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ARTIGO DE REVISÃO R E V I S TA P O R T U G U E S A

DE
CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

A produção de ovinos Damara e Dorper e de caprinos silváticos em


sistemas extensivos de produção na Austrália

The production of Damara and Dorper sheep and feral goats in extensive
production systems in Australia

André Martinho de Almeida*


IICT – Centro de Veterinária e Zootecnia & CIISA – Centro Interdisciplinar de Investigação em Sanidade Animal,
Faculdade de Medicina Veterinária, Av. da Universidade Técnica, 1300-477 Lisboa

Resumo: A pecuária australiana tem sido caracterizada desde o referido tem sido a aceitação e o êxito que
início da colonização europeia por um predomínio de produção variedades de plantas pratenses desenvolvidas na
de lã tendo como base a criação de ovinos de raça merina. Ao
longo da última década, uma série de factores, nomeadamente
Austrália têm tido em países como Espanha, França,
uma redução dos preços da lã e o aumento dos custos com a Portugal, África do Sul ou Estados Unidos. Os objec-
tosquia, têm contribuído para que estes sistemas tendam a ser tivos deste artigo são descrever as alterações que
substituídos por outros menos convencionais: nomeadamente a afectam os sistemas extensivos tradicionais de produção
produção de ovinos de raças de pelo e a exploração de caprinos de lã na Austrália e quais as soluções apresentadas
silváticos. Os objectivos deste artigo são descrever as alterações
que afectam os sistemas extensivos tradicionais de produção de
localmente por cientistas, técnicos de extensão e
lã na Austrália e quais as soluções apresentadas localmente por agricultores. Este artigo resulta de um período de
cientistas, técnicos de extensão e agricultores. permanência do autor no Dryland Research Institute
do Department of Agriculture of the Government of
Summary: Australian animal production is characterized since Western Australia, Merredin (WA, Austrália) nos
the begining of the European colonization by a predominance of
wool production based on Merino stock. Over the last decade, a
meses de Setembro a Novembro de 2007.
series of factors, with special reference to a drop in wool prices A pecuária australiana caracteriza-se pela existência
and an increase in shearing costs, has lead to the search for no país de três tipos maioritários de sistemas de explo-
alternative small ruminant production systems such as the use ração de terra, diferenciados entre si essencialmente
of hair sheep breeds (Dorper and Damara) or feral goats. pela pluviosidade de cada uma dessas regiões (ver
The objective of this paper is to describe the advantages and
inconveniences of such an evolution.
Figura 1a). Esses três sistemas são: a) zonas de
pluviosidade elevada; b) zonas de produção de trigo e
ovinos merino e c) zonas de pastorícia em sistemas de
Introdução ranching. Para informações detalhadas sobre os vários
sistemas de exploração de terra na Austrália recomen-
Factores limitantes de natureza ambiental, económica, da-se a leitura de Jayasuriya (2007). A localização dos
técnica, bem-estar e maneio animal condicionam e três tipos de sistemas encontra-se descrita na Figura 1b.
definem os sistemas de produção animal em qualquer O sistema existente em zonas de pluviosidade
região do mundo. Os ecossistemas mediterrânicos, em elevadas caracteriza-se por uma produção animal e
especial os europeus em que Portugal se insere, têm vegetal de tipo intensivo, nomeadamente culturas de
uma série de elementos em comum com as designadas elevada rentabilidade como frutos, milho ou a
regiões semi-desérticas de continentes tão distantes produção de vinhos para exportação. No que diz
como a Austrália, os Estados Unidos ou a América do respeito à produção animal caracteriza-se pela
Sul. Será lícito pois pensar que as evoluções e produção leiteira (raça Frísia), produção de carne
alterações de variada ordem que afectam essas regiões bovina (animais de raças do tronco britânico como o
terão repercussões e poderão constituir exemplos de Angus) e produção de ovinos merino (ver exemplares
interesse extremamente relevantes para os sistemas nas Figuras 2a e 2b) e de raças britânicas para
produtivos existentes na Europa do Sul e concreta- produção de lã e carne (Jayasuriya, 2007).
mente Portugal. O melhor exemplo do anteriormente O segundo sistema conjuga as produções de um
cereal, usalmente trigo para exportação com a
produção de lã, utilizando-se animais de raça merino
*Correspondência: aalmeida@fmv.utl.pt australiano. As rotações envolvidas neste tipo de

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sistemas são muito simples e incluem uma sucessão ram a conversão das actividades das suas estações.
de 2-3 anos de cultivo de um cereal de inverno, Por outro lado, os elevados custos com mão-de-obra
seguido de uma cultura forrageira, habitualmente de tosquia têm aumentado de forma significativa
lupinos e de um número varíavel de anos como recentemente contribuindo igualmente e à semelhança
pastagem para ovinos. A principal produção deste do que se tem verificado noutros países desenvolvidos
sistema é o trigo, seguido da lã (Jayasuriya, 2007). para a perda de interesse de actividades relacionadas
A produção extensiva de ruminantes em sistemas de com a produção de lã. A este factor junta-se a impos-
ranching é uma das mais conhecidas aptidões da sibilidade de se conseguir equipas de tosquiadores
pecuária da Austrália. Tal produção está baseada na para a época da tosquia dada a falta de interesse de
criação de bovinos de raças zebuínas ou de ovinos de jovens pela actividade e a reforma dos tosquiadores
raça merina em regime extensivo em propriedades de existentes, apesar do nível dos ordenados ser muito
grande dimensão e utilizando-se àreas não aptas para a superior aos de outros trabalhadores agrícolas. Para
produção de culturas agrícolas, tais como as ilustradas colmatar esse facto recorre-se frequentememte à impor-
na Figura 2c (Bindon e Jones, 2001; Chapman et al., tação sazonal de mão-de-obra estrangeira, nomeada-
1996; Khairo et al., 2007; Rovira, 1992). mente da Nova Zelândia, prática que se tem no entanto
As propriedades existentes no sistema de ranching revelado insuficiente, dadas as necessidades.
são conhecidas localmente por stations (estações) Um outro factor que tem contribuído de forma
envolvendo áreas de muitos milhares de hectares. As significativa para a reconversão das explorações
estações são a forma dominante de produção pecuária extensivas tem sido uma sequência de vários anos de
em grande parte do continente australiano envolvendo, seca, factor agravado por expectáveis alterações
áreas em quase todos os estados: o interior e os 2/3 climáticas motivadas pelo aquecimento global que se
norte da Austrália Ocidental, o Território do Norte, o esperam para os proximos anos. A seca limita por um
Interior e o Norte de Queensland, o interior da lado as disponibilidades de pastagem e água para os
Austrália do Sul, Nova Gales do Sul e Victoria. Tal animais domésticos e por outra leva à migração de
região é conhecida localmente por outback. animais selvagens como o canguru vermelho ou a ema
O maneio dos animais nas estações é extremamente provenientes de zonas desérticas para zonas de
simplificado na medida em que consiste apenas na reco- pastagem onde competem com os animais domésticos.
lha dos animais uma vez por ano para a marcação ou Predadores como os dingos tendem igualmente a
ferra e consequente transporte para o mercado (bovinos) seguir as migrações de animais selvagens e a aumentar
ou para a tosquia (ovinos), sendo que os animais são a predação sobre animais domésticos.
deixados soltos pela estação durante todo o ano alimen- Finalmente, razões de bem-estar animal, têm levado
tando-se de pastagens e arbustos expontâneos (Bindon e a que a prática de mulesing, necessária nas condições
Jones, 2001; Chapman et al., 1996; Khairo et al., 2007; de exploração australianas, esteja a ser progressiva-
Rovira, 1992). mente abandonada (Lee e Fisher, 2007; Petherick,
No que respeita aos ovinos e como já referido, a raça 2006). O mulesing é comum em muitas zonas da
usada neste sistema, assim como no de trigo e ovinos é Austrália e consiste na remoção por meio de um
a raça merino australiano. A principal produção desta objecto cortante das pregas de pele em redor da cauda
raça é obviamente a lã, sendo que a carne é considerada do ovino merino. Tal prática tem como objectivo
um subproduto, na medida em que apenas se aprovei- impedir que determinadas espécies de moscas da
tam para produção de carne os animais de refugo com família Calliphoridae (conhecidas localmente por
carcaças de reduzido ou nulo valor comercial. O regime blow flies) depositem os seus ovos na lã nessa área do
extensivo de ranching impossibilita a prática de activi- corpo do animal e dessa forma impedir que as larvas
dades de maneio como as castrações ou o acabamento, se alimentem dos tecidos do hospedeiro (Townsend,
comuns em outros sistemas de engorda de ovinos, 1987). Este problema provoca perdas substanciais na
nomeadamente no sistema trigo e ovinos (Rovira, 1992). medida em que os animais afectados perdem condição
corporal e a sua recuperação é extremamente díficil e
cara em condições extensivas. O mulesing permite
A necessidade de alternativas à raça assim impedir a fixação dos ovos das moscas e o desen-
merina na Austrália volvimento da parasitose. No entanto, e dado ser reali-
zado sem recurso a anestesia, tem encontrado forte
Ao longo da última década, tem-se assistido a uma oposição junto de activistas de direitos dos animais e
série de factores de natureza exógena que têm condi- prevê-se que seja uma prática proibida em todos os
cionado fortemente a produção de lã australiana. Estados e Territórios Australianos a partir de 2010
O mais importante desses factores consiste na queda (Blackman, 2005; James, 2006; Palmer, 2004).
do preço da lã ao produtor que se tem vindo a verificar. A conjunção destes factores faz com que muitos
Essa queda do preço, faz com que muitas das unidades produtores estejam a perder o interesse pela produção
de produção já não sejam tão rentáveis como seriam há de merinos e procurem soluções alternativas que lhes
alguns anos atrás, pelo que muitos produtores ponde- permitam melhorar os seus rendimentos. Tais soluções

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nomeadamente as raças Damara e Dorper ou a consti-


tuição de um efectivo caprino doméstico.

As raças ovinas Damara e Dorper

A raça Damara tem como origem animais de cauda


gorda e desprovidos de lã (ovinos de pêlo) existentes
na Namíbia e criados pelas tribos Himba, Sjimba e
Herero. A instalação dos primeiros colonos alemães
no Sudoeste Africano (Namíbia) em finais do século
XIX terá deslocado estas tribos para o Norte da
Namíbia, e possivelmente para o Sul de Angola. Em
meados do século XX a Namíbia encontrava-se sob
administração sul africana, existindo a chamada "linha
vermelha", que impedia a passagem de animais do
Norte da Namíbia para o Sul por motivos sanitários.
Havia no entanto quem se dedicasse ao contrabando
de animais através desta linha. Em 1954, uma apreensão
de cinquenta animais ilegais por parte dos serviços
veterinários levou ao seu envio para a estação zootécni-
ca de Omatjenne, onde principiou o desenvolvimento
Figura 1 - Pluviosidade e Sistemas de exploração de terra na Austrália. a
desta raça nos moldes actuais, sendo que em 1986 se
- Distribuição da pluviosidade anual no continente australiano (adaptado
de Australian Meteorology Bureau); b - Sistemas de exploração de terra na formou a Associação de Criadores de Damara da
Austrália com ênfase para a produção de lã. Cada ponto azul representa a África Austral (de notar que na época a África do Sul
produção de 100 toneladas de lã (Adaptado de Department of Agriculture
mantinha ainda a administração da Namíbia obtida na
of Western Australia, State Government, Perth).
sequência da primeira guerra mundial). Em 1990
passam pela adopção de novas raças de pequenos (independência da Namíbia) a raça tinha-se já
ruminantes e novos nichos de mercado, externos ao espalhado por todo o território da Namíbia, bem como
mercado tradicional de lã australiano. As referidas algumas regiões mais desérticas da África do Sul
soluções passam pois pela reconversão progressiva de (Campbell, 1995; Du Toit, 2007).
um sector baseado na produção de lã para um sector O ovino Damara (ver Figura 3) poderá ser considera-
de produção de carne. Actualmente duas grandes do um animal de tamanho grande em que ambos os
alternativas estão a ser ensaiadas: a substituição do sexos têm cornos em forma de espiral, pernas compri-
efectivo merino por raças ovinas mais rústicas, das e acumulação de gordura ao nível da cauda. As

Figura 2 - Merino Australiano (a e b) e paisagem típica das regiões de exploração de ruminantes em sistema de ranching (c). a e b – Merredin Shire,
Western Australia; c – Shire of Westonia, Western Australia.

Figura 3 - Aspectos fenotípicos de ovinos de raça Damara. a – Carneiro Damara; b – Aspectos da cauda gorda em ovinos Damara; c - Heterogeneidade
de pelagens em ovinos Damara. Merredin Shire, Western Australia

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cores do Damara são muito variadas, indo do preto ao cabeça negra e o de cabeça branca, sendo o primeiro
branco, passando pelo castanho e ruão, tanto uniforme bastante mais difundido do que o segundo. O ovino
como malhados. O pelo é curto ainda que durante o Dorper (ver Figura 4) poderá ser considerado um
Inverno e nos animais jovens um pelo mais comprido animal de tamanho médio grande desprovida de
surja ocasionalmente (Campbell, 1995). cornos, conformação maciça e excelente conformação
O ovino Damara está particularmente bem adaptado de carcaça. Possui uma pelagem homogénea com
às condições semi-desérticas em que evoluiu. É corpo branco e cabeça preta. O pelo comprido do
reputada por possuir uma elevada resistência ao calor, Inverno tende a cair no início da Primavera (Milne,
capacidade de percorrer grandes distâncias e resistên- 2000; De Waal e Combrinck, 2000).
cia a doenças e parasitas. Outra das características Esta raça permitiu elevar de forma significativa os
particulares destes animais prende-se com o seu forte rendimentos da ovinicultura nas regiões do interior da
instinto gregário o que possibilita um melhor maneio África do Sul, espalhando-se por todo o país, assim
em condições extensivas e reduz as perdas devido a como pela Namíbia. Na década de 60 existiam já dois
ataques de animais selvagens como chacais em África milhões de animais e hoje existem na África do Sul
e dingos na Austrália. A este propósito deve-se ainda mais de 7 milhões de animais. Para além da Namíbia,
referir o forte instinto de protecção das ovelhas que encontram-se igualmente explorações com estes
frequentemente investem contra predadores, cães e até animais em toda a África Austral. Foi igualmente
pessoas para protegerem os borregos (Du Toit, 2007). exportada para o Brasil – onde à semelhança do
De todas as raças de cauda gorda, a raça Damara é caprino Boer, desperta bastante interesse dos criadores
provavelmente aquela que terá uma expressão comer- nos estados do Nordeste – para a Austrália, Israel,
cial mais significativa. A raça Damara tem sido ao Arábia Saudita, México, Canadá e Estados Unidos
longo da última década exportada para a Austrália, (Milne, 2000; De Waal e Combrinck, 2000).
onde se tem vindo a afirmar como uma alternativa No contexto australiano, estas raças apresentam para
para os sistemas extensivos locais (Fleet et al., 2002), os produtores várias vantagens: 1) Não necessitam de
ainda que haja uma forte resistência à sua introdução ser ser tosquiadas pois são desprovidas de lã. Desta
na medida em que a introdução acidental da sua fibra forma evitam-se os gastos em tosquia, necessários e
em lotes de lã fina para os mercados de exportação obrigatórios em sistemas baseados na raça merina; 2)
tenda a desvalorizar esses mesmos lotes (Fleet et al., São raças bastante rústicas, oriundas de zonas desérti-
2001; Fulwood et al., 2002). cas da África do Sul possuem uma reputação de estar
Tal como o Damara, o ovino Dorper (ver Fgura 4) é melhor adaptadas a condições de escassez de água e de
uma raça oriunda da África do Sul. Esta raça surgiu pastagem. Por outro lado o seu perfil alto e esguio
nos anos 20 do século XX, em resposta ao aumento da (Damara) permite-lhe percorrer maiores distâncias em
procura de carne de borrego em Inglaterra, que por busca de alimento; 3) Ao contrário das raças ovinas
sua vez aceitava bastante mal os animais de cauda europeias, a raça Damara inclui na sua dieta uma pro-
gorda até então muito utilizados na África do Sul. O porção bastante grande de folhas e ramagens de arbus-
desenvolvimento do Dorper deu-se na estação de tos, e cascas de árvore, podendo pois ser considerado
Grootfontein e envolveu cruzamentos de Dorset Horn um browser à seme-lhança dos animais da espécie cap-
com animais de raça Persa de cabeça Preta. O Dorper rina; 4) Ao ter instintos gregários e de protecção muito
deveria possuir boa prolificidade, qualidades de desenvolvidos, são capazes de impedir de forma eficaz
carcaça aceitáveis, produzir um borrego de abate (para a acção de predadores como o dingo (cão selvagem
o mercado inglês) com 4 a 5 meses em condições de australiano); 5) A ausência de lã e a forma da cauda
produção extensivas, resitência ao frio da estação seca impedem que ovos e larvas de moscas se fixem no seu
e ao calor da estação chuvosa, capaz de se reproduzir corpo, tornado assim desnecessária a prática de
durante todo o ano e de se alimentar de arbustos e mulesing; 6) No caso do Damara que se trata de um
gramíneas de escasso valor nutritivo e ainda a ausência ovino de cauda gorda, semelhante aos existentes no
de lã. Actualmente existem dois tipos de Dorpers, o de Médio Oriente, a sua carcaça é muito apreciada nessas

Figura 4 - Ovinos Dorper. a – borregos dorper; c – detalhe da cabeça de um borrego dorper de cabeça preta; c – borrego dorper. Merredin Shire,
Western Australia

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regiões. O ovino Damara possui assim um elevado valor a


para exportação nomeadamente para os países árabes
produtores de petróleo e com elevado poder de compra
e que realizam importações significativas de bens ali-
mentares, nomeadamente de animais vivos para abate
segundo o ritual Halal. A raça Dorper não possui cauda
gorda mas tem uma excelente conformação o que a
torna particularmente adequada à exportação de car-
caças para os mercados tradicionais de carne ovina
autraliana: Reino Unido, Europa Continental e América
do Norte (Burt et al., 2004).
Na Figura 5a apresentam-se as proporções de ovinos
merino e de outras raças nos vários estados australianos,
assim como um total nacional. Como é patente, a pro-
b
porção de animais merino é muito superior em todos
os estados (de 68 a 92%), sendo que a de ovinos
não merinos ronda os 8-32% consoante o estado. No
estado da Austrália Ocidental, essa proporção ronda os
10%, sendo que os ovinos de cauda gorda (com
destaque para os Damara), constitutem já 4% do
efectivo. Uma proporção considerável, se se tiver em
conta que a introdução dos primeiros animais de
cauda gorda se realizou em meados da década de
1990. Figura 5 - Proporções relativas de tipos de ovino nos Estados Australianos
e no da Austrália Ocidental. a - Proporções relativas de ovinos de raça
merina e restantes no cômputo geral do efectivo australiano total e por
estado. WA – Austrália Ocidental (Western Australia); SA – Austrália do
Performances produtivas de ovinos Sul (South Australia); QLD – Queensland; NSW – Nova Gales do Sul
Damara e Dorper na Austrália Ocidental (New South Wales); VIC – Victoria e Tas – Tasmânia. b - Proporções rela-
tivas de ovino merino, de cauda gorda (e cruzamentos) e dorper / raças
inglesas (e cruzamentos) no estado da Austrália Ocidental. Adaptado de
As características produtivas da raça Dorper encon- Burt et al. (2004) e Curtis et al. (2009).
tram-se amplamente estudadas sendo de destacar a
título de interesse a revisão sobre o assunto de Cloete et Dado que grande parte destes animais são exporta-
al. (2000). Já a raça Damara e suas performances é em dos vivos, os dados de qualidade da carcaça são ainda
grande parte desconhecida, tanto na África do Sul como mais escassos. É de destacar no entanto os dados
fora dela. Na Austrália, os dados produtivos de ambas publicados por Scanlon et al. (2008) que parecem
as raças são relativamente escassos e de difícil acesso, na apontar, em borregos de 7-8 meses das três raças
medida em que grande parte do conhecimento gerado ao anteriormente mencionadas, para rendimentos de
nível de ensaios experimentais se encontra disperso por carcaça de 39,8% em merino, 43,9% em Dorper e
relatórios oficiais dos serviços e revistas técnicas 42,7% na raça Damara.
locais. Há a destacar os trabalhos de Kilminster (2007)
que compara a performance reprodutiva e de cresci-
mento de animais de raça Damara, Dorper e Merino Os caprinos silváticos
Australiano e que parecem indicar uma superioridade
das duas raças Damara e Dorper face aos Merinos Salvo raras excepções, nomeadamente mamíferos
(taxas de natalidade de 88, 93 e 22% respectivamente), marinhos e morcegos, os mamíferos placentários
para aquele ensaio e ano em particular. No que respeita apenas foram introduzidos na Austrália aquando da
ao crescimento dos borregos, há a destacar um peso colonização humana. Alguns dos animais domésticos
vivo aos 40 dias de 17,8 kg, 18,6 kg e 15,7 kg para introduzidos pelo homem escaparam ao seu controle e
borregos machos Damara, Dorper e Merino respectiva- estabeleceram populações selvagens ou silváticas. O
mente. Em fêmeas esses valores são respectivamente de mais antigo desses animais é um canídeo chamado
17,1 kg, 20,3 kg e 14,2 kg. Aos cinco meses, os borregos dingo e com origem nos cães domésticos asiáticos,
machos pesavam 32,6 kg, 38,5 kg e 31,0 kg para tendo colonizado o continente Australiano há cerca de
Damara, Dorper e Merino respectivamente, o que se 4.000 anos com os primeiros aborígenes. A coloniza-
traduz num ganho médio diário entre as duas idades de ção europeia iniciada no século XVIII conduziu à
134, 181 e 139 g/dia. As fêmeas aos 5 meses pesavam introdução, deliberada ou acidental, de vários
uma média de 29,6 kg para a raça Damara, 36,7 kg para a mamíferos e aves, essencialmente de proveniência
raça Dorper e 28,2 kg para a raça Merino, com os ganhos europeia. A mais conhecida dessas introduções foi a
médios diários respectivos de 114, 149 e 127 g/dia. do coelho que a partir de alguns animais libertados

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numa quinta no leste do país se estabeleceu num curto australiano estima que cerca de 2,3 a 2,6 milhões de
espaço de tempo uma população de vários milhões de caprinos silváticos existam no país, sendo que no esta-
animais. Outras introduções ocorreram no entanto do da Austrália Ocidental (WA) esses números sejam
como a da raposa vermelha o que levou à extinção de de 750.000 (28 a 32%).
várias espécies endémicas, nomeadamente, répteis e As cabras exercem uma pressão notável sobre o
marsupiais. No que respeita aos animais domésticos, ecossistema. Alimentam-se de espécies vegetais
várias espécies foram introduzidas na Austrália: autóctones, gramíneas, arbustos e árvores. Em
dromedários, cavalos, burros e búfalos de água situações de seca e de sobrepastoreio, as cabras
(animais usados para movimentar cargas e que o uso destroem a vegetação autóctone, competem com os
do automóvel revelou desnecessários, tendo sido animais selvagens e gado doméstico (nomeadamente
abandonados pelos seus proprietários), mas também ovinos), conspurcam as fontes de água e contribuem
porcos e principalmente cabras (Wilson, 1992). desta forma para o aumento da erosão e da desertifi-
À semelhança dos suínos, animais da espécie cação em zonas ecologicamente muito frágeis e a sua
caprina foram libertados na costa australiana no século erradicação exige um esforço bastante grande por
XVIII por marinheiros com vista ao aumento das parte das autoridades (Sharp et al., 1999).
disponibilidades alimentares em caso de naufrágio. À A cabra silvática austaliana é frequentemente
medida que a colonização se estendia ao interior considerada como uma raça ou tipo. No entanto, dada
também as cabras acompanharam os pioneiros como a sua origem em múltiplas e desconhecidas raças e a
fornecedoras de leite e carne de baixo custo. No total ausência de critérios de selecção, verifica-se uma
entanto, intencional ou acidentalmente, muitos desses elevada heterogeneidade de animais: pelo comprido
animais escaparam aos seus proprietários, estabale- ou curto; côr do preto ao branco; tamanho muito
cendo-se assim uma população silvática não só no variado. Na Figura 7a apresenta-se um dos tipos de
continente australiano como em pequenas ilhas animais que se podem encontrar na Austrália
adjacentes e na Tasmânia (Mahood, 1983). A dis- Ocidental. No entanto, é de destacar a extrema adap-
tribuição das cabras silváticas engloba a totalidade dos tabilidade das cabras silváticas às duras condições
estados de Nova Gales do Sul e Victoria, a metade australianas, que faz com que sobrevivam em grande
Oeste da Austrália Ocidental, o sul de Queensland, o número, mesmo em condições de seca que provocam
leste da Austrália do Sul e do Território do Norte, elevada mortalidade em ovinos domésticos.
assim como o norte e o leste da Tasmânia (ver Figura Dado que a maioria dos colonizadores da Austrália
6). Com efeito apenas as zonas verdadeiramente era proveniente das ilhas britânicas, país onde o
desérticas do centro do país ou as zonas de floresta consumo de carne de caprino não é a pimeira escolha,
tropical do norte de Queensland e do Território do ao contrário dos países mediterrânicos, nunca se
Norte não possuem estes animais, assim como algu- estabeleceu um circuito comercial interno de carne de
mas zonas de reservas naturais onde a sua população caprino. Esse facto, assim como a inacessibilidade
tem sido controlada (Sharp et al., 1999). O governo e a parca população de grande parte do interior
australiano poderá explicar o elevado número de
animais existentes. Uma vez que historicamente
sempre se previligiaram as trocas comerciais com a
antiga metrópole, nunca se estabeleceu igualmente um
mercado externo de carne caprina. Assim, os caprinos
foram sempre considerados uma espécie a erradicar
ou a pelo menos tentar controlar (Parkes et al., 1994).
Ao longo dos últimos quinze anos a situação tem-se
alterado na medida em que a procura de carne de
caprino tem aumentado de forma significativa em
determinados mercados asiáticos (nomeadamente
Taiwan, Singapura, Malásia e Coreia), assim como o
mercado hispânico nos Estados Unidos da América ou
os países do Golfo Pérsico. Esse aumento da procura
levou a que Austrália seja actualmente o maior exporta-
dor de caprinos do mundo tendo no entanto uma procu-
ra interna muito reduzida (Ferrier e McGregor, 2002).
A exportação de carne caprina assenta essencialmen-
Figura 6 - Distribuição geográfica das cabras silváticas na Austrália. te numa "actividade de extracção" das cabras silváticas,
WA – Austrália Ocidental (Western Australia); NT – Território do Norte ou seja na recolha dos animais nas estações em que eles
(Northern Territory), SA – Austrália do Sul (South Australia); QLD – se encontram, de forma muito semelhante à praticada
Queensland; NSW – Nova Gales do Sul (New South Wales); VT –
Victoria e Tas – Tasmânia (Adaptado de Department of Environment and na obtenção de carne de outros animais como por
Heritage, Canberra, Austrália). exemplo o canguru cinzento (Thompson et al., 2002).

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Figura 7 - Caprinos silváticos australianos. a - Exemplar de caprino silvático australiano em liberdade; b e c – detalhes dos cercados usados para a
captura de caprinos silváticos. Shire of Shark Bay, Western Australia.

A recolha de cabras silváticas faz-se com recurso a comparativamente aos animais silváticos pelo que será
cercados móveis no interior dos quais se colocam de esperar que num futuro próximo estes cruzamentos
pontos de abeberamento (ver figuras 7b e 7c). A se tornem prática comercial comum. Na Tabela 1 apre-
entrada nos cercados faz-se apenas por meio de portas senta-se uma súmula de um conjunto de parâmetros
unidireccionais que impedem a saída dos animais. Os produtivos de caprinos silváticos, obtida a partir das
caprinos são assim recolhidos e transportados para referências acima citadas. Os valores permitirão a sua
sacrifício por camião (mercados asiático e norte- comparação tanto com sistemas de exploração com
-americano) ou para exportação de animais vivos características similares, assim como com sistemas
(mercados do médio Oriente). menos extensivos, nomeadamente de outras regiões do
globo. Finalmente, na Figura 8, apresentam-se curvas
de crescimento para animais de raça silvática
Performances produtivas de caprinos australiana e de animais cruzados de Boer. Tanto na
silváticos Figura 8 como na Tabela 1, é patente a vantagem em
termos zootécnicos dos cruzamentos de animais boer
As performances produtivas dos caprinos silváticos com animais siváticos.
australianos são muito heterogéneas e têm sido alvo de
trabalhos de investigação de variados autores, envol-
vendo sistemas de extração como o anteriormente Conclusões
descrito (Thompson et al., 2002). Recentemente tem-
-se procurado melhorar o rendimento e a confomação A produção de lã merina tem sido a base da
das carcaças através do cruzamento de cabras pecuária australiana ao longo dos últimos 150 anos,
silváticas australianas com machos de raça Boer utilizando-se para tal sistemas de exploração exten-
(Mills et al., 2002; Kleeman et al., 2002; Sumarmono sivos. Recentemente, tem surgido a necessidade de
et al., 2002). De igual forma têm-se realizado experi- substituição desses sistemas de exploração por outros
ências de cruzamento com animais de raça Saanen baseados em raças que requeiram menores inputs e
(Mcosker et al., 1998; Husain et al., 2000). Em ambas que exijam menos atenção por parte dos produtores.
as situações tem-se registado um aumento das Estes sistemas priveligiam o mercado de exportação,
performances zootécnicas dos animais cruzados com particular relevância para mercados emergentes

Tabela 1 - Parâmetros Produtivos de caprinos silváticos australianos e seus cruzamentos


Parâmetro Produtivo Valor alcançado Referência
Taxa Fertilidade caprino silvático puro 93,4 % Kleeman et al. (2000)
Cabritos por cabra prenha cap. Silvático puro 1,58 Kleeman et al. (2000)
Taxa Sobrevivência de cabritos silváticos puro 91,1 % Kleeman et al. (2000)
Cabritos silváticos p/100 cabras silváticas à cobrição com macho silvático 132 Kleeman et al. (2000)
Taxa Fertilidade caprino silvático cruzado Boer 93,4 % Kleeman et al. (2000)
Cabritos por cabra prenha cap. Silvático cruzado macho Boer 1,55 Kleeman et al. (2000)
Taxa Sobrevivência de cabritos silváticos cruzados Boer 89,1 % Kleeman et al. (2000)
Cabritos silváticos p/100 cabras silváticas à cobrição com macho Boer 129 Kleeman et al. (2000)
Ganho Médio Diário cabrito silvático (8 semanas) 130 g/dia McCosker et al. (1998)
Ganho Médio Diário cabrito silvático cruzado Boer (8 semanas) 150 g/dia McCosker et al. (1998)
Ganho Médio Diário cabrito silvático cruzado de Saanen (8 semanas) 145 g/dia McCosker et al. (1998)
Rendimento de carcaça (326 dias) 50,8 % Sumarmono et al. (2002)
Percentagem de músculo (326 dias) 71,9 % Sumarmono et al. (2002)
Rácio Músculo / Osso (326 dias) 4,2 Sumarmono et al. (2002)

133
Almeida AM RPCV (2008) 103 (567-568) 127-134

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