Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
VOLUME Organizadores
editora científica
1
VOLUME Organizadores
1ª EDIÇÃO
editora científica
2021 - GUARUJÁ - SP
Copyright© 2021 por Editora Científica Digital
Copyright da Edição © 2021 Editora Científica Digital
Copyright do Texto © 2021 Os Autores
O conteúdo dos capítulos e seus dados e sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. É permitido
o download e compartilhamento desta obra desde que no formato Acesso Livre (Open Access) com os créditos atribuídos aos respectivos
autores, mas sem a possibilidade de alteração de nenhuma forma ou utilização para fins comerciais.
Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição 4.0
Internacional (CC BY 4.0).
Direção Editorial
Reinaldo Cardoso
João Batista Quintela
Editor Científico
Prof. Dr. Robson José de Oliveira
Assistentes Editoriais
Elielson Ramos Jr.
Erick Braga Freire
Bianca Moreira
Sandra Cardoso
Bibliotecário
Maurício Amormino Júnior - CRB6/2422
Jurídico
Dr. Alandelon Cardoso Lima - OAB/SP-307852
CONSELHO EDITORIAL
Mestres, Mestras, Doutores e Doutoras
Robson José de Oliveira Erival Gonçalves Prata
Universidade Federal do Piauí, Brasil Universidade Federal do Pará, Brasil
Luís Fernando Dias Medeiros; Victor Cruz Rodrigues; Debora Helena Vieira; Sabrina Luzia Grégio de Souza; Otávio Cabral Neto; Carlos
Augusto de Oliveira; Liliam de Almeida da Silva; Natália de Figueiredo; Stephanie Favato de Azevedo
' 10.37885/210203065................................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO
02
PESQUISA DE SULFITO DE SÓDIO EM AMOSTRAS DE CARNE MOÍDA COMERCIALIZADAS NA CIDADE DO RECIFE,
PERNAMBUCO, BRASIL
Marcela Samico Fernandes; Erika Samico-Fernandes ; José Givanildo da Silva; Pedro Paulo Feitosa de Albuquerque; Andrea Paiva
Botelho Lapenda de Moura
' 10.37885/210203166...................................................................................................................................................................................33
CAPÍTULO
03
LEVANTAMENTO SOBRE O REGISTRO ZOOTÉCNICO E A RASTREABILIDADE BOVINA NA PECUÁRIA COM BOVINOS NO
PIAUÍ
Diego Helcias Cavalcante; José Elivalto Guimarães Campelo; Natanael Pereira da Silva Santos; Amauri Felipe Evangelista; Wéverton
José Lima Fonseca; Gioto Ghiarone Terto e Sousa; Marcelo Richelly Alves de Oliveira; Geandro Carvalho Castro; Luciano Silva Sena
' 10.37885/210203164.................................................................................................................................................................................. 39
CAPÍTULO
04
RESPUESTA DE LA BRACHIARIA BRIZANTHA CV. PIATÃ A LA APLICACIÓN DE MICORRIZAS Y FOSFATOS
Matheus Francisco Acosta Resquín; Gustavo Daniel Vega Britez; Nimia Elvira Amarilla Areco; Liz Marina Armoa Luján; Mariela
Evangelista Moral Villamayor; Julia Irene De León Carson; Marcos Arturo Ferreira Aguero; Mariangel Romina Collar Torres; José
Augusto Velázquez; Wilfrido Meza Gimenez
' 10.37885/210203289...................................................................................................................................................................................52
CAPÍTULO
05
TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA: PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO QUIMIOPROFILÁTICA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL
Nathalia de Oliveira Telesca Camargo; Pamela Aritsimunho Sedrez; Marcelo Oliveira Centena
' 10.37885/210303583.................................................................................................................................................................................. 62
SUMÁRIO
CAPÍTULO
06
PROSPECÇÃO FITOQUÍMICA, ANÁLISE TOXICOLÓGICA E AÇÃO ANTIPARASITÁRIA DA UNCARIA GUIANENSIS SOBRE
NEMATÓDEOS DE OVINOS
Igor da Silva Dias; Sara Lucena de Amorim; Alex Cicinato Paulino de Oliveira
' 10.37885/210303678................................................................................................................................................................................... 72
CAPÍTULO
07
ECOSSISTEMA PASTORIL: SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS, CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL E EMISSÃO DE GASES DO
EFEITO ESTUFA
' 10.37885/210404069.................................................................................................................................................................................. 83
CAPÍTULO
08
EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO DE CROMO NO METABOLISMO E DESEMPENHO DE VACAS LEITEIRAS
João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Dener Nunes; Milene Rodrigues Dias; Carlos Guilherme Balkau; Lucas Maciel
Gomes Olini; Vitor Hugo Tadano da Conceição Padilha; Claúdio Jonasson Mousquer
Vânia Maria Arantes; Regis Kamimura; Cristiane Ferreira Prazeres Marchini; Rafael Gustavo Hermes
João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Lucas Maciel Gomes Olini; Claúdio Jonasson Mousquer; Carlos Guilherme Balkau;
Eloiza Baena da Silva; Rafael Laurindo Moraes; Juslei Figueiredo da Silva; Fabricio Moreira Costa; Fabiano Pedra Carvalho
João Rafael de Assis; Geferson Antonio Fernandes; Lucas Maciel Gomes Olini; Claúdio Jonasson Mousquer; Eloiza Baena da Silva;
Carlos Guilherme Balkau; Juslei Figueiredo da Silva; Rafael Laurindo Moraes; Fabricio Moreira Costa; Fabiano Pedra Carvalho
Talita Pereira Cagliari; Bruno Neutzling Fraga; Carlos Alexandre Oelke; Gerson Guarez Garcia; Vladimir de Oliveira; Marcos Speroni Ceron
Kelciane Soares de Oliveira; Hidaliana Paumerik Aguiar Bastos; Antonia Leidiana Moreira; Mysterdanes Pires do Nascimento; Karine
Rocha Mendonça; Karoline Rocha Mendonça; Marlei Rosa dos Santos; Ana Teresa Pereira da Silva; Elvania Maria da Silva Costa
Moreira; Warlington Aquilis Araújo Coelho
' 10.37885/210504799................................................................................................................................................................................ 228
CAPÍTULO
16
QUALIDADE DE OVOS E VIDA DE PRATELEIRA
Camila Lopes Carvalho; Gabriela Miotto Galli; Nathalia de Oliveira Telesca Camargo; Thais Bastos Stefanello; Caroline Romeiro de
Oliveira; Raquel Melchior; Ines Andretta
Robson da Costa Riella; Bruno Neutzling Fraga; Carlos Alexandre Oelke; Gilberto Rodrigues Liska; Vladimir de Oliveira; Carlos Augusto
Rigon Rossi; Henrique da Costa Mendes Muniz
Melody Martins Cavalcante Pereira; Ines Andretta; Andréa Machado Leal Ribeiro; Camila Lopes Carvalho; Thais Bastos Stefanello;
Júlio César Lopes Brasileiro
Bruna Souza de Lima Cony; Alexandra Möller Alves; Caroline Romeiro de Oliveira; Alexandre Bonadiman Mariani; Nathalia de Oliveira
Telesca Camargo; Carolina Haubert Franceschi; Ines Andretta
Natália de Figueiredo
10.37885/210203065
RESUMO
15
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
16
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
aceitáveis fisiologicamente, podendo efetivamente comprometer o desempenho produtivo,
decorrente dos efeitos dos agentes diretos e indiretos do clima e das suas interações do
ambiente reinante.
Pesquisas referentes às condições climáticas associadas com estudos de parâmetros
fisiológicos, como temperatura retal, temperatura superficial, frequência respiratória e cardía-
ca são importantes para se conhecer a adaptabilidade dos animais criados em determinada
região, servindo para comparar diferentes raças ou grupos genéticos de caprinos (Medeiros
et al. 2002, Santos et al. 2005, Souza et al. 2008, Rocha et al. 2009, Roberto et al. 2014).
Segundo Baccari Júnior (1990), as avaliações de adaptabilidade dos animais podem ser
realizadas por meio de testes de adaptabilidade fisiológica e ou desempenho. Baccari Júnior
et al. (1986) utilizaram o índice de tolerância ao calor (ITC) que se baseia na capacidade de
dissipação de calor dos animais após exposição à radiação solar direta.
Objetivou-se com este trabalho determinar a temperatura retal, temperatura superficial
do pelame, frequência respiratória e cardíaca, gradiente térmico entre temperatura retal e
a superficial e o gradiente entre temperatura superficial e temperatura ambiente e o ITC de
Baccari Júnior, em caprinos das raças Saanen, Parda Alpina, Anglo-nubiana e Boer visando
à utilização dessas raças em sistemas de produção de caprinos, no Município do Rio de
Janeiro, Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS
17
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O estudo foi realizado no verão, havendo um período pré-experimental no terço final
da primavera para que os animais pudessem se adaptar ao manejo, visando uma melhor
interação com o homem e a determinação da hierarquia social, visto que vários animais
foram introduzidos no estudo, oriundos de outro cabril. No período experimental não foram
observadas interações agonísticas entre os animais, possivelmente, devido ao fato desses
já se conhecerem. Provavelmente, não houve dominância entre os animais, porém, se ocor-
rida, esta foi pacífica, não sendo perceptível.
O cabril era de alvenaria com piso suspenso de ripado, com laterais de 1,50 m de altura
a partir do piso completado por telas de arame liso, com cobertura de telha de barro do tipo
francesa. A orientação do eixo maior da cobertura era norte-sul. Havia espaço físico dentro
dos boxes suficiente para o descanso e razoável movimentação dos animais, levando em
consideração o espaço individual e social. A distribuição do alimento e o manejo geral, dentro
do cabril, eram realizados de maneira calma e rotineira.
As cabras foram alimentadas com capim elefante (Pennisetum purpureum, Schumach,
cv. Napier) picado à vontade, feno de gramínea coast-cross (Cynodon dactylon, (L) Pearson),
com suplementação de concentrado comercial. A ração formulada continha na composição
química da dieta: 77,5% de NDT; 20,0% de PB; 0,6% de P e 0,8% de Ca, fornecida 600 g/
cab/dia, sendo distribuídas duas vezes ao dia.
A metodologia aplicada para aferição da temperatura retal (TR) consistiu na introdu-
ção de um termômetro clínico veterinário, com escala até de 44°C, diretamente no reto do
animal, a uma profundidade de seis centímetros, de forma que o bulbo ficasse em contato
com a mucosa do animal, permanecendo por um período de cinco minutos e o resultado da
leitura expresso em graus centígrados. A temperatura superficial (TS) do pelame foi aferida
com um termômetro digital infravermelho (ST3 RAYTEK) sem contato, considerando a média
da TS nas seguintes regiões do corpo dos animais: fronte (TF), pescoço (TP), lombo (TL),
costado (TC), ventre (TV) e canela (TCN).
A obtenção da frequência respiratória (FR) foi realizada por meio da auscultação indi-
reta (auscultação mediata) das bulbas, com um auxílio de um estetoscópio flexível, ao nível
da região laringo-traqueal, contando-se o número de movimentos durante 15 segundos, e o
valor obtido foi multiplicado por quatro para determinação da FR em movimentos por minuto
(mov./min.) e a frequência cardíaca (FC) foi aferida também com o auxílio de um estetos-
cópio flexível, colocado diretamente na região torácica esquerda à altura do arco aórtico,
contando-se o número de movimentos durante 15 segundos, e o valor obtido foi multiplicado
por quatro para determinação da FC em batimentos por minuto (bat./min.).
A TR, TS, FR e FC dos animais foram registradas as 9 e 15 horas durante 12 dias entre
os dois primeiros terços do período do verão.
18
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Para o Índice de Tolerância ao Calor (ITC) proposto por Baccari Júnior et al. (1986), os
animais foram trazidos de um pátio cimentado (solário) às 11 horas, e ficaram duas horas
à sombra (cabril), às 13 horas foi realizada a primeira tomada da temperatura retal (TR1),
dentro do tronco de contenção. Em seguida, os animais foram soltos no pátio cimentado,
sem sombra, expostos à radiação solar direta, durante uma hora (das 13 às 14 horas), no
horário de máxima incidência dos raios solares. Após esse período ao sol, os caprinos foram
submetidos à sombra por mais uma hora. Às 15 horas, foi realizada a segunda medida da
temperatura retal (TR2). Foi investigada a resposta termorreguladora da FR, já que essa
informação ajudaria em parte explicar as respostas compensatórias da termólise evapora-
tiva à capacidade de tolerância ao calor do teste. Durante o período do teste (das 11 às 16
horas), os animais permaneceram sem acesso à água e ao alimento. O ITC foi realizado em
seis dias consecutivos de calor, sem nebulosidade e com baixa velocidade do ar (vento).
Durante a aplicação do ITC os animais tiveram acesso ao solário das 9 às 11 horas.
Através das médias obtidas para TR1 e TR2, obteve-se o ITC por meio da fórmula: ITC
= 10 – (TR1 –TR2). Quanto maior o ITC, mais tolerante ao calor é o animal. Para avaliar a
temperatura retal dos animais, no tronco de contenção, os observadores utilizaram termô-
metros clínicos digitais, Modelo GT3020 flexível com escala de 32 a 44ºC, mantido no reto,
até que emitisse um sinal sonoro, que indicava a estabilização da temperatura. Os animais
permaneceram o restante dos períodos diurno e noturno no cabril em seu manejo de rotina.
Foram utilizados como indicador de conforto animal o Índice de Temperatura do Globo
Negro e Umidade (ITGU), desenvolvido por Buffington et al. (1981) no qual considera-se
os efeitos da temperatura ambiente, da umidade relativa do ar, do nível de radiação e da
movimentação do ar, segundo a equação abaixo:
Para calcular o ITGU foi utilizado um equipamento portátil, um psicrômetro não venti-
lado, afixado dentro da instalação, protegido da radiação e do vento e, um globo negro de
Vernon, uma esfera de 15 cm de diâmetro, colocado a uma altura média do flanco do ca-
brito, dentro do cabril e em campo aberto, no sol, para medir a temperatura do globo negro
(Tgn). As leituras para a determinação do ITGU ocorreram em intervalos de 30 minutos, no
período das 6 às 18 horas, durante o estudo.
19
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
De acordo com o National Weather Service of USA os valores do ITGU até 74, definem
situação de conforto; 74 a 78, situação de alerta; de 79 a 84, situação de perigo e acima de
84 a situação é de emergência.
Foi determinada a temperatura radiante média (TRM) que é a temperatura de uma
circunvizinhança, considerada uniformemente negra, para eliminar o efeito da reflexão com
a qual o corpo (globo negro) troca tanta quantidade de energia quanto à do ambiente con-
siderado, sendo a TRM obtida pela seguinte equação: TRM = 100.[2,51 (V.1/2) (TGN – TA)
+ (TGN/100)4]1/4 em que a TRM é dada em K (graus Kelvin); V é a velocidade do vento em
m/s-1., assim como a carga térmica de radiação (CTR) calculada dentro das baias e em
campo aberto estimada pela expressão citada por Esmay (1969): CTR = σ (TRM)4 em que
a CTR é dada em W.m-2; σ é a constante de Stefan-Boltzman (5,67.10-8 W m-2 K-4) e TRM a
temperatura radiante média, K.
Para calcular a temperatura do ar (TA) e a umidade relativa do ar (UR) foi utilizado um
termohigrômetro digital Icel Manaus Modelo HT-208. Para o cálculo da velocidade do vento
foi utilizado um anemômetro digital. O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso,
em esquema fatorial 4x2, quatro raças exóticas (SA, PA, AN e BO) e dois turnos de coletas
(manhã e tarde), com 15 repetições para as características fisiológicas TR, TS, FR e FC.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando programa Statistical Analysis
Systems Institute, versão 6.11 (SAS 1996) e as médias comparadas pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade.
Para a análise do ITC de Baccari foi utilizado o mesmo logiciário estatístico, porém
neste caso, utilizou-se a metodologia dos modelos lineares generalizados consideran-
do uma distribuição Gamma com função de ligação logarítmica de acordo com Nelder e
Wedderburn (1972).
Em todos os casos, por se tratar de medidas repetidas no mesmo animal, utilizou-se
uma estrutura de covariância composta simétrica.
Calculou-se também as correlações lineares (r) de Pearson entre as médias das variá-
veis ambientais, temperatura ambiente (TA) e umidade relativa do ar (UR) e da fisiológica
(TR, TS, FR e FC) entre as diferentes raças e em todos os animais. Assim como as médias
da TA e do ITGU.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
20
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Média da temperatura ambiente (TA), umidade relativa (UR), temperatura do globo negro (TGN) e dos indicadores
de conforto térmico, Temperatura do Globo Negro e Umidade (ITGU), Temperatura Radiante Média (TRM) e Carga Térmica
Radiante (CTR) nos dias de coletas dos dados da TR, TS, FR e FC.
Turnos
Observou-se que a temperatura do ar (TA) do turno da tarde foi sempre mais elevada
do que as do turno da manhã, conforme a Tabela 1. A média da TA a sombra (dentro do
cabril) pela manhã e tarde foi de 30,3 e 35,6 ºC contra 35,9 e 39,3 ºC ao sol, respectiva-
mente (Tabela 1). Os valores observados para o ITGU foram elevados independente do
turno (manhã e tarde) à sombra (83,8 e 91,7) ou no sol (93,6 e 103,5), conforme a Tabela
1, bem acima da situação de conforto que até 74, indicando uma situação de perigo e de
emergência para os animais. A TRM a sombra foi de 34,2 ºC pela manhã e 38,4 ºC à tarde
versus aos valores médios ao sol aferidos pela manhã (51,7 ºC) e a tarde (58,8ºC), conforme
a Tabela 1. A TRM média ao sol (55,25 ºC) foi em torno de 19 ºC daquela aferida à sombra
(36,3 ºC), baseando-se nos valores apresentados na Tabela 1. A elevada TRM ao sol pode
ser corroborada com a elevada CTR neste ambiente, pela manhã (768,5 W.m-2) e a tarde
(821,7 W.m-2) quando comparadas na mesma sequência com os valores observados à som-
bra (501,3 e 553,1 W.m-2). A UR média (74,2%) foi um obstáculo para perda de calor pelo
processo evaporativo, pela manhã onde a UR média a sombra foi de 82,8 e ao sol 75,7%
contra 71,8 e 66,6% a tarde a sombra e ao sol, respectivamente (Tabela 1). A importância
da UR é maior quanto mais o organismo depende de processos evaporativos para a ter-
morregulação. No caso específico do ambiente quente e úmido, a evaporação se processa
lentamente, reduzindo a perda de calor e aumentando o estresse térmico, principalmente
porque a termólise por convecção é ineficaz quando diminui o diferencial de temperatura
entre a superfície do corpo e a atmosfera. Durante o estudo a velocidade do vento (Vv)
média foi 0,7 m.s-1 com uma variação de zero a 1,7 m.s-1, não favorecendo as trocas tér-
micas por convecção e por evaporação, mesmo tendo as raças caprinas desse estudo um
pelame pouco denso, formado por pelos finos e compridos. Em região de clima quente e
úmido com temperaturas elevadas a troca de calor sensível (convecção e radiação) diminui, 21
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
intensificando a perda de calor latente que, por sua vez, é ajudada pela UR mais baixa e
maior movimentação do ar.
Os dados referentes aos valores observados para os parâmetros fisiológicos (TR,
TS, FR e FC), encontram-se na Tabela 2.
Verificou-se que as médias da TR, TS, FR e FC nas cabras européias (SA e PA) foram
mais elevadas (P<0,05) pela manhã e (P<0,01) à tarde em comparação às das cabras das
raças do tronco africano (AN e BO), conforme Tabela 2.
A média da temperatura retal (TR) dos animais pela manhã (39,40 ºC) foi estatistica-
mente menor (P<0,01) do que no período da tarde (40,34 ºC), conforme consta na Tabela
2. A amplitude da TR durante o dia (manhã e tarde) nas cabras europeias foi de 1,24 ºC
em comparação as africanas (0,66 ºC), dando uma interação significativa (P<0,01) entre os
grupos genéticos e o turno.
A mesma tendência foi observada quando a FR e a FC foram submetidas aos tratos
estatísticos com relação à fonte de variação turno, onde os animais registraram as médias
da FR e FC mais elevadas (P<0,01) no período da tarde (Tabela 2). Todavia, a amplitude,
da FR e FC observadas durante o dia (manhã e tarde) foi maior, respectivamente, nas
cabras SA e PA (27,80 mov./min. e 32,01 bat./ min.) em comparação AN e BO (19,94
mov./min. e 23,96 bat./min.), dando uma interação significativa (P<0,01) entre os grupos
raciais e o turno.
As médias da FR e FC nos animais no período da tarde foram maiores (49,76 mov./min.
e 119,93 bat./min.) do que as médias no período da manhã (26,03 mov./min. e 91,95 bat./
min.), respectivamente, nos diferentes tipos raciais, conforme Tabela 2. Todavia, as médias
da FR e FC observada nas cabras SA e PA foram mais elevadas (56,14 mov./ min. e 131,67
bat./min.) em comparação a AN e BO (43,34 mov./min. e 108,85 bat./min.), respectivamente.
Entre dias, a TR, TS, FR e FC dos caprinos variaram significativamente (P<0,01). As mé-
dias da TR, TS, FR e FC nas raças variaram entre os dias, dando interação de raça x dias
(P<0,01). Similarmente, todos os aumentos à tarde foram diferentes entre os dias dando
uma interação (P<0,01) entre turno x dias. O aumento da TR, TS, FR e FC à tarde sobre
a diferença de dias variou entre as raças, dando interações (P<0,01) de raça x turno (ma-
nhã-tarde) x dias.
22
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 2. Médias e erro-padrão da temperatura retal (TR), temperatura superficial (TS), frequência respiratória (FR) e
frequência cardíaca (FC) de caprinos no município do Rio de Janeiro.
Média (erro-padrão)
Classificação
TR (°C) TS (°C) FR (mov./min) FC (bat./min)
Média geral Raça (R): 39,87 34,47 37,89 105,94
SA 40,16 (0,04)a 35,12 (0,01)a 42,28 (0,45)a 114,18 (0,73)a
PA 40,13 (0,04)a 35,17 (0,02)a 42,20 (0,46)a 115,84 (0,73)a
NA 39,61 (0,03)b 33,81 (0,01)b 33,58 (0,38)b 98,28 (0,65)b
BO 39,58 (0,03)b 33,77 (0,01)b 33,51 (0,39)b 95,45 (0,64)b
Turno (MT):
Manhã 39,40 (0,02)b 32,19 (0,01)b 26,03 (0,33)b 91,95 (0,63)b
Tarde 40,34 (0,04)a 36,74 (0,01)a 49,76 (0,49)a 119,93(0,81)a
Dia (D):
Dia 1 39,72 (0,02)e 32,76 (0,01)g 36,29 (0,38)e 95,36 (0,64)f
Dia 2 39,73 (0,02)e 32,78 (0,01)g 36,30 (0,37)e 99,18 (0,65)e
Dia 3 39,80 (0,02)c 33,63 (0,01)f 37,37 (0,41)d 104,88 (0,68)d
Dia 4 39,92 (0,03)d 35,77 (0,01)c 38,61 (0,42)c 107,31 (0,72)cd
Dia 5 40,10 (0,03)b 36,23 (0,01)b 40,16 (0,45)a 117,45 (0,78)a
Dia 6 40,17 (0,03)a 36,54 (0,01)a 40,20 (0,46)a 119,33 (0,78)a
Dia 7 40,02 (0,1)c 36,20 (0,02)b 39,66 (0,44)b 115,25 (0,77)ab
Dia 8 39,87 (0,03)d 34,51 (0,01)d 37,52 (0,41)d 110,64 (0,74)b
Dia 9 39,93 (0,03)d 35,86 (0,01)c 38,63 (0,43)c 112,35 (0,75)ab
Dia 10 39,81 (0,02)c 34,39 (0,01)e 37,42 (0,41)d 102,31 (0,71)d
Dia 11 39,70 (0,02)e 32,23 (0,02)h 36,27 (0,38)e 92,95 (0,61)f
Dia 12 39,71 (0,02)e 32,74 (0,01)g 36,26 (0,36)e 94,27 (0,62)f
R x MT:
SA x M 39,54 (0,03)c 32,74 (0,01)c 28,38 (0,35)c 100,67 (0,65)d
PA x M 39,52 (0,03)c 32,78 (0,01)c 28,30 (0,34)c 97,34 (0,64)ed
AN x M 39,28 (0,02)d 31,65 (0,01)d 23,75 (0,31)d 86,44 (0,56)f
BO x M 39,25 (0,02)d 31,60 (0,01)d 23,68 (0,30)d 83,33 (0,54)f
SA x T 40,77 (0,04)a 37,51 (0,02)a 56,18 (0,51)a 127,69 (0,91)a
PA x T 40,75 (0,04)a 37,55 (0,02)a 56,11 (0,51)a 134,33 (0,93)b
AN x T 39,94 (0,03)b 35,98 (0,01)b 43,41 (0,46)b 110,12 (0,73)c
BO x T 39,91 (0,03)b 35,94 (0,01)b 43,34 (0,45)b 107,57 (0,71)c
Médias seguidas de mesma letra, dentro de cada fator de classificação, não diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Esta situação em que a média das TR, TS, FR e FC variaram entre dias, em parte, de-
vido às variações dos fatores do meio ambiente, principalmente a TA. A TR na parte da tarde
foi mais elevada do que na parte da manhã (Tabela 2). Esta variação diurna (manhã e tarde)
tem sido a origem de maior variabilidade na TR em caprinos (Medeiros et al. 2002 e 2007).
Há na literatura vários estudos relacionados aos efeitos deprimentes da ação conjunta
dos elementos climáticos sobre a FC dos animais, de modo que, à medida que aumenta a
temperatura ambiente tem sido registrada a elevação da FC em caprinos (Medeiros et al.
2001, 2007, Gomes et al. 2008, Rocha et al. 2009). A vasodilatação periférica resulta na
queda da pressão sanguínea é compensada pelo aumento da FC.
Em animais que são normalmente ativos durante o dia, há uma variação normal na
temperatura corporal, que é mínima, pela manhã e máxima no início da tarde. Todavia,
23
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
sob estresse térmico, notadamente no período da tarde, esta variação é muito marcante,
evidenciando nesse período uma hipertermia. Tal fato faz com que a temperatura ambiente
à tarde venha a ser a origem da temperatura corporal elevada dos animais nos trópicos,
principalmente no período primavera e verão. A taxa elevada da FR encontrada neste estudo
traduz uma resposta para o aumento na TR à tarde, como um mecanismo que os animais
utilizam para poder dissipar o calor corporal.
O aumento da TR incrementa a FR, promovendo a troca de calor que ocorre entre
o sangue venoso, que vem da mucosa nasal, e o arterial que irriga o cérebro. Assim, em
caprinos o resfriamento seletivo do cérebro tem alta correlação com a perda de calor por
evaporação respiratória.
A habilidade de muitos animais para desenvolver-se sob condições quentes baseia-
-se nas respostas compensatórias, como aumento da TR e da FR. A termólise evaporativa
da FR é considerada menos expressiva que a perda de calor cutâneo (sudação) nos animais
a campo (Aiura et al. 2010).
Em ambiente tropical, o fator que mais afeta os animais é o aporte térmico devido à
radiação solar intensa, tanto em forma direta como indireta (re-irradiação da energia térmica
pelas superfícies ambientes circunvizinhas). Caracterizado pela TRM, além da Vv e a UR que
são fatores importantes para as respostas da FR. Estes fatores agiram de forma análoga à
temperatura radiante. Isto ocorreu pelo fato de que a corrente de ar não facilitou a perda de
calor sensível por convecção, o que diminuiu a perda evaporativa. A UR também não facili-
tou a perda de calor latente pelas vias respiratórias. Havendo assim uma maior resistência
à passagem de calor latente da superfície corporal para a atmosfera.
A regulação física do calor corporal através da evaporação pelas vias respiratórias foi
um recurso utilizado com maior intensidade pelos animais das raças SA e PA comparadas às
raças AN e BO, que fizeram uso mais moderado da termólise evaporativa via ofegação. Esse
é um indício de que nos animais das raças de origem africana, o mecanismo mais importante
para a dissipação de calor deve ser pela termólise evaporativa cutânea (sudação). Isto é
uma evidência que há diferenças genéticas nas reações fisiológicas dos caprinos durante o
período de primavera e verão (época quente e chuvosa), nos trópicos. E que essas diferen-
ças devem ser de atributos anatomofisiológicos que afetam a termorregulação dos animais.
24
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 3. Médias da temperatura superficial (°C) de diferentes regiões do corpo de caprinos: temperatura da fronte (TF),
temperatura do pescoço (TP), temperatura do lombo (TL), temperatura do costado (TC), temperatura do ventre (TV) e
temperatura da canela (TCN), no período da manhã e tarde.
Parâmetros
Raça Manhã Tarde Manhã Tarde
TF TF TP TP
Saanen 31,89Aa 36,93Ba 34,51Ab 37,86Ba
Parda Alpina 31,96Aa 36,98Ba 34,58Ab 37,89Ba
Anglo-nubiana 30,81Ab 35,46Bb 33,41Aa 36,49Bb
Boer 30,76Ab 35,42Bb 33,36Aa 36,44Bb
TL TL TC TC
Saanen 31,84Aa 37,21Ba 32,81Aa 37,84Ba
Parda Alpina 31,88Aa 37,26Ba 32,86Aa 37,88Ba
Anglo-nubiana 30,82Ab 35,48Bb 31,79Ab 35,96Bb
Boer 30,78Ab 35,43Bb 31,74Ab 35,93Bb
TV TV TCN TCN
Saanen 33,92Aa 38,31Ba 31,48Aa 36,91Ba
Parda Alpina 33,97Aa 38,34Ba 31,52Aa 36,94Ba
Anglo-nubiana 32,63Ab 36,96Bb 30,45Ab 35,55Bb
Boer 32,59Ab 36,93Bb 30,41Ab 35,51Bb
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
25
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
médias entre a TR-TS dos animais. As raças de origem africana obtiveram maiores médias
nos dois turnos em comparação às europeias, conforme Tabela 4.
Não houve diferença (P>0,05) entre turno para o gradiente entre a temperatura superfi-
cial e temperatura do ambiente (TS-TA). Porém, à tarde todos os animais, independentes da
raça, tiveram as médias mais baixas (Tabela 4). As cabras AN e BO obtiveram as menores
médias (P<0,05) entre a TS-TA, nos dois períodos, em comparação à SA e PA (Tabela 4).
Evidenciando um maior desconforto térmico das raças de origens europeias, mesmo sendo
manejadas em regime intensivo.
O menor gradiente térmico entre a TR-TS e a TS-TA, entre outras causas, foi de-
vido a TA ter sido elevada pela manhã e à tarde, situação essa que dificulta a perda
de calor sensível.
Roberto et al. (2014) salientam a influência direta dos fatores ambientais sobre a tempe-
ratura superficial da pele em cabras Saanen e mestiças F2 (¾ Boer + ¼ SA), em especial no
período da tarde. Segundo esses autores mesmo em condições de confinamento, o período
da tarde no semi-árido se torna estressante para os caprinos, reduzindo os gradientes térmi-
cos entre a temperatura do núcleo central e a superfície corporal, e desta com o ambiente.
Eustáquio Filho et al. (2011), observaram que a temperatura ambiente teve efeito linear
significativo sobre a temperatura do pelame, afirmando que isso ocorre provavelmente de-
vido aos processos fisiológicos, como a vasodilatação e a sudação, que são ativados para
dissipação do calor corpóreo, e que sob estresse severo, ocorre aumento do fluxo sanguíneo
do núcleo central para superfície do animal e, consequentemente, elevação da taxa de fluxo
de calor, resultando em altas temperaturas superficiais.
Tabela 4. Média dos gradientes entre a temperatura retal e superficial (TR-TS) e do gradiente entre a temperatura
superficial e do ambiente (TS-TA) em função das raças e dos turnos.
TR TS TS TA
RAÇA
Manhã Tarde Manhã Tarde
Saanen 6,80Aa 3,26Ba 2,64Aa 1,914Aa
Parda Alpina 6,74Aa 3,20Ba 2,68Aa 1,95Aa
Anglo-nubiana 7,63Ab 3,96Bb 1,55Ab 0,38Ab
Boer 7,65Ab 3,97Bb 1,55Ab 0,44Ab
CV% 3,24 4,18
26
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
térmica tem grande importância no processo de dissipação de calor, desde o núcleo central
até a superfície exterior do animal, bem como da superfície ao meio que o envolve.
O ideal para os animais domésticos é que haja um gradiente em torno de 6ºC entre a
temperatura central do corpo e a superfície da pele e desta para com o ar. Assim, o fluxo
do excesso de calor corpóreo caminhará naturalmente para fora e toda reação química
exergônica poderá ser realizada sem causar superaquecimento no corpo do animal (Silva
2000). No referido trabalho o gradiente entre a TR e TS ficou abaixo de 4 ºC, no período da
tarde (Tabela 4). Isto denota que, a uma temperatura ambiente elevada, a temperatura cen-
tral estende-se para a superfície, para os membros dos animais. Em temperatura ambiente
baixa, os gradientes de temperatura no envoltório estendem-se ao longo dos membros, e a
temperatura central fica restrita ao tronco e a cabeça.
As altas temperaturas corporais durante o dia (estocagem de calor) são vantajosas,
porque quando a temperatura interna aumenta, o gradiente de temperatura entre o corpo
e o ambiente é reduzido e, portanto, o ganho de calor ambiente é menor. O animal utiliza a
estocagem de calor quando necessário para se termorregular. Segundo Aiura et al. (2010),
a forma mais eficaz de termólise quando a carga térmica do ambiente está elevada é a
evaporação, uma vez que esse mecanismo de termólise não depende do diferencial de tem-
peratura entre o organismo e a atmosfera. No referido estudo, mesmo utilizando a térmolise
evaporativa, para manter a homeotermia, as cabras européias, em especial, revelaram-se
mais sensíveis ao calor, apresentando um maior desconforto térmico, pela manhã e nota-
damente no período da tarde, quando comparadas as africanas.
Os resultados encontrados no estudo com relação à TS considerando as diversas
partes do corpo dos animais, o gradiente entre a TR-TS e a TS-TA está em consonância
com os resultados observados por Santos et al. (2005) para as raças Boer, Anglo-nubiana,
Moxotó e Pardo-Sertaneja, Souza et al. (2005 e 2008) para mestiços F1 (½ Boer + ½ SRD,
½ Savanna + ½ SRD, ½ Anglo-nubiana + ½ SRD e ½ Moxotó + ½ SRD) e Roberto et al.
(2014) com caprinos da raça Saanen e mestiço F2 (¾ Boer + ¼ Saanen). Todavia, os va-
lores obtidos neste estudo para TS foram mais elevados, enquanto para a TR-TS e TS-TA
os gradientes térmicos foram mais baixos em comparação aos valores citados por esses
autores. Essas diferenças ocorreram, provavelmente, em função da média da TA dentro do
cabril (à sombra) ter sido elevada tanto no período da manhã (30,1ºC) como no da tarde
(35,6ºC), conforme Tabela 1.
Mesmo em condições de confinamento, tanto no período da manhã, e notadamente, no
da tarde, na Baixada Fluminense, na época do verão, se torna estressante para os caprinos
reduzindo os gradientes térmicos entre as temperaturas do núcleo central e a superfície cor-
poral e desta com o ambiente. Regiões quentes e úmidas como a da Baixada Fluminense
27
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
representam problemas para o desempenho animal, pois dificultam a dissipação de calor
pelo gradiente baixo entre a TS e a TA. Assim, explica-se a elevada TR e a TS, pelo acú-
mulo de calor endógeno e as altas frequências respiratórias como um dos mecanismos da
termorregulação.
As correlações da TR, TS, FR e FC versus a TA e a UR encontram-se na Tabela 5.
Para todos os animais das raças estudadas houve uma correlação linear (r = 0,628,
P<0,01) entre a TR e a TS, (r = 0, 612, P<0,01) entre a TR e a FR, (r = 0, 615, P<0,01) en-
tre TR e a FC e (r = 0,415 P<0,01) entre FR e a FC. Essa correlação positiva e significativa,
entre as características fisiológicas analisadas, significa que o aumento em uma característica
foi acompanhado pela elevação das outras.
As correlações entre a TA e a TR para os caprinos das raças SA, PA, AN e BO foram,
a seguir: nos animais SA e PA indicam que os mesmos reagiram às elevações da TA au-
mentando a TR, assim como a TS (r = 0,609, P<0,01) e (r = 0,613, P<0,01), a FR (r = 0,601,
P<0,01) e (r = 0,607, P<0,01) e a FC (r = 0,417, P<0,01) e (r = 0,423, P<0,01), respectiva-
mente. Isso denota que, as raças de origens europeias tiveram mais dificuldade para manter
a homeotermia; encontrando, portanto, dificuldade de suportar o calor por deficiência de
outros aspectos do aparelho termorregulador, como, por exemplo, a termólise evaporativa via
cutânea (sudação), embora esses animais também ressudem. As cabras africanas, embora
houvesse aumento na TR, TS, FR e FC com elevação da TA, reagiram melhor do que as
europeias, isto é, regularam melhor o excesso de calor produzido nas horas mais quentes,
mantendo sua TR, TS, FR e FC em níveis mais baixos.
Tabela 5. Coeficientes de correlação linear (r) de Pearson entre as variáveis fisiológicas (TR, TS, FR e FC) e as ambientais
(TA e UR), em caprinos de diferentes raças.
Verificou-se que tanto os caprinos do tronco europeu como o africano reagiram às va-
riações da UR (Tabela 5), considerando todos os animais, a correlação linear simples entre
esta variável e a TR foi positiva e significativa (r = 0,301, P<0,05). O aumento da UR dificulta
a termorregulação em ambiente quente, o que revela que as raças de ambos os troncos
foram sensíveis às variações da UR em relação a TR, conforme Tabela 5.
Verificou-se uma correlação positiva e significativa (r = 0,668, P<0,01) entre a TA e o
ITGU. À medida que aumenta o valor do ITGU, diminui o conforto térmico dos animais.
28
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Nos dias de execução do índice de tolerância ao calor (ITC) os valores obtidos para
o ITGU pela manhã das 07 às 12 horas variaram de 84,67 e 92,72, e à tarde, das 12 às 17
horas de 96,75 a 105,45, no sol. Tanto pela manhã como à tarde, a ambiência estava em
situação de emergência para os animais.
As médias das mínimas e máximas da TA e UR do ar durante os dias da execução do
ITC foram, a seguir: pela manhã (07 às 12 horas) 28,8 e 35,7°C e 69,8 e 81,7%, à tarde (12
às 17 horas) de 31,3 e 36,3°C e 65,8 e 71,6%, respectivamente dentro do o ITC (Tabela 6),
confirmando os dados anteriores que já demonstraram a maior suscetibilidade de caprinos
do tronco europeu ao calor da Baixada Fluminense. A pequena variação entre a TR2 e a
TR1 de caprinos das raças do tronco africano se traduziu em um melhor índice de tolerância
ao calor (P<0,01), conforme Tabela 6.
Tabela 6. Médias e erro-padrão da temperatura retal um (TR1) e da temperatura retal dois (TR2) e do Índice de Tolerância
ao Calor (ITC) de Baccari Júnior, em caprinos.
Parâmetros
Raças
TR1 (°C) TR2 (°C) ITC
Saanen 40,13 (0,05)Aa 41,22 (0,07)Ba 8,91a
Parda Alpina 40,11 (0,05)Aa 41,18 (0,07)Ba 8,93a
Anglo-nubiana 39,81 (0,04)Ab 40,18 (0,05)Bb 9,63b
Boer 39,79 (0,04)Ab 40,14(0,05)Bb 9,65b
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Verificouse que os animais da raça BO e AN exibiram o ITC mais altos (9,65 e 9,63)
enquanto os das raças PA e SA os mais baixos (8,93 e 8,91), respectivamente (Tabela 6).
As médias da frequência respiratória (FR1) às 13 e às 15 horas (FR2) por ocasião da
aplicação do ITC, encontram-se na Tabela 7.
Analisando a Tabela 7, as médias da FR1 e FR2 observadas durante a aplicação do
ITC foi de 74,58; 71,44; 50,33 e 47,56 mov./min. às 13 horas e 87,33; 84,95; 60,64 e 57,44
mov./min. às 15 horas, respectivamente, para as raças SA, PA, AN e BO. Verificou-se que
a FR1 e a FR2 nas cabras das raças europeias foram mais elevadas (P<0,01) tanto as 13
como 15 horas em comparação as africanas. A diferença entre FR1 e FR2 para todas as
raças foi significativa (P<0,05).
A resposta termorreguladora FR ajudou em parte a explicar as respostas compensa-
tórias da termólise evaporativa à capacidade de tolerância ao calor pelo ITC.
Souza (2003) ao submeter caprinos mestiços de diferentes grupos genéticos (exóticos,
nativos e SPRD) confinados ao ITC de Baccari Júnior, observou que os animais apresen-
taram o mesmo grau de tolerância ao calor. Os caprinos exóticos eram oriundos do tronco
africano. Concordando com Santos et al. (2005), que também não verificaram diferença em
caprinos das raças Boer e Anglo-nubiana (exóticos), e Moxotó e Parda Sertaneja (nativas) e
29
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
com Silva et al. (2006), trabalhando com caprinos das raças Boer, Savana, Anglo-nubiana e
Moxotó, em confinamento, submetidos ao ITC de Baccari Júnior. Esta mesma tendência foi
observada por Souza et al. (2008), aplicando este mesmo teste, salientam que não houve
diferença entre caprinos mestiços de 1ª geração (GF1) resultantes de cruzamentos das raças
Boer, Savana, Kalarari, Anglo-nubiana e Moxotó com caprinos SPRD na Região Nordeste,
que apresentaram elevados ITC. Esses autores reportam que, com base nos parâmetros
apresentados (temperatura retal, superfície corporal, frequência respiratória e cardíaca) e dos
valores obtidos pelo ITC, as raças exóticas (Anglo-nubiana, Boer, Savana, Kalarari) puras e
mestiços dessas raças com os tipos SPRD, demonstraram um alto grau de adaptabilidade
às condições semi-áridas, semelhantes às raças nativas (Moxotó e Parda Sertaneja). Estes
resultados corroboram com os do referido estudo, que denota a importância das raças ca-
prinas do tronco africano em região tropical.
Tabela 7. Médias e erro-padrão da frequência respiratória (FR1 e FR2) durante a aplicação do ITC de Baccari Junior, em
caprinos.
Parâmetros
Raças
FR1 FR2
Saanen 74,58(0,89)Aa 87,33 (1,05)Ba
Parda Alpina 71,44 (0,86)Aa 84,95 (1,03)Ba
Anglo-nubiana 50,33 (0,50)Ab 60,64 (0,66)Bb
Boer 47,56(0,48)Ab 57,44 (0,63)Bb
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha e minúsculas
na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
A TR, TS, FR e FC em si foram boas medidas, pois mostraram alguma tendência de-
finida, principalmente a TR, que pareceu ser um bom parâmetro para medir a tolerância ao
calor em caprinos.
Como o aumento da FR em condições de temperaturas elevadas começa mesmo antes
que haja aumento da temperatura do sangue que supre o cérebro, evidenciou a relevante
importância dessa variável em resposta a um estresse térmico e sua alta correlação com
a TR e o ITC, contribuindo para a eficácia do presente teste.
Contudo, a taxa de sudação deve ser investigada, pois os caprinos têm uma evaporação
cutânea bastante expressiva em condições de estresse por calor, e essas informações aju-
dariam a explicar os bons índices de tolerância ao calor obtido, nas raças do tronco africano.
Estudos devem ser realizados sobre a correlação entre o desempenho reprodutivo e
produtivo e o ITC, a fim de validar o teste em caprino.
30
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONCLUSÃO
Os dados obtidos neste estudo permitem concluir que existem diferenças genéticas de
atributos anatomofisiológicos que afetam as reações fisiológicas e a termorregulação dos
animais, pois as raças de origem europeias revelaram-se mais sensíveis ao estresse térmico.
As cabras avaliadas das raças Anglo-nubiana e Boer estão adaptadas às altas tem-
peraturas que ocorrem no Município do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Estado do Rio
de Janeiro. Ao contrário, as cabras das raças Saanen e Parda Alpina não estão adaptadas
às condições climáticas dessa região.
A utilização das raças Anglo-nubiana e Boer, de origem africana, para incrementar a
produtividade caprina em clima quente e úmido pode ser uma alternativa viável para a região
da Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro.
O Índice de Tolerância ao Calor (ITC) apresenta-se eficaz, com alta correlação com a
temperatura corporal, sendo recomendado para o estudo de avaliação de tolerância ao calor.
REFERÊNCIAS
1. Aiura A.L.O., Aiura F.S. & Silva R.G. da. Respostas termorreguladoras de cabras Saanen e
Pardo Alpina em ambiente tropical. Arch. Zootec., 59:605-608, 2010.
3. Baccari Júnior F., Polastre R., Fré C.A. & Assis P.S. Um novo índice de tolerância ao calor para
bubalinos: correlação com o ganho de peso. Anais 23ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Zootecnia (SBZ), Campo Grande, MS, 1986, p.316.
4. Buffington D.E., Collazo-Arocho A., Canton G.H. & Pitt D. Black globe-humidity index (BGHI)
as a comfort equation for dairy cows. Transac. ASAE, 24:711-714, 1981.
5. Esmay M.L. Principles of animal environment, 2nd ed. Wastport, CT. AVI, 1969. 325p.
6. Eustáquio Filho A., Teodoro S.M., Chaves M.A., Santos P.E.F., Silva M.W.R., Murta R.M.,
Carvalho G.G.P. & Souza L.B. Zona de conforto térmico de ovinos da raça Santa Inês com
base nas respostas fisiológicas. Rev. Bras. Zootec., 40:1807-1814, 2011
8. Ligeiro E.C., Maia A.S.C., Silva R.G. da & Lourenço C.M.B. Perda de calor por evaporação
cutânea associada às características morfológicas do pelame de cabras leiteiras criadas em
ambiente tropical. Rev. Bras. Zootec., 35:544-549, 2006.
9. Medeiros L.F.D., Vieira D.H., Oliveira C.A. & Scherer P.O. Frequência respiratória e cardíaca
em caprinos de diferentes raças e idades. Rev. Bras. Med. Vet., 23:44-47, 2001.
31
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
10. Medeiros L.F.D., Vieira D. H., Scherer P. O., Oliveira C.A. & Almeida J. C. de C. Efeitos da
idade e raça sobre a temperatura corporal de caprinos. Rev. Bras. Cien. Vet., 9:32-35, 2002.
11. Medeiros L.F.D., Vieira D.H., Oliveira C.A., Fonseca C.E.M. da, Pedrosa I. de A., Guerson
D.F., Pereira V.V. & Madeiro A.S. Avaliação de parâmetros fisiológicos de caprinos SPRD (sem
padrão racial definido) pretos e brancos de diferentes idades, no Município do Rio de Janeiro,
RJ. Bol. Ind. An., 64:275-285, 2007.
12. Nelder J.A. & Wedderburn R.W. Generalized Linear Models. J. Royal Statist. Soc., 135:370-
384, 1972.
13. Rocha R.R.C., Costa A.P.R., Azevedo D.M.M.R., Nascimento F.S., Cardoso F.S., Muratori
M.C.S. & Lopes J.B. Adaptabilidade climática de caprinos Saanen e Azul no Meio-Norte do
Brasil. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 61:1165-1172, 2009.
14. Roberto J.V.B., Souza B. B. de, Furtado D.A., Delfino L.J.B. & Marques B.A. de A. Gradientes
térmicos e respostas fisiológicas de caprinos no semiárido brasileiro utilizando a termografia
infravermelha. J. Anim. Behav. Biometeorol., 2:11-19, 2014.
15. Santos F.C.B., Souza B.B., Alfaro C.E.P., Cézar M.F., Pimenta Filho E.C., Acosta A.A.A. &
Santos J.R.S. Adaptabilidade de caprinos exóticos e naturalizados ao clima semi-árido do
Nordeste brasileiro. Ciênc. Agrotec., 29:142-149, 2005.
16. Sas Institute. Statistical Analysis System. User,s guide: Statistics. Version 6.11 edition. Cary,
NC: SAS, 1996. 956p.
17. Schmidt-Nielsen K. Fisiologia Animal: Adaptação e Meio ambiente Ambiente, 5th ed. Cambridge
University Press, Cambridge, 2002. 611p.
18. Silva E.M.N. da, Souza B.B. de, Silva G. de A., Cézar M.F., Souza W.H., Benício T.M.A. &
Freitas M.M.S. Avaliação da adaptabilidade de caprinos exóticos e nativos no semi-árido pa-
raibano. Ciênc. Agrotec., 30:516-521, 2006.
19. Silva R.G. da. Introdução à bioclimatologia animal. 1ª ed. Nobel, São Paulo, 2000. 286p.
20. Souza B.B. de, Souza E.D. de, Cézar M.F., Souza W.H. de, Santos J.R.S. dos & Benício T.M.A.
Temperatura superficial e índice de tolerância ao calor de caprinos de diferentes grupos raciais
no semi-árido nordestino. Ciênc. Agrotéc., 32:275-280, 2008.
21. Souza E.D., Souza B.B., Sousa W.H., Cézar M.F., Santos J.R.S. & Tavares G.P. Determinação
do grau de tolerância ao calor de caprinos mestiços de raças exóticas e nativas no semi-árido
nordestino. Anais 40ª Reunião Anual da Sociedade de Zootecnia (SBZ), Santa Maria, RS,
2003. CD Room.
22. Souza E.D. de, Souza B.B. de, Souza W.H. de, Cézar M.F., Santos J.R.S. dos & Tavares G.
de P. Determinação dos parâmetros fisiológicos e gradiente térmico de diferentes grupos ge-
néticos de caprinos no Semi-árido. Ciênc. Agrotéc., 29:177-184, 2005.
32
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
02
Pesquisa de sulfito de sódio em amostras
de carne moída comercializadas na
cidade do Recife, Pernambuco, Brasil
Erika Samico-Fernandes
UFRPE
10.37885/210203166
RESUMO
34
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
A carne bovina é uma excelente fonte de proteínas, é rica em ácidos graxos essenciais,
em vita- minas do complexo B e minerais, sendo fonte de importantes nutrientes para a saúde
humana. A qualidade da carne destinada ao consumo é motivo de constante preocupação
em todo o mundo, em especial no Brasil, país considerado um dos mais importantes produ-
tores de carne bovina e com consumo per capita de 29,6kg/ano (ANULPEC 2006). Devido à
diversidade do uso, menor custo e fácil preparo, a carne moída vem sendo um dos produtos
cárneos mais comercializados quando comparado a outros cortes bovinos (Ferreira 2008).
Após processo de cominuição, a carne passa a ter maior superfície de exposição, que aliada
à manipulação excessiva com baixo padrão higiênico sanitário e a um problemático sistema
de conservação pelo frio artificial, favorece a oxidação lipídica e a multiplicação microbiana,
fazendo com que se deteriore rapidamente (Silva et al. 2009).
Produtos cárneos apresentam uma composição que facilita sua deterioração, e cui-
dados desde a produção ao consumo garantem sua qualidade (Conceição & Gonçalves
2009). Devido a esta composição, os estabelecimentos varejistas vêm utilizando artifícios
para mascarar a deterioração do produto, como adição de sulfito de sódio que proporciona
uma aparência fresca e coloração vermelha ao produto bem como elimina o forte odor da
putrefação. Porém, esta prática é considerada fraude pela legislação brasileira ao enganar
o consumidor a respeito da qualidade real da carne, e pode ocasionar vários danos a saúde
humana (Mantilla 2006).
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, é proibido o uso de aditivos em alimentos
quando houver evidências ou suspeita de que o mesmo não é seguro para consumo huma-
no; quando interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento; servir para
encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas de manipulação; encobrir alteração,
adulteração da matéria-prima ou do produto já elaborado e induzir o consumidor ao erro,
engano ou confusão (Brasil 1997).
A reação adversa mais comum ao dióxido sul- fúrico (SO2) e a outros sulfitos no ser
humano é a broncoconstricção e o broncoespasmo, particularmente em um subgrupo de
asmáticos sensíveis aos sulfitos, geralmente com asma severa. Cerca de 30% das reações
são observadas em não asmáticos. Outras manifestações relatadas incluem anafilaxia, ur-
ticária, angioedema, rubor, hipotensão, náuseas, diarreia e parestesias (Werth 1985).
Objetivou-se identificar a adição de sulfito de sódio em amostras de carne moída, adqui-
ridas em mercados públicos e em redes de supermercados da cidade do Recife,PE, Brasil.
35
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
MATERIAL E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
36
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Apesar do presente estudo não ter comprovado a adição de sulfito de sódio na Cidade
do Recife, observou, a partir dos resultados encontrados por outros autores que a adição
de sulfito é uma prática frequente nos comércios varejistas. Isto sugere a necessidade de
uma atuação mais rigorosa pelos órgãos fiscalizadores, para evitar o uso deste aditivo in-
tencional, visto que o mesmo pode ocasionar problemas na saúde dos consumidores, além
de enganar o comprador a respeito da real qualidade do produto.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ANUALPEC - Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo, 2006.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria. Portaria n° 540 SVS/
MS, de 27 de outubro de 1997. Aprova o Regulamento Técnico: Aditivos Alimentares. 1997.
Disponível em: <http://www.saude.gov.br> Acesso em: 31 Mai 2010.
5. Conceição F.V.E. & Gonçalves E.C.B.A. Qualidade físico-química de mortadelas e carnes mo-
ídas e conhecimento dos consumidores na conservação destes produtos. Rev. Cienc. Tecnol.
Alim., 29(2), 2009.
6. Ferreira I.M. Riscos relacionados à contaminação microbiana de carne bovi- na moída. Disser-
tação. Universidade Federal de Uberlândia, 2008. 53p. (Disponível em: <http://www.bdtd.ufu.
br//tde_busca/arquivo. php?codArquivo=2239>)
7. Instituto Adolfo Lutz. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo
Lutz. 4ª Ed., Código de Alimentos, São Paulo, 2005. p.268-269.
8. Lauzurica L.Z. & Fayos J.G. Presencia de Sulfitos en carne picada y preparados de carne
elaborados en industrias de la comunidad Valenciana. Dirección General de Salud Pública.
Conselleria de Sa- nidad, 2009.
9. Mantilla S.P.S. Listeria spp. em carne bovina pré-moída: isolamento, sorolo- gia, sensibilidade
das cepas aos antimicrobianos e relação com a presença de sulfito de sódio. Dissertação.
Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2006. 114p. (Disponível em: <http://
www. uff.br/higiene/teses/samira_mantilla_completa_mestrado.pdf>)
37
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
10. Recife, Prefeitura do Recife. Disponível em: <http://www.recife. pe.gov.br>. Acesso em: 15
Mai 2012.
11. Silva C., Barreira V.B., Mantilla S.P.S., Kasnowski M.C., Monteiro M.L.G., Ribeiro R.O.R., Mo-
raes I.A., Guimarães C.F. & Mársico E.T. Detecção de aminas Biogênicas e fraude por adição
de sulfito de sódio em amostras de bacalhau comercializado no município do Rio de Janeiro.
Hig. Alim., 23:162-163, 2009.
12. Silva C., Monteiro M.L.G., Ribeiro R.O.R., Guimarães C.F.M., Mano S.B., Pardi H.S. & Mársico
E.T. Presença de aditivos conservantes (nitritos e sulfitos) em carnes bovinas moídas, comer-
cializadas em comércio varejista. Rev. Bras. Ci. Vet., 16:33-36, 2009.
13. Tancredti R.C.P. & Silva Y.D. Fraudes por sulfito de sódio (SO2) em carnes bovinas comercia-
lizadas na cidade do Rio de Janeiro, RJ, 2007. Disponível em: <http://www.bases.bireme.br/
cgibin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google& base=LILACS&lang=p&nex-
tAction=lnk&exprSearch=450937&i nd>. Acesso em: 15 Mai 2012.
14. Werth G.R. Inhaled metabisulfite sensitive. J. Allergyclin. Immunol., 103:14-15, 1985.
38
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
03
Levantamento sobre o registro
zootécnico e a rastreabilidade bovina
na pecuária com bovinos no Piauí
10.37885/210203164
RESUMO
40
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
41
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO
MÉTODOS
Figura 1. Localização das Unidades de Sanidade Animal e Vegetal – USAV no Piauí e os municípios onde foram aplicados
os questionários aos criadores de bovinos.
42
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O modelo do questionário foi do tipo semiestruturado dividido em quatro direcionadores
(informação do pecuarista, do sistema de produção, conhecimento tecnológico e opinião
sobre rastreabilidade), para análise com estatística descritiva.
O tamanho da amostra necessária para o estudo foi calculado de acordo a fórmula,
segundo Barbetta (2008):
sendo,
n0 = Uma aproximação do tamanho da amostra.
N = Número de propriedades rurais no Piauí.
n = Número de elementos da amostra.
E0 = Erro amostral tolerável.
O número de propriedades rurais no estado foi 64.067, segundo informação retirada do
banco de dados da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí - ADAPI. Portando,
como o tamanho da amostra com erro estatístico de 5% é de, aproximadamente, 398 ques-
tionários, considera-se que a quantidade utilizada (430) foi adequada em termos estatísticos.
Foram utilizadas também, informações adicionais fornecidas pela ADAPI, relativas ao
efetivo bovino do Piauí, correspondente ao período de 2009 a 2012.
As informações coletadas foram tabuladas em planilhas eletrônicas e submetidas a
análises com estatísticas descritivas, recorrendo-se a análises de frequências cruzadas, com
estratificação dos dados por mesorregião: Norte, Centro-Norte, Sudeste e Sudoeste. Foi
aplicado o teste do qui-quadrado utilizando-se o pacote estatístico do software SPSS 17.0,
para constatação da significância dos efeitos dos fatores testados a 5% de probabilidade.
RESULTADOS
43
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Porcentagem de propriedades estimada pela frequência cruzada da quantidade de bovinos em relação a área
da propriedade.
A Tabela 2 apresenta o efetivo bovino do Piauí estratificado por sexo e faixa etária no
período de 2009 a 2012.
Tabela 2. Efetivo bovino do Piauí, estratificado por sexo e faixa etária, extraído da base de dados da Agência de Defesa
Sanitária do Estado do Piauí - ADAPI, no período de 2009 a 2012.
Mai/09 134.968 133.023 172.086 139.917 231.448 106.975 615.947 110.819 1.645.183
Nov/09 139.058 140.207 164.484 138.108 227.585 111.755 634.546 116.479 1.672.222
Mai/10 135.795 138.999 161.869 135.512 229.522 112.031 654.039 126.322 1.694.089
Nov/10 139.385 143.963 160.536 136.242 219.359 109.843 667.296 132.296 1.708.920
Mai/11 138.108 144.019 158.995 138.238 209.629 111.359 685.876 144.591 1.730.815
Nov/11 141.924 148.081 165.216 141.849 205.343 110.002 696.686 148.254 1.757.355
Mai/12 143.531 145.738 167.705 139.075 208.835 108.795 708.836 155.458 1.777.973
Tabela 3. Informações relacionadas ao perfil socioeconômico da criação de bovinos (em %), estratificadas por mesorregião
no Piauí.
44
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Mesorregião do Estado Total
Parâmetro Detalhamento do parâmetro
Norte (%) Centro (%) Sudeste (%) Sudoeste (%) (%)
Área cercada na pro- Mais de 50% 9,5b 15,1b 20,0b 27,1b 19,1 b
priedade Menos de 50% 21,4b 11,7b 26,0b 18,6b 17,7 b
Tabela 4. Informações relacionadas ao uso de registro zootécnico no rebanho bovino, estratificadas por mesorregião
no Piauí.
Mesorregião do Estado*
Pergunta feita Detalhamento da pergunta Total
Norte (%) Centro Norte (%) Sudeste (%) Sudoeste (%)
Que tipo de marca utiliza no Identificador do proprietário 92,9ª 75,4ª 93,8ª 86,8ª 84,0a
rebanho? N° do animal 7,1b 24,6b 6,2b 13,2b 16,0b
45
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 5. Dificuldades para a realização de registro zootécnico no rebanho bovino, estratificadas por mesorregião no Piauí
Mesorregião*
Dificuldades para a realização de registro zootécnico Média (%)
Norte (%) Centro Norte (%) Sudeste (%) Sudoeste (%)
DISCUSSÃO
47
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
informática para catalogar e gerar dados como um todo, compromete a eficácia do sistema
(Machado & Nantes, 2008).
Constata-se que não há a consciência do pecuarista usar a marcação dos animais com
o intuito de rastreabilidade, mesmo considerando que marcam cada animal, que é a base de
qualquer sistema de rastreabilidade zootécnica (Bass, Pendel & Morris, 2008), já que não há
identificação individual do animal por números sequenciados, ano de nascimento, ou outro
método de marcação que vise tornar o registro específico tendendo para uma marcação
única. É também importante atentar para o fato que prevalece a identificação do animal com
o uso de marcação a ferro candente, que é permitido no Brasil (Lopes et al., 2012), porém
prevalece o uso da identificação apenas do proprietário independentemente da mesorregião,
o que é um padrão da pecuária tradicional do Nordeste.
O processo de identificação pode ser aprimorado, se a obrigatoriedade de certifica-
ção da vacinação do rebanho contra febre aftosa, por exemplo, for atrelada a imposição
de registrar a informação individual do animal, desde que inserida num processo capaz de
ser informatizado, sem implicar em custos para o criador ou no contato direto dele com a
informática, ou softwares, sendo que na motivação de uso quebre a visão do criador de que,
a identificação individual dos animais no rebanho seja apenas um obstáculo a mais.
Em relação a possibilidades de inclusão de Tecnologia da Informação num cenário
como este, Machado e Nantes (2008) chamaram atenção para a grande contribuição da
informática como ferramenta de suporte à implantação de rastreabilidade, pois a utilização
do computador apresenta vantagens como gerar confiabilidade dos dados, velocidade de
informação e facilidade de comunicação, dentro e fora da propriedade. A esse respeito, a
utilização da Internet para assessorar a atividade pecuária está entre os principais serviços
possíveis, sendo que em relação ao uso de softwares na agropecuária brasileira, é maior
na produção animal do que na vegetal (Cócaro, Lopes & Campos, 2005).
Dessa forma, há a necessidade de adoção de políticas públicas que visem a capaci-
tação no meio rural para que passe a valorizar ações como esta, de modo que os criadores
vejam utilidade dessa prática. Porém, em relação a informar o quanto possui, Lirani (2008)
chama atenção para certa resistência por parte do pecuarista.
O desconhecimento do que é registro zootécnico, a pequena quantidade de animais
no rebanho e a idade avançada dos proprietários rurais, se destacam como fatores que
contribuem para a não utilização de processo sistemático de identificação dos animais na
criação, perpetuando a desinformação sobre a qualidade da produção bovina na atividade
exercida com perfil de atividade familiar, razão pela qual o rastreamento dependerá da dis-
ponibilização de protocolo ou produto específico capaz de suplantar essas dificuldades, que
pode ser atrelado à obrigatoriedade de registro individual do animal.
48
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Para se inferir no tema para esse cenário, convém considerar que a implantação de
sistema de rastreabilidade no Brasil tem passado por mudanças, dificultando que ela ocor-
ra de fato mesmo no agronegócio, ainda assim, muitos pecuaristas a julgam importante e
acreditam em seu futuro (Lopes et al., 2012), principalmente em razão do Brasil competir
com a Austrália na exportação de carne, visto que esse país se destaca como um dos mais
avançados na rastreabilidade, com sistemas de produção baseados em identificação indi-
vidual dos animais (Cavalcante, Pinheiro & Ribeiro, 2015).
Das dificuldades citadas pelos pecuaristas que já aderiram ao SISBOV, merecem des-
taque: a remuneração inadequada de animais rastreados (68%); seguida do custo elevado
da certificação (49%); burocracia na compra e venda de animais (45%); a deficiência na
mão de obra para registros na caderneta de campo (45%), o que mostra a importância de
se investir na qualificação do homem do campo (Lopes et al., 2012). Assim, se isso ocorreu
na agroindústria da carne, as perspectivas não são animadoras, podendo implicar que a
bovinocultura exercida como atividade familiar, passe a ser visto como um seguimento da
produção animal a ser discriminado por não atender as exigências do mercado da carne,
em termos de rastreamento do produto.
A pecuária com bovinos no Piauí se apresenta como atividade praticada com estrutura
familiar, com poucos animais em pequenas áreas, sem processo sistemático de identificação
individual dos animais, sem grandes perspectivas de renovação de recursos humanos na
atividade, consequentemente, com baixo potencial para inserção da atividade em ambiente
com tecnologia de informatização ou em sistema de rastreamento zootécnico.
O desconhecimento da importância e de como utilizar registro zootécnico no rebanho,
dentre outros fatores, são obstáculos que dificultam a implantação da rastreabilidade zoo-
técnica na pecuária com bovinos, praticada com perfil de atividade familiar.
AGRADECIMENTOS
49
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
FINANCIAMENTO
Esta pesquisa foi possível graças ao Financiamento da CAPES através de uma bolsa
de estudos de mestrado oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da
Universidade Federal do Piauí (UFPI).
REFERÊNCIAS
1. Barbetta, P.A. (2008) Estatística Aplicada às Ciências Sociais. (7nd ed.) Florianópolis, SC:
UFSC.
2. Barcellos, J. O., Abicht, A. M., Brandão, F. S., Canozzi, M. E. A. & Collares, F. C. (2012).
Consumer perception of Brazilian traced beef. Revista Brasileira de Zootecnia, 41(3), 771-774.
3. Bass, P. D., Pendel, D. L. & Morris, D. L. (2008). Sheep Traceability Systems in Selected Cou-
ntries Outside of North America. The Professional Animal Scientist, 24(4), 302-307.
4. Bezerra, L. R., de Araújo, M. J., Marques, C. A. T., da Costa Torreão, J. N., Vaz, R. R., & de
Oliveira Neto, C. B. (2013). Caracterização de propriedades agrícolas para pecuária de cor-
te. Comunicata Scientiae, 4(1), 75-84.
6. Cócaro, H., Lopes & M. A., Campos, F. C. A. (2005). Qualidade de software agropecuário: um
estudo de caso. Ciência e Agrotecnologia, 29(5), 1075-1082.
7. Lirani, A. C. (2008). Rastreabilidade na cadeia produtiva das carnes caprinas e ovinas. Tec-
nologia & Ciência Agropecuária, 2(3), 71-79.
8. Lopes, M. A. & Santos, G. (2007). Principais dificuldades encontradas pelas certificadoras para
rastrear bovinos. Ciência e Agrotecnologia, 31(5), 1552-1557.
9. Lopes, M. A., Demeu, A. A., Ribeiro, A. D. B., RochaI, C. M. B. M., Bruhn, F. R. P . & Retes,
P.L. (2012). Dificuldades encontradas pelos pecuaristas na implantação da rastreabilidade
bovina. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 64(6), 1621-1628.
10. Lopes, M. A., Santos, G. & Amado, G. B. (2008). Viabilidade econômica da adoção e implan-
tação da rastreabilidade em sistemas de produção de bovinos no Estado de Minas Gerais.
Ciência e Agrotecnologia, 32(1), 288-294.
13. Miguel, L. A., Mielitz Netto, C. G. A., Nabinger, C., Sanguiné, E., Waquil, P. D. & Schneider,
S. (2007)”Caracterização socioeconômica e produtiva da bovinocultura de corte no estado do
Rio Grande do Sul.” Revista Estudo e Debate, 14(2), 95-125.
50
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
14. Moura, J. F. P., Pimenta Filho, E. C., Neto, S. G., Menezes, M. P. C., de Farias Leite, S. V.,
& Guilhermino, M. M. (2010). Caracterização dos sistemas de produção de leite bovino no
Cariri, Acta Scientiarum. Animal Sciences, 32(3), 293-298.
15. Rigueira, L. L., Lopes, M. A., Bruhn, F. R. P., Rodrigues, C. G. & Faria, P. B. (2014). Disposição
dos consumidores do Distrito Federal em adquirir carne bovina com certificação de origem.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 66(6), 1946-1950.
16. Silva, R. A., Fernandes Filho, S., de Oliveira, A. V. B., dos Santos Araújo, A., de Oliveira Silva,
F., & Pereira, E. M. (2010). Caracterização do sistema de produção de leite do município de
Paulista-PB. Agropecuária Científica no Semiárido, 6(2), 31-46.
51
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
04
Respuesta de la Brachiaria brizantha
cv. Piatã a la aplicación de micorrizas
y fosfatos
10.37885/210203289
RESUMEN
53
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUCCION
La pérdida de la fertilidad natural de los suelos viene siendo una realidad constante, con-
virtiéndose en la principal problemática en las regiones destinadas a la pecuaria de corte en
el bioma del cerrado sudamericano; la cual abarca gran parte del Brasil y parte del Paraguay,
en la cual la mayor parte del área destinada se encuentra en un estado de degradación
por la ganadería convencional extensiva. El 50% de sus pasturas naturales y cultivadas se
encuentran sobre algún proceso de degradación (ANDRADE et al. 2017). Y, especialmente
en los suelos con características de lato solo rojo, que sus principales características son
la acidez y la deficiencia del fósforo, uno de los nutrientes más esenciales. La reforma de
pasturas y su recuperación en sí, posee una variedad de alternativas, siendo una de ellas
un laboreo de suelo a partir dos procesos, arado y gradeado, pero no son eficientes, debido
à una posible reducción del número de plantas en las pasturas (CARVALHO et al. 2017,
Pag. 11). Tanto el costo del pasto degradado, como del pasto recuperado con un manejo y
fertilización adecuada; en un proyecto de reforma de pasturas, los costos pueden ser muy
elevados, por lo que; mismo con un 20% inferior en los costos de recuperación, el proyec-
to se vuelve inviable (VERDI, 2018). En base a los altos costos, surgieron las alternativas
de fertilización biológica y combinada, la cual consiste en la inoculación del suelo con mi-
croorganismos como las micorrizas. Una alternativa viable para aumentar la capacidad de
las plantas con el fin de absorber fosfato del suelo, es a través del establecimiento de la
asociación micorrizal (OSORIO, 2012, pag.1-4). El mismo autor relata que los efectos de la
asociación micorrizal se han visto también en pasturas y que las plantas que se beneficien
de la mismas obtienen un crecimiento más rápido y vigoroso a comparación a los que no
estén con este beneficio simbiótico, lo que concuerda con (LOZANNO-CONTRERAS et al.,
2013, pag. 36) La cual concluye que las micorrizas promueven un mayor crecimiento en
el forraje. En otras Investigaciones en la cuales se buscó un efecto sinérgico entre las mi-
corrizas y el abono aplicado con resultados rentables se demostró que el mejor beneficio/
Costo se obtuvo en el segundo corte, mediante la utilización de 1,25 kg/ha micorrizas + 10
Tn/ha abono ovino (T3), en el cultivo de Brachiaria decumbens (Pasto dalis) alcanzando
un valor de 2,03$ dólares y una menor rentabilidad se obtuvo en el tratamiento testigo con
1,07$ registrado en el primer corte (COLOMA PANATA, 2015). Por lo que el objetivo de este
trabajo es verificar la respuesta de la B. brizantha cv. Piatã a la aplicación de micorrizas y
fósforo en la altura de la planta y producción de materia verde, materia seca, en laboratorio
con un ambiente controlado
54
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO
Materiales y metodos
RESULTADOS
Se constató que los datos obtenidos en este trabajo provienen de una distribución
normal por el test de normalidad y se verificó que hubo un efecto significativo (p<0,05) en la
altura de las plantas en función a los tratamientos utilizados (Figura 1). En los tratamientos
en los cuales fueron utilizados solo micorrizas y micorrizas con una dosis baja de fósforo,
no tuvieron diferencias significativas entre sí, pero sí con mayores dosis de fosfato.
56
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Figura 1. Altura de las plantas según distintos tratamientos. Letras minúsculas iguales entre las columnas no difieren
estadísticamente al 5% por el test de Tukey.
Tabla 1. Medias ± Desvió estándar de los efectos de diferentes fertilizaciones química e biológicas en la materia verde y
materia secas (gr) de las hojas de la B. Brizantha cv. Piatã.
En la biomasa in natura como la biomasa seca de las raíces se pudo observar diferen-
cias significativas del tratamiento que fueron inoculados con micorrizas con relación a las
que no (Tabla 2),
Tabla 2. Medias ± Desvió estándar de los efectos de diferentes fertilizaciones química y biológica en la producción de
biomasa húmeda e biomasa seca de las raíces de la B. Brinzantha cv. Piatã.
57
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DISCUSION
En los tratamientos en los cuales fueron utilizados solo micorrizas y micorrizas con una
dosis baja de fósforo (Véase en la Figura1), no tuvieron diferencias significativas entre sí,
pero sí con mayores dosis de fosfato: esto se debe a que las micorrizas arbusculares pro-
porcionaron un incremento en el desarrollo de la planta y en su morfología, la cual presenta
mayor altura en relación a la fertilización fosfatada y el testigo. Esto concuerda con los re-
sultados obtenidos por (CARVALHO et al, 2007, PENTON et al, 2011, pag. 34, BENAVIDES
et al, 2011, pag. 9-1) los cuales mencionan que las micorrizas favorecen en el crecimiento
y desarrollo de planta. Con ésta, obteniendo mayor altura. En relación a las diferencias en-
contradas en la dosis de fosfato, esto se debe que dosis alta de fósforo afectan en la pobla-
ción de la micorrizas en las raíces, lo que se observa en trabajos similares de (BARRAGAN
et al., 2019), donde mencionan que dosis moderadas de fósforo aumenta la acción de las
micorrizas en las plantas; en otros trabajos similares, se menciona que hay mayor respues-
tas de ciertas especies de micorrizas cuando no existe algún tipo de fertilización a base de
fósforo, sin embargo, la aplicación del mismo influencia a una mayor diversidad de especies
de micorrizas que inoculan la raíz y el suelo (WAKELIN et al., 2012, pag 40-48).
En los tratamientos con micorrizas y micorrizas más Súper fosfato Simples obtuvieron
mayores valores de materia ver y materia seca de la parte aérea de las plantas en relación
a los demás tratamientos (véase en la Tabla 1). Estos resultados fueron semejantes a los
obtenidos por (LOZANO-CONTRERAS et al., 2013, pag. 36) y son atribuidos por la colo-
nización microbiana, registrando cambios significativos en los parámetros de crecimiento,
tales como duplicar el volumen radicular. Por ende, el aprovechamiento de los recursos
minerales a través de hojas y con una mejor nutrición ya que esta ayudan a explotar y
aumentar su superficie de absorción, consecuentemente aumentando el rendimiento del
forraje (HERNANDES-SANCHEZ et al., 2018, pag. 11), en otros trabajos similares (COSTA
et al., 2012, pag.13) menciona que el efecto de la micorrización sobre los rendimientos de
materia seca (MS) de la gramínea, las cuales pueden proporcionar incremento de 353 e
321% de materia seca en relación al tratamiento control, también el mismo autor menciona
que las micorrizas favorecen a la absorción de nutrientes pero que el balance del fosforo en
un factor determinante en el desarrollo inicial de las micorrizas, en investigaciones similares
realizadas por (MOTTA et al., 2017, pág. 41) verifican que las dosis de fosforo no afectan al
desarrollo de las micorrizas y que también no influye en el teor de fosforo en la parte aérea
de la planta. Con relación al fosforo (SANTIAGO et al., 2017) mencionan que el encalado
y la fertilización fosfatada aumenta el rendimiento de la materia seca lo que difiere con el
trabajo realizado en la cual el tratamiento con súper fosfato simple demostró menores teo-
res de materia verde y materia seca, esto se debería más por el tiempo que el este tipo de
58
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
fertilizante quedan disponibles para las plantas, con fertilizantes fosfatados que sean de
acción más rápida tal vez los resultados de mismo sean más expresivos.
En los tratamientos donde se utilizó a las micorrizas se observó e midió que las mismas
estimulan a mayor enraizamiento de la planta (Véase en la Tabla 2), (AGUIRRE et al. 2019,
pág. 53-60) menciona que la fertilización química como el fosforo e nitrógeno incrementan
el crecimiento de la raíz al igual que la micorrizas con relación al testigo, lo que difiere con
este trabajo donde la fertilización solamente con el súper Fosfato simple no presento una
cantidad superior o igual de biomasa de raíz en relación con los demás tratamiento sin
embargo los resultados obtenidos por el mismo en relación a la biomasa de la raíz de las
plantas con inoculación micorriza concuerda con el trabajo realizado. En trabajos similares
realizados por (CARVALHO et al., 2007) donde mencionan que en media el incremento de
la biomasa freza y seca de las raíces micorrizadas aumentaron hasta 7 veces en relación
a las no micorrizas. (HERNANDES-SANCHEZ et al., 2018, pág. 11), menciona que la colo-
nización radicular por micorrizas realiza cambios significativos en diferentes parámetros de
crecimiento, tales como duplicar el volumen radicular por ende el aprovechamiento de los
recursos minerales a través de las hifas y con una mejor nutrición ya que estas ayudan a
explorar y aumentar su superficie de absorción. En otros trabajos similares (EMERY et al.,
2018, pag 119) mencionan no encontrar evidencia de la relación de las micorrizas con relación
de la misma con la producción de biomasa aérea e subterránea, donde mencionan que este
factor está relacionado con el nivel de fertilidad del suelo, por lo que los efectos positivos
de las micorrizas son más evidentes cuando las características fértiles del suelo son bajas.
AGRADECIMIENTOS
59
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
REFERENCIAS
1. AGUIRRE-MEDINA, J. F., ELMAR, H. B., MARTÍNEZ-TINAJERO, J. J., & VELAZCO-ZEBA-
DÚA, M. E. Influencia de Rhizophagus intraradices en el crecimiento de Brachiaria decumbens
Stapf en interacción con dosis de fertilizacion. AGROProductividad, 12(4), 53-60. 2019. DOI:
https://doi.org/10.32854/agrop.v0i0.1391
2. ANDRADE, R. G., BOLFE, E. L., VICTORIA, D. D. C., & NOGUEIRA, S. F. Avaliação das
condições de pastagens no cerrado brasileiro por meio de geotecnologias. Embrapa Gado
de Leite-Artigo em periódico indexado (ALICE). 2019. Disponible en: http://www.alice.cnptia.
embrapa.br/alice/handle/doc/1069816
3. BARRAGÁN ORTIZ, I. A., & SERRATO OSORIO, D. Efecto del Encalado y la Fertilización NPK
de Brachiaria Decumbens Sobre la Población de Hongos Micorrizícos Arbusculares (HMA) del
Suelo. 2019. Disponible en : https://repositorio.unillanos.edu.co/handle/001/136
4. BENAVIDES, O. P., PINARGOTE, C. B., SILVA, W. M., ZAMBRANO, E. V., LARA, V. G., &
MENDOZA, E. P. Inoculación de Brachiaria decumbens con hongos formadores de micorriza
arbuscular nativos del trópico húmedo ecuatoriano. Revista Ciencia y Tecnología, 4(2), 9-18.
2011 disponible en: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/Dialnet-InoculacionDeBrachiariaDe-
cumbensConHongosFormadore-4149411%20(3).pdf
6. CARVALHO, D., PEREIRA, L., de MELO, N. F., & MELO, A. Simbiose micorrízica em plan-
tas forrageiras. In Embrapa Semiárido-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: JORNADA
DE INICIAÇÃO CIENTÌFICA DA UNIVASF, 2., Juazeiro, Petrolina, São Raimundo Nonato.
Anais... Petrolina: UNIVASF, 2007. Disponible en: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bits-
tream/doc/162404/1/OPB1759.pdf
7. COSTA, N.L.; PAULINO, V.T.; COSTA, R.S.C DA.; PEREIRA, R.G.A.; TOWNSEND, C.R.;
MAGALHÃES, J.A. Efeito de micorrizas arbusculares sobre o crescimento e nutrição mineral
de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Ciência Animal Brasileira 13(4): 406-411. 2012. Disponible
en: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/949827
9. EMERY, S. M., KINNETZ, E. R., BELL-DERESKE, L., STAHLHEBER, K. A., GROSS, K. L., &
PENNINGTON, D. Low variation in arbuscular mycorrhizal fungal associations and effects on
biomass among switchgrass cultivars. Biomass and Bioenergy, 119, 503-508. 2018. Disponible
en: https://doi.org/10.1016/j.biombioe.2018.10.012
13. MACEDO, M. C. M., ZIMMER, A. H., KICHEL, A. N., DE ALMEIDA, R. G., & DE ARAÚJO, A.
R. Degradação de pastagens, alternativas de recuperação e renovação, e formas de mitigação.
In Embrapa Gado de Corte-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: encontro de adubação
de pastagens da scot consultoria-tec-fértil, 1., Ribeirão Preto, SP. Anais... Bebedouro: Scot
Consultoria, p. 158-181. 2013. Disponible en: http://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/
doc/976514
14. MOTTA, P. E. F. D., SIQUEIRA, J. O., RIBEIRO, B. T., SILVA, S. H. G., POGGERE, G. C., &
CURI, N. Urochloa decumbens growth and P uptake as affected by long-term phosphate ferti-
lization, mycorrhizal inoculation and historical land use in contrasting Oxisols of the Brazilian
Cerrado. Ciência e Agrotecnologia, 41(2), 209-219. 2017. Disponible en: http://www.alice.cnptia.
embrapa.br/alice/handle/doc/1069578
15. OSORIO, N. W. Uso de hongos formadores de micorriza como alternativa biotecnológica para
promover la nutrición y el crescimento de plántulas. Manejo Integral del Suelo y Nutrición Ve-
getal, 1(2), 1-4. 2012. Disponible en linea: https://www.bioedafologia.com/sites/default/files/
documentos/pdf/Hongos-formadores-de-micorrizas.pdf
16. PENTÓN, GERTRUDIS, REYNALDO, INÉS, MARTÍN, G. J, RIVERA, R, & OROPESA, KATE-
RINE. Use of EcoMic® and the bioactive product Pectimorf® in the establishment of two forage
species. Pastos y Forrajes, 34(3), 281-294. 2011. Recuperado en 31 de julio de 2020, de http://
scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0864-03942011000300004&lng=es&tlng=en.
17. SANTIAGO, F. E. M., NÓBREGA, J. C. A., DE AGUIAR SANTIAGO, F. L., EDVAN, R. L.,
NÓBREGA, R. S. A., & DE SOUZA MOREIRA, F. M. Lime and phosphate application as my-
corrhizae stimulation to enhance growth and yield of Marandu grass. Semina: Ciências Agrá-
rias, 38(4Supl1), 2323-2336. 2017. Disponible en: http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2017v-
38n4Supl1p2323
19. WAKELIN, S., MANDER, C., GERARD, E., JANSA, J., ERB, A., YOUNG, S. & O’CALLAGHAN,
M. Response of soil microbial communities to contrasted histories of phosphorus fertilisation
in pastures. Applied soil ecology, 61, 40-48. 2012. Disponible en: https://doi.org/10.1016/j.
apsoil.2012.06.002
61
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
05
Tristeza parasitária bovina: protocolos
de avaliação quimioprofilática no sul
do Rio Grande do Sul
10.37885/210303583
RESUMO
P a l a v r a s - c h a ve: A n a p l a s m a M a r g i n a l e, B a b e s i a , H e m o p a r a s i t a s , I m i d o c a r b,
Microhematócrito.
63
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Babesiose
De acordo com Schnittger et al., (2012) e Babes, (1888), (1892) apud Florin-christensen
et al. (2014), a babesiose foi encontrada em 1888 por Viktor Babes, que relatou a presença
de microrganismos em eritrócitos de bovinos doentes e os correlacionou com o surgimento
de hemoglobinúria nesses animas. Em 1893, dois pesquisadores, Theobald Smith e Frederick
Kilborne, observaram que o microrganismo identificado por Viktor era um protozoário transmi-
tido pelo carrapato Rhipicephalus anulatus (SMITH & KILBORNE, 1893 apud KOCAN et al.,
2010; SCHNITTGER et al., 2012; FLORIN-CHRISTENSEN et al., 2014). Este relato foi o início
do estabelecimento de um programa de erradicação do R. anulatus nos EUA, o que resultou
na erradicação da Babesiose em 1943 (GRAHAM, 1977 apud MOSQUEDA et al., 2012).
Como já citado anteriormente, a babesiose bovina é uma enfermidade causada pelos
protozoários Babesia bovis e Babesia bigemina. Ambas as espécies são transmitidas pelo
carrapato do boi Ripicephalus (Boophilus) microplus. As babésias possuem como caracterís-
tica principal a infecção e multiplicação nos eritrócitos, sendo a babesia bovis a espécie que
mais causa a patogenia em bovinos (Taylor et al., 2017). As consequências ao hospedeiro
se devem a ausência de oxigênio nos tecidos (hipóxia) e anemia, que são desencadeadas
devido ao consumo de hemoglobina durante sua permanência na célula e, ruptura de mem-
brana plasmática após a exocitose (Farias, 1995).
De acordo com Farias, 2001, na babesiose, a fêmea do carrapato se infecta durante
o ingurgitamento e, já dentro do seu organismo, alguns microrganismos produzidos são
incorporados ao embrião do carrapato e os agentes da doença são transmitidos para novos
hospedeiros vertebrados por meio da alimentação das larvas, ninfas ou carrapatos adul-
tos. O período de incubação varia de 7 a 14 dias. É interessante saber que a Babesia bovis
é inoculada nos bovinos por larvas do carrapato e Babesia Bigemina por ninfas. Podem ser
acometidos bovinos, bubalinos e cervídeos, em todas as idades, entretanto cada um destes
agentes possui características epidemiológicas distintas (Silva et al., 2013; Taylor et al., 2017).
66
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Anaplasmose
Em 1910, Arnold Theiler fez o primeiro relato sobre o gênero Anaplasma ao corar
sangue de bovinos doentes e verificar alguns pontinhos no interior de algumas células, os
quais ele identificou primeiramente como sendo protozoários. Smith e Kilborne, erronea-
mente, sugeriram que os pontinhos encontrados por Arnold Theiler eram formas biológicas
de Babesia bigemina, contudo, Theiler se opôs e definiu que a Anaplasmose e a Babesiose
eram duas doenças distintas, mas que apresentavam algumas semelhanças e que poderiam
coexistir no mesmo animal (KOCAN et al., 2010).
Na maior parte do Brasil os animais são relativamente resistentes à anaplasmose, pois
há uma presença de vetores durabte todas as épocas do ano, e por isso, os animais desen-
volvem imunidade desde cedo, devido a infecção precoce pelo Anaplasma marginale, quando
ainda estão protegidos pelos anticorpos passados pelo colostro. Na anaplasmose, os corpús-
culos iniciais, ao serem inoculados no bovino, se aderem aos eritrócitos, esses corpúsculos
vão se multiplicando e invadindo outros eritrócitos até a morte do hospedeiro ou controle da
infecção. O carrapato pode se infectar em qualquer fase desse processo, ainda não é bem
definido como ocorre o ciclo nos casos de infecções por insetos. O período de incubação da
doença é maior do que a babesiose, variando de 21 a 45 dias (KESSLER; SCHENK, 1998).
Importante salientar que, em condições a campo, os períodos de incubação nem sempre
seguem os dados constatados em condições experimentais controladas. Muitas vezes, nos
exames laboratoriais, é possível observar animais infectados por um, dois ou até mesmo
os três agentes etiológicos da TPB (Almeida et al., 2006; Costa et al., 2018). Nesse con-
texto, conhecimentos relacionados ao ciclo biológico dos agentes etiológicos e condições
epidemiológicas devem ser analisados juntamente com a patogenia e sinais clínicos para o
diagnóstico correto da TPB, como mostra a tabela 1.
Tabela 1. Agentes etiológicos da tristeza parasitária bovina com respectiva patogenia e sinais clínicos.
Mais patogênica.
Grau de anemia é desproporcional a parasitemia, é
Hemoglobinúria, Febre com temperaturas superiores a 41
associada a deposição de hemácia a pequenos ca-
Babesia bovis °C, incordenação motora, andar cambaleante, movimentos
pilares que no cérebro causa anoxia e lesão tissular.
de pedalagem e agressividade.
Pode causar diminuição da circulação sanguínea, cho-
que e coagulação intravascular.
Apatia, orelhas caídas, debilidade, febre, anorexia, emagre-
Período de incubação de 4 semanas, ocorre febre pa-
cimento, pelos arrepiados, taquicardia, taquipneia, redução
Anaplasma marginale rasitemia e com a evolução se torna mais grave, com
dos movimentos de ruminação,
até 70% dos eritrócitos destruídos.
redução ou suspensão da lactação e icterícia.
Fonte: Adaptado de (Farias, 1995; Barros et al., 2006; Almeida & Andreotti, 2013; Taylor et al., 2017)
67
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo de caso
O trabalho foi realizado no interior do Rio Grande do Sul, em uma propriedade com
2000 hectares, que possuía um rebanho de 1610 animais da raça Braford, sendo 740 vacas
de cria, 214 novilhas de sobreano (1-2 anos), 190 novilhos de sobreano (1-2 anos), 450
terneiros(as) desmamados e 16 touros. Antes das coletas de material para análise e da
intervenção quimioprofilática, a propriedade apresentou altas taxas de mortalidade, 6,0%,
6,0%, 7,0%, 1,5%, 7,7%, nas categorias acima citadas, respectivamente.
Foram realizadas duas coletas de sangue por punção da veia jugular, através do
sistema vacutainer com tubos contendo anticoagulante. O intervalo entre as coletas foi de
28 dias, sendo que a primeira foi realizada três dias antes do tratamento quimioprofilático
(dipropionato de imidocarb), administrando 1,2mg/kg (1mL/100kg) de peso vivo (PV) em
todos os animais do rebanho. As amostras coletadas na propriedade foram identificadas e
acondicionadas em caixa isotérmica com gelo biológico, para mensuração do percentual de
células vermelhas (PCV%) e pesquisa de hemoparasitas pela técnica de microhematócrito e
esfregaço sanguíneo corado, respectivamente. Através destas técnicas é possível identificar
portadores assintomáticos (TPB subclínica).
Para o experimento foi selecionado um lote de 15 animais com parâmetros de hema-
tócritos considerados críticos (abaixo de 25% de PCV). A comparação entre os valores de
hematócrito foi realizada com a técnica de microhematócrito, anteriormente ao exame de
esfregaço sanguíneo, e realizada por dois observadores diferentes, sendo um tubo e um
tempo para cada observador. A hipótese considerada para este caso era de que, fatores
externos à doença, como o tempo de homogeneização, poderia interferir na viabilidade dos
eritrócitos e, consequentemente, no valor total do hematócrito.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste período, não foi observado sinais clínicos de TPB em nenhum dos animais após
o tratamento quimioprofilático e não houveram mortes durante o período de proteção do
medicamento (24 a 34 dias), demonstrando a eficácia do tratamento frente a um surto desta
enfermidade (TAYLOR; McHARDY, 1979).
Pela técnica de microhematócrito foi verificado que a média do percentual de células
vermelhas do lote avaliado na primeira coleta foi de 20,1% com variação de 11 a 25%. Vinte
e cinco dias após o tratamento constatou-se o incremento de 12,9% na média geral, com
variação de 23 a 40%. Quanto à comparação entre os valores de hematócrito, não houve
68
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
diferença significativa entre os tempos de homogeneização, embora tenha sido observado
uma tendência de aumento do hematócrito durante os tempos analisados em cada tubo va-
cutainer, existindo indicativos de que o contato prolongado do sangue com o anticoagulante
pode interferir no resultado de análise.
Para os resultados de PCV%, Nizoli et al. (2012) e Silva et al. (2015) também obti-
veram resultados positivos na prevenção de novos casos da doença utilizando protocolos
similares a este. Pela técnica de esfregaço sanguíneo corado detectou-se a presença de
Anaplasma spp, com parasitemias variáveis de ≥0,001 até ≤20% (percentual de glóbulos
vermelhos infectados).
CONCLUSÃO
Sendo a Tristeza Parasitária Bovina um complexo que causa extremas perdas econô-
micas na pecuária brasileira, é essencial a realização de estudos experimentais que levem
em consideração todo o sistema produtivo, a fim de quantificar e identificar as possíveis
causas da doença. A conclusão deste estudo foi que o protocolo aplicado de Dipropionato de
Imidocarb na dose de 1,2 mg/kg (1 ml/ 100 kg de PV) foi eficaz no controle do surto de TPB,
pois não houve aparecimento de caso clínico durante o período de proteção recomendado
pelo fabricante (28 dias), após o tratamento.
Quanto ao tempo de homogeneização, apesar da diferença de valores de microhema-
tócrito não ter sido significativa, devem ser realizados mais trabalhos acerca deste resultado,
pois há uma tendência à mudança de valores.
Portanto, este trabalho pode servir de modelo para próximas intervenções quimiopro-
filáticas em propriedades com histórico semelhante, visando sempre o sistema produtivo
como um todo, aliando sanidade, nutrição e um bom manejo dos animais.
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, M. B., TORTELLI, F. P., RIET-CORREA, B., FERREIRA, J. L. M., SOARES, M.
P., FARIAS, N. A. R., RIETCORREA, F., & SCHILD, A. L. (2006). Tristeza parasitária bovina
na região sul do Rio Grande do Sul: estudo retrospectivo de 1978-2005. Pesquisa Veterinária
Brasileira, 26(4), 237–242.
69
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
3. BARROS, S. L.; MADRUGA, C. R.; ARAÚJO, F. R.; MENK, C. F.; ALMEIDA, M. A. O.; MELO,
E. P. S.; KESSLER, R. H. Serological survey of Babesia bovis, Babesia bigemina, and Anaplas-
ma marginale antibodies in cattle from the semiarid region of the state of Bahia, Brazil, by
enzyme-linked immunosorbent assays. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 100, n. 6, p.
613-617, 2005.
6. BRITO, L. G. et al. Anaplasma marginale infection in cattle from south- western Amazonia.
Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 30, n. 3, p. 249–254, 2010.
7. BRITO, L. G. et al. Babesia bovis infection in cattle in the southwestern Brazilian Amazon. Ticks
and Tick-borne Diseases, v. 4, n. 1–2, p. 78–82, 2013.
8. COSTA, V. M. M., RIBEIRO, M. F. B., DUARTE, G. A. F. P., SOARES, J. F., AZEVEDO, S. S.,
BARROS, A. T. M., RIET-CORREA, F., & LABRUNA, M. B. (2018). Incidência de Anaplasma
marginale, Babesia bigemina e Babesia bovis em bezerros no semiárido paraibano. Pesquisa
Veterinária Brasileira, 38(4), 605–612.
9. FARIAS, N. A. Tristeza Parasitária Bovina. In: CORREA, F.R.; SCHILD, A.L.; MÉNDEZ, M.D.C.;
LEMOS, R.A A. Doenças de ruminantes e equinos. São Paulo: Livraria Varela, 2001.cap.1.
p. 152-158. v. II.
10. FLORIN-CHRISTENSEN, M. et al. Vaccines against bovine babesiosis: Where we are now
and possible roads ahead. Parasitology, v. 141, n. 12, p. 1563–1592, 2014.
11. GRISI, L. et al. Reassessment of the potential economic impact of cattle parasites in Brazil.
Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 23, n. 2, p. 150–156, 2014.
13. KOCAN, K. M. et al. Antigens and Alternatives for Control of Anaplasma marginale Infection
in Cattle. Clinical Microbiology Reviews, v. 16, n. 4, p. 698–712, 2003.
14. KOCAN, K. M. et al. The natural history of Anaplasma marginale. Veterinary Parasitology, v.
167, p. 95–107, 2010.
15. MOSQUEDA, J. et al. Current Advances in Detection and Treatment of Babesiosis. Current
Medicinal Chemistry, v. 19, n. 10, p. 1504–1518, 2012
17. SCHNITTGER, L. et al. Babesia: A world emerging. Infection, Genetics and Evolution, v.12,
n. 8, p. 1788–1809, 2012.
18. SILVA, J. B., LOPES, C. T. A., PINHEIRO, C. P., LIMA, D. H. S., SILVA, R. S. L., FONSECA,
A. H., Araújo, F. Babesiose bovina PUBVET v.14, n.9, a650, p.1-7, Set., 2020 R., & Barbosa-
-Neto, J. D. (2013). Prevalência sorológica e molecular de Babesia bovis e Babesia bigemina
em búfalos (Bubalus bubalis) na Ilha de Marajó, Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira, 33(7),
847–850.
70
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
19. SILVA, S.S.; MARMITT, I. V. P.; BIEGELMEYER, P.; NIZOLI, L.; Avaliação Do Ganho De Peso
De Novilhos Submetidos A Protocolos Quimioprofiláticos Contra Tristeza Parasitária Bovina.
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 36, n. 4, p. 2611-2618, jul/ago. 2015.
20. TAYLOR, R.J.; McHARDY,N. Preliminary observations on the combined use of imidocarb and
babesia blood vaccine on cattle. Journal of the South African Veterinary Association, Pretoria-
no,v. 50,n. 4,p. 326-329, Dec. 1979.
21. TAYLOR, M. A., COOP, R. L., & WALL, R. L. (2017). Parasitologia Veterinária. Guanabara
Koogan.
22. UILENBERG, G. Veterinary Significance of Ticks and Tick-Borne Diseases. In: Tick Vector
Biology. Berlin, Heidelberg: Springer Berlin Heidelberg, 1992, p. 23–33.
71
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
06
Prospecção fitoquímica, análise
toxicológica e ação antiparasitária da
Uncaria guianensis sobre nematódeos
de ovinos
10.37885/210303678
RESUMO
73
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
A criação de ovinos e caprinos no Brasil representa uma das principais fontes de renda
para o pequeno e médio produtor rural, por apresentar uma atividade de baixo custo de mão
de obra e de uma rápida rentabilidade, entretanto problemas no manejo sanitário e alimentar
têm provocado grandes perdas econômicas (RIBEIRO et al., 2014). As endoparasitoses con-
sistem no maior entrave na criação de pequenos ruminantes, uma vez que estes parasitas,
em especial os Haemonchus sp., causam grandes perdas por provocarem anemia severa,
queda na produção de carne e leite e ocasionalmente morte (CORLEY; JARMON, 2012).
O uso convencional de anti-helmínticos no controle das endoparasitoses representa
a principal forma de tratamento, no entanto a falta de conhecimento sobre a epidemiologia
das parasitoses, uso inadequado destes fármacos (sub dosagens) e problemas de mane-
jo, tem provocado o surgimento de cepas resistentes o que dificulta ainda mais o controle
(SINGH et al., 2014), além de contaminar o meio ambiente e aumentar o custo de produção
(ZAROS et al. 2014).
Novas alternativas no controle das endoparasitoses, como o uso de plantas medicinais
com atividade anti-helmíntica, vem crescendo nos últimos anos na tentativa de buscar um
controle parasitário mais efetivo, além de seu baixo custo, e de não ser poluente (ANDRADE
et al., 2014). O Brasil representa uma das maiores fontes de plantas medicinais do mundo,
por possuir a maior diversidade vegetal (SANTOS et al., 2013). Várias substâncias bioati-
vas têm sido reportadas com propriedades anti-helmíntica como os taninos condensados
(OLIVEIRA et al., 2011), flavonóides (FERNEX et al., 2012), saponinas (EGRALE et al.,
2007) esteróides (CALA et al., 2012) e triterpenoides (MONTEIRO et al., 2011)
A fitoterapia no controle de verminoses é uma alternativa que pode reduzir o uso de
anti-helmínticos e prolongar a vida útil dos produtos químicos disponíveis. Muitas plantas são
tradicionalmente conhecidas por suas propriedades anti-helmínticas, necessitando, porém,
que sejam comprovadas cientificamente, suas eficácias (BORGES, 2014).
Dentre as diversas plantas com atividade farmacológica, a Uncaria guianensis popu-
larmente conhecida como unha de gato tem sido bastante estudada pelo seu efeito curativo
nos problemas inflamatórios (URBANIBIA et al., 2013) nas doenças bacterianas (CORREIA
et al., 2008), nas doenças tumorais (SANTOS et al., 2016; KAISER et al., 2016) etc. Conforme
relatos das comunidades ribeirinhas na Amazônia, a planta também possui efeito sobre
problemas gastrintestinais.
74
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
OBJETIVO
MATERIAIS E MÉTODOS
Comissão de Ética
Foram realizadas visitas as propriedades rurais da região do Baixo Acre, para a iden-
tificação de animais positivos para parasitos gastrintestinais através de análises copropara-
sitológicas, onde em cada propriedade foi feito um cadastro prévio e realizado a coleta de
fezes dos animais. Os animais foram devidamente identificados, para posterior identificação
caso os animais fossem diagnosticados com parasitos gastrintestinais.
Coleta de fezes
Amostras fecais foram coletadas diretamente da ampola retal dos animais, obedecendo
todos os parâmetros fitossanitários e higiene, utilizando-se todo material para a coleta, como
luvas e vestimentas adequadas, uma pessoa realizava a contenção do animal e a outra a
coleta das fezes direta na ampola retal do animal, todas as amostras de fezes foram identi-
ficadas em sacos plásticos e mantidos sob refrigeração e encaminhadas para o laboratório
de doenças parasitárias da Unidade de Ensino e Pesquisa do curso de Medicina Veterinária
vinculado ao CCBN/UFAC, para o processamento da determinação do número de ovos pro
grama de fezes (OPG) e para a obtenção das larvas.
Teste in vitro
Nos testes in vitro foram analisados o grau de toxicidade frente à Artemia salina para
a determinação da CL 50%. Uma vez determinado a CL 50%, foi analisado o efeito ovicida
e larvicida da planta sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos.
Seguindo a metodologia de Araújo et al. (2010), a determinação do grau da toxici-
dade dos extratos etanólicos da folha Uncaria guianensis foi realizada frente a Artemia
salina. Os extratos foram diluídos em solução de dimetil sulfóxido (DMSO) a 1% nas con-
centrações de 100, 500 e 1000 ug/mL. Foram utilizados três grupos controle: CG1 (grupo
controle1: DMSO a 1%); GC2 (Grupo controle 2: solução salina isotônica) e GC3 (grupo
controle 3:NaClO a 1%). Os valores obtidos com a média do número de Naúplios mortos
76
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
foram submetidos a análise estatística, em que a concentração letal foi estimada em 50%
(CL50) das larvas pelo método de análise de Probit, e pelo método matemático Trimmed
Spearman-Karber com intervalo de confiança de 95%.
Os testes ovicida e larvicida foram realizados por meio da coprocultura usando a
metodologia de Roberts & O´Sullivan (1950). Adicionou-se 2 mL do extrato etanólico a
uma concentração de 50mg/ml e 100mg/ml a culturas fecais infectadas naturalmente por
nematódeos gastrintestinais. No grupo controle negativo utilizou-se água destilada. Todos
os tratamentos foram realizados em triplicatas. As amostras foram colocadas em estufas
BOD para o controle da temperatura e umidade. Após 7 dias, realizou-se a recuperação e
contagem de larvas infectantes (L3) em microscópio óptico.
Para avaliar a eficiência do extrato sobre ovos e larvas nos diferentes tratamentos,
utilizou-se a fórmula adaptada descrita por Camurça-Vasconcelos et al. (2007):
ET: L3 inicial – L3 do grupo tratado/L3 inicial.
Onde: L3 inicial corresponde à estimativa do número de larvas em cada coprocultura.
L3 do grupo tratado corresponde o número de larvas recuperadas após 8 dias
de incubação nos diferentes tratamentos.
RESULTADOS
Na análise in vitro os ensaios de toxicidade com Artemia salina Leach identificou que
o extrato etanólico da folha da unha de gato (Uncaria guianensis) apresentou toxicidade
na concentração de CL 50 igual a 1.351 ug/ml. Segundo a classificação descrita por Meyer
(1982) um produto é considerado tóxico quando apresentar uma concentração letal CL 50
inferior a 1000ug/mL. Amorim et al. (2016) avaliando a toxicidade da raiz e caule da Uncaria
guianesis observou CL 50% de 570ug/ml e 1250ug/ml respectivamente. Neste trabalho o
teste de toxicidade com Artemia salina Leach serviram como base inicial para investigar sua
atividade biológica sobre nematódeos gastrintestinais de ovinos. Para Amarante et al. (2011)
a concentração letal para 50% (CL50) serve como um indicador de que existem metabólitos
bioativos que possam ser usados como efeito anti-helmíntico.
Analisando o número de larvas de terceiro estágio (L3) de nematódeos gastrintestinais
de ovinos, obtidas de coproculturas tratadas com extrato etanólico da folha da unha de gato
(Uncaria guianensis), observou redução de larvas dos grupos tratados quando comparada
com o grupo controle (Tabela 1).
77
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Médias, desvio padrão e eficiência do produto (EP %) do número de larvas de terceiro estágio (L3) de nematódeos
gastrintestinais de ovinos, obtidas de coprocultura tratadas com extrato etanólico da folha de Uncaria guianensi
DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
79
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. AMORIM, S. L. de. Ação antiparasitária de plantas medicinais da Amazônia Ocidental so-
bre nematódeos gastrintestinais de ovino: prospecção fitoquímica, potencial anti-helmíntico
e análise toxicológica. 2016, 109f.: il. color. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Centro
de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande, 2016.
3. AMARANTE, C. B., MÜLLER A. H.; PÓVOA M. M.; DOLABELA, M. F. Estudo fitoquímico bio-
monitorado pelos ensaios de toxicidade frente à Artemia salina e de atividade antiplasmódica
do caule de aninga (Montrichardia linifera). Acta Amazônica 41:431-434, 2011.
6. CALA A. A.; CHAGAS A. C. S.; OLIVEIRA M. C. S.; MATOS A. P.; BORGES L. M. F., SOUSA
L.A.D.; SOUZA F.A.; OLIVEIRA G.P. 2012. In vitro anthelmintic effect os Melia azadarach L.
and Trichilia claussenii C. against sheep gastrointestinal nematodes. Experimental Parasi-
tology, 130:98-102.
10. CORREIA, A. F.; SEGOVIA J. F.; GONÇALVES, M. C.; OLIVEIRA, V. L. de; SILVEIRA, D.;
CARVALHO, J. C., KANZAKI, L. I. Amazonian plant crude extract screening for activity against
multidrug-resistant bacteria. European Review for Medical and Pharmacological Sciences,
12(6):369-80, 2008.
11. FERNEX, E. V. S., ALONSO DIAZ, M. A.; MORA B. V.; CAPETILLO-LEAL, C. M. In vitro
anthelmintic activity of five tropical legumes on the exshethment and motility of Haemonchus
contortus infective larvae. Experimental Parasitology, v.131, p.413418, 2012.
12. HAMILTON, M. et al. Trimmed Spearman-Karber method for estimating median lethal con-
centrations in toxicity biossays. Environmental Science Technology, 11(7): 714-719, 1977.
80
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
13. KAISER, S.; CARVALHO, A. R.; PITTOL, V.; DIETRICH, F., MANICA, F., MACHADO, M. M.;
OLIVEIRA, L. F. de; OLIVEIRA BATTASTINI, A. M.; ORTEGA, G. G. Genotoxicidade e citoto-
xicidade de alcalóides oxindole de Uncaria tomentosa (unha de gato): Importância quimiotipo.
Journal of Ethnopharmacology, 189: 90-8. DOI: 10.1016 / j.jep.2016.05.026, 2016.
15. MEYER, B. N.; FERRIGNI, N. R.; PUTNAN, J. E.; JACOBSEN, L. B.; NICHOLS, D. E.; MCLAU-
GHLIN, J. Brine shrimp: a convenient general bioassay for active plant constituents. Journal
of Medicinal Plants Research, 45:31-34, 1982.
16. MONTEIRO, M. V. B.; BEVILAQUA, C. M. L.; MORAIS, S. M.; MACHADO, L. K. A.; CAMUR-
ÇAVASCONCELOS, A. L. F.; CAMPELLO, C. C.; RIBEIRO, W. L. C., MESQUITA, M. A.
Anthelmintic activity of Jatropha curcas L. seeds on Haemonchus contortus. Veterinary Para-
sitology. 182, 259- 263, 2011.
18. RIBEIRO, A. R. C.; MEDEIROS, M. C.; CAMBOIM, A. S.; PEREIRA JUNIOR, F. A.; ATHAYDE,
A. C. R.; RODRIGUES, O. G.; SILVA, W. W. Estudo da atividade anti-helmíntica do extrato
etanólico de Jatropha mollissima (Pohl) Baill. (Euphorbiaceae) sob Haemonchus contortus em
ovinos no semiárido Paraibano. Pesquisa Veterinária Brasileira, 34(11):1051-1055, 2014.
19. ROBERTS, F. H. S.; O’SULLIVAN, J. P. Methods for egg counts and larval cultures for stron-
gyles infecting the gastrointestinal tract of cattle. Australian Journal of Agricultural Research,
1:99-102, 1950.
20. SANTOS, A. C. B.; SILVA, M. A. P.; SANTOS, M. A. F.; LEITE, T. R. Levantamento etnobotâni-
co, químico e farmacológico de espécies de Apocynaceae Juss. ocorrentes no Brasil. Revista
Brasileira de Plantas Medicinais, Campinas, 15(3):442-458, 2013.
21. SANTOS, K. F.; GUTIERRES, J. M.; PILLAT, M. M.; RISSI, V. B.; SANTOS ARAÚJO, M. D.;
BERTOL, G.; GONÇALVES, P. B.; SCHETINGER, M. R.; MORSCH, V. M. Uncaria tomentosa
Extract alter catabolism of adenine nucleotides and expression of ecto-5’nucleotidase / CD73
and P2 × 7 and A1 receptors in the cell line MDA-MB-231. Journal of Ethnopharmacology,
30. pii: S0378-8741(16)30603-1, 2016. DOI: 10.1016/j.jep.2016.08.051
22. SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E.P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PE-
TROVICK, P. R. (Org.). Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre: Editora
da UFRGS, 2007.
23. SINGH, B.; BHAT, T. K.; SINGH, B. Potencial therapeutic applications of some antinutritional
plant secondary metabolites. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.51, p. 5579-
5597, 2003.
24. SINGH, G.; REJEEV SINGH, V.; SINGH, P. K.; ANAD, A. In vitro anthelmintic efficacy of
aqueous extract of Scindapsus officinalis (Roxb.) Schott fruits against Haemonchus con-
tortus of small ruminants. Proceedings of the National Academy of Sciences, India, Section
B Biological Sciences, 2014. DOI: 10.1007/40011-014-0389-5.
81
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
25. SILVA, N. L. A.; MIRANDA, F. A. A.; CONCEIÇÃO, G. M. da. Triagem Fitoquímica de Plan-
tas do Cerrado, da Área de Proteção Ambiental Municipal do Inhamum, Caxias, Maranhão.
Scientia Plena, 6(2), 2010.
26. URBANIBIA, I.; MICHELANGELI, F.; RUIZ, M. C.; MILANO, B.; TAYLOR, P. Anti-inflama-
tory and antitumoural effects of Uncaria guianensis bark. Journal of Ethnopharmacolo-
gy,150:1154-1162, 2013
27. ZAROS, L. G.; NEVES, M. R. M.; BENVENUTI, C. L.; NAVARRO, A. M. C.; SIDER L.H.;
COUTINHO, L. L.; VIEIRA, L. S. Response of resistant and susceptible Brazilian Somalis
crossbreed sheep naturally infected by Haemonchus contortus. Parasitology Research, New
York, 113(3):1155-1161, 2014.
82
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
07
Ecossistema pastoril: serviços
ecossistêmicos, características do
dossel e emissão de gases do efeito
estufa
Fernando Ongaratto
FCAV/UNESP
10.37885/210404069
RESUMO
O ecossistema pastoril sempre foi vital para a vida na terra e a produção de alimentos
para humanos. Infelizmente poucas pessoas sabem quais são os serviços ecossistêmicos
(suprimento, contribuição, regulador e cultural) das áreas de pastagens, levando a críticas
descabidas a pecuária. Também são poucos que entendem quais são as variáveis do
dossel (filocrono, duração de vida da folha, massa de forragem, altura) que são a chave
para o entendimento do manejo das pastagens. Ao conhecer essas premissas podemos
entender a dinâmica dos gases do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4),
e óxido nitroso (N2O) e a perda de amônia (NH3), para entender esse ecossistema e
livrá-lo de críticas.
84
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
O avanço da produção agropecuária brasileira é uma realidade, esse fato fez com
que o país deixasse à condição de importador para se tornar exportador de alimentos; ex-
pansão que ocorreu concomitantemente ao crescimento da demanda interna de alimentos,
85
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
impulsionada pelo crescimento populacional de 90 milhões para 200 milhões de habitantes,
da década de 70 até o início do século XXI (Vieira Junior et al., 2019). A produção agrope-
cuária brasileira cresceu mais de 247% nos últimos 40 anos, ultrapassando a marca dos 237
milhões de toneladas na última safra (CONAB 2018/19), sendo que nesse período a área
cultivada aumentou apenas 31%. Com a ressalva que 61% da área dos biomas Cerrado,
Pampa, Amazônia estão preservados, utilizando apenas 28% do território nacional na pro-
dução agropecuária. Para atender à demanda mundial e a agenda geopolítica, a partir dos
conceitos da produção sustentável, o Brasil tem a responsabilidade de contribuir com a
geração de energia renovável e de elevar a produção de alimentos, otimizando recursos
naturais e resguardando a biodiversidade. O aumento da produtividade é uma das alterna-
tivas para aumentar o suprimento mundial, especialmente de alimentos, sem a necessidade
de abertura e uso de novas áreas (Bungenstab et al., 2012).
Intensificação sustentável é um conceito que surge nesse cenário, vislumbrando com-
patibilizar a segurança alimentar e as condições ambientais (emissão/mitigação de GEE)
de maneira a não colocar em risco o bem-estar da humanidade no futuro (Tedeschi et al.,
2015). Ecossistemas pastoris são áreas utilizadas para intensificação sustentável, pois, in-
tegrada a produção animal, estão os serviços ecossistêmicos de: suprimento, contribuição,
regulador e cultural (Figura 1; citado por Sanderson e Liebig, 2020). Em um futuro próximo
com o reconhecimento pela sociedade da importância dos ecossistemas pastoris, será
preciso estudar uma maneira de compensar os produtores por essa prestação de serviços.
Figura 1. Serviços ecossistêmicos básicos derivados de sistemas de produção de forragem1.
86
1 Fonte: Adaptado de Millennium Ecosystem Assessment (2005), citado por Sanderson e Liebig (2020).
Após emergir a lâmina foliar cresce a uma taxa diária de alongação, determinada
pela temperatura, o que corresponde ao período de duração de alongação foliar, o qual é
proporcional ao intervalo de aparecimento de folhas (Nabinger e Pontes, 2001). A duração
da alongação foliar é obtida multiplicando-se o filocrono pelo número de folhas alongando,
representado o tempo que a folha alonga, do aparecimento até a exposição da lígula. A du-
ração de alongação foliar, entretanto auxilia no entendimento do ecossistema pastoril e pode
ser usada como critério para determinação de períodos de descanso, a exemplo de trabalho
de Kuinchtner et al., (2018) com espécies nativas do bioma Pampa, de rota fotossintética
C4. Para espécies de interesse comercial como milho, arroz, trigo, cevada, Lolium e Sorgo a
duração de alongação foliar utilizada, em estudos de modelagem, é apontada entre os prin-
cipais determinantes da área foliar individual e total, sendo utilizada para explicar diferenças
no comprimento final da folha em resposta às condições ambientais e/ou entre genótipos
(Voorend et al., 2014).
A senescência foliar é fortemente influenciada pela expressão gênica (Taiz et al., 2017),
não sendo considerada uma variável morfogênica, mas auxilia no entendimento e tomada de
decisão sobre o ecossistema pastoril, uma vez que elevada taxa de senescência representa
a falta de eficiência na condução do manejo de pastejo. Os herbívoros se alimentam das 90
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
partes verdes das plantas, logo a disponibilidade de forragem deve ser entendida como a
biomassa aérea viva acumulada durante o processo de crescimento das plantas que com-
põem o dossel (Hodgson, 1990). Se as condições ambientais permanecem num nível ótimo,
este processo de acúmulo é contínuo e constante, enquanto não ocorrer senescência das
partes mais velhas das plantas. A deficiência de N reduz a DVF (Gastal e Lemaire, 1988;
Pereira et al., 2011), entretanto a taxa de senescência aumenta devido ao efeito do N sobre
a taxa de aparecimento foliar e no tamanho da folha (Mazzanti e Lemaire, 1994). Assim, um
aumento nas doses de N aplicado, sem um adequado ajuste no manejo do pastoreio pode
levar a um aumento na senescência (Alexandrino et al., 2004) e ao acúmulo de material morto
na pastagem. Além disso, sabe que gramíneas C4 aumentam a senescência foliar e, conse-
quentemente diminui sua área foliar, como resposta ao déficit hídrico (Santos et al., 2013).
Número de folhas
O número de folhas vivas por perfilho é uma característica relativamente estável para
uma determinada planta/genótipo (Lemaire e Chapman, 1996; Matthew et al., 2000), sendo
o resultado da interação entre a taxa de aparecimento foliar e DVF (Duru e Ducrocq, 2000;
Lemaire e Chapman, 1996), condição essa que favorece a existência de folhas de diferentes
estágios de desenvolvimento em um mesmo perfilho. Por outro lado, dependendo do estágio
de desenvolvimento e idade do perfilho, o número de folhas vivas por perfilho pode variar.
Casagrande et al. (2010) observaram que o capim Marandu manteve diferente número de
folhas vivas por perfilho, em diferentes períodos de avaliação, definidos pelos meses do
ano janeiro, fevereiro, março e abril, durante a estação de crescimento, sendo: 3,7; 4,5; 4,1;
3,6 folhas vivas por perfilho, respectivamente. Já Paiva et al. (2012) observou, em capim
Marandu, que a idade do perfilho determinou número diferente de folhas em expansão (1,3;
1,34; 1,16 para perfilhos jovem, maduro e velho, respectivamente) e em senescência (0,22;
0,50; 0,51 para perfilhos jovem, maduro e velho, respectivamente). O mesmo artigo obser-
vou que o número de folhas vivas também foi diferente para distintas idades de perfilhos,
sendo que no verão foi: 4,0; 3,7; e 3,1 e outono/inverno: 3,2; 3,8; 3,3 para perfilhos jovem,
maduro e velho, respectivamente.
Altura do dossel
O conceito de índice de área foliar crítico, condição na qual 95% da luz incidente são
interceptados, originalmente descrito e aplicado com sucesso em plantas de clima temperado,
demonstrou-se efetivo e válido para o manejo de gramíneas tropicais, uma vez que mostrou
relação análoga com variáveis como acúmulo de forragem (Sbrissia et al., 2007). O índice
de área foliar crítico é onde o dossel atinge o máximo de interceptação luminosa (95%) 91
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
para a produção de folhas e acima desse valor o acumulo de forragem é via pseudocolmo e
material senescente (CARNEVALLI et al., 2006). Isso pode ser traduzido pela altura média
do dossel, onde os estudos pioneiros indicam uma amplitude ótima de condições de pasto
para produção de forragem variando de 20 a 40 cm para capim Marandu (Lupinacci, 2002;
Gonçalves, 2002; Andrade, 2004; Sarmento, 2003; Molan, 2004; Sbrissia, 2004). Esses re-
sultados obtidos, tanto com lotação contínua quanto com lotação intermitente, onde a altura
do dossel passou a ser considerada uma ferramenta de manejo de fácil adoção, levou ao
que Da Silva (2004) denominou de alvos ou metas de manejo do pastejo. Na Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias - Unesp Câmpus de Jaboticabal, estudos com distin-
tas alturas de manejo para lotação contínua (15, 25 e 35 cm) iniciaram no ciclo de águas
2007/08, sendo a tese de Casagrande (2010) e a publicação de todos os trabalhos dessa
linha por Ruggieri et al., (2020). No ciclo de águas 2014/15 a altura média de 25 cm do dos-
sel foi adotada como critério de manejo em todos os piquetes de capim Marandu. A altura
de 25 cm é a indicada para o manejo de capim Marandu em método de lotação contínua
(Santana et al., 2017; Gomes et al., 2019), pois nessa altura são combinadas características
desejáveis das variáveis morfogênicas (taxa de aparecimento, filocrono, DVF) e estrutu-
rais (taxa de sobrevivência e mortalidade de perfilhos, massa de forragem, relação folha/
colmo). A frequência de desfolha nessa altura também não compromete o comportamento
ingestivo (Casagrande et al., 2010; Vieira et al., 2017) permitindo elevado ganho médio
diário e produção por hectare (Reis et al., 2013; Ruggieri et al., 2020) e menor emissão de
metano por hectare (Barbero et al., 2015).
Tabela 1. Estrutura do dossel e taxa de lotação de capim Marandu manejo por alturas e doses de nitrogênio
Relação folha-colmo
Figura 2. Ciclo do carbono simplificado oriundo de um sistema pastoril, categorizando ‘inputs’ e ‘outputs’ referentes as
emissões de gases de efeito estufa (GEE) 2
96
2 Fonte: Adaptado de Rumpel et al. (2015)
Tabela 2. Coeficientes da Correlação de Pearson entre a emissão de amônia e variáveis ambientais em sistemas de
produção de bovinos de corte em pastagens com diferentes graus de intensificação
98
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ecossistemas pastoris sempre foram vitais para a vida na terra, devido aos serviços
ecossistêmicos, especialmente a produção de proteína animal; entender as características
morfogênicas e estruturais do dossel, bem como os eventos de intensidade e frequência e
de desfolha são o passo inicial para manejar de maneira adequada, intensificando o sistema
e mitigando gases do efeito estufa.
AGRADECIMENTOS
FINANCIAMENTO
REFERÊNCIAS
1. Abo-Zeid ST, Abd El-Latif AL, Elshafey, S (2017) Effect of sources and rates of nitrogen
fertilizers on forage yield and nitrate accumulation for Sudan grass. Egyptian Journal of Soil
Science 57 (1), 23-30.
2. Alexandrino E, Nascimento Júnior DD, Mosquim PR, Regazzi AJ, Rocha FC (2004) Ca-
racterísticas morfogênicas e estruturais na rebrotação da Brachiaria brizantha cv. Marandu
submetida a três doses de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia 33 (6), 1372-1379.
3. Allen VG, Batello C, Berretta EJ, Hodgson J, Kothmann M, Li X, Mcivor J, Milne J, Morris
C, Peeters A, Sanderson M (2011) An international terminology for grazing lands and grazing
animals. Grass and Forage Science 66 (1), 2-28.
5. Barbero RP, Malheiros EB, Araújo TLR, Nave RLG, Mulliniks JT, Berchielli TT, Reis RA
(2015) Combining Marandu grass grazing height and supplementation level to optimize growth
and productivity of yearling bulls. Animal Feed Science and Technology 209, 110-118.
99
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
6. Bergamaschi H (2016) Influência das Mudanças Climáticas no Rendimento das Culturas.
In: Paes MCD. Milho e sorgo: inovações, mercado e segurança alimentar.1 ed. Sete Lagoas:
Associação Brasileira de Milho e Sorgo. Cap. 2, 14-48pp.
8. Borges BM, Silveira ML, Cardoso SS, Moline EF, Coutinho Neto AM, Lucas FT, Coutinho
EL (2017) Growth, herbage accumulation, and nutritive value of ‘Tifton 85’bermudagrass as
affected by nitrogen fertilization strategies. Crop Science 57 (6), 3333-3342.
9. Bretas IL, Paciullo DSC, Alves BJR, Martins MR, Cardoso AS, Lima MA, Rodrigues RAR,
Silva FF, Chizzotti FHM (2020) Nitrous oxide, methane, and ammonia emissions from cattle
excreta on Brachiaria decumbens growing in monoculture or silvopasture with Acacia mangium
and Eucalyptus grandis. Agriculture, Ecosystems and Environment 295, e-106896.
10. Brito LF, Azenha MV, Janusckiewicz ER, Cardoso AS, Morgado ES, Malheiros EB, La
Scala Jr N, Reis RA, Ruggieri AC (2015) Seasonal fluctuation of soil carbon dioxide emission
in differently managed pastures. Agronomy Journal 107 (3), 957-962.
12. Campos JAA, Ongaratto F, Reis RA, Fernandes MHMR, Rigobello IL, Gomes LM (2020)
Como diferentes níveis de intensificação da pecuária de corte alteram as variáveis morfogê-
nicas do capim marandu? In: Simpósio Brasileiro de Agricultura Sustentável, 10 ed. Anais
eletrônicos... Viçosa: UFV.
13. Cândido MJD, Alexandrino E, Gomide CADM, Gomide JA, Pereira WE (2005) Período de
descanso, valor nutritivo e desempenho animal em pastagem de Panicum maximum cv. Mom-
baça sob lotação intermitente. Revista Brasileira de Zootecnia 34 (5), 1459-1467.
14. Cantarella H, Alvarez VVH, Barros NF, Fontes LEF, Neves JCL (2007) Nitrogênio. In: Novais
RF, Alvarez VVH, Barros NL, Fontes RLF, Cantarutti RB, Neves JCL. Fertilidade do solo. 1 ed.
Viçosa, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Cap. 7, 375-470pp.
15. Cardoso AS, Barbero RP, Romanzini EP, Teobaldo RW, Ongaratto F, Fernandes MHMDR,
Reis RA (2020) Intensification: A key strategy to achieve great animal and environmental beef
cattle production sustainability in Brachiaria grasslands. Sustainability 12 (16), e-6656.
16. Cardoso AS, Berndt A, Leytem A, Alves BJ, De Carvalho IDN, De Barros Soares LH, Bo-
ddey RM (2016) Impact of the intensification of beef production in Brazil on greenhouse gas
emissions and land use. Agricultural Systems 143, 86-96.
17. Cardoso AS, Oliveira SC, Janusckiewicz ER, Brito LF, Morgado ES, Reis RA, Ruggieri
AC (2019) Seasonal effects on ammonia, nitrous oxide, and methane emissions for beef cattle
excreta and urea fertilizer applied to a tropical pasture. Soil and Tillage Research 194, e-104341.
18. Carnevalli RA, Da Silva SC, Bueno ADO, Uebele MC, Bueno FO, Hodgson J, Morais JPG
(2006) Herbage production and grazing losses in Panicum maximum cv. Mombaça under four
grazing managements. Tropical Grasslands 40 (3), 165-176.
100
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
19. Carrère P, Louault F, Soussana JF (1997) Tissue turnover within grass-clover mixed swards
grazed by sheep. Methodology for calculating growth, senescence and intake fluxes. Journal
of Applied Ecology 34 (2), 333-348.
20. Carvalho RM, Santos MER, Carvalho BHR, Carvalho CRA, Silveira JPF, Costa LKP (2016)
Morphogenesis of marandu palisade grass closer to or farther from cattle feces varies by se-
ason. Semina: Ciências Agrárias 37 (5), 3231-3242.
21. Casagrande DR, Ruggieri AC, Janusckiewicz ER, Gomide JA, Reis RA, Valente ALDS
(2010) Características morfogênicas e estruturais do capim-marandu manejado sob pastejo
intermitente com diferentes ofertas de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia 39 (10), 2108-
2115.
23. Chapman DF, Lemaire G (1993) Morphogenetic and structural determinants of plant regrowth
after defoliation. In: Grasslands for our world (ed. Baker MJ). 55–64 pp.
24. Cohn AS, Mosnier A, Havlík P, Valin H, Herrero M, Schmid E, Obersteiner M (2014) Cattle
ranching intensification in Brazil can reduce global greenhouse gas emissions by sparing land
from deforestation. Proceedings of the National Academy of Sciences 111 (20), 7236-7241.
25. Corrêa DCC, Cardoso AS, Souza NCS, Toniello AD, Reis RA, Ruggieri AC (2018) Effect of
nitrogen source and level on ammonia volatilization in marandu grass pasturelands. In: Procee-
dings of the 2nd International Conference on Forages. Proceedings... Lavras, UFLA, p.225-226.
26. Da Silva SC (2004) Fundamentos para o manejo do pastejo de plantas forrageiras dos gê-
neros Brachiaria e Panicum. In: II Grassaland Ecophysiology and Grazing Ecology. Curitiba.
Anais... p.1-6.
27. Da Silva SC, Carvalho PCF (2005) Foraging behaviour and herbage intake in the favourable
tropics/sub-tropics. In: McGilloway DA. Grassland: a global resource. Wageningen: Wageningen
Academic Publ. Chap. 6. 81-95pp.
28. De Oliveira JK, Corrêa, DCDC, Cunha AM, Rêgo ACD, Faturi C, Silva WLD, Domingues FN
(2020) Effect of nitrogen fertilization on production, chemical composition and morphogenesis
of guinea grass in the humid tropics. Agronomy 10 (11), e-1840.
29. Delevatti LM, Cardoso AS, Barbero RP, Leite RG, Romanzini EP, Ruggieri AC, Reis RA
(2019) Effect of nitrogen application rate on yield, forage quality, and animal performance in a
tropical pasture. Scientific Reports 9, e-7596.
30. Dragosits U, Theobald MR, Place CJ, Lord E, Webb J, Hill J, ApSimon HM, Sutton MA
(2002) Ammonia emission, deposition and impact assessment at the field scale: a case study
of sub-grid spatial variability. Environmental Pollution 117 (1), 147-158.
31. Duru M, Ducrocq H (2000) Growth and senescence of the successive grass leaves on a tiller.
Ontogenic development and effect of temperature. Annals of Botany 85 (5), 635-643.
101
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
32. Euclides VP, Montagner DB, Macedo MCM, De Araújo AR, Difante GS, Barbosa RA (2019)
Grazing intensity affects forage accumulation and persistence of Marandu palisadegrass in the
Brazilian savannah. Grass and Forage Science 74 (3), 450-462.
33. Florindo TJ, Florindo GIBM, Talamini E, Da Costa JS, Ruviaro CF (2017) Carbon footprint
and life cycle costing of beef cattle in the Brazilian midwest. Journal of Cleaner Production
147, 119-129.
34. Forbes TDA, Hodgson J (1985) Comparative studies of the influence of sward conditions on
the ingestive behaviour of cows and sheep. Grass and Forage Science 40 (1), 69-77.
35. Gastal F, Lemaire G (2015) Defoliation, shoot plasticity, sward structure and herbage utilization
in pasture: Review of the underlying ecophysiological processes. Agriculture 5 (4), 1146-117.
36. Gomes LM, Ongaratto F, Reis RA, Fernandes MHMR, Rigobello IL, Campos JAA (2020)
Como diferentes sistemas de intensificação da bovinocultura de corte alteram a estrutura do
dossel de capim marandu? In: Simpósio Brasileiro de Agricultura Sustentável, 10. Anais ele-
trônicos... Viçosa: UFV.
37. Gomes LM, Ongaratto F, Velludo IM, Azenha MV, Malheiros EB, Ruggieri AC (2019) Mor-
fogênese e número de folhas de capim marandu manejado sob distintas alturas de dossel. In:
Congresso Brasileiro de Zootecnia, Uberaba. Anais... 29° Congresso Brasileiro de Zootecnia.
39. Heringer I, Carvalho PCF (2002) Ajuste da carga animal em experimentos de pastejo: uma
nova proposta. Ciência Rural 32 (4), 675-679.
40. Hodgson J (1990) Grazing management. Science into practice. Longman Group UK Ltd.
41. Hodgson J (1966) The frequency of defoliation of individual tillers in a set-stocked sward.
Journal of the British Grassland Science 21 (4), 258-263.
42. Horst GL, Nelson CJ, Asay KH (1978) Relationship of leaf elongation to forage yield of tall
fescue genotypes. Crop Science 18 (5), 715-719.
43. IPCC 2006 - Intergovernmental Panel on Climate Change (2006) Guidelines for national
greenhouse gas inventories. Greenhouse Gas Inventory Reference Manual, 4.
44. Kuinchtner BC, Quadros FLFD, Jochims F, Casanova PT, Dutra GM, Ongaratto F, Car-
valho RMRD (2018) Performance and feed intake of beef heifers on rotational grazing of
natural grassland receiving protein and energy supplement in cool season. Ciência Rural 48
(4), e-20170563.
45. Lemaire G, Chapman D (1996) Tissue flows in grazed plant communities. In: Hodgson J, Illius
AW (Ed.) The ecology and management of grazing systems. New York, NY: CAB International.
Cap. 1, 5-36pp.
46. Lemaire G, Da Silva SC, Agnusdei M, Wade M, Hodgson J (2009) Interactions between
leaf lifespan and defoliation frequency in temperate and tropical pastures: a review. Grass and
Forage Science 64 (4), 341-353.
102
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
47. Lemaire G, Jeuffroy MH, Gastal F (2008) Diagnosis tool for plant and crop N status in ve-
getative stage: Theory and practices for crop N management. European Journal of Agronomy
28 (4), 614-624.
48. Lemaire G, Meynard JM (1997) Diagnosis on the nitrogen status in crops. Springer: Verlag.
Cap. 1, 3-44pp.
49. Liebig MA, Kronberg SL, Hendrickson JR, Dong X, Gross JR (2013) Carbon dioxide efflux
from long-term grazing management systems in a semiarid region. Agriculture, Ecosystems &
Environment 164, 137-144.
50. Lima LO, Velludo IM, Ongaratto F, Dallantonia EE, Fernandes MHMR, Malheiros EB (2019)
Intensidade e frequência de desfolhação do capim-marandu sob diferentes níveis de intensifi-
cação In: Simpósio de Pecuária de Corte 11. Lavras, Anais... Lavras: UFLA/NEPEC.
51. Lupinacci AV (2002) Reservas orgânicas, índice de área foliar e produção de forragem em
“Brachiaria brizantha” cv. Marandu. submetida a intensidades de pastejo por bovinos de corte.
160 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens) – Universidade de São Paulo,
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba.
52. Machado FS, Pereira LGR, Guimarães Jr R, Lopes FCF, Chaves AV, Campos MM, Morenz
MJM (2011) Emissões de metano na pecuária: conceitos, métodos de avaliação e estratégias
de mitigação. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite. Documentos, 147. 92 p.
53. Martha Júnior GB, Corsi M, Trivelin PCO, Vilela L, Pinto TLF, Teixeira GM, Barioni LG
(2004) Perda de amônia por volatilização em pastagem de capim-tanzânia adubada com uréia
no verão. Revista Brasileira de Zootecnia 33 (6), 2240-2247.
54. Martins PG, Felipe DM, Val GA, Ongaratto F, Malheiros EB, Fernandes MHM (2020) Como
diferentes sistemas de intensificação de recria em tourinhos nelore influenciam no seu desem-
penho? In: Simpósio Brasileiro de Agricultura Sustentável, 10. Anais eletrônicos... Viçosa: UFV.
55. Matthew C, Assuero SG, Black CK, Sackville Hamilton NR (2000) Tiller dynamics of gra-
zed swards. In: Lemaire G, Hodgson J, Moraes AD, Carvalho PCF, Nabinger C. Grassland
Ecophysiology and Grazing Ecology. 1. ed. Wallingford: Cabi Publising. Cap. 7. 141-164pp.
56. Mazzanti A, Lemaire G (1994) Effect of nitrogen fertilization on herbage production of tall fescue
swards continuously grazed by sheep. 2. Consumption and efficiency of herbage utilization.
Grass and Forage Science 49 (3), 352-359.
57. Miqueloto T, De Medeiros Neto C, Martins CDM, Barbosa RA, Da Silva SC, Sbrissia AF
(2020) Herbage utilisation efficiency of continuously stocked pastures during periods of restricted
pasture growth. Acta Agriculturae Scandinavica, Section B, Soil & Plant Science 70 (3), 208-214.
58. Molan LK (2004) Estrutura do dossel, interceptação luminosa e acúmulo de forragem em pas-
tos de capim-marandu submetidos a alturas de pastejo por meio de lotação contínua. 159 f.
Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e Pastagens) – Universidade de São Paulo, Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba.
59. Moraes AD, Pelissari A, Carvalho PCF, Anghinoni I, Lustosa S, Balbinot Junior AA, Schus-
ter M (2017) Avanços técnico-científicos em SIPA no subtrópico brasileiro. In: Congresso Bra-
sileiro de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, 4. Palestras... Pato Branco: UTFPR.
103
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
60. Moreira LM, Santos MER, Fonseca DM, Martuscello JA, Morais RV, Mistura C (2011) Pro-
dução animal em pastagem de capim-braquiária adubada com nitrogênio. Arquivos Brasileiro
de Medicina Veterinária e Zootecnia 63 (4), 914-921.
61. Nabinger C (1999) Princípios da exploração intensiva das pastagens. In Simpósio sobre Manejo
da pastagem. 1 ed. Piracicaba: FEALQ. Cap. 2. 15-96pp.
62. Nabinger C, Jacques AVA (2019) A questão da produção pecuária em campo nativo no Bioma
Pampa: contexto geral. In: Carvalho PCF, Wallau MO, Bremm C, Bonnet O, Da Trindade JK,
Rosa FQ, Freitas TS, Moojen FG, Nabinger C (Ed.) Boletim Nativão + de 30 anos de pesquisa
em campo nativo. Uruguaiana: Viapampa. p.1-6.
63. Nabinger C, Pontes LS (2001) Morfogênese de plantas forrageiras e estrutura do pasto. In:
38º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Piracicaba. p.755-771.
64. Neves Neto DN, Santos A, Sousa L, Santos P, Araujo A, Alencar N (2015) Establishment
of Urochloa brizantha cultivars intercropped with different cereal grains. Semina: Ciências
Agrárias, 36 (5), 3353-3368.
65. Oliveira PPA, Berndt A, Pedroso AF, Alves TC, Pezzopane JRM, Sakamoto LS, Rodri-
gues PHM (2020) Greenhouse gas balance and carbon footprint of pasture-based beef cattle
production systems in the tropical region (Atlantic Forest biome). Animal 14 (S3), S427-S437.
66. Oliveira PPA, Pezzopane JRM, Pedroso AF, Nicodemo MLF, Berndt A (2018) Produção
de carne carbono neutro: um novo conceito para carne sustentável produzida nos trópicos. In:
IV Simpósio Brasileiro de Produção de Ruminantes no Cerrado, 4. Anais... Uberlândia: UFU.
p.73-84.
67. Oliveira PPA, Rodrigues PHM, Azenha MV, Lemes AP, Sakamoto LS, Corte RU, Praes
MFFM (2015) Emissões de GEE e amônia em sistemas pastoris: mitigação e boas práticas de
manejo. In: Sistemas de Produção, Intensificação e Sustentabilidade da Produção Animal. 1
ed. Piracicaba: FEALQ. Cap. 7. 179-223pp.
68. Ongaratto F, Rocha MG, Pötter L, Bergoli TL, Severo PO, Dutra JS, Machado JM, Dotto
LR, Martini AC, Oliveira EP (2020) Canopy structure and morphogenesis of Italian ryegrass
intercropped with red clover under cutting intervals determined by thermal sum. Ciência Rural
50 (11), e-20190989.
69. Paiva AJ, Silva SCD, Pereira LET, Guarda VDÁ, Pereira PDM, Caminha FO (2012) Structural
characteristics of tiller age categories of continuously stocked marandu palisade grass swards
fertilized with nitrogen. Revista Brasileira de Zootecnia 41 (1), 24-29.
70. Pedreira CGS (2002) Avanços metodológicos na avaliação de pastagens. In: 39ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Recife. p.100-150.
71. Pereira OG, Rovetta R, Ribeiro KG, Santos MER, Fonseca DMD, Cecon PR (2011) Carac-
terísticas morfogênicas e estruturais do capim-tifton 85 sob doses de nitrogênio e alturas de
corte. Revista Brasileira de Zootecnia 40 (9), 1870-1878.
72. Pinto LFM, Silva SC, Sbrissia AF, Carvalho CABD, Carnevalli RA, Fagundes JL, Pedreira
CGS (2001) Dinâmica do acúmulo de matéria seca em pastagens de Tifton 85 sob pastejo.
Scientia Agricola 58 (3), 439-447.
104
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
73. Primavesi O, Primavesi AC, Corrêa LDA, Silva AGD, Cantarella H (2006) Lixiviação de
nitrato em pastagem de coastcross adubada com nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia
35 (3), 683-690.
74. Reis RA, Valente ALS, Dos Santos SMC, De Souza FHM, Berchielli TT, Ruggieri AC, San-
tana SS, Serra JM (2013) Performance of young Nelore bulls grazing marandu grass pasture
at different heights. Tropical Grassland 1, 114-115.
75. Romanzini EP, Malheiros EB, Delevatti LM, Leite RG, Hoffmann A, Reis RA (2017) Fatores
fundamentais para produção de pastos de Brachiaria brizantha cv Marandu adubados com níveis
crescentes de nitrogênio. In: IV SAMPA - Simpósio de Adubação e Manejo de Pastagens e IV
SIMPAPASTO - Simpósio de Produção Animal a Pasto. Anais... Unesp – Dracena. p.79-82.
76. Ruggieri AC, Cardoso AS, Ongaratto F, Casagrande DR, Barbero RP, Brito LDF, Reis RA
(2020) Grazing Intensity Impacts on Herbage Mass, Sward Structure, Greenhouse Gas Emis-
sions, and Animal Performance: Analysis of Brachiaria Pastureland. Agronomy 10 (11), e-1750.
77. Rumpel C, Crème A, Ngo PT, Velásquez G, Mora ML, Chabbi A (2015) The impact of gras-
sland management on biogeochemical cycles involving carbon, nitrogen and phosphorus.
Journal of Soil Science and Plant Nutrition 15 (2), 353-371.
78. Sales ECJ, Dos Reis ST, Júnior VRR, Monção FP, Matos VM, Pereira DA, Da Silva Antu-
nes AP (2014) Características morfogênicas e estruturais da Brachiaria brizantha cv. Marandu
submetida a diferentes doses de nitrogênio e alturas de resíduos. Semina: Ciências Agrárias
35 (5), 2673-2684.
79. Salvador PR, Pötter L, Rocha MG, Hundertmarck AP, Sichonany MJO, Amaral Neto LG,
Moterle PH (2016) Sward structure and nutritive value of Alexandergrass fertilized with nitro-
gen. Anais da Academia Brasileira de Ciências 88 (1), 385-395.
80. Sanderson MA, Liebig MA (2020) Forages and the Environment. In: Forages II: The Science
of Grassland Agriculture, Chichester, 2, 249-259pp.
81. Santana SS, Brito LF, Azenha MV, Oliveira AA, Malheiros EB, Ruggieri AC, Reis RA
(2017) Canopy characteristics and tillering dynamics of Marandu palisade grass pastures in
the rainy–dry transition season. Grass and Forage Science 72 (2), 261-270.
82. Santos MER, Fonseca DMD, Braz TGDS, Silva SPD, Gomes VM, Silva GP (2011) Carac-
terísticas morfogênicas e estruturais de perfilhos de capim-braquiária em locais do pasto com
alturas variáveis. Revista Brasileira de Zootecnia 40 (3), 535-542.
83. Santos PM, Cruz PGD, Araujo LCD, Pezzopane JRM, Valle CBD, Pezzopane CDG (2013)
Response mechanisms of Brachiaria brizantha cultivars to water deficit stress. Revista Brasileira
de Zootecnia 42 (11), 767-773.
84. Sarmento DOL (2003) Comportamento ingestivo de bovinos em pastos de capim marandu
submetidos a regimes de lotação contínua. 76 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal e
Pastagens) – Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba.
85. Sbrissia AF, Silva SC (2001) O ecossistema de pastagens e a produção animal. In: 38º Reu-
nião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, Piracicaba. p. 731-754.
105
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
86. Sbrissia AF (2004) Morfogênese, dinâmica do perfilhamento e do acúmulo de forragem em
pastos de capim-Marandu sob lotação contínua. 171 f. Tese (Doutorado em Ciência Animal e
Pastagens) – Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura, “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba.
87. Sbrissia AF, Da Silva SC, Nascimento Júnior D (2007) Ecofisiologia de plantas forrageiras
e o manejo do pastejo. In: Simpósio sobre Manejo da pastagem. 1 ed. Piracicaba: FEALQ.
Cap. 5, 153-176pp.
89. Silva RS, Barioni LG, Hall JAJ, Matsuura MF, Albertini TZ, Fernandes FA, Moran D (2016)
Increasing beef production could lower greenhouse gas emissions in Brazil if decoupled from
deforestation. Nature Climate Change 6 (5), 493-497.
90. Silveira ML, Vendramini JMB, Sellers B, Monteiro FA, Artur AG, Dupas E (2015) Bahia-
grass response and N loss from selected N fertilizer sources. Grass and forage Science 70
(1), 154-160.
91. Silveira ML, Haby VA, Leonard AT (2007) Response of coastal bermudagrass yield and nu-
trient uptake efficiency to nitrogen sources. Agronomy Journal 99 (3), 707-714.
92. Smith AP, Johnson IR, Schwenke G, Lam SK, Suter HC, Eckard RJ (2020) Predicting
ammonia volatilization from fertilized pastures used for grazing. Agricultural and Forest Mete-
orology 287, e-107952.
93. Sommer SG, Schjoerring JK, Denmead OT (2004) Ammonia emission from mineral fertilizers
and fertilized crops. Advances in Agronomy 82, 557-622.
95. Taiz L, Zeiger E, Møller IM, Murphy A (2017) Senescência Vegetal e Morte Celular In: Fisio-
logia e Desenvolvimento Vegetal. 6. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, Cap 22, 665-692pp.
96. Tedeschi LO, Muir JP, Riley DG, Fox DG (2015) The role of ruminant animals in sustainable
livestock intensification programs. International Journal of Sustainable Development & World
Ecology 22 (5), 452-465.
97. Tree I (2018) If you want to save the world, veganism isn’t the answer. The Guardian, London.
98. Vieira Junior PA, Contini E, Henz GP, Nogueira VGC (2019) Geopolítica do alimento: o
Brasil como fonte estratégica de alimentos para a humanidade. Embrapa, Brasília-DF, 322 p.
99. Vieira BR, Azenha MV, Casagrande DR, Costa DFA, Ruggieri AC, Berchielli TT, Reis RA
(2017) Ingestive behavior of supplemented Nellore heifers grazing palisadegrass pastures
managed with different sward heights. Animal Science Journal 88 (4), 696-704.
100. Vieira RF (2017) Ciclo do nitrogênio em sistemas agrícolas. Embrapa Meio Ambiente: Jagua-
riúna. Cap. 9, 77-127pp.
106
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
101. Voorend W, Lootens P, Nelissen H, Roldán-Ruiz I, Inzé D, Muylle H (2014) LEAF-E: a tool
to analyze grass leaf growth using function fitting. Plant methods 10, e-37.
102. WadeMH, Peyraud JL, Lemaire G, Cameron EA (1989) The dynamics of daily area and
depth of grazing and herbage intake of cows in a five-day paddocks system. In: International
Grassland Congress, 16. Nice. Proccedings… p. 1111-1112.
103. Wedekin I, Pinazza LA, Lemos FK (2017) Economia da pecuária de corte: fundamentos e
ciclo de preços. São Paulo: Wedekin Consultores. 180p.
104. White
RR, Hall MB (2017) Nutritional and greenhouse gas impacts of removing animals from
US agriculture. Proceedings of the National Academy of Sciences 114 (48), E10301-E10308.
105. Williams
LE, Miller AJ (2001) Transporters responsible for the uptake and partitioning of nitro-
genous solutes. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology 52, 659-688.
106. Wilson
JR, Mannetje L’t (1978) Senescence, digestibility and carbohydrate content of buffel
grass and green panic leaves in swards. Australian Journal of Agricultural Research 29 (3),
503-516.
107. ZimmerAH, Macedo MCM, Kichel AN, Almeida RG (2012) Degradação, recuperação e re-
novação de pastagens. Embrapa Gado de Corte, Campo Grande. 42p.
107
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
08
Efeitos da suplementação de cromo
no metabolismo e desempenho de
vacas leiteiras
Dener Nunes
UFMT
10.37885/210404234
RESUMO
109
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
O cromo (Cr) foi descrito pela primeira vez como um mineral essencial para o metabo-
lismo normal da glicose em ratos por Schwarz e Mertz (1959) e em humanos por Jeejebhoy
et al. (1977). Aparentemente as respostas positivas da suplementação de Cr parecem estar
relacionadas à mudança na partição de energia (VARGAS-RODRIGUEZ et al., 2014; LEIVA
et al., 2015) por um efeito potenciador da ação da insulina (VINCENT, 2001).
Tradicionalmente era suposto que dietas convencionais atendessem os requisitos
nutricionais de Cr em animais de produção. No entanto, estudos sugerem que a suplemen-
tação de Cr afeta o metabolismo da glicose e/ou lipídios (GENTRY et al., 1999; HAYIRLI
et al., 2001; SUMNER et al., 2007). Dessa forma, pode ser utilizado estratégicamente para
modular o metabolismo animal e melhorando a produção de ruminantes.
A necessidade de Cr é normalmente aumentada durante diferentes formas de estresse,
como nutricional, metabólico e físico (PECHOVA e PAVLATA, 2007). Durante os períodos
pré-parto, parto, lactogênese e galactopoiese, se gera grande estresse metabólico, provo-
cando imunossupressão e sobrecarga metabólica em vacas leiteiras (SPEARS, 2000; NRC,
2001; GULPETE, 2018). O Cr está envolvido em muitas funções metabólicas (MERTZ, 1993;
BRYAN et al., 2004; Vargas-Rodriguez et al., 2014) e é essencial para o metabolismo ade-
quado de carboidratos, lipídios e proteínas (VINCENT, 2004).
Neste contexto, a suplementação de Cr em vacas leiteiras pode apresentar efeitos po-
sitivos no metabolismo e desempenho produtivo dos animais. Portanto, objetivou-se realizar
uma revisão de literatura e compilar dados para avaliar os efeitos do Cr no metabolismo e
desempenho de vacas leiteiras.
DESENVOLVIMENTO
Cromo
Atualmente é descrito que o cromo tem ação na ativação da insulina via cromodulina,
um oligopeptídeo constituído por glicina, cisteína, aspartato e glutamato (YAMAMOTO, et al.,
1987). Este oligopeptídio é um cofator para a ação da insulina, mediado pela estimulação
da atividade da proteína tirosina quinase, um recepetor de insulina (DUCROS, 1992; DAVIS
et al., 1996; DAVIS e VINCENT, 1997). O efeito estimulante da cromodulina parece ocorrer
sem afetar a concentração de insulina, indicando que esse oligopeptídeo tem um papel
intrínseco na sensibilidade à insulina (KHAN et al., 2014), promovendo um mecanismo de
autoamplificação da sinalização da insulina (VINCENT, 2000).
No tecido adiposo é sugerido que a ação da insulina é mediada pela ativação da fos-
fotirosina fosfatase na membrana adipositária (DUCROS, 1992; VINCENT, 2000; DAVIS
et al., 1996) aumentando a captação de glicose. Adicionalmente, a ativação dessa via de
sinalização intracelular aumenta a taxa de captação de glicose e regula positivamente os
níveis de mRNA do receptor de insulina, transportador de glicose tipo 4 (GLUT4), glicogênio
sintase e proteína de desacoplamento-3 nas células musculares esqueléticas (DAVIS et al.,
1996), consequentemente melhorando a sensibilidade à insulina, aumentando a taxa de
captação de glicose e aminoácidos.
Desempenho produtivo
112
corporal não mudou
McNamara and
Multíparas, pré-parto (21 dias) Cr-Propionato (0 e 10 mg/dia) Não afetou IMS Valdez
(2005)
McNamara e Valdez
Multíparas, lactação (90 dias) Cr-Propionato (0 e 10 mg/dia) Aumentou IMS e PL
(2005)
Vargas-Rodriguez
Primíparas e multíparas, lactação (35 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) IMS aumentou, mas PL não mudou
et al. (2014)
Cr-Levedura (0 e 4 g/dia) - Ani- Al-Saiady et al.
Multíparas, lactação (130 dias) Aumentou IMS e PL
mais sob estresse térmico (2004)
Primíparas e multíparas, pré-parto (28 dias) e Cr-Metionina (0; 0,03; 0,06 e Aumento de IMS e PL aumentou na
Hayirli et al. (2001)
pós-parto (28 dias) 0,12 mg/kg PC metabólico) dose de 0,03
MS = matéria seca; IMS = ingestão de matéria seca; PL = produção de leite; PC = peso corporal; PCF = peso corporal final; PC metabólico
= PC0,75
Parâmetros de sanguíneos
Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados (%) Referencia
Primíparas e multíparas, pré-parto (42 NEFA diminuiu, mas glicose e BHB não
Cr-Metionina (0 e 6,25 mg/dia) Bryan et al. (2004)
dias) e pós-parto (21 dias) mudaram
Glicose, insulina, BHB, glucagon e NEFA
Multíparas, pré-parto (21 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Yasui et al. (2014)
não mudaram
Glicose, insulina, BHB, glucagon e NEFA
Multíparas, pós-parto (63 dias) Cr-Propionato (0 e 8 mg/dia) Yasui et al. (2014)
não mudaram
A glicose e a insulina aumentaram,
Multíparas, pré-parto (21 dias) e pós-par- Kafilzadeh
Cr-Metionina (0 e 8 mg/dia) o NEFA diminuiu, mas o cortisol não
to (21 dias) et al. (2012)
mudou
Primíparas e multíparas, lactação (225 NEFA aumentou, mas a glicose não
Cr-Propionato (0 e 2,5 g/dia) Leiva et al. (2015)
dias) mudou
Primíparas e multíparas, lactação (49 Cr-Metionina (0; 0,05 e 0,10 mg/kg Glicose, insulina, glucagon, NEFA, BHB, Nikkhah et al.
dias) PC metabólico) TG, colesterol, HDL e VLDL não mudaram (2001)
Cr-Metionina (0 e 6 mg/dia) - Ani- Cortisol e NEFA diminuíram, mas glicose
Multíparas, pré-parto (21 dias) Soltan (2010)
mais sob estresse térmico e insulina não mudaram
114
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Paridade e período (dia) Fonte e nível de cromo (Cr) Resultados Referencia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
115
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
1. AL-SAIADY, M. Y.; AL-SHAIKH, M. A.; AL-MUFARREJ, SI.; AL-SHOWEIMI, T. A.; MOGAWER,
H. H.; DIRRAR, A. Effect of chelated chromium supplementation on lactation performance and
blood parameters of Holstein cows under heat stress. Anim Feed Sci Technol. 117:223–233,
2004. https://doi.org/10. 1016/j.anifeedsci.2004.07.008
5. BOREL, J. S.; ANDERSON, R. A. Chromium. In: Frieden E (ed) Biochemistry of the essential
ultratrace elements. Plenum Press, New York, NY. 175–199, 1984.
7. DAVIS, C. M.; SUMRALL, K. H.; VINCENT, J. B. A biologically active form of chromium may
activate a membrane phosphotyrosine phosphatase (PTP). Biochemistry. 35:12963–12969,
1996. https://doi.org/10.1021/bi960328y
8. DAVIS, C. M.; VINCENT, J. B. Chromium oligopeptide activates insulin receptor tyrosine kinase
activity. Biochemistry. 36:4382–4395, 1997. https://doi.org/10.1021/bi963154t
10. FORBES, R. M.; ERDMAN, J. J. W. Bioavailability of trace mineral elements. Ann Rev Nutr.
3:213–231, 1983. https://doi.org/10.1146/annurev.nu.03.070183.001241
11. GÄBEL, G.; MARTENS, H.; SUENDERMANN, M.; GALFI P. The effect of diet, intraruminal pH
and osmolarity on sodium, chloride and magnesium absorption from the temporarily isolated
and washed reticulo-rumen of sheep. Exp Physiol. 72:501–511, 1987. https://doi.org/10.1113/
expphysiol.1987.sp003092
116
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
12. GENTRY, L. R.; FERNANDEZ, J. M.; WARD, T. L.; WHITE, T. W.; SOUTHERN, L. L.; BIDNER,
T. D.; THOMPSON, D. L.; HOROHOV, D. W.; CHAPA, A. M.; SAHLU, T. Dietary protein and
chromium tripicolinate in Suffolk wether lambs: effects on production characteristics, metabolic
and hormonal responses, and immune status. J Anim Sci. Vol. 77, p. 1284–1294, 1999. https://
doi.org/10.2527/1999.7751284x
13. GULTEPE, E. E.; UYARLAR, C.; BAYRAM, I. Supplementation of Cr Methionine during dry
period of dairy cows and its effect on some production and biochemical parameters during early
lactation and on immunity of their offspring. Biological Trace Element Research. 186:143-153,
2018. https://doi.org/10.1007/s12011-018-1279-0
14. HANG, F. J.; WENG, X. G.; WANG, J. F.; ZHOU, D.; ZHANG, W.; ZHAI, C. C.; HOU, Y. X.;
ZHU, Y. H. Effects of temperature–humidity index and chromium supplementation on antioxi-
dant capacity, heat shock protein 72, and cytokine responses of lactating cows. J Anim Sci.
92:3026–3034, 2014. https://doi.org/10. 2527/jas.2013-6932
15. HAYIRLI, A.; BREMMER, D. R.; BERTICS, S. J.; SOCHA, M. T.; GRUMMER, R. R. Effect of
chromium supplementation on production and metabolic parameters in periparturient dairy
cows. J Dairy Sci. 84:1218–1230, 2001. https://doi.org/10.3168/jds.S0022-0302(01)74583-3
16. JEEJEBHOY, K. N.; CHU, R. C.; MARLISS, E. B.; GREENBERG, G. R.; BRUCE-ROBERTSON,
A. Chromium deficiency, glucose intolerance and neuropathy reversed by chromium supple-
mentation in a patient receiving long-term total parental nutrition. Ame. J. Clinical Nutrition,
30:531-538, 1977. https://doi.org/10.1093/ajcn/30.4.531
18. KHAN, N.; CHOI, J. Y.; NHO, E. Y.; JAMILA, N.; HABTE, G.; HONG, J. H.; HWANG, I. M.; KIM,
K. S. Determination of minor and trace elements in aromatic spices by micro–wave assisted
digestion and inductively coupled plasma-mass spectrometry. Food Chem. 158:200–206, 2014.
https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2014.02.103
19. LEIVA, T.; COOKE, R. F.; BRANDÃO, A. P.; ABOIN, A. C.; RANCHES, J.; VASCONCELOS,
J. L. Effects of excessive energy intake and supplementation with chromium propionate on
insulin resistance parameters, milk production, and reproductive outcomes of lactating dairy
cows. Livest Sci. 180:121–128, 2015. https://doi.org/10. 1016/j.livsci.2015.08.007
20. LINDEMANN, M. D. Organic Chromium – the missing link in farm animal nutrition? Feeding
Times, 1:8-16, 1996.
21. LUKASKI, H. C. Chromium as a supplement. Ann Rev Nutr. 19:279–302, 1999. https://doi.
org/10.1146/annurev.nutr.19.1.279
22. MCNAMARA, J. P.; VALDEZ, F. Adipose tissue metabolism and production responses to
calcium propionate and chromium propionate. J Dairy Sci. 88:2498–2507, 2005. https://doi.
org/10.3168/jds.S0022-0302(05)72927-1
117
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
24. MOUSAIE, A.; VALIZADEH, R.; NASERIAN, A. A.; HEIDARPOUR, M.; MEHRJERDI, H. K.
Impacts of feeding selenium-methionine and chromium-methionine on performance, serum com-
ponents, antioxidant status, and physiological responses to transportation stress of Baluchi ewe
lambs. Biol Trace Elem Res. 162:113–123, 2014. https://doi.org/10.1007/s12011-014-0162-x
25. NIKKHAH, A.; MIRZAEI, M.; GHORBANI, G. R.; KHORVASH, M.; RAHMANI, H. R. Chromium
improves production and alters metabolism of early lactation cows in summer. J AnimPhysiol
AnimNutr. 95:81–89, 2001. https://doi.org/10. /j.1439-0396.2010.01007.x
26. NRC, NUTRIENT REQUIREMENTS OF DAIRY CATTLE, 7th edn. National Academy Press,
Washington, DC, 2001.
27. PECHOVA, A.; PAVLATA, L. Chromium as an essential nutrient: a review. Vet Med. 52:1–18,
2007.
28. RANHOTRA, G. S.; GELROTH, J. A. Effects of high chromium baker’s yeast on glucose tole-
rance and blood lipids in rats. Cereal Chem. 63:411–413, 1986.
29. SANO, H.; NAKAI, M.; KONDO, T.; TERASHIMA, Y. Insulin responsiveness to glucose and
tissue responsiveness to insulin in lactating, pregnant, and nonpregnant, nonlactating beef
cows. J Anim Sci. 69:1122–1127, 1991. https://doi.org/10.2527/1991.6931122x
30. SCHWARZ, K.; MERTZ, Z. Chromium (III) and glucose tolerance factor. Arch. Biochem. Bio-
physics. 85: 292-295, 1959.
31. SMITH, K. L.; WALDRON, M. R.; DRACKLEY, J. K.; SOCHA, M. T.; OVERTON, T. R. Perfor-
mance of dairy cows as affected by prepartum dietary carbohydrate source and supplemen-
tation with chromium throughout the transition period. J Dairy Sci. 88:255–263, 2005. https://
doi.org/10.3168/jds.S0022-0302(05)72683-7
32. SMITH, K. L.; WALDRON, M. R.; RUZZI, L. C.; DRACKLEY, J. K.; SOCHA, M. T.; OVERTON,
T. R. Metabolism of dairy cows as affected by prepartum dietary carbohydrate source and su-
pplementation with chromium throughout the periparturient period. J Dairy Sci. 91: 2011–2020,
2008. https://doi.org/10.3168/jds.2007-0696
34. STOECKER, B. J. Chromium absorption, safety, and toxicity. J Trace Elem Exp Med. 12:163–
169, 1999. https://doi.org/10.1002/(SICI)1520670X(1999)12:2<163::AIDJTRA13>3.0.CO,2-3
35. SUMNER, J. M.; VALDEZ, F.; MCNAMARA, J. P. Effects of chromium propionate on response
to an intravenous glucose tolerance test in growing Holstein heifers. J Dairy Sci. 90:3467–3474,
2007. https://doi.org/10. 3168/jds.2006-623
36. VARGAS-RODRIGUEZ, C. F.; YUAN, K.; TITGEMEYER, E. C.; MAMEDOVA, L. K.; GRISWOLD,
K. E.; BRADFORD B. J. Effects of supplemental chromium propionate and rumen-protected
amino acids on productivity, diet digestibility, and energy balance of peak-lactation dairy cattle.
J Dairy Sci. 97:3815–3821, 2014. https://doi.org/10. 3168/jds. 2013-7767
37. VINCENT, J. B. Recent advances in the nutritional biochemistry of trivalent chromium. Proc.
Nutr. Soc. 63:41–47, 2004. https://doi.org/10.1079/PNS2003315
118
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
38. VINCENT, J. B. The biochemistry of chromium. J Nutr. 130:715–718, 2000. https://doi.
org/10.1093/jn/130.4.715
39. VINCENT, J.B. The bioinorganic chemistry of chromium (III). Polyhedron 20:1-26, 2001. https://
doi.org/10.1016/S0277-5387(00)00624-0
40. YAMAMOTO, A.; WADA, O.; ONO, T. Isolation of a biologically active low-molecular-
-mass chromium compound from rabbit liver. FEBS J. 165:627–631, 1987. https://doi.or-
g/10.1111/j.1432-1033.1987.tb11486.x
41. YANG, W. Z.; MOWAT, D. N.; SUBIYATNO, A.; LIPTRAP R. M. Effects of chromium supple-
mentation on early lactation performance of Holstein cows. Can J Anim Sci. 76:221–230, 1996.
https://doi.org/10.4141/cjas96-034
42. YASUI, T.; MCART, J. A.; RYAN, C. M.; GILBERT, R. O., NYDAM, D. V.; VALDEZ, F.;
GRISWOLD, K. E.; OVERTON, T. R. Effects of chromium propionate supplementation during
the periparturient period and early lactation on metabolism, performance, and cytological endo-
metritis in dairy cows. J Dairy Sci. 97:6400–6410, 2014. https://doi.org/10.3168/jds.2013-7796
43. YUAN, K.; VARGAS-RODRIGUEZ, C. F.; MAMEDOVA, L. K.; MUCKEY, M. B., VAUGHN, M. A.;
BURNETT, D. D.; GONZALEZ, J. M.; TITGEMEYER, E. C.; GRISWOLD, K. E.; BRADFORD, B.
J. Effects of supplemental chromium propionate and rumen-protected amino acids on nutrient
metabolism, neutrophil activation, and adipocyte size in dairy cows during peak lactation. J
Dairy Sci. 97:3822–3831, 2014. https://doi.org/10.3168/jds.2013-7770
119
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
09
Agregação de valor à nutrição a partir
do uso de farinha de insetos: peixes
Regis Kamimura
Médico Veterinário
10.37885/210504509
RESUMO
121
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
122
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
rações para suprir a aquicultura será um dos principais desafios das próximas décadas
(FRECCIA et al., 2020).
A adoção de tecnologias não convencionais depende da aceitação do consumidor e a
aceitação do uso de FI na ração animal pode variar em função do local onde se desenvolvem
as pesquisas (COSTA et al., 2000; VIDIGAL et al., 2015).
Na Espanha, os consumidores estão dispostos a pagarem mais por peixes alimentados
com FI (FERRER LLAGOSTERA et al., 2019). No Brasil, aceitam melhor alimentar peixes
com rações com insetos do que aves e suínos, e menos ainda bovinos (DOMINGUES
et al., 2020). Os italianos não têm preconceitos em relação ao uso de FI quanto à aceitação
do uso de FI para peixes por parte dos produtores, mas confirmam que o preço da ração
e a conversão alimentar continuam sendo os fatores mais importantes para a adoção de
novos alimentos. Além desses atributos organossomáticos como deposição de gordura,
rendimento do filé e textura da carne, quantidade e qualidade das fezes e a variabilidade
do desempenho em diferentes condições ambientais são fundamentais para a adoção do
uso de insetos. No momento, o preço da FI não é competitivo em comparação com a FP e
outras proteínas de origem animal, comumente aceitas (MULAZZANI et al., 2021).
Os alimentos utilizados na produção de peixes baseiam-se principalmente em cereais,
sementes oleaginosas e ingredientes de origem marinha (FRECCIA et al., 2020). Sabe-se
que os ingredientes convencionais utilizados para a nutrição animal apresentam grandes
oscilações de preços e valores exponencialmente elevados anos após anos, e isso intensifica
a busca por ingredientes alternativos mais sustentáveis (KHAN et al., 2016).
Os insetos alimentícios apresentam um grande potencial como fonte substituta de
proteína e ácidos graxos, além de outras substâncias ativas, com efeito imunoestimu-
lante e antimicrobiano na alimentação de peixes (LI et al., 2017; MOTTE et al., 2019;
STENBERG et al., 2019).
125
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 1. Larvas de BSF - Composição química e valor nutritivo 1
O uso da mosca BSF e seus resultados em dietas de peixes no Brasil, Itália e Malásia
são encontrados na Tabela 6 deste capítulo.
128
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
barata cinerea tem potencial para atender às demandas por fontes proteicas para os animais
de produção (LIMA et al., 2018).
Estudo realizado por AKBAR et al. (2018) mostra que moléculas ativas produzidas
por bactérias do intestino de baratas Gromphadorhina portentosa (Madagascar) e Blaptica
dubia (Dubia) têm ação antimicrobiana contra bactérias Gram-positivas (Staphylococcus
aureus resistente à meticilina, Streptococcus pyogenes, Bacillus cereus) e Gram-negativas
(Escherichia coli K1, Salmonella enterica, Serratia marcescens, Pseudomonas aeruginosa,
Klebsiella pneumoniae).
A descrição da composição química de BC- barata cinerea (Nauphoeta cinerea), seu
perfil de aminoácidos e de ácidos graxos foi demonstrada na Tabela 4. Os seus principais
constituintes são: 64,7% PB (%), 7,5% FB, 22,68% EE, 3,68% MM e 30,7 MJ/kg EB
O Brasil, sexto maior produtor mundial, exporta 95% de sua produção de seda, es-
tando entre os maiores produtores, juntamente com China, Índia, Uzbequistão, Tailândia e
Vietnã. O volume de 485.000 toneladas de casulos de bicho-da-seda foi produzido no mundo
em 2011, gerou cerca de 65.000 toneladas (13%) de larvas desidratadas (FAO, 2012).
Cerca de 95% da seda produzida no mundo tem origem nas espécies mais conheci-
das de bicho-da-seda: Bombyx mori, Antheraea assamensis, Antheraea mylitta Antheraea
paphia e Samia cynthia ricini ( MAKKAR et al., 2014). Como parâmetro de produtividade,
admite-se que para cada kg de seda produzido, são obtidos 8 kg de larvas in natura ou 2
kg de larvas desidratadas (PATIL et al., 2013) após a remoção dos casulos de seda. Esses
129
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
subprodutos da sericultura são descartados em grandes quantidades como rejeitos (KHATUN
et al., 2005) e a fabricação de farinha de bicho-da-seda seria uma solução apropriada para
auxiliar na redução dos impactos ambientais gerados pela indústria da seda.
Devido aos altos níveis de aminoácidos essenciais como valina, metionina e fenilalanina,
a proteína da pupa do bicho-da-seda atendeu aos requisitos sugeridos pela FAO/OMS/ONU
(2007) e tem sido considerada alimento adequado para animais de produção, especialmente
aves, suínos e peixes (TRIVEDY et al., 2008). A farinha produzida com bicho-da-seda é rica
em ácidos graxos, com 36,3% de ácido α-linolênico (ASIMI et al., 2017).
Na Tabela 5 é visualizado o perfil de aminoácidos, ácidos graxos e vitaminas das pu-
pas do Bicho-da-Seda. Seus principais constituintes da farinha de pupa do bicho-da-seda
(FPBS) são: 60,7% PB (%), 3,9% FB, 25,7% EE, 5,8% MM, 25,01 MJ/kg EB e 674 Kcal/kg
EM; na mesma farinha, desengordurada (FPBSd), contém: 75,6% PB, 6,6% FB, 4,7% EE,
6,8% MM e, 22,01 MJ/kg EB
130
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Resultados de estudos com inclusão de farinhas de insetos em dietas de peixes e
camarões.
Tabela 6. Estudos realizados com inclusão de farinha de Black soldier fly (FBSF)
Referências/
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Sem diferença de peso final, ganho em peso (GP), sobrevi-
vência, biomassa final (g/ aquário), produtividade (kg/ m2),
Alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus): CA - conversão alimentar, TCE - taxa de crescimento específico FRECCIA et al.
substituição de ração comercial (42% PB) por 0%, 5%, (%/ dia), índice hepatossomático (IHS), índice viscerossomático (2016)
10%, 15%, e 20% de FBSF- farinha de Black soldier fly (IVS), parâmetros eritrocitários e leucocitários. Brasil
Concentrações de proteína plasmática total superiores em
dietas com 10%, 15 e 20% de inclusão de FBSF.
Nenhuma mortalidade foi observada. Maior ganho de peso
(8,74 ± 0,18) e valores de TCE, de 2,43 ± 0,04% (TCE= {[(média
Tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus): substituição
de peso final–média de peso inicial)/T] × 100}, melhor CA e taxa MUIN et al.
da farinha de peixe pela farinha da larva de BSF com
de eficiência da proteína (TEP = ganho de peso (g)/ proteína (2017)
níveis de substituição de 0% (dieta 1), 25% (dieta 2),
total ingerida (g)) na inclusão de 50%. A farinha de larvas de Malásia
50% (dieta 3), 75% (dieta 4) e 100% (dieta 5)
BSF pode substituir a farinha de peixes com até 50% sem efei-
tos adversos no crescimento e utilização da ração.
Sem diferenças no ganho de peso médio (GPM) e na taxa de
Perca-gigante (Lates calcarifer) juvenis: substituição da KATYA et al.
crescimento específico entre o grupo de controle alimentado
farinha de peixes (FP) (controle) por 25% , 50%, 75% e (2017)
com peixes e com 25% e 50% de FLBSF.
100% de FLBSF, 8 semanas Malásia
O nível ótimo de reposição de FP foi de 28,4% da FLBSF
As primeiras sensações percebidas como dominantes foram
textura, e sabores. No peixe cozido, sabor de algas e sabor
umami claramente predominaram na dieta controle. O início da
Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss): BORGOGNO et al.
dominância do sabor metálico caracterizou dietas com 25% e
Uso da farinha de BSF 0%, 25% e 50% em substituição ( 2017)
50% BSF. Nenhuma diferença nos parâmetros físicos foi detec-
à FP- farinha de peixe Itália
tada. A descrição sensorial dos filés indicou que a inclusão de
BSF induz diferenças significativas no perfil percebido (aroma,
sabor e textura em função da composição da dieta).
A dieta com 50% FLBSF diminuiu o amarelecimento do filé.
Ácidos graxos saturados (C12:0) aumentaram em relação à
inclusão de FLBSF em detrimento dos ácidos graxos mono e
Truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) MANCINI et al.
poli-insaturados (n-3 e n-6).
Inclusão de 25% e 50% de farinha de larvas (FL) de BSF (2017)
Nenhuma modificação nos padrões de proteínas foi mostrada.
em substituição a farinha de peixe (controle) Itália
As modificações químicas ocorridas nos filés foram relaciona-
das à composição química do farelo de BSF e ao percentual
de inclusão na dieta.
A maior inclusão de BSF (>50%) mostrou uma regulação nega-
tiva dos marcadores de resposta ao estresse e uma modulação
Reprodutores e larvas de peixe-zebra (Danio rerio):
positiva da expressão do gene de citocinas inflamatórias. ZARANTONIELLO et al.
Substituição de farinha de peixe (FP) por farinha de
A adaptação nutricional por meio da alimentação dos pais po- (2021)
pré-pupa (PP) da BSF (0%, 25%, 50%, 75% e 100%)
dem possibilitar a substituição FP por FPPBSF até quase 100%,
sem os efeitos colaterais negativos.
131
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 7. Estudos realizados com inclusão de farinha de Larvas de Tenebrio molitor (FTM) e Tenebrio gigante (Zophobas
morio) (FTG)
Referências
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Maiores: GP e TCE, melhor taxa de CA e de eficiência proteica
em 25% e 50%.
Taxa de sobrevivência de 100% em todos os tratamentos.
Tilápias (Oreochromis niloticus) juvenis, peso vivo ini-
Peixes alimentados com 100% FTG exibiram menor crescimento
cial 5,57±0,15 g: JABIR et al. (2012)
que as demais.
Substituição parcial ou total da FP por 0%, 25%, 50%, Malásia
Sem diferenças na composição corporal (umidade, proteína, li-
75% e 100% de FTG, durante 8 semanas.
pídios e cinzas).
Até 25% da FP pode ser substituída por FTG sem qualquer efeito
adverso.
Maior peso final, TCE, porcentagem de ganho de peso, taxa de
Dourada (Sparus aurata): farelo de larvas de Tenebrio eficiência proteica e menor taxa de CA para inclusão de 25% FTM. PICCOLO et al.
molitor em substituição de 0% (dieta controle), 25% Menores coeficientes CDA estimados da PB e EE com 50% FTM. (2017)
e 50% de FP Não diferiu: características morfométricas e rendimento de car- Itália
caça FP e FTM.
Peso final, GP, TCE, eritrócitos, índice hepatossomático e composi-
ção de carcaça (matéria seca e extrato etéreo): efeito linear cres-
cente ao nível de inclusão de LTM, enquanto a CA foi decrescente.
Tilápias (Oreochromis niloticus) cultivadas em siste-
Maior índice de sobrevivência 11,68% FLTM, e produtividade TUBIN
ma bioflocos: diferentes níveis de inclusão de farinha
10,68% FLTM. (2017)
de larvas de Tenebrio molitor (LTM) em 0%, 5%, 10%,
Níveis acima de 10% reduziram produtividade e mortalidade, Brasil
15% e 20%
aumentou o índice hepatossomático na carcaça e lipídios, em
função de alto teor lipídico e fatores antinutricionais (quitina)
na FLTM.
Maior ganho de peso para as dietas TM25, TM50 e TM100, res-
pectivamente (10,05 ± 3,06; 11,41 ± 2,08 e 10,36 ± 1,57).
Maior TCE para as dietas TM25, TM50 e TM100, respectivamente,
(2,56 ± 0,11; 2,79 ± 0,09 e 2,61 ± 0,07).
Camarão branco (Litopenaeus vannamei)
A taxa de sobrevivência foi de 98% em todos os tratamentos.
Peso inicial médio de 2,39 ± 0,49g, CHOI et al. (2018)
Nenhuma toxina foi encontrada após a morte.
Substituição da FP por farinha de larva de TM em 0% Coréia do Sul
Maiores níveis de marcadores imunológicos, como a proteína de
(controle), 25%, 50% e 100% .
ligação de beta-glucana, profenoloxidase e crustina associada à
imunidade celular e humoral do camarão no TM25% e TM50%.
O nível 50% de FLTM na dieta promoveu o desempenho de cres-
cimento dos camarões sem qualquer efeito adverso.
Maior coeficiente de digestibilidade aparente de energia (CDA)
para matéria seca, proteína, proteína corrigida e quitina na fari-
nha de Tenebrio Molitor- FTM.
Alevinos - tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus): Maior CDA para lipídios no FBM. FONTES et al.
Substituição de 20% da dieta controle (FS, milho e trigo) Melhor CDA de nutrientes e energia no FTM e todas as farinhas (2019)
por farinhas de insetos de inseto avaliadas (barata cinérea, ou larvas de Tenébrio gigante Brasil
Zophobas morio, ou barata de Madagascar Gromphadorhina
portentosa, ou grilo preto Gryllus assimilis ou larvas de Tenebrio
molitor), potenciais para alevinos de tilápias.
Proporção ganho de peso (g)/ proteína total ingerida (g de MS)
menor no FTM e FTG. Índices hepatossomático ([peso de fígado
(g)/ peso corporal (g)] X 100) e viscerossomático ([peso das vís-
Alevinos de trutas marinhas (Salmo trutta m. trutta):
ceras (g)/ peso corporal (g)] X 100), conteúdo de lipídios hepáti- MIKOLAJCZAK et al.
substituição parcial da FP por 10% de farinha hidroli-
cos mais elevados no FTG. FTG aumentou os níveis de aspartato (2020)
sada de tenébrio gigante (Zophobas morio) (FTG) e da
aminotransferase e diminuiu os níveis de fosfatase alcalina. Po- Polônia
farinha hidrolisada do bicho da farinha (FTM)
pulações de Aeromonas spp. e Enterococcus spp. menores no
FTG. População de Carnobacterium spp. menor no FTG e FTM.
Menor pop Lactobacillus no FTM.
132
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 8. Estudos com farinha de gafanhotos (FGF) (Acrida cinerea) e grilos FGI (Gryllus testaceus ; Acheta domesticus
em peixes
Tabela 9. Estudos realizados com inclusão de farinha de baratas (Nauphoeta cinerea e Periplaneta americana) em peixes
Referências e
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
Não houve diferença para conversão alimentar, sobrevivência
e produtividade.
Tilápias (Oreochromis niloticus) cultivadas em sistema de Houve efeito quadrático com ponto de máximo para GP e TCE. TUBIN
bioflocos: 5 níveis de inclusão de farinha de barata cinerea - Não se recomenda níveis acima de 15% de FBC para alevinos (2017)
FBC (Nauphoeta cinerea) 0%, 5%, 10%, 15% e 20%. de tilápia (excesso de quitina?). Brasil
O nível ótimo de inclusão foi 8,5% de FBC para ganho de peso
e TCE.
Melhores resultados de ganho de peso médio (1,39±0,39 g),
Bagre africano (Clarias gariepinus) (peso médio 1,13±0,3g)
taxa de conversão alimentar (2,54±0,15), taxa de crescimento
Dieta 1, controle (milho, FS, 0% FB e 0% FP) dieta 2 (10% FP, ORIRE et al.
específico (1,44%/ dia), taxa de eficiência protéica (0,87±0,20),
0% FB), dieta 3 (10% FB, 0% M) por 56 dias como substituto (2019)
utilização aparente de proteína líquida (16,23±7,19) e taxa de
da farinha de peixe (FP). Nigéria
sobrevivência de 62% foram observados para a dieta contendo
Farinha de barata Periplaneta americana- FB
10% de farinha de baratas.
133
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 10. Estudos realizados em diferentes países com bicho-da-seda (Bombix mori) e seus resultados
Referências
Dietas experimentais Resultados
País de estudo
GP nos tratamentos controle ou FV e FP como atrativos
superiores a FC ou FO.
Alevinos tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) com peso inicial O comprimento final médio dos animais do tratamento
médio de 0,72 ± 0,18g: controle foi superior, quando comparados ao tratamento BOSCOLO et al.
Comparar inclusão de 5% de farinhas de: peixe (FP), vísceras (FV), FCO, não diferindo dos demais. (2001)
carne e ossos (FCO), crisálida Bicho-da-seda (FCBS) e controle (FS Concluiu-se que não seria necessária a utilização dos Brasil
e milho), como atrativos. alimentos testados, a 5% de inclusão, para estimular o
consumo alimentar ou promover o crescimento de ale-
vinos de tilápia do Nilo.
Crescimento dos peixes e consumo da ração maiores com
50% de FPBS.
Melhores taxas de: GP, crescimento relativo, conversão
Alevinos de bagre africano (Clarias gariepinus): alimentar e taxa de eficiência protéica para dieta 50% de KURBANOV et al.
Substituição de FP por 100%, 75%, 50%, 25% e 0% FPBS -farinha farinha de peixe e 50% de PBS. (2015)
de pupa do bicho-da-seda (Bombyx mori). Taxa de crescimento específico sem diferenças entre as Uzbequistão
dietas.
Aceitável substituição em até 50% da FP por por FPBS na
dieta do bagre africano.
Os coeficientes CDA da proteína bruta e proteína digestí-
vel foram de 92,86 e 22,87% para a farinha de crisálida do
Acará-disco (Symphysodon discus): bicho-da-seda, 62,44 e 24,46% para a farinha do resíduo
CARTAXO
Crisálida do bicho-da-seda- CBS (30%), farinha do resíduo de ca- de camarão, 93,34 e 84,44% para o isolado protéico de
(2015)
marão (30%), isolado protéico de soja (IPS), glúten de trigo (30%) soja, 86,94 e 72,58% para o glúten de trigo e 92,12 e
Brasil
em substituição à ração controle ( FS, milho e FP) 40,63% para a ração controle, respectivamente.
O acará-disco utilizou IPS, a CBS e glúten de trigo eficien-
temente em sua dieta.
Maiores coeficientes de crescimento térmico nos grupos
50% e 75% OCBS.
Menores taxas de conversão alimentar do que o grupo
OCBS 100%.
Menor conteúdo de lipídios do hepatopâncreas e au-
Carpas Jian (C. carpio var. Jian) juvenis, com peso inicial de 33,51 mento do conteúdo de proteína bruta muscular para
CHEN et al.
± 1,91 g: 50% OCBS.
(2017)
5 níveis de inclusão de óleo de crisálida de bicho-da-seda (OCBS) Aumento de ácido α -linolênico, conteúdo de ácido gra-
China
0%, 25%, 50%, 75% ou 100% para substituir o óleo de soja (OS). xo poliinsaturado n-3 (AGPI) e razão n-3/ n-6 AGPI no
hepatopâncreas.
Gordura intraperitoneal e muscular conforme a substi-
tuição de OS aumentou.
A substituição de 50% ou 75% de OS por OCBS na dieta
da carpa Jian melhorou o desempenho do crescimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. Aguilar-Miranda, E. D.; López, M. G.; Escamilla-Santana, C.; Barba de la Rosa, A. P. Charac-
teristics of maize flour tortilla supplemented with ground Tenebrio molitor larvae. J. Agric. Food
Chem., v. 50, p. 192–195, 2002.
2. Akbar, N.; Siddiqui, R.; Iqbal, M.; Sagathevan, K.; Khan, N. A. Gut bacteria of cockroaches are
a potential source of antibacterial compound(s). Letters in Applied Microbiology, 66(5):416-426,
2018. doi: 10.1111/lam.12867
4. Alegbeleye,W.O.; Obasa, S.O.; Olude, O.O.; Otubu, K.; Jimoh,W. Preliminary evaluation of
the nutritive value of the variegated grasshopper (Zonocerus variegates L.) for African catfish
Clarias gariepinus (Burchell. 1822) fingerlings. Aquac. Res. 2012, 43, 412–420. [CrossRef]
5. Aniebo, A. O.; Owen, O. J. Effects of age and method of drying on the proximate composition
of housefly larvae (Musca domestica Linnaeus) meal (HFLM). Pakistan Journal of Nutrition, v.
9, p. 485–487, 2010.
6. Aniebo, A. O.; Erondu, E. S.; Owen, O. J. Proximate composition of housefly larvae (Musca
domestica) meal generated from mixture of cattle blood and wheat bran. Livest. Res. Rural Dev.,
20 (12), 2008. Disponível em < http://www.lrrd.org/lrrd20/12/anie20205.htm#:~:text=Proxima-
te%20analysis%20showed%20that%20housefly,dry%20matter%20level%20of%2092.7%25>.
7. Arango Gutierrez, G. P.; Vergara Ruiz R.; Mejia Velez H. 2004. Compositional, microbiological
and protein digestibility analysis of larval meal of Hermetia illucens (Diptera:Stratiomyidae) at
Angelopolis-Antioquia, Colombia. Rev Fac Nac Agron Medellin. 57:2491–2499.
135
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
8. Arru, B.; Furesi, R.; Gasco, L.; Madau, F. A.; Pulina, P. The Introduction of Insect Meal into
Fish Diet: The First Economic Analysis on European Sea Bass Farming. Sustainability 2019,
11, 1697; doi:10.3390/su11061697
9. Asil, S.M.; Kenari, A.A.; Miyanji, G.R.; Van Der Kraak, G. The influence of dietary arachidonic
acid on growth, reproductive performance, and fatty acid composition of ovary, egg and larvae
in an anabantid model fish, Blue gourami (Trichopodus trichopterus; Pallas, 1770). Aquaculture
2017, 476, 8–18..
10. Asimi O. A., Bhat T. H., Nasir H., Irfan K. (2017) Alternative source of protein “Silkworm Pupae”
(Bombyx Mori) in cold water aquaculture. Int J Poul Fish Sci.1(1):1-4. DOI: 10.15226/2578-
1898/1/1/00102
11. Barroso, F. G., de Haro, C., Sanchez-Muros, M. J., Venegas, E., Martinez-Sanchez, A., Pe-
rez-Banon, C. The potential of various insect species for use as food for fish. Aquaculture, v.
422, p. 193–201, 2014.
12. Barry, T. (Ph.D. dissertation) 2004. Evaluation of the economic, social, and biological feasibility
of bioconverting food wastes with the black soldier fly (Hermetia illucens). University of Texas,
176 pp.
13. Basto, A.; Matos, E.; Valente, L. M. P. Nutritional value of different insect larvae meals as
protein sources for European sea bass (Dicentrarchus labrax) juveniles. Aquaculture, v. 521,
735085, 2020.
14. Bell, W. J.; Roth, L. M.; Nalepa, C. A. Cockroaches: ecology, behavior, and natural history. The
Johns Hopkins University Press: Baltimore, 2007.
15. Borgogno, M.; Dinnella, C.; Iaconisi, V.; Fusi, R.; Scarpaleggia, C.; Schiavone, A.; Monteleone,
E.; Gasco, L.; Parisi, G. Inclusion of Hermetia illucens larvae meal on rainbow trout (Oncorhyn-
chus mykiss) feed: effect on sensory profile according to static and dynamic evaluations. J Sci
Food Agric. 2017 Aug;97(10):3402-3411. doi: 10.1002/jsfa.8191.
16. Borrelli, L.; Varriale, L.; Dipineto, L.; Pace, A.; Menna, L. F.; Fioretti A. Insect Derived Lauric
Acid as Promising Alternative Strategy to Antibiotics in the Antimicrobial Resistance Scenario.
Frontiers in Microbiology, February 2021, Volume 12, Article 620798
17. Bruni, L.; Pastorelli, R.; Viti, C.; Gasco, L.; Parisi, G. Characterisation of the intestinal microbial
communities of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) fed with Hermetia illucens (black soldier
fly) partially defatted larva meal as partial dietary protein source. Aquaculture, v. 487, p. 56–63,
2018.
18. Calvert, C. C.; Martin, R. D.; Morgan, N. O. Housefly pupae as food for poultry. J. Econ. Ento-
mol., v. 62, p. 938–939, 1969.
19. Charlton, A. J.; Dickinson, M.; Wakefield, M. E.; Fitches, E.; Kenis, M.; Han, R.; Zhu, F.; Kone,
N.; Grant, M.; Devic, E.; Bruggeman, G.; Prior; R.; Smith, R. Exploring the chemical safety of
fly larvae as a source of protein for animal feed. Journal of Insects as Food and Feed, 2015;
1(1): 7-16.
136
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
21. Chen, H.; Tian, J.; Wang, Y.; Yang, K. Effects of dietary soybean oil replacement by silkworm,
Bombyx mori L., chrysalis oil on growth performance, tissue fatty acid composition, and health
status of juvenile jian carp, Cyprinus carpio var. Jian. Journal of the World Aquaculture Society,
48(3): 453- 466, 2017.
22. Choi, I-H.; Kim, J-M.; Kim, N-J.; Kim, J-D.; Park, C.; Park, J-H.; Chung, T-H. Replacing fish meal
by mealworm (Tenebrio molitor) on the growth performance and immunologic responses of
white shrimp (Litopenaeus vannamei). Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 40, e35015, 2018.
23. Cohen, J. H.; Sánchez, N. D. M.; Montiel-Ishinoet, F. D. Chapulines and food choices in rural
Oaxaca. Gastron. J. Food Cult., v. 9, p. 61–65, 2009.
24. Costa M. C., Deliza R., Rosenthal A., Hedderley D., Frewer L. Non-conventional technologies
and impact on consumer behavior. Trends in Food Science & Technology 2000; 11: 188–193.
25. Cullere, M.; Tasoniero, G.; Giaccone, V.; Acuti, G.; Marangon, A.; Dalle Zotte, A. Black soldier
fly as dietary protein source for broiler quails: meat proximate composition, fatty acid and amino
acid profile, oxidative status and sensory traits. Animal, v. 12, n. 3, p. 640-647, 2017.
26. Diener, S.; Zurbrügg, C.; Roa Gutiérrez, F.; Nguyen Dang Hong, M.A.; Koottatep, T.; Tockner,
K. Black soldier fly larvae for organic waste treatment–prospects and constraints. In: Waste
Safe 2011 – 2nd Int. Conf. on Solid Waste Management in the Developing Countries, 13–15
February, Khulna, Bangladesh, pp. 52–59, 2011.
27. Dierenfeld, E.S.; King, J., 2009. Digestibility and mineral availability of phoenix worms (Hermetia
illucens) ingested by mountain chicken frogs (Leptodactylus fallax). Journal of Herpetological
Medicine and Surgery 18: 100-105.
29. Duque-Guimarães, D.E.; Ozanne, S.E. Nutritional programming of insulin resistance: Causes
and consequences. Trends Endocrinol. Metab. 2013, 24, 525–535.,
30. Erickson, M. C., Islam, M., Sheppard, C., Liao, J., Doyle, M. P. Reduction of Escherichia coli
O157:H7 and Salmonella enterica serovar Enteritidis in chicken manure by larvae of the black
soldier fly. J. Food Prot., v. 67, p. 685–690, 2004.
31. Ewald, N.; Vidakovic, A.; Langeland, M.; Kiessling, A.; Sampels, S.; Lalander, C. Fatty acid
composition of black soldier fly larvae (Hermetia illucens)—Possibilities and limitations for
modification through diet. Waste Manag. 2020, 102, 40–47.
32. FAO. FAOSTAT. Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2012. Disponível
em http://www.fao.org/faostat/en/#data/QL
33. FAO/ OMS/ ONU. World Health Organization. Protein and amino acid requirements in human
nutrition: report of a joint FAO/WHO/UNU expert consultation, WHO Technical Report Series.
2007. Disponível em <https://apps.who.int/iris/handle/10665/43411>.
34. Fernandes, I. S.; Ferreira, D. N.; Ferreira, J. A.; Lima, C. L. B.; Souza Junior, L. P.; Pena, M. S.
Mito ou verdade: baratas Nauphoeta cinerea (Oliver, 1789) conseguem sobreviver decapitadas
e sem alimento? Sinapse Múltipla, v. 5, n. 2, p. 99-99, 2016
137
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
35. Fernández-Palacios, H.; Norberg, B.; Izquierdo, M.; Hamre, K. Effects of Broodstock Diet on
Eggs and Larvae. In Larval Fish Nutrition; Holt, G.J., Ed.; JohnWiley & Sons: Hoboken, NJ,
USA, 2011; pp. 153–181.;
36. Ferrer Llagostera P, Kallas Z, Reig L, Amores de Gea D. The use of insect meal as a sustai-
nable feeding alternative in aquaculture: Current situation, Spanish consumers’ perceptions
and willingness to pay, Journal of Cleaner Production (2019), doi: https://doi.org/10.1016/j.
jclepro.2019.05.012.
37. Finke, M. D. Complete nutrient composition of commercially raised invertebrates used as food
for insectivores. Zoo Biol., v. 21, 269–285, 2002.
38. Freccia, A.; Tubin, J. S. B.; Rombenso, A. N.; Emerenciano, M. G. C. Insects in Aquacultu-
re Nutrition: An Emerging Eco-Friendly Approach or Commercial Reality, 2020 DOI: http://
dx.doi.org/10.5772/intechopen.90489). Disponível em < https://www.researchgate.net/publi-
cation/339124448_Insects_in_Aquaculture_Nutrition_An_Emerging_Eco-Friendly_Approa-
ch_or_Commercial_Reality>
39. Fontes, T. V.; Oliveira, K. R. B.; Almeida, I. L. G.; Orlando, T. M.; Rodrigues, P. B.; Costa, D.
V.; Rosa, P. V. Digestibility of Insect Meals for Nile Tilapia Fingerlings. Animals 2019, 9, 181;
doi:10.3390/ani9040181
40. Fortuoso, B. F., Reis, J. H., Gebert, R. R., Barreta, M., Griss, L. G., Casagrande, R. A., et al.
(2019). Glycerol monolaurate in the diet of broiler chickens replacing conventional antimicro-
bials: impact on health, performance and meat quality. Microb. Pathog. 129, 161–167. doi:
10.1016/j.micpath.2019.02.005
41. Gai, F.; Gasco, L.; Daprà, F.; Palmegiano, G.B.; Sicuro, B. Enzymatic and histological evalua-
tions of gut and liver in rainbow trout, oncorhynchus mykiss, fed with rice protein concentrate-
-based diets. J. World Aquac. Soc. 2012, 43, 218–229.
42. Gasco, L.; Biasato, I.; Dabbou, S.; Schiavone, A.; Gai, F. Animals fed insect-based diets:
state-of-the-art on digestibility, performance and product quality. Animals v. 9, p. 170, 2019.
43. Gasco, L.; Gai, F.; Maricchiolo, G.; Genovese, L.; Ragonese, S.; Bottari, T.; Caruso, G. Fish-
meal alternative protein sources for aquaculture feeds. In Feeds for the Aquaculture Sector;
Springer: Berlin/Heidelberg, Germany, 2018; pp. 1–28.
44. Hardouin, J.; Mahoux, G.; 2003. Zootechnie d’insectes – Elevage et utilisation au bénéfice de
l’homme et de certains animaux. In: Bureau pour l’Echange etla Distribution de l’Information
sur le Mini-élevage (BEDIM), 164 p. Disponível em < http://www.fastonline.org/CD3WD_40/
LSTOCK/001/ITProv_May_2005/h4338f%20Zootehnied’insectes/begin.htm> Acesso em 22
de agosto de 2018.
45. Henry, M. A.; Gasco, L.; Piccolo, G.; Fountoulaki, E. Review on the use of insects in the diet
of farmed fish: Past and future. Anim. Feed Sci. Technol., v. 203, p. 1–22, 2015.
46. Henry, M. A.; Gasco, L.; Chatzifotis, S.; Piccolo, G. Does dietary insect meal affect the fish
immune system? The case of mealworm, Tenebrio molitor on European sea bass, Dicentrar-
chus labrax. Dev. Comp. Immunol., v. 81, p. 204–209, 2018a.
138
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
47. Henry, M. A.; Gai, F.; Enes, P.; Perez-Jimenez, A.; Gasco, L. Effect of partial dietary repla-
cement of fishmeal by yellow mealworm (Tenebrio molitor) larvae meal on the innate immune
response and intestinal antioxidant enzymes of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Fish
Shellfish Immunol. v. 83, p. 308–313, 2018b.
48. Hornung, B., 1991. The importance of mealworm larvae (Tenebrio molitor, L. 1758) as carriers
of zearalenone when fed to insectivorous birds and other pet animals. In: Die Bedeutung der
Larven des Mehlkafers (Tenebrio molitor, L. 1758) als Ubertrager von Zearalenon in der Fut-
terung von insektivoren Vogeln und anderen Heimtieren, 81 pp.
49. Hou, Z.; Fuiman, L.A. Nutritional programming in fishes: Insights from mammalian studies. Rev.
Fish Biol. Fish. 2020, 30, 67–92.,
50. Hou, L.; Shi, Y.; Zhai, P.; Le. G. Inhibition of foodborne pathogens by Hf-1, a novel antibacterial
peptide from the larvae of the housefly (Musca domestica) in medium and orange juice. Food
Control, v. 18, p. 1350–1357, 2007.
51. Howe, E.R.; Simenstad, C.A.; Toft, J.D.; Cordell, J.R.; Bollens, S.M. Macroinvertebrate prey
availability and fish diet selectivity in relation to environmental variables in natural and restoring
north San Francisco bay tidal marsh channels. San Franc. Estuary Watershed Sci. 2014, 12,
1–46.
52. Hua, K. A meta-analysis of the effects of replacing fish meals with insect meals on growth per-
formance of fish. Aquaculture, 735732, 2020. doi:10.1016/j.aquaculture.2020.735732
53. Hwangbo, J.; Hong, E. C.; Jang, A.; Kang, H. K.; Oh, J. S.; Kim, B. W.; Park, B. S. Utilization
of house fly-maggots, a feed supplement in the production of broiler chickens. J. Environ. Biol.,
v. 30, p. 609–614, 2009.
54. Inaoka, T.; Okubo, G.; Yokota, M.; Takemasa, M. Nutritive value of house fly larvae and pupae
fed on chicken feces as food source for poultry. J. Poult. Sci., v. 36, p. 174–180, 1999.
55. Izquierdo, M.S.; Socorro, J.; Arantzamendi, L.; Hernández-Cruz, C.M. Recent advances in lipid
nutrition in fish larvae. Fish Physiol. Biochem. 2000, 22, 97–107].
56. Janssen, R. H.; Vincken, J. P.; van den Broek, L. A. M.; Fogliano, V.; & Lakemond C. M. M.
Nitrogen-to-protein conversion factors for three edible insects: Tenebrio molitor, Alphitobius
diaperinus, and Hermetia illucens. Journal of Agricultural and Food Chemistry, (2017), 65,
2275–2278.
57. Johri, R.; Singh, R.; Johri, P. K. Histopathological examination of the gill, liver, kidney, stomach,
intestine, testis and ovary of Clarias batrachus linn. During the feeding on different formulated
feeds. J. Exp. Zool. India Vol. 14, No. 1, pp. 77-79, 2011
58. Katya. K.; Borsra, M. Z. S.; Ganesan, D.; Kuppusamy, G.; . Herriman, M.; Salter, A.; Ali, S. A.
Efficacy of insect larval meal to replace fish meal in juvenile barramundi, Lates calcarifer reared
in freshwater. Int Aquat Res (2017) 9:303–312
59. Khatun R, Azmal SA, Sarker MSK, Rashid MA, Hussain MA, Miah MY. 2005. Effect of silkworm
pupae on the growth and egg production performance of Rhode Island Red (RIR) pure line.
Int J Poult Sci. 4:718–720.
60. Khan S, Naz S, Sultan A, Alhidary IA, Abdelrahman MM, Khan RU, et al. Worm meal: A potential
source of alternative protein in poultry feed. World’s Poultry Science Journal. 2016;72(01):93-102
139
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
61. Kurbanov, A. R.; Milusheva, R. Y.; Rashidova, S. S.; Kamilov, B. G. Effect of replacement of fish
meal with silkworm (Bombyx mori) pupa protein on the growth of Clarias gariepinus fingerling.
International Journal of Fisheries and Aquatic Studies 2015; 2(6): 25-27
62. Lima, T. F.; Pereira, H. K. M.; Viana, W. P.; Telino Júnior, W. R.; Lyra-Neves, R. M. Criação
experimental de barata cinérea (Nauphoeta cinerea) na formulação de ração para consumo
animal e humano. I CONGRESSO REGIONAL DE ZOOTECNIA (1), Anais..., Garanhuns, 2018;
04 a 06 de Julho de 2018, Garanhuns/PE. Disponível em <https://www.crzootecnia.com.br/
anais-do-i-crz/nutricao-e-producao-de-nao-ruminantes/criacao-experimental-de-barata-cinere-
a-(nauphoeta-cinerea)-na-formulacao-de-racao-para-consumo-animal-e-humano.pdf>
63. Li, S.; Ji, H.; Zhang, B.; Zhou, J.; Yu, H. Defatted black soldier fly (Hermetia illucens) larvae
meal in diets for juvenile Jian carp (Cyprinus carpio var. Jian): Growth performance, antioxi-
dant enzyme activities, digestive enzyme activities, intestine and hepatopancreas histological
structure. Aquaculture, v. 477, p. 62-70, 2017.
64. Liu, X.; Chen, X.; Wang, H.; Yang, Q.; Rehman, K.; Li, W.; Cai, M.; Qing Li, Q.; Mazza, L.;
Zhang, J.; Yu, Z.; Zheng, L. (2017) Dynamic changes of nutrient composition throughout the
entire life cycle of black soldier fly. PLoS ONE 12(8): e0182601. Disponível em <https://doi.
org/10.1371/journal.pone.0182601>.
65. Makkar, H. P. S.; Tranb, G.; Heuzéb, V.; Ankersa, P. State-of-the-art on use of insects as animal
feed. Animal Feed Science and Technology, v. 197, p. 1–33, 2014.
66. Mancini, S.; Medina, I; Iaconisi, V.; Gai, F.; Basto, A.; Parisi, G. Impact of black soldier fly
larvae meal on the chemical and nutritional characteristics of rainbow trout fillets. Animal, 12
(8): 1672-1681, 2018,
67. Mikołajczak, Z.; Rawski, M.; Mazurkiewicz, J.; Kieronczyk, B.; Józefiak, D. The Effect of Hy-
drolyzed Insect Meals in Sea Trout Fingerling (Salmo trutta m. trutta) Diets on Growth Perfor-
mance, Microbiota and Biochemical Blood Parameters. Animals 2020, 10, 1031; doi:10.3390/a-
ni10061031.
68. Miller, B. F.; Shaw, J. H. Digestion of poultry manure by Diptera. Poult. Sci., v. 48, p. 1844–1845,
1969 (abstract).
69. Miller, B. F.; Teotia, J. S.; Thatcher, T. O. Digestion of poultry manure by Musca domestica.
Br. Poult. Sci., v. 15, p. 231–234, 1974.
70. Motte, C.; Rios, A.; Lefebvre, T.; Do, H.; Henry, M.; Jintasataporn, O. Replacing fish meal with
defatted insect meal (Yellow mealworm Tenebrio molitor) improves the growth and immunity of
pacific white shrimp (Litopenaeus vannamei). Animals 9(5): 258, 2019.. https://doi.org/10.3390/
ani9050258
71. Muin H.; Taufek N. M.; Kamarudin M. S.; Razak S. A. Growth performance, feed utilization
and body composition of Nile tilapia, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) fed with different
levels of black soldier fly, Hermetia illucens (Linnaeus, 1758) maggot meal diet. Iranian Journal
of Fisheries Sciences 16(2) 2017.
72. Mulazzani, L.; Madau, F. A.; Pulina, P.; Malorgio, G. Acceptance of insect meal in aquaculture
feeding: A stakeholder analysis for the Italian supply chains of trout and seabass. J. World
Aquac. Soc., v. 52, p. 378–394, 2021. DOI https://doi.org/10.1111/jwas.12766
140
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
73. Newton, L.; Sheppard, C.; Watson, D. W.; Burtle, G.; Dove, R. 2005. Using the black soldier fly,
Hermetia illucens, as a value-added tool for the management of swine manure. In: Report for
Mike Williams, Director of the Animal and Poultry Waste Management Center. North Carolina
State University.
74. Newton, G.; Sheppard, D.; Burtle, G. Black Soldier Fly Prepupae: A compelling alternative to fish
meal and fish oil. public comment on alternative feeds for aquaculture. NOAA 15/11//2007–29/2.
2008. Disponível em <https://www.aquacircle.org/images/pdfdokumenter/udvikling/andre/ame-
rika/Soldier_fly_compelling_alternative_NOAA-USDA.pdf>
75. Nogales-Mérida, S.; Gobbi, P.; Józefiak, D.; Mazurkiewicz, J.; Dudek, K.; Rawski, M.; Kie-
rończyk, B.; Agata Jázefiak, A. Insect meals in fish nutrition. Reviews in Aquaculture, v. 11, 4
Ed., p. 1080–1103, 2019.
76. Odesanya, B. O.; Ajayi, S. O.; Agbaogun, B. K. O.; Okuneye, B Comparative evaluation of nutri-
tive value of maggots. Int. J. Sci. Eng. Res., n. 2, v. 11, 2011. Disponível em https://www.rese-
archgate.net/publication/265076991_Comparative_Evaluation_of_Nutritive_Value_of_Maggots
77. Olaleye, I.G (2015). Effects of Grasshopper Meal in the Diet of Clarias Gariepinus fingerlings.
J Aquac Res Development v. 6, p. 321. doi:10.4172/2155-9546.1000321
78. Oonincx, D. G. A. B.; van Broekhoven, S.; van Huis, A.; van Loon, J. J. A. Feed conversion,
survival and development, and composition of four insect species on diets composed of food
by-products. 2015. PLoS ONE, v. 10, n. 12, p. e0144601.
79. Orire, A. M.; Fasomo, G. B.; Haruna, M. A. Effects of replacing fish meal with cockroach (Pe-
riplaneta americana) meal in the diet of african catfish (Clarias gariepinus) fingerlings. 2019
Journal of Aquatic Sciences, v. 34, n. 2, p. 133-142. DOI: https://dx.doi.org/10.4314.jas.v34i2.16
80. Pedigo LP. 2002. Entomology and pest management. New York, NY, USA: Prentice Hall.
81. Perez, K. O.; Fuiman, L. A. Maternal diet and larval diet influence survival skills of larval red
drum Sciaenops ocellatus. J. Fish Biol. 2015, 86, 1286–1304.,
82. Piccolo, G.; Iaconisi, V.; Marono, S.; Gasco, L.; Loponte, R.; Nizza, S.; Bovera, F.; Parisi, G.
Effect of Tenebrio molitor larvae meal on growth performance, in vivo nutrients digestibility,
somatic and marketable indexes of gilthead sea bream (Pic). Animal Feed Science and Tech-
nology 226 (2017) 12–20.
83. Ramos-Elorduy, J. Insects: a sustainable source of food? Ecol. Food Nutr., v. 36, p. 247–276,
1997.
84. Ramos-Elorduy, J.; González, E. A.; Hernández, A. R.; Pino, J. M. Use of Tenebrio molitor
(Coleoptera: Tenebrionidae) to Recycle Organic Wastes and as Feed for Broiler Chickens.
Journal of Economic Entomology, v. 95, n. 1, p. 214-220, 2002.
85. Randazzo, B.; Zarantoniello, M.; Gioacchini, G.; Giorgini, E.; Truzzi, C.; Notarstefano, V.;
Cardinaletti, G.; Huyen, K.T.; Carnevali, O.; Olivotto, I. Can insect-based diets affect zebrafish
(Danio rerio) reproduction? A multidisciplinary study. Zebrafish 2020, 17, 287–304.,
86. Rimoldi, S. Antonini, M.; Gasco, L.; Moroni, F.; Terova, G. Intestinal microbial communities of
rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) may be improved by feeding a Hermetia illucens meal/
low-fishmeal diet. Fish Physiology and Biochemistry, v. 47, p. 365–380, 2021. DOI: https://doi.
org/10.1007/s10695-020-00918-1
141
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
87. Rumpold, B. A.; Schlüter, O. K. (2013). Potential and challenges of insects as an innovative
source for food and feed production. Innovative Food Science & Emerging Technologies, 17,
1-11.
88. Rust, M. B. Nutritional physiology. In: Halver, J.E., Hardy, R.W. (Eds.), Fish Nutrition. The
Academic Press, New York, USA, pp. 368–446, 2002. Disponível em https://www.researchga-
te.net/profile/Adel_Al-Dubakel/post/I_am_looking_for_the_suitable_ranges_for_protein_car-
bohydrates_fats_vitamins_and_minerals_in_artificial_diets_in_the_fish_farming_system/at-
tachment/59d6413779197b807799d421/AS:434008858337280@1480487183868/download/
Fish+Nutrition.pdf Acesso em 29/05/2021.
89. Sheppard, C.; Newton, G.L.; Thompson, S.A.; Savage, S. A value added manure management
system using the black soldier fly. Bioresour. Technol., v. 50, p. 275–279, 1994.
91. Spranghers, T.; Ottoboni, M.; Klootwijk, C.; Ovyn, A.; Deboosere, S.; De Meulenaer, B.; Mi-
chiels, J.; Eeckhout, M.; De Clercq, P.; De Smeta, S. Nutritional composition of black soldier
fly (Hermetia illucens) prepupae reared on different organic waste substrates. J Sci Food Agric
2017; 97: 2594–2600, 2016.
92. Stenberg, O. K.; Holen, E.; Piemontese, L.; Liland, N. S.; Lock, E.-J.; Espe, M.; Belghit, I. Effect
of dietary replacement of fish meal with insect meal on in vitro bacterial and viral induced gene
response in Atlantic salmon (Salmo salar) head kidney leukocytes. Fish Shellfish Immun., v.
91: p. 223-232, 2019.
93. Terova, G.; Rimoldi, S.; Ascione, C.; Gini, E.; Ceccotti, C.; Gasco, L. Rainbow trout (Oncorhyn-
chus mykiss) gut microbiota is modulated by insect meal from Hermetia illucens prepupae in
the diet. Rev. Fish Biol. Fish. v. 29, p. 465–486, 2019.
94. Tilami, S. K.; Turek, J.; Červený, D.; Lepič, P.; Kozák, P.; Burkina, V.; Sakalli, S.; Tomčala, A.;
Sampels, S.; Mráz, J. Insect meal as a partial replacement for fish meal in a formulated diet for
perch perca fluviatilis. Turk. J. Fish.& Aquat. Sci., v. 20, n. 12, p. 867-878, 2020.
95. Trivedy, K.; Kumar, S. N.; Mondal, M.; Kumar Bhat, C. A. Protein banding pattern and major
amino acid component in de-oiled pupal powder of silkworm, Bombyx mori Linn. J. Entomol.,
v. 5, p. 10–16, 2008.
97. van Huis, A.; van Itterbeeck, J.; Klunder, H.; Mertens, E.; Halloran, A.; Muir, G.; Vantomme, P.
Edible Insects – Future Prospects for Food and Feed Security. FAO Forestry Paper 171, 2013.
Disponível em <http://www.fao.org/docrep/018/i3253e/i3253e.pdf>.
98. Veldkamp T, Bosch G. 2015. Insects: a protein-rich feed ingredient in pig and poultry diets.
Anim Front. 5:45–50.
142
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
99. Veldkamp, T., van Duinkerken, G., van Huis, A., Lakemond, C. M. M., Ottevanger, E., Bosch,
G., van Boekel, M. A. J. S., 2012. Insects as a sustainable feed ingredient in pig and poultry
diets – a feasibility study. In: Rapport 638 – Wageningen Livestock Research. Disponível
em <http://www.wageningenur.nl/upload mm/2/8/0/f26765b9-98b2-49a7-ae43-5251c5b694f6
234247%5B1%5D>
100. Vidigal MCTR, Minim VPR, Simiqueli AA, Souza PHP, Balbino DF, Minim LA. Food Technology
neofobia and consumer attitudes toward foods produced by new and conventional technologies:
A case study in Brazil. Food Science and Technology 2015; 60: 832–840).
101. Viroje, W., Malin, S. Preliminary study on producing of fly larva meal from pig faeces as protein
source in animal diets. King Mongkut’s Agric. J., v. 6, p. 25–31, 1988.
102. Vrij. M. Insects as alternative raw material for use in fish feeds. Aquacultuur, 2013.
103. Xu, X.; Ji, H.; Belghit, I.; Sun, J. Black soldier fly larvae as a better lipid source than yellow me-
alworm or silkworm oils for juvenile mirror carp (Cyprinus carpio var. specularis). Aquaculture
527 (2020) 735453.
104. Xu, H.; Turkmen, S.; Rimoldi, S.; Terova, G.; Zamorano, M.J.; Afonso, J.M.; Sarih, S.; Fernán-
dez-Palacios, H.; Izquierdo, M. Nutritional intervention through dietary vegetable proteins and
lipids to gilthead sea bream (Sparus aurata) broodstock affects the offspring utilization of a low
fishmeal/fish oil diet. Aquaculture 2019, 513, 734402
105. Zhu, F. X.; Wang, W. P.; Hong, C. L.; Feng, M. G.; Xue, Z. Y.; Chen, X. Y.; Yao, Y. L.; Yu, M.
Rapid production of maggots as feed supplement and organic fertilizer by the two-stage com-
posting of pig manure. Bioresour. Technol., v. 116, p. 485–491, 2012.
106. Zarantoniello, M.; Randazzo, B.; Cardinaletti, G.; Truzzi, C.; Chemello, G.; Riolo, P.; Olivotto,
I. Possible dietary effects of insect-based diets across zebrafish (Danio rerio) generations: a
multidisciplinary study on the larval phase. Animals 2021, 11, 751. Disponível em <https://doi.
org/10.3390/ani11030751>.
107. Zhou, Z., Huang, J., Hao, H., Wei, H., Zhou, Y., Peng, J. (2019). Applications of new functions
for inducing host defense peptides and synergy sterilization of medium chain fatty acids in
substituting in-feed antibiotics. J. Funct. Foods, 52,348-59. doi: 10.1016/j.jff.2018.11.028
143
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
10
Aspectos nutricionais e alimentares
relacionados a polioencefalomalacia
em ruminantes
10.37885/210504594
RESUMO
145
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Polioencefalomalácia (PEM)
Deficiência de Tiamina
A tiamina é uma vitamina do complexo B (vitamina B1) necessária para várias vias
metabólicas (NADH e NADPH), sua deficiência resulta em alterações no metabolismo dos
carboidratos (RADOSTITS et al., 2007) e, consequentemente, no metabolismo energético.
Em diversas vias do metabolismo a tiamina está presente, inclusive na via glicolítica,
sendo essa a principal via do metabolismo dos carboidratos direcionado para produção
de energia no Ciclo de Krebs. A tiamina tem grande relevância na via intermediária à via
glicolítica, denominada de via das pentoses fosfato, nesta, a tiamina é responsável pelas
reações de transcetolases. Esta via responde em potencial para produção de NADPH, no
147
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
qual é empregado para o processo de biossíntese celular. Neste contexto, as células da glia,
que são células responsáveis pela proteção e manutenção dos neurônios são dependentes
da via das pentoses fosfato, sendo assim a tiamina se torna um composto essencial para a
manutenção e proteção neuronal (SANT’ANA et al., 2009).
Além disso, a tiamina ainda atua como cofator para várias enzimas do Ciclo de Krebs
(CEBRA e CEBRA, 2004) como na reação da isocitrato desidrogenase, α-cetoglutarto desi-
drogenase, malato desidrogenase, na conversão de piruvato, lactato e etanol em acetil-coa
(KANEKO et al., 1997) e de piruvato em acetil-coa para entrada na mitocondria. Neste con-
texto, por interferir diretamente na síntese de ATP, ocorre diminuição da eficiência da bomba
de sódio e potássio, refletindo em retenção de sódio, aumentando a pressão osmótica no
interior da célula e consequentemente alterando o volume celular devido maior atração de
água. Estes distúrbios são responsáveis pelas alterações morfológicas iniciais observadas
no Sistema Nervoso Central (SNC) acometido por PEM. Geralmente, as lesões ocorrem
quando as concentrações de transcetolase eritrocitária no cérebro reduzem cerca de 50%
e o nível de tiamina no cérebro está abaixo de 20% do normal (DREYFUS, 1965).
Animais ruminantes adultos sintetizam quantidades suficientes dessa vitamina por de-
corrência da microbiota ruminal responder por abundantemente pela síntese de vitaminas do
complexo B (GOONERATNE et al., 1989). A deficiência de tiamina primária afeta principal-
mente ruminantes jovens (não tem microbioma ruminal estabilizado), que não são capazes
de sintetizar a vitamina e ingerem baixas quantidades desse nutriente na dieta. A deficiência
secundária é decorrente pela produção de substâncias que inativam a tiamina ou competem
com ela no rúmen, ou no intestino (FERREIRA et al., 1986).
Dietas ricas em carboidratos solúveis e pobres em fibra e mudanças bruscas de ali-
mentação, principalmente nos quesitos de transferência de pastos pobres para pastagens
de boa qualidade (JENSEN et al., 1956; MORO et al., 1994) podem favorecer a ocorrência
da PEM. No entanto, dietas ricas em carboidratos solúveis são facilmente fermentáveis,
reduzindo o pH ruminal levando a acidose láctica no rúmen, o que inibe o desenvolvimento
dos microrganismos produtores de tiamina e favorece a multiplicação de algumas bactérias
degradadoras de tiamina por enzimas de tiaminases, como, por exemplo, a Clostridium
sporogenes e Bacillus thiaminollyticus (MORGAN e LAWSON, 1974; SHREEVE e EDWIN,
1974; HAVEN et al., 1983).
Os microrganismos responsáveis pela
produção de tiaminease têm sido demonstrados
em amostras de feno, silagem, concentrado e forragem (EDWIN e JACKMAN, 1973). Desta
forma, a proliferação de agentes produtores de tiaminases no rúmen pode ocorrer após a in-
gestão de alimentos contaminados ou ainda por condições que favoreçam seu aparecimento,
como a deficiência de cobalto, o uso de antibióticos e anti-helmínticos orais (RIET-CORREA
148
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
et al., 2006) e acidose ruminal (LEMOS, 2005). Além disso, enzimas tiaminases também po-
dem ocorrer em plantas, como é o caso da Amaranthus blitoides, Malva parviflora, Pteridium
aquilinum, Marsilea drummondii, Cheilanthes sieberi e Equisetum arvense (MEYER, 1989;
RAMOS et al., 2005), no entanto, são casos raros e isolados. Outras condições que podem
induzir a deficiência de tiamina é a administração de substâncias antimetabólicas da vitami-
na B1, como piritiamina, oxitiamina e amprólio (LOEW e DUNLOP, 1972; MARKSON et al.,
1972; MORGAN, 1974; SANT’ANA et al., 2009) e o uso de alguns anti-helmínticos, como
levamisol e tiabendazol (LINKLATER et al., 1977).
Durante muito tempo foi sustentando que o déficit de tiamina era a única causa da
PEM, isso porque a constante recuperação de bovinos afetados pela doença após o trata-
mento com a vitamina tiamina (BARROS et al., 2006; RADOSTITS et al., 2007). No entanto,
tentativas de reprodução experimental da doença por induzir a deficiência de tiamina nem
sempre foram satisfatórias (RADOSTITS et al., 2007). Além do mais, baixas concentrações
de tiamina nem sempre são detectadas em todos os casos naturais de PEM em ruminantes
(MCALLISTER et al., 1997). Adicionalmente, as enzimas tiaminases foram encontradas
em fezes de ovinos clinicamente normais (LINKLATER et al., 1977), demonstrando que a
deficiência de tiamina não pode ser unicamente usada como diagnóstico da PEM.
O tratamento e controle pode ser eficaz quando os animais são tratados no início da
doença, recomenda-se a administração intramuscular ou endovenosa lenta de 10-20 mg de
tiamina/kg e 0,2 mg de dexametasona/kg de peso do animal, que deve ser realizado a cada
4-6 horas durante três dias consecutivos (LEMOS e RIET-CORREA, 2007). Dentro de 12
horas de tratamento com tiamina, pode ser visto o retorno da atitude e controle muscular,
bem como melhora da acuidade visual que pode estar completa em 48 horas (CEBRA e
CEBRA, 2004). Adicionalmente, o tratamento com tiamina não tem sido eficiente em ca-
sos de PEM relacionados a intoxicações por melaço (MELLA et al., 1976) ou por enxofre
(BULGIN et al., 1996).
A intoxicação por chumbo ocorre pela ingestão acidental de produtos que contenham
chumbo ou pela ingestão de pastagens contaminadas com esse elemento (DRIEMEIER e
BARROS, 2007). Frequentemente, os casos de intoxicação são associados à exposição dos
animais a resíduos de baterias, lubrificantes, tintas, óleos de motor, herbicidas, inseticidas,
fumaça de indústrias e pastagens contaminadas por lixo industrial (CEBRA e CEBRA, 2004;
LEMOS et al., 2004; TRAVERSO et al., 2004).
As alterações nervosas são decorrentes ao depósito de chumbo no endotélio capilar,
por outro lado, as lesões digestivas ocorrem pela ação cáustica dos sais de chumbo na
mucosa gástrica. Em alguns animais intoxicados cronicamente, pode desenvolver anemia
normocítica normocrômica, devido à redução de células do eritrócito e da síntese da porção
heme da hemoglobina. Está última, ocorre pelo aumento da protoporfirina, por meio da ini-
bição enzimática da hemessintetase, desta forma, impossibilitando a ligação do ferro com
a protoporfirina (RADOSTITS et al., 2007).
151
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
A toxicidade do chumbo varia conforme a espécie e a composição química em que
está veiculado, sendo que as formas metálicas e sulfíticas são pouco absorvidas, enquanto
os sais de acetato, carbonato, fosfato e hidróxidos são prontamente assimilados (CEBRA e
CEBRA, 2004). As doses tóxicas em bovinos variam de 600-800 mg/kg em bovinos adultos
e de 220-600 mg/kg para bezerros, já para caprinos são de 400 mg/kg, no entanto, doses
diárias de 6-7 mg/kg podem causar intoxicação crônica (RADOSTITS et al., 2007).
Os sinais clínicos em bovinos intoxicados por chumbo são semelhantes aos descritos
na PEM por outras causas, a evolução é de aproximadamente 2-7 dias (LEMOS et al., 2004;
TRAVERSO et al., 2004) e raramente bovinos afetados podem sobreviver por mais tempo
(LEMOS et al., 2004). Em sua forma aguda, a PEM por chumbo em bovinos pode apresentar
morte súbita e normalmente não são observados sinais clínicos, na forma subaguda cursa
com ataxia, fasciculações musculares, hiperestesia, cegueira central, depressão, salivação,
pressão da cabeça contra objetos e andar sem rumo (SUMMERS et al., 1995; CEBRA e
CEBRA, 2004). Sendo ainda que, em alguns animais pode apresentar torneio, atonia rumi-
nal, cólica e diarreia fétida, além disso, bovinos afetados cronicamente podem apresentar
anemia, dor abdominal e melena (DONAWICK, 1966), embora essa forma não seja frequente
em bovinos (SUMMERS et al., 1995).
No diagnóstico da PEM por chumbo, as concentrações sanguíneas normais são de 0,05-
0,25 ppm, porém, 0,35 ppm chumbo são considerados tóxicos e concentrações superiores
à 1 ppm, são fatais para o animal (RADOSTITS et al., 2007). Alguns exames hematológicos
incluem anemia regenerativa, presença de pontilhado basofílico eritrocítico (SUMMERS
et al., 1995) e em alguns casos, aumento na concentração de porfirina eritrocitária sanguínea
(CHRISTIAN e TRYPHONAS, 1971).
Em geral, não a tratamento certo para intoxicação por chumbo, deve-se retirar a fonte
de chumbo dos animais, em casos agudos, é recomendado fazer a remoção do material con-
taminado ingerido por ruminotomia, usar catárticos como sais de magnésio, para diminuir a
absorção e aumentar a excreção intestinal e também administrar hidrocloreto de tiamina a fim
de reduzir os sinais clínicos neurológicos (COPPOCK et al., 1991; CEBRA e CEBRA 2004).
A intoxicação por sódio (sal) pode ser feita pela ingestão direta de altas quantidades de
cloreto de sódio (NaCl), enquanto a intoxicação indireta (mais comum) resulta da ingestão
contínua de sal associada à privação de água. No caso da intoxicação direta, acomete bovi-
nos sedentos que tiveram acesso a uma fonte de água salobra ou que foram suplementados
com NaCl após um período de restrição do mineral, apesar de ser pouco comum. Já em
relação à intoxicação indireta, raramente ocorre em ruminantes e, é quase exclusivamente,
152
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
uma doença de suínos (SUMMERS et al., 1995; MAXIE e YOUSSEF, 2007). Em situações
de temperatura ambiental elevada, os animais tendem a ingerir grandes volumes de água
após um longo período de restrição hídrica, nesse caso, agravando o quadro da intoxicação
indireta (LINDLEY, 1977). Em relação a patogênese dessa forma de intoxicação, não está
totalmente esclarecida, no entanto, o influxo de eosinófilos para o espaço perivascular está
associado com o aumento de íons sódio (SUMMERS et al., 1995). O sódio (Na) é o principal
regulador da osmolaridade extracelular e passa lentamente pela barreira hematoencefálica.
Quando as concentrações de sódio sanguíneo estão elevadas no sangue, cerca de 145-
185 mE/L, o encéfalo também irá a possuir altas concentrações sódio, consequentemente,
inibindo a via da glicólise anaeróbica. Desta forma, com acesso à água, as concentrações
sanguíneas de sódio retornam ao normal, mas no encéfalo ainda permanecem altas. E como
a via glicolítica anaeróbica está comprometida, não há transporte ativo para fora do sistema
nervoso. Com isso, gera um gradiente osmótico e a água passa do sangue para o encéfalo,
promovendo o edema cerebral (CEBRA e CEBRA 2004).
De modo geral, ruminantes chegam a tolerar até 13% de sódio quando se tem acesso
livre a água limpa, mas geralmente, recomenda-se não ultrapassar a concentração de 0,3%
na água e 4% na alimentação. No entanto, concentrações inferiores podem ser tóxicas se
existir restrição de água ou se a água contiver 7.000 ppm (0,7%) de sal ou mais. A intoxi-
cação crônica pode ser causada por quantidades inferiores de sal em relação as agudas,
sendo que as doses tóxicas agudas são de aproximadamente 2,2 mg/kg para bovinos e 6
mg/kg para ovinos (CEBRA e CEBRA, 2004).
Sinais clínicos da PEM em bovinos intoxicados por sal são semelhantes aos descritos
causados por outras causas (SUMMERS et al., 1995) e, geralmente, acontecem após um
período prolongado de jejum hídrico ou de restrição a água, seguido de acesso sem restrição
à água. No entanto, o animal, ainda também pode apresentar vômito, atonia ruminal, diarreia
e dor abdominal, com evolução clínica de aproximadamente um dia (CEBRA e CEBRA, 2004).
Normalmente, os sinais digestivos são observados, principalmente, na intoxicação
direta por NaCl (MAXIE e YOUSSEF, 2007). E a tonalidade marrom ou vermelha, do soro
e da urina, são úteis na suspeita de intoxicação por sal (CEBRA e CEBRA, 2004). Para o
diagnóstico para PEM associada à intoxicação por sódio ou privação de água, é necessário
a determinação das concentrações de sódio no líquor, nesse caso, valores acima de 160
mEq/L de sódio no líquido cefalorraquidiano são indícios de intoxicação por sal em bovinos
(LONERAGAN e GOULD, 2002) e ovinos (KANEKO et al., 1997).
Para o tratamento de casos por intoxicação por sal ou privação de água, deve-se res-
tituir a água lentamente aos animais. Inicialmente, é recomendado administrar um volume
de água de 7 e 10% do peso corporal, para animais adultos e neonatos, respectivamente,
153
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
fornecido de quatro a seis vezes por dia e a partir do quarto dia fornecer água livremente
(ANGELOS et al., 1999).
A administração de água em animais com sinais clínicos pode ser realizada por sonda
nasogástrica. No caso de animais severamente afetados, o manitol (0,5-2 mg/kg) em uma
solução de 20% ou glicerina oral (1 mL/kg) diluída em 50% de água, pode ser administrado
para reduzir o edema cerebral (ANGELOS et al., 1999). O uso de corticosteroides pode ser
utilizado, no entanto, isso pode promover à retenção do sódio e hiperglicemia (CEBRA e
CEBRA 2004). Além disso, não é sabido, se a tiamina é eficaz em casos de PEM relacio-
nados a intoxicação por sal (RIET-CORREA et al., 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A PEM se apresenta como uma doença multifatorial em relação aos aspectos nutri-
cionais e alimentares, podendo ser determinada pela carência de tiamina, intoxicação de
chumbo, de enxofre ou por sal associado à privação de água de bebida. Deste modo, a PEM
pode acarretar grandes perdas econômicas para o setor produtivo, principalmente, quando
afeta um grande número de animais do rebanho, além disso, é uma doença que pode ser
letal para os animais acometidos.
Portanto, para prevenção da PEM, deve-se evitar material contaminado com chumbo
nas pastagens, plantas invasoras (possíveis fontes de tiaminases) e manejo nutricional
adequado das concentrações de tiamina na dieta e, também, controle dos níveis de enxofre
na água e dieta, assim, atender sem excesso, as recomendações desse mineral. De modo
geral, para o tratamento da PEM, é recomendado fazer a identificação da fonte causadora da
doença, desse modo, privar o acesso do animal ao material contaminado e utilizar de técnicas
de manejo alimentar de conforme a intoxicação, como ainda pode-se realizar o uso de fárma-
cos, dentre o necessário, para se poder reestabelecer os parâmetros metabólicos normais.
REFERÊNCIAS
1. ANGELOS, S.M.; SMITH, B.P.; GEORGE, L.W.; HOUSE J.K., VAN METRE, D.C.; FECTEAU
G.; THACKER, V.C.; ANGELOS, J.A. 1999. Treatment of hypernatremia in an acidotic neonatal
calf. J. Am Vet. Med. Assoc., 214:1364-1367, 1999.
2. BARROS, C.S.L.; DRIEMEIER, D.; DUTRA, I.S.; LEMOS, R.A.A. 2006. Doenças do Sistema
Nervoso de Bovinos no Brasil. Agnes, São Paulo, p.166 – 171, 2006.
3. BULGIN, M.S.; LINCOLN, S.D.; MATHER, G. 1996. Elemental sulfur toxicosis in a flock of
sheep. J. Am. Vet. Med. Assoc., 208:1063-1065, 1996.
154
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
4. CEBRA, C.K.; CEBRA, M.L. 2004. Altered mentation caused by polioencephalomalacia, hyper-
natremia, and lead poisoning. Vet. Clin. Food Anim., 20:287-302, 2004.
5. CHRISTIAN, R.G.; TRYPHONAS, L. 1971. Lead poisoning in cattle: Brain lesions and hema-
tologic changes. Am. J. Vet. Res., 32:203-216, 1971.
7. CUMMINGS, B.A.; CALDWELL, D.R.; GOULD, D.H.; HAMAR, D.W. 1995. Identity and inte-
ractions of rumen microbes associated with dietary sulfateinduced polioencephalomalacia in
cattle. Am. J. Vet. Res., 56:1384-1389, 1995.
8. DONAWICK, W.J. 1966. Chronic lead poisoning in a cow. J. Am. Vet. Med. Assoc., 148:685-
693, 1966.
9. DREYFUS, P.M. 1965. The regional distribution of transketolase in the normal and the thiamine
deficient nervous system. J. Neuropathol. Exp.Neurol., 24:119-129, 1965.
10. DRIEMEIER, D.; BARROS, C.S.L. 2007. Intoxicação por chumbo, p.55-59. In: RIET-CORREA
F., SCHILD A.L., LEMOS R.A.A. & BORGES J.R.J. (Eds), Doenças de Ruminantes e Equí-
deos. 3ª ed. Vol.2. Pallotti, Santa Maria, RS, 2007.
11. EDWIN, E.E.; JACKMAN, R. 1973. Ruminal thiaminase and tissue thiamine in cerebrocortical
necrosis. Vet. Rec., 92:640-641, 1973.
12. FERREIRA, F.A.; COELHO, H.E.; BASTOS, J.E.D. 1986. Polioencefalomalácia em bovinos no
estado de Minas Gerais. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 38:693-700, 1986.
13. GONÇALVES, R.C.; VIANA, L.; SEQUEIRA, J.L.; BANDARRA, E.P.; CHIACCHIO, S.B.; KU-
CHEMBUCK, M.R.G. 2001. Aspectos clínicos, anatomopatológicos e epidemiológicos da polio-
encefalomalácia em bovinos, na região de Botucatu, SP. Veterinária Notícias 7:53-57, 2001.
14. GOONERATNE, S.R.; OLKOWSKI, A.A.; CHRISTENSEN, D.A. 1989a. Sulfurinduced polioe-
ncephalomalacia in sheep: Some biochemical changes. Can. Vet. J., 53:462, 1989.
15. COPPOCK, R.W.; WAGNER, W.C.; REYNOLDS, J.D.; VOGEL, R.S.; GELBERG, H.B.; FLO-
RENCE, L.Z.; WOLFF, W.A. 1991. Evaluation of edetate and thiamine for treatment of experi-
mentally induced environmental lead poisoning in cattle. Am. J. Vet. Res., 52:1860-1865, 1991.
16. GOULD, D.H. 2000. Update on sulfur-related polioencephalomalacia. Vet. Clin. North Am.
Food Anim. Pract., 16:481-496, 2000.
18. GOULD D.H.; CUMMINGS, B.A; HAMAR, D.W. 1997. In vivo indicators of pathologic ruminal
sulfide production in steers with diet-induced polioencephalomalacia. J. Vet. Diagn. Invest.,
9:72-76, 1997.
19. HAMLEN, H.; CLARK, E.; JANZEN, E. 1993. Polioencephalomalacia in cattle consuming water
with elevated sodium sulfate levels: A herd investigation. Can. Vet. J., 34:153-158, 1993.
20. HARRIES, N. 1987. Polioencephalomalacia in feedlot cattle drinking water high in sodium
sulfate. Can. Vet. J., 28:717, 1987.
155
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
21. HAVEN, T.R.; CALDWELL, D.R.; JENSEN, R. 1983. Role of predominant rumen bacteria in
the cause of polioencephalomalacia (cerebrocortical necrosis) in cattle. Am. J. Vet. Res.,
44:1451-1455, 1983.
22. HILL, F.I.; EBBETT, P.C. 1997. Polioencephalomalacia in cattle in New Zealand fed chou mo-
ellier (Brassica oleracea). N. Z. Vet. J., 45:37-39, 1997.
23. JACKMAN, R.; EDWIN, E.E. 1983. Cerebral autofluorescence and thiaminase deficiency in
cerebrocortical necrosis. Vet. Rec., 112:548-550, 1983.
24. JEFFREY, M.; DUFF, J.P.; HIGGINS, R.J.; SIMPSON, V.R.; JACKMAN, R.; JONES, T.O.;
MECHIE, S.C.; LIVERSEY, C.T. 1994. Polioencephalomalacia associated with the ingestion
of ammonium sulphate by sheep and cattle. Vet. Rec., 134:343-348, 1994.
25. JENSEN, R.; GRINER, L.A. ADAMS, O.R. 1956. Polioencephalomalacia of cattle and sheep.
J. Am. Vet. Med. Assoc., 129:311-321, 1956.
26. KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. 1997. Clinical Biochemistry of Domestic Animals.
5th ed. Academic Press, New York. 932p., 1997.
27. LEMOS, R.A.A. 2005. Enfermidades do sistema nervoso de bovinos de corte das regiões
Centro-Oestee Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista,
Jaboticabal, SP. 150p., 2005.
29. LIMA, E.F.; RIET-CORREA, F.; TABOSA, I.M.; DANTAS, A.F.M.; MEDEIROS, J.M.; SUCU-
PIRA JÚNIOR G. 2005. Polioencefalomalácia em caprinos e ovinos na região semi-árida do
Nordeste do Brasil. Pesq. Vet. Bras., 25:9-14., 2005.
30. LINDLEY, W.H. 1977. Water deprivation in cattle. J. Am. Vet. Med. Assoc., 171:439-440, 1977.
31. LINKLATER, K.A.; DYSON, D.A.; MORGAN, K.T. 1977. Faecal thiaminase in clinically normal
sheep associated with outbreaks of polioencephalomalacia. Res. Vet. Sci., 22:308-312, 1977.
32. LOEW, F.M.; DUNLOP, R.H. 1972. Induction of thiamine inadequacy and polioencephaloma-
lacia in adult sheep with amprolium. Am. J. Vet. Res., 33:2195-2205, 1972.
34. LOW, J.C.; SCOTT, P.R.; HOWIE, F.; LEWIS, M.; FITZSIMONS, J.; SPENCE, J.A. 1996. Sul-
phur-induced polioencephalomalacia in lambs. Vet. Rec., 138:327-329, 1996.
35. MARKSON, L.M.; LEWIS, G.; TERLECKI, S.; EDWIN, E.E.; FORD, J.E. 1972. The aetiology of
cerebrocortical necrosis: The effects of administering antimetabolites of thiamine to preruminant
calves. Brit. Vet. J., 128:488- 499, 1972.
36. MAXIE, M.G.; YOUSSEF, S. 2007. Nervous system, p.281-457. In: Maxie M.G. (Ed.), Jubb,
Kennedy & Palmer’s Pathology of Domestic Animals. Vol.1. 5th ed. Saunders Elsevier, Edinbur-
gh, 2007.
156
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
37. MCALLISTER, M.M.; GOULD, D.H.; RAISBECK, M.F.; CUMMINGS, B.A.; LONERAGAN, G.H.
1997. Evaluation of ruminal sulfide concentrations and seasonal outbreaks of polioencephalo-
malacia in beef cattle in a feedlot. J. Am. Vet. Med. Assoc., 211:1275-1279, 1997.
38. MELLA, C.M.; PEREZ-OLIVA, O.; LOEW, F.M. 1976. Induction of bovine polioencephalomalacia
with a feeding system based on molasses and urea. Can. J. Comp. Med., 40:104-110, 1976.
39. MEYER P. 1989. Thiaminase activities and thiamine content of Pteridium aquilinum, Equisetum
ramosissimum, Malva parviflora, Pennisetum clandestinum and Medicago sativa. Onderstepoort
J. Vet. Res., 56:145-146, 1989.
40. MORGAN, K.T.; LAWSON, G.H.K. 1974. Thiaminase type 1-producing bacilli and ovine polio-
encephalomalacia. Vet. Rec., 95:361-363, 1974.
41. MORO, L.; NOGUEIRA, R.H.G.; CARVALHO, A.U.; MARQUES, D.C. 1994. Relato de três
casos de polioencefalomalacia em bovinos. Arq. Bras. Med. Vet. Zoot., 46:409-416, 1994.
43. NATIONAL RESEARCH COUNCIL 1996. Nutrient Requirements of Beef Cattle.7th ed. National
Academy Press, Washington, p.60-61, 1996.
44. NILES, G.A.; MORGAN, S.E.; EDWARDS, W.C. 2000. Sulfur-induced polioencephalomalacia
in stocker calves. Vet. Human Toxicol., 42:290-291, 2000.
45. OLKOWSKI, A.A. 1997. Neurotoxicity and secondary metabolic problems associated with low
to moderate levels of exposure to excess dietary sulphur in ruminants: A review. Vet. Human
Toxicol., 39:355-360, 1997.
46. RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; HINCHCLIFF, K.W.; CONSTABLE, P.D. 2007. Veterinary Me-
dicine: A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs, and goats. 10th ed. Saunders
Elsevier, Edinburgh, p.2006-2012, 2007.
47. RAISBECK, M.F. 1982. Is polioencephalomalacia associated with highsulfate diets? J. Am.
Vet. Med. Assoc., 180:1303-1305, 1982.
48. RAMMELL, C.G.; HILL, J.H. 1986. A review of thiamine deficiency and its diagnosis, especially
in ruminants. N. Z. Vet. J., 34:202-204, 1986.
49. RAMOS, J.J.; FERRER, L.M.; GARCÍA, L.; FERNÁNDEZ, A.; LOSTE, A. 2005. Polioencepha-
lomalacia in adult sheep grazing pastures with prostate pigweed. Can. Vet. J., 46:59-61, 2005.
50. RIET-CORREA, F.; RIVERO, R.; DUTRA, F.; LEMOS, R.A.A.; EASTON, C. 2007. Polioen-
cephalomalacia. 35ª Jornadas Uruguayas de Buiatría, p.191-198, 2007.
51. RIET-CORREA, G.; DUARTE, M.D.; BARBOSA, J.D.; OLIVEIRA, C.M.C.; CERQUEIRA, V.D.;
BRITO, M.F.; RIET-CORREA, F. 2006. Meningoencefalite e polioencefalomalácia causada por
Herpesvírus bovino-5 no Estado do Pará. Pesq. Vet. Bras., 26:44-46, 2006.
52. RIET-CORREA, F.; RIET-CORREA, G.; SCHILD, A.L. 2002. Importância do exa me clínico
para o diagnóstico das enfermidades do sistema nervoso em ruminantes e eqüídeos. Pesq.
Vet. Bras., 22:161-168, 2006.
157
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
53. SANT’ANA, F.J.F.; RISSI, D.R.; LUCENA, R.B.; LEMOS, R.A.A.; NOGUEIRA, A.P.A.; BARROS,
C.S.L. 2009a. Polioencefalomalácia em bovinos: epidemiologia, sinais clínicos e distribuição
das lesões no encéfalo. Pesq. Vet. Bras., 29:487-497, 2009.
55. SHREEVE, J.E.; EDWIN, E.E. 1974. Thiaminase-producing strains of Clostridium sporogenes
associated with outbreaks of cerebrocortical necrosis. Vet. Rec., 94:330, 1974.
57. TRAVERSO, S.D.; COLODEL, E.M.; LORETTI, A.P.; SEITZ, A.L.; CORREA, A.M.; KRAUSPE-
NHAR, C.; DRIEMEIER, D. 2001. Polioencefalomalácia em bovinos leiteiros no Rio Grande
do Sul suplementados com enxofre. 10º Enapave, Pirassununga, SP, p.72. (Resumo).
58. VIEIRA, A.C.S.; AFONSO, J.A.B.; TOKARNIA, C.H.; COSTA, N.A.; MENDONÇA, C.L.; SOUZA,
M.I. 2007. Estudo epidemiológico, clínico e patológico em ruminantes com polioencefalomalácia
no agreste meridional de Pernambuco. Revta Bras. Med. Vet., 29:65-68, 2007.
158
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
11
Efeito das micotoxinas no metabolismo
e desempenho de ruminantes
10.37885/210504630
RESUMO
160
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO
PRINCIPAIS MICOTOXINAS
Aflatoxinas
162
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
raça e dieta, na qual, geralmente, os animais jovens são mais suscetíveis que os mais velhos
(RICHARD et al., 2003).
A aflatoxina B1 (AFB1) é o carcinógeno mais potente dentre todas as aflatoxinas e
até 6% da AFB1 da dieta pode ser transferida para o leite como hidroxi-AFB1 e aflatoxi-
na M1 (GALVANO et al., 1996; EFSA, 2004; UPADHAYA et al. al., 2010). No leite aflatoxi-
na M1 (AFM1) representa um risco de segurança no leite e nos produtos lácteos devido à sua
potente carcinogenicidade (IARC, 2002; LIU e WU, 2010). O limite regulamentado pela Food
and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos quanto à quantidade máxima permitida
de AFM1 no leite é de 0,5 μg / kg de leite (FDA, 2000) e pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária do Brasil é 0,5 μg / L de leite (ANVISA, 2001). Enquanto, que a concentração má-
xima de AFM1 no leite permitida pela Comissão Europeia é de 0,05 μg / kg (EFSA, 2004).
O efeito da AFB1 é de inibir a síntese de DNA e RNA (BUTLER e NEAL, 1977). Segundo
Lillehoj (1991), o metabolito AFB1 ativado, o AFB1-8,9 epóxido, forma uma ligação covalente
com o N7 guanina e forma aductos AFB1-N7guanina em células-alvo levando a transversão
G-T, reparo de DNA, mutação, lesões e formação de tumor (FOSTER et al., 1983). No en-
tanto, a AFB1 também é conhecida como uma potente hepatotoxina e hepatocarcinogênio
(UPADHAYA et al., 2010). Sendo que o fígado é considerado como o órgão alvo primário
da aflatoxina (TOWNER et al., 2000).
Fumonisinas
Ocratoxinas
Tricotecenos
Zearalenona
Segundo Zinedine (2007), a zearalenona (ZEA) é uma lactona que pode ser produzida por
espécies de fungos, como Fusarium Culmorum, F. Graminearum e F. Sporotrichioides. A ZEA
é um composto fitoestrogênico (DIEKMAN e GREEN, 1992), o que faz apresentar efeito
estrogênico em animais domésticos e sua produção é dependente das condições climáticas
sazonais, sendo mais prevalentes nas estações frias e úmidas (DOKO et al., 1996; WHITLO
et al., 1999). Além disso, a ZEA é termicamente estável, no entanto, ela pode ser parcial-
mente destruída durante a extrusão de cereais (CASTELLS et al., 2005).
O principal alvo da toxicidade da ZEA é o sistema reprodutivo (BOEIRA, 2012). No qual
gera problemas reprodutivos como alterações físicas nos órgãos genitais semelhantes aos
induzidos pelo estradiol, edemas e hipertrofia dos órgãos genitais de fêmeas pré-púberes,
diminuição na taxa de sobrevivência de embriões em fêmeas gestantes, alteração na morfo-
logia dos tecidos uterinos devido à redução nas quantidades de hormônio luteinizante e pro-
gesterona, diminuição na produção de leite, feminização de machos jovens devido à redução
da produção de testosterona, infertilidade e morbidade perinatal (UPADHAYA et al., 2010).
A ZEA é produzida em quantidades muito pequenas em condições naturais e, prova-
velmente em quantidades insuficientes para causar problemas nos ruminantes (GUERRE
et al., 2000). Porém, foi demonstrado que a ZEA causa infertilidade em ovelhas em pastoreio
na Nova Zelândia (TOWERS et al., 1993). Também é comum em casos de toxicoses, o ani-
mal apresentar aspecto saudável e escore corporal normal, porém com baixo desempenho
reprodutivo (WHITLOW et al., 1999).
166
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências
Inapetência, apatia, lesão hepática, sinais
AFB1 Ovelha 0,75 mg de AFB1 / kg de dieta Suliman et al. (1987)
neurológicos e morte
↓ PC ↑ AST, GGT, tempo de protrombina, co-
lesterol, ácido úrico e valores de triglicerídeos
AFB1 Cordeiro 2,6 mg de AFB1 / kg de dieta Harvey et al. (1991)
↓ albumina, glicose e nitrogênio ureico e
relação ureia-creatina
AFB1 Cordeiro 2 mg de AFB1 / kg de dieta ↓PC, GMD, resposta imune Fernàndes et al. (2000)
0; 5,9; 11,8; 17,7 e 23,5 μg AFB1 / kg de
AFB1 Cordeiro ↓ IMC, PMD, imunidade celular Tripathi et al. (2008)
dieta
↓ ingestão de ração, GMD e CA
AFB1 Cordeiro 2,5 mg de AFB1 / kg de dieta Edrington et al. (1994)
↑ AST, GGT, proteína total, colesterol
Continuação da tabela 2.
Continuação da tabela 2.
167
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Micotoxinas Animal Doses testadas Resultados Referências
Grupo 1 (12, 4 mg de DOM + 12,4 mg de ZEA
/ dia)
Vacas em não Grupo 2 (14, 1 mg de DOM + 0,67 mg de ZEA Hochsteiner et al.
DON Ligeiramente ↑ em AST e LDH
lactação / dia) (2000)
Grupo 3 (14, 3 mg de DOM + 0,68 mg de ZEA
/ dia)
Controle de grupo (não contaminado), grupo
contaminado com AFB1
AFB1 e DAS Cordeiros (2,5 mg / kg), grupo DAS contaminado (5 mg / ↓ ingestão de alimentos, peso corporal Harvey et al. (1995)
kg) e grupo AFB1 / DAS contaminado
(2,5 mg de AFB1 e 5 mg de DAS / kg)
↓ Ingestão de ração, PC, ↑ AST, GGT, LDH,
FBs Bezerro 15, 31 ou 148 mg FBs / kg dieta Osweiler et al. (1993)
bilirrubina e colesterol
Bovinos de ↑ AST, GGT, lesão hepatocelular e hiperpla-
FB1 94 mg de FB1 / kg de dieta Baker (1999)
corte sia epitelial biliar
Continuação da tabela 2.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ABENI, F.; MIGLIORATI, L.; TERZANO, G. M.; CAPELLETTI, M.; GALLO, A.; MASOERO, F.;
PIRLO, G. Effects of two different blends of naturally mycotoxin-contaminated maize meal on
growth and metabolic profile in replacement heifers. Animal, v. 8, p. 1667–1676, 2014.
3. ANFOSSI, L.; BAGGIANI, C.; GIOVANNOLI, C.; GIRAUDI, G. 2010. Mycotoxins in food and
feed: Extraction, analysis and emerging technologies for rapid and on-field detection. Recent
Patents on Food, Nutrition & Agriculture, Jun;2(2), p. 140-53, 2010.
6. ASAO, T.; BUCHI, G.; ABDEL-KADER, M.M.; CHANG, S.B.; WICK, E.L.; WOGAN, G.N. Afla-
toxins B and G. J. Am. Chem. Soc., 85, 1706–1707, 1963.
169
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
7. ASSIS, J. R.; ASSIS, A. C. M.; NUNES, D.; CARLOS, A. B.; CARVALHO, T. T.; GALVOS-RI-
VEROS, A. C. Micotoxinas no metabolismo e desempenho de animais ruminantes. Journal
of Biology & Pharmacy, v. 15, n. 4, 2019.
8. AUERBACH, H., MAAS, R.F.M.; OP DEN CAMP, H. J. M.; POL, A.; FINK-GREMMELS, J. Bio-
degradation of aflatoxin B1 by bovine rumen microorganisms in vitro and its effects on rumen
fermentation. Revue de Médecine Vétérinaire, p. 149-573, 1998.
10. BUTLER, W. H.; NEAL, G. E. Mode of action and human health aspects of aflatoxin carcino-
genesis. Pure Appl. Chem., 49, p. 1747-175, 1977.
12. BOGUHN, J.; NEUMANN, D.; HELM, A.; STROBEL, E.; TEBBE, C. C.; DÄNICKE, S.; RO-
DEHUTSCORDA, M. Effects of concentrate proportion in the diet with or without Fusarium toxin
contaminated triticale on ruminal fermentation and the structural diversity of rumen microbial
communities in vitro. Archives of Animal Nutrition, v. 64, p. 467–483, 2010.
13. BOYSEN, M. E.; JACOBSSON, K. G.; SCHNURER, J. Molecular Identification of Species from
the Penicillium roqueforti Group Associated with Spoiled Animal Feed. Applied and Environ-
mental Microbiology, v. 66, p. 1523–1526, 2000.
15. BRYDEN, W. L. Mycotoxin contamination of the feed supply chain: Implications for animal pro-
ductivity and feed security. Animal Feed Science and Technology, v. 173, p. 134–158, 2012.
16. CASTELLS, M.; MARIN, S.; SANCHIS, V.; RAMOS, A. J. Fate of mycotoxins in cereals during
extrusion cooking: a review. Food Additives and Contaminants, v. 22, n. 2, p. 150–157, 2005.
17. CASTEEL, S. W.; ROTTINGHAUS, G. E.; JOHNSON, G. C.; WICKLOW, D. T. Liver disease
in cattle induced by consumption of moldy hay. Veterinary and Human Toxicology, v. 37, p.
248–251, 1995.
18. CHARMLEY, E.; TRENHOLM, H. L.; THOMPSON, B. K.; VUDATHALA, D.; NICHOLSON,
J. W.; PRELUSKY, D. B. Charmley, L. L. Influence of level of deoxynivalenol in the diet of
dairy cows on feed intake, milk production, and its composition. Jornal Dairy Science, 76, p.
3580–3587, 1993.
19. CHU, F. S.; NOH, I.; CHANG, C. C. Structural requirements for ochratoxin intoxication. Life
Sci., 11, p. 503, 1972.
20. COOK, W. O.; RICHARD, J. L.; OSWEILER, G. D.; TRAMPEL, D. W. Clinical and pathologic
changes in acute bovine aflatoxicosis: Rumen motility and tissue and fluid concentrations of
aflatoxins B1 and M1. Am. J. Vet. Res., 47, p. 1817–1825, 1986.
21. COPPOCK, R. W.; MOSTROM, M. S.; SPARLING, C. G.; JACOBSEN, B.; ROSS, S. C. Appa-
rent zearalenone intoxication in a dairy herd from feeding spoiled acid-treated corn. Vet. Hum.
Toxicol., 32, p. 246–248, 1990.
170
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
22. CORREA, B. Fungos toxigênicos: panorama nacional. Encontro nacional de micotoxinas e
simpósio de armazenamento qualitativas de grãos do Mercosul, 9°. Florianópolis: p. 162-168,
2000.
23. COUNCIL FOR AGRICULTURAL SCIENCE AND TECHNOLOGY (CAST). Mycotoxins: Risks
in Plant, Animal, and Human Systems; CAST: Ames, IA, USA, 2003.
24. DIEKMAN, M. A., GREEN, M. L. Mycotoxins and reproduction in domestic livestock. J. Anim.
Sci., 70, p. 1615–1627.
25. DOERR, J. A.; HAMILTON, P. B.; BURMEISTER, H. R. T-2 toxicosis and blood coagulation in
young chickens. Toxicol and Appl Pharmacol, v.60, p.157-162, 1981.
26. DOKO, M. B.; CANET, C.; BROWN, N.; SYDENHAM, E. W.; MPUCHANE, S.; SIAME, B. A.
Natural co-occurrence of fumonisins and zearalenone in cereals and cereal-based foods from
Eastern and Southern Africa. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Easton. v. 44,
n. 10, p. 3240-3243, 1996.
27. DUNIÈRE, L.; SINDOU, J.; CHAUCHEYRAS-DURAND, F.; CHEVALLIER, I.; THÉVENO-
T-SERGENTET, D. Silage processing and strategies to prevent persistence of undesirable
microorganisms. Anim. Feed Sci. Technol., 182, p. 1–15, 2013.
28. DZIDIC, A.; MEYER, H.H.D.; BAUER, J.; PFAFFL, M.W. Long-term effects of mycophenolic
acid on the immunoglobulin and inflammatory marker-gene expression in sheep white blood
cells. Mycotoxin Res., 26, 235–240, 2010.
29. DZIDIC, A.; PRGOMET, C.; MOHR, A.; MEYER, K.; BAUER, J.; MEYER, H.H.D.; PFAFFL,
M.W. Effects of mycophenolic acid on inosine monophosphate dehydrogenase I and II mRNA
expression in white blood cells and various tissues in sheep. J. Vet. Med. Ser., 53, 163–169,
2006.
30. EDRINGTON, T. S.; HARVEY, R. B.; KUBENA, L. F.; ELISSALDE, M. H.; ROTTINGHAUS,
G. E.; ROTTINGHAUST, G. E. Acute hepatic and renal toxicity in lambs dosed with culture
material. J. Anim. Sci., 73, p. 508–515, 1995.
31. EDRINGTON, T. S.; HARVEY, R. B.; KUBENA, L. F. Effect of aflatoxin in growing lambs fed
ruminally degradable or escape protein sources. J. Anim. Sci., 72, p. 1274–1281, 1994.
32. EFSA (European Food Safety Authority). Opinion of the scientific panel on contaminants in
the food chain on a request from the Commission related to aflatoxin B1 as undesirable
substance in animal feed. EFSA J. 39, p. 1–27, 2004. Disponível em: <https://efsa.onlineli-
brary.wiley.com/doi/epdf/10.2903/j.efsa.2004.39>. Acesso em: 25/08/2019.
33. ESCOULA, L. Patulin production by Penicillium granulatum and inhibition of ruminal flora. J.
Environ. Pathol. Toxicol. Oncol., 11, p. 45–48, 1992.
34. FERNÀNDEZ, A.; HERNAINDEZ, M.; VERDE, M.; SANZ, M. Effect of aflatoxin on performance,
hematology, and clinical immunology in lambs. Can. J. Vet. Res., 64, p. 53–58, 2000.
35. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION (2010). Guidance for Industry: Action Levels for
Poisonous or Deleterious Substances in Human Food and Animal Feed. Disponível em:
<https://www.fda.gov/regulatory-information/search-fda-guidance-documents/guidance-indus-
try-action-levels-poisonous-or-deleterious-substances-human-food-and-animal-feed#afla>.
Acesso em 25/08/2019.
171
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
36. FINK-GREMMELS, J. The role of mycotoxins in the health and performance of dairy cows. The
Veterinary Journal, 176, p. 84–92, 2008.
37. FINK-GREMMELS, J.; Diaz, D.E. Mycotoxins in forages. In The Mycotoxin Blue Book;
Diaz, D.E., Ed.; Nottingham University Press: Thrumpton, Nottingham, UK, p. 249–268, 2005.
38. FINK-GREMMELS, J. Micotoxins: Their implications for human and animal health. Jornal Ve-
terinary Quarterly, v. 21, n. 4, p. 115-120, 1999.
39. FOSTER, P. L.; EISENSTADT, E.; MILLER, J. H. Base substitution mutations induced by me-
tabolically activated aflatoxin B1. Proc. Natl. Acad. Sci., 80, p. 2695-2698, 1983.
40. GALLO, A.; GIUBERTI, G.; FRISVAD, J. C; BERTUZZI, T.; NIELSEN, K. F. Review on Mycotoxin
Issues in Ruminants: Occurrence in Forages, Effects of Mycotoxin Ingestion on Health Status
and Animal Performance and Practical Strategies to Counteract Their Negative Effectscotoxin
Ingestion on Health Status and Animal Performance and Practical Strategies to Counteract
Their Negative Effects. Toxins, 7, p. 3057-3111, 2015.
41. GALVANO, F.; PIETRI, A.; BERTUZZI, T.; FUSCONI, G.; GALVANO, M.; PIVA, A.; PIVA, G.
Reduction of carry-over of aflatoxin from cow feed to milk by addition of activated carbons. J.
Food Prot., 59, p. 55–554, 1996.
42. GARRETT, W. N.; HEITMAN, H.; BOOTH, A. N. Aflatoxin Toxicity in Beef Cattle. Exp. Biol.
Med., 127, 188–190, 1968.
43. GELDERBLOM, W. C.; JASKIEWICZ, K.; MARASAS, W. F.; THIEL, P. G.; HORAK, R. M.;
VLEGGAAR, R.; KRIEK, N. P. Fumoisins: novel mycotoxins with cancer promoting activitypro-
duced by Fusarium moniliforme. Applied and Environmental Microbiology, v. 54, n. 7, p.
1806-1811, 1988.
44. GUERRE, P.; BAILLY, J. D.; BENARD, G.; BURGAT, V. Excretion lactee des mycotoxines:
quels risques peur les consommateurs.In Mycotoxins in feeds and their fate in animals: a re-
view. Anim. Res., 51, p. 81-99, 2000.
45. GURUNG, N. K.; RANKINS, D. L.; SHELBY, R. A. In vitro ruminal disappearance of fumonisin B1
and its effects on in vitro dry matter disappearance. Vet. Hum. Toxicol., 41, p. 196–199, 1999.
46. GUTHRIE, L. D.; BEDELL, D. M. Effects of aflatoxin in corn on production and reproduction in
dairy cattle. Proc. Annu. Meet. U. S. Anim. Health Assoc., 83, p. 202–204, 1979.
47. HAGGBLOM, P. Isolation of roquefortine C from feed grain. Appl. Environ. Microbiol., 56, p.
2924–2926, 1990.
48. HARVEY, R. B.; EDRINGTON, T. S.; KUBENA, L. F.; ELISSALDE, M. H.; CORRIER, D. E.;
ROTTINGHAUS, G. E. Effect of aflatoxin and diacetoxyscirpenol in ewe lambs. Bull. Environ.
Contam. Toxicol., 54, p. 325–330, 1995.
49. HARVEY, R. B.; KUBENA, L. F.; PHILLIPS, T. D.; CORRIER, D. E.; ELISSALDE, M. H.; HUFF,
W. E. Diminution of aflatoxin toxicity to growing lambs by dietary supplementation with hydrated
sodium calcium aluminosilicate. Am. J. Vet. Res., 52, p. 152–156, 1991.
50. HASHEMINYA, S. M.; DEHGHANNYA, J. Strategies for decreasing aflatoxin in livestock feed
and milk. Res. J. Appl. Basic Sci., 4, p. 1506–1510, 2013.
172
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
51. HILDEBRAND, B.; BOGUHN, J.; DÄNICKE, S.; RODEHUTSCORD, M. Effect of Fusarium toxin
contaminated triticale and forage-to-concentrate ratio on fermentation and microbial protein
synthesis in the rumen. J. Anim. Physiol. Anim. Nutr., 96, p. 307–318, 2012.
52. HOCHSTEINER, W.; SCHUH, M.; LUGER, K.; BAUMGARTNER, W. Effect of mycotoxin con-
taminated feed on production parameters of dairy cows. Berl. Munchener Tierarztliche Wo-
chenschr., 113, p. 14–21, 2000.
53. HÖHLER, D.; SÜDEKUM, K. H.; WOLFFRAM, S.; FROHLICH, A.; MARQUARDT, R. R.; HO,
D. Metabolism and excretion of ochratoxin A fed to sheep. J. Anim. Sci., 77, 1217–1223, 1999.
54. IAMANAKA, B. T.; OLIVEIRA, I. S.; TANIWAKI, M. H. Micotoxinas em alimentos. In: Anais da
Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, v. 7, p. 138-161, 2010.
55. IARC (International Agency for Research on Cancer). Some traditional herbal medicines,
some mycotoxins, naphthalene and styrene. Summary of data reported and evaluation.
In: IARC Monographs on the Evaluation of the Carcinogenic Risk to Humans, v. 82, p 171–175,
Int. Agency Res. Cancer, Lyon, France, 2002.
56. INGALLS, J. R. Influence of deoxynivalenol on feed consumption by dairy cows. Anim. Feed
Sci. Technol., 60, p. 297–300, 1996.
57. JAMES, L. F.; HARTLEY, W. J.; WILLIAMS, M. C.; VAN KAMPEN, K. R. Field and experimental
studies in cattle and sheep poisoned by nitro-bearing Astragalus or their toxins. Am. J. Vet.
Res., 41, 377–382, 1980.
58. JEONG, J. S.; LEE, J. H.; SIMIZU, Y.; TAZAKI, H.; ITABASHI, H.; KIMURA, N. Effects of the
Fusarium mycotoxin deoxynivalenol on in vitro rumen fermentation. Anim. Feed Sci. Technol.,
162, p. 144–148, 2010.
59. JIANG, Y.; OGUNADE, I. M.; KIM, D. H.; LI, X.; PECH-CERVANTES, A. A.; ARRIOLA, K. G.;
OLIVEIRA, A. S.; DRIVER, J. P.; FERRARETTO, L. F.; STAPLES, C. R.; VYAS, D.; ADESO-
GAN, A. T. Effect of adding clay with or without a Saccharomyces cerevisiae fermentation
product on the health and performance of lactating dairy cows challenged with dietary aflatoxin
B1. Journal of Dairy Science, v. 101, n. 4, p. 3008-3020, 2018.
60. JIANG, Y. H.; YANG, H. J.; LUND, P. Effect of aflatoxin B1 on in vitro ruminal fermentation of
rations high in alfalfa hay or ryegrass hay. Anim. Feed Sci. Technol., 175, 85–89, 2012.
61. JONES, M. G.; EWART, J. M. Effects on milk production associated with consumption of decor-
ticated extracted groundnut meal contaminated with aflatoxin. Vet. Rec., 105, p. 492–493, 1979.
62. JONES, E. R. H.; LOWE, G. The biogenesis of tricothecen. Chem. Soc. J., 63, p. 3959–3962,
1960.
63. KABAK, B.; DOBSON, A. D. W.; VAR, I. Strategies to prevent mycotoxin contamination of food
and animal feed: A review. Crit. Rev. Food Sci. Nutr., 46, p. 593–619, 2006.
64. KEESE, C.; MEYER, U.; REHAGE, J.; SPILKE, J.; BOGUHN, J.; BREVES, G.; DÄNICKE, S.
On the effects of the concentrate proportion of dairy cow rations in the presence and absen-
ce of a fusarium toxin-contaminated triticale on cow performance. Arch. Anim. Nutr, 62, p.
241–262, 2008a.
173
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
65. KEESE, C.; MEYER, U.; REHAGE, J.; SPILKE, J.; BOGUHN, J.; BREVES, G.; DÄNICKE, S.
Ruminal fermentation patterns and parameters of the acid base metabolism in the urine a in-
fluenced by the proportion of concentrate in the ration of dairy cows with and without Fusarium
toxin-contaminated triticale. Arch. Anim. Nutr., 62, p. 287–302, 2008b.
66. KIYOTHONG, K.; ROWLINSON, P.; WANAPAT, M.; KHAMPA, S. Effect of mycotoxin deacti-
vator product supplementation on dairy cows. Anim. Prod. Sci., 52, p. 832–841, 2012.
67. LEWIS, G.; MARKSON, L. M.; ALLCROFT, R. The effect of feeding toxic groundnut meal to
sheep over a period of five years. Vet. Proc., 80, p. 312–314, 1967.
68. LILLEHOJ, E. B. Aflatoxin: an ecologically elicited activation signal. In: Mycotoxins and
Animal Foods (J. E. Smith and R. A. Anderson). CRC Press, Boca Raton, FL, p. 119-139, 1991.
69. LIU, Y.; WU, F. Global burden of aflatoxin-induced hepatocellular carcinoma: A risk assessment.
Environ. Health Perspect., 118, p. 818–824, 2010.
70. LLOYD, W. E. Citrinin and ochratoxin toxicoses in cattle in the United States. In Proce-
edings of the 2nd International Symposium of Veterinary Laboratory Diagnosticians, Lucerne,
Switzerland, 24–26 , p. 435–439, 1980.
71. MASOERO, F.; GALLO, A.; MOSCHINI, M.; PIVA, G.; DIAZ, D. Carryover of aflatoxin from feed
to milk in dairy cows with low or high somatic cell counts. Animal, n. 1, p. 1344–1350, 2007.
72. MATHUR, S. Fumonisin B1 is hepatotoxic and nephrotoxic in milk-fed calves. Toxicol. Sci.,
n. 60, p. 385–396, 2001.
73. MERTENS, D.R.; Wyatt, R.D. Acute aflatoxicosis in lactating dairy cows. J. Dairy Sci., 60,
153–154, 1977.
74. MIROCHA, C. J., PATHRE, S. Identification of the toxic principle in a sample of poaefusarin.
Appl Microbiol, v.26, p.719-724, 1973.
75. MOJTAHEDI, M. Effect of aflatoxin B1 on in vitro rumen microbial fermentation responses using
batch culture. Annu. Rev. Res. Biol., 3, 686–693, 2013.
76. MORGAVI, D.P.; Martin, C.; Boudra, H. Fungal secondary metabolites from Monascus spp.
Reduce rumen methane production in vitro and in vivo. J. Anim. Sci., 91, 848–860, 2013.
77. MORGAVI, D.P.; BOUDRA, H.; JOUANY, J.P.; Michalet-Doreau, B. Effect and stability of glio-
toxin, an Aspergillus fumigatus toxin, on in vitro rumen fermentation. Food Addit. Contam.,
21, 871–878, 2004.
78. NIELSEN, K.F.; SUMARAH, M.W.; FRISVAD, J.C.; MILLER, J.D. Production of metabolites
from the Penicillium roqueforti complex. J. Agric. Food Chem., 54, 3756–3763, 2006.
79. NIDERKORN, V.; MORGAVI, D.P.; PUJOS, E.; TISSANDIER, A.; BOUDRA, H. Screening of
fermentative bacteria for their ability to bind and biotransform deoxynivalenol, zearalenone and
fumonisins in an in vitro simulated corn silage model. Food Addit. Contam., 24, 406–415, 2007.
80. O’BRIEN, M.; NIELSEN, K.F.; O’KIELY, P.; FORRISTAL, P.D.; FULLER, H.T.; FRISVAD, J.C.
Mycotoxins and other secondary metabolites produced in vitro by Penicillium paneum Frisvad
and Penicillium roqueforti Thom isolated from baled grass silage in Ireland. J. Agric. Food
Chem., 54, 9268–9276, 2006.
174
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
81. OSWEILER, G.D.; KEHRLI, M.E.; STABEL, J.R.; Thurston, J.R.; Ross, P.F.; Wilson, T.M.
Effects of fumonisin-contaminated corn screenings on growth and health of feeder calves. J.
Anim. Sci., 71, 459–466, 1993.
83. OZPINAR, H.; AUGONYTE, G.; DROCHNER, W. Inactivation of ochratoxin in ruminal fluid with
variation of pH-value and fermentation parameters in an in vitro system. Environ. Toxicol.
Pharmacol., 7, 1–9, 1999.
84. PATTERSON, D.S.; ANDERSON, P.H. Recent aflatoxin feeding experiments in cattle. Vet.
Rec., 110, 60, 1982.
85. PESTKA, J.J. Deoxynivalenol: Toxicity, mechanisms and animal health risks. Anim. Feed Sci.
Technol., 137, 283–298, 2007.
86. PITTET, A. Natural occurence of mycotoxins in foods and feeds – an updated review. Revue
de Médecine Vétérinaire, v. 6, n. 149, p. 479-492, 1998.
88. RICHARD, J. L.; et al. Mycotoxins: risks in plant, animal, and human systems. In: Iowa:
Council for Agricultural Science and Technology, 2003.
89. RIBELIN, W. E., Fukushima, K.; Still, P. E. The toxicity of ochratoxin A to ruminants. Can. J.
Comp. Med., 42, p. 172-176, 1978.
90. ROSS, P. F.; NELSON, P. E.; RICHARD, I. D.; OSWEILLER, G. D.; RICE, L. G.; PLATTNER, R.
D.; WILSON, T. M. Production of fumonisins by Fusarium moniliforme and Fusarium proliferatum
isolates associated with equine leukoencephalomalacia and a pulmonary edema syndrome in
swine. Appl.Environ. Microbiol., v.56, p.3225-3226, 1990.
92. SABATER-VILAR, M.; MAAS, R.F.M.; DE BOSSCHERE, H.; DUCATELLE, R.; FINK-GREM-
MELS, J. Patulin produced by an Aspergillus clavatus isolated from feed containing malting
residues associated with a lethal neurotoxicosis in cattle. Mycopathologia, 158, 419–426, 2004.
93. SANTIN, E.; MAIORKA, A.; ZANELLA, I.; MAGON, L. Micotoxinas do Fusarium spp na avicul-
tura comercial. Revista Ciência Rural, v. 31, n. 1, p. 185-190, 2001.
94. SARGEANT, K.C.R.B.A.A.R. Chemistry and origin of aflatoxins, Chemical Ind. London,
53–55, 1963.
95. SCUDAMORE, K.A.; LIVESEY, C.T. Occurrence and Significance of Mycotoxins in Forage
Crops and Silage: A Review. J. Sci. Food Agric., 77, 1–17, 1998.
175
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
97. SMITH, J. F.; DI MENNA, M. E.; MCGOWAN, L. T. Reproductive performance of Coopworth
ewes following oral doses of zearalenone before and after mating. J. Reprod. Fertil., 89, p.
99–106, 1990.
98. SREEMANNARAYANA, O.; FROHLICH, A. A.; VITTI, MARQUARDT, T. G.; R. R.; ABRAMSON,
D. Studies of tolerance and disposition of ochratoxin A in young calves. J. Anim. Sci., 66, p.
703-1711, 1988.
100. SULIMAN, H.B.; MOHAMED, A.F.; AWADELSIED, N.A.; SHOMMEIN, A.M. Acute mycotoxicosis
in sheep: Field cases. Vet. Hum. Toxicol., 29, 241–243, 1987.
101. TAPIA, M.O.; STERN, M.D.; SORACI, A.L.; MERONUCK, R.; OLSON, W.; GOLD, S.; KOSKI
HULBERT, R.L.; MURPHY, M.J. Patulin-producing molds in corn silage and high moisture corn
and effects of patulin on fermentation by ruminal microbes in continuous culture. Anim. Feed
Sci. Technol., 119, 247–258, 2005.
102. TAMM, C.; BREITENSTEIN, W. The biosynthesis of mycotoxins. In: Steyn, P.S. (Ed.), My-
cotoxins: A Study in Secondary Metabolism. Academic Press, New York, p. 69–91, 1984.
103. THOMPSON, W.L., WANNEMACHER, R.W. Jr. In vivo effects of T-2 mycotoxin on synthesis
of proteins and DNA in rat tissues. Toxicol Appl Pharmacol, v.105 n.3, p. 483-491, 1990.
104. TRENHOLM, H.L.; THOMPSON, B.K.; MARTIN, K.E.; GREENHALGH, R.; MCALLISTER, A.J.
Ingestion of vomitoxin (Deoxynivalenol)-contaminated wheat by nonlactating dairy cows. J.
Dairy Sci., 68, 1000–1005, 1985.
105. TRIPATHI, M.K.; MONDAL, D.; KARIM, S.A. Growth, haematology, blood constituents and
immunological status of lambs fed graded levels of animal feed grade damaged wheat as
substitute of maize. J. Anim. Physiol. Anim. Nutr., 92, 75– 85, 2008.
106. TOWERS, N. R.; SPOSEN, J. M. Zearalenone-induced infertility in sheep and cattle in New
Zealand. N.Z. Vet. J., 41: 223-224, 1993.
107. TOWNER, R. A.; HASHIMOTO, H.; SUMMERS, P. M. Noninvasive in vivo magnetic resonance
imaging assessment of acute aflatoxin B1 hepato-toxicity in rats. Biochem. Biophys. Acta,
1475, p. 314-320, 2000.
108. TÜLLER, G.; ARMBRUSTER, G.; WIEDENMANN, S.; HÄNICHEN, T.; SCHAMS, D.; BAUER,
J. Occurrence of roquefortine in silage toxicological relevance to sheep. J. Anim. Physiol.
Anim. Nutr., 80, 246–249, 1998.
109. UPADHAYA, S. D.; PARK, M. A.; HA, J. K. Mycotoxins and their biotransformation in the rumen:
A review. Asian-australasian. J. Anim. Sci., 23, 1250–1260, 2010.
110. VISCONTI, A.; BOENKE, A; DOKO, M. B.; SOLFRIZZO, M.; PASCALE, M. Occurrence of
fumonisin in Europe and BCR: measurements and testing projects. Natural Toxins, v. 3, n. 4,
p. 269-274, 1995.
111. WANG, E., ROSS, F.P., WILSON, T.M., RILEY, R.T., MERRILL, A.H. Jr. Increases in serum
sphingosine and sphinganine and decreases in complex sphingolipids in ponies given feed
containing fumonisins, mycotoxins produced by Fusarium moniliforme. J. Nutr. 122, 1706–1716,
1992.
176
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
112. WEAVER, G. A.; KURTZ, H. J.; BEHRENS, J. C.; ROBISON, T. S.; SEGUIN, B. E.; BATES,
F. Y.; MIROCHA, C. J. Effect of zearalenone on the fertility of virgin dairy heifers. Am. J. Vet.
Res., 47, 1395–1397, 1986a.
113. WEAVER, G. A.; KURTZ, H. J.; BEHRENS, J. C.; ROBISON, T. S.; SEGUIN, B. E.; BATES,
F. Y.; MIROCHA, C. J. Effect of zearalenone on dairy cows. Am. J. Vet. Res., 47, 1826–1828,
1986b.
114. WESTLAKE, K.; MACKIE, R.I.; DUTTON, M.F. In vitro metabolism of mycotoxins by bacterial,
protozoal and ovine ruminal fluid preparations. Anim. Feed Sci. Technol., 25, 169–178, 1989.
115. WINKLER, J.; KERSTEN, S.; MEYER, U.; ENGELHARDT, U.; DÄNICKE, S. Residues of ze-
aralenone (ZEN), deoxynivalenol (DON) and their metabolites in plasma of dairy cows fed
Fusarium contaminate maize and their relationships to performance parameters. Food Chem.
Toxicol., 65, 196–204, 2014.
116. WHITLOW, L.; HAGLER, W. Mold and mycotoxin issues in dairy cattle: Effects, prevention and
treatment. Extention, 1–22, 2010.
117. WHITLOW, L. W.; HAGLER JUNIOR, W. M. Mycotoxins in dairy cattle. In: MOLIN, R; VALEN-
TINI, M. L. Editor: Simpósio Sobre Micotoxinas em Grãos. São Paulo: Fundacao Cargil, p.
151-181, 1999.
118. YIANNIKOURIS,A.; JOUANY, J.P. Mycotoxins in feeds and their fate in animals: a review.
Animal Research, v.51, p.81-99, 2002.
119. ZINEDINE,
A.; SORIANO, J.M.; MOLTÓ, J.C.; MAÑES, J. Review on the toxicity, occurrence,
metabolism, detoxification, regulations and intake of zearalenone: An oestrogenic mycotoxin.
Food Chem. Toxicol., 45, 1–18, 2007.
177
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
12
Influência da época do ano no valor
nutritivo das forragens consumidas
por bovinos de corte criados a pasto
10.37885/210504646
RESUMO
179
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
180
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DESENVOLVIMENTO
181
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Pastagens naturais em determinadas situações podem ser uma opção para a alimen-
tação dos rebanhos, no entanto, como os sistemas de produção buscam se tornar casa vez
mais eficientes, a introdução de plantas forrageiras mais produtivas, que permitem aumen-
tar a produtividade do pasto e, consequentemente, a taxa de lotação, tem se tornado uma
importante ferramenta de produção (ALMEIDA, 2014). Através do uso de variedades mais
produtivas, pode ocorrer excedente de produção em período de condições climáticas favo-
ráveis, como o período das águas, os quais podem ser utilizados para produção de feno e
silagem (ARAÚJO FILHO, 2015).
Segundo Araújo Filho (2015), as plantas forrageiras mais utilizadas no ecossistema
de pastagem no Brasil são as gramíneas e leguminosas, caracterizadas como: Gramíneas
forrageiras: são plantas principalmente de metabolismo C4 de crescimento cespitoso (cresci-
mento ereto), estolonífero (rasteiro) ou decumbente onde pode-se citar Pannisetum, Panicum,
Cynodon e Brachiaria (Tabela 1). São plantas perenes, ou seja, são capazes de rebrotar
após o corte e/ou pastejo e leguminosas forrageiras, as quais apresentam metabolismo C3,
podendo apresentar crescimento rasteiro como o Arachis pinto, arbustivas e arbóreas.
182
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Como pode ser visto na tabela acima, existe no mercado grande diversidade de gê-
neros e cultivares de gramíneas forrageira disponíveis, onde a utilização de cada uma vai
depender da região onde será implantada, nível tecnológico empregado e práticas de manejo
adotada. Quando implantada e manejada corretamente torna possível aumento da produção
de matéria seca por hectare, consequentemente há elevação na taxa de lotação e no ganho
de peso dos animais, tornando o sistema de produção mais sustentável.
183
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
forragem produzida, alterando o comportamento ingestivo e o consumo de forragem dos
animais em pastejo (FERNANDES, 2016).
Em decorrência do desenvolvimento da planta forrageira, ocorre aumento no teor de
fibra, especialmente com início do estádio reprodutivo, contribuindo para redução do teor
de proteína e carboidratos solúveis. Queiroz (2007), observou redução da concentração de
proteína e aumento do teor de fibra, redução na digestibilidade quando o capim marandu
foi colhido com 60 dias de rebrota ao invés de 30 dias.
O nível de degradabilidade ruminal da proteína do pasto torna-se variável entre as di-
ferentes épocas do ano. Esta degradabilidade determinara a disponibilidade de compostos
nitrogenados no rúmen para o crescimento microbiano, assim como a disponibilidade de
aminoácidos que chegam ao intestino delgado, provenientes da síntese de proteína micro-
biana e da fração proteica não degradada no rúmen.
Ao analisar as frações da proteína bruta (PB) da forragem observam-se, frequente-
mente, maiores valores das frações A: nitrogênio não proteico, B2: proteína verdadeira
(degradação intermediária) e B3: proteína de lenta degradação, associada à fibra (Sistema
Cornell). Diferentes proporções dessas frações geram diferentes quantidades de proteína
degradável no rúmen, devido cada fração possuir taxa de degradação específica (SNIFFEN
et al. 1992), tendo suas proporções alteradas conforme a estação do ano.
Durante o período de transição de secas-águas a forrageira inicia a rebrota, onde os
brotos são tenros e com maiores quantidades de nitrogênio não proteico (fração A), neces-
sitando manejo adequado dos animais antes desse período, para que seja consumido o
material velho (senescente), pois com a rebrota os animais tendem a deixar de consumir
matérias remanescente e se alimentarem somente de material novo, dificultando o restabe-
lecimento do estande de plantas.
Na época das águas a forragem apresenta um intenso crescimento, com maior diges-
tibilidade, contendo de nutrientes suficientes para promover o adequado crescimento dos
animais. À medida que a forragem vai amadurecendo e aumentando a quantidade de ma-
terial senescente e morto, caracterizado pela transição de águas-secas, os animais tendem
a diminuir o consumo, com consequente redução no ganho de peso, pois o pasto reduz a
qualidade, diminuído a digestibilidade e ocorre principalmente, a redução no teor de proteína
e aumento da concentração de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi).
No decorrer da época da seca o crescimento da forragem é interrompido devido re-
duzida ou nula precipitação, resultando em forragem de baixa qualidade, com aumento de
materiais indigestíveis, como a lignina a qual não é possível de ser digerida pelos microrga-
nismos ruminais, diminuindo os precursores para uma correta multiplicação e crescimento
microbiano ruminal, reduzindo o desempenho animal.
184
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
De acordo com Dove (1998) durante o período seco do ano, ocorre aumento dos
teores de celulose, hemicelulose e lignina, tornando a forragem mais resistente, ocorrendo
aumento nas ligações entre celulose e lignina, tendo como consequência para o animal,
mais dificuldades na mastigação, ruminação e fermentação pelos microrganismos ruminais.
Reconhecidamente, a lignina constitui elemento chave que limita a digestibilidade da
FDN, mas, segundo Jung e Allen (1995), a ligação cruzada entre lignina os polissacarídeos
da parede celular, notadamente hemicelulose, e o ácido ferrúlico são pré-requisitos para
a ocorrência deste efeito. Assim, a composição da lignina influencia seu impacto sobre a
digestibilidade e o consumo, e indica necessidade de discriminação qualitativa para sua uti-
lização mais eficaz em modelos de predição de digestão e consumo (OLIVEIRA et al. 2011).
A eficiência de produção da forragem está diretamente relacionada às condições am-
bientais prevalecentes na área e às práticas de manejo adotadas. Dessa forma, fatores
como temperatura, luz, água e nutrientes condicionam o potencial fotossintético do dos-
sel, em consequência de alterações na área foliar e na habilidade fotossintético da planta
(MARCELINO et al. 2006).
Em plantas de metabolismo C4, existem evidências que a assimilação e absorção do
nitrato são fortemente reduzidas quando se tem pouca ou nenhuma precipitação (BECKER
e FOCK, 1986; FOYER et al. 1998). Em situação de estresse hídrico, a redutase do nitra-
to é pouco ativa e a fotossíntese diminui devido fechamento estomático (Kaiser e Huber,
2001). Com isso a intensa desidratação do mesófilo diminui a capacidade fotossintética das
folhas, reduzindo o influxo do nitrato, reduzindo a atividade da enzima, a qual é altamente
dependente de seu substrato. Além da contribuição com a energia para redução do nitrato,
a fotossíntese contribui com a redução do nitrito em folhas, pois é dependente de elétrons
via ferredoxina. A sensível redução na atividade da redutase do nitrato em folhas observadas
em estresse hídrico resulta do prejuízo da atividade fotossintética das folhas e redução do
influxo de nitrato. Com isso pode-se explicar a queda no teor de proteína durante a épo-
ca seca do ano (MARQUES da SILVA e ARRABAÇA, 2004; CARMO-SILVA et al. 2007;
GHANNOUM, 2009).
Através de alguns estudos disponíveis na literatura, torna-se possível verificar a influên-
cia da época do ano sobre a composição nutricional da forragem consumida por bovinos de
corte criados em sistema de pastagem (Tabela 2).
185
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Tabela 2. Composição bromatológica do pasto em diferentes épocas do ano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ARAÚJO FILHO, J. A. Revista Alimentação v.15, n.6, p.10-11. 2015.
188
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
4. BECKER, T. W., FOCK, H. P. (1986) Effects of water stress on the gas exchange, the ac-
tivities of some enzymes of carbon and nitrogen metabolism, and on the pool sizes of
some organic acids in maize leaves. Photosynthesis Research 8: p. 175–181.
7. DE PAULA, N. F.; PAULINO, M. F.; COUTO, V. R. M.; DETMANN, E.; BARROS, L. V.; MACIEL,
I. S. F.; LOPES, S. A.; VALENTE, E. E. L.; ZERVOUDAKIS, J. T.; MARTINS, L. S. Effects of
supplementation plan on intake, digestibility, eating behavior, growth performance, and
carcass characteristics of grazing beef cattle. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 40,
n. 6, suplemento 2, p. 3233-3248, 2019.
9. DIAS, D. L. S; SILVA, R. R.; SILVA, F. F.; CARVALHO, G. G. P.; BRANDÃO, R. K. C.; SIL-
VA, A. L. N.; BARROSO, D. S.; LINS, T. O. L. D.; MENDES, F. B. L. Recria de novilhos em
pastagem com e sem suplementação proteico/energética nas águas: consumo, diges-
tibilidade dos nutrientes e desempenho. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 36, n. 2,
p. 985-998, mar./abr. 2015.
10. DOVE, H. The ruminant,the rumen and the pasture resouce: nutrient interactions in
grazing animal. In HODGSON, JILLIUS, A.W. (ed). The ecology and management in grazing
systems. 2. Ed. Londo: CAB International, 1998. 466p.
11. EUCLIDES, V. P. B.; MACEDO, M. C. M.; VALLE, C. B. do; BARBOSA, R. A.; GONÇALVES,
W. V. Produção de forragem e características da estrutura do dossel de cultivares de
Brachiaria brizantha sob pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, p.1805-1812, 2008.
14. FIGUEIRAS JF, DETMANN E, VALADARES FILHO S.C., et al. Desempenho nutricional de
bovinos em pastejo durante a estação de transição seca-chuvosa com suplementação
protéica. Arch Zootec. 2015; 64 : 269-276.
15. FIGUEIREDO, D. M.; PAULINO, M. F.; SALES, M. F. L.; VALADARES FILHO, S. C.; DETMANN,
E.; BARROS, L. V. Levels of ground corn supplied to beef heifers at pasture during the
rainy season: productive performance, intake, digestibility and microbial efficiency.
Revista brasileira de Zootecnia, v.40, n.11, p.2523-2531, 2011.
16. GHANNOUM, O. C4 photosynthesis and water stress. Annals of Botany 103: p. 635– 644.
(2009)
189
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
17. GUERRA FILHO, P. A. Sensibilidade da Brachiaria brizantha cv. Marandu ao excesso de
água no solo. 2012. Dissertação (Mestrado em Irrigação e Drenagem) - Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, Piracicaba.
18. HORWITZ, W.; LATIMER JUNIOR, G.W. (Ed.). Official methods of analysis of the associa-
tion analytical chemists. 18th ed. Maryland: AOAC International, 2005.
19. HENNESSY, D.W.; NOLAN, J.V. Nitrogen kinetics in cattle fed a mature subtropical grass
hay with and without protein meal supplementation. Australian Journal of Agricultural Re-
search, v.39, p.1135-1150, 1988.
20. JUNG, H.G.; ALLEN, S. Characteristics of plant cell walls affecting intake and digestibility
of forages by ruminants. Journal of Animal Science, v.73, p.2774-2790, 1995.
21. KAISER, W.M., HUBER, S.C. Post-translational regulation of nitrate reductase: mechanism,
physiological relevance and environmental triggers. Journal of Experimental Botany, v. 52,
n. 363, Plants under Stress Special Issue, p. 1981- 1989, 2001.
22. LIMA, J.B.M.P; RODRIGUEZ, G.B; MARTHA JUNIOR, G.B. et al. Suplementação de novilhos
Nelore sob pastejo, no período de transição águas-seca. Arquivo brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia. v.64, n.4, p.943-952, 2012.
23. LOPES, S. A.; PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; VALENTE, E. E. L.; MACIEL, I. S. F; RENNÓ, L.
N.; VALADARES, R. F. D.; CARDENAS, J. E. G.; ALMEIDA, D. M.; MOURA, F. H.; OLIVEIRA,
C. A. S. Evaluation of supplementation plans for suckling beef calves managed on tropi-
cal pasture. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 38, n. 2, p. 1027-1040, mar./abr. 2017.
24. MACHADO, L. A. Z.; LEMPP, B.; VALLE, C. B. do; JANK, L.; BATISTA, L. A. R.; POSTIGLIO-
NI, S. R.; RESENDE, R. M. S.; FERNANDES, C. D.; VERZIGNASSI, J. R.; VALENTIM, J. F.;
ASSIS, G. M. L. de; ANDRADE, C. M. S. de. Principais espécies forrageiras utilizadas em
pastagens para gado de corte. Embrapa, 2010. 41p.
25. MAGALHÃES, J. A.; CARNEIRO, M. S. de S.; ANDRADE, A. C.; PEREIRA, E. S.; SOUTO, J.
S.; PINTO, M. S. de C.; RODRIGUES, B. H. N.; COSTA, N. de L.; MOCHEL FILHO, W. J. E.
Eficiência do nitrogênio, produtividade e composição do capimandropogon sob irrigação
e adubação.Archivos deZootecnia. Córdoba, v. 61, n.236, p. 577-588, 2012.
26. MARCELINO, K. R. A.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; SILVA, S. C. et al. Característica morfogê-
nicas e estruturais e produção de forragem do capim Marandu submetido a intensidades
e frequências de desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p. 2243-2252,2006.
27. MARQUES da SILVA, J., ARRABAÇA, M. C. (2004) Photosynthesis in the Waters tressed
C4 grass Setaria sphacelata is mainly limited by stomata with both rapidly and slowly
imposed water deficits. Physiologia Plantarum 121: 409–420.
29. NEVES, D. S. B.; SILVA, R. R.; SILVA, F. F..; SANTOS, L. V.; ABREU FILHO, G.; SOUZA, S.
O. ROCHA, W. J.; SILVA, A. P. G.; LISBOA, M. M.; PEREIRA, M. M. S.; CARVALHO, V. M. In-
creasing levels of supplementation for crossbred steers on pasture during the dry period
of the year. Tropical Animal Health and Production. doi.org/10.1007/s11250-018-1574-y, 2018.
190
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
30. OLIVEIRA, A. S.; DETMANN, E.; CAMPOS, J. M. S. et al. Meta-análise do impacto da fibra
em detergente neutro sobre o consumo, a digestibilidade e o desempenho de vacas
leiteiras em lactação. Revista brasileira de Zootecnia, v.40, n.7, p.1587-1595, 2011.
31. ORTEGA, R. M.; PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; RENNÓ, L. N.; SILVA, A. G.; MARQUEZ,
D. L. M.; MOURA, F. H.; BITENCOURT, J. A. Quantities of supplements for grazing beef
heifers in the dry-rainy transition season. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 37, n. 1,
p. 461-472, jan./fev. 2016.
32. PAULINO, M. F.; DETMANN, E.; VALENTE, E. E. L.; BARROS, L. V. de. Nutrição de bovinos
em pastejo. In: simpósio sobre manejo estratégico da pastagem,4., 2008, Viçosa. Anais...
Viçosa: DZO-UFV, 2008. p.131-169.
33. PAULINO, M.F.; ZAMPERLINI, B.; FIGUEIREDO, D. M.; MORAES, E.H. B. K.; FERNANDES,
H.J.; PORTO, M.O.; SALES, M.F.L.; PAIXÃO, M.L.; ACEDO, T.S.; DETMANN, E.; VALADA-
RES FILHO, S.C. Bovinocultura de precisão em pastagens. In: Simpósio internacional de
produção de gado de corte, 1., Viçosa, MG. Anais… 2006, p.361-411.
34. PAULINO, M. F., FIGUEIREDO, D. M., MORAES, E. H. B. K., PORTO, M. O., SALES, M. F.
S., ACEDO, T. S., VILLELA, S. D. J., VALADARES FILHO, S. C. Suplementação de bovinos
em pastagens: uma visão sistêmica.In: Proceedings of 4rd Symposium o fbeef cattle pro-
duction(Departamento de Zootecnia-UFV, Viçosa, Brasil), p. 93-139, 2004.
35. PAULINO, M. F.; ACEDO, T.S; SALES, M. F. L. et al. Suplementação como estratégia de
manejo das pastagens. In: Volumosos na produção de ruminantes: valor alimentício de for-
ragens. Jaboticabal. Anais. p.87-100, 2003.
36. PRADO, R. M. Manual de nutrição de plantas. FUNEP: Jaboticabal, SP. 2007, 500p.
38. REIS, R. A.; MELO G. M. P.; BERTIPAGLIA L. M. A.; OLIVEIRA, A. P.; Otimização da uti-
lização da forragem disponível através da suplementação estratégica. In: REIS R. A.;
SIQUEIRA, G. R.; BERTIPAGLIA, L. M. A.; OLIVEIRA, A. P.; MELO, G. M. P.; BERNARDES,
T. F. (Ed.). Volumosos na produção de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2005. p. 187-238.
39. RUFINO, L.M.A. Suplementação nitrogenada ruminal e/ou abomasal em bovinos alimen-
tados com forragem tropical de baixa qualidade. 2011. 44f. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia), Universidade Federal de Viçosa, 2011.
40. REYNOLDS, C.K.; KRISTENSEN, N.B. Nitrogen recycling through the gut and the nitro-
gen economy of ruminants: an asynchronous symbiosis. Journal of Animal Science, v.86,
p.E293-E305, 2008. (Electronic Supplement).
41. SALES, M. F. L.; PAULINO, M. F.; VALADARES FILHO, S. C.; FIGUEIREDO, D. M.; PORTO,
M. O.; Detmann, E. Supplementation levels for growing beef cattle grazing in the dry-rainy
transition season. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.4, p.904-911, 2011.
42. SANTOS, M. E. R.; FONSECA, D. M.; SILVA, G. P.; PIMENTEL, R. M.; CARVALHO, V. V.;
SILVA, S. P.; Estrutura do pasto de capim-braquiária com variação de alturas. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.39, n.10, p.2125-2131, 2010.
191
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
43. SERAFIM, R. S.; GALBIATTI, J. A. Efecto de laaplicación de la agua residual porcina enel
pasto Brachiaria brizantha cv. Marandu. Revista Colombiana de Ciência Animal, Sincelejo,
v. 4, n. 1, p. 185-203, 2012.
45. SNIFFEN, C.J. O`CONNOR, J.D. VAN SOEST, P.J. FOX, D.G. RUSSELL, J.B. A net carbohy-
drate and protein system for evaluating cattle diets: II. Carbohydrate and protein availability.
Journal of Animal Science.v.70, p.3562-3577.1992.
46. ZERVOUDAKIS, J.T.; SILVA, L. C. R. P.; SILVA, R.P.; JOSÉ NETO, A.; KOSCHECK, J. F.
W.; SILVA, R. G. F. Otimização do desempenho de bovinos por meio da suplementação
à pasto. I Simpósio Mato-grossense de Bovinocultura de Corte. Anais. 2011.
192
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
13
Monitoramento da qualidade de dietas
fornecidas e aumento da eficiência
alimentar de vacas em lactação: uma
revisão de literatura
10.37885/210504666
RESUMO
194
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo (FAO, 2021), sendo a cadeia pro-
dutiva do leite, uma das principais atividades econômicas, com forte efeito na geração de
emprego e renda. No ano de 2019, o valor bruto da produção primária de leite atingiu R$ 35
bilhões, sendo o sétimo maior dentre os produtos agropecuários nacionais (BRASIL, 2020).
Mesmo estando nas primeiras posições no ranking mundial de produção de leite e
de rebanho de vacas ordenhadas, ao analisar a produtividade por vaca, a situação é bem
diferente. Neste caso, o Brasil ocupa apenas a 84° posição com produtividade cinco vezes
menor quando comparamos com Israel e Estados Unidos, os dois primeiros colocados, que
ultrapassam 10 mil litros/vaca no ano (FAO,2019).
Existem diferentes maneiras de aumentar a produtividade por vaca em uma proprie-
dade leiteira, sendo um processo multifatorial dependente de ferramentas genética, manejo
sanitário e nutricional adequado, além de mão-de-obra eficiente. Sabe-se que uma das for-
mas de aumentar a produtividade de maneira sustentável, é obter animais de alta eficiência
produtiva. No entanto, vacas leiteiras de alta produção são desafiadoras e de alta exigência
nutricional. São animais exigentes, sobretudo quanto às condições de ambiência e alimen-
tação. Precisam de estrutura que forneça conforto e alimentos de alta qualidade em dietas
bem balanceadas, para expressar o potencial produtivo e serem eficientes economicamente
(ZEBELI et al., 2012).
Segundo Schwab e Broderick (2017) ao avaliar dietas para vacas leiteiras, percebe-
mos a necessidade de otimização de processos e resultados, principalmente no aspecto
nutricional e econômico, sobretudo no contexto atual de alta de preços de insumos utilizados
na formulação de dietas. Quando observamos este cenário, um dos pontos mais relevantes e
que devemos destacar é a nutrição proteica, basicamente por constituir uma grande parcela
dentro dos custos da dieta, bem como seus impactos ambientais (ST-PIERRE, N.R., 2012).
Buscando atingir o máximo proveito das atualizações que as novas pesquisas, mo-
delos de predição e por consequência programas de formulação vêm trazendo, devemos
sempre buscar melhorar cada vez mais os dados de entrada no software de formulação,
como correto peso da vaca, estimativas robustas e confiáveis de produção e composição
do leite produzido, frequentes análises para inferir a real composição dos alimentos e ava-
liar os resultados das dietas formuladas e que estão sendo fornecida aos animais. Sendo
sempre importante lembrar que existem três dietas na fazenda: (i) dieta formulada pelo
nutricionista; (ii) dieta produzida e misturada no vagão e (iii) dieta que as vacas realmente
estão consumindo. Esperamos que a diferença entre essas dietas sejam as mínimas pos-
síveis. Dessa forma a presente revisão tem como objetivo abordar o uso de ferramentas de
monitoramento nutricional e alimentar, para aumentar a eficiência alimentar, a saúde e a
195
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
longevidade, estimulando nossas vacas a produzir mais leite com dietas de qualidade, com
alto retorno econômico e de forma sustentável.
DESENVOLVIMENTO
Segundo Sova et al. (2014) para cada redução em 0,5 unidades no coeficiente de va-
riação de energia líquida de lactação há ganho de 3,2 Kg de leite/dia. Ou seja, variações nos
componentes nutricionais dos alimentos provocam inconsistências no suprimento nutricional
aos animais, podendo afetar negativamente seu desempenho. Para evitar deficiências ou
excessos de nutrientes que comprometem o desempenho ou a saúde dos animais, as for-
mulações devem utilizar margens de segurança na composição dos alimentos. As margens
de segurança aplicadas na formulação da dieta dependem, portanto, da variabilidade no
teor do nutriente de cada alimento.
A análise bromatológica tem como finalidade quantificar as substâncias nutritivas pre-
sentes nos alimentos, fornecendo informações importantes aos produtores e técnicos na
tomada de decisões para o planejamento alimentar e forrageiro do rebanho. Foi verificado que
a amostragem dentro de uma única fazenda, pode ser responsável por até 37% da variação
no teor de fibra em detergente neutro (FDN) da silagem de milho (SILVA & QUEIROZ, 2009).
Atualmente a digestibilidade do amido vem sendo constantemente estudada, e a
necessidade de análises bromatológicas completas, e que forneçam informações de di-
gestibilidade do amido são importantes. Uma vez que com informações laboratoriais de
digestibilidade, pode-se estimar a inclusão de alimentos energéticos, buscando uma formu-
lação de dieta eficiente com alto rendimento produtivo e econômico (FIRKINS et al., 2001;
FERRARETTO et al., 2012).
Um dos fatores de saúde ruminal que tem recebido atenção considerável é a acidose
ruminal, que é caracterizada por depressões do pH ruminal e frequentemente ocorre após
a substituição da fibra por carboidratos rapidamente fermentáveis, para atender às altas 198
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
exigências energéticas de vacas de alta produção leiteira (PLAIZIER et al., 2008). Sendo
assim, o conteúdo adequado de FDN da dieta e o comprimento das partículas da dieta das
vacas leiteiras ajuda a prevenir a ocorrência de acidose ruminal e promove uma função
ruminal saudável, sendo diretamente associada a maior longevidade das vacas leiteiras
(ZEBELI et al., 2012).
Segundo Mertens (1997) o conceito de FDN fisicamente efetivo foi desenvolvido para
refletir a capacidade de características físicas da fibra para estimular maior tempo de mas-
tigação e tamponamento salivar do rúmen, melhorando assim o pH ruminal e fornecendo
um ambiente capaz de melhorar a digestibilidade da fibra e a saúde ruminal. Uma que o
conteúdo adequado de FDN da forragem e o comprimento das partículas da dieta de vacas
leiteiras ajuda a prevenir a ocorrência de acidose ruminal e promove uma função ruminal
saudável (HEINRICHS e KONONOFF, 2013).
Vários estudos avaliaram o conceito de FDN fisicamente efetivo nas últimas décadas,
conforme demonstrado por Zebeli et al. (2012) e White et al. (2017). Sendo observado que o
aumento da ingestão de FDN fisicamente efetivo está associado a um aumento na atividade
mastigatória e pH ruminal (YANG e BEAUCHEMIN, 2009; WANG et al., 2017), maior teor
de gordura e proteína do leite (WOOLPERT et al., 2017).
Segundo Heinrichs e Kononoff (2013) medir a composição química e as propriedades
físicas dos alimentos volumosos, como no caso da silagem de milho, é um importante passo
para uma adequada formulação de ração. Os níveis de fibra efetiva, amido e proteína, jun-
tamente com o perfil de fermentação, influenciam o comportamento alimentar e a ingestão
de matéria seca das vacas leiteiras (OLIVEIRA et al., 2017). Sendo também importante
considerar que vacas leiteiras expressam padrões diários e consistentes de consumo de
ração e ruminação (NIU et al., 2017).
A ruminação é uma atividade dependente do consumo de matéria seca e principalmente
do consumo de FDN fisicamente efetivo. Sendo de grande relevância para a produção de
saliva e controle de pH ruminal (ANTANAITIS et al., 2016; SALFER, I.J., 2018). Uma das
formas de estimar o consumo de FDN fisicamente efetivo e o uso das peneiras separadoras
de partículas. Lammers et al. (1996) desenvolveu o Separador de Partículas da Penn State,
uma técnica de peneiramento para avaliação do comprimento de partículas dos alimentos.
Desde então, o uso das peneiras tem sido amplamente adotado nas fazendas. Com o uso
da peneira é possível avaliar o conteúdo de FDN fisicamente efetivo de uma dieta, sendo
determinado pela somatória da proporção de partículas retidas nas peneiras de 8 e 19 mm.
199
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Análise da taxa de ruminação na saúde e na produção de vacas leiteiras
200
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
de vacas leiteiras. Uma vez que segundo o tempo de ruminação foi correlacionado com a
atividade do estro (REITH e HOY, 2012) e parto (BÜCHEL e SUNDRUM, 2014).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ALLEN, M. S.; PIANTONI, P. Carbohydrate Nutrition: Managing energy intake and partitio-
ning through lactation. Veterinary Clinics of North America - Food Animal Practice, v.30,
p.577–597, 2014. https://doi.org/10.1016/j.cvfa.2014.07.004
3. BARBANO, D. M.; MELILLI, C.; OVERTON, T. R. Advanced use of FTIR spectra of milk for
feeding and health management. Cornell Nutrition Conference, p. 105-113. Syracuse, NY.
Cornell University, Ithaca, NY. 2014.
4. BERRY, D. P.; CROWLEY, J. J. Genetics of feed efficiency in dairy and beef cattle. Journal
of Animal Science, v. 91, p. 1594–1613, 2013. https://doi.org/10.2527/jas.2012-5862
5. BERRY, D. P., COFFEY, M. P.; PRYCE, J. E.; DE HAAS, Y.; LOVENDAHL, P.; KRATTENMA-
CHER, N.; CROWLEY, J. J.; WANG, Z.; SPURLOCK, D.; WEIGEL, K.; MACDONALD, K.;
VEERKAMP, R. F. International genetic evaluations for feed intake in dairy cattle through the
collation of data from multiple sources. Journal of Dairy Science. v.97, p.3894–3905, 2014.
https://doi.org/10.3168/jds.2013-7548
6. BIKKER, J. P.; VAN LAAR, H.; RUMP, P.J.; DOORENBOS, K.; VAN MEURS, G.M.; GRIFFIO-
EN, J. DIJKSTRA. Technical note: Evaluation of an ear-attached movement sensor to record
cow feeding behavior and activity. Journal of Dairy Science. v.97, p.2974–2979, 2014. https://
doi.org/10.3168/jds.2013-7560
202
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
7. BORGES, A.L.C.C. et al. Regulação da ingestão de alimentos. In: Alimentação de gado de
leite. Belo Horizonte: FEPMVZ, 412p. 2009.
10. CALAMARI, L.; SORIANI, N.; PANELLA, G.; PETRERA, F.; MINUTI, A; TREVISI, E. Rumination
time around calving: An early signal to detect cows at greater risk of disease. Journal of Dairy
Science. v.97, p.3635–3647, 2014. https://doi.org/10.3168/jds.2013-7709
11. CARPINELLI, N.A.; ROSA, F.; GRAZZIOTIN, R.C.B.; OSORIO, J.S. Technical note: a novel
approach to estimate dry matter intake of lactating dairy cows through multiple on-cow ac-
celerometers. Journal of Dairy Science. v. 102, n. 12, p. 11483-11490, 2019. http://dx.doi.
org/10.3168/jds.2019-16537
12. CASTRO, L.P.; PEREIRA, M. N.; DIAS, J. D.L.; LAGE, D.V.D.; BARBOSA, E. F.; MELO, R.P.;
FERREIRA, K.; CARVALHO, J.T.R.; CARDOSO, F.F.; PEREIRA, R.A.N.. Lactation performance
of dairy cows fed rehydrated and ensiled corn grain differing in particle size and proportion in
the diet. Journal of Dairy Science. v. 102, n. 11, p. 9857-9869, 2019. http://dx.doi.org/10.3168/
jds.2019-16559.
13. COLEMAN, S. W. Predicting forage intake by grazing ruminants. Ruminant Nutrition Sym-
posium, Florida. University of Florida Dairy Extension.p.72–90. 2005.
14. CONNOR, E. E. Invited review: Improving feed efficiency in dairy production: Challenges and
possibilities. Animal. v.9, p.395–408, 2015. https://doi.org/10.1017/S1751731114002997
15. DE TARSO, S.G.S. The rumen as a health thermometer: importance of ruminal function to the
metabolic balance in ruminants – mini review. Journal of Dairy, Veterinary & Animal. v.5,
p.3–5, 2017. http://dx.doi.org/10.15406/jdvar.2017.05.00139
16. DÓREA, J. R.; ROSA, G.; WELD, K.; ARMENTANO, L. Mining data from milk infrared spec-
troscopy to improve feed intake predictions in lactating dairy cows. Journal of Dairy Science.
v.101, p.5878–5889, 2018. https://doi.org/10.3168/jds.2017-13997
17. FAO- Food and Agriculture Organization of the United Nations. Dairy Market Review: Overview
of global dairy market developments in 2020, April 2021. Roma, Italy, 2021.
18. FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. FAO STAT - Livestock Primary.
Roma, Italy, 2019.
19. FERRARETTO, L. F.; CRUMP, P. M.; SHAVER, R. D. Effect of cereal grain type and corn
grain harvesting and processing methods on intake, digestion, and milk production by dairy
cows through a meta-analysis. Journal of Dairy Science. v.96, p.533–550, 2013. https://doi.
org/10.3168/jds.2012-5932
203
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
20. FERRARETTO, L. F., SHAVER, R. D. Effect of corn shredlage on lactation performance and total
tract starch digestibility by dairy cows. The Professional Animal Scientist. v.28, p.639–647,
2012. https://doi.org/10.15232/S1080-7446(15)30423-X
21. FIRKINS, J. L.; EASTRIDGE, M. L.; ST-PIERRE, N. R.; NOFTSGER, S. M. Effects of grain va-
riability and processing on starch utilization by lactating dairy cattle. Journal Animal Science.
v.79, p.218–238, 2001. https://doi.org/10.2527/jas2001.79E-SupplE218x
22. FREDIN, S.M.; FERRARETTO, L.F.; AKINS, M.S.; HOFFMAN, P.C.; SHAVER, R.D. Fecal
starch as an indicator of total-tract starch digestibility by lactating dairy cows. Journal of Dairy
Science. v. 97, n. 3, p. 1862-1871, 2014. http://dx.doi.org/10.3168/jds.2013-7395.
23. GARTHE, J.W.; ZUMMO, S. Determining forage moisture content with a microwave oven.
Penn State/College of Agricultural Sciences. Cooperative Extension. I-106. 2012. Acesso
em 23 de maio de 2021: https://extension.missouri.edu/media/wysiwyg/Extensiondata/Pub/
pdf/agguides/dairy/g03151.pdf
24. HEINRICHS, J.; KONONOFF, P. J. Penn State Particle Separator. Department of Dairy and
Animal Science, Penn State University, University Park, 2013. Acesso em 23 de maio de 2021:
https://extension.psu.edu/penn-state-particle-separator
25. KAUFMAN, E.I.; LEBLANC, S.J.; MCBRIDE, B.W.; DUFFIELD, T.F.; DEVRIES, T.J. Association
of rumination time with subclinical ketosis in transition dairy cows. Journal of Dairy Science.
v.99, p.1–15, 2016. https://doi.org/10.3168/jds.2015-10509
26. KAUFMAN, E. I.; ASSELSTINE, V. H.; LEBLANC, S. J.; DUFFIELD, T. F.; DEVRIES, T. J.
Association of rumination time and health status with milk yield and composition in early-lacta-
tion dairy cows. Journal of Dairy Science. v.101, p.462–471, 2018. https://doi.org/10.3168/
jds.2017-12909.
27. KHAFIPOURET, E.; LI, S.; TUN, H.; DERAKHSHANI, H.; MOOSSAVI, S.; PLAIZIER, J. Effects
of grain feeding on microbiota in the digestive tract of cattle. Animal Frontiers. v.6, p.13–19,
2016. http://dx.doi.org/10.2527/af.2016-0018
28. KING, M.T.; DANCY, M., K. M.; LEBLANC, S. J.; PAJOR, E. A.; DEVRIES, T. J. Deviations in
behavior and productivity data before diagnosis of health disorders in cows milked with an au-
tomated system. Journal of Dairy Science. v.100, p.8358–8371, 2017. https://doi.org/10.3168/
jds.2017-12723
29. LACERDA, M.J.R.; FREITAS, K.R.; SILVA, W.S. Determinação da matéria seca de forrageiras
pelos métodos de microondas e convencional. Bioscience Journal. v.25, p.185-190, 2009.
30. LAMMERS, B. P.; BUCKMASTER, D. R.; HEINRICHS, A. J. A simple method for the analysis
of particle sizes of forage and total mixed rations. Journal of Dairy Science. v.79, p.922–928,
1996. https://doi.org/10.3168/jds.S0022-0302(96)76442-1
31. LIN, Z.; MACLEOD, I.; PRYCE, J.E. Short communication: estimation of genetic parameters
for residual feed intake and feeding behavior traits in dairy heifers. Journal of Dairy Science.
v.96, p.2654–2656, 2013. https://doi.org/10.3168/jds.2012-6134
32. MERTENS, D. R. Creating a system for meeting the fiber requirements of dairy cows. Journal
of Dairy Science. v.80, p.1463–1481, 1997. https://doi.org/10.3168/jds.S0022-0302(97)76075-2
204
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
33. NIU, M.; YING, Y.; BARTELL, P.A.; HARVATINE, K.J. The effects of feeding rations that differ
in fiber and fermentable starch within a day on milk production and the daily rhythm of feed
intake and plasma hormones and metabolites in dairy cows. Journal of Dairy Science. v.100,
p.187–198, 2017. https://doi.org/10.3168/jds.2016-11129
34. NRC. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 7th rev. ed. The National Academies Press.
Washington, DC. 2001.
35. OLIVEIRA, A. S.; WEINBERG, Z. G.; OGUNADE, I. M.; CERVANTES, A. A. P. C.; ARRIOLA,
K. G.; JIANG, Y.; KIM, D.; LI, X.; GONÇALVES, M. C. M.; VYAS, D.; ADESOGAN, A. T. Meta-
-analysis of the effects of inoculation with homofermentative and facultative heterofermentative
lactic acid bacteria on silage fermentation, aerobic stability, and the performance of dairy cows.
Journal of Dairy Science. v.100, p.4587–4603, 2017. https://doi.org/10.3168/jds.2016-11815
36. PAUDYAL, S.; MAUNSELL, F.; RICHESON, J.; RISCO, C.; DONOVAN, A.; PINEDO, P. Peri-
partal rumination dynamics and health status in cows calving in hot and cool seasons. Journal
of Dairy Science. v.99, p.9057–9068, 2016. https://doi.org/10.3168/jds.2016-11203.
37. PLAIZIER, J.; KHAFIPOUR, E.; LI, S.; GOZHO, G.; KRAUSE, D. Subacute ruminal acidosis
(SARA), endotoxins and health consequences. Animal Feed Science and Technology 172,
9–21, 2012. https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2011.12.004
38. PLAIZIER, J.C.; KRAUSE, D.O.; GOZHO, G.N.; MCBRIDE, B.W. Subacute ruminal acidosis in
dairy cows: the physiological causes, incidence and consequences. The Veterinary Journal.
v. 176, n. 1, p.21-31, 2008. http://dx.doi.org/10.1016/j.tvjl.2007.12.016.
39. REITH, S.; HOY, S. Relationship between daily rumination time and estrus of dairy cows. Jour-
nal of Dairy Science. v. 95, n. 11, p. 6416-6420, 2012. http://dx.doi.org/10.3168/jds.2012-5316
40. SALFER, I.J.; MORELLI, M.C.; YING, Y.; ALLEN, M.S.; HARVATINE, K.J. The effects of source
and concentration of dietary fiber, starch, and fatty acids on the daily patterns of feed intake,
rumination, and rumen pH in dairy cows. Journal of Dairy Science. v. 101, n. 12, p. 10911-
10921, 2018. http://dx.doi.org/10.3168/jds.2018-15071.
41. SCHIRMANN, K.; CHAPINAL, N.; WEARY, D. M.; HEUWIESER, W.; VON KEYSERLINGK,
M. A. G. Rumination and its relationship to feeding and lying behavior in Holstein dairy cows.
Journal of Dairy Science. v.95, p.3212–3217, 2012. https://doi.org/10.3168/jds.2011-4741
42. SCHWAB, C.G.; BRODERICK, G.A. A 100-Year Review: protein and amino acid nutrition
in dairy cows. Journal of Dairy Science. v.100, n. 12, p. 10094-10112, 2017. http://dx.doi.
org/10.3168/jds.2017-13320
43. SHETTY, N.; LØVENDAHL, P.; LUND, M. S.; BUITENHUIS, A. J. Prediction and validation of
residual feed intake and dry matter intake in Danish lactating dairy cows using mid-infrared spec-
troscopy of milk. Journal of Dairy Science. v.100, p.253–264, 2017. https://doi.org/10.3168/
jds.2016-11609
44. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed.
Viçosa, MG: UFV, 235 p. 2009.
45. SORIANI, N.; TREVISI, E.; CALAMARI, L. Relationships between ruminantion time, metabolic
conditions, and health status in dairy cows during the transition period. Journal of Animal
Science, v.90, p.4544–4554, 2012. https://doi.org/10.2527/jas.2012-5064
205
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
46. SORIANI, N.; PANELLA, G.; CALAMARI, L. Rumination time during the summer season and its
relationships with metabolic conditions and milk production. Journal of Dairy Science, v.96,
p.1–13, 2013. https://doi.org/10.3168/jds.2013-6620
47. SOVA, A.D.; LEBLANC, S.J.; MCBRIDE, B.W.; DEVRIES, T.J. Accuracy and precision of total
mixed rations fed on commercial dairy farms. Journal of Dairy Science. v. 97, n. 1, p. 562-
571, jan. 2014. American Dairy Science Association. http://dx.doi.org/10.3168/jds.2013-6951
48. STONE, A. E.; JONES, B. W.; BECKER, C. A.; BEWLEY, J. M. Influence of breed, milk yield,
and temperature-humidity index on dairy cow lying time, neck activity, reticulorumen tempe-
rature, and rumination behavior. Journal of Dairy Science. v.100p.2395–2403, 2017. https://
doi.org/10.3168/jds.2016-11607
49. ST-PIERRE, N. R. The costs of nutrients, comparison of feedstuffs prices and the current dairy
situation. Buckeye News. The Ohio State University Extension, 2012. Disponível em: https://
dairy.osu.edu/newsletter/buckeye-dairy-news/volume-14-issue-2/costs-nutrients-comparison-
-feedstuffs-prices-and
50. TEMPELMAN, R. J.; SPURLOCK, D. M.; COFFEY, M.; VEERKAMP, R. F.; ARMENTANO, L. E.;
WEIGEL, K. A.; DE HAAS, Y.; STAMPLES, C. R.; CONNOR, E. E.; LU, Y.; VANDEHAAR, M.
J. Heterogeneity in genetic and nongenetic variation and energy sink relationships for residual
feed intake across research stations and countries. Journal of Dairy Science. 98:2013–2026,
2015. https://doi.org/10.3168/jds.2014.8510
51. TRAN, H.; SALGADO, P.; TILLARD, E.; DARDENNE, P.; NGUYEN, X. T.; LECOMTE, P.
“Global” and “local” predictions of dairy diet nutritional quality using near infrared reflectance
spectroscopy. Journal of Dairy Science. v.93, p.4961–4975, 2010. https://doi.org/10.3168/
jds.2008-1893
52. VANDEHAAR, M. J.; ARMENTANO, L. E.; WEIGEL, K.; SPURLOCK, D. M.; TEMPELMAN, R.
J.; VEERKAMP, R. Harnessing the genetics of the modern dairy cow to continue improvements
in feed efficiency. Journal of Dairy Science. 99:4941–4954, 2016. https://doi.org/10.3168/
jds.2015-10352
53. VILLOT, C.; MARTIN, C.; BODIN, J.; DURAND, D.; GRAULET, B.; FERLAY, A.; MIALON,
M.M.; TREVISI, E.; SILBERBERG, M. Combinations of non-invasive indicators to detect dairy
cows submitted to high-starch-diet challenge. Animal. v.14, n. 2, p.388-398, 2020. http://dx.doi.
org/10.1017/s1751731119001629
54. WANG, H. R.; CHEN, Q.; CHEN, L. M.; GE, R. F.; WANG, M. Z.; YU, L. H.; ZHANG, J. Effects
of dietary physically effective neutral detergent fiber content on the feeding behavior, digestibi-
lity, and growth of 8- to 10-month-old Holstein replacement heifers. Journal of Dairy Science.
v.100, p.1161–1169, 2017. https://doi.org/10.3168/jds.2016-10924
56. WHITE, R. R.; HALL, M. B.; FIRKINS, J.; KONONOFF, P. J. Physically adjusted neutral deter-
gent fiber system for lactating dairy cow rations. I: Deriving equations that identify factors that
influence effectiveness of fiber. Journal of Dairy Science. v.100, p.9551–9568, 2017. https://
doi.org/10.3168/jds.2017-12765
206
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
57. WOOLPERT, M. E.; DANN, H.M.; COTANCH, K.W.; MELILLI, C.; CHASE, L.E.; GRANT, R.J.;
BARBANO, D.M. Management, nutrition, and lactation performance are related to bulk tank milk
de novo fatty acid concentration on Northeastern US dairy farms. Journal of Dairy Science.
v.99, p.8486–8497, 2016. https://doi.org/10.3168/jds.2016-10998
58. WOOLPERT, M. E.; DANN, H. M.; COTANCH, K. W.; MELILLI, C.; CHASE, L. E.; GRANT, R.
J.; BARBANO, D. M. Management practices, physically effective fiber, and ether extract are
related to bulk tank milk de novo fatty acid concentration on Holstein dairy farms. Journal of
Dairy Science. v.100, p.5097–5106, 2017. https://doi.org/10.3168/jds.2016-12046
59. YANG, W. Z.; BEAUCHEMIN, K. A. Increasing physically effective fiber content of dairy cow
diets through forage proportion versus forage chop length: Chewing and ruminal pH. Journal
of Dairy Science. v.92, p.1603–1615, 2009. https://doi.org/10.3168/jds.2008-1379
207
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
14
Avaliação do ambiente em pesquisas
sobre o comportamento dos suínos
em crescimento e terminação: uma
revisão sistemática
Vladimir de Oliveira
UFSM
10.37885/210504785
RESUMO
209
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína do mundo (ABPA, 2019) devido as
questões geoclimáticas, ao melhoramento genético, nutrição balanceada, manejos e instala-
ções adequadas para suínos. A adaptação do País às novas tendências de mercado garante
valor agregado ao produto final e abre mercado para países consumidores que exigem boas
práticas na criação de suínos.
A produção de suínos intensiva emprega o sistema de confinamento que melhora o
monitoramento dos animais e a renda para os criadores. No entanto, a manutenção dos ani-
mais em um ambiente de convívio contínuo em espaço limitado com fatores microclimáticos
estressantes pode alterar o comportamento natural dos animais e, alguns casos extremos,
provocar distúrbios comportamentais como agressividade e estereotipias. Por isso, deve-
-se manter os animais em ambientes com clima agradável e sem mudanças bruscas para
amenizar os efeitos deletérios (EINSFELD et al., 2014).
O bem-estar animal deve ser considerado durante todo o ciclo de vida dos suínos, com
práticas de manejo que minimizem os distúrbios (BRAUN, 2000). Para tanto, é importante
saber o que observar e qual ferramenta utilizar para este tipo de avaliação. O etograma é
uma ferramenta eficaz que é utilizada em várias pesquisas para análise comportamental
dos suínos (FERREIRA et al., 2016; MEER et al., 2017). São duas grandes etapas, uma
qualitativa para observar, descrever e categorizar os comportamentos e uma fase quantita-
tiva, onde os comportamentos serão mensurados em intervalos de tempo (DURÇO et al.,
2014). No entanto, cabe ressaltar que o comportamento animal é resultado da interação do
animal com o ambiente.
As pesquisas de comportamento de suínos invariavelmente ocorrem em ambientes
distintos, o que pode gerar diferenças comportamentais. A análise destes trabalhos de
forma agrupada talvez possa resultar em uma corroboração dos resultados ou até mesmo
indicar novas conclusões. A revisão sistemática é uma ferramenta que agrupa resultados
entre trabalhos e que pode contribuir para a extração de informações que avaliam o com-
portamento dos animais.
A suinocultura pode ser aprimorada no bem-estar animal através de adequações oriun-
das da análise comportamental dos suínos em crescimento e terminação realizada através
dos etogramas. No entanto, o comportamento animal é algo complexo por resultar da inte-
ração dos animais com as variáveis do ambiente. Desta forma, a realização de uma revisão
sistemática sobre a influência do ambiente em trabalhos que avaliem o comportamento
animal pode aperfeiçoar a compreensão e até mesmo sugerir melhorias de como realizar
os estudos do comportamento dos suínos em crescimento e terminação.
210
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
DESENVOLVIMENTO
Ambiente
O ambiente pode ser definido como aquilo que envolve o indivíduo. Portanto, é o con-
junto de tudo o que está ao entorno do indivíduo como as condições biológicas, físicas e
químicas na qual os seres vivos se desenvolvem. Desta maneira, o ambiente é a construção
natural ou artificial com interações entre as coisas e os objetos bem como a relação que
ocorre entre os seres vivos (RIBEIRO, 2012). O ambiente é capaz de motivar e ou mitigar
as ações dos indivíduos e até mesmo transformar os próprios seres vivos conforme for a
interação com o meio (JACOBI, 2003). Quando o meio não for adequado a espécie pode
desenvolver comportamentos estereotipados (MASSARI et al., 2015). Em contrapartida,
quando em local adequado os seres vivos desenvolvem comportamentos tranquilos e na-
turais da espécie essenciais para o máximo desempenho animal.
Os suínos são criados em diferentes tipos de pisos que influenciam do desempenho
(COSTA et al., 2006). O piso compacto ou de concreto é o mais utilizado em galpões de
confinamento intensivo. O piso de cama sobreposta, que consiste na utilização de um leito
profundo composto por um substrato (maravalha, palha de cereais, casca de arroz entre
outros) com a função de absorver a fração líquida dos dejetos pode ser utilizado em regiões
frias por ajudar na manutenção da temperatura dos animais (COSTA et al., 2008), mas requer
um manejo adequado e imprescindível. O piso vazado (de ferro, concreto ou plástico) possui
espaçamento adequado para permitir a passagem dos dejetos e manter o ambiente mais
fresco ao facilitar a circulação de ar. O tipo de piso deve ser considerado para determinar o
espaçamento por animal na baia.
Assim, o piso totalmente vazado deve possuir uma área de 0,70m² por animal, o piso
parcialmente ripado 0,80m² e o piso compacto 1,00 m² (KUNZ et al., 2003).
211
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Os comedouros e a forma de apresentação da ração possuem importância no desen-
volvimento dos suínos uma vez que modificam a ingestão de ração. Os comedouros podem
ser de acesso individual, coletivo e até mesmo conjugados com bebedouro. Esses são se-
miautomáticos, com pequeno reservatório de ração ou completamente automáticos (KUNZ
et al., 2003). Os bebedouros são importantes ao fornecer o nutriente de maior exigência
na criação dos suínos. Os principais modelos existentes no mercado são o tipo concha e
chupeta (KUNZ, et al., 2016).
KIEFER et al., 2010, observou as variações de temperatura na suinocultura e de-
terminou que a temperatura termo neutra é de 16°C a 26°C e a temperatura por estresse
térmico é superior a 27°C. As variações de temperatura devem ser minimizadas durante o
dia e isso é possível com auxílio de equipamentos para climatização. Existe uma grande
variedade de equipamentos que ajudam promover o conforto térmico, entre eles estão as
alternativas de menor tecnologia como o sombreamento do galpão, pinturas de telhados,
cobertura vegetal no entorno do galpão, forro e sombrite. Como também técnicas com
maiores tecnologias é o caso dos aspersores, ventiladores, cortinas, exaustores, placas de
aquecimento, essas tecnologias são controladas de forma automática ou semiautomática,
onde um termômetro controla a temperatura e o ambiente é aquecido ou resfriado conforme
a necessidade (SEBRAE, 2016).
Comportamento de suínos
O Bem-estar animal pode ser definido como o domínio sobre conhecer, avaliar e garantir
as condições para satisfazer as necessidades fundamentais dos animais que estão sobre os
cuidados do homem. Para fornecer as condições adequadas de sobrevivência aos animais
é importante empregar o conceito das cinco liberdades (CAP, 2006).
A liberdade nutricional garante aos animais acesso ao alimento e à água de boa qua-
lidade e em quantidade suficiente para o seu desenvolvimento. Além disso, evita desequi-
líbrios como desidratação, obesidade ou peso abaixo do ideal para a respectiva idade e
estado fisiológico.
A liberdade sanitária garante a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz
de patologias acometidas aos animais. A vacinação é uma forma importante e eficiente de
213
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
garantir essa liberdade, além de diminuir o risco de transmissão de doenças dos animais
para os seres humanos (zoonoses). Como se não bastasse, garante o bem- estar único, que
considera a harmonia entre o bem-estar dos animais, dos seres humanos e o respeito ao
meio ambiente. Outro meio de promover a liberdade de dor é através do uso de anestesias
em procedimentos invasivos, como na castração de animais de produção, entre outros.
A liberdade ambiental garante aos animais as condições ideais de abrigo para estarem
protegidos das intempéries climáticas. Animais devem estar abrigados do sol e da chuva em
instalações construídas com materiais adequados (telhado, piso), apropriados ao ambiente
e à espécie para evitar desconforto térmico por frio ou por calor.
A liberdade comportamental é assegurada quando os animais estão alojados em insta-
lações com densidade adequada (sem superlotação), que permitem movimentação normal.
Animais precisam ser criados em espaços adequados, que permitam seus comportamentos
naturais e alguns necessitam de interação social com outros animais da mesma espécie.
A liberdade psicológica visa evitar que os animais passem por situações que lhes
causem sofrimento e sentimentos negativos. Um exemplo disso é o momento do transporte
para animais de produção, situação que pode causar grande apreensão nos mesmos. Para
minimizar esse estresse, existem diversas medidas que devem ser tomadas, como a utili-
zação de veículos adaptados para cada espécie, densidade correta de animais dentro dos
veículos, uso de piso antiderrapante, melhor controle da temperatura e da ventilação em
caminhões fechados, treinamento de condutores, entre outras (RYAN et al., 2020).
Revisão sistemática
214
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seleção baseada nos critérios estabelecidos resultou em uma base de dados consti-
tuída de 24 artigos entre os anos e de 1976 até 2018. Na tabela 1, estão os dados de início
e final dos experimentos, assim como o clima da região e orientação do galpão.
216
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Constata-se que somente 29% dos autores relataram o período inicial e final dos
experimentos. Da mesma maneira, o clima da região foi descrito em 37,5% dos trabalhos.
Esses dados são importantes para o estudo, pois somente dessa maneira é possível a
identificação do clima e a época do ano que foi executado os experimentos a fim de definir
a influência ou não do ambiente e obter resultados verificáveis quanto ao aspecto de inte-
ração do ambiente e animal.
Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico
dos animais e aproveitar as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem
ser delineados como a orientação do galpão em relação ao sol, área circundante e som-
breamento. Os galpões devem estar posicionados, preferencialmente, no sentido leste-oeste
em relação ao Sol, para diminuir a incidência de raios dentro dos galpões (ROLOFF, 2011).
Cerca de 4 autores (16,6%) informaram a orientação do galpão sendo leste/oeste, os demais
autores não indicaram a orientação. Isto implica na impossibilidade de afirmar que os animais
que passaram por estresse térmico no artigo de SANTOS et al., 2018 estavam sombreados
ou exposto ao sol pois não tras a informação da posição em relação ao sol.
A instalação é de suma importância para os suínos, pois é o local onde passam maior
parte da vida e, consequentemente, devem ser adequadas. Os dados sobre o microclima
como sala climatizada nos casos que ocorreu controle de temperatura, programa de luz,
umidade relativa do ar, temperatura de globo negro estão na tabela 2.
217
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
O dado apresentado com maior frequência do ambiente foi o microclima em que os
animais eram mantidos ou submetidos, como no caso de experiência com estresse térmico
ou temperaturas termoneutras. O controle de temperatura por sala climatizada foi utilizado
em 37,5% dos estudos, isso corresponde a 9 artigos. Os autores submeteram os animais
a estresse térmico que corresponde a temperaturas superiores a 27°C e em temperatu-
ras termoneutras que vão até 26°C para animais em fase de crescimento e terminação
(RODRIGUES et al., 2011). Com isso, avaliaram a mudança comportamental onde os suínos
em temperatura ternoneutra se apresentam mais calmos e com maior ingestão de alimento
em contrapartida os suínos em ambiente de estresse térmico apresentam o comportamento
hostil entre os companheiros e ingerem maior quantidade de água (OLIVEIRA et al., 2017).
VASCONCELOS et al., 2015, não informam as condições ambientais como a temperatura
e nem as edificações em que os
suínos eram mantidos, mas informa o consumo de ração e o ganho de peso diário.
Dessa forma, existe uma dificuldade em verificar se o experimento com enriquecimento am-
biental foi eficaz uma vez que não relata como era o ambiente anterior ao enriquecimento.
218
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
A temperatura de globo negro foi utilizada em 8,33% dos estudos que corresponde a
dois artigos. A temperatura de globo negro indica os efeitos combinados da energia radiante,
temperatura e velocidade do ar que são três fatores que afetam o conforto térmico dos suínos
(SOUZA et al., 2002). A inclusão de tal equipamento em experimentos parece ser simples e
capaz gerar resultados mais sólidos para a análise do conforto térmico dos animais.
O ambiente é composto por diversos objetos e elementos, o local onde o animal é
criado se torna importante para o seu desenvolvimento ao influenciar as ações. A tabela 3
possui a descrição do ambiente, área por animal, uso de gaiolas, o uso da cama de palha,
o tipo de comedouro e bebedouro.
219
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
220
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Fonte: elaborada pelo autor.
222
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal. Mercados. 2019. Disponível em: <http://
www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais- tematicas/documentos/camaras-setoriais/
aves-e-suinos/2019/39deg-ro/2-abpa- mercados-brasilia-23-07-convertido.pdf/>.
2. AMARAL, P.I.S.; FERREIRA, R.A.; PIRES, A.V.; FONSECA, L.S.; GONÇALVES, S.A.; SOUZA,
G.H.C. Desempenho, comportamento e respostas fisiológicas de suínos em terminação sub-
metidos a diferentes programas de luz. Journal of Animal Behaviour and Biometeorology,
Lavras, v. 2, n. 2, p. 54-59, 2014.
3. BEATTIE, V.E.; O’CONNELL, N.E.; MOSS, B.W. Influence of environmental enrichment on the
behaviour, performance and meat quality of domestic pigs. Livestock Production Science,
[S.l.], v. 65, n .1, p. 71-79, jul. 2000.
5. BOLHUIS, J.E.; SCHOUTEN, W.G.P.; SCHRAMA, J.W.; WIEGANT, V.M. Behavioural deve-
lopment of pigs with different coping characteristics in barren and substrateenriched housing
conditions. Applied Animal Behaviour Science, [S.l.], v. 93, n. 3, p. 213-228, set. 2005.
6. BUEHLER, A.M.; FIGUEIRÓ, M.; MOREIRA, F.R.; CAVALCANTI, A.B.; SASSE, A.; BERWA-
NGER, O. Diretrizes metodológicas. Ministério da saúde Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Insumos Estratégicos Departamento Ciência e Tecnologia Coordenação-Geral de Gestão
do Conhecimento. 1.ed. 2014.
9. COSTA, O.A.D.; LUDKE, J.V.; COSTA, M.J.R.P. Aspectos econômicos e de bem- estar animal
no manejo dos suínos da granja até o abate. IV Seminário Internacional de Aves e Suínos
– Avesui 2005, Florianópolis, v. 5, n. 7, p. 25-50, mai. 2005.
10. COSTA, O.A.D.; AMARAL, A.L.; LUDKE, J.V.; COLDECELLA, A.; FIGUEIREDO, E.A.P. de-
sempenho, característica de carcaça, qualidade de carne e condição sanitária de suínos cria-
dos nas fases de crescimento e terminação nos sistemas confinado convencional e de cama
sobreposta. Ciência Rural. V.38, n, 8. Santa Maria. 2008.
223
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
11. COSTA, O.A.D.; MORÉS, N.; SOBESTIANSKY, J.; PERDOMO, C.C.; GUZZO, R.; COIMBRA,
J.B.S.; AMARAL, A.L. Caracterização do sistema hidráulico e da qualidade da água em granjas
de suínos da região sul do Brasil nas fases creche, crescimento e terminação. Embrapa suí-
nos e aves. p.1-5. 2000. Disponível em:< http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/
cot247.pdf>.
12. COSTA, O.A.D.; OLIVEIRA, P.A.V.; LOPES, E.J.C.; SANGOI, V. Sistema alternativo de
criação de suínos em cama sobreposta para agricultura familiar. Comunicado técnico.
Concordia. mar. 2006.
13. DAY, J.E.L.; BURFOOT, A.; DOCKING, C.M.; WHITTAKER, X.; SPOOLDER, H.A.M.;
EDWARDS, S.A. The effects of prior experience of straw and the level of straw provision on
the behaviour of growing pigs. Applied Animal Behaviour Science, [S.l.], v. 76, n. 3, p. 189-
202, mar. 2002.
14. DEMORI, A.B.; LOVATTO, P.R.; ANDRETTA, I.; KIPPER, M.; LEHNEN, C.R.; REMUS, A.
Criação intensiva de suínos em confinamento ou ao ar livre: estudo meta- analítico do desem-
penho zootécnico nas fases de crescimento e terminação e avaliação de carcaça e carne no
Longissimus dorsi. Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, n. 7, p. 1294-1299, jul. 2016.
15. DURÇO, E.; BESSA, E.A.; SILVA, L. Etograma básico, horário de atividade e aspectos com-
portamentais comparados e influência de fatores abióticos em jovens e adultos de Achatina
fulica Bowdich, 1822 (Gastropoda: Achatinidae). Revista Brasileira de Zoociências. v.15,
n.1.2.3. 2014.
16. EINSFELD, S.M.; PADILHA, J.B.; GROFF, P.M.; PEREIRA, L.K.; SCHMITZ, B.; ROSA, E.O.;
ROSSI, P.; FURLAN, A.C. Enriquecimento ambiental na criação de suínos: Revisão. Uni-
versidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). 2014.
17. FACCIN, J. Nutrição e manejo do comedouro: influêcia na eficiência nutricional. Revista Aca-
demia Suína. Jun. 2020
18. FERREIRA, R.A.; FASSANI, E.J.; ROCHA, L.F.; OLIVEIRA, R.F.; RIBEIRO, B.P.V.B.; ABREU,
M.L.T.; CANTARELLI, V.S. Desempenho e comportamento de suínos em fase de terminação
submetidos a diferentes programas de luz. Revista Brasileira Saúde Produção Animal,
Salvador, v. 17, n. 2, p. 272-279, abr./jun. 2016.
19. FRASER, D.; PHILLIPS, P.A.; THOMPSON, B.K.; TENNESSEN, T. Effect of straw on the
behaviour of growing pigs. Applied Animal Behaviour Science, [S.l.], v. 30, n. 3, p. 307-318,
mai. 1991.
20. FREITAS, H.B.; NASCIMENTO, K.M.R.S.; KIEFER, C.; ROSA, M.S.; MACIE, V.A.; SILVA,
L.A.R.; CHAVES, N.R.B.; FLORES, B.C. Estresse por calor sobre o desempenho e aproveita-
mento de nutrientes em aves e suínos. Anais da X mostra científica FAMES/UFMS. Campo
Grande, 2017.
22. HWANG, H.S.; LEE, J.K.; EOM, T.K.; SON, S.H.; HONG, J.K.; KIM, K.H.; RHIM, S.J. Behavioral
Characteristics of Weaned Piglets Mixed in Different Groups. Asian- Australasian Journal of
Animal Sciences, [S.l.], v. 29, n. 7, p. 1060-1064, jul. 2016. JACOBI, P. Educação ambiental,
cidadania e sustentabilidade. Caderno de pesquisa. N.113. São Paulo, 2003.
224
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
23. JENSEN, M.B.; KYRIAZAKIS, I.; LAWRENCE, A.B. The activity and straw directed behaviour
of pigs offered foods with different crude protein content. Applied Animal Behaviour Science,
[S.l.], v. 37, n. 3, p. 211-221, ago. 1993.
24. KIEFER, C.; MEIGNEN, B.C.G.; SANCHES, J.F.; CARRIJO, A.S. Resposta de suínos em
crescimento mantidos em diferentes temperaturas. Archivos Zootecnia. Campo Grande, v.
58, n. 221, p. 55-64, 2009.
25. KIEFER, C.; MOURA, M.S.; SILVA, E.A.; SANTOS, A.P.; SILVA, C.M.; LUZ, M.F.; NANTES,
C.L. Respostas de suínos em terminação mantidos em diferentes ambientes térmicos. Revista
Brasileira de Saúde e Produção Animal. Campo Grande, v. 11, n. 2, p. 496-504, abr./jun.
2010.
26. KUNZ, A.; GIROTTO, A. F.; MONTICELLI, C. J.; KICH, J. D.; FÁVERO, J. A.; LUSKE, J. V.;
MORÉS, N.; ABREU, P. G.; SILVEIRA, P. R. S. Produção suínos. Embrapa suínos e aves.
2003.
27. KUNZ, A.; BASTOS, A.P.A.; SCHIMIDT, G.S.; LIMA, G.J.M.M.;PEREIRA, M.L. Gestão da água
na suinocultura. Embrapa suínos e aves. 2016.
28. LEITE, D.M.G.; SILVA, M.A.; MEDEIROS, R.B.; SAIBRO, J.C.; PAVAN, M.A.; ZANELLA, J.A.;
BARREY, M.A.A. Comportamento de suínos submetidos a diferentes sistemas de pastejo em
pastagem de trevo-branco. Revista Brasileira Zootecnia. Pato Branco, v. 35, n. 4, p. 1774-
1779, 2006.
29. MACHADO, S.P.; CALDARA, F.R.; FOPPA, L.; MOURA, R.; GONÇALVES, L.M.P.; GARCIA,
R.G.; NÃÃS, I.A.; NIETO, V.M.O.S.; OLIVEIRA, G.F. Behavior of pigs reared in enriched envi-
ronment: alternatives to extend pigs attention. Plos One. [S.l.], v. 12, n. 1, p. 1-18, jan. 2017.
30. MACHADO FILHO, L.C.P. Bem-estar de suínos e qualidade da carne: Uma visão brasileira.
In: 1ª conferência internacional virtual sobre qualidade de carne suína, 1, 2000, Concórdia.
Anais. Florianópolis, Embrapa, p. 34 - 40. 2000.
31. MASSARI, J. M.; CURI, T.M.R.C.; MOURA, D.J.; MEDEIROS, B.B.L.; SALGADO, D.D. Ca-
racterísticas comportamentaiss de supinos em crescimento e terminação em sistema “wean
to finish”. Revista engenharia agrícola. V.35, n.4. p 646-656. 2015.
32. MEER, Y.V.D.; GERRITS, W.J.J.; JANSMAN, A.J.M.; KEMP, B.; BOLHUIS, J.E. A link between
damaging behaviour in pigs, sanitary conditions, and dietary protein and amino acid supply.
Plos One, [S.l.], v. 12, n. 5, p. 1-21, mai. 2017.
33. MIELE, M.; SANTOS FILHO, J.I.; MARTINS, F.M. SANDI, A.J. O desenvolviemnto da sui-
nocultura brasileira nos últimos 35 anos. Embrapa suínos e aves. 2018. MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO. O meio ambiente. São Paulo, p 167-242. 1992. Disponível em: <http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf>.
34. MORALES, O.E.S. Aspectos produtivos de fêmeas suínas e suas leitegadas em diferen-
tes sistemas de ambiência na materinidade. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Veterinário. Porto Alegre. 2010.
35. MORGAN, C.A.; DEANS, L.A.; LAWRENCE, A.B.; NIELSEN, B.L. The effects of straw bedding
on the feeding and social behaviour of growing pigs fed by means of single-space feeders.
Applied Animal Behaviour Science, [S.l.], v. 58, n. 1, p. 23-33, jun. 1998.
225
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
36. OLIVEIRA, N.C.; VIEIRA, M.L.; SANTOS, W. B.R.; PEDROSO, L.B.; RIBEIRO, J.C.; CEZÁRIO,
A.S.; OLIVEIRA, E.M.B.; SOUZA, C.M. Inflência sa temperatura na produção e bem-estar
de suínos. Colloquium Agrariae. v. 13, N. 2, Jan/jun 2017. PAIANO, D.; BARBOSA, R. O.;
MOREIRA, I; RODRIGUES, A.; QUADROS, B.;
37. SILVA, M.A.A.; OLIVEIRA, C.A.L. Comportamento de suínos alojados em baias de piso par-
cialmente ripado ou com lâmina d’água. Acta Scientiarum. Animal Sciences. Maringá, v.
29, n. 3, p. 345-351, 2007.
38. PETERSEN, V.; SIMONSEN, H.B.; LAWSON, L.G. The effect of environmental stimulation on
the development of behaviour in pigs. Applied Animal Behaviour Science. [S.l.], v. 45, n. 3,
p. 215-224, nov. 1995.
39. PUTTEN, G.V.; DAMMERS, J. A comparative study of the well-being of piglets reared con-
ventionally and in cages. Applied Animal Ethology, [S.l.], v. 2, n. 4, p. 339-356, nov. 1976.
40. QUINIOU, N.; DUBOIS, S.; NOBLET, J. Voluntary feed intake and feeding behavior of grou-
phoused growing pigs are affected by ambient temperature and body weight.
41. Livestock Production Science, Amsterdam, v. 63, n. 3, p. 245- 253, 2000. RIBEIRO, J.A.G.
Ecologia, educação ambiental, ambiente e meio ambiente: modelos conceituais e repre-
sentações mentais. Universidade estadual paulista Júlio de mesquita filho, UNESP. Bauru,
146 f. 2012.
42. RODRIGUES, N.E.B. Uso de rações modificadas para suínos em ternimação mantidos em
ambiente de conforto ou de calor. Monografia. Universidade Federal de Lavas. Lavras. 2011.
44. RYAN, S.; BACON, H.; ENDENBURG, N.; HAZEL, S.; JOUPPI, R.; LEE, N.; SEKEL, K.;
TAKASHIMA, G. Diretrizes para o bem-estar animal da WSAVA. Revista Global Veterinary
Community. 2020.
46. SAMPAIO, R.F.; MANCINI, M.C. Estudos de revisão sistemática: Um guia para síntese crite-
riosa da evidência cientifica. Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, v. 11, n. 1, p.
83-89, jan. 2007.
47. SANTOS, R.K.S.; CALDARA, F.R.; MOI, M.; SANTOS, L.S.; NÄÄS, I.A.; FOPPA, L.; GARCIA,
R.G.; BORQUIS, R.R.A. Behavior of immunocastrated pigs. Revista Brasileira de Zootecnia,
Dourados, v. 45, n. 9, p. 540-545, 2018.
48. SANTOS, T.C.; CARVALHO, C.C.S.; SILVA, G.C.; DINIZ, T.A.; SOARES, T.E.; MOREIRA,
S.J.M.; CECON, P.R. Infliência do ambiente térmico no comportamento e desempenho zoo-
técnico de suínos. Revista de ciências Agroveterinárias. Santa Catarina. 2018
49. SEBRAE. Bem-estar animal na produção de suínos. Serviços brasileiros de apoio a micro
e pequenas empresas. Brasilia, 2016. Disponível em: <https://www.gov.br/agricultura/pt-br/
assuntos/producao-animal/arquivos-publicacoes- bem-estar-animal/cartilha-embrapa-abcs-
-mapa-sebrae-bem-estar-na-granja.pdf>.
226
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
50. SOUSA, M.R.; RIBEIRO, A.L.P. Revisão sistemática e Meta-análise de estudos de diagnóstico
e prognóstico: um tutorial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 92, n. 3, p.
241-251, mar. 2009.
51. SOUZA, C.F.; TONÔCO, I.F.F.; BAÊTA, F.C.; FERREIRA, W.P.M.; SILVA, R.S. Avaliação de
materiais alternativos para confecção do termômetro de globo. Revista ciência e agrotecno-
logia de lavras. v.26, n. 1, p.157-164, jan./fev. 2002.
52. SOUZA, J. C. P. V. B.; BACKES, J.; BEISOS L. L.; SOUZA, M. V. N. Gestão da água na sui-
nocultura. Embrapa suínos e aves. Concordia. 2008. Disponível em: < https://www.embrapa.
br/documents/1355242/0/Curso+Suinocultura+- +Gest%C3%A3o+da+%C3%81gua+na+Sui-
nocultura.pdf>.
53. TAYLOR, L.; FRIEND, T.H .Open-field test behavior of growing swine maintained on a concrete
floor and a pasture. Applied Animal Behaviour Science, Amsterdam, v. 16, n. 2, p. 143-148.
set. 1986.
54. TORRES FILHO, R. A.; TORRES, R. de A.; LOPES, P. S.; PEREIRA, C. S.; EUCLYDES, R.
F.; ARAÚJO, C. V.; SILVA, M. A. BREDA, F. C. Estimativas de parâmetros genéticos para
características de desempenho de suínos em fase de crescimento e terminação. Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, supl. 2, p. 237-244, 2005.
55. VASCONCELOS, E.K.F.; BORGES, L.S.; SILVA, A.L.; ANDRADE, T.V.; SANTOS, E.T.; SOU-
SA, S.C. Comportamento de suínos na fase de crescimento criados em ambiente enriquecido.
Journal of Animal Behaviour and Biometeorology, Bom Jesus, v. 3, n. 4, p. 120-123, 2015.
227
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
15
Milheto na alimentação de frangos
de corte caipira no período de 1 a 13
dias de idade
10.37885/210504799
RESUMO
229
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
MÉTODOS
231
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Figura 1. Croqui do experimento no campo. O círculo azul representa o bebedouro, o círculo vermelho representa o
comedouro.
Os pintos foram pesados e colocados dentro dos boxes separado em cada tratamento.
Forneceu-se ração e água aos animais, inicialmente ficou um observador para averiguar
se os animais estavam bebendo e comendo. O aquecimento inicial das aves foi feito por
meio de duas campânulas elétricas providas de lâmpadas incandescentes de 60 Watts que
foram monitoradas observando-se a disposição dos animais sob a campânula e através de
medições diárias da temperatura. Os pintinhos vieram vacinados do incubatório contra a
doença de Marek.
O programa de luz adotado foi o contínuo (24 horas de luz natural + artificial), utili-
zando-se lâmpadas incandescentes de 60 Watts distribuídas uniformemente por todo o
galpão. A temperatura no interior do galpão foi aferida diariamente, durante todo o período
experimental, por meio de um termo higrômetro distribuído em um ponto do galpão.
Tabela 1. Composição percentual e calculada das rações experimentais para frangos caipira no período de 1 a 13 dias
de idade.
TRATAMENTOS
Ingredientes (%)
0% Milheto 30% Milheto 60% Milheto
Milho 56,850 37,100 18,600
Farelo de soja 35,344 34,073 32,560
Milheto 0,000 17,055 34,110
Óleo de soja refinado 0,191 0,494 0,371
Fosfato bicálcico 1,716 1,701 1,692
Calcário calcítico 1,443 1,461 1,471
Sal comum (Na Cl) 0,524 0,530 0,536
L-Lisina - HCL (79%) 0,000 0,000 0,020
Premix mineral e vitamínico 1
1,000 1,000 1,000
Material inerte 2,932 6,586 9,635
TOTAL 100 100
Composição calculada
Proteína bruta (%) 21,480 21,480 21,480
EM (kcal/kg) 2.750 2.750 2.750
Lisina digestível (%) 1,146 1,130 1,126
Metionina digestível (%) 0,607 0,611 0,615
Metionina+cistina digestível (%) 0,906 0,907 0,908
Treonina digestível (%) 0,737 0,732 0,727
Triptofano digestível (%) 0,244 0,250 0,256
Cálcio (%) 1,091 1,091 1,091
Fósforo disponível (%) 0,436 0,436 0,436
Sódio (%) 0,226 0,226 0,226
1
Níveis de garantia por kg do produto: ferro 4.000,00 mg; cobre 1.000,00 mg; magnésio 7.000,00 mg; zinco 6.000,00
mg; iodo 100,00 mg; selênio 30,40 mg; vitamina A 920.000,00 UI; vitamina D3 230.000,00 UI; vitamina E 1.954,40 UI;
vitamina K3 230,40 mg; vitamina B1 206,40 mg; vitamina B2 690,40 mg; niacina 4.024,80 mg; ácido pantotênico 1.264,80
mg; vitamina B6 298,40 mg; ácido fólico 115,20 mg; biotina 6,32 mg; vitamina B12 1.500,00 mcg; colina 50,00 g; lisina
110,00 g; metionina 350,00 g; nicarbazina 12,50 mg / 5.000,00 mg; enramicina 1.000,00 mg.
233
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Análise estatística
RESULTADOS
Tabela 2. Peso médio (PM), ganho de peso (GP), consumo de ração (CR) e conversão alimentar (CA) de frangos de cortes
caipiras alimentados com dieta contendo milheto por um período de 1 a 13 dias de idade
MILHETO (%)
Variáveis CV (%) Probabilidade
0 30 60
Consumo de ração (Kg) 0,148 0,138 0,153 7,082 0,299ns
Ganho de peso (Kg) 0,128 0,122 0,125 2,874 0,236ns
Conversão alimentar 1,156 1,128 1,221 7,985 0,493ns
ns
Não significativo, CV: coeficiente de variação.
DISCUSSÃO
Conforme Furlan e Macari (2008) a zona de conforto térmico para pintinhos nas fases
iniciais deve ser dentro de uma faixa entre 33 e 35 °C com umidade relativa média de 67,5.
Embora a umidade relativa do ar estivesse abaixo do recomendado, durante o período
avaliado, esse fator não afetou as características de desempenho produtivo dos animais.
Apesar de não ter ocorrido efeito significativo para as características de desempenho
em aves recebendo rações contendo milheto, pode-se afirmar que o milheto pode substituir
o milho em até 60% nas dietas de frangos caipira francês no período de 1 a 13 dias de idade.
Resultados semelhantes foram encontrados por Davis et al. (2003) que trabalhando com
milheto em dietas para frangos de corte no período de 1 a 16 dias de idade, afirmaram que
o milho pode ser substituído pelo milheto em até 100%.
Resultados semelhantes a este trabalho foram obtidos por Garcia et al. (2010), que ao
estudarem o milheto na alimentação de poedeira, e não observaram efeito da inclusão do
milheto na alimentação dos animais.
234
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Garcia et al. (2011) confirmaram a substituição do milho pelo o milheto em até 100%
da ração para galinhas poedeiras sem seu afetar o desempenho produtivo.
Ao avaliarem o consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar, por fran-
gos de corte, no período de 1 a 21 dias de idade, consumindo diferentes níveis de rações
contendo milheto (0, 20, 20 e 40% de milheto nas rações), Gomes et al. (2008) observaram
que o melhor desempenho dos frangos foi quando receberam rações que continham os
maiores níveis de milheto e recomendaram a inclusão de até 40%, de milheto nas rações
sem comprometer o desempenho das aves.
Ao estudarem a utilização de milheto em rações contendo 0, 25, 50, 75 e 100% na
composição, Nagata et al. (2004), observaram que para a fase inicial pode-se incluir até
44,4% de milheto sem comprometer o desempenho dos animais.
CONCLUSÃO
Nas condições em que o trabalho foi conduzido, conclui-se que o milheto pode substi-
tuir o milho em até 60% em dietas para frangos de corte Caipira Francês no período de 1 a
13 dias de idade sem prejudicar as características de desempenho produtivo dos animais.
REFERÊNCIAS
1. ADEOLA, O.; ORBAN, J.I. Chemical composition and nutrient digestibility of pearl millet
(Pennisetum glaucum) fed to growing pigs. Journal of Cereal Science, v.22, p.177-184,
1995. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000026&pi-
d=S1519-9940201200010001300001&lng=pt. Acesso: 01 de fevereiro de 2018.
4. DAVIS, A.J.; DALE, N.M.; FEREIRA, F.J. Pearl millet as an alternative feed ingredient in broiler
diets. Journal of Applied Poultry Research, v.12, n.3, p.137- 144, 2003. Disponível em: https://
www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1056617119313698. Acesso: 20 de maio de 2017.
235
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
6. FURLAN, R. L. & MACARI, M. Termorregulação: Fisiologia aviária aplicada a frangos de
corte. 2 ed. Jaboticabal-SP: FUNEP/UNESP, p. 209-23, 2008.
8. GARCIA, A. R.; DALE, N. M. Feeding of underground pearl millet to laying hens. Poultry
Science, v. 15, n. 1, p. 574-578, 2006. Disponível em: https://www.researchgate.net/publica-
tion/273269366_Milheto_na_alimentacao_de_poedeiras. Acesso: 17 de janeiro de 2018.
11. MURAKAMI, A.E. et al. Avaliação econômica e desempenho de frangos de corte alimentados
com diferentes níveis de milheto em substituição ao milho. Acta Scientiarum. Animal Scien-
ces, v.31, p.31-37, 2009. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciAni-
mSci/article/view/5761. Acesso: 20 de maio de 2018.
12. NAGATA, A.K. et al. Energia metabolizável de alguns alimentos energéticos para frangos de
corte, determinada por ensaios metabólicos e por equações de predição. Ciência agrotécnica,
v. 28, p. 668-677, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cagro/a/vJLjmydFrGytypvkspv-
d6xS/abstract/?lang=pt. Acesso: 17 de fevereiro de 2017.
13. ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos. Composição de Alimen-
tos e Exigências Nutricionais. 3. ed. Universidade Federal de Viçosa – Departamento de
Zootecnia. 252p. 2011. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/
Tabelas+brasileiras+-+Rostagno_000gy1tqvm602wx7ha0b6gs0xfzo6pk5.pdf. Acesso: 15 de
fevereiro de 2017.
16. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM (SAS). Statistical Analysis System User’s Guide: Sta-
tistics, Version 8. SAS Institute Inc., Cary, NC, USA: SAS Institute Inc, 2002.
236
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
16
Qualidade de ovos e vida de prateleira
Raquel Melchior
Consultora Técnica
Ines Andretta
UFRGS
10.37885/210504807
RESUMO
O ovo é um dos alimentos mais completos da dieta humana e apresenta uma composi-
ção rica em vitaminas, minerais, ácidos graxos e proteínas de excelente valor biológico.
Entretanto, são produtos perecíveis e perdem qualidade rapidamente quando não são
armazenados corretamente. A qualidade física do ovo é um importante atrativo ao con-
sumidor e engloba diferentes aspectos, sendo estes influenciados por fatores extrínsecos
e intrínsecos às aves. As características do ovo relacionadas extrinsecamente às aves
são temperatura, umidade relativa do ar e duração e condições de estocagem. Já as
intrínsecas são linhagem, idade da poedeira e condição nutricional e sanitária do ani-
mal. Para manter a qualidade dos ovos, o emprego de tecnologia adequada, antes e
logo após a postura, é necessário para prolongar a vida útil do ovo e de seus produtos
derivados. A busca por tecnologias inovadoras que possam auxiliar na manutenção da
qualidade interna dos ovos durante o armazenamento e trazer melhoria nas proprieda-
des da casca é de grande interesse por parte da indústria avícola. Nesta revisão, são
apresentados fatores que afetam as características físico-químicas dos ovos e diferentes
tecnologias e aditivos disponíveis para aumentar a sua qualidade e vida de prateleira.
238
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
QUALIDADE DE OVOS
Nos últimos 5 anos (2016-2021), a partir de pesquisa na base de dados Pubmed, mais
de 700 artigos relacionados a qualidade de ovos e vida de prateleira foram publicados. Nesta
revisão, alguns destes artigos serão citados para demonstrar os diferentes métodos que vêm
sendo estudados a fim de aumentar a qualidade dos ovos e sua vida de prateleira.
O ovo é considerado um alimento completo, pois é uma excelente fonte de ácidos gra-
xos, vitaminas, minerais e aminoácidos essenciais. No entanto, como já foi citado ao longo do
texto vários fatores podem influenciar na conservação e composição dos ovos. Desta forma,
pesquisas buscam a obtenção de um produto final com valores nutricionais de qualidade e
melhores proporções de ácidos graxos poli-insaturados e tocoferóis totais, que beneficiam
a saúde humana, além de buscar alternativas que aumentem a produtividade da avicultura
em relação à conversão alimentar, saúde das aves frente a desafios sanitários, qualidade
e tempo de prateleira de ovos.
Neste cenário, dos Santos et al. (2020) verificaram que a adição de níveis crescentes
(50; 100 e 150 mg/kg) de extrato de araçá para poedeiras semi-pesadas aumentou a ca-
pacidade antioxidante tanto de ovos frescos como armazenados, e diminuiu a peroxidação
244
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
lipídica da gema dos ovos armazenados por 28 dias em temperatura ambiente. Além dis-
so, os autores constataram que o extrato de araçá reduziu a contagem bacteriana total e
de E. coli na casca. Wang et al. (2019) forneceram um blend a base de timol, ácido sórbico
e ácido fumárico nas dosagens de 300 e 450 mg/kg para poedeiras e observaram que es-
tes componentes aumentaram a resistência da casca e a cor da gema, sendo que a cor da
gema está relacionada com o consumo de carotenoides e, é um fator desejável perante os
consumidores. Gong et al. (2021) também verificaram efeitos positivos da adição de ácidos
orgânicos na dieta de poedeiras, em que, a adição de ácido benzóico nas dosagens 1,000 e
2,000 mg/kg aumentaram a altura do albúmen e a unidade de Haugh que estão relacionados
com a qualidade da proteína.
Ramirez et al., (2021) forneceram óleo de orégano que possui na sua composição
principalmente timol e carvacrol nas dosagens de 80 e 150 mg/kg na dieta de poedeiras e
constataram um aumento na unidade da UH, altura do albúmen, espessura da casca e cor
da gema. Portanto, um dos modos de ação dos óleos essenciais e fitogênicos, pode estar
relacionado com a melhor absorção de cálcio e magnésio no intestino das aves, além de
seus efeitos antioxidantes. Abou-Elkhair et al. (2018) verificaram que a suplementação de
5.000 mg/kg de erva doce aumentou a porcentagem da casca, albúmen e UH, no entanto,
diminuiu a porcentagem de gema em poedeiras com 40 semanas de idade. A adição de
5.000 mg/kg erva doce e 5.000 mg/kg de pimenta vermelha picante aumentou a coloração
da gema. Os efeitos positivos da adição de fitogênicos em dietas de poedeiras se devem
principalmente as suas propriedades antioxidantes que possuem a capacidade de proteger o
magno e o útero, além de estimular a secreção de albumina (ABOU-ELKHAIR et al., 2018).
Estes autores também observaram que a adição de 5.000 mg/kg de sementes de cominho
preto e pimenta vermelha picante diminuíram os níveis de malondialdeido na gema, o qual
é gerado como produto final da peroxidação lipídica.
Goliomytis et al. (2018) constataram que a suplementação por 30 dias de 9.000 mg/
kg de polpa de laranja desidratada diminuiu os níveis de malondialdeido em ovos frescos e
armazenados por 28 dias em temperatura ambiente e 90 dias em temperatura controlada
a 4 °C. Portanto, os autores relatam que este efeito antioxidante se deve principalmente a
hesperidina e a naringina que possuem a capacidade de doar os seus átomos de hidrogênio
para os radicais livres, o que aumenta a estabilidade oxidativa da gema. Galli et al., (2018)
suplementaram 30 e 50 mg/kg de curcumina na dieta de poedeiras e constataram que este
aditivo aumentou a capacidade antioxidante da gema e reduziu a peroxidação lipídica de
ovos frescos e armazenados por 21 dias em temperatura ambiente. Além disso, houve um
aumento na gravidade específica e na coloração da gema dos ovos armazenados de ambos
os grupos que receberam o aditivo, enquanto, para o índice de gema houve um aumento
245
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
somente no grupo que recebeu 50 mg/kg do aditivo. Os autores relatam que este efeito sobre
a qualidade de ovos se deve em parte pela presença de xantofilas na dieta e à atividade
antioxidante de pigmentos, como caroteno e xantofilas, que reduzem a oxidação lipídica
e a produção de radicais livres, deste modo, a curcumina pode evitar o comprometimento
sensorial e nutricional do ovo por possuir propriedades antioxidantes. Ademais, este aditivo
pode melhorar a biossíntese da gema devido ao aumento de precursores de proteínas pe-
las células do fígado, como a vitelogenina, além de diminuir a perda de água do ovo após
ovoposição devido a um aumento na gravidade específica.
Lei et al., (2018) forneceram a enzima exógena xilanase nas dosagens de 0, 225,45
e 900 U/kg em dietas a base de milho, farelo de soja e trigo para poedeiras e observaram
que houve um aumento linear na espessura da casca, UH e altura do albúmen em resposta
ao aumento da suplementação da xilanase. Deste modo, a eficácia da xilanase na espes-
sura da casca pode estar relacionada com a utilização de minerais, principalmente o cálcio
destinado em parte para formação do carbonato de cálcio. As enzimas exógenas têm como
objetivo realizar a hidrólise de polissacarídeos não amiláceos e isto pode resultar em alte-
rações no pH intestinal e na microbiota, o que pode melhorar a solubilidade e absorção do
cálcio. Porém, são necessários mais experimentos com o uso de enzimas exógenas para
explicar o mecanismo exato destes aditivos sobre a qualidade de ovos. Chen et al., (2019)
forneceram 500 mg/kg de montmorilonita na dieta de poedeiras, este aditivo é uma argila
mineral a base de alumínio silicato. Estes autores verificaram um aumento na espessura da
casca de 3,29%, altura do albúmen de 7,57% e UH em 3,98%. Portanto, há benefícios ao se
utilizar diferentes argilas na dieta de poedeiras, pois estas possuem a capacidade de atrasar
a passagem do quimo ao longo do trato digestivo e, deste modo, ocorre uma diminuição do
pH do lúmen o que aumenta a solubilidade e a absorção de cálcio.
No entanto, os resultados positivos sobre a qualidade de ovos ao se utilizar diferentes
aditivos dependem de alguns fatores como: idade da ave, dosagem, mecanismo de ação,
saúde das aves, entre outros. Neste contexto, Zhu et al. (2020) observaram resultados
negativos sobre a qualidade da casca ao fornecerem polifenóis nas dosagens 1074,1 e
1081,7 mg/kg para poedeiras em que houve uma redução na resistência da casca, bem
como do peso da casca.
Além disso, é desejável o aumento de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e antio-
xidantes nos produtos de origem animal, como os ovos, pois são valorizados pelos consu-
midores no mundo todo (DISETLHE et al., 2019). Os AGPI são benéficos para a saúde e
podem ser manipulados via dieta, desta forma, buscas-se produtos com maior conteúdo
desses ácidos graxos, principalmente os ômegas 3 e 6 (DISETLHE et al., 2019). Estes
246
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
ácidos graxos são precursores de eicosanóides, prostaglandinas, leucotrienos e trombo-
xanos, que participam da regulação do sistema cardiovascular e processos imunológicos
(GRASHORN, 2007).
Neste cenário, Macit et al. (2021) verificam que a adição de 1.500 mg/kg de probiótico
a base Enterococcus faecium na dieta de poedeiras aumentou em 19% os ácidos graxos
poli-insaturados linoléico e linolênico em comparação ao controle. Marchiori et al. (2019) ao
suplementarem 30 mg/kg de curcumina em dietas para codornas de postura observaram
redução dos ácidos graxos saturados (AGS) e aumento dos ácidos graxos monoinsatura-
dos (AGMI) e AGPI, efeito positivo para o consumidor por reduzir o risco de trombose e
doenças cardíacas.
Batkowska et al. (2021) testaram a adição de dois óleos na dieta de poedeiras, sendo
a inclusão de 2,5% de óleo de soja e de linhaça em comparação a uma dieta controle, ou
seja, sem adição de óleo, estes autores notaram que a adição de óleo de linhaça aumentou
a concentração de ácidos graxos da família ômega 3 e reduziu os ácidos graxos de cadeia
saturada que são prejudicais para a saúde humana por serem responsáveis pelo aumento
do colesterol sérico LDL, que está relacionado com doenças cardiovasculares, já o óleo de
soja aumentou os ácidos graxos da família ômega 6. Deste modo, destacas-se a importância
dos lipídeos na dieta de aves para manipular a composição nutricional dos ovos.
Revestimentos em ovos
247
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Muitos trabalhos vêm sendo publicados sobre os diferentes tipos de revestimentos para
ovos de prateleira, seja por imersão ou aspersão, cujo principal objetivo é permitir um maior
tempo de prateleira mantendo as propriedades nutritivas do alimento, devido à redução de
contaminação microbiana, maior resistência da casca e redução das perdas de água e dióxido
de carbono (PEREIRA, 2015). Esse revestimento, nada mais é do que recobrir o ovo com
uma película que cria uma barreira e auxilia evitar a deterioração do alimento, isolando-o da
contaminação e evitando perdas e trocas entre o meio interno e externo e, por consequência,
a degradação do produto (MEDINA & VERGARA, 2000). Ainda, um revestimento bem feito
e eficaz, pode ser capaz de proporcionar outros tipos de mercados, como por exemplo, os
das regiões com temperaturas mais elevadas.
De acordo com Cruz & Mota (1996), a redução da qualidade interna dos ovos está
associada principalmente à perda de água e de dióxido de carbono, durante o período de
armazenamento, sendo proporcional à elevação da temperatura do ambiente.
Tipos de revestimentos
248
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
No estudo de Ryu et al. (2011), foram avaliados tipos diferentes de óleo como reves-
timentos para casca de ovos, sendo observada uma proteção contra a perda de umidade e
CO2 pela casca, diminuindo a perda de peso dos ovos, utilizando fontes vegetais como milho,
canola, oliva, soja, uva e girassol. Ao testar própolis de Apis melífera como revestimento de
ovos, Carvalho et al. (2013) verificaram que a qualidade dos ovos foi mantida por mais de
42 dias em níveis adequados, em temperatura ambiente, mantendo os valores indicativos
de boa qualidade para as variáveis UH e massa específica. Aygun et al. (2012) obtiveram
resultados semelhantes, com menor perda de água em ovos de codorna pulverizados com
5, 10, ou 15% de própolis.
CONCLUSÃO
249
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
REFERÊNCIAS
1. ABOU-ELKHAIR, R.; SELIM, S.; HUSSEIN, E. Effect of supplementing layer hen diet with
phytogenic feed additives on laying performance, egg quality, egg lipid peroxidation and blood
biochemical constituents. Animal Nutrition, v.4, n.4, p. 394-400, 2018.
4. ANDERSON, K.E. et al. Shell characteristics of eggs from historic strains of single comb white
leghorn chickens and relationship of egg shape to shell strength. International Journal of
Poultry Science,[S.l.], v.3, n. 1, p. 17-19, 2004.
8. BAIÃO, N.C.; LÚCIO. C.G. Nutrição de matrizes pesadas. In: MACARI, M.; GONZÁLES, E.
Manejo de matrizes de corte. Campinas: Facta, 2005. p.197-216.
11. BATKOWSKA, J.; et al. Fatty acids profile, cholesterol level and quality of table eggs from hens
fed with the addition of linseed and soybean oil. Food Chemistry, v. 334, 2020.
13. BIAGI, J. D. Estudo sobre a variação da qualidade de ovos armazenados a várias tempera-
turas.1982. 182 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Faculdade de Engenharia
Agrícola, Universidade de Campinas, Campinas, São Paulo, 1982
250
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
15. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Decreto nº 9.013, de 29 de
março de 2017. Regulamenta a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, e a Lei nº 7.889,
de 23 de novembro de 1989, que dispõem sobre a inspeção industrial e sanitária de produtos
de origem animal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 mar. 2017. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9013.htm#art541. Acesso em:
05 de maio 2020.
18. CANER, C. Whey protein isolate coating and concentration effects on egg shelf life. Journal
of the Science of Food and Agriculture, Oxford, v. 85, n. 13, p. 2143-2148, 2005.
20. CARVALHO, J. X. et al. Extensão da vida de prateleira de ovos pela cobertura com própolis.
Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 5, p. 2287-2296, 2013.
22. CHEN, J. F.; et al.The effects and combinational effects of Bacillus subtilis and montmorillonite
supplementation on performance, egg quality, oxidation status, and immune response in laying
hens. Livestock Science, v.227, p.114–119, 2019.
24. DOS SANTOS, A. F. A.; et al.Addition of yellow strawberry guava leaf extract in the diet of laying
hens had antimicrobial and antioxidant effect capable of improving egg quality. Biocatalysis
and Agricultural Biotechnology, v. 29, 2020.
25. DISETLHE, A.R.P.; et al. Effects of feedary humic acid and enzymes on meat quality and fatty
acid profiles of broiler chickens fed canola-based feeds. Asian-Australas Journal Animal
Science, v.32, n.5, p.711-720, 2019.
26. DUARTE, A.R. et al. Utilização de probióticos na avicultura. Revista eletrônica nutritime,[S.l.],
v. 11, n. 1, p. 3033-3044, 2014.
27. EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY (EFSA). Special measures to reduce the risk for
consumers through Salmonella in table eggs – egg. cooling of table eggs. Adopted on 22 Ja-
nuary 2009. EFSA Journal. v. 957, p. 1-29.
251
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
28. EMARA, O.K.A. Use of scanning electron microscopy techniques for predicting variations
in eggshell quality of chickens. 2008. 252 f. Dissertação (Mestrado), Department of Poultry
Production, Faculty of Agriculture, Ain Shams, Alabassya, 2008.
29. FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATION. Production
livestock primary statistics. Rome: FAO, 2017.
30. FERREIRA, J. I. Qualidade interna e externa de ovos orgânicos produzidos por aves da
linhagem Isa Brown® ao longo de um período de postura. 2013. 63p. Dissertação (Mestrado
em ciências veterinárias) – Faculdade de Veterinária. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2013.
32. FREITAS, L.W.; et al. Aspectos qualitativos de ovos comerciais submetidos a diferentes con-
dições de armazenamento. Revista Agrarian, [S.l.], v. 4, n. 11, p. 66-72, 2011.
33. GALLI, G. M.; et al. Feed addition of curcumin to laying hens showed anticoccidial effect, and
improved egg quality and animal health. Research in Veterinary Science, v.118, p.101–106,
2018.
34. GALLO, L.R.R. Gel de chia: vida de prateleira e substituição de ovo. 2015. 62 f. Dissertação
(Mestrado em Nutrição humana) - Universidade de Brasília, Distrito Federal, 2015.
36. GHERARDI, S. R. M; VIEIRA, R. P. Fatores que afetam a qualidade da casca do ovo: revisão
de literatura. Nutritime, [S.l.], v. 15, n. 3, p. 8172-8181, 2018.
37. GOLIOMYTIS, M.; et al. Dietary supplementation with orange pulp (Citrus sinensis) improves
egg yolk oxidative stability in laying hens. Animal Feed Science and Technology, v.244,
p.28–35, 2018.
38. GOMES, B.O. et al. Efeito da cobertura de amido de inhame (dioscoreaspp) e sorbitol
na qualidade de ovos armazenados em temperatura ambiente. XXV Congresso Brasileiro
de Ciência e Tecnologia de Alimentos: Alimentação: a árvore que sustenta a vida. Gramado
– RS. 2016. Anais.
39. GONG H.; et al. Effect of benzoic acid on production performance, egg quality, intestinal mor-
phology and cecal microbial community of laying hens. Poultry Science, v. 100, n. 1, p.196-
205, 2020.
41. HAMILTON, R. M. G. Methods and factors that affect the measurement of eggshell quality.
Poultry Science, Champaign, v. 61, n. 10, p. 2022–2039, 1982.
42. HUNTON, P. Research on eggshell structure and quality: An historical overview. Brazilian
Journal of Poultry Science. [S.l.], v. 7, n. 2, p. 67 - 71, 2005.
252
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
43. KRAEMER, F. B.; et al. Avaliação da qualidade interna de ovos em função da variação da
temperatura de armazenamento. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, [S.l.],v. 10, n. 3,
p. 145-151, 2003.
44. LAGHI, L. et al. A proton NMR relaxation study of hen egg quality.Resonance. MagneticIma-
ging, [S.l.], v. 23, n. 3, p. 501-510, 2005.
46. LEI, X. J.; LEE, K. Y.; KIM, I. H. Performance, egg quality, nutrient digestibility, and excreta
microbiota shedding in laying hens fed corn-soybean-meal-wheat-based diets supplemented
with xylanase. Poultry Science, v.97, n.6, p.2071–2077, 2018.
47. LEMOS, M. J.; CALIXITO, L. F. L.; TOGASHI, C. K.; OLIVEIRA, S. M.; PINHO, T. P.; MELO,
A. L. P.; BARBOSA, M. I. M. J. Qualidade de ovos orgânicos produzidos no município de Se-
ropédica – RJ. Revista AGROTEC, [S.l.], v. 36, n. 1, p. 50-57, 2015.
48. LI-CHAN, E. C. Y. POWRIE, W. D. NAKAI, S. The chemistry of eggs and egg products. In:
STADELMAN, W. J.; COTTERILL, O. J. Egg science and technology. 4. ed. New York: Food
Products Press, 1995. p. 105-175.
50. MACIT, M.; et al. Effects of supplementation of dietary humate, probiotic, and their combination
on performance, egg quality, and yolk fatty acid composition of laying hens. Tropical Animal
Health and Production, n.53, v.63, 2021.
53. MANSON, J. M. et al. Variation among individual white-leghorn hens in the concentration of
minerals in the albumen and yolk content of their eggs. British Poultry Science, Edinburgh,
v. 34, n. 5, p. 899-909, 1993.
54. MASHALY, M. M. et al. Effect of heat stress on production parameters and immune responses
of commercial laying hens. Poultry Science, [S.l.], v. 83, n. 6, p. 889–894, 2004.
55. MARCHIORI, M.S.; et al. Curcumin in the diet of quail in cold stress improves performance and
egg quality. Animal Feed Science and Technology, v. 254, 2019.
57. MEDINA, J.D.V.; VERGARA, I.D. Encapsulamento do ovo de galinha, protegido por uma pe-
lícula aderida em seu exterior, 2000. Acesso em: 25 abr. 2021.
253
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
58. MORENG, R. E.; AVENS, J. S. Anatomia e fisiologia das aves. In: MORENG, R. E.; AVENS,
J.S. Ciência e produção de aves. São Paulo: Roca, 1990. p.43-75.
62. OLIVEIRA, B. L.; OLIVEIRA, D. D. Qualidade e tecnologia de ovos. Lavras: UFLA, 2013.
223 p.
63. ORDÓNEZ, J. A. Tecnologia de alimentos de origem animal. Porto Alegre: Artmed, 2005.
280 p.
64. PARSONS, A.H. Structure of the eggshell. Poultry Science, [S.l.], v.61, n. 10, p. 2013 - 2021,
1982.
65. PEREIRA, M.L. Revestimento nanotecnológico aumenta tempo de prateleira do ovo, 2015.
Disponível: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/8100654/revestimento-nano-
tecnologico-aumenta-tempo-de-prateleira-do-ovo. Acesso: 28 de abril de 2021.
66. PIRES, P. G. S. Revestimento a base de proteína de arroz como alternativa para prolongar
a vida de prateleira de ovos. 2019. 160 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.
67. PISSINATI, A.; et al. Qualidade interna de ovos submetidos a diferentes tipos de revestimen-
to e armazenados por 35 dias a 25ºC. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 35, n. 1, p.
531-540, 2014.
70. RAMIREZ, S.Y.; PEÑUELA-SIERRA, L.M.; OSPINA, M.A. Effects of oregano (Lippia origanoi-
des) essential oil supplementation on the performance, egg quality, and intestinal morphometry
of Isa Brown laying hens.Veterinary World, v.14, n.3, p.595-602, 2021.
71. RUTZ, F. et al. Avanços na fisiologia e desempenho reprodutivo de aves domésticas. Revista
Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 31, n. 3, p. 307 – 317, 2007.
254
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
74. SAMLI, H. E.; AGMA, A.; SENKOYLU, N. Effects of storage time and temperature on egg
quality in old laying hens. Journal of Applied PoultryResearch, Champaign, v. 14, n. 3, p.
548 - 553, 2005.
76. SHANG, X. G. et al. Effects of dietary conjugated linoleic acid on the productivity of laying hens
and egg quality during refrigerated storage. Poultry science, v. 83, n. 10, p. 1688-1695, 2004.
79. SOLOMON, S.E. Egg and eggshell quality. London: Wolfe Publishing, 1997. 149 p.
80. SOUZA, H. B. A.; SOUZA, P. A.; LIMA, T. M. A. Efeito da qualidade da casca e higienização
com diferentes concentrações de hipoclorito de sódio na manutenção da qualidade interna de
ovos de consumo. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 5, n. 1, p. 27-36. 1993.
81. STADELMAN, W. J. COTTERILL, O. J. Egg Science and tecnology. Westport :The AVI Pu-
blishing Company, 1997. 97p.
82. USDA - UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Egg grading manual. Washin-
gton: USDA, 2000. Disponível em: https://www.ams.usda.gov/publications/content/egg-gradin-
g-manual. Acesso em: 27 ago. 2020.
85. WANG, H.; et al. Effects of encapsulated essential oils and organic acids on laying performan-
ce, egg quality, intestinal morphology, barrier function, and microflora count of hens during the
early laying period. Poultry Science, p.6751-6760, 2019.
86. WRAGG, D. S. et al. Endogenous Retrovirus EAV-HP Linked to Blue Egg Phenotype in Mapu-
che Fowl. PloS one, [S.l.], v. 8, n. 8, p. 1-9, 2013.
87. ZHU, Y. F.; et al. Effect of different tea polyphenol products on egg production performance,
egg quality and antioxidative status of laying hens. Animal Feed Science and Technology,
v.267, 2020.
255
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
17
Desafios da modelagem na eficiência
produtiva de fêmeas suínas
10.37885/210504832
RESUMO
257
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
Hoje, a suinocultura tem deixado para trás sistemas ineficientes de produção, buscan-
do a cada dia crescer tecnologicamente e aumentar a produtividade, gerindo cuidadosa-
mente os índices zootécnicos e o resultado econômico da atividade (CASTRO; BARBOSA;
VASCONCELOS, 2020). Numa era informatizada, onde se tem as informações na palma
da mão, a coleta de dados deixou de ser algo que somente as grandes empresas e centros
de pesquisa realizavam, passando a ser rotina primordial nas granjas. Somente através de
uma coleta de dados eficiente é que podemos medir com precisão a produtividade e assim
tomar decisões (MACHADO, 2014), o que o permite um desenvolvimento de estratégias para
obter uma vantagem competitiva sustentável (TOIGO; WRUBEL; HEIN, 2014).
Os primeiros registros de dados na suinocultura começaram por volta da década de
1980, ainda manuais e em fichas de papel. Com o advento da informática e sua gradativa
inserção no processo produtivo, na década de 1990 surgiram os primeiros softwares de re-
gistro de informações, permitindo até mesmo a criação de gráficos e associações (JÚNIOR,
2009). O desenvolvimento da suinocultura atual só foi possível graças a intensa coleta e
armazenamento de dados. E esse trabalho, antes realizado por mãos humanas, agora tem
passado cada vez mais a ser realizado por sensores, que além de só coletar, irão controlar
todos os processos dentro da granja. Hoje, tecnologias como transmissão de dados sem fio
via bluetooth (SANTOS et al., 2016), sensores (RODRIGUEZ; CHAVES; QUIROGA, 2020),
controle eletrônico da temperatura e umidade (através de sensores, ventiladores e placas
evaporativas) (MOLANO-JIMENEZ; ORJUELA-CANON; ACOSTA-BURBANO, 2018), ali-
mentadores automáticos (MIN et al., 2020) já são realidade em muitas granjas. Toda essa
revolução que a suinocultura tem passado foi definida como “suinocultura 4.0” (SILVA; LIMA;
DELAGRACIA, 2020).
A consequência dessa revolução foi geração de muita informação. Mas, muito mais im-
portante do que simplesmente tê-la, é saber utilizá-la (BITTENCOURT; GUBERT, 2014). A in-
formática, não colabora somente com a coleta das informações, mas ajuda a processá-la,
de modo a facilitar a nossa compreensão. Isso abriu espaço para a utilização de técnicas
de inteligência computacional que promovem e desenvolvem diversos tipos de modelos
de predição, permitindo a obtenção de informações para a tomada de decisão (MOLANO-
JIMENEZ; ORJUELA-CANON; ACOSTA-BURBANO, 2018). Dentre estas técnicas, temos a
meta-análise (LOVATTO et al., 2007), modelagem animal (LOVATTO; LEHNEN; ANDRETTA,
2010), redes neurais (SANTOS et al., 2016), lógica fuzzy, machine learning, árvores de
decisão, meta-learning (PERES, 2018). Partindo deste contexto, o objetivo deste trabalho
é apresentar os efeitos mais importantes sobre o desempenho e longevidade de fêmeas
suínas, a importância da gestão e coleta dos dados produtivos e como estas informações
258
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
têm sido utilizadas através da modelagem e das árvores de decisão para melhorar toda a
cadeia produtiva de suínos.
Dentro da granja, existem muitas informações sendo geradas a cada instante. Sendo
o grande foco reduzir custos e aumentar a eficiência. Portanto, de forma prática, os olhos
sempre estão voltados para a produtividade das porcas e quanto tempo permanecem no
plantel, para assim pagar os seus custos de manutenção e investimento.
Mesmo com o advento das novas tecnologias e sua gradual inserção nas granjas, há
muitas informações que ainda precisam ser coletadas manualmente em planilhas de anota-
ções, que posteriormente irão alimentar os softwares de gestão de dados (JÚNIOR, 2009).
Neste sentido, o papel do funcionário é extremamente importante, sendo o responsável por
coletar e organizar essas informações. É muito comum encontrarmos fichas de anotações
em diferentes setores de produção. Por exemplo, na maternidade, são utilizadas fichas
individuais das porcas, onde estão contidas todo o seu histórico (informações dos partos
anteriores, leitões nascidos vivos, natimortos, mumificados, duração da gestação e do parto,
tipo de parto, uso de medicamentos (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). Na reprodução e ges-
tação são comuns as anotações para acompanhamento das leitoas de reposição, controle
de coberturas e inseminação artificial, programa de vacinações, dentre outros através das
fichas de controle (MACHADO, 2014; PODDA, 2014; SANTOS; SANTOS; COSTA, 2014).
Como o fator humano é extremamente variável, erros na coleta e organização dos dados
acontecem. Esses erros podem ser causados por falhas na identificação e interpretação,
desconhecimento da importância da informação ou até mesmo intencionais, na tentativa
de alcançar as metas pré-estabelecidas. No entanto isso compromete a interpretação dos
índices zootécnicos da granja (SCHNEIDER et al., 2004). O sucesso da atividade suinícola
também depende dos funcionários e, assim aperfeiçoamentos e treinamentos passaram a
ter um grau de importância cada vez maior nos últimos tempos. Funcionários bem treinados,
devidamente incentivados e valorizados conseguem melhorar o desempenho pessoal e da
granja, comprometem-se com todo o processo, promovem a organização do ambiente de
trabalho e sugerem novas ideias para aperfeiçoamento (ALMEIDA, 2008). Nesta revisão
incluímos postos-chave na coleta de informações em granjas que podem nortear avanços
através da modelagem matemática em áreas como ambiência, melhoramento genético,
reprodução e nutrição.
259
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Alojamento, hierarquia social e lesões
Temperatura e sazonalidade
Figura 2. Efeito das estações do ano sobre o desempenho produtivo de porcas. NV: Total de leitões nascidos vivos; TN:
Total de leitões nascidos.
A coleta das informações nas granjas permite a análise gráfica por meio de relatórios
em softwares de gestão de unidades de produção. Assim, gerentes de produção podem
tomar decisões quanto aos impactos da sazonalidade e propor mecanismos para minimizar
estes danos. Como as condições ambientais exercem forte influência sobre o desempenho
animal, há uma grande preocupação em descobrir e implementar ferramentas que auxiliem
no controle ambiental e redução do estresse. Hoje, já existem metodologias e tecnologias
capazes de analisar o bem estar animal através de sinais sonoros (TOLON et al., 2013),
controle eletrônico de temperatura por placas evaporativas (FIELD et al., 2019), além de
monitoramento em tempo real de temperatura, humidade e gases através de uma rede de
sensores wireless (ZENG et al., 2021).
Entretanto, essa ainda não é a realidade da suinocultura brasileira. A maior parte das
granja adota técnicas e tecnologias mais baratas e acessíveis, como por exemplo, venti-
ladores, nebulizadores, resfriamento axial, manejo de cortinas, plantio de grama e árvores
nas proximidade da granja, forro de lona, sombrites, pintura de paredes e telhados na cor
branca, telhas térmicas, etc. (DIAS et al., 2011). Já o monitoramento das variáveis ambien-
tais, normalmente limita-se ao uso de termômetros de máxima e mínima, controladores e
termostatos (PINHEIRO, 2014; SARUBBI, 2014).
262
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Parto e ordem de parição
Nem sempre a porca realiza um parto dentro da normalidade. Muitas vezes é neces-
sário uma atenção e cuidado maior, evitando que prejuízos tanto para a porca, quanto para
os leitões. No entanto, conhecer essas realidades particulares das porcas também se torna
uma informação valiosa, ajudando na previsão e organização dos trabalhos na maternida-
de. Todas as informações referentes ao parto devem ser anotadas em fichas para que seja
possível ter um histórico completo da porca (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). As principais
informações que devem ser anotadas são: data, hora de início e fim do parto, tipo de parto,
tempo de intervalo entre os nascimentos, número de leitões nascidos vivos, natimortos,
mumificados, peso da leitegada e ao nascimento, sexo dos leitões e uso de medicamentos
(DIAS et al., 2011).
Em um sistema de gestão de informações, os partos podem ser classificados como
normal, induzido, prematuro e distócico. Os partos induzidos são aqueles em que as porcas
recebem doses de PGF2alfa ou análogos visando a sincronização e acompanhamento dos
partos, organização das tarefas dos funcionários e manejo das matrizes e salas de mater-
nidade (BIERHALS; MAGNABOSCO, 2014). Partos prematuros são aqueles que ocorrem
antes dos 114 dias de gestação, e partos anteriores a 110 dias podem ser classificados
como abortos (MELLAGI et al., 2006; VANDERHAEGHE et al., 2011).
Partos distócicos são partos que não seguem os eventos fisiológicos normais, podendo
ser de origem materna (ex: inercia uterina, obstrução das vias fetais e desvio do útero) ou
fetais (ex: anomalias ou fetos grandes). Entretanto as distocias não são tão comuns nos
suínos como em outras espécies, podendo chegar a menos de 3% a 5% dos partos com in-
tervenção (SILVEIRA; ZANELLA, 2014). No entanto, há muitos partos que sofrem palpações
uterinas, chegando a 20 a 23%, desta forma é possível que a maioria destas palpações não
sejam realmente necessárias (MELLAGI et al., 2007). A maior parte das palpações é reali-
zada em porcas mais velhas, consequência de partos longos e hipertermia que aumentam a
quantidade de leitões natimortos. Normalmente, justamente este grupo de porcas é removido
do plantel por baixa performance, idade e até mesmo morte (STALDER et al., 2004). Sendo
assim, a palpação pode ser consequência de as porcas já estarem com a sua longevidade
comprometida necessárias (MELLAGI et al., 2007).
Portanto, visando reduzir as perdas e garantir a viabilidade dos leitões, é importante
realizar o acompanhamento prévio das porcas e no momento do parto. Informações e o
histórico das porcas pode ajudar na tomada de decisões. Assim como a duração da ges-
tação anterior pode ser levada em consideração, pois a probabilidade de uma porca que
teve um parto prematuro apresentar outros posteriormente, é maior do que uma que teve a
duração da gestação ≥114 dias (VANDERHAEGHE et al., 2011). Uma das consequências
263
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
que a seleção genética para aumentar o tamanho das leitegadas trouxe foi o aumentar tam-
bém o número de natimortos, fato também associado ao aumento da duração dos partos
(BJÖRKMAN et al., 2017; UDOMCHANYA et al., 2019). A maioria dos casos de leitões nati-
mortos, é no período intraparto, causado principalmente pela anoxia (ausência de oxigenação
cerebral). Os principais fatores ligados a este tipo de natimortalidade são a ordem de parto,
grandes leitegadas, duração do parto e ausência de contração uterina (SOUZA et al., 2012).A
ordem de parto interfere diretamente na produtividade das porcas, sendo um fator levado
em consideração em todo o manejo. Neste quesito, o pico de produção de leitões nascidos
vivos varia entre o terceiro ao quinto parto, e à medida que a porca envelhece, o tamanho
da leitegada diminui (HOVING et al., 2011). Porcas primíparas apresentam um menor nú-
mero de leitões nascidos vivos, com peso ao nascimento e desempenho até o desmame
menor do que porcas pluríparas (PIÑEIRO et al., 2019). Quando as porcas passam para a
segunda gestação, podem ser acometidas de uma síndrome produtiva, também conhecida
como “Síndrome do Segundo Parto”. Neste cenário, a principal característica é a grande
queda no número de leitões nascidos vivos, em relação a média esperada para o segundo
parto (figura 1) (SCHENKEL et al., 2007). As causas dessa síndrome podem ser associadas
ao desenvolvimento corporal das porcas, alta exigência nutricional na lactação anterior, alto
catabolismo, perda de peso excessiva e alto IDC (HOVING et al., 2011; MELLAGI et al.,
2013; SCHENKEL et al., 2010).
Figura 1. Total de leitões nascidos vivos em relação a ordem de parto de porcas com (linha pontilhada) e sem síndrome
do segundo parto (linha continua).
Outro ponto que deve ser considerado quando se fala de ordem de parição, é a uni-
formidade de distribuição das fêmeas no plantel. Na maioria das granjas, é adotado uma
renovação média das fêmeas de 35 a 55% ao ano. Desta forma o ideal é que a distribuição
264
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
seja decrescente onde, aproximadamente 17 a 21% do plantel seja de porcas primíparas,
caindo para 4% de porcas acima do sexto parto (WENTZ et al., 2007). Procedendo desta
maneira, a granja mantem a maioria das porcas dentro da fase mais produtiva (terceiro a
quinto parto), fazendo com que haja uma forte seleção para a permanência de porcas acima
de seis partos (ANTUNES, 2007).
Do ponto de vista da modelagem, as informações referentes a ordem de parição são
muito importantes. Através da modelagem é possível predizer a produtividade das porcas
no decorrer da vida, podendo assim auxiliar na seleção de porcas mais eficientes (GRUHOT
et al., 2017; HOVING et al., 2011). Além disso, a própria produtividade já interfere nos mo-
delos nutricionais das porcas, onde cada leitão a mais exige uma maior produção de leite,
que consequentemente interfere no consumo de ração e mobilização de reservas. Sem ao
menos considerarmos as grandes diferenças fisiológicas e metabólicas de porcas primíparas
e pluriparas, que por si só já são importantes (DOURMAD et al., 2013).
Melhoramento genético
Características produtivas podem ser herdadas, ou seja, passada dos genitores para
a prole. No entanto determinadas características são mais importantes do que outras, pois
estão ligadas ao interesse econômico da atividade suinícola. O aprimoramento dessas carac-
terísticas seria impossível sem realização da intensa e completa coleta de dados (ANRAIN,
2014). Por exemplo, o tamanho da leitegada aumentou nos últimos anos devido a coleta
das informações relativas à reprodução (taxa ovulatoria, taxa de fecundação, sobrevivên-
cia embrionária e fetal, capacidade uterina, eficiência placentária, localização dos fetos no
útero, peso ao nascimento) (BORTOLOZZO et al., 2007). Entretanto, a grande maioria das
granjas possuem rebanhos comerciais, mas isso não significa que não exista uma seleção
de reprodutores melhores. Neste tipo de granja, as melhores e mais produtivas porcas per-
manecem no rebanho (ANTUNES, 2007).
A seleção genética apurada dos suínos levou-os a melhorar a eficiência alimentar e
a depositar mais proteína e menos gordura na carcaça. Ao final da década de 1990, isso
fez com que as linhagens maternas também se tornassem magras e com baixo apetite.
(ROZEBOOM, 2015). O resultado disso acabou gerando problemas para as porcas como
longo intervalo desmame-estro, consequência da redução da capacidade de consumo de
ração e das reservas corporais, favorecendo os efeitos do catabolismo da lactação (CAMPOS
et al., 2012; ROSSI et al., 2008). Sabendo disso, os pesquisadores têm buscado modelos
e propostas que integrem informações para tentar contornar os problemas acima expos-
tos. Um exemplo disso é o software InraPorc®, capaz de integrar informações como or-
dem de parto, atividade física, genética, condição corporal, temperatura, manejo alimentar,
265
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
alimentos e dietas. A partir destas informações o software é capaz de simular situações,
determinar os requerimentos nutricionais, predizer a performance e analisar a utilização dos
nutrientes (DOURMAD et al., 2008). Portanto, é um grande desafio para os programas de
melhoramento genético de suínos atender as demandas nutricionais das porcas de hoje,
otimizando o consumo de nutrientes, aumentando a capacidade de produção de leite e ha-
bilidade materna, buscando reduzir os efeitos do catabolismo na lactação.
As características reprodutivas das porcas são complexas, pois existem muitos atributos
relacionados a uma simples característica, e determinadas ações em quaisquer atributos
podem afetar a longevidade e produtividade de maneira geral (ZAK et al., 2017). Nos últi-
mos anos o tamanho da leitegada aumentou e, apesar de ser uma característica desejada
e importante, aumentar o número de nascidos vivos trouxe suas consequências. (CAMPOS
et al., 2012; ROZEBOOM, 2015). Entretanto, devido à complexidade de se aumentar o nú-
mero de leitões nascidos vivos, é importante que os programas de melhoramento adicionem
características voltadas para a sobrevivência dos leitões na gestação, ao parto e consumo
de colostro e leite adequados (ZAK et al., 2017). Além de buscar por leitões mais resistentes
a doenças e aos desafios enfrentados ao longo da vida, reduzir os leitões de baixo peso e
a desuniformidade das leitegadas (ANTUNES, 2014).
Como o peso e a condição corporal das porcas varia muito durante toda a vida, é
crucial realizar o seu monitoramento, pois podem acarretar em problemas produtivos, re-
produtivos ou de desempenho da prole (CONDOUS; KIRKWOOD; VAN WETTERE, 2014).
Desta forma, é ideal que a porca mantenha uma condição corporal correspondente ao ciclo
de vida ao qual está, afim de maximizar o seu desempenho (BARBOSA, 2015; ZOU et al.,
2017). E para isso existem ferramentas capazes de auxiliar nesse controle, assim como a
avaliação do Escore de Condição Corporal (ECC), utilização de Ultrassom (MAES et al.,
2004) ou do Caliper (KNAUER; BAITINGER, 2015).
Frequentemente, dentre as porcas magras é possível observar altas taxas de morta-
lidade, aumento no descarte por baixos índices produtivos (alto IDC e retorno de cio, baixa
taxa de parição e leitões desmamados/fêmea/ano) que consequentemente levam a uma
menor longevidade das porcas no plantel (LEWIS; BUNTER, 2011; STALDER et al., 2004;
YOUNG et al., 1991). Tal situação foi observada por Young et al., (1991) onde 55% das
porcas de OP2 e 44% de OP3 que apresentaram ET abaixo de 12mm, não chegaram o
parto subsequente.
Por outro lado, quando as porcas apresentam-se acima do peso e condição corporal
ideal, problemas como número de leitões natimortos, distocia no parto e lesões nos membros
266
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
locomotores aumentam (ROONGSITTHICHAI; TUMMARUK, 2014; ROSSI et al., 2008;
STALDER et al., 2004). Na lactação, porcas que possuem ET acima de 21 mm ao parto
apresentam baixo consumo voluntário de ração (ROSSI et al., 2008). Esta situação está
muito ligada seleção genética para eficiência alimentar (BORTOLI et al., 2018), que por
consequência, leva a uma maior perda de peso. E nestas condições observa-se redução
da produção de leite e menor desempenho da leitegada, o que pode se estender sobre as
gestações e partos subsequentes. Perdas de peso durante a lactação maiores que 10%
prejudicam significativamente as taxas de parto e o total de leitões nascidos vivos dos par-
tos subsequentes, sendo que as primíparas são mais sensíveis a esta variação (THAKER;
BILKEI, 2005). Entretanto, até mesmo perdas de peso leves (1,1%) são capazes de reduzir
a taxa de parto de porcas de primeiro e segundo parto que apresentam alto catabolismo
(MELLAGI et al., 2013). Todas estas situações somadas, acabam levando a uma baixa
produtividade, e por fim resultam na morte ou no descarte prematuro de porcas.
De posse dessas informações, é possível inseri-las e aplicá-las em softwares nutricio-
nais como o INRAPorc® e NRC (2012). O INRAPorc® é um modelo proposto para avaliar os
efeitos de diferentes estratégias nutricionais, através de fácil caracterização da população
de animais da granja e permite estimar as exigências nutricionais deste rebanho e simular
diferentes cenários de produção. (DOURMAD et al., 2008; LEHNEN, 2012). Já o NRC bus-
ca estimar as exigências nutricionais dos suínos, comumente apresentando os resultados
em tabelas de recomendação (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014). Ambos
os modelos são baseados em equações matemáticas, que buscam simular um animal ou
população, seus fluxos de nutrientes, reservas corporais e excreção, além de conter as
informações referentes aos alimentos e dietas. A combinação de todas essas informações
permite observar a existência de excessos ou deficiências de nutrientes, mobilização ou
recomposição de reservas corporais antes mesmo da aplicação prática (DOURMAD et al.,
2013). Portanto a utilização da modelagem nutricional é uma ferramenta que auxilia na
tomada de decisões, permite aumentar a eficiência na utilização dos nutrientes e que, con-
sequentemente colabora para a manutenção e longevidade das porcas no plantel.
267
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Oviedo-Rondón (2007) descreve os principais objetivos da pesquisa baseada em mo-
delagem matemática: a) integrar os conceitos existentes e dados em um formato compatível
com as análises quantitativas e dinâmicas, para em seguida estimar sua validade b) reduzir
as dificuldades conceituais em análises de interações entre elementos de sistemas com-
plexos, c) pré-avaliar hipóteses alternativas quando os conceitos são inadequados e indicar
necessidade de experimentação, d) estimar os valores dos parâmetros que não podem ser
medidos diretamente e/ou ajudarem na interpretação de novos dados.
A modelagem possui ao menos seis abordagens diferentes: empírico, mecanicista,
estático, dinâmico, determinístico e estocástico. A modelagem empírica consiste em calcular
as relações quantitativas por ajuste estatístico dos dados (MAES et al., 2004) por uma ou
mais equações de regressão (SAUVANT, 1992). Também é conhecido como “caixa preta”,
pois seu funcionamento matemático não é transparente, não levando em consideração os
mecanismos que controlam os fenômenos (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014;
ROUSH, 2006). Podemos considerar como modelos que utilizam a abordagem empírica as
tabelas de recomendação nutricional, assim como as Tabelas Brasileiras (ROSTAGNO et al.,
2017). Modelos mecanicistas podem ser entendidos como “a compreensão do que acon-
tece no interior da caixa preta” (MAES et al., 2004). Modelos mecanicistas são construídos
olhando para a estrutura de todo o sistema, dividindo-o em seus componentes principais e
analisando o comportamento de todo o sistema, de seus componentes individuais e suas
interações entre si, assim como as etapas da digestão e metabolismo dos nutrientes dentro
do organismo animal (MAES et al., 2004; ROUSH, 2006).
Modelos estáticos podem descrever um fenômeno, sem considerar a variação do tempo
(ex: determinação de uma exigência nutricional em uma idade especifica), diferentemente
de modelos dinâmicos, que a consideram (ex: curvas de crescimento). Modelos determinís-
ticos possuem uma única resposta (ex: em uma curva de crescimento de um animal é ob-
tido determinada idade e consequentemente um peso médio), entretanto os estocásticos
dependem das probabilidades (ex: curvas de distribuição de probabilidades, assim como
a curva normal, entre outras) (OVIEDO-RONDÓN; POMAR; CONCEIÇÃO, 2014). Apesar
da diversidade dos tipos de modelos, existe uma grande dificuldade em definir os meca-
nismos envolvidos nos fenômenos biológicos, fazendo que os modelos empíricos sejam
mais utilizados. Os modelos mecanicistas são muito úteis para avaliação e adequação dos
conhecimentos atuais e estudo dos processos biológicos (OVIEDO-RONDÓN; POMAR;
CONCEIÇÃO, 2014; ROUSH, 2006). Quando comparados com modelos mecanicistas, os
modelos empíricos apresentam uma menor precisão.
De forma prática, a aplicação da modelagem pode utilizar mais de uma abordagem para
demonstrar o seu potencial. Por exemplo o InraPorc é um modelo dinâmico, determinista e
268
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
mecanicista por representar os fenômenos relacionados à nutrição, alimentação, genética e
a utilização dos nutrientes (FRAGA et al., 2015). Ou ainda o AIPF (Automatic and inteligent
Precision feeder) que utiliza componentes empíricos e mecanicistas para estimar e atender
em tempo real exigência de aminoácidos (POMAR et al., 2013).
Figura 3. Exemplo de árvore de decisão baseado na vocalização de leitões para identificar a sensação de conforto térmico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA, J. DE. Gestão em agronegócios: um estudo sobre a aplicação de ferramentas
de gestão em empreendimentos de suinocultura. Lageado: Centro Universitário Univates.
80 f., 2008.
8. BOS, E.-J. et al. Locomotion Disorders and Skin and Claw Lesions in Gestating Sows Housed
in Dynamic versus Static Groups. PLoS ONE, v. 11, n. 9, p. 163625, 2016.
10. CAMPOS, P. H. R. F. et al. Effects of sow nutrition during gestation on within-litter birth weight
variation: a review. animal, v. 6, n. 05, p. 797–806, 17 maio 2012.
13. CONDOUS, P. C.; KIRKWOOD, R. N.; VAN WETTERE, W. H. E. J. The effect of pre- and
post-mating dietary restriction on embryonic survival in gilts. Animal Reproduction Science,
v. 148, n. 3–4, p. 130–136, 1 ago. 2014.
14. COPPIN, B. Artificial intelligence illuminated. Sudbury, MA. EUA.: Jones and Bartlett Pu-
blishers, 2004.
15. CORDEIRO, A. F. D. S. et al. Use of vocalisation to identify sex, age, and distress in pig pro-
duction. Biosystems Engineering, v. 173, p. 57–63, 1 set. 2018.
16. DIAS, A. C. et al. Manual Brasileiro de Boas Práticas na Produção de Suínos. 1a ed. Con-
córdia, SC: ABCS; MAPA, 2011.
17. DIAS, C. P.; SILVA, C. A. DA; MANTECA, X. Bem estar dos suínos. 1a ed. Londrina, PR,
2014: [s.n.].
18. DING, L.; MENG, J.; YANG, Z. An early warning system of pork price in China based on
decision tree. 2010 International Conference on E-Product E-Service and E-Entertainment,
ICEEE2010. Anais...2010
19. DOURMAD, J.-Y. et al. InraPorc: A model and decision support tool for the nutrition of sows.
Animal Feed Science and Technology, v. 143, n. 1–4, p. 372–386, 22 maio 2008.
20. DOURMAD, J. Y. et al. Modelling Nutrient Utilization in Sows: A Way Towards the Optimization
of Nutritional Supplies. In: Nutritional Modelling for Pigs and Poultry. 1 ed ed. São Paulo:
CABI International, 2013. p. 50–61.
21. DUDA, R. O.; HART, P. E.; STORK, D. G. Unsupervised learning and clustering. In: Pattern
272
Classification. 2 ed ed. [s.l.] John Wiley & Sons, 2001.
23. FRAGA, B. N. et al. Modeling performance and nutritional requirements of pigs lots during
growth and finishing. Ciencia Rural, v. 45, n. 10, p. 1841–1847, 1 out. 2015.
25. GRUHOT, T. R. et al. Using first and second parity number born alive information to estimate
later reproductive performance in sows. Livestock Science, v. 196, p. 22–27, 1 fev. 2017.
26. HOVING, L. L. et al. Reproductive performance of second parity sows: Relations with subse-
quent reproduction. Livestock Science, v. 140, n. 1–3, p. 124–130, 1 set. 2011.
27. IIDA, R.; PIÑEIRO, C.; KOKETSU, Y. Removal of sows in Spanish breeding herds due to lame-
ness: Incidence, related factors and reproductive performance of removed sows. Preventive
Veterinary Medicine, v. 179, 2020.
29. JÚNIOR, E. M. Como registrar e usar dados para monitoria de suínos nas fases de recria e
terminação . Acta Scientiae Veterinariae, p. 129–131, 2009.
30. KIRCHNER, K.; TÖLLE, K. H.; KRIETER, J. Decision tree technique applied to pig farming
datasets. Livestock Production Science, v. 90, n. 2–3, p. 191–200, 1 nov. 2004.
31. KNAUER, M. T.; BAITINGER, D. J. The Sow Body Condition Caliper. Applied Engineering in
Agriculture, v. 31, n. 2, p. 175–178, 25 mar. 2015.
32. KOKETSU, Y.; IIDA, R. Sow housing associated with reproductive performance in breeding
herds. Molecular Reproduction and Development, v. 84, n. 9, p. 979–986, 1 set. 2017.
33. KOKETSU, Y.; TANI, S.; IIDA, R. Factors for improving reproductive performance of sows and
herd productivity in commercial breeding herds. Porcine Health Management, v. 3, n. 1, p.
1, 9 jan. 2017.
34. KOTSIANTIS, S. B.; ZAHARAKIS, I.; PINTELAS, P. Supervised machine learning: A review of
classification techniques. In: IOS PRESS (Ed.). . Emerging artificial intelligence applications
in computer engineering. 1. ed. Amsterdam, Netherlands: [s.n.]. p. 3–24.
35. LEE, W. et al. Prediction of Water Usage in Pig Farm based on Machine Learning. Inf. Commun.
Eng., v. 21, n. 8, p. 1560–1566, 2017.
36. LEE, W. et al. Analysis of Growth Performance in Swine Based on Machine Learning. IEEE
Access, v. 7, p. 161716–161724, 2019.
273
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
38. LEMOINE, A. Meteorological effects on seasonal infertility in pigs. Leeds, UK: Faculty of
Biological Sciences School of Biology, University of Leeds, 2013.
39. LEWIS, C. R. G.; BUNTER, K. L. Body development in sows, feed intake and maternal capacity.
Part 2: gilt body condition before and after lactation, reproductive performance and correlations
with lactation feed intake. Animal, v. 5, n. 12, p. 1855–1867, 2011.
40. LIANG, R. et al. Prediction for global African swine fever outbreaks based on a combination of
random forest algorithms and meteorological data. Transboundary and Emerging Diseases,
v. 67, n. 2, p. 935–946, 1 mar. 2020.
42. LOVATTO, P. A.; LEHNEN, C. R.; ANDRETTA, I. Modeling as a tool to optimize feeding pro-
grams of gestating and lactating sows. Acta Scientiae Veterinariae, v. 38, n. 1, p. 211–220,
2010.
44. MAES, D. G. D. et al. Back fat measurements in sows from three commercial pig herds: Rela-
tionship with reproductive efficiency and correlation with visual body condition scores. Livestock
Production Science, v. 91, n. 1–2, p. 57–67, ago. 2004.
45. MAES, D.; PLUYM, L.; PELTONIEMI, O. Impact of group housing of pregnant sows on health.
Porcine Health Management, v. 2, n. 1, p. 17, 1 jul. 2016.
46. MASFERRER, G. et al. Sorting Hams Using Bagged Decision Trees in a Commercial Pig
Slaughterhouse. Frontiers in Artificial Intelligence and Applications. Anais...IOS Press, 2018.
47. MELLAGI, A. P. G. et al. Efeito da ordem de parto e da perda de peso durante a lactação no
desempenho reprodutivo subsequente de matrizes suínas. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec, v.
65, n. 3, p. 819–825, 2013.
48. MIN, Y. et al. Comparison of the Productivity of Primiparous Sows Housed in Individual Stalls
and Group Housing Systems. Animals, v. 10, n. 11, p. 1940, 22 out. 2020.
50. MUNSTERHJELM, C. et al. Housing During Early Pregnancy Affects Fertility and Behaviour of
Sows. Reproduction in Domestic Animals, v. 43, n. 5, p. 584–591, 1 out. 2008.
54. PANDORFI, H.; SILVA, I. J. O. DA; PIEDADE, S. M. S. Conforto térmico para matrizes suínas
em fase de gestação, alojadas em baias individuais e coletivas. Revista Brasileira de Enge-
nharia Agrícola e Ambiental, v. 12, n. 3, p. 326–332, jun. 2008.
55. PELTONIEMI, O.; BJÖRKMAN, S.; MAES, D. Reproduction of group-housed sows. Porcine
Health Management, v. 2, 1 jul. 2016.
57. PIÑEIRO, C. et al. Influence of sows’ parity on performance and humoral immune response of
the offspring. Porcine Health Management, v. 5, n. 1, 14 fev. 2019.
58. PINHEIRO, R. Primeira semana pós-desmame: desafios e relevância. In: Associação Brasileira
Dos Criadores De Suínos (Ed.). . Produção de Suínos - Teoria e Prática. 1a ed. Brasília, DF:
Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), 2014. p. 628–632.
59. PODDA, M. C. Introdução e adaptação das leitoas de reposição. In: Associação Brasileira
De Criadores De Suínos (Ed.). . Produção de Suínos: Teoria e pratica. 1a ed. Brasília, DF:
Associação Brasileira de Criadores de Suínos, 2014. p. 249–252.
60. POMAR, C. et al. Estimating Real-time Individual Amino Acid Requirements in Growing-fi-
nishing Pigs: Towards a New Definition of Nutrient Requirements in Growing-finishing Pigs?
In: SAKOMURA, N. K. et al. (Eds.). . Nutritional Modelling for Pigs and Poultry. 1a ed. São
Paulo, Brazil: CABI International, 2013. p. 157–174.
61. RODRIGUEZ, S.; CHAVES, C.; QUIROGA, A. Development of a swine health monitoring sys-
tem based on bio-metric sensors. In: TOBAR, D. F. C.; DUY, V. H.; DAO, T. T. (Eds.). . AETA
2019 - Recent Advances in Electrical Engineering and Related Sciences: Theory and
Application. Lecture Notes in Electrical Engineering. [s.l.] Springer, 2020. v. 685p. 244–251.
63. ROSSI, C. A. R. et al. Metanálise da relação entre espessura de toicinho e variáveis corporais
e reprodutivas de porcas gestantes e lactantes. Ciência Rural, v. 38, n. 1, p. 206–212, 2008.
64. ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas Brasileiras Para Aves e Suínos. 4a edição ed. Viçosa:
UFV, 2017.
65. ROUSH, W. B. Advancements in Empirical Models for Prediction and Prescription. In: GOUS,
R.; MORRIS, T.; FISHER, C. (Eds.). . Mechanistic Modelling in Pig and Poultry Production.
[s.l.] CABI Publishing, 2006. p. 1–331.
66. ROZEBOOM, D. W. Conditioning of the gilt for optimal reproductive performance. In: FARMER,
C. (Ed.). . The gestating e lactating sows. 1a ed. Wageningen, NL: Wageningen Academic
Publishers, 2015. p. 13–26.
67. SANTOS, D. S. et al. Redes bluetooth associadas a redes neurais artificiais para monitoramento
de suínos Archivos de Zootecnia. Arch. Zootec, v. 65, n. 252, p. 557–563, 15 out. 2016.
275
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
68. SANTOS, J. L. DOS; SANTOS, L. F. DOS; COSTA, W. M. T. Monitoria sanitária. In: Associação
Brasileira Dos Criadores De Suínos (Ed.). . Produção de Suínos: Teoria e pratica. 1a ed.
Brasília, DF: Associação Brasileira dos Criadores de Suínos, 2014. p. 226–236.
69. SARUBBI, J. Técnicas de manejo voltadas para o BEA em suínos. In: Associação Brasileira
Dos Criadores De Suínos (Ed.). . Produção de Suínos - Teoria e Prática. 1a ed. Brasília, DF:
Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), 2014. p. 146–155.
71. SCHENKEL, A. C. et al. Quais as principais características das fêmeas que manifestam a
síndrome do segundo parto? Acta Scientiae Veterinariae, v. 35, p. 63–72, 2007.
72. SCHENKEL, A. C. et al. Body reserve mobilization during lactation in first parity sows and its
effect on second litter size. Livestock Science, v. 132, n. 1–3, p. 165–172, 1 ago. 2010.
74. SELL-KUBIAK, E. et al. Unraveling the actual background of second litter syndrome in pigs:
based on Large White data. Animal, v. 15, n. 2, p. 100033, 1 fev. 2021.
75. SENS, V.; NEVES, J. E. G.; RIBAS, J. C. R. Sistema de alojamento de fêmeas suínas adapta-
das para a a gestação coletiva. In: RIBAS, J. C. R. et al. (Eds.). . Suinocultura: Uma saúde
e um bem-estar. 1 ed ed. Brasilia, DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
2020. p. 247–269.
76. SILVA, I. J. O.; LIMA, G. F. R.; DELAGRACIA, F. Ambiência na produção de suínos. In: RI-
BAS, J. C. R. et al. (Eds.). . Suinocultura: Uma saúde e um bem-estar. 1 ed ed. Brasília,
DF: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2020. p. 205–225.
77. SILVEIRA, P. R. S. DA. Fatores que interferem na taxa de parição em rebanhos suínos. Rev
Bras Reprod Anim, v. 31, n. 1, p. 32–37, 2007.
78. SILVEIRA, P. R. S. DA; ZANELLA, E. Assistência ao parto: técnicas e princípios. In: Associa-
ção Brasileira De Criadores De Suínos (Ed.). . Produção de Suínos - Teoria e Prática. 1. ed.
Brasilia, DF: Associação Brasileira de Criadores de Suínos, 2014. p. 468–475.
79. STALDER, K. J. et al. Sow longevity. Pig News and information, v. 25, n. 2, p. 53–74, 2004.
80. THAKER, M. Y. C.; BILKEI, G. Lactation weight loss influences subsequent reproductive per-
formance of sows. Animal Reproduction Science, v. 88, n. 3–4, p. 309–318, 1 set. 2005.
81. TOIGO, L. A.; WRUBEL, F.; HEIN, N. Influências contingenciais no custo de produção de
suínos em ciclo completo no Estado de Santa Catarina. Custos e agronegócio, v. 10, n. 4,
p. 198–221, 2014.
82. TOLON, Y. B. et al. Evaluating farrowing rearing ambient using sows’ vocalization. Brazilian
Journal of Biosystems Engineering, v. 7, n. 3, p. 124–133, 9 dez. 2013.
276
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
84. VIEIRA, P. B. et al. Características termorreguladoras no início da gestação e índices repro-
dutivos de matrizes suínas de diferentes ordens de parto. Bioscience Journal, v. 30, n. 4, p.
1183–1191, 2014.
85. WENTZ, I. et al. Cuidados com a leitoa entre a entrada na granja e a cobertura: procedimentos
com vistas à produtividade e longevidade da matriz. Acta Scientiae Veterinariae, v. 35, p.
17–27, 2007.
86. YOUNG, L. G. et al. Interrelationships among age, body weight, backfat and lactation feed
intake with reproductive performance and longevity of sows. Canadian Journal of Animal
Science, v. 71, p. 567–575, 1991.
87. ZAK, L. J. et al. Genetic control of complex traits, with a focus on reproduction in pigs. Mole-
cular Reproduction and Development, v. 84, n. 9, p. 1004–1011, 1 set. 2017.
89. ZOU, T. et al. Moderate Maternal Energy Restriction During Gestation in Pigs Attenuates Fetal
Skeletal Muscle Development Through Changing Myogenic Gene Expression and Myofiber
Characteristics. Reproductive Sciences, v. 24, n. 1, p. 156–167, 27 jan. 2017.
277
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
18
Influência de diferentes protocolos
de higienização na creche sobre o
desempenho dos leitões
Vladimir de Oliveira
UFSM
10.37885/210504836
RESUMO
279
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
MÉTODO
282
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total
O consumo médio diário de ração é definido pela quantidade diária de ração fornecida
aos animais, decrescida do valor do desperdício (acumulados nos coletores, na área do
piso abaixo dos comedouros e as rações contaminadas com urina e fezes) e de sobra nos
cochos (coletadas ao final de cada período semanal). O efeito de tempo sobre as repeti-
ções dos tratamentos transcorreu de forma sequencial, diferindo (P<0,05) no decorrer das
pesagens. Ou seja, para as repetições dentro de cada tratamento, isso ocorre devido ao
desenvolvimento dos animais conforme as pesagens semanais. O consumo de ração pelos
animais dos tratamentos HC e HI apresentou diferença (P<0,05) durante a terceira sema-
na, entre os 42 e 49 dias. Portanto, houve um maior consumo de ração pelos animais do
tratamento HC. Conforme Kummer et al, (2009), vários fatores podem interferir no consumo
de ração pelos animais, desde seu desenvolvimento intrínseco até fatores como ambiente,
concentração de gases, ruídos e temperatura.
Na terceira semana ocorreu a troca de ração, de Pré-inicial para Inicial I, o que pode ter
interferido no consumo de ração pelos animais. Ainda, durante o período que compreendeu
a terceira semana de avaliação houve uma variação nas amplitudes de temperatura, onde
as mínimas variaram de 5,8 a 16ºC e as máximas tiveram uma variação de 14 a 23,5ºC.
Oscilações de temperaturas e temperaturas fora da zona de conforto para leitões, que é em
torno de 28ºC, interferem no consumo de ração pelo animal, conforme corroboram Vieira
(2005) e Ferreira (2001).
No período experimental a ração era fornecida à vontade para os animais, assim con-
jectura-se que o fornecimento de ração não foi um limitante para a expressão do desem-
penho animal pelos os leitões. Ainda, conforme Pinheiro (2009), leitões em creche podem
283
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
adquirir hábito de defecar e urinar nos comedouros, ocasionando um maior acumulo de
gases, odores desagradáveis e decomposição da ração, assim interferindo no acesso aos
comedouros e ingestão das rações. Tal resultado é muito importante, uma vez que Cole &
Varley (2000), afirmam que o consumo de um leitão de creche representa 12,6% do total de
ração consumida até o abate, mas influencia em até 30% o ganho de peso dos animais nas
fases posteriores. As médias finais dos tratamentos não diferiram (P>0,05) entre si.
Os resultados de ganho de peso diário dos animais estão apresentados na tabela 2.
Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total
O ganho de peso diário é obtido pela diferença entre o peso final e peso inicial dividido
pelo período analisado. Este valor indica a quantidade média de peso que o animal incorporou
ao seu organismo por dia, sendo fundamental para acompanhar a produtividade. O ganho
de peso diário foi influenciado (P<0,05) pelo tempo, indiferente aos tratamentos.
Os tratamentos apresentaram resultados iguais para a primeira semana de experimento
(pesagem aos 28 e 35 dias) para ganho de peso diário e consumo médio diária de ração,
o que demostra que a socialização e adaptação dos leitões ao ambiente de creche ocorreu
de forma equivalente. Estes valores são corroborados por Barnet et al., (1994) e Le Dividich
& Seve (2000), que sugerem que a adaptação e bem-estar dos leitões em fase de creche
está relacionada com intensidade de fatores como: mistura de lotes, ressocialização, brigas,
ambiente, alimentação, dentre outros, causando uma procrastinação no desenvolvimento
do animal que se estende até o momento da melhor adaptação.
Segundo Cera et al. (1988), o consumo médio diário e o ganho de peso diário são
proporcionais ao tamanho do animal. Logo, leitões nas primeiras semanas de vida apre-
sentam uma taxa menor destes e, o aumento no peso dos leitões ocorre de acordo com o
aumento do aporte energético, com reflexos positivos diretos nas fases posteriores. As mé-
dias de ganho de peso diário não diferiram (P>0,05) para ambos os tratamentos nas quatro
primeiras semanas. Nas duas últimas semanas de tratamento (representadas por 60 e 66
dias) houve diferença (P<0,05) positiva para os leitões tratados com HI. No entanto, estes
valores foram insuficientes para diferir (P>0,05) a média do período total. Porém, em cenário
284
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
hipotético pós-experimento, se conjectura que essas médias se tornariam mais representa-
tivas e constantes conforme a crescimento do animal. Ainda, os animais que apresentaram
maior ganho de peso diário nas últimas semanas apresentarão melhor adaptabilidade e
desenvolvimento nas próximas fases. Em um ambiente favorável o ganho de peso está di-
retamente relacionado com o consumo de ração pelos animais. Porém, em ambientes com
déficit de higiene, acumulo de gases e estresses diversos há uma interferência na relação
entre o consumo de ração e o ganho pelos animais, onde os animais não ganham peso em
referência ao que consomem conforme descreve Kummer et al. (2009). Desta maneira, o
ambiente mais limpo pode ter influenciado o melhor GPD tanto pelos comedouros limpos
quanto pela redução no desafio sanitário.
Os valores de conversão alimentar dos animais nos períodos estão represen-
tados na tabela 3.
Tratamento 1 2 3 4 5 6 Total
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. BARCELLOS, D.E.S.N; ALMEIDA M.N; LIPPKE, R.T. Adaptação e quarentena de matrizes
suínas: conceitos tradicionais e o que está vindo por aí. Acta Scientiae Veterinariae. Porto
Alegre. Vol. 35. Pág. 9-15. 2007. Anual.
2. BARCELLOS, D.E.S.N., MARQUES B.M.F.P.P., MORÉS T.J., COELHO, C.F., Practical aspects
on the use of antimicrobials in pig production. Acta Scientiae Veterinariae. Porto Alegre. Vol.
37 (supl 1). P 151-155. Out 2009. Anual.
3. COLE, M.; VARLEY, M. Recent advances in the feeding and nutrition of the piglet. In: SE-
MINÁRIO INTERNACIONAL DE SUINOCULTURA, 5., 2000, São Paulo. Anais... São Paulo,
2000. Disponível em: <http://docsagencia.cnptia.embrapa.br/suino/anais/anais0009_cole.pdf>.
Acesso em: 01 de Jun de 2019.
286
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
4. Companhia Nacional de Abastecimento CONAB. Análise mensal da carne suína. Disponível
em: https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/ana-
lises-do-mercado/historico-mensal-de-carne-suina Acesso em 29 maio de 2019.
7. FERREIRA, R.A.; SOUSA, R.V. O desenvolvimento do sistema imune de leitões e suas cor-
relações com as práticas de manejo. 2004.
8. FERREIRA, Daniel Furtado. Sisvar: a Guide for its Bootstrap procedures in multiple compa-
risons. Ciênc. agrotec. [online]. 2014, vol.38, n.2, pp. 109-112. Disponível em: http://dx.doi.
org/10.1590/S1413-70542014000200001. Acesso em: 02 Jun 2019.
9. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 13.ed. São Paulo: ESALQ/USP, 1985. 467p
10. INTVEN, M. Higiene em suinocultura 4.0. Revista O Presente Rural. Pag. 18-19. 2018. Disponí-
vel em: http://www.flip3d.com.br/web/pub/opresenterural/?numero=156&edicao=4317#page/19.
Acesso em: 01 jun de 2019.
11. KUMMER, R. et al. Fatores que influenciam o desempenho de leitões na fase de creche. Acta
Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v. 37, n. 1, p.195-209, out. 2009. Anual.
12. LUNING, P. et al. Performance assessment of food safety management systems in animal
based food companies in view of their context characteristics: a European study. Food Control,
v.49, p.11‐22, 2015.
13. LEITE, D.M.G. et al. Parasitoses em suínos criados ao ar livre. Hora Veterinária, v.19, n.114,
p.8-10, 2000.
14. LOPES, L.M.M. Florence Nightingale: Apontamentos sobre a fundadora da enfermagem mo-
derna. Revista de Enfermagem Referência. 3ª edição. Vol. 2, pág. 118-119. 2010.
16. MORÉS, N. É possível produzir suínos sem o uso de antimicrobianos melhoradores de de-
sempenho? VI Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal - SALA SUÍNOS 23 a 26 de
setembro de 2014 – Estância de São Pedro, SP – Brasil.
17. MORGAN-JONES S. 1987. Practical aspects of disinfection and infection control. In: Linton
A.H., Hugo W.B. & Russell A.D. (Eds). Disinfection in Veterinary and Farm Animal Practice.
Oxford: WileyBlackwell, 190p.
287
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
18. PINHEIRO, J.V. A pesquisa com bem-estar animal tendo como alicerce o enriquecimento am-
biental através da utilização de objeto suspenso no comportamento de leitões desmamados
e seu efeito como novidade. 67p. Dissertação (Mestrado em Nutrição e Produção Animal),
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, 2009.
19. REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo:
Editora Unifesp, 2009. As grandes epidemias da história. pp. 73-82. Disponível em: http://
books.scielo.org. Acessado em: 02 jun 2019.
20. RIBEIRO, A.M.L. et al. Nutrients that affect piglet immunity. Acta Scientiae Veterinariae, Porto
Alegre, nº 36, V. 2, p.119- 124, out. 2008.
21. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T. DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para aves e su-
ínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. Viçosa, MG: Universidade Federal
de Viçosa, 2011. 186p.
23. SILVA et al. Escherichia coli na suinocultura. Aspectos clínicos. Uma Revisão. Revista Brasi-
leira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.2) (2015) 288-293.
24. VIEIRA VAZ, R.G.M.; OLIVEIRA, R.F.M.; DONZELE, J.L. Exigência de aminoácidos sulfurados
digestíveis para suínos machos castrados mantidos em ambiente termoneutro dos 15 aos 30
kg. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária, v.57, p.345-352, 2005.
25. ZANELLA, J.R.C; MORES, N.; BARCELLOS, D.E.S.N. Principais ameaças sanitárias endê-
micas da cadeia produtiva de suínos no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.
51, n. 5, p.443-453, maio 2016. Mensal.
288
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
19
Principais mecanismos de ação de
aditivos probióticos na suinocultura
Ines Andretta
UFRGS
10.37885/210504842
RESUMO
290
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
Os mecanismos pelos quais os efeitos benéficos dos probióticos ocorrem, são abrangen-
tes e não foram ainda totalmente elucidados. Diferentes cepas podem influenciar o ambiente
intestinal de maneiras distintas. Os modos de ação mais discutidos são descritos a seguir.
Os meios de ação dos probióticos podem se dar por exclusão competitiva, definida
como a ação normal da microbiota que protege o intestino contra o estabelecimento de
microrganismos prejudiciais (BAJAGAI et al., 2016). O conceito de exclusão competitiva
indica que as culturas de microrganismos benignos selecionados (probióticos) competem
com microrganismos prejudiciais no intestino por locais de adesão e substratos orgânicos.
Logo, a adesão de probióticos à parede intestinal poderia prevenir a colonização por cepas
patogênicas (YANG et al., 2015).
A exclusão competitiva é uma barreira física, na qual os probióticos podem impedir a
proliferação de bactérias patogênicas ao competir pelo mesmo sítio de ligação, os quais se
localizam principalmente nas vilosidades intestinais, nas células caliciformes e nas criptas
intestinais (CHICHLOWSK et al., 2007). Os probióticos também podem alterar o ambiente
intestinal de modo que as bactérias patogênicas não sobrevivam. Ademais, as bactérias
encontradas nos probióticos podem excluir as patogênicas ao competir por nutrientes e ener-
gia, prevenindo assim o crescimento e proliferação das bactérias patogênicas no intestino
(CUMMINGS; MACFARLANE, 1997).
Propriedades de adesividade específicas, que ocorrem devido à interação entre as pro-
teínas e as mucinas também podem inibir a colonização de bactérias patogênicas (SERVIN,
2004). Alguns probióticos, como a bactéria Lactobacillus plantarum induz a transcrição e ex-
creção de mucinas (MUC2 e MUC3) das células caliciformes e desde modo inibem a aderência
de enteropatogênicos como Escherichia coli da parede intestinal (FOOKS; GIBSON, 2002).
Outro mecanismo à nível de microbiota seria a inibição antimicrobiana direta, que diz
respeito a capacidade dos probióticos - após seu estabelecimento no intestino - de produzi-
rem substâncias bactericidas ou bacteriostáticas inibindo a colonização de microrganismos
patogênicos, incluindo bactérias gram-negativas (BAJAGAI et al., 2016). Por exemplo, algu-
mas bactérias probióticas participam do processo de fermentação de carboidratos, como a
lactose, que por sua vez produzem ácidos graxos de cadeia curta (ácidos lático e acético),
292
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
levando a redução do pH luminal a um nível não tolerado por bactérias nocivas como E.Coli
e Salmonella (BAJAGAI et al., 2016; MARTEAU et al., 2004).
Os mecanismos mais utilizados pelas bacteriocinas incluem a destruição das células
alvo através da formação e/ou inibição de poros na parede celular (HASSAN et al., 2012). A ni-
sina, junto com um glicopeptídeo, forma uma ligação estável, a qual gera um complexo de
várias moléculas de lisina e lipídeo II, formando um poro que posteriormente levará a célula
a um desequilíbrio eletrostático e, por fim, morte celular (BREUKINK & KRUIJFF, 2006).
Portanto, a produção de bacteriocinas pode inibir diretamente o crescimento de bactérias
patogênicas no trato gastrointestinal (O‟SHEA et al., 2012).
As bactérias probióticas produzem inúmeras bacteriocinas e demonstram in vitro ini-
bição de bactérias patogênicas, entre elas: Bacillus, Klebecella, Pseudomonas, Proteus,
Salmonella, Shigella, Staphylococcus, Vibrio e E. Coli (VILÀ et al., 2010).
Estudo relatam como os probióticos podem ser eficientes. Um exemplo é a bactéria
patogênica Salmonella sp. a qual tem origem alimentar e possui grande importância tanto na
saúde humana, quanto animal (LEE et al., 2015). Uma das formas de possível redução da
incidência de Salmonella sp. pode ocorrer através do fornecimento de aditivos, entre eles,
os probióticos. Martins et al. (2017), realizaram um estudo com o objetivo de acompanhar
a incidência de Salmonella sp. nas fezes e nos órgãos de suínos alimentados com dietas
adicionados de antibióticos e probióticos. A contagem de Salmonella sp. foi menor nas
fezes de suínos de 49 e 63 dias de idade alimentados com probióticos. Ademais, todos os
órgãos de animais de 63 dias de idade alimentados com probióticos apresentaram menor
contagem de Salmonella sp. quando comparados aos animais alimentados com antibióticos.
Portanto, concluiu-se que o uso de probióticos na alimentação de suínos pode promover a
diminuição da carga de Salmonella sp. resultando em menor contaminação da carcaça e
melhor qualidade dos produtos de origem suína.
Hayakama et al. (2016), utilizaram 3 probióticos diferentes na alimentação de matrizes
suínas. Os resultados demonstraram que o período de gestação das fêmeas alimentadas
com probióticos foram menores quando comparadas as fêmeas do grupo controle. Também
se observou que os peso das ninhadas foram maiores nas fêmeas alimentadas com pro-
bióticos. Ademais, durante o período do desmame, as fezes das fêmeas que receberam
probiótico possuíam uma maior quantidade de Lactobacillus e uma menor quantidade de
E.Coli nas fezes. No mesmo estudo foi observado os efeitos dos probióticos nos leitões
provenientes das fêmeas alimentadas com e sem probióticos. O estudo demonstrou que
a incidência de diarreia pós-desmame diminui e o desempenho dos leitões melhorou. Já a
nível de microbiota intestinal, durante o período do desmame, as fezes das fêmeas que
293
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
receberam probiótico possuíam uma maior quantidade de Lactobacillus e uma menor quan-
tidade de E.Coli nas fezes.
295
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Um dos principais modos de ação do Bacillus spp. em suínos pode ser por meio de suas
propriedades imunomoduladoras. O tratamento probiótico com B. toyonensis demonstrou
uma abundância de células T citotóxicas intraepiteliais e IgA fecal em leitões desmamados,
o que pode conferir proteção contra a colonização de patógenos (SCHAREK et al., 2007;
SCHIERACK et al., 2009). Em outro experimento com desafio de S. Typhimurium, os leitões
do grupo controle (sem probiótico) responderam ao desafio com redução de crescimento e
alta incidência de diarreia, que foi menos pronunciada em leitões alimentados com o pro-
biótico (SCHAREK-TEDIN et al., 2013).
Laskowska et al (2018) testaram o uso de uma mistura de cepas probióticas na ração
de porcas e observaram um aumento nas concentrações das citocinas pró-inflamatórias
TNF-α e IL-6, responsáveis por aumentar a capacidade protetora do colostro por meio da
estimulação de mecanismos imunes celulares que protegem a porca e os neonatos contra
infecções. Ao mesmo tempo, as concentrações aumentadas de citocinas IL-4, IL-10, TGF-β
e de imunoglobulinas no colostro e no leite de porcas do grupo experimental demonstram
o efeito imunorregulador da mistura probiótica nas células Th2 e podem levar ao aumento
da expressão de células T reguladoras e à polarização da resposta imune de Th1 a Th2.
Os mesmos pesquisadores (LASKOWSKA et al, 2017) avaliaram a concentração sérica
de citocinas e observaram concentrações significativas de IL-2, IL-4, IL-10, IFN-γ e TNF-α
nos suínos que receberam a mistura probiótica. Já nas células mononucleadas, a concen-
tração de citocinas IL-2, IL-4 e IL-10 foi estatisticamente maior. Os resultados encontrados
por eles indicam que a suplementação da mistura probiótica ativa a resposta imune humoral
e mediada por células, garantindo que o equilíbrio Th1 / Th2 seja mantido e melhorando os
processos imunológicos que protegem o corpo contra infecções.
Nota-se que probióticos são capazes de influenciar de maneira ativa, mesmo que não
totalmente esclarecidas, em todas as fases de produção da suinocultura. Entretanto, os seus
múltiplos efeitos e abordagens necessitam de melhores interpretações a fim de entender
sua real aplicabilidade em condições de campo, sendo esse um ponto de limitação no uso
de aditivos probióticos.
Produção de neurotransmissores
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. ANDERSON, R. C.; COOKSON, A. L.; MCNABB, W. C.; PARK, Z.; MCCANN, M. J.; KELLY,
W. J.; ROY, N. C. Lactobacillus plantarum MB452 enhances the function of the intestinal
barrier by increasing the expression levels of genes involved in tight junction formation. BMC
microbiology. v. 10 316. 2010.
3. BAJAGAI, Y. S.; KLIEVE, A. V.; DART, P. J.; BRYDEN, W. (2016). Probiotics in animal nutrition:
production, impact and regulation. FAO. doi: 10.1016/S0022-474X(00)00016-3.
8. CHICHLOWSK, M.; CROOM, J.; MCBRIDE, B. W.; HAVENST, G. B.; KOCI, M. D.. Metabolic and
Physiological Impact of Probiotics or Direct-Fed-Microbialson Poultry: a brief review of current
knowledge. International Journal Of Poultry Science, [S.L.], v. 6, n. 10, p. 694-704, 2007.
10. CRYAN, J. F., & O’Mahony, S. M. (2011). The microbiome-gut-brain axis: from bowel to beha-
vior. Neurogastroenterology and motility : the official journal of the European Gastrointestinal
Motility Society, 23(3), 187–192.
298
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
11. CUMMINGS, J. H.; MACFARLANE, G.T. Role of intestinal bacteria in nutrient metabolism. Jour-
nal Of Parenteral And Enteral Nutrition, [S.L.], v. 21, n. 6, p. 357-365, 1997.
12. DE ROOCK, S.; VAN ELK, M.; VAN DIJK, M. E.; TIMMERMAN, H. M.; RIJKERS, G. T.;
PRAKKEN, B. J.; HOEKSTRA, M. O.; DE KLEER, I. Lactic acid bacteria differ in their ability
to induce functional regulatory T cells in humans. Clinical & Experimental Allergy. v. 40, p.
103–110. 2010.
13. DONNET-HUGHES, A.; ROCHAT, F.; SERRANT, P.; AESCHLIMANN, J. M.; SCHIFFRIN, E.
J. 1999. Modulation of nonspecific mechanisms of defense by lactic acid bacteria: effective
dose. Journal Dairy Science. v. 82, p. 863-869. 1999.
14. Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO). Health and Nutritional Properties
of Probiotics in Food including Powder Milk with Live Lactic Acid Bacteria. Córdoba, Argentina,
34 p, 2002. Disponível em: < http://www.fao.org/>. Acesso em: 16 mai. 2021.
15. FOOKS, L. J.; GIBSON, G. R. Probiotics as modulators of the gut flora. British Journal Of
Nutrition, [S.L.], v. 88, n. 1, p. 39-49, set. 2002.
16. FOLIGNÉ, B.; DEWULF, J.; BRETON, J.; CLAISSE, O.; LONVAUD-FUNEL, A.; POT, B. Pro-
biotic properties of non-conventional lactic acid bacteria: immunomodulation by Oenococcus
oeni. International Journal of Food Microbiology. v. 140, p. 136-145, 2010.
17. FULLER, R. 1989. Probiotics in man and animals. J. Appl. Bacteriol. 66:365–378.
18. GALDEANO C. M.; PERDIGÓN G. Role of viability of probiotic strains in their persistence in
the gut and in mucosal immune stimulation. Journal of Applied Microbiology. v. 97, n. 4, p.
673–681, 2004.
19. GILL, H. S.; CROSS, M. L.; RUTHERFURD, K. J.; GOPAL, P. K. Dietary probiotic supplemen-
tation to enhance cellular immunity in the elderly. British Journal of Biomedical Science. v.
58, n. 2, p. 94-96. 2001.
20. HASSAN, M.et al. Natural antimicrobial peptides from bacteria: characteristics and potential
applications to fight against antibiotic resistance. Revie warticle. Journal of Applied Micro-
biology, n.113, p. 723-736, 2012.
21. HAYAKAWA, T.; MASUDA, T.; KUROSAWA, D.; TSUKAHARA, T. Dietary administration of
probiotics to sows and/or their neonates improves the reproductive performance, incidence of
post-weaning diarrhea and histopathological parameters in the intestine of weaned piglets. Ani-
mal Science Journal, [S.L.], v. 87, n. 12, p. 1501-1510, 2016.
22. HILL, C.; GUARNER, F.; REID, G.; GIBSON, G. R.; MERENSTEIN, D. J.; POT, B. et al. Expert
consensus document. The International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics
consensus statement on the scope and appropriate use of the term probiotic. Nature Reviews
Gastroenterology & Hepatology. v. 11, p. 506–514. 2014.
23. KRAIMI, N, M.; DAWKINS, S. G. GEBHARDT-HENRICH, P. V.; IVAN RYCHLIK, JIŘÍ VOLF, P.
C.; ADRIAN SMITH, F. C.; LETERRIER, C. Influence of the microbiota-gut-brain axis on behavior
and welfare in farm animals: A review,Physiology & Behavior,Volume 210,2019,112658,ISSN
0031-9384.
299
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
24. Huang Ting-Ting, Lai Jian-Bo, Du Yan-Li, Xu Yi, Ruan Lie-Min, Hu Shao-Hua. Current Un-
derstanding of Gut Microbiota in Mood Disorders: An Update of Human Studies. Frontiers in
Genetics, v. 10, p. 98, 2019. ISSN=1664-8021.
25. LASKOWSKA, E.; JAROSZ, Ł.; GRĄDZKI, Z. The effect of feed supplementation with effective
microorganisms (EM) on pro- and anti-inflammatory cytokine concentrations in pigs. Research
in Veterinary Science. 115, p. 244-249. 2017.
26. LASKOWSKA, E.; JAROSZ, Ł. S.; GRĄDZKI, Z. Effect of the EM Bokashi® Multimicrobial
Probiotic Preparation on the Non-specific Immune Response in Pigs. Probiotics and Antimi-
crobial Proteins. v. 11, p. 1264–1277. 2018.
27. LEE, K. M.; RUNYON, M.; HERRMAN, T.J.; PHILLIPS, R.; HSIEH, J. Review of Salmonella
detection and identification methods: Aspects of rapid emergency response and food safety.
Food Control, [S.L.], v .47, p. 264-276, 2015.
29. LEWIS, M. C.; PATEL, D. V.; FOWLER, J.; DUNCKER, S.; ZUERCHER, A. W.; MERCENIER,
A.; BAILEY, M. Dietary supplementation with Bifidobacterium lactis NCC2818 from weaning
reduces local immunoglobulin production in lymphoid-associated tissues but increases systemic
antibodies in healthy neonates. British Journal of Nutrition, v. 110, n. 7, p. 1243-52. 2013.
30. LYTE, J. M.; LYTE, M. Microbial endocrinology: intersection of microbiology and neurobiology
matters to swine health from infection to behavior. Animal, 2019, 13.11: 2689-2698.
31. MARTEAU, P; SEKSIK, P; LEPAGE, P; DORE, J. Cellular and Physiological Effects of Probio-
tics and Prebiotics. Mini-Reviews In Medicinal Chemistry, [S.L.], v. 4, n. 8, p. 889-896, 2004.
34. MINGMONGKOLCHAI S.; PANBANGRED W. Probióticos Bacillus: uma alternativa aos antibióti-
cos para a produção animal. Journal of Applied Microbiology, v. 124, ed. 6, p. 1333-1648, 2018.
35. O‟SHEA, E.F.; COTTER, P.D.; STANTON, C.; ROSS, R.P.; HILL, C.: Production of bioactive
substances by intestinal bacteria as a basis for explaining probiotic mechanisms: bacteriocins
and conjugated linoleic acid. International Journal of Food Microbiology, [S.l.], v. 152, p.
189–205, 2012.
36. OLIVEIRA M.J.K et al. Bacillus amyloliquefaciens CECT 5940 alone or in combination with
antibiotic growth promoters improves performance in broilers under enteric pathogen challenge.
Poultry Science, v. 98, ed. 10, p. 4391-4400, 2019, ISSN: 0032-5791.
37. PAINEAU, D.; CARCANO, D.; LEYER, G.; DARQUY, S.; ALYANAKIAN, M. A.; SIMONEAU, G.;
BERGMANN, J. F.; BRASSART, D.; BORNET, F.; OUWEHAND, A. C. Effects of seven potential
probiotic strains on specific immune responses in healthy adults: a double-blind, randomized,
controlled trial. FEMS Immunology and Medical Microbiology, v. 53, n. 1, p. 107-13. 2008.
300
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
38. PARKER R. B. (1974) Probiotics, the other half of the antibiotic story. Animal Nutrition and
Health 29, 4-8.
39. SÁNCHEZ, B., DELGADO, S., BLANCO-MÍGUEZ, A., LOURENÇO, A., GUEIMONDE, M., &
MARGOLLES, A. (2017). Probiotics, gut microbiota, and their influence on host health and
disease. Molecular nutrition & food research, 61(1), 10.1002/mnfr.201600240.
40. SERVIN, A.L. Antagonistic activities of lactobacilli and bifidobacteria against microbial patho-
gens. Microbiology Reviews, [S.l.], v. 28, p. 405-440, 2004.
41. SCHAREK, L.; GUTH, J.; FILTER, M.; SCHMIDT, M. F. Impact of the probiotic bacteria En-
terococcus faecium NCIMB 10415, SF68 and Bacillus cereus var. toyoi NCIMB 40112 on the
development of serum IgG and faecal IgA of sows and their piglets
43. SCHAREK-TEDIN, L.; PIEPER, R.; VAHJEN, W.; TEDIN, K.; NEUMANN, K.; ZENTEK, J. Ba-
cillus cereus var. Toyoi modulates the immune reaction and reduces the occurrence of diarrhea
in piglets challenged with Salmonella typhimurium DT104. Journal of Animal Science, v. 91,
p. 5696-5704. 2013.
44. SCHIERACK, P.; FILTER, M.; SCHAREK, L.; TOELKE, C.; TARAS, D.; TEDIN, K.; HAVER-
SON, K.; LÜBKE-BECKER, A.; WIELER, L. H. Effects of Bacillus cereus var toyoi on immune
parameters of pregnant sows. Veterinary Immunology and Immunopathology. v. 127, p.
26-37. 2009.
45. SHIN, D.; CHANG, S. Y.; BOGERE, P.; WON, K.; CHOI, J. Y.; CHOI, Y. J.; et al. Beneficial
roles of probiotics on the modulation of gut microbiota and immune response in pigs. PLOS
ONE. v. 14. n. 8. 2019.
46. TIMMERMAN, H. M.; KONING, C. J.; MULDER, L.; ROMBOUTS, F. M.; BEYNEN, A. C. Mo-
nostrain, multistrain and multispecies probiotics - A comparison of functionality and efficacy.
International Journal of Food Microbiology. v. 96, n. 3, p. 219-33. 2004.
47. VILÀ, B.; ESTEVE-GARCIA, E.; BRUFAU, J. Probiotic micro-organisms: 100 years of inno-
vation and efficacy; modes of action. World’S Poultry Science Journal, [S.L.], v. 66, n. 3, p.
369-380, 2010.
48. YANG, F. et al. (2015). Lactobacillus reuteri I5007 modulates tight junction protein expression
in IPEC-J2 cells with LPS stimulation and in newborn piglets under normal conditions. BMC
microbiology, 15(1), 1-11. Available from: < https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/
pii/S0034528805000743>. Accessed: Out. 16, 2020. doi: 10.1016/S0022-474X(00)00016-3.
49. YIRGA, H. (2015). The use of probiotics in animal nutrition. J. Prob. Health, 3(2), 1-10.
301
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
20
Utilização de zinco na alimentação de
matrizes suínas: uma revisão narrativa
Ines Andretta
UFRGS
10.37885/210504869
RESUMO
303
Leitura de Prova
INTRODUÇÃO
O zinco (Zn) é um metal cristalino, branco azulado, que faz parte de um grupo de
elementos químicos inorgânicos conhecidos por denominações como microminerais, mi-
croelementos ou elementos-traços. Estes microminerais possuem baixo peso molecular
e, por essa razão, são classificados por “oligoelementos” ou “oligominerais” (WATANABE,
2010). O Zn possui variadas aplicações no cotidiano em amplo seguimento industrial devido
a suas características químicas, físicas e, principalmente, por possuir baixo custo (MAPELLI
et al., 2014). Além disso, o Zn desempenha um papel essencial nos organismos vivos, realiza
processos bioquímicos e é responsável por uma série de mecanismos metabólicos. Neste
particular, o Zn atua como nutriente antioxidante, estimula o crescimento, age na função
enzimática, na síntese proteica, na regulação hormonal, na mineralização óssea, na dife-
renciação celular, na imunidade mediada por células e na expressão gênica (MCDOWELL,
2003; CRUZ et al., 2011).
Por não ser sintetizado pelo organismo, o Zn é considerado um micromineral essencial
e sua deficiência ainda é comum entre os humanos. Neste contexto, estima-se que cerca de
dois bilhões de pessoas são afetadas pela deficiência de Zn atualmente (WESSELS et al.,
2017). A deficiência desse micromineral ocasiona diversas consequências à saúde e varia
de acordo com a situação e a fase de crescimento de cada indivíduo (TRAN et al., 2015;
WESSELS et al., 2017). Em algumas fases da vida, as necessidades de Zn estão aumenta-
das, como na gestação, infância, puberdade e senilidade (HAMBIDGE et al., 2008). Em crian-
ças, sua deficiência pode aumentar a incidência de diarreia e diminuir a imunidade, gerando
predisposição a outras doenças e aumentando as chances de mortalidade (TRAN et al.,
2015). Muitas doenças crônicas têm provável relação com a deficiência de Zn em idosos,
como artrite reumatoide e diabetes (WESSELS et al., 2017). Problemas no crescimento, no
desenvolvimento intelectual e na saúde reprodutiva, são exemplos de outras consequências
ocasionas pela deficiência deste micromineral. O hábito de suplementar Zn pode ser uma
ferramenta útil para prevenir ou corrigir sua deficiência. Ainda assim, a dose e a frequência
de seu uso não estão claramente definidas pelos principais órgãos mundiais, mostrando que
mais estudos devem ser realizados (TRAN et al., 2015).
A deficiência de Zn também pode acometer matrizes suínas durante as fases de gesta-
ção e lactação, pois nesses períodos ocorrem mudanças fisiológicas e hormonais drásticas,
os quais requerem gestões coordenadas em manejos nutricionais para evitar problemas
pós-natal. Porém, a literatura é escassa em pesquisas que relacionem o Zn aos processos
envolvidos ante, durante e pós-parto. Conhecendo a sua bioquímica e modo de ação, acre-
dita-se que o aumento das concentrações de Zn na dieta de matrizes, poderia melhorar a
qualidade da leitegada, reduzindo a incidência de leitões natimortos (HILL; MILLER; STOWE,
304
Leitura de Prova
1983), aumentando o tamanho e o peso dos neonatos (PAYNE et al., 2006), podendo ser
uma intervenção pré-natal positiva e influenciar na vida e no desempenho produtivo da lei-
tegada, trazendo melhorias no cenário pré-desmame (HOLEN et al., 2020). Desse modo,
este capítulo pretende abordar, através de uma revisão de literatura, a definição e o modo
de ação do Zn durante as fases de gestação e lactação, bem como seus principais usos e
limitações na suinocultura.
DESENVOLVIMENTO
MACROMINERAIS MICROMINERAIS
O zinco (Zn) é classificado como micromineral e, assim como os demais da sua cate-
goria, está presente nos organismos em pequenas quantidades, expressado em miligrama
(mg) por quilo (kg) ou partes por milhão (ppm). Em diferentes fórmulas químicas, o zinco
possui ampla aplicação industrial nos mais variados segmentos, sendo essencial em quase
305
Leitura de Prova
todas as cadeias produtivas. Alguns exemplos destas diferentes aplicações são: indús-
tria farmacêutica, de tintas, de borracha, eletrônica, de infraestrutura, bélica, dentre outras
(MAPELLI et al., 2014).
Como micromineral essencial, o Zn está envolvido em processos fisiológicos que de-
sempenham funções cruciais para o crescimento normal e para a saúde dos animais, como
os processos de secreção hormonal, especialmente os relacionados a reprodução, cresci-
mento e imunocompetência (RUTZ, 2007). Além disso, atua na formação e funcionamento
de mais de 200 metaloenzimas e fatores de transcrição (cofator da RNA e DNA polimerase),
é importante para milhares de células do corpo pois está envolvido direta ou indiretamente
em funções metabólicas, como desenvolvimento de tecidos, imunidade e como antioxidan-
te. No tegumento, é necessário para o metabolismo da vitamina A, biossíntese de ácidos
graxos, modulação imunológica, reação inflamatória, queratogênese e cicatrização de feridas.
Pode ser adquirido através do consumo de alimentos, principalmente os de origem
animal, ou ainda, através de fontes leguminosas, oleaginosas, ou pode ser suplementado
por suas fontes exclusivas (CARCIOFI, 2008). Sua deficiência causada por ingestão ina-
dequada, afeta principalmente o crescimento, funções cerebrais e atividade imunológica
(NELSON; COX, 2017; ZHANG et al., 2021). Em suínos, os principais sinais de deficiência
se caracterizam por crescimento retardado, diminuição do apetite, piora na conversão ali-
mentar e paraqueratose (MACDONALD, 2000).
308
Leitura de Prova
Tabela 2. Recomendações de Zn para matrizes suínas.
309
Leitura de Prova
Além disso, este micromineral também atua como coadjuvante no transporte e metabo-
lismo da vitamina A, que está associada ao ácido retinóico, que é essencial para o progresso
embrionário (CRUZ et al., 2011; GERNAND et al., 2016). E sabe-se que níveis insuficientes
de microminerais no feto podem comprometer o sistema nervoso central, afetando seu de-
senvolvimento neurológico e sua cognição (GERNAND et al., 2016).
A deficiência materna de Zn está associada a modificações epigenéticas na prole, que
induzem patologias e aumentam o risco de doenças na vida adulta. Em suínos, caracterís-
ticas como a alta morbidade e mortalidade neonatal, baixa qualidade de carne e eficiência
alimentar são problemas frequentemente associados a restrições intrauterinas na gestação,
e isto se deve ao fato dos nutrientes presentes na circulação materna serem transportados
aos fetos por meio do tecido uteroplacentário, ocorrendo de forma acentuada no terço final
da gestação (situando-se próximo aos 90 dias de gestação das porcas), fato o qual, pode
ser comprovado ao se analisar o Zn presente no sangue do cordão umbilical, cujos níveis
são maiores do que no sangue materno nesta fase (DUMRONGWONGSIRI et al., 2021).
Estudos mostram uma correlação positiva da concentração de Zn no cordão umbilical com
o peso ao nascer (GÓMEZ et al., 2015; DANIALI et al., 2020).
Portanto, se infere que administrar o estado nutricional materno é crucial para a do-
tação de nutrientes no corpo fetal, posto que a deficiência materna de Zn está associada
a resultados com impactos negativos na produção e na vida dos leitões. A suplementação
das matrizes com zinco surge como uma alternativa de melhoria nas características citadas,
principalmente, na redução de casos de crescimento intrauterino retardado (CIUR) e defeitos
de nascença. Dessa maneira, com os níveis séricos de Zn adequados, as matrizes podem
apresentar potencial para produzir uma leitegada maior e mais uniforme.
Estudos recentes desenvolvidos por Holen et al. (2020) e Cony (2021), com suplemen-
tação de Zn para matrizes suínas, mostraram o efeito desse micromineral no desempenho
produtivo da leitegada, ocasionando melhoria do peso ao nascer dos leitões. Em ambos os
estudos, três diferentes níveis suplementares de Zn (controle, intermediário e alto) foram
testados e o melhor peso ao nascer foi encontrado no tratamento intermediário (aproxima-
damente 400 ppm). Portanto, o nível de suplementação de Zn influencia no peso ao nascer
e no ganho de peso subsequente dos leitões. Outro ponto interessante para a cadeia pro-
dutiva é o aumento da viabilidade dos leitões e consequente diminuição da mortalidade da
leitegada. Em estudo realizado por Holen et al., (2020) houve uma melhora na viabilidade
dos leitões e diminuição da mortalidade da leitegada de fêmeas suplementadas com Zn nos
últimos 30 dias de gestação.
310
Leitura de Prova
Influência do Zinco na Lactação
Nas primeiras semanas de vida, os suínos são vulneráveis a diversas doenças, pois
seu sistema imunológico ainda não está bem desenvolvido, bem como o epitélio da mucosa
intestinal. Por isso é de suma importância o desenvolvimento gastrointestinal pré- e pós-par-
to, para assegurar uma melhor digestão, metabolismo e absorção dos nutrientes para dar
suporte ao crescimento do corpo do animal, bem como para promover uma boa colonização
da microbiota intestinal (EGBERTS et al., 1984; NÚNEZ et al., 1996).
A alimentação com altas doses de Zn é reconhecida por poder ter um efeito promotor
de crescimento em porcos ainda não desmamados, além de poder reduzir os problemas de
diarreia pós-desmame (HEDEMANN et al., 2006; NAMKUNG et al., 2006). Porém, diversas
pesquisas demonstram que apenas a quantidade de Zn fornecida pelo leite materno com o
passar dos dias, não é o suficiente para suprir as exigências da leitegada. Além de também
ser citado em alguns trabalhos que o Zn é o primeiro nutriente limitante no leite materno,
deixando com isso uma lacuna nutricional a ser trabalhada para evitar maiores consequên-
cias (DOREA, 1993).
Alguns pesquisadores vêm tentado aumentar a concentração de Zn no leite materno
com uma suplementação deste nutriente para mulheres em lactação. Porém, estes estudos
não apresentaram respostas significativas para o aumento da concentração de Zn no leite
materno, mesmo com a suplementação. Nesse âmbito, estudos envolvendo matrizes suínas
são escassos, portanto, mais pesquisas são necessárias para comprovar se existe alguma
possibilidade de aumentar os níveis de Zn no leite materno, para que o suprimento deste
micronutriente seja suprido a leitegada de acordo com suas exigências. (MAHDAVI et al.,
2010; NAKAMORI et al., 2009)
311
Leitura de Prova
REFERÊNCIAS
1. BIKKER, P; JONGBLOED, A W; THISSEN, J T N M. Meta-analysis of effects of microbial phy-
tase on digestibility and bioavailability of copper and zinc in growing pigs. Journal of Animal
Science, [s.l.], v. 90, n. 4, p. 134-136, 2012.
3. CHEN, F. et al. Proteome differences in placenta and endometrium between normal and in-
trauterine growth restricted pig fetuses. Plos One, Geneva, Switzerland, v. 10, n. 11, 2015.
5. CRUZ, F. et al. Uma revisão sobre o zinco. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias
e da Saúde, Campo Grande, MS, v. 15, n. 1, p. 207-222, 2011.
6. DALTO, D. B. et al. Impact of dietary zinc: copper ratio on the postprandial net portal appea-
rance of these minerals in pigs. Journal of Animal Science, [s. l.], v. 97, p. 3938-3946, 2019.
7. DANIALI, S. S. et al. Association of cord blood zinc level and birth weight in a sample of iranian
neonates. International Journal of Preventive Medicine, [s. l], v. 11, n. 1, 2020.
9. DOREA, J. G. Is zinc a first limiting nutrient in human milk?. Nutrition Research, [s. l.], v. 13,
n. 6, p. 659–666, 1993.
10. DUMRONGWONGSIRI, O. et al. Effect of Maternal Nutritional Status and Mode of Delivery on
Zinc and Iron Stores at Birth. Nutrients, [s. l.], v. 13, n. 3, p. 1-10, 2021.
11. EGBERTS, H. J. A. et al. Biological and pathological aspects of the glycocalyx of the small
intestinal epithelium. A review. Veterinary Quarterly, [s. l.], v. 6, n. 4, p. 186–199, 1984.
12. GERNAND, A. D. et al. Micronutrient deficiencies in pregnancy worldwide: health effects and
prevention. Nature Reviews, [s. l.], v. 12, p. 274-289, 2016.
13. GÓMEZ, T. et al. Serum zinc levels of cord blood: Relation to birth weight and gestational
period. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology, [s. l.], v. 30, p. 180–183, 2015.
14. GONZÁLEZ, F.H.; SILVA, S.C. Introdução à Bioquímica Veterinária, Porto Alegre: Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003. 198 p.
15. HAMBIDGE, K. Michael et al. Dietary reference intakes for zinc may require adjustment for
phytate intake based upon model predictions. The Journal of Nutrition, [s. l.], v. 138, n. 12,
p. 2363-2366, 2008.
16. HEDEMANN, M. S.; JENSEN, B. B.; POULSEN, H. D. Influence of dietary zinc and copper
on digestive enzyme activity and intestinal morphology in weaned pigs. Journal of Animal
Science, [s. l.], v. 84, n. 12, p. 3310–3320, 2006.
312
Leitura de Prova
17. HILL, G. M.; MILLER, E. R.; STOWE, H. D. Effect of dietary zinc levels on health and productivity
of gilts and sows through two parities. Journal of Animal Science, [s. l.], p. 114-122, 1983.
18. HOLEN, J. P. et al. Effects of supplementing late-gestation sow diets with zinc on preweaning
mortality of pigs under commercial rearing conditions. Translational Animal Science, [s. l.],
v. 4, n. 2, p. 1-12, 2020.
20. JOU, M. et al. Biofortification of rice with zinc: assessment of the relative bioavailability of zinc
in a Caco-2 cell model and suckling rat pups. Journal of Agricultural and Food Chemistry, [s.
l.], v. 60, n. 14, p. 3650-3657, 2012.
21. LEESON, S. Trace minerals in poultry nutrition-2. Copper and zinc – the next pollution fron-
tier. World Poultry, [s. l.], p. 14-16, 2008.
22. LIU, F. et al. Zinc Supplementation forms influenced zinc absorption and accumulation in pi-
glets. Animals, [s. l], v. 11, n. 36, p. 1-11, 2021.
23. LONNERDAL, B et al. Zinc absorption from low phytic acid genotypes of maize (Zea mays
L.), Barley (Hordeum vulgare L.), and Rice (Oryza sativa L.) assessed in a suckling rat pup
model. Journal of Agricultural and Food Chemistry, [s. l.], v. 59, n. 9, p. 4755-4762, 2011.
24. MACDONALD, R. S. The role of zinc in growth and cell proliferation. The Journal of Nutrition,
[s. l], v. 130, p. 1500-1508, 2000.
25. MAHDAVI, R.; NIKNIAZ, L.; GAYEMMAGAMI, S.J. Association between zinc, copper, and iron
concentrations in breast milk and growth of healthy infants in Tabriz, Iran. Biological Trace
Element Research, [s. l.], v. 135, p. 174-181, 2010.
27. MCDOWELL, L. R. Zinc. In: B.V. Minerals in Animal and Human Nutrition. Amsterdam, The
Netherlands: Elsevier Science, 2003. p. 357–396.
28. MEISINGER, D. J. National Swine Nutrition Guide Tables on nutrient recommendations, ingre-
dient composition, and use rates. The National Swine Nutrition Guide, 2010.
29. MUNIZ, M. H. B. et al. Fontes orgânicas e inorgânicas de zinco e cobre como melhoradores
de desempenho em leitões desmamados. Revista Brasileira de Zootecnia, [s. l.], v. 9, n. 39,
p. 1999-2005, 2010.
30. NAMKUNG, H. et al. Effect of pharmacological intakes of zinc and copper on growth performan-
ce, circulating cytokines and gut microbiota of newly weaned piglets challenged with coliform
lipopolysaccharides. Canadian Journal of Animal Science, [s. l.], v. 86, p. 511–522, 2006.
31. NAKAMORI, M. et al. Nutritional status of lactating mothers and their breast milk concentration
of iron, zinc and copper in rural Vietnam. Journal of Nutritional Science and Vitaminology,
Tokyo, v. 55, p. 338–345, 2009.
32. NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger Principles of Biochemistry. 7. ed. New York: W. H.
313
Freeman Macmillan Learning, 2017. 2582 p.
Leitura de Prova
33. NRC - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of swine. 11th ed. Washin-
gton, DC: National Academies Press, 2012.
34. NÚNEZ, M. C. et al. Dietary restriction induces biochemical and morphometric changes in the
small intestine of nursing piglets. Journal of Nutrition, [s. l.], v. 126, p. 933–944, 1996.
35. OLIVEIRA, O. M. M. F. et al. Química. 3. ed. São Paulo: Cultura Acadêmica: Universidade
Estadual Paulista: Núcleo de Educação À Distância, 2013. 758 p.
36. PARDO, P. E. et al. Determinação de zinco da sola do casco de bovinos leiteiros com ou sem
lesões podais, suplementados ou não com levedura seca de cana-de-açúcar. Ciência Rural,
Santa Maria, v. 34, n. 5, 2004, p.1501-1504.
37. PAYNE, R. L. et al. Growth and intestinal morphology of pigs from sows fed two zinc sources
during gestation and lactation. Journal of Animal Science. [s. l.], p. 2141- 2149, 2006.
38. ROSTAGNO, H. S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos
e exigências nutricionais. 4. ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2017.
39. RUTZ, F. et al. Efeito de minerais orgânicos sobre o metabolismo e desempenho de aves. Re-
vista Aveworld, [s. l.], 2007.
40. RUTZ, F.; MURPHY R. Minerais orgânicos para aves e suínos. In: I CONGRESSO INTER-
NACIONAL SOBRE USO DA LEVEDURA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL, 2009, Campinas, SP.
Anais... Campinas: CBNA, 2009. p. 21.
41. SAUVANT, D.; PEREZ, J. M.; TRAN, G. Tables of composition and nutritional value of feed
materials: pigs, poultry, cattle, sheep, goats, rabbits, horses and fish. Wageningen: Wagenin-
gen Academic, 2004.
42. SREENIVASULU, K. et al. Effect of dietary ligands and food matrices on zinc uptake in caco-2
cells: Implications in Assessing Zinc Bioavailability. Journal of Agricultural and Food Che-
mistry. [s. l.], v. 56, n. 22, p. 10967-10972, 2008.
43. TRAN, C. D. et al. The potential for zinc stable isotope techniques and modelling to determine
optimal zinc supplementation. Nutrients. [s. l.], v. 7, n. 6, p. 4271-4295, 2015.
44. TYBIRK, P. et al. Danish Nutrient Standards. 2020. Disponível em: <https://pigresearchcentre.
dk/-/media/PDF/English-site/Research_PDF/Nutrition-standards/Foder_Naeringsstoffer_Nor-
mer_for_naeringsstoffer2_uk.ashx>. Acesso em: 28 mai. 2021.
45. UNDERWOOD, E. J.; SUTTLE, N. F. The Mineral Nutrition of Livestock. 3 ed. Wallingford:
CABI Publ, 1999, 614 p.
46. VAN RIET, M. M. J. et al. Long-term impact of zinc supplementation in sows: Impact on claw
quality. Journal of Swine Health and Production. [s. l.], v. 26, n. 1, p. 10-24, 2018.
47. VILLAGÓMEZ-ESTRADA, Sandra et al. Effects of two zinc supplementation levels and two zinc
and copper sources with different solubility characteristics on the growth performance, carcass
characteristics and digestibility of growing-finishing pigs. Journal of Animal Physiology and
Animal Nutrition. [s. l.], p. 59-71, 2020.
48. WANG, Y. et al. Combination of high Zn density and low phytic acid for improving Zn bioavai-
lability in Rice (Oryza stavia L.) grain. Rice. [s. l.], v. 14, 23, 2021.
314
Leitura de Prova
49. WATANABE, T. T. N. Oligoelementos no Metabolismo. 2010. Disponível em: <https://www.
ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/oligoelementos_tatiane.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2021.
50. WESSELS, I. et al. Zinc as a gatekeeper of immune function. Nutrients. [s. l.], v. 9, n. 12, p.
1286, 2017.
51. ZHANG, W. et al. Effect of replacing inorganic trace minerals at lower organic levels on growth
performance, blood parameters, antioxidant status, immune indexes, and fecal mineral excretion
in weaned piglets. Tropical Animal Health and Production. [s. l.], v.53 n. 121, p. 1-8, 2021.
315
Leitura de Prova
SOBRE OS ORGANIZADORES
316
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
ÍNDICE REMISSIVO
Fibra: 186
A
Fosfato: 53, 57, 59, 233
Ação Antiparasitária: 80
Fungos de Alimentos: 160
Adequação: 209
G
Adubação Nitrogenada: 84
Gestação: 303, 309
Alimento Alternativo: 229
H
Anaplasma Marginale: 63, 64, 65, 67, 70
Hemoparasitas: 63
Animais Contaminados: 160
I
Árvores de Decisão: 257, 258, 259, 269, 270,
271 Identificação Animal: 40
C L
Conforto Térmico: 15, 275 Lactação: 303, 311
Desempenho: 111, 188, 189, 190, 223, 224, Limpeza: 279, 282, 288
229, 236, 255, 287
M
Digestibilidade: 136, 179, 287
Matéria Seca: 53, 186
Doença de Ruminantes: 145
Matéria Verde: 53
Dossel: 84
Micorrizas: 53, 57
E
Micotoxigênicos: 160
Ecossistema Pastoril: 83, 84
Microbiota: 140, 300
Etograma: 209, 224
Microhematócrito: 63
F
Microminerais: 303
Fezes: 279
Micromineral: 109
317
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
Modelagem: 274, 275
N
Necrose Cerebrocortical: 145
Neuropatologia: 145
P
Patógenos: 279
Pecuária Familiar: 40
R
Ração: 229
Revestimento: 254
S
Sensibilidade à Insulina: 109
318
Zootecnia: pesquisa e práticas contemporâneas - Volume 1
VENDA PROIBIDA - acesso livre - OPEN ACCESS
editora científica