns microrganismos produzidos são
incorporados ao embrião do carrapato e os agentes da doença são transmitidos para novos
hospedeiros vertebrados por meio da alimentação das larvas, ninfas ou carrapatos adul-
tos. O período de incubação varia de 7 a 14 dias. É interessante saber que a Babesia bovis
é inoculada nos bovinos por larvas do carrapato e Babesia Bigemina por ninfas. Podem ser
acometidos bovinos, bubalinos e cervídeos, em todas as idades, entretanto cada um destes
agentes possui características epidemiológicas distintas (Silva et al., 2013; Taylor et al., 2017).

66
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Anaplasmose

Em 1910, Arnold Theiler fez o primeiro relato sobre o gênero Anaplasma ao corar
sangue de bovinos doentes e verificar alguns pontinhos no interior de algumas células, os
quais ele identificou primeiramente como sendo protozoários. Smith e Kilborne, erronea-
mente, sugeriram que os pontinhos encontrados por Arnold Theiler eram formas biológicas
de Babesia bigemina, contudo, Theiler se opôs e definiu que a Anaplasmose e a Babesiose
eram duas doenças distintas, mas que apresentavam algumas semelhanças e que poderiam
coexistir no mesmo animal (KOCAN et al., 2010).
Na maior parte do Brasil os animais são relativamente resistentes à anaplasmose, pois
há uma presença de vetores durabte todas as épocas do ano, e por isso, os animais desen-
volvem imunidade desde cedo, devido a infecção precoce pelo Anaplasma marginale, quando
ainda estão protegidos pelos anticorpos passados pelo colostro. Na anaplasmose, os corpús-
culos iniciais, ao serem inoculados no bovino, se aderem aos eritrócitos, esses corpúsculos
vão se multiplicando e invadindo outros eritrócitos até a morte do hospedeiro ou controle da
infecção. O carrapato pode se infectar em qualquer fase desse processo, ainda não é bem
definido como ocorre o ciclo nos casos de infecções por insetos. O período de incubação da
doença é maior do que a babesiose, variando de 21 a 45 dias (KESSLER; SCHENK, 1998).
Importante salientar que, em condições a campo, os períodos de incubação nem sempre
seguem os dados constatados em condições experimentais controladas. Muitas vezes, nos
exames laboratoriais, é possível observar animais infectados por um, dois ou até mesmo
os três agentes etiológicos da TPB (Almeida et al., 2006; Costa et al., 2018). Nesse con-
texto, conhecimentos relacionados ao ciclo biológico dos agentes etiológicos e condições
epidemiológicas devem ser analisados juntamente com a patogenia e sinais clínicos para o
diagnóstico correto da TPB, como mostra a tabela 1.

Tabela 1. Agentes etiológicos da tristeza parasitária bovina com respectiva patogenia e sinais clínicos.

Agente Patogenia Sinais Clinícos

Febre, apatia, emagrecimento e anorexia, orelhas caídas, de-


Menor virulência.
bilidade, pêlos arrepiados, taquicardia, taquipneia, redução
Babesia bigemina Rápida destruição de eritrócitos devido a multiplica-
dos movimentos de ruminação, redução ou suspensão da
ção do parasita.
lactação, anemia e hemoglobinúria.

Mais patogênica.
Grau de anemia é desproporcional a parasitemia, é
Hemoglobinúria, Febre com temperaturas superiores a 41
associada a deposição de hemácia a pequenos ca-
Babesia bovis °C, incordenação motora, andar cambaleante, movimentos
pilares que no cérebro causa anoxia e lesão tissular.
de pedalagem e agressividade.
Pode causar diminuição da circulação sanguínea, cho-
que e coagulação intravascular.
Apatia, orelhas caídas, debilidade, febre, anorexia, emagre-
Período de incubação de 4 semanas, ocorre febre pa-
cimento, pelos arrepiados, taquicardia, taquipneia, redução
Anaplasma marginale rasitemia e com a evolução se torna mais grave, com
dos movimentos de ruminação,
até 70% dos eritrócitos destruídos.
redução ou suspensão da lactação e icterícia.
Fonte: Adaptado de (Farias, 1995; Barros et al., 2006; Almeida & Andreotti, 2013; Taylor et al., 2017)

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
MATERIAIS E MÉTODOS

Estudo de caso

O trabalho foi realizado no interior do Rio Grande do Sul, em uma propriedade com
2000 hectares, que possuía um rebanho de 1610 animais da raça Braford, sendo 740 vacas
de cria, 214 novilhas de sobreano (1-2 anos), 190 novilhos de sobreano (1-2 anos), 450
terneiros(as) desmamados e 16 touros. Antes das coletas de material para análise e da
intervenção quimioprofilática, a propriedade apresentou altas taxas de mortalidade, 6,0%,
6,0%, 7,0%, 1,5%, 7,7%, nas categorias acima citadas, respectivamente.
Foram realizadas duas coletas de sangue por punção da veia jugular, através do
sistema vacutainer com tubos contendo anticoagulante. O intervalo entre as coletas foi de
28 dias, sendo que a primeira foi realizada três dias antes do tratamento quimioprofilático
(dipropionato de imidocarb), administrando 1,2mg/kg (1mL/100kg) de peso vivo (PV) em
todos os animais do rebanho. As amostras coletadas na propriedade foram identificadas e
acondicionadas em caixa isotérmica com gelo biológico, para mensuração do percentual de
células vermelhas (PCV%) e pesquisa de hemoparasitas pela técnica de microhematócrito e
esfregaço sanguíneo corado, respectivamente. Através destas técnicas é possível identificar
portadores assintomáticos (TPB subclínica).
Para o experimento foi selecionado um lote de 15 animais com parâmetros de hema-
tócritos considerados críticos (abaixo de 25% de PCV). A comparação entre os valores de
hematócrito foi realizada com a técnica de microhematócrito, anteriormente ao exame de
esfregaço sanguíneo, e realizada por dois observadores diferentes, sendo um tubo e um
tempo para cada observador. A hipótese considerada para este caso era de que, fatores
externos à doença, como o tempo de homogeneização, poderia interferir na viabilidade dos
eritrócitos e, consequentemente, no valor total do hematócrito.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste período, não foi observado sinais clínicos de TPB em nenhum dos animais após
o tratamento quimioprofilático e não houveram mortes durante o período de proteção do
medicamento (24 a 34 dias), demonstrando a eficácia do tratamento frente a um surto desta
enfermidade (TAYLOR; McHARDY, 1979).
Pela técnica de microhematócrito foi verificado que a média do percentual de células
vermelhas do lote avaliado na primeira coleta foi de 20,1% com variação de 11 a 25%. Vinte
e cinco dias após o tratamento constatou-se o incremento de 12,9% na média geral, com
variação de 23 a 40%. Quanto à comparação entre os valores de hematócrito, não houve
68
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
diferença significativa entre os tempos de homogeneização, embora tenha sido observado
uma tendência de aumento do hematócrito durante os tempos analisados em cada tubo va-
cutainer, existindo indicativos de que o contato prolongado do sangue com o anticoagulante
pode interferir no resultado de análise.
Para os resultados de PCV%, Nizoli et al. (2012) e Silva et al. (2015) também obti-
veram resultados positivos na prevenção de novos casos da doença utilizando protocolos
similares a este. Pela técnica de esfregaço sanguíneo corado detectou-se a presença de
Anaplasma spp, com parasitemias variáveis de ≥0,001 até ≤20% (percentual de glóbulos
vermelhos infectados).

CONCLUSÃO

Sendo a Tristeza Parasitária Bovina um complexo que causa extremas perdas econô-
micas na pecuária brasileira, é essencial a realização de estudos experimentais que levem
em consideração todo o sistema produtivo, a fim de quantificar e identificar as possíveis
causas da doença. A conclusão deste estudo foi que o protocolo aplicado de Dipropionato de
Imidocarb na dose de 1,2 mg/kg (1 ml/ 100 kg de PV) foi eficaz no controle do surto de TPB,
pois não houve aparecimento de caso clínico durante o período de proteção recomendado
pelo fabricante (28 dias), após o tratamento.
Quanto ao tempo de homogeneização, apesar da diferença de valores de microhema-
tócrito não ter sido significativa, devem ser realizados mais trabalhos acerca deste resultado,
pois há uma tendência à mudança de valores.
Portanto, este trabalho pode servir de modelo para próximas intervenções quimiopro-
filáticas em propriedades com histórico semelhante, visando sempre o sistema produtivo
como um todo, aliando sanidade, nutrição e um bom manejo dos animais.

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71
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
06
Prospecção fitoquímica, análise
toxicológica e ação antiparasitária da
Uncaria guianensis sobre nematódeos
de ovinos

Igor da Silva Dias


UFAC

Sara Lucena de Amorim


UFAC

Alex Cicinato Paulino de Oliveira


UNIR

10.37885/210303678
RESUMO

A proposta deste estudo é relatar o potencial anti-helmíntico da Uncaria guianensis so-


bre ovos e larvas de nematódeos gastrintestinais de ovinos, e sua análise toxicológica
como uma alternativa no controle das parasitoses de ovinos na Amazônia Ocidental,
Brasil. No experimento in vitro foi investigado o grau de toxicidade através do teste com
Artemia salina e atividade biológica sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos. Os en-
saios de toxicidade com Artemia salina Leach identificou toxicidade de 1.351 ug/ml do
extrato da folha de unha de gato (Uncaria guianensis). Concentrações de 50mg/mL e
100mg/mL do extrato da folha de unha de gato foram testadas in vitro em coproculturas
contendo ovos de nematódeos gastrintestinais de ovinos e houve uma redução signi-
ficativa no percentual de larvas infectantes (94%) e (100%), respectivamente. Assim,
conclui-se que a Uncaria guianensis possui atividade anti-helmíntica sobre nematódeos
gastrintestinais de ovinos.

Palavras- chave: Prospecção Fitoquímica, Análise Toxicológica, Ação Antiparasitária,


Nematódeos de Ovinos, Amazônia Ocidental.

73
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

A criação de ovinos e caprinos no Brasil representa uma das principais fontes de renda
para o pequeno e médio produtor rural, por apresentar uma atividade de baixo custo de mão
de obra e de uma rápida rentabilidade, entretanto problemas no manejo sanitário e alimentar
têm provocado grandes perdas econômicas (RIBEIRO et al., 2014). As endoparasitoses con-
sistem no maior entrave na criação de pequenos ruminantes, uma vez que estes parasitas,
em especial os Haemonchus sp., causam grandes perdas por provocarem anemia severa,
queda na produção de carne e leite e ocasionalmente morte (CORLEY; JARMON, 2012).
O uso convencional de anti-helmínticos no controle das endoparasitoses representa
a principal forma de tratamento, no entanto a falta de conhecimento sobre a epidemiologia
das parasitoses, uso inadequado destes fármacos (sub dosagens) e problemas de mane-
jo, tem provocado o surgimento de cepas resistentes o que dificulta ainda mais o controle
(SINGH et al., 2014), além de contaminar o meio ambiente e aumentar o custo de produção
(ZAROS et al. 2014).
Novas alternativas no controle das endoparasitoses, como o uso de plantas medicinais
com atividade anti-helmíntica, vem crescendo nos últimos anos na tentativa de buscar um
controle parasitário mais efetivo, além de seu baixo custo, e de não ser poluente (ANDRADE
et al., 2014). O Brasil representa uma das maiores fontes de plantas medicinais do mundo,
por possuir a maior diversidade vegetal (SANTOS et al., 2013). Várias substâncias bioati-
vas têm sido reportadas com propriedades anti-helmíntica como os taninos condensados
(OLIVEIRA et al., 2011), flavonóides (FERNEX et al., 2012), saponinas (EGRALE et al.,
2007) esteróides (CALA et al., 2012) e triterpenoides (MONTEIRO et al., 2011)
A fitoterapia no controle de verminoses é uma alternativa que pode reduzir o uso de
anti-helmínticos e prolongar a vida útil dos produtos químicos disponíveis. Muitas plantas são
tradicionalmente conhecidas por suas propriedades anti-helmínticas, necessitando, porém,
que sejam comprovadas cientificamente, suas eficácias (BORGES, 2014).
Dentre as diversas plantas com atividade farmacológica, a Uncaria guianensis popu-
larmente conhecida como unha de gato tem sido bastante estudada pelo seu efeito curativo
nos problemas inflamatórios (URBANIBIA et al., 2013) nas doenças bacterianas (CORREIA
et al., 2008), nas doenças tumorais (SANTOS et al., 2016; KAISER et al., 2016) etc. Conforme
relatos das comunidades ribeirinhas na Amazônia, a planta também possui efeito sobre
problemas gastrintestinais.

74
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO

Relatar o potencial anti-helmíntico da Uncaria guianensis sobre ovos e larvas de ne-


matódeos gastrintestinais de ovinos, e sua análise toxicológica como uma alternativa no
controle das parasitoses de ovinos na Amazônia Ocidental, Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

Comissão de Ética

O experimento foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade


Federal do Acre (Protocolo número 69/2015), no âmbito do Projeto de Pesquisa intitulado:
“Prospecção fitoquímica, análise toxicológica e ação antiparasitária da Carapa guianensis
e Uncaria guianensis sobre nematódeos de ovinos”, sob a coordenação da Professora
Doutora Sara Lucena de Amorim, da Unidade de Ensino e Pesquisa do Curso de Medicina
Veterinária vinculado ao Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CBCB) da Universidade
Federal do Acre.

Coleta do material botânico

A coleta do material botânico foi realizada baseando-se nas metodologias de Cartaxo


et al. (2010). Amostras das folhas da Uncaria guianensis foram coletadas no Parque
Zoobotânico (PZ) do Campus da UFAC de Rio Branco (9°58’29’” sul e a 67°48’36’” oeste),
sendo identificadas e depositadas no Herbário desta Instituição, com exsicata número 6422
(Uncaria guianensis).

Preparo do extrato bruto etanólico

As folhas da Uncaria guianensis foram coletadas e submetidas ao processo de desidra-


tação em uma estufa de ventilação forçada a 60°C por 24 horas, posteriormente, pesados e
moídos. O preparo dos extratos etanólicos das folhas da Uncaria guianensis (EERUG) foram
realizadas no Laboratório de Produtos Naturais da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado
do Acre – FUNTAC. Amostras da Uncaria guianensis foram submetidas a extração através
de uma solução hidroalcóolica a 70%. Após sete dias de percolação o material vegetal foi
filtrado e submetido ao rotaevaporador obtendo um material viscoso. Para uma eficiente
evaporação do solvente, o material foi colocado em frascos de vidros tarados e colocados
em banho Maria, em seguida submetidos ao processo de liofilização a uma temperatura de
aproximadamente -30°C por 24 horas.
75
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Determinação da CL 50%

Para análise de toxidade do extrato da Uncaria guianensis utilizou-se a metodologia de


Araújo et al. (2010). Para o cálculo da CL 50% utilizou-se o método de Análise de Probits,
de acordo como o teste de Trimmed Spearman-Karber (HAMILTON et al., 1977) com in-
tervalos de confiança de 95%, utilizando o software TRIMMED (versão 1.5), onde o cálculo
da CL 50% determinou uma concentração de 1350µg.

Visita às propriedades criadoras de ovinos

Foram realizadas visitas as propriedades rurais da região do Baixo Acre, para a iden-
tificação de animais positivos para parasitos gastrintestinais através de análises copropara-
sitológicas, onde em cada propriedade foi feito um cadastro prévio e realizado a coleta de
fezes dos animais. Os animais foram devidamente identificados, para posterior identificação
caso os animais fossem diagnosticados com parasitos gastrintestinais.

Coleta de fezes

Amostras fecais foram coletadas diretamente da ampola retal dos animais, obedecendo
todos os parâmetros fitossanitários e higiene, utilizando-se todo material para a coleta, como
luvas e vestimentas adequadas, uma pessoa realizava a contenção do animal e a outra a
coleta das fezes direta na ampola retal do animal, todas as amostras de fezes foram identi-
ficadas em sacos plásticos e mantidos sob refrigeração e encaminhadas para o laboratório
de doenças parasitárias da Unidade de Ensino e Pesquisa do curso de Medicina Veterinária
vinculado ao CCBN/UFAC, para o processamento da determinação do número de ovos pro
grama de fezes (OPG) e para a obtenção das larvas.

Teste in vitro

Nos testes in vitro foram analisados o grau de toxicidade frente à Artemia salina para
a determinação da CL 50%. Uma vez determinado a CL 50%, foi analisado o efeito ovicida
e larvicida da planta sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos.
Seguindo a metodologia de Araújo et al. (2010), a determinação do grau da toxici-
dade dos extratos etanólicos da folha Uncaria guianensis foi realizada frente a Artemia
salina. Os extratos foram diluídos em solução de dimetil sulfóxido (DMSO) a 1% nas con-
centrações de 100, 500 e 1000 ug/mL. Foram utilizados três grupos controle: CG1 (grupo
controle1: DMSO a 1%); GC2 (Grupo controle 2: solução salina isotônica) e GC3 (grupo
controle 3:NaClO a 1%). Os valores obtidos com a média do número de Naúplios mortos
76
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
foram submetidos a análise estatística, em que a concentração letal foi estimada em 50%
(CL50) das larvas pelo método de análise de Probit, e pelo método matemático Trimmed
Spearman-Karber com intervalo de confiança de 95%.
Os testes ovicida e larvicida foram realizados por meio da coprocultura usando a
metodologia de Roberts & O´Sullivan (1950). Adicionou-se 2 mL do extrato etanólico a
uma concentração de 50mg/ml e 100mg/ml a culturas fecais infectadas naturalmente por
nematódeos gastrintestinais. No grupo controle negativo utilizou-se água destilada. Todos
os tratamentos foram realizados em triplicatas. As amostras foram colocadas em estufas
BOD para o controle da temperatura e umidade. Após 7 dias, realizou-se a recuperação e
contagem de larvas infectantes (L3) em microscópio óptico.
Para avaliar a eficiência do extrato sobre ovos e larvas nos diferentes tratamentos,
utilizou-se a fórmula adaptada descrita por Camurça-Vasconcelos et al. (2007):
ET: L3 inicial – L3 do grupo tratado/L3 inicial.
Onde: L3 inicial corresponde à estimativa do número de larvas em cada coprocultura.
L3 do grupo tratado corresponde o número de larvas recuperadas após 8 dias
de incubação nos diferentes tratamentos.

RESULTADOS

Na análise in vitro os ensaios de toxicidade com Artemia salina Leach identificou que
o extrato etanólico da folha da unha de gato (Uncaria guianensis) apresentou toxicidade
na concentração de CL 50 igual a 1.351 ug/ml. Segundo a classificação descrita por Meyer
(1982) um produto é considerado tóxico quando apresentar uma concentração letal CL 50
inferior a 1000ug/mL. Amorim et al. (2016) avaliando a toxicidade da raiz e caule da Uncaria
guianesis observou CL 50% de 570ug/ml e 1250ug/ml respectivamente. Neste trabalho o
teste de toxicidade com Artemia salina Leach serviram como base inicial para investigar sua
atividade biológica sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos. Para Amarante et al. (2011)
a concentração letal para 50% (CL50) serve como um indicador de que existem metabólitos
bioativos que possam ser usados como efeito anti-helmíntico.
Analisando o número de larvas de terceiro estágio (L3) de nematódeos gastrintestinais
de ovinos, obtidas de coproculturas tratadas com extrato etanólico da folha da unha de gato
(Uncaria guianensis), observou redução de larvas dos grupos tratados quando comparada
com o grupo controle (Tabela 1).

77
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Médias, desvio padrão e eficiência do produto (EP %) do número de larvas de terceiro estágio (L3) de nematódeos
gastrintestinais de ovinos, obtidas de coprocultura tratadas com extrato etanólico da folha de Uncaria guianensi

Grupo Trichostrogylus sp. Oesophagostomum sp. Haemonchus sp. Total de Larvas

Controle negativo 0,67(±1,15) 1,67(±0,58) 106,3(±30,43) 108,67


Tratado com 50mg/ml 0,33(±0,58) 50% 1(±1) 40% 5 (±5,57) 95% 6,3 - 94%
Tratado com 100mg/ml 0 (±0) 100% 0 (±0) 100% 0 (±0) 100% 0 - 100%
Fonte: DIAS, 2018.

Para a confirmação da eficácia do teste in vitro, adotaram-se os critérios determinados


pela Portaria nº 48/1997 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
que estabelece índices de eficácia de um produto com ação antiparasitária em: altamente
efetivo >98%; efetivo 90-98%; moderadamente efetivo 80 – 89% e insuficientemente ativo
<80%. Portanto o teste in vitro mostrou-se que o extrato etanólico da folha de Uncaria guia-
nensis na concentração de 50mg/ml apresentou insuficientemente ativo para os gêneros
Trichostrongylus e Oesophagostomum, porém, para o Gênero Haemonchus apresentou
efetividade. Com relação a concentração de 100mg/ml observou sua plena efetividade com
100% de eficiência do produto, para ambos os gêneros de nematódeos gastrintestinais de
ovinos, sugerindo que a Uncaria guianensis apresentam bons resultados na concentração de
100mg/ml para todos os gêneros de nematódeos gastrintestinais de ovinos aqui estudados.
Considerando que o gênero Haemonchus é o principal nematódeo gastrintestinal de
ovinos pela sua alta patogenicidade e mortalidade pelo seu hábito de hematofagismo, po-
demos concluir que a partir da concentração de 50mg/ml do extrato etanólico da folha da
Uncaria guianensis é capaz de combater ovos e larvas do gênero Haemonchus, entretanto
para os gêneros Trichostrongylus e Oesophagostomum apenas a concentração de 100mg/
ml foram capazes de atuar efetivamente sobre estes nematódeos.
Avaliando os gêneros de larvas infectantes encontrados nas coproculturas, o gru-
po controle observou a predominância do gênero Haemonchus (97,8%), seguido do
Oesophagostomum (1,6%) e Trichostrongylus (0,6%), estes resultados também foram en-
contrados no grupo tratado com a concentração de 50mg/ml onde o gênero Haemonchus
apresentou 78,1% de sua predominância, seguido do Oesophagostomum com 15,6%
e Trichostrongylus com 6,25%. Para a concentração de 100mg/ml não houve desen-
volvimento larval.

DISCUSSÃO

Assim os resultados demonstram a ação nematicida da Uncaria guianensis sobre


ovos e larvas de nematódeos gastrintestinais, sobretudo o gênero Haemonchus sp, espécie
responsável pelas maiores perdas na produção animal, devido a sua alta patogenicidade e
78
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
resistência anti-helmíntica (ANDRADE et al., 2014). Resultados semelhantes foram obtidos
por Amorim (2016) ao avaliar in vitro o extrato etanólico da raiz e caule da Uncaria guianen-
sis, entretanto quando avaliado in vivo somente a raiz se mostrou eficaz contra nematódeos
gastrintestinais de ovinos. O estudo das partes da planta se torna importante fator na deter-
minação do seu potencial terapêutico, uma que os princípios ativos podem se concentrar em
diferentes áreas da planta, sendo, portanto, imprescindível a análise fitoterápica de todos
os seguimentos do vegetal.
Essa resposta anti-helmíntica da Uncaria guianenesis pode estar associado à presença
de metabólitos secundários encontrados na planta. Vários estudos confirmam que compostos
fenólicos estão envolvidos em atividades antioxidantes (SILVA et al., 2010), anti-inflamatória
(SINGH et al., 2003), antimicrobiana (SIMÕES et al., 2007), anti-helmíntica (OLIVEIRA et al.,
2011; MONTEIRO et al..2011). Os taninos exercem atividade direta sobre o ciclo natural
dos helmintos, como também inibindo a degradação ruminal das proteínas, fazendo com
que os animais se tornem mais resistentes a doenças (KETZIS et al., 2013 apud AMORIM,
2016). Os taninos afetam a biologia dos nematódeos interferindo na motilidade, no processo
de eliminação cuticular, na eclosão dos ovos e no desenvolvimento larvar (FERNEX et al.,
2012), portanto, na função reprodutiva dos nematódeos, reduzindo os números de ovos
na ovipostura, (MACEDO et al., 2012). A utilização de polivinil polypyrrolidone (PVPP) na
confirmação da atividade anti-helmíntica dos taninos condensados, têm sugerido que outros
metabólitos bioativos também podem estar atuando de forma sinérgica como é o caso das
saponinas e flavonóides (MACEDO et al., 2012).

CONCLUSÃO

Conclui-se que o extrato etanólico da folha da Uncaria guianensis apresenta atividade


antiparasitária in vitro sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos, sugerindo ser uma boa
alternativa no controle das endoparasitoses.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) da Pró-Reitoria de


Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Acre, pela concessão de Bolsa no
período de 1º de agosto de 2017 a 31 de julho de 2018.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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82
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
07
Ecossistema pastoril: serviços
ecossistêmicos, características do
dossel e emissão de gases do efeito
estufa

Fernando Ongaratto
FCAV/UNESP

Eliéder Prates Romanzini


FCAV/UNESP

10.37885/210404069
RESUMO

O ecossistema pastoril sempre foi vital para a vida na terra e a produção de alimentos
para humanos. Infelizmente poucas pessoas sabem quais são os serviços ecossistêmicos
(suprimento, contribuição, regulador e cultural) das áreas de pastagens, levando a críticas
descabidas a pecuária. Também são poucos que entendem quais são as variáveis do
dossel (filocrono, duração de vida da folha, massa de forragem, altura) que são a chave
para o entendimento do manejo das pastagens. Ao conhecer essas premissas podemos
entender a dinâmica dos gases do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4),
e óxido nitroso (N2O) e a perda de amônia (NH3), para entender esse ecossistema e
livrá-lo de críticas.

Palavras-chave: Adubação Nitrogenada, Dossel, Ecossistema Pastoril, Gases de Efeito


Estufa, Serviços Ecossistêmicos.

84
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Os ecossistemas pastoris são vitais para a produção de alimentos no mundo, espe-


cialmente na produção de ruminantes, que ao ser bem conduzida reduz o impacto da ação
antrópica. Entretanto a bovinocultura de corte é, por vezes, criticada por seu papel na emis-
são de gases do efeito estufa (GEE), na degradação de solos, na competição por produção
de alimentos para humanos e na transformação de áreas preservadas em monoculturas
(pasto doravante soja, milho, algodão). Contudo a produção de carne em pastagens atende
o conceito de “human-inedible food” (Tedeschi et al., 2015) assim sendo, o desafio para os
pecuaristas é intensificar a produção de carne na mesma área pastoril, contribuindo para a
diminuição do desmatamento e na redução dos impactos ambientais por kg de carne produ-
zida. Estudos com a produção de ruminantes desenvolvidos por Cohn et al. (2014), Barbero
et al. (2015), Cardoso et al. (2016), Silva et al. (2016), Florindo et al. (2017), White e Hall
(2017) comprovam que óxido nitroso, metano e dióxido de carbono são drenados para o
solo, quando o manejo respeita as condições do dossel e a taxa de lotação.
Delevatti et al. (2019) ao adubar capim Marandu com diferentes doses de nitrogênio (N;
fonte ureia e altura de dossel a 25 cm) observaram aumentos lineares na massa e acúmulo
de forragem, o que permitiu aumentar de 3,3 UA (unidade animal = 450 kg ha–1) onde não
foi adubado, para 6,5 UA na dose de 270 kg de N ha–1 ano–1. Ao considerar que a perda por
volatilização de amônia da ureia é aproximadamente cinco vezes maior que a do nitrato de
amônio (Corrêa et al., 2018), levanta-se à hipótese de que menores doses de adubos nitroge-
nados (nitrato de amônio, abaixo de 180 kg N ha–1 ano–1), possibilitariam similares massa de
forragem, taxa de acumulo e melhor aproveitamento de N no sistema. Aliada a isso também
se espera que dosséis manejados com maiores alturas alvo diminuam a emissão de CO2.
Conforme Brito et al., (2015) que manejou capim Marandu com distintas alturas alvo obteve,
no acumulado de dois anos de coleta, a emissão de 133,7; 132,8; 122,8 T CO2 ha–1, para
15, 25, 35 cm respectivamente. A lacuna que queremos responder com esta revisão é quais
são os serviços ecossistêmicos das pastagens, tornar público as variáveis estudadas pela
ciência da forragicultura e quais são os principais gases do efeito estufa na agropecuária.

DESENVOLVIMENTO

Intensificação do sistema pecuário

O avanço da produção agropecuária brasileira é uma realidade, esse fato fez com
que o país deixasse à condição de importador para se tornar exportador de alimentos; ex-
pansão que ocorreu concomitantemente ao crescimento da demanda interna de alimentos,
85
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
impulsionada pelo crescimento populacional de 90 milhões para 200 milhões de habitantes,
da década de 70 até o início do século XXI (Vieira Junior et al., 2019). A produção agrope-
cuária brasileira cresceu mais de 247% nos últimos 40 anos, ultrapassando a marca dos 237
milhões de toneladas na última safra (CONAB 2018/19), sendo que nesse período a área
cultivada aumentou apenas 31%. Com a ressalva que 61% da área dos biomas Cerrado,
Pampa, Amazônia estão preservados, utilizando apenas 28% do território nacional na pro-
dução agropecuária. Para atender à demanda mundial e a agenda geopolítica, a partir dos
conceitos da produção sustentável, o Brasil tem a responsabilidade de contribuir com a
geração de energia renovável e de elevar a produção de alimentos, otimizando recursos
naturais e resguardando a biodiversidade. O aumento da produtividade é uma das alterna-
tivas para aumentar o suprimento mundial, especialmente de alimentos, sem a necessidade
de abertura e uso de novas áreas (Bungenstab et al., 2012).
Intensificação sustentável é um conceito que surge nesse cenário, vislumbrando com-
patibilizar a segurança alimentar e as condições ambientais (emissão/mitigação de GEE)
de maneira a não colocar em risco o bem-estar da humanidade no futuro (Tedeschi et al.,
2015). Ecossistemas pastoris são áreas utilizadas para intensificação sustentável, pois, in-
tegrada a produção animal, estão os serviços ecossistêmicos de: suprimento, contribuição,
regulador e cultural (Figura 1; citado por Sanderson e Liebig, 2020). Em um futuro próximo
com o reconhecimento pela sociedade da importância dos ecossistemas pastoris, será
preciso estudar uma maneira de compensar os produtores por essa prestação de serviços.
Figura 1. Serviços ecossistêmicos básicos derivados de sistemas de produção de forragem1.

86
1 Fonte: Adaptado de Millennium Ecosystem Assessment (2005), citado por Sanderson e Liebig (2020).

Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1


Vale lembrar que desde os primórdios da ocupação do planeta pelos humanos, sempre
houve mutualismo com grandes herbívoros, como: rebanhos de Aurochs (ancestral dos bovi-
nos domésticos), Tarpan (cavalo primitivo), bisões, antílopes, cervídeos. Essas são espécies
cujas interações com o ambiente sustentam e promovem a vida (Tree, 2018), sendo a partir
da instalação de indústrias que os níveis de GEE aumentaram (Bergamaschi e Bergonci,
2017). Isso requer da comunidade cientifica, especialmente a área de produção animal, a
busca e a investigação de formas de intensificação sustentável da produção de ruminantes,
para aumentar a produção por área (sem necessidade de abrir novas extensões de terra).
Também se torna necessário estudar sobre o fator de emissão dos GEE da pecuária, em
cada bioma brasileiro, a fim de gerar inventários mais fidedignos com a realidade nacional,
especialmente nas regiões de clima tropical, onde a maioria dos bovinos são criados.
Para iniciar o processo de intensificação e atingir os objetivos estabelecidos devemos
saber que tecnologias vamos usar, sendo tecnologias de processos (ajuste de lotação, di-
ferimento de pastos) e/ou tecnologias de insumos (suplementação estratégica dos animais,
controle de invasoras, fertilização e calagem do solo, sobressemeadura de espécies de
diferentes ciclos, irrigação; Nabinger e Jacques, 2019). Uma das tecnologias de insumos
que viabiliza a intensificação de sistemas pastoris é a utilização de adubação nitrogenada,
pois permite o aumento na taxa de lotação na estação das águas, devido à resposta dos
perfilhos na longação das folhas (Campos et al., 2020), aumento no acumulo de forragem
(Gomes et al., 2020), propiciando maior ganho por área (Martins et al., 2020) e reduzindo a
necessidade de abertura de novas áreas (Moreira et al., 2011; Wedekin et al., 2017). O N é
o elemento mais limitante para a produção de massa de forragem no ecossistema pastoril,
seguido de carbono, hidrogênio e oxigênio, pois é um nutriente muito demandado pelos
vegetais e é considerado fundamental para a manutenção da produtividade e persistência
de uma gramínea (Lemaire e Meynard 1997; Lemaire et al., 2008).

Adubação com nitrato de amônio

A adubação das pastagens, principalmente a nitrogenada, é um dos fatores mais im-


portantes para elevar o nível de produção de forragem por área (De Oliveira et al., 2020).
Segundo Delevatti et al. (2019) a adubação do capim Marandu com níveis crescentes
de N (ureia), quase dobrou a taxa de lotação, saindo de 3,37 UA (0 de N) para 6,55 UA (270
kg de N ha–1). Existem dúvidas sobre o impacto ambiental negativo para elevadas doses
de N, haja visto o potencial de perda por lixiviação na forma de amônia e a contaminação do
lençol freático, especialmente em regiões com clima úmido ou em período chuvoso (Primavesi
et al., 2006). Assim, fontes de N com menor volatilização são alternativas para melhorar
o aproveitamento pelos perfilhos e diminuir a lixiviação. Em estudo conduzido por Corrêa
87
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
et al. (2018) com três fontes de N (ureia, nitrato de amônio e sulfato de amônio), em três
níveis (90, 180 e 270 kg de N ha–1), observou-se que as perdas por volatilização de amônia
entre os fertilizantes avaliados, em ordem decrescente foram: ureia > nitrato de amônio >
sulfato de amônio. As perdas acumuladas de amônia aumentaram linearmente com a dose
de N aplicada, sendo: ureia 13,9; 24,4 e 44,6%; nitrato de amônio de 2,0; 3,2 e 7,7%; sulfato
de amônio 2,2; 3,1 e 5,3% nas doses de 90, 180 e 270 kg N ha–1, respectivamente.
As plantas absorvem primariamente, via sistema radicular, o N em formas inorgânicas
como amônio e nitrato (Williams e Miller, 2001), portanto a utilização de nitrato com fonte
de N é uma forma de diminuir as perdas e facilitar o aproveitamento de nutrientes pelo dos-
sel. Raros são os trabalhos com nitrato de amônio na adubação de pastagens, alguns dos
artigos publicados com essa fonte de adubação foram com as seguintes espécies forrageiras:
Coastcross (Cynodon dactylon cv. Coastcross; Primavesi et al., 2006, Silveira et al., 2007),
Pensacola (Paspalum notatum Flügge; Silveira et al., 2015), capim Sudão (Sorghum suda-
nense; Abo-Zeid et al., 2017) Tifton 85 (Cynodon spp.; Borges et al., 2017). Assim os pastos
de Urochloa (especialmente Urochloa brizantha cv. Marandu) devido a área estabelecida
no Brasil, aproximadamente 82 milhões de hectares (Zimmer et al., 2012), necessitam de
informações com fontes menos voláteis de N, frente às pressões para produzir bovinos de
corte com menor impacto ambiental.

Taxa de aparecimento e filocrono

As variáveis morfogênicas descritas em 1993 por Chapman e Lemaire, publicadas em


1996 como capítulo de livro, tornaram-se a base para os trabalhos morfogênicos, juntamente
com a técnica de perfilhos marcados descrita por Carreré et al. (1997). A morfogênese vegetal
é definida como a dinâmica de crescimento e expansão da planta no espaço, tendo como
variáveis a taxa de aparecimento foliar, taxa de alongação foliar e duração de vida da folha.
Dentre essas variáveis, a taxa de aparecimento foliar é considerada a mais importante, pois
influencia as três principais variáveis estruturais: tamanho da folha, densidade populacional
de perfilhos e número de folhas por perfilho. Associado a taxa de aparecimento foliar está o
filocrono, definido como o tempo necessário para o aparecimento de folhas sucessivas em
um colmo (Bergamaschi e Bergonci, 2017), calculado como o inverso da taxa de apareci-
mento. Segundo Gomes et al. (2019) a taxa de aparecimento foliar do Urochloa brizantha
cv. Marandu é em média 0,08 folha dia–1, portanto o filocrono é 12,5 dias. O aparecimento
foliar e o filocrono são influenciados por: temperatura, água, nutrientes e pastejo, dentre
esses fatores o que mais influência é a água (Romanzini et al., 2017).
A taxa de aparecimento foliar representa o trajeto de uma folha ao longo do pseudo-
colmo e sua emergência, por isso que maiores alturas de dossel, por conseguinte maior
88
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
pseudocolmo, tem menor taxa de aparecimento e maior filocrono (Santos et al., 2011;
Sales et al., 2014).

Taxa de alongação foliar

A taxa de alongação foliar representa o efeito cumulativo da divisão e alongamento


celular, ou seja, o aumento diário no comprimento de folhas individuais (Schnyder et al.,
2000). A taxa de alongação foliar é a variável morfogênica que, isoladamente, mais se cor-
relaciona com a massa seca de forragem (Horst et al., 1978). Essa variável é muito influen-
ciada pela radiação, temperatura, níveis de umidade e nutrientes no solo, especialmente
o N. Alexandrino et al. (2004) relataram que a adubação nitrogenada interfere na taxa de
alongação foliar, sendo o fator responsável pelo maior comprimento médio de folhas; o que
permite a reconstituição da área foliar após a desfolha, portanto, fundamental para manu-
tenção da perenidade da forrageira. Salvador et al. (2016) em pastagem de Urochloa plan-
taginea e Martins et al. (2020) em pastagem de capim Marandu relataram que a adubação
nitrogenada aumentou a taxa de lotação, de forma que o pastejo mais intensivo removeu
os tecidos foliares formados, não permitindo a alongação dos colmos, diminuindo também
a quantidade de material senescente (Gomes et al., 2020).

Duração de vida da folha

A duração de vida da folha (DVF) é o parâmetro morfogênico que determina o equi-


líbrio entre o crescimento e a senescência dos tecidos foliares. A senescência tende a ser
menor no início do estabelecimento da pastagem, porque a primeira folha começa a entrar
em senescência só após o perfilho atingir seu número máximo de folhas vivas. A partir des-
se momento haverá equilíbrio entre a taxa de aparecimento foliar e a taxa de senescência
(Nabinger, 1999). O conhecimento da DVF é fundamental no manejo do pastejo, pois, se de
um lado indica o teto potencial de rendimento da espécie. Esse manejo deve permitir manter
índices de área foliar próximos da maior eficiência de interceptação luminosa (95% para
capim Marandu em lotação contínua) e máxima taxa de crescimento (Nabinger e Pontes,
2001; Carnevalli et al., 2006; Santana et al., 2017).
Caso o intervalo entre pastejos for mais curto do que o tempo médio de DVF, a eficiência
da utilização da forragem será otimizada. Entretanto, se o intervalo entre pastejos for maior do
que a vida útil das folhas ou se há uma grande massa de forragem residual após o pastejo,
então uma maior proporção de tecido foliar senescerá antes do próximo período de pastejo
e a eficiência de utilização da forragem irá diminuir (Gastal e Lemaire, 2015). A DVF é dentre
as variáveis morfogênicas, a que mais varia com o manejo, períodos de avaliação e estação
do ano. Neves Neto et al. (2015) relataram que a DVF é de 55 dias folha–1 quando o capim 89
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Marandu está em consórcio com milho ou sorgo, e de 47,89 dias folha–1 em cultivo estreme.
Casagrande et al., (2010) observaram que a DVF foi diferente entre períodos de avaliação,
variando de 47,2; 42,3; 36,8; 48,6 dias folha-1, não havendo diferença para distintas ofertas
de forragem. Para as estações do ano a DVF do capim Marandu foi: 31, 42, 55 e 116 dias
folha–1 para primavera, verão, outono e inverno, respectivamente (Carvalho et al., 2016).
A aplicação de fertilizante nitrogenado diminui a DVF, pois a quantidade de perdas
de tecido foliar por senescência aumenta em comparação aos relvados não adubados, se
estes não forem severamente desfolhados antes do período correspondente à DVF média
da espécie (Nabinger e Pontes, 2001). Dessa forma, podem ocorrer efeitos adversos na pro-
dução animal, como consequência do acúmulo excessivo de tecido foliar morto, alongação
de entrenó, quando o método de manejo da planta forrageira não é bem controlado e são
utilizados fertilizantes nitrogenados (Pereira et al., 2011). De maneira simplista pode-se dizer
que a adubação nitrogenada “acelera” os perfilhos e as consequências são a diminuição da
DVF e aumento do material senescente, caso a folha não for pastejada (Lima et al., 2019;
Campos et al., 2020; Gomes et al., 2020).

Duração de alongação foliar

Após emergir a lâmina foliar cresce a uma taxa diária de alongação, determinada
pela temperatura, o que corresponde ao período de duração de alongação foliar, o qual é
proporcional ao intervalo de aparecimento de folhas (Nabinger e Pontes, 2001). A duração
da alongação foliar é obtida multiplicando-se o filocrono pelo número de folhas alongando,
representado o tempo que a folha alonga, do aparecimento até a exposição da lígula. A du-
ração de alongação foliar, entretanto auxilia no entendimento do ecossistema pastoril e pode
ser usada como critério para determinação de períodos de descanso, a exemplo de trabalho
de Kuinchtner et al., (2018) com espécies nativas do bioma Pampa, de rota fotossintética
C4. Para espécies de interesse comercial como milho, arroz, trigo, cevada, Lolium e Sorgo a
duração de alongação foliar utilizada, em estudos de modelagem, é apontada entre os prin-
cipais determinantes da área foliar individual e total, sendo utilizada para explicar diferenças
no comprimento final da folha em resposta às condições ambientais e/ou entre genótipos
(Voorend et al., 2014).

Taxa de senescência foliar

A senescência foliar é fortemente influenciada pela expressão gênica (Taiz et al., 2017),
não sendo considerada uma variável morfogênica, mas auxilia no entendimento e tomada de
decisão sobre o ecossistema pastoril, uma vez que elevada taxa de senescência representa
a falta de eficiência na condução do manejo de pastejo. Os herbívoros se alimentam das 90
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
partes verdes das plantas, logo a disponibilidade de forragem deve ser entendida como a
biomassa aérea viva acumulada durante o processo de crescimento das plantas que com-
põem o dossel (Hodgson, 1990). Se as condições ambientais permanecem num nível ótimo,
este processo de acúmulo é contínuo e constante, enquanto não ocorrer senescência das
partes mais velhas das plantas. A deficiência de N reduz a DVF (Gastal e Lemaire, 1988;
Pereira et al., 2011), entretanto a taxa de senescência aumenta devido ao efeito do N sobre
a taxa de aparecimento foliar e no tamanho da folha (Mazzanti e Lemaire, 1994). Assim, um
aumento nas doses de N aplicado, sem um adequado ajuste no manejo do pastoreio pode
levar a um aumento na senescência (Alexandrino et al., 2004) e ao acúmulo de material morto
na pastagem. Além disso, sabe que gramíneas C4 aumentam a senescência foliar e, conse-
quentemente diminui sua área foliar, como resposta ao déficit hídrico (Santos et al., 2013).

Número de folhas

O número de folhas vivas por perfilho é uma característica relativamente estável para
uma determinada planta/genótipo (Lemaire e Chapman, 1996; Matthew et al., 2000), sendo
o resultado da interação entre a taxa de aparecimento foliar e DVF (Duru e Ducrocq, 2000;
Lemaire e Chapman, 1996), condição essa que favorece a existência de folhas de diferentes
estágios de desenvolvimento em um mesmo perfilho. Por outro lado, dependendo do estágio
de desenvolvimento e idade do perfilho, o número de folhas vivas por perfilho pode variar.
Casagrande et al. (2010) observaram que o capim Marandu manteve diferente número de
folhas vivas por perfilho, em diferentes períodos de avaliação, definidos pelos meses do
ano janeiro, fevereiro, março e abril, durante a estação de crescimento, sendo: 3,7; 4,5; 4,1;
3,6 folhas vivas por perfilho, respectivamente. Já Paiva et al. (2012) observou, em capim
Marandu, que a idade do perfilho determinou número diferente de folhas em expansão (1,3;
1,34; 1,16 para perfilhos jovem, maduro e velho, respectivamente) e em senescência (0,22;
0,50; 0,51 para perfilhos jovem, maduro e velho, respectivamente). O mesmo artigo obser-
vou que o número de folhas vivas também foi diferente para distintas idades de perfilhos,
sendo que no verão foi: 4,0; 3,7; e 3,1 e outono/inverno: 3,2; 3,8; 3,3 para perfilhos jovem,
maduro e velho, respectivamente.

Altura do dossel

O conceito de índice de área foliar crítico, condição na qual 95% da luz incidente são
interceptados, originalmente descrito e aplicado com sucesso em plantas de clima temperado,
demonstrou-se efetivo e válido para o manejo de gramíneas tropicais, uma vez que mostrou
relação análoga com variáveis como acúmulo de forragem (Sbrissia et al., 2007). O índice
de área foliar crítico é onde o dossel atinge o máximo de interceptação luminosa (95%) 91
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
para a produção de folhas e acima desse valor o acumulo de forragem é via pseudocolmo e
material senescente (CARNEVALLI et al., 2006). Isso pode ser traduzido pela altura média
do dossel, onde os estudos pioneiros indicam uma amplitude ótima de condições de pasto
para produção de forragem variando de 20 a 40 cm para capim Marandu (Lupinacci, 2002;
Gonçalves, 2002; Andrade, 2004; Sarmento, 2003; Molan, 2004; Sbrissia, 2004). Esses re-
sultados obtidos, tanto com lotação contínua quanto com lotação intermitente, onde a altura
do dossel passou a ser considerada uma ferramenta de manejo de fácil adoção, levou ao
que Da Silva (2004) denominou de alvos ou metas de manejo do pastejo. Na Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp Câmpus de Jaboticabal, estudos com distin-
tas alturas de manejo para lotação contínua (15, 25 e 35 cm) iniciaram no ciclo de águas
2007/08, sendo a tese de Casagrande (2010) e a publicação de todos os trabalhos dessa
linha por Ruggieri et al., (2020). No ciclo de águas 2014/15 a altura média de 25 cm do dos-
sel foi adotada como critério de manejo em todos os piquetes de capim Marandu. A altura
de 25 cm é a indicada para o manejo de capim Marandu em método de lotação contínua
(Santana et al., 2017; Gomes et al., 2019), pois nessa altura são combinadas características
desejáveis das variáveis morfogênicas (taxa de aparecimento, filocrono, DVF) e estrutu-
rais (taxa de sobrevivência e mortalidade de perfilhos, massa de forragem, relação folha/
colmo). A frequência de desfolha nessa altura também não compromete o comportamento
ingestivo (Casagrande et al., 2010; Vieira et al., 2017) permitindo elevado ganho médio
diário e produção por hectare (Reis et al., 2013; Ruggieri et al., 2020) e menor emissão de
metano por hectare (Barbero et al., 2015).

Massa e taxa de acúmulo de forragem

A massa de forragem é definida como a quantidade total de forragem presente por


unidade de área acima do nível do solo (preferencialmente, contudo, não obrigatoriamente),
sendo uma medida de caráter pontual, normalmente expressa em kg matéria seca hecta-
re–1. Já a taxa de acúmulo é o aumento na massa de forragem (crescimento e senescência
de tecidos) de uma área de pasto durante um determinado período, por exemplo 28 dias,
expressa em kg de matéria seca hectare–1 dia–1 (Pedreira, 2002; Allen et al., 2015). Se a altura
de manejo é uma variável instantânea para ajuste de taxa de lotação (Santana et al., 2017),
a combinação dessa com massa de forragem e taxa de acúmulo (Heringer e Carvalho, 2002)
são extremamente fidedignas e o ponto de partida para a tomada de decisão na condução
do pastoreio, por exemplo: Marandu a 25 cm e massa de forragem de 5 toneladas (ha–1), é
uma condição ótima de manejo. Euclides et al., (2019) utilizou capim Marandu em diferentes
alturas do dossel: 15, 30 e 45 cm e concluiu que dosséis mantidos a 15 cm é comprometi-
do a perenidade do pasto, pois a massa de forragem é baixa (Tabela 1), recomendando a
92
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
altura de 30 a 45 cm. Em outro estudo, Delevatti et al., (2019; capim Marandu), com altura
de manejo do dossel a 25 cm e distintos níveis de adubação nitrogenada (ureia; Tabela 1),
observou-se o efeito da adubação nitrogenada no aumento linear da massa de forragem,
taxa de acúmulo e, consequentemente, na taxa de lotação. Entretanto, os autores também
observaram que o aumento do nível de adubação nitrogenada diminuiu linearmente a rela-
ção do ganho animal por kg de N aplicado, recomendando doses até 180 kg N ha–1 ano–1.

Tabela 1. Estrutura do dossel e taxa de lotação de capim Marandu manejo por alturas e doses de nitrogênio

Altura do dossel (cm)* Dose de nitrogênio (kg ha–1)**


Variável
15 30 45 0 90 180 270
Taxa de acúmulo1 75,2 91,8 99,1 31,3 51,2 71,5 91,0
Taxa de lotaçã o2
3,25 3,0 2,5 3,3 4,6 5,8 6,5
Massa de forrage m3
2.484 4.861 5.827 5.798 6.345 6.436 6.499
1
kg MS ha–1 dia–1; 2unidade animal (UA = 450 kg de peso vivo ha–1); 3kg MS ha–1.
Fonte: Adaptado de *Euclides et al. (2019) e ** Delevatti et al. (2019).

Relação folha-colmo

O crescimento vegetal é caracterizado pela emissão e expansão de novas estruturas


(folhas e/ou colmos) e constitui o principal determinante da produção de matéria seca do
pasto (Pinto et al., 2001). O alongamento de colmos em espécies tropicais também assume
importância relativa como característica morfogênica e determina a relação folha:colmo, que
constitui uma variável estrutural do dossel (Sbrissia e Da Silva, 2001). Essa variável também
tem influência no consumo devido à preferência dos animais pelas folhas (Forbes e Hodgson,
1985), que apresentam maior facilidade de apreensão e maior valor nutritivo. As porções
verdes das plantas são as mais nutritivas da dieta e consumidas preferencialmente pelos
animais. A alta relação folha/colmo representa forragem com elevados teores de proteína,
digestibilidade e consumo, além de conferir à gramínea melhor adaptação ao pastejo ou
tolerância ao corte (Wilson e T’mannetje, 1978). Em condições de pastejo, o consumo é
influenciado pela disponibilidade de forragem e pela estrutura do dossel como a relação fo-
lha/colmo. Por outro lado, ainda não foi descrito na literatura um valor ótimo para a relação
folha-colmo, pois nem sempre a maior relação representa os melhores resultados zootécni-
cos. Por exemplo, Delevatti et al. (2019) para distintos níveis de adubação nitrogenada (0,
90, 180 e 270 kg de N ha–1) observaram valores para relação folha-colmo de: 1,38; 1,27;
0,92 e 0,9, respectivamente. Nesse estudo não foi observado diferença na digestibilidade
da matéria orgânica, entretanto teores de proteína bruta e fibra em detergente neutro, taxa
de acúmulo e taxa de lotação aumentaram com o aumento da dose de N aplicada, ou seja,
onde não foi adubado manteve uma relação folha-colmo de 1,38, apesar da maior proporção
de folhas, há menor disponibilidade de proteína bruta. A diminuição da relação folha-colmo
93
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
com o aumento da adubação nitrogenado e o manejo estabelecido (altura de 25 cm) foi
decorrente da taxa de lotação maior onde o dossel foi adubado.
Euclides et al. (2019), que manejaram Marandu em lotação continua, sem adubação
nitrogenada, em distintas alturas observaram as seguintes relações folha-colmo 3,7. 2,2.
1,3 para 15, 30 e 45 cm, respectivamente. Os autores indicam a faixa de manejo entre 30
e 45 cm, onde a relação folha-colmo é menor. Em lotação rotativa, Ongaratto et al. (2020)
também observaram que a relação folha-colmo de azevém no período de descanso com
maior frequência de cortes (125 graus-dia), foi maior (2,6), em relação aos intervalos 375 e
500 graus-dia (0,85), com valor intermediário para 250 graus-dia (1,58), indicando que onde
há maior frequência de desfolha os perfilhos investem na emissão de folhas para recuperar
área fotossintética. Com o relato desses três artigos (Dellevati et al., 2019, Euclides et al.,
2019, Ongaratto et al., 2020) o argumento de que “o manejo deve propiciar maior relação
folha-colmo” torna-se falho, pois devemos equilibrar o ganho por área e ganho médio diário.
Para Delevatti et al. (2019) e Euclides et al. (2019) as taxas de lotações foram menores onde
foi maior a relação folha-colmo; Ongaratto et al. (2020) também não recomenda o período
de descanso de 125 graus-dia, onde a relação folha-colmo foi maior, devido a menor massa
de forragem, por conseguinte menor taxa de lotação, lembrando que o paga o investimento
na produção de bovinos de corte é o ganho por área.

Intensidade e frequência de desfolha

A desfolha consiste basicamente na remoção de parte dos tecidos das plantas e é


caracterizada principalmente por sua intensidade e sua frequência (intervalo de desfolha;
GASTAL; LEMAIRE, 2015). A intensidade de desfolha é definida como a quantidade de tecido
foliar removida em cada evento individual de desfolhação (HODGSON, 1966), podendo ser
quantificada de duas maneiras:
A) Medir a altura do perfilho estendido antes e após cada evento de pastejo, conforme
proposto por Wade et al. (1989)
B) Medir o comprimento da lâmina foliar antes e após cada evento individual de des-
folhação, conforme proposto por Lemaire; Chapman (1996); Lemaire et al., (2009)
Em lotação contínua a intensidade de desfolha dos perfilhos estendidos (cm), foi de
35 % da altura do perfilho, pastejado por bovinos leiteiros (WADE et al., 1989). Para lâmina
foliar a intensidade de desfolha varia no intervalo de 40-60 % com base no comprimento
individual da folha (MAZZANTI; LEMAIRE, 1994; LEMAIRE et al., 2009).
Gonçalves (2002), citado por Miqueloto et al., (2020) em estudos com Urochloa bri-
zantha cv. Marandu observou valores de intensidade de desfolhação de perfilho estendido
variando de 11,4 % para pastos manejados mais altos (40 cm altura) a 33,5 % para pastos
94
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
manejados mais baixos (10 cm de altura). O mesmo autor observou maior intensidade de
desfolha da lâmina foliar (76 %) para o dossel manejado mais baixo (10 cm de altura). As va-
riações de severidades observadas por diferentes pesquisadores possivelmente são reflexos
das interações entre arquitetura e morfologia de planta e comportamento ingestivo dos ani-
mais em pastejo (LEMAIRE et al., 2009). Possivelmente, os menores valores de severidades
relatados para plantas tropicais podem estar relacionados à maior participação de colmos ve-
getativos que atuam como componente físico limitante de consumo (DA SILVA; CARVALHO,
2005). Já a frequência de visitação representa o intervalo (dias) entre duas desfolhações
sucessivas na mesma folha/perfilho (LEMAIRE et al., 2009). Intervalos entre desfolha muito
longos ou curtos comprometem o valor nutritivo da forragem, a estrutura do dossel e con-
sequentemente o consumo de forragem e o desempenho animal (CÂNDIDO et al., 2005).
Lima et al., (2019) ao trabalhar com diferentes níveis de intensificação da produção de
bovinos de corte, extensivo, semiextensivo e intensivo, observaram diferença na frequência
e a intensidade de desfolha de capim Marandu mantido a 25 cm de altura. A frequência
de desfolha foi maior no sistema extensivo, não havendo diferença para os demais, 18 e
14 dias respectivamente. Com períodos de 28 dias de duração, nos sistemas intensivo e
semiextensivo é permitido ao animal pastejar duas vezes o mesmo perfilho.

Emissão de gases do efeito estufa

A temperatura da superfície terrestre depende do balanço de radiação solar e da


movimentação das massas de ar. Por sua vez, o balanço de radiação resulta das múltiplas
interações da energia solar com a atmosfera e com a própria superfície terrestre. Ao atra-
vessar a atmosfera, uma parte da radiação é absorvida ou refletida e cerca de metade dela
chega à superfície terrestre. O efeito estufa é exercido por diversos gases presentes na
atmosfera, que absorvem e emitem grande quantidade de energia de ondas longas. Dentre
estes gases, destaca-se o vapor d’água, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido
nitroso (N2O; Liebig et al., 2013). Este efeito sempre foi indispensável para a vida na Terra,
pois mantém a temperatura dentro de limites adequados, reduzindo o resfriamento noturno,
que seria muito maior se não existissem os GEE. Por outro lado, aumentos na concentração
de alguns GEE, sobretudo a partir 1760 com a revolução industrial (em particular, do CO2),
vêm causando alterações no regime térmico da atmosfera terrestre, que tendem a se pro-
nunciar na medida em que as emissões de GEE se mantém elevadas (Bergamaschi, 2016).
Esse aumento da temperatura atmosférica é o que se denomina de aquecimento global,
levantando a hipótese que tem reflexos nas mudanças climáticas, tais como distribuição
irregular das chuvas, aumento ou diminuição de temperaturas da atmosfera, elevação do
nível do mar, entre outros. Ao contrário de países industrializados, no Brasil, a maior parcela
95
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
das emissões de CO2, CH4 e N2O provêm da agropecuária (Cardoso et al., 2016), conforme
ilustrado na Figura 2.

Figura 2. Ciclo do carbono simplificado oriundo de um sistema pastoril, categorizando ‘inputs’ e ‘outputs’ referentes as
emissões de gases de efeito estufa (GEE) 2

Apesar da alta relevância da agropecuária para a economia nacional e internacional,


esta muitas vezes é vista negativamente pela opinião pública, devido sua participação no
processo de desmatamento e sua contribuição para emissão de GEE (Oliveira et al., 2018).
Além disso, a comunidade internacional frequentemente questiona as práticas de manejo
e seu impacto ambiental, devido os baixos índices produtivos dos sistemas extensivos de
exploração animal, que resultam em pastagens, que muitas vezes, são degradadas ou
abaixo de seu potencial de produção (Machado et al., 2011, Oliveira et al., 2020). Cardoso
et al. (2016) ressalta que a intensificação no sistema produtivo de bovinos de corte reduz a
emissão de GEE por unidade de produto produzido por hectare (carne), chamada de pegada
de carbono, assim como a prática de consorciar gramíneas e legumonisas e/ou adubar gra-
mineas com N reduz em um terço, ou metade, a pegada de carbono e complementa-se com
Oliveira et al., (2020) a qual diz que notavelmente a intensificação no manejo das pastagens
“poupa a terra”. Assim, a intensificação sustentável, explica a necessidade de aumentar a
produção agrícola e pecuária por área, levando em consideração alternativas sustentáveis

96
2 Fonte: Adaptado de Rumpel et al. (2015)

Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1


de produção que atendam plenamente à três pilares da sustentabilidade (planeta, pessoas
e lucro; Swiatkiewicz et al., 2014; Tedeschi et al., 2015). Os esforços dos pesquisadores
brasileiros comprovam que o correto manejo do ecossistema pastoril é a melhor forma de
mitigar a emissão de GEE, pois não há abertura de novas áreas para a atividade pecuária.
Por exemplo, a intensificação do sistema de produção de bovinos de corte com a aplicação
de 75 a 90 kg de N–1, pode multiplicar a produção carne na mesma área (Wedekin et al.,
2017; Cardoso et al., 2020).

Perdas de nitrogênio por amônia volatilizada

A volatilização é a perda de N na forma de amônia (NH3), a qual leva a baixa eficiência


de utilização de fertilizantes nitrogenados. A NH3 perdida por volatilização pode ser prove-
niente tanto do fertilizante aplicado, quanto da mineralização da matéria orgânica. Embora
a NH3 não seja diretamente um GEE, suas transformações na biosfera podem contribuir,
potencialmente, para o aquecimento global (Vieira, 2017). Na pecuária, a NH3 é gerada pelo
processo de volatilização e trata-se de uma perda advinda do uso dos fertilizantes nitrogena-
dos em pastagem (especialmente a ureia) e dejetos animais, que causa prejuízos econômicos
e ambientais (Smith et al., 2020). A intensificação do uso de fertilizantes nitrogenados, nas
últimas décadas, tem aumentado a emissão global de NH3 e provocado efeitos adversos
nas mudanças climáticas globais, devido as perdas por N no ambiente. Na atmosfera, a NH3
possui um tempo de residência que varia entre uma e duas semanas. Sua concentração é
maior nas proximidades do seu local de origem, diminuindo rapidamente com a distância
(Dragosits et al., 2002). As concentrações relativas de nitrato e amônio são determinadas
pelo pH da solução do solo. Pois, quando a ureia é aplicada no solo, a sua hidrólise, resul-
tante da ação da urease, converte o R-NH2 para amônio. Por consumir H+ do meio, essa
reação promove a elevação do pH no microsítio abaixo do grânulo do fertilizante (Sommer
et al., 2004), favorecendo a desprotonação do amônio à NH3 que é a forma gasosa passível
de ser perdida por volatilização. Esta elevação do pH decorrente da hidrólise da ureia, faz
com que o aumento do teor de NH3 próxima ao grânulo e sua subsequente perda, ocorra
mesmo em solo com pH ácido. Em solos alcalinos ou com pH > 7, qualquer fertilizante nitro-
genado que contém N amoniacal está sujeito a perdas de NH3 por volatilização (Cantarella,
2007). Em valores de pH abaixo de 7 quase todo o N amoniacal está presente na forma
ionizada (amônio).
De forma geral, maiores emissões de NH3 estão associadas a temperaturas mais ele-
vadas, uma vez que nestas condições a hidrólise da ureia é maior e consequentemente este
processo ocorre com maior intensidade entre as 10 h e 15 h. Nas temperaturas baixas de
inverno, as perdas de N por volatilização podem ser menores que 5,5% do N aplicado (ureia;
97
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Viera et al., 2017). Assim sendo, o potencial de volatilização de NH3 é maior em regiões
tropicais, principalmente nos cultivos de verão, do que em regiões subtropicais ou de clima
temperado. Oliveira et al., (2015) obteve a correlação entre a emissão de NH3 e variáveis
ambientais (Tabela 2).

Tabela 2. Coeficientes da Correlação de Pearson entre a emissão de amônia e variáveis ambientais em sistemas de
produção de bovinos de corte em pastagens com diferentes graus de intensificação

Solo Atmosfera (Ar)


Correlação de Pearson
Temperatura (TºC) Umidade TºC Media TºC Máxima TºC Mínima Umidade Relativa
P-valor <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
R2
0,82 0,91 0,93 0,93 0,92 0,93
Fonte: Adaptado de Oliveira et al., 2015.

Em pastagens tropicais, a volatilização de NH3 é uma das principais vias de perda,


podendo chegar a 80% do N do fertilizante aplicado (Martha Júnior et al., 2004). Assim,
dentre as opções de para não se perder o N é utilizar outras fontes, como nitrato de amônio
e sulfato de amônio, que tem valores percentuais bem inferiores a ureia para a volatilização
de N (Corrêa et al., 2018) tanto na comparação por fonte, como na comparação por dose
(90, 180 e 270 kg N ha–1). Oliveira et al., (2015) compararam a emissão de NH3 por dois anos
em dois sistemas de intensificação da bovinocultura de corte, sendo o Sistema 1, adubado
com 400 kg de ureia, e o Sistema 2 adubado com 200 kg de ureia, ao longo das estações
do ano. Os valores para o Sistema 1 foram: 0,65; 15,48; 10,25 e 6,83% para primavera, ve-
rão, outono e inverno, respectivamente. Enquanto que para o Sistema 2, 0,31. 18,79. 18,25
e 3,51% para primavera, verão, outono e inverno, respectivamente. Dentre os processos
para reduzir as perdas de NH3 por volatilização segue o compilado de recomendações dos
pesquisadores da EMBRAPA Meio Ambiente (Vieira, 2017) e EMBRAPA Pecuária Sudeste
(Oliveira et al., 2015), sendo:

• Aplicar fertilizantes 5-10 cm abaixo da superfície do solo


• Aplicar fertilizantes nitrogenados parceladamente
• Aplicar fertilizantes nitrogenados junto a possíveis ocorrências de chuvas
• Utilizar fertilizantes de eficiência aumentada
• Aplicar ureia incorporada
• Mistura de ureia e nitrato de amônio
• Irrigação se possível após aplicar ureia
• Fertilizantes com inibidores de nitrificação
• Fertilizantes com minerais alumino silicatos (clinoptilolita, zeólita, bentonita)
• Utilização de fontes orgânicas (cama de frango, esterco bovino)

98
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ecossistemas pastoris sempre foram vitais para a vida na terra, devido aos serviços
ecossistêmicos, especialmente a produção de proteína animal; entender as características
morfogênicas e estruturais do dossel, bem como os eventos de intensidade e frequência e
de desfolha são o passo inicial para manejar de maneira adequada, intensificando o sistema
e mitigando gases do efeito estufa.

AGRADECIMENTOS

Ao programa de Ciência Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, da


Unesp de Jaboticabal-SP, por estimular os alunos a serem cientistas.

FINANCIAMENTO

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo


financiamento da bolsa de Doutorado do primeiro autor e ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo financiamento do treinamento de
Pós Doutorado do segundo autor (#150985/2019-3).

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107
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
08
Efeitos da suplementação de cromo
no metabolismo e desempenho de
vacas leiteiras

João Rafael de Assis


UNIFASIPE

Geferson Antonio Fernandes


UFMT

Dener Nunes
UFMT

Milene Rodrigues Dias


UFMT

Carlos Guilherme Balkau


UNIFASIPE

Lucas Maciel Gomes Olini

Vitor Hugo Tadano da Conceição


Padilha

Claúdio Jonasson Mousquer

10.37885/210404234
RESUMO

A necessidade de ajustes refinados nos requisitos nutricionais em sistemas de produção


de vacas leiteiras é uma demanda para eficiência produtiva. Vacas leiteiras enfrentam
severas mudanças fisiológicas e metabólicas como final de gestação e início da lactação,
requerendo maior atenção nos aspectos nutricionais. Todavia, a suplementação de cro-
mo tem sido sugerida para melhorar o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas,
assim, conferindo em potencial uso para vacas leiteiras. Neste contexto, objetivou-se
realizar uma revisão de literatura sobre os efeitos da suplementação de cromo no de-
sempenho produtivo e metabolismo de vacas leiteiras. Portanto, a suplementação de
cromo parece melhorar a produção de leite sem afetar os constituintes do leite. E apa-
rentemente a suplementação de cromo reduz a concentração sanguínea de NEFA. Estes
resultados podem ser explicados por uma possível melhora do metabolismo da insulina,
promovendo aumento de sensibilidade à insulina no tecido adiposo, consequentemente
reduzindo a lipólise. O que pode alterar a partição de energia na glândula mamaria me-
lhorando os processos de síntese do leite. No entanto, muitos resultados experimentais
são contraditórios na literatura, os quais podem ser explicados por diferentes estágios
de lactação, fonte de cromo, condições de estresse, período de suplementação, tipo e
teor de carboidratos na dieta. Assim de fato, um estudo de meta-análise com o banco de
dados disponíveis poderia elucidar o real efeito do cromo no desempenho e metabolismo
de vacas leiteiras.

Palavras-chave: Micromineral, Sensibilidade à Insulina, Produção de Leite.

109
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O cromo (Cr) foi descrito pela primeira vez como um mineral essencial para o metabo-
lismo normal da glicose em ratos por Schwarz e Mertz (1959) e em humanos por Jeejebhoy
et al. (1977). Aparentemente as respostas positivas da suplementação de Cr parecem estar
relacionadas à mudança na partição de energia (VARGAS-RODRIGUEZ et al., 2014; LEIVA
et al., 2015) por um efeito potenciador da ação da insulina (VINCENT, 2001).
Tradicionalmente era suposto que dietas convencionais atendessem os requisitos
nutricionais de Cr em animais de produção. No entanto, estudos sugerem que a suplemen-
tação de Cr afeta o metabolismo da glicose e/ou lipídios (GENTRY et al., 1999; HAYIRLI
et al., 2001; SUMNER et al., 2007). Dessa forma, pode ser utilizado estratégicamente para
modular o metabolismo animal e melhorando a produção de ruminantes.
A necessidade de Cr é normalmente aumentada durante diferentes formas de estresse,
como nutricional, metabólico e físico (PECHOVA e PAVLATA, 2007). Durante os períodos
pré-parto, parto, lactogênese e galactopoiese, se gera grande estresse metabólico, provo-
cando imunossupressão e sobrecarga metabólica em vacas leiteiras (SPEARS, 2000; NRC,
2001; GULPETE, 2018). O Cr está envolvido em muitas funções metabólicas (MERTZ, 1993;
BRYAN et al., 2004; Vargas-Rodriguez et al., 2014) e é essencial para o metabolismo ade-
quado de carboidratos, lipídios e proteínas (VINCENT, 2004).
Neste contexto, a suplementação de Cr em vacas leiteiras pode apresentar efeitos po-
sitivos no metabolismo e desempenho produtivo dos animais. Portanto, objetivou-se realizar
uma revisão de literatura e compilar dados para avaliar os efeitos do Cr no metabolismo e
desempenho de vacas leiteiras.

DESENVOLVIMENTO

Cromo

O Cr é um mineral que pode ser encontrado em concentrações muito baixas em ingre-


dientes naturais comumente utilizados em dietas para animais de produção (BAILEY, 2014).
Podendo ser naturalmente detectado em diferentes estados de oxidação de -2 a +6, no
entanto com maior predominância o Cr hexavalente (Cr6+) e trivalente (Cr3+). O cromo triva-
lente é a forma mais estável, encontrada em seres vivos, considerado uma forma altamente
segura de cromo (LINDEMAN, 1996). No entanto, o cromo hexavalente é principalmente de
origem industrial e está associado à toxidade do cromo (AMATA, 2013). Atualmente várias
formas de Cr orgânico são descritas na literatura como o Cr-Propionato, Cr-metionina, Cr-
picolinato, complexo de Cr-ácido nicotínico e Cr-levedura.
110
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Segundo Gäbel et al. (1987), a absorção de Cr no rúmen é insignificante e a recupe-
ração de Cr no rúmen varia entre 92 a 99%. Apesar da grande parte dos estudos serem
conduzidos com ratos, tem sido sugerido que a absorção de Cr ocorra na parte proximal do
jejuno (KHAN et al., 2014), duodeno e no íleo (CHEN et al., 1973).
Diferentes fatores podem afetar a absorção do Cr, no entanto é bem aceito que a
absorção e biodisponibilidade de fontes orgânicas sejam melhores do que fontes inorgâ-
nicas (LUKASKI, 1999; ZHA et al., 2009). Na literatura é relatado que a biodisponibilidade
do Cr inorgânico está entre 1 a 3%, enquanto o Cr orgânico é cerca de 10 a 30 vezes mais
disponível (FORBES e ERDMAN, 1983). A baixa biodisponibilidade de Cr inorgânico é
provavelmente relacionada à formação de óxidos de Cr não solúveis (CHEN et al., 1973;
PECHOVA e PAVLATA, 2007), por interferência nas formas de íons de outros minerais
(PECHOVA e PAVLATA, 2007), ligação de Cr a compostos naturais de forragens (BOREL
e ANDERSON, 1984; PECHOVA e PAVLATA, 2007), ou a lenta conversão de Cr inorgânico
para a forma bioativa (RANHOTRA e GELROTH, 1986).

Função do cromo no metabolismo

Atualmente é descrito que o cromo tem ação na ativação da insulina via cromodulina,
um oligopeptídeo constituído por glicina, cisteína, aspartato e glutamato (YAMAMOTO, et al.,
1987). Este oligopeptídio é um cofator para a ação da insulina, mediado pela estimulação
da atividade da proteína tirosina quinase, um recepetor de insulina (DUCROS, 1992; DAVIS
et al., 1996; DAVIS e VINCENT, 1997). O efeito estimulante da cromodulina parece ocorrer
sem afetar a concentração de insulina, indicando que esse oligopeptídeo tem um papel
intrínseco na sensibilidade à insulina (KHAN et al., 2014), promovendo um mecanismo de
autoamplificação da sinalização da insulina (VINCENT, 2000).
No tecido adiposo é sugerido que a ação da insulina é mediada pela ativação da fos-
fotirosina fosfatase na membrana adipositária (DUCROS, 1992; VINCENT, 2000; DAVIS
et al., 1996) aumentando a captação de glicose. Adicionalmente, a ativação dessa via de
sinalização intracelular aumenta a taxa de captação de glicose e regula positivamente os
níveis de mRNA do receptor de insulina, transportador de glicose tipo 4 (GLUT4), glicogênio
sintase e proteína de desacoplamento-3 nas células musculares esqueléticas (DAVIS et al.,
1996), consequentemente melhorando a sensibilidade à insulina, aumentando a taxa de
captação de glicose e aminoácidos.

Desempenho produtivo

As dietas para vacas leiteiras podem conter concentrações suficientes de Cr para


atender às demandas durante um período normal de produção, porém pode-se tornar 111
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
deficiente em situações críticas como, final da gestação, parto, início da lactação, desma-
me e transporte (SANO et al., 1991; MOUSAIE et al., 2014; VARGAS-RODRIGUEZ et al.,
2014; YUAN et al., 2014).
Na literatura são descritos uma variedade de resultados sobre a suplementação de cro-
mo para vacas leiteiras. Como aumento da ingestão de matéria seca (IMS) (HAYIRLI et al.,
2001; MCNAMARA e VALDEZ, 2005; SOLTAN, 2010) e aumento da produção de leite (PL)
(HAYIRLI et al., 2001; MCNAMARA e VALDEZ, 2005; SOLTAN, 2010). Em contrapartida é
relatado que a suplementação de Cr na dieta não afeta a IMS e a PL em vacas multíparas no
início da lactação (YANG et al., 1996; BRYAN et al., 2004; YASUI et al., 2014; LEIVA et al.,
2015). Smith et al. (2005) relataram que IMS, PL e peso corporal (PC) de vacas leiteiras
multíparas no início da lactação aumentaram quando o Cr foi suplementado.
No experimento de Kafilzadeh et al. (2012), suplementando cromo em vacas leiteiras
multíparas no início da lactação, relataram que a PL não foi afetada. Soltan (2010) e Nikkhah
et al. (2011) investigando o efeito da suplementação de Cr no desempenho de vacas leiteiras
multíparas criadas sob estresse térmico no início da lactação, relataram que a PL e IMS em
vacas suplementadas com Cr foram maiores que o grupo controle. De forma semelhante no
experimento de Al-Saiady et al. (2004) com vacas leiteiras multíparas no meio da lactação
criadas sob estresse térmico foi relatado que a IMS e a PL foram maiores para o grupo de
vacas suplementadas com Cr. Contudo, experimentos conduzidos com a suplementação
de Cr para vacas leiteiras demonstram resultados inconsistentes (Tabela 1).

Tabela 1.Efeitos da suplementação de cromo no desempenho de vacas leiteiras em lactação.

Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados Referencia

Primíparas e multíparas, pré-parto (42 dias) e


Cr-Metionina (0 e 6,25 mg/dia) Não afetou PL Bryan et al. (2004)
pós-parto (21 dias)
Multíparas, pré-parto (21 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Não afetou IMS e PC Yasui et al. (2014)
Multíparas, lactação (63 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Não afetou IMS, PL e PC Yasui et al. (2014)
Multíparas, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Não afetou IMS, PL e PCF Yang et al. (1996)
Primípara, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Reduziu PCF, não afetou IMS e PL Yang et al. (1996)
Primípara, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Aumentou PL, não afetou IMS e PCF Yang et al. (1996)
Multíparas, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Não afetou IMS, PL e PCF Yang et al. (1996)
Primíparas e multíparas, lactação (225 dias) Cr-Propionato (0; 2,5 g/dia) Não afetou PL e PCF Leiva et al. (2015)
Primíparas e multíparas, Cr-Metionina (0; 0,03 e 0,06
Aumentou a IMS, PL e PC Smith et al. (2005)
lactação (28 dias) mg/kg PC metabólico)
Cr-Metionina (0; 0,03 e 0,06
Primíparas e multíparas, pré-parto (21 dias) Não afetou IMS e PC Smith et al. (2005)
mg/kg PC metabólico)
Multíparas, pré-parto (21 dias) e pós-parto Kafilzadeh et al.
Cr-Metionina (0 e 8 mg/dia) Não afetou PL
(21 dias) (2012)
Cr-Metionina (0; 0,05 e 0,10 Reduziu IMS e gordura corrigida para
Primíparas e multíparas, lactação (49 dias) Nikkhah et al. (2011)
mg/kg PC metabólico) 4%
Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) -
Multíparas, pré-parto (21 dias) Não afetou PCF Soltan (2010)
Animais sob estresse térmico
PL aumentou, e IMS em 5-12 semanas
Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) -
Multíparas, lactação (84 dias) após o parto aumentou, mas o peso Soltan (2010)
Animais sob estresse térmico

112
corporal não mudou

Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1


Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados Referencia

McNamara and
Multíparas, pré-parto (21 dias) Cr-Propionato (0 e 10 mg/dia) Não afetou IMS Valdez
(2005)
McNamara e Valdez
Multíparas, lactação (90 dias) Cr-Propionato (0 e 10 mg/dia) Aumentou IMS e PL
(2005)
Vargas-Rodriguez
Primíparas e multíparas, lactação (35 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) IMS aumentou, mas PL não mudou
et al. (2014)
Cr-Levedura (0 e 4 g/dia) - Ani- Al-Saiady et al.
Multíparas, lactação (130 dias) Aumentou IMS e PL
mais sob estresse térmico (2004)
Primíparas e multíparas, pré-parto (28 dias) e Cr-Metionina (0; 0,03; 0,06 e Aumento de IMS e PL aumentou na
Hayirli et al. (2001)
pós-parto (28 dias) 0,12 mg/kg PC metabólico) dose de 0,03
MS = matéria seca; IMS = ingestão de matéria seca; PL = produção de leite; PC = peso corporal; PCF = peso corporal final; PC metabólico
= PC0,75

Composição do leite em vacas leiteiras em lactação

Vários experimentos avaliaram os efeitos da suplementação de Cr na composição do


leite de vacas leiteiras (Tabela 2). De forma geral é relatado que teor de gordura, lactose, pro-
teína e sólido não gorduroso do leite não foi afetada pela adição de Cr na dieta (YANG et al.,
1996; SOLTAN, 2010; VARGAS-RODRIGUEZ et al., 2014; YASUI et al., 2014). No entanto
Kafilzadeh et al. (2012) relataram que o conteúdo de lactose no leite aumentou quando a
dieta de vacas leiteiras multíparas no início da lactação foi suplementada com Cr. Al-Saiady
et al. (2004) relataram que os níveis de Cr na dieta não afetaram a composição do leite de
vacas leiteiras multíparas estressadas pelo calor no meio da lactação. Em contraste Nikkhah
e al. (2011) relataram aumento no teor de proteína, gordura e lactose com a suplementação
de Cr para vacas sob estresse térmico. Porém outras investigações descreveram que a su-
plementação de Cr não influenciou o teor de gordura, proteína e lactose do leite em vacas
leiteiras primíparas (YANG et al., 1996; BRYAN et al., 2004; SMITH et al., 2005).

Parâmetros de sanguíneos

Existem relatos conflitantes quanto aos efeitos da suplementação de Cr nos parâmetros


séricos de vacas leiteiras (Tabela 3). Kafilzadeh et al. (2012) investigaram o efeito da suple-
mentação de Cr nos parâmetros séricos de vacas leiteiras multíparas no início da lactação e
relataram que a suplementação de Cr causou um aumento na glicose e insulina e diminuição
nas concentrações de ácidos graxos não esterificados (NEFA), porém não houve efeito no
cortisol pela suplementação de Cr. Soltan (2010) relatou que a suplementação de Cr dimi-
nuiu o nível de cortisol e NEFA em vacas leiteiras multíparas no período pré-parto, embora
as concentrações de glicose e insulina não tenham sido afetadas. No entanto, foi relatado
que as concentrações de glicose, insulina, glucagon, β-hidroxibutirato (BHBA) e NEFA não
foram afetadas pela suplementação de Cr em vacas leiteiras multíparas durante o período
pré-parto (YASUI et al., 1996; SMITH et al., 2008). De forma semelhante, Yuan et al. (2014)
113
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
estudaram o efeito da suplementação de Cr em alguns parâmetros séricos em vacas leiteiras
primíparas e multíparas no meio da lactação, relataram que as concentrações de glicose,
insulina, glucagon e NEFA não foram afetadas pela suplementação de Cr.

Tabela 2. Efeitos da suplementação de cromo na composição do leite de vacas leiteiras em lactação.

Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados (%) Referencia

Primíparas e multíparas, pré-parto (42 Gordura, proteína, lactose e sólidos e


Cr-Metionina (0 e 6,25 mg/dia) Bryan et al. (2004)
dias) e pós-parto (21 dias) não gordurosos não foram afetados
Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Multíparas, lactação (63 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Yasui et al. (2014)
não gordurosos não foram afetados
Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Primípara, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Yang et al. (1996)
não gordurosos não foram afetados
Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Multíparas, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Yang et al. (1996)
não gordurosos não foram afetados
Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Primípara, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) Yang et al. (1996)
não gordurosos não foram afetados
Lactose e sólidos e não gordurosos
Multíparas, lactação (154 dias) Cr-Quelado (0 e 0,5 mg/kg MS) diminuíram, mas gordura e proteína Yang et al. (1996)
não mudaram
Primíparas e multíparas, lactação (28 Cr-Metionina (0; 0,03 e 0,06 mg/kg Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Smith et al. (2005)
dias) PC metabólico) não gordurosos não foram afetados
Lactose e sólidos e não gordurosos
Multíparas, pré-parto (21 dias), pós-
Cr-Metionina (0 e 8 mg/dia) diminuíram, mas gordura e proteína Kafilzadeh et al. (2012)
-parto (21 dias)
não mudaram
Primíparas e multíparas, lactação (49 Cr-Metionina (0; 0,05 e 0,10 mg/kg PC Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Nikkhah et al. (2011)
dias) metabólico) não gordurosos não foram afetados
Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) - Animais Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Multíparas, lactação (84 dias) Soltan (2010)
sob estresse térmico não gordurosos não foram afetados
Gordura, proteína, lactose e sólidos e McNamara e Valdez
Multíparas, lactação (81 dias) Cr-Propionato (0 e 10 mg/dia)
não gordurosos não foram afetados (2005)
Primíparas e multíparas, lactação (35 Gordura, proteína, lactose e sólidos e Vargas-Rodriguez et al.
Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia)
dias) não gordurosos não foram afetados (2014)
Multíparas, no meio da lactação (130 Cr-Levedura (0 e 4 g/dia) Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Al-Saiady et al. (2004)
dias) Animais sob estresse térmico não gordurosos não foram afetados
Primíparas e multíparas, pré-parto (28 Cr-Metionina (0; 0,03; 0,06 e 0,12 mg/ Gordura, proteína, lactose e sólidos e
Hayirli et al. (2001)
dias) e pós-parto (28 dias) kg PC metabólico) não gordurosos não foram afetados
MS = matéria seca; PC = peso corporal; PC metabólico = PC0,75

Tabela 3. Efeitos da suplementação de cromo nos parâmetros sanguíneos de vacas leiteiras.

Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados Referencia

Primíparas e multíparas, pré-parto (42 NEFA diminuiu, mas glicose e BHB não
Cr-Metionina (0 e 6,25 mg/dia) Bryan et al. (2004)
dias) e pós-parto (21 dias) mudaram
Glicose, insulina, BHB, glucagon e NEFA
Multíparas, pré-parto (21 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Yasui et al. (2014)
não mudaram
Glicose, insulina, BHB, glucagon e NEFA
Multíparas, pós-parto (63 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Yasui et al. (2014)
não mudaram
A glicose e a insulina aumentaram,
Multíparas, pré-parto (21 dias) e pós-par- Kafilzadeh
Cr-Metionina (0 e 8 mg/dia) o NEFA diminuiu, mas o cortisol não
to (21 dias) et al. (2012)
mudou
Primíparas e multíparas, lactação (225 NEFA aumentou, mas a glicose não
Cr-Propionato (0 e 2,5 g/dia) Leiva et al. (2015)
dias) mudou
Primíparas e multíparas, lactação (49 Cr-Metionina (0; 0,05 e 0,10 mg/kg Glicose, insulina, glucagon, NEFA, BHB, Nikkhah et al.
dias) PC metabólico) TG, colesterol, HDL e VLDL não mudaram (2001)
Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) - Ani- Cortisol e NEFA diminuíram, mas glicose
Multíparas, pré-parto (21 dias) Soltan (2010)
mais sob estresse térmico e insulina não mudaram

114
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados Referencia

Cortisol e NEFA em 2 e 4 semanas após


Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) - Ani-
Multíparas, lactação (14–84 dias) o parto diminuíram, mas a glicose e a Soltan (2010)
mais sob estresse térmico
insulina não mudaram
Cr-Levedura (0 e 4 g/dia) - Animais Al-Saiady et al.
Multíparas, lactação (130 dias) A glicose não mudou
sob estresse térmico (2004)
Primíparas e multíparas, pré-parto (21 Cr-Metionina (0; 0,03 e 0,06 mg/kg Glicose, insulina, glucagon e NEFA não Smith et al.
dias) PC metabólico) mudaram (2008)
Primíparas e multíparas, pré-parto (21 Cr-Metionina (0; 0,03 e 0,06 mg/kg Glicose, insulina, glucagon e NEFA não Smith et al.
dias) PC metabólico) mudaram (2008)
Primíparas e multíparas, lactação (28 Glicose, insulina, glucagon e NEFA não Yuan et al.
Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia)
dias) mudaram (2014)
Primíparas e multíparas, pré-parto (28 Cr-Metionina (0; 0,03; 0,06 e 0,12 NEFA diminuiu, mas glicose, BHB e insuli-
Hayirli et al. (2001)
dias) mg/kg PC metabólico) na não mudaram
Primíparas e multíparas, pós-parto (28 Cr-Metionina (0; 0,03; 0,06 e 0,12 Insulina diminuiu, mas a glicose e NEFA,
Hayirli et al. (2001)
dias) mg/kg PC metabólico) BHB não mudaram
Cr-Picolinato (0; 3,6; 7,2 e 10,8
Multíparas, lactação (15–22 dias) Aumento de glicose e insulina An-Qiang (2009)
mg/dia)
DM = matéria seca; BW = peso corporal; PC metabólico = PC0,75; NEFA = ácido graxo não esterificado; BHB = β-hidroxil butirato; TG =
triglicerídeo; HDL = lipoproteína de alta densidade; VLDL = lipoproteína de densidade muito baixa

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os efeitos da suplementação de Cr para vacas leiteiras são inconsistentes, dificul-


tando determinar se a suplementação de Cr melhora o desempenho produtivo de vacas
leiteiras. Em alguns estudos o aumento na produção de leite pode ser devido à correção
nutricional da deficiência de Cr ou mudança na partição de energia no metabolismo, aumen-
tando a disponibilidade energia para a síntese do leite. Outro mecanismo que deve levar
em consideração é que o Cr possa melhorar a gliconeogênese, assim, aumentando o uso
da glicose para a síntese de lactose na glândula mamaria, consecutivamente aumentando
a produção de leite, devido ao efeito osmorregulador da lactose.
De forma geral, a composição do leite parece não alterar com s suplementação de
cromo. Porém em relação aos parâmetros sanguíneos, o NEFA é o que apresenta maior
alteração, promovendo redução das concentrações. Estes resultados sugerem que uma pos-
sível ação do Cr na sensibilidade à insulina no tecido adiposo possa ocorrer, proporcionando
aumento na captação de glicose, consequentemente aumentado a lipogênese e reduzindo
a lipólise líquida. Este efeito pode ajudar explicar a partição de energia no metabolismo,
culminando no aumento da produção de leite.
Todavia, a discrepâncias entre os resultados dos experimentos podem ser explicadas
pelas diferenças no estágio de lactação, fonte de cromo, condições de estresse, período de
suplementação, tipo e teor de carboidratos na dieta. Contudo, sugere-se realizar um estudo
de meta-análise com o banco de dados disponíveis publicados para avaliar o real efeito
do Cr no desempenho e metabolismo de vacas leiteiras.

115
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
AGRADECIMENTOS

Agradecer a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)


pela concessão da bolsa de doutorado para João Rafael de Assis e ao Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo incentivo a pesquisa.

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118
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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42. YASUI, T.; MCART, J. A.; RYAN, C. M.; GILBERT, R. O., NYDAM, D. V.; VALDEZ, F.;
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119
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
09
Agregação de valor à nutrição a partir
do uso de farinha de insetos: peixes

Vânia Maria Arantes


UFTM

Regis Kamimura
Médico Veterinário

Cristiane Ferreira Prazeres Marchini


Médica Veterinária

Rafael Gustavo Hermes


Médico Veterinário

10.37885/210504509
RESUMO

A alimentação é o componente de custo mais elevado na produção da maioria das cria-


ções. Na aquicultura, o ingrediente proteico de origem animal que mais onera no preço
da ração é a farinha de peixe. Como opção de substituição, as farinhas de insetos já
foram aprovadas na Europa para uso na dieta de peixes. No Brasil, foi reconhecida como
ingrediente de rações para animais de produção em 2020, como fonte alternativa para
suprir proteína, gordura, energia, vitaminas e minerais. As pesquisas concentram-se
na mosca Black soldier fly- BSF, Mosca doméstica, Tenebrio molitor, Tenebrio gigante,
Barata cinerea e larvas de bicho-da-seda. Não foram relatados efeitos negativos no de-
sempenho, digestibilidade dos nutrientes em animais alimentados com farinha de insetos.
Este capítulo discorre sobre as características nutricionais e resultados dos insetos mais
utilizados seus subprodutos na alimentação de peixes e camarões em cativeiro.

Palavras-chave: Insetos Alimentícios, Nutrição Animal, Aquicultura.

121
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Os insetos, animais invertebrados pertencentes ao Filo Arthropoda e Classe Insecta são


o grupo com a maior diversidade de espécies entre todos os animais do planeta, constituindo
cerca de 75% do total de organismos presentes na Terra (PEDIGO, 2002).
A criação de insetos é considerada sustentável pois estes podem ser alimentados de
rejeitos da agroindústria, resíduos orgânicos diversos (VAN HUIS et al. 2013; LIU et al.,
2017) e como vantagem, apresentam ciclos de vida curtos, são de fácil manejo e manuseio,
ocupam pouco espaço e baixa demanda de nutrientes nobres (RAMOS-ERLORDUY et al.,
2002; RUMPOLD e SCHLÜTER (2013).
Dentre os peixes cultivados, 88% são de hábitos onívoros e/ou herbívoros, que con-
somem anualmente 73 mil toneladas de farinha de peixe- FP. Já os peixes carnívoros são
12% e utilizam 660 mil toneladas, ou seja 90% da FP (TAKAHASHI, 2003). Logo, a demanda
por FP é muito alta principalmente para suprir proteína e lipídios em rações para animais de
produção (VRIJ, 2013), e os peixes marinhos obtidos pela pesca predatória são a principal
fonte para elaboração desse importante ingrediente, o que pode acarretar em aumento dos
custos de produção e incentivar a adoção de fontes substitutivas de proteína mais susten-
táveis (VELDKAMP e BOSCH, 2015).
O uso do farelo de soja (FS) como fonte proteica para peixes tem sido criticado por
conter fatores antinutricionais que inflamam o trato digestório, por altos níveis de fibras e
polissacarídeos não amiláceo e perfis de aminoácidos inadequados (GAI et al., 2012).
As farinhas de insetos (FI) possuem alto teor de proteína e gordura, semelhantes às das
fontes tradicionais, FP ou FS, sendo uma possibilidade em dietas de animais de produção
(MAKKAR et al., 2014). Os insetos nos estágios de larvas e pupas são ricos em proteínas
(>40% MS), aminoácidos essenciais, ácidos graxos, minerais e vitaminas (Tabelas 1 a 5)
(RUMPOLD e SCHLÜTER, 2013; SPRANGHERS et al., 2016). O uso das FI para peixes traz
desafios especiais, pois a composição e o perfil de nutrientes são muito variáveis e dependem
do substrato oferecido, dos estágios de desenvolvimento e dos métodos de processamento
do inseto e da farinha (HUA, 2020).
Na dieta natural de peixes é sabido que comem insetos (HOWE et al., 2014; HENRY
et al., 2015), especialmente na fase juvenil (GASCO et al., 2018). O uso de múltiplas espécies
de insetos pode melhorar a qualidade da dieta (NOGALES-MÉRIDA et al., 2019).
A produção de insetos em escala e como alternativa de proteína sustentável na dieta
de peixe é factível (VELDKAMP et al., 2012). Uma vez alcançada a produção massiva em
larga escala, será possível reduzir os custos e alcançar a viabilidade econômica na substi-
tuição de ingredientes proteicos tradicionais como a FP e o FS (KHAN et al., 2016). Produzir

122
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
rações para suprir a aquicultura será um dos principais desafios das próximas décadas
(FRECCIA et al., 2020).
A adoção de tecnologias não convencionais depende da aceitação do consumidor e a
aceitação do uso de FI na ração animal pode variar em função do local onde se desenvolvem
as pesquisas (COSTA et al., 2000; VIDIGAL et al., 2015).
Na Espanha, os consumidores estão dispostos a pagarem mais por peixes alimentados
com FI (FERRER LLAGOSTERA et al., 2019). No Brasil, aceitam melhor alimentar peixes
com rações com insetos do que aves e suínos, e menos ainda bovinos (DOMINGUES
et al., 2020). Os italianos não têm preconceitos em relação ao uso de FI quanto à aceitação
do uso de FI para peixes por parte dos produtores, mas confirmam que o preço da ração
e a conversão alimentar continuam sendo os fatores mais importantes para a adoção de
novos alimentos. Além desses atributos organossomáticos como deposição de gordura,
rendimento do filé e textura da carne, quantidade e qualidade das fezes e a variabilidade
do desempenho em diferentes condições ambientais são fundamentais para a adoção do
uso de insetos. No momento, o preço da FI não é competitivo em comparação com a FP e
outras proteínas de origem animal, comumente aceitas (MULAZZANI et al., 2021).
Os alimentos utilizados na produção de peixes baseiam-se principalmente em cereais,
sementes oleaginosas e ingredientes de origem marinha (FRECCIA et al., 2020). Sabe-se
que os ingredientes convencionais utilizados para a nutrição animal apresentam grandes
oscilações de preços e valores exponencialmente elevados anos após anos, e isso intensifica
a busca por ingredientes alternativos mais sustentáveis (KHAN et al., 2016).
Os insetos alimentícios apresentam um grande potencial como fonte substituta de
proteína e ácidos graxos, além de outras substâncias ativas, com efeito imunoestimu-
lante e antimicrobiano na alimentação de peixes (LI et al., 2017; MOTTE et al., 2019;
STENBERG et al., 2019).

ESPÉCIES DE INSETOS COM POTENCIAL PARA A UTILIZAÇÃO NA


DIETA DE PEIXES COMO FONTE PROTEICA

Os estudos sobre a adição das farinhas de insetos em dietas de peixes concentram-se


na inclusão das espécies: mosca Black Soldier Fly (BSF), larvas de besouros Tenebrio mo-
litor (TM), mosca doméstica (Musca domestica), Tenebrio gigante (TG), gafanhotos (GF) e
grilos (GI), barata cinerea (BC), pupas de bicho-da-seda (BS) (Tabelas 6 a 10).
Os insetos representam um ingrediente alternativo valioso e sustentável para a formu-
lação de rações para peixes. Muitos estudos recomendam a substituição parcial da FP pela
FI, entretanto, estudos recentes têm relatado sucesso na substituição de 100% da FI sem
123
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
haver o comprometimento do desempenho dos peixes, inclusive dos carnívoros (GASCO
et al., 2019; HUA et al., 2019; NOGALES-MÉRIDA et al., 2019). No entanto, as dietas à
base de insetos frequentemente destacam resultados controversos em diferentes espécies
de peixes, especialmente em altos níveis de inclusão (ZARANTONIELLO et al., 2021).

Black Soldier Fly - BSF (Hermetia illucens)

A criação de BSF usualmente se destina a promover a decomposição e transformação


de dejetos orgânicos com impacto poluente em uma biomassa rica em proteína e gorduras,
que pode ser destinada à produção de biodiesel ou alimentação animal (DIENER et al., 2011;
VAN HUIS et al., 2013). Suas larvas podem consumir desde substratos como fezes de suínos,
aves e restos de alimentos (BARRY, 2004), até frutas, vegetais, grãos de destilaria e vísceras
de peixes e restos de abatedouros (HARDOIUN e MAHOUX, 2003; DIENER et al., 2011;
VAN HUIS et al., 2013). Promovem redução de 50% do esterco e 65-75% do lixo doméstico
(SHEPPARD et al., 1994; BARRY, 2004; NEWTON et al., 2005, DIENER et al., 2011).
Um destaque positivo é que a mosca adulta da BSF não é vetor potencial de doenças
pelo fato de não comer e não picar outros animais e humanos. Ainda, sua larva compete
com a larva da mosca doméstica (Musca domestica) (SHEPPARD et al., 1994; NEWTON
et al., 2005) e, possivelmente, modula a microbiota das excretas, reduzindo a popula-
ção de bactérias patogênicas como a Escherichia coli O157:H7 e Salmonella enterica
(ERICKSON et al., 2004).
A mosca BSF desenvolve-se melhor em ambientes mais quentes, principalmente na
faixa de temperaturas entre 29oC e 31oC, UR entre 50 e 70%, sendo que pode demandar
aquecimento para sua criação em locais mais frios (VELDKAMP et al., 2012).
A larva de BSF pode ser utilizada para fornecer macro e micronutrientes como mine-
rais, eliminando as necessidades de suplementação mineral em dietas (DIERENFELD e
KING, 2009). Sua composição nutricional varia muito e depende do tipo do substrato utili-
zado para sua criação e do estágio do ciclo de vida que foi colhida (OONINCX et al., 2015;
HUA, 2020), pode conter níveis inferiores de metionina e lisina quando comparadas às
farinhas de peixes, sendo a suplementação necessária para melhorar o desempenho dos
peixes. A larva de BSF se diferencia de outras espécies pelos seus altos níveis de cálcio e
fósforo (MAKKAR et al., 2014).
O perfil de ácidos graxos da BSF é caracterizado por alto teor de ácidos graxos satura-
dos de cadeia média (AGSCM) e de ácidos graxos monoinsaturados (AGM) (EWALD et al.,
2020). Foi demonstrado que a dieta dos peixes-matrizes, especialmente em termos de perfil
de ácidos graxos poli-insaturados (ACPI) n-3 (ácido linolênico) e n-6 (ácido linoleico), pode
afetar a composição do oócito, o desenvolvimento embrionário e a saúde da progênie em
124
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
diferentes espécies de peixes teleósteos (PEREZ et al., 2015; ASIL et al., 2017; RANDAZZO
et al., 2020). Nesse sentido, há evidências de que a disponibilidade de nutrientes durante o
crescimento e a reprodução dos peixes-matrizes podem ter efeitos duradouros no metabo-
lismo da progênie (DUQUE-GUIMARÃES et al., 2013; XU et al., 2019). Nos peixes, durante
a fase de reprodução, os nutrientes fornecidos pela mãe têm impactos diretos na progênie
durante a embriogênese, no período de alimentação endógena (IZQUIERDO et al., 2000;
FERNÁNDEZ-PALACIOS et al., 2011; HOU et al., 2020).
O melhor estágio larval de BSF a ser usado na ração animal é a pré-pupa. Existe uma
crescente indústria se aperfeiçoando no processamento da BSF para aumentar a separação
da quitina (MAKKAR et al., 2014) e diminuir efeitos colaterais em algumas espécies. A quitina
é um polímero de glucosamina, fonte de nitrogênio não proteico (BARROSO et al., 2014;
HENRY et al., 2015), portanto, pode interferir no valor analisado de proteína bruta, devendo
se usar o fator de conversão de nitrogênio para proteína (Kp) de 5,6 ao invés do mais comum
utilizado 6,25 (JANSSEN et al., 2017). É considerada um fator antinutricional, ou seja, um
componente que o peixe não pode digerir (RUST, 2002) contribuindo para uma pior digestibi-
lidade da FI. Entretanto, em níveis baixos pode atuar como imunoestimulante (HENRY et al.,
2015, 2018a, 2018b) ou ainda como prebiótico na modulação da microbiota intestinal dos
peixes (BRUNI et al., 2018; TEROVA et al., 2019, RIMOLDI et al. 2021). Parece haver uma
correlação entre o conteúdo de quitina da FI e a digestibilidade dos nutrientes. Entretanto,
ainda que o conteúdo de quitina seja semelhante nas FI desengorduradas e não desengordu-
radas, a FI desengordurada apresenta melhor digestibilidade (BASTO et al., 2020). Portanto,
apenas a quitina não explica menor digestibilidade dos nutrientes em dietas contendo FI.
A larva de BSF aparentemente possui ação nutracêutica, antibióticos naturais (NEWTON
et al., 2008). Em sua composição de ácidos graxos de cadeia média (AGCM), o ácido láurico
(LA) e seu derivado monoglicerídeo, monolaurato de glicerol (MNG), exibem forte atividade
antimicrobiana (BORRELI et al., 2021). Foram propostos como alternativas aos antibióticos
promotores de crescimento convencionais na nutrição animal (FORTUOSO et al., 2019;
ZHOU et al., 2019), reforçando ainda mais o interesse como novo ingrediente para rações
animais. Certas bactérias isoladas da larva da BSF podem ser usadas como probiótico para
melhorar o desempenho de animais de produção (USHAKOVA et al., 2016).
Dados da BSF, como seu perfil de aminoácidos e de ácidos graxos foram demonstrados
na Tabela 1. Seus principais constituintes são: 42,1% PB (%), 7% FB, 26% EE, 20,6% MM,
22,1 MJ/kg EB e 2056 Kcal/kg EM.

125
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Larvas de BSF - Composição química e valor nutritivo 1

Minerais % MS AAE % MS AANE % MS Ácidos graxos %MS


(g/kg) Metionina 2,1 Serina 3,1 (12:0) 21,4-42,6
Ca 75,6 Cistina 0,1 Arginina 5,6 (14:0) 2,9-6,9
P 9,0 Valina 8,2 Ác. glutâmico 10,9 (16:0) 10,5-16,1
Ca: P 8,4 Isoleucina 5,1 Ác. aspártico 11,0 (16:1n-7) 3,5
Mg 3,9 Leucina 7,9 Prolina 6,6 (18:0) 1,3-5,7
Na 1,3 Fenilalanina 5,2 Glicina 5,7 (18:1) 11,8-32,1
K 6,9 Tirosina 6,9 Alanina 7,7 (18:2) 3,6-4,5
Fe 1,37 Histidina 3,0 (18:3) 0,08-1,66
(mg/kg) Lisina 6,6 (20:5n-3) 0,03-1,66
Zn 108,0 Treonina 3,7 (22:6n-3) 0,006-0,59
Cu 6,0 Triptofano 0,5
1
AAE: Aminoácidos essenciais; AANE: Aminoácidos não essenciais; Ácidos Graxos: (12:0) Láurico; (14:0) Mirístico; (16:0) Palmítico;
(16:1n-7) Palmitoleico; (18:0) Esteárico; (18:1) Oléico; (18:2) Linoléico; (18:3) Linolênico; (20:5n-3) Eicosapentaenoico; (22:6n-3)
Decosahexaenoico.
Fonte: Adaptado de Finke (2002), Sauvant et al. (2004), Makkar et al. (2014), Tubin (2017), Oliveira (2018), Fontes et al. (2019).

O uso da mosca BSF e seus resultados em dietas de peixes no Brasil, Itália e Malásia
são encontrados na Tabela 6 deste capítulo.

Bicho ou Larva da farinha (Tenebrio molitor)

O Tenebrio molitor (TM), conhecido como Bicho da farinha, apresenta um perfil de


aminoácidos semelhante ao farelo de soja, o que possibilita a sua inclusão nas rações.
As larvas de TM são incluídas em dietas de animais de zoológico (aves, répteis, pe-
quenos mamíferos anfíbios e peixes) e pets (AGUILAR-MIRANDA et al., 2002; HARDOUIN
e MAHOUX, 2003; VELDKAMP et al., 2012). São consideradas ricas em proteína e gordura,
possuem alto teor de fibras (FINKE, 2002).
O ciclo reprodutivo do TM se completa em 6 meses, possuem hábitos noturnos e a
temperatura ideal para o seu desenvolvimento fica entre 28ºC e 32ºC. A postura pode con-
ter de 300 a 1000 ovos, que eclodem após 15 dias. A fase larval dura cerca de 90 dias e
podem alcançar 2,5 a 3 cm, e tem sido indicada para a utilização em aquicultura. Sua fase
de pupa dura de 7 a 9 dias e os besouros adultos medem de 1,25 cm a 1,8 cm de compri-
mento, apresentando dimorfismo sexual evidente (FINKE, 2002; HILL, 2002; HARDOUIN
e MAHOUX, 2003).
Vários substratos como sementes de cereais (trigo, milho, aveia), farinhas e farelos
(farinha de soja, leite em pó desnatado e leveduras), resíduos secos ou cozidos de frutas,
vegetais e cereais podem ser utilizados para a criação das larvas de besouro Tenebrio moli-
tor, considerado onívoro (AGUILAR-MIRANDA et al., 2002; RAMOS-ELORDUY et al. 2002;
HARDOUIN e MAHOUX, 2003). A composição bromatológica das larvas de TM ainda pode
variar conforme o estágio de desenvolvimento larval (RAMOS-ELORDUY et al., 2002) e o
substrato oferecido (OONINCX et al., 2015; HUA, 2020).
126
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Estudos demonstraram a capacidade das larvas de TM em detoxificar micotoxinas pre-
sentes no substrato que se alimentam, como a zearalenona. As micotoxinas podem causar
mortalidade ou outros sintomas como ascite, fígado gorduroso e diminuição no ganho de
peso (GP) de peixes juvenis. Entretanto, não há relatos de acúmulo de zearalenona nas
larvas e nem consequente intoxicação dos animais que as consumiram (HORNUNG, 1991).
A composição química do TM, o perfil de aminoácidos, ácidos graxos e vitaminas foram
demonstrados na Tabela 2, sendo seus principais constituintes: 52,8% PB (%), 7,01% FB,
36,1% EE, 3,01% MM, 26,8 MJ/kg EB, 3077 Kcal/kg EM, e relação Ca:P de 0,35

Tabela 2. Larvas de TM - Composição química e valor nutritivo 2


% Ácidos
Minerais % MS AAE AANE % MS % MS Vitaminas /kg
MS graxos
g/kg Metionina 1,5 Serina 7,0 (12:0) 0,5 Vit A (UI/kg) <1000
Ca 2,7 Cistina 0,8 Arginina 4,8 (14:0) 4,0 β caroteno (mg/kg) <0,2
P 7,8 Valina 6,0 Ác.glutâmico 11,3 (15:0) <0,2 Vit D (UI/kg) <256
Mg 2,3 Isoleucina 4,6 Ác. aspártico 7,5 (16:0) 21,1 Vit E (UI/kg) <5,0
Na 0,9 Leucina 8,6 Prolina 6,8 (16:1n-7) 4,0 Vit C (mg/kg) 12,0
K 8,9 Fenilalanina 4,0 Glicina 4,9 (17:0) <0,2 Tiamina (mg/kg) 2,4
Cl 1,8 Tirosina 7,4 Alanina 7,3 (17:1) 0,3 Riboflavina (mg/kg) 8,1
Fe 57 Histidina 3,4 (18:0) 2,7 Ác.pantotênico(mg/kg) 26,2
mg/kg Lisina 5,4 (18:1) 37,7 Niacina (mg/kg) 40,7
Zn 116 Treonina 4 (18:2) 27,4 Piridoxina (mg/kg) 8,1
Cu 16 Triptofano 0,6 (18:3) 27,4 Ác. fólico (mg/kg) 1,57
Mn 9 (20:0) 0,3 Biotina (mg/kg) 0,3
I 0,17 Vit B12 (μg/kg) 4,7
Se 0,25 Colina (mg/kg) 1844
2
AE: Aminoácidos essenciais; AANE: Aminoácidos não essenciais; Ácidos Graxos: (12:0) Láurico; (14:0) Mirístico; (15:0)
Pentadecanóico; (16:0) Palmítico; (16:1n-7) Palmitoleico; (17:0) Heptadecanóico; (17:1) Heptadecenóico; (18:0) Esteárico; (18:1)
Oléico; (18:2) Linoléico; (18:3) Linolênico; (20:0) Araquídico.
Fonte: Adaptado de Finke (2002), Sauvant et al. (2004), Makkar et al. (2014), Tubin (2017), Oliveira (2018), Fontes et al. (2019).

Estudos e resultados da inclusão de TM em dietas de peixes e camarões no Brasil,


Itália e Polônia estão sendo apresentados na Tabela 7.

Gafanhotos (Acrida cinerea Thunberg) e grilos (Gryllus testaceus Walker)

Milenarmente os gafanhotos têm sido considerados pragas na agricultura. Por outro


lado, em vários continentes como África, América (México) e Ásia (Japão, China, Coréia,
Tailândia, Índia) são considerados comestíveis e estão sendo utilizados na alimentação hu-
mana (RAMOS-ELORDUY, 1997; COHEN et al., 2009; VAN HUIS et al., 2013). Relata-se a
incorporação da farinha desses insetos na alimentação de animais de zoológico e linha pet,
e investiga-se o uso potencial para animais de produção, especialmente em não ruminantes,
com destaque para a aquicultura (MAKKAR et al., 2014).
O conteúdo de proteínas e aminoácidos dos grilos é alto e similar à farinha de peixe.
Porém, o estágio de desenvolvimento de grilos e gafanhotos pode mostrar variações quanto
127
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
à sua composição química, mineral, perfil de aminoácidos e de ácidos graxos (MAKKAR
et al., 2014; OONINCX et al., 2015; HUA, 2020).
Em grilos de campo, a porcentagem média de conteúdo de quitina é de 8,7% (RUMPOLD
et al., 2013), o que pode interferir na digestibilidade e propiciar dificuldade na digestão. No en-
tanto, há relatos que a quitina poderia trazer benefícios estimulando a atividade imunológica
de peixe devido a ação prebiótica no intestino.
A composição química da farinha de gafanhotos (GF) e grilos (GI), seu perfil de ami-
noácidos, ácidos graxos e vitaminas foram demonstrados na Tabela 3.
Os principais componentes da farinha de gafanhoto são: 57,3% PB (%), 8,5% FB, 8,5%
EE, 6,6% MM e 21,8 MJ/kg EB, e os da farinha de grilo são: 63,3% PB (%), 18,3% FB, 10%
EE, 17,3% MM, 5,6 MJ/kg EB e 1402 Kcal/kg EM. Embora o teor de MM de ambos seja muito
diferente, a relação Ca:P é bem semelhante (1,18 GF, e 1,28 GI). Dados sobre os macro e
microminerais da farinha de gafanhotos não foram relatados pelos autores.

Tabela 3. Gafanhotos (GF) e Grilos (GI) - Composição química e valor nutritivo 3

Minerais GI AAE (%) GF GI AANE (%) GF GI Vitaminas GI


g/kg Metionina 2,3 1,4 Serina 5,0 4,6 Vit A (UI/kg) <1000
Ca 10,1 Cistina 1,1 0,8 Arginina 5,6 6,1 β caroteno (mg/kg) <0,2
P 7,9 Valina 4 5,1 Ác. glutâmico 15,4 10,4 Vit D (UI/kg) <256
Mg 12 Isoleucina 4 4,4 Ác. aspártico 9,4 7,7 Vit E (UI/kg) 19,7
Na 1,3 Leucina 5,8 9,8 Prolina 2,9 5,6 Vit C (mg/kg) 30,0
K 3,4 Fenilalanina 3,4 3 Glicina 4,8 5,2 Tiamina (mg/kg) 0,4
Cl 2,2 Tirosina 3,3 5,2 Alanina 4,6 8,8 Riboflavina (mg/kg) 34,1
Fe 116 Histidina 3 2,3 Ácidos graxos GI Ác. pantotênico(mg/kg) 2,0
mg/kg Lisina 4,7 5,4 (14:0) - 0,7 Niacina (mg/kg) 38,4
Zn 215 Treonina 3,5 3,6 (16:0) - 23,4 Piridoxina (mg/kg) 2,3
Cu 15 Triptofano 0,8 0,6 (16:1n-7) - 1,3 Ác. fólico (mg/kg) 1,5
Mn 40 (17:1) - <0,1 Biotina 0,17
I 0,21 (18:0) - 9,8 Vit B12 (μg/kg) 53,7
Se 0,19 (18:1) - 23,8 Colina (mg/kg) 1519
(18:2) - 38
(18:3) - 1,2
3
AAE: Aminoácidos essenciais; AANE: Aminoácidos não essenciais; Ácidos Graxos: (14:0) Mirístico; (16:0) Palmítico; (16:1n-7) Palmitoleico;
(17:1) Heptadecenóico; (18:0) Esteárico; (18:1) Oléico; (18:2) Linoléico; (18:3) Linolênico.
Fonte: Adaptado de Finke (2002), Sauvant et al. (2004), Makkar et al. (2014), Tubin (2017), Oliveira (2018). Alguns estudos com farinhas
de gafanhotos e grilos em dietas de peixes na Índia, Nigéria e República Tcheca e seus resultados são encontrados na Tabela 8.

Baratas (Nauphoeta cinerea, Gromphadorhina portentosa, Blaptica dubia)

Nativas do nordeste da África, atualmente podem ser encontradas em todos os países


do mundo (FERNANDES et al., 2016). São insetos onívoros que podem viver por até 27 a
30 dias sem água e sem alimentos (BELL et al., 2007; FERNANDES et al., 2016). São efi-
cientes em conversão alimentar, não requerem espaços amplos para grandes produções e
apresentam elevada quantidade de proteínas de alto valor biológico. Portanto, a farinha de

128
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
barata cinerea tem potencial para atender às demandas por fontes proteicas para os animais
de produção (LIMA et al., 2018).
Estudo realizado por AKBAR et al. (2018) mostra que moléculas ativas produzidas
por bactérias do intestino de baratas Gromphadorhina portentosa (Madagascar) e Blaptica
dubia (Dubia) têm ação antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas (Staphylococcus
aureus resistente à meticilina, Streptococcus pyogenes, Bacillus cereus) e Gram-negativas
(Escherichia coli K1, Salmonella enterica, Serratia marcescens, Pseudomonas aeruginosa,
Klebsiella pneumoniae).
A descrição da composição química de BC- barata cinerea (Nauphoeta cinerea), seu
perfil de aminoácidos e de ácidos graxos foi demonstrada na Tabela 4. Os seus principais
constituintes são: 64,7% PB (%), 7,5% FB, 22,68% EE, 3,68% MM e 30,7 MJ/kg EB

Tabela 4. Barata cinerea - Composição química e valor nutritivo 4

AAE % MS AANE % MS Ácidos graxos % MS


Metionina 0,96 Serina 2,03 (12:0) 0,14
Cistina 0,80 Arginina 3,20 (14:0) 1,10
Valina 3,84 Ác. glutâmico 5,99 (16:0) 0
Isoleucina 2,20 Ác. aspártico 4,66 (18:0) 3,88
Leucina 3,75 Prolina 2,83 (18:1) 0
Fenilalanina 2,32 Glicina 3,49 (18:2) 0
Tirosina 3,86 Alanina 4,35 (18:3) 0,54
Histidina 1,56 (20:0) 0,17
Lisina 3,21 (20:5n-3) 0
Treonina 2,05 (22:6n-3) 0,24
Triptofano 0,54
4
AAE: Aminoácidos essenciais; AANE: Aminoácidos não essenciais; Ácidos Graxos: (12:0) Láurico; (14:0) Mirístico; (16:0)
Palmítico; (18:0) Esteárico; (18:1) Oléico; (18:2) Linoléico; (18:3) Linolênico; (20:0) Araquídico; (20:5n-3) Eicosapentaenoico;
(22:6n-3) Docosahexaenóico.
Fonte: Adaptado de Finke (2002), Sauvant et al. (2004), Makkar et al. (2014), Tubin (2017), Oliveira (2018), Fontes et al. (2019).

Resultados de estudos incluindo baratas em dietas de peixes no Brasil e Nigéria são


encontrados na Tabela 9.

Bicho-da-seda (Bombyx mori)

O Brasil, sexto maior produtor mundial, exporta 95% de sua produção de seda, es-
tando entre os maiores produtores, juntamente com China, Índia, Uzbequistão, Tailândia e
Vietnã. O volume de 485.000 toneladas de casulos de bicho-da-seda foi produzido no mundo
em 2011, gerou cerca de 65.000 toneladas (13%) de larvas desidratadas (FAO, 2012).
Cerca de 95% da seda produzida no mundo tem origem nas espécies mais conheci-
das de bicho-da-seda: Bombyx mori, Antheraea assamensis, Antheraea mylitta Antheraea
paphia e Samia cynthia ricini ( MAKKAR et al., 2014). Como parâmetro de produtividade,
admite-se que para cada kg de seda produzido, são obtidos 8 kg de larvas in natura ou 2
kg de larvas desidratadas (PATIL et al., 2013) após a remoção dos casulos de seda. Esses
129
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
subprodutos da sericultura são descartados em grandes quantidades como rejeitos (KHATUN
et al., 2005) e a fabricação de farinha de bicho-da-seda seria uma solução apropriada para
auxiliar na redução dos impactos ambientais gerados pela indústria da seda.
Devido aos altos níveis de aminoácidos essenciais como valina, metionina e fenilalanina,
a proteína da pupa do bicho-da-seda atendeu aos requisitos sugeridos pela FAO/OMS/ONU
(2007) e tem sido considerada alimento adequado para animais de produção, especialmente
aves, suínos e peixes (TRIVEDY et al., 2008). A farinha produzida com bicho-da-seda é rica
em ácidos graxos, com 36,3% de ácido α-linolênico (ASIMI et al., 2017).
Na Tabela 5 é visualizado o perfil de aminoácidos, ácidos graxos e vitaminas das pu-
pas do Bicho-da-Seda. Seus principais constituintes da farinha de pupa do bicho-da-seda
(FPBS) são: 60,7% PB (%), 3,9% FB, 25,7% EE, 5,8% MM, 25,01 MJ/kg EB e 674 Kcal/kg
EM; na mesma farinha, desengordurada (FPBSd), contém: 75,6% PB, 6,6% FB, 4,7% EE,
6,8% MM e, 22,01 MJ/kg EB

Tabela 5. Pupa do Bicho-da-seda (PBS) e (PBSd) - Composição química e valor nutritivo 5


Minerais (% Ác. Graxos
PBS PBSd AAE PBS PBSd PBS Vitaminas PBS
MS) (% MS)
(g/kg) Metionina 3,5 3 (12:0) 0,5 Vit A (UI/kg) 1580
Ca 3,8 4,0 Cistina 1 0,8 (14:0) 4,0 β caroteno (mg/kg) <0,2
P 6,0 8,7 Valina 5,5 4,9 (15:0) 0,07 Vit D (UI/kg) <256
Ca: P 0,63 0,46 Isoleucina 5,1 3,9 (16:0) 21,1 Vit E (UI/kg) 8,9
Mg 0,498 - Leucina 7,5 5,8 (16:1n-7) 4,0 Vit C (mg/kg) <10,0
Na 0,475 - Fenilalanina 5,2 4,4 (17:0) 0,04 Tiamina (mg/kg) 3,3
Ca 3,16 - Tirosina 5,9 5,5 (17:1) 0,03 Riboflavina (mg/kg) 9,4
Cl 0,62 - Histidina 2,6 2,6 (18:0) 2,7 Ác.pantotênico(mg/kg) 21,6
Fe 57,0 - Lisina 7 6,1 (18:1) 37,7 Niacina (mg/kg) 26,3
mg/kg Treonina 5,1 4,8 (18:2) 27,4 Piridoxina (mg/kg) 1,6
Zn 224 - Triptofano 0,9 1,4 (18:3) 27,4 Ácido fólico (mg/kg) 0,71
Cu 15 - AANE PBS PBSd (20:5n-3) 0,4 Biotina (mg/kg) 0,25
Mn 18 - Serina 5 4,5 (22:6n-3) 0,16 Vit B12 (μg/kg) <1,2
I <0,1 - Arginina 5,6 5,1 Colina (mg/kg) 1128
Se 0,14 - Ác. glutâmico 13,9 8,3
Ác. aspártico 10,4 7,8
Prolina 5,2 -
Glicina 4,8 3,7
Alanina 5,8 4,4
5
AAE: Aminoácidos essenciais; AANE: Aminoácidos não essenciais; Ácidos Graxos: (12:0) Láurico; (14:0) Mirístico; (15:0) Pentadecanóico;
(16:0) Palmítico; (16:1n-7) Palmitoleico; (17:0) Heptadecanóico; (17:1) Heptadecenóico; (18:0) Esteárico; (18:1) Oléico; (18:2) Linoléico;
(18:3) Linolênico; (20:5n-3) Eicosapentaenoico; (22:6n-3) Decosahexaenoico.
Fonte: Adaptado de Finke (2002), Sauvant et al. (2004), Makkar et al. (2014), Tubin (2017), Oliveira (2018), Fontes et al. (2019).

Os resultados de estudos com adição BS em dietas de peixes no Brasil, China e


Uzbequistão são mostrados na Tabela 10.

130
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Resultados de estudos com inclusão de farinhas de insetos em dietas de peixes e
camarões.

As tabelas 6 a 10 apresentam resultados de inclusão das farinhas de insetos (BSF, TM,


MD, GF, GI, baratas e BS) em dietas de peixes e camarões no Brasil e no mundo.

Tabela 6. Estudos realizados com inclusão de farinha de Black soldier fly (FBSF)

Referências/
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Sem diferença de peso final, ganho em peso (GP), sobrevi-
vência, biomassa final (g/ aquário), produtividade (kg/ m2),
Alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus): CA - conversão alimentar, TCE - taxa de crescimento específico FRECCIA et al.
substituição de ração comercial (42% PB) por 0%, 5%, (%/ dia), índice hepatossomático (IHS), índice viscerossomático (2016)
10%, 15%, e 20% de FBSF- farinha de Black soldier fly (IVS), parâmetros eritrocitários e leucocitários. Brasil
Concentrações de proteína plasmática total superiores em
dietas com 10%, 15 e 20% de inclusão de FBSF.
Nenhuma mortalidade foi observada. Maior ganho de peso
(8,74 ± 0,18) e valores de TCE, de 2,43 ± 0,04% (TCE= {[(média
Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus): substituição
de peso final–média de peso inicial)/T] × 100}, melhor CA e taxa MUIN et al.
da farinha de peixe pela farinha da larva de BSF com
de eficiência da proteína (TEP = ganho de peso (g)/ proteína (2017)
níveis de substituição de 0% (dieta 1), 25% (dieta 2),
total ingerida (g)) na inclusão de 50%. A farinha de larvas de Malásia
50% (dieta 3), 75% (dieta 4) e 100% (dieta 5)
BSF pode substituir a farinha de peixes com até 50% sem efei-
tos adversos no crescimento e utilização da ração.
Sem diferenças no ganho de peso médio (GPM) e na taxa de
Perca-gigante (Lates calcarifer) juvenis: substituição da KATYA et al.
crescimento específico entre o grupo de controle alimentado
farinha de peixes (FP) (controle) por 25% , 50%, 75% e (2017)
com peixes e com 25% e 50% de FLBSF.
100% de FLBSF, 8 semanas Malásia
O nível ótimo de reposição de FP foi de 28,4% da FLBSF
As primeiras sensações percebidas como dominantes foram
textura, e sabores. No peixe cozido, sabor de algas e sabor
umami claramente predominaram na dieta controle. O início da
Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss): BORGOGNO et al.
dominância do sabor metálico caracterizou dietas com 25% e
Uso da farinha de BSF 0%, 25% e 50% em substituição ( 2017)
50% BSF. Nenhuma diferença nos parâmetros físicos foi detec-
à FP- farinha de peixe Itália
tada. A descrição sensorial dos filés indicou que a inclusão de
BSF induz diferenças significativas no perfil percebido (aroma,
sabor e textura em função da composição da dieta).
A dieta com 50% FLBSF diminuiu o amarelecimento do filé.
Ácidos graxos saturados (C12:0) aumentaram em relação à
inclusão de FLBSF em detrimento dos ácidos graxos mono e
Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) MANCINI et al.
poli-insaturados (n-3 e n-6).
Inclusão de 25% e 50% de farinha de larvas (FL) de BSF (2017)
Nenhuma modificação nos padrões de proteínas foi mostrada.
em substituição a farinha de peixe (controle) Itália
As modificações químicas ocorridas nos filés foram relaciona-
das à composição química do farelo de BSF e ao percentual
de inclusão na dieta.
A maior inclusão de BSF (>50%) mostrou uma regulação nega-
tiva dos marcadores de resposta ao estresse e uma modulação
Reprodutores e larvas de peixe-zebra (Danio rerio):
positiva da expressão do gene de citocinas inflamatórias. ZARANTONIELLO et al.
Substituição de farinha de peixe (FP) por farinha de
A adaptação nutricional por meio da alimentação dos pais po- (2021)
pré-pupa (PP) da BSF (0%, 25%, 50%, 75% e 100%)
dem possibilitar a substituição FP por FPPBSF até quase 100%,
sem os efeitos colaterais negativos.

131
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 7. Estudos realizados com inclusão de farinha de Larvas de Tenebrio molitor (FTM) e Tenebrio gigante (Zophobas
morio) (FTG)

Referências
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Maiores: GP e TCE, melhor taxa de CA e de eficiência proteica
em 25% e 50%.
Taxa de sobrevivência de 100% em todos os tratamentos.
Tilápias (Oreochromis niloticus) juvenis, peso vivo ini-
Peixes alimentados com 100% FTG exibiram menor crescimento
cial 5,57±0,15 g: JABIR et al. (2012)
que as demais.
Substituição parcial ou total da FP por 0%, 25%, 50%, Malásia
Sem diferenças na composição corporal (umidade, proteína, li-
75% e 100% de FTG, durante 8 semanas.
pídios e cinzas).
Até 25% da FP pode ser substituída por FTG sem qualquer efeito
adverso.
Maior peso final, TCE, porcentagem de ganho de peso, taxa de
Dourada (Sparus aurata): farelo de larvas de Tenebrio eficiência proteica e menor taxa de CA para inclusão de 25% FTM. PICCOLO et al.
molitor em substituição de 0% (dieta controle), 25% Menores coeficientes CDA estimados da PB e EE com 50% FTM. (2017)
e 50% de FP Não diferiu: características morfométricas e rendimento de car- Itália
caça FP e FTM.
Peso final, GP, TCE, eritrócitos, índice hepatossomático e composi-
ção de carcaça (matéria seca e extrato etéreo): efeito linear cres-
cente ao nível de inclusão de LTM, enquanto a CA foi decrescente.
Tilápias (Oreochromis niloticus) cultivadas em siste-
Maior índice de sobrevivência 11,68% FLTM, e produtividade TUBIN
ma bioflocos: diferentes níveis de inclusão de farinha
10,68% FLTM. (2017)
de larvas de Tenebrio molitor (LTM) em 0%, 5%, 10%,
Níveis acima de 10% reduziram produtividade e mortalidade, Brasil
15% e 20%
aumentou o índice hepatossomático na carcaça e lipídios, em
função de alto teor lipídico e fatores antinutricionais (quitina)
na FLTM.
Maior ganho de peso para as dietas TM25, TM50 e TM100, res-
pectivamente (10,05 ± 3,06; 11,41 ± 2,08 e 10,36 ± 1,57).
Maior TCE para as dietas TM25, TM50 e TM100, respectivamente,
(2,56 ± 0,11; 2,79 ± 0,09 e 2,61 ± 0,07).
Camarão branco (Litopenaeus vannamei)
A taxa de sobrevivência foi de 98% em todos os tratamentos.
Peso inicial médio de 2,39 ± 0,49g, CHOI et al. (2018)
Nenhuma toxina foi encontrada após a morte.
Substituição da FP por farinha de larva de TM em 0% Coréia do Sul
Maiores níveis de marcadores imunológicos, como a proteína de
(controle), 25%, 50% e 100% .
ligação de beta-glucana, profenoloxidase e crustina associada à
imunidade celular e humoral do camarão no TM25% e TM50%.
O nível 50% de FLTM na dieta promoveu o desempenho de cres-
cimento dos camarões sem qualquer efeito adverso.
Maior coeficiente de digestibilidade aparente de energia (CDA)
para matéria seca, proteína, proteína corrigida e quitina na fari-
nha de Tenebrio Molitor- FTM.
Alevinos - tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus): Maior CDA para lipídios no FBM. FONTES et al.
Substituição de 20% da dieta controle (FS, milho e trigo) Melhor CDA de nutrientes e energia no FTM e todas as farinhas (2019)
por farinhas de insetos de inseto avaliadas (barata cinérea, ou larvas de Tenébrio gigante Brasil
Zophobas morio, ou barata de Madagascar Gromphadorhina
portentosa, ou grilo preto Gryllus assimilis ou larvas de Tenebrio
molitor), potenciais para alevinos de tilápias.
Proporção ganho de peso (g)/ proteína total ingerida (g de MS)
menor no FTM e FTG. Índices hepatossomático ([peso de fígado
(g)/ peso corporal (g)] X 100) e viscerossomático ([peso das vís-
Alevinos de trutas marinhas (Salmo trutta m. trutta):
ceras (g)/ peso corporal (g)] X 100), conteúdo de lipídios hepáti- MIKOLAJCZAK et al.
substituição parcial da FP por 10% de farinha hidroli-
cos mais elevados no FTG. FTG aumentou os níveis de aspartato (2020)
sada de tenébrio gigante (Zophobas morio) (FTG) e da
aminotransferase e diminuiu os níveis de fosfatase alcalina. Po- Polônia
farinha hidrolisada do bicho da farinha (FTM)
pulações de Aeromonas spp. e Enterococcus spp. menores no
FTG. População de Carnobacterium spp. menor no FTG e FTM.
Menor pop Lactobacillus no FTM.

132
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 8. Estudos com farinha de gafanhotos (FGF) (Acrida cinerea) e grilos FGI (Gryllus testaceus ; Acheta domesticus
em peixes

Dietas experimentais Resultados Ref e e País


Bagre com dietas de (Clarias batrachus): (Phyllanthus niru-
Não houve alterações histopatológicas na guelra, fígado, rim, es-
ri), aspargo (Asparagus adscendens), Pseudarthria vesida, JOHRI et al.
tômago, intestino, testículo e ovário, exceto um pequeno enco-
Moringa oleifera, Tribulus alatusm e terrestris, farinha de (2011)
lhimento nas brânquias dos peixes alimentados com farinha de
camarão seco ou de gafanhoto colorido indiano (Poekilo- Índia
gafanhoto até 91 dias de idade.
cerus pictus).
Melhor GP observado com inclusão de 25% de FGF.
GP e TCE menores no grupo alimentado com 100% FGF.
O coeficiente de digestibilidade aparente de proteínas e lipídios
Alevinos de bagre africano
foi elevado em todos os níveis, embora tenha diminuído com o ALEGBELEYE et al.
(Clarias gariepinus): cinco níveis de inclusão (0%, 25%, 50%,
aumento dos níveis de inclusão. (2012)
75% e 100%) de farinha de gafanhoto adulto (Zonocerus
Lipídios da carcaça diminuíram com o aumento do nível de inclu- Nigéria
variegatus) (FGF) em substituição à farinha de peixe (FP).
são de FGF.
A FGF pode substituir a FP em até 25% na dieta de alevinos de C.
gariepinus.
Alevinos de bagre africano (Clarias gariepinus), peso inicial Os melhores índices de crescimento e utilização de ração foram
OLALEYE
15-20 g: registrados nos alevinos alimentados com 20% de FP e 10% de FGF.
(2015)
Substituição da FP pela FGF em cinco níveis de inclusão: A menor taxa de crescimento foi registrada em alevinos alimenta-
Nigéria
0%, 10%, 15%, 20% e 30%. dos com apenas 30% de farinha de gafanhoto.
Nenhum efeito significativo foi associado à presença de compostos
tóxicos em peixes.
Perca (Perca fluviatilis): Aumento de ácido graxo (AG) linoléico e aumento do conteúdo
TILAMI et al.
Substituição de 25% de FP por uma mistura de farinha de total de AG n-6 em filés de peixe, em comparação com grupo con-
(2020)
grilo doméstico (Acheta domesticus) e de tenebrio gigante trole (0% FGI+FTG).
República Tcheca
(Zophobas morio), FGI+FTG As mudanças na composição de AG foram pequenas e não afetaram
o valor nutricional dos peixes com dieta à base de insetos para
consumo humano.

Tabela 9. Estudos realizados com inclusão de farinha de baratas (Nauphoeta cinerea e Periplaneta americana) em peixes

Referências e
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Não houve diferença para conversão alimentar, sobrevivência
e produtividade.
Tilápias (Oreochromis niloticus) cultivadas em sistema de Houve efeito quadrático com ponto de máximo para GP e TCE. TUBIN
bioflocos: 5 níveis de inclusão de farinha de barata cinerea - Não se recomenda níveis acima de 15% de FBC para alevinos (2017)
FBC (Nauphoeta cinerea) 0%, 5%, 10%, 15% e 20%. de tilápia (excesso de quitina?). Brasil
O nível ótimo de inclusão foi 8,5% de FBC para ganho de peso
e TCE.
Melhores resultados de ganho de peso médio (1,39±0,39 g),
Bagre africano (Clarias gariepinus) (peso médio 1,13±0,3g)
taxa de conversão alimentar (2,54±0,15), taxa de crescimento
Dieta 1, controle (milho, FS, 0% FB e 0% FP) dieta 2 (10% FP, ORIRE et al.
específico (1,44%/ dia), taxa de eficiência protéica (0,87±0,20),
0% FB), dieta 3 (10% FB, 0% M) por 56 dias como substituto (2019)
utilização aparente de proteína líquida (16,23±7,19) e taxa de
da farinha de peixe (FP). Nigéria
sobrevivência de 62% foram observados para a dieta contendo
Farinha de barata Periplaneta americana- FB
10% de farinha de baratas.

133
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 10. Estudos realizados em diferentes países com bicho-da-seda (Bombix mori) e seus resultados
Referências
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
GP nos tratamentos controle ou FV e FP como atrativos
superiores a FC ou FO.
Alevinos tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) com peso inicial O comprimento final médio dos animais do tratamento
médio de 0,72 ± 0,18g: controle foi superior, quando comparados ao tratamento BOSCOLO et al.
Comparar inclusão de 5% de farinhas de: peixe (FP), vísceras (FV), FCO, não diferindo dos demais. (2001)
carne e ossos (FCO), crisálida Bicho-da-seda (FCBS) e controle (FS Concluiu-se que não seria necessária a utilização dos Brasil
e milho), como atrativos. alimentos testados, a 5% de inclusão, para estimular o
consumo alimentar ou promover o crescimento de ale-
vinos de tilápia do Nilo.
Crescimento dos peixes e consumo da ração maiores com
50% de FPBS.
Melhores taxas de: GP, crescimento relativo, conversão
Alevinos de bagre africano (Clarias gariepinus): alimentar e taxa de eficiência protéica para dieta 50% de KURBANOV et al.
Substituição de FP por 100%, 75%, 50%, 25% e 0% FPBS -farinha farinha de peixe e 50% de PBS. (2015)
de pupa do bicho-da-seda (Bombyx mori). Taxa de crescimento específico sem diferenças entre as Uzbequistão
dietas.
Aceitável substituição em até 50% da FP por por FPBS na
dieta do bagre africano.
Os coeficientes CDA da proteína bruta e proteína digestí-
vel foram de 92,86 e 22,87% para a farinha de crisálida do
Acará-disco (Symphysodon discus): bicho-da-seda, 62,44 e 24,46% para a farinha do resíduo
CARTAXO
Crisálida do bicho-da-seda- CBS (30%), farinha do resíduo de ca- de camarão, 93,34 e 84,44% para o isolado protéico de
(2015)
marão (30%), isolado protéico de soja (IPS), glúten de trigo (30%) soja, 86,94 e 72,58% para o glúten de trigo e 92,12 e
Brasil
em substituição à ração controle ( FS, milho e FP) 40,63% para a ração controle, respectivamente.
O acará-disco utilizou IPS, a CBS e glúten de trigo eficien-
temente em sua dieta.
Maiores coeficientes de crescimento térmico nos grupos
50% e 75% OCBS.
Menores taxas de conversão alimentar do que o grupo
OCBS 100%.
Menor conteúdo de lipídios do hepatopâncreas e au-
Carpas Jian (C. carpio var. Jian) juvenis, com peso inicial de 33,51 mento do conteúdo de proteína bruta muscular para
CHEN et al.
± 1,91 g: 50% OCBS.
(2017)
5 níveis de inclusão de óleo de crisálida de bicho-da-seda (OCBS) Aumento de ácido α -linolênico, conteúdo de ácido gra-
China
0%, 25%, 50%, 75% ou 100% para substituir o óleo de soja (OS). xo poliinsaturado n-3 (AGPI) e razão n-3/ n-6 AGPI no
hepatopâncreas.
Gordura intraperitoneal e muscular conforme a substi-
tuição de OS aumentou.
A substituição de 50% ou 75% de OS por OCBS na dieta
da carpa Jian melhorou o desempenho do crescimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É premente a realização de pesquisas que investiguem o desempenho, digestibilidade,


características sensoriais e de rendimento de carne, em animais que recebem dietas contendo
farinha de insetos, apesar de não terem sido encontrados efeitos deletérios relacionados ao
crescimento dos peixes. É importante estabelecer os níveis ideais de inclusão de cada tipo
de inseto nas dietas de peixes visando obter melhores índices de desempenho zootécnico,
integrar e traduzir essas informações em formulações práticas de rações, bem como para
garantir a saúde dos peixes e segurança alimentar dos consumidores.
Os estudos confirmam até o momento a viabilidade da substituição total ou parcial de
ingredientes tradicionais, como a farinha de peixe por farinhas de insetos na dieta de peixes
carnívoros, onívoros, e herbívoros, embora observa-se mais estudos em espécies onívoras
do que carnívoras.
134
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Os benefícios ambientais esperados decorrentes da utilização da farinha de insetos
na alimentação de peixes se alinham com os interesses econômicos atuais da indústria da
cadeia aquícola europeia. Esforços devem ser feitos para encontrar maneiras lucrativas de
encorajar a introdução desta alternativa atraente para garantir a sustentabilidade econômica
e ambiental num futuro próximo.
Também é necessário ampliar a percepção sobre a segurança, a qualidade e a acei-
tabilidade do consumidor por produtos gerados pelos animais alimentados com rações que
contenham farinha de insetos em suas formulações. É necessário elaborar legislações es-
pecíficas e estabelecer normativas para o uso de insetos na alimentação animal bem como
definir os procedimentos para o uso seguro de determinados substratos para obter insetos
livres de doenças ou substâncias indesejáveis.
As farinhas de insetos devem ser competitivas em valor nutricional, preço, disponibi-
lidade ao longo do ano, e produzidas em escala industrial para atender este mercado pro-
missor, de demanda crescente, para a inclusão definitiva como ingredientes alternativos às
tradicionais fontes de proteínas de origem animal em rações da aquicultura.

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143
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
10
Aspectos nutricionais e alimentares
relacionados a polioencefalomalacia
em ruminantes

João Rafael de Assis Eloiza Baena da Silva


UNIFASIPE UNIFASIPE

Geferson Antonio Fernandes Rafael Laurindo Moraes


UFMT UNIFASIPE

Lucas Maciel Gomes Olini Juslei Figueiredo da Silva


UNIFASIPE
Claúdio Jonasson Mousquer
UFMT Fabricio Moreira Costa
UNIFASIPE
Carlos Guilherme Balkau
UNIFASIPE Fabiano Pedra Carvalho
UNIFASIPE

10.37885/210504594
RESUMO

A polioencefalomalacia (PEM) é uma doença nervosa que promove a necrose neuronal.


Antigamente acreditava que essa patologia estava relacionada com a deficiência de tia-
mina, porém, estudos sugerem que pode ser provocada por diversos fatores nutricionais
e alimentares. Neste contexto, objetivou-se realizar uma revisão de literatura sobre as
principais causas de PEM ocasionadas por fatores nutricionais ou alimentares em rumi-
nantes. Portanto, a PEM pode ser ocasionada pela clássica deficiência de tiamina, além
disso, pode ser provocada por intoxicação com chumbo, enxofre e sódio associado à
privação de água de bebida. Para prevenção da PEM, deve-se evitar material contami-
nado por chumbo nas pastagens, plantas invasoras (produtoras de tiaminases) e manejo
nutricional das concentrações de tiamina na dieta e níveis adequados de enxofre na água
e na dieta. No tratamento, é recomendado realizar a identificação da fonte causadora da
doença, privar o acesso do animal ao material contaminado e utilizar técnicas de manejo
alimentar conforme a origem da PEM, além disso, pode-se recorrer a fármacos dentre o
necessário, no intuído de reestabelecer os parâmetros metabólicos normais.

Palavras-chave: Doença de Ruminantes, Neuropatologia, Necrose Cerebrocortical.

145
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

A Polioencefalomalácia (PEM) é um termo utilizado para descrever o diagnóstico mor-


fológico da necrose com amolecimento (malacia) da substância cinzenta (pólio) do encéfalo,
além disso, na Europa a condição tem sido descrita como necrose cerebrocortical (MARKSON
et al., 1972; EDWIN et al., 1979; JEFFREY et al., 1994).
A PEM foi empregada pela primeira vez no Estado do Colorado nos Estados Unidos
em 1956, para designar não somente uma lesão, más uma doença específica de ruminan-
tes, causada a princípio por deficiência de tiamina e sendo caracterizada por necrose do
córtex telencefálico (JENSEN et al., 1956). No entanto, atualmente, é reconhecido que nem
todos os casos associados a PEM em ruminantes está relacionado a deficiência de tiami-
na. Sendo assim, várias etiologias nutricionais estão implicadas no aparecimento da lesão.
Normalmente, os casos de PEM estão relacionados com distúrbios do ecossistema ruminal
e intestinal, por ventura das práticas de criação intensiva e fornecimentos abundantemente
de carboidratos (SANTOS, 2005) ou por contaminação de certas substâncias na dieta, ou
água dos animais.
Os animais afetados pela PEM têm sinais prodômicos, levando ao isolamento e ano-
rexia, sendo os sinais clínicos como: depressão, estrabismo medial dorsal, hipoatividade
ruminal, opistótono moderado, distúrbio de marcha, cegueira cortical, distúrbio de marcha
e reflexo pupilar reservado (SANTOS et al., 2005). Neste contexto, a PEM é uma doença
nervosa não-infecciosa que afeta bovinos (BARROS et al., 2006, RADOSTITS et al., 2007),
ovinos (LIMA et al., 2005, RADOSTITS et al., 2007), caprinos (COLODEL et al., 1998; LIMA
et al., 2005; RADOSTITS et al., 2007) e bubalinos (GUIMARÃES et al., 2008), no qual pode
ser responsável por perdas econômicas substanciais no setor produtivo.
Portanto, objetivou-se realizar uma revisão de literatura sobre os principais fato-
res nutricionais e alimentares que influenciam no aparecimento da etiologia da PEM em
animais ruminantes.

DESENVOLVIMENTO

Polioencefalomalácia (PEM)

No processo patológico da PEM, os sinais clínicos estão associados às lesões primárias


no telencéfalo e secundárias no cerebelo e no tronco encefálico, sendo estas últimas, em fun-
ção da compressão exercida pelo telencéfalo intumescido com edema (RIET-CORREA et al.,
2002). Os principais sinais da PEM são: afastamento do rebanho, torneio, cegueira de origem
central, andar sem rumo, pressão da cabeça contra obstáculos, movimentos involuntários,
146
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
depressão, tremores musculares, incoordenação, ataxia, sialorreia, bruxismo, opistótono,
nistagmo, estrabismo, convulsões, decúbito, movimentos de pedalagem e diminuição dos
tônus da língua, além disso, geralmente no início da doença, os animais podem apresentar
agressividade e excitação (RIET-CORREA et al., 2007). O curso clínico da doença varia em
média de dois a quatro dias, no entanto, tem sido descrito quadros agudos de evolução de
até 12 horas (NAKAZATO et al., 2000; SANT’ANA et al., 2009), crônicos de 22 dias para
ovinos (VIEIRA et al., 2007) e 25 dias em bovinos (GONÇALVES et al., 2001).
O diagnóstico de PEM é realizado com base nos dados epidemiológicos, clínicos de
necropsia e histopatológicos. A visualização de fluorescência das áreas afetadas do encéfalo
(principalmente córtex telencefálico) quando expostas à luz ultravioleta é uma importante
ferramenta para o diagnóstico da PEM (JACKMAN e EDWIN, 1983; GONÇALVES et al.,
2001). Além disso, pode ser realizado diagnóstico terapêutico a partir da recuperação dos
bovinos em resposta ao tratamento com tiamina e corticoides (NAKAZATO et al., 2000).
Geralmente, as avaliações hematológicas e bioquímicas séricas não fornecem resulta-
dos consistentes e pouco contribuem para o diagnóstico da PEM (OLKOWSKI, 1997). No en-
tanto, aumento nas concentrações de piruvato, lactato, oxiglutarato, da atividade do pirofos-
fato de tiamina (PPT) e redução da atividade da trancetolase eritrocitária são descritas na
PEM associada a carência da vitamina tiamina (RAMMELL e HILL, 1986; RADOSTITS et al.,
2007). Em bovinos e ovinos saudáveis, a atividade de PPT varia de 30 a 50%, porém, em
casos de PEM pode atingir de 70 a 80% (RADOSTITS et al., 2007). Concentrações séricas de
ureia e creatinina podem estar moderadamente aumentadas em alguns casos de PEM e as
atividades da aspartato aminotransferase e da creatininofosfoquinase estão substancialmente
aumentados em animais severamente afetados (OLKOWSKI, 1997). E frequentemente, o
conteúdo proteico e de células mononucleares podem estar elevados na análise do líquor
cefalorraquidiano. Em adição, as alterações no líquido cefalorraquidiano ainda ocorrem em
casos de PEM causadas pela intoxicação por chumbo (CEBRA e CEBRA, 2004).

Deficiência de Tiamina

A tiamina é uma vitamina do complexo B (vitamina B1) necessária para várias vias
metabólicas (NADH e NADPH), sua deficiência resulta em alterações no metabolismo dos
carboidratos (RADOSTITS et al., 2007) e, consequentemente, no metabolismo energético.
Em diversas vias do metabolismo a tiamina está presente, inclusive na via glicolítica,
sendo essa a principal via do metabolismo dos carboidratos direcionado para produção
de energia no Ciclo de Krebs. A tiamina tem grande relevância na via intermediária à via
glicolítica, denominada de via das pentoses fosfato, nesta, a tiamina é responsável pelas
reações de transcetolases. Esta via responde em potencial para produção de NADPH, no
147
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
qual é empregado para o processo de biossíntese celular. Neste contexto, as células da glia,
que são células responsáveis pela proteção e manutenção dos neurônios são dependentes
da via das pentoses fosfato, sendo assim a tiamina se torna um composto essencial para a
manutenção e proteção neuronal (SANT’ANA et al., 2009).
Além disso, a tiamina ainda atua como cofator para várias enzimas do Ciclo de Krebs
(CEBRA e CEBRA, 2004) como na reação da isocitrato desidrogenase, α-cetoglutarto desi-
drogenase, malato desidrogenase, na conversão de piruvato, lactato e etanol em acetil-coa
(KANEKO et al., 1997) e de piruvato em acetil-coa para entrada na mitocondria. Neste con-
texto, por interferir diretamente na síntese de ATP, ocorre diminuição da eficiência da bomba
de sódio e potássio, refletindo em retenção de sódio, aumentando a pressão osmótica no
interior da célula e consequentemente alterando o volume celular devido maior atração de
água. Estes distúrbios são responsáveis pelas alterações morfológicas iniciais observadas
no Sistema Nervoso Central (SNC) acometido por PEM. Geralmente, as lesões ocorrem
quando as concentrações de transcetolase eritrocitária no cérebro reduzem cerca de 50%
e o nível de tiamina no cérebro está abaixo de 20% do normal (DREYFUS, 1965).
Animais ruminantes adultos sintetizam quantidades suficientes dessa vitamina por de-
corrência da microbiota ruminal responder por abundantemente pela síntese de vitaminas do
complexo B (GOONERATNE et al., 1989). A deficiência de tiamina primária afeta principal-
mente ruminantes jovens (não tem microbioma ruminal estabilizado), que não são capazes
de sintetizar a vitamina e ingerem baixas quantidades desse nutriente na dieta. A deficiência
secundária é decorrente pela produção de substâncias que inativam a tiamina ou competem
com ela no rúmen, ou no intestino (FERREIRA et al., 1986).
Dietas ricas em carboidratos solúveis e pobres em fibra e mudanças bruscas de ali-
mentação, principalmente nos quesitos de transferência de pastos pobres para pastagens
de boa qualidade (JENSEN et al., 1956; MORO et al., 1994) podem favorecer a ocorrência
da PEM. No entanto, dietas ricas em carboidratos solúveis são facilmente fermentáveis,
reduzindo o pH ruminal levando a acidose láctica no rúmen, o que inibe o desenvolvimento
dos microrganismos produtores de tiamina e favorece a multiplicação de algumas bactérias
degradadoras de tiamina por enzimas de tiaminases, como, por exemplo, a Clostridium
sporogenes e Bacillus thiaminollyticus (MORGAN e LAWSON, 1974; SHREEVE e EDWIN,
1974; HAVEN et al., 1983).
Os microrganismos responsáveis pela
​​ produção de tiaminease têm sido demonstrados
em amostras de feno, silagem, concentrado e forragem (EDWIN e JACKMAN, 1973). Desta
forma, a proliferação de agentes produtores de tiaminases no rúmen pode ocorrer após a in-
gestão de alimentos contaminados ou ainda por condições que favoreçam seu aparecimento,
como a deficiência de cobalto, o uso de antibióticos e anti-helmínticos orais (RIET-CORREA
148
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
et al., 2006) e acidose ruminal (LEMOS, 2005). Além disso, enzimas tiaminases também po-
dem ocorrer em plantas, como é o caso da Amaranthus blitoides, Malva parviflora, Pteridium
aquilinum, Marsilea drummondii, Cheilanthes sieberi e Equisetum arvense (MEYER, 1989;
RAMOS et al., 2005), no entanto, são casos raros e isolados. Outras condições que podem
induzir a deficiência de tiamina é a administração de substâncias antimetabólicas da vitami-
na B1, como piritiamina, oxitiamina e amprólio (LOEW e DUNLOP, 1972; MARKSON et al.,
1972; MORGAN, 1974; SANT’ANA et al., 2009) e o uso de alguns anti-helmínticos, como
levamisol e tiabendazol (LINKLATER et al., 1977).
Durante muito tempo foi sustentando que o déficit de tiamina era a única causa da
PEM, isso porque a constante recuperação de bovinos afetados pela doença após o trata-
mento com a vitamina tiamina (BARROS et al., 2006; RADOSTITS et al., 2007). No entanto,
tentativas de reprodução experimental da doença por induzir a deficiência de tiamina nem
sempre foram satisfatórias (RADOSTITS et al., 2007). Além do mais, baixas concentrações
de tiamina nem sempre são detectadas em todos os casos naturais de PEM em ruminantes
(MCALLISTER et al., 1997). Adicionalmente, as enzimas tiaminases foram encontradas
em fezes de ovinos clinicamente normais (LINKLATER et al., 1977), demonstrando que a
deficiência de tiamina não pode ser unicamente usada como diagnóstico da PEM.
O tratamento e controle pode ser eficaz quando os animais são tratados no início da
doença, recomenda-se a administração intramuscular ou endovenosa lenta de 10-20 mg de
tiamina/kg e 0,2 mg de dexametasona/kg de peso do animal, que deve ser realizado a cada
4-6 horas durante três dias consecutivos (LEMOS e RIET-CORREA, 2007). Dentro de 12
horas de tratamento com tiamina, pode ser visto o retorno da atitude e controle muscular,
bem como melhora da acuidade visual que pode estar completa em 48 horas (CEBRA e
CEBRA, 2004). Adicionalmente, o tratamento com tiamina não tem sido eficiente em ca-
sos de PEM relacionados a intoxicações por melaço (MELLA et al., 1976) ou por enxofre
(BULGIN et al., 1996).

Intoxicação por Enxofre

Na literatura foram registrados várias incidências de surtos de PEM associados a


altos níveis de enxofre (sulfatos, sulfitos ou sulfetos) na alimentação (MELLA et al., 1976;
RAISBECK, 1982; JEFFREY et al., 1994; BULGIN et al., 1996; LOW et al., 1996; HILL;
EBBETT, 1997; NILES et al., 2000; TRAVERSO et al., 2001), na água ingerida pelos ru-
minantes (HARRIES, 1987; GOONERATNE et al., 1989; HAMLEM et al., 1993; GOULD,
2000) e no conteúdo ruminal desses animais (HARRIES, 1987; GOONERATNE et al., 1989;
HAMLEM et al., 1993; GOULD, 2000; MCALLISTER et al., 1997). A ingestão de sulfatos
favorece a redução para sulfetos por decorrência da microbiota ruminal e se ligam a cátions
149
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
bivalentes (minerais). Os sulfetos demonstram ser a forma tóxica do enxofre e são mais
encontrados na camada gasosa do rúmen do que com no fluido ruminal (GOULD et al.,
1997; GOULD, 1998).
Os microrganismos ruminais adaptados a dietas ricas em sulfatos produzem grandes
concentrações de sulfeto de hidrogênio (H2S), uma parte destes é detoxificado pela síntese
bacteriana de aminoácidos sulfurados e a outra parte absorvida pelas mucosas ruminais e
intestinais ou ainda pode liberada por eructação (CEBRA e CEBRA, 2004, RADOSTITS et al.,
2007). Entretanto, ânions tóxicos derivados desse gás inibem a enzima citocromo-oxidase
da cadeia transportadora de elétrons, o que reduz a produção de ATP (MCALLISTER et al.,
1997). Deste modo, a respiração celular é interrompida causando hipóxia, consequente-
mente levando a necrose neuronal (MCALLISTER et al., 1992; RADOSTITS et al., 2007).
Contudo, outros mecanismos de ação também podem estar envolvidos, sendo que o enxofre
pode se ligar a hemoglobina formando a sulfemoglobina, que no que lhe concerne, reduz a
capacidade de oxigenação sanguínea (BULGIN et al., 1996).
Os ânions de sulfito (SO32–) apresentam a capacidade de clivar a tiamina, no entanto,
a redução da concentração de tiamina não foi constatada em ovinos alimentados com uma
dieta semissintética rica em sulfatos e livre de tiamina (OLIVEIRA et al., 1996). Segundo o
NRC (1996), a concentração recomendada de enxofre na dieta de ruminantes é no máximo
0,3% e o limite tolerável é de 0,4%. O excesso de produção e acúmulo de sulfetos no rúmen
poderia ser causado pela dominância de bactérias dissimilatórias ou pela insuficiência da
capacidade assimilatória das bactérias ruminais (GOULD, 2000). As principais bactérias
dissimilatórias produtoras de sulfeto isoladas no fluido ruminal de ovinos e bovinos são às:
Desulfovibrio spp. e Desulfotomaculum spp. (CUMMINGS et al., 1995).
No entanto, a produção de H2S no rúmen também pode ser afetada pelo tipo, quantidade
e disponibilidade de carboidratos ingeridos, principalmente, quanto estes alteram o pH do
fluido ruminal. De modo geral, condições ácidas favorecem concentrações aumentadas de
H2S na camada gasosa do rúmen e a inalação desse gás quando eructado poderia servir
como rota de absorção de sulfetos. Apesar de, não se conhecer a principal via de absorção
de sulfetos pelo animal, evidências sugerem que o sistema respiratório sirva como rota pri-
mária de entrada (GOULD, 1998; GOULD, 2000).
No Brasil, tem sido descrito surtos de PEM em ovinos (LIMA et al., 2005) e bovinos
(TRAVERSO et al., 2001) consumindo rações com altos níveis de enxofre, além disso, a
doença também tem sido descrita em outros países em bovinos, ingerido plantas acumula-
doras de enxofre. Para o diagnosticar da PEM, deve-se analisar a concentração de enxofre
na água, ração, volumoso, suplemento proteico-energético e mineral que os animais tiveram
acesso (RIET-CORREA et al., 2007). Segundo o NRC (1996), a concentração máxima de
150
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
enxofre tolerada na dieta é de 0,4% com base de matéria seca. No entanto, outro ponto
importante para confirmação do diagnóstico, é a detecção de elevadas concentrações de
H2S na camada gasosa do rúmen de animais doentes (GOULD et al., 1997).
Em bovinos com anorexia acometidos pela PEM, as concentrações de H2S reduzem
acentuadamente, assim, animais do mesmo lote que não adoeceram também devem ser
examinados (GOULD, 1998). As concentrações de enxofre na água, dieta e de H2S na ca-
mada gasosa do rúmen superiores a 1.000 ppm, 4.000 ppm e 1.000 ppm, respectivamente,
são indícios de intoxicação (CEBRA e CEBRA, 2004). Além disso, valores de 2.000 ppm
de H2S ruminal, geralmente, podem levar o desenvolvimento de PEM em bovinos (GOULD
et al., 1997). Adicionalmente, a presença de sulfemoglobina sanguínea pode servir para
estimar a absorção ruminal de sulfeto, se bem que, essa substância não seja detectada em
algumas situações de excesso dietético de enxofre (GOULD et al., 1997).
No tratamento na PEM associada à toxicose por enxofre, não há tratamento específico,
a recomendação é procurar a provável fonte do mineral e eliminá-la da alimentação dos
animais, e logo fornecer alimentos com baixos teores de enxofre. Ainda não se sabe se a
adição dietética de vitamina tiamina pode prevenir PEM associada ao excesso de enxofre
(OLKOWSKI et al., 1992). Desse modo, quando se têm recuperação dentro de poucas horas
após o tratamento com tiamina, o quadro é sugestivo de PEM relacionada à deficiência de
tiamina, no entanto, quando à falha nesse tratamento, é indicativo de intoxicação por enxofre
(RADOSTITS et al., 2007).

Intoxicação por Chumbo

A intoxicação por chumbo ocorre pela ingestão acidental de produtos que contenham
chumbo ou pela ingestão de pastagens contaminadas com esse elemento (DRIEMEIER e
BARROS, 2007). Frequentemente, os casos de intoxicação são associados à exposição dos
animais a resíduos de baterias, lubrificantes, tintas, óleos de motor, herbicidas, inseticidas,
fumaça de indústrias e pastagens contaminadas por lixo industrial (CEBRA e CEBRA, 2004;
LEMOS et al., 2004; TRAVERSO et al., 2004).
As alterações nervosas são decorrentes ao depósito de chumbo no endotélio capilar,
por outro lado, as lesões digestivas ocorrem pela ação cáustica dos sais de chumbo na
mucosa gástrica. Em alguns animais intoxicados cronicamente, pode desenvolver anemia
normocítica normocrômica, devido à redução de células do eritrócito e da síntese da porção
heme da hemoglobina. Está última, ocorre pelo aumento da protoporfirina, por meio da ini-
bição enzimática da hemessintetase, desta forma, impossibilitando a ligação do ferro com
a protoporfirina (RADOSTITS et al., 2007).

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
A toxicidade do chumbo varia conforme a espécie e a composição química em que
está veiculado, sendo que as formas metálicas e sulfíticas são pouco absorvidas, enquanto
os sais de acetato, carbonato, fosfato e hidróxidos são prontamente assimilados (CEBRA e
CEBRA, 2004). As doses tóxicas em bovinos variam de 600-800 mg/kg em bovinos adultos
e de 220-600 mg/kg para bezerros, já para caprinos são de 400 mg/kg, no entanto, doses
diárias de 6-7 mg/kg podem causar intoxicação crônica (RADOSTITS et al., 2007).
Os sinais clínicos em bovinos intoxicados por chumbo são semelhantes aos descritos
na PEM por outras causas, a evolução é de aproximadamente 2-7 dias (LEMOS et al., 2004;
TRAVERSO et al., 2004) e raramente bovinos afetados podem sobreviver por mais tempo
(LEMOS et al., 2004). Em sua forma aguda, a PEM por chumbo em bovinos pode apresentar
morte súbita e normalmente não são observados sinais clínicos, na forma subaguda cursa
com ataxia, fasciculações musculares, hiperestesia, cegueira central, depressão, salivação,
pressão da cabeça contra objetos e andar sem rumo (SUMMERS et al., 1995; CEBRA e
CEBRA, 2004). Sendo ainda que, em alguns animais pode apresentar torneio, atonia rumi-
nal, cólica e diarreia fétida, além disso, bovinos afetados cronicamente podem apresentar
anemia, dor abdominal e melena (DONAWICK, 1966), embora essa forma não seja frequente
em bovinos (SUMMERS et al., 1995).
No diagnóstico da PEM por chumbo, as concentrações sanguíneas normais são de 0,05-
0,25 ppm, porém, 0,35 ppm chumbo são considerados tóxicos e concentrações superiores
à 1 ppm, são fatais para o animal (RADOSTITS et al., 2007). Alguns exames hematológicos
incluem anemia regenerativa, presença de pontilhado basofílico eritrocítico (SUMMERS
et al., 1995) e em alguns casos, aumento na concentração de porfirina eritrocitária sanguínea
(CHRISTIAN e TRYPHONAS, 1971).
Em geral, não a tratamento certo para intoxicação por chumbo, deve-se retirar a fonte
de chumbo dos animais, em casos agudos, é recomendado fazer a remoção do material con-
taminado ingerido por ruminotomia, usar catárticos como sais de magnésio, para diminuir a
absorção e aumentar a excreção intestinal e também administrar hidrocloreto de tiamina a fim
de reduzir os sinais clínicos neurológicos (COPPOCK et al., 1991; CEBRA e CEBRA 2004).

Intoxicação por sódio associado à privação de água

A intoxicação por sódio (sal) pode ser feita pela ingestão direta de altas quantidades de
cloreto de sódio (NaCl), enquanto a intoxicação indireta (mais comum) resulta da ingestão
contínua de sal associada à privação de água. No caso da intoxicação direta, acomete bovi-
nos sedentos que tiveram acesso a uma fonte de água salobra ou que foram suplementados
com NaCl após um período de restrição do mineral, apesar de ser pouco comum. Já em
relação à intoxicação indireta, raramente ocorre em ruminantes e, é quase exclusivamente,
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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
uma doença de suínos (SUMMERS et al., 1995; MAXIE e YOUSSEF, 2007). Em situações
de temperatura ambiental elevada, os animais tendem a ingerir grandes volumes de água
após um longo período de restrição hídrica, nesse caso, agravando o quadro da intoxicação
indireta (LINDLEY, 1977). Em relação a patogênese dessa forma de intoxicação, não está
totalmente esclarecida, no entanto, o influxo de eosinófilos para o espaço perivascular está
associado com o aumento de íons sódio (SUMMERS et al., 1995). O sódio (Na) é o principal
regulador da osmolaridade extracelular e passa lentamente pela barreira hematoencefálica.
Quando as concentrações de sódio sanguíneo estão elevadas no sangue, cerca de 145-
185 mE/L, o encéfalo também irá a possuir altas concentrações sódio, consequentemente,
inibindo a via da glicólise anaeróbica. Desta forma, com acesso à água, as concentrações
sanguíneas de sódio retornam ao normal, mas no encéfalo ainda permanecem altas. E como
a via glicolítica anaeróbica está comprometida, não há transporte ativo para fora do sistema
nervoso. Com isso, gera um gradiente osmótico e a água passa do sangue para o encéfalo,
promovendo o edema cerebral (CEBRA e CEBRA 2004).
De modo geral, ruminantes chegam a tolerar até 13% de sódio quando se tem acesso
livre a água limpa, mas geralmente, recomenda-se não ultrapassar a concentração de 0,3%
na água e 4% na alimentação. No entanto, concentrações inferiores podem ser tóxicas se
existir restrição de água ou se a água contiver 7.000 ppm (0,7%) de sal ou mais. A intoxi-
cação crônica pode ser causada por quantidades inferiores de sal em relação as agudas,
sendo que as doses tóxicas agudas são de aproximadamente 2,2 mg/kg para bovinos e 6
mg/kg para ovinos (CEBRA e CEBRA, 2004).
Sinais clínicos da PEM em bovinos intoxicados por sal são semelhantes aos descritos
causados por outras causas (SUMMERS et al., 1995) e, geralmente, acontecem após um
período prolongado de jejum hídrico ou de restrição a água, seguido de acesso sem restrição
à água. No entanto, o animal, ainda também pode apresentar vômito, atonia ruminal, diarreia
e dor abdominal, com evolução clínica de aproximadamente um dia (CEBRA e CEBRA, 2004).
Normalmente, os sinais digestivos são observados, principalmente, na intoxicação
direta por NaCl (MAXIE e YOUSSEF, 2007). E a tonalidade marrom ou vermelha, do soro
e da urina, são úteis na suspeita de intoxicação por sal (CEBRA e CEBRA, 2004). Para o
diagnóstico para PEM associada à intoxicação por sódio ou privação de água, é necessário
a determinação das concentrações de sódio no líquor, nesse caso, valores acima de 160
mEq/L de sódio no líquido cefalorraquidiano são indícios de intoxicação por sal em bovinos
(LONERAGAN e GOULD, 2002) e ovinos (KANEKO et al., 1997).
Para o tratamento de casos por intoxicação por sal ou privação de água, deve-se res-
tituir a água lentamente aos animais. Inicialmente, é recomendado administrar um volume
de água de 7 e 10% do peso corporal, para animais adultos e neonatos, respectivamente,
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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
fornecido de quatro a seis vezes por dia e a partir do quarto dia fornecer água livremente
(ANGELOS et al., 1999).
A administração de água em animais com sinais clínicos pode ser realizada por sonda
nasogástrica. No caso de animais severamente afetados, o manitol (0,5-2 mg/kg) em uma
solução de 20% ou glicerina oral (1 mL/kg) diluída em 50% de água, pode ser administrado
para reduzir o edema cerebral (ANGELOS et al., 1999). O uso de corticosteroides pode ser
utilizado, no entanto, isso pode promover à retenção do sódio e hiperglicemia (CEBRA e
CEBRA 2004). Além disso, não é sabido, se a tiamina é eficaz em casos de PEM relacio-
nados a intoxicação por sal (RIET-CORREA et al., 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A PEM se apresenta como uma doença multifatorial em relação aos aspectos nutri-
cionais e alimentares, podendo ser determinada pela carência de tiamina, intoxicação de
chumbo, de enxofre ou por sal associado à privação de água de bebida. Deste modo, a PEM
pode acarretar grandes perdas econômicas para o setor produtivo, principalmente, quando
afeta um grande número de animais do rebanho, além disso, é uma doença que pode ser
letal para os animais acometidos.
Portanto, para prevenção da PEM, deve-se evitar material contaminado com chumbo
nas pastagens, plantas invasoras (possíveis fontes de tiaminases) e manejo nutricional
adequado das concentrações de tiamina na dieta e, também, controle dos níveis de enxofre
na água e dieta, assim, atender sem excesso, as recomendações desse mineral. De modo
geral, para o tratamento da PEM, é recomendado fazer a identificação da fonte causadora da
doença, desse modo, privar o acesso do animal ao material contaminado e utilizar de técnicas
de manejo alimentar de conforme a intoxicação, como ainda pode-se realizar o uso de fárma-
cos, dentre o necessário, para se poder reestabelecer os parâmetros metabólicos normais.

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no agreste meridional de Pernambuco. Revta Bras. Med. Vet., 29:65-68, 2007.

158
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
11
Efeito das micotoxinas no metabolismo
e desempenho de ruminantes

João Rafael de Assis Juslei Figueiredo da Silva


UNIFASIPE UNIFASIPE

Geferson Antonio Fernandes Rafael Laurindo Moraes


UFMT/NEPI UNIFASIPE

Lucas Maciel Gomes Olini Fabricio Moreira Costa


UNIFASIPE
Claúdio Jonasson Mousquer
UFMT Fabiano Pedra Carvalho
UNIFASIPE
Eloiza Baena da Silva
UNIFASIPE

Carlos Guilherme Balkau


UNIFASIPE

10.37885/210504630
RESUMO

As micotoxinas são metabólitos secundários sintetizados a partir de fungos filamentosos.


Estas moléculas contaminam os alimentos e promovem intoxicação em animais. Neste
contexto, objetou-se realizar uma revisão de literatura sobre as principais micotoxinas pro-
duzidas por fungos em alimentos e seus efeitos no metabolismo e desempenho produtivo
e reprodutivo dos ruminantes. As principais micotoxinas são as aflatoxinas, fumonisinas,
ocratoxinas, tricotecenos e a zearalenona. Que frequentemente acomete alimentos como
grãos e cereais, podendo ocorrer durante todo processo de produção e armazenamen-
to. As micotoxinas provocam prejuízos no metabolismo e reduzem o desempenho pro-
dutivo e reprodutivo dos animais. Portanto, é necessidade utilizar estratégias para inibir,
remover ou minimizar a produção de micotoxinas nos alimentos. Considerando, que a
redução do desempenho produtivo e reprodutivo acarreta perdas econômicas na ativi-
dade pecuária, além disso, pode gerar agravos à saúde humano devido à contaminação
cruzada de alimentos de origem animal contaminado por transferência de micotoxinas.

Palavras-chave: Fungos de Alimentos, Micotoxigênicos, Animais Contaminados.

160
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

As micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos que


causam uma resposta tóxica quando ingeridos por seres humanos e animais. Os gêneros
Fusarium, Aspergillus e Penicillium são os principais fungos produtores de micotoxinas que
contaminam os alimentos, sendo elas, principalmente produzidas, durante o período de
produção ou armazenamento dos alimentos (YIANNIKOURIS e JOUANY, 2002).
As micotoxinas reduzem a palatabilidade dietética, consequentemente, reduzindo a in-
gestão de matéria seca e desempenho animal. Além disso, pode provocar disfunção hepática,
suprimir o estado imunológico e aumentar a suscetibilidade a doenças (FINK-GREMMELS,
2008; HASHEMINYA e DEHGHANNYA, 2013). Outra problemática, é que as micotoxinas
produzidas durante a esporulação dos fungos, contaminam os animais que consomem os
alimentos contaminados e que desta forma podem ser transferidas para seus produtos (leite
ou carne), consequentemente, gerando um perigo para saúde humana (BRUERTON, 2001).
Várias doenças humanas podem estar relacionadas com a ingestão de micotoxinas,
especialmente quando o consumo é crônico, os principais efeitos tóxicos são carcinoge-
nicidade, genotoxicidade, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade, estrogenicidade, distúrbios
reprodutivos, imunossupressão e irritação dérmica (ANFOSSI et al., 2010).
Portanto, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica para descre-
ver as principais micotoxinas produzidas por fungos micotoxigênicos e seus efeitos sobre o
metabolismo e desempenho produtivo e reprodutivo de animais ruminantes.

DESENVOLVIMENTO

MICOTOXINAS E ALIMENTOS DE RUMINANTES

As micotoxinas são moléculas muito estáveis sendo caracterizadas como metabo-


litos secundários de fungos pertencentes a vários gêneros, em particular os Aspergillus,
Fusarium e Penicillium spp. (CAST, 2003; KABAK et al., 2006). Além disso, outros gêneros
como Alternaria, Chaetomium, Cladosporium, Claviceps, Diplodia, Myrothecium, Monascus,
Phoma, Phomopsis, Pithomyces, Trichoderma e Stachybotrys são inclusos em espécies
micotoxigênicas (BRYDEN, 2012; NIELSEN et al., 2006).
Forragens e cereais naturalmente entram em contato com esporos de fungos antes,
durante e depois da colheita, e durante o transporte e armazenamento (YIANNIKOURIS e
JOUANY, 2002). O crescimento fúngico é controlado por vários parâmetros físico-químicos,
incluindo a quantidade de água livre ou atividade da água (aw), temperatura, presença de
oxigênio, natureza do substrato e condições de pH (NELSON, 1993). Animais como roedores,
161
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
pássaros e insetos podem facilitar a contaminação, causando lesões físicas nas plantas, for-
necendo uma rota de entrada na planta para esporos fúngicos (PFOHL-LESZKOWICZ, 2000).
No entanto, os cereais são os principais vetores de micotoxinas e são consumidos tanto
por seres humanos como por animais (PFOHL-LESZKOWICZ, 200). Entre 25 e 40% dos
cereais em todo o mundo estão contaminados com micotoxinas (PITTET, 1998). As mais pe-
rigosas dessas toxinas incluem as aflatoxinas produzidas por Aspergillus flavus e Aspergillus
parasiticus. Esses dois fungos são os principais encontrados em condições de armazena-
mento de cereais, amendoim, algodão e produtos oleaginosos de países quentes e úmidos
(YIANNIKOURIS e JOUANY, 2002).
Os ruminantes são menos suscetíveis as micotoxinas do que os animais monogás-
tricos, pois o metabolismo ruminal, a microbiota e partículas alimentares podem ser efi-
cazes na degradação, desativação e na ligação dessas moléculas tóxicas, desta forma,
protegendo os animais (FINK-GREMMELS, 2008; SCUDAMORE, 1998; PESTKA, 2007;
NIDERKORN et al., 2007).
Evidências sugerem que a maior exposição a algumas categorias de micotoxinas,
que frequentemente estão relacionadas a vacas leiteiras, pode estar associada com a con-
taminação por forragens durante o processo de pastejo (O’BRIEN et al., 2006; BOYSEN,
2000; CASTEEL, 1995). Adicionalmente, pesquisas com intuito de investigar a presença de
micotoxinas em fenos e silagens são limitadas, quando comparados às contaminações por
micotoxinas em cereais (GALLO et al., 2015).

PRINCIPAIS MICOTOXINAS

Aflatoxinas

As aflatoxinas são o grupo de micotoxinas mais estudadas e são produzidas por


diferentes espécies do gênero Aspergillus. Elas foram inicialmente isoladas e identifi-
cadas como a causa da doença de Turkey X (necrose hepática) em 1960 (ASAO et al.,
1963). Os principais fungos produtores de aflatoxinas são os Aspergillus flavus, A. parasi-
ticus e A. Nomius, sendo que as de maior interesse na nutrição animal são as aflatoxinas
B1, B2, G1 e G2 (ASSIS et al., 2019).
As aflatoxinas são classificadas conforme a cor, aflatoxinas B1 como B2 (Blue) apre-
sentam fluorescência azul, e aflatoxinas G1 e G2 (Green) fluorescência amarelo-verde sob a
luz ultravioleta (SARGEANT, 1963). Sendo que a aflatoxina B1 (AFB1) é a apresenta maior
toxidade, seguida das AFG1, AFB2 e AFG2 (CORREA, 2000; ARAUJO, 2006). De modo
geral, seus efeitos nos animais podem variar segundo a dose, duração da exposição, espécie,

162
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
raça e dieta, na qual, geralmente, os animais jovens são mais suscetíveis que os mais velhos
(RICHARD et al., 2003).
A aflatoxina B1 (AFB1) é o carcinógeno mais potente dentre todas as aflatoxinas e
até 6% da AFB1 da dieta pode ser transferida para o leite como hidroxi-AFB1 e aflatoxi-
na M1 (GALVANO et al., 1996; EFSA, 2004; UPADHAYA et al. al., 2010). No leite aflatoxi-
na M1 (AFM1) representa um risco de segurança no leite e nos produtos lácteos devido à sua
potente carcinogenicidade (IARC, 2002; LIU e WU, 2010). O limite regulamentado pela Food
and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos quanto à quantidade máxima permitida
de AFM1 no leite é de 0,5 μg / kg de leite (FDA, 2000) e pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária do Brasil é 0,5 μg / L de leite (ANVISA, 2001). Enquanto, que a concentração má-
xima de AFM1 no leite permitida pela Comissão Europeia é de 0,05 μg / kg (EFSA, 2004).
O efeito da AFB1 é de inibir a síntese de DNA e RNA (BUTLER e NEAL, 1977). Segundo
Lillehoj (1991), o metabolito AFB1 ativado, o AFB1-8,9 epóxido, forma uma ligação covalente
com o N7 guanina e forma aductos AFB1-N7guanina em células-alvo levando a transversão
G-T, reparo de DNA, mutação, lesões e formação de tumor (FOSTER et al., 1983). No en-
tanto, a AFB1 também é conhecida como uma potente hepatotoxina e hepatocarcinogênio
(UPADHAYA et al., 2010). Sendo que o fígado é considerado como o órgão alvo primário
da aflatoxina (TOWNER et al., 2000).

Fumonisinas

As fumonisinas (F) são produzidas principalmente pelas espécies Fusarium verticil-


lioides (GELDERBLOM et at., 1988) e F. proliferatum (ROSS et al., 1990). Atualmente, já
foram identificados quinze análogos de fumonisinas, sendo as formas mais importantes e
presentes em quantidades significativas nos alimentos são: B1 (FB1), B2 (FB2) e B3 (FB3)
(VISCONTI et al., 1995), sendo que as FB1 e FB2 são potentes promotores carcinogênicos
(WANG et al., 1992).
As fumonisinas causam lesões profundas no fígado, no trato gastrointestinal, no sistema
nervoso e nos pulmões (UPADHAYA et al. 2010). Doses agudas de fumonisinas em porcos
podem inibir a atividade de macrófagos pulmonares responsáveis pela eliminação de pató-
genos, levando ao edema pulmonar (HARRISON et al., 1990). Em cavalos a contaminação
se manifesta como lesões neurológicas graves que levam a problemas de locomotivas e
ataxia (YIANNIKOURIS e JOUANY, 2002).
As fumonisinas são estruturalmente semelhantes aos precursores dos esfingolipídeos,
especialmente a esfinganina e enfingosina (FINK-GREMMELS, 1999). Elas inibem a sínte-
se de ceramidas da esfinganina, bloqueando a biossíntese de complexos esfingolipídicos.
Consequentemente, a quantidade de esfinganinas aumenta e a reciclagem de esfingosinas
163
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
é bloqueada, resultando em disfunção celular seguida de morte celular (RILEY et al., 1998).
Porém, pode se dizer que o efeito primário das fumonisinas em ruminantes é a redução no
ganho de peso e produção de leite, além de danos provocados ao nível de fígado e rins
(IAMANAKA, et al. 2010).

Ocratoxinas

Segundo Pittet (1998), a forma predominante e de maior importância na natureza é a


ocratoxina A (OTA). São compostos que apresentam a β-fenilanina ligada a uma isocuma-
rina por ligação amida (SCUSSEL, 1998). Os fungos produtores dessa micotoxina são do
gênero Aspergillus e Penicillium (PITTET, 1998; OSWEILER, 1998).
As ocratoxinas são primariamente nefrotóxicas, com ação mutagênica e teratogênica,
sendo o fígado seu alvo secundário (SOARES, 1997). Ocratoxicoses raramente são en-
contradas em ruminantes, porque os microrganismos do rúmen são capazes de hidrolisar
a OTA para produzir α-OTA que tem menor toxicidade (UPADHAYA et al., 2010). Fato que
explica por que animais jovens com rúmen desenvolvido serem menos afetados pela OTA
do que os bezerros (pré-ruminantes), indicando significância da degradação ruminal da OTA
(SREEMANNARAYANA et al., 1988). No entanto, a capacidade de desintoxicação do rúmen
pode ser excedida em casos de intoxicação grave (RIBELIN et al., 1978).
As ocratoxicoses agudas afeta principalmente aves, ratos e suínos e leva à danos nos
rins, anorexia e perda de peso, vômitos, alta temperatura retal, conjuntivite, desidratação,
enfraquecimento geral e morte (CHU et al., 1972). Adicionalmente, a OTA tem propriedades
genotóxicas devido à formação de adutos de DNA (PFOHL, 2000), possui propriedades
imunotóxicas e carcinogênicas, diminuindo o número de células de defesa responsáveis
pela destruição de células tumorais (UPADHAYA et al., 2010).

Tricotecenos

Os tricotecenos pertencem a um grupo de mais de 180 micotoxinas, produzidas prin-


cipalmente por fungos do gênero Fusarium sendo as principais espécies F. sporotrichioi-
des, F. graminearum, F. poae, e F. culmorum, porém pode ser produzida por membros do gê-
nero Myrothecium (TAMM e BREITENSTEIN, 1984) e Trichothecium (JONES e LOWE, 1960).
Tricotecenos são compostos que contém um anel com esqueleto tetracíclico 12,13-epo-
xitricotecenos (SANTIN et al., 2001). Onde os principais tricotecenos em alimentos incluem
a toxina T-2, diacetoxiscirpenol (DAS), desoxinivalenol (DON) (HUSSEIN E BRASEL, 2001).
Na literatura estas substâncias são descritas como potentes irritantes dérmicos e agen-
tes inflamatórios com rápida destruição de células em divisão celular (MIROCHA e PATHRE,
1973). Segundo Doerr et al. (1981), os tricotecenos podem atuar inibindo o início da síntese 164
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
proteica nos ribossomos de eucariontes. Que pode ser explicado pela elevada taxa de síntese
de proteínas para a replicação do genoma fúngico, fazendo com que o mecanismo primário
de inibição da síntese proteica celular (ribossomos) pelos tricotecenos, também afete a sín-
tese de DNA na célula hospedeira que ocorre nas fases de divisão celular (THOMPSON e
WANNEMACHER, 1990). Adicionalmente, os tecidos mais susceptíveis a essas micotoxinas
serão aqueles que possuem altas taxas de regeneração, como os do trato gastrointestinal,
pele, sistema linfático, sistema imunológico e células sanguíneas (SANTIN et al., 2001).

Zearalenona

Segundo Zinedine (2007), a zearalenona (ZEA) é uma lactona que pode ser produzida por
espécies de fungos, como Fusarium Culmorum, F. Graminearum e F. Sporotrichioides. A ZEA
é um composto fitoestrogênico (DIEKMAN e GREEN, 1992), o que faz apresentar efeito
estrogênico em animais domésticos e sua produção é dependente das condições climáticas
sazonais, sendo mais prevalentes nas estações frias e úmidas (DOKO et al., 1996; WHITLO
et al., 1999). Além disso, a ZEA é termicamente estável, no entanto, ela pode ser parcial-
mente destruída durante a extrusão de cereais (CASTELLS et al., 2005).
O principal alvo da toxicidade da ZEA é o sistema reprodutivo (BOEIRA, 2012). No qual
gera problemas reprodutivos como alterações físicas nos órgãos genitais semelhantes aos
induzidos pelo estradiol, edemas e hipertrofia dos órgãos genitais de fêmeas pré-púberes,
diminuição na taxa de sobrevivência de embriões em fêmeas gestantes, alteração na morfo-
logia dos tecidos uterinos devido à redução nas quantidades de hormônio luteinizante e pro-
gesterona, diminuição na produção de leite, feminização de machos jovens devido à redução
da produção de testosterona, infertilidade e morbidade perinatal (UPADHAYA et al., 2010).
A ZEA é produzida em quantidades muito pequenas em condições naturais e, prova-
velmente em quantidades insuficientes para causar problemas nos ruminantes (GUERRE
et al., 2000). Porém, foi demonstrado que a ZEA causa infertilidade em ovelhas em pastoreio
na Nova Zelândia (TOWERS et al., 1993). Também é comum em casos de toxicoses, o ani-
mal apresentar aspecto saudável e escore corporal normal, porém com baixo desempenho
reprodutivo (WHITLOW et al., 1999).

EFEITO DAS MICOTOXINAS EM RUMINANTES

Existem evidências científicas decorrentes aos efeitos negativos da ingestão de mi-


cotoxinas sobre o estado de saúde e desempenho em ruminantes. No entanto, ainda é
limitada a avaliação do real impacto econômico das micotoxinas no sistema de produção
de ruminantes. Tal abordagem ainda representa uma questão importante que merece uma
165
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
investigação aprofundada (ZINEDINE et al. 2007; FINK-GREMMELS, 2008; WHITLOW e
HAGLER, 2010; DUNIÈRE, et al. 2013).
Na Tabela 1 segue uma compilação de trabalhos publicados em sistema in vitro sobre
os efeitos da presença de micotoxinas na microbiota ruminal. Enquanto que na Tabela 2 está
uma compilação de estudos in vivo, realizados com intuito de investigar os efeitos da ingestão
de micotoxinas no metabolismo, desempenho produtivo e reprodutivo de animais ruminantes.

Tabela 1. Efeitos de algumas micotoxinas sobre a microbiota ruminal in vitro.

Micotoxinas Meio Doses testadas Efeitos Referências


0; 300; 600; 900 ng AFB1 / mL de fluido ruminal ↓ produção de gás, ↓ digestibilidade da ma-
AFB1 Fluido ruminal Mojtahedi (2013)
tamponado téria seca, ↓ concentrações de NH3-N
1; 10 μg AFB1 / mL de fluido ruminal tampo-
AFB1 Fluido ruminal ↓ digestibilidade da matéria seca Westlake et al. (1989)
nado
AFB1 Fluido ruminal 9,5 ng AFB1 / mL de fluido ruminal tamponado Não teve efeito Auerbach et al. (1998)
↓ produção final de gás, ↓ taxa de degrada-
0; 320; 640; 960 ng AFB1 / mL de fluido ruminal ção, ↓ concentrações de NH3-N,
AFB1 Fluido ruminal Jiang et al. (2012)
tamponado ↑ proporção molar de isobutirato, valerato e
isovalerato
DON Fluido ruminal 0,36; 0,46; 5,76; 6,90 mg de DON / kg de dieta Nenhum Boguhn et al. (2010)
DON Fluido ruminal 0,3; 3,4; 4,4 mg de DON / kg de dieta Nenhum Hildebrand et al. (2012)
↓ produção de gás, ↓ concentrações de AGV
DON Fluido ruminal 40 μg DON / mL de líquido ruminal Jeong et al. (2010)
e NH3-N
<80 μg / mL sem efeitos.
0; 1; 2; 5; 10; 20; 40; 80 μg / mL de fluido rumi-
Gliotoxin Fluido ruminal A 80 μg / mL ↓ de degradação de MS, produ- Morgavi et al. (2004)
nal tamponado
ção de gás e AGV
FB1 Fluido ruminal 0, 50 ou 100 mg / kg de líquido ruminal Nenhum Gurung et al. (1999)
OTA Fluido ruminal 200 μg de OTA / l de fluido ruminal Nenhum Ozpinar et al. (1999)
20; 100 e 300 μg de Patulina / mL de líquido ↓ Produção de ácido acético em 4 horas e
Patulina Fluido ruminal Escoula (1992)
ruminal inibição da síntese proteica
↓ MSd, produção de AGV, FDNd, FDAd, CHOd,
0; 10; 20 e 40 mg de Patulina / mL de fluido
Patulina Fluido ruminal PBd, fluxo N bacteriano e Tapia et al. (2005)
ruminal
↑ NH3-N
AFB1: aflatoxina B1; AGV: ácidos graxos voláteis; CHOd; carboidratos digeríveis; DON: desoxinivalenol; FB1: fumonisina B1; FDAd: FDA
digerível; FDNd: FDN digestível; MS: matéria seca; MSd: matéria seca digestível; NH3-N: nitrogênio amoniacal; OTA: ocratoxina A; PBd:
proteína bruta digestível; ↑: aumentou; ↓: reduziu

Tabela 2. Efeitos da ingestão de algumas micotoxinas em ruminantes in vivo.

Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências


AFB1 Bovinos de corte 0,2; 0,4; 0,6 ou 0,8 mg de AFB1 / kg de PC ↓ mobilidade ruminal Cook et al. (1986)
Para níveis 700 e 1000 μg / kg:
0; 100; 300; 700 e 1000 μg AFB1 / kg de
AFB1 Bovinos de corte Inibição do crescimento, ↓ eficiências de Garrett et al. (1968)
dieta
alimentação, ↑ pesos de fígado e rim
Vacas leiteiras em
AFB1 20 μg AFB1 / kg de dieta ↓ consumo de ração, ↓ produção de leite Jones & Ewart (1979)
lactação
Vacas leiteiras em
AFB1 120 μg AFB1 / kg de dieta ↓ eficiência reprodutiva, ↓ produção de leite Guthrie & Bedell (1979)
lactação
Vacas leiteiras em Patterson & Anderson
AFB1 100 μg AFB1 / kg de dieta ↓ produção de leite
lactação (1982)
Vacas leiteiras em ↓ ingestão de alimentação
AFB1 100 e 300 μg AFB1 / kg de peso corporal Mertens & Wyatt (1977)
lactação ↓ produção de leite
Vacas leiteiras em 13 mg de AFB1 (puro e impuro de Asper-
AFB1 ↓ produção de leite Applebaum et al. (1982)
lactação gillus parasiticus em cultura)
1,8 e 2,4 mg de AFB1 / kg de dieta; Perío-
AFB1 Ovelha Nenhum Lewis et al. (1976)
do de exposição de 5 anos

166
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências
Inapetência, apatia, lesão hepática, sinais
AFB1 Ovelha 0,75 mg de AFB1 / kg de dieta Suliman et al. (1987)
neurológicos e morte
↓ PC ↑ AST, GGT, tempo de protrombina, co-
lesterol, ácido úrico e valores de triglicerídeos
AFB1 Cordeiro 2,6 mg de AFB1 / kg de dieta Harvey et al. (1991)
↓ albumina, glicose e nitrogênio ureico e
relação ureia-creatina
AFB1 Cordeiro 2 mg de AFB1 / kg de dieta ↓PC, GMD, resposta imune Fernàndes et al. (2000)
0; 5,9; 11,8; 17,7 e 23,5 μg AFB1 / kg de
AFB1 Cordeiro ↓ IMC, PMD, imunidade celular Tripathi et al. (2008)
dieta
↓ ingestão de ração, GMD e CA
AFB1 Cordeiro 2,5 mg de AFB1 / kg de dieta Edrington et al. (1994)
↑ AST, GGT, proteína total, colesterol

Continuação da tabela 2.

Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências


Vacas leiteiras
AFB1 96 μg / vaca / dia Ligeiramente ↑ GGT e proteína sérica Masoero et al. 2007
em lactação
1,9 μg de AFB1 e 3,8 mg de FBs / kg de dieta
↓ PC, IMS, ↑ GGT e atraso na reprodu-
AFB1 e FB1 + FB2 Novilhas 12,0 μg de AFB1 e 6,6 mg de FBs / kg de dieta Abeni et al. (2014)
ção em todos os tratamentos
19,9 μg de AFB1 e 23,2 mg de FBs / kg de dieta
AFB1, DON, ZEA, 38 AFB1 e 270 T-2 μg / kg de deita ↓ IMS, produção de leite, digestibilida-
Vacas leiteiras
FB1, OTA, 720 DON; 701 FB1; 541 ZEA e 501 OTA mg / kg des de P e FDN, impacto nos parâmetros Kiyothong et al. (2012)
em lactação
Toxina T-2 de dieta hematológicos e imunossupressão
ácido β-nitropro- Ovinos e bo-
Desconhecido Enfisema e dificuldade na locomoção James et al. (1980)
piônico vinos
Vacas leiteiras
↓ digestibilidade da FDN e levemente
DOM em lactação e 0,3; 3,4 e 4,4 mg de DON / kg de dieta Charmley et al. (1993)
↓ proteína bruta microbiana
não lactação
Vacas leiteiras
DOM 4,4 ou 5,3 mg DON / kg MS ↑ IMS ↓ gordura do leite Keese et al. (2008a)
em lactação
Vacas leiteiras
DOM 4,4 ou 5,3 mg DON / kg MS ↑ valerato ↓ pH, acetato e isobutirato Keese et al. (2008b)
em lactação
Vacas leiteiras
DOM 0,59; 42 e 104 mg de DON / vaca / dia Nenhum Charmley et al. 1993
em lactação
Vacas leiteiras
DOM 8 mg de DON / kg de dieta Nenhum Ingalls (1996)
em lactação
Vacas em não
DOM 8 ou 35 mg de DON / vaca / dia Ligeiramente ↓ ingestão de alimento Trenholm et al. (1985)
lactação
ZEA Vaca leiteira de 0 a 500 mg ZEA / vaca Nenhum Weaver et al. (1986b)
OTA Ovelha 0; 1,4; e 3,5 mg de OTA/kg de dieta Nenhum Höhler et al. (1999)
OTA Ovelha 14 mg de OTA/kg de dieta ↓ ingestão de alimentos Höhler et al. (1999)

Continuação da tabela 2.

Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências


Ciclos ovarianos não sincronizados, vaginite
Cerca de 500 μg de DON / kg de dieta e e desenvolvimento inicial da glândula ma-
DON e ZEA Novilhas Coppock et al. (1990)
750 μg de ZEA / kg de dieta mária nas novilhas
pré-púberes
Vacas leiteiras
DOM 66 mg de DON / kg de dieta Nenhum Charmley et al. (1993)
em lactação
EX1: ↓ pH, produção ruminal de AGV e
Vacas em não EX1: 4 ou 3,6 mg de DON / kg de ração
DOM proteína microbiana Dänicke et al. (2005)
lactação EX2: 0,13 ou 0,05 mg de ZEA / kg
EX2: ↑ concentração de NH3-N no rúmen
Grupo 1 (0,02 mg ZEA e 0,07 mg DON / kg MS),
Vacas em não
DOM + ZEA Grupo 2 (0,33 mg ZEA e 2,62 mg DON / kg MS), Nenhum Winkler et al. (2014)
lactação
Grupo 3 (0,66 mg ZEA e 5,24 mg DON / kg MS)

167
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências
Grupo 1 (12, 4 mg de DOM + 12,4 mg de ZEA
/ dia)
Vacas em não Grupo 2 (14, 1 mg de DOM + 0,67 mg de ZEA Hochsteiner et al.
DON Ligeiramente ↑ em AST e LDH
lactação / dia) (2000)
Grupo 3 (14, 3 mg de DOM + 0,68 mg de ZEA
/ dia)
Controle de grupo (não contaminado), grupo
contaminado com AFB1
AFB1 e DAS Cordeiros (2,5 mg / kg), grupo DAS contaminado (5 mg / ↓ ingestão de alimentos, peso corporal Harvey et al. (1995)
kg) e grupo AFB1 / DAS contaminado
(2,5 mg de AFB1 e 5 mg de DAS / kg)
↓ Ingestão de ração, PC, ↑ AST, GGT, LDH,
FBs Bezerro 15, 31 ou 148 mg FBs / kg dieta Osweiler et al. (1993)
bilirrubina e colesterol
Bovinos de ↑ AST, GGT, lesão hepatocelular e hiperpla-
FB1 94 mg de FB1 / kg de dieta Baker (1999)
corte sia epitelial biliar

Continuação da tabela 2.

Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências


Morte, ↑ fosfatase alcalina, GGT, AST,
FBs Cordeiros 0; 11,1; 22,2 ou 45,5 mg de FBs / kg de PC colesterol, triglicérides, nitrogênio ureico e Edrington et al. (1995)
creatinina
Bezerros alimenta- 1 mg de FB1 / kg de peso corporal por via Lesões hepáticas e renais ↑ séricas AST,
FB1 Mathur (2001)
dos com leite intravenosa ALP, GGT e sorbitol desidrogenase
ZEA Novilhas leiteiras 250 mg de ZEA / novilha ↓ taxa de concepção Weaver et al. (1986a)
Distúrbios reprodutivos, menores porcenta-
ZEA Ovelha 1,5, 3, 6, 12 ou 24 mg de ZEA / ovelha Smith et al. (1990)
gens de parto e infertilidade
Citrinina, monacolina
↓ produção de metano rúmen e relação
K, pravastatina e Carneiros Arroz fermentado por Monascus Morgavi et al. (2013)
acetato e propionato
mevastatina
Presença de alimentos mofados visíveis em
Citrinina + OTA Carneiros dietas contaminadas por citrinina (2 a 10 mg / Febre, diarreia e uremia Lloyd (1980)
kg) e OTA (0 a 20 mg / kg)
AMP Ovelha 300 mg de AMP / ovelha / dia Nenhum Dzidic et al. (2010)
Roquefortine C Vaca 4 e 8 mg RC / kg de dieta Efeitos paralisantes reversíveis Haggblom (1990)
Roquefortine C Ovelha 0, 10 e 50 mg de RC / ovelha / dia ↓ pH ruminal Tüller et al. (1998)
Neurotoxicose, tremores, ataxia, paresia, Sabater-Vilar et al.
Patulina Bovino de corte Alimento contaminado por Patulina
decúbito e morte (2004)
AMP Ovelha 300 mg de AMP / ovelha / dia Imunossupressão Dzidic et al. (2006)
AFB1: aflatoxina B1; AGV: ácidos graxos voláteis; AST: aspartato aminotransferase; AMP: ácido mopopenólico; CMD: consumo médio
diário; CMS: consumo de matéria seca; CA: conversão alimentar; DAS: diacetoxiscirpenol; DON: desoxinivalenol; FB1: fumonisina B1;
FB2: fumonisina B2; fbs: fumonisinas: GGT: gama-glutamiltransferase; GMD: ganho médio diário; IMS: ingestão de matéria seca; LDH:
lactato desidrogenase; MS: matéria seca; NH3-N: nitrogênio amoniacal; OTA: ocratoxina A; P: fosforo; PC: peso corporal; PMD: peso
médio diário; RC: Roquefortine C; ZEA: zearalenona; ↓: reduziu; ↑: aumento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As micotoxinas são metabolitos secundários produzidos a partir do metabolismo se-


cundário de fungos micotoxigênicos, principalmente, por espécies dos gêneros Aspergillus,
Fusarium e Penicillium. As principais micotoxinas são as aflatoxinas, fumonisinas, ocrato-
xinas, tricotecenos e a zearalenona. Sendo estas encontradas em alimentos como grãos,
cereais e forragens, em que os dois primeiros são os principais.
Está fortemente evidenciado os malefícios que as micotoxinas trazem para a saúde
dos animais, destacando-se alterações no estado metabólico de enzimas hepatoprotetoras
168
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
como aspartato aminotransferase e gama-glutamiltransferase, ocasiona casos de imunos-
supressão, redução de parâmetros metabólicos como digestibilidade da matéria seca, pro-
dução de AGV’s, síntese de proteína microbiana e ainda distúrbios patológicos como lesão
hepática e neurológica.
Em relação ao desempenho produtivo, ocorre redução da ingestão de alimento, ganho
de peso, conversão alimentar, produção de leite, perda de peso corporal e em quadros se-
veros de intoxicação, podendo evoluir até a morte do animal. No desempenho reprodutivo,
tem se distúrbios como atraso na reprodução, ciclos ovarianos não sincronizados, redução
da taxa de concepção, menores porcentagens de parto, aborto e infertilidade.
Neste sentido, as micotoxinas comprometem o desempenho produtivo e reprodutivo
dos animais ruminantes, gerando prejuízos no sistema de produção. Porém, ainda existe a
necessidade de avaliar o real impacto econômico das micotoxinas no sistema de produção
de ruminantes. De modo geral, é necessário utilizar estratégias para inibir, remover ou mini-
mizar as micotoxinas em alimentos destinados à alimentação dos animais. Tendo em vista
que, não só mente a redução do desempenho produtivo e reprodutivo dos animais acarreta
percas econômica na atividade pecuária, no entanto, o risco de contaminação humana pelo
consumo de produtos animais contaminados por transferências de micotoxinas se torna um
fato fortemente relevante para a saúde da população.

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177
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
12
Influência da época do ano no valor
nutritivo das forragens consumidas
por bovinos de corte criados a pasto

Geferson Antonio Fernandes Eloiza Baena da Silva


UFMT/NEPI UNIFASIPE

João Rafael de Assis Carlos Guilherme Balkau


UNIFASIPE UNIFASIPE

Claúdio Jonasson Mousquer Fabricio Moreira Costa


UFMT UNIFASIPE

Lucas Maciel Gomes Olini Fabiano Pedra Carvalho


UNIFASIPE
Juslei Figueiredo da Silva
UNIFASIPE

Rafael Laurindo Moraes


UNIFASIPE

10.37885/210504646
RESUMO

Devido à grande dimensão territorial utilizada para a prática da atividade pecuária, o


Brasil apresenta vários ecossistemas de pastagens, no qual os animais são submetidos
a diferentes condições de manejo durante sua vida produtiva. Nesse cenário, as for-
rageiras tropicais apresentam elevada produção de massa seca, com estacionalidade
marcante entre as estações das “águas”, “seca” e transições. O objetivo desse capítulo
foi abordar a interferência da época do ano no valor nutritivo das forragens consumidas
por bovinos de corte criados a pasto. Essa estacionalidade determina distribuição desu-
niforme da produção forrageira ao longo do ano, ocasionando mudanças quantitativas
e qualitativas na composição química dos pastos, resultando em menor quantidade e
qualidade nos períodos onde se tem menor precipitação pluviométrica. À medida que a
planta amadurece os teores de proteína bruta, minerais e outros componentes do con-
teúdo celular diminuem, enquanto os da parede celular tendem a aumentar, interferindo
na digestibilidade dos nutrientes do alimento. Esta digestibilidade determinara principal-
mente a disponibilidade de compostos nitrogenados no rúmen para o crescimento micro-
biano, assim como a disponibilidade de aminoácidos que chegam ao intestino delgado
influenciando no crescimento dos animais. Desse modo, a técnica de suplementação
a pasto, associada ao diferimento da pastagem, apresenta-se como alternativa a baixa
produção e qualidade da forragem em épocas críticas de produção, tornando possível
obter adequado ganho de peso dos animais nas diferentes épocas do ano, resultando
em produção animal eficiente e sustentável.

Palavras-chave: Digestibilidade, Estacionalidade, Forrageiras Tropicais, Suplementação


Proteico-Energética.

179
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Em virtude da grande dimensão territorial utilizada para a prática da atividade pecuária,


o Brasil apresenta vários ecossistemas de pastagens, no qual os animais são submetidos a
diferentes condições de manejo durante sua vida produtiva dentro de um determinado am-
biente. Paulino et al. (2003), destaca que os sistemas de produção de carne bovina no Brasil
apresentam o fator comum de utilizarem as pastagens como volumoso básico, constituindo
até 99,0% da dieta dos bovinos de corte.
Os pastos representam a principal fonte de nutrientes para a alimentação dos reba-
nhos brasileiros, sendo a maioria formada por gramíneas. Os campos pastoris represen-
tam 3,0 bilhões de hectares no mundo, praticamente 20% da superfície do globo terrestre
(GUERRA FILHO, 2012). Diante da grande produção de gramíneas, o Brasil caracteriza-se
como um dos países de maior potencial de produção pecuária em regime de pastejo, deter-
minada principalmente, pelas condições climáticas e vasta extensão territorial (SERAFIM e
GALBIATTI, 2012).
Conforme a idade fisiológica da planta avança, acarreta aumento das porcentagens de
celulose, hemicelulose e lignina, reduzindo a proporção dos carboidratos solúveis, proteí-
nas, minerais e vitaminas (nutrientes potencialmente digestíveis) contribuindo para menor
desempenho animal, ocasionado pela queda acentuada na digestibilidade dos alimentos
(REIS et al. 2005).
Durante o período das águas, devido à alta disponibilidade e valor nutricional da forra-
gem, observa-se desempenho satisfatório dos animais. Porém, na época seca ocorre uma
redução no ganho de peso, e até mesmo perda de peso dos animais devido à redução no
valor nutricional do alimento volumoso disponível para pastejo (MAGALHÃES et al. 2012),
tornando-se a época crítica de produção de bovinos de corte.
Entre a época das águas e seca depara-se com o período de transição entre seca-á-
guas e águas-secas, os quais são encontrados poucos trabalhos caracterizando a compo-
sição bromatológica da forragem disponível, tornando-se essencial o estudo da composição
nutricional do mesmo durante todos os períodos, para propiciar desempenho produtivo e
reprodutivo satisfatório de animais criados em sistema de pastejo (FERNANDES, 2016).
Neste contexto, torna-se importante o conhecimento das características nutricionais
das plantas forrageiras durantes as diferentes épocas do ano de modo a determinar o cor-
reto manejo, visto que essas são as principais fontes de alimentos volumosos para bovinos
criados a pasto. Diante disso, objetivou-se com presente capítulo trazer informações sobre
a influência da época do ano sobre o valor nutricional da forragem disponível para bovinos
de corte criados a pasto.

180
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DESENVOLVIMENTO

Caracterização dos alimentos volumosos

O correto manejo alimentar de bovinos de corte é um dos principais responsáveis


pelo seu desenvolvimento, reprodução, aumento de produtividade e qualidade da carne,
precisando ser criteriosamente planejado, devido custo com alimentação poder chegar em
alguns casos, em até 70% a 80% do custo total. A escolha dos alimentos deve considerar
primeiramente a qualidade dos mesmos, independentemente do sistema de criação adotado.
Os alimentos volumosos de clima tropical alteram sua composição e valor nutritivo
conforme a época do ano, com o avançar do estado fisiológico e a maturidade da planta.
Por isso, deve-se conhecer as características qualitativas dos alimentos para balancear uma
ração com todos os nutrientes necessários e com menor custo.
Alimentos volumosos – são classificados como alimentos de baixo teor energético,
apresentam altos teores em fibra ou em água. Possuem menos de 60% de NDT e/ou mais
de 18% de fibra bruta (FB), divididos em secos e úmidos. Os mais utilizados para os bovi-
nos são as pastagens naturais ou cultivadas, capineiras, silagens, cana-de-açúcar, restos
culturais, resíduos de agroindústrias, cascas, sabugos e outros.
O pasto representa a maior parte do alimento volumoso consumido por bovinos de corte
em pastejo, sendo a maior parte formado por variedades dos gêneros Panicum e Urochloa
(Brachiaria). Segundo Euclides et al. (2008), estima-se que 50% das áreas de pastagens
cultivadas na região Centro Oeste e 65% na região Norte são formadas por Urochloa bri-
zantha cv. Marandu (Brachiaria brizantha).
Esta cultivar destaca-se no cenário nacional por apresentar elevada produção de ma-
téria seca em solos cuja fertilidade varia de média a baixa, caracterizando-se como impor-
tante fonte de alimentos volumosos para ruminantes, tornado essencial o levantamento de
informação sobre os fatores que interferem em sua produção e qualidade, os quais serão
descridos no decorrer deste capítulo.

Forrageiras disponíveis para pastejo

As pastagens representam um dos maiores e mais importantes ecossistemas do Brasil.


São caracterizadas por níveis variáveis de complexidade, alterando desde pastagens nativas,
onde coexistem várias espécies e categorias de plantas forrageiras a pastagens cultivadas,
normalmente compostas por plantas forrageiras introduzidas, selecionadas ou melhoradas
(DA SILVA et al. 2008).

181
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Pastagens naturais em determinadas situações podem ser uma opção para a alimen-
tação dos rebanhos, no entanto, como os sistemas de produção buscam se tornar casa vez
mais eficientes, a introdução de plantas forrageiras mais produtivas, que permitem aumen-
tar a produtividade do pasto e, consequentemente, a taxa de lotação, tem se tornado uma
importante ferramenta de produção (ALMEIDA, 2014). Através do uso de variedades mais
produtivas, pode ocorrer excedente de produção em período de condições climáticas favo-
ráveis, como o período das águas, os quais podem ser utilizados para produção de feno e
silagem (ARAÚJO FILHO, 2015).
Segundo Araújo Filho (2015), as plantas forrageiras mais utilizadas no ecossistema
de pastagem no Brasil são as gramíneas e leguminosas, caracterizadas como: Gramíneas
forrageiras: são plantas principalmente de metabolismo C4 de crescimento cespitoso (cresci-
mento ereto), estolonífero (rasteiro) ou decumbente onde pode-se citar Pannisetum, Panicum,
Cynodon e Brachiaria (Tabela 1). São plantas perenes, ou seja, são capazes de rebrotar
após o corte e/ou pastejo e leguminosas forrageiras, as quais apresentam metabolismo C3,
podendo apresentar crescimento rasteiro como o Arachis pinto, arbustivas e arbóreas.

Tabela 1. Principais gramíneas forrageiras utilizadas na produção de bovinos de corte em pastejo.

Gênero Cultivar Hábito de Crescimento


Marandu
Piatã
Brachiaria brizantha Cespitoso
Xaraes
MG4
Brachiaria Decumbens Basilisk Decumbente
Llanero
Tupi
Brachiaria Humidicula Estolonífero
Comum
kennedy
Tanzânia
Mombaça
Tobiatã
Panicum maximum Cespitoso
Colonião
Massai
Aruana
Tifton 44
Tifton 78
Tifton 85
Cynodon dactylon Florakirk Estolonífera e rizomatosa
Coastcross-1
Jiggs
Vaquero
Tifton 68
Cynodon nlemfuensis Florico Estolonífero e não rizomatosa
Florona
Fonte: Machado et al. (2010).

182
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Como pode ser visto na tabela acima, existe no mercado grande diversidade de gê-
neros e cultivares de gramíneas forrageira disponíveis, onde a utilização de cada uma vai
depender da região onde será implantada, nível tecnológico empregado e práticas de manejo
adotada. Quando implantada e manejada corretamente torna possível aumento da produção
de matéria seca por hectare, consequentemente há elevação na taxa de lotação e no ganho
de peso dos animais, tornando o sistema de produção mais sustentável.

Influência da época do ano na composição nutricional do pasto

As forrageiras tropicais apresentam alta produção, com estacionalidade marcante entre


as estações das “águas” e “seca”. Está estacionalidade determina distribuição desuniforme
da produção ao longo do ano (EVANGELISTA et al. 2004), afetando o sistema de criação de
bovinos de corte a pasto. Na região Centro-Oeste do Brasil, além dos períodos de águas e
seca, deparam-se com período de transição entre os mesmos, os quais apresentam distinta
composição bromatológica da forrageira, sendo caracterizados como épocas: das águas,
transição águas-secas, seca e transição seca-águas.
Estes diferentes períodos fazem com que ocorra mudança na planta, ocasionando em
menor qualidade nos períodos onde se tem baixa precipitação. Além disso, a maior parte
das forrageiras tropicais apresentam alta porcentagem de parede celular e baixo conteúdo
celular (PRADO, 2007). O conteúdo celular, representado pela fração solúvel, possui cerca de
100% de digestibilidade. A parede celular, formada pela fração insolúvel, apresenta potencial
de degradação mais baixo, sendo resistente ao ataque de enzimas do trato gastrintestinal
de ruminantes (SILVA e QUEIROZ, 2002).
Em se tratando de produção animal, a fibra em detergente neutro e ácido (FDN e a
FDA) podem ser usadas para predizer o consumo e a digestibilidade da forragem. A FDN
relaciona-se ao efeito de enchimento do rúmen e inversamente à concentração energética
da dieta de bovinos (BERCHIELLI et al. 2006) sendo composta basicamente por celulose,
lignina e hemicelulose, assim elevados níveis desta fração contida na matéria seca, indicam
maior espessamento da parede celular, e menores teores de nutrientes digestíveis como a
proteína, lipídeos, vitaminas, dentre outros presentes no conteúdo celular.
A digestibilidade da matéria orgânica (MO) é outro fator que apresenta alta correlação
com o consumo voluntário, pois facilitará o processo de degradação e passagem da forragem
pelo trato digestivo. Baixa digestibilidade implica em maior tempo de retenção da forragem
no rúmen, promovendo limitações de consumo de ordem física. Em gramíneas tropicais, o
desenvolvimento de colmos favorece o aumento rápido da produção de matéria seca, mas,
em contrapartida, pode apresentar efeitos negativos no aproveitamento e valor nutritivo da

183
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
forragem produzida, alterando o comportamento ingestivo e o consumo de forragem dos
animais em pastejo (FERNANDES, 2016).
Em decorrência do desenvolvimento da planta forrageira, ocorre aumento no teor de
fibra, especialmente com início do estádio reprodutivo, contribuindo para redução do teor
de proteína e carboidratos solúveis. Queiroz (2007), observou redução da concentração de
proteína e aumento do teor de fibra, redução na digestibilidade quando o capim marandu
foi colhido com 60 dias de rebrota ao invés de 30 dias.
O nível de degradabilidade ruminal da proteína do pasto torna-se variável entre as di-
ferentes épocas do ano. Esta degradabilidade determinara a disponibilidade de compostos
nitrogenados no rúmen para o crescimento microbiano, assim como a disponibilidade de
aminoácidos que chegam ao intestino delgado, provenientes da síntese de proteína micro-
biana e da fração proteica não degradada no rúmen.
Ao analisar as frações da proteína bruta (PB) da forragem observam-se, frequente-
mente, maiores valores das frações A: nitrogênio não proteico, B2: proteína verdadeira
(degradação intermediária) e B3: proteína de lenta degradação, associada à fibra (Sistema
Cornell). Diferentes proporções dessas frações geram diferentes quantidades de proteína
degradável no rúmen, devido cada fração possuir taxa de degradação específica (SNIFFEN
et al. 1992), tendo suas proporções alteradas conforme a estação do ano.
Durante o período de transição de secas-águas a forrageira inicia a rebrota, onde os
brotos são tenros e com maiores quantidades de nitrogênio não proteico (fração A), neces-
sitando manejo adequado dos animais antes desse período, para que seja consumido o
material velho (senescente), pois com a rebrota os animais tendem a deixar de consumir
matérias remanescente e se alimentarem somente de material novo, dificultando o restabe-
lecimento do estande de plantas.
Na época das águas a forragem apresenta um intenso crescimento, com maior diges-
tibilidade, contendo de nutrientes suficientes para promover o adequado crescimento dos
animais. À medida que a forragem vai amadurecendo e aumentando a quantidade de ma-
terial senescente e morto, caracterizado pela transição de águas-secas, os animais tendem
a diminuir o consumo, com consequente redução no ganho de peso, pois o pasto reduz a
qualidade, diminuído a digestibilidade e ocorre principalmente, a redução no teor de proteína
e aumento da concentração de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi).
No decorrer da época da seca o crescimento da forragem é interrompido devido re-
duzida ou nula precipitação, resultando em forragem de baixa qualidade, com aumento de
materiais indigestíveis, como a lignina a qual não é possível de ser digerida pelos microrga-
nismos ruminais, diminuindo os precursores para uma correta multiplicação e crescimento
microbiano ruminal, reduzindo o desempenho animal.
184
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
De acordo com Dove (1998) durante o período seco do ano, ocorre aumento dos
teores de celulose, hemicelulose e lignina, tornando a forragem mais resistente, ocorrendo
aumento nas ligações entre celulose e lignina, tendo como consequência para o animal,
mais dificuldades na mastigação, ruminação e fermentação pelos microrganismos ruminais.
Reconhecidamente, a lignina constitui elemento chave que limita a digestibilidade da
FDN, mas, segundo Jung e Allen (1995), a ligação cruzada entre lignina os polissacarídeos
da parede celular, notadamente hemicelulose, e o ácido ferrúlico são pré-requisitos para
a ocorrência deste efeito. Assim, a composição da lignina influencia seu impacto sobre a
digestibilidade e o consumo, e indica necessidade de discriminação qualitativa para sua uti-
lização mais eficaz em modelos de predição de digestão e consumo (OLIVEIRA et al. 2011).
A eficiência de produção da forragem está diretamente relacionada às condições am-
bientais prevalecentes na área e às práticas de manejo adotadas. Dessa forma, fatores
como temperatura, luz, água e nutrientes condicionam o potencial fotossintético do dos-
sel, em consequência de alterações na área foliar e na habilidade fotossintético da planta
(MARCELINO et al. 2006).
Em plantas de metabolismo C4, existem evidências que a assimilação e absorção do
nitrato são fortemente reduzidas quando se tem pouca ou nenhuma precipitação (BECKER
e FOCK, 1986; FOYER et al. 1998). Em situação de estresse hídrico, a redutase do nitra-
to é pouco ativa e a fotossíntese diminui devido fechamento estomático (Kaiser e Huber,
2001). Com isso a intensa desidratação do mesófilo diminui a capacidade fotossintética das
folhas, reduzindo o influxo do nitrato, reduzindo a atividade da enzima, a qual é altamente
dependente de seu substrato. Além da contribuição com a energia para redução do nitrato,
a fotossíntese contribui com a redução do nitrito em folhas, pois é dependente de elétrons
via ferredoxina. A sensível redução na atividade da redutase do nitrato em folhas observadas
em estresse hídrico resulta do prejuízo da atividade fotossintética das folhas e redução do
influxo de nitrato. Com isso pode-se explicar a queda no teor de proteína durante a épo-
ca seca do ano (MARQUES da SILVA e ARRABAÇA, 2004; CARMO-SILVA et al. 2007;
GHANNOUM, 2009).
Através de alguns estudos disponíveis na literatura, torna-se possível verificar a influên-
cia da época do ano sobre a composição nutricional da forragem consumida por bovinos de
corte criados em sistema de pastagem (Tabela 2).

185
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 2. Composição bromatológica do pasto em diferentes épocas do ano.

Composição Bromatológica (%)


Autor Época do Ano Espécie
MS MO PB FDN FDA CNF
De Paula, et al. (2019) Seca B. Decumbens 28,68 90,19 7,99 56,97 - 24,64
De Paula et al. (2019) Seca-águas B. Decumbens 30,64 91,22 8,10 60.05 - 22,44
De Paula, et al. (2019) Águas B. Decumbens 24,74 92,52 11,15 53,79 - 26,55
De Paula, et al. (2019) Águas- seca B. Decumbens 28,24 91,00 10,09 55,84 - 24,06
Fernandes, (2016) Seca B. Brizantha - 91,12 5,14 70,39 41,58 13,43
Fernandes, (2016) Seca-águas B. Brizantha - 91,02 8,99 67,58 38,45 13,43
Fernandes, (2016) Águas B. Brizantha - 91,45 9,59 68,34 36,99 20,30
Fernandes, (2016) Águas- seca B. Brizantha - 91,25 8,77 67,29 37,95 17,83
Figueiredo et al. (2011) Águas B. Decumbens 28,39 90,54 10,10 70,49 - 8,37
Lopes et al. (2017) Águas-seca B. Decumbens 28,00 90,30 8,40 65,80 - 15,20
Sales et al. (2011) Seca-águas B. Decumbens - 89,29 9,95 63,05 - 15,26
Ortega et al. (2016) Seca-águas B. Decumbens 25,46 92,07 10,71 54,80 - 24,46
Dias et al. (2015) Águas B. Brizantha 24,81 92,11 12,20 67,52 35,84 10,22
Neves et al. (2018) Seca B. Brizantha 27,01 89,20 7,26 65,96 - 13,99
MS = Matéria seca; MO = Matéria orgânica; PB = Proteína bruta; FDN = Fibra em detergente neutro; FDA= Fibra em detergente ácido;
CNF = Carboidratos não fibrosos

Estratégias para contornar a sazonalidade de produção e qualidade das plantas


forrageiras
A ingestão voluntária de pasto pelo animal é influenciada pela quantidade e qualidade
da forragem ofertada, ou seja, quanto maior a possibilidade de o animal selecionar materiais
com maiores proporções digestíveis, maior será seu ganho de peso, no entanto, quando se
tem maior quantidade de constituinte indigestível na forrageira seu consumo será reduzido
diminuindo o desempenho, isso é observado no período seco do ano onde ocorrem severas
alterações nos constituintes das plantas.
Segundo Fernandes (2016), em seu estudo a FDA do capim marandu apresentou
maior valor na época seca do ano (41,58%) e menor valor na época das águas (36,99%),
sendo esse um dos importantes constituintes da planta que afeta diretamente a utilização da
mesma por bovinos em sistema de pastejo, de acordo com Nussio et al. (1998), pastos com
valores de FDA em torno de 40%, ou mais, proporcionam baixo consumo e digestibilidade.
O provimento de substratos essenciais limitantes via suplementação de natureza pro-
teico-energética colabora para contornar este problema, acelerando a degradabilidade da
fração B2 e incrementando a taxa de passagem da fração C da forragem, com reflexos positi-
vos sobre o consumo e por consequência o desempenho dos animais (MORAES et al. 2006).
A ingestão de forragem é função tanto dos aspectos nutricionais (composição química),
quanto dos não-nutricionais (características estruturais do pasto) os quais influenciam dire-
tamente o desempenho dos animais. Visando expressar de forma mais precisa esta interre-
lação, Paulino et al. (2004) elaborou o conceito da matéria seca potencialmente digestível
(MSpd), a qual constitui medida integradora dos aspectos qualitativos e quantitativos do pasto,
186
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
e assim, permitirá uma avaliação mais precisa da capacidade de suporte e desempenho dos
animais da área utilizada (PAULINO et al. 2008).
Uma das estratégias que podem ser utilizadas nas propriedades para aumentar a MSpd
e torna-la disponível para consumo em período de baixo ou nulo crescimento forrageiro, é a
vedação do pastejo durante a época de maior precipitação pluviométrica. Porém, o manejo
de diferimento dos pastos ocasiona alterações na planta, como o alongamento das hastes,
florescimento e redução da proporção de folhas verdes, implicando diretamente no valor
nutritivo da forragem (SANTOS et al. 2010).
A técnica de suplementação a pasto, associada ao diferimento da pastagem, apresen-
ta-se como outra alternativa a baixa produção e qualidade da forragem em épocas críticas
de produção. Segundo Detmann et al. (2014) independente da época do ano, para que a
energia latente esteja disponível para os ruminantes, é demandada concentração mínima
de 13,0 mg nitrogênio amoniacal por dL de conteúdo ruminal, condições essa, necessárias
para os microrganismos ruminais degradarem de forma eficiente a fibra oriunda da forragem.
Lima et al. (2012), avaliaram suplementação protéica (sal mineral com ureia –controle
(ofertado ad libitum); sal proteinado (0,2% PC); suplemento protéico-energético (0,3% PC);
e suplemento protéico-energético (0,5% PC) sobre o consumo e o desempenho de novilhos
recriados em pastagens diferidas de capim Brachiaria brizantha cv. Piatã, durante o período
de transição águas-seca. Segundo os autores, a suplementação protéica apresentou grande
relevância sobre o desempenho animal em pastagens, notadamente no final do período de
transição, quando o teor de PB declinou de 9,4% (abril) para 4,1% (junho). Os suplementos
usados não reduziram o consumo de matéria seca (MS) da forragem, e promoveram efeito
aditivo sobre o consumo de MS total.
Zervoudakis et al. (2011) alegam que o objetivo da suplementação com níveis inferiores
a 0,5% PC é de fornecer nutrientes que estão em déficit nas forrageiras tropicais como a
proteína, já a suplementação com níveis maiores de fornecimento (acima de 0,5% do PC)
tende a substituir parte da MS de pasto consumida por MS de suplemento. Essa substituição
pode tornar-se interessante em situações que se prioriza aumento na taxa de lotação, tendo
acréscimo no ganho por área, ou em situações onde ocorre baixa disponibilidade de forragem.
Segundo Figueiras et al. (2015) os principais efeitos da suplementação centram-se
sobre ampliação no balanço de compostos nitrogenados e na eficiência de uso do nitrogênio
(N) como possível reflexo de melhorias do status de N no organismo animal. De acordo com
Hennessy e Nolan, (1988), quando o animal se alimenta de uma dieta deficiente em N, o
mesmo tende a reduzir a excreção desse composto, e aumenta a reciclagem para o rúmen.
Porém, se essa condição se agravar, o mesmo realizará mobilização de tecidos para sus-
tentar essa massa reciclada (RUFINO, 2011).
187
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Dessa forma, o N disponível para o metabolismo animal seria usado para múltiplas
funções metabólicas que seguem uma ordem de prioridade para os animais ruminantes,
como: sobrevivência (reciclagem de N), manutenção e produção (crescimento, produção de
leite, reprodução). Então, a deposição de N como tecidos ou produtos corporais só ocorrem
depois que as demandas de prioridades superiores forem atendidas (DETMANN et al. 2014).
Em situação alimentar onde não ocorra deficiência dietética em PB, possibilidade essa
com uso da suplementação concentrada, a quantidade de nitrogênio reciclada ao ambiente
ruminal tende a manter-se relativamente constante (REYNOLDS e KRISTENSEN, 2008), pro-
porcionando maior deposição de N na forma de tecido muscular, pois, segundo Paulino et al.
(2006), a maior retenção pelo animal pode ser atribuída a uma melhora na digestão da FDN
com aumentos nos níveis de PB, favorecendo maior a aproveitamento da MSpd do pasto.
A adoção dessas alternativas é de suma importância na produção de bovinos de corte
a pasto, pois, com as mesmas torna-se possível proporcionar o correto crescimento dos
animais mesmo em épocas críticas de produção. Situação essa favorecida pelo fornecimento
de nutrientes extras que somente com consumo exclusivo de pasto não seria possível o
atendimento das exigências nutricionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há grande possibilidade de sucesso na produção de bovinos de corte a pasto, porém,


deve ser utilizada forrageiras de alta produtividade associado a manejo adequado, propor-
cionando às plantas forrageiras um ambiente adequado para seu desenvolvimento. Além
disso, com a técnica de pastejo diferido aliada ao uso da suplementação alimentar, torna-se
possível obter adequado ganho de peso dos animais nas diferentes épocas do ano, resul-
tando em produção animal eficiente e sustentável.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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192
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
13
Monitoramento da qualidade de dietas
fornecidas e aumento da eficiência
alimentar de vacas em lactação: uma
revisão de literatura

Juliano Bérgamo Ronda


UNIUBE

Giovanna Faria de Moraes


UFU

10.37885/210504666
RESUMO

Existem diferentes maneiras de aumentar a produtividade por vaca em uma propriedade


leiteira, sendo um processo multifatorial dependente de ferramentas genética, manejo
sanitário e nutricional adequado, além de mão-de-obra eficiente. Nesse contexto, neste
capítulo são apresentadas práticas de manejo nutricional e de alimentação, que podem
influenciar no ajuste fino da dieta, melhorando a produção e qualidade do leite produzido.
Sabe-se que uma das formas de aumentar a produtividade de maneira sustentável, é
obter animais de alta eficiência produtiva. No entanto, vacas leiteiras de alta produção são
desafiadoras e de alta exigência nutricional. São animais exigentes, sobretudo quanto
às condições de ambiência e alimentação. Precisam de estrutura que forneça conforto
e alimentos de alta qualidade em dietas bem balanceadas, para expressar o potencial
produtivo e serem eficientes economicamente. A identificação e monitoramento de fa-
tores capazes de influenciar o consumo de matéria seca, fornecimento e consumo de
fibra efetiva e amido, ou seja, avaliar a dieta disponibilizada aos animais, são essenciais
para maximizar a produção de leite e composição em sólidos totais do leite, uma vez que
permite uma melhor lucratividade da atividade leiteira.

Palavras-chave: Bovinocultura de Leite, Fibra, Nutrição, Rúmen.

194
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo (FAO, 2021), sendo a cadeia pro-
dutiva do leite, uma das principais atividades econômicas, com forte efeito na geração de
emprego e renda. No ano de 2019, o valor bruto da produção primária de leite atingiu R$ 35
bilhões, sendo o sétimo maior dentre os produtos agropecuários nacionais (BRASIL, 2020).
Mesmo estando nas primeiras posições no ranking mundial de produção de leite e
de rebanho de vacas ordenhadas, ao analisar a produtividade por vaca, a situação é bem
diferente. Neste caso, o Brasil ocupa apenas a 84° posição com produtividade cinco vezes
menor quando comparamos com Israel e Estados Unidos, os dois primeiros colocados, que
ultrapassam 10 mil litros/vaca no ano (FAO,2019).
Existem diferentes maneiras de aumentar a produtividade por vaca em uma proprie-
dade leiteira, sendo um processo multifatorial dependente de ferramentas genética, manejo
sanitário e nutricional adequado, além de mão-de-obra eficiente. Sabe-se que uma das for-
mas de aumentar a produtividade de maneira sustentável, é obter animais de alta eficiência
produtiva. No entanto, vacas leiteiras de alta produção são desafiadoras e de alta exigência
nutricional. São animais exigentes, sobretudo quanto às condições de ambiência e alimen-
tação. Precisam de estrutura que forneça conforto e alimentos de alta qualidade em dietas
bem balanceadas, para expressar o potencial produtivo e serem eficientes economicamente
(ZEBELI et al., 2012).
Segundo Schwab e Broderick (2017) ao avaliar dietas para vacas leiteiras, percebe-
mos a necessidade de otimização de processos e resultados, principalmente no aspecto
nutricional e econômico, sobretudo no contexto atual de alta de preços de insumos utilizados
na formulação de dietas. Quando observamos este cenário, um dos pontos mais relevantes e
que devemos destacar é a nutrição proteica, basicamente por constituir uma grande parcela
dentro dos custos da dieta, bem como seus impactos ambientais (ST-PIERRE, N.R., 2012).
Buscando atingir o máximo proveito das atualizações que as novas pesquisas, mo-
delos de predição e por consequência programas de formulação vêm trazendo, devemos
sempre buscar melhorar cada vez mais os dados de entrada no software de formulação,
como correto peso da vaca, estimativas robustas e confiáveis de produção e composição
do leite produzido, frequentes análises para inferir a real composição dos alimentos e ava-
liar os resultados das dietas formuladas e que estão sendo fornecida aos animais. Sendo
sempre importante lembrar que existem três dietas na fazenda: (i) dieta formulada pelo
nutricionista; (ii) dieta produzida e misturada no vagão e (iii) dieta que as vacas realmente
estão consumindo. Esperamos que a diferença entre essas dietas sejam as mínimas pos-
síveis. Dessa forma a presente revisão tem como objetivo abordar o uso de ferramentas de
monitoramento nutricional e alimentar, para aumentar a eficiência alimentar, a saúde e a
195
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
longevidade, estimulando nossas vacas a produzir mais leite com dietas de qualidade, com
alto retorno econômico e de forma sustentável.

DESENVOLVIMENTO

A identificação e monitoramento de fatores capazes de influenciar o consumo de matéria


seca, fornecimento e consumo de fibra efetiva e amido, ou seja, avaliar a dieta disponibili-
zada aos animais, são essenciais para maximizar a produção de leite e as concentrações
de gordura e proteína do leite, uma vez que permite uma melhor lucratividade da atividade
leiteira (BARBANO et al., 2014; WOOLPERT et al., 2016).
Nesse contexto, neste capítulo será demonstrado práticas de manejo nutricional e de
alimentação, que podem influenciar no ajuste fino da dieta, melhorando a produção e qua-
lidade do leite produzido.

Avaliação do consumo de matéria seca (CMS)

O primeiro passo para chegar ao CMS e aumentar a consistência das formulações de


dietas para vacas leiteiras, é a avaliação da matéria seca (MS) dos alimentos volumosos.
Avaliar a MS das forrageiras deve ser um hábito na propriedade leiteira, uma vez que são
considerados ingredientes com alta variação no teor de MS (GARTHE e ZUMMO, 2012)
Considerando uma dieta formulada para uma média de 30 litros, com um concentrado
formulado por um técnico, para um lote de vacas em lactação, com 28kg de silagem de
milho, contendo 40% de MS e uma proteína bruta na MS final da dieta de 16%. O animal
estaria comendo 20,89kg de matéria seca total por dia. Se esse teor de matéria seca da
silagem mudasse de 40% para 30% e a mesma dieta continuasse a ser misturada (com os
mesmos ingredientes e as mesmas quantidades do que estava sendo fornecido anterior-
mente). Ou seja, o animal estaria comendo 18 kg de MS por dia. Essas mudanças poderiam
causar queda na produção, devido à menor MS disponível para consumo (NRC, 2001).
O uso do forno microondas é um meio relativamente rápido e prático para realização
de secagem dos alimentos volumosos. Os autores concluíram que a técnica de secagem de
forrageiras em forno microondas é uma alternativa mais rápida para obtenção de MS das
forragens, mostrando eficiência semelhante ao método de secagem em estufa com circula-
ção forçada de ar (GARTHE & ZUMMO, 2012).
Para avaliar o teor de MS em volumosos utilizando a técnica do forno microondas,
deve ser seguir a metodologia descrita por Lacerda et al. (2009), em que cada amostra será
submetida a três ciclos de cinco minutos, um ciclo de três minutos, um ciclo de dois minutos
e um ciclo de um minuto, até ser atingido o peso constante. No interior do forno microondas
196
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
deve ser colocado um copo com 150 mL de água para umedecer o ambiente e evitar a quei-
ma das amostras, e a cada ciclo foi feito a reposição da água quente por água fria.
Uma segunda maneira de avaliar o teor de matéria seca em uma fazenda é o uso do
Koster tester, onde a metodologia utilizada foi descrita por Garthe e Zummo, (2012). As amos-
tras de 150g devem ser submetidas individualmente ao aquecimento e ventilação do Koster
Tester por 50 minutos, quando então são pesadas, retornadas ao equipamento por um minuto,
retiradas e pesadas novamente, repetindo este processo até que a massa seca se estabilize.
Segundo Berry et al. (2014) um dos principais desafios para a avaliação da eficiência
alimentar em propriedades leiteiras é a falta de consistência nos dados de consumo de
matéria seca pelas vacas leiteiras. Sendo um desafio ainda maior em sistema de pastejo
(COLEMAN, 2005). A principal regra no sistema de produção leiteira é que CMS é um fator
importante a ser considerado, e que quanto maior esse número, melhor para o sistema,
uma vez que existe uma alta correlação entre consumo e a produção de leite de vacas (LIN
et al., 2013). Sendo necessário que as fazendas produtoras de leite adotem estratégias tanto
nutricionais como de manejo alimentar para maximizar o consumo MS.
Segundo Borges et al. (2009) as formulações de dietas para vacas leiteiras seguem
como base a matéria seca do alimento. Sendo que o controle da MS é fundamental para
que possamos oferecer sempre uma dieta consistente às vacas. Com isso, é possível de-
terminarmos exatamente a quantidade de nutrientes que o animal está recebendo com base
na matéria seca e a quantidade de alimento necessário para a produção de leite estima-
da (CONNOR, 2015).
A avaliação da ingestão de matéria seca é um parâmetro fundamental na nutrição
de vacas leiteiras em todas as fases de lactação e em todos os grupos de animais, uma
vez que permite estimar o suprimento de nutrientes. E podemos ainda destacar a impor-
tância dessa análise nos períodos de estresse térmico, e durante o pré e pós-parto da
vaca leiteira, momentos de grande desafio e que podem afetar o CMS das vacas leiteiras
(CARPINELLI et al., 2019).
De acordo com Bikker et al. (2014) as fazendas leiteiras estão passando por constantes
mudanças em todo o mundo, onde a produção de leite e o número de vacas ordenhadas vem
crescendo, tornando cada dia mais necessária a adequada análise de eficiência do sistema
de produção. Existe a necessidade de uma rápida adoção de análises de precisão em fa-
zendas leiteiras, permitindo aos produtores monitorar os rebanhos leiteiros e, posteriormente
fornecer valiosas informações para apoiar a tomada de decisão e melhorar produtividade e
lucratividade (WENZ, 2018).
Tradicionalmente, a predição de CMS de vacas em lactação deve considerar a produção
de leite e a energia necessária para sua manutenção, que juntos representam os principais
197
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
gastos de energia da vaca leiteira em lactação (TEMPELMAN et al., 2015; VANDEHAAR
et al., 2016). Considerando ainda que as exigências nutricionais são diferentes em cada está-
gio da lactação, sendo necessário considerar os dias em lactação (DEL) (ALLEN et al., 2014).
Existem estudos em desenvolvimento utilizando tecnologia de espectroscopia no infra-
vermelho próximo (NIRS) para estimar o consumo de matéria seca vacas leiteiras, buscando
assim melhorar as análises de eficiência alimentar (BERRY e CROWLEY, 2013). A análise
das fezes e leite usando a técnica de NIRS para prever CMS vem sendo constantemente
estudada (TRAN et al., 2010; SHETTY et al., 2017; DÓREA et al., 2018). Segundo Connor
(2015) a análise de NIRS das fezes foi relatada como um método potencialmente útil para
estimar a ingestão de matéria seca de vacas e a digestibilidade da matéria orgânica.

Composição nutricional dos alimentos

Segundo Sova et al. (2014) para cada redução em 0,5 unidades no coeficiente de va-
riação de energia líquida de lactação há ganho de 3,2 Kg de leite/dia. Ou seja, variações nos
componentes nutricionais dos alimentos provocam inconsistências no suprimento nutricional
aos animais, podendo afetar negativamente seu desempenho. Para evitar deficiências ou
excessos de nutrientes que comprometem o desempenho ou a saúde dos animais, as for-
mulações devem utilizar margens de segurança na composição dos alimentos. As margens
de segurança aplicadas na formulação da dieta dependem, portanto, da variabilidade no
teor do nutriente de cada alimento.
A análise bromatológica tem como finalidade quantificar as substâncias nutritivas pre-
sentes nos alimentos, fornecendo informações importantes aos produtores e técnicos na
tomada de decisões para o planejamento alimentar e forrageiro do rebanho. Foi verificado que
a amostragem dentro de uma única fazenda, pode ser responsável por até 37% da variação
no teor de fibra em detergente neutro (FDN) da silagem de milho (SILVA & QUEIROZ, 2009).
Atualmente a digestibilidade do amido vem sendo constantemente estudada, e a
necessidade de análises bromatológicas completas, e que forneçam informações de di-
gestibilidade do amido são importantes. Uma vez que com informações laboratoriais de
digestibilidade, pode-se estimar a inclusão de alimentos energéticos, buscando uma formu-
lação de dieta eficiente com alto rendimento produtivo e econômico (FIRKINS et al., 2001;
FERRARETTO et al., 2012).

Monitorando o fornecimento e a qualidade da fibra na dieta

Um dos fatores de saúde ruminal que tem recebido atenção considerável é a acidose
ruminal, que é caracterizada por depressões do pH ruminal e frequentemente ocorre após
a substituição da fibra por carboidratos rapidamente fermentáveis, para atender às altas 198
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
exigências energéticas de vacas de alta produção leiteira (PLAIZIER et al., 2008). Sendo
assim, o conteúdo adequado de FDN da dieta e o comprimento das partículas da dieta das
vacas leiteiras ajuda a prevenir a ocorrência de acidose ruminal e promove uma função
ruminal saudável, sendo diretamente associada a maior longevidade das vacas leiteiras
(ZEBELI et al., 2012).
Segundo Mertens (1997) o conceito de FDN fisicamente efetivo foi desenvolvido para
refletir a capacidade de características físicas da fibra para estimular maior tempo de mas-
tigação e tamponamento salivar do rúmen, melhorando assim o pH ruminal e fornecendo
um ambiente capaz de melhorar a digestibilidade da fibra e a saúde ruminal. Uma que o
conteúdo adequado de FDN da forragem e o comprimento das partículas da dieta de vacas
leiteiras ajuda a prevenir a ocorrência de acidose ruminal e promove uma função ruminal
saudável (HEINRICHS e KONONOFF, 2013).
Vários estudos avaliaram o conceito de FDN fisicamente efetivo nas últimas décadas,
conforme demonstrado por Zebeli et al. (2012) e White et al. (2017). Sendo observado que o
aumento da ingestão de FDN fisicamente efetivo está associado a um aumento na atividade
mastigatória e pH ruminal (YANG e BEAUCHEMIN, 2009; WANG et al., 2017), maior teor
de gordura e proteína do leite (WOOLPERT et al., 2017).
Segundo Heinrichs e Kononoff (2013) medir a composição química e as propriedades
físicas dos alimentos volumosos, como no caso da silagem de milho, é um importante passo
para uma adequada formulação de ração. Os níveis de fibra efetiva, amido e proteína, jun-
tamente com o perfil de fermentação, influenciam o comportamento alimentar e a ingestão
de matéria seca das vacas leiteiras (OLIVEIRA et al., 2017). Sendo também importante
considerar que vacas leiteiras expressam padrões diários e consistentes de consumo de
ração e ruminação (NIU et al., 2017).
A ruminação é uma atividade dependente do consumo de matéria seca e principalmente
do consumo de FDN fisicamente efetivo. Sendo de grande relevância para a produção de
saliva e controle de pH ruminal (ANTANAITIS et al., 2016; SALFER, I.J., 2018). Uma das
formas de estimar o consumo de FDN fisicamente efetivo e o uso das peneiras separadoras
de partículas. Lammers et al. (1996) desenvolveu o Separador de Partículas da Penn State,
uma técnica de peneiramento para avaliação do comprimento de partículas dos alimentos.
Desde então, o uso das peneiras tem sido amplamente adotado nas fazendas. Com o uso
da peneira é possível avaliar o conteúdo de FDN fisicamente efetivo de uma dieta, sendo
determinado pela somatória da proporção de partículas retidas nas peneiras de 8 e 19 mm.

199
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Análise da taxa de ruminação na saúde e na produção de vacas leiteiras

O padrão diário de ruminação tornou-se especialmente relevante com o aumento do


interesse da análise de ruminação como ferramenta de controle nutricional e análise de
estresse térmico em fazendas leiteiras (SORIANI et al. 2013).
De acordo com Stone et al. (2017) o tempo de ruminação está positivamente associa-
do a produção de leite. A relação entre o tempo de ruminação e a produção de leite foi (n =
36 vacas, r = 0,22, P <0,01), enquanto Kaufman et al. (2018) relatou que a produção diária
de leite de vacas no início a lactação foi moderadamente correlacionada com o tempo de
ruminação (r = 0,37 a 0,69). Estando o tempo de ruminação relacionada com o controle de
ambiente ruminal, maior degradação de partículas e maior consumo de matéria seca.
Sabe-se ainda que a análise da ruminação é considerada uma importante ferramenta
para avaliar o conforto térmico na fazenda. Uma vez que Schirmann et al. (2012) relatou
que os períodos de ruminação foram associados com o tempo gasto deitado. Sendo que o
tempo de ruminação atingiu o pico aproximadamente 4h após a alimentação. Segundo White
et al. (2017) o tempo médio de ruminação foi de 436 minutos por dia (n = 179), variando de
236 a 610 minutos por dia. Zebeli et al. (2006) relatou um tempo médio de ruminação de
434 minutos por dia (n = 99), variando de 151 a 630 minutos por dia.
Os métodos de determinação do tempo de ruminação podem presumir o bem-estar
dos rebanhos e detectar a chance de doenças no futuro através do comportamento rumi-
nal (CALAMARI et al., 2014; KAUFMAN et al., 2016). Uma vez que segundo Soriani et al.
(2012) e De Tarso (2017), a indicação de que o desempenho da ruminação pode ser um
indicador promissor das condições de saúde, criou-se uma associação entre o tempo de
ruminação e condições metabólicas, capaz de avaliar o desempenho dos rebanhos focado
no comportamento alimentar.
Em estudo de Paudyal et al. (2016) eles analisaram se existe diferença no tempo diário
de ruminação entre animais doentes e saudáveis. Sendo que a atividade de ruminação foi
consistentemente menor em animais apresentando distúrbios em comparação com vacas
saudáveis. A diferença no tempo de ruminação entre vacas doentes e saudáveis foi confir-
mado. Segundo King et al. (2017) o tempo de ruminação diária (usando o sistema Hi-Tag)
diminuiu em 45 minutos por dia, há cerca de 8 dias antes de um diagnóstico de desloca-
mento de abomaso (n = 5), por 25 minutos por dia (5-6%) há 6 dias antes do diagnóstico de
cetose subclínica (n = 19) e em 50 minutos por dia (9–13%) há 5 dias antes do diagnóstico
de pneumonia (n = 7).
Além da avaliação da taxa de ruminação como fator de análise de saúde, atualmente
existem estudos que correlacionam as variações nos valores de ruminação com o estro

200
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
de vacas leiteiras. Uma vez que segundo o tempo de ruminação foi correlacionado com a
atividade do estro (REITH e HOY, 2012) e parto (BÜCHEL e SUNDRUM, 2014).

Granulometria e a análise da digestibilidade do amido

O interesse em melhorar a digestibilidade do amido para as vacas leiteiras em lactação


foi estimulado pela constante alta no custo dos grãos de cereais. Um aumento na digestão
de amido do trato gastrointestinal total pode aumentar a produção de leite, proteína do leite
e a eficiência alimentar (FERRARETTO et al., 2013). Porém é necessário manter a saúde
gastrointestinal de vacas leiteiras, e isso engloba a funcionalidade e composição da dieta,
a microbiota e o revestimento epitelial em todo o trato digestivo (PLAIZIERET al., 2012;
KHAFIPOURET al., 2016).
Ao buscar maior aproveitamento do amido na dieta, um outro fator de grande relevância
é a granulometria dos alimentos. Sabe-se que muitos estudos buscam encontrar o tamanho
de partícula ideal para os diferentes alimentos da dieta. E avaliar o desempenho dos animais
com diferentes tamanhos de partículas vem sendo constantemente pesquisado. Em um estu-
do conduzido por Castro et al. (2019) onde o objetivo foi avaliar o desempenho de vacas em
lactação alimentadas com grãos de milho reidratados e ensilados, diferindo no tamanho de
partícula e proporção na dieta. A moagem grosseira (2,2 mm) do milho não afetou o arma-
zenamento do grão, e a taxa de moagem foi de 3 vezes mais rápido do que a moagem fina
(1,6 mm). O grão moído grosso pode ser uma estratégia para aumentar a taxa de moagem,
poupando trabalho e gasto com energia durante a ensilagem. Não afetando o desempenho
da vaca, e pode ser vantajoso quando os preços do milho favorecem uma alta inclusão do
grão na dieta, e reduzindo a propensão a acidose ruminal em relação à moagem fina.
Segundo Fredin et al. (2014) uma das formas encontradas para analisar a digesti-
bilidade e o aproveitamento do amido na dieta de vacas leiteiras, é a análise do amido
fecal. A avaliação da concentração fecal de amido provou ser precisa como um preditor de
degradação e digestibilidade de amido por vacas leiteiras em experimento onde os animais
foram alimentados com dietas a silagem de milho. Sendo que alterações e adequações na
composição da dieta, por sua vez, devem ajudar para melhorar a digestibilidade do amido
e a eficiência da produção de leite.
Para avaliar o tamanho das partículas fecais, amostras de fezes (500 g) são coletadas
por meio de amostras instantânea do reto ou coleta de fezes frescas recentemente defecadas
pelos animais. A amostra Fecal então deve passar pelo peneiramento, utilizando peneiras
fecais com aberturas de 5 e 2 mm. As amostras fecais são lavadas por 5 min usando o
mesmo bico de água e pressão. Após peneiramento, os resíduos fecais de cada peneira
devem ser pesados novamente e as proporções de partículas de tamanhos diferentes são
201
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
utilizadas para calcular o percentual retido de cada peneira (VILLOT et al., 2020). Utilizando
dietas indutoras de acidose ruminal com alto teor de amido, Villot et al. (2020) obteve na
técnica de peneiramento fecal, o percentual de 18,9 % na somatória das peneiras de 5 e 2
mm. Enquanto em dietas de baixo amido o percentual foi de 13,7 %.

CONCLUSÃO

Existe uma rápida necessidade de adoção de análises de precisão em fazendas leitei-


ras, permitindo aos técnicos e produtores monitorar os rebanhos leiteiros e obter informações
para apoiar a tomada de decisão e melhorar produtividade e lucratividade. O balanceamento
de dietas utilizando valores reais de fibra fisicamente efetiva, teor e digestibilidade de amido,
poderão tornar a dieta mais viável do ponto de vista econômico e de saúde ruminal. A ava-
liação da taxa de ruminação de vacas em lactação, além de ser uma importante ferramenta
para análise nutricional, poderá também fornecer informações e análises de saúde das
vacas em lactação.

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60. ZEBELI, Q.; ASCHENBACH, J.R.; TAFAJ, M.; BOGUHN, J.; AMETAJ, B.N.; DROCHNER,W.


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207
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
14
Avaliação do ambiente em pesquisas
sobre o comportamento dos suínos
em crescimento e terminação: uma
revisão sistemática

Talita Pereira Cagliari


Unipampa

Bruno Neutzling Fraga


Unipampa

Carlos Alexandre Oelke


Unipampa

Gerson Guarez Garcia


UFSM

Vladimir de Oliveira
UFSM

Marcos Speroni Ceron


UNIFENAS

10.37885/210504785
RESUMO

A suinocultura pode ser aprimorada quanto ao bem-estar animal através de adequações


oriundas da análise comportamental, porém isso é algo complexo por resultar da inte-
ração dos suínos com as variáveis do ambiente. O objetivo neste trabalho foi analisar o
fator ambiente em pesquisas de avaliação comportamental de suínos em crescimento
e terminação. O trabalho foi desenvolvido através de uma revisão sistemática a partir
de artigos que avaliaram o comportamento de suínos nas fases de crescimento e termi-
nação. Os dados foram extraídos e tabulados em planilha eletrônica para avaliação e a
interpretação dos dados. Os artigos descreveram parâmetros distintos do ambiente e, na
maioria das vezes, de forma simplificada. O ambiente, clima, temperatura, instalações,
manejos, lotação, comedouros e bebedouros, influenciam o comportamento dos suínos
de forma direta. Os artigos de avaliação comportamental de suínos em crescimento e
terminação possuem carência de informações sobre os fatores ambientais, o que impos-
sibilita analisar a influência do ambiente sobre o comportamento dos suínos.

Palavras-chave: Adequação, Etograma, Revisão Sistemática.

209
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína do mundo (ABPA, 2019) devido as
questões geoclimáticas, ao melhoramento genético, nutrição balanceada, manejos e instala-
ções adequadas para suínos. A adaptação do País às novas tendências de mercado garante
valor agregado ao produto final e abre mercado para países consumidores que exigem boas
práticas na criação de suínos.
A produção de suínos intensiva emprega o sistema de confinamento que melhora o
monitoramento dos animais e a renda para os criadores. No entanto, a manutenção dos ani-
mais em um ambiente de convívio contínuo em espaço limitado com fatores microclimáticos
estressantes pode alterar o comportamento natural dos animais e, alguns casos extremos,
provocar distúrbios comportamentais como agressividade e estereotipias. Por isso, deve-
-se manter os animais em ambientes com clima agradável e sem mudanças bruscas para
amenizar os efeitos deletérios (EINSFELD et al., 2014).
O bem-estar animal deve ser considerado durante todo o ciclo de vida dos suínos, com
práticas de manejo que minimizem os distúrbios (BRAUN, 2000). Para tanto, é importante
saber o que observar e qual ferramenta utilizar para este tipo de avaliação. O etograma é
uma ferramenta eficaz que é utilizada em várias pesquisas para análise comportamental
dos suínos (FERREIRA et al., 2016; MEER et al., 2017). São duas grandes etapas, uma
qualitativa para observar, descrever e categorizar os comportamentos e uma fase quantita-
tiva, onde os comportamentos serão mensurados em intervalos de tempo (DURÇO et al.,
2014). No entanto, cabe ressaltar que o comportamento animal é resultado da interação do
animal com o ambiente.
As pesquisas de comportamento de suínos invariavelmente ocorrem em ambientes
distintos, o que pode gerar diferenças comportamentais. A análise destes trabalhos de
forma agrupada talvez possa resultar em uma corroboração dos resultados ou até mesmo
indicar novas conclusões. A revisão sistemática é uma ferramenta que agrupa resultados
entre trabalhos e que pode contribuir para a extração de informações que avaliam o com-
portamento dos animais.
A suinocultura pode ser aprimorada no bem-estar animal através de adequações oriun-
das da análise comportamental dos suínos em crescimento e terminação realizada através
dos etogramas. No entanto, o comportamento animal é algo complexo por resultar da inte-
ração dos animais com as variáveis do ambiente. Desta forma, a realização de uma revisão
sistemática sobre a influência do ambiente em trabalhos que avaliem o comportamento
animal pode aperfeiçoar a compreensão e até mesmo sugerir melhorias de como realizar
os estudos do comportamento dos suínos em crescimento e terminação.

210
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DESENVOLVIMENTO

Sistema Intensivo de criação

A adoção de tecnologias pela suinocultura alterou o sistema de extensivo para inten-


sivo. A produção de suínos foi intensificada através de métodos de confinamentos o qual
viabilizou o monitoramento dos animais, redução das perdas de energia e de espaço. Desta
forma, houve aumento da produtividade com animais em um ambiente de convívio contínuo e
de manejos diários. O formato intensivo consiste em um ciclo completo confinado em gaiolas
ou baias geralmente em grupos ou de forma individual. A implantação tecnológica permitiu
esse método e aumentou a produtividade (DEMORI et al., 2012).

Ambiente

O ambiente pode ser definido como aquilo que envolve o indivíduo. Portanto, é o con-
junto de tudo o que está ao entorno do indivíduo como as condições biológicas, físicas e
químicas na qual os seres vivos se desenvolvem. Desta maneira, o ambiente é a construção
natural ou artificial com interações entre as coisas e os objetos bem como a relação que
ocorre entre os seres vivos (RIBEIRO, 2012). O ambiente é capaz de motivar e ou mitigar
as ações dos indivíduos e até mesmo transformar os próprios seres vivos conforme for a
interação com o meio (JACOBI, 2003). Quando o meio não for adequado a espécie pode
desenvolver comportamentos estereotipados (MASSARI et al., 2015). Em contrapartida,
quando em local adequado os seres vivos desenvolvem comportamentos tranquilos e na-
turais da espécie essenciais para o máximo desempenho animal.
Os suínos são criados em diferentes tipos de pisos que influenciam do desempenho
(COSTA et al., 2006). O piso compacto ou de concreto é o mais utilizado em galpões de
confinamento intensivo. O piso de cama sobreposta, que consiste na utilização de um leito
profundo composto por um substrato (maravalha, palha de cereais, casca de arroz entre
outros) com a função de absorver a fração líquida dos dejetos pode ser utilizado em regiões
frias por ajudar na manutenção da temperatura dos animais (COSTA et al., 2008), mas requer
um manejo adequado e imprescindível. O piso vazado (de ferro, concreto ou plástico) possui
espaçamento adequado para permitir a passagem dos dejetos e manter o ambiente mais
fresco ao facilitar a circulação de ar. O tipo de piso deve ser considerado para determinar o
espaçamento por animal na baia.
Assim, o piso totalmente vazado deve possuir uma área de 0,70m² por animal, o piso
parcialmente ripado 0,80m² e o piso compacto 1,00 m² (KUNZ et al., 2003).

211
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Os comedouros e a forma de apresentação da ração possuem importância no desen-
volvimento dos suínos uma vez que modificam a ingestão de ração. Os comedouros podem
ser de acesso individual, coletivo e até mesmo conjugados com bebedouro. Esses são se-
miautomáticos, com pequeno reservatório de ração ou completamente automáticos (KUNZ
et al., 2003). Os bebedouros são importantes ao fornecer o nutriente de maior exigência
na criação dos suínos. Os principais modelos existentes no mercado são o tipo concha e
chupeta (KUNZ, et al., 2016).
KIEFER et al., 2010, observou as variações de temperatura na suinocultura e de-
terminou que a temperatura termo neutra é de 16°C a 26°C e a temperatura por estresse
térmico é superior a 27°C. As variações de temperatura devem ser minimizadas durante o
dia e isso é possível com auxílio de equipamentos para climatização. Existe uma grande
variedade de equipamentos que ajudam promover o conforto térmico, entre eles estão as
alternativas de menor tecnologia como o sombreamento do galpão, pinturas de telhados,
cobertura vegetal no entorno do galpão, forro e sombrite. Como também técnicas com
maiores tecnologias é o caso dos aspersores, ventiladores, cortinas, exaustores, placas de
aquecimento, essas tecnologias são controladas de forma automática ou semiautomática,
onde um termômetro controla a temperatura e o ambiente é aquecido ou resfriado conforme
a necessidade (SEBRAE, 2016).

Comportamento de suínos

O comportamento é a forma como os animais se expressam em relação ao ambiente


ao qual eles estão inseridos, ou seja, é a expressão da união entre o organismo e o meio
ambiente (MEC,1992). Os suínos têm características comportamentais específicas e são
capazes de alterar seu comportamento para se adaptarem ao ambiente em que vivem
(QUINIOU et al., 2000). Fatores como o sexo, números de animais alojados e peso podem
influenciar no comportamento ingestivo dos animais (ABPA, 2019).
Os suínos são animais homeotérmicos que obtêm o máximo desempenho na zona de
conforto térmico, quando outros fatores ambientais estiverem em harmonia. Essa compreende
a faixa de temperatura ambiente efetiva, na qual o calor produzido durante os processos de
mantença e de produção é igual ao calor perdido para o ambiente térmico, sem a necessi-
dade de aumentar a taxa de produção de calor metabólico (JACOBI et al., 2003). Quando
submetidos a uma fonte de calor superior à sua zona de conforto ocorre a diminuição da
ingestão de alimento e aumento do consumo de água. Desta maneira, em situações de altas
temperaturas ambientais os suínos modificam seu comportamento (QUINIOU et al., 2000).
Os suínos apresentam glândulas sudoríparas queratinizadas afuncionais que não rea-
lizam a manutenção da temperatura corporal (FREITA et al., 2017). O suíno apresenta
212
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
dificuldade para dissipar calor em ambiente de alta temperatura e umidade, pois o excesso
de umidade restringe as perdas evaporativas pela respiração e contribui para diminuir o
apetite. Desta forma, torna-se necessário fornecer aos animais alternativas para a realização
de trocas de calor, como o aumento no contato corporal com a superfície para promover as
trocas condutivas, convectivas e evaporativas (MORALES, 2010).
Em situações que ocorra restrições de área por animal na fase de crescimento pode
haver competição por alimento. Os suínos podem apresentar comportamento alimentar
inadequado ao reduzir o número de visitas diárias ao comedouro e alterar o tempo de inges-
tão de alimento por visita, o que influencia negativamente o ganho de peso e a conversão
alimentar dos animais (QUINIOU et al., 2000).
O confinamento excessivo pode ser muito estressante para o animal pelo espaço
reduzido dentro das áreas de convívio dos animais (baias) e com a alta taxa populacional
pode ocorrer interações agonísticas (qualquer comportamento social relacionado à luta)
(BAPTISTA et al., 2011). Esse comportamento surge da hierarquia social que geralmente
ocorre pela mistura de grupos em baias coletivas e provoca um alto estresse. Segundo
MACHADO FILHO (2000), os suínos na fase de crescimento criados em sistema de confi-
namento passam mais tempo com comportamento agressivo e reduzem os comportamentos
alimentar e exploratório quando comparados aos animais criados ao ar livre. Os animais
demonstram através de vários comportamentos todo o desconforto (SANTOS et al., 2018).
O tipo de piso adotado na criação pode ter uma influência na troca de calor entre os
animais, o piso parcialmente vazado facilita essa troca, assim como a higiene. Os come-
douros e bebedouros automáticos ou semiautomáticos permitem a ingestão à vontade, de
fácil acesso e mantém a água limpa o que induz o consumo de ração. Uma série de fatores
atrelados ao ambiente, como instalações mal adaptadas e técnicas de manejo inadequadas,
geram elementos estressantes para os animais.

Bem-Estar Animal pelas 5 liberdades

O Bem-estar animal pode ser definido como o domínio sobre conhecer, avaliar e garantir
as condições para satisfazer as necessidades fundamentais dos animais que estão sobre os
cuidados do homem. Para fornecer as condições adequadas de sobrevivência aos animais
é importante empregar o conceito das cinco liberdades (CAP, 2006).
A liberdade nutricional garante aos animais acesso ao alimento e à água de boa qua-
lidade e em quantidade suficiente para o seu desenvolvimento. Além disso, evita desequi-
líbrios como desidratação, obesidade ou peso abaixo do ideal para a respectiva idade e
estado fisiológico.
A liberdade sanitária garante a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz
de patologias acometidas aos animais. A vacinação é uma forma importante e eficiente de
213
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
garantir essa liberdade, além de diminuir o risco de transmissão de doenças dos animais
para os seres humanos (zoonoses). Como se não bastasse, garante o bem- estar único, que
considera a harmonia entre o bem-estar dos animais, dos seres humanos e o respeito ao
meio ambiente. Outro meio de promover a liberdade de dor é através do uso de anestesias
em procedimentos invasivos, como na castração de animais de produção, entre outros.
A liberdade ambiental garante aos animais as condições ideais de abrigo para estarem
protegidos das intempéries climáticas. Animais devem estar abrigados do sol e da chuva em
instalações construídas com materiais adequados (telhado, piso), apropriados ao ambiente
e à espécie para evitar desconforto térmico por frio ou por calor.
A liberdade comportamental é assegurada quando os animais estão alojados em insta-
lações com densidade adequada (sem superlotação), que permitem movimentação normal.
Animais precisam ser criados em espaços adequados, que permitam seus comportamentos
naturais e alguns necessitam de interação social com outros animais da mesma espécie.
A liberdade psicológica visa evitar que os animais passem por situações que lhes
causem sofrimento e sentimentos negativos. Um exemplo disso é o momento do transporte
para animais de produção, situação que pode causar grande apreensão nos mesmos. Para
minimizar esse estresse, existem diversas medidas que devem ser tomadas, como a utili-
zação de veículos adaptados para cada espécie, densidade correta de animais dentro dos
veículos, uso de piso antiderrapante, melhor controle da temperatura e da ventilação em
caminhões fechados, treinamento de condutores, entre outras (RYAN et al., 2020).

Revisão sistemática

A avaliação de um conjunto de dados provenientes de diferentes estudos é com-


preendida como um método de pesquisa denominada de revisão sistemática (BUEHLER
et al., 2014). Essa coleta comprova toda evidência empírica que se encaixa em critérios
de elegibilidade pré-definidos, com o objetivo de responder uma questão específica. Utiliza
métodos sistemáticos que são selecionados com o objetivo de minimizar vieses para for-
necer resultados mais confiáveis, com os quais conclusões podem ser obtidas e decisões
tomadas. As revisões sistemáticas são particularmente úteis para integrar as informações
de um conjunto de estudos realizados separadamente sobre determinada terapêutica ou
intervenção mesmo ao apresentar resultados conflitantes e/ou coincidentes, bem como
identificar temas que necessitam de evidência para auxiliar na orientação de novas ou apro-
fundamento de investigações. As revisões sistemáticas permitem incorporar um espectro
maior de resultados relevantes, ao invés de limitar as conclusões à leitura de somente alguns
artigos (SAMPAIO et al., 2007).

214
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
METODOLOGIA

A base de dados foi desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa em Suinocultura da Unipampa


Itaqui (GPSUI), no período entre agosto de 2018 a novembro de 2019 e revisada em março
de 2021. A pesquisa foi realizada em bancos de dados como Google Scholar, Scielo, perió-
dico CAPES, revistas nacionais e internacionais. Foram selecionados artigos referente ao
comportamento dos suínos em fase de crescimento e terminação, publicados desde 1976
a 2018. Foi realizada uma revisão sistemática na literatura para a compilação de dados de
vários estudos sobre o mesmo tema (SOUSA et al., 2009).
A partir dos trabalhos selecionados foi possível realizar uma leitura exploratória e
verificar as metodologias e conteúdo. Ao atender os requisitos todos os dados do trabalho
foram transcritos para uma planilha eletrônica. A planilha eletrônica atingiu 298 colunas
e 124 linhas com total de 9.186 (24,86%) células preenchidas com dados extraídos dos
artigos. Os dados foram tabulados em seções, sendo: identificação do artigo, material e
métodos, ambiente, animal, comportamentos e carcaça. Desta forma, foi selecionada a
descrição de materiais e métodos, pois consta de forma quantitativa como foram realizados
os procedimentos e as descrições dos ambientes para os estudos. A tabulação dos dados
em planilha eletrônica possibilitou a avaliação e a interpretação. A seção de identificação do
artigo (12 colunas), agrupou os dados como nome do periódico, volume, número, páginas,
ano, autores, instituições, país e título. A seção material e métodos (42 colunas) constavam
o tipo de experimento, delineamento, número de tratamentos, descrição dos tratamentos,
repetições, número de animais, fornecimento de ração e água, período de adaptação e todos
os dados para a observação animal. A seção de ambiente (73 colunas,), foram elencados
todos os componentes mencionados em relação à ambiência proporcionada aos suínos em
observação, fatores como descrição do galpão (orientação, dimensões, área e os materiais
utilizado nas edificações), descrição da área de confinamento (espaçamento, baia ou gaiola,
tipo de piso, comedouros, bebedouros) e climatização das salas (iluminação, temperatura,
umidade relativa do ar e índice de temperatura de globo e umidade). A seção animal (35
colunas) constou de todas as informações obtidas em relação aos animais, como genética,
sexo, idade inicial e ao final do experimento, peso inicial e ao final do experimento, consumo
de ração, ganho de peso, conversão alimentar, consumo de nutrientes e energia, deposição
de proteína e gordura, bem como temperatura corporal e frequência respiratória. A seção
comportamentos (120 colunas), foram tabulados os dados referentes à conduta dos espéci-
mes em observação. As avaliações dos comportamentos dos animais foram realizadas em
diferentes situações por diferentes pessoas, o que gerou uma grande variação. De forma
simples, os principais comportamentos são do animal (comendo, bebendo e dormindo) e do
animal ao interagir com outros animais ou com as instalações. A última sessão (16 colunas)
envolve questões de carcaça como peso quente, rendimento, comprimento, porcentagem
de carne magra e gordura, espessura de toucinho e peso de órgãos. 215
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
As informações retiradas dos trabalhos foram avaliadas de forma individual para a
tabulação. Isto porque, os experimentos utilizaram uma amplitude de metodologias, formas
de coletas e de avaliações e até mesmo distintas interpretações de termos. A avaliação dos
dados foi realizada por tabulação dos dados em planilha eletrônica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seleção baseada nos critérios estabelecidos resultou em uma base de dados consti-
tuída de 24 artigos entre os anos e de 1976 até 2018. Na tabela 1, estão os dados de início
e final dos experimentos, assim como o clima da região e orientação do galpão.

Tabela 1. Período de realização e caracterização do cenário dos experimentos

Fonte: elaborada pelo autor.

216
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Constata-se que somente 29% dos autores relataram o período inicial e final dos
experimentos. Da mesma maneira, o clima da região foi descrito em 37,5% dos trabalhos.
Esses dados são importantes para o estudo, pois somente dessa maneira é possível a
identificação do clima e a época do ano que foi executado os experimentos a fim de definir
a influência ou não do ambiente e obter resultados verificáveis quanto ao aspecto de inte-
ração do ambiente e animal.
Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico
dos animais e aproveitar as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem
ser delineados como a orientação do galpão em relação ao sol, área circundante e som-
breamento. Os galpões devem estar posicionados, preferencialmente, no sentido leste-oeste
em relação ao Sol, para diminuir a incidência de raios dentro dos galpões (ROLOFF, 2011).
Cerca de 4 autores (16,6%) informaram a orientação do galpão sendo leste/oeste, os demais
autores não indicaram a orientação. Isto implica na impossibilidade de afirmar que os animais
que passaram por estresse térmico no artigo de SANTOS et al., 2018 estavam sombreados
ou exposto ao sol pois não tras a informação da posição em relação ao sol.
A instalação é de suma importância para os suínos, pois é o local onde passam maior
parte da vida e, consequentemente, devem ser adequadas. Os dados sobre o microclima
como sala climatizada nos casos que ocorreu controle de temperatura, programa de luz,
umidade relativa do ar, temperatura de globo negro estão na tabela 2.

Tabela 2. Descrição de algumas variáveis do microambiente dos experimentos

217
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O dado apresentado com maior frequência do ambiente foi o microclima em que os
animais eram mantidos ou submetidos, como no caso de experiência com estresse térmico
ou temperaturas termoneutras. O controle de temperatura por sala climatizada foi utilizado
em 37,5% dos estudos, isso corresponde a 9 artigos. Os autores submeteram os animais
a estresse térmico que corresponde a temperaturas superiores a 27°C e em temperatu-
ras termoneutras que vão até 26°C para animais em fase de crescimento e terminação
(RODRIGUES et al., 2011). Com isso, avaliaram a mudança comportamental onde os suínos
em temperatura ternoneutra se apresentam mais calmos e com maior ingestão de alimento
em contrapartida os suínos em ambiente de estresse térmico apresentam o comportamento
hostil entre os companheiros e ingerem maior quantidade de água (OLIVEIRA et al., 2017).
VASCONCELOS et al., 2015, não informam as condições ambientais como a temperatura
e nem as edificações em que os
suínos eram mantidos, mas informa o consumo de ração e o ganho de peso diário.
Dessa forma, existe uma dificuldade em verificar se o experimento com enriquecimento am-
biental foi eficaz uma vez que não relata como era o ambiente anterior ao enriquecimento.
218
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
A temperatura de globo negro foi utilizada em 8,33% dos estudos que corresponde a
dois artigos. A temperatura de globo negro indica os efeitos combinados da energia radiante,
temperatura e velocidade do ar que são três fatores que afetam o conforto térmico dos suínos
(SOUZA et al., 2002). A inclusão de tal equipamento em experimentos parece ser simples e
capaz gerar resultados mais sólidos para a análise do conforto térmico dos animais.
O ambiente é composto por diversos objetos e elementos, o local onde o animal é
criado se torna importante para o seu desenvolvimento ao influenciar as ações. A tabela 3
possui a descrição do ambiente, área por animal, uso de gaiolas, o uso da cama de palha,
o tipo de comedouro e bebedouro.

Tabela 3. Aspectos estruturantes e de equipamentos do ambiente

219
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
220
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Fonte: elaborada pelo autor.

Somente 12 autores (50%) informaram a área por animal disponibilizada do galpão no


experimento. Para a fase de crescimento e terminação onde os animais permaneçam na
mesma baia é recomendada uma área igual a 1,1m² por animal (ROLOFF, 2011). Entre os
estudos, somente 3 relataram que usavam algum tipo de gaiola metálica e 14 deles (58,33%)
informaram que o espaçamento ficou entre 0,42m² e 13,06m². AMARAL et al., 2006, relata
que o espaço adequado para suínos em terminação é de 1m² no mínimo, o espaçamento
para leitões até 14 dias de idade é indicado 0,33m² por animal e o espaçamento para machos
reprodutores no mínimo de 6m² por animal em baia separada.
Verifica-se que metade dos autores (12 autores) descreveram o tipo de comedouro
que os animais tiveram acesso e cerca de 14 deles informaram o tipo de bebedouro. Esses
dados equivalem a 50% e 58,3% respectivamente. BEATTIE et al., 2000, relataram em seu
estudo o consumo diário da ração, mas não informaram o tipo de comedouro ou se a ração
era fornecida à vontade. Segundo FACCIN, J. 2020, o tipo de comedouro influencia drasti-
camente o ganho de peso diário e ajustes no comedouro afetam tanto a eficiência nutricional
quanto a taxa de crescimento.
O tipo de piso foi descrito em 12 dos estudos. Além disso, em um dos estudos houve
dois experimentos, um com piso vazado e outro com lâmina d’água. O sistema de cama
sobreposta, que consiste na criação de suínos em leito formado por maravalha ou outro
material (serragem, palha, casca de arroz), pode ser utilizado em regiões frias para manter
a temperatura dos suínos. Para tanto, é recomendado que a cama sobreposta tenha altura
entre 25cm a 50cm quando colocada sobre o piso de concreto (COSTA et al., 2006). Entre
as pesquisas, somente 4 autores relataram o uso da cama sobreposta de palha, mas não
relatam qual a época do ano os experimentos foram conduzidos. PUTTEN, G.V.; et al.
(1976) e FRASER, D.; et al. (1991) informam ao menos a temperatura média do ambiente.
FRASER, D.; et al. (1991) e BOLHUIS, J.E.; et al. (2005) relataram que a cama sobreposta
foi inserida em cima do piso de concreto e PUTTEN, G.V.; et al. (1976) e MORGAN, C.A.;
et al. (1998) não relatam se foi no piso de concreto ou sobre o chão batido. Desta maneira,
percebe-se que a identificação dos ambientes aos quais os animais foram mantidos podem
ser aprimoradas.
221
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
As informações e a descrição do ambiente são fatores de influência sobre o compor-
tamento do suíno. Em um estudo de comportamento animal é indicado que sejam descritos
todos os fatores para possibilitar a verificação se o comportamento foi “natural” ou influen-
ciada por algum fator externo específico. Como por exemplo, AMARAL et al., 2014, relatam
o tempo em que os animais ficaram deitados, mas não informa qual o tipo de piso que esses
animais eram mantidos. Desta forma, é difícil confirmar se os suínos permaneceram em
posição “deitado” por estarem confortáveis no ambiente ou por estarem desconfortáveis na
posição “em pé” ou outras combinações.
O estudo do comportamento dos suínos em fase de crescimento e terminação por
etograma poderia apresentar na metodologia mais informações e descrições do ambiente.
Como sugestões pode-se apresentar fatores como o tipo de alojamento no galpão (baia,
gaiola, piquete), de cobertura (cerâmica, fibrocimento, sanduíche), de aberturas laterais (com
cortina, tela ou sem abertura), de piso (compacto, vazado, cama sobreposta, lâmina d’água)
e sua composição (cimento contra piso, plástico, metal, palhada, água), de bebedouros (co-
cho, chupeta, nipple) e comedouros (individual, coletivo, semiautomático...), animais por baia
ou em gaiola, orientação do galpão, climatização e quais os equipamentos foram utilizados.
Além disso, a caracterização do local quanto aos agentes influenciadores dos sentidos de
visão, tato, olfato e audição são primordiais para classificar o ambiente como tranquilo ou
possuidor de estressores.
Os resultados obtidos em alguns artigos poderiam ser melhor investigados e aprofun-
dados uma vez que o comportamento dos suínos é o somatório da genética, do ambiente e
interações. A carência de informações sobre os fatores ambientais nos artigos impossibilita a
realização de uma análise sistemática sobre “qual ambiente o animal era mantido”, “onde era
esse local”, “como eram as instalações”, “quando ocorreu os experimentos”, “quanto tempo
durou as avaliações” e “quais e como foram utilizados os equipamentos” para as avaliações
do comportamento dos suínos nas fases de crescimento e terminação por influência do am-
biente. Recomenda-se que em estudos de comportamento, com uso de etogramas ou não,
de suínos em crescimento e terminação descreva-se detalhadamente o ambiente. Como
se não bastasse, pondera-se que os artigos avaliados possuem objetivos, particularidades
experimentais e temporalidades de cunho individual e, consequentemente, são compreen-
didos como relevantes para agregar conhecimento. Contudo, visualiza-se a possibilidade de
aprimorar a suinocultura através da equalização e descrição detalhada do ambiente a fim de
possibilitar avaliações com interações entre as pesquisas comportamentais de suínos nas
fases de crescimento e terminação.

222
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os artigos de avaliação comportamental de suínos em crescimento e terminação pos-


suem carência de informações sobre os fatores ambientais, o que impossibilita analisar a
influência do ambiente sobre o comportamento dos suínos.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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227
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
15
Milheto na alimentação de frangos
de corte caipira no período de 1 a 13
dias de idade

Kelciane Soares de Oliveira Karoline Rocha Mendonça


UESPI UESPI

Hidaliana Paumerik Aguiar Bastos Marlei Rosa dos Santos


UESPI UESPI

Antonia Leidiana Moreira Ana Teresa Pereira da Silva


UESPI UESPI

Mysterdanes Pires do Nascimento Elvania Maria da Silva Costa Moreira


UESPI UFPI

Karine Rocha Mendonça Warlington Aquilis Araújo Coelho


UESPI UESPI

10.37885/210504799
RESUMO

Objetivou-se avaliar o desempenho de frangos de corte caipira alimentados com dietas


contendo milheto no período de 1 a 13 dias de idade. Foram utilizados 81 frangos de
corte da linhagem caipira Francês, com um dia de idade com peso médio de 40g. O de-
lineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), com 3 repetições e 3
tratamentos, totalizando 9 unidades experimentais. Os tratamentos foram: T1 - Dieta
com 0% de milheto; T2 – Dieta com 30% de milheto; T3 – Dieta com 60% de milheto
em substituição ao milho. Não observou efeito significativo para o consumo de ração,
ganho de peso e conversão alimentar dos frangos de corte no período analisado. Nas
condições em que o trabalho foi conduzido, conclui-se que o milheto pode substituir o
milho em até 60% em dietas para frangos de corte Caipira Francês no período de 1 a 13
dias de idade sem prejudicar as características de desempenho produtivo dos animais.

Palavras-chave: Alimento Alternativo, Desempenho, Pennisetum Americanum, Ração.

229
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos na área da avicultura contribuíram de forma significativa com


o crescimento do setor, permitindo dessa forma, maiores índices de desempenho produtivo
dos animais. A avicultura é uma atividade econômica que desempenha papel de grande
importância na estrutura agropecuária do Brasil, sendo um constante desafio para os técni-
cos obterem maior produtividade com menores custos, principalmente com a alimentação
(BRANDÃO et al., 2007).
A alimentação representa cerca de 70% do custo da produção das aves, principalmente
porque as matérias-primas são largamente usadas tanto para criação de aves altamente
tecnificadas, quanto para o consumo humano. Portanto, devem-se buscar fontes alterna-
tivas de alimentos, principalmente energéticos e proteicos, como também de formulações
que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de produção da galinha caipira
(EMBRAPA, 2007).
O milho e o farelo de soja são os ingredientes vegetais mais utilizados nas rações de
frangos de corte em razão de seu valor nutritivo e também de sua disponibilidade no mer-
cado brasileiro (LEITE, 2011).
Existe uma procura constante por ingredientes alternativos ao milho e ao farelo de soja
que sejam mais baratos e que não prejudiquem o desempenho produtivo dos animais. O mi-
lheto (Pennisetum americanum) tem sido testado como uma alternativa econômica, uma
vez que seu preço é inferior ao do milho, principalmente no período da entressafra, e sua
composição química e energética é semelhante à do milho (GOMES, 2008).
O milheto constitui uma opção como fonte energética para ser utilizado na alimentação
animal. Esta fonte possui teores de proteína superiores aos níveis encontrados no milho e
apresenta maior concentração de aminoácidos (ADEOLA; ORBAM, 1995), o que permite a
formulação de dietas com menor nível de aminoácidos sintéticos, a fim de reduzir os custos
com a ração (MURAKAMI et al, 2009).
O milheto apresenta ainda como vantagem para inclusão em dietas animais, menor
susceptibilidade à ocorrência de fungos, diminuindo assim a incidência de problemas como
mico toxinas (BANDYOPADHYAY et al., 2007). Por outro lado, apresenta grande vantagem
em relação a outros cereais, pois não possui fatores antinutricionais, que interferem na di-
gestibilidade, absorção e utilização dos nutrientes (GARCIA, 2011).
A criação de aves para a produção de carne tipo caipira é um dos segmentos da avi-
cultura alternativa que tem se mostrado promissor, tendo em vista a fatia do mercado com-
posta por consumidores que demandam por produtos mais saborosos (SANTOS, 2005), e
na dieta das aves pode-se substituir o milho por milheto em proporções variáveis de acordo
com a fase de criação.
230
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Ao estudarem a substituição do milho pelo milheto na dieta de frangos de corte de 1
a 42 dias de idade, Davis et al. (2003), observaram que a inclusão deste ingrediente em
níveis de até 50% na dieta melhorou o peso das aves e manteve os valores de conversão
alimentar, sendo um alimento alternativo viável em termos econômico e nutricional para aves.
É de suma importância o estudo de alimentos alternativos na nutrição animal em todas
as fases de vida das aves, para que possa contribuir nas dietas desde a primeira semana
de vida. A avaliação de um alimento alternativo deve contribuir para o bom desempenho
animal, incluindo o consumo de ração e ganho de peso.

OBJETIVOS

Avaliar o desempenho de frangos de corte caipira alimentados com dietas contendo


milheto, incluindo o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar de frangos de
corte caipira, no período de 1 a 13 dias de idade alimentados com dietas contendo milheto
e determinar o melhor nível de substituição do milho pelo milheto em dietas para frangos de
corte caipira no período de 1 a 13 dias de idade.

MÉTODOS

Localização do experimento e animais experimentais

O experimento foi realizado em um galpão experimental no Setor de Avicultura do


Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia (IFPI), Campus de Uruçuí-PI, localizado
na região sul do estado, latitude -07°13’46’’, longitude -44°33’22’’ e altitude 167 metros no
período de 23 de outubro a 04 de novembro de 2018, para determinar o desempenho de
frangos de corte caipira.
Foram utilizados 81 animais da linhagem caipira Francês, comprados no comércio
local, com um dia de idade com peso médio de 40g. Os animais foram alojados em galpão
experimental com dimensão de 30m², composto por 09 boxes, cada boxe com dimensão de
1m2, equipado com bebedouros e comedouros (Figura 1). A cama foi composta de palha de
arroz (primeiro uso) com aproximadamente 5 cm de altura.

231
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Figura 1. Croqui do experimento no campo. O círculo azul representa o bebedouro, o círculo vermelho representa o
comedouro.

Os pintos foram pesados e colocados dentro dos boxes separado em cada tratamento.
Forneceu-se ração e água aos animais, inicialmente ficou um observador para averiguar
se os animais estavam bebendo e comendo. O aquecimento inicial das aves foi feito por
meio de duas campânulas elétricas providas de lâmpadas incandescentes de 60 Watts que
foram monitoradas observando-se a disposição dos animais sob a campânula e através de
medições diárias da temperatura. Os pintinhos vieram vacinados do incubatório contra a
doença de Marek.
O programa de luz adotado foi o contínuo (24 horas de luz natural + artificial), utili-
zando-se lâmpadas incandescentes de 60 Watts distribuídas uniformemente por todo o
galpão. A temperatura no interior do galpão foi aferida diariamente, durante todo o período
experimental, por meio de um termo higrômetro distribuído em um ponto do galpão.

Tratamentos e dietas experimentais

Os tratamentos consistiram em avaliar os níveis de 0%, 30%, 60% de substituição do


milho pelo milheto, nas dietas experimentais. Para cada dieta foram utilizadas 3 repetições
com 9 aves cada 1m2, em um delineamento inteiramente casualizado, totalizando 09 unida-
des experimentais. Os tratamentos foram esquematizados da seguinte forma:
T1 - Dieta com 0% de milheto;
T2 - Dieta com 30% de milheto;
T3 - Dieta com 60% de milheto.
As rações foram formuladas para atender as exigências nutricionais frangos de corte
caipira macho de desempenho regular no período de 1 a 13 dias de idade, considerando as
exigências e composição química dos ingredientes conforme descrito por Rostagno et al.
232
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
(2011), mantendo-se os mesmos níveis nutricionais e energéticos em todos os tratamen-
tos. A água e ração foi fornecida à vontade para os animais (Tabela 01).

Tabela 1. Composição percentual e calculada das rações experimentais para frangos caipira no período de 1 a 13 dias
de idade.
TRATAMENTOS
Ingredientes (%)
0% Milheto 30% Milheto 60% Milheto
Milho 56,850 37,100 18,600
Farelo de soja 35,344 34,073 32,560
Milheto 0,000 17,055 34,110
Óleo de soja refinado 0,191 0,494 0,371
Fosfato bicálcico 1,716 1,701 1,692
Calcário calcítico 1,443 1,461 1,471
Sal comum (Na Cl) 0,524 0,530 0,536
L-Lisina - HCL (79%) 0,000 0,000 0,020
Premix mineral e vitamínico 1
1,000 1,000 1,000
Material inerte 2,932 6,586 9,635
TOTAL 100 100
Composição calculada
Proteína bruta (%) 21,480 21,480 21,480
EM (kcal/kg) 2.750 2.750 2.750
Lisina digestível (%) 1,146 1,130 1,126
Metionina digestível (%) 0,607 0,611 0,615
Metionina+cistina digestível (%) 0,906 0,907 0,908
Treonina digestível (%) 0,737 0,732 0,727
Triptofano digestível (%) 0,244 0,250 0,256
Cálcio (%) 1,091 1,091 1,091
Fósforo disponível (%) 0,436 0,436 0,436
Sódio (%) 0,226 0,226 0,226

1
Níveis de garantia por kg do produto: ferro 4.000,00 mg; cobre 1.000,00 mg; magnésio 7.000,00 mg; zinco 6.000,00
mg; iodo 100,00 mg; selênio 30,40 mg; vitamina A 920.000,00 UI; vitamina D3 230.000,00 UI; vitamina E 1.954,40 UI;
vitamina K3 230,40 mg; vitamina B1 206,40 mg; vitamina B2 690,40 mg; niacina 4.024,80 mg; ácido pantotênico 1.264,80
mg; vitamina B6 298,40 mg; ácido fólico 115,20 mg; biotina 6,32 mg; vitamina B12 1.500,00 mcg; colina 50,00 g; lisina
110,00 g; metionina 350,00 g; nicarbazina 12,50 mg / 5.000,00 mg; enramicina 1.000,00 mg.

Os animais foram pesados no início e no final do período experimental, aos 13 dias


determinou-se o ganho de peso (peso médio final – peso médio inicial). O consumo da
ração foi calculado com base na diferença entre a ração fornecida e as sobras nos come-
douros, pesados do primeiro dia ao final do período experimental, considerando a correção
pela mortalidade de acordo com Sakomura e Rostagno, (2005). Com base nos dados de
ganho de peso (GP) e consumo de ração (CR), a conversão alimentar (CA) das aves foi
calculada (CA=CR/GP).

233
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Análise estatística

As médias das variáveis estudadas foram avaliadas utilizando-se o procedimento GLM


do Statistical Analysis System – SAS (2002). Após a análise de variância, foi procedida a
comparação de médias utilizando o teste SNK com nível de significância de 0,05.

RESULTADOS

As médias da temperatura durante o período experimental foi 32,05°C e 33,06°C manhã


e tarde, respectivamente, e umidade relativa do ar em torno de 59,00 manhã e 50,18% tarde.
Não se observou efeito significativo em nenhum parâmetro avaliado (P>0,05), sobre
os resultados: ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), e conversão alimentar (CA)
de frangos de cortes caipira submetidos à alimentação com inserção de milheto na dieta
alimentar cujo período de avaliação foi de 1 a 13 dias de idade (Tabela 2).

Tabela 2. Peso médio (PM), ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA) de frangos de cortes
caipiras alimentados com dieta contendo milheto por um período de 1 a 13 dias de idade
MILHETO (%)
Variáveis CV (%) Probabilidade
0 30 60
Consumo de ração (Kg) 0,148 0,138 0,153 7,082 0,299ns
Ganho de peso (Kg) 0,128 0,122 0,125 2,874 0,236ns
Conversão alimentar 1,156 1,128 1,221 7,985 0,493ns
ns
Não significativo, CV: coeficiente de variação.

DISCUSSÃO

Conforme Furlan e Macari (2008) a zona de conforto térmico para pintinhos nas fases
iniciais deve ser dentro de uma faixa entre 33 e 35 °C com umidade relativa média de 67,5.
Embora a umidade relativa do ar estivesse abaixo do recomendado, durante o período
avaliado, esse fator não afetou as características de desempenho produtivo dos animais.
Apesar de não ter ocorrido efeito significativo para as características de desempenho
em aves recebendo rações contendo milheto, pode-se afirmar que o milheto pode substituir
o milho em até 60% nas dietas de frangos caipira francês no período de 1 a 13 dias de idade.
Resultados semelhantes foram encontrados por Davis et al. (2003) que trabalhando com
milheto em dietas para frangos de corte no período de 1 a 16 dias de idade, afirmaram que
o milho pode ser substituído pelo milheto em até 100%.
Resultados semelhantes a este trabalho foram obtidos por Garcia et al. (2010), que ao
estudarem o milheto na alimentação de poedeira, e não observaram efeito da inclusão do
milheto na alimentação dos animais.

234
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Garcia et al. (2011) confirmaram a substituição do milho pelo o milheto em até 100%
da ração para galinhas poedeiras sem seu afetar o desempenho produtivo.
Ao avaliarem o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar, por fran-
gos de corte, no período de 1 a 21 dias de idade, consumindo diferentes níveis de rações
contendo milheto (0, 20, 20 e 40% de milheto nas rações), Gomes et al. (2008) observaram
que o melhor desempenho dos frangos foi quando receberam rações que continham os
maiores níveis de milheto e recomendaram a inclusão de até 40%, de milheto nas rações
sem comprometer o desempenho das aves.
Ao estudarem a utilização de milheto em rações contendo 0, 25, 50, 75 e 100% na
composição, Nagata et al. (2004), observaram que para a fase inicial pode-se incluir até
44,4% de milheto sem comprometer o desempenho dos animais.

CONCLUSÃO

Nas condições em que o trabalho foi conduzido, conclui-se que o milheto pode substi-
tuir o milho em até 60% em dietas para frangos de corte Caipira Francês no período de 1 a
13 dias de idade sem prejudicar as características de desempenho produtivo dos animais.

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Zootecnia, v.37, n.9, p.1617-1621, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbz/a/kBxw-
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11. MURAKAMI, A.E. et al. Avaliação econômica e desempenho de frangos de corte alimentados
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236
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
16
Qualidade de ovos e vida de prateleira

Camila Lopes Carvalho


UFRGS

Gabriela Miotto Galli


UFRGS

Nathalia de Oliveira Telesca Camargo


UFRGS

Thais Bastos Stefanello


UFRGS

Caroline Romeiro de Oliveira


UFRGS

Raquel Melchior
Consultora Técnica

Ines Andretta
UFRGS

10.37885/210504807
RESUMO

O ovo é um dos alimentos mais completos da dieta humana e apresenta uma composi-
ção rica em vitaminas, minerais, ácidos graxos e proteínas de excelente valor biológico.
Entretanto, são produtos perecíveis e perdem qualidade rapidamente quando não são
armazenados corretamente. A qualidade física do ovo é um importante atrativo ao con-
sumidor e engloba diferentes aspectos, sendo estes influenciados por fatores extrínsecos
e intrínsecos às aves. As características do ovo relacionadas extrinsecamente às aves
são temperatura, umidade relativa do ar e duração e condições de estocagem. Já as
intrínsecas são linhagem, idade da poedeira e condição nutricional e sanitária do ani-
mal. Para manter a qualidade dos ovos, o emprego de tecnologia adequada, antes e
logo após a postura, é necessário para prolongar a vida útil do ovo e de seus produtos
derivados. A busca por tecnologias inovadoras que possam auxiliar na manutenção da
qualidade interna dos ovos durante o armazenamento e trazer melhoria nas proprieda-
des da casca é de grande interesse por parte da indústria avícola. Nesta revisão, são
apresentados fatores que afetam as características físico-químicas dos ovos e diferentes
tecnologias e aditivos disponíveis para aumentar a sua qualidade e vida de prateleira.

Palavras-chave: Avicultura, Aditivos, Revestimento, Segurança de Alimentos.

238
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) considera que o termo


‘ovo’ deve ser usado para designar o ovo de galinha em casca, estando os demais ovos
acompanhados de designação de espécie (BRASIL, 1990). O ovo de mesa é resultado da
eficiente transformação biológica realizada pela ave de postura, que tem a capacidade de
utilizar e transformar recursos alimentares de menor valor biológico em produtos com alta
qualidade nutricional para o consumo humano (BERTECHINI, 2004). O ovo possui vitaminas
do complexo B, A, E, K; minerais como ferro, fósforo, selênio e zinco; carotenoides como
luteína e zeaxantina; e gorduras. Possui também outros nutrientes benéficos à saúde, que
agem como antivirais, antibacterianos e na modulação do sistema imunológico. Além disso,
o ovo é considerado um representativo do modelo de proteína ideal (AMARAL et al., 2016;
FIGUEIREDO, 2012).
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o
Brasil é o sexto maior produtor de ovos do mundo (FAO, 2017). Em 2020, cerca de 12 milhões
de matrizes de postura foram alojadas e a produção chegou a 53 bilhões de ovos. Também
vale ressaltar o aumento significativo do consumo per capta de ovos nos últimos anos,
chegando a 251 ovos consumidos por habitante brasileiro no ano de 2020 (ABPA, 2021).
A partir da crescente demanda por ovos, a qualidade dos mesmos tornou-se um motivo
de preocupação tanto para os consumidores quanto para os produtores. Além de perdas
econômicas, os defeitos na qualidade podem ocasionar problemas para a saúde pública
(KRAEMER et al., 2003). A qualidade dos ovos depende de inúmeros fatores, entre eles a
vida de prateleira (Lemos et al, 2014). Muitos estudos tem sido publicados a fim de aumentar
e melhorar o conhecimento neste área.

QUALIDADE DE OVOS

A qualidade física do ovo é um importante atrativo ao consumidor e engloba diferen-


tes aspectos, sendo esses relacionados a três componentes principais: o albúmen, que
representa cerca de 60% do ovo; a gema, que representa em torno de 30% e a casca, que
representa aproximadamente 10% do ovo. Inúmeros fatores definem a qualidade do ovo,
entre eles podemos citar: o peso, altura da câmara de ar, espessura e resistência da casca,
espessura do albúmen, índice de gema e Unidade Haugh (LAGHI et al, 2005; OLIVEIRA;
OLIVEIRA, 2013; QUEIROZ et al, 2016; STADELMAN, 1977).
A legislação brasileira determina condições mínimas internas para ovos, sendo os ovos
para consumo humano classificados em duas diferentes categorias: “A” e “B”. Ovos da catego-
ria “A” devem apresentar casca e cutícula de forma normal, lisas e limpas; câmara de ar não
239
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
superior a 6 mm e imóvel; gema visível a ovoscopia; clara límpida, translúcida, consistentes,
sem manchas ou turvação. Já os ovos da categoria “B” são destinados somente a industria-
lização, pois não se enquadram na categoria “A”, apesar de serem inócuos (BRASIL, 2017).
As características do ovo são influenciadas por fatores extrínsecos às aves como:
temperatura, umidade relativa do ar, duração e condições de estocagem. Além desses tam-
bém existem os fatores intrínsecos às aves como: linhagem, idade da poedeira, condição
nutricional e sanitária do animal (LANA et al., 2008. OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2013).
Em relação aos fatores intrínsecos às aves, sabe-se que a qualidade dos ovos diminui
com o avançar de idade das poedeiras. A partir da 72º semana tanto a produção de ovos
como a qualidade começam a declinar (SGAVIOLI, 2010). Os ovos aumentam de tamanho
e peso e a espessura da casca diminui. Tais fatores ocorrem devido ao menor deposito de
cálcio na casca, visto que aves mais velhas necessitam de um maior aporte de cálcio, o que
acaba comprometendo e aumentando as chances de ovos trincados e rachados. A avaliação
da casca é o principal método de avaliação de qualidade externa do ovo, sendo esta a porta
de entrada para patógenos. Sendo assim, a nutrição das aves, a idade das aves e a casca
dos ovos estão relacionadas e podem alterar a avaliação de qualidade (ANDERSON et al,
2004; OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2013; RUTZ, 2007; VASCONCELOS, 2018).
Como citado acima, a nutrição das aves possui extrema importância na qualidade da
casca dos ovos. Os nutrientes que mais influenciam são minerais como o cálcio, o fósforo,
o zinco e o manganês, além das vitaminas D e C. O desequilíbrio desses nutrientes pode
ocasionar problemas na qualidade da casca (GHERARDI; VIEIRA, 2018). O cálcio é um
dos componentes essenciais da casca do ovo e, portanto, um dos principais quando se
pensa em nutrição das aves, entretanto seu excesso pode ser prejudicial a outros minerais
(BAIÃO; LÚCIO, 2005).
A temperatura corporal das aves também altera a qualidade dos ovos. Tal fator provo-
ca uma série de alterações fisiológicas que culminam com a menor ingestão de alimentos,
aumento do ritmo cardíaco e respiratório, aumento no consumo de água, além de modifi-
car a conversão alimentar (BARBOSA FILHO et al., 2007). Temperaturas acima de 32 ºC
provocam o aumento do pH sanguíneo e aumento da taxa respiratória e assim reduzem os
níveis plasmáticos de cálcio e dióxido de carbono, o que influencia na formação da casca
dos ovos (MASHALY et al., 2004).
Diferentes linhagens, indivíduos e raças possuem particularidades que também podem
influenciar na qualidade do ovo produzido pelas poedeiras. Capacidade de transporte e
utilização de nutrientes geram alterações na qualidade do albúmen e da gema, assim como
particularidades na forma, cor e tamanho dos ovos (CARVALHO; FERNANDES, 2012). A se-
leção genética para a qualidade da casca dos ovos se baseia na espessura da casca e
240
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
sua coloração, o qual se torna um atrativo para os consumidores (WRAGG et al., 2013).
Também vale ressaltar que a qualidade da casca é inversamente proporcional a produtivi-
dade (MAZZUCO, 2008).
Já em relação aos fatores extrínsecos às aves, a temperatura de armazenamento é
um fator que altera a qualidade dos ovos. Para que se obtenha um aproveitamento maior
do valor nutricional dos ovos, preconiza-se que os ovos sejam conservados de maneira
correta durante todo período de armazenamento e comercialização. Entretanto, a legislação
brasileira não obriga a refrigeração de ovos, sendo esta realizada apenas pelo consumidor
final (LANA et al., 2017). Estudos demonstram que ovos armazenados por mais tempo e em
temperatura ambiente sofrem maiores alterações na qualidade do ovo (ARRUDA et al., 2019;
GIAMPIETRO-GANECO et al., 2015; LANA et al., 2017, VIANA et al., 2017). Esta particulari-
dade da legislação brasileira aumenta a importância de manejos ou alternativas que possam
favorecer a manutenção da qualidade dos ovos por mais tempo durante o armazenamento.
Por serem produtos perecíveis, a qualidade dos ovos decai conforme o tempo de
armazenamento aumenta. A deterioração da gema e do albúmen ocorre a partir da perda
de água e dióxido de carbono que transcorre através dos poros das cascas (OLIVEIRA e
OLIVEIRA, 2013). Outra reação que ocorre durante o armazenamento de ovos é a oxidação
lipídica, principalmente na gema, sendo este um dos principais fatores para sua perda de
qualidade (OLIVEIRA et al., 2017; GIAMPIETRO-GANECO et al., 2015).
Por meio do uso da microscopia eletrônica de varredura é possível obter informações
relevantes sobre a composição da casca. Os resultados destas análises ultraestruturais au-
xiliam na compreensão dos efeitos da qualidade da casca (EMARA, 2008), identificando uma
variedade de anormalidades que resultam no enfraquecimento da estrutura e consequen-
temente em um maior risco de quebra (HUNTON, 2005). Através da microscopia eletrônica
é possível observar diversas camadas na casca, a qual possui 3,5% de fração orgânica e
96,5% de fração mineral. Tais deposições ocorrem no ístmo e no útero das galinhas. A por-
ção orgânica da casca é composta pela membrana da casca, pelos sítios mamilares de
nucleação e pela cutícula. Já a fração calcificada é composta pela camada mamilar, pela
camada paliçada e pela camada de cristal vertical (PARSONS, 1982). Os poros da casca
também podem ser observados em forma de funis, os quais se estreitam para formar canais
que penetram nas camadas de cristal e terminam em fissuras anexas aos botões mamilares
(NYS et al, 1999; HUNTON, 2005).

VIDA DE PRATELEIRA E MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE QUALIDADE

A vida de prateleira é o período de armazenamento em que os ovos permanecem viáveis


ao consumidor sob condições de temperatura, luz, umidade relativa e manipulação. Sendo
241
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
que tais fatores não podem afetar a qualidade nutricional e sensorial do produto (CARVALHO,
2013; GALLO, 2015). Entretanto, por ser um produto rico em nutrientes, o ovo torna-se um
meio ideal para o crescimento de microorganismos, entre eles os patogênicos (DUARTE,
2016). Portanto, estabelecer a vida útil dos alimentos é essencial para assegurar qualidade
e segurança alimentar para o consumidor.
São considerados ovos frescos aqueles que apresentam albúmen límpido, consistente,
transparente, denso e alto, com pequena porção mais fluída (SOLOMON, 1997). Entretanto,
o ovo é um alimento altamente perecível, com vida útil limitada. A perda de sua qualidade in-
terna ocorre rapidamente após a postura da ave e durante seu armazenamento (SILVA et al.,
2015), em que a proporção albúmen líquido aumenta em relação a porção densa. A perda
de viscosidade e fluidificação do albúmen denso ocorrem por resultado da hidrólise das ca-
deias de aminoácidos, que liberam a água que está ligada a grandes moléculas de proteína
quando estas são degradadas (MORENG & AVENS, 1990).
Segundo Pires (2019), a deterioração da qualidade interna aumenta conforme o tempo
de estocagem através da movimentação de dióxido de carbono na casca do ovo, principal-
mente quando existe uma condição ambiental favorável para tal processo. Características
de qualidade dos ovos como: peso do ovo, densidade ou gravidade específica, unidade
Haugh (UH) e índice de gema decrescem conforme o tempo de armazenamento aumenta
e, consequentemente, sua vida de prateleira diminui (SAMLI, AGMA e SENKOYLU, 2005).
A liquefação do albúmen denso é demonstrada através da diminuição dos valores de
UH. A qualidade dos ovos pode ser classificada de acordo com a UH. Ovos com UH acima
de 72 são considerados excelentes; ovos com UH entre 72-60 são considerados bons; ovos
com UH entre 55-30 são considerados medianos e ovos com UH abaixo de 30 são consi-
derados de baixa qualidade (USDA, 2000).
Durante o armazenamento, a gema também pode sofrer alterações. Ovos estocados
por longos períodos de tempo apresentam gema flácida, achatada, com machas escuras,
além da membrana vitelínica romper com facilidade (MAGALHÃES et al, 2012). Ademais,
como a gema é uma excelente fonte de ácidos graxos essenciais, cujas duplas ligações
são sensíveis à deterioração oxidativa (FERREIRA, 2013), a água que é liberada durante a
reação de hidrólise dos aminoácidos do albúmen é transferida para a gema, o que leva ao
aumento de peso, tornando-a descentralizada e menos densa (ORDONÉZ, 2005; OLIVEIRA
& OLIVEIRA, 2013). O índice de gema avalia sua qualidade e consistência e é calculado por
meio da divisão da altura da gema pelo seu diâmetro (MAGALHÃES et al, 2012). Valores
de índice de gema para ovos frescos oscilam entre 0,30 a 0,50. Ovos com índice da gema
inferior a 0,25 possuem alta fragilidade, o que leva a realização de medições difíceis devido
ao fácil rompimento (BIAGI, 1982).
242
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Segundo Caner (2005), a coloração da gema também pode sofrer alterações durante
o período de estocagem. A coloração da gema é alterada através da nutrição das aves e
depende principalmente do conteúdo de carotenóides (luteína, zeaxantina, β-criptoxantina
e outros), os quais podem ser degradados por processo oxidativo, gerando mudanças na
pigmentação durante o armazenamento. A pigmentação da gema é considerada um atrativo
aos consumidores (AZEVEDO et al., 2016). Os minerais presentes na gema, como cálcio,
cobre, ferro e manganês também podem sofrer alterações devido às condições de armaze-
namento (CANER & CANSIZ, 2007; MANSON et al., 1993;).
Outro fator importante que ocorre devido ao armazenamento prolongado é a perda
de peso do ovo. As reações físicas e químicas tendem a aumentar com a elevação da
temperatura. Tal fato ocorre devido ao aumento na transpiração, que proporciona perda de
CO2 e H2O para o meio ambiente externo, reduzindo o peso inicial dos ovos (MUELLER,
MACHADO, PINHEIRO, 2017). A diminuição no peso do ovo também pode ser ocasionada
pela perda de amônia, sulfeto e nitrogênio, os quais são produtos da degradação química
de seus constituintes orgânicos (SOLOMON, 1997).
A densidade específica também pode ser alterada durante o armazenamento e está
relacionada com a espessura de casca. O maior tempo de armazenamento causa perda de
água e dióxido de carbono. Essa perda de água provoca aumento no tamanho de câmara
de ar que, por sua vez, causa mudança na densidade do ovo. Uma das medidas mais uti-
lizadas para determinar a qualidade da casca do ovo é a densidade específica, devido ao
fato de possuir baixo custo, rapidez e praticidade. A densidade pode ser obtida através da
imersão do ovo em diferentes concentrações salinas com densidades entre 1,050 a 1,100.
Quanto maior a densidade específica de um ovo maior é a sua qualidade (HAMINTON, 1982;
LI-CHAN, POWRIE, NAKAI, 1995).
O pH do albúmen e da gema podem sofrer alterações em decorrência do tempo de
armazenamento. Segundo Brandão (2014), o pH do albúmen é o principal fator que modifica
a qualidade interna do ovo, que aumenta conforme o tempo de armazenamento cresce. O al-
búmen perde altura, espalha-se com facilidade e altera seu grau de acidez, o que faz com
que o valor do pH esteja relacionado com a fluidificação do albúmen. O ácido carbônico é
um dos componentes do sistema tampão do albúmen, o qual se dissocia, formando água
e gás carbônico. Gás carbônico é então liberado para o ambiente externo, elevando o pH
do albúmen (SOLOMON, 1991). O pH do albúmen de um ovo recém posto varia de 7,6
a 8,5, podendo alcançar 9,7 durante o período de estocagem (OLIVEIRA & OLIVEIRA,
2013). Já em relação à gema, as ligações entre as moléculas que compõe a membrana que
envolve a gema ficam mais fracas com o passar do tempo e a água começa a passar do
albúmen para a gema. Íons alcalinos provenientes do albúmen também podem ser trocados
243
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
com íons H+ presentes na gema, gerando elevação do pH da gema. Essa variação de pH
pode induzir a desnaturação das proteínas e aumentar a consistência da gema (SHANG
et al. 2004). O pH da gema de ovos frescos encontra-se por volta de 6,0 podendo atingir 6,9
durante o armazenamento (POMBO, 2006).
O uso de tecnologias para aumentar a vida útil dos ovos possui grande importância.
Segundo Lopes (2012), o período de validade dos ovos pode se prolongar por até 25 dias
quando utilizada a refrigeração, entretanto, segundo Gallo (2015) os ovos “in natura” comer-
cializados no Brasil são desprovidos de refrigeração, sendo os mesmos acondicionados em
temperatura ambiente até chegar na casa do consumidor (LANA et al., 2017). A legislação
brasileira recomenda que os ovos tenham um período de validade de no máximo 30 dias, e
com temperaturas de armazenagem de 4ºC a 12ºC (BRASIL, 1990). Entretanto, tal tecno-
logia não é assegurada por lei e não ocorre devido aos altos custos envolvidos (FREITAS,
2011). Também é importante ressaltar que os ovos uma vez refrigerados devem ser mantidos
assim até seu consumo, uma vez que é mais prejudicial romper a cadeia do frio durante a
estocagem do que mantê-los em temperatura ambiente (EFSA, 2009).

PESQUISAS RELEVANTES SOBRE QUALIDADE DE OVOS E VIDA DE


PRATELEIRA.

Nos últimos 5 anos (2016-2021), a partir de pesquisa na base de dados Pubmed, mais
de 700 artigos relacionados a qualidade de ovos e vida de prateleira foram publicados. Nesta
revisão, alguns destes artigos serão citados para demonstrar os diferentes métodos que vêm
sendo estudados a fim de aumentar a qualidade dos ovos e sua vida de prateleira.

Aditivos na avicultura de postura

O ovo é considerado um alimento completo, pois é uma excelente fonte de ácidos gra-
xos, vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais. No entanto, como já foi citado ao longo do
texto vários fatores podem influenciar na conservação e composição dos ovos. Desta forma,
pesquisas buscam a obtenção de um produto final com valores nutricionais de qualidade e
melhores proporções de ácidos graxos poli-insaturados e tocoferóis totais, que beneficiam
a saúde humana, além de buscar alternativas que aumentem a produtividade da avicultura
em relação à conversão alimentar, saúde das aves frente a desafios sanitários, qualidade
e tempo de prateleira de ovos.
Neste cenário, dos Santos et al. (2020) verificaram que a adição de níveis crescentes
(50; 100 e 150 mg/kg) de extrato de araçá para poedeiras semi-pesadas aumentou a ca-
pacidade antioxidante tanto de ovos frescos como armazenados, e diminuiu a peroxidação

244
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
lipídica da gema dos ovos armazenados por 28 dias em temperatura ambiente. Além dis-
so, os autores constataram que o extrato de araçá reduziu a contagem bacteriana total e
de E. coli na casca. Wang et al. (2019) forneceram um blend a base de timol, ácido sórbico
e ácido fumárico nas dosagens de 300 e 450 mg/kg para poedeiras e observaram que es-
tes componentes aumentaram a resistência da casca e a cor da gema, sendo que a cor da
gema está relacionada com o consumo de carotenoides e, é um fator desejável perante os
consumidores. Gong et al. (2021) também verificaram efeitos positivos da adição de ácidos
orgânicos na dieta de poedeiras, em que, a adição de ácido benzóico nas dosagens 1,000 e
2,000 mg/kg aumentaram a altura do albúmen e a unidade de Haugh que estão relacionados
com a qualidade da proteína.
Ramirez et al., (2021) forneceram óleo de orégano que possui na sua composição
principalmente timol e carvacrol nas dosagens de 80 e 150 mg/kg na dieta de poedeiras e
constataram um aumento na unidade da UH, altura do albúmen, espessura da casca e cor
da gema. Portanto, um dos modos de ação dos óleos essenciais e fitogênicos, pode estar
relacionado com a melhor absorção de cálcio e magnésio no intestino das aves, além de
seus efeitos antioxidantes. Abou-Elkhair et al. (2018) verificaram que a suplementação de
5.000 mg/kg de erva doce aumentou a porcentagem da casca, albúmen e UH, no entanto,
diminuiu a porcentagem de gema em poedeiras com 40 semanas de idade. A adição de
5.000 mg/kg erva doce e 5.000 mg/kg de pimenta vermelha picante aumentou a coloração
da gema. Os efeitos positivos da adição de fitogênicos em dietas de poedeiras se devem
principalmente as suas propriedades antioxidantes que possuem a capacidade de proteger o
magno e o útero, além de estimular a secreção de albumina (ABOU-ELKHAIR et al., 2018).
Estes autores também observaram que a adição de 5.000 mg/kg de sementes de cominho
preto e pimenta vermelha picante diminuíram os níveis de malondialdeido na gema, o qual
é gerado como produto final da peroxidação lipídica.
Goliomytis et al. (2018) constataram que a suplementação por 30 dias de 9.000 mg/
kg de polpa de laranja desidratada diminuiu os níveis de malondialdeido em ovos frescos e
armazenados por 28 dias em temperatura ambiente e 90 dias em temperatura controlada
a 4 °C. Portanto, os autores relatam que este efeito antioxidante se deve principalmente a
hesperidina e a naringina que possuem a capacidade de doar os seus átomos de hidrogênio
para os radicais livres, o que aumenta a estabilidade oxidativa da gema. Galli et al., (2018)
suplementaram 30 e 50 mg/kg de curcumina na dieta de poedeiras e constataram que este
aditivo aumentou a capacidade antioxidante da gema e reduziu a peroxidação lipídica de
ovos frescos e armazenados por 21 dias em temperatura ambiente. Além disso, houve um
aumento na gravidade específica e na coloração da gema dos ovos armazenados de ambos
os grupos que receberam o aditivo, enquanto, para o índice de gema houve um aumento
245
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
somente no grupo que recebeu 50 mg/kg do aditivo. Os autores relatam que este efeito sobre
a qualidade de ovos se deve em parte pela presença de xantofilas na dieta e à atividade
antioxidante de pigmentos, como caroteno e xantofilas, que reduzem a oxidação lipídica
e a produção de radicais livres, deste modo, a curcumina pode evitar o comprometimento
sensorial e nutricional do ovo por possuir propriedades antioxidantes. Ademais, este aditivo
pode melhorar a biossíntese da gema devido ao aumento de precursores de proteínas pe-
las células do fígado, como a vitelogenina, além de diminuir a perda de água do ovo após
ovoposição devido a um aumento na gravidade específica.
Lei et al., (2018) forneceram a enzima exógena xilanase nas dosagens de 0, 225,45
e 900 U/kg em dietas a base de milho, farelo de soja e trigo para poedeiras e observaram
que houve um aumento linear na espessura da casca, UH e altura do albúmen em resposta
ao aumento da suplementação da xilanase. Deste modo, a eficácia da xilanase na espes-
sura da casca pode estar relacionada com a utilização de minerais, principalmente o cálcio
destinado em parte para formação do carbonato de cálcio. As enzimas exógenas têm como
objetivo realizar a hidrólise de polissacarídeos não amiláceos e isto pode resultar em alte-
rações no pH intestinal e na microbiota, o que pode melhorar a solubilidade e absorção do
cálcio. Porém, são necessários mais experimentos com o uso de enzimas exógenas para
explicar o mecanismo exato destes aditivos sobre a qualidade de ovos. Chen et al., (2019)
forneceram 500 mg/kg de montmorilonita na dieta de poedeiras, este aditivo é uma argila
mineral a base de alumínio silicato. Estes autores verificaram um aumento na espessura da
casca de 3,29%, altura do albúmen de 7,57% e UH em 3,98%. Portanto, há benefícios ao se
utilizar diferentes argilas na dieta de poedeiras, pois estas possuem a capacidade de atrasar
a passagem do quimo ao longo do trato digestivo e, deste modo, ocorre uma diminuição do
pH do lúmen o que aumenta a solubilidade e a absorção de cálcio.
No entanto, os resultados positivos sobre a qualidade de ovos ao se utilizar diferentes
aditivos dependem de alguns fatores como: idade da ave, dosagem, mecanismo de ação,
saúde das aves, entre outros. Neste contexto, Zhu et al. (2020) observaram resultados
negativos sobre a qualidade da casca ao fornecerem polifenóis nas dosagens 1074,1 e
1081,7 mg/kg para poedeiras em que houve uma redução na resistência da casca, bem
como do peso da casca.
Além disso, é desejável o aumento de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e antio-
xidantes nos produtos de origem animal, como os ovos, pois são valorizados pelos consu-
midores no mundo todo (DISETLHE et al., 2019). Os AGPI são benéficos para a saúde e
podem ser manipulados via dieta, desta forma, buscas-se produtos com maior conteúdo
desses ácidos graxos, principalmente os ômegas 3 e 6 (DISETLHE et al., 2019). Estes

246
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
ácidos graxos são precursores de eicosanóides, prostaglandinas, leucotrienos e trombo-
xanos, que participam da regulação do sistema cardiovascular e processos imunológicos
(GRASHORN, 2007).
Neste cenário, Macit et al. (2021) verificam que a adição de 1.500 mg/kg de probiótico
a base Enterococcus faecium na dieta de poedeiras aumentou em 19% os ácidos graxos
poli-insaturados linoléico e linolênico em comparação ao controle. Marchiori et al. (2019) ao
suplementarem 30 mg/kg de curcumina em dietas para codornas de postura observaram
redução dos ácidos graxos saturados (AGS) e aumento dos ácidos graxos monoinsatura-
dos (AGMI) e AGPI, efeito positivo para o consumidor por reduzir o risco de trombose e
doenças cardíacas.
Batkowska et al. (2021) testaram a adição de dois óleos na dieta de poedeiras, sendo
a inclusão de 2,5% de óleo de soja e de linhaça em comparação a uma dieta controle, ou
seja, sem adição de óleo, estes autores notaram que a adição de óleo de linhaça aumentou
a concentração de ácidos graxos da família ômega 3 e reduziu os ácidos graxos de cadeia
saturada que são prejudicais para a saúde humana por serem responsáveis pelo aumento
do colesterol sérico LDL, que está relacionado com doenças cardiovasculares, já o óleo de
soja aumentou os ácidos graxos da família ômega 6. Deste modo, destacas-se a importância
dos lipídeos na dieta de aves para manipular a composição nutricional dos ovos.

Revestimentos em ovos

O conceito de revestimento não é uma abordagem nova, porém, as pesquisas na


área têm se intensificado recentemente, principalmente devido à alta demanda dos consu-
midores por alimentos seguros, de alta qualidade e preocupação ambiental com a questão
de descarte das embalagens. Os ovos são produtos perecíveis, e começam a perder sua
qualidade interna logo após a postura, por isso, medidas de conservação e armazenamento
adequado são necessárias (SOUZA; SOUZA; LIMA, 1993), como tratamentos superficiais
da casca, com o intuito de diminuir a troca de gases através da casca e prolongar o tempo
de prateleira. É de extrema importância que a qualidade dos ovos seja mantida, por isso, o
processo de conservação é crucial no mercado. No Brasil, o processo de refrigeração não é
utilizado no armazenamento e distribuição de ovos, principalmente devido ao seu alto custo
(XAVIER et al., 2008). Aspectos físicos e ambientais como temperatura e umidade relativa
do ar (UR) influenciam diretamente na qualidade dos ovos (BARBOSA et al., 2008).
Sabemos que tanto a qualidade externa quanto interna do ovo é de suma importância
para o mercado consumidor. A qualidade externa está diretamente relacionada com a casca
do ovo, que abrange limpeza, integridade, textura e formato do ovo (SILVA, 2011).

247
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Muitos trabalhos vêm sendo publicados sobre os diferentes tipos de revestimentos para
ovos de prateleira, seja por imersão ou aspersão, cujo principal objetivo é permitir um maior
tempo de prateleira mantendo as propriedades nutritivas do alimento, devido à redução de
contaminação microbiana, maior resistência da casca e redução das perdas de água e dióxido
de carbono (PEREIRA, 2015). Esse revestimento, nada mais é do que recobrir o ovo com
uma película que cria uma barreira e auxilia evitar a deterioração do alimento, isolando-o da
contaminação e evitando perdas e trocas entre o meio interno e externo e, por consequência,
a degradação do produto (MEDINA & VERGARA, 2000). Ainda, um revestimento bem feito
e eficaz, pode ser capaz de proporcionar outros tipos de mercados, como por exemplo, os
das regiões com temperaturas mais elevadas.
De acordo com Cruz & Mota (1996), a redução da qualidade interna dos ovos está
associada principalmente à perda de água e de dióxido de carbono, durante o período de
armazenamento, sendo proporcional à elevação da temperatura do ambiente.

Tipos de revestimentos

Os revestimentos dos ovos podem ser provenientes de uma grande variedade de


substâncias, como polissacarídeos, lipídeos e proteínas (PISSINATI et al., 2014), e vários
estudos têm mostrado os efeitos do uso destes revestimentos na manutenção da qualidade
dos ovos durante o armazenamento.
No estudo de Pires (2019), foram testados revestimentos à base de proteína de arroz,
onde os resultados foram favoráveis ao prolongamento da vida útil dos ovos. No trabalho
de Caner & Yuceer (2015), foi aferido que ovos revestidos com proteína do soro do leite
obtiveram uma redução na perda de peso em comparação com os ovos que não continham
revestimentos. Ainda, quanto ao pH do albúmen, o dos ovos revestidos foi menor do que
os ovos não revestidos até 5 semanas. No trabalho de Salgado et al. (2018) ao testarem
óleo mineral, gelatina sem sabor a 6% e solução de própolis a 15% ou a 20%, notaram
que as características físico-químicas dos ovos foram preservadas por até cinco semanas
de armazenamento em ambiente refrigerado. No estudo de Mali et al. (2002), foi testado o
revestimento a base de amido de inhame (Dioscorea alata), demonstrando que esses bio-
filmes possuem propriedades de barreira à água com grandes possibilidades de aplicação,
e com a vantagem de biodegradabilidade. Gomes et al. (2006) também utilizaram cobertura
de amido de inhame, juntamente com sorbitol, e aferiram que este recobrimento foi eficiente
em retardar o envelhecimento dos ovos, pois houve menor perda de peso e maiores valores
de UH nos ovos revestidos. Quando avaliaram o pH do albúmen, a cobertura também teve
efeito positivo, retardando a alcalinização do albúmen durante o armazenamento dos ovos.

248
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
No estudo de Ryu et al. (2011), foram avaliados tipos diferentes de óleo como reves-
timentos para casca de ovos, sendo observada uma proteção contra a perda de umidade e
CO2 pela casca, diminuindo a perda de peso dos ovos, utilizando fontes vegetais como milho,
canola, oliva, soja, uva e girassol. Ao testar própolis de Apis melífera como revestimento de
ovos, Carvalho et al. (2013) verificaram que a qualidade dos ovos foi mantida por mais de
42 dias em níveis adequados, em temperatura ambiente, mantendo os valores indicativos
de boa qualidade para as variáveis UH e massa específica. Aygun et al. (2012) obtiveram
resultados semelhantes, com menor perda de água em ovos de codorna pulverizados com
5, 10, ou 15% de própolis.

CONCLUSÃO

A produção de ovos do Brasil, é considerada a sexta maior no mundo, movimentando


a economia do país e fornecendo uma proteína de alto valor biológico, diariamente aos
brasileiros. Um alimento nutricionalmente completo, capaz de fornecer proteínas, vitaminas,
minerais e muitos dos ácidos graxos que nosso organismo necessita. Aliado a este fato, o
crescente consumo per capita e consequentemente, a demanda por este produto, tem im-
plicado em pesquisas que têm como objetivo buscar alternativas que visem a melhoria de
qualidade e o aumento da vida de prateleira.
Por depender de fatores extrínsecos as aves, como a temperatura e umidade relativa
do ar, a qualidade do ovo é diretamente afetada pelo tempo e o modo como foi estocado.
Desta forma, por ser um produto perecível, quanto maior for o tempo de estocagem, maior
será a probabilidade de se tornar um meio de crescimento para diversas culturas de micror-
ganismos, além de sofrer perdas significativas em seu peso, devido a evaporação de CO2
e H2O para o ambiente externo. Uma forma de evitar estas perdas gasosas, é por meio do
uso de revestimentos que está sendo muito estudado e pesquisado, com o propósito de
prolongar a vida de prateleira dos ovos e garantir a integridade da casca. Esta, que tem uma
importante função no ovo, atua como barreira de entrada de agentes patogênicos à saúde
humana, e por isso é de suma importância identificar os fatores de risco como o desequilíbrio
de macro e microminerais, e também diferentes tecnologias e aditivos que garantam uma
boa formação da casca, de maneira que não sejam antagônicos à produtividade. Por fim,
estima-se que sejam necessários mais experimentos relacionados ao uso de enzimas exó-
genas e aditivos fitogênicos, que aliem características zootécnicas de conversão alimentar
e produtividade com o tempo de prateleira e a qualidade dos ovos.

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
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255
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
17
Desafios da modelagem na eficiência
produtiva de fêmeas suínas

João Otávio Hilgemberg


UEPG

Cheila Roberta Lehnen


UEPG

10.37885/210504832
RESUMO

Com o passar dos anos a genética, a nutrição e a ambiência promoveram o aumento


da produtividade em granjas suinícolas. Entretanto, isso só foi possível através da in-
tensa coleta de dados e gestão da informação. A coleta de dados, elaboração de fichas
de controle e principalmente, a capacitação dos funcionários em granjas tem permitido
integrar informações importantes da produtividade das fêmeas. Nesta revisão incluímos
postos-chave na coleta de informações em granjas que podem nortear avanços através da
modelagem matemática em áreas como ambiência, melhoramento genético, reprodução e
nutrição. As técnicas de análise de dados estão sendo testadas em diferentes segmentos
e aperfeiçoadas a cada dia. Tanto a modelagem quanto as árvores de decisão são ótimas
ferramentas que trazem resultados e informações relevantes a suinocultura, favorecendo
a predição de situações, tornando a atividade cada vez mais produtiva e eficiente.

Palavras-chave: Árvores de Decisão, Modelagem, Suinocultura, Coleta de Dados.

257
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

Hoje, a suinocultura tem deixado para trás sistemas ineficientes de produção, buscan-
do a cada dia crescer tecnologicamente e aumentar a produtividade, gerindo cuidadosa-
mente os índices zootécnicos e o resultado econômico da atividade (CASTRO; BARBOSA;
VASCONCELOS, 2020). Numa era informatizada, onde se tem as informações na palma
da mão, a coleta de dados deixou de ser algo que somente as grandes empresas e centros
de pesquisa realizavam, passando a ser rotina primordial nas granjas. Somente através de
uma coleta de dados eficiente é que podemos medir com precisão a produtividade e assim
tomar decisões (MACHADO, 2014), o que o permite um desenvolvimento de estratégias para
obter uma vantagem competitiva sustentável (TOIGO; WRUBEL; HEIN, 2014).
Os primeiros registros de dados na suinocultura começaram por volta da década de
1980, ainda manuais e em fichas de papel. Com o advento da informática e sua gradativa
inserção no processo produtivo, na década de 1990 surgiram os primeiros softwares de re-
gistro de informações, permitindo até mesmo a criação de gráficos e associações (JÚNIOR,
2009). O desenvolvimento da suinocultura atual só foi possível graças a intensa coleta e
armazenamento de dados. E esse trabalho, antes realizado por mãos humanas, agora tem
passado cada vez mais a ser realizado por sensores, que além de só coletar, irão controlar
todos os processos dentro da granja. Hoje, tecnologias como transmissão de dados sem fio
via bluetooth (SANTOS et al., 2016), sensores (RODRIGUEZ; CHAVES; QUIROGA, 2020),
controle eletrônico da temperatura e umidade (através de sensores, ventiladores e placas
evaporativas) (MOLANO-JIMENEZ; ORJUELA-CANON; ACOSTA-BURBANO, 2018), ali-
mentadores automáticos (MIN et al., 2020) já são realidade em muitas granjas. Toda essa
revolução que a suinocultura tem passado foi definida como “suinocultura 4.0” (SILVA; LIMA;
DELAGRACIA, 2020).
A consequência dessa revolução foi geração de muita informação. Mas, muito mais im-
portante do que simplesmente tê-la, é saber utilizá-la (BITTENCOURT; GUBERT, 2014). A in-
formática, não colabora somente com a coleta das informações, mas ajuda a processá-la,
de modo a facilitar a nossa compreensão. Isso abriu espaço para a utilização de técnicas
de inteligência computacional que promovem e desenvolvem diversos tipos de modelos
de predição, permitindo a obtenção de informações para a tomada de decisão (MOLANO-
JIMENEZ; ORJUELA-CANON; ACOSTA-BURBANO, 2018). Dentre estas técnicas, temos a
meta-análise (LOVATTO et al., 2007), modelagem animal (LOVATTO; LEHNEN; ANDRETTA,
2010), redes neurais (SANTOS et al., 2016), lógica fuzzy, machine learning, árvores de
decisão, meta-learning (PERES, 2018). Partindo deste contexto, o objetivo deste trabalho
é apresentar os efeitos mais importantes sobre o desempenho e longevidade de fêmeas
suínas, a importância da gestão e coleta dos dados produtivos e como estas informações
258
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
têm sido utilizadas através da modelagem e das árvores de decisão para melhorar toda a
cadeia produtiva de suínos.

PRODUZINDO INFORMAÇÕES NA GRANJA

Dentro da granja, existem muitas informações sendo geradas a cada instante. Sendo
o grande foco reduzir custos e aumentar a eficiência. Portanto, de forma prática, os olhos
sempre estão voltados para a produtividade das porcas e quanto tempo permanecem no
plantel, para assim pagar os seus custos de manutenção e investimento.
Mesmo com o advento das novas tecnologias e sua gradual inserção nas granjas, há
muitas informações que ainda precisam ser coletadas manualmente em planilhas de anota-
ções, que posteriormente irão alimentar os softwares de gestão de dados (JÚNIOR, 2009).
Neste sentido, o papel do funcionário é extremamente importante, sendo o responsável por
coletar e organizar essas informações. É muito comum encontrarmos fichas de anotações
em diferentes setores de produção. Por exemplo, na maternidade, são utilizadas fichas
individuais das porcas, onde estão contidas todo o seu histórico (informações dos partos
anteriores, leitões nascidos vivos, natimortos, mumificados, duração da gestação e do parto,
tipo de parto, uso de medicamentos (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). Na reprodução e ges-
tação são comuns as anotações para acompanhamento das leitoas de reposição, controle
de coberturas e inseminação artificial, programa de vacinações, dentre outros através das
fichas de controle (MACHADO, 2014; PODDA, 2014; SANTOS; SANTOS; COSTA, 2014).
Como o fator humano é extremamente variável, erros na coleta e organização dos dados
acontecem. Esses erros podem ser causados por falhas na identificação e interpretação,
desconhecimento da importância da informação ou até mesmo intencionais, na tentativa
de alcançar as metas pré-estabelecidas. No entanto isso compromete a interpretação dos
índices zootécnicos da granja (SCHNEIDER et al., 2004). O sucesso da atividade suinícola
também depende dos funcionários e, assim aperfeiçoamentos e treinamentos passaram a
ter um grau de importância cada vez maior nos últimos tempos. Funcionários bem treinados,
devidamente incentivados e valorizados conseguem melhorar o desempenho pessoal e da
granja, comprometem-se com todo o processo, promovem a organização do ambiente de
trabalho e sugerem novas ideias para aperfeiçoamento (ALMEIDA, 2008). Nesta revisão
incluímos postos-chave na coleta de informações em granjas que podem nortear avanços
através da modelagem matemática em áreas como ambiência, melhoramento genético,
reprodução e nutrição.

259
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Alojamento, hierarquia social e lesões

As instalações têm um papel importante em proporcionar o bem-estar as porcas e


leitões. Atualmente, dois sistemas de alojamento na gestação: gaiolas individuais ou baias
coletivas são utilizados. As baias coletivas buscam atender as exigências do mercado e do
bem-estar animal. Neste sistema, o que há de mais moderno, são as estações eletrônicas
de alimentação, onde um software previamente ajustado por um operador, via sensores,
presentes tanto na estação quanto nas porcas, fornece alimento na quantidade estipulada
para cada porca (SENS; NEVES; RIBAS, 2020).
Desde 2013, a União Europeia adotou como regra, a utilização de baias coletivas para
porcas em gestação, proibindo a utilização das gaiolas (MAES; PLUYM; PELTONIEMI,
2016). Além da União Europeia, diversos outros países já vêm restringindo a utilização das
gaiolas na suinocultura (PELTONIEMI; BJÖRKMAN; MAES, 2016). Entretanto, a legislação
europeia, ainda permite que as porcas sejam alojadas individualmente após a cobertura, por
até 4 semanas, considerado um período crítico para a proteção dos embriões e confirmação
da prenhez, não sendo adequado a formação de grupos (KOKETSU; IIDA, 2017). O Brasil
vem adotando uma legislação similar ao da União Europeia. Todo o alojamento de matrizes
e cachaços devem ser em baias. A única exceção é o alojamento de porcas em gaiolas logo
após a cobertura por um período máximo de 35 dias. Para projetos de reforma, ampliação
ou construção de instalações ficando estabelecido um prazo de até o ano de 2045 para
adaptação das granjas ao novo sistema de alojamento (BRASIL, 2020).
Independentemente do tipo de grupo, brigas são comuns em alojamentos coletivos de
porcas. Brigas relacionadas a competição por recursos geralmente são de alta frequência e
curta duração, já brigas para estabelecer a hierarquia são de baixa frequência, embora muito
intensas (DIAS; SILVA; MANTECA, 2014). Normalmente a hierarquia é estabelecida entre 2
a 10 dias após o fechamento do grupo, entretanto, estima-se que leva entre 3 a 4 semanas
para que novas porcas estejam totalmente integradas em grandes grupos dinâmicos (MAES;
PLUYM; PELTONIEMI, 2016). O resultado das brigas acaba levando a severas lesões de
pele, de casco, mordeduras de vulva e retorno ao cio (KOKETSU; IIDA, 2017; MIN et al.,
2020; MUNSTERHJELM et al., 2008). Há ainda possibilidade de perseguição de fêmeas
que não simpatizaram e entraram nos grupos, e isso, além de comprometer o bem-estar,
pode levar à morte ou descarte da porca (SENS; NEVES; RIBAS, 2020).
O aumento do número brigas resulta em aumento das lesões, que consequentemente
contribui para a redução da longevidade das porcas. Em sistemas de alojamento coletivo,
porcas apresentam mais lesões de casco, claudicação e mordeduras de vulva do que em
gaiolas ou baias individuais (KOKETSU; IIDA, 2017). As lesões no sistema locomotor e
claudicação são considerados a segunda maior causa de descarte precoce de porcas (BOS
260
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
et al., 2016). Tais injúrias acarretam em grandes e graves problemas de saúde e bem-estar
animal, podendo representar até 10% dos descartes, reduzindo o desempenho produtivo
e longevidade das porcas (IIDA; PIÑEIRO; KOKETSU, 2020). Já as mordeduras de vulva,
também são considerados um grande problema de bem-estar, especialmente na gestação,
podendo variar de pequenas lesões a remoção completa, sendo frequentemente associadas
a tamanho do grupo, alimentação e quantidade de fêmeas por bebedouro (DIAS; SILVA;
MANTECA, 2014). Entretanto, o enriquecimento ambiental é uma alternativa que busca
minimizar as interações agonísticas e maximizar o bem-estar das porcas.
As gaiolas individuais podem ser perfeitamente substituídas por baias coletivas, pois
não existem diferenças entre os dois tipos de alojamento na produtividade, qualidade do
leite, mobilização de reservas corporais das porcas (KOKETSU; TANI; IIDA, 2017; MIN
et al., 2020; MUNSTERHJELM et al., 2008). Além do mais, através da modelagem é pos-
sível considerar a atividade física das porcas e realizar ajustes nutricionais (DOURMAD
et al., 2008). Cabe aos produtores adaptarem-se o sistema e tomar os devidos cuidados,
buscando técnicas de manejo que permitam mitigar os efeitos e danos causados pelas bri-
gas, atentando-se especialmente nas disputas por alimento e água, visto que a hierarquia
da baia logo é estabelecida.

Temperatura e sazonalidade

As condições ambientais, especialmente a temperatura, umidade e velocidade do


ar, afetam direta ou indiretamente os suínos, e, portanto, interferem na produtividade das
porcas. Levando isso em consideração e conhecendo as particularidades fisiológicas das
porcas, é extremamente importante colocar em prática estratégias que controlem os efeitos
ambientais, visando otimizar o desempenho produtivo (NÄÄS; TOLON; BARRACHO, 2014).
Os efeitos da temperatura fora da zona de conforto térmico, sobre o desempenho das
porcas, dependem da intensidade e duração (VIEIRA et al., 2014). No Brasil, é comum
encontrar temperaturas acima do conforto térmico das porcas. Os períodos mais críticos,
correspondem ao verão e outono. Nestes períodos as porcas podem ser acometidas a
chamada “infertilidade sazonal” ou “infertilidade de verão”. A figura 2 demonstra o efeito da
sazonalidade, especialmente no verão, sobre o número total de leitões nascidos e nascidos
vivos. Problema que pode ser temporário e é comum em regiões de clima tropical e subtro-
pical, sendo conhecido por reduzir o consumo voluntário de ração, alterar a secreção hormo-
nal e causar abortos. (BORTOLETTO et al., 2014). Tais condições diminuem a fertilidade,
aumentam da taxa de retorno de cio, o intervalo desmame-estro, a morte embrionária e a
mobilização de gordura corporal na lactação (PANDORFI; SILVA; PIEDADE, 2008; VIEIRA
et al., 2014). No entanto, o principal e mais proeminente efeito que pode ser observado nos
261
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
períodos de verão e outono: redução nas taxas de parto e diagnóstico positivo da gestação
nos rebanhos (SILVEIRA, 2007).

Figura 2. Efeito das estações do ano sobre o desempenho produtivo de porcas. NV: Total de leitões nascidos vivos; TN:
Total de leitões nascidos.

Fonte: CARVALHO (2020)

A coleta das informações nas granjas permite a análise gráfica por meio de relatórios
em softwares de gestão de unidades de produção. Assim, gerentes de produção podem
tomar decisões quanto aos impactos da sazonalidade e propor mecanismos para minimizar
estes danos. Como as condições ambientais exercem forte influência sobre o desempenho
animal, há uma grande preocupação em descobrir e implementar ferramentas que auxiliem
no controle ambiental e redução do estresse. Hoje, já existem metodologias e tecnologias
capazes de analisar o bem estar animal através de sinais sonoros (TOLON et al., 2013),
controle eletrônico de temperatura por placas evaporativas (FIELD et al., 2019), além de
monitoramento em tempo real de temperatura, humidade e gases através de uma rede de
sensores wireless (ZENG et al., 2021).
Entretanto, essa ainda não é a realidade da suinocultura brasileira. A maior parte das
granja adota técnicas e tecnologias mais baratas e acessíveis, como por exemplo, venti-
ladores, nebulizadores, resfriamento axial, manejo de cortinas, plantio de grama e árvores
nas proximidade da granja, forro de lona, sombrites, pintura de paredes e telhados na cor
branca, telhas térmicas, etc. (DIAS et al., 2011). Já o monitoramento das variáveis ambien-
tais, normalmente limita-se ao uso de termômetros de máxima e mínima, controladores e
termostatos (PINHEIRO, 2014; SARUBBI, 2014).

262
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Parto e ordem de parição

Nem sempre a porca realiza um parto dentro da normalidade. Muitas vezes é neces-
sário uma atenção e cuidado maior, evitando que prejuízos tanto para a porca, quanto para
os leitões. No entanto, conhecer essas realidades particulares das porcas também se torna
uma informação valiosa, ajudando na previsão e organização dos trabalhos na maternida-
de. Todas as informações referentes ao parto devem ser anotadas em fichas para que seja
possível ter um histórico completo da porca (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). As principais
informações que devem ser anotadas são: data, hora de início e fim do parto, tipo de parto,
tempo de intervalo entre os nascimentos, número de leitões nascidos vivos, natimortos,
mumificados, peso da leitegada e ao nascimento, sexo dos leitões e uso de medicamentos
(DIAS et al., 2011).
Em um sistema de gestão de informações, os partos podem ser classificados como
normal, induzido, prematuro e distócico. Os partos induzidos são aqueles em que as porcas
recebem doses de PGF2alfa ou análogos visando a sincronização e acompanhamento dos
partos, organização das tarefas dos funcionários e manejo das matrizes e salas de mater-
nidade (BIERHALS; MAGNABOSCO, 2014). Partos prematuros são aqueles que ocorrem
antes dos 114 dias de gestação, e partos anteriores a 110 dias podem ser classificados
como abortos (MELLAGI et al., 2006; VANDERHAEGHE et al., 2011).
Partos distócicos são partos que não seguem os eventos fisiológicos normais, podendo
ser de origem materna (ex: inercia uterina, obstrução das vias fetais e desvio do útero) ou
fetais (ex: anomalias ou fetos grandes). Entretanto as distocias não são tão comuns nos
suínos como em outras espécies, podendo chegar a menos de 3% a 5% dos partos com in-
tervenção (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). No entanto, há muitos partos que sofrem palpações
uterinas, chegando a 20 a 23%, desta forma é possível que a maioria destas palpações não
sejam realmente necessárias (MELLAGI et al., 2007). A maior parte das palpações é reali-
zada em porcas mais velhas, consequência de partos longos e hipertermia que aumentam a
quantidade de leitões natimortos. Normalmente, justamente este grupo de porcas é removido
do plantel por baixa performance, idade e até mesmo morte (STALDER et al., 2004). Sendo
assim, a palpação pode ser consequência de as porcas já estarem com a sua longevidade
comprometida necessárias (MELLAGI et al., 2007).
Portanto, visando reduzir as perdas e garantir a viabilidade dos leitões, é importante
realizar o acompanhamento prévio das porcas e no momento do parto. Informações e o
histórico das porcas pode ajudar na tomada de decisões. Assim como a duração da ges-
tação anterior pode ser levada em consideração, pois a probabilidade de uma porca que
teve um parto prematuro apresentar outros posteriormente, é maior do que uma que teve a
duração da gestação ≥114 dias (VANDERHAEGHE et al., 2011). Uma das consequências
263
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
que a seleção genética para aumentar o tamanho das leitegadas trouxe foi o aumentar tam-
bém o número de natimortos, fato também associado ao aumento da duração dos partos
(BJÖRKMAN et al., 2017; UDOMCHANYA et al., 2019). A maioria dos casos de leitões nati-
mortos, é no período intraparto, causado principalmente pela anoxia (ausência de oxigenação
cerebral). Os principais fatores ligados a este tipo de natimortalidade são a ordem de parto,
grandes leitegadas, duração do parto e ausência de contração uterina (SOUZA et al., 2012).A
ordem de parto interfere diretamente na produtividade das porcas, sendo um fator levado
em consideração em todo o manejo. Neste quesito, o pico de produção de leitões nascidos
vivos varia entre o terceiro ao quinto parto, e à medida que a porca envelhece, o tamanho
da leitegada diminui (HOVING et al., 2011). Porcas primíparas apresentam um menor nú-
mero de leitões nascidos vivos, com peso ao nascimento e desempenho até o desmame
menor do que porcas pluríparas (PIÑEIRO et al., 2019). Quando as porcas passam para a
segunda gestação, podem ser acometidas de uma síndrome produtiva, também conhecida
como “Síndrome do Segundo Parto”. Neste cenário, a principal característica é a grande
queda no número de leitões nascidos vivos, em relação a média esperada para o segundo
parto (figura 1) (SCHENKEL et al., 2007). As causas dessa síndrome podem ser associadas
ao desenvolvimento corporal das porcas, alta exigência nutricional na lactação anterior, alto
catabolismo, perda de peso excessiva e alto IDC (HOVING et al., 2011; MELLAGI et al.,
2013; SCHENKEL et al., 2010).

Figura 1. Total de leitões nascidos vivos em relação a ordem de parto de porcas com (linha pontilhada) e sem síndrome
do segundo parto (linha continua).

Fonte: SELL-KUBIAK et al., (2021)

Outro ponto que deve ser considerado quando se fala de ordem de parição, é a uni-
formidade de distribuição das fêmeas no plantel. Na maioria das granjas, é adotado uma
renovação média das fêmeas de 35 a 55% ao ano. Desta forma o ideal é que a distribuição
264
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
seja decrescente onde, aproximadamente 17 a 21% do plantel seja de porcas primíparas,
caindo para 4% de porcas acima do sexto parto (WENTZ et al., 2007). Procedendo desta
maneira, a granja mantem a maioria das porcas dentro da fase mais produtiva (terceiro a
quinto parto), fazendo com que haja uma forte seleção para a permanência de porcas acima
de seis partos (ANTUNES, 2007).
Do ponto de vista da modelagem, as informações referentes a ordem de parição são
muito importantes. Através da modelagem é possível predizer a produtividade das porcas
no decorrer da vida, podendo assim auxiliar na seleção de porcas mais eficientes (GRUHOT
et al., 2017; HOVING et al., 2011). Além disso, a própria produtividade já interfere nos mo-
delos nutricionais das porcas, onde cada leitão a mais exige uma maior produção de leite,
que consequentemente interfere no consumo de ração e mobilização de reservas. Sem ao
menos considerarmos as grandes diferenças fisiológicas e metabólicas de porcas primíparas
e pluriparas, que por si só já são importantes (DOURMAD et al., 2013).

Melhoramento genético

Características produtivas podem ser herdadas, ou seja, passada dos genitores para
a prole. No entanto determinadas características são mais importantes do que outras, pois
estão ligadas ao interesse econômico da atividade suinícola. O aprimoramento dessas carac-
terísticas seria impossível sem realização da intensa e completa coleta de dados (ANRAIN,
2014). Por exemplo, o tamanho da leitegada aumentou nos últimos anos devido a coleta
das informações relativas à reprodução (taxa ovulatoria, taxa de fecundação, sobrevivên-
cia embrionária e fetal, capacidade uterina, eficiência placentária, localização dos fetos no
útero, peso ao nascimento) (BORTOLOZZO et al., 2007). Entretanto, a grande maioria das
granjas possuem rebanhos comerciais, mas isso não significa que não exista uma seleção
de reprodutores melhores. Neste tipo de granja, as melhores e mais produtivas porcas per-
manecem no rebanho (ANTUNES, 2007).
A seleção genética apurada dos suínos levou-os a melhorar a eficiência alimentar e
a depositar mais proteína e menos gordura na carcaça. Ao final da década de 1990, isso
fez com que as linhagens maternas também se tornassem magras e com baixo apetite.
(ROZEBOOM, 2015). O resultado disso acabou gerando problemas para as porcas como
longo intervalo desmame-estro, consequência da redução da capacidade de consumo de
ração e das reservas corporais, favorecendo os efeitos do catabolismo da lactação (CAMPOS
et al., 2012; ROSSI et al., 2008). Sabendo disso, os pesquisadores têm buscado modelos
e propostas que integrem informações para tentar contornar os problemas acima expos-
tos. Um exemplo disso é o software InraPorc®, capaz de integrar informações como or-
dem de parto, atividade física, genética, condição corporal, temperatura, manejo alimentar,
265
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
alimentos e dietas. A partir destas informações o software é capaz de simular situações,
determinar os requerimentos nutricionais, predizer a performance e analisar a utilização dos
nutrientes (DOURMAD et al., 2008). Portanto, é um grande desafio para os programas de
melhoramento genético de suínos atender as demandas nutricionais das porcas de hoje,
otimizando o consumo de nutrientes, aumentando a capacidade de produção de leite e ha-
bilidade materna, buscando reduzir os efeitos do catabolismo na lactação.
As características reprodutivas das porcas são complexas, pois existem muitos atributos
relacionados a uma simples característica, e determinadas ações em quaisquer atributos
podem afetar a longevidade e produtividade de maneira geral (ZAK et al., 2017). Nos últi-
mos anos o tamanho da leitegada aumentou e, apesar de ser uma característica desejada
e importante, aumentar o número de nascidos vivos trouxe suas consequências. (CAMPOS
et al., 2012; ROZEBOOM, 2015). Entretanto, devido à complexidade de se aumentar o nú-
mero de leitões nascidos vivos, é importante que os programas de melhoramento adicionem
características voltadas para a sobrevivência dos leitões na gestação, ao parto e consumo
de colostro e leite adequados (ZAK et al., 2017). Além de buscar por leitões mais resistentes
a doenças e aos desafios enfrentados ao longo da vida, reduzir os leitões de baixo peso e
a desuniformidade das leitegadas (ANTUNES, 2014).

Nutrição x condição corporal

Como o peso e a condição corporal das porcas varia muito durante toda a vida, é
crucial realizar o seu monitoramento, pois podem acarretar em problemas produtivos, re-
produtivos ou de desempenho da prole (CONDOUS; KIRKWOOD; VAN WETTERE, 2014).
Desta forma, é ideal que a porca mantenha uma condição corporal correspondente ao ciclo
de vida ao qual está, afim de maximizar o seu desempenho (BARBOSA, 2015; ZOU et al.,
2017). E para isso existem ferramentas capazes de auxiliar nesse controle, assim como a
avaliação do Escore de Condição Corporal (ECC), utilização de Ultrassom (MAES et al.,
2004) ou do Caliper (KNAUER; BAITINGER, 2015).
Frequentemente, dentre as porcas magras é possível observar altas taxas de morta-
lidade, aumento no descarte por baixos índices produtivos (alto IDC e retorno de cio, baixa
taxa de parição e leitões desmamados/fêmea/ano) que consequentemente levam a uma
menor longevidade das porcas no plantel (LEWIS; BUNTER, 2011; STALDER et al., 2004;
YOUNG et al., 1991). Tal situação foi observada por Young et al., (1991) onde 55% das
porcas de OP2 e 44% de OP3 que apresentaram ET abaixo de 12mm, não chegaram o
parto subsequente.
Por outro lado, quando as porcas apresentam-se acima do peso e condição corporal
ideal, problemas como número de leitões natimortos, distocia no parto e lesões nos membros
266
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
locomotores aumentam (ROONGSITTHICHAI; TUMMARUK, 2014; ROSSI et al., 2008;
STALDER et al., 2004). Na lactação, porcas que possuem ET acima de 21 mm ao parto
apresentam baixo consumo voluntário de ração (ROSSI et al., 2008). Esta situação está
muito ligada seleção genética para eficiência alimentar (BORTOLI et al., 2018), que por
consequência, leva a uma maior perda de peso. E nestas condições observa-se redução
da produção de leite e menor desempenho da leitegada, o que pode se estender sobre as
gestações e partos subsequentes. Perdas de peso durante a lactação maiores que 10%
prejudicam significativamente as taxas de parto e o total de leitões nascidos vivos dos par-
tos subsequentes, sendo que as primíparas são mais sensíveis a esta variação (THAKER;
BILKEI, 2005). Entretanto, até mesmo perdas de peso leves (1,1%) são capazes de reduzir
a taxa de parto de porcas de primeiro e segundo parto que apresentam alto catabolismo
(MELLAGI et al., 2013). Todas estas situações somadas, acabam levando a uma baixa
produtividade, e por fim resultam na morte ou no descarte prematuro de porcas.
De posse dessas informações, é possível inseri-las e aplicá-las em softwares nutricio-
nais como o INRAPorc® e NRC (2012). O INRAPorc® é um modelo proposto para avaliar os
efeitos de diferentes estratégias nutricionais, através de fácil caracterização da população
de animais da granja e permite estimar as exigências nutricionais deste rebanho e simular
diferentes cenários de produção. (DOURMAD et al., 2008; LEHNEN, 2012). Já o NRC bus-
ca estimar as exigências nutricionais dos suínos, comumente apresentando os resultados
em tabelas de recomendação (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014). Ambos
os modelos são baseados em equações matemáticas, que buscam simular um animal ou
população, seus fluxos de nutrientes, reservas corporais e excreção, além de conter as
informações referentes aos alimentos e dietas. A combinação de todas essas informações
permite observar a existência de excessos ou deficiências de nutrientes, mobilização ou
recomposição de reservas corporais antes mesmo da aplicação prática (DOURMAD et al.,
2013). Portanto a utilização da modelagem nutricional é uma ferramenta que auxilia na
tomada de decisões, permite aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes e que, con-
sequentemente colabora para a manutenção e longevidade das porcas no plantel.

USO DA MODELAGEM NA SUINOCULTURA

A modelagem matemática ajuda a entender e quantificar melhor os fenômenos bio-


lógicos complexos, pois conhecendo os fatores e variáveis é possível transformá-los em
equações matemáticas capazes de serem simuladas em computador. Já os resultados
apresentados pela modelagem permitem a tomada de decisões tanto em ambiente comercial
quanto no de pesquisa (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014).

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Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Oviedo-Rondón (2007) descreve os principais objetivos da pesquisa baseada em mo-
delagem matemática: a) integrar os conceitos existentes e dados em um formato compatível
com as análises quantitativas e dinâmicas, para em seguida estimar sua validade b) reduzir
as dificuldades conceituais em análises de interações entre elementos de sistemas com-
plexos, c) pré-avaliar hipóteses alternativas quando os conceitos são inadequados e indicar
necessidade de experimentação, d) estimar os valores dos parâmetros que não podem ser
medidos diretamente e/ou ajudarem na interpretação de novos dados.
A modelagem possui ao menos seis abordagens diferentes: empírico, mecanicista,
estático, dinâmico, determinístico e estocástico. A modelagem empírica consiste em calcular
as relações quantitativas por ajuste estatístico dos dados (MAES et al., 2004) por uma ou
mais equações de regressão (SAUVANT, 1992). Também é conhecido como “caixa preta”,
pois seu funcionamento matemático não é transparente, não levando em consideração os
mecanismos que controlam os fenômenos (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014;
ROUSH, 2006). Podemos considerar como modelos que utilizam a abordagem empírica as
tabelas de recomendação nutricional, assim como as Tabelas Brasileiras (ROSTAGNO et al.,
2017). Modelos mecanicistas podem ser entendidos como “a compreensão do que acon-
tece no interior da caixa preta” (MAES et al., 2004). Modelos mecanicistas são construídos
olhando para a estrutura de todo o sistema, dividindo-o em seus componentes principais e
analisando o comportamento de todo o sistema, de seus componentes individuais e suas
interações entre si, assim como as etapas da digestão e metabolismo dos nutrientes dentro
do organismo animal (MAES et al., 2004; ROUSH, 2006).
Modelos estáticos podem descrever um fenômeno, sem considerar a variação do tempo
(ex: determinação de uma exigência nutricional em uma idade especifica), diferentemente
de modelos dinâmicos, que a consideram (ex: curvas de crescimento). Modelos determinís-
ticos possuem uma única resposta (ex: em uma curva de crescimento de um animal é ob-
tido determinada idade e consequentemente um peso médio), entretanto os estocásticos
dependem das probabilidades (ex: curvas de distribuição de probabilidades, assim como
a curva normal, entre outras) (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014). Apesar
da diversidade dos tipos de modelos, existe uma grande dificuldade em definir os meca-
nismos envolvidos nos fenômenos biológicos, fazendo que os modelos empíricos sejam
mais utilizados. Os modelos mecanicistas são muito úteis para avaliação e adequação dos
conhecimentos atuais e estudo dos processos biológicos (OVIEDO-RONDÓN; POMAR;
CONCEIÇÃO, 2014; ROUSH, 2006). Quando comparados com modelos mecanicistas, os
modelos empíricos apresentam uma menor precisão.
De forma prática, a aplicação da modelagem pode utilizar mais de uma abordagem para
demonstrar o seu potencial. Por exemplo o InraPorc é um modelo dinâmico, determinista e
268
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
mecanicista por representar os fenômenos relacionados à nutrição, alimentação, genética e
a utilização dos nutrientes (FRAGA et al., 2015). Ou ainda o AIPF (Automatic and inteligent
Precision feeder) que utiliza componentes empíricos e mecanicistas para estimar e atender
em tempo real exigência de aminoácidos (POMAR et al., 2013).

MACHINE LEARNING E ÁRVORE DE DECISÃO

O pensamento humano e as suas decisões partem de um complexo sistema, influencia-


do pelo ambiente externo, emoções, pressões e vontades, inerentes da própria humanidade.
Entretanto, hoje temos os computadores e toda a sua lógica diferente da nossa. A infor-
mática contribuiu para o aprimoramento e desenvolvimento de diversos modelos estatísti-
cos, melhorando a predição dos conjuntos de dados. No entanto, muitas vezes ignoram a
dependência de variáveis explicativas (JOAQUIM, 2019). Mas então, como fazer com que
os computadores possam ao menos se assemelhar com o nosso pensamento ou com as
decisões que tomaríamos?
A partir disso, foi criada a inteligência artificial, que passou a ser conhecida também
como inteligência computacional. Pode-se defini-la como “inteligência que envolve o uso de
métodos baseados no comportamento inteligente de humanos e outros animais para resolver
problemas complexos” (COPPIN, 2004) ou ainda como “ciência multidisciplinar que busca
desenvolver e aplicar técnicas computacionais que simulem o comportamento humano em
atividades específicas” (GOLDSCHMIDT, 2010).
Dentro da inteligência computacional encontramos as técnicas de aprendizado de má-
quina (machine learning), que busca explicar diversas situações pela geração de algoritmos e
equações matemáticas (PERES, 2018). O aprendizado de máquina subdivide-se em modelos
preditivos e descritivos. Nos modelos descritivos os dados são classificados e agrupados por
similaridade. Já nos modelos preditivos trabalha com as variáveis resposta, buscando a pre-
dição pelos dados pré-existentes (DUDA; HART; STORK, 2001; KOTSIANTIS; ZAHARAKIS;
PINTELAS, 2007). Dentre os principais algoritmos de modelos preditivos, destacam-se a
árvore de decisão, redes neurais, Support Vector Machines e Random Forest (PERES, 2018)
As árvores de decisão são modelos preditivos simples e intuitivos. Por exemplo, o status
da atividade de um animal pode ser classificado fazendo uma série de perguntas simples de
sim ou não. Uma árvore de decisão é construída da seguinte maneira: o conjunto de dados é
separado em um grupo de treinamento e outro de validação. Em seguida, utilizando o grupo
de treinamento, encontra-se a melhor divisão dos dados em relação a variável a ser estudada,
através de perguntas de sim e não. Então, confronta-se as informações com o grupo de vali-
dação, pois a melhor divisão é aquela que produzirá os grupos mais homogêneos. A árvore
será produzida quando todos os dados forem classificados corretamente (PERES, 2018).
269
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
As árvores de decisão são usadas diretamente para gerar regras e são computacional-
mente baratas para treinar, avaliar e armazenar. Eles podem lidar com dados categóricos
e contínuos e são bastante robustos para outliers. No entanto, elas são propensas a varia-
ções, pois pequenas mudanças no conjunto de dados de treinamento podem levar a árvores
significativamente diferentes, e seu desempenho preditivo pode ser pobre em comparação
com outros algoritmos (VALLETTA et al., 2017).
A fim de se estabelecer comparações justas e precisas entre as diferentes classifica-
ções dos valores são utilizadas medidas avaliativas da performance do método. Dentre elas
destacam-se a sensitividade, especificidade e precisão. O resultado de todas essas análises
além de expresso pelas medidas avaliativas é demonstrado graficamente. A grande vanta-
gem da árvore de decisão é a simplicidade de apresentação. A árvore é construída a partir
de perguntas, gerando ramificações, só terminando quando uma classe é prevista (PERES,
2018). Na figura 3 observa-se como a árvore de decisão de estabelece. No exemplo em
questão, o conforto térmico de leitões foi estudado e estabelecido através da vocalização:
sensação de frio quando for acima de 0,46 segundos ou quando a amplitude do sinal for
acima de 0,42Pa e duração entre 0,26 a 0,46 segundos.

Figura 3. Exemplo de árvore de decisão baseado na vocalização de leitões para identificar a sensação de conforto térmico.

Fonte: NÄÄS; CALDARA; CORDEIRO (2014).

Como as árvores de decisão possuem essa capacidade de tornar grandes conjuntos


de dados em informações de fácil compreensão, perfeitamente possível utilizar esta fer-
ramenta na suinocultura. Ela permite a identificação dos pontos forte e fracos do sistema
produtivo. Ter o conhecimento destas informações, contribui para aprimorar a produção de
suínos (KIRCHNER; TÖLLE; KRIETER, 2004). As árvores de decisão podem ser aplicadas
em diversas áreas dentro da suinocultura como por exemplo a identificação etária e sexual
pela vocalização de leitões, parâmetros de bem-estar animal (CORDEIRO et al., 2018), 270
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
avaliação do desempenho do rebanho e estratégia de descarte de porcas (KIRCHNER;
TÖLLE; KRIETER, 2004), avaliação do ganho de peso diário de leitões (LEE et al., 2019),
predição do uso de água em granjas (LEE et al., 2017), prevenção e controle de doenças
(LIANG et al., 2020), classificação de carcaças e produtos cárneos (MASFERRER et al.,
2018), qualidade do sêmen suíno (LEMOINE, 2013), predição do preço da carne suína e
fatores de risco (DING; MENG; YANG, 2010). Desta forma as árvores de decisão podem
ser aplicadas aos diferentes seguimentos da cadeia produtiva, desde a granja e manejo até
na gestão e administração. Elas podem facilitar a tomada de decisões, antecipando e pre-
vendo as possibilidades do que pode acontecer. Ter essas informações em mãos permitirá
um melhor controle da produção, além da economia de tempo e dinheiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A coleta das informações em nível de granja é essencial para o desenvolvimento de


modelos nutricionais, de melhoramento genético e árvores decisórias. Entretanto, não bastam
investimentos em sistemas de coleta informatizada, sensores e softwares de gestão se não
ocorrer investimentos e capacitação técnica de todas as pessoas envolvidas no processo.
Técnicas de análise de dados estão sendo testadas em diferentes segmentos e aperfei-
çoadas a cada dia. Tanto a modelagem quanto as árvores de decisão são ótimas ferramentas
que trazem resultados e informações relevantes a suinocultura, favorecendo a predição de
situações, tornando a atividade cada vez mais produtiva e eficiente.

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277
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
18
Influência de diferentes protocolos
de higienização na creche sobre o
desempenho dos leitões

Robson da Costa Riella


UNIPAMPA

Bruno Neutzling Fraga


UNIPAMPA

Carlos Alexandre Oelke


UNIPAMPA

Gilberto Rodrigues Liska


UNIPAMPA

Vladimir de Oliveira
UFSM

Carlos Augusto Rigon Rossi


UFSM

Henrique da Costa Mendes Muniz


UFSM

10.37885/210504836
RESUMO

A desmama de leitões com transferência para creche é um momento desencadeador de


estresse e que demanda manejos específicos. Objetivo: O objetivo neste trabalho foi veri-
ficar a influência de diferentes manejos de higienização do ambiente sobre o desempenho
de leitões na fase de creche. Método: O trabalho foi realizado em um sistema de produção
intensivo de suínos na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com dois tratamentos e quatro repetições
com 10 animais, com total 80 unidades experimentais. Os tratamentos foram manejo
de Higienização Convencional – HC, protocolo de higienização da granja com limpeza
a cada três dias, e manejo de Higienização Intensificada – HI, limpeza diária. Os dados
foram coletados em seis períodos com intervalores de sete dias dos 28 aos 69 dias de
idade dos leitões, referentes ao desempenho animal. Resultados: O consumo médio
diário de ração foi superior (P<0,05) para HC no terceiro período. O ganho de peso diário
foi superior (P<0,05) para HI nos dois últimos períodos, mas não influenciou (P>0,05) a
média para o período geral. A conversão alimentar foi inferior (P<0,05) para HI a partir
do terceiro período e no período geral. Conclusão: O manejo de higiene intensiva do
ambiente não influenciou o consumo médio diário e ganho médio diário, porém reduz a
conversão alimentar dos leitões na fase de creche.

Palavras-chave: Fezes, Limpeza, Patógenos.

279
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

A fase de creche, principalmente logo após o desmame, é um momento desenca-


deador de estresse aos leitões. Isto porque os desmamados são envolvidos por diversas
situações inéditas como os novos equipamentos e ambiente que podem representar um
fator negativo sobre o desempenho dos animais. De qualquer maneira, os leitões em fase
de creche demandam a adoção de uma série de especificidades para nutrição, manejo e
higiene (KUMER et al., 2009).
As granjas de produção intensiva de suínos possuem ampla microbiota, tanto bené-
ficas quanto patógenas. O equilíbrio ou controle destas dentro dos rebanhos muitas vezes
decorre pelas defesas imunitárias dos animais (ZANELLA et al., 2016). No entanto, para
animais com baixa imunidade e em contato constante com os agentes infecciosos, como os
suínos neonatos, desmamados e animais jovens, os desafios são mais evidentes e danosos
(D’ALENCAR, 2011; SILVA et al, 2015). O contato dos animais com agentes infecciosos
ocorre de muitas formas e a principal talvez seja o contato dos animais com as fezes. Neste
sentido, manejos são adotados para reduzir as consequências do contato ou o próprio con-
tato. Para dirimir o contato dos animais com os agentes patogênicos algumas estratégias
são: material da baia, tipo de piso, altura da baia do chão e manejos de higiene. Todavia,
em decorrência do grande volume de produção, tempo despendido e de mão-de-obra, o
uso antimicrobianos e antibióticos promotores de crescimento, foi consolidado como uma
alternativa mais prática.
O uso de medicamentos profiláticos ou melhoradores de desempenho na produção
animal é amplamente debatido. Os cenários de produção podem ser ilustrados por uma
relação intrínseca entre exposição dos animais aos agentes infecciosos (Doenças), impos-
sibilidade da máxima expressão génica decorrente da doença (Redução do desempenho
animal) e as resoluções do uso de antimicrobianos e antibióticos (Tratamento). Desta forma,
é composta uma tríade de causa-consequência-reação. Essa tríade é empregada de forma
espontânea e corriqueira para a tomada de decisão, sem auferir as possibilidades distintas
na produção animal. No entanto, existem programas com total ênfase à prevenção como o
“Manejo Highcare” e “Suinocultura 4.0” com resultados promissores (INTVEN, 2019).
Em granjas com manejos de higienização e sanitários defasados o sistema imunológi-
co dos animais é constantemente desafiado. A ativação do sistema imune requer um gasto
energético entre baixo a muito alto, sendo a variação dependente do grau de agressividade
da doença ou do desafio sanitário. A energia demandada nesta ativação é incorporada as ne-
cessidades de manutenção e, consequentemente, não é utilizada para o desempenho animal.
Uma reinterpretação da tríade, Doenças x Redução do desempenho animal x
Tratamento, é necessária. Talvez, a quebra deste paradigma ocorra através da alteração
280
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
de uma ação reativa por uma ação propositiva. Atacar a causa anterior a tríade da doença,
ou seja, evitar o contato dos animais com os agentes infecciosos poderia minimizar os riscos
à saúde dos animais e, consequentemente, permitir o melhor desempenho sem o uso de
antimicrobianos. O objetivo neste trabalho foi verificar a influência de diferentes manejos de
higienização do ambiente sobre o desempenho de leitões na fase de creche.

MÉTODO

O trabalho foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Suinocultura da Unipampa


Itaqui (GPSUI), no período de julho a setembro de 2018. O experimento transcorreu em um
sistema de produção intensivo de suínos na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do
Sul. Foi utilizado um galpão convencional de creche com 3 metros de altura de pé-direito,
estrutura em alvenaria, forro em madeira, piso de cimento e aberturas laterais fechadas por
cortinas. A ventilação e renovação do ar ocorreu pelo manejo das cortinas de acordo com
a temperatura ambiente e concentração de gases. Nos primeiros 14 dias foram utilizadas
campânulas, com lâmpadas incandescestes de 100 watts, para controle da temperatura.
As baias da creche eram de estrutura metálica, com piso de polietileno vazado e, sus-
pensas a 80cm do piso compacto do galpão. As baias tinham área de 5m2 (2,5 x 2,0m), com
capacidade para 10 animais ou lotação de 2 animais por metro quadrado. As baias estavam
equipadas com comedouros circulares na primeira semana e comedouros convencionais
(tipo cocho) para o decorrer do período. O fornecimento de água foi Ad libitum através be-
bedouros tipo Chupeta.
O Programa Alimentar foi Ad libitum e o Programa de Dietas foi composto por três die-
tas (Pré-Inicial – 28 dias aos 41 dias de vida dos leitões, com duração de 14 dias; Inicial I –
42 dias aos 55 dias de vida dos leitões, com duração de 14 dias; e Inicial II – 56 dias aos
69 dias de vida dos leitões, com duração de 13 dias). As dietas foram compostas a base
de quirera de arroz, farelo de soja, farelo de arroz desengordurado e suplementadas com
calcário, fosfato bicálcico, sal e premix comercial vitamínico e mineral. Foram utilizadas as
exigências nutricionais de leitões (desempenho médio), segundo as Tabelas Brasileiras para
Aves e Suínos (ROSTAGNO et al., 2011).
Os animais foram distribuídos em 2 tratamentos, 4 repetições com 10 suínos cada,
com total de 80 unidades experimentais. Os animais utilizados eram meio-irmãos-paternos,
sendo híbridos comerciais. Os leitões foram desmamados aos 28 dias, com peso médio
inicial de 7,69kg, dispostos em lotes mistos, fêmeas e machos castrados.
Os tratamentos consistiram em manejo de Higienização Convencional – HC e de
Higienização Intensificada – HI. O HC seguiu o protocolo de higienização adotado pela granja,
que consistiu em limpeza da baia a cada três dias (varredura da baia a seco e raspagem com
281
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
espátula para remoção dos dejetos, limpeza dos comedouros e bebedouros) e a partir da
segunda semana e de forma quinzenal era realizada uma lavagem com jato de alta pressão
na área abaixo das baias, para remoção do excesso de dejetos orgânicos. O HI consistiu
em limpeza da baia diariamente (varredura da baia com vassoura úmida para remoção dos
dejetos e raspagem com espátula para remoção dos dejetos e limpeza dos comedouros e
bebedouros) sendo que a partir da segunda semana e de forma semanal era realizada uma
lavagem com jato de alta pressão na área abaixo das baias, para remoção do excesso de
dejetos orgânicos.
Ressalta-se que previamente ao ingresso do lote de leitões foi realizado o manejo
“All in - All out”, com pré-limpeza do galpão de acordo com o Programa de Limpeza e
Desinfecção (PLD) da granja. Este consiste na retirada da matéria orgânica aderidas às
grades divisórias, ao piso vazado e das demais áreas da sala com o uso de bomba d’água
de alta pressão, período de secagem, desinfecção com hipoclorito 1:200 e finalizado com
vazio sanitário de sete dias.
Os dados foram coletados em sete períodos com intervalores de sete dias dos 28 aos
69 dias de idade dos leitões, sendo referentes ao desempenho animal (idade, peso e consu-
mo acumulado das dietas) de todas as unidades experimentais. Foram coletados os dados
referentes ao desperdício de ração (ração contida nos sacos coletores colocados abaixo dos
cochos, ração no chão abaixo da área do cocho e ração com sujidades) e sobras de ração
nos cochos (total de ração que permanecia no cocho ao final dos períodos).
O delineamento experimental foi o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) em
esquema de parcelas subdivididas no tempo em que a parcela foi constituída pelo manejo
e a sub parcela pelo tempo. As médias dos tratamentos foram comparadas entre si, através
do programa Sisvar, pelo teste de Scott-Knott, com 5% de nível de significância (FERREIRA,
2014). O projeto foi protocolado sob o n° 014/2019 no Comitê de Ética no Uso de Animais
(CEUA) da Unipampa, onde foi aprovado em reunião. Uma nota pode ser discutida sobre
o coeficiente de variação. Segundo Gomes (1985), o CV fornece a ideia da precisão do
experimento e, tendo-se por base os CV comumente encontrados em ensaios agrícolas de
campo, eles são classificados em baixos, quando menores do que 10%; médios, quando
de 10 a 20%; altos, quando de 20 a 30% e muito altos, quando maiores do que 30%. Dessa
forma, indicamos que os CV’s de nosso estudo refletem considerável precisão do expe-
rimento realizado.

282
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 são apresentados os resultados dos tratamentos sobre o consumo médio


diário de ração, dos leitões na fase de creche nos períodos e média geral do período total
(28 aos 69 dias).

Tabela 1. Consumo médio diário (g.dia–1) de ração por animal

Período e idade média dos leitões (dias)

Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total

32 dias 39 dias 46 dias 53 dias 60 dias 66 dias 49 dias


HC 0,19Aa 0,24Ab 0,43Ac 0,65Ad 1,04Ae 1,28Af 0,64A
HI 0,19Aa 0,24Ab 0,41Bc 0,64Ad 1,04Ae 1,27Af 0,63A
Média 0,19a 0,24b 0,41c 0,64d 1,03e 1,27f 0,63
CV1 (%) 1,02
CV2 (%) 1,04
*HC: Higienização Convencional, HI: Higienização Intensificada. Médias seguidas de letras iguais, minúsculas na linha e
maiúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott com 5% de nível de significância. CV: Coeficiente de
Variação. Fonte: elaborada pelo autor.

O consumo médio diário de ração é definido pela quantidade diária de ração fornecida
aos animais, decrescida do valor do desperdício (acumulados nos coletores, na área do
piso abaixo dos comedouros e as rações contaminadas com urina e fezes) e de sobra nos
cochos (coletadas ao final de cada período semanal). O efeito de tempo sobre as repeti-
ções dos tratamentos transcorreu de forma sequencial, diferindo (P<0,05) no decorrer das
pesagens. Ou seja, para as repetições dentro de cada tratamento, isso ocorre devido ao
desenvolvimento dos animais conforme as pesagens semanais. O consumo de ração pelos
animais dos tratamentos HC e HI apresentou diferença (P<0,05) durante a terceira sema-
na, entre os 42 e 49 dias. Portanto, houve um maior consumo de ração pelos animais do
tratamento HC. Conforme Kummer et al, (2009), vários fatores podem interferir no consumo
de ração pelos animais, desde seu desenvolvimento intrínseco até fatores como ambiente,
concentração de gases, ruídos e temperatura.
Na terceira semana ocorreu a troca de ração, de Pré-inicial para Inicial I, o que pode ter
interferido no consumo de ração pelos animais. Ainda, durante o período que compreendeu
a terceira semana de avaliação houve uma variação nas amplitudes de temperatura, onde
as mínimas variaram de 5,8 a 16ºC e as máximas tiveram uma variação de 14 a 23,5ºC.
Oscilações de temperaturas e temperaturas fora da zona de conforto para leitões, que é em
torno de 28ºC, interferem no consumo de ração pelo animal, conforme corroboram Vieira
(2005) e Ferreira (2001).
No período experimental a ração era fornecida à vontade para os animais, assim con-
jectura-se que o fornecimento de ração não foi um limitante para a expressão do desem-
penho animal pelos os leitões. Ainda, conforme Pinheiro (2009), leitões em creche podem
283
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
adquirir hábito de defecar e urinar nos comedouros, ocasionando um maior acumulo de
gases, odores desagradáveis e decomposição da ração, assim interferindo no acesso aos
comedouros e ingestão das rações. Tal resultado é muito importante, uma vez que Cole &
Varley (2000), afirmam que o consumo de um leitão de creche representa 12,6% do total de
ração consumida até o abate, mas influencia em até 30% o ganho de peso dos animais nas
fases posteriores. As médias finais dos tratamentos não diferiram (P>0,05) entre si.
Os resultados de ganho de peso diário dos animais estão apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Ganhos de peso diário (g.dia–1) por animal

Período e idade média dos leitões

Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total

32 dias 39 dias 46 dias 53 dias 60 dias 66 dias 49 dias

HC 0,14Aa 0,20Ab 0,33Ac 0,47Ad 0,58Ae 0,69Af 0,40A


HI 0,16Aa 0,23Ab 0,37Ac 0,52Ad 0,67Be 0,80Bf 0,45A
Média 0,15a 0,22b 0,35c 0,49d 0,63e 0,75f 0,43
CV1 (%) 19,24
CV2 (%) 6,69
*HC: Higienização Convencional, HI: Higienização Intensificada. Médias seguidas de letras iguais, minúsculas na linha
e maiúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott com 5% de nível de significância. CV: Coeficiente
de Variação. Fonte: elaborada pelo autor.

O ganho de peso diário é obtido pela diferença entre o peso final e peso inicial dividido
pelo período analisado. Este valor indica a quantidade média de peso que o animal incorporou
ao seu organismo por dia, sendo fundamental para acompanhar a produtividade. O ganho
de peso diário foi influenciado (P<0,05) pelo tempo, indiferente aos tratamentos.
Os tratamentos apresentaram resultados iguais para a primeira semana de experimento
(pesagem aos 28 e 35 dias) para ganho de peso diário e consumo médio diária de ração,
o que demostra que a socialização e adaptação dos leitões ao ambiente de creche ocorreu
de forma equivalente. Estes valores são corroborados por Barnet et al., (1994) e Le Dividich
& Seve (2000), que sugerem que a adaptação e bem-estar dos leitões em fase de creche
está relacionada com intensidade de fatores como: mistura de lotes, ressocialização, brigas,
ambiente, alimentação, dentre outros, causando uma procrastinação no desenvolvimento
do animal que se estende até o momento da melhor adaptação.
Segundo Cera et al. (1988), o consumo médio diário e o ganho de peso diário são
proporcionais ao tamanho do animal. Logo, leitões nas primeiras semanas de vida apre-
sentam uma taxa menor destes e, o aumento no peso dos leitões ocorre de acordo com o
aumento do aporte energético, com reflexos positivos diretos nas fases posteriores. As mé-
dias de ganho de peso diário não diferiram (P>0,05) para ambos os tratamentos nas quatro
primeiras semanas. Nas duas últimas semanas de tratamento (representadas por 60 e 66
dias) houve diferença (P<0,05) positiva para os leitões tratados com HI. No entanto, estes
valores foram insuficientes para diferir (P>0,05) a média do período total. Porém, em cenário
284
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
hipotético pós-experimento, se conjectura que essas médias se tornariam mais representa-
tivas e constantes conforme a crescimento do animal. Ainda, os animais que apresentaram
maior ganho de peso diário nas últimas semanas apresentarão melhor adaptabilidade e
desenvolvimento nas próximas fases. Em um ambiente favorável o ganho de peso está di-
retamente relacionado com o consumo de ração pelos animais. Porém, em ambientes com
déficit de higiene, acumulo de gases e estresses diversos há uma interferência na relação
entre o consumo de ração e o ganho pelos animais, onde os animais não ganham peso em
referência ao que consomem conforme descreve Kummer et al. (2009). Desta maneira, o
ambiente mais limpo pode ter influenciado o melhor GPD tanto pelos comedouros limpos
quanto pela redução no desafio sanitário.
Os valores de conversão alimentar dos animais nos períodos estão represen-
tados na tabela 3.

Tabela 3. Conversão alimentar por animal

Período e idade média dos leitões

Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total

32 dias 39 dias 46 dias 53 dias 60 dias 66 dias 49 dias

HC 1,31 Ab 1,17 Aa 1,29 Ab 1,39 Ab 1,80 Ac 1,86 Ac 1,47 A


HI 1,18 Ab 1,06 Aa 1,12 Ba 1,24 Bb 1,55 Bc 1,60 Bc 1,29 B
Média 1,11 a 1,20 a 1,25 b 1,31 b 1,67 c 1,73c 1,38
CV1 (%) 6,43
CV2 (%) 6,91
*HC: Higienização Convencional, HI: Higienização Intensificada. Médias seguidas de letras iguais, minúsculas na linha e
maiúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott com 5% de nível de significância. CV: Coeficiente de
Variação. Fonte: elaborada pelo autor.

A conversão alimentar é a relação entre o consumo médio diário de ração e o ganho


de peso diário. Durante as pesagens das duas primeiras semanas os valores de conversão
alimentar foram iguais (P>0,05) para ambos os tratamentos. Dentre as presunções está o
corroborado por Kerr et al. (2003), que evidenciou que os valores similares de conversão
alimentar podem estar associados à paridade de ingestão de alimento, em condições de
ambientes similares por ambos tratamentos nas primeiras semanas de creche. Moreira
et al. (2001) não encontraram diferenças (P>0,05) na utilização dos alimentos por suínos
com mesma faixa de peso mantidos em diferentes ambientes. A partir da terceira semana
os tratamentos apresentaram diferença (P<0,05), onde os leitões tratados com manejo de
Higiene Intensiva- HI, apresentaram melhora na conversão alimentar.
O melhor desempenho de HI em relação a HC nas quatro últimas semanas pode ser
devido a manutenção do ambiente higienizado. Pois, uma situação de melhor controle sa-
nitário, proporciona uma menor pressão de infecção, não necessitando uma constante ati-
vação do sistema imune do suíno. Tal fato foi corroborado por Ferreira e Sousa (2004), que
demonstram que a cada ativação do sistema imune ocorre uma alteração no metabolismo do
285
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
animal, modificando a rota dos nutrientes e quebrando a síntese das proteínas, que seriam
utilizadas para o desempenho animal, para produzir anticorpos e antígenos. Assim, os leitões
mantidos no ambiente do tratamento de manejo de Higiene Intensiva - HI não utilizaram os
nutrientes ingeridos para manter a barreira imunológica ativa (exigência de manutenção),
mas sim para o ganho de peso (exigência de produção).
Sesti et al. 1998, afirmam que o sistema imunológico do animal é constantemente testa-
do e, embora responda de forma efetiva na resistência às doenças, está defesa não pode ser
usada de forma infinita ou interminável. Esse custo metabólico oscila de baixo até muito alto,
dependendo do grau de agressão da doença (RIBEIRO et al., 2008). Assim, quanto maior
for a necessidade de uso desse aporte, menor será o desempenho do animal. As médias
dos tratamentos, para conversão alimentar, diferiram (P<0,05) entre si. O melhor desempe-
nho animal dos leitões tratados com HI, ante os leitões tratados com HC, corroboram com
a conjectura do trabalho, onde se preconiza que ambientes com enfoque em manejos de
higiene intensivos proporcionam ao animal parâmetros como: baixo desafio sanitário, pres-
são de infecção com níveis inferiores, menor acúmulo de gases, menor contato com fezes e
agentes patogênicos, melhor qualidade de bem-estar-animal, oferecendo um ambiente com
qualidade e permite a máxima expressão do potencial produtivo dos suínos..

CONCLUSÃO

O manejo de Higiene Intensiva - HI do ambiente não apresentou influência sobre o


consumo médio diário e ganho peso diário, porém influenciou positivamente na conversão
alimentar a partir dos 42 dias de idade dos leitões.

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288
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
19
Principais mecanismos de ação de
aditivos probióticos na suinocultura

Melody Martins Cavalcante Pereira


UFRGS

Ines Andretta
UFRGS

Andréa Machado Leal Ribeiro


UFRGS

Camila Lopes Carvalho


UFRGS

Thais Bastos Stefanello


UFRGS

Júlio César Lopes Brasileiro


UFG

10.37885/210504842
RESUMO

Dentre os benefícios proporcionados por meio do uso de probióticos na alimentação de


suínos, a abordagem mais difundida gira em torno da modulação da microbiota intesti-
nal e sistema imune, em adição, atualmente discute-se bastante sobre seus efeitos no
eixo intestino-cérebro. Além da busca constante por melhoria de índices zootécnicos, a
inclusão dos probióticos na suinocultura moderna está correlacionada com resistência a
desafios sanitários, biodisponibilidade de nutrientes e bem-estar animal. Fatores estes,
que ainda não tiveram suas vias de ação totalmente compreendidas. À nível de microbiota
intestinal os probióticos podem atuar principalmente por exclusão competitiva e/ou inibição
antimicrobiana direta. Entende-se que à nível de resposta imune no hospedeiro, existem
vias de regulação, estimulação e modulação das respostas imunológicas. Tratando-se
da relação probióticos e eixo intestino-cérebro, sugere-se que a capacidade de modular
cepas presentes na microbiota, permitiria o estímulo para a produção de determina-
dos neuroquímicos que afetariam o comportamento animal, acarretando no aumento
do bem-estar. Conclui-se que os probióticos podem agir de diversas maneiras quando
adicionados na dieta de suínos, tornando-se necessário o estudo de cada uma dessas
formas separadamente para que seja possível englobar seus diversos fatores. Os efeitos
dos probióticos para espécie suína podem depender das características do ambiente em
que o mesmo está inserido e também da individualidade do próprio animal.

Palavras-chave: Suínos, Nutrição, Microbiota, Imunidade, Neurotransmissores.

290
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO

O uso exacerbado de antibióticos está sendo desencorajado em inúmeros países de-


vido à resistência microbiana que pode ser gerada, por meio da ocupação de animais em
ambientes com a presença de microorganismos resistentes e por meio de resíduos encon-
trados em produtos de origem animal (CEZÁRIO, 2020).
Assim, é imperativo buscar alternativas para o uso de antibióticos na indústria suína.
Tal situação oferece oportunidades de novos aditivos, como ácidos orgânicos, extratos de
plantas, pré e probióticos entrem na produção de suínos (BARBA-VIDA., et al 2019).
Lilly e Stillwell (1965) definiram os probióticos como substâncias produzidas por mi-
crorganismos que estimulam o crescimento de outras. Parker (1974) os descreveu como
organismos e substâncias que contribuem para o balanço da microbiota intestinal. Já Fuller
(1989), definiu os probióticos como suplementos alimentares microbianos vivos que bene-
ficiam o hospedeiro ao melhorar sua microbiota.
Probióticos são produtos de diferentes microorganismos, os mais utilizados são as bac-
térias do ácido lático, como: Lactobacillus acidophilus; L. bulgaricus, L. plantarum, L. casei,
Streptococcus faecium, S. lactis, S. thermophilus e Diacetilactus. Além de outros, como
o Bacillus subtilis, B. toyoi, Aspergillus oryzae, Torulopsis sp., e Bifidobacterium bifidum
(CHIQUIERI, 2003).
Esses microrganismos devem ser capazes de resistir a passagem, assim como tam-
bém ter a capacidade de proliferação no trato digestório. Os probióticos são amplamente
utilizados na suinocultura e o número de estudos que vêm sendo realizados sobre o efeito
de probióticos para esta espécie é crescente, tendo em vista as vantagens proporcionadas
ao setor (MATHIPA; THANTSHA (2017). Essas substâncias promovem benefícios para a
saúde do hospedeiro como modulação da microbiota entérica e melhorias na imunidade
e desempenho zootécnico (FAO, 2002). Em acréscimo, a influência dos probióticos sobre
o eixo intestino-cérebro, é uma das problemáticas mais discutidas da atualidade. Estudos
mostram que o ambiente e desafios pelos quais os suínos são condicionados podem modi-
ficar padrões comportamentais (BARBA-VIDAL et al., 2019). Assim, a inclusão de aditivos
alimentares como os probióticos poderiam influenciar a modulação da microbiota presente
no intestino, capaz de estimular a produção de substâncias neuroquímicas como, serotonina,
dopamina e norepinefrina (LYTE, LYTE et al., 2019).
Entretanto, devido as inúmeras abordagens e vias de ação dos probióticos, torna-se
difícil entender muitos de seus mecanismos e consequentemente explicar seus resultados.
Portanto, esta revisão de literatura irá avaliar profundamente os mecanismos de ação dos
probióticos para espécie suína no que diz respeito a ação na microbiota, na modulação do
sistema imune e na produção de neurotransmissores.
291
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DESENVOLVIMENTO

MODO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS EM SUÍNOS

Os mecanismos pelos quais os efeitos benéficos dos probióticos ocorrem, são abrangen-
tes e não foram ainda totalmente elucidados. Diferentes cepas podem influenciar o ambiente
intestinal de maneiras distintas. Os modos de ação mais discutidos são descritos a seguir.

À nível de microbiota intestinal

Os meios de ação dos probióticos podem se dar por exclusão competitiva, definida
como a ação normal da microbiota que protege o intestino contra o estabelecimento de
microrganismos prejudiciais (BAJAGAI et al., 2016). O conceito de exclusão competitiva
indica que as culturas de microrganismos benignos selecionados (probióticos) competem
com microrganismos prejudiciais no intestino por locais de adesão e substratos orgânicos.
Logo, a adesão de probióticos à parede intestinal poderia prevenir a colonização por cepas
patogênicas (YANG et al., 2015).
A exclusão competitiva é uma barreira física, na qual os probióticos podem impedir a
proliferação de bactérias patogênicas ao competir pelo mesmo sítio de ligação, os quais se
localizam principalmente nas vilosidades intestinais, nas células caliciformes e nas criptas
intestinais (CHICHLOWSK et al., 2007). Os probióticos também podem alterar o ambiente
intestinal de modo que as bactérias patogênicas não sobrevivam. Ademais, as bactérias
encontradas nos probióticos podem excluir as patogênicas ao competir por nutrientes e ener-
gia, prevenindo assim o crescimento e proliferação das bactérias patogênicas no intestino
(CUMMINGS; MACFARLANE, 1997).
Propriedades de adesividade específicas, que ocorrem devido à interação entre as pro-
teínas e as mucinas também podem inibir a colonização de bactérias patogênicas (SERVIN,
2004). Alguns probióticos, como a bactéria Lactobacillus plantarum induz a transcrição e ex-
creção de mucinas (MUC2 e MUC3) das células caliciformes e desde modo inibem a aderência
de enteropatogênicos como Escherichia coli da parede intestinal (FOOKS; GIBSON, 2002).
Outro mecanismo à nível de microbiota seria a inibição antimicrobiana direta, que diz
respeito a capacidade dos probióticos - após seu estabelecimento no intestino - de produzi-
rem substâncias bactericidas ou bacteriostáticas inibindo a colonização de microrganismos
patogênicos, incluindo bactérias gram-negativas (BAJAGAI et al., 2016). Por exemplo, algu-
mas bactérias probióticas participam do processo de fermentação de carboidratos, como a
lactose, que por sua vez produzem ácidos graxos de cadeia curta (ácidos lático e acético),

292
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
levando a redução do pH luminal a um nível não tolerado por bactérias nocivas como E.Coli
e Salmonella (BAJAGAI et al., 2016; MARTEAU et al., 2004).
Os mecanismos mais utilizados pelas bacteriocinas incluem a destruição das células
alvo através da formação e/ou inibição de poros na parede celular (HASSAN et al., 2012). A ni-
sina, junto com um glicopeptídeo, forma uma ligação estável, a qual gera um complexo de
várias moléculas de lisina e lipídeo II, formando um poro que posteriormente levará a célula
a um desequilíbrio eletrostático e, por fim, morte celular (BREUKINK & KRUIJFF, 2006).
Portanto, a produção de bacteriocinas pode inibir diretamente o crescimento de bactérias
patogênicas no trato gastrointestinal (O‟SHEA et al., 2012).
As bactérias probióticas produzem inúmeras bacteriocinas e demonstram in vitro ini-
bição de bactérias patogênicas, entre elas: Bacillus, Klebecella, Pseudomonas, Proteus,
Salmonella, Shigella, Staphylococcus, Vibrio e E. Coli (VILÀ et al., 2010).
Estudo relatam como os probióticos podem ser eficientes. Um exemplo é a bactéria
patogênica Salmonella sp. a qual tem origem alimentar e possui grande importância tanto na
saúde humana, quanto animal (LEE et al., 2015). Uma das formas de possível redução da
incidência de Salmonella sp. pode ocorrer através do fornecimento de aditivos, entre eles,
os probióticos. Martins et al. (2017), realizaram um estudo com o objetivo de acompanhar
a incidência de Salmonella sp. nas fezes e nos órgãos de suínos alimentados com dietas
adicionados de antibióticos e probióticos. A contagem de Salmonella sp. foi menor nas
fezes de suínos de 49 e 63 dias de idade alimentados com probióticos. Ademais, todos os
órgãos de animais de 63 dias de idade alimentados com probióticos apresentaram menor
contagem de Salmonella sp. quando comparados aos animais alimentados com antibióticos.
Portanto, concluiu-se que o uso de probióticos na alimentação de suínos pode promover a
diminuição da carga de Salmonella sp. resultando em menor contaminação da carcaça e
melhor qualidade dos produtos de origem suína.
Hayakama et al. (2016), utilizaram 3 probióticos diferentes na alimentação de matrizes
suínas. Os resultados demonstraram que o período de gestação das fêmeas alimentadas
com probióticos foram menores quando comparadas as fêmeas do grupo controle. Também
se observou que os peso das ninhadas foram maiores nas fêmeas alimentadas com pro-
bióticos. Ademais, durante o período do desmame, as fezes das fêmeas que receberam
probiótico possuíam uma maior quantidade de Lactobacillus e uma menor quantidade de
E.Coli nas fezes. No mesmo estudo foi observado os efeitos dos probióticos nos leitões
provenientes das fêmeas alimentadas com e sem probióticos. O estudo demonstrou que
a incidência de diarreia pós-desmame diminui e o desempenho dos leitões melhorou. Já a
nível de microbiota intestinal, durante o período do desmame, as fezes das fêmeas que

293
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
receberam probiótico possuíam uma maior quantidade de Lactobacillus e uma menor quan-
tidade de E.Coli nas fezes.

Modulação da resposta imune no hospedeiro

Os probióticos conferem proteção imunológica ao hospedeiro por meio da regulação,


estimulação e modulação das respostas imunológicas (DE ROOCK et al. 2010). Na imu-
nomodulação, fragmentos antigênicos probióticos, como compostos da parede celular das
bactérias, têm a capacidade de atravessar as células epiteliais intestinais e as células M nas
placas de Peyer e, então, modular as respostas imunes inatas e adaptativas (GALDEANO;
PERDIGÓN, 2004).
Acredita-se que o potencial imunomodulador dos probióticos envolva a manutenção
do equilíbrio entre as células T helper 1 (Th1) / T helper 2 (Th2) em cooperação com célu-
las T helper 17 (Th17) e células T reguladoras (Treg) (DE ROOCK et al. 2010). Além disto,
o efeito imunomodulador dos probióticos é atribuído à liberação de citocinas, incluindo inter-
leucinas (ILs), fatores de necrose tumoral (TNFs), interferons (IFNs), fator de crescimento
transformador (TGF) e quimiocinas de células imunes (linfócitos, granulócitos, macrófagos,
mastócitos, células epiteliais e células dendríticas) (AZAD et al., 2018) que regulam o sistema
imune inato e adaptativo (FOLIGNÉ et al., 2010).
Os efeitos imunes dos probióticos são altamente específicos para cada cepa, assim,
diferentes cepas pertencentes à mesma espécie podem apresentar estruturas antigênicas
distintas e influenciar o sistema imunológico de maneira diferenciada (HILL et al. 2014).
Por essa razão, as misturas de múltiplas cepas podem ser mais eficazes do que as cepas
isoladas, exercendo atividades sinérgicas (TIMMERMAN et al., 2004).
Além disso, algumas cepas microbianas afetam não apenas os mecanismos imunes
humoral e celular, mas também estimulam uma resposta imune inespecífica, aumentando a
atividade das células fagocíticas e células natural killer (NK) (YIRGA et al., 2015), que são
a primeira linha de defesa contra patógenos (MATHIPA; THANTSHA (2017).
O consumo de probióticos está relacionado ao mecanismo de aumento da imunidade
inata intestinal. Como relatado na literatura, eles influenciam a restituição da função de
barreira da mucosa do trato gastrointestinal após ser prejudicada por condições de estres-
se ou enfermidades. Este processo de restituição ocorre por fosforilação das proteínas do
citoesqueleto e das junções oclusivas (YIRGA et al., 2015).
O detalhamento deste mecanismo de ação não está totalmente esclarecido, porém
supõe-se que exista relação com as alterações na secreção de muco ou cloretos ou que
esteja ligado às alterações na expressão de proteínas das junções oclusivas pelas células
epiteliais (BAJAGAI et al., 2016).
294
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
As glicoproteínas mucinas são os principais constituintes macromoleculares do muco
epitelial. Os probióticos podem promover a secreção de muco como um mecanismo para
melhorar a função de barreira e a exclusão de patógenos (BERMUDEZ-BRITO et al. 2012).
Certas espécies de Lactobacillus aumentam a expressão de mucina nas células intestinais
humanas e animais, entretanto, este efeito protetor é dependente da adesão do Lactobacillus
à monocamada celular.
Estudos indicaram que o aumento da expressão de genes envolvidos na sinalização de
junções oclusivas é um possível mecanismo para reforçar a integridade da barreira intestinal
(ANDERSON et al. 2010).
Outro mecanismo de aumento da expressão de genes pode ser por estimulação ou
supressão da imunidade adquirida. A microbiota intestinal normal funciona como imunomo-
dulador para favorecer os sistemas de defesa do animal contra patógenos invasores, esti-
mulando a resposta imune gastrointestinal, o que, por sua vez, auxilia no desenvolvimento
do sistema imunológico, em razão da estimulação da produção de anticorpos e do aumento
da atividade fagocítica (YIRGA et al., 2015).
É importante salientar que generalizar os achados observados em uma única espécie
probiótica para todos os probióticos pode tornar o estudo impreciso, uma vez que nenhum
efeito foi observado em muitas pesquisas de intervenção feitas com cepas potencialmente
probióticas. Os resultados documentados podem ser diferentes de acordo com a espécie do
probiótico utilizado e a cepa específica (PAINEAU et al. 2008), o seu estado de viabilidade
(GILL et al. 2001) e o nível consumido (DONNET-HUGHES et al. 1999).
Em um estudo, a administração de B. lactis (NCC2818), um organismo com atividade
probiótica estabelecida em humanos e roedores, resultou na redução geral da secreção
de IgA, contrário ao esperado (LEWIS et al., 2013). Isso foi associado a um aumento da
expressão da proteína ZO-1 da junção oclusiva de enterócitos, sugerindo que a melhora da
função de barreira pode ter resultado na diminuição da captação de antígeno e na redução
da estimulação para produção de IgA. Em contraste, outros estudos mostraram um aumen-
to de IgA como consequência da alimentação dos probióticos E. faecium (NCIMB 10415,
SF68) e Bacillus cereus var. toyoi (NCIMB 40112), e sugeriram que o efeito probiótico pode
ser atribuído ao aumento de IgA fornecendo melhor proteção nas superfícies mucosas
(SCHAREK et al., 2007).
Shin et al. (2019) demonstraram que o uso de probiótico a base de L. plantarum au-
mentou a diversidade e a riqueza na comunidade microbiana e atenuou a expressão gê-
nica ileal associada à inflamação intestinal, promovendo o desenvolvimento intestinal em
leitões desmamados.

295
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Um dos principais modos de ação do Bacillus spp. em suínos pode ser por meio de suas
propriedades imunomoduladoras. O tratamento probiótico com B. toyonensis demonstrou
uma abundância de células T citotóxicas intraepiteliais e IgA fecal em leitões desmamados,
o que pode conferir proteção contra a colonização de patógenos (SCHAREK et al., 2007;
SCHIERACK et al., 2009). Em outro experimento com desafio de S. Typhimurium, os leitões
do grupo controle (sem probiótico) responderam ao desafio com redução de crescimento e
alta incidência de diarreia, que foi menos pronunciada em leitões alimentados com o pro-
biótico (SCHAREK-TEDIN et al., 2013).
Laskowska et al (2018) testaram o uso de uma mistura de cepas probióticas na ração
de porcas e observaram um aumento nas concentrações das citocinas pró-inflamatórias
TNF-α e IL-6, responsáveis por aumentar a capacidade protetora do colostro por meio da
estimulação de mecanismos imunes celulares que protegem a porca e os neonatos contra
infecções. Ao mesmo tempo, as concentrações aumentadas de citocinas IL-4, IL-10, TGF-β
e de imunoglobulinas no colostro e no leite de porcas do grupo experimental demonstram
o efeito imunorregulador da mistura probiótica nas células Th2 e podem levar ao aumento
da expressão de células T reguladoras e à polarização da resposta imune de Th1 a Th2.
Os mesmos pesquisadores (LASKOWSKA et al, 2017) avaliaram a concentração sérica
de citocinas e observaram concentrações significativas de IL-2, IL-4, IL-10, IFN-γ e TNF-α
nos suínos que receberam a mistura probiótica. Já nas células mononucleadas, a concen-
tração de citocinas IL-2, IL-4 e IL-10 foi estatisticamente maior. Os resultados encontrados
por eles indicam que a suplementação da mistura probiótica ativa a resposta imune humoral
e mediada por células, garantindo que o equilíbrio Th1 / Th2 seja mantido e melhorando os
processos imunológicos que protegem o corpo contra infecções.
Nota-se que probióticos são capazes de influenciar de maneira ativa, mesmo que não
totalmente esclarecidas, em todas as fases de produção da suinocultura. Entretanto, os seus
múltiplos efeitos e abordagens necessitam de melhores interpretações a fim de entender
sua real aplicabilidade em condições de campo, sendo esse um ponto de limitação no uso
de aditivos probióticos.

Produção de neurotransmissores

Alguns estudos sugerem a existência de um estímulo para a produção de IgA


e desenvolvimento do tecido linfoide associado ao intestino (GALT) estimulando a pro-
dução de linfócitos de forma intraepitelial e células produtoras de iunoglobulinas
(MINGMONGKOLCHAI E PANBANGRED, 2018).
A modulação da microbiota entérica pelo uso dos probióticos acarretam a secre-
ção de peptídeos e lipopetídeos antimicrobianos (AMP) que são citotóxicos para diversos
296
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
microrganismos patogênicos (OLIVEIRA, 2019) que podem ter efeito direto sobre o equilí-
brio entre as citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias interferindo na função cerebral.
Nesta perspectiva, uma complexidade de neurotransmissores são secretados pelo micro-
biota entérica, tais como receptores GABA, acetilcolina, serotonina, dopamina, histami-
na (HUANG, 2019).
Os sinais de neurotransmissão que são produzidos, intervém nos efeitos fisiológicos
entéricos, tais como motilidade, secreção hormonal, função imunológica e as barreiras pre-
sentes na mucosa entérica hematoencefálica são fatores preponderantes para a secreção
de substâncias como o cortisol, que aumenta a permeabilidade facilitando mutuamente a
ação entre a microbiota e o Sistema Nervoso Central. Influenciam ainda, no reconhecimento
receptores específicos Toll like, Nod like, CTLs e RIG-I presentes na superfície entérica ou
na membrana da organela das células epiteliais e dendríticas acarretando o efeito positivo
de interação da microbiota entérica com o hospedeiro. Neste sentido, a interação associa-
da ao uso de probióticos determinam a maturação das células apresentadoras de antíge-
nos (APCs) que determinarão a resposta imune a ser desenvolvida, efetora ou reguladora
(SÁNCHEZ, 2017).
Alguns estudos demonstram os efeitos positivos frente ao comportamento de cobaias
em experimentação e também em seres humanos, frente ao sistema bidirecional do eixo
cérebro-intestino-microbiota e ao mecanismo de imunomodulação da microbiota pelo con-
sumo de probiótico. Este eixo, influi sobre o desenvolvimento cerebral, neurogênese, eixo
hipotálamo-hipófise no sinal de dor (HUANG, 2019). Distintos mecanismos têm a capacidade
de remodelar a microbiota entérica, tais como, antibióticos, microrganismos patogênicos e
transferência de microbiota, os quais agem diretamente ou indiretamente no Sistema Nervoso
produzindo catecolaminas, citocinas e estimulam neurônios sensoriais (KRAIMI, 2019).
Torna-se relevante pesquisas voltadas à produção suinícola, considerando que os re-
sultados comportamentais apresentados por camundongos demonstraram que o uso de pro-
bióticos reduziram os sinais de inquietação e estresse, fatores estes que são preponderantes
na fase de pré-parto acarretando um melhor bem-estar animal (CRYAN, MAHONY, 2011).

CONCLUSÃO

Considerando os vários modos de ação das cepas probióticas constata-se a necessi-


dade de produção de estudos que foquem de forma específica nos mecanismos de maneira
singular, para que seja possível investigar profundamente a complexidade de cada um para
a espécie suína.
Os probióticos são utilizados em várias fases de produção de suínos e nota-se que
dentro de uma fase específica, pode-se encontrar resultados divergentes quando comparados
297
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
aos benefícios já comprovados do aditivo. Avaliando os distintos mecanismos de ação dos
probióticos dentre as múltiplas abordagens possíveis, percebe-se que provavelmente o fator
de individualidade do animal, em aspectos como ambiente que está inserido, cepas coloniza-
doras intestinais e status sanitário, sejam cruciais para melhor compreender a variabilidade
de reações e rotas possíveis de ação destes aditivos. Portanto torna-se essencial a reali-
zação de futuros trabalhos que busquem entender características individuais dos animais,
somando-as com os mecanismos de ação, principalmente no que diz respeito ao seu efeito
no eixo intestino-cérebro.

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301
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
20
Utilização de zinco na alimentação de
matrizes suínas: uma revisão narrativa

Bruna Souza de Lima Cony


UFRGS

Alexandra Möller Alves


UFRGS

Caroline Romeiro de Oliveira


UFRGS

Alexandre Bonadiman Mariani


UFRGS

Nathalia de Oliveira Telesca Camargo


UFRGS

Carolina Haubert Franceschi


UFRGS

Ines Andretta
UFRGS

10.37885/210504869
RESUMO

O Zinco (Zn) é classificado como micromineral e desempenha um papel essencial em


diversos processos bioquímicos no organismo animal. A deficiência de Zn pode ocasio-
nar grandes problemas e é variada de acordo com a situação e fase de crescimento de
cada indivíduo. Evidências científicas que relacionem o Zn aos processos envolvidos
na gestação e lactação de matrizes suínas ainda são escassas. Estudos realizados em
ratos e humanos mostram que a falta de Zn durante a fase de gestação está associada
ao retardo do crescimento intrauterino, diminuição subsequente do peso ao nascer,
subdesenvolvimento do sistema imunológico e neurológico competente e aumento da
mortalidade pré-desmame. Algumas pesquisas realizadas durante a fase de lactação,
mostram que as quantidades de Zn no leite são maiores do que no plasma de mulheres.
Tendo em vista essa relação, e devido a importância da transferência desse micromineral
aos recém-nascidos, tenta-se aumentar a concentração de Zn no leite materno com uma
suplementação, porém, os resultados disponíveis na literatura são poucos e inconclusivos.
Nesse contexto, este capítulo pretende explorar, através de uma revisão de literatura,
os possíveis efeitos da suplementação de Zn durante a gestação e lactação de matrizes
suínas, descrevendo o modo de ação desse micromineral.

Palavras-chave: Gestação, Intervenção pré-Desmame, Lactação, Leitões, Microminerais.

303
Leitura de Prova
INTRODUÇÃO

O zinco (Zn) é um metal cristalino, branco azulado, que faz parte de um grupo de
elementos químicos inorgânicos conhecidos por denominações como microminerais, mi-
croelementos ou elementos-traços. Estes microminerais possuem baixo peso molecular
e, por essa razão, são classificados por “oligoelementos” ou “oligominerais” (WATANABE,
2010). O Zn possui variadas aplicações no cotidiano em amplo seguimento industrial devido
a suas características químicas, físicas e, principalmente, por possuir baixo custo (MAPELLI
et al., 2014). Além disso, o Zn desempenha um papel essencial nos organismos vivos, realiza
processos bioquímicos e é responsável por uma série de mecanismos metabólicos. Neste
particular, o Zn atua como nutriente antioxidante, estimula o crescimento, age na função
enzimática, na síntese proteica, na regulação hormonal, na mineralização óssea, na dife-
renciação celular, na imunidade mediada por células e na expressão gênica (MCDOWELL,
2003; CRUZ et al., 2011).
Por não ser sintetizado pelo organismo, o Zn é considerado um micromineral essencial
e sua deficiência ainda é comum entre os humanos. Neste contexto, estima-se que cerca de
dois bilhões de pessoas são afetadas pela deficiência de Zn atualmente (WESSELS et al.,
2017). A deficiência desse micromineral ocasiona diversas consequências à saúde e varia
de acordo com a situação e a fase de crescimento de cada indivíduo (TRAN et al., 2015;
WESSELS et al., 2017). Em algumas fases da vida, as necessidades de Zn estão aumenta-
das, como na gestação, infância, puberdade e senilidade (HAMBIDGE et al., 2008). Em crian-
ças, sua deficiência pode aumentar a incidência de diarreia e diminuir a imunidade, gerando
predisposição a outras doenças e aumentando as chances de mortalidade (TRAN et al.,
2015). Muitas doenças crônicas têm provável relação com a deficiência de Zn em idosos,
como artrite reumatoide e diabetes (WESSELS et al., 2017). Problemas no crescimento, no
desenvolvimento intelectual e na saúde reprodutiva, são exemplos de outras consequências
ocasionas pela deficiência deste micromineral. O hábito de suplementar Zn pode ser uma
ferramenta útil para prevenir ou corrigir sua deficiência. Ainda assim, a dose e a frequência
de seu uso não estão claramente definidas pelos principais órgãos mundiais, mostrando que
mais estudos devem ser realizados (TRAN et al., 2015).
A deficiência de Zn também pode acometer matrizes suínas durante as fases de gesta-
ção e lactação, pois nesses períodos ocorrem mudanças fisiológicas e hormonais drásticas,
os quais requerem gestões coordenadas em manejos nutricionais para evitar problemas
pós-natal. Porém, a literatura é escassa em pesquisas que relacionem o Zn aos processos
envolvidos ante, durante e pós-parto. Conhecendo a sua bioquímica e modo de ação, acre-
dita-se que o aumento das concentrações de Zn na dieta de matrizes, poderia melhorar a
qualidade da leitegada, reduzindo a incidência de leitões natimortos (HILL; MILLER; STOWE,
304
Leitura de Prova
1983), aumentando o tamanho e o peso dos neonatos (PAYNE et al., 2006), podendo ser
uma intervenção pré-natal positiva e influenciar na vida e no desempenho produtivo da lei-
tegada, trazendo melhorias no cenário pré-desmame (HOLEN et al., 2020). Desse modo,
este capítulo pretende abordar, através de uma revisão de literatura, a definição e o modo
de ação do Zn durante as fases de gestação e lactação, bem como seus principais usos e
limitações na suinocultura.

DESENVOLVIMENTO

Minerais na Alimentação de Não-Ruminantes

Os minerais são elementos inorgânicos que apresentam composição química bem


definida, estando presentes nos alimentos e em todos os tecidos animais. Estes elemen-
tos não são sintetizados pelos organismos vivos e, portanto, são considerados essenciais,
envolvidos em quase todas as vias metabólicas e exercendo inúmeras funções vitais. São
classificados em macro e microminerais (Tabela 1) de acordo com as concentrações nos
tecidos, indicando suas necessidades diárias.
Os microminerais estão presentes nas dietas dos animais, principalmente através da
inclusão do premix mineral, no qual as principais fontes de origem de suplementação são
inorgânicas. Todavia, existem também os minerais quelatados, ligados às moléculas orgâ-
nicas (normalmente aminoácidos) por processos físico-químicos e, por conta disso, também
chamados de ‘minerais orgânicos’ (CARCIOFI, 2008).

Tabela 1. Classificação dos minerais essenciais.

MACROMINERAIS MICROMINERAIS

Cálcio Enxofre Zinco Iodo


Potássio Magnésio Ferro Selênio
Fósforo Sódio Cobre Flúor
Cloro Cobalto Molibdênio
Cromo Manganês
Níquel Sílica
Vanádio Arsênico
Fonte: Adaptado de McDowell (2003).

Atuação e Aplicação do Zinco

O zinco (Zn) é classificado como micromineral e, assim como os demais da sua cate-
goria, está presente nos organismos em pequenas quantidades, expressado em miligrama
(mg) por quilo (kg) ou partes por milhão (ppm). Em diferentes fórmulas químicas, o zinco
possui ampla aplicação industrial nos mais variados segmentos, sendo essencial em quase
305
Leitura de Prova
todas as cadeias produtivas. Alguns exemplos destas diferentes aplicações são: indús-
tria farmacêutica, de tintas, de borracha, eletrônica, de infraestrutura, bélica, dentre outras
(MAPELLI et al., 2014).
Como micromineral essencial, o Zn está envolvido em processos fisiológicos que de-
sempenham funções cruciais para o crescimento normal e para a saúde dos animais, como
os processos de secreção hormonal, especialmente os relacionados a reprodução, cresci-
mento e imunocompetência (RUTZ, 2007). Além disso, atua na formação e funcionamento
de mais de 200 metaloenzimas e fatores de transcrição (cofator da RNA e DNA polimerase),
é importante para milhares de células do corpo pois está envolvido direta ou indiretamente
em funções metabólicas, como desenvolvimento de tecidos, imunidade e como antioxidan-
te. No tegumento, é necessário para o metabolismo da vitamina A, biossíntese de ácidos
graxos, modulação imunológica, reação inflamatória, queratogênese e cicatrização de feridas.
Pode ser adquirido através do consumo de alimentos, principalmente os de origem
animal, ou ainda, através de fontes leguminosas, oleaginosas, ou pode ser suplementado
por suas fontes exclusivas (CARCIOFI, 2008). Sua deficiência causada por ingestão ina-
dequada, afeta principalmente o crescimento, funções cerebrais e atividade imunológica
(NELSON; COX, 2017; ZHANG et al., 2021). Em suínos, os principais sinais de deficiência
se caracterizam por crescimento retardado, diminuição do apetite, piora na conversão ali-
mentar e paraqueratose (MACDONALD, 2000).

Consumo e Absorção de Zinco

Em animais não-ruminantes, como o caso dos suínos, o Zn é absorvido em pequenas


frações no estômago e em grandes frações no intestino delgado (UNDERWOOD; SUTTLE,
1999). Na nutrição animal, sulfato de Zn (ZnSO4), óxido de Zn (ZnO) e quelato de Zn são as
formas mais comuns de suplementar esse micromineral (CARCIOFI, 2008). Contudo, ape-
nas a ingestão de alimentos que contenham Zn não garante a absorção e utilização deste
nutriente pelo organismo, pois existem fatores relacionados com sua biodisponibilidade, ou
seja, com a quantidade de Zn absorvida pelo sistema sanguíneo que está disponível para
utilização em determinadas funções fisiológicas (CRUZ et al., 2011).
O Zn é capaz de interagir com outros elementos, alterando sua absorção conforme os
demais componentes da dieta. Ocorre uma melhor absorção de Zn quando a dieta ingerida
apresenta diferentes aminoácidos, por outro lado, a absorção é reduzida quando há interação
entre os minerais Cálcio (Ca), Cobre (Cu) e Ferro (Fe), que causam a inibição da disponibi-
lidade do outro. Assim, percebe-se a necessidade da realização de mais estudos que ana-
lisem as proporções ideias que visem a maximização dos nutrientes e suas estratégias de
uso para garantir sua melhor absorção. A partir de análises das relações entre Zn e Cu em
306
Leitura de Prova
suínos, foi possível validar que a absorção de ambos é inversamente proporcional (DALTO
et al., 2019), ou seja, quando um é ingerido, o outro pode perder quantidades significativa
para o ambiente. O estudo revelou que 120 mg de Zn dietético maximizou a disponibilidade
de Zn e Cu durante a fase de crescimento em suínos.
A absorção do Zn pode ser afetada por altas porções de fitatos (ácidos fíticos) no ali-
mento, por conta de sua capacidade de ligar-se ao micromineral e formar complexos indiges-
tíveis para animais não-ruminantes (SREENIVASULU et al., 2008; LONNERDAL et al., 2011;
JOU et al., 2012). Baseando-se na importância deste micromineral, estudos estão sendo
realizados com o objetivo de utilizar tecnologias para melhorar sua biodisponibilidade em
grãos com alta concentração de ácido fítico (WANG et al., 2021). Além disso, outros fatores
antinutricionais como os oxalatos, taninos e polifenóis também podem causar interferências
na biodisponibilidade do Zn quando presentes nas dietas (CRUZ et al., 2011).
Após a absorção, o Zn entra na corrente sanguínea e se liga com aminoácidos e proteí-
nas para ser transportado até um dos seus principais armazenadores, o fígado, e aos demais
tecidos através do plasma. Além do fígado, os ossos, rins, músculos, pâncreas, pele, pelo
e próstata são outros locais em que o Zn é armazenado (CARCIOFI, 2008). Desta forma,
analisar a concentração de Zn ou seu indicador alternativo, nesse caso a metalotioneína
(proteína sintetizada pelo fígado que se une ao zinco) no plasma é um modo eficiente de
avaliar sua deficiência (GONZÁLEZ; SILVA, 2003).

Zinco na Produção de Suínos e suas Limitações de Uso

Se não forem bem administrados, os compostos inorgânicos (constituídos por metais,


como o Zn) podem se tornar poluentes e tóxicos em certas concentrações. Em processo
natural, os metais presentes na litosfera podem ciclar no ambiente tanto como resultado de
atividade geológica quanto de atividade humana. Através dos tempos, o processo natural de
lixiviação faz com que muitos sais desses metais sejam retirados das rochas, se acumulan-
do nos lagos, rios e oceanos. Apesar disso, a concentração natural dos cátions dos metais
nesses corpos de água dificilmente chega a ser tóxica aos seres humanos, porque a água
possui substâncias, os chamados ácidos orgânicos, que se combinam com determinadas
espécies iônicas desses metais, formando compostos inofensivos chamados quelatos, que
acabam por sedimentar-se (OLIVEIRA et al., 2013). Porém, a intensificação das atividades
industriais nas últimas décadas tem introduzido metais tóxicos nas águas numa quantidade
muito maior do que a natural, causando poluição (OLIVEIRA et al., 2013).
Na produção de suínos, as formas mais utilizadas de Zn são inorgânicas, através do
sulfato de Zn e do óxido de Zn, principalmente devido ao seu baixo custo (LIU et al., 2021).
Seu uso é bem difundido e níveis suplementares são geralmente utilizados na fase de creche,
307
Leitura de Prova
na qual os leitões passam por um estresse altíssimo, principalmente pela mudança abrupta
da dieta (leite materno para ração) ocasionando surtos de diarreia. O uso de Zn de fontes
inorgânicas é uma alternativa aos antimicrobianos sintéticos para o controle de diarreia e
como melhorador de desempenho durante o pós-desmame (MUNIZ et al., 2010).
As exigências dos oligominerais descritas pelo National Research Council (NRC, 2012)
são criticadas por serem muito baixas para as atuais linhagens. A maior parte destas exi-
gências foram determinadas a algumas décadas ou simplesmente estimadas. O NRC (2012)
estabelece uma necessidade de Zn de 100 mg por kg de ração para leitões desmamados;
50 e 60 mg por kg de ração para suínos de 25 e 135 kg de peso corporal respectivamente.
Instituições europeias, como o FEDNA (2013) e o INRA (1989), também estabelecem reco-
mendações para o conteúdo alimentar total de Zn (80 e 100 mg por kg de ração) para dietas
de suínos em crescimento e terminação.
Com isso, nutricionistas frequentemente utilizam níveis mais elevados de minerais,
grande parte das vezes baseado em seu próprio conhecimento prático. Apesar de ser efi-
ciente quanto a maximização de desempenho produtivo, o uso excessivo de Zn inorgânico
pode estimular a resistência na microbiota intestinal e, devido as chances de uma interação
adversa entre minerais, aumentar os níveis excretados dos mesmos (LEESON, 2008; RUTZ;
MURPHY, 2009). O uso de enzimas, como a fitase, pode ser uma alternativa para melhorar
a absorção deste micromineral pelo animal (BIKKER, 2012) e, consequentemente, reduzir
a excreção para o meio ambiente.
O excesso de microminerais excretados para o ambiente causa implicações do ponto
de vista ambiental, pois pode se tornar tóxico para plantas, microorganismos e para o solo,
além de ter implicações relacionadas a saúde pública, especialmente devido à resistência
bacteriana. Portanto, países da União Europeia (UE) estabeleceram um nível máximo na
utilização de Zn (120 mg por kg; European Commission, 2018) para suínos na fase de cres-
cimento e terminação. Seguido a esta restrição, notou-se um aumento nos estudos visando
alternativas na utilização do Zn de forma orgânica (MUNIZ  et al., 2010; VILLAGÓMEZ-
ESTRADA, 2020; LIU et al., 2021).
Quando o assunto é a exigência de Zn para matrizes suínas a literatura se torna ainda
mais escassa. As recomendações desse mineral para essa categoria e fase de produção
podem ser encontradas em algumas tabelas nutricionais previamente estabelecidas (Tabela
2). Porém, alguns desses manuais estão defasados ou não diferenciam a recomendação
de Zn para os diferentes períodos que envolve a maternidade (gestação e lactação).

308
Leitura de Prova
Tabela 2. Recomendações de Zn para matrizes suínas.

NRC2 FEDNA3 DNS4 NSNG5


Tabelas Rostagno (2017)1
(2012) (2013) (2020) (2010)

Recomendação Inorgânico Orgânico


100 100 130 165
(mg/kg de ração) 119,7 53,9
1
Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos (ROSTAGNO, 2017).
2
National Research Council (NRC, 2012).
3
Fundación Española para el Desarrollo de la Nutrición Animal (DE BLAS et al., 2013).
4
Danish Nutrient Standards (TYBIRK, 2020)
5
National Swine Nutrition Guide (MEISINGER, 2010)

Estudos mais recentes tentam investigar de forma aprofundada, a interação deste


micromineral com processos envolvidos durante a gestação. A principal justificativa de apli-
cação desses estudos é ocasionar aumento da viabilidade dos leitões e diminuição da
mortalidade, principalmente em granjas comerciais de grande escala (HOLEN et al., 2020).
Além dos processos envolvidos na fase gestacional, estudos também buscam associar a
suplementação de Zn a melhorias nos cascos de fêmeas suínas, o que poderia repercutir
no aumento da sua vida produtiva (VAN RIET et al., 2018). Trabalhos avaliados com outras
espécies mostram que o Zn pode favorecer a integridade dos cascos, por acelerar a cicatri-
zação das feridas, podendo aumentar a velocidade de reparação do tecido epitelial e manter
a integridade celular (PARDO et al., 2004).

Influência do Zinco na Gestação

Os avanços no melhoramento genético da suinocultura trouxeram junto com o maior


número de nascidos por fêmea, alguns pontos críticos como a competição pelo espaço in-
trauterino, que pode resultar na redução do peso ao nascimento dos leitões, e muitas vezes
na desuniformidade no tamanho da leitegada. Se tem conhecimento de que o peso ao nas-
cer influencia no crescimento dos suínos, uma vez que animais mais leves ao nascimento
tendem a possuir baixa viabilidade, aumentando as chances de mortalidade pré-desmame,
principalmente nas primeiras semanas de vida, período em que há competição pelo alimento,
e o risco de ocorrer esmagamentos, e/ou doenças é maior (HOLEN et al., 2020).
O Zn quando ofertado no período gestacional pode influenciar no metabolismo, no
desempenho reprodutivo e na longevidade das fêmeas, além de refletir impactos positi-
vos na progênie (GERNAND et al., 2016). Estudos com camundongos demonstraram que
a deficiência de Zn prejudicou o progresso da prole, no que se refere à diferenciação de
trofoblasto, tamanho da placenta, peso e na expressão de proteínas (GERNAND et al.,
2016). Em suínos, principalmente em fêmeas hiperprolíficas, se faz imprescindível um bom
desenvolvimento da placenta e endométrio, para que a leitegada tenha um crescimento e
evolução fetal adequado (CHEN et al., 2015).

309
Leitura de Prova
Além disso, este micromineral também atua como coadjuvante no transporte e metabo-
lismo da vitamina A, que está associada ao ácido retinóico, que é essencial para o progresso
embrionário (CRUZ et al., 2011; GERNAND et al., 2016). E sabe-se que níveis insuficientes
de microminerais no feto podem comprometer o sistema nervoso central, afetando seu de-
senvolvimento neurológico e sua cognição (GERNAND et al., 2016).
A deficiência materna de Zn está associada a modificações epigenéticas na prole, que
induzem patologias e aumentam o risco de doenças na vida adulta. Em suínos, caracterís-
ticas como a alta morbidade e mortalidade neonatal, baixa qualidade de carne e eficiência
alimentar são problemas frequentemente associados a restrições intrauterinas na gestação,
e isto se deve ao fato dos nutrientes presentes na circulação materna serem transportados
aos fetos por meio do tecido uteroplacentário, ocorrendo de forma acentuada no terço final
da gestação (situando-se próximo aos 90 dias de gestação das porcas), fato o qual, pode
ser comprovado ao se analisar o Zn presente no sangue do cordão umbilical, cujos níveis
são maiores do que no sangue materno nesta fase (DUMRONGWONGSIRI et al., 2021).
Estudos mostram uma correlação positiva da concentração de Zn no cordão umbilical com
o peso ao nascer (GÓMEZ et al., 2015; DANIALI et al., 2020).
Portanto, se infere que administrar o estado nutricional materno é crucial para a do-
tação de nutrientes no corpo fetal, posto que a deficiência materna de Zn está associada
a resultados com impactos negativos na produção e na vida dos leitões. A suplementação
das matrizes com zinco surge como uma alternativa de melhoria nas características citadas,
principalmente, na redução de casos de crescimento intrauterino retardado (CIUR) e defeitos
de nascença. Dessa maneira, com os níveis séricos de Zn adequados, as matrizes podem
apresentar potencial para produzir uma leitegada maior e mais uniforme.
Estudos recentes desenvolvidos por Holen et al. (2020) e Cony (2021), com suplemen-
tação de Zn para matrizes suínas, mostraram o efeito desse micromineral no desempenho
produtivo da leitegada, ocasionando melhoria do peso ao nascer dos leitões. Em ambos os
estudos, três diferentes níveis suplementares de Zn (controle, intermediário e alto) foram
testados e o melhor peso ao nascer foi encontrado no tratamento intermediário (aproxima-
damente 400 ppm). Portanto, o nível de suplementação de Zn influencia no peso ao nascer
e no ganho de peso subsequente dos leitões. Outro ponto interessante para a cadeia pro-
dutiva é o aumento da viabilidade dos leitões e consequente diminuição da mortalidade da
leitegada. Em estudo realizado por Holen et al., (2020) houve uma melhora na viabilidade
dos leitões e diminuição da mortalidade da leitegada de fêmeas suplementadas com Zn nos
últimos 30 dias de gestação.

310
Leitura de Prova
Influência do Zinco na Lactação

Nas primeiras semanas de vida, os suínos são vulneráveis a diversas doenças, pois
seu sistema imunológico ainda não está bem desenvolvido, bem como o epitélio da mucosa
intestinal. Por isso é de suma importância o desenvolvimento gastrointestinal pré- e pós-par-
to, para assegurar uma melhor digestão, metabolismo e absorção dos nutrientes para dar
suporte ao crescimento do corpo do animal, bem como para promover uma boa colonização
da microbiota intestinal (EGBERTS et al., 1984; NÚNEZ et al., 1996).
A alimentação com altas doses de Zn é reconhecida por poder ter um efeito promotor
de crescimento em porcos ainda não desmamados, além de poder reduzir os problemas de
diarreia pós-desmame (HEDEMANN et al., 2006; NAMKUNG et al., 2006). Porém, diversas
pesquisas demonstram que apenas a quantidade de Zn fornecida pelo leite materno com o
passar dos dias, não é o suficiente para suprir as exigências da leitegada. Além de também
ser citado em alguns trabalhos que o Zn é o primeiro nutriente limitante no leite materno,
deixando com isso uma lacuna nutricional a ser trabalhada para evitar maiores consequên-
cias (DOREA, 1993).
Alguns pesquisadores vêm tentado aumentar a concentração de Zn no leite materno
com uma suplementação deste nutriente para mulheres em lactação. Porém, estes estudos
não apresentaram respostas significativas para o aumento da concentração de Zn no leite
materno, mesmo com a suplementação. Nesse âmbito, estudos envolvendo matrizes suínas
são escassos, portanto, mais pesquisas são necessárias para comprovar se existe alguma
possibilidade de aumentar os níveis de Zn no leite materno, para que o suprimento deste
micronutriente seja suprido a leitegada de acordo com suas exigências. (MAHDAVI et al.,
2010; NAKAMORI et al., 2009)

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Zn apresenta um forte potencial para melhorar o desempenho e gerar benefícios


na reprodução de matrizes suínas e na qualidade de suas progênies, se tornando uma
alternativa no cenário pré-desmame. Mais evidências científicas devem ser buscadas nas
fases de gestação e lactação, de modo a se ter mais informações deste micromineral com
relação a diferentes doses, durações, fontes de suplementação e, dessa forma, confirmar
o seu modo de ação.

311
Leitura de Prova
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315
Leitura de Prova
SOBRE OS ORGANIZADORES

Carlos Alexandre Oelke


Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2005), mestrado em Ciências
Veterinárias (área de Produção Animal) pela Universidade Federal do Paraná (2007), e doutorado em Zootecnia
(área de Produção Animal) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2016). Atualmente é professor
adjunto (Nível II) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Uruguaiana. É Coordenador do Grupo de
Pesquisa em Avicultura e Suinocultura (GPAS) da Unipampa, e participante do Grupo de Pesquisa e Extensão em
Nutrição de Aves e Suínos (PENAS) (CNPq: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/7225544038441245) da UTFPR,
campus Dois Vizinhos, e do Grupo de Pesquisa em Suinocultura da Unipampa Itaqui (GPSUI) da Unipampa,
campus Itaqui. Tem experiência na área de nutrição e produção de aves e suínos, e tratamento de dejetos.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2680182934751808

Giovanna Faria de Moraes


Médica Veterinária, mestre em Produção Animal com ênfase em Melhoramento Animal, doutora em Reprodução Animal
com ênfase em biotecnologias. Professora das disciplinas Melhoramento Animal e Genética Aplicada. Desenvolve
trabalhos com avaliação genética, seleção animal, eficiência alimentar e xenotransplante de tecido ovariano.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9267392363431307

Rosemary Laís Galati


Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1999) e doutorado em
Zootecnia também pela mesma Instituição de ensino superior (2004). É docente no Departamento de Zootecnia
e Extensão Rural pertencente à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso
(Cuiabá/MT). Na graduação, ministra Bromatologia Zootécnica, Alimentos e Alimentação, Bases da Nutrição
Animal e Tópicos Especiais: construindo o trabalho de conclusão. É colaboradora no Programa de Pós-graduação
em Ciência Animal. Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Análise e Avaliação de Alimentos para
Animais. Na Pós-graduação, ministra as disciplinas Análise de Alimentos e Métodos Nutricionais em Ruminantes.
Atua principalmente nos temas: bovinos, biodiesel, composição corporal, confinamento, coprodutos da agroindústria,
impacto ambiental, síntese microbiana, produção de gases e técnicas in vitro e in situ de avaliação de alimentos.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3931401847742610

316
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
ÍNDICE REMISSIVO

Fibra: 186
A
Fosfato: 53, 57, 59, 233
Ação Antiparasitária: 80
Fungos de Alimentos: 160
Adequação: 209
G
Adubação Nitrogenada: 84
Gestação: 303, 309
Alimento Alternativo: 229
H
Anaplasma Marginale: 63, 64, 65, 67, 70
Hemoparasitas: 63
Animais Contaminados: 160
I
Árvores de Decisão: 257, 258, 259, 269, 270,
271 Identificação Animal: 40

Avicultura: 231, 238, 250, 316 Imidocarb: 63, 64, 69

B Índice de Tolerância: 14, 15, 17, 29, 31, 32

Babesia: 63, 64, 65, 66, 67, 70 Insetos Alimentícios: 121

Bovinocultura de Leite: 194 Inspeção de Alimentos: 34

Bovinos: 40, 46, 154, 166, 168 Intervenção pré: 303

C L
Conforto Térmico: 15, 275 Lactação: 303, 311

D Leitões: 287, 303

Desempenho: 111, 188, 189, 190, 223, 224, Limpeza: 279, 282, 288
229, 236, 255, 287
M
Digestibilidade: 136, 179, 287
Matéria Seca: 53, 186
Doença de Ruminantes: 145
Matéria Verde: 53
Dossel: 84
Micorrizas: 53, 57
E
Micotoxigênicos: 160
Ecossistema Pastoril: 83, 84
Microbiota: 140, 300
Etograma: 209, 224
Microhematócrito: 63
F
Microminerais: 303
Fezes: 279
Micromineral: 109
317
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Modelagem: 274, 275

N
Necrose Cerebrocortical: 145

Neuropatologia: 145

Nutrição: 188, 191, 224, 250, 252, 254, 255,


266, 275, 287, 288, 316

P
Patógenos: 279

Pecuária Familiar: 40

Pennisetum Americanum: 229, 230

Produção de Leite: 109

Prospecção Fitoquímica: 72, 75

R
Ração: 229

Revestimento: 254

Revisão Sistemática: 209, 214, 227

S
Sensibilidade à Insulina: 109

Serviços Ecossistêmicos: 84, 86

Suinocultura: 215, 224, 227, 276, 280, 281,


288, 316

Suínos: 223, 236, 271, 272, 274, 275, 276, 281,


298, 307, 309, 316

318
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS

editora científica

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