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529-537, 2004
RESUMO - Em pastagem de azevém anual sob lotação contínua com ovinos, quantificaram-se os fluxos de biomassa no período de
02 a 20 de outubro de 1999. Os tratamentos consistiram de quatro alturas (5, 10, 15 e 20 cm) de manejo, mantidas pelo uso de lotação
variável. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com três repetições. Os fluxos foram determinados por meio
de variáveis morfogênicas e estruturais obtidas a partir de medições feitas em afilhos marcados. No período de estabilização das alturas
pretendidas, diferenças significativas na estrutura da pastagem resultaram em alterações nos fluxos de biomassa. Os fluxos de crescimento
e de consumo apresentaram resposta quadrática às alturas de manejo, com valores máximos entre 10 e 15 cm, enquanto o fluxo de
senescência aumentou linearmente com a altura. Máximos ganhos médios diários e ganhos por hectare foram alcançados nesse intervalo,
indicando que essa faixa é apropriada para se manejar a pastagem. O período de avaliação coincidiu com a fase pós-indução floral,
determinando diminuição na massa de lâminas e balanço negativo no fluxo de biomassa para todos os tratamentos.
Biomass Flows in Italian Ryegrass Pastures (Lolium multiflorum Lam.) Managed under
Different Sward Heights
ABSTRACT - In an italian ryegrass pasture under continuous stocking with sheep, biomass flows were estimated from 2 to 20
October 1999. Treatments corresponded to four different sward heights (5, 10, 15 and 20 cm) maintained by variable stocking. The
experimental design was the randomized complete block design with three replicates. The fluxes were defined by morphogenetic and
structural variables obtained from measurements performed on marked tillers. During the period in which the intended sward heights
were established, significant effects in sward structure resulted in alterations on the biomass fluxes. The growth and intake fluxes showed
a quadratic response with maximum values between 10 and 15 cm grazing heights, while the senescence flux increased linearly with sward
height. Maximum daily live weight gain and animal yield per hectare were obtained within this interval, indicating this interval being the
most appropriate to pasture management. The evaluation period was coincident with the floral induction phase, so the leaf lamina mass
was progressively smaller and biomass fluxes showed a negative balance for all treatments.
balanço líquido entre esses três fluxos (Pinto et al., 2001). e CG3) e animais Ile de France, todos inteiros com
Assim, o conhecimento dessas medidas auxulia na idade média aproximada de um ano e peso médio inicial
busca por melhores formas de manejo para o cresci- de 36,1 ± 4,52 kg. Cada piquete contou com 11
mento e utilização das forrageiras (Bircham & Hodgson, cordeiros testers, totalizando 132 animais. Os animais
1983), além de proporcionar bom entendimento dos foram pesados a cada 21 dias (sempre no mesmo
mecanismos básicos de crescimento das mesmas. horário), com jejum de 12 horas somente antes das
A altura de manejo proporciona diferenças na pesagens inicial e final do experimento, usadas para
estrutura da pastagem que irão afetar o processo de estimar o ganho médio diário e o ganho por hectare.
desfolhação efetuado pelo animal. As variações na As pesagens intermediárias serviram para orientar os
intensidade e na freqüência de desfolhação irão ajustes de lotação necessários e o controle do desem-
modificar a dinâmica de crescimento da pastagem, penho animal. Foi utilizada uma área adicional de
alterando os fluxos de biomassa. Nesse contexto, azevém (1,02 ha) para manter os animais reguladores
objetivou-se com o presente experimento definir e nos períodos em que estes não eram utilizados nas
quantificar os diferentes fluxos de biomassa de lâmina unidades experimentais. O período de utilização da
foliar em pastagem de azevém, submetida a diferen- pastagem foi de 19/08/1999 a 11/11/1999,
tes alturas de manejo. Optou-se por trabalhar com a totalizando 88 dias.
cultura de azevém anual, por se tratar de uma espécie Semanalmente media-se a altura da pastagem,
amplamente difundida em todo o Estado do Rio com o auxílio de um bastão graduado (sward stick),
Grande do Sul. em 100 pontos por potreiro. Para manter as alturas
pretendidas, utilizou-se a técnica put and take,
Material e Métodos descrita por Mott & Lucas (1952), em pastejo de
lotação contínua e carga variável.
O experimento foi conduzido na Estação Expe- Para o cálculo dos fluxos de crescimento,
rimental Agronômica da Universidade Federal do senescência e consumo de lâminas foliares, foi
Rio Grande do Sul (EEA – UFRGS). A EEA necessária a determinação das variáveis intermediá-
localiza-se a 30º05’S e 51º40’W, com altitude de 46 rias taxa de alongamento foliar (TAF), taxa de
m do nível do mar. O clima, segundo a classifica- senescência por afilho (TSA), intensidade de desfolha,
ção de Köppen, é do tipo Cfa (subtropical úmido densidade de afilhos, além do peso por unidade de
com verão quente). Apresenta temperatura média comprimento das partes das plantas (lâminas comple-
mensal que varia de 14,2 a 24,9ºC e precipitação tamente expandidas e emergentes).
média em torno de 1440 mm anuais (Bergamaschi As variáveis TAF, TSA e intensidade de desfolha
& Guadagnin, 1990). O solo está classificado como foram determinadas por meio da técnica de “afilhos
um Plintossolo Argilúvico Distrófico (FTd), segun- marcados”, cuja metodologia é detalhada por Carrère
do o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos et al. (1997). Foram realizadas cinco avaliações, em
(EMBRAPA, 1999). intervalos de 3-4 dias, no período de 02 a 20/10/1999.
A área experimental, constituída de 4,98 ha, foi Marcaram-se 50 afilhos por piquete, distribuídos ao
dividida em 12 piquetes. A pastagem foi semeada em longo de cinco transectas, com fio colorido de telefone.
sistema de plantio direto, com renovadora de pasta- Cada transecta apresentou 10 afilhos marcados
gem, em 28/05/99, na densidade de 40 kg de sementes distanciados 50 cm entre si. A distribuição das
de azevém anual por hectare e adubada com 20 kg de transectas nos piquetes pretendeu representar a
N, 70 kg de P2O 5 e 15 kg de K2O por ha (uréia, possível variabilidade dos mesmos, evitando-se as
superfosfato triplo e cloreto de potássio). Posterior- proximidades da cerca. A cada avaliação, observa-
mente, foram feitas duas aplicações de N em cober- ram-se o comprimento e número de lâminas foliares
tura, sendo aplicados 138 kg/ha de N em 30/06/1999 adultas (com lígula visível) e em crescimento (folhas
e 68 kg/ha de N em 10/09/1999. Os tratamentos emergentes), além de sua condição (em senescência
consistiram na manutenção de quatro alturas de ou não e intacta ou pastejada). Medidas de altura da
manejo da pastagem: 5, 10, 15 e 20 cm. O delinea- bainha também foram realizadas com o objetivo de
mento experimental utilizado foi o de blocos verificar seu consumo. Para as folhas em senescência,
casualizados com três repetições. Os animais experi- foram registrados os comprimentos da parte verde e
mentais foram cordeiros cruzados da raça Texel (CG1 senescente. As folhas completamente expandidas
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Fluxo de Biomassa em Pastagem de Azevém Anual (Lolium multiflorum Lam.) Manejada em... 531
foram medidas a partir de sua lígula e as folhas mente, essas amostras foram secas e pesadas. A
emergentes, a partir da penúltima lígula visível, taxa de acúmulo de forragem foi estimada conforme
conforme Davies (1993). A TAF foi obtida para cada a equação descrita por Campbell (1966):
intervalo de dias de observação, pela diferença entre
os comprimentos de lâmina das folhas emergentes. É TAj = (DGi – FG i-1)/n
expressa em cm/ºC, ou seja, a razão entre o compri-
mento acumulado e a soma térmica (somatório das em que TAj é a taxa de acúmulo diário de MS no
temperaturas médias diárias) decorrida no período subperíodo “j”; DG i, a quantidade de MS dentro da
considerado. Observaram-se as taxas de alongamento gaiola na data de amostragem “i”; FGi-1, a quantidade
das folhas intactas e das pastejadas. A TAF foi de MS fora da gaiola na data de amostragem “i-1”; e
utilizada para corrigir o cálculo da fração de lâmina “n”, o número de dias transcorridos entre “i” e “i-1”.
foliar removida pelos animais, quando esta se apre- Dessas amostras retiradas para avaliação da taxa
sentava em elongação, sendo, portanto, obtida pela de acúmulo foram retiradas sub-amostras para a de-
diferença entre os comprimentos de lâmina foliar terminação do peso por unidade de comprimento (mg
nesse intervalo de tempo, acrescido da TAF média de MS/cm) das lâminas foliares (emergentes e com-
(média da unidade experimental avaliada). Para as pletamente expandidas), as quais eram medidas
folhas emergentes, pastejadas pela primeira vez, uti- com régua graduada, seguida de secagem e pesagem.
lizaram-se as TAF médias das folhas intactas e das A partir das avaliações acima citadas, foi possível
folhas pastejadas, enquanto para as folhas pastejadas determinar os fluxos de biomassa que ocorrem em uma
mais de uma vez utilizou-se a TAF média das folhas pastagem sob pastejo, por intermédio das seguintes
pastejadas. Estes procedimentos foram realizados equações: FC= TAF (cm/ºC) x PLFE (g/cm) x Tm
para ajustar o cálculo do consumo, considerando que (ºC) x a x D (afilhos/m2) x 10; FS= TSA (cm/ºC) x
a desfolha pode afetar a TAF, como citado no trabalho PLFCE (g/cm) x Tm x D x 10 e FI= [(dt1 x PLFCE)
de Lemaire & Agnusdei (1999) e constatado estatis- + (dt2 x PLFE)] x D x 10; sendo FC= fluxo de
ticamente no presente estudo. crescimento; PLFE= peso das lâminas foliares emer-
A intensidade de desfolha foi determinada pela gentes (peso em relação ao comprimento da lâmina);
medida de redução de comprimento nas folhas adul- Tm= temperatura média diária do período avaliado;
tas e estimada nas folhas emergentes, conforme a= número médio de folhas emergentes por afilho;
explicitado anteriormente. D= densidade de afilhos; FS= fluxo de senescência;
A taxa de senescência foliar, também expressa PLFCE= peso das lâminas foliares completamente
em cm/ºC, foi calculada para cada intervalo de dias de expandidas (peso em relação ao comprimento da
observação, pela diferença entre os comprimentos da lâmina); FI= fluxo de consumo; dt1 e dt2= compri-
porção verde das folhas em senescência, enquanto a mento (em cm) da porção removida pelos animais das
TSA foi obtida pelo somatório das taxas de senescência lâminas maduras e emergentes, respectivamente.
de todas as folhas do afilho. Após, multiplica-se por dez para obter os fluxos, em
A densidade de afilhos (número/m2) foi determinada kg de MS de lâmina foliar/ha.dia.
no dia 11/11/1999 por contagem em cinco amostras de O estudo das relações entre os fluxos de biomassa
0,125 m2 por potreiro, cortadas rente ao solo. permite a avaliação das eficiências de utilização real
A amostragem para estimativa da taxa de acúmulo (EUR) e potencial (EUP) da pastagem (Louault et
diário de matéria seca (MS) foi obtida a partir da al., 1997). A EUR foi determinada por meio da
metodologia descrita por Moraes (1991). Foram uti- relação entre os FI (fluxo de consumo) e FC (EUR=
lizadas três gaiolas por potreiro que permitiam isolar FI/FC) e a EUP calculada como um menos a relação
determinadas áreas de amostragem nos diversos entre os FS e FC (EUP= 1-FS/FC).
tratamentos. As gaiolas foram construídas em ferro, Os dados foram analisados considerando os afilhos
medindo 1,44 m 2 de base, 1 m2 de área no topo e 0,50 marcados como unidades amostrais, considerando-se
m de altura. Os cortes foram realizados a cada 21 o piquete como a unidade experimental. Foi realizada
dias. As amostras de 0,25 m 2 cada, cortadas rente ao análise de regressão entre as variáveis em estudo e as
solo, foram separadas em lâminas verdes, colmos, alturas reais obtidas por intermédio do aplicativo SAS
juntamente com bainhas e material morto. Posterior- (Freud & Littell, 1986).
tou uma regressão linear negativa significativa em Pastagens submetidas a regimes de desfolha intensos
resposta ao aumento da altura do dossel ( Ŷ = -2,52X apresentam pequeno crescimento, mas, em
+ 63,12, P=0,0001, r2 = 0,90). O contrário ocorre com contrapartida, baixa senescência (Fagundes et al.,
a porcentagem de colmo mais bainha ( Ŷ = 2,51X + 1999).
36,93P=0,0001, r 2 = 0,90). Humphreys (1991) relata Grant et al. (1981) observaram maiores altas
que a altura em que a pastagem é mantida pode taxas de senescência foliar em potreiros com maior
resultar em variações nas proporções de folha, colmo altura da pastagem e relacionaram esses resultados à
e inflorescência. maior proporção de tecidos vegetais maduros ou
O consumo potencial de um cordeiro com as senescentes e à redução na penetração de luz. Bircham
características dos animais utilizados nesse experi- & Hodgson (1983) também observaram aumento linear
mento é de 4% do seu peso vivo (PV) (NRC, 1985). da taxa de senescência com a altura da pastagem,
No tratamento 5 cm, o peso médio dos cordeiros foi atribuindo seus resultados à carga animal utilizada nos
de 49 kg. Portanto, o consumo máximo potencial para tratamentos. Em alturas menores, a maior lotação
esses animais seria de 1,9 kg/dia de MS de lâminas proporciona aumento da probabilidade de desfolhação
foliares. O resultado obtido para o FI nesse tratamento de folhas individuais. Lemaire & Agnusdei (1999)
foi de 23 kg/ha.dia de MS, com lotação igual a 72 verificaram que em pastagens de Paspalum dilatatum
animais/ha, constatando-se que cada animal e Lolium multiflorum mantidas baixas, 40% das folhas
consumiu apenas 0,32 kg/dia de MS de lâmina foliar, não foram desfolhadas antes de entrarem em
o que explica o baixo desempenho observado senescência, enquanto, nas maiores alturas, por volta
(GMD = -115,1 g/dia). Como conseqüência da baixa de 75% das folhas escaparam da desfolhação. No
oferta de lâminas, o consumo de bainha aumentou presente experimento, em alturas próximas a 5 cm, a
nesses tratamentos (cerca de 40% do comprimento maior intensidade de desfolhação reduziu as perdas
da bainha era consumida no tratamento 5 cm, contra por senescência. O fato de a pastagem permanecer
22% nas maiores alturas). por maior período de tempo em estádio vegetativo,
Nos demais tratamentos os animais também não nesses tratamentos, também contribuiu para os meno-
conseguiram atingir seu desempenho potencial res valores do FS aqui encontrados.
(ganhos de 300 g/animal.dia durante esta fase de A porcentagem de lâmina foliar removida apre-
desenvolvimento, segundo NRC, 1985), mas o consumo sentou regressão linear negativa significativa
de lâminas foliares foi bastante superior ao trata- ( Ŷ = -1,48X + 87,14; r2= 0,78; P=0,0001), pois, quanto
mento 5 cm permitindo a esses animais melhor menor a altura, maior foi o percentual de remoção de
desempenho e dieta de melhor qualidade, já que o lâmina. Pode-se observar aumento da intensidade de
consumo de outras partes do afilho, como a bainha desfolha de 62,1% nas maiores alturas até 80,3% de
e o colmo, foi reduzido. remoção no comprimento das lâminas nas alturas
O consumo de lâminas foliares predito pelo modelo menores. Hodgson (1990), em experimento com
quadrático apresentou valores máximos de 1,8 kg/ Lolium perenne manejado em diferentes níveis de
animal.dia de MS de lâminas foliares, aos 16 cm de oferta, observou que a intensidade de desfolhação
altura da pastagem. Esses resultados, obtidos pela aumentou de 13% (menor taxa de lotação) para 67%
técnica de afilhos marcados, mostraram-se bastante (maior taxa de lotação). As porcentagens de remo-
coerentes, na medida em que a magnitude dos valores ção de lâmina representam a média de todas as folhas
encontrados está em conformidade com o NRC (1985). pastejadas, independentemente do tipo ou idade da
O FS aumentou linearmente com a altura da folha. Contudo, folhas mais jovens, pela forma com
pastagem, em decorrência do aumento da taxa de que pastejam os animais e pela posição que ocupam
senescência por afilho ( Ŷ = 0,0035X + 0,0046; no afilho, apresentam maior probabilidade de desfolha.
r2 = 0,41; P=0,0001), do menor consumo por unidade Na Figura 1, observa-se a influência da idade da folha
de área e também da maior porcentagem de afilhos na porcentagem de desfolhação, mostrando que as
com emergência da inflorescência (39% em alturas folhas jovens têm mais chances de serem consumidas,
próximas a 20 cm). Nas maiores alturas, maior pro- devido a sua posição mais vertical no perfil da pasta-
porção de forragem produzida foi destinada à manu- gem, como também demonstrado por Hodgson (1990).
tenção da altura de pastejo e, conseqüentemente, a Comparando os fluxos de biomassa, pode-se
maiores perdas pelos processos de senescência. observar uma condição de balanço negativo na pas-
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tagem, ou seja, o somatório dos FS e FI superou o FC para essa diferença é o efeito do pastejo sobre o
(Figura 2). Nas maiores alturas, observa-se que os crescimento das plantas da pastagem. No método das
FC e FI se equivalem, indicando ser o FS o responsá- gaiolas os afilhos são isolados da ação animal por 21
vel pelo maior desequilíbrio entre os fluxos. Em altura dias. Sendo a freqüência de desfolha observada nas
intermediária (10 cm), os três fluxos são equivalen- menores alturas de 4,7 dias, com uma intensidade de
tes, enquanto nas menores alturas os FC e FS se desfolha da lâmina foliar de 83%, fica evidente que os
equivalem, sendo o FI o maior responsável pelo afilhos que sofrem pastejo continuamente apresen-
balanço negativo. tam menores taxas de crescimento. Isso está rela-
Relacionando os fluxos de biomassa de lâminas cionado com a quantidade de tecido fotossintético
foliares à condição da pastagem, observa-se que a ativo remanescente após o pastejo. Além das folhas
massa de lâminas (kg/ha de MS) diminui do início do pastejadas interceptarem menos luz e, conseqüente-
período de avaliação até o fim desse intervalo (275 a mente, contribuírem menos para a produção de
293 dias), conforme a Figura 3, devido ao balanço biomassa da pastagem, a porção foliar não consumida
negativo entre os fluxos ocorrido no período. das folhas emergentes e que permanece na planta
As reduções na altura da pastagem não foram tão apresenta uma menor capacidade de expansão celu-
marcantes (Figura 4, entre 40 e 60 dias), principal- lar em relação à parte inicial da folha retirada pelo
mente nos tratamentos mais altos, em decorrência do animal (Pinto et al., 2001). A taxa de expansão de
alongamento dos entrenós. No tratamento com altu- uma folha apresenta-se inicialmente acelerada, redu-
ras próximas a 5 cm, observa-se redução também na zindo-se, progressivamente, com a exteriorização do
altura durante esse ciclo de observação. primeiro terço foliar (Pinto et al., 2001).
Na Figura 5, compara-se a taxa de acúmulo de
forragem (método destrutivo) com o fluxo de cresci-
mento obtido por meio da técnica de afilhos marca-
dos. Os resultados obtidos foram satisfatórios pois
não se esperavam valores sobrepostos, uma vez que
o fluxo de tecidos representou, no presente estudo, o Crescimento
crescimento de lâminas foliares, não considerando a Consumo
Senescência
contribuição relativa dos crescimentos provenientes Balanço
100 6
Folhas desfolhadas (%)
5
Leaves defoliated (%)
80
4
60
40
3
20
2
0 1
6 5 4 3 2 1
Outro fator a ser observado é que, provavelmente, Porém, a técnica de afilhos marcados permitiu detec-
as estimativas de taxa de acúmulo nas menores alturas tar maiores variações na estrutura da pastagem. Esse
são superestimadas. Tal fato ocorre porque essas pas- fato adquire extrema importância para explicar os
tagens são mantidas sob baixo índice de área foliar baixos desempenhos observados no tratamento 5 cm
(IAF) e, no momento em que são excluídas do pastejo, pois, apesar de a taxa de acúmulo ser igual aos demais
irão priorizar a produção de folhas para a interceptação tratamentos, a estrutura da pastagem apresentava-se
de luz, apresentando maior velocidade de acúmulo de completamente distinta (folhas e afilhos menores 40 e
biomassa, pois estão longe de atingir o índice referência 72%, respectivamente, em relação às maiores alturas).
de 95% de interceptação (IAF crítico).
Em alturas intermediárias, pouca variação ocorre
entre os métodos de avaliação. Nesses tratamentos
a proporção de colmo mais bainha manteve-se estável
durante todo o período experimental, por volta dos 65%.
Nas maiores alturas, observa-se novamente maior
e do colmo.
O método utilizado para mensuração do acúmulo
de forragem (gaiolas de exclusão) não permitiu a Figura 4 - Altura da pastagem de azevém anual obser-
vada ao longo do período experimental.
observação de diferenças entre os tratamentos, apre- Figure 4 - Italian ryegrass sward height observed along the
sentando valor médio igual a 43 kg/ha.dia de MS. experimental period.
Massa de lâminas verdes (kg/ha de MS)
60
Matéria seca (kg/ha/dia)
Green leaf lamina mass (kh/ha of DM)
50
40
30
20
10
0
4,1 10,1 12,7 18,5
Altura (cm)
Height (cm)
pastagem de pangola (Digitaris decumbens Stent), azevém PARSONS, A.J.; LEAFE, E.L.; COLLET, B. et al. The physiology
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