R. Bras. Zootec., v.27, n.2, p.

397-404, 1998

Eficiência e Desempenho de Categorias de Bovinos de Corte em Pastagem Cultivada1

João Restle 2, Gelci Carlos Lupatini3, Cledson Roso4, André Brugnara Soares5

RESUMO - O experimento foi realizado no período de 23/05 a 02/08 (estabelecimento) até 13/11/1993 (utilização da pastagem).
Os tratamentos foram categorias de bovinos da raça Charolês, oriundos do mesmo rebanho: T1- bezerros (10 meses); T2- novilhos (22
meses); e T3- vacas de descarte (acima de 8 anos), em pastejo contínuo de aveia preta (Avena strigosa) + azevém (Lolium multiflorum).
Os resíduos de matéria seca (MS) da pastagem foram 1.935, 1.951 e 1.852 kg/ha; a produção de MS 8.238, 7.241 e 7.427 kg/ha; e o teor
de proteína bruta da MS 16,7; 17,1; e 16,3% para o T1, T2 e T3, respectivamente. Os novilhos apresentaram o maior ganho de peso
médio diário (1,598 kg), seguido das vacas (1,264 kg) e dos bezerros (0,847 kg). O ganho de peso vivo/ha foi 598, 669 e 434 kg para T1,
T2 e T3, respectivamente. A eficiência de transformação do pasto em ganho de peso mostrou que os novilhos foram a categoria mais
eficiente (8,3), seguidos pelos bezerros (11,8) e pelas vacas (13,8). O custo/ha da pastagem foi de R$ 383,54 para as três categorias. A
receita líquida/ha foi maior para os novilhos, seguido pelos bezerros e pelas vacas, respectivamente, R$ 117,31; 64,06; e -102,34.

Palavras-chave: aveia, azevém, bezerros, charolês, dinâmica da pastagem, ganho de peso, novilhos, produção animal, transformação da
matéria seca, vacas

Efficiency and Performance of Categories of Beef Cattle in Cultivated Pasture

ABSTRACT - The experiment was conducted from 05/23 to 08/02 (establishment) up to 11/13/1993 (grazing period). The treatments
were categories of Charolais cattle breed originating from the same herd: T1 - calves (10 months); T2 - steers (22 months) and T3 - culled
cows (above 8 years), in continuous grazing of black oat (Avena strigosa) + ryegrass (Lolium multiflorum). The residual dry matter (DM)
of pasture were 1,935; 1,951 and 1,852 kg/ha; DM production 8,238; 7,241 and 7,427 kg/ha, DM crude protein content 16.7; 17.1 and
16.3% for T1, T2 and T3, respectively. Steers presented the highest average daily gain (1.598 kg), followed by the cows (1.264 kg) and
calves (.847 kg). The live weight gain/ha was 598, 669 and 434 kg for T1, T2 and T3, respectively. The efficiency of converting forage
into liveweight gain showed that the steers were the category more efficient (8.3), followed by the calves (11.8), and for the cows (13.8).
The cost/ha of the pasture was R$ 383.54 for the three categories. The net income/ha was higher for the steers, followed by the calves
and for the cows, respectively, R$ 117.31, 64.06 and -102.34.

Key Words: oat, ryegrass, calves, Charolais, dynamics of pasture, weight gain, steers, animal production, dry matter conversion, cows

Introdução utilizadas as pastagens cultivadas de estação fria,

O período crítico da produção de bovinos de corte,
no sul do país, é o inverno, em virtude da baixa
produção e qualidade das pastagens nativas, que são
a base da alimentação do rebanho, representando, no
ano de 1985, 92 e 71% da área de pastagens do Rio
Grande do Sul e da região Sul do Brasil, respectivamente
(MORAES et al., 1995). Esta situação resulta em baixos
índices de produtividade do rebanho bovino.
Para suprir a deficiência alimentar, a que está
exposto o rebanho bovino durante o inverno, são
como a aveia e o azevém. RESTLE et al. (1993)
obtiveram, com a mistura de aveia preta e azevém,
641 e 865 kg de peso vivo/ha em 98 dias de pastejo,
utilizando 150 e 300 kg/ha de nitrogênio, respectiva-
mente. Esses resultados demonstram o alto potencial
de produção que apresentam estas espécies.
Deve ser considerado que os custos no estabele-
cimento e na adubação destas pastagens são altos.
Para se obter melhor retorno econômico, é de funda-
mental importância que estas pastagens sejam utiliza-
das da maneira mais eficiente possível nos sistemas

1 Projeto parcialmente financiado pela FAPERGS.

2 Eng. Agro, Ph.D., Professor Titular, Pesquisador do CNPq/DZO/UFSM - 97119-900 - Santa Maria, RS.
3 Eng. Agro, M.Sc., Professor do Curso de Agronomia do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Rodovia PR 469, Km 1, Caixa Postal
571 - 85503-390 - Pato Branco, PR.
4 Eng. Agro, Aluno do Curso de Mestrado em Zootecnia/DZO/UFSM - 97119-900 - Santa Maria, RS.
5 Aluno do Curso de Agronomia da UFSM. Bolsista de Iniciação Científica.
398 RESTLE
de produção. Neste aspecto, o estabelecimento, a
adubação, o manejo da pastagem e a escolha da
categoria animal têm grande importância para a
obtenção de produção sustentável e lucrativa nas
pastagens.
Os resultados de pesquisas em confinamento
(TOWNSEND et al., 1988; QUADROS et al., 1990)
mostram que a eficiência de transformação do ali-
mento consumido em ganho de peso decresce, à
medida que avança a idade dos animais. No entanto,
informações sobre a eficiência de diferentes catego-
rias de bovinos de corte em pastagem são pratica-
mente inexistentes em nosso meio.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a
produção animal e de forragem e a eficiência de
diferentes categorias de bovinos de corte em pasta-
gem cultivada de estação fria, bem como realizar
apreciação econômica dos resultados.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Departamento
de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria,
situada na Depressão Central do Rio Grande do Sul,
com altitude de 95 m, latitude 29º 43’ sul e longitude
53º 42’ oeste. O solo é classificado como podzólico
vermelho-amarelo e o clima da região é Cfa
(Subtropical úmido), conforme a classificação de
Köppen (MORENO, 1961).
Os tratamentos foram categorias de bovinos de
corte: T1-bezerros (10 meses), T2- novilhos (22 meses)
e T3- vacas de descarte (acima de 8 anos); todos da
raça Charolês e tomados ao acaso do mesmo rebanho,
pertencente à UFSM. O delineamento experimental foi
o inteiramente casualizado, com três repetições (pique-
tes), sendo que cada repetição constava de uma área de
aproximadamente um hectare. Os dados foram subme-
tidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste Tukey a 5%.
A área experimental vem sendo utilizada há vá-
rios anos com pastagens cultivadas de ciclo anual,
recebendo adequada adubação de base. Foram apli-
cados neste experimento 3,7 ton/ha de calcário
dolomítico e 240 kg/ha (05-30-15) na adubação de
manutenção. O preparo do solo constou de aração
com arado gradeador e gradagem leve com grade
niveladora. A semeadura, a lanço, foi executada em
23 de maio de 1993, utilizando-se 85 kg/ha de aveia
preta (Avena strigosa) e 25 kg/ha de azevém (Lolium
multiflorum), e as sementes foram incorporadas
com grade de dentes. Na adubação nitrogenada
et al.
foram aplicados 200 kg/ha de nitrogênio em cobertu-
ra, na forma de uréia, parceladas nas seguintes datas:
27 de junho, 20 de agosto e 22 de setembro de 1993.
Os resíduos e a altura da pastagem foram avali-
ados em 01/08, 28/08, 25/09, 23/10 e 13/11/93, toman-
do-se dez amostras (unidade amostral = 50 x 50 cm)
em cada piquete, cortadas rente ao solo. Destas
amostras, três foram utilizadas para a avaliação da
composição botânica da pastagem, sendo separadas
em aveia, azevém, inços e material morto. Do restan-
te das amostras, após a homogeneização, foi retirada
uma amostra composta, pesada e levada à estufa de
ar forçado a 60ºC, por, no mínimo, 72 horas. Estas
amostras, após a secagem, foram pesadas para a
determinação do teor de matéria seca (MS) e, poste-
riormente, moídas em moinho tipo Wiley, com peneira
de malha de 1 mm, e guardadas em sacos plásticos,
para posteriores análises químicas e de digestibilidade
in vitro da matéria orgânica (DIVMO). Nas amos-
tras foi determinado o teor de nitrogênio pelo método
micro Kjeldahl (AOAC, 1984) e a DIVMO (TILLEY
e TERRY, 1963). O teor de proteína bruta foi obtido
multiplicando o teor de N pelo fator 6,25.
A estimativa da taxa de acumulação da matéria
seca foi avaliada em datas próximas às das avalia-
ções dos resíduos, com três gaiolas de exclusão ao
pastejo por piquete. A produção total de MS foi
calculada pelo somatório das produções dos períodos
(taxa de acumulação diária x número de dias) mais o
resíduo inicial.
O método de pastejo foi o contínuo, com lotação
variável, por intermédio da técnica Put-and-take
(MOTT e LUCAS, 1952). Em cada piquete foram
utilizados três a quatro animais testers e um número
variável de animais reguladores, conforme a necessi-
dade de ajuste da carga animal, todos da raça
Charolês.
A oferta de forragem foi de 10% do peso vivo
(PV), ou seja, 10 kg de MS disponível (resíduo +
produção prevista para o período) para cada 100 kg
de PV/dia. As pesagens dos animais foram realizadas
em 02/08, 30/08, 30/09, 24/10 e 13/11/1993, com
jejum de seis horas, sendo, posteriormente, realizado
o ajuste da carga animal nos piquetes.
As vacinações e controle de parasitas seguiram o
calendário do Setor de Bovinocultura de Corte do
Departamento de Zootecnia, sendo realizado no início
do experimento evermifugação com ivermectina em
todas as categorias. Os animais tiveram acesso, à
vontade, à mistura de sal comum (50%) e farinha de
ossos (50%).
R.Bras.Zootec.
O ganho de peso vivo por hectare foi obtido
multiplicando o ganho de peso médio diário dos testers
pelo número de animais x dia/ha, sendo considerada
a média do período na carga animal. A eficiência de
transformação da forragem em ganho de peso foi
obtida subtraindo da produção total de MS/ha o
resíduo final e dividindo pelo ganho de peso vivo/ha.
Resultados e Discussão
Os resíduos de matéria seca e a altura foram
semelhantes entre os tratamentos, uma vez que se
procurou manter a mesma oferta de forragem (10%
do peso vivo), condicionando resíduos semelhantes
na pastagem, na média de 1.913 kg/ha de matéria
seca (Tabela 1). Estes resíduos estão próximos aos
obtidos por MORAES (1991) na primavera, na oferta
de forragem, que apresentou a maior produtividade
animal (10,2% do peso vivo).
A taxa de acumulação diária de MS, na média,
não diferiu entre os tratamentos (Tabela 2), em
399
função de o preparo do solo, a adubação, o manejo e
a utilização da pastagem serem semelhantes, verifi-
cando-se que a categoria animal não influiu no cres-
cimento da pastagem. As taxas de acumulação de
MS foram menores no início da utilização da pasta-
gem em relação aos meses de setembro e outubro,
este comportamento reflete, principalmente, o efeito
do comprimento do dia e da temperatura sobre o
crescimento da pastagem, sendo também observado
em outros trabalhos de pesquisa com espécies de
estação fria (LUPATINI et al., 1997).
A produção de MS não foi afetada pela categoria
animal, produzindo, em média, 7.635 kg/ha (Tabela
1). A produção média de MS neste experimento foi
18,6% inferior à obtida por LUPATINI et al. (1997),
considerando o mesmo nível de adubação nitrogenada.
Porém, estas produções podem ser consideradas
altas, quando comparadas com os trabalhos realiza-
dos com as mesmas espécies no Rio Grande do Sul.
A composição botânica da pastagem por avalia-
ção e na média é apresentada na Tabela 3. Observa-

Tabela 1 - Valores médios para resíduo, resíduo final, altura, produção de MS e teor de proteína bruta da pastagem de aveia
preta + azevém
Table 1 - Average values for residual, final residue, height, dry matter production and crude protein content of oat + ryegrass pasture
Categoria Resíduo (kg MS/ha) Resíduo final (kg MS/ha) Altura (cm) Prod. de MS (kg/ha) Prot. bruta (%)
Category Residual (kg DM/ha) Final residual (kg DM/ha) Height DM prod. Crude protein
Bezerros 1.935 1.384 16,7 8.238 16,7
Calves
Novilhos 1.951 1.706 15,0 7.241 17,1
Steers
Vacas 1.852 1.562 15,1 7.427 16,3
Cows
Média 1.913 1.551 15,6 7.635 16,7
Mean
(P>0,05).

Tabela 2 - Taxa de acumulação diária de MS por período e média em pastagem de aveia preta mais
azevém
Table 2 - Daily dry matter accumulation rate per period and average in oat plus ryegrass pasture
Categoria Período Média ponderada
Category Period Weighed mean
05/08 a 21/08 21/08 a 18/09 18/09 a 16/10
kg de MS/ha/dia
kg of DM/ha/day
Bezerros 51,7 100,5 83,6 83,1
Calves
Novilhos 41,4 70,4 84,9 69,6
Steers
Vacas 44,1 82,3 78,1 72,2
Cows
Média 45,7 84,4 82,2 75,0
Mean
(P>0,05).
400 RESTLE et al.
Tabela 3 - Composição botânica* (%) por avaliação e na média em pastagem de aveia preta mais azevém
Table 3 - Botanical composition* (%) per evaluation and in the average in oat plus ryegrass pasture
Categoria Componente Avaliação Média
Category Component Evaluation Mean
01/08 28/08 25/09 23/10 13/11
Aveia 53,7 37,3 18,7 0,0 0,0 21,9
Oat
Bezerros Azevém 44,7 61,0 74,9 82,3 58,5 64,3
Calves Ryegrass
Material morto 1,6 1,7 6,1 16,3 35,7 12,3
Death material
Inços 0,0 0,0 0,3 1,4 5,8 1,5
Weeds
Aveia 57,7 18,3 15,8 0,0 0,0 18,4
Oat
Novilhos Azevém 40,8 79,7 79,7 84,1 53,9 67,6
Steers Ryegrass
Material morto 1,5 2,0 4,5 14,8 45,1 13,6
Dead material
Inços 0,0 0,0 0,0 1,1 1,0 0,4
Weeds
Aveia 51,0 23,6 13,2 0,0 0,0 17,6
Oat
Vacas Azevém 47,1 74,9 82,9 83,7 45,1 66,7
Cows Ryegrass
Material morto 1,9 1,5 3,5 15,5 54,7 15,4
Death material
Inços 0,0 0,0 0,4 0,8 0,2 0,3
Weeds
* Composição botânica em base seca.
* Botanical composition in dry matter base.

se, na média, valores semelhantes dos componentes
da composição da pastagem nos tratamentos, com
expressiva contribuição do azevém na maior parte do
período experimental, apresentando um valor médio
de 66,2% contra 19,3% da aveia, sendo que o atraso
na época de semeadura e o alto nível da adubação
nitrogenada (200 kg/ha de N) favoreceram a maior
contribuição do azevém.
O teor de proteína bruta (PB) foi semelhante nos
tratamentos (Tabela 1), sendo na média de 16,7%. Os
valores médios de PB são semelhantes aos 16,4
obtidos por LUPATINI et al. (1997), no nível de 150
kg/ha de N com a mistura de aveia preta e azevém.
Houve decréscimo acentuado no teor de PB com o
avanço dos estádios de desenvolvimento das plantas,
sendo encontrado, na média dos tratamentos, para o
mês de agosto, 19,4; setembro, 16,5; outubro, 14,9; e
início de novembro, 13,1%.
A digestibilidade in vitro da matéria orgânica
(DIVMO) diminuiu de forma semelhante nos trata-
mentos com o tempo (Tabela 4). Na média das
avaliações ocorreu decréscimo significativo (P<0,05),

Tabela 4 - Valores médios de digestibilidade in vitro da matéria orgânica (%) por avaliação e na média em pastagem de aveia
preta + azevém
Table 4 - Average values of in vitro organic matter digestibility (%) per evaluation period and in the average in oat + ryegrass pasture
Categoria Avaliação Média
Category Evaluation Mean
01/08 28/08 25/09 23/10 13/11
Bezerros 75,13 60,56 59,27 39,55 34,12 53,73
Calves
Novilhos 76,70 71,07 59,63 45,06 23,62 55,22
Steers
Vacas 65,32 64,29 57,80 46,76 29,85 52,80
Cows
Média 72,39 a* 65,30 ab 58,90 b 43,79 c 29,20 d
Mean
* Médias, na linha, seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05).
* Means, in a row, followed by different letters are different (P<.05).
R.Bras.Zootec.
com o avanço dos estádios de desenvolvimento das
plantas, ou seja, a qualidade da pastagem diminuiu
com o avanço da utilização, sob pastejo. Os valores
médios de DIVMO foram inferiores aos obtidos por
LUPATINI et al. (1997), sendo a diferença explicada
pelo maior percentual de material morto na pastagem,
em relação ao trabalho daqueles autores, componen-
te este que apresenta digestibilidade muito baixa.
Analisando o ganho de peso médio diário (GMD)
na Tabela 5, observou-se que houve efeito do período
no ganho de peso médio diário. Tomando o maior
GMD obtido para cada categoria nos primeiros perí-
odos e comparando com o menor GMD (quarto
401
período), verifica-se que houve redução de 45, 71 e
76% no ganho de peso de bezerros, novilhos e vacas,
respectivamente. Observou-se que os novilhos e
vacas sofreram maior redução percentual no GMD
com a queda na qualidade da pastagem, que coincidiu
com a terminação destas categorias e o conseqüente
aumento das exigências, principalmente de energia
(NRC, 1984).
Houve diferença no ganho médio diário na média do
período experimental para as categorias (Tabela 5),
sendo que os bezerros apresentaram o menor ganho de
peso, diferindo significativamente dos novilhos e das
vacas, que não diferiram entre si. Observou-se redu-

Tabela 5 - Ganho de peso médio diário (kg) em pastagem de aveia preta + azevém
Table 5 - Average daily weight gain (kg) in oat plus ryegrass pasture
Categoria Período Média
Category Period Mean
1(Ago) (Aug) 2(Set) (Sept) 3(Out) (Oct) 4(Nov)(Nov)
Bezerros 0,843 1,175 0,719 0,652 0,847 B*
Calves
Novilhos 2,147 2,115 1,502 0,628 1,598 A
Steers
Vacas 1,821 1,651 1,139 0,445 1,264 A
Cows
Média 1,604A a** 1,647 a 1,120 b 0,575 c
Mean
* Médias na coluna seguidas por letras diferentes (A, B) são diferentes (P<0,05).
** Médias na linha seguidas por letras diferentes (a, b, c) são diferentes (P<0,05).
* Means in a column followed by different letters (A, B) are different (P<.05)
** Means in a row followed by different letters (a, b, c) are different (P<.05).

ção no GMD das categorias com o avanço dos
períodos, acompanhando a queda da qualidade da
pastagem. Considerando a DIVMO da forragem
disponível (Tabela 4), constata-se que os valores
foram baixos para os ganhos de peso obtidos pelas
diferentes categorias (Tabela 5), principalmente, nos
dois últimos períodos (outubro e novembro). Contudo,
é preciso considerar que os bovinos em pastejo
selecionam dietas diferentes em composições quími-
cas e botânicas daquelas encontradas nas amostras
da forragem disponível coletadas para análises e
consomem folhas, em preferência aos caules, e for-
ragem verde, em preferência à morta. Conseqüente-
mente, quando comparada com a forragem disponí-
vel, a dieta selecionada pelos animais apresenta mai-
or valor nutritivo. A percentagem de folhas, o teor de
proteína bruta e a DIVMO da dieta são superiores à
forragem disponível (EUCLIDES et al., 1992; CA-
MARÃO et al., 1994). Os bezerros tiveram compor-
tamento diferente das demais categorias no primeiro
período, sendo que o GMD foi inferior ao segundo
período, embora a qualidade foi mais alta no início da
utilização da pastagem. O baixo teor de matéria seca
no primeiro período pode ter influenciado negativa-
mente o ganho de peso dos bezerros.
Observa-se que, no período total, o GMD dos
novilhos e das vacas foi 89 e 49% superior aos
bezerros, respectivamente. Resultados semelhantes
foram encontrados por KEPLIN et al. (1987), com-
parando novilhas de sobreano com bezerras desma-
madas. Já em trabalhos em confinamento
(TOWNSEND et al., 1988; QUADROS et al., 1990),
as diferenças foram menos evidentes.
O ganho de peso médio diário das vacas foi
superior ao relatado por RESTLE e GRASSI (1993),
enquanto o ganho de peso médio diário dos bezerros
foi similar ao obtido por RESTLE et al., (1996) e
MORAES, (1991) na oferta de forragem de 10,2% do
peso vivo. O ganho de peso dos novilhos foi elevado,
sendo superior aos obtidos por RESTLE et al. (1994),
402 RESTLE
RESTLE et al. (1996) e CANTO et al. (1997) em
pastagem de espécies de clima temperado. A dife-
rença no desempenho dos novilhos em relação aos
três últimos trabalhos deve-se, principalmente, ao
manejo adequado da pastagem, por intermédio do
controle da oferta de forragem, refletindo-se na
seleção de dieta de maior qualidade e, conseqüente-
mente, melhor desempenho animal.
O alto ganho de peso diário dos novilhos demons-
tra o potencial qualitativo da pastagem, principalmen-
te, em função do manejo adequado da pastagem e
associado ao potencial genético do animais, transfor-
mando a dieta selecionada em produto animal.
Tabela 6 - Peso inicial e peso final dos testers, carga animal, ganho de peso vivo (GPV) por ha e eficiência de transformação
da MS da pastagem de aveia preta + azevém
Table 6 - Initial weight and final weight of the testers, stocking rate, live weight gain (LwG)/ha and efficiency of transformation of the DM of
oat plus ryegrass pasture
Categoria Peso inicial (kg) Peso final (kg)
Category Initial weight Final weight
Bezerros 182 269
Calves
Novilhos 276 441
Steers
Vacas 384 514
Cows
* Médias na mesma coluna seguidas por letras diferentes são diferentes (P<0,05).
** MS produzida menos o resíduo final.
* Means in the same column followed by different letters are different (P<.05).
** DM produced minus final residue.
odo anterior (setembro) iniciou um período de defici-
ência hídrica, em que se utilizou a carga animal
relativamente baixa para a taxa de crescimento efe-
tiva, que ocorreu na pastagem, e conseqüentemente
aumentou o resíduo de matéria seca, para em torno
de 2.700 kg/ha, havendo a necessidade de diminuí-lo no
próximo período. Por isso, informações de taxas de
crescimento das pastagens para cada mês têm grande
importância e utilidade no manejo das pastagens, princi-
palmente no ajuste da carga animal e no planejamento
de sistemas de produção (LUPATINI et al., 1996).
O ganho de peso vivo por hectare (Tabela 6) foi
similar para novilhos e bezerros, ambos superiores ao
das vacas em 54 e 38%, respectivamente. O ganho
de PV/ha dos bezerros foi 47% superior ao do
trabalho de MORAES (1991) no período da primave-
ra na oferta de 10,2% do peso vivo e 15% inferior ao
obtido por RESTLE et al. (1993), no mesmo nível de
adubação nitrogenada.
Para produzir um kg de ganho de peso vivo, as
et al.
A carga animal média durante a utilização da
pastagem (02/08 a 13/11/1993) foi semelhante nas
três categorias (Tabela 6), sendo considerada alta
para o período e superior à obtida por RESTLE et al.
(1993), no mesmo nível de nitrogênio aplicado, e
MORAES (1991) na oferta de foragem de 10,2% do
peso vivo. A carga animal, na média das categorias,
foi 1.116, 982, 2.873 e 1.145 kg de peso vivo/ha para
agosto, setembro, outubro e primeira quinzena de
novembro, respectivamente. A carga animal utilizada
em outubro foi elevada em função da necessidade de
diminuir o resíduo de forragem e do crescimento da
pastagem, que se manteve alto (Tabela 2). No perí-
C. animal (kg PV/ha) GPV(kg/ha) Eficiência (kg MS Prod**/kgGPV)
Stocking rate (kg LW/ha) LWG Efficiency (kg DM Prod**/kgLWG)
1.557 598 AB * 11,8 AB *
1.526 669 A 8,3 B
1.486 434 B 13,8 A
vacas necessitaram 66% mais matéria seca que os
novilhos e 17% mais que os bezerros (Tabela 6). Os
bezerros neste experimento foram menos eficientes
na conversão da forragem em ganho de peso que os
dados de MORAES (1991) e ficaram próximos aos
obtidos por RESTLE et al. (1993).
A maior eficiência de transformação dos novilhos
está relacionado ao peso inicial (Tabela 6) relativa-
mente baixo e ao elevado GMD apresentado por
estes animais, podendo ter ocorrido ganho de peso
compensatório. O GMD dos novilhos foi superior ao
encontrado em todos os trabalhos revisados, tanto em
pastagem como em confinamento. Pode-se destacar
que os resultados deste trabalho não seguem a mes-
ma ordem de eficiência encontrada em confinamento
por TOWNSEND et al. (1988) e QUADROS et al.
(1990), os quais verificaram que a categoria mais efici-
ente são os bezerros, seguidos dos novilhos e das vacas.
Na Tabela 7 encontram-se os itens que contribu-
íram para a composição dos custos de implantação e
R.Bras.Zootec.
utilização da pastagem cultivada de aveia preta +
azevém. Observa-se que a adubação nitrogenada
representou 41,77% do custo total da pastagem, que
foi igual para as três categorias, sendo de R$ 383,54
por hectare. A receita bruta na utilização da pasta-
gem foi maior para os novilhos, seguidos pelos bezer-
ros e pelas vacas, R$ 501,75; 448,50; e 282,10 respec-
tivamente. A receita líquida seguiu a mesma ordem,
R$ 117,31; 64,06; e -102,34 (Tabela 8). Os resultados
demonstram a maior lucratividade para a categoria
403
novilhos, já que estes apresentaram maior ganho de peso
vivo por ha e receberam maior remuneração por kg de
peso vivo. As vacas resultaram em prejuízo, devido à
baixa eficiência, representado pelo baixo ganho de peso
por ha, e à menor remuneração por kg de peso vivo.
Tendo em vista que, independente da categoria
animal a ser utilizada, os custos de implantação e utilização
da pastagem são fixos, é de fundamental importância que
se utilizem categorias eficientes na transformação do
alimento produzido em produto animal.

Tabela 7 - Composição dos custos para implantação e uso da pastagem de aveia preta + azevém
Table 7 - Composition of the costs for establishment and use of oat + ryegrass pasture
Descrição Quantidade usada/ha Custo unitário (R$) custo/ha (R$) % do custo total
Description Quantity used/ha Unitary cost cost/ha % of the total cost
Mecanização 54,52 14,21
Mechanization
Calcário 1,85 t 15,00 27,75 7,24
Limestone
Adub. de base 240 kg (05-30-15) 0,30 72,00 18,77
Fertilizer
Adub. nitrog. (uréia) 445 kg 0,36 160,20 41,77
Nitrogen fertilizer (urea)
Sement. aveia 85 kg 0,30 25,50 6,65
Oat seeds
Sement. azevém 25 kg 0,30 7,50 1,96
Ryegrass seeds
Sal comum 7,95 kg 0,16 1,27 0,33
Salt
Farinha de osso 7,95 kg 0,29 2,31 0,60
Bone meal
Vermífugo 0,15 l 16,60 2,49 0,65
Vermifuge
Arrendamento 30,00 30,00 7,82
Rent
Total 383,54 100,00

Tabela 8 - Custo e benefício do uso da pastagem de aveia preta + azevém com diferentes categorias de bovinos de corte
Table 8 - Cost and benefit of the use of oat plus ryegrass pasture with different categories of beef cattle
Custo Benefício
Cost Benefit
Categoria R$/ha de pastagem R$/kg de peso vivo Renda bruta /ha (R$) Renda líquida/ha (R$)
Category R$/ha of pasture R$/kg live weight Gross income/ha Net income/ha
Bezerrros* 383,54 0,59 448,50 64,06
Calves*
Novilhos* 383,54 0,53 501,75 117,31
Steers*
Vacas** 383,54 0,82 282,10 -102,34
Cows**
Média 383,54 0,65 410,78 26,34
Mean
* Preço por kg de peso vivo de novilhos e bezzeros (R$ 0,75/kg).
** Preço por kg de peso vivo das vaca (R$ 0,65/kg).
* Price per kg of live weight for steers and calves (R$ 0.75/kg).
** Price per kg of live weight for cows (R$ 0.65/kg).
404 RESTLE et al.
Conclusões
Os parâmetros da pastagem (resíduo, taxa de
acumulação, produção de MS, composição botânica,
teor de proteína bruta e DIVMO) não são influenci-
ados pela categoria animal.
Novilhos apresentam maior ganho médio diário,
ganho de peso vivo por hectare e melhor eficiência
em transformar a produção de MS em ganho de peso
vivo por hectare.
A maior receita líquida é obtida com a categoria
de novilhos e bezerros, sendo que vacas resultam em
prejuízo econômico.
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Recebido em: 26/06/97
Aceito em: 15/01/98